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1 UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FACS CURSO DE ENFERMAGEM Cláudio Rivas Batista Hianna dos Santos Leandra Santos Ribeiro Viviane Cabral Aranda RELAÇÃO DA CO-INFECÇÃO TUBERCULOSE E HIV/AIDS Governador Valadares 2008

1 UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE CURSO DE ... · de HIV, desenvolvendo um papel fundamental na promoção, prevenção, tratamento e reabilitação dos pacientes acometidos

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FACS

CURSO DE ENFERMAGEM

Cláudio Rivas Batista

Hianna dos Santos

Leandra Santos Ribeiro

Viviane Cabral Aranda

RELAÇÃO DA CO-INFECÇÃO TUBERCULOSE E HIV/AIDS

Governador Valadares

2008

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Cláudio Rivas Batista

Hianna dos Santos

Leandra Santos Ribeiro

Viviane Cabral Aranda

RELAÇÃO DA CO-INFECÇÃO TUBERCULOSE E HIV/AIDS

Trabalho de conclusão de curso para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentado à Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE). Orientadora: Ana Maria Germano

Governador Valadares

2008

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DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Cláudio Rivas Batista, aluno do curso de Graduação em Enfermagem da FACS –

UNIVALE, identidade nº MG - 6716877 emitida pela SSP/MG, declaro para os

devidos fins e sob as penas da Lei, que esta Monografia versa sobre Co-infecção

TBC/HIV, sob o título Relação da co-infecção tuberculose e HIV/AIDS – El a, é de

minha exclusiva autoria, estando a UNIVALE - Faculdade de Ciências da Saúde –

Curso de Enfermagem, autorizado a divulgá-la, mantendo cópias e biblioteca, sem

ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para

certificação de bacharel no curso de graduação em enfermagem.

Governador Valadares, 18 de novembro de 2008

_________________________

Cláudio Rivas Batista

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DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Hianna dos Santos, aluna do curso de Graduação em Enfermagem da FACS –

UNIVALE, identidade nº MG - 13636432 emitida pela SSP/MG, declaro para os

devidos fins e sob as penas da Lei, que esta Monografia versa sobre Co-infecção

TBC/HIV, sob o título Relação da co-infecção tuberculose e HIV/AIDS – El a, é de

minha exclusiva autoria, estando a UNIVALE - Faculdade de Ciências da Saúde –

Curso de Enfermagem, autorizado a divulgá-la, mantendo cópias e biblioteca, sem

ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para

certificação de bacharel no curso de graduação em enfermagem.

Governador Valadares, 18 de novembro de 2008

_________________________

Hianna dos Santos

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DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Leandra Santos Ribeiro, aluna do curso de Graduação em Enfermagem da FACS –

UNIVALE, identidade nº MG - 15101420 emitida pela SSP/MG, declaro para os

devidos fins e sob as penas da Lei, que esta Monografia versa sobre Co-infecção

TBC/HIV, sob o título Relação da co-infecção tuberculose e HIV/AIDS – El a, é de

minha exclusiva autoria, estando a UNIVALE - Faculdade de Ciências da Saúde –

Curso de Enfermagem, autorizado a divulgá-la, mantendo cópias e biblioteca, sem

ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para

certificação de bacharel no curso de graduação em enfermagem.

Governador Valadares, 18 de novembro de 2008

_________________________

Leandra Santos Ribeiro

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DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Viviane Cabral Aranda, aluna do curso de Graduação em Enfermagem da FACS –

UNIVALE, identidade nº MG - 13557271 emitida pela SSP/MG, declaro para os

devidos fins e sob as penas da Lei, que esta Monografia versa sobre Co-infecção

TBC/HIV, sob o título Relação da co-infecção tuberculose e HIV/AIDS – El a, é de

minha exclusiva autoria, estando a UNIVALE - Faculdade de Ciências da Saúde –

Curso de Enfermagem, autorizado a divulgá-la, mantendo cópias e biblioteca, sem

ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para

certificação de bacharel no curso de graduação em enfermagem.

Governador Valadares, 18 de novembro de 2008

_________________________

Viviane Cabral Aranda

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Cláudio Rivas Batista

Hianna dos Santos

Leandra Santos Ribeiro

Viviane Cabral Aranda

RELAÇÃO DA CO-INFECÇÃO TUBERCULOSE E HIV/AIDS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 18 de novembro de 2008, para a banca examinadora constituída das seguintes avaliadoras. Orientadora: Ana Maria Germano.

Banca Examinadora

Profª Enfª Ana Maria Germano

Profª Enfª Denise Dias Cardoso

Profª Enfª Patrícia Malta

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela proteção, por nos ter mantido perseverantes na

elaboração deste trabalho científico, e na conquista do nosso objetivo.

Aos nossos pais, que com infinita sabedoria nos apoiou nessa jornada em busca da

nossa formação.

À nossa orientadora Ana Maria Germano, pela atenção com o grupo desde o início

do trabalho e pela orientação na qual contribuiu para a conquista deste sonho.

Aos familiares, pela força e entusiasmo.

Aos amigos, que torceram pelo nosso sucesso.

A nós, autores deste trabalho, pelo esforço, companheirismo, dedicação e por tantas

lições de vida aprendidas no dia-a-dia com a elaboração desta pesquisa, não nos

esquecendo nunca de preservar a valiosa amizade, profissionalismo e ética que

conquistamos ao longo da academia.

Muito obrigado!!!!

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“Com o tempo você aprende... Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!”

Autor: W. Shakespeare

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RESUMO

Este trabalho aponta a relação entre pacientes co-infectados com tuberculose e HIV. Identifica os fatores que influenciam na co-infecção. Informa situação epidemiológica, a gravidade clínica dos agravos, ressalta a importância do diagnóstico precoce da co-infecção entre as doenças. Feito através do levantamento bibliográfico com abordagem analítica e descritiva, sendo que as estatísticas indicam que a associação destas patologias, é de relevância epidemiológica no Brasil e no Mundo e que não basta somente o exame clínico e anamnese feita nos pacientes durante o atendimento, pois não é suficiente para o diagnóstico da co-infecção. Nos casos confirmados de tuberculose deve-se solicitar a sorologia anti HIV, para a adaptação do esquema terapêutico. Por tanto, é imprescindível a vigilância exercida pelos profissionais de saúde, já que a tuberculose é considerada “doença sentinela” da AIDS. Diante do estudo, fica destacado a atuação do profissional enfermeiro nas ações de controle da co-infecção abrangendo a área assistencial, de vigilância epidemiológica, trabalhando a adesão ao tratamento e a busca ativa de casos novos de HIV, desenvolvendo um papel fundamental na promoção, prevenção, tratamento e reabilitação dos pacientes acometidos por estas patologias. Palavras-chave: Tuberculose. HIV. Co-infecção. Enfermeiro.

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ABSTRACT

This work points the relation between patients co-infected with tuberculosis and HIV. It identifies the factors that influence in the co-infection. It informs situation epidemiologist, the clinical gravity of the severity of injuries and the importance of the precocious diagnosis of the co-infection between the illnesses. Made through the bibliographical survey with analytical and descriptive boarding, being that the statisticians indicate that the association of these pathologies, is of relevance epidemiologist in Brazil and the World and that it is not only enough to the clinical examination and anamneses made in the patients during the attendance, therefore it is not enough for the diagnosis of the co-infection. In the confirmed cases of tuberculosis the serological must be requested anti HIV, for the adaptation of the therapeutic scheme. For in such a way, the monitoring exerted for the health professionals is essential, since the tuberculosis is considered “illness sentry” of the AIDS. Facing the study highlighted, it`s detached the performance of the professional nurse in the actions of the co-infection control area covering the care of epidemiological surveillance, monitoring epidemiologist, working the adhesion to the treatment and the active search of new cases of HIV, developing a basic paper in the promotion, prevention, treatment and whitewashing of the patients affected for these disease.

