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SISTEMA SI�DICAL
História do Sindicalismo
� Origens do Direito Sindical:
• a partir da revolução industrial - aparecimento do trabalho assalariado –
industrialização dos sistemas de produção; expansão dos mercados –
concentração da massa proletariada nos centros urbanos;
• passagem do direito medieval para o direito moderno – decadência das
corporações de ofício (eram formadas por mestres companheiros e aprendizes
– detinham o monopólio do sistema de produção e de mercado do trabalho).
• Lei de Alarde de 2/3/1791 - dissolve as corporações de ofício e a Lei Chapelier
de 14 de Junho de 1791 proíbe qualquer tipo de Associação ou coalizão de
trabalhadores e empregadores – FASE DA PROIBIÇÃO – Código Penal de
Napoleão de 1.810.
� A ideologia Liberal:
• Revolução Francesa;
• Individualismo subjetivo e igualdade jurídica das partes no contrato de
trabalho;
• Não é admitida a intervenção do Estado nas relações de Direito Privado, no
sistema econômico e na livre concorrência da oferta e procura da mão de obra;
• Prevalece a igualdade formal, mesmo que isso implique no agravamento da
questão social (exploração dos trabalhadores – relegados a trabalhos
subumanos e vida de miséria e pobreza);
• A questão social é tratada como caso de polícia – Estado repressor;
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� Passagem do individualismo para o coletivismo (condição de massa para a
de classe);
• mobilização da massa proletariada, movimentos de luta e reivindicações por
melhores condições de trabalho e de vida – consciência da luta de classe e
organização coletiva dos trabalhadores;
• surgimento da doutrina social (manifesto Comunista de Marx e Engel em
1848).
• supressão do caráter ilícito das associações dos trabalhadores;
• surgimento dos sindicatos à margem da lei, como entidades de fato – FASE
DA TOLERÂNCIA.
• Edição de uma legislação ordinária e constitucional que passa a garantir o
direito dos trabalhadores fundar associações profissionais – FASE DO
RECONHECIMENTO;
• O Estado passa a garantir esse direito dentro do sistema jurídico – o
sindicalismo se desenvolve de acordo com a postura do Estado em três
concepções: a) corporativa; b) socialista; c) de liberdade.
� Sistema Corporativo
No sindicalismo de modelo corporativista, o controle estatal sobre os
sindicatos revela-se pela restrição da liberdade e autonomia sindical,
através da imposição da unicidade sindical, da fragmentação dos
trabalhadores por categorias, da outorga pelo Estado da
representatividade da categoria para os sindicatos, que exercem
poderem delegados por aquele, de forma a controlar as relações entre
capital e trabalho, e suprimir a luta de classe, proibindo a greve e o
lockout.
O sistema sindical corporativo é próprio dos regimes ditatoriais, em que
se incorpora o sindicato ao Estado para que este detenha o controle da
produção em prol do interesse nacional.
� Sistema Socialista
Nos sistemas socialistas, o modelo sindical que se apresenta, também é
o do controle do Estado, porém, difere da forma corporativista à medida
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que esse controle é exercido geralmente pelo partido político único que
controla também o Estado, sob uma ideologia anti-capitalista e de
estatização da economia, em que o poder é monopolizado, por uma
minoria intelectual sem espaço para a autonomia privada coletiva da
massa trabalhadora.
� Sistema de Liberdade
A liberdade sindical representa o antagonismo dos sistemas
caracterizados pelo controle do Estado sobre o Direito Coletivo do
Trabalho, conferindo aos interlocutores socais das relações entre capital
e trabalho o direito de se organizarem em sindicatos para a defesa dos
interesses coletivos de uma classe ou categoria, dentro dos princípios da
autonomia coletiva privada, que somente pode ser exercida em sistemas
políticos de democracia consolidada, onde o Estado passa a exercer a
função de garantidor dessa liberdade, sem o papel intervencionista
observado nos sistemas corporativistas e socialistas, conservando, não
obstante, sua soberania em prol do interesse público.
� Fatos relevantes para a evolução do sindicalismo:
• Surgimento da primeira associação internacional de trabalhadores – primeiro
congresso internacional em Genebra no ano de 1866; segunda internacional em
Bruxelas no ano de 1890, e um comitê interparlamentar em Amsterdam no ano
de 1904 – sem êxito devido a deflagração da I Grande Guerra Muncial;
• Criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo Tratado de
Versailes em 1919 – difusão e defesa da liberdade sindical – fomento entre as
nações de programas de incentivo, reconhecimento e desenvolvimento da
negociação Coletiva;
• Declaração Universal dos Direito do Homem – Assembléia Geral das Nações
Unidas em 10 de dezembro de 1948 – Paris – França;
• Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, aprovado
pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 19 de dezembro de 1966 – Nova
York – EUA.
