1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SELMA MARIA COSTA

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(Microsoft Word - INFORMACAO A SERVI\307O DA ESCOLA SERE DO PR)

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

SELMA MARIA COSTA DE OLIVEIRA

INFORMAO A SERVIO DA ESCOLA:

O SISTEMA ESTADUAL DE REGISTRO ESCOLAR (SERE) DO PARAN

CURITIBA

2013

1

SELMA MARIA COSTA DE OLIVEIRA

INFORMAO A SERVIO DA ESCOLA:

O SISTEMA ESTADUAL DE REGISTRO ESCOLAR (SERE) DO PARAN

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Cincia, Gesto e Tecnologia da Informao, Setor de Cincias Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paran, como requisito para a obteno de ttulo de Mestre em Cincia, Gesto e Tecnologia da Informao.

Orientadora: Prof. Dr. Snia Maria Breda

CURITIBA

2013

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3

AGRADECIMENTOS

Agradeo Nossa Senhora, presente em todos os momentos.

s pessoas prximas que tiveram pacincia comigo: estive concentrada nos

estudos.

Ao meu irmo Emlio Carlos Costa de Oliveira, por suas preciosas

sugestes.

Prof. Dr. Helena de Ftima Nunes Silva, sempre muito atenciosa e com

a palavra mais suave.

Sempre agradecerei estimada Prof. Dr. Maria do Carmo Duarte Freitas

pelo permanente incentivo e disponibilidade, um exemplo de profissional e de

pessoa.

Prof. Dr. Snia Maria Breda, minha orientadora, por sua confiana e

firmeza nesses anos, qualidades inestimveis. Suas observaes foram importantes

no caminho da pesquisa.

Aos Professores componentes da Banca pelas novas possibilidades

apresentadas.

Em especial amiga Clia Scucato Minioli, com a qual compartilhei a maior

parte da minha vida acadmica. Agora estudando outras coisas.

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RESUMO

Estudo sobre a informao a servio da escola com foco no Sistema Estadual de Registro Escolar (SERE) do Paran. Objetiva analisar o SERE luz de uma aproximao entre Cincia da Informao e Cincia da Educao, buscando identificar as contribuies do Sistema para a educao e o ensino. Rev as polticas pblicas que favoreceram a implementao de programas voltados Tecnologia de Informao e Comunicao para fins educacionais. Descreve o Sistema e analisa a sua estrutura. Retoma estudo exploratrio (2008) sobre a perspectiva do secretrio da escola, principal usurio do Sistema. Discute o uso da informao, a partir da coleta, na prtica de secretrios, pedagogos e professores. Amplia estudo pela observao direta realizada em duas escolas pblicas estaduais e questionrio aplicado em doze escolas pblicas estaduais de Curitiba e Regio Metropolitana Norte de Curitiba. Entrevista desenvolvedores do Sistema. Identifica lacunas informacionais. Aponta os elementos informacionais no uso escolar do sistema e o(s) benefcio(s) para o estudante. Identifica o SERE como sistema de apoio tomada de deciso pelo usurio escolar somado a dados auxiliares provindos de coleta informal. Alm disso, subsidia o gestor educacional para a adoo de programas governamentais destinados ao estudante da educao bsica e escola. Reconhece a existncia de problemas na disseminao de dados/informaes sobre os estudantes no interior da escola, e o reduzido uso de Tecnologia da Informao e Comunicao pela gesto escolar. Esclarece na evoluo do sistema a participao do usurio escolar em sua origem, bem como, do gestor educacional em seu aprimoramento. Conclui a necessidade de incluso de dados subjetivos sobre os estudantes, colhidos informalmente nas escolas pblicas, o aperfeioamento dos relatrios emitidos e a integrao de pedagogos e professores ao Sistema.

Palavras-chave: Sistema de registro escolar. Sistema Estadual de Registro Escolar. Sistema de informao. Informao escolar.

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ABSTRACT

Study about the information offered to the schools focusing on the Sistema Estadual de Registro Escolar (SERE) in Paran. It aims to analyze the SERE through the perspective of a conjunction of information and education sciences by identifying the systems contributions to education. It reviews the government policies that fomented the implementation of Information and Communication Technologies oriented programs for educational purposes. Describes the system and analyses its structure. It recaptures the exploratory study (2008) about the perspective of the schools secretary, key user of the system. It discusses the use of information, starting from the collection point, in the activities of the secretaries, pedagogues and teachers. It broadens the study by the direct observation performed in two schools and a questionnaire administered in twelve schools in Curitiba and north suburbs. It interviews the system developers and identifies informational gaps. It indicates the informational elements in the systems applications and its benefits to the student. It points out the SERE as a support for the process of decision-making for the user in conjuncture with auxiliary data from informal collection. Besides, the system subsidizes the educational manager in the adoption of student oriented government programs, in basic education and school. It acknowledges the existence of problems in spreading data/information about students inside the school and the minor use of information and communication technology in the schools management. It enlightens the share of the school user in its origin as well as the educational managers in its improvement. It concludes the necessity to include the students subjective data, collected informally in the schools, the improvements in published reports and the integration of pedagogues and teachers to the system.

Key words: School record system. Sistema Estadual de Registro Escolar. Information system. School information.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABC Base de dados denominada Aluno na Base Central

APM Associao de Pais e Mestres

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

CDE Coordenao de Documentao Escolar

CGM Cdigo Geral de Matrcula

CELEPAR Companhia de Informtica do Paran

CETE Coordenao Estadual de Tecnologia na Educao

CETEPAR Centro de Excelncia em Tecnologia Educacional do Paran

COPEL Companhia de Energia Eltrica do Paran

CR/88 Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 05/10/1988

CRTE Coordenao Regional de Tecnologia da Educao

FIP Ficha Individual Pedaggica

FICA Programa de Mobilizao para Incluso Escolar e a Valorizao da

Vida

FUNDEPAR Fundo Educacional do Paran ou Instituto de Desenvolvimento

Educacional do Paran

MAEP Mtodo de Avaliao Ergopedaggica

NTE Ncleo de Tecnologia Educacional

NRE Ncleo Regional de Educao

SEED Secretaria de Estado da Educao

SETI Secretaria de Estado da Cincia e Tecnologia

PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento

PRD Programa Paran Digital

PROEM Programa de Extenso, Melhoria e Inovao do Ensino Mdio

PROINFO Programa Nacional de Informtica na Educao

UFPR Universidade Federal do Paran

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SUMRIO

1 INTRODUO .................................................................................................... 8

2 TRAJETRIA METODOLGICA .................................................................... 13

3 POLTICAS PBLICAS PARA O USO DE TECNOLOGIAS NA ESCOLA ..... 20

3.1 CONCEPO DAS POLTICAS PBLICAS .................................................... 20

3.2 PROGRAMAS EM TECNOLOGIA DE INFORMAO E COMUNICAO NO

MBITO EDUCACIONAL PARANAENSE ................................................................ 21

3.3 SISTEMA ESCOLAR E SISTEMA DE INFORMAO ..................................... 24

3.4 SISTEMA ESTADUAL DE REGISTRO ESCOLAR DO PARAN ..................... 27

4 LITERATURA PERTINENTE ........................................................................... 37

4.1 CONCEITOS FUNDANTES DA MATRIA INFORMAO .............................. 37

4.2 INFORMAO VOLTADA PARA O USURIO ................................................ 39

4.3 INFORMAO E ESCOLA ............................................................................... 42

4.4 ATORES E COMPROMISSO COM A EDUCAO ......................................... 45

5 EM CAMPO ...................................................................................................... 53

5.1 ESTUDO PR-EXPLORATRIO ..................................................................... 53

5.2 RECORTE DO COTIDIANO ESCOLAR: ESPAOS E MOVIMENTOS ........... 66

5.2.1 No habitat do SERE ...................................................................................... 68

5.2.2 Nas imediaes do SERE: a sala dos pedagogos ....................................... 75

5.3 VISO DOS USURIOS DO SERE ................................................................. 81

5.3.1 A viso do gestor do SERE .......................................................................... 82

5.3.2 A equipe pedaggica .................................................................................... 92

5.4 O SERE NA PERSPECTIVA DO DESENVOLVEDOR ................................... 103

6 DISCUSSO................................................................................................... 108

7 CONSIDERAES FINAIS............................................................................ 116

REFERNCIAS ....................................................................................................... 123

APNDICE A USABILIDADE E FUNCIONALIDADE DO SERE 2008 .................. 131

APNDICE B - QUALIDADE DA INFORMAO DO SERE PELA EQUIPE DE

SECRETARIA ......................................................................................................... 132

APNDICE C - SERE NA VISO DOS PEDAGOGOS .......................................... 134

APNDICE D - ELEMENTOS DE REGISTRO E SERE NA VISO DOS

PROFESSORES ..................................................................................................... 135

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1 INTRODUO

A expresso registro escolar conhecida e utilizada por representar as

anotaes dos professores nos diversos ambientes de aprendizagem,

especialmente na sala de aula. Os apontamentos didticos relacionam-se aos

contedos ministrados, metodologia e avaliao realizados no decorrer do processo

ensino-aprendizagem, mas tambm envolvem ocorrncias diversas como, por

exemplo, as observadas a partir do comportamento social dos estudantes e que

fazem parte da cultura da escola. No entanto, o registro escolar mais abrangente

se considerado indispensvel como evidncia das atividades relacionais dos demais

ambientes pedaggicos, na secretaria e na direo escolar, ao descrever e reaver

processos e procedimentos de gesto, histrias profissionais e histrias dos

educandos.

As vivncias no ambiente escolar possibilitam aos atores escolares perceber

as mudanas que esto ocorrendo no ambiente externo, em aes e reaes

contnuas frente realidade que se apresenta. Traduzidas em registros, podem

permitir a reanlise do ambiente interno, desde que estejam disponveis a todos os

envolvidos no processo de organizao do trabalho escolar. Tais registros podem

ser vistos, a partir de sua origem, como dados, informaes ou conhecimento que

precisam nos ambientes pedaggico-administrativos, mediados pelas relaes

prprias entre os atores do ambiente escolar. A busca por dados e informaes para

a compreenso da realidade educacional os torna interdependentes para uma ao

coletiva, frente s mudanas sociais e tecnolgicas que circundam e adentram a

escola.

