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1 revista literária voo da gralha azul numero 1 janeiro 2010

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SUMÁRIO

BIOGRAFIAS Anthony Leahy Anthony Leahy Anthony Leahy Anthony Leahy ................................................................................................................................................................37 Átila José Borges Átila José Borges Átila José Borges Átila José Borges ....................................................................................................................................................13 Celito Medeiros Celito Medeiros Celito Medeiros Celito Medeiros ............................................................................................................................................................49 Chloris Casagrande Justen Chloris Casagrande Justen Chloris Casagrande Justen Chloris Casagrande Justen ....................................................................................25 Cícero Galeno Urroz Lopes Cícero Galeno Urroz Lopes Cícero Galeno Urroz Lopes Cícero Galeno Urroz Lopes ........................................................................................28 Cleonice Berardinelli Cleonice Berardinelli Cleonice Berardinelli Cleonice Berardinelli ............................................................................................................................48 Emílio de Meneses Emílio de Meneses Emílio de Meneses Emílio de Meneses ............................................................................................................................................9 Francisco Sinke PimpãoFrancisco Sinke PimpãoFrancisco Sinke PimpãoFrancisco Sinke Pimpão ............................................................................................................61 Franklin Ras Lopes Franklin Ras Lopes Franklin Ras Lopes Franklin Ras Lopes ....................................................................................................................................11 Galdino Andrade Galdino Andrade Galdino Andrade Galdino Andrade ....................................................................................................................................................29 Genolino Amado Genolino Amado Genolino Amado Genolino Amado ........................................................................................................................................................36 Humberto del Maestro Humberto del Maestro Humberto del Maestro Humberto del Maestro ....................................................................................................................30 José UJosé UJosé UJosé Usan Torres Brandão san Torres Brandão san Torres Brandão san Torres Brandão ........................................................................................1 Laé de Souza Laé de Souza Laé de Souza Laé de Souza ............................................................................................................................................................................24 Lou de Olivier Lou de Olivier Lou de Olivier Lou de Olivier ........................................................................................................................................................................42 Olga Agulhon Olga Agulhon Olga Agulhon Olga Agulhon ........................................................................................................................................................................21 Paulo Leminski Paulo Leminski Paulo Leminski Paulo Leminski ............................................................................................................................................................12 Rodrigo Garcia Lopes Rodrigo Garcia Lopes Rodrigo Garcia Lopes Rodrigo Garcia Lopes ........................................................................................................................33 Tobias Barreto Tobias Barreto Tobias Barreto Tobias Barreto ....................................................................................................................................................................46 Túlio VargasTúlio VargasTúlio VargasTúlio Vargas ................................................................................................................................................................................2 Vânia MariVânia MariVânia MariVânia Maria de Souza Ennes a de Souza Ennes a de Souza Ennes a de Souza Ennes ........................................................................18

CONCURSOS COM INSCRIÇÕES ABERTAS 4º Concurso Literário Guemanisse de 4º Concurso Literário Guemanisse de 4º Concurso Literário Guemanisse de 4º Concurso Literário Guemanisse de Minicontos e HaicaisMinicontos e HaicaisMinicontos e HaicaisMinicontos e Haicais ............................................................................................................................51 6º Prêmio Barco a Vapor de Literatura 6º Prêmio Barco a Vapor de Literatura 6º Prêmio Barco a Vapor de Literatura 6º Prêmio Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil 2010Infantil e Juvenil 2010Infantil e Juvenil 2010Infantil e Juvenil 2010 ................................................................................................................57 51º Jogos Florais de Nova Friburgo 51º Jogos Florais de Nova Friburgo 51º Jogos Florais de Nova Friburgo 51º Jogos Florais de Nova Friburgo ....................................50 II Concurso de Trova Cidade Poesia II Concurso de Trova Cidade Poesia II Concurso de Trova Cidade Poesia II Concurso de Trova Cidade Poesia ................................50 Concurso Internacional de Literatura 2010 Concurso Internacional de Literatura 2010 Concurso Internacional de Literatura 2010 Concurso Internacional de Literatura 2010 da UBEda UBEda UBEda UBE----RJRJRJRJ ........................................................................................................................................................................................56 Concurso Nacional de Poesia de Mogi das Concurso Nacional de Poesia de Mogi das Concurso Nacional de Poesia de Mogi das Concurso Nacional de Poesia de Mogi das Cruzes Cruzes Cruzes Cruzes ....................................................................................................................................................................................................................50 Jogos Florais de Cambuci/RJ Jogos Florais de Cambuci/RJ Jogos Florais de Cambuci/RJ Jogos Florais de Cambuci/RJ –––– 2010 2010 2010 2010 ............................52 Jogos Florais UBT Seccional Mérida Jogos Florais UBT Seccional Mérida Jogos Florais UBT Seccional Mérida Jogos Florais UBT Seccional Mérida –––– Venezuela Venezuela Venezuela Venezuela ................................................................................................................................................................................................50 Prêmio Jornal Cruzeiro do Sul de Literatura Prêmio Jornal Cruzeiro do Sul de Literatura Prêmio Jornal Cruzeiro do Sul de Literatura Prêmio Jornal Cruzeiro do Sul de Literatura ....................................................................................................................................................................................................................................................................53 Prêmios Literários Cidade de Recife Prêmios Literários Cidade de Recife Prêmios Literários Cidade de Recife Prêmios Literários Cidade de Recife ................................51

ENTREVISTA Entrevista com o Editor do Instituto Memória Entrevista com o Editor do Instituto Memória Entrevista com o Editor do Instituto Memória Entrevista com o Editor do Instituto Memória de Curitiba, Anthony Leahy de Curitiba, Anthony Leahy de Curitiba, Anthony Leahy de Curitiba, Anthony Leahy ................................................................................37

ESTANTE DE LIVROS Átila José Borges Átila José Borges Átila José Borges Átila José Borges A Menina e o General .......................................................58 Francisco Sinke Pimpão Francisco Sinke Pimpão Francisco Sinke Pimpão Francisco Sinke Pimpão O Dia em que a Muiraquitã virou Gente ............................61 Matheus Dantas (organizador)Matheus Dantas (organizador)Matheus Dantas (organizador)Matheus Dantas (organizador) Rodamundinho 2009 ........................................................62 Moacyr Scliar Moacyr Scliar Moacyr Scliar Moacyr Scliar

Na Noite do Ventre, o diamante ....................................... 61 FOLCLORE A Gralha Azul A Gralha Azul A Gralha Azul A Gralha Azul Simbolismo dos corvos e da gralha-azul .......................... 63 A Gralha Azul .................................................................. 64 A Lenda da Gralha Azul (versão de Luiz da Câmara Cascudo) ........................................................................................ 64 A Lenda, segundo Alceu Maynard Araújo .......................... 65 Lenda Indigena ............................................................... 66 A gralha-Azul na cultura sul-brasileira ............................ 66 A lenda: localização, datação e origem ............................. 68 A Gralha e seu simbolismo universal ............................... 68 Aventuras de Pedro MalasartesAventuras de Pedro MalasartesAventuras de Pedro MalasartesAventuras de Pedro Malasartes (De como Malasartes entrou no céu) ................................ 4 HAICAIS Humberto del Maestro Humberto del Maestro Humberto del Maestro Humberto del Maestro (Haicais) ......................................................................... 30 INSTITUIÇÕES Instituto Memória Instituto Memória Instituto Memória Instituto Memória (Curitiba) ................................ 42 Instituto Memória lança revista literária Raízes Regionais 43 Lançamento do livro "A Mulher na Guerra dos Farrapos", de Elma Sant'Ana ................................................................ 43 Instituto Memória lança o programa Raízes Regionais ...... 44 Instituto Memória recebe prêmio de editora destaque 2008 ........................................................................................ 44 NOSSO PORTUGUÊS DE CADA DIA Entre Eu e Você Entre Eu e Você Entre Eu e Você Entre Eu e Você ........................................................................................................................................................ 20 Para Mim Fazer Para Mim Fazer Para Mim Fazer Para Mim Fazer ........................................................................................................................................................ 20

NOTÍCIAS Cleonice Berardinelli é a nova titular da Cadeira nº8 da ABL .......................................................................... 47 O ESCRITOR COM A PALAVRA Antonio A. de Assis Antonio A. de Assis Antonio A. de Assis Antonio A. de Assis Francisco, o Poeta ............................................................ 2 Chloris Casagrande Justen Chloris Casagrande Justen Chloris Casagrande Justen Chloris Casagrande Justen Meu Livro Azul ................................................................ 25 CCCCícero Galeno Urroz Lopes ícero Galeno Urroz Lopes ícero Galeno Urroz Lopes ícero Galeno Urroz Lopes Enrestando ...................................................................... 27 Franklin Ras Lopes Franklin Ras Lopes Franklin Ras Lopes Franklin Ras Lopes Esboço: A força dos medos e desejos ................................ 10 Genolino Amado Genolino Amado Genolino Amado Genolino Amado O Ponto Fatal .................................................................. 33 Laé de Souza Laé de Souza Laé de Souza Laé de Souza Esmeraldo, o garçom ....................................................... 23

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Machado de Assis Machado de Assis Machado de Assis Machado de Assis Três Tesouros Perdidos ...................................................16 Vânia Maria de Souza Ennes Vânia Maria de Souza Ennes Vânia Maria de Souza Ennes Vânia Maria de Souza Ennes Os trovadores passam, as Trovas ficam .............................17

POESIAS Celito Medeiros Celito Medeiros Celito Medeiros Celito Medeiros Um Soneto para Machado de Assis ....................................48 A Arte e a Poesia ..............................................................48 A Poesia que eu Quero .....................................................49 A Liberdade é para Todos ................................................49 Ah, Meus Olhos! ...............................................................49 Cícero Galeno Urroz LopesCícero Galeno Urroz LopesCícero Galeno Urroz LopesCícero Galeno Urroz Lopes A Gaiola ...........................................................................27 A Chuva ...........................................................................27 As Rosas, Dafne ................................................................27 Emílio de Meneses Emílio de Meneses Emílio de Meneses Emílio de Meneses L.M. .................................................................................7 P.C. .................................................................................7 C.M. .................................................................................7 R.A. .................................................................................7 R. ....................................................................................7 J.DE M. ............................................................................7 W. L. ...............................................................................8 A. A. ................................................................................8 V. DE C. ...........................................................................8 F. G. ................................................................................8 L. DE F. ...........................................................................8 L. G. ................................................................................9 M. DE S. ...........................................................................9 Galdino Andrade Galdino Andrade Galdino Andrade Galdino Andrade “Prostrado aos teus pés, desejo” .....................................29 José Usan Torres BrandãoJosé Usan Torres BrandãoJosé Usan Torres BrandãoJosé Usan Torres Brandão Meu Aniversário ..............................................................1 Que Mundo! .....................................................................1 O Médico .........................................................................1

Meu Velho Chicão) ........................................................... 1 Lou de OlivierLou de OlivierLou de OlivierLou de Olivier O Tempo e os Funerais .................................................... 41 Demônios da Paz ............................................................. 41 Brasil .............................................................................. 41 Paulo LeminskiPaulo LeminskiPaulo LeminskiPaulo Leminski Bem no Fundo ................................................................. 11 Adminimistério ............................................................... 12 Ali .................................................................................. 12 O Hóspede Despercebido .................................................. 12 O Assassino era o Escriba) ............................................... 12 Rodrigo Garcia Lopes Rodrigo Garcia Lopes Rodrigo Garcia Lopes Rodrigo Garcia Lopes Stanzas In Meditation ...................................................... 31 Erótica das Sombras ........................................................ 32 Somos Pessoas Estranhas ................................................. 32 Seu Corpo é uma Praia Deserta ........................................ 32 Na Passagem dos Céus que Fogem de Nós ........................ 32 Pensagem ....................................................................... 33 Rito ................................................................................ 33 A Lume Spento ................................................................ 33 Tobias BarretoTobias BarretoTobias BarretoTobias Barreto Que Mimo ........................................................................ 45 O Gênio da Humanidade .................................................. 45 A Escravidão ................................................................... 46 Amar .............................................................................. 46 Túlio VargasTúlio VargasTúlio VargasTúlio Vargas (Conselheiro Zacarias ) .................................................... 2 TROVAS Baú de Trovas Baú de Trovas Baú de Trovas Baú de Trovas (Paraná) .......................................... 15 Olga AgulhonOlga AgulhonOlga AgulhonOlga Agulhon (Trovas) ............................................ 20 INDICAÇÃO DE SITES DE LITERATURA INDICAÇÃO DE SITES DE LITERATURA INDICAÇÃO DE SITES DE LITERATURA INDICAÇÃO DE SITES DE LITERATURA ................................................................................................................................................................................................................................................................ 69 FONTES FONTES FONTES FONTES .................................................................................................................................................................................................... 70

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Revista Literária

“O Voo da Gralha Azul”

nnnn0000. 1 . 1 . 1 . 1 –––– Paraná, janeiro 2010 Paraná, janeiro 2010 Paraná, janeiro 2010 Paraná, janeiro 2010

Idealização, seleção e edição: José

Feldman

Contatos, sugestões, colaborações:

[email protected] http://singrandohorizontes.blogspot.com

Encantada olho os pinheiros, formosos! Iguais? Não há.

Dos poetas são os parceiros que versam o Paraná!

Vânia Maria Souza Ennes

Presidente da UBT/PR

Que a humanidade possa aprender com a nossa Gralha-azul e entender que o equilíbrio e o respeito ecológico entre fauna e flora é fundamental para a existência do Homem na face da Terra!!!

Prezado Leitor A criação desta revista se deve ao fato que, segundo a minha concepção, cultura não deve ser comercializada, mas sim oferecida gratuitamente ao povo. Um povo culto, que conhece e participa da evolução de seu país, é um povo consciente em todos os sentidos. Lamentavelmente, é uma deficiência fatal para o povo brasileiro a falta de recursos que lhe são oferecidos para adquirir conhecimento. Um livro didático ou mesmo de ficção, chegam ao absurdo de custar ao bolso do trabalhador cerca de 10% do salário mínimo. Isto eu estou falando em termos de “um” livro. Imagine o cidadão que ganha um salário mínimo e que deseja dar educação a “um” filho ou mesmo a si, calcule então dois ou mais filhos. Esta revista não tem a pretensão e nunca poderá ser considerada como substituição aos livros, jornais, colunas, etc. que circulam virtualmente ou não, mas sim como mola propulsora de incentivo ao cidadão para buscar novos conhecimentos, ou relembrar aqueles perdidos na névoa do passado. Porque o Vôo da Gralha Azul? A poetisa norte-americana Emily Dickinson, que viveu no século XIX, diz “Não há melhor fragata do que um livro para nos levar a terras distantes”. No caso da revista, esta fragata é a Gralha Azul, que assim como semeia o pinheiro, ela alça voo e semeia no coração de cada um que alcançar, o pinhão da cultura, em todas as suas manifestações. Ao leitor, novos conhecimentos. Ao escritor ou aspirante a tal, sejam poetas, trovadores, romancistas, dramaturgos, compositores, etc., um caminho de conhecimento e inspiração. Obrigado por me permitir dividir consigo estes breves momentos,

José Feldman

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Nota Introdutória:

Antes de cada artigo, a Gralha Azul estará sobrevoando o mapa do Estado ao qual ele pertence.

José Usan Torres José Usan Torres José Usan Torres José Usan Torres BrandãoBrandãoBrandãoBrandão

(1929)(1929)(1929)(1929)

O médico José Usan Torres Brandão nasceu em Senhor do Bonfim – BA, no dia 30 de novembro de 1929. Formou-se em medicina em 1953, pela Escola de Medicina da Bahia, em Salvador. Exerceu a medicina no Recôncavo Baiano e em Maringá. Autor de Descendo a serra. Membro da Academia de Letras de Maringá, Cadeira nº. 03, cujo patrono é Alphonsus de Guimarães.

MEU ANIVERSÁRIOMEU ANIVERSÁRIOMEU ANIVERSÁRIOMEU ANIVERSÁRIO

De hoje a cinco anos, serei sexagenário Estou tranqüilo, cônscio daquilo que me espera

Pois afinal festejo o meu aniversário Mesmo sendo natural, ele agride e fere.

Debalde compensar com sonhos, dor que me

invade É o ser que desce a serra na sua calmaria É o silêncio da noite na pequena cidade

A peraltice hipócrita da própria nostalgia.

É a ave que já tem o seu vôo mais curto É o vôo que tem uma breve, curta duração

É o buquê em vaso de água que está murcho Pouca vontade ademais de cantar uma canção.

QUE MUNDO!QUE MUNDO!QUE MUNDO!QUE MUNDO!

Se nasce, já sai lutando Se vive, já está sofrendo

Que estranho é o ser humano Que aprende, mesmo morrendo

Na luta do dia-a-dia

No ouro para conquistar Para contar, pouca alegria

Muita cousa para chorar

Na caminhada para o fundo Quase nada para dizer

Voz uníssona do mundo É melhor ter do que ser

Se essa voz a mim não veio

E o ouro não conquistei Então nada tenho, eu sou No meu reinado, sou rei!

O MÉDICOO MÉDICOO MÉDICOO MÉDICO

Entre quatro paredes, seu mundo restrito De grandes emoções, suas horas, dia-a-dia

Aliviar a dor, salvar vidas, está escrito Sua missão, um sacerdócio sem hipocrisia.

Marcas do tempo, cedo batem à sua porta

Esclerose, enfarte, cansaço, depressão Seu lar, que não é seu ninho, teme sua sorte

Médico, imagem tão mudada neste mundo cão.

Já não se fala dele como ser superior Hoje, nome desgastado, luta pra viver

Como qualquer ser, anônimo, sem valor Num mundo de mercado em que mais vale ter.

Médico, operário de Deus, salvando vidas

Também chora, também ama e também sonha Na sua labuta com alma e corpo, suas feridas

Leva uma existência bem tristonha.

Não é sem luta que ele ganha fama Nem é na flor que ele vê espinho

Num pedestal também joga-se lama Médico, não ligues, segue o teu caminho.

MEU VELHO CHICÃOMEU VELHO CHICÃOMEU VELHO CHICÃOMEU VELHO CHICÃO

Caminhas lento com a mesma altivez Já não sou o mesmo, os anos se passaram Minha infância está ligada a ti, velho Chicão

Fonte dos primeiros sonhos que voaram.

Brinquei em tuas águas De dono do mundo

Que ironia Com meus amigos de infância

Que nunca mais eu vi Pois tudo se passou.

As imagens vivas Que hoje guardo

Pura fantasia No meu mundo de sonhos

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Que o tempo desabou.

És perene Mas de ti sinto saudades

Pois sei, nada temos em comum Vives passeando alegre entre cidades

E eu, entre os tristes da vida Sou mais um.

AAAAntonintonintonintonioooo A. de Assis A. de Assis A. de Assis A. de Assis

(Francisco, o Poeta)(Francisco, o Poeta)(Francisco, o Poeta)(Francisco, o Poeta)

Gosto muito de Francisco, um santo e tanto, o bom Francisco de Assis. Não somente por ser ele santo, e santo forte e alegre e sábio; mas sobretudo porque além de santo soube Francisco ser poeta, e máximo. Poeta mesmo, de entender e amar integralmente a gente e o mundo e a vida. Poeta da ternura e da partilha. Poeta do amor valente e generoso e da coragem de doar-se. Poeta do não-ter, por lhe bastar o ser. Santo-poeta da total pureza. Francisco vem há oitocentos anos tentando convencer a humanidade de que a alegria está nas coisas simples. Na festa dos lírios, que não tecem nem bordam e, no entanto, se vestem mais belamente do que Salomão. Na traquinice dos pássaros, que não plantam nem ceifam, e jamais sofreram privações. Poucos souberam viver tão assumidamente a poesia da fraternidade. Levando paz aos corações tumultuados pela violência. Levando esperança às almas sufocadas pela angústia. Levando luz às mentes perturbadas pelo medo e pela dúvida. Disposto sempre a perdoar antes mesmo de ser perdoado, a amar antes mesmo de ser amado. E ensinando a gente a aceitar a chamada para o céu como aurora da eterna graça. Francisco foi um descomplicador da vida, virtude própria do poeta intrínseco. Despojou-se de toda coisa inútil, para ser somente um homem bom. Hoje Francisco seria um dos grandes líderes na luta contra a fome, contra a doença e contra a indigência cultural. Seria um vigoroso apóstolo da natureza, pedindo aos povos que sujem menos o ar e as águas, que usem com

mais prudência os defensivos agrícolas, que parem de derrubar os bosques e as florestas. Seria um incansável militante das entidades protetoras dos animais. E por certo encontraria tempo e fôlego para ser também o de que tanto gosta: um entusiasmado animador de todos os grupos empenhados em semear e manter viva a poesia na face da Terra. Francisco, o poeta. O nosso poeta. O santo da bondade, irmão querido de cada um de nós, irmão do sol, da lua e de cada uma das estrelas, irmão das plantas, irmão das aves, irmão dos peixes, irmão de todos os bichos de todas as matas, e das borboletas que brincam de flores nos jardins. Francisco, irmão da natureza inteira, irmão de tudo quanto Deus criou. A bênção, meu São Francisco. Me ensine a ser poeta um pouquinho assim como você. O mundo precisa muito de uma urgente franciscanização.

Túlio Vargas Túlio Vargas Túlio Vargas Túlio Vargas (1929 (1929 (1929 (1929 ---- 2008) 2008) 2008) 2008)

CONSELHEIRO ZACARIASCONSELHEIRO ZACARIASCONSELHEIRO ZACARIASCONSELHEIRO ZACARIAS Jamais deixou o nobre Conselheiro

de utilizar seu mágico talento, ao defender com garra e prazenteiro tudo que fosse justo cem por cento.

Se alguém quisesse ser seu companheiro,

indispensável ter discernimento a distinguir do falso o verdadeiro,

fosse qual fosse a causa, ou o evento.

O timoneiro e magistral Visconde de São Lourenço enalteceu-lhe a fama e frente a Cotegipe brada e exclama:

As águias que criei voam por onde

o turvo sol dos néscios mal se esconde e a luz de Zacarias se derrama.

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Odilon Túlio Vargas nasceu em Pirai do Sul, Paraná, no dia 28 de junho de 1929. Túlio Vargas era filho do deputado Rivadavia Vargas e de Dalila Rolim Vargas, é bisneto do célebre sertanista, revolucionário e político Telêmaco Borba. Frequentou escolas do ensino fundamental em

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cidades do interior de São Paulo e graduou-se pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1954. Depois de formado mudou-se para Maringá, Noroeste do Paraná, onde se elegeu presidente da Associação dos Advogados e fundou o partido Democrata Cristão. Foi o partido pelo qual se elegeu deputado estadual, em 1961, e se reelegeu na legislatura seguinte. Advogado e escritor, Túlio Vargas foi deputado estadual, federal e secretário de estado. Em 1970 elegeu-se para Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). Em 1974 foi nomeado secretário de estado de Justiça, no governo Canet Júnior, e posteriormente nos governos de Ney Braga e Hosken de Novais. Ainda na década de 70, em 1978, foi o candidato mais votado na eleição para o Senado Federal. Ainda como político, Túlio Vargas também exerceu a presidência do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul e foi nomeado procurador-geral do estado junto ao Tribunal de Contas do Paraná, cargo em que se aposentou. Locutor Esportivo Tulio começou a gostar de rádio aos quinze anos de idade, quando se instalou uma emissora em Itararé, São Paulo, onde ele morava com a sua família. Aquela novidade deixou o jovem empolgado e ele começou a sonhar em ser um locutor de rádio. Foi, no entanto, em Itapeva, uma cidade próxima onde passou a estudar, que Túlio Vargas teve suas primeiras experiências como profissional do microfone, trabalhando como locutor num serviço de alto-falante. Os serviços de alto-falantes eram muito comuns nos anos 40 e neles começaram suas carreiras outros radialistas de sucesso, entre eles Haroldo de Andrade, Vicente Mickosz, Nicolau Nader e Herrera Filho. Vindo para Curitiba, Túlio assumiu a chefia de esportes da Rádio Clube Paranaense em abril de 1947, quando Epaminondas Santos era o proprietário da emissora e Jacinto Cunha era o Gerente. Foram seus colegas de atividade nos programas esportivos Castro Pereira, Machado Neto, Arthur de Souza, Eolo César de Oliveira, entre outros. Naquela época a Rádio Clube Paranaense apresentava seus programas de esporte apenas

nos estúdios. Túlio Vargas criou uma série de inovações, lançou as transmissões externas e entrevistas nos mais variados locais, inaugurando uma nova fase na radiofonia do Paraná. Valério Hoerner Júnior, em seu livro "RÁDIO CLUBE PARANAENSE - A PIONEIRA DO PARANÁ", referindo-se a Túlio Vargas escreve: "O primeiro jogo por ele narrado foi Coritiba X Botafogo,no Estádio Belfort Duarte, hoje Couto Pereira. Nessa época começou a ser conhecido como "o mais novo locutor esportivo". Ainda no livro de Valério encontramos: Como já foi dito, seu programa principal foi "Bola na Trave", em que promovia entrevistas ao vivo, especialmente geradas do Bar Stuart, ainda na esquina da rua Voluntários da Pátria com a avenida Luiz Xavier, na Praça Osório. Túlio criou, também, um programa sindical e político, o que demonstrava, já naquela época, a sua tendência para a carreira como homem público, na qual foi brilhante. Em 1947, recebendo tentadora proposta da recém-fundada Rádio Guairacá (hoje Iguaçu), que andava explodindo no Ibope da época, Túlio deixou a Bedois e passou a atuar na nova emissora. Na Guairacá, participou das transmissões esportivas, trabalhando com Rocha Braga, João Féder, e outros, numa fase áurea da "voz nativa da terra dos pinheirais". Túlio Vargas, um dos pioneiros das transmissões esportivas do Rádio paranaense, foi um grande inovador. No final dos anos 40, ele introduziu na Bedois as transmissões externas de eventos esportivos em caráter contínuo. Antes dele, essas transmissões eram feitas eventualmente. Certa vez, no começo da sua carreira, num daqueles improvisos dos quais é farta a atuação dos locutores esportivos, ele foi dar uma notícia sobre os jogadores campeões do Rio de Janeiro. Então, por distração, quando ele foi dizer CAMPEÕES CARIOCAS, o que saiu foi CAMPEÕES CARECAS. Causou surpresa, pois naquele tempo os jogadores de futebol eram cabeludos, ainda não surgira a moda de rapar a cabeça.

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Durante muito tempo o Túlio Vargas teve que ouvir a gozação de seus familiares e amigos. Vida cultural Tulio Vargas começou a interessar-se pela pesquisa histórica há 10 anos, ao escrever uma biografia de seu bisavô materno, Telêmaco (Augusto Enéas Morocine) Borba (1840-1918), que mereceria o livro "O Indomável Republicano", transformado em calamitosa opereta e cujos prejuízos ainda se fazem sentir. Depois, Tulio pesquisou a vida do Barão do Serro Azul, Ildefonso Pereira Correia (1848-1894), cujo livro biográfico lançou antes de trocar a confortável cadeira de deputado federal pela incômoda Secretaria da Justiça. Na área de história publicou 26 livros ao longo de sua vida, além de “A última viagem do Barão do Cerro Azul” (transformado no filme "O Preço do Paz"), “O Conselheiro Zacarias”, e “História Biográfica da República no Paraná”, O indomável republicano; Senhor senador, senhor ministro; Tempo de meu pai; O juiz integral; Tempo de secretaria; Pé vermelho e Maringá nostalgia, entre outros. Teve vários artigos publicados no jornal Gazeta do Povo e desde 1994, era presidente da Academia Paranaense de Letras, mas estava afastado, devido à fibrose pulmonar, doença com a qual conviveu por cerca de dois anos. Em 1974 foi eleito para a cadeira No. 23 da Academia Paranaense de Letras da qual foi eleito presidente em 1994.

Aventuras de Pedro Aventuras de Pedro Aventuras de Pedro Aventuras de Pedro

MalasartesMalasartesMalasartesMalasartes

Pedro Malasartes, um personagem folclórico que ganhou em cada recanto do Brasil, uma versão de sua estória. Originária da Europa, onde em cada país encontra-se os seus pedros, como por exemplo, o Pedro Urdemales

da Espanha, o Till Eulenspiegel da Alemanha, ou seja, em todas as culturas camponesas, onde há grandes diferenças sociais entre as classes, podemos encontrar contos populares onde o pobre é o esperto e o rico é o tolo. Aqui no Brasil encontrou condições favoráveis para permanecer e se espalhar por todas as nossas regiões. Assumindo particularidades brasileiras, se tornou um dos personagens mais populares de nossa cultura. Personagem cosmopolita, cujo arquétipo, de espertinho com cara de bobo, é encontrado em diversas partes do mundo. Um burlão invencível nas histórias como ao tempo, que gerou tantos outros personagens como o João Grilo, o Amigo-da-Onça ou ainda o Zé Carioca. E é um contador de histórias que traz aos leitores o Malasartes: histórias de um camarada chamado Pedro, do polivalente Augusto Pessoa, que pesquisou nos mestres Câmara Cascudo, Basílio de Magalhães e Sílvio Romero, entre outros, e coletou algumas histórias para reuni-las nesse bom lançamento da Rocco Jovens Leitores.

Diversos autores já colocaram palavras para o camarada Pedro em seus livros, como o seu xará Pedro Bandeira, em seu Malasaventuras - safadezas do Malasarte (Moderna,1985), ou Sérgio Vianna, com Pedro Malasartes: Aventuras de um herói sem juízo (Resson, 1999) ou ainda Ana Maria Machado, com Histórias à Brasileira: Pedro Malasartes e outras, em dois volumes (Cia das Letrinhas, 2002 e 2004). E a todo o momento e em toda época exerce um poder de atração a diversas gerações de autores e leitores.

Malasartes é um matuto, um caipira de origem desprivilegiada, que conta com sua esperteza para alcançar seus objetivos. Um arquétipo do malandro brasileiro, que desafia as regras sociais, para obter benefícios próprios. Graças aos narradores de contos populares, os contadores de histórias, é que se difundiu o conto e garantiram sua continuidade.

Bem atípico de outros heróis da literatura tradicional e popular, Pedro é sempre colocado como um astucioso, cínico, inesgotável mente de fazer enganos aos seus adversários, sem escrúpulos e sem remorso, buscando o prazer imediato da situação para logo a seguir continuar

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se aventurando pelo mundo a torrar os tostões dos poderosos que enganou.

Pedro Malas Artes, como os portugueses o chamavam, vem fazendo arte em 12 contos, trazido em prosa e verso, de suas melhores peripécias pelo mundo. O carioca Augusto Pessoa apresenta histórias como Sopa de Pedra, A árvore que dava dinheiro, entre outras, ator, cenógrafo, figurinista, dramaturgo alia a sua experiência em adaptar contos populares ao teatro, a divertida aventura de representar esse personagem tão brasileiro.

(artigo de Cadorno Teles) ---------------------------------------------------------------- DeDeDeDe como Malasartes entrou no céu como Malasartes entrou no céu como Malasartes entrou no céu como Malasartes entrou no céu Quando Malasartes morreu e chegou ao céu, disse a S. Pedro que queria entrar. O santo porteiro respondeu: - Estas louco! Pois ainda tens coragem de querer entrar no céu depois que tantas fizeste, lá pelo mundo?! - Quero, S. Pedro pois o céu é dos arrependidos e tudo quanto acontece é por vontade de Deus. - Mas o teu nome não está no livro dos justos e portanto, não entras. - Mas então eu desejava falar com o Padre Eterno. S. Pedro zangou-se só com aquela proposta. E disse: - Não, para falares a Nosso Senhor, precisavas entrar no céu e quem entra no céu Dele não pode mais sair. Malasartes se pôs a lamentar e pediu que o santo ao menos o deixasse espiar o céu só pela frestinha da porta para que tivesse uma idéia do que fosse o céu, e lamentasse o que havia perdido por causa das más artes. S. Pedro já amolado, abriu uma fresta da porta e Pedro meteu por ela a cabeça. Mas de repente, gritou: - Olha, S. Pedro Nosso Senhor que vem falar comigo. Eu não te dizia!! S. Pedro voltou-se com todo o respeito para dentro do céu, a fim de render as suas homenagens ao Padre Eterno que supunha ali vir. E Pedro Malasartes então pulou para dentro do céu. O santo viu que tinha sido enganado. Quis pôr o Malasartes para fora, mas ele contrariou:

- Agora é tarde! S. Pedro lembre-se que me disse que do céu uma vez entrando, ninguém pode mais sair. É a eternidade! E S. Pedro não teve outro remédio senão deixar o Malasartes lá ficar. --------------------------------------------- Malasartes no céu Malasartes no céu Malasartes no céu Malasartes no céu –––– II II II II Cansado de vagar pelo mundo, Malasartes resolveu dar um passeio ao céu, onde chegou com três dias de viagem. Bateu no portão do paraíso e esperou. Pouco depois ouviu a voz de São Pedro: - Quem é? - Sou eu. – Eu quem? - Pedro Malasartes. – Que vem você fazer aqui no céu? - Vim dar um passeiozinho. Quero ver essas belezas aí de dentro. – Não pode ser, moço. No céu não entra ninguém vivo. - Tenha piedade, São Pedro, só quero dar uma espiadinha… - Nada, não é possível! - Ora, abra, São Pedro, abra por favor… é só um instante… Deixe-me ao menos botar a cabeça aí dentro… E tanto pediu e rogou, que São Pedro, já abalado, ou caceteado, entreabriu-lhe a porta para que espiasse. Malasartes deitou-se, mais que depressa, de barriga para baixo, com os pés voltados para a porta, e foi-se deslizando para dentro do céu. São Pedro protestou, mas o Malasartes retrucou-lhe que o santo se havia comprometido a deixá-lo meter a cabeça no céu, e era o que estava fazendo.. O chaveiro celeste não teve remédio senão conformar-se, porque palavra de santo é como a de rei, não volta atrás; e o caso é que quando a cabeça de Malasartes penetrou no céu já estava o corpo dele inteirinho… Malasartes no céu Malasartes no céu Malasartes no céu Malasartes no céu –––– III III III III Andando Malasartes por uma estrada, encontrou-se com um pobre, que lhe pediu esmola. Deu um vintém ao pobre, e este que não era outro senão Nosso Senhor fez-lhe presente de um gorro vermelho, declarando-lhe que só ele Malasartes e ninguém mais poderia pôr a mão naquele objeto. Tempos depois, cansado de vaguear pelo mundo, entendeu Malasartes de dar um passeio

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ao céu. Para lá se encaminhou, e depois de três dias de viagem batia no portão de São Pedro. O santo porteiro perguntou lá de dentro quem era, e ele respondeu; perguntou o que desejava, e respondeu. O santo negou-lhe a permissão pedida; mas o viajante tanto rogou, tanto chorou que ele sempre consentiu em entreabrir a porta para que espiasse um pouco. Mal vê a fresta, Malasartes atira o gorro pra dentro e começa a gritar: - Quero o meu gorro, quero o meu gorro! São Pedro prontifica-se a ir buscá-lo, mas o burlão protesta: - Não pode ser, só eu posso pegar no meu gorro. Ninguém mais, só eu. São ordens de Nosso Senhor. São Pedro tratou de certificar-se da verdade, e veio a saber que Malasartes não mentia. Não havia outro remédio: deixou-o entrar para apanhar o gorro. Assim Malasartes conseguiu entrar no céu. Mas não se demorou lá muito tempo... Malasartes no céu Malasartes no céu Malasartes no céu Malasartes no céu –––– IV IV IV IV Um dia chegou para Malasartes a hora de ir para o outro mundo, e de nada lhe valeu a esperteza; teve que marchar. Quando se viu no estradão da eternidade, pensou no que faria e resolveu, em primeiro lugar, ir bater à porta do céu. Lá foi; mas São Pedro, assim que o enxergou, deu-lhe com a porta na cara. Então deliberou ir ao inferno; foi, bateu, mas o porteiro, dando com o homem que surrava até os diabos, tratou de fechar o portão com quantas trancas havia e foi correndo avisar o seu rei. Houve um rebuliço dos diabos no inferno: pavor e correrias por todos os cantos. O próprio Satanás tremeu; mas, recuperando o sangue frio, pensou, pensou e ordenou que se deixasse entrar o hóspede. E disse-lhe: - Eu não quero você no inferno, Malasartes; você, além do que já fez, ainda é capaz de vir aqui revolucionar a minha gente. – Tenha paciência, seu Satanás, mas aqui estou e aqui fico. – Então vou fazer uma proposta: que se decida o seu destino pela sorte do jogo. Aceita? - Feito! - Se você perder, irá diretinho para o caldeirão. – Está dito. E se eu ganhar, você me paga com uma das almas que lá estão fervendo. Começaram o jogo, e cada qual fazia o

possível para passar a perna no outro. Mas Pedro Malasartes era mais esperto e ganhou a primeira partida, depois a segunda e assim outras. Satanás, vendo que não podia derrotar o parceiro e que ia perdendo almas sobre almas, postas em liberdade por Malasartes, mandou botar o insuportável para fora do inferno. Malasartes andou vagando como alma penada, muito tempo, sem saber onde havia de se aboletar.. Até que um dia teve uma idéia e tocou de novo para o céu. Chegando à porta do céu, tomou uns ares muito humildes, e bateu devagarinho. São Pedro abriu um postigo, enfiou a cabeça e perguntou: - Quem bate a estas horas? - Sou eu, meu santo… - Eu, quem? Diga o que quer, e toca! - Será possível que o meu santo padroeiro não me reconheça… Pois eu sou o Pedro Malasartes. – Malasartes?! Outra vez?! Já não lhe disse que o seu lugar não é aqui? - Não se zangue, meu santo, meu grande santo… Sei muito bem que nunca entrarei neste lugar de glória… - Então vamos ver, o que quer? Malasartes, com muita brandura e muita lábia, pediu ao santo que entreabrisse ao menos a porta, um bocadinho, só para que pudesse espiar por um momento a beleza do céu. Tanto pediu e tanto fez que São Pedro o atendeu. Então, mais que depressa Malasartes atirou o chapéu pela fresta. São Pedro bufou e descompôs o patife, e tanto barulho fez que começaram a ajuntar-se magotes de anjos e de justos ali junto da porta. Acontece que o chapéu era um objeto terreno, além de estar muito sujo, e ninguém no céu lhe podia tocar. Mas Pedro Malasartes reclamava o chapéu, não abria mão, e enfim, para encurtar, não houve jeito senão, permitir-lhe que entrasse. E o malandro, entrou, muito contente, com ar vitorioso. Mas o atrevimento não ficou sem castigo. Levaram o tal para junto de um monte enorme de milho e mandaram-no contar os grãos um por um. Malasartes, que remédio! Começou a contar, a contar, a contar, e levou um mundo de tempo a amontoar os grãozinhos para um lado. Quando já estava acabando a contagem, veio um anjo e misturou tudo. E Malasartes teve de contar de novo… E até hoje lá está contando e recontando os grãos de milho, sem acabar nunca.