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� O sindicalismo no Brasil:
• Até meados do século XIX a economia nacional era baseada
preponderantemente na agricultura, e a mão de obra deste setor sustentava-se
no trabalho escravo;
• Ausência de um número maior de organizações associativas de trabalhadores –
impossibilidade de organização coletiva, coalizão ou reunião dos ocupantes de
profissões livres – densidade demográfica e parca concentração populacional;
• Abolição da escravidão e proclamação da República – mudanças no cenário
político e econômico;
• Primeiras leis de reconhecimento de organizações sindicais:
a) Decreto n° 979 de 06 de Janeiro de 1903 – destinado aos profissionais da
agricultura – os sindicatos não possuíam funções de resistência profissional de
caráter reivindicativo – associações no meio agrícola com feição econômica
para favorecimento de crédito a seus associados;
b) Decreto 1.637 de 05 de Janeiro de 1907 – estende a todos os profissionais o
direito de sindicalização – não possuíam caráter de resistência e
arregimentação de classe – atuava como órgão de cooperação, assistência e
auxílio mútuo de seus associados – possuía total autonomia sindical;
• Influência do Anarcosindicalismo no Movimento operário urbano:
• Introduzido pelos imigrantes europeus no período de 1890 a 1920;
• Pregava uma ideologia revolucionária e reivindicativa;
• Possuía aspectos comuns com o liberalismo ortodoxo – não admitia qualquer
intervenção do Estado sobre as relações privadas, ou mesmo qualquer tipo de
regulamentação sobre as relações entre capital e trabalho;
• Defendiam os meios de ação direta pelo confronto, pela negociação e pelo
contrato para suas reivindicações;
• Foi responsável por inúmeros movimentos grevistas reivindicativos por
melhores salários, jornada de trabalho de oito horas (Greves de 1907 e 1917).
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• Outras ideologias do movimento operário do começo do século: o socialismo
reformista e o trabalhismo:
• Enquanto o trabalhismo se abstinha dos problemas sociais, visando a conquista
de alguns direitos, o socialismo reformista buscava combater o capitalismo
através da luta política parlamentar, atingindo apenas uma camada superior da
classe trabalhadora originária da mão de obra qualificada dos imigrantes
europeus utilizadas nas indústrias.
• Os militantes dessa ideologia eram denominados pelos anarquistas de
“amarelos” e “pelegos”, ante a submissão e subordinação ao governo.
• O Sindicato Oficial ou de Estado:
• Tem seu marco histórico na revolução liberal de 1930 iniciada pelo governo
Vargas;
• Criação do Ministério do Trabalho sob a direção de Lindolfo Collor – edição
do Decreto 19.770 de 19 e Março de 1931 – institui o sindicato único e
corporativo;
• Requisitos para a constituição de sindicatos:
a) reunião de pelo menos 30 associados de ambos os sexos, maiores de 18 anos;
b) maioria, na totalidade dos associados, de dois terços, no mínimo, de brasileiros
natos ou naturalizados;
c) exercício dos cargos de administração e de representação confiado à maioria de
brasileiros natos ou naturalizados com 10 anos no mínimo, de residência no
país, só podendo ser admitidos estrangeiros em número nunca superior a um
terço e com residência efetiva no Brasil, há pelo menos 20 anos;
d) mandato anual em tais cargos, sem direito à reeleição;
e) gratuidade absoluta dos serviços de administração, não podendo os diretores,
como os representantes dos sindicatos, das federações e das confederações,
acumular os seus cargos com os que forem remunerados por qualquer
associação de classe;
f) abstenção, no seio das organizações sindicais, de toda e qualquer propaganda
de ideologias sectárias, de caráter social, político ou religioso, bem como de
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candidatura a cargos eletivos, estranhos à natureza e finalidade das
associações.
• Outras condições:
I. Encaminhamento da Ata de instalação, relação dos sócios, cópias dos
estatutos padrão ao MTb, para reconhecimento do sindicato e concessão
de investidura de representação da categoria;
II. Constituição de federações com número de sindicatos nunca inferior a
três, e confederações Nacionais com número de no mínimo cinco
federações;
• Exercia funções delegadas do Estado – órgãos consultivos do Governo;
• Fragmentação pela representação por categorias profissionais ou ramo de
atividades – exceto os servidores públicos e os domésticos;
• Existia o direito de livre sindicalização;
• Somente os trabalhadores associados ao sindicato de Estado era permitido
interpor reclamações perante as JCJ para reivindicar direitos derivados da
legislação social posterior a edição do referido Decreto (Decreto 22.132/32);
• Somente aos empregados da indústria associados ao sindicato era concedido o
direito de gozo de férias (Decreto 23.768/34). Estes privilégios foram
considerados inconstitucionais após a Constituição de 1934 e 1937.
• Pluralismo sindical da Constituição de 1934 (art. 129):
• Jamais foi levado a prática – as vésperas de entrar em vigor a Constituição foi
editado o Decreto 24.694 regulamentando a matéria de direito sindical –
manteve os mesmos princípios do Decreto 19.770/31.
• A Carta Constitucional do Estado Novo revogou a Constituição de 1934 e
restabeleceu a unicidade sindical - implanta-se definitivamente o sistema
corporativista inspirado pelo fascismo italiano reproduzindo os termos da Carta
Del Lavouro de Musolini.
• Reconhecimento oficial do sindicato e outorga de investidura de representação
da categoria pelo Estado – imposição de contribuições compulsórias –
exercício de função delegada de poder público.
• Proibição do direito de greve (art. 139).
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• Decreto 1.402 de 05 de julho de 1939 – regulamenta a organização e
funcionamento do sindicato único e corporativo vinculado ao Estado – foi
incorporado na CLT pelo Decreto 5.452 de 1° de Maio de 1943.