Novas possibilidades de planejamento e atuao a partir de dados concretos

do meio externo e interno, utilizando os recursos da Tecnologia da Informao e

Comunicao, podem ser reconhecidas pelos atores escolares. As decises

tomadas no mbito escolar so elementos permanentemente presentes no

planejamento e organizao, e tambm o so no mbito educacional, onde

multiplicam-se em complexidade mediante a dimenso da rede de ensino estadual.

Nos ambientes pedaggicos, o professor observa, seleciona, define

contedos e situaes mais apropriadas com o aprender e com o ensinar, avalia e

registra as suas observaes pessoais e as formais do Sistema Escolar. O

pedagogo, ou o coordenador, segundo Guimares e Villela (2009, p. 39), devem

9

atuar em pelo menos trs nveis no excludentes: 1) o de resoluo de problemas

instaurados; 2) o de preveno de situaes problemticas previsveis; 3) o de

promoo de situaes saudveis do ponto de vista educativo e socioafetivo. Na

construo do processo ensino-aprendizagem o pedagogo realiza o assessoramento

ao Professor (MINIOLI, 2011). Comumente, alm dos registros de seu acervo, o

pedagogo recorre secretaria escolar, fonte tradicional de dados e informaes

sobre os estudantes em documentos oficiais, ao professor pelas suas observaes e

registros, aos demais educadores por suas observaes, ao estudante e familiares,

para agregar o mximo de significado s suas aes no assessoramento

pedaggico.

Normalmente as informaes produzidas pelo pedagogo possuem carter

subjetivo e so alinhadas aos dados objetivos como nota e nmero de faltas,

indicadores de desempenho acadmico bem conhecidos e amplamente adotados,

para a composio de um perfil do estudante ou de um grupo de estudantes.

A gesto educacional, representada aqui pela Mantenedora, reconhecendo o

dinamismo que advm dos processos educacionais, procura formas de orientar sua

organizao de modo mais eficiente e coloca os atores escolares frente aos

recursos tecnolgicos, seja para fins didticos ou organizativos.

Assim, os gestores educacionais concebem e orientam o desenvolvimento

de sistemas de informao. Um sistema de informao de registro escolar interfere

no processo de registro de dados, arquivamento e emisso de documentos com

padro prprio de uma gesto documental. Pelo processamento de dados, gera

relatrios que podem servir para a tomada de deciso coletiva destinada ao

replanejamento organizacional, monitoramento e reviso do trabalho escolar, a partir

da percepo do modo de desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.

Um autntico sistema de registro escolar deve estar disponvel gesto

escolar e estar adequado demanda das reais necessidades de informao da

escola.

Enquanto as interfaces de registro modificam-se medida que se

introduzem tecnologias, mantm-se o formato documental com reduzida mudana

no teor da informao, especialmente a que se refere ao estudante, este

considerado a razo da existncia do ensino e da escola.

Um dos sistemas de informao institucional disponibilizado o existente nas

escolas pblicas estaduais paranaenses e que possibilita a coleta, o processamento,

10

o arquivamento e a recuperao de dados e informaes sobre os estudantes e seu

desempenho durante as vrias etapas do processo ensino-aprendizagem, base para

a organizao do trabalho escolar e educacional. Este sistema corresponde ao

Sistema Estadual de Registro Escolar (SERE), mantido na secretaria escolar.

Esta pesquisa refere-se informao a servio da escola pblica estadual

do Paran, com foco na informao disponibilizada por meio do SERE. Ativo em

todas as unidades escolares pblicas estaduais paranaenses, acessvel tambm

s escolas pblicas municipais e a entidades privadas de educao bsica,

apresentando-se nas verses on-line e off-line. Para as escolas pblicas estaduais,

a verso on-line foi disponibilizada a partir de 2005, e s escolas da rede privada, o

ser a partir de 2013.

O presente estudo convergiu sobre a contribuio do sistema de registro

escolar estadual paranaense para a gesto escolar voltada ao atendimento de sua

finalidade, a promoo humana de crianas e jovens. Averigua-se: quais as

contribuies do Sistema Estadual de Registro Escolar SERE, para as escolas

pblicas estaduais paranaenses?

Constitui-se objetivo geral da pesquisa analisar no Sistema Estadual de

Registro Escolar, como componente do sistema escolar, os elementos de

contribuio para a educao e ensino para a escola pblica estadual paranaense. A

partir do objetivo geral estendem-se os seguintes objetivos especficos:

a) analisar os dados e as informaes constantes do SERE em relao

utilizao para a finalidade da educao e ensino;

b) estabelecer as relaes entre os usurios do SERE a partir da coleta de

dados e uso da informao;

c) expressar a avaliao sobre as funcionalidades do Sistema pelo seu

usurio direto, o secretrio escolar;

d) identificar a viso de pedagogos e professores sobre o SERE e sua

utilizao;

e) identificar as possveis lacunas de informao a partir de seus usurios,

envolvida a prtica nas escolas estaduais.

Admite-se que a interlocuo do sistema de informao de registro escolar

com a dimenso pedaggica na escola amplia-se lentamente, permanecendo suas

informaes, geralmente, restritas aos bancos de dados estatais e rea dos

gestores da escola, especificamente diretor e secretrio, e, mais raramente,

11

pedagogos. Considera-se, de modo preliminar, que as informaes do sistema no

possuem o detalhamento possvel de sua real histria escolar, formadas com dados

originados da legislao perfilados com a formalidade institucional, aqum das

possibilidades de contribuir com uma dimenso explicitamente mais humana e

revelar o desenvolvimento do estudante no decorrer de sua trajetria escolar.

Como toda organizao, a escola possui caractersticas prprias para

atender aos objetivos educacionais legais e aos esperados pela comunidade. Em

decorrncia, preciso que os profissionais da educao, antes de tudo, reconheam

como os estudantes se apropriam do conhecimento e da cultura, nas diferentes

fases de desenvolvimento humano. Registros institucionais impediriam que estas

informaes e conhecimentos se perdessem e permitiriam a sua reutilizao.

Esclarecer a forma de utilizao da informao do sistema de registro

escolar pelos educadores, e em especial os professores e os gestores escolares

aqui representados pelos pedagogos e secretrios, um passo a mais para revelar

como tem se desenvolvido a gesto pblica educacional para a informao no

contexto escolar.

Aponta-se a pequena visibilidade do tema na literatura cientfica, sistema de

informao para gesto escolar. No entanto, tem-se a notcia de que as pesquisas

de diversas instituies sobre o SERE esto em desenvolvimento. A construo

terica associa os campos da Cincia da Informao e da Educao, em suas

relaes concretas, partindo das polticas pblicas educacionais para a incluso

sociodigital. A concepo ou o aprimoramento dos sistemas de informao exige

reconhecer a importncia de seus usurios, capazes de perceber mais diretamente

possveis problemas informacionais e de redefinir o valor da informao para alm

do olhar meramente operacional ou procedimental. Enfatiza-se que a tecnologia est

incorporada no campo da Cincia da Informao.

A reflexo sobre o papel da informao advindo de registro escolar poder

representar material de consulta para o administrador da gesto pblica e

pesquisadores de ambos os campos, Informao e Educao, no desenvolvimento

de processos e mtodos de uso da informao para a especificidade da ao

escolar em trabalhos futuros, sobretudo quando vislumbrada a possvel integrao

de sistemas municipais e estaduais de educao.

O encaminhamento metodolgico o assunto do Captulo 2. Envolve a

descrio do mtodo e das tcnicas de pesquisa adotadas, do grupo amostral

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selecionado e o modo de sistematizao para a anlise de resultados. O Captulo 3

apresenta, como parcela de componente terico, as polticas pblicas para uso de

Tecnologias de Informao e Comunicao na escola, sua concepo, programas

na esfera estadual paranaense e sistema de informao para a escola em suas

bases conceituais, inclusa a expanso do SERE. Como literatura pertinente, o

Captulo 4 exibe a fundamentao oriunda da Cincia de Informao e Cincia da

Educao em seus domnios conceituais primordiais voltados para: a) a informao

direcionada para o usurio em aspectos aplicveis escola; b) o compromisso com

a educao por seus atores nos sistemas educacionais e escolares. O Captulo 5

expe a retomada de estudo pr-exploratrio, revela a perspectiva dos usurios dos

dados e informaes frente ao SERE no contexto escolar e rev a origem do

Sistema por seu desenvolvedor, como resultado do trabalho de campo projetado e

sua anlise. O Captulo 6 discute os resultados obtidos e complementa sua

apreciao. Para as consideraes finais destinou-se o Captulo 7.

13

2 TRAJETRIA METODOLGICA

Este captulo descreve como a pesquisa foi desenvolvida, seu contexto e

caractersticas, o detalhamento do trabalho de campo nos espaos de investigao

e coleta de dados, bem como a sistematizao para a anlise do material coletado

no transcorrer do caminho metodolgico.

Para averiguar os elementos de contribuio do SERE para o ensino e a

educao, considerou-se a pesquisa qualitativa, adequada ao aprofundamento da

utilizao do referido sistema pela escola pblica estadual paranaense, ambiente de

dados primrios dos estudantes. De acordo com Vergara (1997), esta investigao

possuiu natureza descritiva quanto aos fins, e de campo quanto aos meios.

O aspecto descritivo apoiou-se na exposio da utilizao do sistema de

informao de registro escolar pelos seus usurios mais prximos e as relaes

estabelecidas entre os sujeitos, intermediadas pelos dados e informaes que o

compe. O estudo de campo reafirmou no dinamismo dos eventos que do origem

dos dados e informaes dos estudantes no mbito da escola pblica estadual

paranaense que oferta o ensino fundamental e mdio seriado, o valor determinado

pelos respondentes ao SERE, a percepo de lacunas informacionais e a sua

participao na construo do sistema que detm a parte formal dos registros. A

curiosidade surgida a partir deste ltimo item conduziu a pesquisa at as origens e

evoluo do sistema. Assim sendo, o estudo de caso foi escolhido como apropriado

para apreender o significado do SERE no contexto escolar, de suas particularidades

ao todo, em sua parcela de subsdio ao sistema escolar.