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Emílio de Meneses Emílio de Meneses Emílio de Meneses Emílio de Meneses

(1866 (1866 (1866 (1866 –––– 1918) 1918) 1918) 1918)

L.M.L.M.L.M.L.M.

De uma magreza de evitar chuvisco, Tem a altura fatal de um pára-raio.

Tão alto que, se o aspecto lhe rabisco, Na vertigem da altura até desmaio.

Hoje é o senhor do cobiçado aprisco

De tenros diplomatas em ensaio; Astuto, na rijeza de obelisco,

Não nos encara, espia de soslaio.

De alma arguta e sagaz, nada quimérica, Feita de tino e de sabedoria,

Tudo a seu ver é uma função numérica.

Mas de andar e viajar, tem a mania. Cometa diplomático da América,

Judeu errante da diplomacia. ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

P.C.P.C.P.C.P.C.

Tão pequenino e trêfego parece, Com seu passinho petulante e vivo,

A quem o olha, assim, com interesse, Que é a quinta-essência do diminutivo.

Figura de leiloeiro de quermesse, Meloso e parecendo inofensivo,

Tem de. despeitos a mais farta messe, E do orgulho é o humílimo cativo.

Não há talento que ele não degrade,

Não há ciência e saber que ele, à porfia, Não ache aquém da sua majestade.

Dele um colega, há tempos, me dizia:

É o Hachette ilustrado da vaidade, É o Larousse da megalomania!

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ C.M.C.M.C.M.C.M.

Lá na terra dos pampas tem o nome De chimarrita, diz o Leal de Souza,

E este apelido afirmam que o consome E é o que o há de levar à fria lousa.

Se lho repetem briga e já não come,

Não pára, não descansa, não repousa, Agüenta a sede, suportando a fome,

Dando o estrilo feroz por qualquer cousa.

Entretanto, não tem os dotes falhos; Do talento gaúcho é um belo adorno E tem brilhantes feitos e trabalhos.

Rapadurescamente espalha em tomo,

Uma impressão de cheiro a vinha-d'alhos, De um leitãozinho mal tostado ao fomo.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ R.A.R.A.R.A.R.A.

Era ministro então. O Olavo e o Guima Diziam que ele era o Morfeu da pasta,

E o dorminhoco andava em metro e rima Na pilhéria que a tanta gente agasta.

Mas galgando o Catete, escada acima, Num despertar febril, Morfeu arrasta

Todas as forças que a vontade anima, Nos vastos planos de uma idéia vasta.

Tudo revive! A atividade é infrene.

São mutações de sonho! É o Eldorado, É o Dinheiro na Estética e na Higiene!

Hoje, glorioso e um tanto fatigado Não se deixa ficar calmo e solene

A dormir sobre os louros do passado. ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

R.R.R.R.

Pedra preciosa de um tamanho imenso. (Pois que o nome é um rubi deste tamanho

Que à sorte e à fortuna traz apenso), Eis mais ou menos o seu vulto estranho.

Escravo cauteloso do bom senso

Fugidio ao espírito tacanho, Quando entra em luta diz: Ou morro ou venço!

E é difícil que alguém lhe tome o ganho.

Desdobrado em trabalho multiforme, Em finança e política não dorme,

E numa ou noutra. nunca perde a audácia.

Sendo do Bananal, não é um banana: Tocou rumo a S. Paulo a caravana,

E ei-Io Rubião, em honra da rubiácea. ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

J.DE M.J.DE M.J.DE M.J.DE M.

Com este agora a musa não contava! Nem a musa mordaz, nem a brejeira,

Em certo dia o vejo a deitar lava,

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Aproximo-me e encontro uma geleira.

Quando a aparência é fria, a alma está brava. Se aquela é tormentosa, esta é fagueira.

E assim, da vida. o rumo, a sós, desbrava, E, a sós, colima o termo da carreira.

Por muito que o humorismo o prenda e engrade.

Ele não esbraveja nem se irrita, Mas se lhe escapa com facilidade.

A golpes de talento o laço evita E ao ridículo opõe a habilidade.

Eis, mal pintado, o Júlio de Mesquita. ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

W. L.W. L.W. L.W. L.

E um bandeirante novo, sem as botas De andar em carrascais, ou serras brutas,

De penetrar nas mais profundas grotas Ou se internar nas mais soturnas grutas.

É o bandeirante urbano nas devotas Ânsias de ver em formas resolutas,

O esplendor das metrópoles remotas Em plintos, colunatas e volutas.

Ele antevê. nas cores mais exatas Da Paulicéia as graças infinitas,

No áureo fulgor de mágicas palhetas.

Porém, depois dos bons tempos de pratas, Ele que é homem que detesta as fitas,

Sente a falta do arame nas gavetas. ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

A. A.A. A.A. A.A. A.

Dizem que às vezes, quer se achar bonito, Mas, nem sendo Amadeu e sendo amado, Mas muito amado mesmo, eu não hesito:

Se não é feio é bem desengraçado.

Entretanto se o vejo (isto é esquisito) Através de um soneto burilado,

É mais que belo, afirmo em alto grito, É o próprio Apoio que lhe fica ao lado.

Mais comprido que a universal história,

Este Leconte com seu ar caipira, Me deixa uma impressão nada ilusória.

Quando ele ao alto, a inspiração atira, Com a cabeça a topar no céu da glória, É um guindaste a guindar a própria lira.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

V. DE C.V. DE C.V. DE C.V. DE C.

Fraco e doente, se solta algum gemido, Ou sai um verso ou brota uma sentença. Se como Juiz sempre é acatado e ouvido,

Como poeta não sei de alguém que o vença.

Se nas Ordenações presta sentido, Tem, nas regras de Horácio, parte imensa.

Não se lhe sabe o culto preferido: Se na Arte ou no Direito, tem mais crença.

Tendo defeito, nunca teve alcunha.

Quando aparece, num reencontro à liça, O que nos antagonistas acabrunha,

É ver que, sem fraqueza nem preguiça,

Numa só mão, com o mesmo gesto empunha, A áurea lira e a balança da Justiça!. ..

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ F. G.F. G.F. G.F. G.

Este é por certo o verdadeiro espelho

Das maiores derrotas e conquistas Que o regime vem tendo, e o seu conselho,

Tem sempre o cunho das mais largas vistas.

Foi das molas mais rijas do aparelho Que deu cabo das hostes monarquistas.

Foi o Moisés do novo Mar Vermelho, A égua madrinha dos propagandistas.

Calmo, risonho, perspicaz, cordato, Todos sentem no Ilustre veterano,

Do político arguto o fino tato.

Mas o Matusalém republicano, Tem orgulho infantil de ser, de fato, O bisavô dos netos do Herculano!

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ L. DE F.L. DE F.L. DE F.L. DE F.

O rosto escuro em pontos mil furado,

Se lhe move da boca em derredor. Não consegue um segundo estar calado

E é de S. Paulo o tagarela-mor.

Traz, de nascença. o todo avelhantado De um macróbio infantil e, - coisa pior, -

Dá idéia de que já nasceu usado Ou de que foi comprado no belchior.

Tudo nele é exagero, até a atitude De saudar elevando o diapasão:

"Nobre amigo! Mui fuerte e de salude?"

No mais é um excelente amigalhão.

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Mas que voz! É o falsete áspero e rude . De um gramofone de segunda mão.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ L. G.L. G.L. G.L. G.

Este vale, em toicinho, a inteira Minas;

Derretê-lo, seria um desencargo Para a atual crise das gorduras suÍnas.

(O Monteirinho a isso põe embargo).

Arrota francos, marcos, esterlinas, Mas uma alcunha o faz azedo e amargo:

Senador tonelada. Usa botina Cinqüenta e quatro, à sombra, bico largo.

Tem uma proverbial sobrecasaca, Cujo pano daria, em cor cinzenta, Para o Circo Spinelli uma barraca.

Da do Oliveira Lima ela é parenta

Pois só o forro das mangas dá, em alpaca. Para o novo balão do Ferramenta.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ M. DE S.M. DE S.M. DE S.M. DE S.

Conhecem, por acaso, o Monteirinho

Que é Antônio, que é Monteiro e que é de Souza? Pois não é para aí um qualquer cousa De baixo preço ou de valor mesquinho.

Assim mesmo tostado e mascavinho, Numa poltrona do Monroe repousa, Calado e quedo qual funérea lousa,

A apanhar perdigotos do vizinho.

Cabritinho de mama já esgotada, No tapete não solta as azeitonas

E só espera o momento da marrada.

Dele, a exibir as alentadas lonas, Diz o Lopes Gonçalves Tonelada : Ai! cabrito cheiroso do Amazonas !

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Emílio de Meneses, jornalista e poeta, nasceu em Curitiba, PR, em 4 de julho de 1866, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de junho de 1918. Filho de outro poeta, Emílio Nunes Correia de Menezes, e de Maria Emília Correia de Menezes, era o único filho homem na família, ao lado de oito irmãs. Fez como pôde os estudos primários e secundários no Paraná. Aos 14 anos começou a trabalhar na farmácia de um seu cunhado farmacêutico. Aos 18 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, influenciado pelo movimento simbolista e levado por

Rocha Pombo. Ainda em Curitiba distinguia-se pela originalidade de sua figura e dos seus hábitos, pela extravagância das maneiras e das roupas e pela singularidade da imaginação. No Rio de Janeiro aproximou-se dos boêmios e jornalistas da época, entregando-se ele também ao jornalismo. O escritor e crítico do Simbolismo Nestor Vítor deu-lhe uma recomendação para trabalhar com o professor Coruja, um dos educadores mais conhecidos do Rio. Este abriu as portas do lar ao jovem provinciano. Um ano depois Emílio estava casado com uma das filhas do professor Coruja. Obteve uma nomeação para Curitiba, como funcionário do Recenseamento federal. Finda a comissão, regressou ao Rio. Era a época do Encilhamento, e poucos resistiam à sedução de ganhar dinheiro fácil. Emílio arranjou algum capital, fez especulações na bolsa e em pouco tempo estava rico. Possuía carros de luxo e fez-se colecionador de objetos de arte. Mas os tempos eram de crise, e Emílio de novo empobreceu. Continuava, entretanto, a viver a vida despreocupada e solta dos botequins, na companhia de jornalistas e poetas. Tornou-se colaborador das colunas humorísticas dos jornais. O poeta esmerava-se na publicação de poesias satíricas e ferinas, sob vários pseudônimos: Neófito, Gaston d’Argy, Gabriel de Anúncio, Cyrano & Cia., Emílio Pronto da Silva. Ao fundar-se a Academia Brasileira de Letras, em 1897, ele teria sido também um dos fundadores, mas havia preconceitos contra a sua maneira boêmia de viver. Entretanto, foi eleito para a instituição em 15 de agosto de 1914, sucedendo a Salvador de Mendonça. Deveria ser saudado por Luís Murat. Emílio compôs um discurso de posse, em que revelava nada compreender de Salvador de Medonça, nem na expressão da atuação política e diplomática, nem na superioridade de sua realização intelectual de poeta, ficcionista e crítico. Além disso, continha trechos argüidos, pela Mesa da Academia, de “aberrantes das praxes acadêmicas”. A Mesa não permitiu a leitura do discurso e o sujeitou a algumas emendas. Emílio protelou o quanto pôde aceitar essas emendas, e quando faleceu, quatro anos depois de ter sido eleito, ainda não havia tomado posse de sua cadeira.

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Segundo ocupante da Cadeira 20, da Academia Brasileira de Letras, eleito em 15 de agosto de 1914, na sucessão de Salvador de Mendonça, deveria ser recebido por Luís Murat. Impossibilitado de deixar o leito por motivo de doença, solicitou tomar posse por carta datada de 24 de abril de 1918. No dia seguinte seu pedido foi aceito em sessão. Além das obras publicadas, deixou copiosíssimo anedotário, quase todo disperso, pouca coisa tendo se reunido em volume, ao que se junta a crônica da cidade no tempo em que Emílio e seus companheiros de boêmia viveram e esbanjaram o melhor de seu talento. Obras: Marcha fúnebre, sonetos (1892); Poemas da morte (1901) Dies irae A tragédia de Aquidabã (publicação de O Malho, 1906); Poesias (1909); Últimas rimas (1917); Mortalha, os deuses em ceroulas, publicação organizada pelo humorista Mendes Fradique, com um prefácio de sua autoria (1924); Obras reunidas (1980).

Franklin Ras LopesFranklin Ras LopesFranklin Ras LopesFranklin Ras Lopes

Esboço: A força dos medos e desejos Esboço: A força dos medos e desejos Esboço: A força dos medos e desejos Esboço: A força dos medos e desejos

“Sou contraditório por que sou vasto” Walt Whitman A fria e afiada lamina da razão corta o meu coração contraditório. O meu coração tem ímpetos naturais e contraditórios como ondas feitas de medo e desejo. A proximidade gera atritos, questionamentos sobre a minha liberdade e o afastamento natural vêm através de desavenças. Este afastamento gera o desejo de proximidade, de estreitar os laços e o ciclo continua. O grande poeta e filósofo alemão Nietzsche dizia “cuidado ao tirar o pior de você,

para que junto com ele você não tire também o seu melhor”. Sim meus caros leitores as rosas e o espinhos estão ligados. E a poesia nos diz “ O medo de espinho o desejo de flor, a tensão da roseira é a beleza em vigor, em meios a estas pedras a beleza chegou.” (Franklin Ras Lopes)..Se negarmos a tensão natural entre os opostos, perdemos a beleza, perdemos o melhor de nossas vidas. As crianças quando brigam resolvem isto facilmente, não é necessário interferência Eles darão o dedinho e tudo continuará, os laços serão mais fortes,. os irmãos serão mais amigos quando a maturidade chegar.O amor não pode ser imposto, ele surge da tensão entre os opostos, ele é um processo natural e por isto surge através da liberdade de aprendermos com os altos e baixos de nossas vidas. Negar, cortar o um é negar, cortar o outro, e a mornidão gerada desta forma de agir, de nem uma forma é a ponderação ou o caminho do meio dos sábios. Li um relato há muito tempo de místico Hassid que me esqueci o nome e não consegui encontrar referencias em minha pesquisa. Mas vale a pena comentar a explicação que ele deu a respeito da luminosidade surgida de alguém que a todos consideravam um grande devasso, um pecador, ele disse - “Quanto maior o pecador maior o santo” E particularmente acredito que não existem mais santos sobre a terra por que as pessoas constroem casas em cima da areia, constroem na verdade uma personalidade, aquilo que não são.. Tentam e acreditam serem maiores do que são e não trabalham onde realmente estão. A rocha firme para fazer nossos alicerces, estão nos processos associados aos nossos medos e desejos, no medo de não sermos amado que gera ciúmes, invejas, rancores, raivas, geram julgamentos capitais que servem apenas amparar o nosso ego, em meio a esta vastidão. Somente um rebelde, somente um homem que foi ao deserto e enfrentou seus medos e desejos mais profundos podem proclamar e instigar a liberdade como fez Jesus na parábola do filho pródigo. Ele incentiva as pessoas a se aventurarem, a serem errantes, a experimentarem com seus próprios olhos, a vida. Não existe outra forma de poder andar sem ser caindo e se levantando, ficando forte para andar sem andador ou muletas.. E quando um errante voltar a casa do pai, a sua origem, ele voltará completamente transformado, pois estará fazendo os laços por que quer, estará se prendendo por gosto. A meu ver, uma grande liberdade que surge em quem ama.

Obviamente existirão ciúmes por parte de quem ficou, daquele que seguiu os preceitos e

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nunca abandonou as regras da sociedade, pois a verdade da presença luminosa daquele que voltou trará uma festa, uma alegria que ele creditará ser o seu direito.Ele se sentirá injustiçados apenas por que se esqueceu que nos estamos aqui para aprender os caminhos da confiança, e o norte deste caminho é o amor.

Particularmente eu demorei muito a reconhecer o vasto pântano de homens que não sabem nem sair e nem entrar, demorei muito a olhar pra cima e ver a tabuleta que dizia - pântano do ser e do não ser. Nós não somos, nós estamos num fluxo continuo feito de polaridades como o dia e a noite..A crença no pântano impede a aventura do vir a ser, impede o fluxo natural de aceitação da polaridade de nossas vidas, o reconhecimento que temos que estar atentos, sermos testemunha de nós mesmos e assim mudarmos com a delicadeza e a tendência que quer a amorosidade.

A liberdade para encontramos a nossa essência, não é a mesma coisa que libertinagem. O processo tem de ser consciente, tem de ser intenso, um verdadeiro ato corajoso ou como diria o poeta Fernando Pessoa “sabendo viver bem saberemos navegar com todos os ventos”. Com estas considerações acredito que quando Walt Whitman disse “sou contraditório por que sou vasto” de forma nem uma estava se eximindo ou fugindo, eu pude sentir nestas palavras a afirmação da sua própria vida, do seu próprio processo de sanidade e não da paranóia que corta e dilacera o nosso natural coração contraditório.

Assim em verdade em verdade eu vós digo meus caros, o meu amor quebra taças, gera silencio e é muito carinhoso, o meu amor é delicado e esta delicadeza é fonte de asperezas, o meu amor é atento e dedicado e isto é a fonte do meu desejo de liberdade, o meu amor não é meu e me deixa inseguro, o meu amor existe com dois espinhos para exigir a atenção do outro, o meu amor quer o vôo e quer a liberdade de estar junto por que queremos, o meu amor nem eu entendo, mas uma coisa eu sei ele é frágil e precioso, pois sem medo e nem desejo não existe possibilidades de ir além.

Assim me ergo em oração: Deus afastai-vos de mim os homens de moral, afastai-vos de mim estes seres que pouco sabem da vida, mas querem encher meu coração de culpa, afastai-vos de mim estes seres que massageiam os pés mas logo chegam a agarrar o pescoço, Deus afastai-vos de mim estes imaturos papagaios, afastai-vos de mim estes seres que por ventura irão vir morder o meu dedo, ao invés de ver a lua clara na noite escura, para somente assim poder dizer

com o meu próprio peito, eu sou um bem aventurado, eu sou um filho de Deus. Paz e prosperidade a todos

Franklin Rodolfo Aguiar Silveira (Ras) Lopes possui graduação em Oceanologia pela Universidade Federal do Rio Grande (1998), mestrado em Aquicultura pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002) e doutorado em ciências pela Universidade de São Paulo (CENA-USP) (2008) . Tem experiência em ecotoxicologia de ambientes aquaticos, na avaliação da qualidade de agua de ambientes marinhos, estuarinos e dulciaquicolas. Experiencia no desenvolvimento de testes agudos e crônicos em especies aquáticas nativas, biomonitoramento utilizando bivalves nativos, biomarcadors bioquímicos de contaminação aquatica e cromatografia. Possui publicação em anal de congresso, Effects of furadan in the brown mussel Perna perna and in the mangrove oyster Crassostrea rhizophorae.. In: 11th International Symposium On Pollutant Responsesin Marine Organisms, Primo, 2001, Plymouth, UK.

Paulo LeminskiPaulo LeminskiPaulo LeminskiPaulo Leminski

(1944 (1944 (1944 (1944 –––– 1989) 1989) 1989) 1989)

BEM NO FUNDO BEM NO FUNDO BEM NO FUNDO BEM NO FUNDO

No fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria

de ver nossos problemas resolvidos por decreto

a partir desta data,

aquela mágoa sem remédio é considerada nula

e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso, maldito seja que olhas pra trás,

lá pra trás não há nada, e nada mais

mas problemas não se resolvem,

problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear

o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas.

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ADMINIMISTÉRIOADMINIMISTÉRIOADMINIMISTÉRIOADMINIMISTÉRIO

Quando o mistério chegar, já vai me encontrar dormindo,

metade dando pro sábado, outra metade, domingo.

Não haja som nem silêncio, quando o mistério aumentar. Silêncio é coisa sem senso,

não cesso de observar. Mistério, algo que, penso, mais tempo, menos lugar. Quando o mistério voltar,

meu sono esteja tão solto, nem haja susto no mundo que possa me sustentar.

Meia-noite, livro aberto. Mariposas e mosquitos

pousam no texto incerto. Seria o branco da folha, luz que parece objeto?

Quem sabe o cheiro do preto, que cai ali como um resto?

Ou seria que os insetos descobriram parentesco

com as letras do alfabeto?

ALIALIALIALI

ali só ali se

se alice

ali se visse quanto alice viu

e não disse

se ali ali se dissesse quanta palavra

veio e não desce

ali bem ali

dentro da alice só alice

com alice ali se parece

O HÓSPEDE DESPEO HÓSPEDE DESPEO HÓSPEDE DESPEO HÓSPEDE DESPERCEBIDORCEBIDORCEBIDORCEBIDO

Deixei alguém nesta sala que muito se distinguia

de alguém que ninguém se chamava, quando eu desaparecia. Comigo se assemelhava,

mas só na superfície. Bem lá no fundo, eu, palavra, não passava de um pastiche.

Uns restos, uns traços, um dia, meus tios, minhas mães e meus pais

me chamarem de volta pra dentro, eu ainda não volte jamais.

Mas ali, logo ali, nesse espaço, lá se vai, exemplo de mim, algo, alguém, mil pedaços,

meio início, meio a meio, sem fim.

O ASSASSINO ERA O ESCRIBAO ASSASSINO ERA O ESCRIBAO ASSASSINO ERA O ESCRIBAO ASSASSINO ERA O ESCRIBA

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.]

Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular]

com um paradigma da 1ª conjugação. Entre uma oração subordinada e um adjunto

adverbial,] ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito

assindético] de nos torturar com um aposto.

Casou com uma regência. Foi infeliz.

Era possessivo como um pronome. E ela era bitransitiva. Tentou ir para os EUA.

Não deu. Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.

A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,]

conetivos e agentes da passiva, o tempo todo. Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminski (Curitiba, 24 de agosto de 1944 — Curitiba, 7 de junho de 1989) foi um escritor, poeta, tradutor e professor brasileiro. Era, também, faixa-preta de judô. Filho de Paulo Leminski e Áurea Pereira Mendes. Mestiço de pai polaco com mãe negra, Paulo Leminski Filho sempre chamou a atenção por sua intelectualidade, cultura e genialidade. Estava sempre à beira de uma explosão e assim produziu muito. É dono de uma extensa e relevante obra. Desde muito cedo, Leminski inventou um jeito próprio de escrever poesia, preferindo poemas breves, muitas vezes fazendo haicais, trocadilhos, ou brincando com ditados populares. Em 1958, aos catorze anos, foi para o Mosteiro de São Bento em São Paulo e lá ficou o ano inteiro. Participou do I Congresso Brasileiro de Poesia de Vanguarda em Belo Horizonte onde conheceu Haroldo de

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Revista Literária “O Voo da Gralha Azul” – n.1 – Paraná, janeiro de 2010.

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Campos, amigo e parceiro em várias obras. Leminski casou-se, aos dezessete anos, com a desenhista e artista plástica Neiva Maria de Sousa (da qual se separou em 1968). Estreou em 1964 com cinco poemas na revista Invenção, dirigida por Décio Pignatari, em São Paulo, porta-voz da poesia concreta paulista. Em 1965, tornou-se professor de História e de Redação em cursos pré-vestibulares, e também era professor de judô. Classificado em 1966 em primeiro lugar no II Concurso Popular de Poesia Moderna. Casou-se em 1968 com a também poeta Alice Ruiz, com quem ficou casado por vinte anos. Algum tempo depois de começarem a namorar, Leminski e Alice foram morar com a primeira mulher do poeta e seu namorado, em uma espécie de comunidade hippie. Ficaram lá por mais de um ano, e só saíram com a chegada do primeiro de seus três filhos: Miguel Ângelo (que morreu com dez anos de idade, vítima de um linfoma). Eles também tiveram duas meninas, Áurea (homenagem a sua mãe) e Estrela. De 1969 a 1970 decidiu morar no Rio de Janeiro, retornando a Curitiba para se tornar diretor de criação e redator publicitário. Dentre suas atividades, criou habilidade de letrista e músico. Sua primeira letra foi Verdura, de 1981, cantada por Caetano Veloso no disco Outras Palavras. A própria bossa nova resulta, em partes iguais, da evolução normal da MPB e do feliz acidente de ter o modernismo criado uma linguagem poética, capaz de se associar com suas letras mais maleáveis e enganadoramente ingênuas às tendências de então da música popular internacional. A jovem guarda e o tropicalismo, à sua maneira, atualizariam esse processo ao operar com outras correntes musicais e poéticas. Por sua formação intelectual, Leminski é visto por muitos como um poeta de vanguarda, todavia por ter aderido à contracultura e ter publicado em revistas alternativas, muitos o aproximam da geração de poetas marginais que, embora ele jamais tenha sido próximos de poetas como Francisco Alvim, Ana Cristina César ou Cacaso. Por sua vez, em muitas ocasiões declarou sua admiração por Torquato Neto, poeta tropicalista e que antecipou muito da estética da década de 1970. Na década de 1970, teve poemas e textos publicados em diversas revistas - como Corpo Estranho, Muda Código (editadas por Régis Bonvicino) e Raposa. Em 1975 - e lançou o seu ousado Catatau, que denominou "prosa experimental", em edição particular. Além de poeta e prosista, Leminski era também tradutor (traduziu para o castelhano e o inglês alguns

trechos de sua obra Catatau, o qual foi traduzido na íntegra para o castelhano). Na poesia de Paulo Leminski, por exemplo, a influência da MPB é tão clara que o poeta paranaense só poderia mesmo tê-la reconhecido escrevendo belas letras de música, como "Verdura": Músico e letrista, Leminski fez parcerias com Caetano Veloso e o grupo A Cor do Som entre 1970 e 1989.Teve influência da poesia de Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos, convivência com Régis Bonvicino, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Moraes Moreira, Itamar Assumpção, José Miguel Wisnik, Arnaldo Antunes, Wally Salomão, Antônio Cícero, Antonio Risério, Julio Plaza, Reinaldo Jardim, Regina Silveira, Helena Kolody, Turiba. A música estava ligada às obras de Paulo Leminski, uma de suas paixões, proporcionando uma discografia rica e variada. Entre 1984 e 1986, em Curitiba, foi tradutor de Alfred Jarry, James Joyce, John Fante, John Lennon, Samuel Beckett e Yukio Mishima. Publicou o livro infanto-juvenil ‘’Guerra dentro da gente’’, em 1986 em São Paulo. Entre 1987 e 1989 foi colunista do Jornal de Vanguarda que era apresentado por Doris Giesse na Rede Bandeirantes; Paulo Leminski foi um estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia de Bashô. Além de um grande escritor, Leminski também era faixa-preta de judô. Sua obra literária tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos últimos 20 anos.

Átila José Borges Átila José Borges Átila José Borges Átila José Borges

(1936)(1936)(1936)(1936)

Nasceu em 28/02/1936, na cidade de Porto União/SC. Casado com Mareli Teresinha Andretta Borges, tendo dois filhos: Marelise Cristina Borges (falecida) e Átila José Borges Júnior. É filho de Óttilo Borges e de Garacita Martins Ricardo Borges Licenciado em Ciências pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná Bacharel em ciências econômicas pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná

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Oficial Especialista em Comunicações pela Escola de Oficiais Especialistas da Aeronáutica Licenciado em Estatística Superior pelo Ministério da Educação e Cultura. Foi oficial da Força Aérea Brasileira, professor da Universidade Federal do Paraná, do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, da Fundação de Estudos Sociais do Paraná e instrutor da Força Aérea Brasileira. Jornalista e Relações Públicas. Entre muitas honrarias que recebeu no percurso de sua vida, foi agraciado com as medalhas de: – Cavaleiro da Ordem do Mérito Aeronáutico – Cavaleiro da Grã Cruz do Governo da Polônia – Medalha Mérito Santos Dumont – Medalha Militar de Prata – Medalha Max Wolf Filho da Legião Paranaense do Expedicionário – Medalha Santos Dumont do Governo de Minas Gerais – Medalhão de Prata da Comissão de Alto Nível do Ministério da Aeronáutica – Troféu “Escrínio de Santos Dumont” – Medalha Jubileu de Ouro da Campanha Nacional das Escolas da Comunidade – Comenda Maçônica Duque de Caxias do Grande Oriente do Brasil /Paraná – Medalha Gratidão Prata da União dos Escoteiros do Brasil – Comenda Maçônica Grande Mérito Dario Vellozo – Medalha General Antônio Ernesto Gomes Carneiro da cidade da Lapa-PR – Comenda “Cavalheiro da Boca Maldita” – Cidadão Honorário de Curitiba.

Obteve várias homenagens, placas de prata e bronze e troféus, entre as quais, das Forças Aéreas dos Estados Unidos, Bolívia, Turquia, Itália, Inglaterra e Vietnã do Sul. E mais ainda, do Aeroclube do Paraná, da Academia da Força Aérea Brasileira entre outras – Sócio Honorário da Casa do Estudante Paraguaio – HONORARY MEMBERSHIPS pela Aerophhilatelic of The Américas-Brookfield,Illinois – Recebeu dezoito elogios individuais no seu histórico-militar por relevantes serviços prestados à Força Aérea Brasileira.

Teve seu nome inscrito, com louvor: uma vez na Câmara Federal, três vezes na Assembléia Legislativa do Paraná e onze vezes na Câmara Municipal de Curitiba.

Foi eleito o melhor Relações Públicas das Forças Armadas pelo jornal “Letras em Armas” e pelo jornal “Diário Popular” de Curitiba. Tem trabalhos publicados no Brasil, Estados Unidos da América, Portugal, Argentina, Paraguai e breve na China. É autor de nove trabalhos técnicos editados e distribuídos pela Encyclopaedia Britannica do Brasil e Barsa Society além da Editora Três, Laboratório Ache do Brasil, entre outros.

AUTOR DE SETE LIVROS: - MEMÓRIAS DE UM GURI EM TEMPO DE GUERRA – Prefácio: Professora/Historiadora Maria Cecília Westphalen /UFPR – Já na 2ºª EDIÇÃO. - NO PICO DO DIABO – Prefácio: Dr. Túlio Vargas – Presidente da Academia de Letras do PR. - AS MAIS 100 BELAS MENSAGENS – Pró beneficente. - MAIS DE 700 PENSAMENTOS PREFERIDOS – Pró beneficente. - PELUDOS X PELADOS – A GUERRA DO CONTESTADO – Prefácio: Jornalista Rosy de Sá Cardoso – Jornal Gazeta do Povo/PR. Já na 2ª EDIÇÃO. - EMOÇÕES, EU VIVI... Prefácio: Dr. João Darcy Ruggeri – Presidente da Academia de Cultura de Curitiba PR – Já na 2ª EDIÇÃO. - A MENINA E O GENERAL – Prefácio: Dr. René Ariel Dotti da Academia de Letras-PR

PEÇA TEATRAL INFANTIL – UM MENINO ENTRE NUVENS E ESTRELAS.

Vários trabalhos diversificados, publicados em diversos órgãos da imprensa brasileira. Átila José Borges foi criador, fundador e Diretor do Museu Museu Entre Nuvens e Estrelas, inaugurado pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso, que ficou em exposição no Aeroporto Afonso Pena por mais de cinco anos. No ano de 2002 Átila , doou ao Museu, todo o seu riquíssimo acervo, à Universidade Tuiuti do Paraná. Produziu e apresentou por mais de VINTE ANOS, na TV Paranaense Canal 12 o programa Entre Nuvens e Estrelas (em prol da aviação) e foi colunista da Gazeta do Povo, também por MAIS DE VINTE anos – Membro da Academia de Cultura de Curitiba – Associado “Bandeirante” do Círculo de Estudos Bandeirantes/PR. – Filiado ao Grande Oriente do Brasil, Grau 33. – Membro da Academia de Letras do Brasil, pelo Estado do Paraná, cadeira n.27, cujo patrono é Odilon Tulio Vargas. Já visitou 44 países.

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(veja sobre seu livro A Menina e o General, na

seção Estante de Livros).

Baú de TrovasBaú de TrovasBaú de TrovasBaú de Trovas (Paraná)(Paraná)(Paraná)(Paraná)

Sonho um mundo onde o respeito

recupere o seu valor, e onde o amor pelo direito

gere o direito do amor. A. A. de Assis (Maringá)A. A. de Assis (Maringá)A. A. de Assis (Maringá)A. A. de Assis (Maringá)

Cada momento vivido na vida que se renova,

às vezes é definido apenas em uma trova! AlAlAlAlberto Paco (Maringá)berto Paco (Maringá)berto Paco (Maringá)berto Paco (Maringá)

Quando nos chegam tardias,

esperanças sempre são aquelas parcas fatias

de miolo velho... sem pão! Amália Max (Ponta Grossa)Amália Max (Ponta Grossa)Amália Max (Ponta Grossa)Amália Max (Ponta Grossa)

Quando o assunto exige pressa,

então redobre o cuidado! “Viver mais” é o que interessa,

mesmo chegando atrasado. Ângelo Batista (Curitiba)Ângelo Batista (Curitiba)Ângelo Batista (Curitiba)Ângelo Batista (Curitiba)

O invejoso não entende

que não faz mal a ninguém e que a inveja só pretende machucar a quem a tem.

Arlene LimaArlene LimaArlene LimaArlene Lima

Não fosse teu ombro amigo, Nas tantas lutas da vida, Se não contasse contigo,

Seria hoje, vencida. Constância NérConstância NérConstância NérConstância Néry (Curitiba)y (Curitiba)y (Curitiba)y (Curitiba)

Mesmo tachado de antigo, ainda espalho esperança

ao mundo sincero e amigo do coração da criança. Dari Pereira Dari Pereira Dari Pereira Dari Pereira (Maringá)(Maringá)(Maringá)(Maringá)

O tempo passa, e as lembranças dos sonhos da mocidade

vão transformando esperanças em desengano e saudade...

Déspina AthaDéspina AthaDéspina AthaDéspina Athanásio Perusso (Londrina)násio Perusso (Londrina)násio Perusso (Londrina)násio Perusso (Londrina)

Você partiu, nem liguei, pensando em ter paz, enfim.

Na sua ausência notei que o mundo acabou pra mim!

Eliana Palma (Maringá)Eliana Palma (Maringá)Eliana Palma (Maringá)Eliana Palma (Maringá)

Velhos sonhos, na lembrança, vou mantendo em meu viver e nunca perco a esperança

de que vão acontecer! Istela Marina Gotelipe Lima (Bandeirantes)Istela Marina Gotelipe Lima (Bandeirantes)Istela Marina Gotelipe Lima (Bandeirantes)Istela Marina Gotelipe Lima (Bandeirantes)

Amor, carinho, esperança... marcaram as nossas vidas. Hoje, somente lembrança nas fotos envelhecidas!

Janete de Azevedo Guerra (Bandeirantes)Janete de Azevedo Guerra (Bandeirantes)Janete de Azevedo Guerra (Bandeirantes)Janete de Azevedo Guerra (Bandeirantes)

Sobrepujando os conflitos em que o mundo se compraz, seus braços, ninhos benditos,

são meu refúgio de paz! Jeanette De Cnop (Maringá)Jeanette De Cnop (Maringá)Jeanette De Cnop (Maringá)Jeanette De Cnop (Maringá)

O tempo, veloz, avança,

consumindo nossos anos. Vamos perdendo esperança

e colhendo desenganos... José Corrêa Francisco (Ponta Grossa)José Corrêa Francisco (Ponta Grossa)José Corrêa Francisco (Ponta Grossa)José Corrêa Francisco (Ponta Grossa)

Tanto mal nós infligimos

naquele que bem nos queira, e o perdão que lhe pedimos é uma nuvem passageira...

José Feldman (Ubiratã)José Feldman (Ubiratã)José Feldman (Ubiratã)José Feldman (Ubiratã)

A leitura é trilha certa, que a pessoa experimenta;

depois dela vem a oferta na escritura que alimenta.

José Marins (Curitiba)José Marins (Curitiba)José Marins (Curitiba)José Marins (Curitiba)

Lealdade – uma utopia, neste mundo mercenário,

somente achada, hoje em dia, no cão e no dicionário.

Lourdes Strozzi (Curitiba)Lourdes Strozzi (Curitiba)Lourdes Strozzi (Curitiba)Lourdes Strozzi (Curitiba)

Nas horas tristes, sombrias, a esperança é a companheira

que afugenta as nostalgias

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e nos ergue... a vida inteira! Lucília A. Trindade Decarli (Bandeirantes)Lucília A. Trindade Decarli (Bandeirantes)Lucília A. Trindade Decarli (Bandeirantes)Lucília A. Trindade Decarli (Bandeirantes)

Mais que ouro, fama, respeito... Mais que honraria, abastança,

é trazer dentro do peito simplesmente uma esperança!

Maria Farias Inocêncio (União Da Vitória)Maria Farias Inocêncio (União Da Vitória)Maria Farias Inocêncio (União Da Vitória)Maria Farias Inocêncio (União Da Vitória)

O amor, atrás das vidraças, num peito que não se cansa,

faz descerrar, quando passas, as cortinas da esperança...

MariMariMariMaria Helena Oliveira Costa (Ponta Grossa)a Helena Oliveira Costa (Ponta Grossa)a Helena Oliveira Costa (Ponta Grossa)a Helena Oliveira Costa (Ponta Grossa)

De ilusões eu fui vivendo... e a esperança, disfarçada,

via os meus sonhos morrendo, mas nunca me disse nada!