• A Constituição de 1946, poucas alterações implementou nas relações entre
capital e trabalho – preserva-se a estrutura corporativa do sistema sindical.
(direito de greve – art. 158; criação da Justiça do trabalho – poder normativo
para a solução dos conflitos de interesse ou econômico).
• Com a implantação do regime militar à partir de 1964, acentua-se o
intervencionismo Estatal sobre os sindicatos.
• A Lei 4.330 de 1° de Junho de 1964 que regulamenta o direito de greve
restringe-o de tal forma a tornar impossível o exercício desse direito.
• A Lei 5.107/66 que criava o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS
atende os interesses do capital e reduz os efeitos econômicos dos custos na
demissão dos empregados – substitui a estabilidade decenal de emprego.
• A Lei 4.725 de 13 de junho de 1965 representa incisiva intervenção estatal nas
relações de trabalho – desencadeia-se o arrocho salarial – anula a
representatividade dos sindicatos remetendo-os a uma função meramente
assistencialista.
• Crise do regime militar:
• Inicia-se nos anos 70 com a estagnação da economia nacional – baixos salários
– aumento de desemprego;
• Eclode no primeiro semestre de 1978 greves em massa dos trabalhadores – fora
da estrutura do sindicato oficial (metalúrgicos do ABC) – O NOVO
SINDICALISMO.
• O governo intervencionista reage por meio do congelamento dos fundos
bancários das entidades sindicais e pela destituição de diretorias mais
combativas, encaminhando o conflito para a Justiça do trabalho.
• Para resgatar a imagem do sindicato de estado o governo passa a adotar uma
política de abertura sindical, atenuando o poder intervencionista sobre as
diretorias dos sindicatos.
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• Em agosto de 1981 realiza-se a 1ª CONCLAT – se estabelece pontos comuns
reivindicativos entre as diferentes tendências sindicalistas referente a liberdade
e autonomia sindical – preserva-se o sistema da unicidade sindical.
• Em 1983 foi realizada a 2ª CONCLAT – cria-se a Central Única dos
Trabalhadores – CUT, pelos sindicalistas opositores ao regime de sindicato de
Estado – clama-se pelo direito irrestrito de greve, de liberdade e autonomia
sindical e o reconhecimento da CUT como órgão máximo de representação dos
trabalhadores dentro da estrutura sindical.
• Em 1986 cria-se a Central Geral dos Trabalhadores – CGT, pelos militantes
das correntes comunistas e os vinculados à corrente do “sindicalismo de
resultado” – não aderiram a proposta de liberdade sindical nos termos da
Convenção 87 da OIT.
• Em 1991 cria-se uma nova Central Sindical – Força Sindical, por sindicatos
dissidentes das CGTs que cindiram em 1989.
• A Constituição de 1988, apesar de haver atenuado a rigidez do
intervencionismo do Estado nas entidades sindicais, auferindo autonomia
administrativa, liberdade de associação e de livre constituição, preservou as
contribuições compulsórias e a unicidade sindical e a outorga da investidura de
representação pelo Estado, características do sindicato oficial.
Liberdade Sindical
� Classificação:
RUPRETCH – em três aspectos em relação: a) ao individuo; b) ao grupo
profissional; c) ao Estado.
� Em relação ao indivíduo – considera-se o direito de constituição do
sindicato; o direito positivo e negativo de sindicalização; o direito de
exercício das atividades sindicais.
� Em relação ao grupo profissional – caracteriza-se em razão da
autonomia orgânica e de ação dos sindicatos. A primeira refere-se ao
direito de estruturação e administração sem ingerências estranhas com
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respeito aos direitos comuns dentro dos princípios democráticos; a
segunda refere-se ao direito de atuação coletiva para atingir suas
finalidades, sempre respeitando os direitos alheios.
� Em relação ao Estado – refere-se à garantia de não ingerência ou não
intervenção estatal no exercício de suas atividades para a obtenção de
suas finalidades, sem supressão da soberania do interesse público.
• Autonomia Privada Coletiva
Corresponde à faculdade conferida aos sindicatos de auto-organização na
elaboração de seus próprios estatutos; auto-administração, que permite a
eleição de sua própria diretoria e gerência dos assuntos administrativos da
entidade; e de negociação, que confere aos sindicatos, pelo processo de
negociação coletiva, a formulação de normas tendentes a regulamentar os
interesses das partes envolvidas nas relações coletivas de trabalho.
� Liberdade Sindical no cenário internacional:
� Reconhecimento no cenário internacional como Direito Fundamental do
Homem após a segunda Guerra Mundial (ONU e OIT);
� Incorporação ao direito nacional – deve obedecer aos métodos próprios de
cada Estado – após a recepção ao direito interno o Estado deve adotar os
mecanismos necessários para o fiel cumprimento e aplicação das disposições
inseridas nos tratados ou convenções internacionais.
� -o Brasil: opera-se com a ratificação por meio da publicação do
decreto legislativo aprovado pelo Congresso Nacional, e do decreto
executivo de promulgação da norma, que deverá ser acompanhada do
texto internacional ratificado, que passa a ser equiparada a lei federal.
• �ormas:
� Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela
resolução n° 215 de 10 de agosto de 1948 (direito de organizar
sindicatos e a neles ingressar para a proteção de seus interesses).