A concretizao dos objetivos subentendeu a pesquisa bibliogrfica e a

pesquisa de campo. Os encontros com os autores deram-se ao longo de todas as

etapas de investigao, tendo como premissa aproximar os elementos fundantes da

Cincia da Informao, particularmente no tocante informao voltada a usurios,

Sistema de Informao e Cincia da Educao, pelos atores escolares em suas

relaes de compromisso com a educao. Seguiu-se tambm reviso de

literatura para abranger as polticas pblicas voltadas para informatizao das

escolas e acesso a sistemas de informao. Foi realizada a averiguao do SERE

do ponto de vista da cincia da informao, diretamente no stio da web pela

interface da escola, para anlise dos dados e informaes disponveis, associada ao

levantamento de informaes histrico-legais sobre registro escolar no pas, uma

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vez que no ambiente pblico a legislao precede e norteia todos os

encaminhamentos administrativos educacionais; para a consolidao desta atividade

foi necessria consulta legislao nacional e estadual.

Ao campo, iniciado em estudo pr-exploratrio, destinou-se um conjunto de

meios e instrumentos tcnicos que se intercomplementaram: observao do

fenmeno in loco, questionrio e entrevista, caracterizando a observao

sistemtica, concebidos e colocados em prtica em sequncia temporal.

O pr-exploratrio possibilitou a anlise do sistema de informao nos

aspectos de usabilidade e funcionalidade no momento de transio da verso off-

line para a on-line. Embora restrito ao usurio imediato do SERE, o estudo permitiu

o esboo de novo trajeto para a pesquisa ao revelar a impresso dos secretrios das

escolas investigadas naquele momento por meio da aplicao de um questionrio

(APNDICE A). Os dados foram revistos e apresentados neste relatrio.

Pela observao na escola buscou-se evidenciar a rotina de utilizao do

SERE em alguns momentos considerados decisivos na atividade escolar, do ponto

de vista da pesquisadora. Simultaneamente, atualizou-se o conhecimento da

estrutura do sistema informtico em relao aos dados e informaes colhidos pelos

seus agentes, assim como foram visualizados os documentos impressos dele

oriundos: fichas, declaraes, relatrios. Os sujeitos submetidos observao

manifestaram-se em seu habitat por meio de seus procedimentos formais e

informais, falas, regras estabelecidas internamente e conhecimentos do sistema

escolar e do manejo do SERE.

A segunda fase correspondeu elaborao de questionrios constitudos de

perguntas abertas e fechadas (APNDICES B, C e D). Com a inteno de no

causar estranheza ao depoente e pensando na especificidade das funes de trs

grupos de respondentes, foram elaborados trs questionrios, todos voltados para a

compreenso da prtica da utilizao de dados e informaes dos estudantes, pelo

secretrio e auxiliar, imersos no SERE e atuantes conhecedores do sistema escolar

e seus registros, pelo pedagogo posicionado entre o sistema de registro na sua

totalidade e pelo professor em meio ao sistema de registro escolar.

Paralelamente buscou-se tornar visvel a histria do SERE, de sua

concepo e evoluo, para identificar a participao do usurio da escola pblica

estadual paranaense no seu desenvolvimento. O meio selecionado para efetivar

15

esta terceira etapa de coleta de dados foi a entrevista com os primeiros

desenvolvedores do sistema.

A presente investigao foi concebida inicialmente para desenvolver-se no

mbito escolar, mas medida de seu avano, outros espaos foram acrescidos. No

contexto escolar foi realizada em treze escolas pblicas estaduais, nove delas

situadas em Curitiba, uma localizada no municpio de Piraquara e trs situadas no

municpio de Colombo (QUADRO 1). Como critrio de seleo foram escolhidas as

dez unidades escolares de Curitiba e Piraquara que fizeram parte do estudo pr-

exploratrio e que estavam entre as escolas que possuam maior tempo de uso do

SERE on-line. A elas foram acrescentadas as unidades de Colombo, definidas pela

proximidade. Dentre as situadas em Colombo, duas foram propostas para a fase de

observao in loco.

busca de dados sobre a evoluo do SERE foi necessrio encontrar

alguns de seus primeiros desenvolvedores, em contexto diverso, por eles definidos.

N Escolas da rede pblica estadual paranaense Municpio Instrumento

1 Instituto de Educao do Paran Professor Erasmo Pilotto Curitiba Questionrio

2 Colgio Estadual Dona Branca do Nascimento Curitiba Questionrio

3 Colgio Estadual Professor Braslio Vicente de Castro Curitiba Questionrio

4 Colgio da Polcia Militar Cel. PM Felippe de Souza Miranda Curitiba Questionrio

5 Colgio Estadual So Pedro Apstolo Curitiba Questionrio

6 Colgio Estadual Getlio Vargas Curitiba Questionrio

7 Colgio Estadual Doutor Xavier da Silva Curitiba Questionrio

8 Colgio Estadual Professor Elias Abraho Curitiba Questionrio

9 Colgio Estadual Lamenha Lins Curitiba Questionrio

10 Colgio Estadual Doutor Gilberto Alves do Nascimento Piraquara Questionrio

11 Colgio Estadual Alfredo Chaves Colombo Questionrio

12 Colgio Estadual Antonio Lacerda Braga Colombo Questionrio/

Observao

13 Colgio Estadual Vinicius de Moraes Colombo Observao

QUADRO 1 - CAMPOS DE INVESTIGAO

FONTE: A autora (2012)

Com o intuito de identificar o modo como a equipe gestora da escola vem

administrando os registros formais dos estudantes em suas rotinas junto secretaria

escolar e equipe pedaggica e, direta ou indiretamente junto ao SERE, assim como

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capturar as impresses dos sujeitos sobre os dados e informaes em seu valor

para a escola e educao, foram definidos os instrumentos para a coleta de dados.

Como atividade inicial, apresentou-se uma pesquisa exploratria aplicada

aos secretrios escolares de dez escolas pblicas estaduais, nove situadas em

Curitiba e uma na regio metropolitana norte de Curitiba1. As instituies de ensino

foram selecionadas por estarem fazendo uso do sistema h mais tempo na regio,

em perodo varivel de dois a trs anos, ainda fase de implementao do SERE na

verso web no Paran. A coleta de dados realizou-se no ms de maio de 2008 e os

dados trazem tona a percepo de uso do sistema pelo seu usurio imediato. Para

atender ao contexto deste estudo, os resultados e sua anlise foram reavaliados e

reorganizados. Naquele perodo, o SERE off-line ainda era alimentado e consultado

por muitas escolas.

O objetivo da averiguao foi avaliar a usabilidade e funcionalidade do

sistema da nova verso do SERE pelos seus principais usurios: os secretrios

escolares.

No contexto escolar, dados e informaes dos estudantes colhidos para a

educao bsica transcursam e se complementam no cenrio pedaggico pela ao

de professores e pedagogos.

Em harmonia com a averiguao pr-exploratria, os estudos seguiram no

ano de 2012 em direo aos demais usurios do sistema de registro escolar, ainda

que usurios sem acesso direto ao SERE, os professores e pedagogos, e ao

encontro de uma viso mais presente dos profissionais que atuam na secretaria de

escolas, usurios diretos do SERE. Pensou-se em apreender a viso daqueles

usurios em relao aos dados e informaes dos estudantes e sua captura,

disseminao e utilizao no contexto escolar do sistema de registro escolar para a

organizao do trabalho pedaggico em sua prtica, respeitando a distino de

acesso ao SERE.

Como tcnicas para investigao do SERE e sua utilizao no mbito

escolar, fez-se uso de observao sistemtica pela observao in loco em duas

1 A pesquisa desenvolveu-se sob a orientao da Professora Doutora Maria do Carmo Duarte Freitas, do Departamento de Cincia e Gesto da Informao (DECIGI) da Universidade Federal do Paran (UFPR) e teve origem no Programa de Desenvolvimento Educacional PDE, da SEED, destinado formao continuada de professores da educao bsica da rede pblica estadual, realizado em parceria com a UFPR.

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escolas e aplicao de questionrios, o que totalizou treze instituies escolares da

rede pblica estadual paranaense.

Preservou-se a identidade dos servidores e das escolas em todo o trabalho

de campo, mas mantendo as suas argumentaes destacadas em itlico ou entre

aspas, quando transcritas integralmente, e indicadas por ordem numrica.

Para esta fase de coleta de dados, o questionrio foi eleito como instrumento

mais apropriado. Seguindo o caminho do estudo pr-exploratrio, foram envolvidas

as mesmas dez escolas. O pr-teste foi realizado em uma unidade da rede e,

validado o questionrio, foi acrescido ao grupo inicial de pesquisa junto com mais

uma escola. Desta forma, a coleta de dados por meio de questionrio realizou-se em

doze escolas pblicas estaduais: nove em Curitiba, uma em Piraquara

componentes do grupo original , e mais duas, situadas no municpio de Colombo.

Em cada instituio foram entregues seis questionrios: dois para serem

respondidos pela equipe de secretaria, dois para a equipe de pedagogos e dois para

o corpo docente. Dos setenta e dois questionrios distribudos, retornaram

pesquisadora sessenta e dois, ou seja, oitenta e seis por cento.

A amostra comps-se, portanto, de vinte e dois secretrios e/ou auxiliares de

secretaria, vinte pedagogos e vinte professores atuantes em escolas que ofertam o

Ensino Fundamental anos finais e Ensino Mdio como elementos constitutivos da

populao. Os respondentes de cada unidade escolar foram escolhidos pela pessoa

com a qual a pesquisadora teve o primeiro contato para a exposio do estudo por

vezes, o diretor ou diretora, em outras, o pedagogo.

Revela-se que em decorrncia das atribuies especficas de cada grupo de

respondentes no ambiente escolar, os questionrios foram individualizados em trs

formatos, levando-se em considerao a familiaridade com o sistema, caracterstica

identificada nas averiguaes anteriores. Aos professores, a maior parte das

perguntas foi voltada para o sistema de registro escolar em sua prtica: seis

questes fechadas dentre oito questes, com duas perguntas abertas sobre o SERE

para se obter a percepo do professor sobre a parte dos registros que a ele cabe;

aos pedagogos, que possuem acesso restrito e indireto ao SERE, uma questo

fechada sobre o registro escolar e uma sobre a utilizao do sistema, e quatro

perguntas abertas especficas sobre o SERE. As questes fechadas para a equipe

pedaggica possuam mltipla opo de resposta.