Key-words: Tuberculosis. HIV. Co-infection. Nurse.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitário de Saúde.

AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

BCG - Bacilo de Calmette e Guérin.

CDC - Centers for Disease Control.

DST - Doença Sexualmente Transmissível.

EUA - Estados Unidos da América.

HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana.

M. tuberculosis - Mycobacterium tuberculosis.

MS - Ministério da Saúde.

OMS - Organização Mundial da Saúde.

ONG - Organização Não Governamental.

PSF - Programa Saúde da Família.

RH - Rifampicina (R) e Isoniazida (H).

RHZ - Rifampicina (R), Isoniazida (H) e Pirazinamida (Z).

TBC - Tuberculose.

TCD4 - Molécula que auxilia tanto o linfócito B quanto o TCD8, a promover a lise

celular.

UNIVALE - Universidade Vale do Rio Doce.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 14

2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................ 17

2.1 FALANDO DA TUBERCULOSE ........................................................................................ 17

2.2 ETIOLOGIA ........................................................................................................................... 17

2.3 DIAGNÓSTICO .................................................................................................................... 18

2.4 TRANSMISSÃO ................................................................................................................... 18

2.5 FATORES DE RISCO ......................................................................................................... 18

2.6 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................................. 19

2.7 TRATAMENTO ..................................................................................................................... 20

2.8 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PREVENÇÃO ...................................................................... 22

3 FALANDO DO HIV/AIDS .................................................................................................... 23

3.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ........................................................................................... 23

3.2 TRANSMISSÃO ................................................................................................................... 24

3.3 FATORES DE RISCO ......................................................................................................... 25

3.4 INCIDÊNCIA ......................................................................................................................... 25

3.5 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................................. 26

3.6 TRATAMENTO ..................................................................................................................... 26

3.7 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PREVENÇÃO ...................................................................... 28

4 DESTACANDO A CO-INFECÇÃO TBC-HIV/AIDS ........................................................ 29

4.1 CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................................... 29

4.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ........................................................................................... 29

4.3 A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE ........................................................ 31

4.4 FATORES DE RISCO ......................................................................................................... 32

4.5 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................................. 34

4.6 TRATAMENTO ..................................................................................................................... 36

4.7 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E MEDIDAS DE CONTROLE NO ATENDIMENTO AO PACIENTE CO-INFECTADO .............................................................. 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 44

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1 INTRODUÇÃO

A tuberculose é uma doença conhecida desde a antiguidade, e até hoje mata

milhões de pessoas em todo o mundo. Ela está intimamente ligada aos problemas

sociais, além de trazer também um certo estigma a toda família. É uma doença de

grande preocupação para a saúde pública, sendo que no Brasil a TBC ainda mata

aproximadamente 6 (mil) brasileiros por ano (FARIAS; LOPES, 2007).

O HIV (Síndrome da Imunodeficiência Humana) é uma doença viral de grande

distribuição mundial. A AIDS foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos

e refere-se como a mais nova pandemia da era atual (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

1994).

No Brasil, os primeiros casos da doença surgiram também no início da década de

80 e foram relacionados à contaminação fora do país, em geral nos indivíduos do

sexo masculino, de identidade homossexual, que residiam nas grandes cidades

como o Rio de Janeiro e São Paulo. Mas recentemente, os dados revelam uma

mudança dessas características (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994).

As duas doenças TBC-HIV/AIDS possuem uma forte associação em relação às

condições sócio-econômicas, baixa resistência e a co-infecção, tornando-as um

problema que afeta toda a população mundial.

Este trabalho busca o levantamento de referencial bibliográfico, com abordagem

analítica descritiva qualitativa em locais distintos, como centros de referência,

atenção básica, hospitais universitários e através de artigos científicos, revistas,

literatura, sites Scielo e Google científico, procurando enfocar a situação da co-

infecção da TBC-HIV/AIDS no Brasil e no mundo com o intuito de levantar os

aspectos históricos, sócio-econômicos e culturais em relação à TBC-HIV/AIDS,

tendo como objetivo apontar a relação entre pacientes co-infectados com TBC e

HIV, identificando os fatores que influenciam nessa associação, informando a

epidemiologia e a gravidade clínica dessas patologias, ressaltando assim a

relevância do diagnóstico precoce e a importância da atuação do profissional

enfermeiro na adesão ao tratamento de pacientes co-infectados. Estudo realizado

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como exigência para conclusão do mesmo, com a finalidade de obter a

Graduação em Bacharel em Enfermagem da UNIVALE.

De acordo com Garcia et al (2000), somente com anamnese dos pacientes com

TBC não é possível identificar a co-infecção dos mesmos por TBC-HIV/AIDS,

assim, a sorologia anti-HIV deve ser solicitada de forma rotineira em todos os

pacientes com TBC ativa. Por isso, é necessária a detecção da patologia através

do exame de sorologia para que ocorra um tratamento imediato e eficaz, mas

buscando na anamnese as informações rotineiras para resolução da doença em

pacientes co-infectados.

Segundo Garcia et al (2000), nos países africanos abaixo do Saara, detectou-se

um aumento do número de casos de tuberculose relacionado à infecção pelo HIV.

A grave situação mundial da tuberculose está intimamente ligada ao aumento da

pobreza, à má distribuição de renda e urbanização acelerada (HIJJAR ET AL,

2001).

O Brasil apresenta uma alta prevalência destas duas doenças, sendo que a taxa

de co-infecção é de 3 a 4% variando entre pacientes internados e ambulatoriais,

tendo amplas diferenças regionais, com índices mais altos no Sudeste e

Nordeste, destacando o Rio de Janeiro com o maior coeficiente, e os mais baixos

nas regiões Sul e Centro-oeste (GARCIA ET AL, 2000).

As estatísticas da OMS (2000) indicam que a associação TBC-HIV/AIDS,

apontam para um grave quadro da Saúde Pública, o que requer medidas

enérgicas e eficazes para o seu controle. Em um país de alta prevalência como o

Brasil, as ações de identificações de casos novos devem ser intensificadas e

precisas devido: à dificuldade de detecção da co-infecção somente através da

anamnese e exame clínico, sendo assim, nos casos confirmados de tuberculose

deve ser solicitado o teste anti-HIV (GARCIA ET AL, 2000; HIJJAR ET AL, 2001).

Se confirmado, o tratamento de tuberculose deve ser prolongado havendo a

possibilidade de iniciar precocemente a terapia anti-retroviral e a profilaxia de

infecções oportunistas de acordo com o Consenso Brasileiro sobre Tuberculose

1998 (GARCIA ET AL, 2000). Desta forma, é imprescindível a vigilância exercida

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pela saúde pública, pois se considera a tuberculose como “doença sentinela” da

AIDS (LIMA ET AL, 1997).

Hijjar et al (2001), relata que do total de casos novos de TBC-HIV/AIDS estimados

pela OMS (2000), menos da metade são notificados, situação que traduz a

ineficácia das políticas de controle. Portanto, é essencial a atuação dos

profissionais de saúde no quesito: detecção precoce de casos, desenvolvimento,

implementação e monitorização de programas, e atividades de controle e

prevenção, focando a importância da adesão ao tratamento (LIMA ET AL, 1997).