� Pacto Internacional de Direitos Econômicos e Culturais (PIDESC),
e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Político (PIDCP),
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aprovados pela ONU em 16 de dezembro de 1966. O primeiro
consagra a liberdade de criar sindicatos e neles se filiar,
reconhecendo ainda o direito de criação de federações e
confederações nacionais, de criação de organizações sindicais
internacionais e filiação a elas, de autonomia de ação e direito de
greve, inclusive às forças armadas, à polícia e aos servidores
públicos, passíveis de restrições quanto a estas últimas categorias. O
segundo contém dispositivos similares, apesar de não ter sido
ratificado pelo Brasil.
� No âmbito da Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada
pelo tratado de Versalhes em 1919, destacamos:
a) Convenção n° 87 de 1948 (não ratificada pelo Brasil),
que dispõe sobre a liberdade sindical e a proteção do
direito sindical;
b) Convenção n° 98 de 1949 (ratificada pelo Brasil) que
dispões sobre o direito sindical e a negociação coletiva;
c) Convenção n° 151 de 1978 (não ratificada pelo Brasil),
que dispões sobre as relações de trabalho na
administração pública;
d) Convenção n° 154 de 1981 (ratificada pelo Brasil), que
dispõe sobre a negociação coletiva.
� CATEGORIA
� De acordo com o artigo 8° da CF/88 a representação sindical no sistema
brasileiro é constituído por categorias:
(...)
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em
qualquer grau de representatividade de categoria profissional ou
econômica na mesma base territorial, que será definida pelos
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior
à área de um Município;
III – ao sindicato cabe a defesa dos interesses coletivos ou individuais
da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
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IV – a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de
categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do
sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;
� A formação do sindicato por categorias foi implantada no Brasil pela Carta
Constitucional de 10 de Novembro de 1937, cujo artigo 138 dispunha que: o
sindicato reconhecido pelo Estado tem o direito de representação legal dos
que participarem da categoria de produção para que foi constituído. A fonte
de inspiração do sistema de categorias é a Carta Del Lavoro de 1927, da Itália
fascista.
� A base legal da organização sindical por categoria repousa no Decreto-lei n°
1.402, de 05 de julho de 1939, mais tarde incorporada à Consolidação das Leis
do Trabalho de 1° de maio de 1943 em seus artigos 511 e parágrafos, e artigo
570, que foram recepcionados pela atual CF.
• Classificação
� Atentando para a estrutura da organização sindical em relação às categorias as
mesmas podem ser distinguidas em horizontais e verticais.
� Sindicatos horizontais: são os que agrupam trabalhadores que exercem o
mesmo ofício ou profissão, independente da empresa em que trabalham ou do
ramo de produção em que estas desenvolvem suas atividades – deriva da
profissão exercida pelos filiados – Ex.: contadores, datilógrafos,
caminhoneiros, vendedores, carpinteiros, eletricistas, etc.. Vantagens: assegura
igual tratamento a todos os que desempenham as mesmas tarefas e, portanto à
própria organização sindical, é mais idônea para produzir entidades sindicais
de grau superior e de âmbito nacional.
� Sindicatos verticais: prescindem do ofício ou da profissão dos trabalhadores –
considera apenas o ramo ou setor de produção em que a empresa desempenha
suas atividades – prevalece a natureza da atividade da empresa em que o
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empregado trabalha. Ex.: têxteis, metalúrgicos, ferroviários, etc. – Subdivide-se
em dois grupos: a) de atividade; b) de empresa. Vantagens: é tida por mais
eficaz por favorecer a unificação do sindicato e, portanto, conferir-lhe mais
força; quanto à negociação coletiva, possibilita um só nível de negociação para
cada setor industrial ou comercial.
� Categoria preponderante: (verticais) CLT art. 511, §§ 2° e 3°:
(...)
§ 2° - A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem
atividades idênticas similares ou conexas constitui vínculo social
básico que se denomina categoria econômica. (empregador).
§ 3° - a similitude de condições de vida oriunda da profissão ou do
trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade
econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas,
compõe a expressão social elementar compreendida como categoria
profissional.
� O sistema sindical brasileiro permite a constituição de sindicatos mediante
critérios não só de identidade como o regime fascista italiano, mas também de
similaridade e conexidade inspirado na doutrina francesa. Segundo Evaristo de
Moraes Filho: Como similar, quer-se significar a existência de uma certa
analogia entre as profissões e por conexa entende-se uma relação observada
nos fatos da vida real, entre pessoas que concorrem para o mesmo fim.
� Categoria direfenciada: que englobam os exercentes da mesma profissão (art.
511, § 3° CLT):
(...)
§ 3° - categoria profissional diferenciada é a que se forma dos
empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por
força de estatuto profissional especial ou em conseqüência de
condições de vida singulares.
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� Enquadramento sindical : a correspondência da existência de um sindicato para
cada categoria consiste no enquadramento sindical. Este obedece ao princípio
da simetria, segundo o qual os trabalhadores são enquadrados na associação
correspondente àquela em que estão enquadrados os respectivos empregadores.
• Função Política da sindicalização por categoria e do enquadramento
sindical:
� O regime corporativo fascista se organiza à base da sindicalização por
categorias e com a adoção de métodos de enquadramento sindical prévio e
obrigatório. Pressupõe o reconhecimento de um único sindicato para cada
categoria em determinada base territorial. Somente o sindicato legalmente
reconhecido e submetido ao controle do Estado tem o direito de representar
toda a categoria para a qual foi constituído.
