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SEBRAE/PR, CONECTADO AOS NOVOS TEMPOS

OS PEQUENOS NEGÓCIOS E A SUSTENTABILIDADE

EDITORIAL

O empreendedorismo mudou e as entidades de apoio empre-sarial precisam se atualizar para acompanhar de perto esse dinamismo que só tende a se acentuar daqui para frente. Com esse desafio, há um ano e meio, o Sebrae/PR elegeu o tema startups como linha estratégica a ser trabalhada no Estado.

Desde então, iniciativas de estímulo a modelos inovadores de negócios, com alto impacto, vêm sendo disseminadas. E o ba-lanço é positivo. Mostra que estamos no caminho certo e que apostar no novo, munido de informação, é um serviço para o for-talecimento do empreendedorismo e dos pequenos negócios.

Com um estudo inédito, uma das reportagens desta Revista Soluções, o Sebrae/PR mergulhou no universo das startups, até pouco tempo desconhecidas no País. E descobriu que, além de empreendedores ousados, que se valem de plataformas para ganhar escala, o Paraná é terreno fértil para startups.

O ecossistema paranaense registra iniciativas em todo o Es-tado, reforçando a sua vocação. Ideias nascidas aqui têm ul-trapassado fronteiras e já se pensa, para os próximos meses, um grande evento do Sebrae/PR, com o apoio de parceiros do setor produtivo, para marcar o movimento startup do Paraná.

A ‘semente’ está lançada. Que as startups gerem empregos e novos negócios!

A sustentabilidade nos pequenos negócios passa também pela geração e pelo uso racional de fontes de energia alterna-tivas. Uma tendência cada vez mais urgente frente à escassez de recursos. Lição já absorvida por empreendedores envolvi-dos em projetos do Sebrae/PR com foco no tema. Investir em energias alternativas é, sem dúvida, uma saída para mante-rem-se competitivos.

A produção e consumo local de energias, aliada à medição in-teligente, em tempo real, é a base do smart grid, um modelo aplicável aos pequenos negócios. O conceito de redes inteli-gentes em questão é bastante atual e defende, entre outras medidas, uma descentralização da produção de energia, com cada consumidor podendo produzir e armazenar ou vender o excedente.

Conheça nesta edição um pouco mais desse trabalho pionei-ro, contribuição para a sobrevivência do planeta e também, sob o ponto de vista corporativo, dos pequenos negócios. Ao contratar a consultoria de Claudio Lima, um dos mais reco-nhecidos especialistas mundiais do assunto, para a execução de propostas de sustentabilidade e eficiência energética, o Sebrae/PR olha para o futuro.

O objetivo é transformar o potencial que nossos territórios de-têm em fato. Para isso, a entidade defende uma agenda pública, que aponte o que os municípios podem fazer nesse sentido, e ainda uma agenda privada, para preparar os empreendedores para mais essa mudança de patamar. Boa leitura.

JULIO CEZAR AGOSTINI, VITOR ROBERTO TIOQUETA E JOSÉ GAVA NETO, DIRETORIA EXECUTIVA DO SEBRAE/PR

EDSON CAMPAGNOLOPRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO DO SEBRAE/PR

2 3

Banco do BrasilEdson Pascoal Cardozo - titular

Joares Angelo Scisleski - suplente

Caixa Econômica FederalFabio Carnelós - titular

Enilson Araújo - suplente

Centro de Integração de Tecnologia do Paraná (Citpar)Luiz Carlos Baeta Vieira - titular

Rubens Maluf Dabul - suplente

Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep)Ágide Meneguette - titular

Carlos Augusto C. Albuquerque – suplente

Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap)Rainer Zielasko - titular

Guido Bresolin Junior - suplente

Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Fampepar)Ercílio Santinoni - titular

Jonas Bertão - suplente

Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep)Edson Campagnolo - titular

Evaldo Kosters - suplente

Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio)Darci Piana - titular

Ari Faria Bittencourt - suplente

Fomento ParanáJuraci Barbosa Sobrinho - titular

Heraldo Alves das Neves - suplente

Sebrae NacionalElizabeth Soares de Holanda - titular

Joana Bona Pereira - suplente

Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação GeralSilvio Magalhães Barros - titular

Mário José Dória da Fonseca - suplente

Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar)João Paulo Koslovski - titular José Roberto Ricken - suplente

Universidade Federal do Paraná (UFPR)Zaki Akel Sobrinho - titular

Joel Souza e Silva - suplente

Conselho FiscalJoão Luiz Rodrigues Biscaia – Faep Presidente do Conselho Fiscal

Dalton Celeste Rasêra – Faep suplente

Alberto Franco Samways – Fecomércio titular

Edson Luiz Guariza – Fecomércio suplente

Gerson José Lauermann – Ocepar titular

João Gogola Neto – Ocepar suplente

Diretoria ExecutivaVitor Roberto Tioqueta Diretor Superintendente

Julio Cezar Agostini Diretor de Operações

José Gava Neto Diretor de Administração e Finanças

Expediente Coordenação Fabíola NegrãoGerente de Marketing e Comunicação

Edição/Jornalista Responsável Leandro Donatti Registro Profissional – 2874/11/57-PR

Fabíola Ono Dambrós Consultora especialista em Marketing

Textos: Adriano Oltramari, Aldy Coelho, Bruna Komarchesqui, Camila Cabau, Giovana Chiquim, Juliana Dotto e Patrícia Biazetto.

Fotos: Aron Mello, Helen Marques, Luis Felipe Miretzki, Rafael Moreschi, Foto Zanella e Rodrigo Czekalski.

Impressão: Speedgraf Gráfica e Editora Ltda.

Design Gráfico e Diagramação: Ingrupo//chp Propaganda

Conselho DeliberativoO Conselho Deliberativo do Sebrae/PR é formado por representantes de segmentos do setor produtivo, de instituições de ensino, tecnologia e crédito e poder público. Funciona como uma assembleia geral e soberana, que representa a tomada de decisões de forma democrática e compartilhada. Ao todo, são 13 entidades que têm assento no Conselho Deliberativo do Sebrae/PR.

Edson Campagnolo Presidente do Conselho Deliberativo

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ÍNDICE

O ‘MAPA’ DASSTARTUPS

DA CRISE À OPORTUNIDADEEm tempos de turbulência, investir em capacitação, gestão, inovação, certificação e internacionalização é sempre um bom negócio

VITOR ROBERTO TIOQUETA ...micro e pequenas empresas mantiveram empregos...

LIÇÃO EMPREENDEDORAAdolescente de 14 anos administra empresa de sucesso e ensina como o empreendedorismo pode ser uma alternativa viável para o desenvolvimento econômico e social do Brasil 6 98

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EMPRESAS DE OLHO NO FUTURO

DESENVOLVIMENTO LOCAL NA PRÁTICA

CAPA

EMPREENDEDORISMO EM ALTA

CAPACITAÇÃO

EMPREENDERTENDÊNCIA

ENTREVISTA

REGISTRO DE PROCEDÊNCIA É DIFERENCIAL COMPETITIVO

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20A ‘ARTE’ DE LIDERAR

As mudanças conjunturais, em âmbito social e econômico,

as relações humanas e o mundo em processo dinâmico

de transformações exigem líderes mais capazes de

compreender, motivar e conduzir o seu ambiente

Levantamento

aponta caminhos

para fortalecer

empresas

inovadoras

COMPORTAMENTO

MERCADO

ARTIGO

NEGÓCIOS SOCIAIS, LUCRO COLETIVO

A FORÇA DO TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS

EMPREENDER FICOUMAIS FÁCIL

LIDERANÇA

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DAVI BRAGAENTREVISTA

LIÇÃO EMPREENDEDORA

Adolescente de 14 anos administra empresa de sucesso e ensina

como o empreendedorismo pode ser uma alternativa viável para o

desenvolvimento econômico e social do Brasil

Por Camila Cabau

SOLUÇÕES | SEBRAE/PRF

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Oalagoano Davi Braga tem 14 anos de idade recém-completados. A juventude e pouca experiência de vida não impediram o

menino ‘doce’, um adolescente empre-endedor, de criar três startups e obter sucesso nos negócios. O mais recente e exitoso empreendimento de Davi é a List-it, um sistema online que facilita a pesquisa e compra de material escolar, que já faturou mais R$ 100 mil em um único mês.

Em maio deste ano, Davi Braga parti-cipou em Maringá, no noroeste do Pa-raná, do lançamento do Trilha Startup, um conjunto de ações criadas pelo Se-brae/PR para consolidar projetos de startups, favorecer o amadurecimento de negócios que compõem o segmen-to e garantir que os empreendimentos estejam de fato prontos para encarar os desafios do mercado. 

Na ocasião, em entrevista à Revista Soluções, ele contou um pouco da sua história como empresário, um estímu-lo para empreendedores de todas as idades e ‘lição de casa’ aqueles que es-tão com dúvidas na hora empreender.

Revista Soluções - Quando o em-preendedorismo surgiu na sua vida?

Davi Braga - Acredito que eu já nasci empreendedor, a minha família é em-preendedora. Acho que passei a atuar como empreendedor no momento em que eu percebi que poderia ganhar o meu próprio dinheiro, vendendo cup-cake no colégio. Minha irmã fabricava os cupcakes, na cozinha de casa, e eu era o

““

TODOS OS GRANDES EMPRESÁRIOS BRASILEIROS, E DO MUNDO, JÁ FRACASSARAM UMA VEZ, MAS A DIFERENÇA É QUE ELES NÃO DESISTIRAM, SEGUIRAM EM FRENTE

responsável pelas vendas. Foi aí que eu percebi que estava na hora de colocar em prática o meu perfil empreendedor.

Revista Soluções - Os seus pais o ajudaram nesse processo? Estimularam o seu olhar para o empreendedorismo?

Davi Braga - Meu pai é empreende-dor, já teve várias startups e é inclusive investidor-anjo. A minha mãe possui uma livraria e papelaria. Meu irmão mais velho tem uma empresa que ven-de ingressos para shows em Maceió. Enfim, venho de uma família empre-endedora por natureza. Eu recebi a educação empreendedora dos meus pais por meio de exemplos e depois com diferentes ajudas nos meus ne-gócios. Afinal, qual pai não quer ajudar um filho? Recebi do meu pai investi-mentos financeiros no List-it, que eu utilizei para pagar a minha equipe de funcionários e produção de um vídeo explicativo do aplicativo. Eles sempre estão presentes, mas sou eu quem ad-ministra as minhas startups.

Revista Soluções - Como é ser em-presário e criança ao mesmo tempo? É possível dividir os momentos em que você é criança dos que você atua como empreendedor? Ou você é os dois perfis ao mesmo tempo?

Davi Braga - Eu separo muito bem os momentos em que eu preciso ter mais maturidade, por ser uma empre-sário e empreendedor, dos outros, quando posso ser criança. Sou nor-mal, falo e ajo igual aos meus amigos. Brinco, jogo handebol, paquero, estu-do. Agora, quando estou com um pú-blico mais adulto, com empresários,

POR ONDE PASSA, ADOLESCENTE EMPREENDEDOR TEM FÃS PELA SUA DEDICAÇÃO E MATURIDADE EMPRESARIAL

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eu demonstro outro tipo de ma-turidade, falo e me porto diferen-te. Sei que preciso administrar duas posturas diferentes e lido com isso facilmente.

Revista Soluções - Como é ser um empreendedor de startup? Como surgem as ideias para as soluções que viram negócios?

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Davi Braga - As ideias surgem no dia a dia. O tempo todo eu fico identifican-do os problemas e pensando em so-luções, que podem se tornar startups. Na minha casa, na rua, em qualquer lugar eu ando e olho tudo e já penso em formas de facilitar a minha vida e a dos outros.

Revista Soluções - Em tempos de adversidades e receios, quais dicas você sugere para aqueles empreendedores que querem conquistar o sucesso?

Davi Braga - Para toda crise existem os dois lados da moeda. Pessoas que enxergam a crise como um copo meio cheio e aquelas que a enxergam como um copo meio vazio. Eu sempre costu-mo olhar e enfrentar a crise e outros problemas como um copo meio cheio. Os empreendedores precisam ter esse mesmo pensamento e se atentarem em formas de melhorar o cenário e ajudar o País a dar um ‘chute’ nessa crise.

Revista Soluções - Como você ava-lia o empreendedorismo no Brasil?

Davi Braga - Vejo que o empreen-dedorismo está crescendo bastante no País. Mas, mesmo com todo esse crescimento dos últimos anos, quan-do comparamos com outros países, ainda vemos que é muito fraca a pre-sença de atitudes empreendedoras.

Revista Soluções - Qual sua opi-nião sobre aprender empreendedo-rismo na escola? Isso ajudaria no nas-cimento de grandes ideias?

Davi Braga - Eu acredito que o em-preendedorismo é a mola propulsora do trabalho e a alternativa para o fim do desemprego no mundo. Se o em-preendedorismo for tratado como ele merece ser, como por exemplo uma disciplina nas escolas públicas e priva-das, ele motivaria várias pessoas, de-sempregadas ou não, a empreender, a criar pequenas empresas. Certamen-te esta atitude influenciaria no nas-cimento de grandes ideias, fomento dos negócios e melhora da economia do País.

Revista Soluções - Pela rápida ex-periência empreendedora, quais os

pontos positivos e quais os pontos negativos de ser dono de um negócio?

Davi Braga - Ser empreendedor é contar com vários pontos positivos, como não ter horário fixo para traba-lhar, não ter patrão, trabalhar da sua casa e muitos outros benefícios. Você mesmo pode criar as suas oportunida-des, não precisa esperar as oportuni-dades surgirem em suas mãos, você cria as suas próprias. O ponto negativo de ser empreendedor é acordar todos os dias sabendo que você está desem-pregado, quer dizer que você pode ter tudo ou nada no dia seguinte.

Revista Soluções - Quais seus pró-ximos planos pessoais e quanto aos futuros empreendimentos?

Davi Braga - Na minha vida pesso-al, a longo prazo, eu gostaria de me formar em Administração e Marketing. Penso em sair de Maceió e morar em outro estado ou país, tenho anseio por novos conhecimentos, experiên-cias, ter contato com novas culturas e negócios. Na minha vida profissio-nal, eu planejo expandir o List-it para todo o Brasil e colocar minhas outras startups em prática, que no momento, estão em fase de planejamento.

Revista Soluções - Como você lida com os fracassos? Já fracassou? Qual dica você dá para aqueles empreen-dedores que têm medo de errar?

Davi Braga - Eu já fracassei e que-brei empresas. Costumo dizer que a melhor hora para errar é na adoles-cência, quando você não tem família para cuidar, compromissos financei-ros. Fora do Brasil, as pessoas que já fracassaram são vistas como as mais experientes e as mais procuradas por investidores, uma vez que estas já sa-bem como não errar mais. Eu, pesso-almente, não vejo o erro ou fracasso como algo negativo. Todos os grandes empresários brasileiros, e do mundo, já fracassaram uma vez. A diferença é que eles não desistiram. Eles seguiram em frente, avaliaram suas ações pas-sadas e obtiveram sucesso. A minha dica é: não desanime, continue em frente que você irá vencer.

NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

O Sebrae/PR tem várias soluções para despertar o empreendedorismo em

crianças e jovens, tanto no ensino fundamental como no ensino médio. Por

meio de parcerias com poder público e iniciativa privada, são aplicados no

Paraná programas, como o Jovens Empreendedores Primeiros Passos

( JEPP); Formação de Jovens Empreen-dedores (FJE); Despertar; e Crescendo e Empreendendo. A ideia é estimular a criatividade e o pensamento crítico,

incentivando os estudantes a sonhar e a ter vontade de realizar os seus sonhos.

Bem como despertar, no caso dos jovens, a predisposição para “empreen-der”, preparando-os para que vivenciem

aspectos da cidadania enquanto fator de responsabilidade social, contribuindo para uma mudança socioeconômica. A

entidade elegeu ainda o tema educação empreendedora como linha estratégica para os próximos anos. Quer conhecer

mais as soluções do Sebrae com foco em educação empreendedora?

PORTAL SEBRAE/PRWWW.SEBRAEPR.COM.BR

ACESSE UTILIZANDO O QR CODE

Para conhecer um pouco mais o lado empreendedor do jovem Davi Braga,

personagem desta entrevista da Revista Soluções

https://pt-br.facebook.com/davipbraga

SAIBA MAIS

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SUPERAÇÃO

DA CRISE À OPORTUNIDADEEm tempos de turbulência, o País precisa de empreendedores para aquecer a economia e

investir em capacitação, gestão, inovação, certificação, internacionalização

Por Giovana Chiquim

SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

os últimos tempos, o Brasil passou por uma fase de céu ensolara-do. O consumo dispa-rou especialmente na Classe C, beneficiada

pela redução do Imposto sobre Pro-dutos Industrializados (IPI) da linha branca e dos automóveis e pelo au-mento do poder aquisitivo. No entan-to, no final do ano passado, a previsão do tempo mudou. A desaceleração da economia trouxe ‘nuvens’ carregadas no horizonte e, segundo especialistas, o mau tempo não deve ser uma frente fria passageira e vai durar mais do que uma estação.

De acordo com o economista e profes-sor universitário Marcos Rambalducci, a economia, e, consequentemente, os negócios, passam por uma turbu-lência. “A transferência de renda para uma classe trabalhadora, sem o au-mento da produtividade nas empresas e indústrias, gerou inflação, fator que retirou o poder de compra da popula-ção”, explica o especialista.

Para atravessar a crise, na sua avalia-ção, será preciso restabelecer a con-fiança do setor produtivo, que parou de investir, e do consumidor, para que haja geração de renda. A afirmação do economista é reforçada por pesquisa feita pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que ouviu 1.205 empresas. O levantamento apontou uma diminuição de 44% nos investi-mentos – principalmente na aquisi-ção de máquinas novas. A queda é a maior desde 2009.

O retorno dos investimentos não será imediato e a primeira medida, sugere Rambalducci, deve ser conter a in-flação. Mas, para isso, a ferramenta utilizada é a diminuição do consumo. No entanto, essa estratégia prejudica

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EMPRESÁRIO BRENO FRANCOVIG RACHIDSE PREPARA DESDE 2011 PARA A CRISE, INVESTINDO EM GERENCIAMENTO DE PRODUTOS E GERENCIAMENTO FINANCEIRO

CAPA

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O Produto Interno Bruto (PIB), que não cresce quando há controle da inflação. Hoje, o índice da inflação está próximo a 9% e para voltar para 4,5%, que é o centro da meta do governo, irá demorar cerca de dez meses. “A partir daí é que começaremos a ver um investimento maior por parte das empresas”, analisa.

A previsão é de que a ‘tempestade’ de-more para passar. Sera necessário um certo tempo para a inflação recuar e estabilizar, e mais alungs meses para a maturação dos investimentos. “Com o retorno dos investimentos, aumenta a produtividade e a oferta de posições de trabalho e a geração de renda. To-dos esses fatores precisam ser conju-gados para que a economia aqueça e volte a crescer”, assinala Rambalducci.

Em tempos de recessão, um país pre-cisa da ajuda dos empreendedores para aquecer a economia. “É nesse momento de instabilidade, que os em-preendedores farão a diferença. Preci-samos lembrar que mesmo em meio à crise, a previsão é de que o Brasil pro-duza R$ 4 trilhões. E é nesse número

que os empresários devem se concen-trar”, afirma o economista.

Oportunidade para virar

Para o Sebrae, momentos de crise são momentos de oportunidade, de mos-trar como é possível se superar, so-bretudo por meio do conhecimento. O gerente de Atendimento Individual do Sebrae/PR, André Basso, diz que as-sociar a crise às dificuldades é o lado mais previsível. No entanto, no seu en-tendimento, os empreendedores pre-cisam entender que os esforços feitos durante um período de recessão po-dem trazer diferenciais que podem ser incorporados na rotina da organi-zação e melhorar sua competitividade.

Uma das vantagens dos pequenos negócios é a sua versatilidade, seja na facilidade de investir em novos pro-dutos ou serviços e ampliar o leque de atuação ou em novos processos para melhorar a performance. “A ne-cessidade de mudança acaba gerando oportunidades para os negócios de pequeno porte. Por isso, os momen-

EQUIPE DA PZL TECNOLOGIA EM EQUIPAMENTOS, UNIDA NA PRODUTIVIDADE

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tos de crise também podem favorecer o crescimento e a adoção de práticas inovadoras, que podem se tornar um diferencial daquele empreendimento. Acreditamos que o cenário adverso pode trazer transformações positivas, para tornar o negócio mais estrutura-do”, orienta.

Além disso, André Basso acrescenta que a tendência é de que as empresas de pequeno porte demitam menos, porque os funcionários podem ser aproveitados em outras funções com mais facilidade.

Breno Francovig Rachid, diretor indus-trial da PZL Tecnologia em Equipamen-tos, em Londrina, está no mercado há 30 anos. A empresa já está se prepa-rando para atravessar a crise desde 2011, com foco em duas vertentes: gerenciamento de produtos e geren-ciamento financeiro. “Já passamos por outros períodos de recessão e já ima-ginávamos que a boa fase da econo-mia seria passageira e que o consumo iria diminuir. Não seria possível man-ter aquela movimentação financeira

A INOVAÇÃO, ARMA CONTRA A CRISE, ESTÁ ASSOCIADA À PROMOÇÃO DE MELHORIAS DE PROCESSOS VISANDO À OTIMIZAÇÃO DE RECURSOS, À DIMINUIÇÃO DE DESPERDÍCIOS OU AO LANÇAMENTO DE NOVOS PRODUTOS/SERVIÇOS

que vimos num passado recente”, diz.

No momento em que as vendas esta-vam deslanchando, muitas empresas precisaram contratar funcionários, que agora estão sendo demitidos. Em vez de investir em mão de obra, a PZL co-meçou a implementar melhorias para alavancar a eficiência e a produtividade, sem alterar o quadro de colaboradores.

A empresa também investiu em equi-pamentos que, num primeiro mo-mento pareciam caros, mas oferece-ram um bom custo-benefício porque permitiram produzir mais, com mais qualidade e em menos tempo. Outra estratégia adotada foi à capacitação dos colaboradores que foram matri-culados em cursos. “Os funcionários aprenderam a controlar as vendas, o faturamento, o estoque. Também pas-saram a conversar com os fornecedo-res para mandar todo mês uma deter-minada quantidade de produtos para não acumular um grande montante de mercadorias”, conta Rachid.

O lançamento de novos produtos é

outro fator que ajuda a empresa a manter o faturamento. “Utilizamos programas de fomento, como o Se-braetec [Serviços em Inovação e Tec-nologia], do Sebrae, para aumentar nossos itens, dividindo os ‘ovos’ em cestas diferentes. Para o final do ano, lançaremos um novo produto, de olho na diversificação do mercado”, relata o diretor industrial da PZL.

A política de atendimento ao consu-midor também passou por mudanças. Para fidelizar os clientes, a PZL passou a parcelar o valor dos serviços de ma-nutenção, que já são agendados previa-mente, de acordo com a necessidade – uma ou duas vezes por ano. “Desta forma, já podemos trabalhar com o di-nheiro do cliente”, destaca Rachid.

O êxito da tática da PZL para driblar a crise envolveu toda a diretoria e tam-bém os funcionários da empresa. Eles fizeram várias reuniões para discutir sobre o que era terceirizado e que poderia ser trazido para dentro da organização, sempre com o objetivo

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EMPRESÁRIA E FUNCIONÁRIAS FOCADAS NA ECONOMIA

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COM A PRODUTIVIDADE EM BAIXA, A TENDÊNCIA É QUE HAJA DEMISSÕES, FATOR QUE PODE DESENCADEAR A ENTRADA DE NOVOS PROFISSIONAIS NA INFORMALIDADE COMO ALTERNATIVA À FALTA DE EMPREGO

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de melhorar processos e diminuir os custos. “Todos participaram e nos aju-daram a pensar em alternativas para diminuir custos e manter a qualidade para sofrer menos impacto no perío-do crítico que estava por vir”, enfatiza o executivo.

A parceria entre a diretoria e os colabo-radores deu certo. A PZL não precisou demitir ninguém e ainda tem planos de fazer novas contratações em 2015, em plena temporada de ‘vacas magras’.

Tempo de gestão

Rubens Negrão, consultor do Sebrae/PR,

acredita que a frase “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudan-ças”, atribuída a Charles Darwin, o pai da teoria evolucionista, pode ser incorpora-da como uma estratégia para as micro e pequenas empresas sobreviverem em tempos de crise.

A eficiência energética [leia mais nesta edição], por exemplo, é uma adapta-ção na gestão que pode diminuir um dos custos fixos na planilha das em-presas. Nos últimos dois anos, o va-lor da tarifa mais que dobrou – subiu, precisamente, 104%. E essa conta não

inclui o impacto da bandeira tarifária vermelha, cobrada quando há restri-ções na geração hidrelétrica e que hoje impõe um adicional de R$ 5,50 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Conforme a Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (ABIP), a energia elétrica responde por 8,7% dos custos das empresas do setor. Elieth Hodas, sócia-proprietária da Pa-neteria Palhano, em Londrina, informa que a conta da energia elétrica subiu de R$ 7 mil para R$ 15 mil em 2015.