A busca de aprofundarmos em relação ao tema se deu devido à grande

relevância social, e a gravidade que é a co-infecção da TBC-HIV/AIDS no Brasil,

não podendo deixar de ressaltar a importância do profissional enfermeiro na

atenção primária e posteriormente ao tratamento.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 FALANDO DA TUBERCULOSE

A TBC é uma doença de grave situação mundial que está inteiramente ligada ao

aumento da pobreza, da má distribuição de renda e da urbanização acelerada.

Segundo a OMS (2001), estima-se que haja anualmente cerca de 1,9 milhões de

mortes por tuberculose sendo 98% em países que estão em desenvolvimento.

Desse total estimado pela OMS (2001), menos da metade são notificados, a

situação que traduz a insuficiência das políticas de controle. Isso nos mostra que

a TBC é uma doença que necessita de cuidados e medidas enérgicas para que a

disseminação possa ser controlada.

2.2 ETIOLOGIA

Para o MS (2006), a etiologia da TBC está inteiramente ligada ao agente

etiológico o Mycobacterium tuberculosis onde o mesmo se instala nos pulmões

com a capacidade de transmitir o bacilo para as outras pessoas a partir de

doentes bacilíferos. A intensidade do contato é uma das condições que fazem

com que a TBC esteja de forma muito próxima em domicílios pequenos mal

ventilados e úmidos, deixando assim o ambiente propício para a infecção pelo M.

tuberculosis.

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2.3 DIAGNÓSTICO

Para Moura et al (2006), o diagnóstico é realizado através de exames de

baciloscopia do escarro, prova tuberculínica e exame radiológico, sendo que o

exame radiológico na busca de casos é indiscriminado por ter maior custo, e os

pacientes se submeterem a radiações ionizáveis. Já os exames então citados

revelam o diagnóstico da tuberculose de forma eficaz.

2.4 TRANSMISSÃO

De acordo com MS (2006), uma das formas de contágio da TBC está inteiramente

ligada a fala, espirro, e principalmente a tosse de um doente com TBC pulmonar.

Por isso, faz-se necessário as orientações sobre os meios de transmissão para

evitar o contágio, reduzindo assim problemas mais graves.

Moura et al (2006), relata que é necessário a busca entre contatos onde

compreende todas as pessoas inseridas, ou que coabitam com pacientes com

tuberculose. Sendo assim, os de maiores proximidades, ou seja, os comunicantes

têm maior risco de adoecer por TBC, por isso o correto é a busca diagnóstica

desses portadores através de exames que diagnosticam a patologia.

2.5 FATORES DE RISCO

Bertolli Filho (2001) afirma que, no fim do século XIX, a doença passou a ser

qualificada como um “mal social” e a ser relacionada às condições precárias de

vida, em que tem inúmeros fatores, dentre eles as moradias pouco ventiladas e

pequenas para a quantidade de moradores, a má qualidade de alimentação e má

condição de higiene.

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Segundo Muniz et al (2006), alguns fatores referem-se a situação sócio-

econômica, que vem aumentando as condições de pobreza resultando em

dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Com isso, há um aumento da

população vivendo em aglomeração dificultando a qualidade de vida.

Já Brunner & Suddarth (2005) apontam principalmente os seguintes fatores para

o desenvolvimento da TBC: contato íntimo com alguém que tem TBC ativa;

estado imunossuprimido (ex: HIV, câncer, órgãos transplantados, entre outros);

uso excessivo de drogas; pessoa sem cuidado de saúde adequado; distúrbios

clínicos preexistentes ou tratamento especial; imigração advinda de países com

alta prevalência de TBC; institucionalização; vida em moradias superlotadas e de

baixo padrão, ser um profissional de saúde realizando atividade de alto risco.

E para Shechter e Marangoni (1998) são fatores de risco: idade, sexo, etnia,

AIDS, fator ocupacional, entre outros.

2.6 EPIDEMIOLOGIA

No ano de 1980, o Brasil teve 64.861 novos casos notificados, em 1995 passou

para 88.900 (aumentando aproximadamente 40%). Esse aumento, certamente é

devido a uma melhoria no sistema de busca de casos. Com isso, podemos

perceber a importância da busca ativa de casos, para que assim sejam feitas as

intervenções precoces e devidas para diminuir o número de casos.

O Ministério da Saúde (2000) afirma que o custo social da tuberculose é bastante

alto, visto que a doença afeta o grupo economicamente ativo, preferencialmente a

faixa etária de 20 a 49 anos. A tuberculose em 1986 foi responsável, no país, por

47% dos anos potenciais de vida perdidos por doenças infecciosas e parasitárias

(HIJJAR, 1992). A tuberculose faz com que seus acometidos tenham que dedicar

alguns anos de vida a se tratar, sendo que estes pacientes são de faixa etária

ativa e precisam dedicar bastante tempo ao tratamento que os Centros de

Referência oferecem com medicamentos gratuitos.

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A OMS estimou em 1995, que morreram no mundo mais pessoas pela doença do

que em qualquer outro ano precedente (WHO APUD GOTLIEB; JORGE, 1996). A

mesma publicação, diz que, desde 1952, existem drogas eficazes e poderosas

que dariam a possibilidade de que cada paciente com tuberculose se curasse e

vivesse bem. Contudo, esses medicamentos não foram usados corretamente e

essa falha fez com que milhões de pessoas morressem.

2.7 TRATAMENTO

De acordo com Shechter e Marangoni (1998), o tratamento tem eficácia de

96,5%, demonstrando a grande atuação do esquema terapêutico para eliminar as

fontes de infecção. E nas crianças, praticamente não existe fracasso terapêutico,

mesmo porque a população bacteriana constantemente é menor. Isto nos diz que

se houver o tratamento adequado, as chances de cura são grandes, o que nas

crianças são maiores devido ao menor número de bactérias presentes no

organismo e ao seu mecanismo de defesa que está se fortalecendo ainda.

Hijjar et al (2001), afirma que frente a grave situação mundial e à permanência,

em nível preocupante, da epidemia de TBC em nosso meio, o país vem tomando

apropriadas iniciativas para combater a doença. Tendo como exemplo, meados

dos anos 60, onde o MS padronizou e passou a distribuir gratuitamente, em todo

o país, os medicamentos que integravam os esquemas terapêuticos de melhor

eficácia daquela época. Já no final dos anos 70 com os avanços da quimioterapia

e da tuberculose o Brasil trocou os antigos esquemas prolongados por outros de

curta duração que incluíam rifampicina, isoniazida e pirazinamida, também

distribuídos gratuitamente.

Percebe-se então que conforme o avanço da área da saúde foi acontecendo o

tratamento da TBC foi se modificando e encurtando, sendo que cada paciente

pode se tratar e adquirir o seu medicamento gratuitamente.

Moura et al (2006) afirma que a medicação para a tuberculose, deve ser

supervisionada obedecendo os esquemas padronizados e distribuídos pelo

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Ministério da Saúde. No entanto, é necessário que as definições dos esquemas

sejam feitas com base na forma clínica, idade e na história pregressa do portador

de acordo com o resultado do exame.

Segundo Costa et al (1994) a estratégia realizada pelos profissionais em relação

ao tratamento deve ser bem elaborada com o intuito de impedir a transmissão da

doença. Desta forma, é viável que os profissionais de saúde tenham o

conhecimento para que junto com os portadores de TBC realizem o tratamento de

forma correta, chegando assim à cura da doença.

Segundo Moura et al (2006), a tuberculose é uma doença grave, porém curável

em praticamente 100% dos casos, se for obedecido aos princípios da

quimioterapia. Por isso a importância da adesão ao tratamento, e a regularidade

nas tomadas dos medicamentos.