� No regime corporativo, o sindicato como detentor de interesses públicos cuja
satisfação incumbe ao Estado, deve estar, portanto, submetido a rígido controle
por parte do Estado.
• Quadro de atividades e profissões: o quadro de atividades e profissões, que
fixa o plano básico do enquadramento sindical tal como previsto pelo Decreto-
lei n° 2.381, foi incorporado – como anexo – à CLT, expressamente
mencionado no artigo 577.
� A organização sindical arquitetada por Oliveira Viana não poderia, portanto,
prescindir dos seguintes elementos: unicidade sindical, sindicalização por
categoria, enquadramento sindical prévio e obrigatório.
� A Constituição de 1988 manteve as características inerentes ao sindicato criado
pelo corporativismo italiano, que em nada era livre. A unicidade sindical, a
sindicalização por categoria e o enquadramento sindical são técnicas
imprescindíveis ao sindicalismo de “tipo corporativo”, porém hostis ao
sindicato democrático e livre. Quanto à sindicalização por categoria, não pode
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haver qualquer dúvida, no sentido de sua preservação pelo texto da Lei Maior
de 1988.
� Quanto ao enquadramento sindical: se o art. 8°, I da CF/88 veda a interferência
do Poder Público na organização sindical, injurídica seria a afirmação de que
conservam vigência os dispositivos da CLT que regulamentavam a atividade
da Comissão de Enquadramento Sindical. Não obstante, é com base no “mapa”
previsto no artigo 577 da CLT que se mantém a velha estrutura sindical
brasileira. O quadro não é obrigatório em face da vedação da interferência do
Poder Público nas entidades sindicais, mas vem sendo respeitado pelos grupos
interessados, contudo os interessados em constituir sindicatos terão que
observar os conceitos de categoria previstos no artigo 511 da CLT.
� RECEITA SI�DICAL - CO�TRIBUIÇÕES SI�DICAIS
� No atual sistema sindical brasileiro pode ser observada uma diversidade de
receitas em favor dos sindicatos, tais como: a contribuição para custeio do
sistema confederativo prevista no inciso IV do art. 8° da CF/88; contribuição
sindical compulsória prevista no artigo 578 a 610 da CLT; a contribuição
assistencial prevista no artigo 513, “e” da CLT, e as mensalidades dos sócios
previstas no artigo 548, “b” da CLT, além de outras decorrentes de bens e
valores adquiridos e produzidas pelo sindicato de acordo com a alínea “c”; as
doações e legados (alínea “d”) e as multas e outras rendas eventuais de acordo
com a alínea “e” do art. 548 da CLT.
• Imposto Sindical (Contribuição Sindical Compulsória):
� A primeira receita estabelecida pelo Estado estava prevista no art. 8°, “a” e
“b” do decreto n° 19.770/31 que permitia aos sindicatos pleitear ao Ministro
do Trabalho medidas de proteção, auxílio, subvenções para os seus institutos
de assistência e de educação ou criação... de serviços de assistência social
que, por falta de recursos, não puderem ser instituídos ou mantidos pelo
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sindicato. Este preceito se repete no parágrafo 1° do art. 2° do Decreto n°
24.694/34.
� A previsão de imposição de contribuição pelo sindicato de Estado aos
integrantes de sua categoria, surge com a Carta Constitucional de 1937, que no
seu art. 138 estabelece que: A associação profissional ou sindical é livre.
Somente, porém, o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado tem o
direito de representação legal dos que participem da categoria de produção
para que foi constituído, e defender-lhes os direitos perante o Estado e as
outras associações profissionais, estipular contratos coletivos de trabalho
obrigatório para todos os seus associados, impor-lhes contribuições e exercer
em relação a eles funções delegadas de poder público. Embora pudesse existir
controvérsias sobre a extensão da contribuição fixada pelo sindicato, se a
mesma incidiria sobre os associados ou sobre os integrante da categoria, o
Decreto 1.402/39, estabeleceu em seu art. 3° a possibilidade do sindicato impor
a contribuição a todos os integrantes da categoria por ele representada, que
posteriormente passou a ser a alínea “e” do art. 513 da CLT.
� Referido Decreto discriminava ainda como era a constituição do patrimônio do
sindicato e as contribuições dos associados previstas na forma dos estatutos ou
fixados pela assembléia geral, que seriam incorporados nas alíneas “a” e “b”
do art. 548 da CLT.
� O denominado imposto sindical, que seria devido por todos os integrantes de
determinada categoria econômica ou profissional, que seria pago de uma só
vez, anualmente, no valor equivalente a um dia de trabalho do empregado, que
era descontado em folha, e importância fixa calculada sobre o capital social
devida pelo empregador, foi criado pelo Decreto-lei n° 2.377 de 08 de julho de
1940.
� O Decreto-lei n° 3.035 de 19 de Fevereiro de 1941 versou sobre a cobrança do
imposto sindical.
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� O Decreto-lei n° 4.298, de 14 de maio de 1942 regulou o recolhimento do
imposto sindical e sua aplicação (Assistência médica, judiciária, etc.), e
fiscalização instituindo a Comissão de Imposto Sindical e o Fundo Social
Sindical, passando o Estado a participar da aplicação da contribuição sindical.