Para reduzir o impacto, a empresa adotou uma série de medidas, como

ELIETH HODASADOTOU UMA SÉRIE DE MEDIDAS, COMO A SUBSTITUIÇÃO DE LÂMPADAS COMUNS POR LÂMPADAS COM TECNOLOGIA LED, PARA ENFRENTAR A TURBULÊNCIA

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INOVAÇÃO CERTIFICAÇÃO

CONHEÇA FERRAMENTAS DE GESTÃO QUE PODEM SER ADOTADAS POR EMPRESÁRIOS DE PEQUENOS NEGÓCIOS PARA ENCONTRAR A DIFERENCIAÇÃO E SE DESTACAR NO MERCADO

INTERNACIONALIZAÇÃO

Inovar não significa ‘reinventar a roda’ ou fazer altos investimentos. A inovação está associada

à promoção de melhorias de processos visando à otimização de recursos e à diminuição de

desperdícios ou ao lançamento de novos produtos/serviços. O investimento em tecnologia, como a

automação industrial, é uma inovação à medida que diminui o custo com a mão de obra, por exemplo.

MODELO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO

CAPACITAÇÃO

Visa à padronização de processos. Trata-se de uma forma de inovação que reflete no crescimento

da empresa. É uma chancela que comprova a qualidade dos produtos e/ou serviços e que pode

abrir portas no comércio exterior.

LIDERANÇA

A internacionalização dos negócios é uma estratégia para prospectar novos clientes e

promover o desenvolvimento sustentável dos negócios. As micro e pequenas empresas podem

ingressar nesse mercado, desde que tenham produtos de qualidade e de alto valor agregado.

O Modelo de Excelência em Gestão, conhecido como MEG, é a implementação dos fundamentos da excelência em gestão, que são reconhecidos

internacionalmente. Os fundamentos foram criados pela Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), que avalia o

nível da qualidade na gestão das empresas, em diversos setores, e são adotados por empresas que buscam

adaptar-se às mudanças globais.

A capacitação é o principal ingrediente para alcançar o sucesso empresarial. Gestores e

colaboradores precisam reciclar os conhecimentos constantemente para acompanhar as novas

tendências do mercado globalizado.

As empresas que já se desenvolveram e buscam a permanência no mercado ou avanços precisam

aprimorar a liderança. O papel do líder como inspirador de pessoas é necessário para o

crescimento e futuro do negócio.

a substituição das lâmpadas comuns pelas lâmpadas com tecnologia led, o desligamento das lâmpadas de ilumi-nação, a instalação de sensores de presença nos corredores e a manu-tenção dos 30 refrigeradores mensal-mente – antes ao serviço era realizado a cada três meses. “Também contrata-mos um engenheiro para analisar qual é o pico do consumo de luz na região, que aumenta o custo da energia elétri-ca, para evitar produzir pão e ligar os fornos neste horário”, diz Elieth.

Na Inch of Gold, que vende joias em centímetro em dois quiosques em shoppings em Curitiba, a criatividade é a palavra de ordem para enfrentar o momento delicado para o setor vare-jista, um dos mais afetados pela crise econômica.

Além de rever os custos e o preço dos produtos, a empresa está renegocian-do com os fornecedores, diversifican-do a produção e ampliando os canais de venda – estratégia que já estava prevista, mas que foi antecipada para readequar o faturamento. “A empresa irá entrar no mercado do e-commerce, já incorporou as vendas in company (dentro das empresas) e está partici-pando de eventos com a finalidade de

atingir novos consumidores. A Inch of Gold também está participando do Programa de Franquias do Sebrae/PR, para abrir novos mercados”, justifica Maria Alice Zattar Barbosa Mendes, sócia-proprietária da joalheria.

Transformar a necessidade

Dados do Sebrae, a partir da pesqui-sa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada em 2014, apontam que de cada dez novos negócios, sete se enquadram no conceito de em-preendedorismo por oportunidade, que acontece quando o empreende-dor decide abrir um negócio, mesmo quando possui alternativas de empre-go. Geralmente, o empreendedor por oportunidade tem nível de capacita-ção e escolaridade mais alto e empre-ende pelo desejo de independência no trabalho.

Contudo, André Basso comenta que

esse cenário pode mudar em virtude da crise. Com a produtividade em bai-xa, a tendência é que haja demissões, fator que pode desencadear a entrada de novos profissionais na informalida-de como uma alternativa para a falta de emprego com carteira assinada.

Dados do Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE) demonstram que a taxa de desemprego chegou ao pata-mar de 7,9% em abril de 2015, depois de uma década de quedas seguidas. Para fazer uma comparação, no último trimestre de 2014, a taxa de desempre-go era de 6,5%. Com o crescimento do número de desempregados, a subocu-pação também aumentou no Brasil em 30%, ainda de acordo com o IBGE.

Transformar os empreendedores por necessidade em empreendedores por oportunidade, na opinião de Marcos Rambalducci, será indispensável nesse período de recessão. “Os futuros empre-

A EMPRESÁRIA MARIA ALICE ZATTAR BARBOSA MENDES REVIU CUSTOS E PREÇOS DOS PRODUTOS, MAS ACRESCENTOU A CRIATIVIDADE PARA DRIBLAR A OSCILAÇÃO DO CONSUMOS

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endedores precisam receber uma carga de informações para que sejam bem-su-cedidos e abrirem negócios olhando para as oportunidades do mercado.”

Negócios promissores

Rubens Negrão, consultor do Sebrae/PR, acredita que as micro e pe-quenas, ligadas a uma atividade-meio, em setores básicos, tendem a sofrer menos impacto. Ele argumenta que a contribuição dos negócios de peque-no porte para o PIB vem aumentando [hoje é em torno de 25%]. “O desafio é fazer com que tenham uma partici-pação na economia mais ativa, justa-mente porque elas sofrem menos. Se temos uma economia fundamentada nas micro e pequenas empresas, o ris-co é diluído.”

Uma pesquisa divulgada pelo Sebrae Nacional aponta que alguns setores, como o de alimentação e beleza, de-vem ser menos afetados pela crise. De acordo com Rubens Negrão, até um tempo atrás, em 2012, falou-se muito

sobre o poder de consumo da Classe C, que mudou o perfil dos consumido-res no País. Essa faixa da população adquiriu hábitos como fazer refeições fora de casa e a frequentar salões de beleza, por exemplo, que se tornaram um hábito de consumo básico.

“A família já se organizou para isso. Não dá mais para voltar atrás. São produtos de baixo valor, o que facilita a permanência dentro do orçamento familiar”, observa o consultor.

A reparação de produtos duráveis tam-bém deve continuar em alta. No auge do aumento de poder de compra da Classe C, o consumo de equipamentos tecnológicos e aparelhos eletrodomés-ticos cresceu. Esses produtos, que ti-verem um aumento considerável nas vendas agora precisam de conserto, porque a renda atual não estimula no-vas compras. “A reparação de bens du-ráveis está favorecendo empresas que prestam serviços de manutenção, geral-mente feitos por micro e pequenos em-presários”, esclarece Rubens Negrão.

NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

Para quem já é ou quer ser empresário, o Sebrae/PR é a melhor opção para obter

informações e conhecimento. Criado na década de 1970, o Sebrae apoia as

decisões dos empresários, dos potenciais empresários e dos potenciais empreen-dedores, no campo e na cidade, porque é a instituição que entende de peque-nos negócios e possui a maior rede de atendimento do País. No Paraná, conta com seis regionais e 12 escritórios. A

instituição chega aos 399 municípios por meio de 31 Pontos de Atendimento ao Empreendedor, 110 Salas do Empreen-dedor e parceiros locais, como associa-ções, sindicatos, cooperativas, órgãos

públicos e privados. O Sebrae/PR oferece palestras, orientações, capacitações, treinamentos, projetos, programas e

soluções, com foco em empreendedoris-mo e gestão; empresas de alto potencial e potencialização; educação empreende-dora; startups; liderança; e ambiente de negócios. Ligue para 0800 570 0800 ou

acesse nosso portal.

O Programa Conta Corrente, da Globo News, veiculou em junho passado um

bate-papo com o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, sobre o tema

empreendedorismo em tempos de crise.

SAIBA MAIS

https://goo.gl/dcWDRl

ANDRÉ BASSO,GERENTE DO SEBRAE/PR, ACREDITA

QUE O CENÁRIO PODE TRAZER TRANSFORMAÇÕES POSITIVAS,

COMO ESTRUTURAR O NEGÓCIO

RUBENS NEGRÃO,CONSULTOR DO SEBRAE/PR

DEFENDE QUE OS PEQUENOS NEGÓCIOS TENHAM PARTICIPAÇÃO MAIS ATIVA NA ECONOMIA, PORQUE

ASSIM O RISCO SE DILUI

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PORTAL SEBRAE/PRWWW.SEBRAEPR.COM.BR

ACESSE UTILIZANDO O QR CODE

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LIDERANÇA

A ‘ARTE’ DE LIDERAR

As mudanças conjunturais, em âmbito social e econômico, as relações

humanas e o mundo em processo dinâmico de transformações exigem líderes

mais capazes de compreender, motivar e conduzir o seu ambiente

Por Adriano Oltramari

SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

tema liderança nun-ca sai de moda. As mudanças conjun-turais, em âmbito social e econômico, as relações huma-

nas e o mundo em processo dinâmi-co de transformações exigem líderes mais capazes de compreender, mo-tivar e conduzir o seu ambiente. No Sebrae/PR, o desafio de despertar e formar lideranças envolve um trabalho de muitos anos, realizado por meio de programas com a participação de líde-res engajados no desenvolvimento do Estado e que acreditam na força dos pequenos negócios como alternativa viável de crescimento.

A preparação de lideranças empre-sariais e públicas, para a construção de um ambiente de negócios mais favorável, faz parte da estratégia do Sebrae/PR. Em setembro, um grupo de lideranças de instituições empresa-riais paranaenses, como associações, sindicatos, federações e poder público, participa, em Washington, de um pro-grama avançado com um olhar especial sobre o tema. O Sebrae/PR fechou par-ceria com a American University, institui-ção reconhecida nos Estados Unidos como a escola mais dinâmica na for-mação de lideranças.

O trabalho do Sebrae/PR, na ascensão de líderes que apostam nos peque-nos negócios como alternativa para o desenvolvimento, começou a ganhar destaque há mais de 20 anos, em 1993, com o Sebrae Ideal, um progra-ma pioneiro no Paraná, cujo objetivo inicial era preparar empresários para exercerem liderança junto as suas en-

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SE NOS ANOS 1980 ERA DIFÍCIL TER ACESSO AO DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇAS, HOJE, MESMO COM A INTERATIVIDADE, OS LÍDERES ESTÃO CADA VEZ MAIS ESCASSOS

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PARA AMAURI DONADON LEAL,VICE-PRESIDENTE DO SIVAMAR, MUITAS VEZES, O EMPRESÁRIO NÃO ACREDITA QUE PODE, JUNTO COM OUTROS, FAZER A DIFERENÇA

LIDERANÇA

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tidades. A proposta começou em cinco cidades: Curitiba, Cascavel, Londrina, Maringá e Pato Branco, contando com 125 participantes. Dele, nasceu o 1º Encontro Estadual de Líderes, reunindo participan-tes de todo o Estado.

Em 1995, o Sebrae Ideal foi ampliado para mais cidades e aconteceu o 2º Encontro Estadual de Líderes. Em 1996, tornou-se mais abran-gente, com a missão de modificar o comportamento da sociedade em sua evolução social, econômica e política, por meio da atuação de líderes de vanguarda éticos e integrativos.

O MERCADO REQUER LÍDERES MAIS POLIVALENTES, QUE APONTEM SOLUÇÕES, COM CAPACIDADE PARA MOBILIZAR SEUS MÚLTIPLOS SABERES PARA GERAR RESULTADOS EFETIVOS

PRESIDENTE DO SISTEMA FIEP E DO CONSELHO DELIBERATIVO DO SEBRAE/PR, EDSON CAMPAGNOLO DIZ QUE A CRISE EXIGE UMA QUALIDADE FUNDAMENTAL DO LÍDER, QUE É A DE MOTIVAR, DE NÃO ESMORECER E REALIZAR

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Atuando como empresário há 23 anos, Amauri Donadon Leal, de Maringá, no-roeste do Paraná, foi um dos primei-ros “alunos” de liderança no Sebrae Ideal. Na época de colégio, na própria comunidade, Amauri Leal descreve ter sido um membro participativo desde adolescência. Contudo, foi o Sebrae Ideal que despertou a sua disposição em participar de forma mais efetiva no meio empresarial. E de lá para cá, cresceu como empresário e também como pessoa.

“Foi um despertar motivado por uma análise mais profunda sobre lideran-ça. Muitas vezes, o empresário não acredita que pode, junto com outros, fazer a diferença. Antes de fazer o trei-namento, nunca tinha pensado em ajudar um setor empresarial atuando como seu líder”, relembra. O empre-sário foi presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista de Maringá e Região (Siva-mar), entidade que ocupa o cargo de 1º vice-presidente atualmente e, além disso, é conselheiro do Serviço Nacio-nal de Aprendizagem do Comércio no Paraná (Senac PR).

Para Amauri Leal, atuar como lideran-ça no ambiente coorporativo exige muita preparação, seja dentro da em-presa ou nas próprias entidades que dirigem e representam os setores. “Você passa a falar por uma classe e precisa atuar como um modelo, o que exige uma postura ainda mais ética, porque a gente precisa, para mobilizar um grupo, ser o espelho”, assinala.

O desafio para exercer liderança não depende, na visão de Amauri Leal, de uma característica, mas de um con-junto. “O líder precisa inspirar e, para isso, tem de inovar, motivar e sempre buscar o coletivo. Outro ponto funda-mental é saber ouvir. Quem não faz isso, dificilmente consegue agregar”, aconselha.

Com a experiência de empresário e liderança no seu setor, Amauri Leal acredita que, no momento atual, exis-te uma estagnação no desenvolvi-mento de novas lideranças. Para ele, a democracia aproximou e deu voz à sociedade, a tecnologia facilitou a in-formação e a comunicação, mas é pre-

ciso apoiar e preparar líderes sempre.

“Hoje temos muitos para aparecer na hora de protestar e poucos líderes na hora de fazer algo de concreto pela sua comunidade, pela sua empresa ou setor. É preciso refletir e aprovei-tar as nossas conquistas de liberdade e expressão e opinião, as tecnologias, utilizar as entidades que promovem a formação de lideranças - como o Se-brae, para formar novos líderes de fato imbuídos com o seu meio, a sua entida-de”, projeta o empresário maringaense.

Presidente do Sistema Fiep no Paraná e também do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, Edson Campagnolo conta sua caminhada empresarial e como dirigente de entidades com o perfil de líder aglutinador. Para ele, o maior de-safio da liderança é envolver pessoas.

Campagnolo também foi “aluno” do Sebrae Ideal na década de 1990. Con-tudo, sempre se sentiu empenhado em colaborar com seu ambiente. His-tória que começa no estado de Mato Grosso, quando, em 1984, mudou-se do Paraná para o município de Lucas do Rio Verde, que, na época, nem era emancipado.

“Como era ainda uma cidade em for-mação, era carente de infraestrutura. E foi esse desafio que nos fez traba-lhar em conjunto e mobilizar pessoas para buscar melhorias que atendiam a todos. Desde essa época, trago co-migo que o líder precisa, necessaria-mente, agir pelo coletivo. A demanda comum é sempre superior a pessoal, ou profissional”, testemunha.

Do Mato Grosso, retornou para o Para-ná, pesando questões familiares como a educação dos filhos. De Curitiba, onde tinha uma empresa, dirigiu-se ao sudoeste do Estado, na fronteira, em Capanema, onde começou mais um negócio, também na área de confec-ção. No Paraná, como presidente de associação comercial, de coordenado-ria regional de associações comerciais, como líder e presidente do sindicato do vestuário do sudoeste e depois presidente da Fiep, enfrentou desafios de momentos distintos da vida empre-sarial no País, todos imprescindíveis de liderança.

O SEBRAE IDEAL REVOLUCIONOU ESSA FORMAÇÃO, TANTO PELO SEU CONTEÚDO COMO POR SER ACESSÍVEL AOS PEQUENOS EMPREENDEDORES

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“Na década de 1980 e início de 1990 era difícil envolver pessoas num ambiente em que o individualismo sobressaísse sobre o coletivo. Talvez, pela dificuldade de comunicação, época da inflação alta, de um momento sociocultural, era mais difícil. Isso sem falar na dificuldade de reunir informações, o que é bem dife-rente hoje em dia”, relembra.

Campagnolo desenvolveu e entendeu melhor sua vocação de líder com o Se-brae Ideal. “O Sebrae Ideal era avança-do e foi o melhor programa de liderança que fiz. Na época, pouco se tratava do tema e o Ideal revolucionou essa forma-ção, tanto pelo seu conteúdo, como por ser acessível à participação dos peque-nos empreendedores”, comenta.

Se nos anos 1980 era mais difícil ter acesso a informações sobre o desen-volvimento da liderança no âmbito empresarial, hoje, mesmo com as fer-ramentas de comunicação e interativi-dade, os líderes estão cada vez mais

escassos na visão do presidente da Fiep. “É curioso, mas com tudo prati-camente a um clique aparece também a acomodação. Temos as informações que faltavam, lá atrás, em excesso. Mas, talvez, falte utilizar melhor essas ferramentas para fomentar lideranças nas organizações e também no meio empresarial”, reflete Campagnolo.

Para o dirigente, a época de crise exige uma qualidade fundamental do líder, que é a de motivar, de não esmore-cer e realizar. “Sou um idealista mo-vido pela fé em Deus. Uma força que sempre coopera para quem faz, e faz o bem. Não podemos deixar o pessi-mismo se notabilizar, mesmo em tem-pos difíceis. A gente tem que procurar fazer, porque se não fizermos, vai ficar ainda pior”, analisa.

Justamente por ter essa visão e vivên-cia sobre o tema, quando Campagnolo assumiu a presidência do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, discutiu

com profundidade a implantação de uma linha estratégica dedicada à lide-rança, pensando na formação empre-sarial e pública, com foco em desen-volvimento do ambiente de negócios.

“Pensamos em resgatar ações volta-das à formação do líder empreende-dor, mas também com o viés político. A intenção é despertar uma maior participação dos líderes empresariais na constituição das políticas públicas, inserindo a sua experiência para im-plementar o atendimento a demandas dos seus setores”, pontua Campagnolo.

Desafios da liderança

Professor associado da Fundação Dom Cabral para temas como organizações e comportamento organizacional, Pau-lo Roberto Villamarim Gama acredita que o perfil de um líder nos dias de hoje apresenta várias características que perpassam ao longo do tempo, como conhecimento técnico, poder de

DE ACORDO COM PAULO ROBERTO VILLAMARIM GAMA, PROFESSOR DA DOM CABRAL, COM A TRANSFORMAÇÃO NOS AMBIENTES ORGANIZACIONAIS, DECORRENTE DE NOVAS TECNOLOGIAS E DE MÚLTIPLOS MODELOS DE GESTÃO, ALGUMAS COMPETÊNCIAS GANHAM CADA VEZ MAIOR RELEVÂNCIA

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comunicação e de negociação, relacio-namento interpessoal, entre outros.

“No entanto, em função do contexto socioeconômico-político, uma série de mudanças, no foco da liderança e de sua influência, alteram em função da época e da conjuntura histórica. O que antes levava 20 anos para mudar, agora leva no máximo dois anos”, analisa o es-pecialista, que também é professor de cursos de pós-graduação e MBA em ins-tituições de ensino como Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ponti-fícia Universidade Católica de Minas Ge-rais (PUC Minas) e Instituto Brasileiro de Mercados Capitais (IBMEC).

Com a transformação nos ambientes organizacionais, decorrente de novas tecnologias e de múltiplos modelos de gestão, algumas competências ga-nham cada vez maior relevância. “O mercado requer líderes mais poliva-lentes, que apontem soluções, com capacidade para mobilizar seus múl-tiplos saberes para gerar resultados efetivos. Nesse cenário, novas com-petências se fazem necessárias: visão sistêmica, resiliência, adaptabilidade, flexibilidade, capacidade de lidar com sistemas ambíguos e contraditórios”, aponta Villamarim.

Na opinião do professor da Dom Ca-bral, a maneira de se relacionar, o res-peito mútuo e a proximidade com as pessoas constituem a maior qualida-de de um líder. Pessoas tecnicamente competentes, mas grosseiras, mal-edu-cadas e incapazes de ser generosas jamais se tornarão verdadeiros líderes.

“Alguns líderes não sabem que as di-ferentes formas de liderar devem ser adaptadas em função dos liderados. O erro mais comum é tratar pessoas desiguais do mesmo jeito. É preciso conhecer profundamente seus lidera-dos para fazer, de acordo com o perfil deles, com que eles deem o melhor de si na busca dos resultados acordados.”

Para Villamarim, além do desafio de exercer a liderança, existe, atualmen-te, no Brasil e no mundo, uma enorme carência de líderes, sobretudo na sea-ra política. No contexto empresarial, o professor comenta que a proximidade na forma de gerir, e devido à complexi-

dade também ser menor, a identifica-ção e a formação de líderes podem ser mais facilmente obtidas.

“Faltam líderes nas famílias, nas orga-nizações empresariais e nos governos. A solução está em criar contextos ca-pacitantes e explorar exemplos vivos, que estimulem a adoção de um novo perfil - mais humano”, pondera.

Formação sempre

Para formar líderes, o especialista da Fundação Dom Cabral considera que, além da educação formal (MBA, pós--graduação e idiomas), é preciso uma forte inclinação no aprendizado práti-co, criando valor com base em vários campos do conhecimento. Nesse sen-tido, contribui também uma gestão participativa, que estimule as pessoas a assumir riscos e aprender com erros.

Aliado a esses aspectos, experiências em contextos culturais e econômicos, maior inserção nos negócios globais, experiências internacionais - cons-truindo valores que transcendem fronteiras nacionais e culturais, pos-sibilitam uma formação mais sólida. “Outro ponto que contribui é o inves-timento da empresa no treinamento e no desenvolvimento das pessoas. Muitas vezes, a empresa tem receio em investir nessa formação, por acre-ditar que, qualificando sua mão de obra poderá perdê-la para o merca-do”, declara.

Essa mentalidade ainda existente, está, no seu entendimento, na con-tramão da história, prejudicando o desenvolvimento e o crescimento do País em que as empresas têm de in-vestir na educação de suas pessoas, “preenchendo uma lacuna que deve-ria ser papel do Estado”.

Despertar novas lideranças aptas para os desafios atuais exige preparação e formação permanente. Seja no apren-dizado diário ou mesmo nas capacita-ções e missões delineadas para tal fim, o importante é ter líderes comprome-tidos com o seu ambiente. Lição que Campagnolo e Amauri Leal constru-íram nos últimos anos com sucesso, despertados pela relevância da atua-ção como líderes no desenvolvimento.

NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

Desde 2012, o Sebrae/PR mantém uma proposta para o desenvolvimen-to de lideranças. É o Programa Sebrae

de Lideranças, para desenvolver líderes capazes de superar desafios e pensar novos cenários. O Programa é disponibilizado para empresários de todo o Paraná e é composto por

três soluções: Workshop de Liderança, Escola de Desenvolvimento de Líderes e Escola Avançada de Liderança. Além disso, oferece ações complementares

como seminários regionais sobre liderança, missões internacionais e

uma rede de líderes do Paraná. Para saber mais,

ligue agora para o 0800 570 0800 ou procure o Sebrae/PR

mais próximo.

A Fundação Dom Cabral, uma das escolas de negócios mais renomadas

da América Latina, sempre traz artigos interessantes sobre liderança e é uma fonte confiável para empresários de

micro e pequenas empresas e líderes empresariais de olho nas tendências. O site da Dom Cabral é o www.fdc.org.br

SAIBA MAIS

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ALTO IMPACTO

SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

oi no início dos anos 2000, com a explosão das ações de empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), conhecida como “bolha da internet”, que o mundo co-

meçou a ouvir falar em startups. No Brasil, a expressão, usada para se referir a um mo-delo de negócios inovadores e de rápido crescimento, só se popularizou mais recen-temente, por volta de 2012. Desde então, palavras como ecossistema, mentoria, ace-leração e escalabilidade são cada vez mais comuns no cotidiano de empreendedores com uma ideia inovadora e com potencial de alto impacto.

Quando se fala em ecossistema de star-tups, o Vale do Silício, na Califórnia, Es-tados Unidos, está no topo do ranking global. São Paulo também aparece entre os 20 melhores ambientes, no mapea-mento do Relatório Global dos Ecossiste-mas de Startups, produzido pela Compass, uma das referências mundiais na área. E o Paraná, afinal de contas, é ou não um ecossistema de startups? Para responder o questionamento, o Sebrae/PR investiu num estudo inédito no Estado, chama-do de Mapeamento dos Ecossistemas de Startups do Paraná – First Picture.

“Fizemos o mapeamento para gerar uma opinião fundamentada e sim, somos um ecossistema. Esse estudo é um primeiro retrato, porque o cenário muda todos os dias. A nossa ideia é fazer um cadastro online, com georreferenciamento”, explica o consultor do Sebrae/PR e coordenador estadual do Programa Startup PR, Rafael Tortato. O tema, aliás, virou uma linha es-tratégica específica, trabalhada pela enti-dade para acompanhar o dinamismo do empreendedorismo e da sociedade.