Moura et al (2006) ainda afirma que os fatores que podem ser destacados de

forma menos relevante com base na gravidade da doença são: alimentação,

repouso, e os cuidados dos profissionais de saúde. Sendo assim, há a

necessidade dos profissionais estarem bem preparados para atender e orientar os

portadores sobre a importância do tratamento.

Gerhardt Filho; Hijjar (1993), relatam que o abandono ao tratamento tem como

conseqüência direta uma alta no custo do mesmo e a ocorrência de bacilos

resistentes. Esse abandono do tratamento ainda é um assunto complexo,

atribuindo-se fatores ligados ao próprio paciente, ou aos serviços de saúde.

2.8 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PREVENÇÃO

O MS (2000) diz que é preciso lembrar que apesar de investimentos maciços

feitos pelo mesmo, é preciso que a educação, ao lado da informação não seja

descuidada. Para evitar a infecção pelo M. tuberculosis é necessário que comece

pela educação em saúde, nas escolas, nos postos, em casa, etc, dando todas as

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orientações necessárias sobre os sinais e sintomas, gravidade, tratamento e

acima de tudo, que se tratada adequadamente tem cura.

Segundo Hijjar et al (2001), muito já foi feito e há muito ainda para se fazer.

Políticas públicas que possam efetivamente melhorar a qualidade de vida da

população tem repercussões positivas no controle da tuberculose. Contudo, para

os órgãos responsáveis pela saúde pública do país é necessário e prioridade a

imediata melhoria das ações de busca de casos, tratamento e prevenção, bem

como das atividades de promoção da saúde.

Baseado nestas afirmativas, trabalhar a prevenção através da promoção da

saúde pelos PSF’s e escolas, usando a educação em saúde, orientações e

grupos de discussão no nível primário, é a alternativa para controlar novos casos

de TBC.

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3. FALANDO DO HIV/AIDS

A AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) foi reconhecida em 1981, nos

EUA, quando foram identificados em um número elevado de pacientes adultos do

sexo masculino e homossexuais, os primeiros casos de pneumonia por

Pneumocytis carinii e de Sarcoma. Esses pacientes apresentavam um

comprometimento do sistema imune, o que levou a conclusão de que seria uma

nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e

transmissível (RACHID E SHECHTER, 2000).

Inicialmente os grupos sociais mais atingidos nos EUA e na maioria dos outros

contingentes foram os homossexuais masculinos, porém, em pouco tempo,

surgiram os casos registrados de usuários de drogas injetáveis, receptores de

sangue heterossexuais de ambos os sexos e crianças de várias idades,

compondo assim um cenário epidemiológico bastante complexo (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2006).

Em 1983 foi identificado o agente etiológico, denominado HIV, que é um vírus que

se caracteriza pela presença da enzima transcriptase reversa, o que permite a

transcrição do RNA viral em DNA, permitindo assim um maior conhecimento

sobre sua patogenicidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

3.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Valentim (2003) afirma que a doença possui três estágios: o primeiro caracteriza-

se pela latência do vírus, antes da sua replicação. Nessa fase o portador ainda se

caracteriza como assintomático, pois não possui nenhum dos sintomas de

soropositividade nem da AIDS. Apesar de não apresentar os sintomas, o portador

possui a capacidade de infectar, podendo transmitir o vírus para outras pessoas.

24

Este mesmo autor afirma ainda que, existem casos de pessoas que

permanecerão como portadores assintomáticos pelo resto da vida, sem

manifestar a doença.

No segundo estágio, o sistema imunológico ainda consegue combater

precariamente algumas infecções, possuindo algum grau de defesa pelo

organismo. Este já se encontra fraco e debilitado, mas ainda não está sujeito às

doenças oportunistas e possui carga viral menor que a quantidade de células de

defesa. Esta fase abrange uma serie de distúrbios, condições que debilitam, mas

não são fatais, o que a distingue da AIDS propriamente dita, ou seja, o sistema

imunológico ainda está atuando contra patógenos. O terceiro e último estágio da

infecção é a AIDS, nesta fase, ocorre o estabelecimento e desenvolvimento

concreto do vírus no organismo humano, caracterizado pelas doenças

oportunistas (VALENTIM, 2003).

Quando as infecções oportunistas ocorrem ou quando os níveis de linfócitos

TCD4 alcançam determinado nível (abaixo de 200 células/mm³ de sangue)

dizemos que esta pessoa está com a síndrome da imunodeficiência adquirida

(AIDS), doença que pode comprometer diferentes órgãos e sistemas do

organismo (BATISTA; GOMES, 2000).

3.2 TRANSMISSÃO

A transmissão do vírus HIV se dá pelo sêmen e secreções vaginais, através de

relações sexuais. O HIV se encontra no sangue e pode ser transmitido através do

compartilhamento de seringas entre usuários de drogas, hemotransfusão ou por

acidentes pérfuro-cortantes com sangue contaminado. Há também a possibilidade

de transmissão da mãe para o filho durante a gestação, no parto ou durante o

aleitamento materno (RACHID; SCHECHTER, 2004).

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3.3 FATORES DE RISCO

Brunner & Suddarth (2005) consideram como fator de risco para infecção por HIV

o uso de drogas intravenosas ou injeções, ter relações sexuais com indivíduos

infectados, pessoas que receberam sangue ou derivados do sangue

contaminados com HIV e os filhos de mulheres infectadas pelo vírus da AIDS.

Fonseca et al (2000), afirma que a posição que o indivíduo ocupa na sociedade é

um importante fator que irá contribuir para as suas condições de saúde. Pois, é a

posição do indivíduo na hierarquia social que irá nos indicar o nível da

escolaridade, o acesso à informação, que interferem no nível socioeconômico,

tendo impacto no acesso aos serviços de saúde.

De acordo com Fonseca et al (2002) um dos motivos da falta de informação é

referente as condições sociais dos indivíduos portadores do HIV/AIDS. Ele afirma

ainda, que a escolaridade tem sido bastante utilizada como indicador no nível

sócio-econômico dos indivíduos. No entanto, o que é viável, para os indivíduos é

a educação em saúde tendo como livramento do impacto à saúde.

3.4 INCIDÊNCIA

Para Guimarães (2000), tem sido apontado um aumento na tendência da

proporção de casos femininos, em direção a regiões mais distantes dos grandes

centros urbanos, da categoria de exposição heterossexual e aumento de casos

entre indivíduos com escolaridade igual ou menor a oito anos (1º grau e

analfabetos), ou seja, vem mudando de características com o passar dos anos.

Brunner & Suddarth (2005) reafirmam que a incidência da infecção por HIV está

aumentando em mulheres. Muitas estão no grupo etário reprodutivo, sendo que

mais de 70% são hispânicas e afro-americanas. Mais da metade são usuárias de

26

drogas intravenosas, enquanto a outra metade foi exposta através do contato

sexual com parceiros HIV- infectados.

As mulheres são nove vezes mais prováveis de contrair HIV de homens, que os

homens são das mulheres, devido eles terem uma quantidade mais elevada de

HIV no sêmen quando comparada às secreções vaginais, um inóculo maior na

ejaculação, retenção do sêmen infectado por HIV na vagina e lesão traumática

microscópica na mucosa durante a relação sexual (BRUNNER & SUDDARTH,

2005).

3.5 EPIDEMIOLOGIA

Quanto à freqüência de casos de AIDS no Brasil, segundo sexo e tipos de

transmissão, nos qüinqüênios entre 1980 e 1998, constata-se que, com o passar

do tempo, têm sido verificadas importantes alterações no perfil epidemiológico da

doença. A AIDS deixou de existir apenas nas grandes cidades, passando para

cidades do interior e atingindo a população mais carente (JORGE; GOCLIEB,

2000).