� Tais dispositivos legais foram todos recepcionados pela CLT, conforme restou
consignado anteriormente.
� A alteração da terminologia de “imposto sindical”, prevista inicialmente no art.
578 da CLT para “contribuição sindical” operou-se pelo Decreto-lei n° 27 de
14 de Novembro de 1966, que acrescentou o art. 217 à Lei 5.172/66 sem
alterar sua destinação., e o Decreto-lei n° 229/67 altera a denominação do
Fundo Social Sindical para o nome de Conta Emprego e Salário.
� No mesmo sentido da legislação anterior a Constituição de 1967 mantém no
artigo 159 as prerrogativas do sindicato de arrecadação das contribuições
sindicais para o custeio de suas atividades, nos termos previstos nos artigos
578 a 610 da CLT, desde que previstas em lei.
� A partir da CF/88 a contribuição sindical passou a ser devida integralmente às
entidades sindicais de base e de nível superior, revogando os dispositivos
relativos à sua vinculação com o Poder Público. Assim, o percentual de 20%
que seriam destinados ao Estado (Conta Especial Emprego e Salário), passa a
ser distribuído entre as entidades sindicais. A distribuição da contribuição de
acordo com o art. 589 da CLT é feita na seguinte proporção: 5% para a
Confederação correspondente; 15% para a Federação; 60% para o Sindicato
respectivo e 20% que seria para a “Conta Especial Emprego e Salário”.
• Contribuição Associativa: é a mensalidade sindical, contemplada no art. 548
“b” da CLT. É prevista nos estatutos do sindicato ou tem seu valor fixado por
deliberação da Assembléia Geral, sendo devidas pelos associados e em
decorrência dessa condição.
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• Contribuição Assistencial: – também chamada de taxa de reversão,
contribuição de solidariedade ou taxa assistencial, é devida por todos os
trabalhadores, sejam ou não associados do sindicato, fixada em norma coletiva,
ou pela via do dissídio coletivo, devendo ser facultativa. Prevista no art. 513 da
CLT, alínea “e”, visa o custeio de despesas efetuadas durante as etapas de
negociação coletiva e para responder pela prestação de assistência jurídica,
médica odontológica.
Precedente Normativo n° 74 do TST:
Subordina-se o desconto assistencial sindical à não oposição do
trabalhador, manifestada perante a empresa até 10 (dez) dias antes
do primeiro pagamento reajustado.
� Esta contribuição somente pode ser descontada se o empregado autorizou
expressamente a empresa a fazê-lo, sob pena de ser considerado indevido e,
responsabilizada a empresa, vez que os descontos salariais não previstos em lei
somente podem ser autorizados com anuência do empregado.
• Contribuição Confederativa: Foi criada pela Constituição de 1988, art. 8°, IV. É
destinada ao custeio do sistema confederativo, independente da contribuição
prevista em lei. Deverá ser fixada pela Assembléia Geral do Sindicato. O Supremo
Tribunal Federal já se posicionou no sentido de que referida contribuição somente
pode ser exigida dos associados, neste sentido é o Precedente 119 do TST, que
preserva a liberdade de associação sindical, ficando a cobrança em relação aos não
associados condicionada ao direito de oposição. Se descontada em folha de
pagamento deverá haver autorização expressa do empregado, sob pena de ser o
empregador responsabilizado pelo desconto indevido.
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Unidade, Unicidade e Pluralidade Sindical
� Unicidade sindical:
� Se apresenta nos sistemas de intervenção estatal em relação: à
organização dos sindicatos, em que a lei estabelece que para cada
profissão a representação será exercida por um único sindicato, a quem
o Estado outorga a investidura sindical. Não se admite a existência de
mais de um sindicato na mesma base territorial da mesma profissão
com poderes de representação.
� Nesse sistema pode existir a liberdade de filiação ou associação, ou
seja, ninguém será obrigado a participar do sindicato caso não o queira,
o que caracteriza o sindicato único não obrigatório; porém, o que não se
admite é a existência de mais de um sindicato da mesma profissão com
poderes de representação.
� Pluralidade Sindical:
� refere-se ao modelo sindical em que não se verifica o controle do
Estado perante as organizações sindicais com relação à sua constituição
e representação profissional, cabendo aos empregados ou
empregadores, coletivamente considerados, definir o sindicato que lhes
representará, podendo existir mais de um sindicato na mesma base, cuja
filiação ou associação também poderá ser obrigatória ou livre.
� Não existe a obrigatoriedade da existência de mais de um sindicato da
mesma profissão na base.
� A organização dos sindicatos é uma possibilidade que pode, inclusive,
levar a uma unidade de representação, cuja escolha parte dos próprios
representados.
� Esse modelo, que é próprio dos sistemas democráticos, quando
combinado com a liberdade de associação, expressa em sua plenitude
os princípios de liberdade sindical inseridos na Convenção n° 87 da
OIT.
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� Unidade Sindical (≠ de unicidade sindical):
� A unidade poderá coexistir com os sistemas pluralistas, o que pressupõe a
existência de um único sindicato representativo de cada categoria
profissional ou econômica; porém, essa representatividade não é uma
imposição da lei, mas uma opção dos próprios representados.