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ROBERTO KLEINRECEBEU APOIO DO SEBRAE/PR E QUER QUINTUPLICAR O FATURAMENTO DA SUA STARTUP

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DE ACORDO COM PESQUISA FEITA PELO SEBRAE/PR, DOS 23 COWORKINGS ESPALHADOS PELO ESTADO, APENAS NOVE TÊM STARTUPS TRABALHANDO

Por Bruna Komarchesqui e Giovana Chiquim

COMPORTAMENTO

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O levantamento, que levou cerca de dois meses para ser feito, chega a con-clusões importantes para o fortaleci-mento do ecossistema paranaense. Dos 23 coworkings espalhados pelo Estado, por exemplo, apenas nove têm startups trabalhando. “Todas as cidades com a presença dos atores [veja quadro nesta reportagem] são consideradas ecossistemas. Já o grau de maturidade desses ecossistemas será baseado em um indicador que estamos validando”, acrescenta.

Além do indicador de referência da maturidade do ecossistema, que mos-trará a evolução ano a ano dessas em-presas, o mapeamento deu origem a um novo trabalho, o Perfil das Startups, que começou a ser desenvolvido em fevereiro deste ano. “Geralmente, o processo é mais rápido do que o de uma empresa do modelo tradicional, porque ela trabalha validando etapas. Com o MVP (Mínimo Produto Viável), já é possível testar o modelo de negócio

no mercado. Apesar dessa dinâmica, as startups também têm um alto índice de mortalidade, por serem modelos de negócios inovadores, muitas vezes inéditos para o mercado.”

Embora se costume relacionar startup a aplicativos, Rafael Tortato explica que o termo define qualquer empresa de modelo inovador e rápido cresci-mento, que seja escalável. “Pode haver soluções na área de biotecnologia e hardware, por exemplo. O número de startups digitais é maior principalmente pela possibilidade de um menor inves-timento nas etapas iniciais. Lembrando que nem toda empresa inovadora é ne-cessariamente startup.” Da mesma for-ma, acrescenta, não basta ser escalável para ser startup. “Nem toda franquia traz uma solução inovadora.”

Em um cenário de velocidade e incer-tezas, uma boa dica para o sucesso é pensar em soluções aplicáveis além das fronteiras territoriais. “Tel Aviv [segunda maior cidade de Israel], por

exemplo, é muito forte na criação de startups globais de alto impacto, por-que tem pensado em questões espe-cíficas do mercado e trazido soluções que já nascem globais”, destaca. Para Rafael Tortato, o Paraná tem potencial e, por conta disso, tem apoiado cada vez mais eventos de startups, como o Startup Pirates, MeetUp e Startup We-ekend, além da realização de Hacka-thons e programas específicos e inten-sivos em capacitação e mentoria nas regiões paranaenses.

Os empreendedores paranaenses, na sua avaliação, têm boas ideias, estão ligados nas tendências, e lançam, na medida do possível, startups bastante diferenciadas nas principais regiões do Estado. Por isso, a estratégia de atua-ção prevê eventos de sensibilização; capacitações intensivas pelo Sebrae/PR; estímulos a ações com incubado-ras, coworking e aceleradoras; editais e participação de investidores; e solu-ções para apoio à internacionalização.

Apoio na hora certa

A startup de Roberto Klein, empresário de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, é um bom exemplo de como esse mo-delo de negócio pode crescer expo-nencialmente em pouco tempo. Com a ajuda do Sebrae/PR, ele pretende quintuplicar seus rendimentos. Isso, graças ao subsídio que conseguiu por meio de um projeto de expansão do seu site de compra de passagens rodo-viárias, o BookBusBrasil.

“Vendo passagens rodoviárias para estrangeiros em todo o Brasil desde março do ano passado. Daqui a pou-co, meu sistema vai comportar a ven-da de passagens em mais sete países da América do Sul”, projeta Klein. Isso, num mercado que só tem a crescer, visto que, segundo ele, apenas 5% das passagens rodoviárias são vendidas pela internet.

“Comecei com o site para sanar a di-ficuldade que os estrangeiros tinham

em comprar passagens online, visto que as companhias exigem CPF [Ca-dastro da Pessoa Física] para validar a compra e eles não têm esse documen-to, que é brasileiro. Hoje vejo como um mercado em expansão e estou apos-tando muito nele”, conclui.

O BookBusBrasil é uma das startups que estão sendo atendidas pelo Se-brae/PR no oeste do Estado. “Estamos trabalhando com o Circuito Oeste de Startups, tanto para ajudar no cresci-mento das já existentes, quanto para fomentar o aparecimento de outras. Nosso objetivo é que, a partir de 2016, pelo menos 100 novas startups este-jam prontas para o mercado na re-gião”, sintetiza Osvaldo Cesar Brotto, consultor e responsável pelos proje-tos de startups do Sebrae/PR no oeste do Estado.

Ideia premiada

O Startup Weekend Pato Branco, even-to realizado em 2014, viu pela primeira

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ECOSSISTEMA, MENTORIA, ACELERAÇÃO E INCUBAÇÃO SÃO TERMOS CADA VEZ MAIS COMUNS PARA EMPREENDEDORES COM IDEIAS INOVADORAS

DOUGLAS HENRIQUE BATISTA, JAYLON HENRIQUE DA SILVA E MOISÉS MEIRELLES DOS SANTOS FILHO DESENVOLVERAM APLICATIVO QUE JÁ FOI ATÉ PREMIADO

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vez a ideia do aplicativo Minha Leitura. Na época, Douglas Henrique Batista, Jaylon Henrique da Silva e Moisés Mei-relles dos Santos Filho, recém-forma-dos no curso de Tecnologia em Análi-se e Desenvolvimento de Sistemas, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Campus Pato Branco, começavam a dar forma no aplicativo que hoje está disponível na Google play e que, em abril deste ano, venceu a terceira edição do concurso de apli-cativos Campus Mobile, realizado pelo Instituto Embratel Claro e a Universi-dade de São Paulo (USP).

O aplicativo Minha Leitura é uma fer-ramenta concebida para gerenciar e incentivar a leitura de livros. Pode ser no sistema tradicional, impresso em papel, ou e-books. O utilitário permite cadastrar livros que se está lendo, in-serir notas, acompanhar o progresso da leitura, marcar horários, e ainda compartilhar suas impressões ou re-senhas sobre uma determinada obra.

Entre os motivos para criar o aplicativo, explica Douglas Henrique Batista, está a criação de uma espécie de rotina pla-nejada de leitura para contribuir com a diminuição do percentual de pessoas que começam a ler, mas não terminam um livro por falta de motivação ou tem-po. “Ele permite a gestão da leitura, ca-dastrar o livro, determinar a data, ho-rário, número de páginas e frequência de leitura, podendo até estimar quanto tempo leva-se para ler determinado li-vro”, explica Douglas.

Vencer o concurso de aplicativos na ca-tegoria de tecnologias sociais garantiu

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NEM TODA EMPRESA INOVADORA É UMA STARTUP, ASSIM COMO NÃO BASTA SER ESCALÁVEL PARA SER UM MODELO DE NEGÓCIO INOVADOR

MARCELO ECHEVERRIA E FELIPE LATIF MECHAILECH EMBARCARAM NESTE ANO PARA O VALE DO SILÍCIO E LÁ DESENVOLVEM O SEU NEGÓCIO

ROBERTO MOREIRA E MARLON PASCOAL:IDEIA SIMPLES, SUSTENTÁVEL E LUCRATIVA, QUE DESPERTOUO INTERESSE DE GRUPOS EMPRESARIAIS DE MAIOR PORTE.

aos três jovens empreendedores um prêmio em dinheiro e uma viagem ao Vale do Silício. “Vamos aproveitar essa viagem ao Vale do Silício, referência em tecnologia no mundo, para agregar ex-periência profissional, estabelecer con-tatos, conhecer produtos e empresas que possam nos ajudar a crescer e apri-morar nossa ideia de negócio”, projeta.

Consultor do Sebrae/PR, Cesar Coli-ni, gestor de projetos relacionados a startups no sudoeste do Estado, des-creve a trajetória da startup como um modelo daquilo que o ecossistema de inovação da região vive atualmente. “O sudoeste do Paraná tem o capital humano, a academia, as entidades e o poder público trabalhando pelo de-senvolvimento de novos negócios a partir da instalação de um ambiente de inovação, que começa na univer-sidade, passa pela incubadora, pelo

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(UEL) em 2014, que também forneceu aporte financeiro para o negócio. Hoje, A Deliveria realiza 15 mil pedidos por mês e possui mais de 150 restauran-tes cadastrados. Os empreendedores também expandiram o serviço para outras cidades, como Cambé, Marin-gá e Joinville (Santa Catarina). E, em 2015, o grupo vendeu a empresa para o IFood - maior player do segmento, que se tornou uma das cinco maiores empresas do setor no mundo, após a fusão com o RestauranteWeb.

O interesse do IFood em comprar A Deliveria se justifica pela consolidação da marca no mercado em que atua. A empresa londrinense é um exem-plo de negócio bem-sucedido e de uma empresa inovadora, que possui clientes fiéis e oferece facilidade para os consumidores que têm o hábito

apoio das entidades e municípios aos negócios nascentes, até a concretiza-ção de um novo produto e empresa”, analisa Colini.

Alto impacto

Em Londrina, no norte do Paraná, uma ideia simples, porém inovadora, foi o ‘ponta pé’ para começar um negócio sustentável e lucrativo. Em 2010, o então estudante Gabriel Lorencette encontrou na Inglaterra uma empresa que oferecia um sistema de delivery de vários estabelecimentos por meio da internet. O modelo inspirou a criação da A Deliveria, em 2013, fundada por ele e pelos sócios Roberto Moreira e Marlon Pascoal.

A empresa foi incubada pela Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) da Universidade Estadual de Londrina

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OS ATORESCom base em outros mapeamentos realizados no Brasil (StartupBase e San Pedro Valley) e no mundo (Startup Genome e Mapped in Israel) e na literatura especializada, o Sebrae/PR chegou a uma lista de atores que, juntos, formam um ecossistema de startups:

Geralmente entes privados com capacidade de investimento próprio, que agregam em seu entorno empreendedores, investidores, pesquisadores, empresários, mentores de negócio e fundos de investimento (seed money, angel, venture capitalists). Oferecem programas de aceleração, compostos de uma série de serviços orientados ao desen-volvimento da startup, como infraestrutura física, mentorias, assessoria jurídica e con-tábil e acesso a mercado, por meio de sua rede de relacionamentos.

Espaços comuns alugados por profissionais de diversas áreas para desenvolverem os seus tra-balhos. Possibilitam maior interação e networking. Além de serem espaços bastante flexíveis, per-mitem que as pessoas se conectem e interajam com talentos que possuem formações profissio-nais diferentes das suas, o que, em tese, aumenta a possibilidade de novos negócios.

Oferecem suporte para que empreendedores desenvolvam ideias inovadoras, por meio de infraestrutura e suporte gerencial, orientando os empreendedores quanto à gestão do negó-cio e sua competitividade, entre outras ques-tões essenciais ao desenvolvimento de uma empresa.

Entes governamentais ou sem fins lucrativos que, entre as suas ações, contam com ativida-des específicas para startups. Empresas com fins lucrativos são mais fornecedores do que entidades de apoio.

Universidades, faculdades, e outras orga-nizações que possuam cursos de nível su-perior e desenvolvam atividades de pes-quisa e inovação.

ACELERADORAS

COWORKINGS

INCUBADORAS

ENTIDADES DE APOIO

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

de solicitar comida via internet ou por aplicativos para celular. Além disso, o negócio tem potencial para ampliar o faturamento de forma exponencial, por meio do crescimento do número da base de clientes e de empresas cadastradas. Para a IFood, a aquisição da A Deliveria representa assumir a liderança na região de Londrina e no mercado brasileiro.

Para formatar o modelo de negócio, a ponto de ser incorporada pela líder do setor, A Deliveria contou com o apoio do Sebrae/PR, que contribuiu com o desenvolvimento de um plano de ne-gócio. “As consultorias do Sebrae/PR possibilitaram que a empresa se es-truturasse comercialmente ainda no começo das atividades, ensinando aos sócios como lidar com imprevistos ocasionais. A entidade também auxi-liou A Deliveria a conquistar e fideli-zar novos clientes, o que foi essencial para o crescimento da empresa e para colocá-la no foco de grandes players”, conta Roberto Moreira.

Fabrício Pires Bianchi, consultor do Se-brae/PR e gestor de projetos de startups na região norte, conta que o primeiro contato com A Deliveria foi feito duran-te um Meet Up, no segundo semestre do ano passado. Pouco tempo depois, nas consultorias, os credenciados do Sebrae/PR ajudaram a implementar o Canvas – uma ferramenta de plane-jamento estratégico, que permite de-senvolver e esboçar modelos de negó-cio novos ou existentes, além de um planejamento de marketing.

E foi por meio dos eventos promovidos pelo Sebrae/PR que os empreendedo-res de A Deliveria tiveram a oportuni-dade de conhecer empresários reno-mados no mundo das startups, como Daniel Dalarossa, um brasileiro que se destacou no mercado no Vale do Silí-cio. Em novembro, durante o ECO.TI 2014, o principal evento na área de TI no norte do Estado, que reúne pales-trantes das maiores empresas de sof-tware do mundo, A Deliveria apresen-tou seu caso de sucesso. “Foi nesse momento que a startup começou a ser assediada. Acreditamos que o contato e o envolvimento da A Deliveria com outras startups trouxeram visibilidade para o negócio”, afirma Bianchi.

O investimento pode ocorrer de várias formas (anjo, seed ca-pital, venture capital), facilitando o acesso das startups aos re-cursos, o que as mantêm na região e atrai as originadas em outros lugares.

Com gestão própria e, muitas vezes, bastante informal, são grupos de pessoas que têm ou atuam com startups. Conforme amadurecem, tendem a se estruturar mais e fazer parcerias com entidades de apoio, para ampliar sua capacidade de atuação.

Empresas com base tecnológica, de modelo de negócios repetí-vel e escalável. Possuem elementos de inovação e trabalham em condições de incerteza.

Fonte: Mapeamento dos Ecossistemas de Startups do Paraná – First Picture/Sebrae/PR

GRUPOS ORGANIZADOS DE INVESTIDORES EM STARTUPS

MOVIMENTOS LOCAIS

STARTUPS

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anos, para começar uma sociedade. “Ele era sócio de uma empresa que desenvolvia todos os sites da empresa em que eu trabalhava. Ambos decidi-mos pedir demissão de nossos em-pregos para empreender.”

O sucesso da plataforma é tanto, que levou os empreendedores a alçarem voo ao Vale do Silício, onde estão atu-almente. A Sywork, explica Echeverria, é focada em pessoas com talentos manuais. O objetivo é que profissio-nais como artesãos e ilustradores fa-çam transmissões ao vivo e ganhem dinheiro com isso. “Qualquer pessoa pode entrar e fazer uma transmissão ao vivo gratuitamente. É como ter o seu próprio canal de televisão na inter-net”, detalha.

Marcelo Echeverria foi um dos partici-pantes da segunda edição paranaense do Programa Startup Pirates, que deu origem a oito startups, em novembro

forma fragmentada. “Estamos conver-sando, percebendo as necessidades. O objetivo é trabalhar com ações mais conjuntas, criar uma união para que o ecossistema se fortaleça”, projeta.

Entre as boas iniciativas que surgi-ram na área nos últimos meses, está a Sywork, uma plataforma de vídeos ao vivo para artesãos e pessoas criativas. O idealizador, Marcelo Echeverria, 29 anos, conta que trabalhava como gerente de marketing e vendas em uma indústria multinacional, quando decidiu apostar em uma ideia que surgiu de uma con-versa com a mulher, Milene. “Ela é arte-sã e tinha uma página no Facebook com mais de 11 mil seguidores. Pensamos, por que não fazer uma transmissão ao vivo e mostrar aos seguidores como ela fazia o seu artesanato?”

Para viabilizar o projeto, Echeverria convidou o programador Felipe La-tif Mechailech, que conhecia há sete

O consultor do Sebrae/PR acrescenta ainda que Londrina apresenta um am-biente favorável para o surgimento de novas startups. “Contamos com uma governança engajada, com incubado-ras dentro das universidades, com um APL [Arranjo Produtivo Local] atuante e com investidores-anjo, que financiam projetos inovadores. A integração de todos esses atores, que apoiam e que dão condições para o surgimento, che-gada ao mercado e crescimento das startups, como vimos no caso da A De-liveria, é fundamental para estimular o nascimento de novas empresas que seguem esse conceito”, destaca.

Ousadia na dose certa

Na avaliação de Marielle Rieping, con-sultora do Sebrae/PR que cuida das startups na região de Curitiba, a ca-pital paranaense tem como principal desafio integrar os diversos atores que trabalham com startups ainda de

IDEIA DE NEGÓCIO, DE NÔGA SIMÕES E ROGÉRIO GONÇALVES DE SOUZAE OUTROS EMPREENDEDORES, NASCEU NUM EVENTO PARA STARTUPS E FOI IDEALIZADO PARA ATENDER UMA NECESSIDADE

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do ano passado, em Curitiba. Sucesso no exterior e no Brasil, o programa – de metodologia nascida em Portugal, cujo objetivo é a ‘aceleração’ de em-preendedores – é realizado no Estado pelo Sebrae/PR.

Durante uma semana, pessoas inte-ressadas em tirar uma boa ideia do papel têm a oportunidade de partici-par de atividades envolvendo técnicas de comportamento do empreende-dor, construção de times, finanças, marketing e estruturação do negócio. O nome é inspirado em uma frase de Steve Jobs: “é melhor ser um pirata do que trabalhar para a Marinha”.

Ele conta que a inscrição ocorreu cerca de um mês após a decisão de deixar o emprego para dar vida a sua primeira startup. “Foi, sem dúvida, o melhor pro-grama de aceleração de empreendedo-res que participei. E olha que fui a mui-tos eventos em Curitiba e até em São Paulo. A curva de aprendizado foi incrí-vel, principalmente pelo fato de ser um programa com muita prática”, elogia.

Marielle Rieping recorda que, para participar, não é necessário ter uma ideia pronta de startup. O grupo de Marcelo Echeverria, por exemplo, tra-balhou durante o Startup Pirates em um projeto chamado Pergunta Ninja, que consistia em lançar questiona-mentos ao prefeito. “Eles, inclusive, va-lidaram com o Gustavo Fruet [prefeito de Curitiba], que respondeu à pergun-ta deles em vídeo.”

Para Echeverria, o ecossistema de Curitiba está se desenvolvendo rápi-do, com boas práticas como eventos e cursos de qualidade. “É importante ter essas iniciativas, mas não pode ser o objetivo final de um ecossistema de startups. O objetivo tem que ser cons-truir boas empresas que resolvam problemas globais”, defende.

Solução para uma necessidade

O Sebrae/PR também contribui para a criação de um ecossistema de startups em Maringá e Região, com redes de apoio em um ambiente favorável, para que novos modelos de negócios encon-trem espaço e suporte para se desen-volver. Muitas inciativas já foram realiza-

O TEMA STARTUPS É UMA DAS LINHAS ESTRATÉGICAS ELEITAS PELO SEBRAE/PR PARA ACOMPANHAR O DINAMISMO DO EMPREENDEDORISMO E DA SOCIEDADE

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O ECOSSISTEMA PARANAENSEVERSÃO DEZ/2014O mapeamento nas principais regiões do Paraná, que levou cerca de dois meses para ser concluído, apontou que o Estado conta com:

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coworkings com presença de

startups

grupos de investidores organizados e

formalizados que já realizaram investimento em startups e têm como

foco esse segmento

programas de aceleração com

histórico de startups aceleradas

entidades de apoio com ações específicas para o

público startup

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instituições de ensino superior ações específicas

para startups

incubadoras que possuem startups

incubadas

movimentos locais com empresários de startups que realizam ações para o desenvolvimento do

ecossistema local

startups digitais

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das com êxito, como avalia a consultora do Sebrae/PR Érica Cristina Sanches, responsável pelo programa focado em startups no noroeste do Paraná.

“Construímos o planejamento estra-tégico e alinhamos uma atuação com visão de curto, médio e longo prazo. Com o compromisso assumido por to-dos os parceiros, em breve Maringá se destacará no cenário nacional na cria-ção e atração de startups de sucesso”, acredita a consultora.

Foi também num Startup Pirates, rea-lizado em Maringá, que nasceu o apli-cativo ‘Tá quente, tá frio’, o melhor ava-liado dentre as ideias apresentadas no evento. Trata-se de um aplicativo que traz, em resumo, a solução para um problema frequentemente enfrentado pelas pessoas, que é não conseguir localizar facilmente seus carros nos es-tacionamentos, ou ambientes abertos.

Nôga Simões e Rogério Gonçalves de Souza, empreendedores da iniciativa,

explicam que “ao estacionar o carro, o motorista poderá ativar o aplicativo que fará o registro do local, depois, ao retornar em direção ao carro, bas-ta ativar o aplicativo, que por meio do sistema Global Positioning System (GPS), guia o usuário até o veículo”.

A solução também será aproveitada por comércios locais, que serão par-ceiros do aplicativo. “Ao estacionar o carro e ativar o aplicativo, automati-camente, as empresas de varejo da região próxima ao veículo enviarão cupons de descontos para os usuá-rios”, complementa a empreendedora.

O desenvolvimento do ‘Tá quente, tá frio’ contou com o apoio do Sebraetec – Serviços em Inovação e Tecnologia, na modalidade de Diferenciação, que subsidia recursos para a implantação de projetos de inovação. Agora, o apli-cativo está quase pronto, a previsão é que neste segundo semestre de 2015 os usuários já possam fazer o download.

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EM MENOS DE DOIS ANOS, STARTUP DE MATHEUS GANZERT JÁ CONQUISTOU MAIS DE 2 MIL CLIENTES EM TODO O BRASIL

AS INCUBADORAS OFERECEM SUPORTE PARA QUE EMPREENDEDORES DESENVOLVAM IDEIAS INOVADORAS, POR MEIO DE INFRAESTRUTURA E SUPORTE GERENCIAL

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Nicho de mercado

Em Ponta Grossa, na região dos Cam-pos Gerais, um exemplo de startup é a Redaweb, que é uma agência que produz conteúdo informativo e jor-nalístico para sites e blogs, veículos de imprensa e mercado corporativo. O CEO da Redaweb, Matheus Ganzert, comenta que o empreendimento sur-giu após ele participar do Startup Club Ponta Grossa, evento realizado pelo Sebrae/PR e voltado para quem quer empreender e criar produtos.

Atualmente, a empresa fundada em 2013, já conquistou mais de 2 mil clien-tes em todo o Brasil, produziu mais de 30 mil textos e possui uma equipe de 65 redatores. E com o objetivo de crescer, escalar e expandir cada vez, a Redaweb é uma das 35 empresas do Paraná participantes do programa inédito - fruto da parceria entre o Se-brae Nacional e Endeavor Brasil - e que pretende ser um estímulo para o de-senvolvimento de pequenas empre-sas de todo o País.

A metodologia do programa inclui mentorias, que são orientações dadas por profissionais gabaritados dos mais diversos segmentos empresariais aos participantes. “A análise mais profun-da dos negócios auxilia a escalar e crescer mais rápido”, projeta Matheus.

“Em Ponta Grossa e demais municí-pios da região dos Campos Gerais há um potencial significativo a ser explo-rado pelas startups, em função do polo universitário, incluindo principalmen-te a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que apoiam a modalidade de negó-cio. Contamos ainda com um grupo de pessoas interessadas no assunto, por meio do Território de Inovação dos Campos Gerais, que pretende de-senvolver o ecossistema e trazer ain-da mais inovação à região. São diver-sas as novas multinacionais que estão chegando e que precisam de soluções rápidas e acessíveis”, diz a consultora do Sebrae/PR Thaise do Amaral, que coordena os projetos de startups na região. (Colaboraram nesta reportagem os jornalistas Adriano Oltramari, Camila Cabau, Juliana Dotto e Patrícia Biazetto)

Existem muitos atores de qualidade no Estado, com ações de impacto nos ecossistemas de startups do Paraná

Há startups criadas e desenvolvidas com bom desempen-ho e bons resultados

Grupos organizados das empresas de tecnologia da in-formação favorecem a formação de ecossistemas sobre uma rede já estruturada

A receptividade das organizações em relação ao tema startup e a participação do Sebrae/PR neste ambiente é muito positiva

Existe espaço para aumentar a conexão entre os atores, gerando resultados de maior impacto

Nem sempre o entendimento da diferença entre o modelo tradicional de negócios baseado em tecnologia e o modelo de startups é claro para os envolvidos, o que aponta para oportunidades de capacitação e disseminação de concei-tos técnicos

Um planejamento de ações específicas que leve em conta o estágio dos ecossistemas pode contribuir para o amadu-recimento de cada território

OPORTUNIDADES DE MELHORIA

PONTOS POSITIVOS

CONCLUSÕES DOMAPEAMENTO

PARA RAFAEL TORTATO, CONSULTOR DO SEBRAE/PR

E COORDENADOR DO PROGRAMA STARTUP PR,

PARANAENSES TÊM POTENCIAL

NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

O Sebrae/PR trabalha com startups há um ano e meio e desde então vem apoiando iniciativas nesse

sentido. O tema é uma das linhas estratégicas da entidade. O Pro-

grama Startup PR é estadual e tem como principal objetivo fortalecer o ecossistema de startups e estimular

o surgimento de novas ideias de negócios. Quer conhecer as

soluções do Sebrae/PR para start-ups e futuras startups? Procure o

Sebrae/PR mais próximo ou acesse o portal da entidade, no www.se-

braepr.com.br. A entidade prepara ainda um programa de lideranças

para o público de startups, uma missão técnica de benchmarking e, ao final deste ano, um evento

estadual que vai movimentar todo o ecossistema.