18

Aos representantes da secretaria de escola, cinco questes foram exclusivas

sobre o SERE: a primeira fechada e as demais, abertas. A pergunta fechada deste

grupo de respondentes foi subdividida em dezesseis afirmaes para possibilitar a

anlise das impresses dos respondentes sobre a qualidade dos dados e

informaes presentes no SERE por meio de quatro opes: Concordo Totalmente,

Concordo, Discordo e Discordo Totalmente.

Para reduzir possveis dvidas sobre o significado de dado e informao,

os questionrios foram elaborados de modo a tratar as expresses como

elementos ou aplic-los em conjunto: dados/informaes.

Como pesquisa de natureza qualitativa, a interpretao dos dados colhidos

exigiu organizao em duas frentes: a primeira por meio da construo de tabelas e

grficos para o tratamento de dados subjetivos, e a segunda, pela verificao dos

argumentos explicitados pelos sujeitos observados, interrogados e entrevistados em

suas manifestaes espontneas.

Para a avaliao qualitativa decorrente da aplicao de questes fechadas

determinou-se, para duas questes elaboradas com afirmaes sobre o SERE, o

uso de escala que ... atribui rtulos numricos aos atributos e arbitrada, definida

pelo pesquisador (PEREIRA, 2004, p. 55). Foram construdos tabelas e grficos

referentes usabilidade e funcionalidade do SERE e qualidade da informao do

SERE, em escalas de cinco e de quatro pontos, respectivamente.

Ao conjunto de perguntas fechadas que admitiu a mltipla escolha entre as

opes de resposta, a anlise deu-se pela somatria das opes dos respondentes

por item, com a elaborao de grficos de barras, com os percentuais obtidos para

cada item definido.

Para as questes abertas, a interpretao ocorreu pela associao das

expresses orais, escritas e comportamentais, conforme o caso, dos agentes

escolares partcipes da averiguao.

Em sntese, as categorias de anlise previstas na elaborao dos

instrumentos de coleta de dados corresponderam: a) equipe de secretaria:

qualidade da informao do SERE para o trabalho escolar e para a rea

pedaggica; b) equipe de pedagogos: coleta e utilizao de dados/informaes

provenientes do SERE; c) ao professor: coleta e disseminao de dados sobre os

estudantes.

19

As entrevistas, em nmero de duas e com roteiro idntico, foram destinadas

a um representante do desenvolvedor do Sistema e ao criador do programa que deu

origem ao SERE.

As anotaes pertinentes das observaes in loco na secretaria e na sala

dos pedagogos de duas escolas (em cada escola um ambiente) e das entrevistas

foram includas de forma descritiva neste documento.

20

3 POLTICAS PBLICAS PARA O USO DE TECNOLOGIAS NA ESCOLA

O objeto deste estudo foi constitudo na esfera pblica. Para explicitar os

elementos que estiveram em sua origem, dos recursos sua apresentao formal,

alia-se s polticas pblicas, em sua concepo e efetivao, entrelaadas com a

noo de Sistema e Sistema de Informao para a escola. O SERE desconstrudo

e apresentado a partir dos dados e informaes que o compem.

3.1 CONCEPO DAS POLTICAS PBLICAS

As aes governamentais so manifestadas por meio de polticas pblicas.

Cavalcanti (2007) aponta na bibliografia pertinente uma gama de conceituaes

diversas para polticas pblicas. Ao sintetiz-las, expe, de maneira simplificada,

que poltica pblica

um curso de ao ou inao, escolhido por autoridades pblicas para focalizar um problema, que expressada no corpo das leis, regulamentos, decises e aes de governo. A poltica pblica est relacionada com as intenes que determinam as aes de um governo; com o que o governo escolhe fazer ou no fazer; com as decises que tm como objetivo implementar programas para alcanar metas em uma determinada sociedade; com a luta de interesses entre o governo e sociedade; ou ainda, com atividades de governo, desenvolvidas por agentes pblicos ou no, que tm uma influncia na vida de cidados.(CAVALCANTI, 2007, p. 26).

Azevedo (2011) declara que as polticas pblicas so definidas como a ao

do Estado.

O Estado, normatizador, fundamenta-se na Constituio da Repblica

Federativa do Brasil (CR/88) para criar e delinear polticas para garantir os direitos

do cidado brasileiro. Entre os direitos sociais est a educao (Art. 6) e sua

efetivao como dever do Estado (Art. 208) dar-se- pela oferta gratuita da

educao bsica, atendimento educacional especializado, acesso aos nveis mais

elevados de ensino e, conforme o inciso VII do Art. 208 - atendimento ao educando,

no ensino fundamental, atravs de programas suplementares de material didtico-

escolar, transporte, alimentao e assistncia sade. O Art. 214 cita o plano

nacional de educao para assegurar que o ensino esteja articulado, desenvolva-se

e integre-se s aes do poder pblico para a I - erradicao do analfabetismo; II -

21

universalizao do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV -

formao para o trabalho; V - promoo humanstica, cientfica e tecnolgica do

Pas.

Zanten (2011) manifesta que as polticas educativas correspondem a

programas de ao governamental, dirigidos a pblicos escolares, que vm

acompanhados de reformas estruturais implementadas pela administrao e pelos

profissionais da educao.

As reformas educacionais brasileiras advm de alterao na legislao

especfica. A mais recente reforma foi promovida pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educao Nacional Lei n 9394/96. Esta norteia as aes do Ministrio da

Educao, associada Constituio da Repblica Federativa do Brasil que busca

promover o ensino de qualidade para todos, ao estabelecer planos e programas

nacionais, e conforme consta no portal do MEC2, com ... uma viso sistmica da

educao, com aes integradas e sem disputas de espaos e financiamentos,

para beneficiar com recursos federais todos os nveis da educao bsica.

Libneo, Oliveira e Toschi (2007) expressam que o Plano Nacional de

Educao, institudo como lei a partir da promulgao da CR/88, tem como objetivos

a ampliao do nvel de escolaridade da populao, do acesso permanncia com

sucesso, a melhoria da qualidade do ensino e a democratizao da gesto do

ensino pblico.

3.2 PROGRAMAS EM TECNOLOGIA DE INFORMAO E COMUNICAO NO

MBITO EDUCACIONAL PARANAENSE

Em sua pesquisa, Cavalcanti (2007) declara que as polticas pblicas so

colocadas em prtica por meio de programas e projetos. A autora dispe que um

programa uma expresso de uma poltica e o projeto um componente de um

programa (CAVALCANTI, 2007, p. 31). Esclarece ainda que o desenvolvimento das

polticas pblicas utiliza um plano, documento onde esto expostos objetivos e o

2 Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2&Itemid=171

22

conjunto de diretrizes (polticas), as estratgias e os meios para alcan-los

(CAVALCANTI, 2007, p. 31).

Para o alcance das metas estatais e a almejada melhoria da qualidade de ensino, programas nacionais foram concebidos, da melhoria das instalaes escolares, que passa pela aquisio de recursos materiais, adequao de currculos, capacitao de profissionais e sistemas de avaliao das polticas pblicas (SADECK FILHO, 2010, p. 139).

H um considervel nmero de programas estatais destinados rea

educacional. Implantados pelos rgos pblicos, reproduzem a legislao.

Tono (2011) considera que entre as aes do Estado est a de informatizar

ambientes pblicos. A incluso digital, assegurada pela CR/88, inciso VII do Artigo

5 pela garantia do acesso informao, apresenta-se por meio de programas e

projetos para a informatizao dos espaos escolares em todos os nveis de ensino.

Silva (2011, p. 532) cr que a formulao de polticas pblicas para minimizar tanto

a excluso digital como a social ... deveria ser prioridade de um estado que

pretende diminuir as distncias sociais existentes no pas. Cantini (2008, p. 115)

afirma que As tecnologias esto disponveis nas escolas pbicas por meio de

programas pblicos.

Dentre os programas da esfera federal que ganharam vulto na esfera

estadual, citam-se o Programa Nacional de Informtica na Educao (PROINFO) e o

Programa de Extenso, Melhoria e Inovao do Ensino Mdio (PROEM), ambos

monitorados pelo MEC e implantados com recursos do MEC, dos Estados e dos

Municpios.

O PROINFO surgiu como proposta de informatizao das escolas pblicas

no ano de 1997, como proposta da universalizao do uso das tecnologias de

informao e comunicao, tendo em segundo plano a aquisio de equipamentos,

a adequao da infraestrutura fsica das escolas e de sua rede eltrica para

instalao da rede lgica, e, em primeiro plano, a capacitao dos profissionais para

uso do computador no trabalho pedaggico. Para dar suporte implantao e

desenvolvimento do programa, foram criados os Ncleos de Tecnologia Educacional

NTE, tendo como principal atribuio orientar as escolas localizadas num raio de

100 quilmetros ao seu redor, para incorporar a tecnologia no seu ambiente,

capacitar os professores para o uso da informtica e de outras tecnologias no

processo de ensino e aprendizagem, auxiliar na soluo de problemas tcnicos e

avaliar todo o processo (CANTINI, 2008).

23

medida que os equipamentos informticos comearam a chegar s

escolas, geraram mudanas na estrutura organizacional da gesto da informtica na

educao paranaense. Lima (2008) reconhece que o PROINFO produziu a

necessidade de grupos de assessoramento s atividades e programas relacionados

informtica estadual, at ento denominados Ncleos de Tecnologia Educacional

(NTE) e, desde 2004, denominados Coordenao Regional de Tecnologia da

Educao (CRTE). Esta ltima foi originada a partir da criao da Coordenao

Estadual de Tecnologia na Educao (CETE), subordinada ao Centro de Excelncia

em Tecnologia Educacional do Paran3 (CETEPAR) / SEED.

O PROEM foi um programa que teve curta durao. Destinado s unidades

escolares estaduais que ofertavam a Educao Profissional, possibilitou uma nica

aquisio de computadores e perifricos e a construo de biblioteca e laboratrio

de Informtica (CANTINI, 2008).