� A unidade pode ser orgânica e de ação. A primeira caracteriza-se quando
a representação é exercida por um único sindicato escolhido pelos
trabalhadores ou empregadores, e a segunda dá-se quando, apesar de
existirem várias organizações sindicais na mesma base, estas se coordenam
para a obtenção de uma mesma finalidade em benefício da totalidade dos
trabalhadores ou empregadores representados.
Em favor da unicidade
• EVARISTO DE MORAES FILHO e OLIVEIRA VIANNA - defendem que
somente a organização profissional por meio do sindicato único – do sistema
de unicidade – é que pode assegurar a paz social e os interesses da produção e
do próprio Estado, pela razão de que o pluralismo levaria à fragmentação da
unidade profissional. Esta fragmentação causaria efeitos prejudiciais quando da
celebração das convenções coletivas, bem como para a solução dos conflitos
coletivos de trabalho, visto que a existência de vários sindicatos, de
inexpressiva representatividade, com a mesma finalidade, pulverizaria a
possibilidade de aplicação de uma mesma norma convencional de forma
abstrata a todo o grupo profissional.
Contra a Unicidade
• MOZAR VICTOR RUSSOMANO e ARMANDO BOITO JUNIOR -
defendem que o monopólio legal de representação deste sistema dispensa um
maior empenho dos sindicatos na busca da ampliação de seu quadro
associativo, o que é levado a um papel secundário, desestimulando o
desenvolvimento de uma consciência reivindicativa de melhores condições de
trabalho e salários, já que por meio dos impostos compulsórios, não necessita
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dos associados para o seu custeio, o que leva a uma representação ilusória,
pelos sindicalistas, ofuscados pelo legalismo sindical.
• Aspectos contrários ao sindicato único e oficial:
� limitação da liberdade sindical; a artificialidade desse sistema, que não
considera a espontaneidade e as palpitações dos trabalhadores e
empregadores, já que é criado pela lei; a facilidade do controle
intervencionista do Estado, para fortalecer seus órgãos executivos; o
estímulo à profissionalização dos dirigentes sindicais; a desconfiança
dos trabalhadores em razão da independência das decisões dos
sindicatos em relação aos mesmos.
• Aspectos favoráveis ao pluralismo sindical:
� a pluralidade sindical não induz à fragmentação da classe operária, pois
em um sistema de liberdade sindical, mesmo com a existência de vários
organismos sindicais, estes poderão a qualquer tempo, comporem-se
em uma unidade de ação para defender os interesses da coletividade.
� A possível disputa entre os organismos sindicais em prol da
representatividade, desde que voltadas para as finalidades do sindicato,
pode ser saudável, já que constitui elemento democrático que poderá
levar à unidade ou unificação espontânea; a formação de sindicatos
dissidentes por vaidade e ambição de seus líderes não implica
necessariamente movimento de desfiliação.
� Existindo a liberdade de associação, o sindicato deve dispor de planos
de ação para a consecução de suas finalidades, cabendo ao associado a
opção; nesse sistema não existe o enfraquecimento da luta operária,
pois a existência da concorrência, desde que sadia e no escopo do
interesse coletivo, encontra sustentação no regime democrático e tende
a levar à união, ou mesmo à unidade orgânica, de forma livre e
espontânea.
• Sindicato mais representativo:
� a necessidade de aferição do sindicato mais representativo se justifica em razão
da desigualdade entre eles, no sistema de pluralidade sindical, derivada da
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maior ou menor força política e organizacional, o que leva à criação de degraus
de representatividade entre as próprias organizações sindicais, implicando
reconhecimento de certos direitos, que são exclusivos das entidades de maior
representatividade, apesar de co-existirem direitos sindicais que são extensivos
a todos.
Critério para aferição da representatividade:
a) quantitativos, em que prepondera a consistência numérica de uma
determinada dimensão geográfica e de uma dada natureza (número de
associados, de delegados de pessoal, de componentes nos comitês de empresa,
de contribuintes, de trabalhadores e empregadores efetivamente representados,
de votos específicos);
b) qualitativos, que valorizam a independência em relação à contraparte, a
experiência e a antiguidade sindical;
c) institucionais, que privilegiam a participação das organizações nos órgãos
públicos;
d) ideológicos, que enaltecem determinadas passagens históricas, como a
resistência patriótica durante a ocupação da França;
e) funcionais, que revelam os instrumentos coletivos firmados fora do âmbito
exclusivo da empresa;
f) estruturais, que enaltecem um determinado tipo de estrutura organizativa,
invariavelmente a confederativa;
g) de estabilidade e continuidade do sujeito da negociação, que optam pela
continuidade das organizações sindicais na negociação coletiva.
Segundo o Comitê da OIT, estes critérios não ferem os princípios de liberdade
inseridos na Convenção n° 87 da OIT, desde que observadas as seguintes garantias:
a) que a verificação de maior representatividade se faça por um organismo
independente;
b) que a organização representativa seja eleita pelo voto da maioria dos
trabalhadores da unidade interessada;
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c) que a organização que não obtenha um número de votos suficientes tenha
direito de solicitar nova eleição depois de um dado período;
d) que toda organização que não tenha sido escolhida tenha o direito de
solicitar nova eleição depois de um determinado período; o mais comum é o de
12 meses.