O mapeamento está disponível para download no site do Sebrae/PR:

http://goo.gl/6YdrVa

A INTEGRAÇÃO DOS ATORES, QUE APOIAM E QUE DÃO CONDIÇÕES PARA O SURGIMENTO, CHEGADA AO MERCADO E CRESCIMENTO DAS STARTUPS, É FUNDAMENTAL

RESULTADOS 2015Confira alguns indicadores já conquistados

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PALESTRAS, WORKSHOPS E SEMINÁRIOS

WEEKEND, PIRATES, CONSULTORIAS, EDITAIS E EVENTOS COM MAIS DE 100 PARTICIPANTES

STARTUPS FORMALIZADAS

STARTUPS ATENDIDAS

POTENCIAIS EMPREENDEDORES

SAIBA MAIS

PORTAL SEBRAE/PRWWW.SEBRAEPR.COM.BR

ACESSE UTILIZANDO O QR CODE

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AUTOSSUSTENTÁVELEMPREENDER

NEGÓCIOS SOCIAIS,

LUCRO COLETIVO

Nova forma de fazer negócios vai além do lucro individual e

envolve comunidades que, ao empreender juntas, conquistam

mais resultados e transformam suas próprias realidades

Por Bruna Komarchesqui

SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

essoas na linha da po-breza são como bonsais. Não há nada errado com as ‘sementes’, elas só não crescem porque não lhes são dadas as opor-

tunidades necessárias. Partindo dessa premissa, Muhammad Yunus, econo-mista indiano vencedor do Prêmio No-bel da Paz de 2006, idealizou o modelo de negócio social, em que o único pro-pósito de existência de uma empresa é resolver um problema social de for-ma financeiramente autossustentável.

A ‘nova forma de fazer negócios’, que tem ganhado força no Brasil nos úl-timos anos, é tema do livro “Empre-endedorismo com foco em negócios sociais”, recém-lançado pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre o Terceiro Setor  (Nits) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Organizada pela professora Ana Lucia Jansen de Mello de Santana, em parceria com Le-andro Marins de Souza, a publicação integra as ações do Projeto Empreen-dedorismo com Foco em Negócios So-ciais, apresentado pela instituição ao Edital de Educação Empreendedora do Sebrae em 2013.

“A literatura no Brasil ainda é tímida sobre o assunto. Nosso objetivo é disseminar o conhecimento dentro do País, na expectativa de que mais pessoas se envolvam com a temática e vislumbrem oportunidades de fazer negócios não-tradicionais”, argumenta Ana Lucia. Na definição dela, o livro – disponível apenas em versão online – é um ‘mosaico’ de opiniões de especia-listas no assunto.

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NOBEL DA PAZ DE 2006, MUHAMMAD YUNUS É CONSIDERADO O ‘PAI’ DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL

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PELA FILOSOFIA DE MUHAMMAD YUNUS, O LUCRO É REAPLICADO NO NEGÓCIO, E O EMPREENDEDOR TEM UMA REMUNERAÇÃO DIGNA PELO SEU TRABALHO

“Tem a parte mais teórica, com discus-sões como a avaliação dos impactos de investimentos em negócios sociais, a visão brasileira no âmbito de legis-lação e regulação, além de casos pa-ranaenses, nacionais e internacionais. Assim, partimos do micro e vamos para o macro”, resume a coordenado-ra do Projeto.

Entre os autores dos capítulos, estão professores da UFPR e profissionais que atuam em diferentes áreas no mercado. “São pessoas da área jurídi-ca, economistas, que aceitaram o desa-fio de trabalhar neste edital do Sebrae. Convidamos coautores para participar, como o pessoal da Yunus Brasil e a pro-

fessora Graziella Comini, da USP [Uni-versidade de São Paulo], que faz uma leitura conceitual do tema.”

Próximos passos

A publicação, “primeira dessa forma no Brasil para tratar do tema de ma-neira mais completa, com diferentes questões”, como afirma Ana Lucia, foi lançada oficialmente em maio, durante o Congresso Internacional de Negócios Sociais e Empreendedorismo da UFPR, apoiado pelo Sebrae/PR. Realizado em Curitiba, o evento contou com a pre-sença de Muhammad Yunus, que, na ocasião, recebeu da instituição o título de Doutor Honoris Causa.

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O livro – que em breve ganhará ver-sões em inglês e espanhol – e o con-gresso com Yunus são apenas parte das ações do Projeto, frisa a professo-ra. De olho na carência de disciplinas que tratem de negócios sociais nas grades curriculares de universidades do País e na falta de preparo dos do-centes para debater o assunto, o pró-ximo passo será um curso de exten-são para a capacitação de professores de ensino superior por uma equipe técnica.

“É um curso na área de ensino de em-preendedorismo, com foco em negó-cios sociais, com objetivo de uma dis-seminação ampliada do tema. São 30 horas, sendo quatro encontros pre-senciais e o restante na modalidade a distância EAD”, destaca Ana Lucia.

Destinado a qualquer professor uni-versitário, seja ele da UFPR ou não, o curso não tem data definida, mas deve ocorrer ainda neste segundo se-mestre. Na mesma linha, o grupo de pesquisa está desenvolvendo uma capacitação para alunos, que ocorrerá em duas turmas – uma ainda neste se-mestre, outra no próximo ano. “Neste, vamos tratar de metodologias para que eles se tornem empreendedores, discutir o que devem fazer com suas ideias inovadoras”, completa a coorde-nadora do Projeto.

Tendência entre os jovens

A consultora do Sebrae/PR, Rosangela Angonese, coordena uma das linhas estratégicas da entidade, com foco em educação empreendedora. Ela lembra que a chamada pública da entidade contemplou 14 instituições de ensino superior com projetos de diferentes temáticas, com o objetivo de dissemi-nar o empreendedorismo dentro das universidades. “Então, estamos discu-tindo negócios sociais nesse âmbito, a partir da proposta da UFPR, por meio de geração de conhecimento e estí-mulo ao empreendedorismo social, temática que vem ganhando corpo no mundo todo.”

Rosangela Angonese destaca que o modelo tradicional, com geração de lucro apenas para um único proprie-tário, não se sustenta mais, sobretudo

ANA LUCIA JANSEN DE MELLO DE SANTANA,PROFESSORA DA UFPR, DEFENDE O ENVOLVIMENTO CADA VEZ MAIOR DAS PESSOAS COM OS NEGÓCIOS SOCIAIS

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entre empreendedores de perfil mais jovem. “Eles estão interessados em fazer negócios que vão além do lucro individual. Por isso, estamos sensibili-zando, trazendo à tona esse assunto. Estamos falando de negócios que têm um dono, mas que, além de gerar lucro, trazem algum impacto social, ambien-tal, algo que vá além do lucro”, define.

Membro da equipe técnica do Projeto da UFPR e autor de um dos capítulos do livro, o professor Cleverson Cunha reforça que, por ser mais idealista e sonhador, o jovem tem a necessidade de convergir seus projetos de modo a ajudar pessoas e garantir uma remune-ração digna. “Tenho percebido o cresci-mento dessa tendência, os alunos têm encontrado nos negócios sociais a pos-siblidade de mudar uma parte do mun-do. O modelo tem muito a ver com um negócio normal, o que muda é o foco, já que o objetivo não é ser rico, mas se autossustentar”, explica.

O professor detalha que, nos negócios sociais, empreender é uma ação ligada

ROSANGELA ANGONESE,CONSULTORA DO SEBRAE/PR E GESTORA ESTADUAL DE PROJETOS DE EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

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GERAÇÃO DE LUCRO APENAS PARA UM PROPRIETÁRIO, NÃO SE SUSTENTA MAIS, SOBRETUDO ENTRE EMPREENDEDORES DE PERFIL MAIS JOVEM

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a uma importante e forte necessidade da sociedade. “Não é um problema do empreendedor, mas da sociedade, por isso, configura-se um modelo de ne-gócio para atender essa necessidade. Nesse caso, é ainda mais fundamental ouvir o consumidor”, reforça.

De acordo com Cleverson Cunha, o tema ainda está sendo ‘tateado’ no Brasil. “Não só no que diz respeito à parte legal, mas, também, como geren-ciar uma empresa que não visa lucro”, explica ele. Nesse processo, a corren-te adotada pelo Projeto da UFPR é a de Yunus, que vê o lucro como fonte de geração do negócio.

“São duas correntes, a de Yunus e a norte-americana, que é um modelo, basicamente, de como ficar rico aju-dando os outros. A ênfase deste úl-timo é no lucro, que existe para ser compartilhado entre acionistas. No modelo de Yunus, o lucro é reaplica-do no negócio, e o empreendedor tem uma remuneração digna pelo seu tra-balho”, compara.

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Uma pesquisa, que aponta algo como 175 mil toneladas de retalhos de teci-do das fábricas indo para o lixo todos os anos, embasou a criação de um ne-gócio social envolvendo mulheres na confecção de itens de papelaria com resíduo têxtil. “É uma forma de traba-lhar em casa, ter tempo de qualidade para a família, para o que realmente importa”, explica Ariane.

Uma dessas mulheres é Cristiane Ma-tos Carvalho, 35 anos, moradora de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. Ela conta que estava passan-do por um momento difícil há alguns meses, quando viu Ariane em uma reportagem na televisão. “Eu estava em depressão, buscando emprego há bastante tempo, sem encontrar nada. Me interessei bastante pelos bloqui-nhos, comecei a prestar mais atenção e vi que ela falou que ia abrir espaço para mais mulheres. Achei a página na internet e deixei uma mensagem.”

De retalhos à autonomia

Microempreendedora individual (MEI) com muito orgulho, e finalista do Prê-mio Sebrae Mulher de Negócios em 2014, a proprietária da Badu Design, Ariane Regina dos Santos, não pensa-va que seus cadernos e agendas en-capadas com tecido, famosos desde a época da faculdade, um dia seriam fonte de renda para outras mulheres. Um típico negócio social.

Uma depressão após a morte da avó a levou a refletir sobre a necessidade de um recomeço. Largou o emprego e resolveu ir atrás dos sonhos. Foi aí que nasceu a Badu Design, que comercializa itens de papelaria artesanal e presen-tes corporativos. “Um tempo depois, quando vi a necessidade de expandir, conheci essa nova modalidade de em-presa, o negócio social. Enquanto pro-duzia, me preocupava com os retalhos que sobravam e pensava: como será que as indústrias fazem?”, recorda.

O retorno de Ariane foi rápido e resul-tou na inserção de Cristiane no grupo, hoje formado por dez mulheres. De-pois de três encontros de capacitação, ela comemora a entrega de sua pri-meira produção: um lote de 100 blo-quinhos, que levou cerca de 15 tardes para fazer. “Eu já tinha feito algumas coisas para casa, como uma mesinha de mosaico, a pintura de uma parede, mas com papelaria é a primeira vez que mexo”, conta.

Trabalhar em casa é ótimo, diz ela, mas só dá certo quando há uma roti-na estabelecida. “Vou à academia bem cedo, depois cuido da casa, faço almo-ço, porque o marido almoça em casa, e à tarde começo minhas atividades, fico só focada naquilo. Se não separar um horário, não dá certo.”

A nova rotina, garante Cristiane, nem se compara aos tempos em que traba-lhava das 7 às 17 horas, como auxiliar de produção. “Nos encontros, temos

ARIANE REGINA DOS SANTOS,DA BADU DESIGN, ENXERGOU O POTENCIAL DE MULHERES DA PRÓPRIA COMUNIDADE PARA EMPREENDER

EMPREENDEDORAS APOSTAM NA FORÇA DA COMUNIDADE PARA SEGUIR COM SEUS NEGÓCIOS

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O NEGÓCIO SOCIAL TEM MUITO A VER COM UM NEGÓCIO NORMAL, O QUE MUDA É O FOCO, JÁ QUE O OBJETIVO NÃO É SER RICO, MAS SE AUTOSSUSTENTAR

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nosso momento de dividir, trocar expe-riências, podemos contar umas com as outras. É diferente de uma empresa em que você tem que ficar focado desde a hora que entra até ir embora. É muito legal, porque a Ariane dividiu isso com a gente e vamos crescendo juntas.”

Responsável por toda a comercializa-ção dos produtos, Ariane dos Santos explica que tem trabalhado com de-dicação na divulgação do negócio, em busca de mais parceiros. “A empresa é pequena, mas não posso passar um valor irrisório para elas, de centavos, como costumam fazer por aí. Elas re-cebem um porcentual bem maior, até para caracterizar renda”, afirma.

O grupo se reúne quinzenalmente em uma casa cedida pelo governo do Es-tado, dentro da Vila da Cidadania de Piraquara, também na Grande Curiti-ba. Nos demais dias, cada uma realiza a produção dos itens de papelaria em suas próprias casas. “Existe a perspec-tiva de um grupo de haitianas começar a trabalhar conosco”, planeja Ariane.

Comunidade online

Tiago Dalvi estava no último ano da faculdade de Administração, na UFPR, quando tomou contato com os arte-sãos atendidos pela Aliança Empre-endedora, que oferecia apoio para o desenvolvimento de microempreen-dedores de baixa renda de Curitiba e Região. “Percebi que eles tinham pro-duto, preço, design, mas não faziam ideia de como vender, a roda não gira-va. Era preciso pegar na mão, apresen-tar para pequenas lojas, porque tinha muita gente querendo comprar, mas ninguém fazendo a ponte desses dois mundos. Aí veio o clique de montar So-lidarium como um negócio social, não como uma ONG [Organização Não Governamental] ou associação, não dependendo de filantropia”, recorda.

Com apenas 19 anos e sem muita ex-periência, o fundador e atual CEO da Solidarium começou o negócio em 2006, ‘de um jeito errado’, como faz questão de ressaltar. “Montamos uma loja de shopping, mas percebemos que, com 8,5 milhões de artesãos no Brasil, aquele era um modelo caro e difícil de escalar.” O fechamento da loja veio em

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2008, quando a Solidarium viu que o caminho para o desenvolvimento de artesãos era bater à porta de grandes varejistas.

“Miramos no Walmart, pela capilarida-de e por saber que, conseguindo com eles, outros nos abririam portas. Foram meses ouvindo não de secretárias até conseguir uma reunião. Com o trabalho, inserimos o artesão em 56 lojas e che-gamos a outras redes, como a Imagina-rium”, recorda. Até que, em 2011, o con-tato com uma aceleradora do Colorado, nos Estados Unidos, levou o negócio social para o mundo online.

Hoje, a plataforma www.solidarium.net soma uma média de 1 milhão de visitas mensais aos cerca de 12 mil lo-jistas brasileiros, com mais de 300 mil produtos em estoque. “É uma comu-nidade de compra e venda. Cobramos

uma comissão de 15% sobre as opera-ções e garantimos segurança”, resume Dalvi. O sucesso da iniciativa é tanto que, há quatro meses, a equipe de 16 pessoas da Solidarium trabalha em uma novidade: o Olist, uma plataforma que congrega as grandes redes vare-jistas em um só lugar.

Passados dez anos, os erros e acertos ensinaram o empreendedor social a não ver o lucro como algo negativo. “Lá atrás, o produto era comprado por R$ 10 do artesão, vendido por R$ 15 ao Walmart, que revendia por R$ 30. E acabava que a maioria desse valor ficava com o governo, em impostos. Hoje, se o artesão vende por R$ 10, na Solidarium e na Olist continua sendo R$ 10 o preço. O Controle está 100% nas mãos do artesão, ele decide o pre-ço”, resume Tiago Dalvi.

TIAGO DALVI,DA SOLIDARIUM, APOIA MICROEMPREENDEDORES DE BAIXA RENDA QUE, JUNTOS, COMANDAM UMA PLATAFORMA DE VENDAS COM UMA MÉDIA DE UM MILHÃO DE VISITAS/MÊS

NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

O Sebrae/PR tem várias soluções para despertar o empreendedoris-mo em crianças e jovens, tanto no

ensino fundamental como no ensino médio. Por meio de parcerias com

poder público e iniciativa privada, são aplicados no Paraná programas, como o Jovens Empreendedores Primeiros Passos ( JEPP); Formação de Jovens

Empreendedores (FJE); Despertar; e Crescendo e Empreendendo. A ideia é estimular a criatividade e o pensamen-to crítico, incentivando os estudantes a sonhar e a ter vontade de realizar os seus sonhos. Bem como despertar, no caso dos jovens, a predisposição para

“empreender”, preparando-os para que vivenciem aspectos da cidadania enquanto fator de responsabilidade

social, contribuindo para uma mudança socioeconômica. A entidade elegeu ainda o tema educação empreende-dora como linha estratégica para os

próximos anos.

Mais informações, ligue para o

0800 570 0800, do Sebrae/PR.

O livro “Empreendedorismo com foco em negócios sociais” está

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SAIBA MAIS

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FONTES ALTERNATIVASTENDÊNCIA

EMPRESAS DE OLHO

NO FUTURO

Investir em fontes energéticas alternativas é saída

inteligente para empreendedores que querem manter-se

competitivos num mercado global exposto à escassez

Por Bruna Komarchesqui e Juliana Dotto

SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

asolina mais cara. Reajuste na conta de luz. As notícias das altas nas tarifas de energia que, em al-guns casos, chegam a

superar os 40% previstos no início do ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica  (Aneel) são um alerta de que o momento é de repensar o atual mo-delo energético do País. Sem ter como repassar o reajuste ao consumidor fi-nal, também afetado pelas sucessivas altas e pela crise econômica, o empre-endedor precisa encontrar alternati-vas para manter a competitividade do negócio. É neste cenário que ganham força as energias renováveis, vanta-josas do ponto de vista econômico e ambiental.

Tema prioritário para o Sebrae/PR, eficiência energética e energias reno-váveis são objetos de projetos desen-volvidos pela entidade. Um deles é o Programa Oeste em Desenvolvimento, em parceria com a Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresa-riais do Oeste do Paraná (Caciopar),

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TEMA PRIORITÁRIO PARA O SEBRAE/PR, EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIAS RENOVÁVEIS SÃO OBJETOS DE PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA ENTIDADE

Itaipu Binacional, Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI-BR), Federa-ção das Indústrias do Paraná (Fiep), Organização das Cooperativas do Pa-raná (Ocepar) e Associação dos Mu-nicípios do Oeste do Paraná (Amop). “Foram mais de 100 unidades agroin-dustriais mapeadas e, agora, estão sendo desenvolvidas modelagens de uso de energias renováveis, para que elas se apropriem”, explica o diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Ce-zar Agostini.

Presidente da AGX Energia (EUA) e con-siderado um dos maiores especialistas mundiais no assunto, Claudio Lima foi contatado pelo Sebrae/PR para condu-zir um mapeamento do setor de Ener-gias Renováveis que poderá ser utiliza-do pela Câmara Técnica do Programa. Ele também está trabalhando com o Sebrae/PR e a Prefeitura de Curitiba em um plano para incorporar conceitos de energias renováveis ao longo da Linha Verde, projeto urbanístico na capital pa-ranaense. “Temos, ainda, negociações em andamento em Maringá e na Região

dos Campos Gerais”, conta Agostini.

A partir dos estudos, estão em desen-volvimento três modelagens de negó-cios – em que a aplicação de energias renováveis é mais viável – para que os produtores se apropriem: uma fecula-ria, cujo retorno do investimento ocor-re em dois anos; o aterro sanitário de Cascavel, que contará com microgera-ção de energia; além de um frigorífico. “O objetivo é transformar o potencial em fato. Para isso, teremos uma agen-da pública, que aponte o que os mu-nicípios podem fazer nesse sentido, e uma agenda privada”, destaca o dire-tor de Operações do Sebrae/PR.

Iniciado há cerca de um ano e meio, o Programa Oeste em Desenvolvimento pretende fomentar um planejamento de sustentabilidade do território, que seja independente, a partir de poten-cialidades da região. Visando o desen-volvimento das cadeias produtivas, foram estabelecidas algumas condi-ções prioritárias para a criação de um ambiente positivo, os chamados eixos estruturantes do Programa. São eles:

JOSÉ CARLOS COLOMBARI,PRODUTOR DE ENERGIA EM PEQUENA ESCALA

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Capital Social e Cooperação, Pesqui-sa e Desenvolvimento, Infraestrutura e Logística, Crédito e Fomento, além de Energias Renováveis. Por sua re-levância e oportunidade, as energias renováveis foram o primeiro ponto a ser trabalhado, por meio da criação de uma câmara técnica individual, em ou-tubro do ano passado.

Com uma produção significativa de su-ínos e aves, cujos detritos são capazes de gerar energia, o oeste paranaense é o local propício para a implantação de um conjunto de ações na área de bio-massa. “A ideia é aproveitar esse po-tencial, para criar um cluster de ener-gias renováveis. No oeste de Santa Catarina, 40 mil aves morrem por dia, em decorrência de quedas de energia. Queremos aproveitar essa mesma metodologia do Claudio Lima, para um programa no sul do Brasil, abran-gendo toda essa faixa oeste, que tem

as mesmas características”, sublinha Julio Agostini. Um projeto semelhante também está em negociação no sudo-este do Paraná. “Estamos articulando uma aliança com a Copel [Companhia de Energia do Paraná], para a implan-tação de um programa de estímulo às energias renováveis”, adianta.

Conta de luz zerada

A história da família Colombari, de São Miguel do Iguaçu (oeste do Estado), com as energias renováveis começou há uma década, com a instalação do primeiro biodigestor na Granja São Pedro. O objetivo era resolver o pas-sivo ambiental da propriedade de 250 hectares, que, na época, contava com um plantel de 2 mil suínos. Meses de-pois, José Carlos Colombari resolveu instalar um autogerador, para utilizar o biogás na produção de energia elé-trica para consumo interno.

JULIO CEZAR AGOSTINI,DIRETOR DE OPERAÇÕES DO SEBRAE/PR

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SÓ NO OESTE DO ESTADO, MAIS DE 100 UNIDADES AGROINDUSTRIAIS FORAM MAPEADAS E, AGORA, ESTÃO SENDO DESENVOLVIDAS MODELAGENS DE USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

Não demorou até aparecerem as par-cerias. “O pessoal da Itaipu tinha um projeto em andamento de geração distribuída. Eles vieram conhecer a propriedade e, em 2008, começamos uma fase de teste, em um sistema pa-ralelo à rede da Copel. Logo depois, fui o primeiro produtor de energia em pequena escala no Brasil a ter inscri-ção na Aneel”, recorda. Com a sincro-nização à rede da Copel, Colombari passou a vender o excedente para a empresa.

“Assim, a conta de energia na proprie-dade se torna zero. Além de toda a economia na produção, o que sobra ainda fica como crédito para minha residência e a dos cinco colaborado-res, que moram com suas famílias”, contabiliza. Para fabricar a ração para engorda dos 5 mil animais que tem hoje, Colombari contabiliza que gasta-ria cerca de R$ 14 mil em óleo diesel por mês.

Além da viabilidade econômica, ele afirma que os ganhos ambientais são ainda maiores. Um dos subprodutos do tratamento dos dejetos, acrescen-ta, é um biofertilizante bastante rico, que acaba sendo outra fonte de ren-da. “Uma propriedade com mil animais já compensa ter biodigestor. Calculo que um projeto para este porte cus-taria de R$ 100 a R$ 150 mil. É preciso fazer as contas. O governo federal tem linha específica de crédito, a ABC [Agri-cultura de Baixo Carbono], com prazos de 15 anos.”

Superintendente de energias renová-veis da Itaipu Binacional, Cícero Bley reforça que a Câmara Técnica de Ener-gias Renováveis é uma oportuna res-posta ao alto custo da energia, um dos fatores fundamentais na competitivi-dade industrial. “É um bom momento para se propor e fazer coisas concre-tas. Temos 30 ou 40 empresas e uni-versidades envolvidas nos debates de alternativas como biogás, placas sola-res, microhidreletricidade.”

A necessidade de eficiência energéti-ca, para manter a competitividade, é fator de adesão maciça das coopera-tivas aos projetos. Segundo Bley, seis cooperativas, que agregam mais de 500 mil produtores, estão envolvidas

MARIO COSTENARO, PRESIDENTE DO OESTE EM DESENVOLVIMENTO, NA TRIBUNA DA ASSEMBLEIA

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nas discussões e buscam implantar, de alguma forma, fontes alternativas de energia. “A área de alimentos pro-cessados já tem feito um bom traba-lho com biogás. Esse é um programa prioritário para a Itaipu, que entende como uma forma de levar todo o co-nhecimento em energia, com essa perspectiva do desenvolvimento eco-nômico local.”

O Programa

O desenvolvimento econômico do oeste do Estado, por meio de proces-so participativo e cooperação entre público e privado, é o alvo principal do Programa. Mario Costenaro, presi-dente do Oeste em Desenvolvimento, ressalta que o princípio é o desenvol-vimento endógeno, ou seja, identificar e fortalecer ações em que a região possa crescer a partir de recursos e competências próprios. “É um progra-ma focado na sinergia para geração de oportunidades e agregação de va-lor à produção regional. Sua força está na participação, na mesma mesa, do micro, do pequeno, do médio e do grande produtor. E, somado a eles, as instituições governamentais de todas as esferas administrativas e entidades representativas.”

Esse “compreender a visão do outro”, que vem sendo assimilado pelos par-ticipantes, é um dos grandes trunfos

da iniciativa, na opinião de Costenaro. Ele destaca ainda o associativismo e o cooperativismo como importantes potencialidades regionais. “Desde o início, o Sebrae, a Itaipu, a FPTI, a Ca-ciopar, a Amop, a Ocepar e a Fiep têm estimulado a maior participação de atores regionais, que agora se efetiva e é de fundamental importância não só para o Programa como para o de-senvolvimento da região oeste, para a superação de gargalos, para a inova-ção, para agregação e potencialização dos seus recursos disponíveis e para garantir a consolidação de um desen-volvimento sustentável”, enumera.