3.6 TRATAMENTO

O tratamento e a terapia anti-retroviral é, na grande maioria dos casos, capaz de

reduzir a carga viral plasmática de pacientes assintomáticos e que nunca tiveram

tratamento, sendo que a necessidade de iniciar o tratamento é definida pelo

quadro clínico do paciente, ou seja, pela apresentação de sintomas, e por critérios

laboratoriais (contagem de linfócitos TCD4 e quantificação plasmática do HIV -

carga viral). A carga viral não deve ser verificada antes de quatro semanas de

qualquer infecção ou vacinação, pois nestas situações, pode ocorrer elevação

transitória da mesma (RACHID; SCHECHTER, 2000).

27

Os objetivos do tratamento incluem o prolongamento e a melhora na qualidade de

vida do paciente, reduzindo a carga viral e reconstituindo o sistema imunológico,

para que este comece a atuar no combate a infecções oportunistas,

reestruturando o organismo (GUIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA,

FUNASA, 2002).

De acordo com Daniel; Parker (1991), os portadores do vírus HIV, com ajuda dos

coquetéis anti-HIV, podem levar uma vida normal como portadores

assintomáticos. Podem resistir à doença, se forem corretamente tratados.

Portanto, não se pode condenar à morte quem adquiriu a doença, pois não há a

certeza de que esta acontecerá.

Para Gomez apud Ferreira et al (2007), os anti-retrovirais introduzidos na terapia

de controle da AIDS, trouxeram esperança e vitalidade a milhares de pessoas

infectadas pelo HIV. Porém, estes mesmos medicamentos têm sido os

responsáveis por efeitos colaterais que pode interferir negativamente em várias

esferas da vida do paciente.

Segundo o MS (2004), os efeitos colaterais são conhecidos como efeitos

secundários, toxicidade farmacológica ou reações adversas, ou seja, qualquer

reação inesperada produzida por um medicamento. Podem ser leves e

transitórios, moderados e persistentes; graves ou potencialmente mortais.

Visando diminuir ou eliminar alguns efeitos colaterais, médicos e pacientes estão

experimentando trocar o esquema de drogas. De qualquer forma, deve-se haver

uma conscientização na hora de aliviar ou eliminar os efeitos colaterais dos

antivirais: cabe aos médicos informar seus pacientes sobre as potenciais reações

(a maioria não experimenta nenhuma reação). Mas, é obrigação do paciente

comunicar ao médico todas as sensações diferentes, devidas aos remédios,

mesmo as aparentemente simples, para que este tome as devidas providências

(MS, 2004).

28

3.7 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PREVENÇÃO

Para Ferreira et al (2005) as condições que afetam a vulnerabilidade individual

são de ordem cognitiva (informação, consciência do problema e das formas de

enfrentá-lo), comportamentais e sociais, portanto há a necessidade de criar

informações básicas para contribuir no aprendizado da população. A

transformação desse conhecimento dá-se através de práticas protetoras, em

questão de classe social, raça e outros aspectos sociais.

Ferreira et al (2005), ainda afirma que o poder do conhecimento na mudança de

comportamento depende das alternativas e perspectivas que apresentam para o

indivíduo, isso se dá através das desigualdades sociais onde faltam informações

necessárias que atinjam o conhecimento de todos. As políticas públicas devem

ser reformuladas para o controle do HIV, por isso é necessário haver

conhecimento constantemente atualizado, referente aos níveis de informação e

percepção do risco da população.

29

4 DESTACANDO A CO-INFECÇÃO TBC-HIV/AIDS

4.1 CONTEXTO HISTÓRICO

A associação TBC-HIV/AIDS representa um novo desafio na escala mundial, daí

a necessidade de abordarmos este assunto levando em conta a diversidade

complexa que une as duas patologias.

De acordo com Boffo et al (2004), a disseminação da infecção pelo HIV no mundo

levou a alterações nos mecanismos de defesa que o homem dispõe contra o

agente causal da tuberculose, tornando assim, a infecção pelo HIV o maior fator

de risco para a progressão da co-infecção pelo M. tuberculosis.

4.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Kerr-Pontes et al (1997) afirma que a epidemia de HIV/AIDS promoverá um

acréscimo de 25% nos casos de tuberculose. Ao desenvolver a tuberculose ativa,

a contagem de linfócitos CD4 apresenta-se mais alta em pacientes co-infectados,

sendo possível também que o M. tuberculosis ative a replicação do HIV e acelere

sua progressão e quadro clínico.

A associação TBC-HIV/AIDS acelera todo o curso das duas patologias, fazendo

com que a infecção pelo M. tuberculosis após a existência da AIDS agrave as

duas, devido à imunossupressão que não permite a reação necessária do

organismo para combatê-las (KERR-PONTES ET AL, 1997).

Brunner & Suddarth (2005) dizem que a tuberculose tende a ocorrer

precocemente no curso da infecção por HIV, sendo precedida pelo diagnóstico de

AIDS. Isso ocorre precocemente associado ao desenvolvimento de granulomas

caseosos (massas de tecidos de granulação secas semelhantes a queijo), o que

30

levantará a suspeita de tuberculose. Nesse estágio, a tuberculose responde bem

a terapia anti-tuberculosa.

A tuberculose que ocorre na infecção por HIV caracteriza-se por ausência de uma

resposta imune ao teste cutâneo com tuberculina. Isso é conhecido como anergia

e ocorre porque o sistema imune comprometido não pode mais responder ao

antígeno da tuberculose. Nos estágios mais avançados da infecção por HIV, a

tuberculose está associada à disseminação para sítios extra-pulmonares, como o

sistema nervoso central, osso, pericárdio, estômago, peritônio e bolsa escrotal

(BRUNNER & SUDDARTH, 2005).

Para Moura et al (2006), estudos de dados epidemiológicos, clínicos e

laboratoriais, demonstram que pessoas infectadas pelo HIV, possuem uma forte

relação com a disfunção e a depleção dos elementos envolvidos na imunidade

celular, podendo levar ao desenvolvimento da tuberculose primária e a

disseminação do bacilo aumentando assim a possibilidade de reativação.

Este autor ainda afirma que a diminuição de linfócito CD4 circulantes provocada

pelo HIV, ocorre também uma disfunção qualitativa dessas células, que se

evidencia pela perda de resposta do tipo hipersensibilidade retardada, que pode

se manifestar mesmo com um número relativamente elevado de células CD4.

Com isso, através da deterioração da imunidade celular do indivíduo pela infecção

oportunista, ocorre a progressiva depleção e disfunção desses linfócitos CD4. Tal

é o caso da tuberculose, cujo mecanismo de defesa baseia-se justamente na

imunidade celular.

De acordo com Silva et al (2000), a coexistência, portanto de uma infecção pelo

HIV constitui-se no mais potente ativador da tuberculose até hoje conhecido. Por

outro lado, a tuberculose também influi no curso da infecção pelo HIV por meio da

ativação de macrófagos e células T infectadas pelo vírus, levando assim, ao

desenvolvimento da AIDS.

Segundo Dolin et al apud Gotlieb; Jorge (2000), a infecção pelo vírus HIV e a

AIDS aceleram a velocidade com que a tuberculose evolui. O HIV compromete o

sistema imunológico e reduz dramaticamente o tempo com que uma pessoa HIV

positiva e com infecção por tuberculose passe a apresentar a tuberculose. Isso

31

nos sugere que uma pessoa com tuberculose e HIV positiva tem o curso da

tuberculose acelerado fazendo com que a doença evolua rapidamente podendo

levar à morte.