Menezes (2008) esclarece que no ano de 2004 foi desenvolvido pela

Secretaria de Estado da Educao do Paran o Projeto BRA/03/036 EDUCAO

BSICA E INCLUSO DIGITAL NO ESTADO DO PARAN, em parceria com o

Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Financiado pelo

Estado do Paran e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o

referido projeto foi idealizado para universalizar o acesso Tecnologia da

Informao e Comunicao na rede pblica estadual paranaense.

No domnio estadual vigora o Programa Paran Digital (PRD), resultado de

uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educao (SEED), a Universidade

Federal do Paran (UFPR), a Companhia de Informtica do Paran (CELEPAR) e a

COPEL (Companhia de Energia Eltrica do Paran), alm do apoio da Secretaria de

Estado da Cincia e Tecnologia (SETI). O Programa Paran Digital foi assentado

sobre a incluso digital da comunidade escolar em trs pilares fundamentais:

a) Repasse de equipamentos e estabelecimento de conectividade em todas as escolas pblicas estaduais;

b) Criao e formalizao de um canal institucional colaborativo Portal Dia a dia Educao - para produo e publicao de materiais didticos digitais em ambiente web;

c) Formao de educadores para uso pedaggico desses recursos utilizando a plataforma Linux de software livre. (PARAN, 2010, p. 68).

3 Atualmente, o CETEPAR denominado Centro de Tecnologia Educacional.

24

A inteno do PRD era propiciar a professores e alunos o uso pedaggico

das Tecnologias da Informao e Comunicao. Mas medida que o programa era

implementado, novos recursos foram se somando e, entre eles,

a TV Multimdia, a distribuio de pen drives, a TV Paulo Freire e o Sistema de Registro Escolar para Web (SERE Web) (grifo nosso) [...] A UFPR desenvolveu e disponibilizou solues de software livre Linux para os laboratrios das escolas, que rodam no modelo Four Head [...] A COPEL faz chegar a todas estas escolas a conectividade de banda larga, atravs de fibras pticas, via rede satlite, e via rdio (PARAN, 2010, p. 115).

A estruturao de um novo ambiente pedaggico dotado de equipamentos

informticos com recurso de internet representou um marco para as escolas pblicas

estaduais paranaenses, sobretudo por estar associado ao Portal Dia a Dia Educao

que divulga as informaes institucionais, includos os dados das escolas, e servios

dedicados a alunos, educadores, gestores e comunidade escolar. O Portal mantm

a especificidade de cada um dos grupos com contedos e links de seus interesses,

disponibiliza recursos didticos e de formao continuada, agregando a produo

dos professores da rede pblica estadual (PARAN, 2010, p. 9).

Os portais objetivam prover ao usurio, geralmente, os colaboradores da prpria organizao, informaes que dem suporte ao desenvolvimento de atividades corporativas, ao processo decisrio [...] visando melhoria da atuao profissional (MOLINA, 2010, p. 159).

Por Beline (2006, p. 98), o Portal, com a sua base pedaggica, justificou o

investimento em tecnologia aos rgos financiadores, ou seja, os laboratrios de

Informtica deveriam ter utilizao efetiva e intensiva nas escolas, situao

concretizada do ponto de vista da SEED (PARAN, 2010, p. 110), ao afirmar: ... os

maiores usurios da Internet no Estado do Paran so os estudantes e professores.

Uma das vantagens do portal institucional a integrao entre os sistemas

de informao da esfera pblica, colaborando com a democratizao da informao.

3.3 SISTEMA ESCOLAR E SISTEMA DE INFORMAO

Rosini e Palmisano (2008) revelam que sistema um conjunto de elementos

que, apesar de interdependentes, coexistem em interao, visando atingir um

objetivo comum. O sistema forma um todo integral, maior do que simplesmente a

25

soma das partes, interagindo constantemente com o meio ambiente no qual se

encontra inserido (MICHAUD, 2006, p. 214). Possui entrada de dados,

processamento e sada de informaes. Pode ser decomposto em partes menores,

os subsistemas. A noo de sistema, neste caso, traz mente a ideia de um

conjunto de partes que se inter-relacionam e interagem continuamente, provocando

efeitos e reaes entre as partes e o todo (sistema e subsistemas). Pensando na

organizao como sistema, ela constituda por diversos elementos, como dados,

informaes, tecnologia, pessoas e equipamentos, que interagem entre si para

atingir as finalidades ou objetivos.

A escola est inclusa, seja em termos estruturais ou funcionais,

hierarquicamente em um sistema maior. Sua autonomia relativa se restringindo em

grande parte aos aspectos organizacionais de se ajustar s necessidades locais,

mas harmonizando com as diretrizes do poder central, onde convivem a unidade e a

diversidade, a flexibilidade e o controle, importando a manuteno da autonomia

relacional. A autonomia financeira da escola difcil de ser efetivada mesmo

quando os sistemas de ensino devem fazer o repasse de verbas diretamente para

as escolas (ALONSO, 2003, p. 87).

A poltica nacional est refletida no sistema de ensino, nas reformas

tomadas como decises polticas planejadas para mudar o processo educativo sob

uma determinada concepo de futuro. As reformas legais e curriculares perdem

relevncia devido ao Estado Avaliador, perceptveis na

emergncia de formas ps burocrticas de coordenao com a substituio do controle hierrquico pelo autocontrole, da obrigao de meios pela obrigao de resultados, da regulamentao para avaliao [...] de mudanas uniformes de cima para baixo [...] para mudanas de geometria varivel orientadas para processos (BARROSO, 2011, p. 688),

como, por exemplo, a prestao de contas e a avaliao.

A escola encontra-se em uma situao organizacional de transio entre o

controle burocrtico e uma nova gesto pblica, seguindo uma tendncia mundial,

marcada pelo desenvolvimento tecnolgico que vem interferindo acentuadamente a

relao homem-informao.

Gerada a um ritmo intenso, a informao cria no homem uma necessidade

contnua de atualizao. O acesso a determinadas informaes possibilita

vantagens que antes no existiam, trazendo benefcios quanto facilitao, melhoria

de qualidade e maior rendimento de suas atividades (FERNANDES et al., 2005).

26

Destacado de Tachizawa e Andrade (2003), as Tecnologias de Informao e

Comunicao em organizaes pblicas aplicam-se: para a converso dos

tradicionais processos convencionais em papel para processos digitais, liberando

assim as pessoas para atividades mais importantes e reduzindo o fluxo de papis e

deslocamento de pessoas, a eliminao de funes isoladas, estabelecendo

circuitos geis de fcil monitoramento de processos, a criao do acervo

organizacional para consequente compartilhamento e a fluidez da comunicao

interna e externa para que as decises sejam tomadas no tempo certo.

Se o sistema manipula dados e gera informao, considerado um sistema

de informao, ou, mais diretamente, sistema de informao qualquer sistema

usado para prover informaes [...] qualquer que seja sua utilizao (POLLONI,

2001, p. 30). Este pode assumir diferentes formas convencionais, tais como

relatrios de controles, relatrios de processos, conjunto de procedimentos e normas

que venham a circular na organizao, estabelecer padres ou facilitar a gesto. Um

sistema de informao organizacional a prpria organizao e seus subsistemas

internos. (REZENDE, 2008).

No sistema educacional, Zuccarone (2011) detectou a falta de tecnologias

voltadas gesto, apontando que existe uma grande quantidade de softwares de

administrao escolar que, inadequados demanda das reais necessidades da

escola, esto muito distantes de contemplar os objetivos transformadores que

requer o sistema educacional brasileiro (ZUCCARONE, 2011, p. 60). Zuccarone

frisa a meta nmero 2.1 do Plano Nacional de Educao 2011-2020: Criar

mecanismos para o acompanhamento individual de cada estudante do ensino

fundamental (2011, p. 34).

O princpio de todas as informaes geradas pela tecnologia disponibilizada aumentar o poder de deciso do educador, antecipando-se aos casos de dificuldade individual de cada aluno na rede, conhecendo e compreendendo as causas/os problemas, bem como os eventuais motivos que levaram a criana a apresentar uma ou outra dificuldade em algum momento do seu processo natural de aprendizagem (ZUCCARONE, 2011, p. 61).

Sistemas especficos so desenvolvidos para armazenar e tratar dados

sobre a vida escolar do aluno, englobando ainda outras atividades necessrias para

subsidiar o sistema de informao escolar. Este integra dados das reas

administrativas existentes na escola, de acordo com informaes obtidas em

diversos sites de divulgao existentes na internet, tais como:

27

a) recursos financeiros, como o lanamento de receitas e despesas,

conciliando contas correntes, controle de cheques, cartes de crdito,

relatrios de fluxo de caixa, anlise de custos, contas a vencer e

vencidas, contratos e inadimplentes, informaes de cobrana no ato da

matrcula, planos de pagamento, boletos de cobrana e relatrios de

acompanhamento;

b) recursos materiais, pela gerncia dos materiais de consumo e

permanentes;

c) recursos pedaggicos: a montagem das turmas, controle de vagas,

modelos de documentos de alunos e atas, Censo Escolar, lanamento de

notas, controle de frequncia dos alunos, formulrios de

acompanhamento dos alunos, contedo das disciplinas, registro

disciplinar e carta de acompanhamento disciplinar do aluno, controle do

acervo da biblioteca e controle de emprstimos, anotaes pedaggicas;

d) recursos humanos, pela gerncia de dados cadastrais dos profissionais

atuantes na escola e controle de frequncia.

Estes programas so personalizveis e possibilitam que as informaes

sejam enviadas aos pais atravs da internet. Permitem que as notas sejam digitadas

remotamente pelos professores, alm de serem disponibilizadas em mdulos,

conforme o destino da informao. H controle de frequncia, entrada e sada de

estudantes e outros profissionais por carto magntico e catraca eletrnica.

A comunicao com a famlia potencializada pelo correio eletrnico ativado

a cada ocorrncia pedaggica.

No mbito escolar, a gesto dos recursos humanos e de infraestrutura e as

determinaes formais e legais a eles relacionados, so geralmente concentradas

no desempenho da secretaria da escola, sob a coordenao da equipe de direo.

3.4 SISTEMA ESTADUAL DE REGISTRO ESCOLAR DO PARAN

Os espaos institucionais so essenciais para a execuo de programas,

projetos e atividades definidas pelos administradores pblicos. Tais espaos quando

associados Tecnologia de Informao e Comunicao expandem o envolvimento

28

dos rgos pblicos com a comunidade, ampliando o acesso s informaes

(JESUS, 2011).