Maria Lúcia Daloce Castanho (Bandeirantes)Maria Lúcia Daloce Castanho (Bandeirantes)Maria Lúcia Daloce Castanho (Bandeirantes)Maria Lúcia Daloce Castanho (Bandeirantes)

Esperança é um galho torto numa floresta esquecida:

por fora, parece morto; por dentro, cheio de vida!

Neide Rocha Portugal (Bandeirantes)Neide Rocha Portugal (Bandeirantes)Neide Rocha Portugal (Bandeirantes)Neide Rocha Portugal (Bandeirantes)

A maior das orações, neste mundo em que vivemos,

são as realizações com as obras que fazemos!

Nei Garcez (Curitiba)Nei Garcez (Curitiba)Nei Garcez (Curitiba)Nei Garcez (Curitiba)

Todos nós temos buscado sabedoria na vida,

mas, sem Deus ao nosso lado, qualquer busca está perdida.

Olga Agulhon (Maringá)Olga Agulhon (Maringá)Olga Agulhon (Maringá)Olga Agulhon (Maringá)

Busca-se ainda o Caminho, vive-se a doce ilusão

de um mundo feito carinho, que ao fraco não negue o pão.

Sinclair Pozza Casemiro (Campo Mourão)Sinclair Pozza Casemiro (Campo Mourão)Sinclair Pozza Casemiro (Campo Mourão)Sinclair Pozza Casemiro (Campo Mourão)

Falta paz, falta nobreza, falta amor, falta saudade,

falta luz, falta beleza onde falta lealdade.

Swami Vivekananda (Paranaguá)Swami Vivekananda (Paranaguá)Swami Vivekananda (Paranaguá)Swami Vivekananda (Paranaguá)

No meu livro da Lembrança, ainda sem conclusão,

saudade é aquela esperança que compôs a introdução...

Vanda Fagundes Queiroz (Curitiba)Vanda Fagundes Queiroz (Curitiba)Vanda Fagundes Queiroz (Curitiba)Vanda Fagundes Queiroz (Curitiba)

Saudade vive e contesta, me acorda de madrugada,

faz lembrar-me o fim da festa... o beijo... e a noite estrelada!

Vânia Ennes (Curitiba)Vânia Ennes (Curitiba)Vânia Ennes (Curitiba)Vânia Ennes (Curitiba)

Um mar de esperanças novas magicamente brotou

na ternura dessas trovas que o teu carinho inspirou! Victorina Sagboni (Curitiba)Victorina Sagboni (Curitiba)Victorina Sagboni (Curitiba)Victorina Sagboni (Curitiba)

Na floresta da poesia,

a trova canta feliz; encanta pela magia

e também pelo que diz. Vidal Idony Stockler (Curitiba)Vidal Idony Stockler (Curitiba)Vidal Idony Stockler (Curitiba)Vidal Idony Stockler (Curitiba)

Depois de uma aurora linda, sigo o momento que avança e, quando a tarde se finda, renovo minha esperança!

Wanda Rossi De Carvalho (Bandeirantes)Wanda Rossi De Carvalho (Bandeirantes)Wanda Rossi De Carvalho (Bandeirantes)Wanda Rossi De Carvalho (Bandeirantes)

Machado de AMachado de AMachado de AMachado de Assisssisssisssis

(1839 (1839 (1839 (1839 –––– 1908) 1908) 1908) 1908)

TTTTrêsrêsrêsrês T T T Tesouros esouros esouros esouros PPPPerdidoserdidoserdidoserdidos Uma tarde, eram quatro horas, o Sr. X... voltava à sua casa para jantar. O apetite que levava não o fez reparar em um cabriolé que estava parado à sua porta. Entrou, subiu a escada, penetra na sala e... dá com os olhos em um homem que passeava a largos passos como agitado por uma interna aflição. Cumprimentou-o polidamente; mas o homem lançou-se sobre ele e com uma voz alterada, diz-lhe: — Senhor, eu sou F..., marido da senhora Dona E... — Estimo muito conhecê-lo, responde o Sr. X...; as não tenho a honra de conhecer a senhora Dona E... — Não a conhece! Não a conhece! ... quer juntar a zombaria à infâmia? — Senhor!... E o Sr. X... deu um passo para ele. — Alto lá!

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O Sr. F... , tirando do bolso uma pistola, continuou: — Ou o senhor há de deixar esta corte, ou vai morrer como um cão! — Mas, senhor, disse o Sr. X., a quem a eloqüência do Sr. F... tinha produzido um certo efeito: que motivo tem o senhor... — Que motivo! É boa! Pois não é um motivo andar o senhor fazendo a corte à minha mulher? — A corte à sua mulher! Não compreendo! — Não compreende! Oh! Não me faça perder a estribeira. — Creio que se engana... — Enganar-me! É boa! ... Mas eu o vi... Sair duas vezes de minha casa... — Sua casa! — No Andaraí... por uma porta secreta... Vamos! ou... — Mas, senhor, há de ser outro, que se pareça comigo... — Não; não; é o senhor mesmo... como escapar-me este ar de tolo que ressalta de toda a sua cara? Vamos, ou deixar a cidade, ou morrer... Escolha! Era um dilema. O Sr. X... compreendeu que estava metido entre um cavalo e uma pistola. Pois toda a sua paixão era ir a Minas, escolheu o cavalo. Surgiu, porém, uma objeção. — Mas, senhor, disse ele, os meus recursos... — Os seus recursos! Ah! tudo previ... descanse... eu sou um marido previdente. E tirando da algibeira da casaca uma linda carteira de couro da Rússia, diz-lhe: — Aqui tem dois contos de réis para os gastos da viagem; vamos, parta! parta imediatamente. Para onde vai? — Para Minas. — Oh! a pátria do Tiradentes! Deus o leve a salvamento... Perdôo-lhe, mas não volte a esta corte... Boa viagem! Dizendo isto, o Sr. F... desceu precipitadamente a escada, e entrou no cabriolet, que desapareceu em uma nuvem de poeira. O Sr. X... ficou por alguns instantes pensativo. Não podia acreditar nos seus olhos e ouvidos; pensava sonhar. Um engano trazia-lhe dois contos de réis, e a realização de um dos seus mais caros sonhos. Jantou tranqüilamente, e daí a uma hora partia para a terra de Gonzaga, deixando em sua casa apenas um moleque encarregado de instruir, pelo espaço de oito dias, aos seus amigos sobre o seu destino.

No dia seguinte, pelas onze horas da manhã, voltava o Sr. F. para a sua chácara de Andaraí, pois tinha passado a noite fora. Entrou, penetrou na sala, e indo deixar o chapéu sobre uma mesa, viu ali o seguinte bilhete: — “ Meu caro esposo! Parto no paquete em companhia do teu amigo P... Vou para a Europa. Desculpa a má companhia, pois melhor não podia ser. — Tua E...”. Desesperado, fora de si, o Sr. F... lança-se a um jornal que perto estava: o paquete tinha partido às 8 horas. — Era P... que eu acreditava meu amigo... Ah! maldição! Ao menos não percamos os dois contos! Tornou a meter-se no cabriolé e dirigiu-se à casa do Sr. X..., subiu; apareceu o moleque. — Teu senhor? — Partiu para Minas. O Sr. F... desmaiou. Quando deu acordo de si estava louco... louco varrido! Hoje, quando alguém o visita, diz ele com um tom lastimoso: — Perdi três tesouros a um tempo: uma mulher sem igual, um amigo a toda prova, e uma linda carteira cheia de encantadoras notas... que bem podiam aquecer-me as algibeiras!... Neste último ponto, o doido tem razão, e parece ser um doido com juízo.

Vânia Maria de Souza Vânia Maria de Souza Vânia Maria de Souza Vânia Maria de Souza EnnesEnnesEnnesEnnes

Os Os Os Os TTTTrovadores rovadores rovadores rovadores PPPPassam, as Trovas assam, as Trovas assam, as Trovas assam, as Trovas FFFFicamicamicamicam

A palavra, matéria prima e vital do trovador, manifesta-se diante da capacidade de escrever construtivamente e desponta para escancarar os mistérios que nascem no fundo de um coração poetizado. O poder mágico do trovador é inventar, pensar coisas belas, abrir a porta dos sonhos, eternizar momentos, filosofar, demonstrar humor, aproximar o tempo, chorar num ombro amigo, interagir com a espiritualidade; é ser forte na capacidade de atuar em assuntos do passado, do presente e do futuro. Assim sendo, a mente do trovador reveste-se de especial colorido quando

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põe seus neurônios para agir e, imediatamente, transferir os sentimentos para o papel. A Trova é força indiscutível da sensibilidade interior de cada poeta e exterioriza-se em valiosas mensagens no momento em que se torna pública, no intuito de suavizar as adversidades da vida, amenizar as durezas da existência e melhorar os caminhos da humanidade. O ato de escrever Trovas é algo fascinante e, seguramente, não vai acabar em inércia capaz de fazer cães e gatos roncarem de tanto sono, porque ela é clara, transmite bons fluídos, renova e reinventa sentimentos! Descobrir as táticas de escrever trovas é um ato de conhecimento, que significa perceber as forças das relações entre o mundo da natureza e o mundo dos homens, o mundo real e o imaginário. E, ato de sabedoria, ao conduzir o homem a uma abertura de horizontes mentais que se dá pela criatividade do conjunto de palavras que seleciona, para formar seu acervo trovadoresco. Enfim, a trova quando rica em sabedoria, nobre na mensagem e estética na beleza, é capaz de emocionar pela magia e continua viva, mesmo após a partida do trovador para o mundo celeste! Portanto, a Trova eterna eterniza o trovador! --------------------------------------

Vânia Maria Souza Ennes, nasceu em Curitiba, Capital do Estado do Paraná, onde realizou seus estudos fundamentais no Colégio Sacré Coeur de Jésus e estudos médios na Escola Comercial Colegial de Educação Familiar. Cursou a faculdade de Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior pela Fundação de Estudos Internacionais do Paraná. Realizou pós-graduação da língua francesa no Collège International de Cannes, Établissement D’Enseignement Supérieur Prive, na França. Efetivou Curso de Formação Política pelo PPB-Partido Progressista Brasileiro-Fundação Milton Campos. Efetuou Curso de Leitura Dinâmica e Memorização, Leitura Veloz, Técnica de Audiência e Método de Estudo, pela Exata Treinamentos S/C. Concluiu curso de Informática pela Interlux Informática e cursa, atualmente, o 4º ano do Curso de Direito, na Universidade Radial.

É filha do poeta-trovador, advogado, procurador do Estado do Paraná e ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira Hely Marés de Souza e da professora e trovadora Ariane Maria França de Souza. Neta do político e industrial Astolpho Macedo Souza e Marina Marés de Souza e do poeta, sonetista e trovador, advogado, industrial, fundador da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, seu 1º presidente por 14 anos consecutivos Heitor Stockler de França e

Brasília Taborda Ribas de França, dos quais trouxe do berço o gosto pelo trabalho, pela poesia e pela arte.

Aos 9 anos teve sua primeira poesia “Divagando” publicada em jornal e aos 10 anos estreou na Rádio PRB2, em Curitiba, numa entrevista com o ilustre Jornalista carioca Ibraim Sued, durante sua passagem por Curitiba.

Amante da natureza foi escoteira, por quatro anos, na tropa feminina do Grupo Santos Dumont e chefe de sua patrulha. Foi sócia proprietária por quase dez anos da rede de lojas Buscapé Calçados Infantis Ltda. estabelecidas nos bairros do Batel, Juvevê, Centro e Shopping Mueller. Por quase 20 anos dedicou-se à caprinocultura. Manteve um criatório de cabras da raça Saanen, às margens da represa do rio Passaúna, denominado Capril Passaúna, juntamente com a empresa Capríssima Indústria e Comércio de Cosméticos Ltda., onde desenvolveu trabalhos com tecnologia e qualidade, a base de leite de cabra. É sócia com seu marido da Interportos Engenharia e Empreendimentos Ltda., empresa especializada na construção de obras de arte especiais, portos, saneamento e terminais de carga.

Foi presidente da Associação dos Caprinocultores do Paraná-CAPRIPAR, eleita por unanimidade por dois mandatos.

Foi representante dos médios animais da União Paranaense de Criadores-UPAC. Foi membro do Conselho Fiscal da Federação Paranaense de Criadores-FEPAC.

Foi conselheira da Confederação Nacional da Pecuária-CONAPEC, com sede em São Paulo.

Foi Coordenadora da Comissão de Agropecuária da Business Profissional Women-BPW de Curitiba.

Assinou a página social do jornal “Mulher sempre Mulher”, mensalmente, durante dois anos, órgão oficial da Associação das Mulheres de Negócios e Profissionais de Curitiba-BPW. Assinou a coluna de Trovas na Revista Novos Rumos, órgão oficial da Associação dos Magistrados do Paraná, em publicação mensal, com tiragem de 2000 exemplares, durante dois anos.

Foi conselheira não governamental do Conselho Municipal da Condição Feminina, órgão da Prefeitura Municipal de Curitiba, na atuação do Prefeito Cássio Tanigushi.

Foi vice-presidente da Sociedade Eunice Weawer do Paraná-SEW mantenedora do Educandário Curitiba, na assistência dos filhos sadios de hansenianos.

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Foi presidente da União Brasileira de Trovadores-UBT Seção de Curitiba, por três gestões consecutivas.

Foi nomeada delegada do Portal CEN - Cá Estamos Nós, para o Estado do Paraná, entidade literária com sede na cidade de Marinha Grande, Portugal.

É membro efetivo do Círculo de Estudos Bandeirantes, da Academia de Cultura de Curitiba-ACCUR, do Elos Clube de Curitiba, do Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira como, também, da Academia Paranaense da Poesia, onde ocupa a cadeira patronímica número 8, cujo patrono é Emiliano Perneta. É atual vice-presidente do Centro de Letras do Paraná, atual Conselheira do Conselho da Mulher Executiva da Associação Comercial do Paraná e presidente Estadual da UBT no Estado do Paraná.

Acadêmica da Academia de Letras do Brasil, pelo Estado do Paraná. Recebeu o prêmio de “Mulher Destaque na Agropecuária”, na Feira Internacional do Paraná, no Parque Castelo Branco, concedido pela Associação das Mulheres de Negócios e Profissionais de Curitiba-BPW. Sua empresa Capríssima Indústria e Comércio de Cosméticos Ltda. foi vencedora do “Top Comercial” prêmio concedido pela Associação Comercial do Paraná e T.V. Iguaçu canal 4, Grupo Paulo Pimentel, por ter apresentado idéias, experiências e resultados, que contribuíram para a valorização e crescimento do meio empresarial paranaense.. Recebeu “Certificado de Reconhecimento” pelo empreendedorismo e trabalho realizado pela BPW - Business Professional Women de Curitiba. Foi agraciada com a Comenda “Dama Rouge” conferida pela Boca Rouge por relevantes serviços prestados à comunidade. Recebeu do Centro de Letras do Paraná “Carta de Louvor” e agradecimentos, pela excelente contribuição durante as comemorações do Dia do Folclore. Recebeu Troféu da União Brasileira de Trovadores Seção de Porto Alegre/RS, em Cerimônia Solene, na Assembléia Legislativa de Porto Alegre/RS. Recebeu “Diploma de Mérito”, conferido pela Assembléia Legislativa de São Paulo/SP através do Elos Clube de Curitiba, em reconhecimento à sua dedicação e trabalho cívico-cultural permanente, realizado sob o signo do humanismo, na preservação da história e dos ideais da língua portuguesa. Recebeu “Diploma Comemorativo” e como Presidente

da União Brasileira de Trovadores, recebeu “Diploma de Louvor” do Movimento Pró–Paraná, em comemoração aos Sesquicentenários das Elevações da Comarca de Curitiba à Província do Paraná, da Cidade de Curitiba à Capital da Província do Paraná, no ano em que Curitiba foi consagrada internacionalmente como a Capital Americana da Cultura, pelo relevo especial que conferiu às comemorações daquelas magnas efemérides históricas, mediante a meticulosa e magistral programação dos XVIII Jogos Florais de Curitiba, aqui congregando a elite dos Trovadores Brasileiros. A Câmara Municipal de Curitiba consignou na ata de seus trabalhos, o requerimento do Ver. Ângelo Batista “Voto de Louvor”, pelo destaque que deu a Curitiba, na área da cultura, diante do cenário poético no âmbito Nacional, pelo brilhante desempenho de seu 3º mandato frente a Presidência da UBT, com votos de congratulações e aplausos. Agraciada com Diploma pela Câmara Municipal de Curitiba pelo brilhantismo de sua participação na Tribuna Livre em Seção Ordinária. Homenageada pela União Brasileira de Trovadores de Niterói/RJ, onde recebeu nome de troféu para os cinco prêmios mais votados da categoria, cabendo-lhe a entrega dos mesmos, em cerimônia de gala. No “Dia Internacional da Mulher” recebeu o “Prêmio Mulheres de Destaque” do Shopping Novo Batel em parceria com o conselho da Mulher Executiva da ACP e Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais-BPW. Por consideração unânime recebeu da Legião Paranaense do Expedicionário e dos integrantes do 1º Grupo de Caça da FAB, na Itália, a Medalha “Tenente Max Woff Filho”, durante as comemorações da Tomada de Monte Castelo, pelos relevantes serviços prestados à entidade, em Solenidade Militar. Em Sessão Solene comemorativa ao aniversário de Curitiba, na Câmara Municipal de Curitiba-Palácio Rio Branco, foi agraciada com o “Prêmio Cidade de Curitiba” por proposição de diversos vereadores, pelos importantes serviços prestados a cidade, em âmbito nacional. Laureada pelo presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, deputado Hermas Brandão, na festividade aos 150 anos de emancipação política do Paraná, pilastra representativa da sociedade paranaense. Em sessão solene na Câmara Municipal de Curitiba-Palácio Rio Branco, foi condecorada com a Medalha de Mérito Fernando Amaro por indicação da vereadora Nely Almeida do PSDB. Esta honraria deu-se através de projeto de Decreto Legislativo, como profissional de literatura por ter contribuído para a evolução das áreas de educação e cultura.

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Diploma em Homenagem Especial do Presidente Milton Nunes Loureiro, da UBT da Seção de Niterói/RJ. Recebeu do Vereador Jair César “Diploma de Louvor” com votos de congratulações e aplausos pelo incentivo que dispensa na área da cultura. Homenageada com “Diploma Especial” pelo alto desempenho, em todas as suas gestões, como Presidente da União Brasileira de Trovadores–Seção de Curitiba por Yaramara de Castro Araújo. Diplomada pela UBT-Seção de Curitiba, em sinal de reconhecimento por seu destacado trabalho como Presidente da entidade, durante três gestões, como expressão de agradecimento pela dedicada contribuição ao engrandecimento da trova e da cultura curitibana e paranaense. Diplomada no Encontro de Escritores Luso-Brasileiros do Portal CEN “Cá Estamos Nós” no Museu Histórico do Exército, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro/RJ. Vencedora no concurso internacional de trovas Brasil-Portugal promovido pelo Elos Clube Internacional da Comunidade Lusíada, sob o tema "água" e pela UBT Seção de Curitiba/PR sob o tema “mulher”. Participou de vários Congressos, Feiras, Encontros, Seminários e Simpósios Nacionais e Internacionais na América do Norte, Europa e Ásia.

Nosso Português de Cada Nosso Português de Cada Nosso Português de Cada Nosso Português de Cada DiaDiaDiaDia

Para Mim FazerPara Mim FazerPara Mim FazerPara Mim Fazer De jeito nenhum. Nessa forma, você não faz nada. Analisemos essa construção. Nós temos a preposição PARA, temos o pronome MIM e o verbo FAZER que está na forma nominal, como diz a gramática.

Entendendo o sentido da expressão, nós vemos que o pronome MIM é quem vai praticar a

ação expressa pelo verbo que vem em seguida. E é aí que está o erro. O pronome MIM, segundo a gramática, não pode ser o agente de verbo nenhum. Em outras palavras, os pronomes MIM e TI nunca podem ser sujeitos da ação expressa pelo verbo. Assim, nesse tipo de construção, use sempre os pronomes EU e TU, nunca MIM e TI.

Dessa forma, diga sempre: Para eu fazer / para tu fazeres Para eu contar / para tu contares Para eu estudar / para tu estudares E assim por diante.

===========================

Entre Entre Entre Entre Eu e VocêEu e VocêEu e VocêEu e Você

Esse é um erro muito comum. O correto é dizer ENTRE mim e você.

E por quê? A resposta é simples. A palavra ENTRE é

uma preposição. E diz uma regra gramatical que não se usa o pronome pessoal do caso reto EU após preposição. Segundo a regra, após preposição nós devemos usar sempre o pronome pessoal do caso oblíquo, que são:

me, mim, comigo, te, ti, contigo, o, a, lhe, se, si, consigo nos, conosco, vos, convosco os, as, lhes, se si, consigo

Por isso, diga sempre: ENTRE MIM e você.

OOOOlga lga lga lga AAAAgulgulgulgulhon hon hon hon

(1965)(1965)(1965)(1965)

TrovasTrovasTrovasTrovas

Mil sonhos num embornal,

tantas pedras no caminho... Era a sina do “imortal”

que nunca encontrou seu ninho.

Tremenda surpresa aguarda o marido certo dia:

- na cama dele uma farda, dentro do armário o vigia!

Neste mundo conturbado,

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todos nós, mesmo os ateus, temos encontro marcado no fim da vida, com Deus.

Quando o amor fica em ruína, sem chão, paredes... ou teto,

o alicerce nos ensina que só o carinho é concreto.

Carrego pouca bagagem porque, na vida, aprendi

que, mesmo longa a viagem, preciso apenas de ti.

Viajei pelo mundo inteiro e nunca mais pude achar o que no instante primeiro

encontrei em seu olhar!

Não a agüentou... fez no mato; estava cheia a bexiga...

Quanta má sorte! Que chato! Era uma moita de urtiga...

Tamanha “sorte” me arrasa

que, se concorro sozinha, o carteiro troca a casa,

e entrega o prêmio à vizinha.

As dores e os desencantos, lancem ao pó das estradas... - Façam dos lares recantos

que lembrem contos de fadas!

Meus sonhos não morrerão! São em verso eternizados.

Não deixe os seus, meu irmão, em baús, abandonados.

Na roça em trabalho duro

aos filhos sonhou bem mais... - Pra colher melhor futuro

plantou livros e jornais!

Se esta terra é "mãe gentil" e a vida nos nega o pão, é porque falta ao Brasil investir na Educação.

Natal! A ceia na mesa

e os presentes que trocamos não refletem a grandeza da data que celebramos.

Como enchente, o amor invade

as margens do coração... - Quando passa a tempestade,

só nos sobra a solidão!

Diante do encanto desfeito por promessas não cumpridas, eu sempre encontro outro jeito

de entrelaçar nossas vidas.

Quando é longa e dura a estrada, nós sempre aprendemos tanto, que as conquistas, na chegada, têm sempre o dobro do encanto

. Anda nua pelo quarto,

provoca, e diz que não quer... - E o marido? – Esse anda farto...

das pirraças da mulher.

Olga Agulhon é filha dos agricultores Dimaura e João Agulhon. Nasceu em 6 de dezembro de 1965, em Assis – SP, mas a família já morava no sítio Rica Fé, município de Sertaneja, Paraná. Em 1970, mudaram-se para a fazenda São João, em Ivatuba, ainda de propriedade da família. Em 1972, em Maringá, iniciou seus estudos no Colégio Estadual Brasílio Itiberê (grupo escolar, naquela época). Estudou ainda no Instituto estadual de Educação de Maringá e no Colégio Regina Mundi, onde ingressou na sexta série e concluiu, em 1983, o segundo grau. Em 1984, ingressou na Universidade Estadual de Maringá (UEM), no curso de Agronomia, que interrompeu após dois anos, quando nasceu sua primeira filha. Formou-se em Pedagogia, com Láurea Acadêmica de Graduação, pela UEM, no primeiro semestre de 1990. Em 1994 terminou o curso de Especialização em Literatura Brasileira, do Departamento de Letras (UEM), fazendo a defesa da monografia com o título “A fábula no livro didático”. Foi professora particular e da rede municipal de ensino de Maringá, diretora da Creche e Pré-escola Alziro Zarur, da LBV; e coordenadora pedagógica da Pré-escola Primeiro Mundo. Participando ativamente da vida cultural da cidade desde o início da década de 1990, já foi comentarista em mostras de vídeo, jurada de concursos de poesias, e já fez dezenas de palestras em escolas de Maringá e região, falando sobre seus livros, sobre leitura e literatura. Fez parte da antiga UEMA - União dos Escritores Maringaenses, do Clube dos Trovadores de Maringá, da Sociedade de Cultura Latina do Paraná e da Sala do Poeta de Maringá. É membro da União Brasileira de Trovadores (UBT) e

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membro da Academia de Letras de Maringá (ALM), fundada em 7 de setembro de 1997, onde ocupa a cadeira nº. 24, que homenageia Lygia Fagundes Telles. Exercendo o cargo de secretária-geral desde setembro de 2003, foi eleita presidente da ALM em 06 de abril de 2008, em virtude do falecimento de Antonio Facci. Tem poesias, trovas e contos publicados em várias coletâneas, revistas e jornais literários, sites e comunidades do orkut, bem como várias premiações em concursos literários, especialmente na modalidade trova. Em 1991 publicou o livro de poesias “Delírios”. Com o espírito de educadora e a paixão pelos contos de fadas, escreveu, em 1998, o livro infanto-juvenil “As três estatuetas de bronze”, que somente conseguiu publicar no final de 2000. Segundo a bibliotecária Zery Monteiro, o livro “é uma história de magia e encantamento, escrita de forma clara e concisa, que aguça nossa sensibilidade para decifrar a diferença entre o verdadeiro e o aparente”. Depois de fazer sucesso com o gênero infanto-juvenil, a autora voltou-se novamente para os poemas e, cheia de inspiração, transformou seu livro “O Tempo”, publicado em 2003, numa obra que nos leva a uma reflexão após a leitura de cada página, abrindo nossa mente para as muitas janelas do tempo e da alma. Seu livro "O Tempo" também foi lançado no Centro Cultural Brasil-Espanha de Curitiba/Agência Espanhola de Cooperação Internacional. Não conseguindo abandonar nem o conto nem a poesia, Olga Agulhon lançou, em 2004, o livro de contos “Germens da Terra”, agora em sua segunda edição. Olga Agulhon é casada com o engenheiro civil e agricultor Antonio Molonha; e tem duas filhas: Ana Carla e Isabela. Além de pedagoga, escritora, presidente da Academia de Letras de Maringá, esposa, mãe e dona-de-casa, Olga também é produtora rural e coordenadora do Núcleo Feminino Cocamar - Maringá. De família pioneira na região, atua profissionalmente como agricultora/produtora rural, sendo associada do Sindicato Rural Patronal e da Sociedade Rural de Maringá, e cooperada da COCAMAR - Cooperativa Agroindustrial. PREMIAÇÕES EM CONCURSOS LITERÁRIOS – Terceiro lugar no Concurso de Livros de Poesias promovido pela Sociedade de Cultura Latina do Paraná, em 1991.

– Menção Honrosa (4º. Lugar) no Concurso Literário “Contos de uma Noite de Natal”, promovido pela Casa do Poeta de Santos e Elos Clube de Santos, em 1995. – Vencedora no XXI Jogos Florais de Bandeirantes, em 2004, Âmbito Estadual, tema IMORTAL (lírico/filosófico). – Menção honrosa no XXII Jogos Florais de Bandeirantes - 2005, Âmbito Estadual, tema SURPRESA (humorístico). – Menção honrosa, no VIII Jogos Florais do Rio de Janeiro – Âmbito Nacional, 2006, tema ENCONTRO (L/F). – Menção Honrosa – 4º lugar – VI Concurso de Trovas “Cidade de Pirapetinga” – MG – 2006, tema CARINHO (L/F), Âmbito Nacional. – Premiada, com duas trovas vencedoras, no XXIII Jogos Florais de Bandeirantes – 2006, Âmbito Estadual, tema VIAGEM (L/F). – Menção Honrosa + Menção Especial, no XXIII Jogos Florais de Bandeirantes – 2006, Âmbito Estadual, tema SORTE (humorístico). – 1º. Lugar, no I Concurso Comunidade “Sou Trovador” (Orkut), em 2006. Mote: “As dores e os desencantos”. – Várias outras premiações em concursos de trovas e poesias pela internet, através das Comunidades “SOU TROVADOR” e “POESIAS LAC”, em 2006 e 2007. - 8º. Lugar no 1º. Concurso de Trovas pela Internet, promovido UBT - União Brasileira de Trovadores – Delegacia de Roseira – SP. Tema: Enchente: - Vencedora + Menção Especial, no XXIV Jogos Florais de Bandeirantes – 2007, Âmbito Estadual, tema ENCANTO (L/F). – Vencedora, no XXIV Jogos Florais de Bandeirantes – 2007, Âmbito Estadual, tema PIRRAÇA (humorístico). LIVROS PUBLICADOS 1. “DELÍRIOS” (poesias). 1991. Edição da autora. Prefácio de Dari Pereira. Comentário da contracapa de Agenir Leonardo Victor. 2. “AS TRÊS ESTATUETAS DE BRONZE” (infanto-juvenil). 2000. Edição da autora. Comentários de Adrian Oscar Dongo Montoya (professor universitário, doutor em psicologia), Zery Monteiro (bibliotecária, especialista em literatura brasileira), Galdino Andrade (advogado, presidente da Academia de Letras de Maringá), Antonio Augusto de Assis (professor universitário, membro da ALM) e Altamiro Avelino da Silva (graduado em letras, membro da ALM). Pelo lançamento deste livro recebeu elogios do presidente da Academia Paranaense de Letras, Túlio Vargas, de

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escritores de outros Estados; e um voto de congratulação da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, proposto pelo Deputado Estadual Ricardo Maia. O livro “As três estatuetas de bronze” passou a fazer parte do acervo da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – Seção Brasileira do IBBY, foi trabalhado em sala de aula em diversas escolas públicas e privadas de Maringá e região e foi escolhido para um projeto de leitura elaborado pela Secretaria de Educação e Cultura de Terra Boa - PR, envolvendo o estudo de diversas disciplinas a partir de sua leitura e das questões levantadas por seu conteúdo. 3. “O TEMPO” (poesias). 2003. Edição da Autora. Prefácio de Antonio Facci (presidente da ALM), “orelhas” de Sildemar José de Barros e Jaime Vieira (professor graduado em letras, membro da ALM). O livro “O Tempo” é citado na Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá para obtenção do título de Mestre em Letras na área de Estudos Literários da aluna Ângela Enz Teixeira, sob orientação da Profª.Drª. Rosa Maria Graciotto Silva, nas páginas 83, 88 e 155, sendo apontado como o livro mais lido e como obra inesquecível de acordo com alunos de uma turma de escola municipal de Maringá. 4. “GERMENS DA TERRA” (contos). 2004. Edição da autora. Prefácio de A. A. de Assis, posfácio do Cônego Benedito Vieira Telles, “orelhas” de Neide Rocha Portugal, Sebas Sundfeld (Tambaú-SP) e Zery Monteiro; texto da contracapa de Maria Eliana Palma; comentários dos acadêmicos Antonio Facci, Jeanette Monteiro de Cnop, Florisbela Margonar Durante e Francisco Jorge Ribeiro. PARTICIPAÇÃO EM COLETÂNEAS - COLETÂNEA DA ACADEMIA DE LETRAS DE MARINGÁ, em 1999. 2002, 2004, 2007. - “COLETÂNEA DOS POETAS DE MARINGÁ - II” (Organização: A. A. de Assis, Dari Pereira e Galdino Andrade.); - “COLETÂNEA DOS POETAS DE MARINGÁ - III” – 2006; - COLETÂNEA “MARINGÁ - UM OLHAR FEMININO EM CORES E VERSOS”, (Participação como membro da comissão de seleção de textos e com a publicação do poema “Maringá”). - COLETÂNEA “BRASIL LITERÁRIO – 2003” / Caxias do Sul – RS (com uma poesia);

- outras coletâneas com textos vencedores em concursos literários. ENTIDADES EM QUE É MEMBRO: – Membro da União dos Escritores Maringaenses (UEMA), do Clube dos Trovadores de Maringá, da Sociedade de Cultura Latina do Paraná e da Sala do Poeta de Maringá. – Membro da União Brasileira de Trovadores – UBT/seção Maringá. – Membro e fundadora da Academia de Letras de Maringá (ALM), fundada em 07/09/1997, ocupante da cadeira nº. 24, que homenageia Lygia Fagundes Telles, fazendo parte de todas as diretorias. Exerceu o cargo de secretária-geral de setembro de 2003 a 06 de abril de 2008, quando foi eleita presidente da ALM em virtude do falecimento de Antonio Facci. (V. título) – Foi membro do Conselho Municipal de Cultura de Maringá. – Associada do Sindicato Rural Patronal de Maringá. – Associada da Sociedade Rural de Maringá. – Cooperada da COCAMAR. – Coordenadora Geral do Núcleo Feminino Cocamar – Maringá, nos anos de 2006, 2007 e 2008. – Membro da Academia de Letras do Brasil, pelo Estado do Paraná, ocupando a cadeira de n.7, cujo patrono é Antonio Facci.

Laé de SouzaLaé de SouzaLaé de SouzaLaé de Souza

Esmeraldo, o garçomEsmeraldo, o garçomEsmeraldo, o garçomEsmeraldo, o garçom Esmeraldo servia um bife acebolado, enquanto outro cliente fazia insistentes sinais chamando-o. Ele, fingindo não perceber para não interferir no seu trabalho, atendeu com presteza e só então deslocou a sua visão à outra mesa. (Aí que descobri que quando chamamos um garção e parece que ele não vê, às vezes está vendo e finge que não vê). Acostumado com os tipos e pela cara sentiu que era reclamação, e era mesmo. O sujeito, irritado, sentia-se indignado com a refeição. O macarrão estava grudado e o molho salgado. Esmeraldo, educadamente, perguntou: - Como é o seu nome, senhor?

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O cliente mais irritado ainda respondeu: - Jonas. - Pois é senhor Jonas, vou lhe explicar como funcionam as coisas -, disse-lhe Esmeraldo. - A minha função aqui, é a logística. Ou seja, coleto os pedidos do cliente, passo para a copa, que manda para a cozinha. Daí para a frente não interfiro em nada, até que eu ouça dois toques da sineta, o sinal de que o meu pedido está à disposição. Então apanho a mercadoria, vejo se está bem separada, cada qual em sua bandeja e faço a distribuição para os clientes. Quanto a verificar se os produtos estão perfeitos, se a qualidade é boa, foge ao meu alcance e se o fizesse, estaria me intrometendo no trabalho de outro setor, com o que o senhor há de concordar, seria antiético. Agora, é responsabilidade minha e o senhor pode me chamar a atenção que eu vou abaixar a cabeça, se ocorreu alguma coisa que me diz respeito como: Seu pedido veio trocado? Sua cerveja chegou quente? O refrigerante diet da sua esposa e as cocas normais dos seus filhos não vieram certinhos, como pedidos? Sua comida veio misturada, decorrente do transporte da copa até a sua mesa? Deixei cair um copo ou derramei molho na mesa ou em algum dos senhores? O senhor pode não ter percebido, senhor Jonas, mas a sineta tocou e eu já corri para trazer sua refeição. Se houve demora, foi lá para dentro, mas não no serviço de distribuição. Agora, se o senhor quer fazer reclamação do serviço da produção, posso chamar o cozinheiro ou então o senhor Manoel, que é o dono, portanto, é quem tem que ouvir essas reclamações, não eu. Aliás, aqui pra nós, acho que o senhor tem que reclamar com ele sim, porque esse cozinheiro é muito folgado e anda fazendo as coisas de qualquer jeito. É a segunda reclamação injusta que recebo hoje. Que culpa tenho eu, senhor Jonas, que estou aqui do lado de fora, nem sabendo do que está acontecendo lá por dentro e alguns clientes sem atentar para isto, me chacoalham? O senhor, sinceramente, não acha que é injusto seu Jonas? Vou chamar o seu Manoel, o senhor reclama do macarrão, do molho e, não diga que falei nada, mas pode reclamar que a carne está dura, porque sei que está, pois, uns dois clientes já reclamaram. Lá está o seu Manoel. Seu Manoel! Seu Manoel , faz o favor! Enquanto o Sr. Manoel se aproximava, Esmeraldo cochichou para o cliente: - O senhor pode reclamar do que quiser seu Jonas, mas não da comida fria, porque se esfriou,

foi por culpa sua que iniciou a conversa, deixando-a esfriar. Jonas, mulher e filhos boquiabertos olhavam para o Esmeraldo e o Sr. Manoel, que todo solícito dizia um "pois não", bem macio. ---------------------------

O escritor Laé de Souza é cronista, poeta, articulista, dramaturgo, palestrante, produtor cultural e autor de vários projetos de incentivo à leitura. Preocupado com o déficit educacional e inconformado com o slogan "Brasileiro não gosta de ler" vem criando projetos de leitura, objetivando gerar alternativas que favoreçam e criem o hábito da leitura. Obras: Acontece, Acredite se Quiser!, Coisas de Homem & Coisas de Mulher, Espiando o Mundo pela Fechadura, Nos Bastidores do Cotidiano (impressão regular e em braille) e o infantil Quinho e o seu cãozinho - Um cãozinho especial. Projetos: "Encontro com o Escritor", "Ler É Bom, Experimente!", "Lendo na Escola", "Minha Escola Lê", "Viajando na Leitura", "Leitura no Parque", "Dose de Leitura", "Caravana da Leitura”, “Livro na Cesta”, "Minha Cidade Lê", "Dia do Livro" e "Leitura não tem idade". Palestras: Ao longo de sua carreira de escritor e na aplicação de seus projetos de leitura, Laé de Souza já ministrou palestras em mais de 300 escolas de todo o Brasil, cujo foco é o incentivo à leitura. "A importância da Leitura no Desenvolvimento do Ser Humano", dirigida a estudantes e "Como formar leitores", voltada para professores são alguns dos temas abordados nessas palestras. Com estilo cômico e mantendo a leveza em temas fortes, escreveu as peças "Noite de Variedades" (1972), "Casa dos Conflitos" (1974/75) e "Minha Linda Ró" (1976). Iniciou no teatro aos 17 anos, participou de festivais de teatro amador e filiou-se à Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Criou o jornal "O Casca" e grupos de teatro no Colégio Tuiuti e na Universidade Camilo Castelo Branco. Bacharel em Direito e Administração de Empresas, Laé de Souza, 55 anos, unifica sua vivência em direito, literatura e teatro (como ator, diretor e dramaturgo) para desenvolver seus textos utilizando uma narrativa envolvente, bem-humorada e crítica. Nos campos da poesia e crônica iniciou sua carreira em 1971, tendo escrito para "O Labor"(Jequié, BA), "A Cidade" (Olímpia, SP), "O Tatuapé" (São Paulo, SP), "Nossa Terra" (Itapetininga, SP); como colaborador no "Diário de Sorocaba", O "Avaré" (Avaré, SP) e o "Periscópio" (Itu, SP).