Desde o ano passado, quatro cadeias de proteína animal reúnem os atores integrantes em câmaras técnicas, para discussões conjuntas de dificuldades e potenciais. Paralelamente a isso, téc-nicos do Programa fazem entrevistas e visitas técnicas a produtores, indús-trias e demais integrantes do segmen-to. “Essas atividades tiveram trabalhos de fechamento da primeira etapa, com encontros dos participantes das câmaras, mais outros especialistas, que compuseram um grande quadro de diagnóstico e diretrizes, material de insumo para formulação de planos de ações integradas”, detalha Costenaro.

No eixo de Pesquisa e Desenvolvimen-to: Inovação e Tecnologia, está sendo desenhado um Sistema Regional de

Inovação, para otimizar e formalizar um processo de aproximação do capital científico com o setor produtivo. Para os demais eixos – Infraestrutura e Logísti-ca, Crédito e Fomento, Capital Social e Cooperação: Liderança, Empreendedo-rismo e Educação – alguns encontros e seminários já foram realizados.

Consultor do Sebrae/PR, Augusto Ce-sar Stein conta que a Câmara Técnica de Energias Renováveis está na fase de construção de objetivos e direcio-namentos e tem como aliado o Sebra-etec – Serviços em Inovação e Tecno-logia, um programa do Sebrae criado para subsidiar em até 80% projetos de inovação em diversas modalidades, dentre as quais a modalidade aglome-ração, a qual se encaixa o Programa Oeste Desenvolvimento.

Além do Sebraetec Aglomeração de Mapeamento e Análise de Energias Renováveis na Região, executado por Claudio Lima, estão em andamento dois processos Sebraetec Aglomera-ção, uma com a Cooperativa Lar e ou-tra com a Cooperativa Copagril, sendo as duas executadas pelo Centro Inter-nacional de Energias Renováveis-Bio-gás (Cibiogás). Há ainda uma quarta iniciativa Sebraetec Aglomeração, com a Prefeitura de Itaipulândia.

Stein destaca que os projetos apontam os pequenos negócios tanto como con-sumidores, quanto como fornecedores da cadeia de energias renováveis. “Pe-los dois projetos de Sebraetec Aglo-meração com as duas cooperativas, entendemos que podemos chegar ao apontamento de viabilidade para que pequenos produtores possam (ou não) utilizar-se do biogás como fonte com-plementar de renda ou, então, como fator de aumento da sua competitivi-dade”, defende o consultor.

Apoio na Assembleia

Uma comitiva de lideranças da região oeste reuniu-se em julho passado, na Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, para apresentar aos deputa-dos estaduais o Oeste em Desenvol-vimento e pedir formalmente apoio dos parlamentares eleitos pela região, para que, juntos, formem uma parce-ria com a governança que executa o Programa desde 2014.

AUGUSTO CESAR STEIN,CONSULTOR DO SEBRAE/PR NO OESTE DO ESTADO

Na presença do presidente da As-sembleia, Ademar Traiano, e dos deputados Chico Brasileiro, Ademir Bier, Elio Rusch, Artagão Jr., José Car-los Schiavinatto e José Rodrigues Lemos, o presidente do Programa Mário Costenaro falou sobre as in-tenções, desafios e avanços do Oes-te em Desenvolvimento, que preten-de fortalecer a economia regional, partindo da potencialização das ca-racterísticas de cada município.

“Nosso intuito é a aproximação efeti-va com os deputados desta Casa para uma articulação estratégica de ações e discussões, que visem consolidar o desenvolvimento de nossa região, dentro de eixos estruturantes, e um ambiente propício para o crescimen-to, que seja sustentado na melhoria e ampliação da capacidade de produ-ção local, com a utilização dos recur-sos disponíveis no território”, explicou Costenaro, que também utilizou a tri-buna da Casa para expor a ideia.

Entusiasta do Programa, Marcel Mi-cheletto, prefeito de Assis Chateau-briand e vice-presidente do Oeste em Desenvolvimento, assinalou que a proposta pode servir de exemplo para as demais regiões se estruturarem em busca de crescimento econômico. “Estamos oferecendo aos parlamenta-res um modelo pronto de todo o po-tencial da região e ainda vemos mais oportunidades de crescimento. Nossa intenção é para que olhem para nossa região e visualizem o progresso, assim como pode servir de modelo para que outras regiões também se inspirem no Programa.”

Após a exibição de um vídeo institucio-nal, com imagens dos trabalhos reali-zados nos municípios e a explanação sobre as iniciativas do Programa, as lideranças presentes também ressal-taram aos deputados alguns pontos importantes, principalmente aquelas que pretendem potencializar as ca-deias produtivas de forma estratégica, gerando condições favoráveis para o desenvolvimento dos pequenos negó-cios e o aumento da qualidade de vida para sua população.

O mapeamento parte da elaboração de um diagnóstico das cadeias produ-tivas propulsivas da região oeste do Paraná, que abrange 54 municípios. A prioridade foi para as cadeias que, além de resultados econômicos, apre-sentaram maior encadeamento (presença em maior número de municípios e envolvimento do maior número de atividades e atores). O mapeamento dos ativos de energias renováveis presentes na região é fruto de um tra-balho desenvolvido pela AGX Engenharia, sob a chancela de Claudio Lima, viabilizado por meio de um Sebraetec Aglomeração. A síntese da amostra é formada por 106 “respondentes”. Frigoríficos e laticínios foram maioria:

O MAPEAMENTO EM NÚMEROS

Fontes

Cadeia Produtiva

Fecularias 7

Universidades 5

Aterro 5

Eficiência energética 3

Consultorias

e assessoria 4

Fornecedores

de serviços 3

Fornecedores de

equipamentos 9

Outros 7

Frigoríficos 28

Instituto

tecnológico 1

Ceasas 2

Associação 4

Laticínios 21

Centros de

pesquisa 0

ETES 3

Prefeituras 4

7,3%

4,7%

4,2%

2,8%

3,8%

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27%

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SUSTENTABILIDADE NO PROCESSO PRODUTIVO É CAMINHO SEM VOLTA

Imagine uma cidade que gera localmente – por meio de fontes renováveis – parte da energia consumida, não dependendo somente das grandes hidrelétricas. E que tenha, em suas residências e estabelecimentos, medidores que permitam gerenciar o consumo em tempo real, gerando economia de recursos.

Muito mais do que uma possibilidade, esse ‘paraíso’ da produção descentralizada de ener-gia é uma necessidade cada vez mais forte. É o que defende um dos maiores especialistas mundiais no assunto, Claudio Lima, coordena-dor técnico do Programa de Redes Elétricas Inteligentes (Smart Grid), do governo federal, e presidente da AGX Energia (EUA).

Claudio Lima esteve recentemente em Curi-tiba, em maio, com a palestra “Intersecção entre Smart City, Smart Grid e Geração Distri-buída nas Cidades”, durante o Smart City Busi-ness America Congress & Expo, evento que teve apoio do Sebrae/PR e da Federeção do Co-mércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR).

A produção e consumo local de energias, alia-da à medição inteligente, em tempo real, é a base do smart grid, um conceito de redes in-teligentes, que defende a descentralização da produção de energia, com cada consumidor podendo produzir e armazenar ou vender o excedente.

“Os projetos de iluminação pública hoje são muito verticais, não desenvolvem o potencial. É preciso ter uma visão de sinergia. No poste de iluminação, conectar outros serviços, como sensores, câmeras, carregadores de veículos elétricos”, detalha o especialista. Embora tra-tem de cidades, os conceitos também são apli-cáveis às micro e pequenas empresas. Confira a entrevista que ele concedeu à Revista Soluções:

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CLAUDIO LIMA,ESPECIALISTA EM ENERGIAS RENOVÁVEIS NO EVENTO SMART CITY

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Revista Soluções – De maneira sim-plificada: geração distribuída quer dizer produção e consumo locais?

Claudio Lima – Trata-se um mix de opções. Hoje eu posso ter geração no meu próprio ambiente de consumo, sem depender 100% de uma fonte ex-terna, um meio externo, isso já é rea-lizado e o governo, as concessionárias estimulam isso. Basicamente, o moti-vo principal é a redução de custo. Se-gundo, temos que reduzir carga. Isso significa dizer que não podemos cons-truir grandes plantas, tem que cons-truir de forma mais local. Grandes plantas são mais caras, centralizadas e também há o custo de produção, ao longo das linhas, então, esse mix é im-portante para o País.

Revista Soluções – Isso acaba com a função das grandes distribuidoras de energia?

Claudio Lima – Não acaba. Eu diria que adiciona um pequeno incremen-to, não vai distorcer modelos. As em-presas têm que se adaptar, mas eu diria que não vai afetá-las significa-tivamente. Vai criar um novo modelo de inovação, que vai trazer benefícios. Esse modelo cria um mix de opções, não necessariamente impacta quem já está fazendo, mas adapta quem já está fazendo.

Revista Soluções – Pensando mais nos pequenos negócios e no Pro-grama Oeste em Desenvolvimento, o que está sendo feito lá na região?

Claudio Lima – O mapeamento das fontes de energias renováveis. Visa-mos identificar onde estão os proje-tos, as potencialidades de geração, que é muito incipiente, e as oportu-nidades de usar políticas públicas e privadas para potencializar o que foi mapeado.

Revista Soluções – Em que fase está o projeto, o que falta?

Claudio Lima – Está na fase final, eu diria que 80% feito. Estamos finalizan-do alguns estudos de caso, dentro de uns poucos meses finalizaremos. Já encerrou a pesquisa de campo, temos o mapeamento, estamos processando os dados para preparar o relatório e,

com isso, temos o direcionamento de três linhas de políticas públicas com os atores locais. Com esse mapeamento, vamos ter um estudo capaz de enten-der quais são as ações que o Sebrae pode focar localmente, para promover a cadeia produtiva local e ajudar os produtores a comprarem essa tec-nologia. Não só comprar, mas usar a geração local de energias, alternativas para melhorar processo produtivo, redução de custo e aumento de efici-ência.

Revista Soluções – Pensando em pe-quenos negócios, a geração local é possível e vantajosa?

Claudio Lima – Existem dois tipos de pequenos negócios. Estamos mape-ando os fornecedores locais da região, de alta tecnologia, com destaque re-gional. Eles precisam de apoio do Se-brae para desenvolver empreendedo-rismo, gestão empresarial, mas hoje já têm mercado, tecnologia, precisa ape-nas de um impulso. A principal função é identificar quem são eles e potencia-lizar para que possam atender essa cadeia produtiva que vai ser desen-volvida. Do lado do recipiente, que é quem vai consumir isso, que vai gerar sua própria energia, estamos focando, principalmente, na agroindústria, que tem dejetos industriais, chamamos os efluentes, o resíduo que é gerado no processo industrial, tem que ser joga-do de volta no rio, após uma purifica-ção, filtragem. Durante esse processo, podemos colocar biodigestores, que captam a digestão anaeróbica, que gera o metano, basicamente o biogás, que pode ser canalizado de volta para a indústria, através de uma geração energética, seja ela térmica ou elétri-ca. Esse é um processo que não está muito bem divulgado. A Itaipu já tem projetos nessa linha, que foca na pro-dução rural de biogás via suíno, e tem essa questão das agroindústrias na região, que podem ser potenciais ge-radores de energia locais.

Revista Soluções – Tem como fazer isso de uma maneira que seja eco-nomicamente viável?

Claudio Lima – Sim. Nosso estudo atuou com vários elementos da ca-deia, várias indústrias de diversos seg-

mentos. Identificamos algumas que são mais viáveis economicamente em curto prazo, com retorno de seis me-ses a dois anos. Que pode ser investi-do e retorna isso através de benefícios de redução de custos de energias. Ou-tros são menos viáveis, até são viáveis, mas o retorno é um pouco mais longo.

Revista Soluções – O Brasil ainda está atrasado nesse tipo de tecno-logia?

Claudio Lima – Eu diria que, de cer-ta forma, sim, porque a Alemanha já saiu na frente, tem um profissionalis-mo muito bom nas automações, eu diria, sistêmica de equipamento. E o Brasil ainda está na fase intermediá-ria do processo, já passamos da pior fase, que foi a fase inicial (estou falan-do basicamente de biogás e o nosso mapeamento da região). Existiu uma inserção na região, alguns anos atrás, que não funcionou muito bem a tec-nologia, criou-se um estigma, aquela percepção negativa, isso ainda está instaurado na região. No levantamen-to detectamos isso. Por outro lado, detectamos avanços tecnológicos que podem mover isso para fase dois, não a fase final, que exige uma tecnologia de sistêmica muito mais avançada. Nós não temos ainda dominada, al-guns casos pilotos mapeados. Eu diria que precisa levantar essa fase, para dominarmos, então, a cadeia. Na Ale-manha, eles já dominaram isso, já têm essa forma muito profissional de ser, as tecnologias são avançadas, só que um pouco caras. Então, não podemos customizar, temos que desenvolver nossa capacidade de criar equipa-mentos, tecnologias locais.

Revista Soluções – Olhando para essa agroindústria da região oeste, eles conseguiriam aplicar isso? Te-riam que fazer empréstimos para viabilizar?

Claudio Lima – Um dos grandes pro-blemas que eles enfrentam hoje são linhas específicas de financiamento. Eu quero colocar um sistema na mi-nha propriedade, eu não tenho, hoje, eu tenho alguns financiamentos ru-rais, mas não específico para essa li-nha que seria bastante atrativo. Isso vai vir a partir do nosso mapeamento,

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porque ele permite que você agregue diversas opiniões de empresas para que possa elevar isso a um nível de graduação de políticas públicas.

Revista Soluções – Falando um pou-co da Linha Verde, em Curitiba, o que está sendo feito?

Claudio Lima – A Linha Verde iniciou um pouco recente. A Secretaria Muni-cipal de Planejamento divulgou planos de melhoria na Linha Verde, por meio de intervenções de obras públicas, que já estão em andamento, com os recursos arrecadados pelos Cepacs, que é um título da Linha Verde. A fase dois, que eu diria, é uma valorização da Linha Verde através de projetos sustentáveis, que possam adicionar valor ao projeto como um todo, usan-do práticas de sustentabilidade, nos pilares de inovação empresarial, gera-ção distribuída e eficiência energética, através de múltiplas ações coordena-das municipais.

Revista Soluções – Isso também pode ser feito com os empreende-dores da região?

Claudio Lima – Certamente. A ideia é o estímulo da cadeia produtiva local, e esse pilar de inovação sustentável. Basicamente, promover isso por meio do Sebrae, pensar em políticas locais, para promover o empreendedorismo sustentável através de ações, nesse cluster que vai ser formado em uma parte do projeto. Isso vai ser mapea-do, estão sendo feitos estudos, que vi-sam concluir com algumas ações que

o Sebrae pode e deve atuar, com o pe-queno empresário, a empresa de base tecnológica e empreendimentos como um todo, universidades, e outros as-pectos que o Sebrae é bom em fazer.

Revista Soluções – É um bom mo-mento para pensar nesse novo modelo, com essas altas tarifas de energia?

Claudio Lima – Certamente. Uma garrafa de água hoje, de leite, vai ter que ter uma sustentabilidade intrínse-ca no processo, gastar menos água e energia na produção, isso vai ganhar certo apelo social, ambiental e econô-mico. É uma coisa que não tem mais volta. O Japão já está se preparando para isso por dois motivos: primeiro, eles não têm energia, nem recurso, então, têm que satisfazer o próprio país, segundo porque, ao fazer isso, torna-se um diferencial no mercado internacional. Falo do produto porque, se extrapolarmos o conceito produto, estamos agora focando em coisas, em aglomerações. Do produto, temos um prédio, uma construção, de uma cons-trução, temos um bairro, de um bairro, uma cidade, de uma cidade, uma re-gião. Então, isso vai evoluir de forma tal que, não só as cidades, mas as re-giões criem diferenciais estratégicos de sustentabilidade, que prevalecerão em questões de competitividade. Irão prevalecer projetos e iniciativas que adotarem essas práticas, é algo que não tem mais volta, devido ao modelo, eu diria, não da redução, mas da oti-mização de recursos energéticos hoje ser prevalente.

NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

Eficiência energética e energias renováveis são objetos de

projetos desenvolvidos pelo Sebrae/PR. O Programa Oeste em Desenvolvimento é apenas

um deles, com foco nos em-preendedores da região oeste paranaense. Quer saber se o

Sebrae/PR desenvolve alguma proposta na sua região? Ligue

para 0800 570 0800 ou procure o Sebrae/PR mais próximo. A entidade também promove

palestras sobre o tema. Confira sempre a grade de cursos do

Sebrae/PR

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O CONCEITO SMART GRID DEFENDE A DESCENTRALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA, COM CADA CONSUMIDOR PODENDO PRODUZIR E ARMAZENAR OU VENDER O EXCEDENTE

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COMPRAS PÚBLICASCAPACITAÇÃO

DESENVOLVIMENTO

LOCAL NA PRÁTICA

Programa no Paraná orienta empresários

com informação, mostra que vender para

poder público não é ‘bicho de sete cabeças’

desde que preparados, e que opção é

alternativa para ganhar novos mercados

Por Bruna Komarchesqui e Juliana Dotto

SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

medo de levar um calote ou receio de ter de se envolver em esquemas ilícitos são, historicamente, os dois motivos mais

comuns apontados por empresários de micro e pequenas empresas para não concorrer em processos de com-pras públicas. O cenário de temor e desconfiança vem mudando nos últi-mos anos, com um aumento gradativo de pequenos negócios, bem orienta-dos, vendendo com sucesso para pre-feituras e entidades públicas em geral. Mas ainda há um caminho considerável a se percorrer, quando o assunto en-volve empreendimentos locais de pe-queno porte nesse tipo de negociação.

De um lado, desde 2006, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa vem criando um ambiente favorável nesse sentido, ao estabelecer a obrigatorie-dade do tratamento diferenciado aos pequenos negócios em compras pú-blicas. De outro, dados do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) mostram que 40% das compras glo-bais de prefeituras e câmaras munici-pais já são feitas de micro e pequenas empresas, mas, quando se olha ape-nas localmente, a participação cai para algo como 15%.

“Um estudo da ONU [Organização das Nações Unidas] afirma que, se a prefei-tura compra de um fornecedor local, o recurso gira em torno de sete vezes no município. A aplicação das leis 123

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VALÉRIA SITTADIZ QUE, AOS POUCOS, PARADIGMAS ESTÃO SENDO QUEBRADOS, MOSTRANDO AOS EMPREENDEDORES QUE COMPRA PÚBLICA É UMA FORMA DE MELHORAR A COMPETITIVIDADE E AMPLIAR LUCROS

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DE ACORDO COM O TCE-PR, 40% DAS COMPRAS GLOBAIS DE PREFEITURAS E CÂMARAS MUNICIPAIS JÁ SÃO FEITAS DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

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SALETE APARECIDA DE OLIVEIRA HORST DESTACA A IMPORTÂNCIA DO ENVOLVIMENTO DE INSTITUIÇÕES E A CRIAÇÃO DE LEGISLAÇÕES ESPECÍFICAS PARA QUE OS PROCESSOS DE COMPRA E VENDA LOCAL SEJAM ESTIMULADOS

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QUANDO O OLHAR É LOCAL, A PARTICIPAÇÃO DOS PEQUENOS

NEGÓCIOS EM COMPRAS PÚBLICAS E GOVERNAMENTAIS CAI PARA

APROXIMADAMENTE 15%

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e 147 [que estabelecem o tratamento diferenciado para os pequenos negó-cios nas compras públicas] gera um benefício social indireto de ‘ensinar a pescar’ e de melhoria da gestão”, des-taca o consultor do Sebrae/PR Marcos Uda, gestor estadual do Programa Compra Paraná, que tem como foco o mapeamento, a capacitação e a nego-ciação permanente envolvendo com-pradores e fornecedores de compras governamentais públicas.

Desenvolvido pelo Sebrae/PR, o Pro-grama começou com um piloto em Londrina, no norte do Estado, em 2011, e hoje já chegou a 29 municí-pios. “Trabalhamos para desmistificar o tema, sensibilizar o empresário para que perceba que o risco de vender para entes públicos é o mesmo do mercado. Por isso, é importante par-

ticipar das capacitações, estar prepa-rado e fazer a correta análise de risco. Há sinalizações durante o processo que protegem o fornecedor de entrar em um negócio para não receber lá na frente”, explica Marcos Uda.

O Compra Paraná consiste em me-lhorar o ambiente de negócios para compras públicas envolvendo micro e pequenas empresas, por meio de um trabalho de preparação com o em-presário (potencial vendedor) e com o ente público (comprador). “É uma trilha de fluxo de ações, não algo fixo, não um trilho. De acordo com as pecu-liaridades de cada município, fazemos ajustes para atuar”, assegura o gestor. De acordo com ele, o ideal é que as ações ocorram em municípios com a Lei Geral implementada, por meio do Programa Cidade Empreendedora,

iniciativa do Sebrae/PR, para que o comitê gestor dê o primeiro passo no sentido de motivar instituições e iden-tificar o potencial e a concentração das empresas.

Sem uma pesquisa que pudesse em-basar o poder de compra de entes públicos, o Programa fez um convê-nio com o TCE-PR, a fim de obter o histórico de transações. Após o start dado pelo Sebrae/PR, em uma reunião com a apresentação desses dados sistematizados e da proposta de tra-balho, o comitê segue com as etapas de sensibilização do empresário e das entidades compradoras. “O Sebrae/PR provoca e deixa o legado. É impor-tante que o trabalho seja permanen-te, independente da nossa presença”, justifica Marcos Uda.

Vinícius Milani, que coordena projetos com o objetivo de melhorar o ambiente para negócios na região leste do Estado, recorda que, neste ano, Curitiba recebe a segunda edição de um encontro de negócios, que coloca frente a frente fornecedores e com-pradores públicos e governamentais, como prefeitura, autarquias, governo do Estado e todo o Sistema S, que compra por meio de licitação. “Até o dia do encontro, teremos capacitações para compradores e fornecedores, falando sobre a legislação, o processo de licitação e os benefícios para ambos os lados. Vamos, gradativamente, aproximando os dois lados”, resume.

Em Curitiba e Região, território onde estão abrangidos 36 municípios, inclusive os do Litoral, o poder global de compras de prefeituras e câmaras municipais é de R$ 3,1 bi-lhões. Em 2013, R$ 617 milhões dos negócios foram efetivados com micro e pequenas empresas, com apenas R$ 268 milhões dessas transações ocorrendo dentro do pró-prio município. “A média na região, de compras realizadas junto às micro e pequenas empresas localmente, não passa de 9%”, contabiliza.

Milani recorda que, embora não haja dispositivos na legislação que favoreçam empre-sas locais em processos licitatórios, algumas medidas por parte do comprador podem ser um auxílio nesse sentido. “O tratamento diferenciado da Lei Geral já elimina al-gumas chances das médias e grandes empresas. Fazer pregões presenciais e editais exclusivos de até R$ 80 mil abre a oportunidade de o recurso ficar na cidade. Por outro lado, cabe ao empresário se preparar. Sempre falamos em compras públicas como mais um canal, mais uma oportunidade de venda, não como algo isolado”, ressalta.

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TÔNIA MANSANI: ESPERAMOS NÃO SOMENTE AUMENTAR A ARRECADAÇÃO DO MUNICÍPIO, JÁ QUE AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS LOCAIS TÊM EXCLUSIVIDADE NOS PROCESSOS, COMO TAMBÉM AUXILIAR NO DESENVOLVIMENTO

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ESTUDO DA ONU REVELA QUE, SE A PREFEITURA COMPRA DE UM FORNECEDOR LOCAL, O RECURSO PAGO GIRA EM TORNO DE SETE VEZES NO MUNICÍPIO“

Pesquisa de potencial

O Programa Compra Londrina foi lan-çado como uma estratégia para o de-senvolvimento econômico da cidade. Uma das ferramentas da proposta é a realização de pesquisas com forne-cedores e compradores ligados aos órgãos públicos da cidade para identi-ficar o potencial das compras públicas no município. A última pesquisa rea-lizada pelo Compra Londrina, e apre-sentada em março de 2015, identificou que a expectativa dos órgãos públicos é gastar mais de R$ 200 milhões em processos licitatórios durante este ano. O estudo foi realizado com 29 órgãos públicos, de setembro a no-vembro de 2014, e estimou também os produtos e serviços que serão con-sumidos em 2015. A lista contempla 22 itens.

Ainda de acordo com o estudo, 72,4% dos processos públicos de compras serão realizados por órgãos locais e 34,5% serão promovidos em outros municípios, mas o fornecimento ou a execução ocorrerá em Londrina. Todas essas informações podem ser acessa-das no site www.compralondrina.com.br, que também foi lançado em março de 2015. O portal traz o calendário das ações do Programa e divulga os editais de licitações dos órgãos públicos.

Outra estratégia do Compra Londrina foi o lançamento do Bureau de Negó-cios, cuja proposta inovadora é colo-car em contato os fornecedores e os compradores do poder público, que funciona na sede da Associação Co-mercial e Industrial de Londrina (ACIL). O escritório funciona como um ‘agen-te intermediador’ até que as empresas consigam ‘andar sozinhas’.