Os sistemas corporativos informatizados do Estado do Paran so

desenvolvidos e mantidos pela Companhia de Informtica do Paran (CELEPAR),

que possibilita o acesso s informaes institucionais por meio de software livre.

(CELEPAR, 2012). Constitui a misso da CELEPAR (2012): "Aproximar

Administrao Pblica e Sociedade, provendo Solues de Tecnologia da

Informao e Comunicao". Possui como clientes os rgos pblicos estaduais,

entre os quais a Secretaria de Estado da Educao SEED, que se apropriam das

solues viabilizadas por aquela sociedade mista.

Dentre os servios informacionais mantidos pela administradora h o Portal

Dia a Dia Educao4, que apresenta ... servios, informaes, recursos didticos e

de apoio para toda a comunidade escolar. (PARAN, 2012). O portal corporativo

atende a especificidade da educao e pblico em geral, dotado de ambientes com

contedos direcionados aos educadores, alunos, gestores e comunidade, com nvel

de acessibilidade construdo ... pelos padres WC3, para possibilitar que todos

possam ter acesso ao seu contedo, independente de serem portadores de

deficincia ou no. (JESUS, 2011, p. 67).

O objeto deste estudo o sistema de informao referente ao registro da

escola de educao bsica, disponibilizado aos gestores da escola pblica, no link

gestores, e designado sistemas de registro (FIGURA 1), de acesso possvel pelo

portal institucional e diretamente no site.

4 Disponvel em: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

29

FIGURA 1 - SISTEMAS DE REGISTRO ESCOLAR

FONTE: Portal Dia a Dia Educao (2012)

No mbito da organizao escolar, a gesto dos recursos humanos, fsicos e

materiais e as determinaes formais e legais a eles relacionados exigidos pela

entidade mantenedora, concentrada, parte no desempenho da secretaria da

escola, estando sob a orientao do diretor, e parte pela interveno imediata do

diretor.

Os gestores escolares contam com um sistema informacional que atende a

gesto de dados e de informao referentes aos dados ou registros escolares.

Trata-se do Sistema Estadual de Registro Escolar SERE. Sobre o SERE

consta na pgina institucional:

O Sistema Sere composto por um Mdulo onde cada Escola da rede realiza seus cadastros de alunos, turmas, avaliaes, movimentaes e outras informaes necessrias denominado Sistema Escola, e uma base gerencial onde armazena, trata e distribui as informaes conforme a demanda, tanto a nvel Estadual como Federal e Municipal. (PARAN, 2012).

Foi disponibilizado na dcada de 90 no momento da universalizao do

ensino e que as secretarias escolares se viam s voltas com registros manuais ou

datilografados de documentos dos estudantes eram trs documentos bsicos:

30

Ficha Individual, Histrico Escolar e Relatrio Final, cada qual com diversos campos

de preenchimento obrigatrio, duplicados em vias de papel-carbono ou em vias

originais duplicadas. Outros documentos alm dos citados faziam parte do rol de

documentos obrigatrios, tais como Requerimento de Matrcula, Declarao de

Transferncia e outros. Alm disso, para o controle do rgo descentralizado da

SEED, o Ncleo Regional de Educao - NRE, intermediador entre a escola e a

SEED, os trs documentos bsicos deveriam ser conferidos e, posteriormente,

enviados ao rgo central para arquivamento e microfilmagem.

No est explicitada a histria inicial do SERE, mas de acordo com Caires

(2010, p. 29), foi aperfeioado em 1993: ... visando melhorar o fluxo e o sistema

informativo dos NREs criado o Sistema Escola criado no Sistema Operacional MS-

DOS [...].

O Sistema Escola, segundo a autora, destinava-se coleta, tratamento e

disseminao de informaes para o planejamento e gerncia do processo

organizacional, tendo como objetivos:

a) no mbito educacional: compor um Banco de Dados Central dos

estudantes da rede pblica do Paran, subsidiar o planejamento

organizacional da rede pblica estadual e viabilizar a comunicao das

escolas com o sistema central;

b) no mbito escolar: agilizar os procedimentos da secretaria escolar,

registrar as rotinas relativas vida legal do estudante, tais como

cadastro, matrcula, transferncia, evaso, aproveitamento escolar e

outros, e manter o registro dos atos legais da instituio de ensino, suas

matrizes curriculares e organizao de turmas por nmero de alunos,

turno e perodo letivo.

A inteno era concentrar em um nico banco de dados tudo que fosse

relacionado vida escolar do aluno, bem como os amparos legais do

estabelecimento de ensino para que pudesse estar em atividade ou cessado. E,

ainda, possibilitar a emisso de relatrios de verificao de inconsistncia de dados,

que so informaes que servem de base para viabilizar a implantao de um plano

de ao que possa melhorar a qualidade do ensino. (CAIRES, 2010, p. 30).

Tratava-se do nico sistema utilizado pela escola poca em que a unidade

escolar no possua equipamento informtico, hoje em dia sendo designado como

SERE off-line, atualizado por inmeros aplicativos.

31

Entre os anos de 1994 a 1999, o sistema foi instalado [...] escolas estaduais, municipais, filantrpicas e particulares [...] as informaes eram enviadas por disquetes para o Ncleo de Educao que em seguida enviava os dados para a Coordenao em Curitiba. (CAIRES, 2010, p. 31).

medida do aprimoramento e da aquisio de equipamentos, outros

recursos foram acoplados, como a internet. Para alm da informatizao dos dados,

pela unio da equipe da Companhia de Informtica do Paran (CELEPAR) e do

Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paran (FUNDEPAR), foi desenvolvido

entre os anos de 2003 e 2004 o SERE na web (Caires, 2010). Disponibilizado em

plataforma livre a partir de 2005, passa a ser designado SERE-Web, SERE on-line

ou, ainda, Sistema de Gesto Escolar.

Constantemente atualizado, acompanha as tendncias tecnolgicas

aplicadas gesto da educao nas unidades escolares e, aps a superao de

carncia de equipamentos nas unidades escolares, facilita a gesto de nvel

estratgico porque est em desenvolvimento contnuo.

Em 2012, o SERE, alm do Mdulo Sistema Escola, possui ... uma base

gerencial onde armazena, trata e distribui as informaes conforme a demanda,

tanto a nvel Estadual como Federal e Municipal (PARAN, 2012).

Em termos operacionais, na escola, tornou possvel o acesso remoto do

Ncleo Regional de Educao, a agilidade no lanamento de dados, a facilidade na

emisso de documentos-padro dos estudantes e a qualidade visual da informao

estatstica.

Adotar-se- a denominao de SERE, esclarecendo que a presente

pesquisa trata do sistema na escola e de seu contedo destinado organizao do

ensino fundamental e mdio anual seriado.

Para a compreenso do funcionamento do SERE, realizou-se anlise na

plataforma diretamente no stio, de acesso prprio para o Sistema Escola5,

inacessvel a quem no possui autorizao, observada a estrutura do sistema de

fevereiro de 2011 e atualizada em setembro de 2012.

A partir da anlise foram identificadas trs reas que se integram e so

denominadas registro escolar, planejamento escolar e estrutura e funcionamento da

escola.

5 Disponvel em: www.sere.pr.gov.br

32

O registro escolar propriamente refere-se aos dados coletados dos

estudantes (FIGURA 2) e caracteriza-se por procedimentos comuns secretaria

escolar. O SERE permite o registro dos dados cadastrais dos alunos, gerando um

nmero, um Cdigo Geral de Matrcula (CGM), a ser utilizado no momento de seu

reconhecimento no sistema e que o identifica. Dos dados pessoais constam nome

completo, nome social, nmero do documento de identificao, endereo completo,

nome dos pais e sua escolaridade, declarao de seu pertencimento tnico-racial,

se estudante de educao especial e a natureza da assistncia que necessita para

o seu melhor desenvolvimento, bem como a etapa de escolaridade que deseja

matrcula, se a famlia atendida ou no pelo Programa Bolsa-Famlia e uso de

transporte escolar com o tipo de veculo. Toda a movimentao do estudante na

rede escolar passvel de registro, da sua entrada no sistema escola, transferncia,

remanejamento de turma ou de turno, concluso de curso ou srie, interrupo e at

a evaso. A secretaria lana os dados de avaliao peridica, conforme o sistema

de avaliao adotado pela escola, da frequncia do educando ao final de cada

perodo anual (bimestral, trimestral ou semestral), includas as adequaes

indicadas aps o Conselho de Classe. As adaptaes curriculares obrigatrias so

lanadas quando requeridas pela equipe gestora, a includos secretaria, pedagogos

e diretoria; nestes casos, tratam-se de processos pedaggico-legais de adaptao,

classificao, reclassificao, aproveitamento de estudos, equivalncia e revalidao

de estudos realizados fora do pas e possveis casos de regularizao de vida

escolar. Dados dos estudantes para a emisso de carteira dos estudantes, estgio,

o controle nutricional que indica peso, altura, diabetes, doena celaca e intolerncia

a lactose e Programa ProJovem Urbano tambm esto presentes.

33

- Nome

- Data de nascimento

- Sexo

- Cor/ raa

- Estado civil

- Naturalidade

- Certido de nascimento ou

casamento

- Registro Geral (RG) /

Registro Nacional de

Estrangeiro (RNE)

- CPF

- Ttulo de eleitor

- Carteira de Reservista

- Cdigo de Identificao

Social

-Nome do pai / RG ou RNE

-Nome da me / RG ou RNE

- Nome do responsvel e

parentesco

- Endereo residencial

- Cdigo da COPEL

- Participao no Bolsa-Famlia

- Telefones / e-mail

- Uso e tipo de Transporte

Escolar

- Zona residencial ou rural

- Tipo de moradia (prpria,

alugada ou cedida)

- Renda familiar

-Escolaridade dos pais

-Data, classe, turno, data de matrcula

e forma de ingresso

- Disciplinas de dependncia

- Motivo da matrcula

- Situao de promoo atual e no ano

anterior

- Rede e ensino de origem

- Documentao completa ou

incompleta

-Necessidades educacionais especiais

(oito opes)

- Tipo de locomoo

- Necessidade de adaptao de

material didtico

- Tipo de profissional para assistncia

- Local e tipo de atendimento

educacional especializado

- Includo ou no em classe comum

Registros para

ingresso do

estudante

FIGURA 2 - DADOS DO ESTUDANTE NO SERE

FONTE: A autora (2012)

A gesto dos dados permeia todo o processo, do incio ao fim, desde validar

a entrada do aluno na escola, a registrar sua permanncia e desempenho em cada

disciplina cursada, at o armazenamento e emisso de documentos relativos

histria de escolarizao do aluno.