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Chloris Chloris Chloris Chloris Casagrande Justen Casagrande Justen Casagrande Justen Casagrande Justen

(1923)(1923)(1923)(1923)

Meu Livro AzulMeu Livro AzulMeu Livro AzulMeu Livro Azul É impossível deixar de escrever, quando toda a trama está delineada. Ali, à minha frente, continuam os papéis que devo selecionar, as pastas para catalogar, o projeto para elaborar, mas o filme que está passando ao fundo, na CNT, me obriga a voltar ao passado, à minha doce e ingênua juventude. Ah! Os filmes de Lana Turner, Tyrone Power, Joan Fontaine, Joan Crawford, Robert Mitchum, Cark Gable. Éramos tão simplesmente ingênuos… A violência era configurada nos murros que o mocinho dava no bandido, vingando-nos das maldades que a mocinha sofrera; os finais eram felizes e não havia mortos e feridos e, quando os havia, eram pranteados e acarinhados. E havia gentilezas, e as mulheres eram lindas e elegantes, e os homens demonstravam claramente, nas ações, o seu caráter, e o amor tinha o poder de regenerar os maus e dignificar as pessoas. A caneta na mão que apóia o rosto, relembro as “matinées” de domingo, onde só iríamos se acompanhadas de meu pai. Aos meus lábios vem um sorriso quase carinhoso e em meu coração desce uma caudalosa onda de ternura. Como posso organizar meu livro de Contas/ Correntes, se estou “assistindo” Audrey Hepburn, de sorvete na mão, fugindo de ser princesa para se enamorar do plebeu Gregory Peck e, sem saber como, já dançam Cid Charisse e Fred Astaire, encantados com as meias de seda, seguidos de “My Fair Lady”, e Errol Flynn que, de uniforme azul da guerra da Secessão, dança em um lindo salão de lustres de cristais, declarando amor a sua amada, que veste um deslumbrante traje de tule branco, apoiada em seus braços amorosos, levando-nos, a nós meninas-moças da época, ao sétimo céu de nossos sonhos. Impossível não rir da minha obediência às ordens recebidas, de fechar os olhos para não ver a “imoralidade” dos beijos de amor, uma novidade que corrompia... Como os tempos eram outros... O perigo não morava ao lado, nós vivíamos com a felicidade que não se comprava, com a

sobriedade de Greer Garson durante os bombardeios de Londres. As desditas de nossos amigos nos atingiam como se vivêssemos os dramas da caldeira do diabo, admitindo que devíamos compreender as vinhas da ira, pois assim caminha a humanidade. As notas fiscais que comprovam o que gastei e que, por excesso de atividades, nem tomei a devida consciência, ficam me pressionando, como se fosse suficiente revê-las para que o tempo aumente seu espaço para abarcar todas as minhas responsabilidades. A maior dificuldade está em eu não poder fugir da beleza de Kim Novak e da obsessão de James Stewart, vendo um corpo cair. Aliás, lembrar a figura de Hitchcook aparecendo em todos os seus filmes, traz-me o som alucinante do voejar dos pássaros, e não sei porque está à minha frente Julie Andrews dançando nos telhados londrinos e resolvendo todos os complexos problemas de uma nova sociedade. A doçura dos olhos de Olívia de Haviland contrasta, à minha frente, com o azul-violeta dos olhos de Elizabeth Taylor, naquele lindo traje feito da cortina de veludo que o vento não levou... Olhos... olhos grandes, frios e dissimulados da inimiga Bette Davis e, já agora os olhos lindo de Merle Oberon, vencendo os preconceitos de uma época e ensinando que o amor formado em ciúme, pode ser fria lâmina que fere o homem e desestrutura o artista, transformando o sonho de amor em amargura. O livro azul da Conta/Corrente é um algoz que me atormenta. Talvez que ele seja a ponte que não quero atravessar e que me liga à realidade do assalto ali da esquina, dos mortos do avião que explodiu no ar, do desespero daqueles que nem ao menos alcançaram altura para decolar, das meninas sem lar aliciadas para a prostituição, da prisão da gangue de mulheres que roubava as lojas para vender o produto do roubo, o que nem ao menos pode lembrar o Errol Flynn, de Robin Hood, contrariando minha esperança de que a mulher estaria mais longe do banditismo. Abandono o cinema das ilusões e das minhas ilusões e retorno à verdade de um mundo de consumismo, de violência e incertezas. Na CNT, Victor e Victória, e a minha gargalhada que ecoa no silêncio da tarde. Desligo o televisor e triste e desanimadamente enfrento a dolorosa e crua realidade que, neste momento é o meu livro azul de Contas Correntes. ______________________________

Chloris Casagrande Justen, filha de José D. Casagrande e Isaura Raymundo Casagrande, é viúva do Desembargador Marçal Justen, de cujo casamento teve três filhos, Paranaense

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de Curitiba, Chloris Casagrande Justen é Pedagoga( formou-se na Faculdade de Ciências e Letras Tuiuti), com diversos cursos de Especialização e Aperfeiçoamento, inclusive no Instituto de Desenvolvimento do Potencial Humano, em Philadelphia, nos Estados Unidos. É aposentada do Sistema Estadual de Ensino, como Professora de Segundo Grau e Administradora Escolar. Lecionou no ensino Primário, Secundário e Superior, ocupou inúmeros cargos administrativos na Educação, foi Diretora Geral do Instituto de Educação do Paraná, Presidente do Conselho do Magistério e Conselheira e Vice-Presidente do Conselho Estadual de Educação, por dois mandatos, sendo de sua autoria variada e farta legislação educacional, ainda em vigência no Sistema de Ensino do Paraná. Mesmo aposentada, nunca se afastou do trabalho educacional, participando como educadora, em vários campos da atividade, sendo convidada para integrar projetos e grupos de trabalho, mantendo-se , até o presente, em permanente ação no processo educacional dos municípios e do Estado, bem como na comunidade cultural. Convidada para Consultora de Educação no Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência, foi pioneira no processo de implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente, tendo, além de publicações e obras sobre o assunto, prestando consultoria em Secretarias dos Municípios e do Estado e assessorou Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente e Conselhos Tutelares, ministrando cursos e palestras na maioria dos municípios paranaenses e em vários estados do Brasil e, a convite do UNICEFE, em Recife, Belo Horizonte e Roraima. Sócia proprietária da Magister Consultoria, foi, a convite da Secretária da Educação, Consultora do Banco Interamericano de Desenvolvimento, na Secretaria Estadual de Educação, para assuntos de legislação educacional e administração escolar, durante os anos de 1999 e 2000. Conferencista, participa de seminários e congressos sobre Direitos Humanos, Ética, Educação, Administração Escolar e Formação da Cidadania em Universidades, Instituições Educacionais e Sociais. É membro da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente, da OAB/PR e da Associação de Magistrados e Promotores da Justiça da Família, da Infância e da Juventude do Estado do Paraná, participando de seminários, estudos e pronunciamentos sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e a sua interface com os princípios e práticas educacionais na família e na comunidade, continuando as ações que realiza no projeto "Liberdade Assistida", no Convênio Centro Brasileiro para a Infância e a Adolescência e o Tribunal de Justiça do

Estado do Paraná. É membro fundadora e participante do Movimento Pró-Paraná, da Assembléia Legislativa/PR. É Conselheira do Conselho Estadual da Mulher, do Conselho Municipal de Saúde de Curitiba, do Conselho Deliberativo da Fundação de Ação Social - Instituto Pró Cidadania - FAS e do Conselho de Pensionistas da Associação dos Magistrados-PR. Pertence ao Soroptimist International the of Americas, tendo ocupado vários cargos de relevo no Soroptimismo International da América do Sul, como Coordenadora Geral de Educação, quando organizou e dirigiu o I Simpósio Internacional de Alfabetização e Cidadania, integrando no Brasil todos os países sul americanos. Foi coordenadora da Exposição Internacional realizada no Brasil e em Portugal "Ciranda de Dois Mundos - Crianças pintoras unindo Brasil Portugal". Atualmente é Coordenadora Geral de Programas e Governadora Eleita do SI Internacional e deverá assumir cargo de Governadora da Região Brasil em 2002. É presidente do Centro Paranaense Feminino de Cultura e responsável pela construção e instalação da nova sede, inaugurada em 7 de junho corrente, resultante da troca de seu terreno por área construída no mesmo local, tendo a propriedade triplicado o seu valor patrimonial, ao mesmo tempo em que deu início a uma nova proposta cultural, com o fim de modernizar a instituição. Escritora e poetisa, com livros, ensaios e artigos publicados, pertence à Academia Paranaense de Letras do Paraná, à Academia de Letras José de Alencar e à Academia de Cultura de Curitiba. É integrante do Instituto Histórico do Paraná, do Centro de Letras do Paraná e de várias instituições culturais e sociais, sendo Vice- Governadora do Elos Clube - Região Paraná e Santa Catarina. É autora do livro didático " O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Instituição Escolar", para professores de primeiro e segundo graus, com 17.000 exemplares distribuídos e trabalhados nos Sistema Estadual de Ensino do Paraná. Escreveu "Jogo de Luz", poesias; "Conversando sobre Soroptimismo", crônicas; coordenou e foi redatora dos livros de crônicas - "Mulheres Escrevem", das Centristas do Centro Paranaense Feminino de Cultura; "Com Justiça e com Afeto I e II", das Mulheres da Magistratura Paranaense; o "Soroptimismo em Minha Vida", das Soroptimistas dos três clubes de Curitiba. Redigiu e publicou inúmeros artigos e ensaios sobre assuntos educacionais, sociais e literários em jornais e revistas da Capital e do Estado do Paraná, além da Revista da Academia Paranaense de Letras.

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Recebeu destacadas honrarias, entre as quais o troféu "O Pensador" e as Comendas da "Honorífica Ordem da Cultura" e da "Aproximação Cultural dos Povos da América Latina" da Academia de Cultura de Curitiba; o título de "Soroptimista Emérita", do SI Curitiba Batel; "Talento do Paraná" - Julie-Burque; "Troféu Imprensa - Os Melhores do Paraná"; a Comenda "Medalha XV de Novembro" - Soc. Nac. Mérito Cívico; o título "Vulto Emérito de Curitiba", "Cultura e Divulgação" e Votos de Louvor, da Prefeitura Municipal de Curitiba. Pelos anos dedicados de sua vida, ressaltando a importância da literatura brasileira e proporcionando a todos que apreciam um bom livro, a oportunidade de encontrar em suas obras o prazer da leitura, portanto, é mais do que justo que reconheçamos a importância da Sra. Chloris na área literária, razão desta homenagem que enaltece o que já foi feito e o que se está fazendo pelo enriquecimento da cultura de nosso Estado.

Cícero Galeno Urroz Cícero Galeno Urroz Cícero Galeno Urroz Cícero Galeno Urroz

LopesLopesLopesLopes

A GAIOLAA GAIOLAA GAIOLAA GAIOLA

Que coragem tens ou cruel brutalidade, que incauto inocente, pelo alimento, condenas à prisão pela vida inteira

e dele usufruis financeiros resultados?

Ainda ontem pelo verde e pelo azul voava, o encanto da vida e o aconchego dos seus

podia usufruir em plena natureza... hoje o tens mísero, pequeno e dominado.

A gaiola o prende em reclusão perpétua, e há de cantar e olhar a luz e o verde,

fechado entre grades, ruídos e estranhos;

o silêncio e a cor da mata e dos seus o canto serão torturas amargas daqui em frente a quem duas asas tinham poder de céu

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A CHUVAA CHUVAA CHUVAA CHUVA

Flocos líquidos transparentes descem pequenos, leves e inofensivos,

um, depois mais um, depois tantos crescem, que a terra toda alagam, e os rios

se elevam, veias da natureza,

e levam a vida a todos os seres. Ah, quem me dera ter essa firmeza: de gota em gota construir saberes.

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AS ROSAS, DAFNEAS ROSAS, DAFNEAS ROSAS, DAFNEAS ROSAS, DAFNE

As rosas são belas, Dafne, e como, A quem por deleite só as cultive,

Por prazer apenas! A quem as cultive, que delas viva,

Não serão tão belas: quanto esforço Por menores penas!

Sol mesmo ou água de um regato Não se dão igual a folha e raiz:

Estão, não estão! Mata uma por falta, outro por demasia;

O tempo se esvai no só cultivar, E a rosa é pão!

De onde tempo, Dafne, onde o tempo Para admirá-las brotar, colorir,

Se é mister fazê-las! O homem, pois, que tem na rosa ofício, Rosas não vê, senão o que delas tem:

Regá-las n'é tê-las! ===========================

EnrestandoEnrestandoEnrestandoEnrestando Se o senhor toma mate, sirva-se. Se fuma crioulo, sirva-se. Mas esses assuntos não são do meu dia, não há com quem conversar. A gente não pratica, se é que aprendeu algum dia. Até acho que certas falas doem. São como manga de chuva de enxurrada: são de bonança como de malença. Nessas coisas sou como peixe fora d'água, na terra plana. Não tenho nem como nem que lhe responder. Minha vida é dos arredores. Me esforço no arrimo, como faz o que joga a bocha. Mal sei das coisas que posso e faço. A ciência do saber de tudo é coisa pra estudado. A sabedoria duns como eu é o que disse o Martín Fierro: Deve saber mui poco aquel que no aprendió nada. É ver um bicho, um cachorro. Que pode saber o cachorro senão o que já lhe vem na cabeça, o que lhe está nos instintos, o que a vida da busca faz aprender, por força? O cachorro olha a pessoa passando de calça comprida e pensa que aquilo que se mexe é o próprio que se move. Ele pensa, lá no pensar dele: esse aí é mole, os lados abanando. Ele vê a pessoa passar hoje, amanhã... O mesmo cheiro. Vai preparando a ação, a experiência. Num certo dia, por alguma razão que só cada um é que sabe, ele avança, pega a calça, rasga, tira um pedaço. Pensa: aqui

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vou eu com um pedaço dele. Era mole mesmo, até mais do que dava pra ver. Aquilo não tem firmeza nenhuma. Aqui vou eu com um pedaço. A mim me parece - ainda que mal compare - que a gente no mundão é mais ou menos isso. Acha, pensa, examina, confirma. Acha e então proclama: tal coisa é isso, por isso e por aquilo outro. Quem demove? Quem explica que a parte não é o todo? Senhor deve de pensar: mas é claro que a roupa não é a pessoa. Nós sabemos, mas o cão diz que é. Eu retoco: e por que não seria? Mude a roupa, mude o jeito. Examine. Vá primeiro num auto desses que parece que nem tocam no chão. Depois, pegue uma carrocinha velha, um cavalinho magro suado, ponha roupas de desalinho com remendos e manchas, use chapéu velho desabado ou uma boina ruça ensebada do uso. Experimente os dois modos. Vá ao povo, vá aonde estão as pessoas da cidade, bem vestidas, com tratos de fala, de bancos, de sociedade. Aí o senhor vai confirmar. Ou não? Senhor deve de estar pensando: Claro, você está fazendo como o cachorro da sua história. Eu lhe confirmo: é pelo mesmo conseguinte. Assim é que os homens vêem o mundo, assim escorregamos por esse mundão sem limites. O senhor acha que tem limites? Então o senhor vai me dizer que tem, por isso e por aquilo e outros mais. Eu, querendo ser de acordo com o senhor, vou lhe responder - Sim, senhor. Mas não será. Vou é ficar pensando como o senhor está enganado. Vou ficar com pena do senhor, pensando que acha rastro de pereá no meio das chircas. Aí os rastros são tantos e as marcas tão iguais, que o senhor acaba pensando de novo e se perguntando por que as coisas são tão diversas. Aí eu vou pensar que o senhor é um homem maduro, já combinado com nosso mundo. Desse modo é que penso. Comadre Matilde, também conhecida por Mazinha, e comadre Zildinha, dita também Ildinha, que tiveram casa montada, aqui do lado, estão sempre, nas tardes, no seu mate. No verão, na sombra das árvores, onde bate vento fresco da lagoa. No inverno, ao lado do fogão a lenha, uma olhando pra outra, conversando das pessoas. Sabe o que dizem? Dizem sempre quase as mesmas coisas. Uma confirma a outra. O senhor desejando, vá ali. Elas recebem bem, são de bom trato, acostumadas. Antes tinham muitos fregueses, bom comércio de divertimentos, bons bailes. Era uma casa alegre, de tangos e boleros, Nélson Gonçalves do Livramento e outros na vitrola, bem alto, até a madrugada. O mundo delas foi quase sempre o mesmo, não dava tempo pra outros pensares. Então isso ficou sendo o mundo pra elas. A perna da calça na

boca. O senhor deve agora de estar pensando: Claro, pois só viram isso. Eu lhe afianço: assim também fui eu. Até acho que é assim qualquer que seja. Vou lhe dizer: elas nem são daqui, vieram do Cacequi, ainda moças, quando o trem fazia parada longa pra sopa quente no inverno e pro passeio na estação, nos tempos quentes. Foi aqui que encontraram seu modo de vida. Viram o mundo se mexendo, pararam pra ver melhor como era. O outro mundo, de lá, de antes, não é mais mundo, é como um sonho sonhado, que não se tem onde pegar, por onde se chegar. Sonho se desmancha no tempo. Falar dele como, agora? Falar de que agora? Elas falam das pessoas que foram, das pessoas que passaram, mais perto. É a perna da calça na boca, a confirmação. Demais, ver o que mais, agora? O cachorrinho com o pedaço de pano da calça vai se deitar, ruminar suas certezas, envelhecer sabendo das coisas, sem esperança de outros passantes, porque são todos iguais, todos moles, sem firmeza. Coisas que não importam mais agora, porque o sabido fica guardado, quando se vê na altura das pernas das calças. Se fixe nisso. Que mais vou lhe dizer? Meus pensares se encerram nessas coisas que vejo nos bichos. Neste lugar as pessoas são poucas. Aqui ficam os velhos, as mães e alguns poucos pais, os defeituosos de nascença e do trabalho. Esse pontão de mundo é quase arrodeado de água. O olhar da gente fica enrestado pra um lado só, pra lá da lagoa que se perde de vista. Até os cachorros aqui são por demais de dorminhocos, quem sabe porque vêem sempre as mesmas pessoas passarem e sabem que todos são o que parecem, pra eles. ---------------------------

Cícero Galeno Urroz Lopes é natural de Uruguaiana, RS, reside em Porto Alegre e desenvolve o seu trabalho em Canoas, desde 1994. Possui Graduação em Letras (português-espanhol) pela Universidade Católica de Pelotas (1971), Especialização em Letras (Literatura Brasileira) pela Universidade Federal de Santa Maria (1980), Mestrado em Letras (Teoria da Literatura) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1991) e Doutorado em Letras (Literatura Brasileira) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996). Atualmente é professor titular e pesquisador no Centro Universitário La Salle. Tem experiência na área de Letras em todos os níveis de ensino; em delegacia e secretaria de educação. Dedica-se especialmente à Literatura Brasileira; atua principalmente nos seguintes temas: literaturas gaúchas de línguas portuguesa e espanhola, teoria e crítica literárias, dialogismo, hibridação cultural interamericana.

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É autor de crítica e teoria em livros próprios e coletivos e em periódicos especializados; de ficção (contos), com três obras editadas; de livro didático sobre compreensão e interpretação de textos. É colaborador em jornais diários e outros, sobre cultura, comportamento e literatura. Integra o Conselho Consultivo da revista Métis (UCS), o Conselho Editorial do Unilasalle e da revista Colabor@ (UCB); integra também a Comissão Científica de Pesquisa do Unilasalle. Tem atuado também como organizador, coordenador e executor de eventos culturais em Porto Alegre e Canoas, junto à Câmara Rio-grandense do Livro e à Fundação Cultural de Canoas. Foi responsável pelo planejamento, instalação, edição e consolidação (1996-2004) das revistas acadêmico-científicas La Salle e Diálogo e da série Cadernos La Salle (Unilasalle-RS). Integrou o Conselho Estadual de Cultura do RS (2006-2007) como representante da Associação Gaúcha de Escritores; exerceu a presidência do Conselho de Cultura de Uruguaiana e (três vezes) a vice-presidência do Califórnia da Canção Nativa do RS. Publicou: “Conto e ponto”. Porto Alegre: Movimento, 1999; “A curva da estrada”. Porto Alegre: Movimento, 2000; “O resto é o resto”. In: KIEFER, Charles (org.); “O livro dos homens”. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2000; “A Viagem”. Porto Alegre: Movimento, 2005; “Literatura e Poder”. Porto Alegre: UFRGS, 2005; “Compreender e interpretar textos”. Porto Alegre: Sagra, 1977.

Colabora em periódicos acadêmicos-científicos e jornais do RGS e do país. Patrono da 21ª Feira Municipal do Livro de Canoas, em 2005. Escritor homenageado na edição do 9º Concurso Internacional de Literatura da Fundação Cultural de Canoas, em 2008.

Galdino AndradeGaldino AndradeGaldino AndradeGaldino Andrade (1931 (1931 (1931 (1931 –––– 2002) 2002) 2002) 2002)

Prostrado aos teus pés, desejo

enfim poder afirmar-te que quanto mais eu te beijo

mais eu desejo beijar-te!

Eu tenho te amado tanto, com tão intensa paixão,

que muitas vezes me espanto de ter um só coração!

Cada um dá o que sente,

o que tem no coração; Maringá, o meu presente

é somente a gratidão -----------------------

Galdino Andrade nasceu no dia 29 de dezembro de 1931, na cidade de Visconde do Rio Branco, Minas Gerais, filho do médico Vicente Andrade e da professora Luzia Lisboa Braga Andrade. Fez as primeiras séries do curso primário no Grupo Escolar Dr. Carlos Soares, de Visconde do Rio Branco, e em seguida mudou-se com seus pais para a cidade de Rolândia, no norte do Paraná, em 1940. Fez todo o curso secundário no Colégio Paranaense – Internato, na capital paranaense, onde ingressou em 1943. Em 1950 ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, na capital desse estado, onde se formou em 1954, sendo um dos oradores da turma. A seguir, radicou-se na cidade de Maringá, onde instalou seu escritório de advocacia, em abril de 1955. Desde essa época, exerceu ininterruptamente a advocacia e o magistério. Foi professor, por mais de trinta anos, de Português e Literatura de Língua Portuguesa, no Colégio Estadual Gastão Vidigal. Também lecionou na Universidade Estadual de Maringá, dando aulas de Direito Civil. Escritor, dedicou-se à literatura desde o Curso Secundário, no Colégio Paranaense-Internato, onde colaborou na redação do jornal mural, denominado “O Anchieta”, participando também das sessões literárias da Academia Anchieta, grêmio literário dos estudantes do colégio. Ao seu primeiro livro de poemas, publicado em 1968, intitulado “Eu te Amo, Maringá!”, seguiram-se mais seis de poesia, contos e novelas: “Efêmero” (poemas), “Caminho Enluarado” (trovas), “Poeira Vermelha” (contos), “Rio do Tempo” (poemas), “Sementes da Esperança” (poemas), “Flores para Dalva” (novela), “Memórias de uma Mulher” (novela) e “Vila Paraíso” (romance). Deixou, ainda, duas obras inéditas, que a família pretende publicar: “Sonhos Mortos” (contos) e “Sem medo de Amar” (romance). Foi membro atuante da União Brasileira de Escritores, seção de São Paulo, e da União dos Escritores de Maringá, e também da Sociedade de Cultura Latina do Paraná, do Clube dos

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Trovadores de Maringá e da União Brasileira de Trovadores (UBT), seção de Maringá, onde sempre participou da Diretoria. Presidiu a União dos Escritores de Maringá (UEMA) durante os anos de 1996 e 1997, até a fundação da Academia de Letras de Maringá, da qual foi membro fundador e também seu primeiro presidente. Foi sócio-correspondente de inúmeras academias e entidades literárias, situadas no Brasil e no exterior, com cujos escritores se correspondia assiduamente, numa incessante troca de livros e opiniões acerca de movimentos e tendências literárias da atualidade, no Brasil e no mundo. Detentor de inúmeras láureas literárias, recebeu honroso convite da Embaixada Americana, no Rio de Janeiro, para ter seus livros integrando a Biblioteca do Congresso, em Washington, D.C. Participou de várias coletâneas e foi vencedor de dezenas de concursos literários por todo o Brasil, inclusive com haicais. Jornalista, colaborou na redação da “Tribuna de Maringá”, de propriedade de Manoel Tavares, nos primórdios de Maringá, figurando depois como colaborador de “O Jornal de Maringá”, onde escrevia críticas literárias. Foi, também, um dos fundadores da Associação dos Professores do Paraná e recebeu o título de Mérito Comunitário de Maringá. Foi casado, desde 30 de janeiro de 1960, com a professora Dylma Althair Castaldo Andrade, licenciada em História e Estudos Sociais pela Universidade Estadual de Maringá, e teve três filhos. Como era de sua vontade, o advogado, jornalista, professor, escritor, poeta, trovador e acadêmico Galdino Andrade faleceu em sua sempre amada Maringá, no dia 12 de agosto de 2002.

Humberto del MaestroHumberto del MaestroHumberto del MaestroHumberto del Maestro

(1938)(1938)(1938)(1938)

HAICAISHAICAISHAICAISHAICAIS

Praia solitária -- sobre as ondas e a restinga,

vôos de gaivotas.

Seis horas da tarde.

Entre o calor e a penumbra, bem-te-vis discutem.

Surpresa no bairro:

um bando de galinholas cantando na rua.

Mangueira florida

ao brando frio da tarde... Cachinhos de fada.

Apesar do frio,

as buganvílias da rua permanecem lindas.

Pingente dourado

no colo azul do infinito -- Estrela cadente.

Festival de vida:

as borboletas se amando no meio da estrada.

Na praia deserta,

uma canoa em ruínas... Beijos do luar.

Passa o temporal.

Sobre os lírios da lagoa, a lua resplende.

Carnaval de rua

dos meus tempos de menino -- saudade nos olhos.

------------------------------------ Nasceu em Vitória, ES, 27 de março de 1938, filho de Alarico Del Maestro e de Celina Rodniztzky Del Maestro. Poeta, teatrólogo, ator, bancario aposentado, intelectual, pensador, produtor cultural, cronista, ensaísta, contista, trovador, crítico literário. Em 1952/1954 faz suas primeiras composições poéticas. Em 1958 faz suas primeiras publicações em jornais. Em 1969 obteve o primeiro lugar no concurso promovido pela Livraria Âncora, com a poesia "Aparições", além de diversas menções honrosas. Tem encenado várias peças de sua autoria em teatros da capital espírito-santense, tais como: "O Boteco de Seu Joaquim", comédia em 2 atos - 1959; "O Tesouro", também

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comédia - 1973 e "O Sonho dos Séculos" - 1974. Nesta peça participa como ator. A direção também é sua. Em 1974 funda a Associação Artística e Cultural "Ludovico Pavoni", da qual é o primeiro presidente. É chamado de "Poeta das Flores". Da poesia de Humberto Del Maestro diz Filemon Francisco Martins: "É de uma sensibilidade nata, inspiração perene, fonte inesgotável que jorra poesia pura, elevada e sublime, porque vem de um coração boníssimo, traduzindo o sentimento de um povo simples, é espontânea e rica, escrita com esmero, com dedicação de um artesão, que sabe trabalhar as palavras e usá-las, como mestre que é." Humberto Del Maestro assina, no jornal "Correio Popular", de Cariacica-ES, uma coluna de crítica literária. É membro da Academia Espírito-santense de Letras onde ocupa a cadeira n. 20, cujo patrono é Antero Pinto de Almeida e do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, associado do Postal Clube, do Rio de Janeiro, colaborador efetivo da revista alternativa "A Figueira", de Florianópolis-SC. É membro correspondente da Academia Cachoeirense de Letras - ACL. É detentor de vários prêmios, entre outros, Melhor Poeta Nacional de 1997. Embaixador da Poesia do Brasil, 2000. Em entrevista dada ao programa "jovens escritores", do canal DTV, entrevistado por Anaximandro de Amorim, explicou a origem do haicai, do qual é um representante no Estado, tendo lido alguns de sua autoria. Entre outros assuntos, falou sobre o trovismo , a difícil função do crítico literário e fez uma análise do atual momento literario capixaba, com o brilhantismo de sempre. Obras: "Lany" ( poemas) 1968; "Poesias Modernas" 1969; "Poesias" 1975; "Contos impossíveis...?"; "Aloendros"; "Sonhos e Canções"; "Trovas, Haicais e outros poemas", 1996; "Pavanas/Minha menina", 1992; Boninas/Sonetos, 1993; "Versos de ontem", 1995; "Versos de hoje", 1995; "Um poema íntimo",1997; "Brisas & Aromas", 1997; "Líricas" - (Algumas canções), 1997; "Poemas sem rumo", 2004; "Tristezas" - versos livres, 2005; "Atas do Clube dos Andarilhos do Espírito Santo" - IHGES, 2007.

Rodrigo Garcia LopesRodrigo Garcia LopesRodrigo Garcia LopesRodrigo Garcia Lopes

(1965)(1965)(1965)(1965)

STANZAS IN MEDITATIONSTANZAS IN MEDITATIONSTANZAS IN MEDITATIONSTANZAS IN MEDITATION para Henry David Thoreau

Folhas negras caem, rufam em profusão. O vento

encrespa a Água, Tempo, enruga faces. Um vale revela

canyons, grutas: em silêncio, exploramos o interior

destas montanhas: uma chuva fina, estranha,

começa a cair e súbito dissipa —

O ruído áspero de uma vespa. Este é o céu, claro, como metal. E

aquilo,

A fumaça abandonada por um trem, talvez. Flores Se dissolvem nos olhos, e nos debruçamos sobre

velhas lendas conferindo as pegadas de um animal

desconhecido. A trilha termina num riacho.

A água se surpreende com este vento todo que vem do Oeste

e que agita a sinfonia das árvores.

Neblina nítida, colinas, um vapor neste espelho. Num ponto qualquer da paisagem captamos

seus olhos verdes, mudos, fixos na relva úmida. Um animal e você contemplam do mirante

este milagre a baía vazia

— a areia do dia exibindo sua rasante — rochedos & distâncias, como antes,

animada pelas danças do vento fazendo desta ausência

presenças manifestas em tudo:

chuva que desaba

entre os olhos abertos

da serpente. Um flash

de luz entre os bambus

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o silêncio do sonho traduzindo

uma imagem-movimento que se desfaz

entre a verdade dos instantes.

ERÓTICA DAS SOMBRASERÓTICA DAS SOMBRASERÓTICA DAS SOMBRASERÓTICA DAS SOMBRAS

Lendo na contraluz que o tempo alucina Nas rótulas de ondas que em amarelo artéria

barbarizam Enquanto a boca apressa, sibilina,

entre sons (devorados de sentidos). Içam o mar vertiginoso e kanjis de nuvens

nos olhos cheios de deus, Sal. No biombo das montanhas — rugem

No sfumatto mental da fala e do Caos. Na textura sépia da superfície de sons Uma face letal lateja e se transmuta

(Estátua de estrondos, trilha de acenos) Muda e nos sorri. Escuta

os espelhismos cifrados da manhã, Lábio, na pele da romã.

* inimigo

espelho da face ecoa

(inacabado) cai em rubra cortina

—em câmera lenta —

dobras sobre colinas atordoado argumento:

qual paisagem é real?

A de Jade, pedra de flanco, ou a que é já? Vôos reluzem (circulares) — é o azul que se

desfolha Entre jatos

Minaretes-araucárias imprimem em símbolos inventam a fala na pele de Laylak.

A hora furiosa solta-se, inçada de vegetais e estática.

Sombras vomitam a distância,

Mandala de espantos.

* No centro, alguma agulha o olho —

Agharta: lágrima no céu laranja. Plumas de carne escrevem

a tarde celofane. Ouro ecoa.

Quando voa — está dormindo.

No agora gótico das sombras

teu lábio (calêndula) modula (calcina) o matiz da invisível voragem

de ondas gongas: Tempo, tudo o que a íris invê

no sudário das dunas, na curva de um silêncio.

SOMOS PESSOAS ESTRANHASSOMOS PESSOAS ESTRANHASSOMOS PESSOAS ESTRANHASSOMOS PESSOAS ESTRANHAS

somos pessoas

estranhas nem sabemos

que sonhos que somos

esses olhos

poucos

essas folhas secas?

esqueçam

fiquem calados

somos

estranhos no entanto

esta noite

dormiremos lado a lado

SEU CORSEU CORSEU CORSEU CORPO É UMA PRAIA DESERTAPO É UMA PRAIA DESERTAPO É UMA PRAIA DESERTAPO É UMA PRAIA DESERTA

Seu corpo é uma praia deserta onde uma música desperta

numa onda esperta e a deserda: espumas a ferem como pétalas.

Desterra, em tradução infinita, pérolas na orla do olhar, ilha

que ainda está por ser escrita.

NA PASSAGEM DOS CÉUNA PASSAGEM DOS CÉUNA PASSAGEM DOS CÉUNA PASSAGEM DOS CÉUS QUE FOGEM S QUE FOGEM S QUE FOGEM S QUE FOGEM DE NÓSDE NÓSDE NÓSDE NÓS

Na imagem das coisas que retornam sem nós,

Na miragem dessa solidão, você aqui:

Na repetição das antigas sensações Na fala a provocar o pensamento

Parecendo um passado que se dobra Sobre esta polpa de presente:

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Se a linguagem é nossa realidade E coisas forem apenas palavras

Então nos restará apenas a veracidade - Esse vácuo que nos acua ao avançar.

PENSAGEMPENSAGEMPENSAGEMPENSAGEM

Têmporas do vazio, acolham o resto

de gravidez dos segundos.

Unha e carne Céu e árvore

O vento arme.

Cada gesto de seda decifre o Hades da ira

onde pesado levita.

Homem em transe acue o nada

a noite exangue em cada fala-cadafalso.

Trevas se atiram da margem oposta

das minhas artérias - imagem, matéria.

RITORITORITORITO

Alertas, trapaças, cobranças, compromissos: Quantas ilhas sem edição, vidas sem viço,

A morte visita sem aviso? E, afinal, pra que mesmo tudo isso?

O que deu nesse mundo, caduco, O que ficou do tempo em que viver Era mais que só mudar de assunto

Era rito, um estado de espírito?

Ou quando olhar era uma reza, Pensar que revelava a leveza,

Música vindo de dentro (Precisa de centro?)

Uma revolução do sentir nos fez ateus: Quisemos então ver a face de Deus.

E você a meu lado, lembra De quando bastava uma fagulha

Pra explodir uma Bastilha?

A LUME SPENTOA LUME SPENTOA LUME SPENTOA LUME SPENTO

Colhe com seus olhos a fumaça que insinua ao penetrar - sendo incenso e silêncio -

sua mente em meio ao tráfego intenso da manhã, relumbre em suas mãos nuas.

Daqui das margens desse sonho ideogramas de formas obscuras

reescrevem seus gestos num bazar estranho sem saber ao certo o que procura:

Se meus olhos, opacos, entre bijuterias baratas que você arremessou

(como quem dedilha um sol menor ou a linha acesa de minhas artérias)

Mas sem querer você abre, de leve, as persianas e invade uma sutil

reminiscência do que nunca existiu (Ou, como seu rosto, foi tão breve).

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Poeta e tradutor, nasceu em Londrina (PR), em 1965. Mestre em Artes pela Arizona State University e doutor em Letras/Inglês pela Universidade Federal de Santa Catarina. Integrou as antologias Artes e ofícios da poesia (Artes e ofícios, Porto Alegre, 1990), Outras praias (Iluminuras, 1998) e Esses poetas (Aeroplano, 1998).

Publicações: – Livros de poemas Solarium (Iluminuras, 1994), Visibilia (Sette Letras, 1997) e Polivox (Azougue Editorial, 2002).

– Sylvia Plath — poemas (Iluminuras, 1991) e Iluminuras (gravuras coloridas), de Rimbaud (Iluminuras, 1994), ambos em parceria com Maurício Arruda Mendonça. – Vozes e visões —panorama da arte e cultura norte-americanas hoje (Iluminuras, 1996), com entrevistas com poetas, críticos e artistas plásticos dos EUA.

Foi um dos editores da revista Medusa, e hoje edita a revista Coyote, com Ademir Assunção e Marcos Losnak. Em 2001, lançou o CD de música e poesia Polivox.