Para Sergio Garcia Ozorio, consultor do Sebrae/PR responsável por proje-tos para a melhoria do ambiente de negócios no norte do Paraná, a cria-ção do escritório de negócios dá sus-tentabilidade para o Programa, que é permanente. “O Bureau é o integrador de todo o processo e, além de identifi-car as oportunidades no mercado das compras públicas, organiza pesquisas, capacitações e rodadas de negócios, que são ações promovidas para melho-rar o desempenho dos fornecedores e compradores nas licitações”, afirma.

Valéria Sitta, que está no comando do Bureau de Negócios, explica que o es-critório faz o cadastro das empresas interessadas em participar das licita-ções públicas. “No início, ligamos para empresas da base de dados da ACIL, para saber exatamente o que cada uma vendia e o que poderia fornecer. Hoje, já temos 300 empresas cadas-tradas e os próprios empreendedores nos telefonam para passar as informa-ções. Estamos quebrando paradigmas e conseguindo mostrar para os em-preendedores que a compra pública é uma forma de melhorar a competitivi-dade e ampliar os lucros”, diz.

Os compradores dos órgãos públicos também são beneficiados pela propos-ta e contam agora com um novo canal para divulgar os editais. “O Bureau foi uma surpresa porque também cha-mou a atenção dos compradores, que nos procuram para fazer parcerias. É um ‘ganha-ganha’”, acrescenta Valéria.

Em Londrina, a ASEO, empresa que fornece produtos de limpeza, está no mercado há dois anos e dez meses, e ingressou cedo no universo das com-pras governamentais. Leonardo Côr-tes Garcia, diretor c egundo ele, a ela-boração dos editais por profissionais que não conhecem as especificidades do segmento e dos produtos de higie-ne é a maior dificuldade para partici-

par de algumas concorrências. “Isso permite que empresas com produtos menos concentrados [de qualidade in-ferior] possam ganhar a licitação, po-rém, geram mais gastos no consumo dos produtos e aumentam as despe-sas públicas”, avalia Leonardo Garcia.

Sem medo de mudar

Para a empresária Andréia Regina Dallabrida, de Toledo, no oeste do Pa-raná, a experiência de ter o poder pú-blico como cliente mudou a dinâmica do negócio. “A mecânica de trabalho dos editais vai além do que estamos acostumados no dia a dia da empresa. Isso porque, antes mesmo de partici-par do processo licitatório, temos que prever tudo. Se teremos condições de atender, até que preço podemos che-gar, se temos maquinário e equipe su-ficientes”, declara.

Na análise de Andréia Dallabrida, vender para o poder público é uma garantia de entrada de capital, mas, também, um risco. “Tem que haver um planejamento antecipado, uma vez que há multa caso não se cumpra o contrato. Esse era um dos meus prin-cipais receios e que estou conseguin-do ficar mais segura com a ajuda do Programa Compra Toledo. As capaci-tações nos ensinam a calcular tudo antes de encarar um edital. Isso fez

com que a empresa ficasse mais com-petitiva como um todo”, assinala.

Andréia Dallabrida é dona da Brotos e Artes, uma empresa que começou como floricultura e hoje atua em toda a área de jardinagem. “Atendo a Prefeitura de Toledo desde 2010 e o planejamento para o serviço público me ajudou em produtividade. Tenho roçadeiras que rendem mais, consegui diminuir mão de obra, reestruturei e reformulei a tática de trabalho para correr riscos calcula-dos”, diz a empresária destacando que 20% das suas vendas são destinados ao poder público.

De acordo com Adir Mattioni, consul-tor do Sebrae/PR no oeste do Estado e também gestor de projetos relacio-nados a tema ambiente de negócios, além de Toledo, Foz do Iguaçu, Casca-vel e Marechal Cândido Rondon fazem parte do Compras Paraná. “Nesses municípios, as ações são intensas. Entretanto, atuamos com o tema com-pras governamentais em todos os mu-nicípios da região inseridos no Progra-ma Cidade Empreendedora, levando treinamentos aos compradores e for-necedores e auxiliando na adequação da legislação”, sinaliza.

Foz do Iguaçu, por exemplo, come-çou as atividades do Compra Foz do Iguaçu em 2013. “O primeiro movi-

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O RISCO DO CALOTE EXISTE, MAS EMPRESÁRIOS PREPARADOS E COM VISÃO DO CENÁRIO ECONÔMICO TÊM MAIS CHANCES DE SER BEM-SUCEDIDOS

GEFESON ARCEGO MONTOU UMA PEQUENA EMPRESA DE PLOTAGEM E IMPRESSÃO DIGITAL EM 2010, NÃO TINHA A IDEIA DE VENDER PARA O SETOR PÚBLICO E, SÓ NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS, JÁ VENCEU TRÊS LICITAÇÕES

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mento foi despertar o interesse dos empresários sobre o tema, a fim de desmistificá-lo. Depois, as instituições foram envolvidas e hoje já se tem uma legislação específica para que os pro-cessos de compra e venda local sejam estimulados. O momento, agora, é de planejamento de ações para que pos-samos colher os frutos dessas ações a partir de 2016”, prevê Salete Aparecida de Oliveira Horst, agente de desenvol-vimento local do Cidade Empreende-dora em Foz.

Mais arrecadação

Em Ponta Grossa, a lei municipal que prevê tratamento diferenciado favorá-vel às micro e pequenas empresas foi aprovada recentemente. Conforme a agente de desenvolvimento da Divisão de Fomento ao Empreendedorismo da Prefeitura de Ponta Grossa, Tônia

Mansani, antes da aprovação da lei municipal ainda não havia sido reali-zado um pregão presencial exclusivo para pequenos negócios. No entanto, estima-se que 70% das compras fei-tas junto à Prefeitura eram de micro e pequenas empresas. “Com a lei, espe-ramos não somente aumentar a arre-cadação do município, já que as micro e pequenas empresas locais têm ex-clusividade nos processos, como tam-bém auxiliar no desenvolvimento, pois há um incentivo para que as empresas locais participem mais efetivamente das compras”, assinala.

A agente de Desenvolvimento da Di-visão de Fomento ao Empreendedo-rismo da Prefeitura de Ponta Grossa acredita ainda que outro fator que deve incentivar os empresários locais a venderem mais para a Prefeitura está relacionado à qualificação, que é

realizada pelo município em parceria com o Sebrae/PR e Associação Comer-cial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg).

“Muitos empresários acham que não estão preparados para vender para os órgãos públicos, há também o re-ceio de vender e não receber, mas es-tamos mudando esta mentalidade e realizando também rodadas de negó-cios”, explica Tônia. Segundo ela, um mapeamento foi realizado para apon-tar quais são as áreas que podem ser atendidas por empresas locais.

Dados do TCE-PR mostram uma evo-lução na participação de empresas locais nas compras públicas de Ponta Grossa. Em 2011, o percentual era de 28,25% de fornecedores locais, au-mentou para 32,12% em 2012 e, no ano seguinte, subiu para 42,4%. Já a

quantidade de micro e pequenas em-presas que venceu licitações no mu-nicípio foi de 33% em 2013. “A análise dos números evidencia os bons resul-tados que Ponta Grossa tem alcança-do no tratamento diferenciado para micro e pequenas empresas locais. Em 2015, o foco é promover rodada de oportunidades entre compradores e fornecedores, bem como criar um escritório de licitação que terá a fina-lidade de divulgar editais e orientar os empresários para participar de licita-ções”, reforça o consultor do Sebrae/PR Marlon Farias, gestor de projetos de ambiente de negócios com atuação na região centro.

Com base em pesquisas com entida-des participantes do Programa, estima--se que o valor total de Compra Ponta Grossa é de aproximadamente R$ 200 milhões. “O desafio está em fazer que

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OS CASOS DE SUCESSO DO PROGRAMA COMPRA PARANÁ ESTÃO SENDO GRAVADOS EM VÍDEO E, ATÉ O FINAL DO ANO, SERÃO LANÇADOS COM UM E-BOOK

MATERIAL DE CONSUMO - R$ 287 MILHÕES

SERVIÇOS DE PESSOA FÍSICA - R$ 128 MILHÕES

SERVIÇOS DE PESSOA JURÍDICA - R$ 2,3 BILHÕES

- R$ 368 MILHÕES

- R$ 368 MILHÕES

MATERIAL, BEM OU SERVIÇO PARA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

PASSAGENS E DESPESAS COM LOCOMOÇÃO - R$ 21,8 MILHÕES

EQUIPAMENTOS E MATERIAL PERMANENTE - R$ 277,7 MILHÕES

PREMIAÇÕES CULTURAIS, ARTÍSTICAS,CIENTÍFICAS E DESPORTIVAS

OBRAS E INSTALAÇÕES - R$ 337 MILHÕES

VENDEDORES LOCAIS 75%

30%

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50%

91%

55%

20%

92%

CONSULTOR MARCOS UDA, GESTOR ESTADUAL DO PROGRAMA COMPRA PARANÁ, DIZ QUE A IDEIA DA PROPOSTA É DESMISTIFICAR O TEMA COMPRAS PÚBLICAS, COM CAPACITAÇÃO E MUITA ORIENTAÇÃO EMPRESARIAL

EMPRESAS LOCAIS E SUA PARTICIPAÇÃO NO ‘BOLO’Dados do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) apontam um volume de R$ 3,75 bilhões em compras públicas em 2013, sendo R$ 491 milhões de micro e pequenas empresas, o que representa cerca de 13% do total. Os números mostram que 81,23% dos fornecedores são do Paraná. Confira a participação de fornecedores locais:

o máximo desse montante seja pago para empresas locais, e assim, incre-mentar a economia local por meio de um ciclo virtuoso”, reforça Marlon.

O empresário Alisson Prado Kloster, diretor e responsável pela área de operações e certificações da empresa Plataforma Computadores, de Gua-rapuava, no centro do Estado, conta-biliza que, desde o início das ativida-des da empresa, há sete anos, foram realizadas muitas vendas para órgãos públicos e/ou governamentais. “Creio que os benefícios e vantagens são inerentes a cada mercado que atua a empresa. Os ganhos são inerentes às vendas de maior volume, o que repre-senta ganhos de escala para a empre-sa. Com isso, conseguimos torná-la mais competitiva no atendimento às pessoas físicas e jurídicas.” No entan-to, Alisson considera que a participa-ção de micro e pequenas empresas nas compras públicas exige conheci-mento por parte dos empresários em função das leis, regulamentos específi-cos e também cenário econômico.

Tendência em alta

No sudoeste do Paraná, a participa-ção de micro e pequenos empreen-dedores em compras governamentais

cresce a cada ano. Conforme o consul-tor Gerson Miotto, gestor do Sebrae/PR em projetos afins a ambiente de negócios, dados apurados no municí-pio, considerando prefeituras, câma-ras municipais e consórcios, apontam uma participação crescente e gradual. No ano de 2011, em 42 municípios, 38,44% foram negociados com micro e pequenas empresas, sendo 23,5% da própria região. Em 2012, 42,25% das compras governamentais de pre-feituras, câmaras e consórcios munici-pais foram feitas com micro e peque-nas. Deste total, 24,40% de empresas locais, considerando o Sudoeste. Já em 2013, a participação subiu para 50,68%, destas, 30,45% foram em âm-bito local.

“Temos números superiores à média estadual, que fechou, em 2013, em 29,13%. Esse aumento anual de parti-cipação de micro e pequenos negócios nas compras públicas é o resultado do trabalho de sensibilização e infor-mação realizado em parcerias com os municípios e associações comerciais e entidades da região, que entenderam a importância de fortalecer as econo-mias locais, através do fomento de ne-gócios para as pequenas empresas”, analisa Miotto.

Na região, em 2013, os municípios que mais compraram de micro e pe-quenas empresas locais foram Nova Prata do Iguaçu (44,49%), Chopinzi-nho (43,95%), Mangueirinha (43,18%) e Clevelândia (42,36%). Os números são do TCE-PR.

O empresário Gefeson Arcego montou uma empresa de plotagem e impres-são digital em 2010, em Pato Branco. Na época, Arcego conta que não tinha a ideia de vender para o setor público. “Nosso foco era trabalhar somente com a iniciativa privada. Depois, vendo a oportunidade aberta com a lei para a micro e pequenas vender para os go-vernos, vimos uma abertura para tra-balhar com o setor público”, descreve o empresário, que já participou e venceu licitações em três prefeituras da região desde 2013. Para melhorar a participa-ção neste mercado, em 2014, a empre-sa participou de capacitação feita pelo Sebrae/PR sobre compras públicas.

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É MUITO IMPORTANTE O EMPRESÁRIO PARTICIPAR DAS CAPACITAÇÕES E FAZER, COM AUXÍLIO TÉCNICO, A CORRETA ANÁLISE DE RISCOS

NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

Uma das linhas estratégicas de atuação do Sebrae/PR é con-tribuir para a construção de

um ambiente empresarial que promova e fortaleça os pequenos

negócios. Articulação, políticas públicas, legislação favorável,

inovação, tecnologia e crédito são palavras-chave que norteiam este trabalho, que envolve e mobiliza

a entidade em todo o Estado. Um ambiente que facilita e estimula

novos negócios beneficia não apenas as micro e pequenas

empresas e os microempreende-dores individuais, mas a economia

e o desenvolvimento local. Os pequenos negócios represen-

tam 95% dos estabelecimentos formalizados e respondem por

52% dos empregos com carteira assinada. Quando estimulados

num ambiente favorável, sua re-levância passa a ser ainda maior. O Sebrae/PR tem vários projetos para que municípios trabalhem

a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa e pro-

gramas de apoio aos empresários como o Compra Paraná. Procure

o Sebrae/PR mais próximo e saiba como participar.

Além do trabalho junto aos comitês gestores do Programa Cidade Empre-endedora, que fomentam a aplicação da Lei Geral, onde se enquadra o capí-tulo de compras públicas, a região su-doeste paranaense tem à disposição uma ferramenta que auxilia e facilita o acesso das micro e pequenas empre-sas às compras públicas municipais, o Boletim Informativo de Licitação. “Nós utilizamos o Boletim e monitoramos oportunidades de compras públicas. Hoje, vale a pena participar de licita-ções pelos benefícios que temos e, pelo menos, para a nossa empresa, não temos queixas sobre inadimplên-cia ou atrasos de pagamentos”, atesta Arcego.

O Boletim reúne avisos de licitações dos 42 municípios da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop), que utilizam o Diário Oficial Eletrônico dos Municípios do Sudoes-te do Paraná (DIOEMS). De forma ele-trônica, por e-mail, empresas vincu-ladas às associações comerciais, pela Coordenadoria das Associações Co-merciais e Empresariais do Sudoeste do Paraná (Cacispar), ou empreende-dores rurais, pela União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), rece-bem gratuitamente os avisos. O pro-grama tem cerca de 4 mil empresas cadastradas. A iniciativa é do Sebrae/PR, Amsop, Cacispar e da Unicafes Pa-raná.

Orientação adequada

No noroeste do Estado também são muitos os casos de empresas que só cresceram após participarem das compras públicas, como aconteceu com a ForNet Telecom, localizada em Paranavaí, que produz e comercializa provedores de internet para diversos municípios da região. Anderson Ruiz Satine é sócio e gerente da empresa e recorda que quando ele e seus irmãos, que também são donos do negócio, decidiram participar da capacitação do Sebrae/PR, que os preparou para mais esta possibilidade de negócio, o inte-resse inicial era de apenas expandir a empresa no município. Os resultados conquistados foram além do esperado.

“Muitas dúvidas foram sanadas, re-

cebemos esclarecimentos e orienta-ções do Sebrae/PR para continuarmos ainda mais seguros no novo caminho que estávamos trilhando. Saímos com mais agilidade no atendimento e ampliação da visão empreendedora. Hoje, possuímos um conhecimento sobre compras públicas que os permi-te ser mais competitivos e aproveitar as oportunidades de vender melhor para toda a região e não somente para Paranavaí”, garante o empresário An-derson Satine.

Wendell Gussoni é gestor do proje-to de compras públicas na regional noroeste e relata que já é possível notar um aumento no interesse por parte dos empresários da região para o mercado público. “Exemplos como o da ForNet servem para estimular outras empresas, especialmente em momentos econômicos como o que vi-vemos atualmente, uma vez que para quem é licitado existe garantia maior de venda e de recebimento pelos ser-viços”, explica.

Outro grande avanço para a região é a implantação do Escritório de Lici-tações na cidade de Umuarama, em parceria com a Associação Comercial de Umuarama. Para Adriano Pereira da Silva, consultor do Sebrae/PR, os esforços de um conjunto de entida-des resultam no engajamento dos empreendedores em disputar esta possibilidade de negócios e também no desenvolvimento dos municípios. “Trabalhamos na cidade para que te-nhamos um ambiente favorável, por meio de cursos e palestras, de encon-tros entre compradores e vendedores, e do tão importante Escritório de Lici-tações, com atendimento estruturado para apoiar o empresário nos proces-sos de licitações de nosso município. Os resultados estão começando a aparecer e são mais do que satisfató-rios.”

Catalisador

Como prestadora de serviços em co-municação corporativa, a empresa Pro-xxima Informática e Tecnologia está no mercado desde 2007, sob o comando de Elaine Carreira, diretora executiva com mais de 20 anos de experiência no desenvolvimento de soluções tec-

nológicas de comunicação presencial e a distância, por meio de projetos de vídeo e áudio conferência.

Pela sua expertise em oferecer solu-ções para empresas de grande porte, a participação no Programa Compra Pa-raná, segundo a diretora, proporcionou o acesso a um novo mercado, sempre com a mesma atenção em oferecer um produto de qualidade e valor agregado para o poder público, assim como o faz para o setor corporativo.

Em seu portfólio, a empresa soma prestação de serviços para diver-sos órgãos públicos como a Federa-ção das Indústrias do Estado Paraná (Fiep), a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e a Companhia de Tecnologia da Informação e Comu-nicação do Paraná (Celepar). “As ins-tituições públicas têm mostrado uma importância comercial significativa, e o Compra Paraná é um catalisador de oportunidades. Ter mais conhecimen-to sobre as demandas geradas pelo setor público é uma das vantagens oferecidas e o principal motivo de ter-mos procurado por este programa”, afirma Elaine.

Para ela, sua empresa pode, por meio do Compra Paraná, conhecer mais sobre o potencial de investimento do setor público e a forma de atuar e oferecer seus produtos e serviços. “Procuramos participar de processos licitatórios dos quais já conhecemos o projeto, para termos a segurança de que vamos oferecer um serviço de qualidade e com valor de mercado. O órgão público perde quando compra um serviço apenas pelo preço. Ele deve ter a confiança e o conhecimento de que está comprando um serviço de qualidade”, assegura.

Histórias de sucesso

Os casos de sucesso do Programa Compra Paraná estão sendo gravados em vídeo e, até o final do ano, serão lançados juntamente com um e-book. O objetivo, explica Marcos Uda, é sen-sibilizar compradores de instituições públicas e empresários, para fomen-tar os negócios entre eles e desmistifi-car o tema. “Ainda existe muito a visão

de que compra pública não dá certo, é roubalheira. Estamos conversando com o TCE-PR desde o ano passado e eles têm salientado que é um fator importante para gerar o desenvolvi-mento da economia local e que o risco de fraude é pequeno. Empresas com intenção de fraudar licitações não per-derão tempo de fazê-lo em pequenos lotes”, garante.

Uda adianta que as histórias de suces-so contadas no produto não necessa-riamente estão ligadas a uma compra efetiva. Ele recorda de um empresário de uniformes que nunca vendeu para o poder público, mas, em um evento em Minas Gerais, teve uma boa ideia ao visitar o estande da Marinha. “Ele recebeu um CD com especificações dos uniformes como a espessura da linha, quantas voltas são necessá-rias no botão... Ele não conseguiria vender para eles naquele momento, mas aproveitou o padrão da Marinha para desenvolver o próprio catálogo. Ninguém no Paraná tem, hoje, um catálogo tão detalhado como o dele. São aprendizados que melhoram o produto, a gestão.” (Colaboraram nesta reportagem Adriano Oltramari, Aldy Co-elho, Camila Cabau, Giovana Chiquim e Patrícia Biazetto)

SAIBA MAIS

Conheça mais sobre o tema no www.sebraepr.com.br/leigeral O Sebrae/PR mantém uma página

especial sobre a Lei Geral e sua apli-cação na prática.

PORTAL SEBRAE/PRWWW.SEBRAEPR.COM.BR

ACESSE UTILIZANDO O QR CODE

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MICEEM ALTA

A FORÇA DO TURISMO DE

NEGÓCIOS E EVENTOS

Segmento, que gera o maior fluxo de turistas no Paraná, engloba em média 300 mil eventos por ano no Brasil,

mobilizando 80 milhões de participantes e movimentando

mais de 50 diferentes setores da economia

Por Aldy Coelho

esponsável por quase 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro - se-gundo dados divulgados em 2013 pela Associação Brasileira de Empresas

de Eventos (ABEOC Brasil) e Sebrae Na-cional - o turismo de negócios e even-tos tem se mostrado como um dos seg-mentos mais promissores da economia e, devido ao desenvolvimento indus-trial, científico e produtivo do País, vem posicionando o Brasil como o principal destino na América Latina.

Definido pelo Ministério do Turismo (MTur) como “o conjunto de atividades turísticas decorrentes de interesse pro-fissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técni-co, científico e social”, inúmeros fatores estimularam a movimentação turística, de modo especial, as viagens com a fi-nalidade de buscar novas informações e, principalmente, promover e gerar negócios.

Pelos cálculos da Federação Brasi-leira de Convention & Visitors Bureaux (FBC&VB), são realizados no País mais de 300 mil eventos por ano, envolven-do cerca de 80 milhões de participantes e movimentando mais de 50 diferentes setores da economia. De acordo com estudo do MTur, o turismo de negócios e eventos também é o segundo com maior atração de estrangeiros para o Brasil, respondendo por 25% do volu-me de visitantes de outros países, com gasto médio que equivale a 50% mais que os turistas que viajam a lazer.

Se no Brasil esses dados surpreendem, no Paraná não é diferente. Para Aldo

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O TURISMO MICE É O SEGUNDO COM MAIOR ATRAÇÃO DE ESTRANGEIROS PARA O BRASIL, RESPONDENDO POR 25% DO VOLUME DE VISITANTES DE OUTROS PAÍSES

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DENTRE AS AÇÕES JÁ REALIZADAS, ESTÁ O LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS, ESPECÍFICAS SOBRE O SEGMENTO DE NEGÓCIOS E EVENTOS EM CADA REGIÃO

Cesar Carvalho, consultor e coordena-dor estadual de Turismo do Sebrae/PR, o segmento de negócios e eventos é o que mais tem gerado fluxo de turistas no Estado e, por essa razão, a entidade vem atuando com prioridade no turis-mo profissional, ou no turismo MICE (na sigla em inglês Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions) como tam-bém é conhecido.

Aldo Carvalho conta que o Paraná re-cebeu 13,4 milhões de visitantes em 2013 - incluindo os próprios paranaen-

ses que viajam pelo Estado. Em 2014, foram 14,9 milhões. “Quando apura-mos esses dados, confirmamos que 44% desses visitantes se locomoveram pelo Paraná motivados por negócios e eventos. E, ao contabilizar os dados pelas principais cidades, esse número cresce ainda mais, chegando a 52% em Curitiba, 56% em Maringá, 55% em Londrina, 58% em Cascavel e 15% em Foz do Iguaçu”, ressalta.

Além disso, o coordenador do Sebrae/PR destaca que o turista deste

SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

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nicho gasta, aproximadamente, três vezes mais do que o turista de lazer, já que ele tem parte da sua viagem subsi-diada pela empresa ou instituição que representa. “Ele também precisa de empresas regularizadas para emissão de notas fiscais, além de agregar ou-tros serviços, como aluguel de carros e espaços para eventos, exigindo do mercado cada vez mais profissionaliza-ção e qualidade nos serviços”, observa.

Aldo Carvalho, do Sebrae/PR, também acrescenta que “a cadeia do turismo impactada é a mesma que envolve todos os outros segmentos - hotéis, agentes de viagens, guias, restauran-tes, transporte e infraestrutura”. “A di-ferença é que o turismo de negócios ocorre no período de sazonalidade do turismo convencional e, em sua estru-tura, somam-se ainda os espaços para eventos e operadores de eventos, que podem até agregar os serviços de lazer, comércio de souvenires, empresas de entretenimento, som e iluminação, flo-ricultura, entre outros”, explica.

Ao perceber a possibilidade de traba-lhar o turismo de negócios e eventos de forma mais estruturada e profissio-nal, o Sebrae/PR decidiu em 2013 focar mais proativamente no segmento, com o propósito de aumentar ainda mais o percentual de visitantes, proporcionan-do qualificação e desenvolvimento às empresas que compõem essa cadeia produtiva.

Para isso, firma parcerias com entida-des especializadas, como a Federa-ção dos Convention & Visitors Bureaux (FC&VB), com os Convention & Visitors Bureaux (C&VB) das cidades envolvidas, e entidades como a Federação do Co-mércio de Bens, Serviços e do Turismo do Paraná (Fecomércio PR) e o Governo do Estado, por meio da Paraná Turismo e da Secretaria de Esporte e Turismo, com o desafio de posicionar o Paraná como um destino ideal para se fazer negócios.

Aprendendo com quem sabe

Para estruturar e embasar a criação do projeto, os representantes dessas en-tidades foram até Barcelona, na Espa-nha, para conhecer de perto o trabalho realizado pelo Instituto Cerdà, uma ins-

WAGNILDA MINASI:A ORGANIZAÇÃO DO TURISMO MICE FOI A TONALIDADE QUE O TURISMO DOS CAMPOS GERAIS PRECISAVA

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tituição privada, formada por mais de 60 profissionais de diversas áreas, que tem por missão promover a inovação e colaboração entre o poder público e privado para o desenvolvimento eco-nômico e social do país, com a qual o Sebrae/PR mantém parceria em diver-sos projetos.