4.3 A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE

De acordo com Jamal; Moherdaui (2007), o diagnóstico de TBC nos indivíduos

infectados pelo HIV deverá ser realizado em menor tempo possível, para evitar a

disseminação da doença, sua evolução à forma clínica mais grave, e

conseqüentemente o óbito. Sendo assim, o diagnóstico precoce é essencial para

que entre em vigência o tratamento, impedindo o aumento da incidência de

ambas as infecções. Daí a determinação do Ministério da Saúde, trabalhar a TBC

no nível primário, torna-se de suma importância na detecção do diagnóstico

precoce.

Segundo Jamal; Moherdaui (2007), a detecção precoce da soropositividade

constitui arma potente contra a tuberculose, a fim de que sejam providos os

devidos cuidados clínicos e terapêuticos ao paciente infectado pelo HIV. Dessa

forma, a implementação imediata da terapia anti-retroviral é imprescindível, pois

sabe-se que o HIV é facilitador do desenvolvimento da TBC.

Para Garcia et al (2000), há a indicação do teste anti-HIV para todos os pacientes

com TBC ativa, devido à alta prevalência da co-infecção TBC-HIV/AIDS, esse

método de diagnóstico precoce implicará na execução de medidas terapêuticas

importantes na evolução das duas patologias. Já que os indivíduos infectados

pelo HIV podem ficar assintomáticos por muito tempo, e a TBC é considerada um

evento precoce nos co-infectados devido à virulência do bacilo dentre outros

patógenos.

Boffo et al (2004) afirma que a concretização do diagnóstico da tuberculose

associada à infecção pelo HIV, torna necessária a realização de análises

microbiológicas e anatomopatológicas em materiais clínicos oriundos de

diferentes sítios anatômicos. Pois sabe-se que há manifestações clínicas atípicas,

32

daí então a importância do diagnóstico precoce associado ao tratamento, para

reduzir a propagação de bacilos e aumentar as chances de sobrevida do co-

infectado.

De acordo com Boffo et al (2004), a tuberculose como co-infecção nos pacientes

HIV positivo deve ser avaliada, levando em consideração a presença de

manifestações clínicas. Mas isso só será concretizado através do diagnóstico de

certeza da TBC associada à infecção pelo HIV, devendo trabalhar o tratamento da

TBC como fator primordial no controle da co-infecção ao portador de HIV, já que o

paciente HIV tem a imunossupressão como fator agravante.

Boffo et al (2004) ressalta que o diagnóstico preciso para a detecção da TBC é o

isolamento do M. tuberculosis nos pacientes com suspeita, através do exame de

escarro, sendo que para a detecção da associação TBC-HIV/AIDS é feito a

baciloscopia.

Oliveira et al (2004), ainda afirma que um dos maiores problemas no diagnóstico,

é a demora do resultado, no qual dificulta o início do tratamento e, também as

condições sócio-econômicas dos portadores, dificultando o acesso aos serviços

de saúde.

4.4 FATORES DE RISCO

De acordo com Kerr-Pontes et al (1997), estudos recentes parecem indicar que a

probabilidade de um indivíduo infectado pelo HIV desenvolver a infecção

tuberculosa após a exposição ao bacilo é mais alta que a de um indivíduo não

infectado.

Lima et al (1997), também relata que um indivíduo HIV positivo uma vez infectado

pelo M. tuberculosis tem risco de adoecimento muito maior que a população em

geral. É de 5% a 10% ao ano o risco de um co-infectado desenvolver a

tuberculose ativa, e é de 5% a 10% durante toda a vida o risco ao qual um

indivíduo soronegativo está exposto. Tudo isso se deve a alta patogenicidade do

33

M. tuberculosis relacionado com as situações de diminuição das atividades

normais do sistema imunológico em decorrência da AIDS, fazendo com que haja

o desenvolvimento da tuberculose ativa e a progressão do quadro clínico da

síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Sendo assim, a relação entre as

duas patologias constituem um grande problema de saúde pública que requer

conhecimento, para se implementar programas e medidas de controle da

disseminação de ambas patologias.

A co-infecção pode estar relacionada com a reativação da tuberculose latente ou

uma resposta imunológica deficiente (OLIVEIRA ET AL, 2004). Portanto, o

HIV/AIDS torna-se fator de risco para o óbito entre indivíduo com TBC e o grau de

imunodeficiência, do qual é maior determinante da mortalidade nos pacientes

infectados.

Para Moura et al (2006), a infecção por HIV é o maior fator de risco de

adoecimento por TBC em indivíduos previamente infectados pelo bacilo. Sendo

assim, a TBC é uma das primeiras complicações entre os infectados pelo HIV,

surgindo antes de outras infecções oportunísticas devido à maior virulência do

bacilo de Koch.

De acordo com Boffo et al (2004) a análise das variáveis situação ocupacional e

procedência evidenciou que a co-infecção acometeu pessoas com nível

socioeconômico desfavorável, o que está de acordo com o fenômeno de

pauperização da AIDS no Brasil onde mais de 50% dos casos em adultos de

ambos os sexos entre 1991 e 2001, ocorreram em indivíduos com baixo nível de

escolaridade. Na população de co-infectados, entre outros fatores de risco para a

tuberculose está o uso de drogas endovenosas como predominante (48,4%), o

que talvez demonstre a associação importante deste fator de risco com a infecção

pelo HIV, que em parte está atribuída aos hábitos de vida dos adultos jovens,

sendo descrita na Espanha em 1997. Dos fatores de risco mais freqüentes (25%)

está o alcoolismo, sendo o segundo em prevalência entre os co-infectados.

Para Muniz et al (2006), a mortalidade em pacientes co-infectados é maior do

que em paciente portador apenas com o vírus da imunodeficiência adquirida

34

(HIV), sem a presença da tuberculose (TBC). A co-infecção pelo HIV é hoje um

importante fator de risco para o desenvolvimento da TBC, se não o mais grave.

Kerr-Pontes et al (1997), diz que a co-infecção pelo HIV e Mycobacterium

tuberculosis tem sido estudada em vários países onde as duas patologias

representam um importante problema de saúde pública, sendo um dos principais

fatores de risco que faz que um indivíduo com tuberculose desenvolva a

tuberculose ativa e a infecção pelo HIV.

Diz ainda que a co-infecção pelo bacilo de Koch e pelo HIV geralmente eleva em

25 vezes o risco de manifestar a tuberculose. Dizendo-nos assim que um

indivíduo com HIV tem uma probabilidade bem maior de adquirir e manifestar a

tuberculose e que provavelmente será manifestada de uma forma mais severa

(KERR-PONTES ET AL, 1997).

Os casos mais comuns de imunossupressão associados com a tuberculose são

os indivíduos com AIDS, os estressados, os que fazem uso de drogas

imunossupressoras, os alcoólatras e os desnutridos. O mecanismo de

aparecimento da TBC em indivíduos pode se dar tanto pela reativação de uma

infecção tuberculosa pregressa, como de uma re-infecção ou de uma infecção

primária (MOURA ET AL, 2006).

4.5 EPIDEMIOLOGIA

Segundo relatórios da OMS (2001), o Brasil ocupa o décimo quinto lugar entre os

22 países responsáveis pelos 80% dos casos de TBC no mundo. A TBC e o HIV

andam paralelamente em casos de morte no mundo.

Muniz et al (2006) afirma que a associação entre TBC e a infecção pelo HIV afeta

a mortalidade de 2 formas: a tuberculose traz uma importante letalidade para as

pessoas infectadas pelo HIV, e o mesmo atua indiretamente no aumento da

incidência de TBC.