Genolino AmadoGenolino AmadoGenolino AmadoGenolino Amado (1902 (1902 (1902 (1902 –––– 1973) 1973) 1973) 1973)

O PoO PoO PoO Ponto Fatalnto Fatalnto Fatalnto Fatal

Certa ocasião quase aderi à desavença do velho Campos. Foi naquele dia em que o maldoso

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Colombo me atrapalhou na Escola e até fez perigar a salvação de um inocente. O inocente pertencia a um grupo de assustados guarda-livros sem diploma profissional. Assustados porque lei ou decreto, que finalmente se cumpria, lhes impôs a escolha cruel: ou provas de habilitação ou perder o meio de vida. Porque mantinha curso oficial de comércio, ficou a Amaro com a incumbência dos exames. E que exames! Além de escrituração mercantil e segredos contábeis, incluíam matérias ginasiais. Assim, ao sobradinho das meninas foram comparecendo, bem nervosos, examinandos grisalhos, de pouco saber e muitas rugas. Alguns, gorduchões, se espremeriam nas carteiras das pequenas. Carteiras iguais às das suas filhas, ou talvez das netas, noutra escola qualquer. Veio a designação dos examinadores. Dois em cada banca. Eu, com o Professor Balbino de companheiro na de História e Geografia. Afinal, uma reunião dos mestres indicados. E parecendo exprimir a idéia de todos, o bom Professor Milton: – Precisamos facilitar de qualquer forma os coitados. Na fisionomia deles a gente vê a angústia. Tem anos e anos de serviço, com os empregadores satisfeitos. É o que atesta de sobra a sua competência e dedicação. Melhor do que um diploma de guarda-livros. Nas provas do Amaro, exigir muito, mesmo pouco, seria demais. Assim penso. E vocês, colegas? Vozes e vozes de apoio. Só Balbino é que não piou: Mas quem cala consente concluí, confiante. E a confiança cresceu porque alguém: – Que tal reduzirmos o número de pontos? Bastariam dez... Que acham? – De acordo – falou Balbino, iniciando as adesões. Ufa! Tirei um peso da consciência. Se Balbino, o rigor em pessoa, concordava, a coisa ia bem. Peguei o pião na unha: – Perfeito, colega. Em nosso caso, cinco pontos de Geografia e cinco de História. – Não, não! Pelo que entendi, têm de ser dez por matéria. Milton socorreu-me. – Entendeu mal, Balbino. Dez por banca. É uma só a de História e Geografia. Seu companheiro está certo. Um bom sofisma... que não pegou. Argumenta daqui, argumenta dali, afinal conciliação à maneira getuliana: dez de Geografia balbínica, cinco de História genolínica. E História a

começar dos tempos modernos. O homem aceitou de cara feia. Foi então que um dos facilitadores: – Vocês discutiram à toa. Que importam dez ou cinco pontos? Ninguém será reprovado... Isso provocou muito sim e um não. O da Geografia: – Que exagero! Facilitar, admito. Aprovar de qualquer modo, tenham paciência. . . Não é do meu feitio. – Mas, Balbino! ponderou Mílton. É um pessoal velho, cansado, receoso de perder o emprego. Não são meninas que decoram sem esforço, que aprendem com facilidade. Alguns já têm a cabeça branca. E têm família... Reconheço que é duro. Sofrerei, se tiver de reprovar. Sabendo um pouquinho que seja, passa. Não sabendo coisa nenhuma, reprovo. Questão de princípio. Sou assim e não mudarei. – Veja bem, colega, tornou Milton. Iremos examinar um velhote com dezoito anos de guarda-livros na Rua do Acre. Esse velhote me confessou que já lhe fugiu da cabeça tudo quanto aprendeu no tempo de moço. E reaprender, não consegue. Por que exigir que ele responda certinho quem proclamou. a República ou se o rio Sena é francês, não inglês? O velho faz bem a escrituração de cebola e bacalhau no empório de secos e molhados. – Serei benevolente, mas só até certo ponto. Não prometo aprovação além do razoável. Inseguro no andar, claudicando um pouco, Balbino era seguríssimo nas convicções. Admirável professor pelo saber e devotamento ao magistério, via mais o ensino do que a vida. Mestre por acaso, via eu, principalmente, a sorte dos examinandos. E via com aflição aquele grupo de aflitos. O mais temeroso me pareceu o da rua do Acre. Assim, na véspera do primeiro exame, o de Geografia, fiz-lhe a pergunta: – Então? Preparou-se? – Acredito que passarei, Professor. É que minha paixão sempre foi viajar. Não podendo, acostumei-me a ver os mapas. Boa mania, porque espero que me ajude no exame. Na História é que estou fraquinho demais... Realmente, os mapas o socorreram. Fez boa escrita, não foi muito ruim a oral. Na Geografia, outro é que me custou salvar. Um alagoano quarentão, de testa estreita e bigodinho espinhento, quase não escreveu. E o que

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escreveu, Nossa Senhora! Atribuí 7, Balbino 2. Antes da oral, chamei-o à parte e: – Se não souber, fique em silêncio e espere minha ajuda. Não responda sem saber, que é pior. Veja lá, hein? Não se precipite. E o alagoano precipitava-se. Feita qualquer pergunta, dizia sem vacilações a tolice que lhe viesse à mente. – A cidade principia por um B, ouviu? A capital da Suíça é... – Bruxelas, Professor. Ainda bem que Balbino examinava outro. Engoli, fui adiante: – O rio São Francisco tem a sua nascente... No Paraná veio em cima da bucha, na mais sadia e descuidosa ignorância. Meu companheiro, que acabara de argüir outro sofredor: – Que tal este seu 7? – indagou num sussurro. – Saiu-se bem? Dei 8. O colega quer examiná-lo ou acompanha a nota? Balbino confiou, acompanhou. Salvou-se uma alma do purgatório naquele dia. Mas, na manhã seguinte, manhã fatal, o problema dos problemas o velho que se confessou fraquinho, fraquinho, no exame de História. Os mapas não o ajudariam. Sorteio, ponto l: Descobrimento da América. O melhor de todos, tão bom que me parecia tirado pelo deus protetor dos guarda-livros. Respirei. Vi, porém, na carteirinha de garota, o velho com os olhos no ar, a caneta inútil na mão trêmula; em branco a folha de papel. E Balbino ali, observador. Eis que surge um mensageiro do céu, o servente Oséias: – Professor Balbino, telefone. É o Professor Milton. – Pode atender, colega. Fiscalizo pelos dois. Lá se foi o companheiro. Corri ao examinando, soprei a data, o navegador, duas das naus que saíram da Espanha, suprimi a terceira para não dar na vista, uma referenciazinha veloz aos Reis Católicos. O telefonema do Milton, que nem sei se foi intencional ou coisa do destino, mas sei que foi longo, me tornou profundamente grato a Graham Bell. A prova do velho completou-se no minuto em que Balbino reapareceu, a resmungar: – Esse Mílton é um conversador como nunca vi! De tarde, seria a oral. Dividi com o companheiro as provas escritas, oito apenas. O resto da manhã aproveitaríamos na leitura. A do

velho, passei a Balbino. E depois de apreciá-la, o bom professor: – Boazinha. E vocês a se alarmarem com o homem! Mostrou conhecimento. Darei nove. Não é muito? Deixe-me ver: Fingi que lia. Dou oito. Chega. E depois o rigoroso sou eu. Qual! Senti uma dor na consciência. Que o deus dos guarda-livros intercedesse por mim ao deus dos professores. Hora da oral. Começou com o alagoano de bigode espinhoso. Ponto 3: Napoleão. Já experimentado, fiel ao conselho que lhe dei, foi prudente. Na pergunta de Waterloo, teve a cautela de silenciar. Vitória ou derrota napoleônica? Viu que apontei para baixo e triunfou, derrotando Napoleão. Após três outros, que se saíram razoavelmente, sem me dar susto, o velho da Rua do Acre. Enfiou a mão na caixinha. Reapareceu o ponto 1, o mesmo da escrita. E foram dois os descobrimentos o do nauta e o do Balbina. Esse, na maior das canduras: – Muito bem! O senhor teve sorte. Sabe a matéria. Só vou perguntar porque é de praxe. – O nosso continente foi descoberto por quem? O examinando mudo. E o professor: – Por que não diz? Pois, se escreveu... Quem foi? Nada. Silêncio, o velho nervoso. Balbino já nervosinho. – Por que não me diz que foi Cristóvão Colombo? – Ah, é verdade, Professor. Colombo, sim. Parece que o almoço me atrapalhou a cabeça. – É possível. Mas... a data? Pense e responda. Mudez ainda. O examinador: – Ora, santo Deus! Diga ao menos a ano. Ou melhor, basta o século. Se sabia, não posso acreditar que tenha esquecido tudo em poucas horas. E então? Velho desmemoriado! Copiou o que ditei e esqueceu-se completamente. Balbino resmungou: – Hum! Saí da sala, fui ao telefone... – É insinuação, colega? – Bem, dou o dito por não dito. E o examinando pode retirar-se. Lamento, mas vai receber um zero. – Dei l. Com o meu 8 e o 9 de Balbino na escrita, aprovação raspando com a média quatro-e-meio. Deixei a Escola em companhia do Professor Milton, que também teve oral nessa tarde. No cafezinho da esquina, desabafei:

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– Seu Milton, creio que fiz o que não devia. Um professor fornecendo cola a um examinando... Relatei o caso todo. Mílton sorria. – Pensa que é o primeiro a proceder assim? Pois saiba que agi como você na Escola Mauá. O aluno colando por minha determinação. Minha e do próprio diretor. – Que me diz? Quer contar como foi? – No momento, não, porque estou com pressa e preciso tomar aquele bonde que vem ali. Amanhã contarei a história. É a de dois andares. Dois andares? fiquei a pensar, quando Milton se foi. Era um engenheiro de muitas construções, além de professor. Coisa estranha! Que relação haveria entre a cola de um aluno e um edifício de altos e baixos? (O reino perdido, 1971.) ----------------------

Genolino Amado, jornalista, professor, cronista, ensaísta e teatrólogo, nasceu em Itaporanga, SE, em 3 de agosto de 1902, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 4 de março de 1989. Eleito em 9 de agosto de 1973 para a Cadeira n. 32, da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Joracy Camargo, foi recebido em 14 de novembro de 1973, pelo acadêmico Hermes Lima. Iniciou sua educação na província natal e fez humanidades no Colégio Carneiro, em Salvador. Aos 17 anos, ingressou na Faculdade de Direito da Bahia, integrando a turma de calouros que iria dar ao país vários escritores e mestres do Direito, tais como Hermes Lima, Pedro Calmon, Nestor Duarte e Adalício Nogueira. Completou o curso jurídico no Rio de Janeiro, onde se diplomou em 1924. Pouco depois da formatura foi para São Paulo, com o propósito de fazer carreira na advocacia. Contudo, sua autêntica vocação levou-o ao Correio Paulistano, onde figurou entre os seus principais redatores, tendo sido indicado por Menotti del Picchia para substituí-lo na crônica diária daquele prestigioso matutino. Surgiram, assim, as primeiras páginas de um novo autor, que se assinava Geno, as quais mereceram um entusiástico artigo de Agripino Grieco, o que causou surpresa, pela índole demolidora do crítico. Essa atividade na imprensa foi interrompida com a sua nomeação para Chefe da Censura Teatral e Cinematográfica de São Paulo, em começo de 1928. Genolino Amado não se afastou, porém, das rodas intelectuais da Paulicéia, convivendo com os modernistas de maior relevo, sobretudo Oswald de Andrade, Menotti, Cassiano Ricardo e Cândido Motta Filho. Foi também nessa fase que se ligou intimamente a Galeão Coutinho,

Brito Broca, e, logo depois, Orígenes Lessa. Perdido o cargo com a revolução de 1930, retornou imediatamente ao jornalismo, com posição de destaque nos Associados, dirigindo o Suplemento Literário do Diário de São Paulo e publicando cotidianamente crônicas no Diário da Noite. Ao mesmo tempo iniciou a sua colaboração na emissora Record, atendendo a convite de César Ladeira, seu jovem colega de redação, que se transformara repentinamente em locutor popularíssimo e que, depois, no Rio, tanto contribuiu para o êxito singular de Genolino Amado como cronista radiofônico. Voltando para o Rio em 1933, tornou-se redator-editorialista de O Jornal; foi nomeado professor de curso secundário da então Prefeitura do Distrito Federal, na grande reforma da instrução pública realizada por Anísio Teixeira; e escrevia para a Rádio Mayrink Veiga, na interpretação de César Ladeira, as Crônicas da Cidade Maravilhosa, cujo sucesso sugeriu a André Filho a composição da famosa marcha que se tornaria o hino da Guanabara. Na mesma emissora, apresentou por longo tempo a Biblioteca no Ar, que por duas vezes obteve prêmio como o melhor programa cultural do rádio brasileiro. Posteriormente, obteve êxito na Rádio Nacional, com a Crônica da Cidade, com extraordinária audiência. Absorvendo-se na imprensa e no rádio, só em 1937 Genolino Amado publicou o seu primeiro livro, Vozes do mundo, em que estuda grandes figuras das letras estrangeiras. O êxito da estréia levou o autor a reunir outros ensaios, lançados em suplementos dominicais, no volume Um olhar sobre a vida, em 1939. Seguiram-se Os inocentes do Leblon (1946) e O pássaro ferido (1948), coletâneas de crônicas publicadas na imprensa. Ao mesmo tempo, traduziu romances e peças de teatro. Estreou ele próprio como autor, em 1946, com Avatar, comédia representada não só no Brasil como no estrangeiro e adotada na Academia Militar de West Point como livro de leitura para os cadetes americanos. A segunda peça, Dona do mundo, foi apresentada em 1948 e laureada com a Medalha de Ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais. A carreira de magistério estendeu-se ao nível superior, como um dos mestres que iniciaram o Curso de Jornalismo na Faculdade Nacional de Filosofia e Letras. Afastou-se das atividades literárias quando passou a exercer, no último governo de Getúlio Vargas, em 1954, o cargo de Diretor da Agência Nacional. Nomeado a seguir Procurador do Estado da Guanabara, por longo tempo se concentrou nas letras jurídicas, exarando inúmeros pareceres, muitos dos quais selecionados para publicação da Revista da Procuradoria Geral. Em todo esse período, só apareceu como um dos tradutores de A minha vida, de Charles Chaplin. Retornou à literatura em

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1971, com O reino perdido, em que evoca a sua vivência como professor. Após a publicação dessa obra, candidatou-se à Academia Brasileira de Letras, atendendo a apelo de vários membros da instituição. Após três meses de labor, em 1977, publicou Um menino sergipano, seu segundo livro de memórias, limitado aos anos transcorridos em Itaporanga, sua cidade natal, tão poeticamente evocada, também, em História da minha infância, por Gilberto Amado. Obras: Vozes do mundo, ensaios (1937); Um olhar sobre a vida, ensaios (1937); Os inocentes do Leblon, crônicas (1946); O pássaro ferido, crônicas (1948); O reino perdido, memórias (1971); Um menino sergipano, memórias (1977);Teatro: Avatar, comédia (1948); Dona do mundo, comédia (1948).

Entrevista com o Entrevista com o Entrevista com o Entrevista com o EdEdEdEditor do itor do itor do itor do Instituto Memória de Instituto Memória de Instituto Memória de Instituto Memória de

Curitiba, Anthony LeahyCuritiba, Anthony LeahyCuritiba, Anthony LeahyCuritiba, Anthony Leahy

Anthony Leahy é Diretor do Instituto Memória, Editor da Revista Pedra da Gazeta

Pesquisador membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná,

Membro da Academia de Cultura de Curitiba e da Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, Medalha de Mérito Cultural 2007 da Câmara Municipal de Curitiba, Comenda Rui Barbosa (2007 - SP) e Comenda Dom Pedro I (2008 - SP). Já foi livreiro e desde 2003 atua como editor de livros e revistas. Palestrante atuante sobre a formação da identidade Brasileira onde defende a cultura regional e a diversidade cultural nacional. Autor do livro “Curitiba Nas Curvas Do Tempo” e do Projeto “Piá Bom De História”. ––––––––––––––––- Entrevista realizada pela correspondente ETUR Entrevista realizada pela correspondente ETUR Entrevista realizada pela correspondente ETUR Entrevista realizada pela correspondente ETUR Curitiba, Vanessa WosniakCuritiba, Vanessa WosniakCuritiba, Vanessa WosniakCuritiba, Vanessa Wosniak

FaleFaleFaleFale----nos um pouco sobre o Instituto Memória.nos um pouco sobre o Instituto Memória.nos um pouco sobre o Instituto Memória.nos um pouco sobre o Instituto Memória. Eu era Diretor da Revista Where Curitiba, uma revista especializada em roteiros de entretenimento, mas eu queria dedicar-me,

exclusivamente, ao resgate da história do Paraná. Eu sou de Salvador-BA e meu pai sempre gostou muito de Curitiba, viajava para a cidade todos os anos visando “pegar o frio” e quando voltava ele contava as histórias da cidade para os filhos, sempre falando que se fosse mais jovem ele se mudaria para Curitiba devido a profunda identificação com a cidade e com a sua cultura.

Quando eu me casei e tive minhas duas filhas, decidimos, eu e minha esposa Maritza, que queria criá-las em Curitiba, que aprendi a amar pelas histórias que ouvia. Porém, quando cheguei aqui, não encontrei mais a Curitiba de meu pai. As pessoas não conheciam Curitiba. A cidade teve uma grande “invasão”, cresceu muito rapidamente e não deu tempo de consolidar uma identidade própria a partir de seu passado. Então, às vezes, eu, vindo de fora, conhecia mais a cidade do que a maioria do curitibanos com a minha faixa etária (35 anos à época). Ás vezes, eu saía como mentiroso quando contava as histórias da cidade, a exemplo da “guerra do pente” que quase ninguém conhece.

Não era raro as pessoas falarem: “Não, isso nunca aconteceu aqui”. Isso acontece porque houve uma quebra de vínculo com o passado. As pessoas não param mais para aprender com os mais velhos, passando a adotar os valores e costumes exóticos transmitidos pela televisão. O que é péssimo, pois perdemos a diversidade cultural brasileira, extremamente rica. Como sempre fui muito apaixonado por Curitiba, decidi promover o resgate da história da cidade e, após ouvir muitos curitibanos com mais de 70 anos, em 2002, abri o Instituto Memória, lançando o livro “Curitiba Nas Curvas Do Tempo”. Eu comecei como Curitibano (ou “curitibaiano”), para mim não existia o Paraná.

Posteriormente, eu fui me envolvendo com o resto do Estado, consolidando a minha paixão e o meu paranismo. Hoje faço parte, com muito orgulho, do Conselho Deliberativo da ONG Lapa Mundi, que visa resgatar a importância da nossa Lapa no cenário paranaense e nacional, porque me envolvi com a história do heróico Cerco da Lapa que salvou a república brasileira a custa de muito sangue e dor. Percebi que o Paraná foi construído por grandes paranaenses e grandes paranistas, a exemplo do 1º presidente e instalador da província o baiano Zacarias de Góes e Vasconcellos e do instalador da Santa Casa da Misericórdia, o também baiano Dr. Murici, que foram pessoas que amaram e lutaram pelo Paraná. Ninguém escolhe onde nascer! É um imperativo do destino. Agora, podemos escolher o

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que amar e ao que defender! Tem que ter compromisso com a terra e suas tradições.

De que adianta ter a sorte de nascer aqui se não sabe nada da historia? Só amamos e valorizamos o que conhecemos. São os vínculos emocionais que fazem uma identidade, e não um local de nascimento ou um sotaque. Hoje o Instituto Memória tem como proposta atuar como editora especializada em Pesquisa Histórica e Projetos Culturais, focados no resgate e convalidação da identidade paranaense a partir da democratização do saber histórico que permite a consolidação da cidadania consciente, sempre tendo como meta a dignificação do Ser Humano em todas as suas dimensões.

Como surgiu a idéia do projeto “Piá Bom de Como surgiu a idéia do projeto “Piá Bom de Como surgiu a idéia do projeto “Piá Bom de Como surgiu a idéia do projeto “Piá Bom de História”?História”?História”?História”? Sou membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, o que me permite continuar aprendendo, ou pelo menos, ter mais dúvidas, pois quanto mais se busca, mas reflexões são necessárias para entender o processo histórico e não apenas decorar datas e fatos. Cada vez que eu compro mais livros (hoje eu tenho um acervo relativamente pequeno para o que eu quero, porém extremamente precioso, pois são cerca de 250 livros só sobre o Paraná) mais dúvidas eu tenho! Não tenho respostas, mas já estou conseguindo formular as perguntas corretamente, o que já é o principio das respostas. Lançamos um livro sobre a história de Curitiba, que é denominado “Curitiba nas curvas do tempo”, privilegiando as histórias que são contadas de pai para filho, de avó para neto, sobre o cotidiano dos fatos e das pessoas. A historiografia é apenas um referencial. Necessário, porém frio e distante, não servindo para criar vínculos emocionais. E as histórias que meu pai me contou e que outros “avós curitibanos” (visto que fui literalmente adotado aqui em Curitiba) eu coloquei nesse livro. E para fazer chegar estas informações para quem mais precisa, de forma gratuita, desenvolvemos um projeto de distribuição nas escolas que é denominado “Piá Bom de História”, em que empresas “adotam” uma escola e patrocinam a distribuição para os seus alunos e professores. O por quê desse projeto?

Conhecer para preservar e preservar. Se você passar por diversos monumentos públicos da cidade vai encontrá-los pixados. Por que? Porque para maioria da população aquilo ali é só pedra fria. As pessoas precisam entender o que é que aquilo representa para tomarem mais cuidado. E não me refiro só à comunidade mais carente, mas toda sociedade que precisa estar

comprometida com a história da cidade, totalmente. Quem está à margem da sociedade danifica para compensar suas frustrações e o descaso das autoridades, e as classes média e alta não estão se preocupando com isso, estão apáticas. Se nós não tomarmos cuidado com nosso passado nós não seremos nada no futuro. Nascer em Curitiba não significa nada, poderia ser em São Paulo, Rio, mas as pessoas têm que optar por querer ser Curitibano mesmo. E para isso precisam se identificar com a cidade, lutar pelo futuro dela, ser grato a ela e colocar a sua vida a disposição dela, enquanto local que você nasceu ou que te acolheu. E é isso que tenho procurado fazer, tentando resgatar essa identidade, esse orgulho de ser curitibano, não só nas palavras, mas, principalmente nas atitudes. Afinal, como já foi dito por alguém, uma cidade é a vontade do seu povo e nossas atitudes nos define.

De que maneira o livro pode ser adquirido pelas De que maneira o livro pode ser adquirido pelas De que maneira o livro pode ser adquirido pelas De que maneira o livro pode ser adquirido pelas empresas interessadas em patrocinar o projeto?empresas interessadas em patrocinar o projeto?empresas interessadas em patrocinar o projeto?empresas interessadas em patrocinar o projeto? O livro nós bancamos e passamos praticamente a preço de custo. Nós temos vários nichos de patrocínio, desde as grandes empresas as pequenas. Existe a empresa que adota uma escola, ou quantas desejar, ao custo de R$ 3,00 por aluno, e nós promovemos a distribuição, e fomentando a democratização do saber histórico de Curitiba para aquela comunidade. A empresa pode, também, comprar para os seus próprios funcionários fazendo deles multiplicadores do conhecimento histórico da cidade. Essas são possibilidades para as grandes empresas.

As empresas menores podem adquirir um lote de cem livros pelo custo de R$ 500,00. Esses livros são doados para os clientes da empresa, para também promover a democratização do saber histórico sobre a cidade. Nós trabalhamos no macro, em ações grandes, mas também no micro, em ações menores para que todas as ações somadas nos levem ao objetivo de resgatar a identidade curitibana e a partir da curitibana a paranaense. Como está a participação das empresas no Como está a participação das empresas no Como está a participação das empresas no Como está a participação das empresas no projeto, muitas tem aderido?projeto, muitas tem aderido?projeto, muitas tem aderido?projeto, muitas tem aderido?

Hoje temos mais empresas pequenas do que grandes como parceiras. A grande empresa é sempre mais burocrática.

Na pequena empresa você tem acesso direto ao dono, que, inclusive, está muito mais comprometido com a comunidade e tem poder de decisão imediata. Ele compra e distribui o livro e

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ainda acaba fazendo uma promoção de marketing cultural, por exemplo, a cada cinco cafezinhos ou almoço você ganha um livro, então o retorno é para a própria empresa. É a relação ganha-ganha, bom para todos os envolvidos. Já nas grandes empresas a dificuldade de acesso é maior, pois tem a agência de publicidade, assessor de imprensa, marketing etc, e o processo de decisão é muito demorado.

Porém já temos algumas empresas de grande porte que estão bem adiantadas na negociação. O nosso grande parceiro hoje é o Instituto Pró Cidadania de Curitiba – IPCC, eles compram nossos livros, revendem nas lojas Leve Curitiba e o lucro que eles tem é voltado para os projetos sociais do próprio IPCC. A FNAC também é exemplo de uma grande empresa parceira, uma rede francesa que promove e valoriza as ações que elevem a cultura local. É uma empresa muito mais paranista do que outras que são paranaenses. O projeto está indo muito bem, nós já vendemos 8.000 livros desde o inicio em maio de 2004.

O projeto é lincado a outro: o Prêmio de Responsabilidade Cultural, que certifica o patrocinador como “Empresa Culturalmente Responsável”. Em agosto de 2004, certificamos algumas empresas que foram parceiras, a exemplo do IPCC, do CCVB – Curitiba Convention & Visitors Bureau, o Colégio Maristas Santa Maria, o Provedor Onda, a Advel imóveis, a Web Veritas entre outras. Nós certificamos o compromisso que eles tiveram com o resgate da história da cidade. São exemplos de entidades comprometidas com a cidade e receberam a certificação de Responsabilidade Cultural. Em novembro deste ano, teremos uma nova fase de certificação. Esse prêmio começa em função do livro, mas a perspectiva futura dele é não se ater apenas a esse projeto. Pretendemos identificar empresas culturalmente responsáveis em várias áreas e premia-las.

E existe um acompanhamento das escolas após a E existe um acompanhamento das escolas após a E existe um acompanhamento das escolas após a E existe um acompanhamento das escolas após a distribuição dos livros?distribuição dos livros?distribuição dos livros?distribuição dos livros?

Sim, nós fazemos um acompanhamento, fazemos palestras, convocamos a direção das escolas para realizar algum evento com os alunos e comprometemos principalmente os professores para que eles sejam incentivadores da importância da história. Se nós conseguirmos entre 1000 comprometer 10 alunos já estaremos conseguindo 10 formadores de opinião. Eles vão dividir com os amigos e familiares. Sabemos que apenas ler o livro e ouvir uma palestra não vai

resgatar toda a cultura histórica que está sendo perdida, mas é um começo, uma primeira ação.

O aniversário da cidade passou (29 de março) e ninguém falou nada, se nós não falarmos da nossa cidade quem vai falar? Não sabemos nem cantar o nosso hino! A construção da identidade é por recepção, é por “ouvir falar”, mas não se fala! Nem na escola, pois os próprios professores não sabem a história, pois não a aprenderam. É importante massificar o orgulho de ser curitibano a partir da democratização do acesso ao saber histórico da cidade. Essa é a missão do Instituto Memória, falar da história, promover a discussão, não pretendemos promover verdades históricas, mas sim promover a busca das verdades. Rafael Greca (ex prefeito da cidade) me disse um coisa muito interessante: “A História é como um estilingue, quanto mais para trás você puxa mais para frente ele acerta”.

Então a Curitiba e o Paraná que nós queremos, para podermos delinear muito claramente, é preciso puxar para trás, identificando quem é o curitibano, quem é o paranaense, qual é a evolução que houve e qual a necessária? Só assim poderemos evoluir com consciência de identidade. E não é a juventude que vai saber se não tiver ninguém estimulando sistematicamente, continuamente o interesse pela história. A juventude por natureza não é tradicionalista ela vive para o futuro, cabe aos mais velhos estimular o culto as tradições e a identidade, porque aí tem-se o processo de dinâmica social mas se resguarda a identidade. Inserir o novo, sem, contudo, descuidar do antigo, das tradições.

O Instituto já tentou buscar apoio nas SeO Instituto já tentou buscar apoio nas SeO Instituto já tentou buscar apoio nas SeO Instituto já tentou buscar apoio nas Secretarias cretarias cretarias cretarias de Turismo e/ou Cultura de Curitiba uma vez que de Turismo e/ou Cultura de Curitiba uma vez que de Turismo e/ou Cultura de Curitiba uma vez que de Turismo e/ou Cultura de Curitiba uma vez que o projeto divulga a cidade e resgata sua cultura?o projeto divulga a cidade e resgata sua cultura?o projeto divulga a cidade e resgata sua cultura?o projeto divulga a cidade e resgata sua cultura?

As Secretarias e os órgãos governamentais por forças burocráticas aprovam projetos através das leis de incentivo a cultura e este processo é muito demorado, aproximadamente 2 anos. E como eu não tenho muita paciência para esperar preferi correr atrás sem a lei. Mas eu estou tentando através da Secretaria da Cultura ver quem são as pessoas que poderiam me atender para nós discutirmos possibilidades, pois é consolidar a imagem de Curitiba para Curitiba e para quem vem de fora. E, por incrível que pareça, quem vem de fora tem mostrado grande interesse pelo livro, e não tem nada de turismo nele! Eu mudei uma visão estereotipada que tinha que turista só quer ver os bibelôs. Não, ele quer conhecê-los também, a

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história, pois quando ele conhece o processo histórico da cidade, a viagem ganha outro significado. E sobre o projeto da revista eletrônica “Pedra da E sobre o projeto da revista eletrônica “Pedra da E sobre o projeto da revista eletrônica “Pedra da E sobre o projeto da revista eletrônica “Pedra da Gazeta”?Gazeta”?Gazeta”?Gazeta”? Na década de 1940 a Gazeta do Povo (jornal paranaense) era na Rua XV (das flores) e a comunicação não era como hoje, celular, Internet. Então, para atualizar a população sobre as notícias de última hora, a Gazeta mantinha uma pedra de mármore negro ao lado da entrada principal onde os jornalistas iam colocando as notícias de última hora, inclusive as mortes, as pessoas se reuniam em torno da “Pedra da Gazeta”, como ficou conhecida, para saber das últimas notícias. Ficavam tomando café no Alvoradinha e discutindo as soluções para o mundo. Este espaço ficou conhecido como Senadinho. Quando eu tive a idéia de lançar uma revista eletrônica eu disse: “É a Pedra da Gazeta!”. Ou seja, resgatamos um momento, já esquecido, da história cotidiana da cidade e criarmos um veículo ágil e atualizado que congregue as pessoas para discutir a cidade e o estado. A Pedra da Gazeta no meio eletrônico é onde o século XX e XXI se encontram. Aquela Pedra da Gazeta da década de 1940 que era o meio de comunicação mais ágil da época agora está na Internet mas continua com a mesma proposta. Dizia-se que quem morria e não saía na Pedra da Gazeta é porque não tinha morrido direito, tinha algo de errado, porque era o local de maior interesse público, de credibilidade.

Na revista eletrônica não temos lista de mortes, mas teremos de crianças desaparecidas. A idéia de agilidade, de informação, de congregar pessoas para discutir rumos, contar casos e, às vezes, até contar vantagem, é a mesma. É um grande centro de informações paranistas, onde serão disponibilizados documentos históricos, entrevistas, culinária, notícias, curiosidades, além da biblioteca e videoteca histórica. As famílias que tiverem interesse em contar como chegaram ao Paraná e como viveram terão espaço aberto, pois aquilo que você conta, divide você perpetua para toda vida.

Dizem que o curitibano é um povo “frio”. O Senhor Dizem que o curitibano é um povo “frio”. O Senhor Dizem que o curitibano é um povo “frio”. O Senhor Dizem que o curitibano é um povo “frio”. O Senhor sentiu essa frieza quando mudousentiu essa frieza quando mudousentiu essa frieza quando mudousentiu essa frieza quando mudou----se para a se para a se para a se para a cidade?cidade?cidade?cidade? Dizem...eu sou suspeito para te responder isso pois fui tão bem recebido aqui em Curitiba, que posso lhe dizer que sou melhor recebido aqui do que em Salvador, onde eu nasci.

Talvez pelo meu processo de identificação com a cidade, ou seja, eu já gostava tanto de Curitiba que não tive tempo a perder com quem queria me julgar. Sei que existe um certo preconceito, algumas pessoas que não sabem nada da cidade, mas se acham no direito de julgar, pois eu não poderia saber mais da cidade do que ele, nascido aqui! Agora quando se fala da relação entre curitibanos acredito que haja sim um processo autofágico e isso vem das descendências imigratórias: o alemão, o italiano, o polonês.

Na Europa eles tinham tradições de guerra e conflitos e quando chegaram aqui eles se cristalizaram dentro de suas colônias, mantendo um certo preconceito entre eles. O tempo passou, a miscigenação aconteceu, mas ainda existe esse sentimento atávico de autofagia entre a população curitibana. Mas eu, particularmente fui muito bem acolhido aqui, talvez devido a minha paixão pela cidade, se teve alguém com má vontade comigo eu não notei. Não tenho tempo a perder com os pobres de espírito. Minha preocupação é com o futuro, pois aqui passarei o resto da minha vida, sempre amando e lutando pela cidade, e para aqui trouxe o que tenho de mais importante: Minas filhas Letícia e Érika Leahy. Para elas, se depender da minha vontade, deixarei um Paraná ainda maior. E, também, deixarei uma tradição de amar e respeitar esta terra que me acolheu e tantos outros, migrantes ou imigrantes, para que juntos façamos que ela ocupe o lugar de destaque de direito dentro os estados brasileiros.

O Senhor O Senhor O Senhor O Senhor poderia nos deixar uma mensagem poderia nos deixar uma mensagem poderia nos deixar uma mensagem poderia nos deixar uma mensagem final?final?final?final?

Não estou aqui para ensinar a ninguém, mas, para aprender juntos. Minha condição de filho adotivo desta terra obriga-me, moralmente, a uma gratidão eterna. E para a reflexão final, deixo o seguinte poema:

“Orgulha-te de ser filho desta terra, Deste solo de encantos feiticeiros,

Onde há o verde ouro que a erva mate encerra, E ergue-se a majestade do pinheiro”.

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Lou de OlivierLou de OlivierLou de OlivierLou de Olivier

(1961)(1961)(1961)(1961)

O TEMPO E OS FUNERAISO TEMPO E OS FUNERAISO TEMPO E OS FUNERAISO TEMPO E OS FUNERAIS

O tempo que tudo apaga E a todos arrasta

Que a beleza estraga E torna impura a jovem casta...

Esse tempo comanda o vento E tudo o que há na natureza Seca a vida a cada momento

Deixa a morte como única certeza...

Cada segundo que se vai Não volta mais em tempo algum

É sempre o vento que atrai E repele sem remorso nenhum...

Família, amor, trabalho Tudo o que se vive aqui

O tempo condensa no orvalho Resta uma essência a reluzir...

Lágrimas, dores, perdas:

É sempre igual Mudam só cenário e personagens

E assiste o soberano temporal A mais uma das últimas viagens...

Da vida então resta nada

Os mortos viram antepassados Só resta uma data comemorada

O tempo anuncia: É dia de finados... ********************

DEMÔNIOS DA PAZDEMÔNIOS DA PAZDEMÔNIOS DA PAZDEMÔNIOS DA PAZ

Que a luz da liberdade Brilhe sempre em nós Em qualquer cidade

Nunca estejamos sós...

Em meio aos bombardeios Estejamos lúcidos e fortes

Sejamos, sem rodeios, Maiores que a dor e as mortes...

Sejamos para o mundo a alegria

Buscando a paz ao Universo Fazendo canto em harmonia Semeando amor em versos...

Pensemos no futuro almejado

No conforto de um novo caminhar Pois ser poeta é sonhar acordado

Entre tantos que dormiram sem sonhar...

Sejamos a harmonia que encanta Certeza que a segurança traz

E, se esta guerra é santa Sejamos nós, demônios da paz...

(escrita após o atentado de 11 de setembro de 2001) ********************

BRASILBRASILBRASILBRASIL

Tempo louco que vivemos Sem saber do futuro

Se na paz venceremos Ou, para sempre, só escuro...

Vida contrária a que sonhamos

Num universo em chamas Não temos quem amamos

Outros se deitam em nossas camas...

Máquinas param de funcionar Trabalhadores vão-se embora Desfaz-se a força para lutar

Para o bem de quem os explora...

Sobe e desce dos palanques Dança em eterna harmonia

Arrasta o povo, suga seu sangue Na brincadeira da politicaria...

Bons livros empoeirando-se em prateleiras

Esperam pela platéia selecionada Em meio a um bando de asneiras

Elegem-se reis e rainhas do nada...

Se outros mundos eu visito Tudo em ordem, sem igual

Sinto pena desse país Decadente, em eterno carnaval...

E, se a rima me ajuda

Penso montar um grande musical O tema: Deus nos acuda!

Elenco da beira do lamaçal...

Reunirei todos os desistentes De todas as áreas e afins

Será a produção independente Dos rejeitados tupiniquins...

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Em letreiros coloridos Veremos, finalmente, nosso nome Expondo nossos sonhos doloridos

Ao público que passa fome...

No cartaz, escrito em anil Ao público que lê meio tonto

Assistam todos: Nossa terra Brasil Patrocínio: Lojas passa-se o ponto... **************************

Lou de Olivier nasceu em São Paulo, em 21 de fevereiro de 1961. Psicopedagoga, Psicoterapeuta, precursora da Multiterapia. Pós-graduada em Medicina Comportamental e Psicopedagogia, Bacharel em Artes Cênicas, é também graduada em Educação Artística e tem extensões universitárias em Neuropsicologia e Musicoterapia. Especialista em distúrbios de aprendizagem e de comportamento. É também escritora, dramaturga e pesquisadora. Suas publicações e escritos lhe renderam dois prêmios na Inglaterra: "Award Echo of Literature", como uma das escritoras contempladas e Lancaster House Award, como pesquisadora. No Brasil, foi laureada com o prêmio "Mulher, Linda Mulher", entregue em solenidade na Câmara Municipal de São Paulo em 18/03/08 É autora de uma série de romances destacando-se "O preço de um sonho", "Paixão virtual", "Tua força é meu destino, teu destino é minha missão" e "Romance policial" e o inédito "Mística, perversa, sensual", que reúne o melhor de seus contos e crônicas. Autora de catorze textos teatrais/cinematográficos, destacando-se "Siga aquele voto", "Nunca em Los Angeles" , "Eu inteiro, metade de mim", "A Cinderela que não era Bela por que era Branca demais", já encenada em diversas cidades brasileiras, tendo recebido vários prêmios em festivais e "Os alienados", sendo este o mais conhecido, esteve em temporada profissional com grande sucesso e já foi montado por diversos grupos de teatro amador tendo sido aplaudido e premiado em festivais por todo o Brasil e na Europa, destacando-se a montagem em Portugal. Neste segmento, além da personagem Soraya Estrada, que encanta a todos com seus apimentados romances, destacam-se a sensitiva Ana, sempre envolvida em estórias belas e surpreendentes, Selena, uma verdadeira deusa grega... E tantas outras personagens que emprestam a Lou suas estórias em contos e crônicas inesquecíveis, numa modalidade de escrita que, sem dúvida, a Lou domina como ninguém. É também autora de mais de seiscentas poesias, publicadas em várias coletâneas e, eventualmente em jornais como "Café Literário". Participou da coletânea UKBrazil - Antology of Poems na Inglaterra e, no Brasil, participou das

Antologias Livre Pensador (Scortecci), Caminhos do amor (Oficina Editora) e quatro antologias pela REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras), de onde foi Conselheira, exercendo cargo voluntário (não remunerado por varios anos). Atualmente, Lou não mais pertence a esta associação.