• Representatividade derivada ou comprovada; a primeira consiste no direito de
representação conferido ao sindicato pela filiação a outro órgão sindical
superior, que seja detentor da representatividade; e a segunda consiste na
verificação específica do grau de representatividade da organização na data dos
exercícios de suas prerrogativas.
Proposta de Reforma Sindical no Brasil
• O Relatório de Reforma Sindical, que deu origem ao Projeto de lei enviado ao
Congresso Nacional, elaborado pelo Fórum Nacional do Trabalho - FNT,
estabelece normas restritivas para o pleno exercício da liberdade sindical,
inviabilizando a implantação imediata de um sistema de liberdade plena, nos
moldes preconizados pela Convenção n° 87 da OIT.
• Apesar de propor a implantação do sistema de pluralidade sindical e a extinção
da contribuição sindical compulsória, assistencial e confederativa, esta deverá
ocorrer de forma progressiva em um período de três anos.
• A proposta do FNT estabeleceu ainda a criação da contribuição de negociação
coletiva, devida por todos os trabalhadores beneficiados pelo instrumento
normativo, filiados ou não, ao sindicato, a ser fixada em assembléia dos
trabalhadores.
• Estabelece também critérios para a outorga da representatividade das entidades
sindicais, para poderem exercer o direito de negociação coletiva, cuja
concessão dar-se-á pela Secretaria das Relações do Trabalho do Ministério do
Trabalho e Emprego, que poderá ser de forma derivada ou comprovada.
• Quanto ao enquadramento sindical, o relatório estabelece que ele se dará por
setor econômico e ramo de atividade econômica, cuja proposta será elaborada
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pelo Conselho Nacional de Relações de Trabalho, e aprovada pelo Poder
Executivo.
• Insere-se ainda na nova proposta de reforma, a atuação da Justiça do Trabalho
na solução dos conflitos coletivos, por meio da arbitragem pública
compulsória, após vencidas as etapas previstas para a solução dos conflitos,
referentes à vigência dos instrumentos normativos, além do reconhecimento
das centrais sindicais, dentro da estrutura do modelo sindical com poderes de
negociação.
• Apesar de o Comitê de Liberdade Sindical da OIT entender que a fixação de
critérios para credenciamento do sindicato mais representativo para exercer,
com exclusividade, o poder de negociação coletiva da categoria não ser
incompatível com os preceitos da Convenção n° 87 da OIT, desde que
asseguradas certas garantias para a revisão desta representatividade, por
organismo independente, não se pode olvidar que a legitimidade de
representação somente encontraria sustentação em um sistema de liberdade,
desde que se desse pelo voto direto dos trabalhadores.
• A possibilidade de conferir-se a representação derivada por meio de
transferência automática, em razão de filiação a uma entidade sindical de nível
superior, que já tenha assegurada por lei esta representatividade, conforme se
insere na proposta do FNT, viria contrariar os princípios democráticos
inerentes ao processo negocial, em razão de que as estratégias de ação da
entidade de nível inferior poderiam sofrer influências das políticas e diretrizes
definidas pela organização hierarquicamente superior, mesmo que estas não
refletissem as especificidades dos trabalhadores no seu local de trabalho.
• Da análise proposta, conclui-se que, apesar das significativas mudanças
propostas pelo FNT para a reforma sindical, estas, mesmo se aprovadas pelo
Congresso Nacional, não seriam suficientes para romper com o sistema atual,
pois, ainda que de forma mais tênue, o sindicalismo conservaria as
características do sindicato oficial, com atuação indireta do Estado sobre as
organizações sindicais, de forma a desestimular o desenvolvimento de uma
consciência mobilizadora e reivindicativa pela massa trabalhadora.
• Para tanto, os instrumentos de que o Estado disporá continuam sendo o poder
de outorga para a investidura da representatividade aos sindicatos como
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agentes com poderes para negociar coletivamente, do que resulta o custeio da
organização sindical, pois, mesmo com a extinção das contribuições sindicais
compulsórias, assistenciais e confederativas, de forma progressiva, a nova
contribuição de negociação reverter-se-ia às entidades detentoras da
representatividade, inibindo e inviabilizando a criação de outros sindicatos.
• Também a atuação da Justiça do Trabalho, por meio da arbitragem pública
compulsória, após vencidas as etapas para a solução dos conflitos coletivos,
pelos próprios interlocutores sociais, serviria de desestímulo para a adoção dos
meios diretos de ação pelos trabalhadores na solução do conflito, como a
greve. Seria mais cômodo aos próprios dirigentes sindicais, detentores da
representatividade, transferir para o Estado o encargo de solucionar os
conflitos de interesse da categoria, sem a necessidade de adoção de um plano
organizado de ação por parte destes, uma vez instalado o impasse nas
negociações, tal qual ocorre no atual sistema.
• Pelas considerações expostas, não se pode olvidar que o rompimento imediato
com o atual sistema sindical e a implantação da liberdade sindical plena, com a
ratificação das normas de direito internacional e sua inserção no direito interno,
encontrará resistência entre os próprios dirigentes sindicais, sejam
representantes dos empregados, sejam representantes dos empregadores. Não
obstante, as alterações propostas pelo FNT representam um avanço para a
transição e implantação a médio e longo prazo de um novo modelo sindical no
Brasil, que venha a garantir a liberdade sindical e a participação democrática
dos trabalhadores nas relações coletivas de trabalho.