35

Boffo et al (2004), relata que a prevalência de tuberculose entre negros no mundo

é duas vezes maior do que em brancos. Considerando que as mais elevadas

taxas de prevalência são verificadas na África, onde 31% dos casos de

tuberculose em adultos estão associados à infecção pelo HIV.

Kerr-Pontes et al (1997) aponta para estudos que indicam a existência de

aproximadamente 400.000 infectados pelo HIV, sendo que 120.000 estão também

infectados pela tuberculose no Brasil. O número de infectados pelo HIV é

bastante alto e o número de co-infectados também está em alto número, o que

nos propõe que o HIV deve ser tratado adequadamente para evitar agravamentos

como a tuberculose, que dificulta a recuperação do paciente HIV positivo.

Lima et al (1997), afirma que a vigilância epidemiológica da co-infecção TBC-

HIV/AIDS se dá por meio da avaliação da distribuição e disseminação na

população. Sendo necessário este recurso para conhecer esta interação, e

elaborar medidas de controle eficazes.

Este mesmo autor relata que, a busca ativa de notificações em serviços de

verificação de óbitos, laboratórios e hospitais, utiliza como instrumentos de

notificação fatores clínicos e epidemiológicos da tuberculose associados ao HIV o

que melhora a qualidade da notificação. Daí surge a necessidade da comparação

dos registros dos sistemas de vigilância de ambas as patologias, para analisar o

impacto da co-infecção. (LIMA ET AL, 1997).

De acordo com Boffo et al (2004), estima-se que cerca de 500.000 pessoas

infectadas pelo HIV vivem na América Latina, onde as taxas de incidência da

tuberculose alcançam, em algumas áreas urbanas como no Brasil, níveis

epidemiológicos considerados de emergência.

Segundo o MS (2006), no Brasil entre 1980 a junho de 2000, o número de casos

confirmados de AIDS estava de forma considerável. Estima-se que 20 a 40%

desses portadores desenvolveram tuberculose em regiões de grande prevalência

da infecção pelo HIV. Portanto faz-se necessário destacar que no país o alto

índice de TBC associado ao HIV cresce de forma desordenada, uma vez que a

tuberculose é uma doença contagiosa e infectante, que pode ser transmitida a

indivíduos não infectados pelo HIV.

36

De acordo com Kerr-Pontes et al (1997), a região Nordeste e o Estado do Ceará

apresentam condições propícias à persistência de casos de tuberculose

existentes nos grandes contingentes populacionais mais pobres. Os serviços de

saúde também registram uma crise geral que repercutirá em prejuízo da busca,

diagnóstico e tratamento de tuberculose. Isto indica que a epidemiologia da

tuberculose e da AIDS e as medidas propostas no controle e prevenção delas,

não podem e nem devem mais ser discutidas separadas. Portanto, subentende-se

que as duas infecções estão ligadas e o tratamento deve ser realizado o mais

rápido e de modo correto, evitando agravamento.

Segundo Moura et al (2006), o aparecimento do vírus da imunodeficiência

humana (HIV) modifica a epidemiologia da TBC dificultando no seu controle.

Sendo assim, a tuberculose por ser uma doença que possui um alto índice de

prevalência, associada ao HIV, compromete ainda mais o sistema imunológico.

4.6 TRATAMENTO

Oliveira et al (2004), relata que a tuberculose/AIDS estão relacionadas ainda com

a demora do diagnóstico, uma vez que o paciente soropositivo pode deixar de

procurar o serviço de saúde por receio de ter diagnosticada a AIDS, isso tornam

pequenas as taxas de conclusão do tratamento, causando maiores índices de

mortalidade.

Para Gomes et al (2000) um fator peculiar da co-infecção, é o perfil do doente

com AIDS, cujo tratamento para as infecções virais e oportunísticas, demanda

grande quantidade de medicamentos. Outro fator importante é o usuário de droga

injetável, cujo perfil, do ponto de vista biomédico, é o de refratariedade ou não

aderência ao tratamento. Esses dois fatores são suficientes para a compreensão

de um possível aumento da taxa de abandono de tratamento ou uso irregular das

drogas. Desta maneira, sabe-se ainda, que mudanças terapêuticas por efeitos

adversos aos medicamentos, vêm ocorrendo com maior freqüência em pacientes

co-infectados.

37

Gomes et al (1997), relata que as taxas de abandono e de tratamento irregular

tendem a aumentar no grupo de indivíduos com tuberculose infectados pelo HIV,

pois neste grupo é mais freqüente o uso de drogas injetáveis. Esse

comportamento está associado à dificuldade no cumprimento do tratamento

medicamentoso, principalmente o esquema terapêutico da TBC com duração de

nove meses. Desta maneira, além da prolongação de três meses no tratamento

da TBC há uma maior resistência micobacteriana devido ao uso irregular das

drogas, além da maior freqüência no número de internações hospitalares por

pacientes infectados pelo HIV. Sabe-se ainda que nesses locais de internação é

maior o risco de transmissão de M. tuberculosis, resistente ou não às drogas de

paciente para paciente, criando assim uma seleção de cepas M. tuberculosis

resistentes e, conseqüentemente, a ocorrência de elevadas taxas de resistência

primária ou adquirida nestes pacientes.

Segundo Boffo et al (2004), dentre os casos estudados, o M. tuberculosis foi a

espécie responsável pela tuberculose, constatação fundamental para a validação

do esquema de tratamento inicial da enfermidade para o portador do HIV ou para

o paciente com AIDS (2RHZ / 7RH) preconizado pelo MS, o qual é extremamente

eficaz, com níveis de insucesso muito baixos para esta espécie. Porém não pode

descartar a possibilidade de não adesão ao tratamento o que é um fator de risco

importante para o surgimento de cepas resistentes à isoniazida e à rifampicina.

Jamal e Moherdaui (2007), dizem que a rede pública para o tratamento de TBC

no Brasil foi estruturada e descentralizada ao longo das últimas décadas com a

política de controle firmemente atrelada ao nível básico de atenção à saúde. Por

outro lado, a rede de assistência à AIDS é relativamente recente e seu controle

concentra-se nos níveis secundário e terciário.

Afirmam ainda que ao paciente co-infectado, há a necessidade de atendimento

multidisciplinar que inclua assistência médica e psicológica, serviço social,

acompanhamento jurídico e referências para encaminhamentos a outras

especialidades e estruturas de apoio, muitas vezes disponíveis em organizações

não governamentais (ONG). Além disso, o paciente necessita de estímulo à

adesão a ambos os tratamentos e de estrutura capaz de resgatá-lo do abandono

38

ou do uso irregular dos medicamentos, quando necessário. (JAMAL;

MOHERDAUI, 2007)

Segundo Lima et al (1997), relata que o tratamento padrão de TBC pelo MS, tem

a duração de 6 meses, mas em vigência da infecção pelo HIV, o mesmo é

prolongado para 9 meses. Dessa forma, a implementação da terapia anti-

tuberculose em indivíduos HIV positivo reduz a freqüência da TBC em pacientes

com AIDS, levando a diminuição das taxas de letalidade e co-morbidade entre

ambas as patologias, prolongando a sobrevida do co-infectado.

Já Garcia et al (2000), destaca que as recomendações do Centers for Disease

Control (CDC de Atlanta EUA) incluem neste caso o uso de rifabutina no lugar da

rifampicina e escolha adequada dos anti-retrovirais compatíveis, sem a

necessidade de prolongar o tratamento. A terapia com tuberculostáticos de

duração de 9 (nove) meses no paciente HIV positivo preconizado anteriormente

no Brasil, recentemente foi revista pelo MS em 1999, reduzindo o tempo de

tratamento para 6 (seis) meses. O CDC recomenda o tratamento por 6 (seis)

meses em caso de tuberculose sensível às drogas, com o prolongamento para 9

(nove) meses no caso de resposta clínica ou bacteriológica tardia.