Instituto Memória Instituto Memória Instituto Memória Instituto Memória (Curitiba)(Curitiba)(Curitiba)(Curitiba)

"A modernidade produziu um mundo menor

do que a humanidade. Sobram milhões de pessoas,

mas o conhecimento é a grande estratégia de

inclusão e integração. E o livro é a grande

ferramenta do conhecimento.

A palavra escrita não apenas permanece,

ela floresce e frutifica." O Instituto Memória surgiu em março de 2003 como Projeto incubado pelo programa Rede Solidária da CNBB em parceria com a PUC-PR e a Santa Casa (Aliança Saúde), em Curitiba-PR. Foi idealizado pelo pesquisador Anthony Leahy, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, da Academia de Cultura de Curitiba e da Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, Medalha de Mérito Cultural 2007 da Câmara Municipal de Curitiba, Comenda Rui Barbosa (2007 - SP) e Comenda Dom Pedro I (2008 - SP). É autor de livros, já foi livreiro e desde 2003 atua como editor de livros e revistas. Palestrante atuante sobre a formação da identidade Brasileira onde defende a cultura regional e a diversidade cultural nacional. Desde a sua fundação, o Instituto Memória teve como proposta atuar como Editora especializada em Pesquisa Histórica e Projetos Culturais focados no resgate e convalidação da cultura histórica regional, defendendo a alteridade como forma de consolidação da identidade nacional, e a democratização do saber histórico como estratégia para a formação de uma cidadania plena e consciente do papel de cada indivíduo como agente construtor da sociedade.

"Oh! Bendito o que semeia Livros... livros à mão cheia...

E manda o povo pensar! O livro caindo n'alma

É germe -- que faz a palma, É chuva -- que faz o mar."

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Castro Alves

ParadigmasParadigmasParadigmasParadigmas I - Acreditamos que a integração entre povos se constrói de forma ética e solidária a partir da democratização cultural como forma de fortalecer e enriquecer a própria humanidade. Somente a cultura permite quebrar preconceitos e superar barreiras ideológicas, posicionando o ser humano como ponto de partida e chegada de todos os esforços da humanidade; II - Enxergamos que a dialogicidade que o livro estabelece, entre as diferentes culturas, permite a superação dos limites impostos pela geografia e pelas normas, viabilizando que a integração entre os povos se faça de forma ética e sustentável, formando indivíduos reflexivos e autônomos, comprometidos com os valores que lhes permitam alcançar seus objetivos sem ferir os valores do outro; III - Defendemos que somente a cultura legitimiza a civilização, distanciando-nos dos outros animais, libertando-nos do eterno agora dos instintos e dos limites impostos pelo meio-ambiente. Portanto, ao democratizar o saber e a cultura, promovemos a própria humanidade e civilização; IV – Sustentamos que os países são tão mais fortes e ricos, quanto mais cultos são os seus cidadãos, entendendo que investir em ações que promovem o livro é contribuir para a construção de um mundo mais justo; V - Em um mundo que corre a passos largos para a empobrecedora e reducionista padronização cultural, lutamos pela cultura regional enquanto elemento identificador da nossa própria identidade. Afinal, defendendo as identidades regionais que promoveremos a rica diversidade cultural nacional que nos caracteriza enquanto povo e país; VI - Por isto, o Instituto Memória Editora e Projetos Culturais concentrará seus esforços na publicação de livros regionais e numa distribuição nacional mais efetiva, gerando e promovendo integração com respeito às diferenças; VII – Para o Instituto Memória, cada autor é considerado como o capital estratégico essencial, pois sem autor não existem livrarias e editoras, mas o autor existirá sempre. Rua Deputado Mário de Barros, 1700, Cj. 412 Rua Deputado Mário de Barros, 1700, Cj. 412 Rua Deputado Mário de Barros, 1700, Cj. 412 Rua Deputado Mário de Barros, 1700, Cj. 412 ---- Centro Cívico, Curitiba Centro Cívico, Curitiba Centro Cívico, Curitiba Centro Cívico, Curitiba ---- Paraná, CEP 80530 Paraná, CEP 80530 Paraná, CEP 80530 Paraná, CEP 80530----280, 280, 280, 280, (41) 3352(41) 3352(41) 3352(41) 3352----3661366136613661

InInInInstituto Memória lança revista literária Raízes stituto Memória lança revista literária Raízes stituto Memória lança revista literária Raízes stituto Memória lança revista literária Raízes RegionaisRegionaisRegionaisRegionais Com tiragem de 5.000 exemplares e distribuição gratuita e dirigida em todo território nacional, primordialmente aos Institutos Históricos e Academias de Letras, a revista apresenta resenhas dos livros lançados pelo Instituto Memória, crítica literária, entrevistas e artigos sobre cultura e literatura.

Neste Número você encontra entrevista com José Carlos Veiga Lopes (presidente da Academia Paranaense de Letras), com Ernani Straube (presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná), com João Ruggieri (da Academia de Cultura de Curitiba); depoimento do Oscar "mão santa" do basquete; artigo sobre ex libris de Carlos Brantes, os artigos "Livro é Caro?", "Por que Cultura Regional?", "Museu de Arte Popular Brasileira", "História e Identidade", além da polêmica entrevista com o Desembargador Adauto Suannes, "Um Desembargador sem Medo de Justiça".

=========================== Lançamento do livro "A Mulher na Guerra dos Lançamento do livro "A Mulher na Guerra dos Lançamento do livro "A Mulher na Guerra dos Lançamento do livro "A Mulher na Guerra dos Farrapos", de Elma Sant'AnaFarrapos", de Elma Sant'AnaFarrapos", de Elma Sant'AnaFarrapos", de Elma Sant'Ana

O Instituto Memória Editora e o Instituto Anita Garibaldi promoveram o lançamento do livro "A Mulher na Guerra dos Farrapos", da pesquisadora Elma Sant''Ana, em homenagem aos 160 anos da morte de Anita Garibaldi. O evento realizado no dia 4 de agosto, às 18h, no Solar dos Câmara, na Assembléia Legislativa do Estado do RS, em Porto Alegre.

Leia, a seguir, um trecho escrito pela autora da obra.

Falamos muito da coragem do homem do Rio Grande do Sul, mas está na hora de destacarmos a coragem da nossa mulher que raramente despia o luto. No tempo dos Farroupilhas, a favor ou contra os farrapos, todas lutaram nesta geurra: desde as que estavam mais próximas - as chinas - , às mais distantes - as estanceiras. E há mulheres que inspiraram o amor de um homem e uma revolução: Seu nome é Ana Maria de Jesus Ribeiro, a catarinense, filha de paranaense, transformada em Anita por Giuseppe Garibaldi. É reverenciada no Brasil e na Itália. "A Heroína de dois Mundos" teve seu ingresso no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, no dia 4 de agosto de 2009, por ocasião do aniversário de 160 anos da morte desta catarinense que lutou gloriosamente na América pela causa da liberdade, ombreando lado a lado

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com os homens gaúchos, na Guerra dos Farrapos. E como Domingos José de Almeida, grande líder farroupilha diria mais tarde: "As senhoras rio-grandenses aos seus compatriotas excedem muito, em virtudes morais e cívicas."

Este livro pretende resgatar a história destas mulheres, fazendo justiça!

Elma Sant''Ana

Presidente do Instituto Anita Garibaldi

============================ Instituto Memória lança o programa Raízes Instituto Memória lança o programa Raízes Instituto Memória lança o programa Raízes Instituto Memória lança o programa Raízes Regionais.Regionais.Regionais.Regionais. Em homenagem ao "Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor" , o Instituto Memória lançou programa "Raízes Regionais" de incentivo à publicação de livros regionalistas.

"A instituição do Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, pela Unesco, internacionalizou uma antiga tradição da Catalunha, onde, em 23 de abril, comemora-se o Dia de São Jorge – padroeiro daquela província espanhola – e recorda-se o falecimento do escritor Miguel de Cervantes – 23 de abril de 1616. Neste dia, de acordo com o costume catalão, os livreiros entregam uma rosa com cada livro vendido e tornou-se tradição presentear livros e rosas. O lema é: Uma rosa por São Jorge, um livro por Cervantes. A partir de 1995, a Unesco estendeu sua homenagem ao escritor inglês William Shakespeare, também falecido em 23 de abril de 1616, e passou a estimular iniciativas em prol do livro e da leitura nesta data. Atualmente, autores, editores, professores, livreiros, meios de comunicação e bibliotecas, entre outros profissionais e entidades, mobilizam-se, em todo o mundo, para que o livro esteja na pauta do dia".

Sempre na luta pela valorização das identidades regionais brasileira como forma de fortalecer a diversidade cultural nacional, estamos apresentando o PROGRAMA RAÍZES REGIONAIS possibilitando que o Autor, a Cultura e a História Regional tenham Vez e Voz! Se podemos ser muitos por que sermos um só? Uniformizar é reduzir, é empobrecer. Uniformizar é promover a eugenia cultural e tirar a alma do povo brasileiro.

Assim para lançar um livro sobre cultura e/ou história regional, basta o autor submeter a sua obra à análise do nosso Conselho Editorial e, se aprovada, o autor paga uma taxa e tem a sua obra publicada, recebendo 20 exemplares do

livro, além direitos autorais pertinentes. Os demais exemplares são distribuídos pelas livrarias nacionais. E os autores poderão adquirir mais exemplares de sua obra, diretamente na editora, a qualquer época com 40% de desconto sobre o valor de comercialização (valor de capa).

O livro deve ter até 200 páginas em formato A5 e a taxa, que é de R$ 2.000,00, cobre os custos básicos de edição, custando menos para o autor do que ele pagaria por uma diagramação / projeto de capa / revisão / catalogação da obra se fosse fazer por conta própria, que é o que faz a maioria dos autores de Cultura Regional, que além destes custo ainda tem que arcar com a impressão de 1.000 exemplares. Além do que, por não trabalharem com distribuição e não emitirem Nota Fiscal, a maioria dos exemplares termina em caixas jogadas pela casa, sem atingir à sociedade e decepcionando o autor que chega a ficar envergonhado com a situação.

E se a obra for apresentada por uma Academia/Centro de Letras ou Instituto Histórico não passará nem pelo conselho editorial, pois já entra como aprovada/chancelada.

Tradição e Modernidade! Raízes e frutos! Quanto mais profundas e firmes forem as raízes, mais saudáveis e fortes serão os frutos. Como já foi dito, na beleza dos frutos existe o trabalho silencioso das raízes.

Sempre existirá o livro, mesmo que não exista o editor e a livraria. Mas se não existir o autor, não existirá o livro, nem as livrarias, as editoras e, principalmente, a nossa identidade... nossa alma enquanto povo e nação " .

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Instituto Memória recebe prêmio de editora Instituto Memória recebe prêmio de editora Instituto Memória recebe prêmio de editora Instituto Memória recebe prêmio de editora destaque 2008destaque 2008destaque 2008destaque 2008

O Instituto Memória Editora recebeu a Medalha de Mérito Cultural como EDITORA DESTAQUE 2008 pela ACADEMIA BRASILEIRA DE ARTE, CULTURA E HISTÓRIA, em função do seu trabalho no resgate e valorização da cultura regional brasileira. Anthony Leahy, enquanto editor, recebeu a Medalha de Reconhecimento Social e Cultural, da CÂMARA BRASILEIRA DE CULTURA.

"Aqui a cultura regional brasileira sempre terá Vez e Voz!"

Anthony Leahy - Editor - Instituto Memória

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Tobias BarretoTobias BarretoTobias BarretoTobias Barreto (1839 (1839 (1839 (1839 –––– 1889) 1889) 1889) 1889)

QUE MIMOQUE MIMOQUE MIMOQUE MIMO

Tu és morena e sublime, Como a hora do sol posto.

E, no crepúsculo eterno Que te envolve o lindo rosto,

O céu desfolha canduras De alvoradas e jasmins,

E passam roçando n´alma As asas dos querubins...

Teu corpo que tem o cheiro De cem capelas de rosas,

Que t´enche a roupa de quebros, De ondulações graciosas,

Teu corpo derrama essências Como uma campina em flor:

Beijá-lo!... fôra loucura; Gozá-lo!... morrer de amor...

O GÊNIO DA HUMANIDADEO GÊNIO DA HUMANIDADEO GÊNIO DA HUMANIDADEO GÊNIO DA HUMANIDADE

Sou eu quem assiste às lutas, Que dentro d´alma se dão,

Quem sonda todas as grutas Profundas do coração:

Quis ver dos céus o segredo; Rebelde, sobre um rochedo

Cravado, fui Prometeu; Tive sede do infinito,

Gênio, feliz ou maldito, A Humanidade sou eu.

Ergo o braço, aceno aos ares,

E o céu se azulando vai; Estendo a mão sobre os mares,

E os mares dizem: passai!... Satisfazendo ao anelo

Do bom, do grande e do belo, Todas as formas tomei: Com Homero fui poeta,

Com Isaías profeta, Com Alexandre fui rei.

Ouvi-me: venho de longe, Sou guerreiro e sou pastor;

As minhas barbas de monge Têm seis mil anos de dor: Entrei por todas as portas

Das grandes cidades mortas, Aos bafos do meu corcel, E ainda sinto os ressábios

Dos beijos que dei nos lábios Da prostituta Babel.

E vi Pentapólis nua,

Que não corava de mim, Dizendo ao sol: eu sou tua,

Beija-me... Queima-me assim! E dentro havia risadas

De cinco irmãs abraçadas Em voluptuoso furor...

Ânsias de febre e loucura, Chiando em polpas de alvura, Lábios em brasas de amor!...

Travei-me em lutas imensas,

Por vezes, cansado e nu, Gritei ao céu: em que pensas?

Ao mar: de que choras tu? Caminho... e tudo que faço

Derramo sobre o regaço Da história, que é minha irmã: Chamem-me Byron ou Goethe,

Na fronte do meu ginete Brilha a estrela da manhã.

E no meu canto solene Vibra a ira do Senhor: Na vida, nesse perene

Crepúsculo interior, O ímpio diz: anoitece!

O justo diz: amanhece! Vão ambos na sua fé...

E às tempestades que abalam As crenças d´alma, que estalam,

Só eu resisto de pé!...

De Deus ao imenso ouvido A Humanidade é um tropel,

E a natureza um ruído Das abelhas com seu mel,

Das flores com seu orvalho, Dos moços com seu trabalho De santa e nobre ambição, De pensamentos que voam,

De gritos d´alma, que ecoam No fundo do coração!...

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A ESCRAVIDÃOA ESCRAVIDÃOA ESCRAVIDÃOA ESCRAVIDÃO

Se Deus é quem deixa o mundo Sob o peso que o oprime,

Se ele consente esse crime, Que se chama escravidão, Para fazer homens livres,

Para arrancá-los do abismo, Existe um patriotismo Maior que a religião.

Se não lhe importa o escravo

Que a seus pés queixas deponha, Cobrindo assim de vergonha

A face dos anjos seus Em seu delírio inefável, Praticando a caridade, Nesta hora a mocidade

Corrige o erro de Deus!...

AMARAMARAMARAMAR

Amar é fazer o ninho, Que duas almas contém,

Ter medo de estar sozinho, Dizer com lágrimas: vem,

Flor, querida, noiva, esposa... Cabemos na mesma lousa...

Julieta, eu seu Romeu: Correr, gritar: onde vamos?

Que luz! que cheiro! onde estamos? E ouvir uma voz: no céu!

Vagar em campos floridos

Que a terra mesma não tem; Chegamos loucos, perdidos Onde não chega ninguém...

E, ao pé de correntes calmas, Que espelham virentes palmas,

Dizer-te: senta-te aqui; E além, na margem sombria,

Ver uma corça bravia, Pasmada olhando pra ti!

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Tobias Barreto de Meneses (Vila de Campos do Rio Real, 7 de junho de 1839 — Sergipe, 26 de junho de 1889) foi um filósofo, poeta, crítico e jurista brasileiro e fervoroso integrante da Escola do Recife (movimento filosófico de grande força calcado no monismo e evolucionismo europeu). Foi o fundador do condoreirismo brasileiro e patrono da cadeira 38 da Academia Brasileira de Letras.

Aprendeu as primeiras letras com o professor Manuel Joaquim de Oliveira Campos. Estudou latim com o padre

Domingos Quirino, dedicando-se com tal aproveitamento que, em breve, iria ensinar a matéria em Itabaiana, onde também dedicou-se à música, sendo cantor e flautista da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição (nome atual).

Em 1861 seguiu para a Bahia com a intenção de freqüentar um seminário mas, sem vocação firme, desistiu de imediato. Sem ter prestado exames preparatórios voltou à sua vila donde sairá com destino a Pernambuco. Em 1854 e 1865 o jovem Tobias, para sobreviver, deu aulas particulares de diversas matérias. Na ocasião prestou concurso para a cadeira de latim no Ginásio Pernambucano, sem conseguir, contudo, a desejada nomeação.

Em 1867 disputou a vaga de Filosofia no referido estabelecimento. Venceu o prélio em primeiro lugar, mas é preterido mais uma vez por outro candidato.

Para ocupar o tempo entrega-se com afinco à leitura dos evolucionistas estrangeiros, sobretudo o alemão Ernest Haeckel que se tornaria um dos mais famosos cientistas da época com seus livros "Os Enigmas do Universo" e "As Maravilhas da Vida".

No campo das produções poéticas passou Tobias a competir com o poeta baiano Antônio de Castro Alves, a quem superava, contudo, no lastro cultural.

O fato de ser mestiço prejudicou-lhe a vida amorosa numa época cheia de preconceitos, conforme testemunho de Sílvio Romero.

Na oratória Tobias se revelava um mestre, qualquer que fosse o tema escolhido para debate. O estudo da Filosofia empolgava o sergipano que nos jornais universitários publicou "Tomás de Aquino", "Teologia e Teodicéia não são ciências", "Jules Simon", etc.

Ainda antes de concluir o curso de Direito casou-se com a filha de um coronel do interior, proprietário de engenhos no município de Escada.

Eleito para a Assembléia Provincial não conseguiu progredir na política local.

Dedicou vários anos a aprofundar-se no estudo do alemão, para poder ler no original alguns dos ensaístas germânicos, à frente deles Ernest Haeckel e Ludwig Büchner". Conta Hermes Lima, em sua magnífica biografia de Tobias, que ele "para irritar o burguês, com uma nota mais ostensiva de superioridade, abria freqüentemente seu luminoso leque de pavão: o germanismo". Foi em alemão que Tobias redigiu o

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"Deutscher Kampfer" (O lutador alemão). Mais tarde sairiam de sua pena os "Estudos Alemães".

A residência em Escada durou cerca de dez anos. Ao voltar ao Recife, aos escassos proventos que recebia juntaram-se os problemas de saúde que acabaram por impedí-lo de sair de casa.

Tentou uma viagem à Europa para restabelecer-se fisicamente. Faltavam-lhe os recursos financeiros para isso. Em Recife abriram-se subscrições para ajudá-lo a custear-lhe as despesas. Em 1889 estava praticamente desesperado. Uma semana antes de morrer enviou uma carta a Sílvio Romero solicitando, angustiosamente, que lhe enviasse o dinheiro das contribuições que haviam sido feitas até 19 de junho daquele ano. Sete dias mais tarde falecia, hospedado na casa de um amigo. A obra de Tobias é de significativo valor, levando em conta que o professor sergipano não chegou a conhecer a capital do Império.

Suas "Obras Completas", editadas pelo Instituto Nacional do Livro, incluem os seguintes títulos: "Ensaios e Estudos de Filosofia e Crítica", 1875. "Brasilien, wie es ist", 1876. "Ensaio de pré-história da literatura alemã". "Filosofia e Crítica". "Estudos Alemães", 1879. "Dias e Noites", 1881. "Polêmicas", 1901. "Discursos", 1887. "Menores e Loucos", 1884. Hermes Lima, ao comentar o refúgio de Tobias Barreto em Escada, esclareceu: "Em Escada, além de publicar o "Fundamento do Direito de Punir", erige o germanismo em caminho de cultura. É onde aprofunda seu Haeckel, onde elabora sua posição filosófica, onde traça as coordenadas da revolução espiritual que viria a deflagrar-se no país". Em 1882, Barreto foi selecionado, por meio de concurso público, para uma cátedra na Faculdade de Direito do Recife. Hoje, em sua homenagem, a Faculdade de Direito do Recife é carinhosamente chamada de "A Casa de Tobias".

Germanismo

Inicialmente influenciado pelo espiritualismo francês, passa para o naturalismo de Haeckel e Noiré em 1869 com o artigo Sobre a religião natural de Jules Simon. Em 1870, Tobias Barreto, passa a defender o germanismo contra o predomínio da cultura francesa no Brasil. Nesta época começa, autodidaticamente, a estudar a língua alemã e alguns de seus autores tomando como objetivo reformar as idéias filosóficas, políticas e literárias influenciado pelos alemães.

Fundou na cidade de Escada, próxima ao Recife, onde morou por 10 anos, o periódico Deutscher Kämpfer (em português, Lutador Alemão) que teve pouca repercussão e existência curta.

Tobias Barreto escreveu ainda Estudos Alemães, importante trabalho para a difusão de suas idéias germanistas, mas que foi duramente criticado por se tratar apenas, segundo alguns, da paráfrase de autores alemães.

Ele também iniciou o movimento condoreirismo hugoano na poesia brasileira.

Obras Filosofia Suas obras completas publicadas pelo Instituto Nacional do Livro:

Ensaios e estudos de filosofia e crítica (1975) Brasilien, wie es ist (1876) Ensaio de pré-história da literatura alemã, Filosofia e crítica, Estudos alemães (1879) Dias e Noites (1881) Menores e loucos (1884) Discursos (1887) Polêmicas (1901) ---

Poesia Que Mimo (1874) O Gênio da Humanidade (1866) A Escravidão (1868) Amar (1866) Glosa (1864)

Cleonice Berardinelli é a Cleonice Berardinelli é a Cleonice Berardinelli é a Cleonice Berardinelli é a nova titular da Cadeira nº8 nova titular da Cadeira nº8 nova titular da Cadeira nº8 nova titular da Cadeira nº8

da ABLda ABLda ABLda ABL

A Academia Brasileira de Letras escolheu no dia 16 de dezembro, a Professora Cleonice Berardinelli, 93 anos, como a 6ª ocupante da Cadeira nº 8, vaga desde 17 de setembro último com a morte do Acadêmico Antonio Olinto. Logo no primeiro escrutínio, a candidata eleita recebeu 30 votos. Seu concorrente, o

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jornalista e ex-ministro Ronaldo Costa Couto, recebeu 9. A Cadeira nº 8 foi fundada por Alberto de Oliveira, que escolheu como patrono Cláudio Manoel da Costa. Foi ocupada sucessivamente por Oliveira Viana, Austregésilo de Athayde, Antonio Callado, e Antonio Olinto. Cleonice Berardinelli nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de agosto de 1916. É graduada em letras neolatinas pela Universidade de São Paulo (1938) e livre docente pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1959), com a tese Poesia e Poética de Fernando Pessoa. Especialista em Camões e Fernando Pessoa, Cleonice Berardinelli é professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, consultora ad hoc da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e consultora ad hoc da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. É acadêmica correspondente brasileira da Academia das Ciências de Lisboa desde 27 de novembro de 1975. Entre seus livros, destacam-se: Estudos Camonianos (1973), Obras em Prosa: Fernando Pessoa (1986), A passagem das horas de Álvaro de Campos (1988), Poemas de Álvaro de Campos (1990) e Fernando Pessoa: outra vez te revejo...(2004).

Celito Medeiros Celito Medeiros Celito Medeiros Celito Medeiros

((((1951)1951)1951)1951)

UM SONETO PARA MACHADO DE ASSISUM SONETO PARA MACHADO DE ASSISUM SONETO PARA MACHADO DE ASSISUM SONETO PARA MACHADO DE ASSIS

Machado de Assis deixou duas frases para serem usadas por poetas para um

SONETO (a primeira e a última) e assim fiz:

UM SONETO PARA MACHADO DE ASSIS Celito Medeiros

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura Onde está a sua origem e fonte de vida? Não vejo solução nesta minha amargura Nenhum remédio para curar esta ferida

Tenho lutado para obter minhas vitórias

Sair do lamaçal que prende os humanos Entender a filosofia perpetuando glórias Com a liberdade do saber destes fulanos

É como o caranguejo fora do mangue Não acreditar viver além desta malha Onde é formada a verdadeira falange

Manter minha honra não é uma falha Sair do jogo, esvaindo-se em sangue Perde-se a vida, ganha-se a batalha!

====================

A ARA ARA ARA ARTE E A POESIATE E A POESIATE E A POESIATE E A POESIA

Sou sonho de artista realizando Da poesia os versos e o encanto Como a água da pedra brotando A terra cobrirá com seu manto.

Na vida real eu tenho procurado

Dos traços do pincel um caminho As estrofes da poesia d'um lado

Nas telas encontrar o meu ninho.

Minhas mãos calejadas o brilho No movimento criado uma razão As cores fortes são meu gatilho

Disparando toda a minha emoção.

Num tempo distante deste tempo Quando maior valor poder existir Eu estarei viajando como o vento Da minha assinatura poderei rir.

Da dedicação nas artes e poesia Toda inspiração gravada ali fica Marcar o que na tela não podia Na literatura foi uma boa dica.

No silêncio solitário do trabalho Das noites de espera da amada Querendo sempre mais eu falho Como aquele que não fez nada.

Se é interessante minha obra Muito de meu tempo dediquei Serpenteando traços tal cobra Usando a tecnologia eu inovei.

Do que fiz estou bem satisfeito

Tudo com grande amor e carinho Este é o resultado do meu jeito

Desejando não apreciar sozinho! ======================

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A POESIA QUE EU QUEROA POESIA QUE EU QUEROA POESIA QUE EU QUEROA POESIA QUE EU QUERO

Quero uma boa poesia, ora se quero! Como o quero-quero no arpão lhe cai

Peregrino das palavras qual ferro Ou doces rimas que tanto sonho atrai

Não quero mudar meu amor de outrora Mesmo alimentando um pássaro vivaz Quero doce melodia que a palavra traz

Para encantar-me da noite à aurora

Quero rebuscar o canto das manhãs Comer o doce das melhores maçãs

Sentir o embalo das sentenças nobres

Não quero alimentar as rimas pobres Nem mesmo aplaudir meros acordes Quero contemplar escritas de avelãs!

_______________________ (Quero, ora se quero! Quero tantas coisas...

E coisas que eu não quero.) ========================

A LIBERDADE É PARA TODOSA LIBERDADE É PARA TODOSA LIBERDADE É PARA TODOSA LIBERDADE É PARA TODOS

Somos de fato ainda muito poucos Neste planeta com alguns insanos

Assim podem nos considerar loucos Ao lidarmos direto com os profanos

A população entre pessoas dementes Lançadas no meio de sadias e puras Urge a ação em sanear as sementes Para preservar as gerações futuras

São os joios no meio dos trigais

Espalhados por toda a sociedade Possuindo o instinto dos animais

Impedem toda a solidariedade

Daqueles com missões especais Indicarem a plena liberdade

=====================

AH, MEUS OLHOS!AH, MEUS OLHOS!AH, MEUS OLHOS!AH, MEUS OLHOS!

Que felicidade a minha matando a saudade

que nunca me matou

Que sutileza sinto vendo tanta beleza que todavia sobrou.

Estas velhas dúvidas

que tudo se paga

e nada se paga!

Que corpo, ainda tão forte Que vença a morte

A vida é minha sorte.

Ah, meus olhos!… com os que tudo vejo

e tudo noto.

Que bom haver sido gente um pouco mais que apenas prudente

não só um contestador, eu contesto a dor.

Mas a nada detesto, por ter muito

Amor

(tradução da poesia, do espanhol por José Feldman)

*****

Celito Freitas de Medeiros, nasceu em Meleiro (SC) em 30 de junho de 1951 e reside atualmente em Curitiba (PR).

Fez os cursos de graduação de Engenharia (1976), Engenharia de Segurança (1985) e Escola de Música e Belas Artes, em 1988. Pós graduação em Psicologia, entre outros estudos como estudos da Ciência Moderna de Saúde Mental, Terapia Alternativa de Melhoramentos de Vida

Premiações – Oscar Brasileiro na Pintura - Super Cap de Ouro - S. Paulo – Prêmio da Academia de Ciências, Letras e Artes da França – Prêmio Talento do Paraná - Literatura e Pintura – Prêmio Cultura Nacional - Sesc - S. Paulo em 2000, 2001 – Prêmio Cultural UNESCO – Láurea Internacional da Confraria dos Poetas do Brasil 2000 – Louvor e Homenagem da Câmara Municipal de Curitiba -2000 – Homenagem a Timor Leste 2000 – PRÊMIO TIMOR ESPERANÇA – Prêmio Leão de Ouro 2001 SP – Hilton Palace – Prêmio Internacional 2001 - Fundação V. Stessens (1.530 obras de 33 países) – Prêmio Internacional Itiumuseum – Artes Sacras 2001 – PRÊMIO TALENTO DO PARANÁ 2002 – Artes/literatura – PREMIO CULTURA NACIONAL 2002 – Prêmio Universo das Artes – RJ 2002 – Premio Saint Germain – Medalha de Ouro - SP 2002 – Revelações Brasileiras – Seleções de Talentos Nacionais 2003 – Prêmio TALENTO DO PARANÁ 2003 – Artes/Pintura – Medalha Fernando Amaro – Poeta do ano – 2003 – Prêmio ACEA’S de Pintura Expo 2004 – Barcelona

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– Prêmio Nacional "GIGANTES 2005" – Blumenau – Gigantes 2006 Artes - Homenagem Especial Troféu Celito Medeiros – Prêmio da Academia de Ciências, Letras e Artes da França 2007 – Super Cap de Ouro 2001 - 2002 - 2003 - 2005 – Oscar Brasileiro – Jornais Associados de SP’ Entidades a que pertence: – Embaixador Universal da Paz - Genebra (Suíça) – Presidente da Sol Vermelho Ltda – Cultural – Cônsul dos Poetas del Mundo, pelo Paraná – Membro da Academia de Cultura de Curitiba – Membro do Centro de Letras do Paraná – 1º. Presidente da Academia Virtual de Letras Luso-Brasileira – Membro da Federação Internacional dos Artistas Plásticos – Barcelona – Membro da Confraria dos Poetas do Brasil – Cônsul da Ordem dos Poetas do Brasil – Membro Fundador da 'Soberana Ordem do Mérito Artistico Cultural' - CICESP 2009 – Colaborador da National Geographic Society e GREENPEACE 47 livros editados em solo e participações Mais de 200 Exposições Nacionais e Internacionais Premiações diversas em vários países. Exposição no Museu do Louvre em Paris -2007 Exposição Talentos da Pintura Mundial – Bologna Itália 2004

51º JOGOS FLORAIS DE NOVA FRIBURGO Temas: DESERTO (lírica/filosófica) e VULTO (humorística)

3 trovas por tema

Prazo: 26 de Fevereiro de 2010Prazo: 26 de Fevereiro de 2010Prazo: 26 de Fevereiro de 2010Prazo: 26 de Fevereiro de 2010

Enviar para:

A/C de João Freire Filho

Rua Florianópolis, 773 – casa 3 – Jacarepaguá

Rio de Janeiro – RJ / CEP: 21.321-050

II CONCURSO DE TROVA CIDADE POESIA Temas (Âmbito Nacional/Internacional):

CAMINHADA (lírica/filosófica) e RIMA

humorística) Apenas uma trova inédita por tema.

Prazo: 15 de Março de 2010.Prazo: 15 de Março de 2010.Prazo: 15 de Março de 2010.Prazo: 15 de Março de 2010.

Enviar para:

A/C Lola Prata

Caixa Postal 154

Bragança Paulista – SP – CEP: 12914-970

JOGOS FLORAIS UBT SECCIONAL MÉRIDA – VENEZUELA Tema para os Trovadores de Língua Portuguesa: IMENSIDÃO Tema para os Trovadores de Língua Espanhola: INMENSIDAD Enviar para:

[email protected] con copia para: [email protected] Para os Trovadores dos dois idiomas, enviar as 3 Trovas e junto, no mesmo e-mail, a identificação e endereço completo).

Máximo de 3 Trovas por tema

Prazo: 15 de junho de 2010. Prazo: 15 de junho de 2010. Prazo: 15 de junho de 2010. Prazo: 15 de junho de 2010.

CONCURSO NACIONAL DE POESIA DE MOGI DAS CRUZES TEMA: “Mogi das Cruzes – 450 Anos”

Na poesia deverá constar “Mogi das Cruzes-450 Anos” mesmo que em versos separados, com abordagens a seus fatos históricos e/ou características da cidade: belezas naturais, economia, praças, ruas, monumentos, costumes etc.

A fonte de consulta está disponibilizada nos sites

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http://www.pmmc.com.br/ , http://www.cultura.pmmc.com.br/ , http://www.comphap.pmmc.com.br/ , podendo ser pesquisado também em qualquer outra fonte como sites oficiais, google etc.

As inscrições estarão abertas de 10 de novembro de 2009 até dia 10 de março de 2010até dia 10 de março de 2010até dia 10 de março de 2010até dia 10 de março de 2010, através do site http://www.cultura.pmmc.com.br/.

As poesias concorrentes deverão ser anexadas no momento da inscrição online.

Poderão participar poetas de todo o território brasileiro.

Cada poeta poderá concorrer com 01 (uma) poesia de até 30 linhas, de sua autoria.

As poesias deverão ser originais e inéditas: não terem sido publicadas na integra ou em partes.

Aos jurados e funcionários da Secretaria de Cultura de Mogi das Cruzes é vedada a participação neste concurso.

As poesias concorrentes deverão ser apresentadas em uma versão digitalizada, com formato de documento padrão do Microsoft Word (DOC) com as seguintes configurações: página padrão A5, fonte Arial, tamanho 11, margens mínimas de 2,5cm.

Todo material enviado não será devolvido.

A Secretaria de Cultura de Mogi das Cruzes comporá um júri técnico que selecionará: Oitenta (80) poesias que serão publicadas em uma antologia poética, editada pela Secretaria de Cultura de Mogi das Cruzes, com uma tiragem de 1000 exemplares.

Pelo menos 30% (trinta por cento) das poesias selecionadas serão de autores mogianos.

Serão considerados autores mogianos aqueles que residirem no município de Mogi das Cruzes. Como prêmio, cada autor publicado receberá uma cota de 10 (dez) exemplares da Antologia editada.

O lançamento da Antologia Poética, será no dia 26 de junho de 2010, às 20h, no Theatro Vasques, quando serão anunciados os três primeiros colocados e a melhor poesia de autor mogiano. TROFÉU: POETA NYSSIA FREITAS MEIRA.

1º COLOCADO: R$ 1.000,00

2º COLOCADO: R$ 800,00

3º COLOCADO: R$ 500,00

TROFÉU: ALICE ASSAKO NODA SAITO

A melhor poesia de autor mogiano receberá o prêmio de R$ 1.000,00.

PRÊMIOS LITERÁRIOS CIDADE DE RECIFE Data Limite para Inscrição 15/1/2010

Local de Realização Brasil - Recife – Pernambuco

Prazo de inscrição: 15 de janPrazo de inscrição: 15 de janPrazo de inscrição: 15 de janPrazo de inscrição: 15 de janeiro de 2010.eiro de 2010.eiro de 2010.eiro de 2010.

Categoria: melhor livro de ficção (novela, romance ou contos), melhor peça teatral, melhor livro de poesia, melhor livro de ensaio

Máximo de obras: 1 obra por categoria, rigorosamente inédita

Premiação: R$ 5.000,00 para cada categoria Divulgação do resultado: 30 de janeiro de 2010

4º CONCURSO LITERÁRIO GUEMANISSE DE MINICONTOS E HAICAIS

Objetivando incentivar a literatura no país, dando ênfase na publicação de textos, a Guemanisse Editora e Eventos Ltda. promove o 4º Concurso Literário Guemanisse de Minicontos e Haicais , composto por duas categorias distintas:

a) Contos;

b) Poesias,

o qual será regido pelo seguinte REGULAMENTO

1. Podem concorrer quaisquer pessoas, de qualquer país, desde que os textos inscritos sejam em língua portuguesa. Os trabalhos não precisam ser inéditos e a temática é livre.

2. As inscrições se encerram no dia 08 de se encerram no dia 08 de se encerram no dia 08 de se encerram no dia 08 de janeiro de 2010janeiro de 2010janeiro de 2010janeiro de 2010. Os trabalhos enviados após esta data não serão considerados para efeito do concurso, e, assim como os demais, não serão devolvidos. Para tanto será considerada a data de postagem (correio e internet).

3. O limite de cada MINICONTO é de até 2 (duas) páginas. Os HAICAIS se prendem à sua forma tradicional.

4. Os textos devem ser redigidos em folha A4, corpo 12, espaço 1,5 (entrelinhas) e fonte Times ou Arial.

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5. As inscrições podem ser realizadas por correio ou pela internet da forma seguinte:

a) Via postal (correio): os trabalhos podem ser enviados em papel, CD ou disquete 3 ½ para Guemanisse Editora e Eventos Ltda. CAIXA POSTAL 31.530 - CEP 20780-970 - Rio de Janeiro – RJ;

b) Internet: os trabalhos devem ser enviados, em arquivo Word, para o e-mail [email protected] (com cópia para) [email protected]

6. Tanto os MINICONTOS quanto os HAICAIS devem ser remetidos em 1 (uma) via, devendo, em folha (ou arquivo word) separada, conter os seguintes dados do concorrente:

a) nome completo;

b) nome artístico, com o qual assina a obra e que será divulgado em caso de premiação e/ou publicação; c) categoria a que concorre;

d) data de nascimento / profissão;

e) endereço completo (com CEP) / e endereço eletrônico (e-mail).