“O Instituto Cerdà teve uma participa-ção preponderante na mudança do perfil de Barcelona pós-Olimpíadas de 1992. Na crise econômica de 2008, que atingiu vários setores da economia, quem sustentou as cidades de Madri e Barcelona foi, essencialmente, o turis-mo. Hoje, 65% do fluxo de Barcelona vêm do turismo de negócios e eventos. Eles se tornaram uma referência inter-nacional, que nos ajudou a enxergar esse segmento”, conta Aldo Carvalho.

Na bagagem, muitas ideias e informa-ções referenciais serviram como base para a formatação do Programa Para-

ná MICE. “Ao voltarmos de Barcelona, constituímos um termo de referência do turismo de negócios e eventos, que nos baliza até hoje em nosso trabalho e que teve a assessoria do Instituto Cer-dà para a formatação do projeto, com o qual temos desenvolvido diversas ações e obtendo resultados expressi-vos”, garante.

Seis regiões, um objetivo

A partir do projeto estadual, ainda fo-ram criados projetos para cada uma das seis regiões bases, algumas até se estendendo para outras cidades, como no caso de Curitiba, que atinge tam-bém a Região Metropolitana, e Ponta Grossa, com os Campos Gerais. Recen-temente, também foi incluído o Litoral no Programa Paraná MICE, o qual, por atender tanto o turismo de lazer quan-to o de negócios, será trabalhado de forma mais ampla.

“Os projetos locais levam o nome de cada cidade e foram desenhados para que cada governança – composta por um gestor do Sebrae/PR e representan-tes das entidades turísticas envolvidas - de acordo com as características e re-alidades locais, estabeleçam as parcerias e desenvolvam as estratégias mais efica-zes para alavancar o turismo de negócios e eventos”, explica o coordenador esta-dual de Turismo do Sebrae/PR.

Dentre as principais ações já realizadas com o Paraná MICE, está o levantamen-to de informações estratégicas, especí-ficas sobre o segmento de negócios e eventos em cada região, como levantar o perfil do turista MICE, da infraestrutu-ra e serviços disponíveis e dos deman-dantes de eventos, que vão direcionar as futuras atividades do Programa.

“De início, encontramos um segmento desprovido de informações, as quais ainda estamos construindo por meio de

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EMMANUELLE CARNIATTOESPECIALIZOU-SE NA VENDA DE PACOTES PARA VISITANTES QUE VÃO A MARINGÁ PARA CONHECER EMPRESAS E SEGMENTOS COMO O VESTUÁRIO E ESPORTES

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pesquisas, serviços, estruturas disponí-veis, instituições locais e empresas que demandam eventos corporativos, além de recolher informações com o próprio turista de negócios, para a construção de estratégias e de planejamento.”

Em paralelo, o Programa já está atu-ando na capacitação dos empresá-rios, por meio de cursos, consultorias especializadas, rodadas de negócios e missões técnicas empresariais. No mês de maio deste ano, duas importantes ações foram realizadas em nível esta-dual: a criação do Selo de Qualidade no Turismo do Paraná para as seis cidades integrantes do Programa, incluindo o Litoral, e o 1° Seminário Paraná MICE, que reuniu gestores, empresários e parceiros de todo o Estado para discu-tir os desafios e a importância do seg-mento para a economia paranaense.

Os próximos passos, segundo Aldo Carvalho, já estão definidos. “Quere-mos estimular as potencialidades de cada região e os produtos turísticos MICE que já têm possibilidades de co-mercialização. Essas regiões já estu-dam a viabilidade de construir centros de eventos, e cabe ao Sebrae/PR ten-

tar ajudá-los a formatar a ideia. Vamos montar um banco de eventos itineran-tes e tentar trazê-los para o Paraná além de colocar o turismo MICE na li-nha de prioridade do governo.”

Congressos e reuniões

O Curitiba Convention & Visitors Bureaux informa que a capital paranaense re-cebeu 302 grandes eventos em 2013, sendo 82% eventos de negócios com perfil técnico-científico. “É muito forte a questão do turismo corporativo e asso-ciativo – congressos e eventos que vêm desse mercado empresarial, devido às grandes empresas aqui instaladas, e aos órgãos de classe ou associativos. Esses são os principais mercados que o Programa Curitiba MICE foca e o qual pretendemos investir”, destaca a con-sultora do Sebrae/PR, Patrícia Albanez.

Segundo Patrícia Albanez, cerca de 30 empresas participam do Programa, em que estão alinhadas diversas ações de consultoria e mercado específicas para o setor, como questões legais, organi-zação e gestão, formatação de produ-tos e serviços, finanças, recursos hu-manos, coaching e uma missão técnica

O EMPRESÁRIO WALTER YAMAGUCHISENTE-SE MAIS PREPARADO PARA ATENDER CLIENTES QUE LOCAM VEÍCULOS PARA FUNCIONÁRIOS EM OCASIÕES DE TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS

O TURISTA DE NEGÓCIOS E EVENTOS GASTA TRÊS VEZES MAIS DO QUE O TURISTA DE LAZER, JÁ QUE ELE TEM PARTE DA SUA VIAGEM SUBSIDIADA PELA EMPRESA QUE REPRESENTA

DOS TURISTAS QUE VISITAM O PARANÁ

A MAIS NO VALOR DIÁRIO GASTO POR UM TURISTA

DE TURISTAS VINDOS DE OUTROS PAÍSES PARA O BRASIL

FOI A RECEITA DO TURISMO DE NEGÓCIOS EM 2014 NO BRASIL, ATINGINDO UM TOTAL DE R$ 40 MILHÕES*

É A EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO PREVISTO PARA 2015, CHEGANDO A R$ 43 MILHÕES*

DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) BRASILEIRO

para São Paulo e Campinas.

“São Paulo é o principal destino de negócios e eventos da América Latina e referência no mundo nesse setor. Já Campinas [também no estado de São Paulo] é uma cidade muito parecida com Curitiba, do ponto de vista das de-mandas e pela proximidade com São Paulo. Visitamos feiras, complexos em-presariais e equipamentos turísticos próximos a esses locais de fluxo. Vimos algumas soluções criativas, simples e práticas em serviços que dá para inves-tir em nosso mercado”, diz.

Gislaine Queiróz é uma das participan-tes do Programa e já consegue vislum-brar o crescimento do segmento nos últimos anos. Há quase cinco anos, Gislaine comanda a Única, empresa que trabalha com recepção de eventos corporativos e técnico-científicos, um mercado que demanda serviço espe-cializado de recursos humanos para o turismo de negócios e eventos. “Nos últimos dois anos, a empresa dobrou o número de serviços prestados em eventos, chegando a 150 companhias atendidas em 2014, dentre elas a Volvo, Electrolux, a Sociedade de Especialida-des Médicas e a construtora Thá”, des-taca a empresária.

O envolvimento com o Sebrae/PR, se-gundo Gislaine, garante o profissiona-lismo de sua empresa, com vistas para um crescimento seguro e planejado. “As empresas de turismo, entidades e o poder público precisam estar unidas, trabalhar em conjunto para fortalecer o setor e atrair grandes congressos e feiras para Curitiba. O caminho traçado pelo Sebrae/PR com o Programa Para-ná MICE já está fazendo isso, unindo várias regiões para fomentar o turismo em todo o Estado”, assinala.

E se o momento econômico atual causa algum tipo de receio para as empresas prestadoras de serviços em eventos, Guilherme Rasera, da Combo Promo-cional, garante que quem estiver pre-parado e qualificado terá mais chances de se tornar competitivo. “Este é o mo-mento de observar as oportunidades, oferecer novos serviços, ter uma ges-tão responsável e um bom plano de ne-gócios. É preciso fortalecer a empresa agora para crescer nos próximos anos,

*Dados de pesquisa realizada pela Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e divulgados pela ABEOC Brasil.

O TURISMO DE NEGÓCIO E EVENTOS REPRESENTA, EM PERCENTUAIS:

44%

33%

25%

9,2%

8%

5%

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e o Sebrae/PR está nos apoiando isso.”

De olho nas novas oportunidades e na expansão de mercado, Guilherme, que desde 2010 está à frente da Com-bo Promocional, oferecendo a gestão completa de eventos promocionais, como shows, exposições, feiras, even-tos esportivos, culturais e convenções, passa a trabalhar em formato de grupo com a ADN Eventos, agência especiali-zada em eventos corporativos e técni-co-científicos.

“Criamos o Grupo Combo ADN para ampliarmos a nossa gama de serviços de olho num mercado cada vez mais especializado, unindo as empresas, mas mantendo uma gestão unificada. Com um portfólio mais completo, po-demos atender com mais qualidade e unicidade as empresas que deman-dam eventos deste segmento”, frisa Guilherme.

Patrícia Albanez, gestora do Curitiba MICE, ainda acrescenta que já estão programadas, até o final de 2015, duas rodadas de negócios para gestores de eventos corporativos e associativos,

além de ações dentro do Modelo de Excelência em Gestão (MEG), com base nos critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), e início dos trabalhos das empresas participantes dos pro-gramas como Agentes Locais de Inova-ção (ALI), Sebraetec – Serviços em Ino-vação e Tecnologia e Selo de Qualidade no Turismo.

Escolha estratégica

Na Região dos Campos Gerais espe-cificamente, ações focadas para o tu-rismo MICE começaram a ser planeja-das após a criação da governança, em 2013, formada por representantes do Sebrae/PR e de diversas entidades de Ponta Grossa, Castro e Carambeí, com o objetivo de fomentar novos negócios.

Uma das primeiras ações foi a realiza-ção da pesquisa “Oportunidade de Tu-rismo MICE em Ponta Grossa e Região”, que apontou os principais produtos que poderiam ser trabalhados como oportunidades para a região. Dentre os principais segmentos estão o de even-tos corporativos e visitas técnicas e as-sociativos, como também o turismo de

incentivo.

“Com a identificação, foi possível traçar estratégias para aproveitar a demanda que já existe em Ponta Grossa e Região e oferecer aos turistas a oportunidade de conhecer os atrativos dos Campos Gerais”, explica Nádia Joboji, consultora do Sebrae/PR. Paralelamente, reforça ela, foram realizadas rodadas de ne-gócios e formaram-se redes empresa-riais, a exemplo da Rede Gastronômica dos Campos Gerais (RGCG), a Rede Ho-teleira e a Rede MICE de Castro. A for-mação de uma governança também foi um avanço, já que envolve as principais lideranças para discutir as estratégias para difundir o turismo, com o objetivo de tornar a região como destino e refe-rência de negócios e eventos.

Para o gerente geral do Hotel Planal-to e diretor de Turismo da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Daniel Wagner, a escolha do segmento turístico MICE, como foco dos trabalhos, foi acertada, já que é o mais representativo para a economia regional. “Estamos conten-

1º SEMINÁRIO PARANÁ MICEREUNIU GESTORES, EMPRESÁRIOS E PARCEIROS DE TODO O ESTADO PARA DISCUTIR OS DESAFIOS DO SEGMENTO

tes em participar das diversas iniciati-vas do Sebrae, que nos ajuda a tornar nossas empresas cada vez mais quali-ficadas, e assim transformar a região em um polo receptivo cada vez mais organizado e interessante para as em-presas, organizadores de eventos, enti-dades de classe, entre outros.”

Já a presidente do Ponta Grossa Con-vention & Visitors Bureau (CVB), Wagnil-da Minasi, acredita que a organização do turismo MICE foi a tonalidade que o turismo dos Campos Gerais precisa-va. “Temos potencialidades na região, temos profissionais capacitados e es-forçados envolvidos, mas a força e o di-namismo do Sebrae, através do MICE, tem sido a mola propulsora de todo o trade. Temos conseguido trabalhar em conjunto, as associações e as empre-sas, em busca da qualificação tão de-sejada do mercado”, aponta Wagnilda.

Maringá como produto

Maringá tem, naturalmente, vocação para o turismo de negócios e eventos, explica a consultora do Sebrae/PR na re-gião, Patricia Valente Santini. “O que falta acontecer na cidade é que o segmento seja reconhecido como negócio e traba-lho de maneira estratégica”, acredita.

Durante o processo de desenvolvimen-to do Programa em Maringá, a consulto-

ra conta que foram constatadas várias necessidades para o segmento, dentre elas o produto do turismo técnico, que oferece, de maneira mercadológica e ordenada, serviços que acontecem na cidade, mas que não são vistos como potenciais turísticos.

“Lançamos a necessidade para um grupo de empresários e logo recebe-mos o retorno da equipe da Agência Mundo Livre”, relata a consultora. Foi então que a empresa, que vendia pon-tos turísticos como Disney e o nordeste brasileiro, começou a se especializar e a vender pacotes para visitantes que se deslocam a Maringá para conhecer empresas, o segmento do vestuário, do esporte, a associação comercial e industrial e as instituições de ensino superior.

“Abraçamos a ideia, veio como recepti-vo de negócios, que atenderia os em-presários. Logo percebemos o poten-cial do negócio que deixou de ser um produto e passou a ser uma nova em-presa, a Go Maringá”, explica a empre-endedora e proprietária Emmanuelle Carniatto.

Os próximos passos, segundo a em-presária, são montar cursos de turismo local, com a presença de turismólogos, professores de história e geografia,

para frentistas de postos de gasolina e taxistas. “Queremos informar e inserir esses profissionais, que são os primei-ros a ter contato com os nossos visi-tantes, no setor do turismo”, diz Emma-nuelle.

3º destino de eventos

Foz do Iguaçu é o terceiro destino bra-sileiro que mais realiza eventos e o quarto no ranking de eventos interna-cionais, diz o empresário do setor e ge-rente de hotel na cidade, Cândido Fer-reira Neto. “Estou há 20 anos no setor de turismo e percebo que o segmento de negócios e eventos está em plena expansão. Mesmo na crise, época em que o turismo de lazer diminui, o de ne-gócios continua, pois há a necessidade de empresas realizarem seus eventos de integração, capacitação”, justifica.

Cândido Ferreira montou sua primeira empresa no segmento há cinco anos, a Equalizee, especializada em aparato de som e imagem para eventos. Dois anos depois, aumentou sua participação no mercado do mesmo segmento, com-prando uma empresa de montagem de feiras e eventos, a Stand Solutions. “É um segmento muito forte e que tem uma cadeia produtiva ampla. Há even-tos que são realizados em nosso hotel que fazem com que mais 20 hotéis da

EMPRESÁRIOS DO TURISMO MICESE MOBILIZAM EM TODO O ESTADO PARA ORGANIZAR O SEGMENTO

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cidade fiquem lotados”, indica Cândido, que também é gerente de marketing do Rafain Palace Hotel.

Em Foz do Iguaçu, salienta o consultor do Sebrae/PR, Edinardo Aguiar, o turis-mo MICE movimenta muitas empresas de micro e pequeno porte e ainda tem muito a crescer. “Aqui, o turismo de la-zer já é reconhecido, 85% dos turistas vêm aqui pelos atrativos, contra 15% de negócios e eventos. Temos capacidade para aumentar o número do MICE ain-da mais, visto que um complementa o outro. O turista que vem para Foz a trabalho, fica mais uns dias a lazer, traz família. É um nicho de valor agregado muito alto”, qualifica Edinardo Aguiar.

Organização e foco

Cascavel, também no oeste do Paraná, começou a trabalhar o turismo de ne-gócios e eventos há cerca de dois anos. Entidades como o Sebrae/PR, a Prefei-tura Municipal, o Convention da cidade e associações empresariais e de classe que englobam empresas do segmento passaram a pensar como grupo e unir forças para consolidar a cidade no se-tor. Depois de uma pesquisa de merca-do, as atenções focaram o turismo de

negócios e eventos para os segmentos do agronegócio e do automobilismo e, em um segundo momento, para a área médica, reconhecidos como campos potenciais da cidade.

Há dez anos no mercado de locação de veículos em Cascavel, com a Yes Rent a Car, o empresário Walter Yamaguchi sentiu a diferença quando começou a se falar em turismo MICE no município. “Passamos a conhecer o que era o tu-rismo de negócios e eventos e, unidos a instituições e outros empresários que fazem parte do setor, percebemos que temos as mesmas dificuldades. Com isso, ficou mais fácil buscar soluções como capacitação e investimentos”, aponta o empresário que tem como principais clientes empresas, que locam veículos para funcionários em ocasiões de turismo de negócios e eventos.

Para a consultora do Sebrae/PR, Nara Regiane Reinheimer Pick, Cascavel pas-sa por um momento tanto de fortaleci-mento das empresas do setor quanto da chamada governança do turismo MICE da cidade. “Neste ano, estão sen-do realizadas oficinas de planejamento, consultorias, cursos e missões com o objetivo de capacitar as entidades e as

TURISMO DE NEGÓCIOS É UM CONJUNTO DE ATIVIDADES TURÍSTICAS DECORRENTES DE INTERESSE PROFISSIONAL, ASSOCIATIVO E INSTITUCIONAL

GESTORES E ESPECIALISTAS AUXILIAM NA ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO

empresas do trade. Ainda temos um longo percurso para a consolidação do município como destino MICE, mas es-tamos caminhando gradualmente para isso”, assegura.

Segmento em ascensão

Em Londrina, no norte do Paraná, o Sebrae/PR, uma das entidades que faz parte da governança do Núcleo de Tu-rismo, está promovendo ações para melhorar o ambiente de negócios e, consequentemente, fomentar o desen-volvimento do turismo MICE, segundo a consultora da entidade, Simone Millan.

As ações incluem realização de diag-nóstico e plano de ações do Convention Bureau de Londrina; capacitação da equipe de ações do Convention Bureau e implementação de plano de ação; apoio na remodelação do portal do Convention Bureau; realização de ofi-cinas setoriais para organizadores de eventos, espaços para eventos, hotéis e restaurantes; consultorias empresa-riais para melhorar a competitividade da cadeia de turismo; pesquisas sobre impacto econômico dos eventos pro-movidos na cidade; pesquisas juntos aos hotéis e restaurantes de Londrina; missão empresarial com empreende-dores da rede hoteleira e gastronômica para São Paulo; e missão empresarial internacional de benchmarking para Barcelona – um caso de sucesso no tu-rismo de negócios.

Karla Souza, gerente geral do Hotel Comfort Suites, está participando do Programa e explica que o objetivo da empresa é adquirir o conhecimento do Sebrae/PR sobre o trade de turis-mo em Londrina, além de se relacionar com outros empreendedores que for-mam a cadeia do setor. “Além disso, as consultorias estão sendo importantes. Recebemos um feedback da nossa uni-dade que irá ajudar para a implementa-ção de melhorias”, conta.

Na opinião de Simone Millan, a realiza-ção de pesquisas de mercado é a base do Programa Paraná MICE. “Os estudos contribuem para a sensibilização dos empresários e do poder público sobre a relevância do setor para o desenvolvi-mento da economia da cidade”, diz.

A pesquisa foi feita pela Chiusoli Pesqui-

sas e verificou as principais característi-cas da cadeia hoteleira em Londrina. O estudo identificou 39 hotéis em funcio-namento, dos quais 31 foram incluídos na pesquisa. As empresas tinham em média 22 anos, 27 colaboradores (10 homens e 17 mulheres), 84 quartos (o total da amostra é 2.433 quartos) e 166 leitos (o total da amostra é 4.818 leitos). A taxa média de ocupação é de 63%, a média das diárias gira em torno de R$ 107 e a permanência média dos hóspe-des na cidade é de 2,9 dias.

A pedido do Sebrae/PR, a Chiusoli Pes-quisas também fez, em 2014, um levan-tamento sobre o impacto de eventos como os Jogos Escolares da Juventude, o Encontro Anual de Iniciação Científi-ca, realizado pela Universidade Estadu-al de Londrina (UEL), e o Vestibular da UEL na economia da cidade.

O estudo sobre os Jogos Escolares da Juventude, realizados em setembro de 2014, na ocasião da competição, apon-tou que 5 mil pessoas (4 mil atletas além de comissão técnica, organizado-res, familiares dos esportistas, voluntá-rios e árbitros) estiveram em Londrina para participar do evento.

O montante gasto pelo público gira em torno de R$ 9,2 milhões, sendo que aproximadamente R$ 400 mil foram gastos com alimentação e R$ 850 mil em compras. Mais de 96% dos visitan-tes se hospedaram em hotéis.

A pesquisa sobre o Encontro Anual de Iniciação Científica, promovido em ou-tubro de 2014, verificou que o evento atraiu uma estimativa de 3.500 visitan-tes, com média de 22 anos de idade, dos quais 318 participaram da entre-vista. O gasto estimado do público foi de R$ 474 mil, sendo que R$ 177 mil em média foram destinados para o setor de alimentação.

Já o vestibular da UEL trouxe cerca de 14 mil pessoas para Londrina no mês de novembro de 2014. A pesquisa en-trevistou 342 estudantes, que gasta-ram mais de R$ 1,3 milhão durante a estadia na cidade. Apenas o setor de alimentação faturou quase R$ 600 mil e o de hospedagem mais de R$ 380 mil (Colaboraram nesta reportagem as jorna-listas Camila Cabau, Juliana Dotto, Giova-na Chiquim e Patrícia Biazetto)

NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

O posicionamento estratégico definido pelo Sebrae/PR para os próximos anos é de impulsionar e promover o turismo

MICE, articulando ações em regiões paranaenses para dinamizar o segmento, com atividades que atraiam mais clientes e complementem o fluxo turístico. Essas

ações englobam a qualificação de empre-sas e a melhoria de estruturas turísticas

locais, para, assim, colocar o turismo de negócios e eventos em uma posição diferenciada, seguindo padrões interna-

cionais e fazendo com que o cliente tenha satisfação em fazer negócios no Estado.

Mais informações, entre no portal do Sebrae/PR, no www.sebraepr.com.br, ou

ligue para 0800 570 0800.

Para conhecer melhor o tema, acesse o site da Abeoc Brasil - Associação

Brasileira de Empresas de Eventos, no www.abeoc.org.br.

Acesse agora

SAIBA MAIS

PORTAL SEBRAE/PRWWW.SEBRAEPR.COM.BR

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80 81

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CURITIBA MICETURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS

PERFIL DA AMOSTRA

57% 43%

OCUPAÇÃO

28%

23%

19%

AUTÔNOMO / PROFISSIONAL LIBERAL

EMPREGADO SETOR PRIVADO

EMPRESÁRIO

ALÉM DA PARTICIPAÇÃO NO EVENTO, QUAIS OUTROS FATORES INFLUENCIARAM SUA DECISÃO POR ESTA VIAGEM ?

52%

21%

19%

9%

NENHUM OUTRO MOTIVO

DISTÂNCIA EM RELAÇÃO A CIDADE DE RESIDÊNCIA

OFERTA DE SERVIÇO E PRODUTOS TURÍSTICOS

APELO TURÍSTICO DO DESTINO

QUAIS OUTROS SERVIÇOS UTILIZADOS NAS SUAS VIAGENS DE NEGÓCIOS E EVENTOS?

77%

21%

19%

9%

TAXI

ALUGUEL DE CARRO

OFERTA DE SERVIÇO E PRODUTOS TURÍSTICOS

APELO TURÍSTICO DO DESTINO

ESTADO DE ORIGEM

26%

19%

13%

PARANÁ

SÃO PAULO

SANTA CATARINA

RENDA FAMILIAR

18%

48%

14%

ATÉ 5 S.M

DE 5 S.M A 20 S.M.

+ DE 20 S.M.

GRAU DE INSTRUÇÃO

11%

55%

33%

ENSINO MÉDIO

SUPERIOR

PÓS OU +

PERFIL DA AMOSTRA

30%

63%

7%

18 - 34

35 - 59

60 +

VISITAÇÃO Á FEIRA

QUANTIDADE MÉDIA DE PERNOITE EM CURITIBA E RMC

EM MÉDIA QUAL É A FREQUÊNCIA MENSAL DE SUAS VIAGENS DE

NEGÓCIOS OU DE EVENTOS

QUAL A DURAÇÃO MÉDIA DAS SUAS

VIAGENS DE NEGÓCIOS OU DE EVENTOS

QUAL O MEIO DE TRANSPORTE PREDOMINANTE UTILIZADO NAS

SUAS VIAGENS DE NEGÓCIOS?

ESTÃO VISITANDO A CIDADE PELA PRIMEIRA VEZ

UTILIZAM HOTEL COMO HOSPEDAGEM

PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSO OU SEMINÁRIO

38%

3

1 3

PERNOITES

VIAGEMPOR MÊS DIAS

AVIÃO

CARRO

ÔNIBUS

1ª VEZ HOTEL

45%

45%

58%

27%

7%

82%

QUAIS ATIVIDADES REALIZA NAS SUAS VIAGENS DE NEGÓCIOS?