Da rea denominada planejamento escolar, so registradas as turmas por

srie e turno letivo, com nmero de educandos estipulado pela equipe gestora, de

acordo com instruo prpria da mantenedora, a capacidade fsica da instituio e

forma de organizao curricular. A esta ltima identificam-se as matrizes curriculares

da educao bsica, estando dispostas as disciplinas conforme as Diretrizes

Curriculares Nacionais e Estaduais e Projeto Poltico Pedaggico da instituio, de

acordo com rea de conhecimento, nome e carga horria ministrada semanalmente.

As datas de incio e fim de ano letivo, aprovadas em calendrio escolar, tambm so

inseridas.

Os aspectos legais de funcionamento da escola so lanados no campo de

estrutura e funcionamento. Nele, a secretaria de escola registra os atos oficiais da

unidade e cursos em atividade, tais como credenciamento, autorizao para

34

funcionamento, reconhecimento e renovao de reconhecimento, renovveis

periodicamente. O sistema de avaliao adotado por curso importa para os clculos

de promoo ou reteno dos estudantes.

O SERE, a partir da secretaria de escola, permite a emisso de documentos

padronizados dos estudantes e de relatrios referentes aos dados processados,

integrando as reas designadas registro escolar, planejamento escolar e estrutura e

funcionamento.

Pela explorao do sistema foram percebidos os seguintes relatrios

(FIGURA 3):

a) passveis de utilizao pelo diretor, pedagogo e professor:

- estudantes sem avaliao por turma;

- listagem de alunos por turma (espelho da turma);

- mapa de avaliao por turma, disciplina, perodo e curso;

- boletim escolar;

- percentual de frequncia por nmero de faltas por aluno/ turma;

- conferncia das avaliaes por turma e turno pela secretaria e por

professor;

- acompanhamento peridico por turma;

- edital de resultado final;

b) passveis de utilizao pela secretaria, diretor e pedagogo:

- referentes aos estudantes: jovens sem matrcula, que requereram

carteira estudantil, que usam transporte escolar, com deficincias

(caracterstica), a quantidade de alunos com cdigo de identificao

da COPEL e a listagem de alunos sem essa identificao, relao de

famlias para eleio de diretores e a relao de alunos que recebem

Bolsa-Famlia;

- relativos matrcula: por turma, com observao, sem renovao,

com adequaes curriculares por turma e de todas as turmas,

concluintes do perodo letivo anterior, confirmao da renovao para

o perodo letivo seguinte por turma, momento referencial (dados das

turmas - n de matrculas por turma / srie / turno, ficha de matrcula

condicional com os documentos em dbito, confirmao de

rematrcula por aluno e por turma e listagem de alunos de cursos de

Educao Profissional (aluno, CPF, RG e idade);

35

- para o acompanhamento da escola: plataforma de turmas (lista de

turmas) e matriz curricular;

c) destinados diretamente aos estudantes: boletim escolar (impresso e on-

line), edital de resultados finais, carteira de estudante, alm dos

documentos oficiais.

Uma ao obrigatria do secretrio ou auxiliar, alm das mencionadas,

corresponde coleta de dados para o Censo Escolar pela atualizao do cadastro

da escola, funcionrios, docentes, turmas e uso de transporte escolar atendem aos

requisitos do sistema educacional.

Informaes de

apoio

organizao do

trabalho

pedaggico

Matrcula

Caracteres legais de

renovao de

matrcula e outros.

Listagens de alunos

por turma, Bolsa-

Famlia,

necessidades

especiais, Transporte

Escolar, Carteira de

Estudante

Desempenho

Mapa de avaliao

Percentual de frequncia

Acompanhamento

bimestral

Mdia geral dos alunos

por perodo letivo

Classificao dos

alunos por mdia

Mdia geral da turma por

disciplina - percentual de alunos

Boletim escolar

Documentos

Histrico EscolarRelatrio de concluintes

Ficha Individual

Cadastro/matrcula Declaraes

Censo Escolar

Planejamento

Turmas Matriz curricular

Calendrio

FIGURA 3 - ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO SERE

FONTE: A autora (2012)

A gesto da informao na escola, a partir do SERE, se estabelece da coleta

de dados aos relatrios emitidos e sua potencial utilizao pela equipe gestora,

capaz de redirecionar a gesto escolar, caso o pedagogo, juntamente com o diretor

36

e o secretrio da escola, articulem conscientemente esta possibilidade em

colaborao com os professores e com os estudantes (FIGURA 4).

FIGURA 4 - GESTO DA INFORMAO NA ESCOLA A PARTIR DO SERE

FONTE: A autora (2012)

Da anlise quadro a quadro do SERE on-line, dados e informaes que

possibilitem uma anlise diferenciada do estudante em funo do seu

desenvolvimento pessoal, seja do ponto de vista biolgico, emocional, social ou

cultural, so restritos.

Para alm das caractersticas apontadas anteriormente, o atendimento de

necessidades especficas de aprendizagem do educando ou qualquer outra forma

de acompanhamento do desenvolvimento escolar que exijam contnuos e/ou

detalhados registros do professor (VIEIRA, 2006, p. 133) e pedagogo, no so

previstos para serem lanados em um sistema de informao institucional. As

informaes subjetivas so realizadas informalmente e ficam retidas em uma

unidade escolar, ou ainda, restritas a uma s pessoa.

37

4 LITERATURA PERTINENTE

Este captulo relaciona o pensamento de pesquisadores da Cincia da

Informao e das Cincias da Educao. Em afinidade ao tema recorreu-se aos

conceitos primordiais de ambos os campos para retratar a importncia de sua

conjuno no estudo da informao, considerando a informao como processo,

para os gestores escolares, coerente com o compromisso dos atores educacionais.

4.1 CONCEITOS FUNDANTES DA MATRIA INFORMAO

Com base nos escritos de Sordi (2009), adotam-se as definies de dados e

informao. Dados tm origem na coleo de evidncias relevantes sobre um fato

observado. Aos dados podem ser acrescidas caractersticas complementares sua

definio: podem ser processados pelo homem ou pelo computador, podem tratar-se

de nmeros, palavras, sons e imagens, so fceis de serem arquivados, podem

corresponder a uma srie de observaes, de natureza concreta. A organizao dos

dados, ou seja, o seu processamento, d origem informao. Ento, segundo

Sordi (2009, p. 10), informao a interpretao de um conjunto de dados segundo

um propsito relevante e de consenso para o pblico-alvo.... Quando se estabelece

a forma como os dados devem se relacionar, determina-se o tipo de informao a

ser obtida.

Russo (2010), no entanto, destaca que os conceitos de dados, informao e

conhecimento representam uma sequncia hierrquica, interligados, mas que

podem ser indistintos algumas vezes: o que dado para uma pessoa pode ser

informao para outra. A autora cita uma definio de Miranda6, tambm apropriada

a esta pesquisa: um conjunto de registros qualitativos e quantitativos, conhecido,

que organizado, agrupado, categorizado e padronizado adequadamente transforma-

se em informao.

6 MIRANDA, R. C. R. O uso da informao na formulao de aes estratgicas pelas empresas. Cincia da Informao, Braslia, DF, v. 28, n. 3, p. 284-290, set./dez. 1999.

38

Apresentam-se algumas caractersticas associadas a dados e informaes

no contexto de escola de educao bsica (QUADRO 2).

Caractersticas Dados Informao Estruturao, captura e transferncia

Fcil Difcil

Principal requisito para sua gerao

Observao, exigncia legal

Interpretao consensual

Natureza Explcita Predominantemente explcita Percepo de valor no contexto administrativo

Baixa Mdia

Foco Procedimentos Registro, controle e gesto

Abordagens administrativas que os promovem

Coleta de dados, execuo de registros, processamento de dados

Gerenciamento de sistemas de informao

Tecnologias que os promovem Sistemas de processamento de dados e internet

Sistemas de informaes gerenciais, sistemas de suporte deciso

QUADRO 2 - CARACTERSTICAS DE DADOS E INFORMAES

FONTE: Adaptado de SORDI (2009, p. 14)

O conceito de informao, que corresponde interpretao coerente de

dados, exige a mediao humana, seja para definir as unidades de anlise e seus

significados, seja na explicitao de consenso entre as pessoas que a utilizam.

Portanto, os atributos da informao precisam estar claros e consensualmente

declarados entre os envolvidos com a informao.

Do ponto de vista institucional, a informao caracterizada e entendida como um processo que se apresenta em quatro subfunes: a) a criao de informaes, pela coleta, aquisio ou captao; b) a comunicao das informaes, manifestada pela circulao, transmisso e difuso; c) o tratamento das informaes, que corresponde transformao, utilizao, interpretao; d) a memorizao das informaes. (MAAS, 1999, p. 54).

A informao est presente em todas as atividades humanas. Compreend-

la o objetivo da Cincia da Informao.

39

4.2 INFORMAO VOLTADA PARA O USURIO

Para Robredo (2003, p. 5), a Cincia da Informao corresponde a uma

disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da informao, as

foras que governam o fluxo da informao e os meios de processamento da

informao para um mximo de acessibilidade e uso, em sistemas naturais ou

artificiais. Arruda (2009) segue em sua anlise com apoio de Saracevic7 (1991),

reconhecendo que a Cincia da Informao uma cincia interdisciplinar e, como

tal, est relacionada Cincia da Computao devido sua aplicao na

recuperao da informao e produtos, servios e redes associadas. No entanto,

deve-se enfatizar que a Cincia da Informao associa-se tanto mquina como a

qualquer outro artefato para registros, auxiliando na busca de interfaces amigveis.