7. Cada concorrente pode realizar quantas inscrições desejar.

8. Para a categoria MINICONTOS, o valor de cada inscrição é de R$ 30,00 (trinta reais), podendo o autor inscrever até 3 (três) textos por inscrição. Para a categoria HAICAIS, o valor de cada inscrição é de R$ 30,00 (trinta reais) podendo o autor inscrever até 5 (cinco) textos por inscrição. Os valores devem ser depositados em favor de GUEMANISSE EDITORA E EVENTOS LTDA, na Caixa Econômica Federal, Agência 2264, Oper. 003 Conta Corrente Nº 451-7

9. A remessa do numerário referente à inscrição, quando feita do exterior, deve ser efetuada através dos correios;

10. Os comprovantes de depósito (nos quais os concorrentes escreverão o nome) devem ser remetidos para Guemanisse Editora e Eventos Ltda. pelo correio, pela internet (escaneados) ou para o fax (21) 3734-2005. Nenhum valor de inscrição será devolvido.

11. Os resultados serão divulgados pelo nosso site www.guemanisse.com.br, pela mídia e individualmente (por e-mail) a todos os participantes, no dia 26 de fevereiro de 2010.

12. Cada Comissão Julgadora será composta por 3 (três) nomes ligados à literatura e com reconhecida capacidade artístico-cultural. Ambas as Comissões podem conceder menções

honrosas. 13. As decisões das Comissões Julgadoras são irrecorríveis.

14. Para cada Categoria (Contos e Poesias), a premiação será nos seguintes valores:

a) Premiação em dinheiro: 1º lugar: R$ 3.000,00 (três mil reais) e publicação do texto em livro;

2º lugar: R$ 2.000,00 (dois mil reais) e publicação do texto em livro;

3º lugar: R$ 1.000,00 (mil reais) e publicação do texto em livro.

b) Premiação de publicação em livro:

Os textos premiados, inclusive os que forem agraciados com MENÇÃO HONROSA e/ou MENÇÃO ESPECIAL, serão publicados em livro (sem ônus para seus autores, inclusive de remessa postal) e cada um destes autores receberá dez exemplares, a título de direitos autorais. Os direitos autorais subseqüentes à esta edição são de propriedade dos seus autores, não tendo a Guemanisse nenhum direito sobre os mesmos. Esta edição específica não poderá ultrapassar a tiragem de 2.000 (dois mil) exemplares, e os livros restantes desta edição serão preferencialmente distribuídos por bibliotecas e escolas públicas.

15. A inscrição no presente concurso implica na aceitação plena deste regulamento. http://www.guemanisse.com.br/ [email protected] [email protected]

JOGOS FLORAIS DE CAMBUCI/RJ – 2010

Seção de Cambuci - UBT/RJ

Enviar para:

ALMIR PINTO DE AZEVEDO

PRAÇA DA BANDEIRA, 79 - TEL.: (0xx) 22. 2767.2010. 28.430–000- CAMBUCI – ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Âmbito Nacional e Internacional Tema: MusaTema: MusaTema: MusaTema: Musa (necessidade de usar a palavra do tema) Paralelamente, haverá Concurso Municipal e Estudantil

Sistema de Envelopes.

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O trovador poderá concorrer somente com uma única trovauma única trovauma única trovauma única trova.

Prazo: até 31 de Maio de 2010.até 31 de Maio de 2010.até 31 de Maio de 2010.até 31 de Maio de 2010.

Premiação: 25 de Setembro de 2010

Troféu, Diploma, Hospedagem e Passeio Turístico.

PRÊMIO JORNAL CRUZEIRO DO SUL DE LITERATURA

O Prêmio Jornal Cruzeiro do Sul de Literatura, edição 2009/2010, é aberto à participação de autores de todas as idades, a partir de 10 anos completados até a data da inscrição, que residam nas cidades em que o Jornal Cruzeiro do Sul circula.

Para efeito deste concurso, a área de abrangência fica assim definida: Alumínio, Araçoiaba da Serra, Boituva, Capela do Alto, Iperó, Itapetininga, Itu, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tatuí e Votorantim.

Disposições geraisDisposições geraisDisposições geraisDisposições gerais

1. Cada autor poderá participar com apenas um trabalho inédito. Por trabalho, entende-se um livro original escrito em português, revisado e pronto para publicar.

2. Não será permitida a inscrição de trabalhos com múltiplos autores (antologias).

2.1 Será aceita a inscrição de trabalho acadêmico (texto único) produzido por dois ou mais autores, desde que estes preencham os requisitos fixados neste Regulamento e atendam o que é solicitado no item 9.1.

3. Só serão aceitos autores que nunca tiveram livros publicados. Poderão participar autores que já tenham publicado trabalhos em jornais, revistas e antologias, desde que estes materiais não integrem o trabalho inscrito.

3.1 Funcionários da Fundação Ubaldino do Amaral, Jornal Cruzeiro do Sul e Colégio Politécnico de Sorocaba - Jornal Cruzeiro do Sul - FUA, bem como seus cônjuges e parentes colaterais até segundo grau, além de quaisquer pessoas envolvidas direta ou indiretamente na organização do concurso, não poderão participar.

4. Os trabalhos podem abranger todos os gêneros literários, como romance, conto, crônica, poesia, ensaio, reportagem, historiografia,

memórias, infanto-juvenil, etc., e também trabalhos acadêmicos (as exceções são histórias em quadrinhos e livros infantis ilustrados).

4.1. Não será permitida, nesta etapa, a apresentação de anexos como ilustrações e fotografias, "bonecos", diagramas, layouts, etc.

5. A temática é livre. Biografias devem ser acompanhadas de declaração da pessoa biografada, ou de seus familiares (no caso de pessoa falecida), de que concorda com a publicação do livro.

6. Os trabalhos devem ser enviados pelo Correio, em carta registrada ou Sedex com Aviso de Recebimento, entre os dias 2entre os dias 2entre os dias 2entre os dias 21 de dezembro 1 de dezembro 1 de dezembro 1 de dezembro de 2009 e 09 de janeiro de 2010de 2009 e 09 de janeiro de 2010de 2009 e 09 de janeiro de 2010de 2009 e 09 de janeiro de 2010, sendo considerada a data da postagem no Correio para efeito de inscrição.

6.1. Não serão aceitos trabalhos enviados após a data-limite estabelecida.

7. O envelope deverá indicar externamente: Prêmio Jornal CPrêmio Jornal CPrêmio Jornal CPrêmio Jornal Cruzeiro do Sul de Literaturaruzeiro do Sul de Literaturaruzeiro do Sul de Literaturaruzeiro do Sul de Literatura Assessoria Técnica Assessoria Técnica Assessoria Técnica Assessoria Técnica –––– Fundação Ubaldino do Fundação Ubaldino do Fundação Ubaldino do Fundação Ubaldino do AmaralAmaralAmaralAmaral Avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes Avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes Avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes Avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes 2800280028002800 Alto da Boa Vista Alto da Boa Vista Alto da Boa Vista Alto da Boa Vista –––– Sorocaba Sorocaba Sorocaba Sorocaba –––– SP SP SP SP

CEP 18.013CEP 18.013CEP 18.013CEP 18.013----280280280280

8. O envelope principal, lacrado, deverá conter dois envelopes menores, nos quais serão indicados externamente seus conteúdos, com as frases “ENVELOPE 01 – DOCUMENTAÇÃO” e “ENVELOPE 02 – TEXTO”.

9. O “ENVELOPE 01 – DOCUMENTAÇÃO” deverá ser lacrado e conter:

9.1. Para maiores de 18 anos:

1. Ficha de Inscrição (Anexo I);

2. Cópia do RG e CPF;

3. Comprovante de endereço no nome do inscrito (se o comprovante estiver no nome do cônjuge ou parente, anexar documento que comprove o parentesco, como certidão de nascimento ou casamento);

4. Declarações de autoria, originalidade, etc. (Anexo II).

9.2. Para menores de 18 anos:

1. Ficha de Inscrição (Anexo I) com os dados do autor e do responsável legal;

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2. Cópia do RG ou certidão de nascimento do autor;

3. Comprovante de endereço no nome do responsável legal (se o comprovante estiver no nome do cônjuge ou parente, anexar documento que comprove o parentesco, como certidão de nascimento ou casamento);

4. Declaração do responsável legal de que representa o autor e concorda em seu nome com os termos do Regulamento (Anexo III);

5. Cópia do RG e CPF do responsável legal;

6. Declarações de autoria, originalidade, etc. (Anexo IV)

10. O “ENVELOPE 02 – TEXTO” deverá ser lacrado e conter: 01 CD ou DVD contendo arquivo com o texto completo, SEM IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR, gravado nos formatos “doc” (compatível com Word 2007 ou anterior) e “txt” (sem formatação).

10.1. O texto gravado em formato “doc” deverá ser formatado em fonte Times New Roman, tamanho 12.

10.2. O texto gravado em formato “doc” deverá ser precedido de sinopse de até 20 linhas. 11. A Comissão Julgadora será integrada por representantes da Fundação Ubaldino do Amaral, Jornal Cruzeiro do Sul, Colégio Politécnico de Sorocaba e integrantes da comunidade cultural sorocabana, com experiência no campo literário.

12. Os jurados deverão atribuir notas de 0 a 10 aos trabalhos, tendo em vista os seguintes quesitos:

1. Tema;

2. Originalidade;

3. Estilo;

4. Correção;

5. Produto final.

12.1. Vencerá o concorrente que tiver a maior nota. Se houver empate no primeiro colocado, vencerá o que tiver maiores notas nos quesitos Tema, Estilo e Produto Final.

13. Além do trabalho vencedor (com maior pontuação), os jurados classificarão até o 20º colocado e poderão, a seu critério, atribuir menções honrosas até o limite de 10.

14. Eventuais empates serão resolvidos em reunião da Comissão Julgadora, que proclamará os vencedores e assinará uma ata da reunião.

15. As decisões da Comissão Julgadora serão irrecorríveis.

16. O prêmio para o Primeiro Colocado é a publicação de seu livro, com total de 1.000 (mil) exemplares em papel pólen e capa triplex a 4/0 cores com orelhas.

17. O autor selecionado cederá os direitos de publicação à Fundação Ubaldino do Amaral para a primeira edição, juntamente com 400 exemplares do livro, que serão distribuídos gratuitamente para escolas, bibliotecas, entidades culturais, imprensa e formadores de opinião.

17.1. O lançamento do livro vencedor está previsto para março de 2010.

18. Os 600 exemplares restantes serão entregues ao vencedor, que poderá distribuí-los graciosamente ou, a seu critério, vendê-los ao preço de R$ 20,00, podendo assim obter uma recompensa financeira de até R$ 12 mil.

18.1. O preço de R$ 20,00 não poderá ser alterado, e o produto das vendas dos 600 exemplares se reverterá integralmente para o autor. 19. Serão oferecidos certificados de participação até o 20º colocado, e até dez menções honrosas.

20. Os CDs e DVDs não serão devolvidos.

21. Informações adicionais e dúvidas poderão ser sanadas pelos telefones (15) 2102-5056 e 2102-5057, de segunda a sexta-feira, no horário comercial.

22. Casos omissos neste Regulamento serão decididos pelos organizadores e Comissão Julgadora.

23. Este é um concurso de caráter exclusivamente cultural, sem qualquer modalidade de sorteio ou pagamento, nem vinculado à aquisição ou ao uso de qualquer bem, direito ou serviço, que será realizado pela Fundação Ubaldino do Amaral, com sede na Av. Engº Carlos Reinaldo Mendes, 2800, Alto da Boa Vista, Sorocaba/SP, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 71.466.288/0001-32, organizado por seu periódico "Jornal Cruzeiro do Sul".

24. Os autores, ao inscreverem seus trabalhos, asseguram que os mesmos não estão violando qualquer direito de autor,

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direitos conexos ou direitos personalíssimos de terceiros, acatando eventual denunciação da lide em caso de ajuizamento de ação judicial em face da FUA.

25. Os autores, ao inscreverem seus trabalhos, concordam em ceder à FUA o direito de reprodução dos mesmos somente para fins de divulgação e eventuais promoções relativas ao Concurso.

26. O jornal se reserva no direito de efetuar toda e qualquer ação corretiva que seja necessária para o bom funcionamento do Concurso, bem como de excluir da premiação o participante que agir com má-fé, ou que, direta ou indiretamente, descumprir a legislação ou qualquer cláusula deste regulamento e ainda que tenha preenchido seus dados de forma incorreta ou incompleta. Nesta hipótese, caso o participante desclassificado tenha sido o vencedor do concurso, a premiação a que teria direito será entregue para o próximo colocado que preencha as condições para tanto.

27. Em hipótese alguma, o participante contemplado poderá trocar o prêmio por outro de qualquer espécie ou transferi-lo a terceiros. 28. Serão desclassificados os trabalhos que: sejam confidenciais ou sujeitos a contratos de confidencialidade; possam causar dano a terceiros, seja através de difamação, injúria ou calúnia, danos materiais e/ou danos morais; sejam obscenos e/ou pornográficos; contenham dados (mensagens, informação, imagens) subliminares; contenham dados ou informação que constituem ou possam constituir crime (ou contravenção penal) ou que possam ser entendidos como incitação à prática de crimes (ou contravenção penal); constituam ofensa à liberdade de crença e às religiões; contenham dado ou informação racista ou discriminatória; violem qualquer lei ou sejam inapropriados; tenham intenção de divulgar produto ou serviço ou qualquer finalidade comercial; façam propaganda eleitoral ou divulguem opinião favorável ou contra partido ou candidato; tenham sido produzidos por terceiros; violem direitos de Propriedade Intelectual, em especial direitos autorais e marcários. 29. Os nomes do vencedor do concurso e dos demais colocados serão divulgados no dia 03 de fevereiro de 2010, no "Jornal Cruzeiro do Sul".

30. O “Jornal Cruzeiro do Sul" entrará em contato com o vencedor, via e-mail ou telefone, de acordo com os dados informados no ato da inscrição, até o dia 04 de fevereiro de 2010.

31. Os participantes cedem neste ato, gratuitamente, os direitos patrimoniais de autor e conexos sobre seus trabalhos enviados, e declaram possuir a liberação dos direitos autorais (se houver) e de imagem referentes a obras/imagens de terceiros, porventura utilizados; pelo que, fica assegurado ao Jornal e ainda terceiros por este autorizados o direito de utilização de todos os trabalhos participantes desta seleção, a seu exclusivo critério, inclusive para fins comerciais, em qualquer meio e/ou mídia, nos termos do artigo 49 da Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98).

32. Os participantes do concurso cultural, incluindo o vencedor, assumem total e exclusiva responsabilidade a respeito de todas e quaisquer eventuais reivindicações de terceiros que se sintam prejudicados por suas participações no concurso. Todos os participantes declaram que seus textos são originais. Em caso de plágio de qualquer espécie o Jornal não responderá pelo ato do participante, sendo este responsável por eventuais ônus ou danos a terceiros, respondendo integral e exclusivamente, além de ser desclassificado do concurso e consequentemente perder o direito de concorrer ao prêmio.

33. Os participantes autorizam, desde o ato da inscrição, a veiculação de seus nomes, imagens e som de voz, sem limitação de espécie alguma para utilização das mesmas nos veículos de comunicação pertencentes à FUA ou parceiros, bem como em fotos, cartazes, filmes, spots e em qualquer tipo de mídia e peças promocionais para a divulgação da conquista do prêmio. O Jornal poderá ainda utilizar-se dos trabalhos em quaisquer outros suportes, mídias e/ou meio de transmissão digital, com ou sem provedor, sem que tenha que fazer quaisquer pagamentos para tanto.

34. A participação neste concurso não gerará qualquer outra vantagem ou direito que não estejam expressamente previstos neste regulamento.

35. Este concurso, assim como seu regulamento, poderão ser alterados, suspensos ou cancelados, mediante aviso

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publicado no jornal Cruzeiro do Sul, por motivo de força maior, ou por qualquer outro fator imprevisto que esteja fora do controle da FUA e que comprometa o regular andamento do mesmo. Neste caso, os trabalhos já enviados serão devolvidos aos autores.

36. O regulamento completo deste concurso será publicado no site www.cruzeirodosul.inf.br. 37. A mera participação neste concurso implica na total aceitação deste Regulamento, bem como dos demais documentos necessários para a inscrição.

38. Aplica-se a este Prêmio a legislação brasileira e fica eleito o foro da Comarca de Sorocaba/SP para dirimir quaisquer controvérsias oriundas deste.

Atenção: As fichas de inscrição e declarações podem ser encontrados nos anexos em http://www.cruzeirodosul.inf.br/premiodeliteratura/

CONCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA 2010 DA UBE-RJ

A União Brasileira de Escritores (UBE-RJ) dá prosseguimento ao seu projeto iniciado há mais de cinquenta anos e promove novo CONCURSO literário de caráter internacional.

UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES (UBE/RJ) Integrante da Federação Latinoamericana de Sociedades de Escritores

20021-350 Rua Teixeira de Freitas, 5 s/303 –

Centro. Rio de Janeiro, RJ – Brasil.

Fundada em 27 de agosto de 1958.

COCOCOCONCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA NCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA NCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA NCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA PARA 2010.PARA 2010.PARA 2010.PARA 2010.

R E G U L A M E N T OR E G U L A M E N T OR E G U L A M E N T OR E G U L A M E N T O

I I I I ---- DOS PRÊMIOS DOS PRÊMIOS DOS PRÊMIOS DOS PRÊMIOS

Art. 1.° - Ainda com a ressonância do JUBILEU DE OURO recém-comemorado (1958/2008), a União Brasileira de Escritores (UBE-RJ) concederá, no próximo ano (2010), os seguintes prêmios literários para livros editados em 2009:

– Contos - PRÊMIO CLARICE LISPECTOR;

– Crônicas - PRÊMIO PAULO MENDES CAMPOS;

– Ensaio - PRÊMIO AMELIA SPARANO;

– Literatura Infantil e Juvenil - PRÊMIO VIRIATO CORRÊA; – Poesia – PRÊMIO ADALGISA NERY;

– Romance - PRÊMIO LÚCIO CARDOSO;

– Teatro - PRÊMIO MARTINS PENA.

Parágrafo único - Para livro de contos, será concedida também a MEDALHA HARRY LAUS, apenas para o primeiro colocado.

Art. 2° - A critério das Comissões Julgadoras poderão ser concedidas às obras concorrentes a qualquer dos prêmios uma menção especial e uma menção honrosa, exceto a Medalha Harry Laus que terá somente um ganhador. II II II II ---- DA APRESENTAÇÃO DAS OBRAS DA APRESENTAÇÃO DAS OBRAS DA APRESENTAÇÃO DAS OBRAS DA APRESENTAÇÃO DAS OBRAS CONCORRENTESCONCORRENTESCONCORRENTESCONCORRENTES Art. 3° - Poderão concorrer autores de quaisquer nacionalidades, desde que se expressem em língua portuguesa e tenham sido editados no ano de 2009. Enviar três exemplares da obra concorrente.

§ 1° - O autor deverá anexar envelope contendo: título da obra, nome e endereço completo do autor, telefone, e-mail (se houver) e sucinto curriculum vitae.

§ 2° - Não haverá devolução de livros concorrentes. III III III III ---- DAS INSCRIÇÕES E DOS PRAZOS DAS INSCRIÇÕES E DOS PRAZOS DAS INSCRIÇÕES E DOS PRAZOS DAS INSCRIÇÕES E DOS PRAZOS

Art. 4° - Não há limitação quanto ao número de livros por autor, observadas as disposições do Art. 3.° e seus parágrafos.

Art. 5° - Os trabalhos deverão ser enviados entre os dias 4 de janeiro a 15 de maio de 2010, considerando-se, no caso de remessa pelo correio, a respectiva data da postagem.

Art. 6° - Os livros concorrentes a prêmios devem ser remetidos, em separado por categoria, para o seguinte endereço: Rua Teixeira de Freitas, 5, Sala 303 - Lapa, CEP 20021-350 - Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Solicita-se colocar no envelope ou embalagem o nome do prêmio a que se destina(m) a(s) obra(s).

Art. 7° - É vedada a participação de membros da Diretoria da UBE-RJ.

IV IV IV IV ---- DAS COMISSÕES JULGADORAS E ACEITAÇÃO DAS COMISSÕES JULGADORAS E ACEITAÇÃO DAS COMISSÕES JULGADORAS E ACEITAÇÃO DAS COMISSÕES JULGADORAS E ACEITAÇÃO DOS CONCORRENTESDOS CONCORRENTESDOS CONCORRENTESDOS CONCORRENTES

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Art. 8° - As comissões julgadoras serão constituídas, cada uma, por três escritores indicados pela Diretoria da União Brasileira de Escritores (UBE-RJ), sendo irrecorríveis as decisões desses Colegiados.

Art. 9° - A participação no concurso implica a aceitação, por parte do concorrente, de todas as exigências regulamentares, resultando em desclassificação o não-cumprimento de quaisquer destas.

Art. 10° - O resultado do concurso será tornado público até 90 (noventa) dias após o encerramento das inscrições, devendo a entrega dos prêmios ser em data e local previamente anunciados. Art. 11 - Qualquer informação ou correspondência, enviar para a Secretária da UBE-RJ Margarida Finkel - Rua Malvino Ferreira de Andrade, 69, Aleixo - CEP 25900-000 – Magé, RJ, Brasil. E-mail: [email protected]

Art. 12 - Os casos omissos no presente Regulamento serão resolvidos pela Diretoria da UBE-RJ. Rio de Janeiro, RJ, 30 de outubro de 2009.

EDIR MEIRELLES

Presidente da UBE-RJ

6º PRÊMIO BARCO A VAPOR DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL 2010

Prazo de inscrição: 19 de fevereiro de 19 de fevereiro de 19 de fevereiro de 19 de fevereiro de 2010.2010.2010.2010. Categoria: livro infantil e juvenil.

Séries: Branca [Leitor iniciante - a partir de 6 anos];

Azul [Leitor em processo - a partir de 8 anos];

Laranja [Leitor fluente - a partir de 10 anos];

Vermelha [Leitor crítico - a partir de 12 anos] Tema: livre

Máximo de obras: poderá apresentar mais de um original

Premiação: R$ 30.000,00 e publicação

Divulgação do resultado: não definido

REGULAMENTO REGULAMENTO REGULAMENTO REGULAMENTO 1. Participação está aberta a escritores de todas as nacionalidades com mais de 18 anos que apresentem originais dirigidos a leitores entre 6 e 13 anos. Funcionários de Edições SM e da Fundação SM e/ou seus parentes em primeiro grau não poderão participar.

2. Poesia, coletânea de contos e teatro não serão aceitos.

3. Os originais deverão ser inéditos e escritos em língua portuguesa. Entende-se por inédito o original não editado e não publicado (parcialmente ou em sua totalidade) em antologias, coletâneas, suplementos literários, jornais, revistas, sites e publicações do gênero. O candidato poderá apresentar mais de um original.

4. A extensão dos originais deverá obedecer aos critérios da série na qual queira participar: - Série Branca [Leitor iniciante - a partir de 6 anos]: entre 8 e 15 laudas*

- Série Azul [Leitor em processo - a partir de 8 anos]: entre 20 e 45 laudas*

- Série Laranja [Leitor fluente - a partir de 10 anos]: entre 45 e 90 laudas*

- Série Vermelha [Leitor crítico - a partir de 12 anos]: entre 70 e 150 laudas*

* Lauda de aproximadamente 1.200 caracteres com espaço. 5. O candidato deverá enviar 4 (quatro) cópias de cada original, obedecendo à seguinte formatação: - Word, fonte Times New Roman, corpo 12, espaçamento duplo, margem de 2,5 cm - Páginas numeradas e impressas em papel carta ou A4, grampeadas ou encadernadas com folha de rosto na qual deverão constar o título da obra e o pseudônimo do autor. - Os originais não precisam ser enviados com ilustrações. Caso o original esteja pronto, já com as ilustrações inseridas, o autor poderá enviá-las, mas elas não serão avaliadas pelo júri. Independente das ilustrações, o original tem que ter o mínimo de laudas digitadas exigidas para não ser desclassificado. 6. Os originais deverão ser endereçados e encaminhados a Prêmio Barco a Vapor, Rua Gomes de Carvalho, 1511 - Mezanino - Vila Olímpia - 04547-005 - São Paulo, SP. No envelope deverá constar o município e UF de procedência. O atendimento direto será efetuado de segunda a sexta, no horário comercial (das 9h às 12h e das 14h às 17h).

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7. As inscrições estarão abertas de 04/09/2009 a 19/02/2010. Após esta data não serão mais aceitos originais. Para efeito de inscrição, será considerada a data de postagem do material encaminhado por correio. 8. A identificação dos originais deverá ser feita por meio de pseudônimo escolhido pelo autor. O pseudônimo não deverá ter nenhuma semelhança ou referência ao nome do autor. Todas as cópias deverão ser identificadas somente pelo pseudônimo. Em envelope lacrado e identificado com o pseudônimo, o participante deverá apresentar seus dados pessoais (nome completo, endereço, telefone, e-mail, número de RG, profissão). 9. O júri será nomeado pela Fundação SM e formado por especialistas em literatura e escritores de reconhecido prestígio. A composição do júri será mantida em segredo até a nomeação do ganhador. 10. A decisão do júri será irrevogável e anunciada por ocasião da entrega do 6º Prêmio Barco a Vapor, em data e local a serem determinados. O resultado do concurso será publicado no segundo semestre de 2010 na página de Edições SM: www.edicoessm.com.br 11. Será outorgado apenas um prêmio, que será a publicação do original na coleção Barco a Vapor, de Edições SM. O vencedor firmará um contrato de edição, em comum acordo com Edições SM depois de anunciado o resultado. 12. No ato da assinatura do contrato de edição, o autor receberá R$ 30.000,00 como adiantamento de direitos autorais. 13. A edição do original vencedor obedecerá aos critérios da coleção Barco a Vapor: - Série Branca: Leitor iniciante - a partir de 6 anos - Série Azul: Leitor em processo - a partir de 8 anos - Série Laranja: Leitor fluente - a partir de 10 anos - Série Vermelha: Leitor crítico - a partir de 12 anos 14. O júri poderá não outorgar o prêmio.Todos os casos não previstos nas normas desta convocatória serão resolvidos diretamente pela Fundação SM. 15. Edições SM poderá manifestar interesse por trabalhos inscritos não premiados. Assim, durante o prazo de 6 (seis) meses, a contar da data de divulgação do vencedor, a editora poderá estabelecer contato com os autores de obras recomendadas pelo júri, para adquirir os direitos de publicação.

16. Os originais em desacordo com estas normas serão desclassificados. 17. Os originais e demais documentos entregues à Fundação SM não serão devolvidos. 18. A apresentação de originais para concorrer ao Prêmio Barco a Vapor implica em expresso acordo às normas aqui expressas. Para mais informações acesse as perguntas mais frequentes para ou envie e-mail para [email protected]

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ESTANTE DE

LIVROS

Átila José Borges

A Menina e o General Neste livro, o autor narra sobre O Cerco da Lapa (revolução Federalista) e a Guerra do Contestado, marcos da história paranaense que servem de pano de fundo para relatar a vida de Maria Rosa, uma menina de 15 anos criada no sertão catarinense que comanda 8 mil homens e vence o Exército para defender a sua terra. Um romance repleto de fatos históricos importantes do Paraná e que ainda traz uma heroína pouco conhecida. A idéia para escrever sobre Maria Rosa surgiu após a repercussão de seu outro livro, Peludos x Pelados - A Guerra do Contestado, no qual Maria Rosa foi abordada rapidamente. “Muitas pessoas comentaram e queriam saber mais sobre ela. Por isso, decidi fazer um livro sobre Maria Rosa, uma menina criada no sertão catarinense, analfabeta, isolada do mundo, e que de repente estava em cima de um cavalo, com um facão em uma mão”, comenta Borges. Para o autor, Maria Rosa pode ser considerada uma versão tupiniquim de Joana D’Arc. “Maria Rosa foi a mulher com a personalidade mais marcante da história do nosso País”, avalia. HistóriaHistóriaHistóriaHistória O pai de Maria Rosa, ainda solteiro, luta no Cerco da Lapa (1893) ao lado do Coronel Carneiro, que acaba sendo alvejado (promovido a

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General antes de sua morte). Ele então foge para o interior de Santa Catarina, onde forma sua família e onde nasce a sua filha Maria Rosa. Diante de conflitos causados por opressão de construtores da ferrovia entre Rio Grande do Sul e São Paulo, eclodiu um movimento social grande. Os caboclos da região se juntam ao monge José Maria para lutar por suas terras durante uma onda de expulsão e morte da população local. O movimento vai ganhando força até que João Gualberto tenta coibir o monge e seus seguidores. Ele e o monge José Maria são mortos. Neste panorama da Guerra do Contestado (1912), entende-se que Maria Rosa, com então 15 anos, seria a substituta para liderar o grupo. O Exército vai de encontro dos caboclos, mas estes, liderados por Maria Rosa, vencem o conflito. O estilo historiográfico do romance mostra a importância do Cerco da Lapa e a Guerra do Contestado, os militares e as pessoas humildes que lutavam pela sobrevivência. Ele mostra as causas que conduziram o povo à rebelião. Os personagens são descritos com detalhes. A linguagem, o pensamento, os usos e costumes, as crendices do cotidiano sertanejo são retratados no romance. Os fatos destes marcos históricos, através de pesquisa realizada por Átila, permitem ao leitor não só ler sobre estas guerras cheio des descrições, mas vivencia-las através da jornada realizada de Eliasinho da Serra, Quinzinho, do polaco Antonio Aracheski e seu cão Fuminho, que a princípio se alistam no exército do Coronel Antonio Ernesto Gomes Carneiro para defender a Lapa dos federalistas de Guimercindo Saraiva, revoltosos chamados de maragatos. Escrito de forma dinâmica, recheada de detalhes dos eventos, o romance nos transporta ao passado, fazendo com que fiquemos apreensivos, felizes e sintamos tristeza, como quando da morte do câozinho do polaco, Fuminho, é morto pelos maragatos. Um livro de uma linguagem simples, sem firulas, que nos prende a cada página. Borges fez uma grande pesquisa e esteve na região da Guerra do Contestado para escrever o livro. A publicação traz ainda fotos e ilustrações sobre as passagens descritas. O Cerco da LapaO Cerco da LapaO Cerco da LapaO Cerco da Lapa A divergência teve inicio com atritos ocorridos entre aqueles que procuravam a autonomia estadual, frente ao poder federal e seus opositores. A luta armada atingiu as regiões compreendidas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

O Cerco da Lapa foi um episódio que ocorreu durante a Revolução Federalista em 1894, quando a cidade de Lapa (Paraná) tornou-se arena de um sangrento confronto entre as tropas republicanas, os chamados pica-paus (legalista) e os maragatos (federalista), contrários ao sistema presidencialista de governo. Lapa resistiu bravamente até que os lapeanos comandados pelo Coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro, caíram em combate. Resistiram ao cerco por 26 dias, mas sucumbiram ante ao maior número do exército Federalista. A batalha deu ao Marechal Floriano Peixoto, chefe da República, tempo suficiente para reunir forças e deter as tropas federalistas. Ao todo foram 639 homens entre forças regulares e civis voluntários, lutando contra as forças revolucionárias formadas por três mil combatentes A obstinada resistência oposta às tropas federalistas na cidade de Lapa (Paraná), pelo Coronel Coronel Carneiro, frustrou as pretensões rebeldes de chegarem à capital da República. A resistência da Lapa impediu o avanço da revolução. Gumercindo, então impedido de avançar, bateu em retirada para o Rio Grande do Sul. A Guerra do Contestado eA Guerra do Contestado eA Guerra do Contestado eA Guerra do Contestado e suas causas suas causas suas causas suas causas A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Parará e Santa Catarina. A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo construída por uma empresa norte-americana, com apoio dos coronéis (grandes proprietários rurais com força política) da região e do governo. Para a construção da estrada de ferro, milhares de família de camponeses perderam suas terras. Este fato gerou muito desemprego entre os camponeses da região, que ficaram sem terras para trabalhar. Outro motivo da revolta foi a compra de uma grande área da região por de um grupo de pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida para o estabelecimento de uma grande empresa madeireira, voltada para a exportação. Com isso, muitas famílias foram expulsas de suas terras. O clima ficou mais tenso quando a estrada de ferro ficou pronta. Muitos

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trabalhadores que atuaram em sua construção tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por parte da empresa norte-americana ou do governo. Diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares de seguidores, principalmente de camponeses sem terras. Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem da região. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para o local, com o objetivo de desarticular o movimento. Os soldados e policiais começaram a perseguir o beato e seus seguidores. Armados de espingardas de caça, facões e enxadas, os camponeses resistiram e enfrentaram as forças oficiais que estavam bem armadas. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes, na maioria camponeses, morreram. Maria Rosa é como ficou conhecida a personagem brasileira que foi uma das líderes da Guerra do Contestado (1912-1916). Dizem os historiadores que, com apenas 15 anos, Maria Rosa lutou como homem nesta guerra. Considerada como uma Joana D'Arc do sertão, "combatia montada em um cavalo branco com arreios forrados de veludo, vestida de branco, com flores nos cabelos e no fuzil". Assumiu a liderança espiritual e militar de todos os revoltosos do Contestado, após a morte do monge João Maria. Maria Rosa morreu em 28 de Março de 1915, da vila de Reinchardt, lutando contra o capitão Tertuliano Potyguara e um efetivo de cerca de 710 homens. Maria Rosa morreu às margens do rio Caçador. Os termos "maragato" e "pica-pau", usados para se referir às duas grandes correntes políticas gaúchas, e identificados, respectivamente, com o uso do lenço vermelho e do lenço branco, surgiu no Rio Grande do Sul em 1893, durante a Revolução Federalista. Eram chamados de Pica-paus durante a Revolução Federalista de 1893 no Rio Grande do Sul - os opositores dos maragatos. Os pica-paus estavam no poder com Júlio de Castilhos e tinham forte vínculo com o Governo Federal. Por razões políticas eclodiu a Revolução

Federalista em 1893, em que a reação veio dos chamados Maragatos ou Federalistas, com visão descentralizadora. . O motivo da alcunha veio pelo chapéu usado pelos militares que apoiavam essa facção. Eles usavam listras brancas que, segundo os revolucionários, seriam semelhantes a um tipo de pica-pau do Sul do Brasil. Esta denominação se estendeu a toda facção. O termo maragato no Brasil foi usado pela primeira vez para se referir uma das duas grandes correntes políticas gaúchas, formadas no final do século XIX e identificadas, respectivamente, com o uso do lenço vermelho. Surgiu no Rio Grande do Sul em 1891, no esteio da Revolução Federalista. Os maragatos foram os que iniciaram a revolução, que tinha como justificativa a resistência ao excessivo controle exercido pelo governo central sobre os estados. O objetivo da revolução seria, portanto, garantir um sistema federativo, e a adoção da forma parlamentarista de governo. Defendiam o credo político pregado por Gaspar da Silveira Martins, adversário de Júlio de Castilhos, do Partido Republicano Riograndense - PRR. A origem do termo tem uma explicação complexa. No Uruguai eram chamados de maragatos os habitantes da cidade de San José de Mayo, Departamento de San José, talvez porque os seus primeiros habitantes fossem descendentes de maragatos espanhóis. "Na província de León, Espanha, existe uma comarca denominada Maragateria, cujos habitantes têm o nome de maragatos, e que, segundo alguns, é um povo de costumes condenáveis; pois, vivendo a vagabundear de um ponto a outro, com cargueiros, vendendo e comprando roubos e por sua vez roubando principalmente animais; são uma espécie de ciganos. " (Romaguera). Os maragatos espanhóis eram eminentemente nômades, e adotavam profissões que lhes permitissem estar em constante deslocamento. Na época da revolução, os republicanos legalistas usavam esta apelação como pejorativa, atribuindo-lhes propósitos mercenários. A realidade oferecia alguma base para essa assertiva — o caudilho estrategista brasileiro Gumercindo Saraiva, um dos líderes da revolução, havia entrado no Rio Grande do Sul vindo do Uruguai pela fronteira de Aceguá (Uruguai), no Departamento de Cerro Largo, comandando uma tropa de 400 homens entre os quais estavam uruguaios. A família de Gumercindo, embora de origem portuguesa, possuía campos em Cerro Largo. No entanto, dar esse apelido aos revolucionários foi um tiro que saiu pela culatra. A

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denominação granjeou simpatia. Os próprios rebeldes passaram a se denominar "maragatos", e chegaram a criar um jornal que levava esse nome, em 1896.

Moacyr Scliar

Na Noite do Ventre, o diamante

Na pequena aldeia judaica no sul da Rússia, a cada sexta-feira, na festa do Shabat, a cena se repetia na casa de Itzik Nussembaum. Esther, sua mulher, apresentava ao marido e aos dois filhos o dedo anular – segundo ela, apenas um dedo feio e maltratado em mãos feias e matratadas – e, num gesto reverente, solene, orgulhoso, coloca nele o velho anel da família. Que tem um belíssimo diamante engastado. É este diamante o centro de uma história fascinante que começa em 1662 numa vila escondida de Minas Gerais, onde é encontrado. Do século XVII, o diamante é levado do Arraial da Cabra Branca por um cristão-novo que foge da Inquisição para a Holanda. Na Europa, a pedra é lapidada por um discípulo do Spinoza - numa das mais belas passagens do livro, em que se associam as idéias geniais do filósofo ao valor de mercadorias e ao sentido da própria vida. Roubada por outro discípulo de Spinoza, o diamante chega à Rússia, onde se torna herança de família e passar a ser usado por Esther Nussembaum. Quando esta família decide fugir da Rússia, já no começo do século XX, para tentar vida nova no Brasil, se dão conta de que a única coisa valiosa que possuem é o diamante. Com medo dos bandidos na fronteira, fazem com que um dos filhos engula o aro do anel e, o outro, a pedra preciosa. Este último, Gregório, fica com o diamante preso no intestino, o que gera terríveis dramas familiares. Numa narrativa engenhosa, Moacyr Scliar traz à cena figuras como o padre Antonio Vieira e o filósofo Spinoza, tornando o leitor cúmplice de um saboroso jogo entre realidade e ficção e conduzindo-o a um final absolutamente inesperado. Há muitos anos Scliar tinha em mente a história de um diamante viajando no tempo e no mundo. O convite para que assinasse o livro inspirado no dedo anular caiu, literal e

metaforicamente, como luva - e assim Na Noite do Ventre, o diamante encerra de forma brilhante a coleção Cinco Dedos de Prosa. Moacyr Scliar é também médico, membro da Academia Brasileira de Letras, autor de 73 livros, bem como professor na área de saúde pública no Rio Grande do Sul, seu estado natal.