4.7 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E MEDIDAS DE CONTROLE NO

ATENDIMENTO AO PACIENTE CO-INFECTADO

Segundo Jamal; Moherdaui (2007) as ações para o controle da co-infecção TBC-

HIV/AIDS devem abranger as áreas: assistencial, de vigilância epidemiológica e

programática. Sendo assim, deve-se implementar ações que previnam o

aparecimento da tuberculose ativa no indivíduo HIV positivo já infectado pelo

bacilo Koch, realizar busca ativa de casos novos, notificação compulsória,

realização de exames laboratoriais (baciloscopia), além de programas que

reforcem a adesão ao tratamento.

Muniz et al (2006) relata que a elevada prevalência da co-infecção TBC-

HIV/AIDS, está em grande expansão, os pacientes com TBC infectados pelo HIV

39

não aderem ao tratamento, tornando possível o aumento da resistência às drogas

anti-TBC e aumentando o risco da transmissão do M. tuberculosis e de HIV para

os seus comunicantes. Por isso faz-se necessário políticas públicas em saúde

para que haja o controle dessas doenças partindo-se primeiro da detecção da

tuberculose, no caso de associação, solicitar a sorologia anti-HIV aos pacientes

com diagnóstico de TBC, dando a esses portadores melhores condições para o

tratamento e proporcionando-lhes estímulos para o não abandono da terapêutica

e oferecendo melhora na qualidade de vida.

Brunner & Suddarth (2000), Munz e Bergstron (2004), Schechter (1998), e outros

afirmam que o enfermeiro exerce um papel fundamental no cuidado com o

paciente com TBC e HIV, e com sua família, instruindo-os sobre os

procedimentos corretos para o controle da co-infecção.

São atribuições do enfermeiro na co-infecção TBC-HIV/AIDS:

- Identificar os sintomáticos respiratórios e imunodeprimidos entre as pessoas que

procuram as unidades básicas de saúde, nas visitas domiciliares ou mediante

relatos dos ACS.

- Solicitar baciloscopia e anti-HIV dos sintomáticos para diagnóstico.

- Orientar quanto à coleta de escarro e aconselhamento pré-teste para HIV.

- Aplicar a vacina BCG para evitar as formas graves da TBC.

- Salientar a importância do uso de preservativos.

- Realizar teste tuberculínico, caso não tenha capacitação encaminhar para

unidade de referência.

- Realizar consulta de enfermagem mensal, conforme programação de trabalho

da equipe.

- Notificar casos de tuberculose e HIV/AIDS antes de iniciar o tratamento, caso

confirmado diagnóstico convocar os comunicantes/parceiros para investigação de

ambos.

40

- Orientar quanto ao uso correto das medicações, esclarecendo dúvidas dos

doentes, desmitificando as tabus e estigmas.

- Programar os quantitativos de medicamentos necessários ao mês, para cada

doente cadastrado na unidade básica e centro de referência, de forma a

assegurar o tratamento completo de todos.

- Solicitar exame de escarro e célula TCD4 mensalmente, para avaliação da

eficácia do medicamento.

- Identificar reações adversas dos medicamentos e interações medicamentosas.

- Encaminhar o doente para uma unidade de referência.

- Agendar consulta extra, quando necessário.

- Fazer visita domiciliar para acompanhar o tratamento, e supervisionar o trabalho

do ACS.

- Realizar ações educativas junto à comunidade sobre DST/AIDS.

- Criar mecanismo de incentivo para a adesão ao tratamento, aos pacientes

faltosos.

- Convocar doente em abandono de tratamento.

- Acompanhar ficha de supervisão do tratamento preenchida pelo ACS.

- Manter as fichas de notificações atualizadas.

- Planejar com a equipe e coordenação municipal, estratégias de controle da

tuberculose na comunidade.

- Trabalhar grupos de aconselhamento de jovens e adolescentes, em relação ao

risco de exposição às DST’s e conseqüentemente co-infecção.

- Manter em alerta, em relação à exposição do risco de pacientes atendidos.

- Promover a distribuição sistemática de preservativos.

41

- Manter atualizado no que se diz respeito ao tema TBC-HIV/AIDS.

De acordo com Waldman, Silva & Monteiro apud Jorge; Gotlieb (2000), o

Ministério da Saúde em 1994 estabeleceu metas a serem cumpridas até o fim de

1998 que priorizaram cerca de 250 municípios onde a incidência da doença e sua

associação com a AIDS são importantes indicadores do problema. Sendo que

algumas das medidas poderiam ser consideradas ambiciosas, uma vez que a

intervenção provável dos serviços de saúde no controle da TBC se restringe ao

diagnóstico e tratamento precoce. Os serviços de saúde tentam minimizar os

sintomas e tratar a TBC após o diagnóstico, contudo a intervenção precisa ser

precoce para que o quadro não se agrave, pois a TBC tem cura, tendo essa

probabilidade aumentada através do tratamento rápido e eficaz.

42

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a busca de referências bibliográficas, conclui-se que a tuberculose e o HIV

são doenças de alta prevalência e um grande problema da saúde pública. A

associação de ambas dá-se através do contágio e exposição às doenças,

afetando com maior intensidade os imunodeprimidos. Os fatores que interferem

nessa associação TBC-HIV/AIDS estão relacionados às condições precárias de

vida, aglomerações, a qual consolida esse problema como mal social. A idade, o

sexo, a etnia e a imunossupressão também colaboram para essas moléstias

tornando-as doenças de grande risco.

A associação dessas doenças está relacionada com a reativação da tuberculose

latente ou a resposta imunológica deficiente ao vírus HIV, tornando-se fatores de

risco para o óbito entre indivíduos com TBC, devido o grau de imunodeficiência o

qual torna-se número determinante de mortalidade nos pacientes infectados pelo

HIV. Por isso a importância do diagnóstico precoce das doenças para encaminhar

esses portadores ao tratamento, já que no primeiro estágio da doença, a fase de

latência, o portador continua assintomático e apesar de não apresentar sintomas,

ele tem que ser encontrado, pois corre o risco de se infectar pela tuberculose.

Epidemiologicamente, a co-infecção TBC-HIV/AIDS está presente em vários

países e é responsável pelos 80% de casos no mundo. Os pacientes infectados

pelo HIV estão a cada dia aumentando em relação aos da TBC. A vigilância

epidemiológica da co-infecção visa o controle da disseminação da doença,

tornando assim, um trabalho eficaz no sentido de detectar precocemente os casos

de AIDS já que a virulência do bacilo da TBC é maior do que os outros patógenos.

É importante mencionar que o tratamento é a essência do estudo, onde começa o

processo de recuperação da doença buscando a cura da tuberculose. É

necessário tratar o paciente de forma eficaz para que ocorra o controle da

tuberculose e da AIDS.

43

O profissional de saúde, principalmente o enfermeiro, tem papel importante para

controle da co-infecção, realizando busca ativa de casos novos de HIV, captando

esses portadores assintomáticos com o intuito de iniciar o tratamento mais

precocemente possível e não permitindo assim que ocorra o abandono devido

aos efeitos colaterais dos medicamentos, citados na literatura, para

conseqüentemente reduzir os casos de co-infectados. Deve ainda trabalhar a

promoção da saúde com planejamento de ações, desenvolvendo estratégias que

venham a contribuir na qualidade de vida, tendo como elemento principal o

vínculo enfermeiro-paciente através da assistência integral à saúde.

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