Da decorre que a informao para a Cincia da Informao no uma

coisa, um processo, o processo de interpretar fenmenos potencialmente

informativos por um usurio (Marcondes, 2009, p. 48, citando Saracevic, 1991).

Russo (2010, p. 55) reconhece que

a influncia dos avanos tecnolgicos na Cincia da Informao pode ser comprovada na medida em que essas mudanas reorganizaram as possibilidades de armazenamento, disseminao e, principalmente, de utilizao de diferentes recursos para recuperao da informao, fazendo com que uma das finalidades preconizadas na conceituao da rea usabilidade e acessibilidade timas seja concretizada.

Os estudos sobre a interao e a satisfao com sistemas de informao

interativos decorrem da evoluo das tecnologias informacionais.

Preece, Rogers e Sharp (2005) explicam que h muitas interpretaes para

o termo usurios: pessoas que interagem diretamente com o sistema para realizar

uma tarefa ou as que gerenciam usurios diretos (aqueles que tomam deciso ou

utilizam os servios), que podem utiliz-lo frequente ou ocasionalmente, mesmo por

meio de intermedirios. Completam a ideia com o conceito de stakeholders, ou seja,

pessoas que so afetadas pelo sistema informacional, desde a equipe

desenvolvedora e clientes at os usurios indiretos.

Matta (2010) revela que a importncia das pesquisas voltadas anlise do

comportamento do usurio, em seus interesses, necessidades e hbitos de uso da

7 SARACEVIC, T. Information Science: origin, evolution and relations. 1991. Pre-print.

40

informao similar ao estudo da informao. Os estudos mais tradicionais ligados

aos usurios da informao seguem dois enfoques:

a) estudos centrados no sistema, nos quais o usurio passivo devendo se

adaptar a ele;

b) estudos centrados no usurio, nos quais o sistema adaptado ao

usurio, no modo como este busca a informao.

As necessidades de informao podem surgir tanto da carncia pessoal

quanto do meio relacional. O uso da informao abrange a seleo e o

processamento da informao para responder a uma pergunta, resolver um

problema, tomar uma deciso, negociar uma posio ou entender uma situao

(CAVALCANTE; VALENTIM, 2010, p. 249).

As pesquisas direcionam-se para a anlise do comportamento informacional

do usurio, em substituio a estudos de usurios ou necessidades e usos da

informao, com maior abrangncia ao considerar o contexto social e a

individualidade do usurio (GASQUE; COSTA, 2010).

Como a busca da informao pode ser feita pelos sistemas de informao, a

interao entre o usurio e o sistema feita pela interface, componente estrutural e

detentora de processos de um software (OLIVEIRA NETTO, 2004). A usabilidade

pode ser definida como a qualidade de interao de uma interface e seu usurio

(CARRION, 2008, p. 54) objetivando a construo de

interfaces capazes de permitir uma interao fcil, agradvel, com eficcia e eficincia. Ela deve capacitar a criao de interfaces transparentes de maneira a no dificultar o processo, permitindo ao usurio pleno controle do ambiente sem se tornar um obstculo durante a interao (MORAES, 2010, p. 16).

Para Le Coadic (2004, p. 38) usar a informao trabalhar com a matria

informao para obter um efeito que satisfaa a uma necessidade de informao.

Informao til a que se presta para solucionar um problema, passvel de ser

mobilizada no tempo exigido, a partir de dados corretos reais e que possibilite

antever e desenvolver aes. Portanto, a qualidade da informao disponvel

fundamental numa organizao.

A composio de um sistema adequado de informaes requer o

conhecimento das necessidades de informaes a quem se destina. Por esta razo,

as informaes precisam apresentar determinadas caractersticas.

41

Sordi (2009) denomina as caractersticas da informao de dimenso para anlise

da informao, tanto as de natureza objetiva como as subjetivas, que podem servir

aos administradores ou, no caso da educao pblica, aos gestores educacionais. A

representao disposta a seguir (FIGURA 5) resume as dimenses da informao

em seus principais aspectos.

FIGURA 5 - ASPECTOS DAS DIMENSES DA QUALIDADE DA INFORMAO

FONTE: Adaptado de SORDI (2009).

A informao indispensvel. Na escola no diferente, ela primordial

seja na rea administrativa ou na rea pedaggica, campos permanentemente

integrados, considerando que a rea pedaggica fonte primria de dados e de

informao.

42

4.3 INFORMAO E ESCOLA

A escola de educao bsica lida basicamente com informaes (SORDI,

2009) que, em fluxo contnuo, compem todo o processo educacional.

Como o papel da escola caracterizado pelo interesse pblico, a

democratizao deve permear todas as etapas desse processo, que ... se assenta

sobre o relacionamento de pessoas, orientado por uma concepo de ao conjunta

e interativa. (LCK, 2006, p. 98).

As informaes consistem no registro de ideias para possibilitar a tomada de

decises, pois segundo Minioli (2011), os registros das prticas e ocorrncias que

afetam a rotina da organizao escolar colaboram para a reduo da incerteza e do

desconhecimento. E acrescenta que a realizao dos registros exige reconhecer no

locus da escola um espao voltado para reflexo coletiva (MINIOLI, 2011, p. 70).

A elaborao de documentos tambm comum na prtica escolar.

Sarmento (2011) caracteriza os documentos escolares em:

a) textos projetivos de ao: planos de aulas, atividades, projetos,

planificaes, regulamentos;

b) produtos da ao: relatrios, atas, memorandos e outros surgidos no

decorrer das atividades;

c) documentos performativos: textos que representam a ao, como jornais

escolares, quadro de notcias, redaes, dirios.

Adotando a classificao do autor, os documentos que orientam a

organizao do trabalho escolar, como o Projeto Poltico Pedaggico, Planos de

Ao, Planos de Trabalho Docente, Regimentos Escolares, regimentos internos e

projetos escolares, projetam a ao. Documentos mais padronizados (no que os

anteriores no o sejam) e sintticos, reconhecidamente de origem e destino legal,

como cadastros, histricos escolares, boletins e ocorrncias diversas podem ser

considerados resultados da ao, correspondendo imagem das interpretaes.

Complementando, Miranda e Simeo (2005) expem que a informao a

unidade basilar do fenmeno da comunicao e o documento a sua representao

concreta (MIRANDA; SIMEO, 2005, p. 183). Na viso dos autores, o documento

a informao recupervel, que apresenta um contexto e um formato adequado

situao de trabalho. A migrao dos documentos para a rede eletrnica, segundo

os autores, envolve tanto rituais de produo, rotinas e critrios tradicionais, como a

43

incluso de novas prticas de tratamento documental. A tecnologia da informao

altera os cdigos na comunicao, potencializada no uso da informao e no

apenas o seu estoque. A comunicao passa a ser dimensionada pelos seguintes

indicadores:

a) interatividade, compreendida como o dilogo ou a interao entre o

sistema e o usurio, o usurio e o sistema e entre os usurios entre si,

por meio de ferramentas que promovam o contato temporrio ou

permanente;

b) hipertextualidade, entendida como a interconexo de contedos

mltiplos, com direcionamento intertextual por links conceituais e de

deslocamento;

c) hipermediao, que combina as diferentes dimenses da informao em

texto, imagem e udio em uma lgica que atende aos comandos do

usurio.

Entre os usurios do sistema escolar esto os familiares dos estudantes,

que depositam na escola de educao bsica as expectativas de aprimoramento e

crescimento pessoal de seus filhos, a partir do conhecimento formal ministrado. A

comunicao entre a escola e a famlia fundamental para o trabalho pedaggico e

para o fluxo de informaes.

Vieira (2003) enfatiza a necessidade da escola organizar as informaes

sobre os estudantes e seus pais.

Saber a origem dos alunos, seus conhecimentos prvios sobre o assunto a ser estudado, seus interesses, suas dificuldades, o grau de envolvimento dos pais na educao/formao do aluno, a cultura e os valores da famlia, o portflio de trabalhos realizados, as notas e as ocorrncias anteriores em sua vida escolar (VIEIRA, 2003, p. 131).

O apoio em informaes concretas de desempenho escolar imprescindvel

para qualquer reavaliao do trabalho pedaggico, de acordo com Vieira (2003),

baseado nos conceitos fundamentais associados informao (QUADRO 3),

deixando explcitos alguns elementos informacionais da escola. Vieira diferencia as

informaes quantitativas e qualitativas. Para o sentido desta pesquisa, todos os

dados que advm da escola so qualitativos, podendo exigir registros com menor ou

maior detalhamento, aqui designados como qualitativos/objetivos e

qualitativos/subjetivos, respectivamente. Na estrutura informacional do SERE no

44

constam dados qualitativos/subjetivos adaptados do autor, mas sim os

qualitativos/objetivos.

Dados Informaes Conhecimentos Informaes Qualitativas/Objetivas

Notas do aluno Mostra uma situao ou tendncia individual.

A capacidade de ao depender dos

conhecimentos e experincias de cada

pessoa.

Notas da classe Fornece indcios da relao

professor-alunos e da ao didtica e avaliativa da classe.

Idem.

Frequncia do aluno Mostra uma situao ou tendncia individual. Idem.

Frequncia da classe Fornece indcios da relao

professor-alunos e da ao didtica e avaliativa da classe.

Idem.

Informaes Qualitativas/Subjetivas Registro de ocorrncias do

aluno: pedaggicas, psicolgicas, sociais,

mdicas...

Fornece informaes sobre os diversos aspectos do aluno.

Idem.

Ocorrncias positivas e negativas dos alunos da

classe

Fornece indcios da relao professor-alunos e alunos-alunos na

sala de aula. Idem.

Relatrio do atendimento dos pais do aluno

Fornece uma grande variedade de informaes sobre o aluno. Idem.

Relatrio para assessoramento

pedaggico

Fornece informaes sobre o desenvolvimento em aprendizagem

do estudante ou de um grupo de estudantes e apoio ao professor.

Idem.

QUADRO 3 - INFORMAES QUALITATIVAS NA ROTINA ESCOLAR

FONTE: Adaptado de VIEIRA (2003, p. 142-143).

Para Polloni (2001), um sistema de informao eficaz deve produzir

informaes realmente necessrias atendendo aos requisitos da instituio, realizar

os objetivos de forma simples e eficiente, in