Francisco Sinke Pimpão

O Dia em que a Muiraquitã virou Gente

Quando um escritor escreve um romance, ele faz um ofício de fé, pois uma vez lançada a idéia, por meio de enredo há muito tempo engendrado, não a segura mais, pois a palavra é mais forte do que um tiro de canhão ou o ferimento de um punhal, fere aqui, ali, acolá e continua ferindo sempre. Por isso, ao se tomar uma iniciativa de tal ordem, há que se ter o cuidado para que ela seja o portador da paz, concórdia e harmonia, levando a mensagem diretamente aos corações dos leitores. Em outras palavras, o autor deve ter em mente que lançar um livro é como mandar um filho para a guerra, através do mar proceloso. A trama está bem ordenada, de forma a prender a atenção e o interesse do leitor. No conteúdo, o livro transmite preciosas lições de vida, úteis a todos, acima de tudo pelo poder dos exemplos. O novel romancista, possuidor de notáveis atributos intelectuais, oferece aos leitores uma agradável e profícua leitura. Oxalá seja esta a primeira de muitas obras literárias. Parabéns ao autor, pela qualidade de seu trabalho. (Valter Martins de Toledo) O livro conta a história de João Batista Souza Lino Sotto Maior, filho de imigrantes portugueses estabelecidos no Brasil em fins do século XIX, tradicional família ligada ao ramo da tecelagem. Inteligente, bem educado e culto, João decide ser médico a tomar a frente dos negócios da família. A princípio contrariado, seu pai vê com orgulho o sucesso e o reconhecimento do filho, no Brasil e no exterior, como um grande cirurgião. Uma tragédia pessoal vai mudar de maneira drástica o destino desse homem apaixonado pela vida e pela profissão. Abandonando tudo que construíra e deixando de lado tudo aquilo em que acreditava, João vai se embrenhar e buscar

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refúgio nos confins da Amazônia, muito distante daquilo que comumente chamamos civilização. É nesse cenário, povoado por lendas e histórias que o povo da região ribeirinha acredita que João vai viver sua maior aventura. Da resistência ao passado, que o transformara num homem rude e cético, ao reencontro com a vida e com o amor, João verá, mais uma vez, seu destino ser mudado pela presença de uma mulher; menina-moça inocente e pura, que irá confrontá-lo com suas dores, pecados e mazelas. MUIRAQUITÂMUIRAQUITÂMUIRAQUITÂMUIRAQUITÂ Muiraquitã é um amuleto indígena. Segundo a lenda era retirado sob a inspiração de Iaci (lua) do fundo de um lago denominado Espelho da Lua (Iaci-uaruá) na proximidade das nascentes do rio Nhamundá, perto do qual habitavam as índias Icamiabas, nação das legendárias mulheres guerreiras que os europeus chamaram de Amazonas (mulheres sem marido). O lago era consagrado à Lua, pelas Icamiabas, onde anualmente realizavam a Festa de Iaci, divindade mãe do Muiraquitã, que lhe oferecia o precioso amuleto retirado do leito lacustre. Oferecido pelas guerreiras amazonas aos índios da aldeia vizinha, os guacaris, logo após acasalarem em noites de lua cheia. Depois do acasalamento, pouco antes da meia-noite, com as águas serenas e a Lua refletida no lago, as índias nele mergulhavam até o fundo para receber de Iaci os preciosos talismãs, com a configuração que desejavam, recebendo-os ainda moles, petrificando-se em contato com o ar, logo após saírem d’água

Uma versão da fábula diz que os rebentos do sexo masculino nascidos dessa união eram entregues aos guacaris. As meninas permaneciam com a tribo feminina. O amuleto conferia status e poderes mágicos ao seu possuidor. Bem pequenos e, por isso mesmo, alvo fácil de roubos e contrabandos, os muiraquitãs, quase sempre confeccionados em rochas esverdeadas, tinham em geral forma de sapos. Mais raramente, podiam ser talhados também em rochas brancas, em formatos de morcegos, peixes e homens.

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Francisco Sinke Pimpão

Francisco José Sinke Pimpão, nascido em Curitiba no ano de 1953, é Bacharel em Administração e sócio de uma empresa de consultoria. Nos últimos anos tem-se dedicado ao estudo e aplicabilidade da Gestão de Processos nas Organizações, fruto de 27 anos de atuação no mercado. Com

pós-graduação em Marketing e tendo concluído diversos cursos no Brasil e exterior, escreveu diversos artigos publicados em livros e revistas especializadas. Atualmente é redator e coordenador de web sites.

Matheus Dantas (organizador)

Rodamundinho 2009

Lançamento da 2ª edição do

Rodamundinho realizado na Biblioteca Municipal de Sorocaba, durante a Expo-Literária, no sábado, dia 24 de outubro de 2009.

Em maio, os organizadores receberam inscrições de Sorocaba e região e até mesmo crianças da cidade de Serafina Corrêa, do Rio Grande do Sul, inscreveram-se por intermédio de sua professora.

Com iniciativa de Douglas Lara e Alexandre Latuf, o Rodamundinho 2009 tem uma característica interessante: Matheus Dantas, o coordenador deste ano participou o ano passado com textos de sua autoria. Como Matheus ultrapassou a idade para participar e envolveu-se bastante com o projeto, foi convidado pelos organizadores a coordenar o projeto. Foi ele que manteve contato com as crianças e reuniu os textos que serão apreciados a partir do próximo sábado. A capa deste ano ficou a cargo de Maria do Carmo Coelho Gozzano, a Maiá, que sempre colabora com o Cruzeirinho, com ilustrações para as historinhas e datas comemorativas.

É uma antologia - seleção de textos - gerada com muito talento pelos seus participantes reunindo poesias, contos e crônicas, sobre amor, natureza, escola, família, viagens, entre outros. O projeto selecionou autores de Sorocaba e Região para participarem gratuitamente dessa antologia. Todo o projeto tem o objetivo de estimular a leitura e a escrita aos jovens.

Este ano de 2009 os participantes do Rodamundinho são: Amanda Kalil Soares Leite, Ana Paula Rodrigues, Anna Laura Rodrigues Alba, Carla Marli Comin, Carolina Arakaki de Camargo, Elaine de Quadro, Ellen Cristina Garcia de Andrade, Evelyn Dias Jorge, Evelyn Jessica Marques Campanholi, Fabiana do Nascimento

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Gonçalves Trindade, Felipe Calegare Carranza, Fernanda Freire Reche, Gabriela Olsen Federige, Gabrieli Cristina Conceição Camargo, Gulherme Brancalhome de Andrade, José Estevão Pinto de Oliveira, Júlia Bonventi Nunes, Júlia Cepellos Moreno Romeiro, Júlia de Oliveira Marchetti, Julia Mira dos Santos, Larissa da Silva Vendrami, Larissa Miranda de Oliveira, Laura de Oliveira Marchetti, Maria Eduarda de Moura Paschoal, Maria Giulia Jacção Alves, Maria Luisa Alexandrino Dias, Maria Luiza Levy Lemes, Marília Birochi Saragoça, Matheus Balbino Ghiraldi, Natã Vicente da Silva, Paulo Cesar dos Santos Silva, Pedro de Almeida Pecora, Raul Cabral, Rejane Maieri Pedroso, Stefanie Gomes Gonçalves, Talhia Portella Maia , Vitória Amorim, Yasmin Ampese Maté, Whintina Talita dos Santos Almeida Rocha.

Livro escrito por 39 jovens de até 15 anos, 96 páginas de prosa e verso para leitores de todas as idades.

A GRALHA AZULA GRALHA AZULA GRALHA AZULA GRALHA AZUL

A Gralha Azul (Cyanocorax caeruleus) é um ícone do Paraná, semeadora do pinheiro paranaense (Araucária angustifolia), foi declarada ave símbolo do Paraná pela Lei Estadual n. 7.957 21 de novembro de 1984: Art. 1º. - É declarada ave-símbolo do Paraná o passeriforme denominado Gralha-Azul, Cyanocorax caeruleus, cuja festa será comemorada anualmente durante a semana do meio ambiente, quando a Secretaria da Educação promoverá campanha elucidativa sobre a relevância daquela espécie avícola no desenvolvimento florestal do Estado, bem como no seu equilíbrio ecológico. Desde modo, a gralha azul como a árvore araucária, passaram a morar não só na natureza, mas também no coração de todos os paranaenses. A secretaria de Educação do Estado do Paraná, publicou uma cartilha com 21 páginas em 1988, distribuída a todas as escolas da rede municipal e estadual, na qual são divulgadas em nível popular, um volume razoável de informações científicas sobre a gralha azul. Trata-se da primeira iniciativa neste sentido em que são fornecidas informações sobre o habitat natural, os deslocamentos na floresta, a alimentação, o sistema de comunicação, a reprodução e a relação com a araucária. A Secretaria do Interior, Agricultura, Planejamento, Saúde e Bem-Estar

Social lutam em um esforço conjunto pela defesa do meio ambiente propiciando assim, o direito à vida e proliferação desta ave, principalmente no que se refere à araucária Araucaria augustifolia. Simbolismo dos corvos e da gralhaSimbolismo dos corvos e da gralhaSimbolismo dos corvos e da gralhaSimbolismo dos corvos e da gralha----azulazulazulazul Os corvos, aves que formam a grande família dos corvídeos, são associados com frequência a divindades míticas maléficas, sendo muitas vezes seus mensageiros ou observadores. As bruxas, cujos arquétipos vêm já da Idade Média, foram perpetuadas pelas revistas em quadrinhos e outros meios de entretenimento infantil como tendo um corvo pousado ao ombro ou em um poleiro estrategicamente posicionado nas proximidades do caldeirão. Na própria clássica obra Eneida de Virgílio (71-18 a.C.), consta pejorativamente um corvídeo:

“Sozinha a ruim gralha, a passear na areia, A chuva anda a chamar com voz roufenha e

cheia.”

Das formas de ultraje do cadáver do inimigo, a mais recorrente é o negar-lhe as honras fúnebres, deixando-o para ser devorado pelas feras. É o abutre, junto com o cão, quem no mais das vezes encarrega-se disso. Entretanto, desde a Ilíada (atribuída a Homero), corvos também aparecem dilacerando um cadáver numa vívida descrição:

"...corvos virão lacerar-te as tenras carnes, aos bandos, batendo, ruidosos,

as asas ".

Por vezes, o corvo é motivo de inveja, visto seus atributos etéreos, embora malditos por essência:

“Tenho inveja de ti, de ti que és negro e feio, Quando te vejo assim, pelo infinito afora

Os ares recortando, entre nuvens! Que anseio De ser corvo também, de ter azas agora...

...Conheça embora que és um carniceiro torvo E te compare - alando as tuas azas de corvo - A um farrapo de treva a livrar-se no azul!”.

No cinema contemporâneo foi lembrado da mesma forma, às vezes como uma praga que chegava a atacar pessoas, outras como personificação de pessoas desencarnadas ou elos entre o mundo vivo e o dos mortos. Na literatura, o corvo foi também bastante explorado, auge atingido pelo famoso The raven de Edgar A.Poe, traduzido por vários autores luso-

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brasileiros desde Machado de Assis até Fernando Pessoa. Tanto no Ocidente como no Oriente, devido à sua cor negra, canto crocitante e impertinência, relaciona-se a figura de mau agouro, anunciadora de doenças, guerras e mortes, assim como simboliza o pecado capital da gula. Em algumas culturas do Oriente próximo e do Leste Asiático pode, ao contrário, simbolizar o sol, a luz e a inteligência. Na mitologia escandinava, dois corvos, Hugin (pensamento) e Munin (memória), estão ao lado de Odin, divindade suprema. A espécie norte-americana conhecida como “gaio-azul” (Cyanocitta cristata) possui grande importância nos rituais xamanísticos de indígenas norte-americanos da tribo Cherokee. Estão presentes ainda, no folclore dos Bosquímanos e de várias outras culturas, sempre como materialização de espíritos não celestiais (daemons) ou dos próprios feiticeiros, muitas vezes apresentando paralelos impressionantes com a mitologia grega. Para os povos ciganos, o corvo é enviado pela sabedoria e sua atuação é exemplar: mais vale morrer que viver sem honra. Entre várias sociedades do nordeste da antiga União Soviética, como o Koriaque e os Itelmenos, o corvo e sua família são também considerados ancestrais e heróis culturais. Algumas famílias européias tradicionais, muitas delas de origem obscura ou associadas a eventos soturnos, absorveram o corvo como símbolo, fazendo surgir, por exemplo sobrenomes como Corvi e Corvinus. Era, por exemplo, Matias Corvinus (1458-1490), rei da Boêmia, um dos históricos inimigos da linhagem dos Dracul (Tepes), soberanos da Valáquia e benquistos até a atualidade pela população romena. Pelo contrário, o nome Corvi poderia, entre outros povos, designar algum ancestral que tivesse a visão inigualável de um corvo desde as alturas; “corvos eram considerados aves sagradas tanto entre os romanos quanto entre os povos germânicos, pois julgavam que, com seus altíssimos e prolongados voos, conduzia os exércitos no caminho seguro da vitória”. A GRA GRA GRA GRALHA AZUL ALHA AZUL ALHA AZUL ALHA AZUL A Gralha Azul é encontrada nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e também no Paraguai. Medindo aproximadamente 40 cm, do bico à cauda, de vôo lento e majestoso,a gralha azul, é uma das grandes aves brasileiras. Ela vive

em bandos geralmente de 4 a 9 indivíduos, evita cruzar longos espaços abertos como o campo, por exemplo. As gralhas possuem um comportamento de auxílio mútuo no qual umas limpam a plumagem das outras. Conta uma lenda que "a gralha-azul é pássaro previdente. Em tempos de abundância de pinhões enterra alguns deles para, na época de escassez de alimento, ter o que comer. Acontece que costuma esquecer os lugares que usou para armazená-los e, assim, nascem novos pinheiros. Por esse motivo não devemos matá-la ou aprisioná-la, pois, ela é importante na recomposição das florestas destruídas". Nos campos de vegetação rasteira formam-se galpões de pinheiros graças à Gralha Azul, que gosta de enterrar os pinhões em lugares úmido. Ela é capaz de "plantar" 3.000 pinheiros por hectare. A Gralha Azul, antes mesmo de se tornar ícone paranaense, já era consagrada e perpetuada pelo povo, como plantadora de pinhões. Em conseqüência destas crenças no imaginário popular, inevitáveis abstrações se fizeram presentes. A primeira publicação de Lenda da Gralha Azul, deve-se a Eurico Branco Ribeiro, que bem a representou em seu livro "A Sombra dos Pinheirais", no ano de 1925. Também foi elemento divinamente explorado pelas artistas plásticas: Clotilde Cravo (pinturas no acervo do Museu Paranaense, em Curitiba) e Poty Lazzarotto (painel exposto na Travessa Nestor de Castro em Curitiba), dentre vários outros. Posteriormente o folclorista Luiz da Câmara Cascudo a eternizou em sua majestosa lenda. A LENDA DA GRALHA AZUL (versãoA LENDA DA GRALHA AZUL (versãoA LENDA DA GRALHA AZUL (versãoA LENDA DA GRALHA AZUL (versão de Luiz da de Luiz da de Luiz da de Luiz da Câmara Cascudo) Câmara Cascudo) Câmara Cascudo) Câmara Cascudo) Chegou à fazenda dos Pinheirinhos, Fidêncio Silva, um grande homem de negócios, com casa matriz em Curitiba e filial em Ponta Grossa. Veio em busca de repouso, necessitava urgentemente afastar-se dos alvoroços dos negócios. Fidêncio era parente afastado da esposa de José Fernandes. Não tardou, para aquele homem desgastado por inúmeros compromissos, sorvesse o ar puro e varrido da campanha guarapuavana. José Fernandes tinha o recebido com muita pompa, como merecia o ilustre visitante. Pôs os Pinheirinhos à disposição do seu hóspede pelo tempo que desejasse. Não precisou falar duas vezes, lá encontrava-se Fidêncio, com alma livre como passarinho, à sombra do pomar, folheando um livro, ou não fazendo nada mesmo.

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Passeios não lhe faltavam, por vezes ia ao rodeio, caminhava volteando o rincão..... Um dia passarinhava pelos capões, noutro corria a vizinhança para trocar um dedo de prosa com os caboclos e até pescaria, se quisesse, poderia fazer no picuiry, três léguas sertão adentro. E, assim, transcorreram trinta dias agradabilíssimos, que Fidêncio Silva tinha programado para passar nos Pinheirinhos. E assim foi. Num domingo depois do almoço, saiu a caça com o fazendeiro. Municiados e com espingardas suspensas pelas bandoleiras ao ombro, embrenharam-se os dois pelo extenso e tapado capão, "querência certa de muito veado, cutia e quati", como afirmava José Fernandes. Mas os caçadores não viam um animalzinho sequer que merecesse chumbo grosso, até que em um momento, Fidêncio parou, engatilhou, firmou pontaria, visando a fronde de retorcida guabirobeira. O fazendeiro ergueu os olhos para olhar a caça e um súbito tremor lhe sacudiu o corpo e, de um pincho, estava ao lado de Fidêncio. Mas já era tarde, pois o rebôo do tiro já perdia-se pela mata, a evocar profunda tristeza na quietude frouxa de um mormaço estonteante. Mas...felizmente, o atirador havia errado o alvo e o fazendeiro então, desafoga um suspiro de satisfação, dizendo: -"Meus parabéns!" -"Parabéns???", pergunta boquiaberto Fidêncio Silva. - "Aguarde-me, que lhe contarei tudo. Sente-se aí nesse tronco e escute-me." Foi quando então, José Fernandes, depois de tirar um lenço para enxugar o suor que corria pelo rosto, também sentou preguiçosamente sobre a trançada grama e foi falando: -"Era inverno, há quinze anos atrás. Havia muita seca e o gado caía de magro. Certa tarde montei a cavalo e saí a costear banhados e percorrer sangas, na esperança de salvar alguma criação que porventura se atolasse ao saciar a sede. Carregava comigo uma espingarda, pois naquele tempo não poupava graxaim. Quando retornava, avistei um bando de gralhas azuis descer à beira de um capão, entre numeroso grupo de pinheirinhos. Aproximei-me vagarosamente e notei que elas revolviam o solo com o bico. Fiz pontaria e aí, a espoleta estraçalhou-se e vários estilhaços vieram dar em meu rosto. Tonteei e caí sobre a macega. Quanto tempo fiquei desacordado não sei dizer. Porém, antes de recuperar os sentidos, quando o Sol já procurava encobrir-se por detrás do horizonte, algo mágico aconteceu. Revi-me de arma em punho, pronto para fazer fogo. Foi neste

momento que a gralha azul, com suas asas brilhantes abertas, o peito a sangrar, veio se chegando a mim. Os pés franzinos evitavam os sapés esparsos pelo chão e o andar esbelto tinha qualquer coisa de divino. Permaneci estático e estarreci ao ouvir os sonoros e compreensíveis sons que aquele delicado bico soltava naturalmente. Dizia ela: - És um assassino! Tuas leis não te proíbem de matar um homem? E quem faz mais do que um homem não vale pelo menos tanto quanto ele? Pois sou eu a humilde avezinha, entoando a minha tagarelice que faço elevar-se toda esse floresta de pinheiros; bordo a beira das matas com o verdor dessas viçosas árvores de ereção perfeita; multiplico o madeiro providencial que te serve de teto, que te dá o verde das invernadas, que te engorda o porco, que te aquece o corpo, que te locomove dando o nó de pinho para substituir o carvão-de-pedra nas vias férreas. E ignoras como opero! Venha até o local onde interrompeste meu trabalho. Ali está a cova que eu fazia, para depositar nela o pinhão sem cabeça com a extremidade mais fina para cima. Tiro-lhe a cabeça porque ela apodrece ao contato da terra e arrasta à podridão o fruto todo e planto-o de bico para cima a fim de favorecer o broto. Vá e não sejas mais assassino. Esforça-te, antes, por compartilhar comigo nesta suava labuta." Levantei-me então a muito custo e fui até o local escavado pelas aves, uma das quais jazia com o peito manchado de sangue, ao lado de um pinhão sem cabeça. Pude compreender que certeza da visão. Mais adiante, com as mão remexi na terra revolvida e descobri um pinhão com a ponta para cima e sem cabeça. José Fernandes, após uma pausa, concluiu: - "Aí, está, caro Fidêncio, como vim a ser um plantador de pinheiros. Quero valer mais que um homem: quero valer uma gralha azul". A Lenda, segundo Alceu Maynard AraújoA Lenda, segundo Alceu Maynard AraújoA Lenda, segundo Alceu Maynard AraújoA Lenda, segundo Alceu Maynard Araújo Era madrugada, o sol não demoraria a nascer e a gralha ainda estava acomodada no galho amigo onde dormira à noite, quando ouviu a batida aguda do machado e o gemido surdo do pinheiro. Lá estava o machadeiro golpeando a árvore para transformá-la em tábuas. Quantos anos levou a natureza para que o pinheiro atingisse aquele porte majestoso e agora, em poucas horas, estaria estendido no solo, desgalhado e pronto para entrar na serralheria do grotão. A gralha acordou.

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As pancadas repetidas pareciam repercutir em seu coração. Num momento de desespero e simpatia, partiu em vôo vertical, subiu muito além das nuvens para não ouvir mais os estertores do pinheiro amigo. Lá nas alturas, escutou uma voz cheia de ternura: - Ainda bem que as aves se revoltam com as dores alheias. A gralha subiu ainda mais, na imensidão. Novamente a mesma voz a ela se dirigiu: - Volte avezinha bondosa, vai novamente para os pinheirais. De hoje em diante, Eu a vestirei de azul, da cor deste céu e, ao voltar ao Paraná, você vai ser minha ajudante, vai plantar os pinheirais. O pinheiro é o símbolo da fraternidade. Ao comer o pinhão, tira-lhe primeiramente a cabeça, para depois, a bicadas, abrir-lhe a casca. Nunca esquece de antes de terminar o seu repasto, enterrar alguns pinhões com a ponta para cima, já sem cabeça, para que a podridão não destrua o novo pinheiro que dali nascerá. E os pinheiros vão nascendo. "Do pinheiro nasce a pinha, da pinha nasce o pinhão... "Pinhão que alegra nossas festas, onde o regozijo barulhento é como um bando de gralhas azuis matracando nos galhos altaneiros dos pinheirais do Paraná. Seus galhos são braços abertos, permanentemente abertos, repetindo às auras que o embalam o meu convite eterno: Vinde a mim todos..." A gralha por uns instantes atingiu as alturas. Que surpresa! Onde seus olhos conseguiam ver o seu próprio corpo, observou que estava todo azul. Somente ao redor da cabeça, onde não enxergava, continuou preto. Sim preto, porque ela é um corvídeo. Ao ver a beleza de suas penas da cor do céu, voltou célere para os pinheirais. Tão alegre ficou que seu canto passou a ser um verdadeiro alarido que mais parece com vozes de crianças brincando. A gralha azul voltou. Alegre e feliz iniciou seu trabalho de ajudante celeste. Lenda IndigenaLenda IndigenaLenda IndigenaLenda Indigena A gralha azul é um Corvideo (família dos corvos), era todo preto e vivia triste pelos pinheiras do sul, um dia, um velho pinheiro que vivia lá no alto da serra de braços aberto. Perguntou a gralha: Porque você és triste ? Ela lhe respondeu: Sou feia, queria ter a cor do céu. Então o velho pinheiro falou, vá no céu buscar sua cor. A gralha voou bem alto , mas bem alto mesmo e lá no céu ela olhou seu corpo, e o que seus olhos conseguiam ver de seu próprio corpo, observou que estava todo azul , somente ao redor

da cabeça onde não conseguiu enxergar, continuou preto. Ao voltar para os pinheirais, ficou tão feliz que seu canto passou a ser verdadeiro Alarido, que mais parece as vozes de crianças brincando. E em agradecimento a gralha passou a plantar o pinheiro. A gralhaA gralhaA gralhaA gralha----azul na cultura sulazul na cultura sulazul na cultura sulazul na cultura sul----brasileirabrasileirabrasileirabrasileira A gralha-azul é considerada um símbolo paranaense, antes mesmo da lei estadual que a formalizou como tal. Esse título surgiu em decorrência de vários aspectos culturais perpetuados pelo povo, especialmente agricultores, que acreditavam ser uma plantadora de pinhões. Como consequência dessa crença, surgiram inevitáveis abstrações: teria o pássaro um caráter de previdência contra as épocas frias quando há pouco alimento disponível e até mesmo um indispensável participante na recomposição das matas. Essa relação fictícia ressaltou uma imaginária (e consolidante) ligação entre a gralha e o pinheiro-do-paraná, esse também considerado um símbolo estadual. Eurico Branco Ribeiro tem sido considerado o primeiro a publicar literariamente a lenda da gralha-azul, no capítulo “O plantador de pinheiro” do livro “A sombra dos pinheirais” de 1925. Esse poema sedimentou o mito, posteriormente disseminado em edições de divulgação, servindo-se inclusive como fonte para outros resultados artísticos, sejam literários, como por exemplo de Diva Gomes e Serafim França ou musicais de Inami Custódio Pinto. Também nas artes plásticas, foi elemento explorado por Clotilde Cravo (pinturas no acervo do Museu Paranaense, em Curitiba) e Poty Lazzarotto (painel exposto na Travessa Nestor de Castro em Curitiba), dentre vários outros. O aval do seu valor simbológico foi, posteriormente, dado pelo famoso folclorista Luiz da Câmara Cascudo. Em resumo, como resultado de combinação de tais obras, além de informações colhidas em inúmeras regiões do Paraná, obtém-se a sinopse sobre a lenda: A gralha-azul é pássaro previdente. Em tempos de abundância de pinhões enterra alguns deles para, na época de escassez de alimento, ter o que comer. Acontece que costuma esquecer os lugares que usou para armazená-los e, assim, nascem novos pinheiros. Por esse motivo não devemos matá-la ou aprisioná-la, pois, ela é importante na recomposição das florestas destruídas. A lenda, em si, tem origem e datação desconhecida. Apesar de ter sua autenticidade

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questionada em algumas regiões como Lages e Blumenau, ela certamente se estende a todos os estados sulinos, nos quais os pinheiros constituem parcela importante na fisionomia da vegetação nativa. Isso pode ser confirmado com o relato de Euclides Filipe para a região de Curitibanos, no sudoeste catarinense: “O Ministério da Agricultura possui, em toda a região serrana, ótimos e zelosos colaboradores da lei do reflorestamento, que são constituídos pela numerosa família das gralhas. De natureza previdente, na época do amadurecimento dos pinhões, além de saciarem a fome, tratam de armazenar o produto, enterrando-o em lugares diversos, para, em tempos de escassez - quando então, localizam os improvisados armazéns - servirem-se à vontade. Muita gralha, porém, não chega a ‘colher o que plantou’. A chumbeira do caboclo as extermina; outras esquecem ou perdem o esconderijo, e o resultado é que, no ano seguinte, centenas de pinheiros recém-nascidos vêm substituir aqueles que o machado abateu”. Há fortes indicativos de que tenha se originado paralelamente à colonização do planalto meridional. Ocorre que os hábitos de armazenamento de itens alimentares pelos corvídeos da Europa e América do Norte, uma adaptação a regiões onde realmente ocorrem períodos de escassez de alimento, são de fato conhecidos pela população do Velho Mundo. Lá também é atribuída a esses animais, a responsabilidade pela dispersão de certas espécies de árvores e mesmo uma dependência mutualística entre os vegetais e as aves, decorrente do armazenamento de sementes. Esse conhecimento deve, por extensão, ser considerado como consequência da percepção das próprias necessidades de armazenagem das populações humanas, como preparação para períodos de inverno rigoroso. Dessa forma, é aceitável admitir o reconhecimento, por parte dos primeiros imigrantes poloneses, ucranianos, italianos e alemães, de uma convergência comportamental entre espécies aparentadas na Europa e América do Sul. Além disso, deve-se considerar incoerente com o pensamento dos brasileiros da época, que houvesse uma preocupação ambiental quanto à preservação e recomposição das florestas nativas, a qual surgiu formalmente apenas por volta de 1907 com o chamado “Código Florestal”, de autoria dos deputados Romário Martins e João Pernetta. Décadas depois, disseminaram-se os mais variados estímulos governamentais para a

aquisição, povoamento e utilização agropecuária, causando uma expansão descontrolada rumo aos sertões do noroeste. Uma “proto-consciência” ambientalista, então, teria sido introduzida na região pelos próprios europeus, que já dispunham de experiência milenar quanto às consequências do desmatamento em seus países. De fato, no início da década de 1920, a paisagem natural das regiões central e sul do Paraná já encontrava-se quase que completamente descaracterizada, com a predominância de extensas áreas agrícolas e capoeiras. Paralelamente a esse panorama, começava a declinar o pinheiro-do-paraná, recurso de enorme significado econômico para os madeireiros e mesmo de subsistência, como matéria-prima para a construção de casas coloniais e uma infinidade de outros produtos. Esse é um indicativo importante da magnificação e disseminação de mitos em sociedades que se acham em evolução social e política iminente. Por esses caminhos, pode-se estimar uma datação bastante recente ao mito, provavelmente no final do século passado e mesmo início deste. Essa situação temporal coincide inclusive com a própria publicação de Eurico B.Ribeiro, datada de meados da década de 20 e que provavelmente constitui na primeira menção escrita relatando o mito. Na verdade, a palavra gralha-azul está mais vinculada à memória da população do que à própria ave, a ponto da maior parte das pessoas não saber reconhecê-la. O fato de se conceber os ídolos de forma livre e, portanto, descriteriosa é um passo importante na sua concretização definitiva de símbolo. Dele rejeita-se grande parte das virtudes reais, substituindo-as por outras, construídas pelo imaginário popular e amplificadas por simples abstração. É por esse motivo que a gralha-azul, considerada recompositora das florestas de pinheiros, teve suas verdadeiras características e hábitos esquecidos, se é que em algum momento foram efetivamente conhecidos. A adulteração da realidade biológica, adequando-se características de animais às necessidades humanas, pode ser considerada o principal fator que estabilizou o mito. Outras criações têm surgido na literatura paranaense, em geral, girando no mesmo ciclo de uma conscientização conservacionista. É o caso da lenda da fuga da gralha-azul para o céu, resignada pelo corte dos pinheiros e que, por pedido divino teria voltado à Terra em troca da plumagem azul e da atribuição de plantadora dessas árvores.

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Por extensão, graças à popularidade conferida pela população, a gralha-azul acabou por se destacar, dentre todas as outras aves da ornis paranaensis, como inspiradora de denominações e logomarcas das mais variadas iniciativas oficiais e atividades comerciais no Paraná. Bares, lanchonetes, restaurantes, lojas, empresas de refrigeração, de turismo, planos de saúde e de seguros e até um clube de futebol de destaque nacional são exemplos dessa interação sociológica. Esforços culturais como concursos, torneios esportivos e mesmo um afamado prêmio de teatro (“Troféu Gralha Azul”, promovido anualmente pela Fundação Teatro Guaíra, de Curitiba) são outros exemplos que tomam emprestado o vocábulo e seu significado. A lenda: localização, datação e origem.A lenda: localização, datação e origem.A lenda: localização, datação e origem.A lenda: localização, datação e origem. A área válida para a existência e origem do mito da gralha-azul pode ser facilmente precisada. Seu conteúdo aponta, obrigatoriamente, para dois elementos biológicos: o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia) e a gralha-azul (Cyanocorax caeruleus). A distribuição do pinheiro-do-paraná inclui uma área nuclear que se estende pelos planaltos de maiores altitudes (aproximadamente 500 m s.n.m.) do sudeste de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e outra, disjunta, somando fragmentos isolados nas grandes altitudes do oeste do Rio de Janeiro, centro-sul de Minas Gerais, norte de São Paulo e mesmo leste do Paraguai (Departamento de Alto Paraná) e nordeste da Argentina (Província de Misiones). Já a gralha-azul distribui-se semelhantemente, estando virtualmente ausente em quase todo o sudeste do Brasil, exceto nas terras baixas do litoral paulista. Uma sobreposição da distribuição geográfica de ambas espécies é, logicamente, a área potencial máxima da ocorrência e, portanto, da origem da lenda. Assim, pode-se inferir com grande segurança que a mesma apresente uma pequena extensão e exige tratá-la como um mito endêmico do Brasil meridional, embora apresentando raízes de convergência européias. A lenda da gralha-azul é altamente difundida em todo o território paranaense, fazendo parte do alto escalão do imaginário local. O mito foi criado por imigrantes europeus e depois difundido pela população do Estado e de outras regiões sul-brasileiras. Algumas imprecisões (inexistentes na realidade biológica do animal) foram introduzidas, criadas com o intuito de ressaltar as virtudes de um pássaro e aplicáveis ao próprio cotidiano das pessoas.

Surgiu, desta forma, como uma alusão à necessidade de armazenamento de alimento, que é um hábito observado nas espécies de corvídeos de clima frio. Como consequência, atribuiu-se à lenda, também um significado preservacionista, uma vez que seria ela a responsável pelo plantio dos primeiros pinheiros e pelo constante trabalho de recomposição das matas destruídas. A A A A gralha e seu simbolismo universalgralha e seu simbolismo universalgralha e seu simbolismo universalgralha e seu simbolismo universal A Gralha na Irlanda é codinome dado à Deusa da Guerra. Ela aparece muitas vezes na forma de corvo, mas pode metamorfosear-se em muitos animais. Deste modo, combate contra o herói Cuchulainn, que havia repelido suas investidas. A deusa celta Morrigan (Gália) e suas irmãs, também aparecem na forma de gralhas e é desta forma que ela vem verificar a morte de Cuchulainn. A Gralha, em seu aspecto noturno de corvo, era consagrada na Grécia à deusa Atena. Na mitologia chinesa, a gralha é associada à uma luz destrutiva, cujo poder deve ser domesticado, para tornar-se benéfico. Segundo a lenda, durante o reinado do Imperador Yao, despontaram inesperadamente no céu dez Sóis. A terra sob a chuva de raios tão quentes iniciou um processo de carbonização. Por todo parte a fauna e a flora se extinguia e as rochas começavam a fundir-se. Os dez Sóis eram os filhos de Di Jun, deus do Céu do Leste. Desesperado com tanta devastação, o Imperador suplicou a Di Jun que persuadisse seus filhos a ouvirem a voz da razão, a fim de que somente aparecem um de cada vez no céu. Di Jung conversou com seus filhos, que não o ouviram. Diante disso, o deus, apesar da dor que lhe causaria a decisão, ordenou ao arqueiro celeste, Yi, que descesse trazendo consigo dez fechas brancas. Em terra Yi, atingiu os Sóis com suas flechas e eles explodiram, um após o outro, em imenso abrasamento, caindo cada qual ao solo na forma de gralha negra com o peito traspassado por uma flecha branca. Mas, como deveria restar um sol no céu, para que a terra não mergulhasse na profunda escuridão, o Imperador ordenou que um de seus cortesões roubasse uma das flechas do carcás do arqueiro celeste. Assim, um dos filhos de Di Jun permaneceu intacto no céu, difundindo seu calor e sua luz, indispensáveis à vida. Na tradição de Ille-et-Vilaine, antigamente a gralha possuía plumagem branca, a qual ela perdeu quando, enviada por Noé para verificar se

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as águas do dilúvio haviam-se retirado, pôs-se a bicar os cadáveres dos homens afogados. No século XIV, a gralha passou por ser modelo de fidelidade conjugal: "Ela é tão casta coragem E ama tanto seu macho Que, se ele for surpreendido pela morte, Para sempre permanece na viuvez".

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Literatura em geral http://www.releituras.com http://literaturasemfronteiras.blogspot.com http://www.poetasdelmundo.com http://www.vaniadiniz.pro.br http://singrandohorizontes.blogspot.com Literatura do Paraná http://simultaneidades.blogspot.com http://www.coladaweb.com Academia de Letras de Maringá http://www.academiadeletrasdemaringa.com.br Academia de Letras de Rondônia http://www.acler.josevaldir.com Academia Sorocabana de Letras http://www.academiasorocabana.com.br Academia Paranaense de Letras http://www.academiaprletras.kit.net Academia Brasileira de Letras http://www.academia.org.br Academia de Letras do Brasil http://www.academialetrasbrasil.org.br Domínio Público (livros digitais) http://www.dominiopublico.gov.br Escritores do Sul http://www.escritoresdosul.com.br Trovas http://www.falandodetrova.com.br Alma de Poeta http://www.sardenbergpoesias.com.br Portal de Literatura e Arte http://www.cronopios.com.br Jornal de Poesia http://www.jornaldepoesia.jor.br

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LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. SP: Brasiliense. Os Trovadores. Ano 18. N.57. Julho 2009. UBT/ Curitiba,PR. PIMPÃO, Francisco Sinke. O dia em que a Muiraquitã virou gente TABORDA, Vasco José e WOCZIKOSKY, Orlando (orgs.). Antologia de Trovadores do Paraná. Curitiba: O Formigueiro, 1984. ColaboradoresColaboradoresColaboradoresColaboradores Antonio Augusto de Assis Douglas Lara Editora Guemanisse Franklin Ras Lopes Fundação Cultural de Canoas Neida Rocha