GASTO MÉIDO DIÁRIO COM HOSPEDAGEM, ALIMENTAÇÃO

E TRANSPORTE:63%

72%

COMPRAS

R$ 280,00GASTRONOMIA

82 83

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INDICAÇÃO GEOGRÁFICAMERCADO

REGISTRO DEPROCEDÊNCIA É

DIFERENCIAL COMPETITIVO

Terceira edição da Hortifruti & Foods Brasil Show 2015, realizada em Curitiba,

reuniu aproximadamente 2,4 mil pessoas e serviu de vitrine para divulgar a

importância de alimentos seguros e da indicação geográfica

Por Aldy Coelho e Bruna Komarchesqui

SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

““

O BRASIL TEM 41 REGISTROS DE INDICAÇÃO GEOGRÁFICA NO INPI, 23 DE ALIMENTOS E OS DEMAIS SÃO EM ÁREAS COMO VESTUÁRIO, CALÇADOS E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

quela associação men-tal que nos faz ligar ra-pidamente Franca em São Paulo a calçados, Minas Gerais a queijo

e Salinas, também em Minas Gerais, a cachaças pode ser de grande valia como fator de competitividade para os peque-nos negócios. Cada vez mais valorizados, os registros de procedência estiveram em pauta na 1ª Mostra de Produtos com Indi-cação Geográfica, realizada, no início de ju-lho, em Curitiba, durante a terceira edição da Hortifruti & Foods Brasil Show 2015. O evento movimentou, durante três dias, um fluxo de aproximadamente 2,4 mil pesso-as, entre visitantes e expositores.

Bastante conhecidas em países com tra-dição na produção de vinhos e produtos alimentícios, como França, Portugal e Itália, as Indicações Geográficas (IG) fo-ram estabelecidas no Brasil pela Lei da Propriedade Industrial, em 1996. Segun-do a legislação, cabe ao Instituto Nacio-nal da Propriedade Industrial (INPI), do Ministério do Desenvolvimento, Indús-tria e Comércio Exterior da Presidência da República, estabelecer as condições para esse tipo de registro.

A Lei diferencia dois tipos de indicação geográfica: a indicação de procedência e a denominação de origem. A consultora do Sebrae/PR, Maria Isabel Guimarães, explica que a primeira está ligada à no-toriedade histórica de uma região na fabricação de determinado produto. Já a denominação de origem é um reconhe-cimento de fatores geográficos (clima e solo, por exemplo) como determinantes para as características do produto final.

CAFÉ DO NORTE PIONEIRO CONQUISTA PRIMEIRA IG DO PARANÁ

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Segundo Maria Isabel, o Brasil tem 41 re-gistros de indicação geográfica no INPI, 23 de alimentos (os demais são em áre-as como vestuário, calçados e tecnologia da informação), sendo que 18 deles (veja a lista nesta reportagem) participaram da 1ª Mostra de Produtos com Indicação Geográfica em Curitiba.

No mercado internacional, reforça a co-ordenadora estadual de Agronegócio do Sebrae/PR, Andreia Claudino, muitos produtos são caracterizados não apenas pela sua marca, como, também, pela sua qualidade, especificidade de produção ou por ser proveniente de uma determi-nada região geográfica. “Essa indicação traz reputação, valor agregado e identi-dade própria, que os distinguem dos de-mais produtos. No Brasil, essa tendência começa a ganhar força e, por essa razão, o Ministério da Agricultura e o INPI cria-ram o registro de indicação geográfica (IG), para identificar os diferenciais de qualidade e origem ao consumidor.”

O único produto paranaense com o re-gistro são os cafés especiais do Norte Pioneiro, uma denominação de origem que, desde 2012, agrega visibilidade a produtores de 45 municípios nas ime-diações de Santo Antônio da Platina (no Norte do Estado). “As indicações geográficas sempre são coletivas. Hoje, os produtores não se concentram na torra, vendem o grão verde. Existe um grande mercado consumidor, mas a produção ainda não é grande o su-ficiente para atendê-lo. A denomina-ção de origem é uma forma de trazer profissionalização aos 200 produtores certificados”, avalia Odemir Capello, consultor do Sebrae/PR.

Capello conta que o processo para ob-ter a indicação geográfica é longo – o do Café do Norte Pioneiro, por exemplo, co-meçou em 2008, com a entrega de um dossiê de 500 páginas ao INPI.

A necessidade de proteger o “nome de peso” dos doces de Pelotas no Rio Gran-de do Sul, um legado da cidade, levou produtores gaúchos a buscarem a indi-cação de procedência, registro que ob-tiveram em 2012, junto ao INPI. “Tinha muitos comerciantes de outras regiões, que nunca visitaram a cidade, usando o nome doce de Pelotas. Esse registro garante a veracidade da receita e a quali-dade do produto”, ressalta Maria Helena Jeske, que representou os 16 empresá-rios da Associação dos Produtores de Doces de Pelotas, na Mostra. “A indica-ção de procedência levou a um cresci-mento significativo na produção. Antes, uma empresa que fazia 60 mil doces/mês, hoje fornece 150 mil/mês.”

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A HORTIFRUTI 2015 EXPÔS HORTALIÇAS, FRUTAS E FLORES PRODUZIDAS NO PARANÁ E COM QUALIDADE PARA CONSUMIDORES CADA VEZ MAIS EXIGENTES

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NO MERCADO INTERNACIONAL, MUITOS PRODUTOS SÃO CARACTERIZADOS NÃO APENAS PELA SUA MARCA, COMO TAMBÉM PELA SUA QUALIDADE, ESPECIFICIDADE DE PRODUÇÃO

O Sebrae/PR, informa Andreia Claudino, apoia os produtores do setor de agronegócio na obtenção de registros que conferem indicação geográfica para produtos alimen-tícios. Em 2013, o Sebrae Nacional analisou 35 produtos paranaenses com potencial para obtenção de registro de indicação geográfica e, desse total, dez foram escolhidos para serem trabalhados pela entidade, produtores e parceiros, com a meta de obter novos registros para o Estado. 

Dentre os produtos paranaenses que buscam o registro estão a uva de Marialva; o mel do Lago de Itaipu; o melado de Capanema; os queijos de Witmarsum; a goiaba de Carlópolis; a erva-mate de São Mateus do Sul; e a farinha de mandioca, a cachaça, os derivados de banana e o barreado, estes do litoral paranaense. Esses produtores se inspiram no exemplo dos cafés especiais do Norte Pioneiro que, com o apoio da enti-dade, conquistaram o primeiro registro de indicação geográfica do Estado.

Esta conquista também abriu caminho para um segundo pedido de registro, ainda em andamento, que busca o reconhecimento de denominação de origem, o primeiro do Estado, do mel produzido em Ortigueira. Todo o processo de registro e validação pelo INPI e Ministério da Agricultura pode levar até dois anos para ser concluído, após o en-vio da documentação. “A indicação geográfica tem várias funções, que vão desde dar proteção aos produtos contra fraudes; fortalecer segmentos; até posicionar marcas diante do mercado”, diz Andreia Claudino.

Produtores paranaenses

Produtor de erva-mate em São Mateus do Sul, Victor Silveira afirma que as ca-racterísticas climáticas da região, de um raio de cerca de 30 quilômetros, são as melhores do mundo para o cultivo do produto. “O Rio Grande é famoso pelo consumo, mas a melhor erva é a nossa. Estamos à espera do registro de deno-minação de origem, que vai valorizar os cerca de mil produtores locais e atrair o interesse de turistas e consumidores”, projeta.

Para produtores que não se encaixam nas características desse tipo de regis-tro, mas querem ter a qualidade ates-tada por uma certificação, há o Selo Alimentos do Paraná, concedido pelo Instituto de Tecnologia do Estado (Tec- par), numa parceria entre o Sebrae/PR e a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). “São produtos que não têm ligação com uma região, mas atin-gem boa pontuação em um check-list e, por isso, recebem esse ‘atestado’ de que são seguros”, explica Maria Isabel, do Se-brae/PR. Dos 25 produtores paranaen-ses com o selo, 23 expuseram na Mostra da HortiFruti & Foods Brasil 2015.

Fórum de discussões

A Hortifruti & Foods Brasil Show 2015 aconteceu de 30 de junho a 2 de julho no Centro de Eventos da Fiep, na Capital. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Centrais de Abastecimento (Abracen) em parceria com o Sebrae/PR, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), teve como foco a ca-deia produtiva de alimentos - da produ-ção primária de frutas, hortaliças e flo-res, aos alimentos transformados com segurança, qualidade e diferenciais de mercado.

Entre as oficinas e workshops realizados, o painel “Oportunidades de Mercado e da Gastronomia para Produtos Dife-renciados com Indicações Geográficas e Certificações” que reuniu os empre-sários Fernando Voese (Quintas das Cerejeiras), Janine Basso Lisboa (Decide Consultoria e Delicaterie) e Hario Tieppo (Verde Brasil) para apresentar seus ne-gócios e debater a importância de regis-

tros e certificações. O painel contou com a presença do italiano Giordano Conti, presidente da Casa Artusi, que contou um pouco da trajetória de Pellegrino Ar-tusi e ressaltou a importância dos ingre-dientes de qualidade para o sabor final dos pratos.

O debate foi mediado pela analista da Unidade de Acesso à Inovação e Tecno-logia do Sebrae Nacional, Hulda Oliveira. Ela lembrou que o brasileiro precisa va-lorizar mais os produtos nacionais, atitu-de que deve partir do produtor e da ca-deia local, como restaurantes. “O turista quer conhecer a cultura local e que me-lhor forma de fazer isso do que comer. Começando pelo café da manhã, que é sempre igual nos hotéis. Esses tempos,

fui a um evento da indicação geográfica relacionada à produção de melão e, no café da manhã do hotel, tinha tudo, me-nos o melão”, exemplifica.

Produtos locais

Seguindo sabiamente os ensinamentos do gastrônomo Pellegrino Artusi (1820-1911), autor do livro de gastronomia mais lido da Itália “La Scienza in Cucina e L’Arte di Mangiar Bene” (A Ciência na Cozi-nha e a Arte de Comer Bem, em tradu-ção livre), o chef internacional Giuliano Tassinari percorre o mundo para revelar alguns dos segredos da culinária medi-terrânea. A convite dos organizadores da Hortifruti 2015, o chef de cozinha ita-liano passou por Curitiba.

OUTRA ATRAÇÃO DO EVENTO FORAM AS FLORESCULTIVADAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

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A INDICAÇÃO TRAZ REPUTAÇÃO, VALOR AGREGADO E IDENTIDADE PRÓPRIA, QUE OS DISTINGUEM

DOS DEMAIS PRODUTOS

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Conhecido como o “embaixador da cozinha italiana e da Emilia-Romagna no mundo”, Giuliano comandou restaurantes em países como Canadá, China, Índia e Emirados Árabes, além de cozinhar para grandes personalidades como Valentino, Ralph Lauren, Jack Nicholson, Kevin Costner e Naomi Campbell.

Há 41 anos proporcionando prazer por meio da culinária, atualmente, Giuliano é o chef do restaurante Grand Hotel Majestic, o único cinco estrelas em Bolonha, e, em parale-lo, também é instrutor da escola de gastronomia que leva o nome do grande mentor da cozinha italiana – A Casa Artusi.

Priorizando o que há de melhor para garantir a qualidade em seus pratos, Giuliano confessa que ficou muito feliz em participar de um evento como o Hortifruti onde apresentou o melhor da culinária, à maneira italiana. “Cada vez que participo de even-tos como esse, fica ainda mais evidente a minha satisfação e o prazer de trabalhar com produtos certificados, com procedência e indicação geográfica. Eu sou daqueles que faço pratos apenas com os melhores produtos, pois qualquer coisa pode alterar o sabor e comprometer a qualidade”, enfatiza.

Giuliano participou de uma cozinha-show, uma aula aberta para apresentar algumas receitas de origem italiana, preparadas com os produtos produzidos no Brasil.

Ele explica que, com a diversidade de produtos industrializados disponíveis em seu país, é comum a busca por produtos mais naturais, com qualidade e procedência, e que preservam o sabor e as características essenciais do alimento. “A certificação res-guarda o produto tradicional, que mantém as mesmas características de sabor e quali-

dade. Na Itália, quando encontramos um produto certificado, estamos conscien-tes de que é um produto seguro, tradi-cional da região, e que faz a diferença no mercado pela forma como é produzido.”

Para ele, o segredo da culinária medi-terrânea é a qualidade preservada dos alimentos, cujo benefício não é apenas para o mercado ou para o produtor, e, sim, para o próprio brasileiro que vai consumir um produto mais saudável e com segurança.

“Na Itália, quando um bom chef vai pro-duzir um prato em seu restaurante, guarda uma lista de produtos com regis-tro de indicação geográfica e origem de procedência. Com esta lista, ele vai dire-tamente ao produtor e, em seu menu, descreve, não apenas o nome do prato como, também, o ingrediente e o nome do produtor. Isso mostra o respeito com o cliente e a preocupação em trabalhar com produtos que garante a qualidade

da sua comida”, destaca.

A Itália possui, atualmente, 270 produtos com registro de indicação geográfica e denominação de origem. Cerca de 70 produtos dessa lista são produzidos na região da Emilia-Romagna, considerada o tesouro da gastronomia pela abundân-cia de queijos e embutidos produzidos segundo a tradição específica de cada província. Para os produtores brasileiros do setor de agronegócio, segundo Tassi-nari, são muitos os aprendizados possí-veis com o ‘país da bota’.

Por esta razão, o Sebrae/PR mantém parceria com o governo da região de Emilia-Romagna, em diversas ativida-des, como as missões técnicas, en-viando produtores do Brasil à Itália para conhecer as boas práticas de produção dos produtos com registro de indicação geográfica, como o pre-sunto di Parma, o queijo Parmigiano Reggiano e o aceto balsâmico de Mode-

na, o vinho di Lambrusco, da Mortadela di Bologna, entre outros.

“Vejo como uma grande vantagem o fato da produção agrícola do Brasil utilizar uma forma mais natural para produzir. Por outro lado, o Brasil pode se inspirar em nossa tradição de certificação e tute-la dos produtos, a visão da importância de certificar e reconhecer a qualidade. Se o país já está trilhando pela busca da qualidade, está no caminho certo.”

Valorização dos pequenos

A presença do apresentador de tevê e chef de cozinha Edu Guedes também foi destaque durante a Hortifruti 2015. Ele participou de uma cozinha-show, preparando uma receita de brownie de chocolate com alguns ingredientes pa-ranaenses, como o mel de Ortigueira. O apresentador também participou do painel sobre oportunidades de mercado e gastronomia para produ-tos diferenciados.

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A CERTIFICAÇÃO RESGUARDA O PRODUTO TRADICIONAL, QUE MANTÉM AS MESMAS CARACTERÍSTICAS DE SABOR E QUALIDADE

PARA EDU GUEDES, CHEF DE COZINHA E APRESENTADOR, É PRECISO VALORIZAR CADA VEZ MAIS OS PRODUTOS LOCAIS E OS PEQUENOS PRODUTORES

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PRODUTOS PARANAENSES QUE BUSCAM INDICAÇÃO GEOGRÁFICA10

O BARREADO DO LITORAL

O MELADO DE CAPANEMA

OS QUEIJOSDE WITMARSUM

A ERVA-MATE DE SÃO MATEUS DO SUL

OS DERIVADOS DE BANANA DO LITORAL

O MEL DO LAGO DE ITAIPU

A CACHAÇADO LITORAL

A GOIABA DE CARLÓPOLIS

A FARINHA DE MANDIOCA DO LITORAL

Na opinião de Edu Guedes, é preciso valorizar os produtos locais e os pe-quenos produtores. “É possível apren-der muito com os pequenos produ-tores, pois eles fazem cada produto com um cuidado quase artesanal, com uma qualidade incrível. Precisamos ter orgulho do que fazemos e tratar cada produto elaborado como único.” O apresentador também interagiu com os participantes, conversando com cada produtor sobre negócios, dando dicas e contando parte de sua expe-riência profissional como chef de cozi-nha e proprietário de uma franquia de sorvetes artesanais em São Paulo.

Também participaram do painel vá-rios produtores e especialistas, como Luiz Damaso Gusi, da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar), que falou sobre os produtos paranaenses, certificações e registros, rastreabilidade e rotula-gem de alimentos; Luiz Roberto Sal-danha Rodrigues, sócio-proprietário

da Fazenda Califórnia, falando sobre os segredos dos cafés especiais do Norte Pioneiro; Wanclei Said, diretor do Condor Super Center, e Lucia Re-gina Rangel, docente de propriedade intelectual do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

Uma delegação italiana do governo da Emilia-Romagna participou de um workshop internacional da Hortifruti 2015, falando sobre as experiências bem-sucedidas entre o Brasil e a Itá-lia com o Programa Brasil Próximo, com o objetivo de viabilizar projetos de cooperação com foco no desen-volvimento. Segundo Giulio Bevenutti, especialista italiano em certificações e controle de qualidade, “a experiência vivida junto aos produtores de café do Norte Pioneiro, com foco na qualidade da matéria-prima e na valorização do consumidor, foi extremamente impor-tante para que a região paranaense conseguisse o registro de indicação geográfica, o primeiro do Estado”.

AS UVAS DE MARIALVA

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NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

Para o Sebrae/PR, certificações como a indicação geográfica são fundamentais para aumentar a competitividade. Por isso, a entida-de desenvolve hoje projetos para a conquista do reconhecimento junto ao INPI, como demonstrado nesta reportagem. Aglomerados produti-vos interessados em se desenvolver podem buscar informações técnicas no Sebrae/PR sobre como proceder. Procure o Sebrae/PR mais próximo ou acesse o www.sebraepr.com.br.

O Sebrae/PR oferece o Programa Selo Alimentos do Paraná. A ideia é valorizar

o que é produzido pela indústria, agroindústria e distribuidoras de

alimentos e bebidas, priorizando padrões de segurança alimentar e qualidade.

Acesse e conheça essa iniciativa.

http://goo.gl/dM8CBo

As uvas e vinhos Goethe, de Santa Catarina As uvas do Vale do Submédio São Francisco

A cachaça de Abaíra; na Bahia e a de Salinas, de Minas Gerais

Os camarões de Costa Verde, do Ceará

A própolis Vermelha, de Alagoas

Os queijos do Serro e da Canastra, de Minas Gerais

O café da Serra da Mantiqueira, de Minas

Gerais e o café da região do Cerrado Mineiro

Os cajus, do Piauí

O café do Norte Pioneiro,do Paraná

e o café da Alta Mogiana, de São Paulo

Os vinhos de Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Vale dos Vinhedos, do Rio Grande do Sul

CONHEÇA OS PRODUTOS BRASILEIROS EXPOSTOS DURANTE A 1ª MOSTRA DE PRODUTOS COM INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

O arroz do litoral norte gaúcho

Os doces de Pelotas, do Rio Grande do Sul

SAIBA MAIS

PORTAL SEBRAE/PRWWW.SEBRAEPR.COM.BR

ACESSE UTILIZANDO O QR CODE

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REDESIMDESBUROCRATIZAÇÃO

EMPREENDER FICOU MAIS FÁCIL

Empresa Fácil, em operação desde março, desburocratiza processos de

registro empresarial; expectativa é que, até o final de 2015, pelo menos 200 municípios já tenham aderido ao sistema 100% online

Por Patrícia Biazetto

SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

mpresários de aproximada-mente 70 municípios do Pa-raná já vivenciam os benefí-cios do Programa Empresa Fácil, criado com o objetivo

de desburocratizar os processos de re-gistro empresarial. A boa notícia é que, até o final deste ano, 200 das 399 cidades do Estado estarão habilitadas ao Progra-ma, que permite a constituição, abertura de filial, alteração ou extinção de empre-sa diretamente no portal www.empresa-facil.pr.gov.br, que é a única porta de for-malização de empresas no Paraná desde o início de março.

De forma rápida, o processo é acessado na Junta Comercial do Paraná (Jucepar), onde é feita a pesquisa sobre o nome pretendido e o deferimento de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), em convênio com a Receita Fede-ral. Nos municípios já habilitados, as in-formações chegam simultaneamente às prefeituras, que realizam uma análise da viabilidade do local, sem a necessidade de os interessados deslocarem-se de um lado para outro, como costumeiramente se exigia.

A nova plataforma integra os principais órgãos envolvidos em processos de abertura e baixa de empresas, como pre-feituras, Jucepar, Corpo de Bombeiros, Vi-gilância Sanitária, Secretaria Estadual de Fazenda e Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Dessa forma, o empreendedor pre-cisa enviar toda a documentação neces-sária uma única vez.

A maioria dos negócios, de baixo risco - quando não há ameaças à segurança pessoal, pode ser aberta com maior ra-pidez, sem necessidade de vistoria prévia

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AS PREFEITURAS PASSAM A OBTER INFORMAÇÕES DE EMPRESAS QUE FORAM ABERTAS, DAQUELAS QUE MUDARAM DE ENDEREÇO E SEUS RAMOS DE ATIVIDADE

ARDISSON AKEL, PRESIDENTE DA JUNTA COMERCIAL, ESTÁ OTIMISTA COM OS BENEFÍCIOS DO NOVO SISTEMA

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dos Bombeiros e da Vigilância Sanitária. Já as empresas que apresentam alto ris-co, continuam seguindo o procedimento atual – de vistorias por parte de órgãos responsáveis antes da concessão do al-vará. Porém, a abertura também é exclu-siva pelo sistema online.

Segundo o presidente da Jucepar, Ardis-son Akel, o Programa - que tem como gestor a Junta Comercial e parceiros o Sebrae/PR e a Associação dos Municípios do Paraná (AMP) - tem resultados positi-vos desde a sua implantação, no final de 2014. “Estamos focados na integração com as prefeituras do Estado, sendo que 142 estão no processo de adesão e 67 já estão integradas”, comemorava no dia em que concedia a entrevista, ao lembrar que Guarapuava, no centro do Paraná, foi o primeiro município a se habilitar ao Empresa Fácil, parte integrante da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim).

Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, Toledo, Pato Branco, Francisco Beltrão, São José dos Pinhais e Araucária, também são exemplos de cidades onde o Programa está em operação plena. Em Londrina, na região norte do Estado, a previsão é que integração seja finalizada em breve. Já na Capital, conforme explica Ardisson Akel, o trabalho de sensibiliza-ção para a integração ao Empresa Fácil também já está sendo realizado.

O coordenador estadual de Políticas Públicas do Sebrae/PR, Luiz Marcelo Pa-dilha, explica que o processo de habilita-ção ao Programa é bastante dinâmico, o que permite que novos municípios sejam inseridos diariamente. “Cada município

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COORDENADOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS DO SEBRAE/PR, LUIZ MARCELO PADILHADIZ QUE EQUIPE PREPARADA GARANTE INTEGRAÇÃO

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NO QUE O SEBRAE/PR PODE AJUDAR

O Sebrae/PR, parceiro dos pe-quenos negócios, explica passo

a passo o processo de formaliza-ção e abertura de uma micro e

pequena empresa. A entidade vai além, dispõe de programas como o Começar Bem, para auxiliar os

empreendedores a começar seus negócios com o ‘pé direito’, munidos

de informação, planejamento e análise de mercado. Acesse agora o www.sebraepr.com.br e saiba como

o Sebrae/PR pode ajudar.

A página www.empresafacil.pr.gov.br apresenta, de forma didática, o procedimento para a abertura de empresas. Uma vez iniciado o

processo, o empreendedor recebe um número de protocolo e pode

acompanhar pela internet o andamento da solicitação. O presidente da Jucepar destaca que, mesmo que o município

não esteja homologado na rede, o interessado pode utilizar o portal.

www.empresafacil.pr.gov.br

O EMPRESÁRIO TAMBÉM SAI GANHANDO COM O NOVO SISTEMA E TEM ECONOMIA DE TEMPO E DINHEIRO, JÁ QUE A ABERTURA DA EMPRESA É FEITA 100% DE FORMA ONLINE

apresenta uma complexidade para reali-zar a mudança, mas contamos com uma equipe preparada para realizar o proce-dimento de integração dos sistemas exis-tentes”, expõe.

A expectativa, projeta Padilha, é que o tempo médio de abertura de uma em-presa no Paraná seja de até três dias, ou seja, dois dias a mais do que na Nova Zelândia, país onde é mais fácil abrir um negócio dentre 189 economias estuda-das pelo Banco Mundial (Bird), conforme aponta o relatório Doing Business 2014 (Fazendo Negócios, em português).

No Brasil, são necessários 107,5 dias para criar uma empresa, o que coloca o País na 123ª posição do ranking. Além disso, é preciso quatro anos para resolver casos de insolvência (quando a empresa encer-ra as atividades com dívida) e há 14 pro-cedimentos para registrar uma proprie-dade num prazo de 30 dias.

“Quanto maior for o tempo para abrir uma empresa, maior é o período que um município fica sem gerar riquezas. Em muitas situações, o empresário já está pagando a locação do imóvel, já fez a aquisição de máquinas e equipamentos e deixa de registrar a entrada de receitas

porque o processo de abertura é buro-crático. Além disso, em algumas situa-ções, o empresário só descobre as ade-quações que são necessárias para a sua empresa ao longo do processo”, pontua, ao lembrar que por meio do Programa Empresa Fácil o empresário pode se pre-parar com antecedência.

Vantagens

Em todas as cidades do interior do Para-ná quem emite o CNPJ é a Jucepar. Para o presidente da entidade, Ardisson Akel, o Programa Empresa Fácil tem gerado uma série de vantagens para os envolvidos no processo de abertura de empresas. As prefeituras, por exemplo, passaram a obter todas as informações de empresas que foram abertas, daquelas que muda-ram de endereço e o ramo de atividade das mesmas, o que permite o melhor acompanhamento da atividade econômi-ca da cidade.

O empresário também sai ganhando com a novidade, tem economia de tem-po e dinheiro, já que a abertura da em-presa é feita 100% de forma online. “Es-tamos trabalhando na implantação do Programa sem parar um dia sequer com os serviços da Junta Comercial. Estamos

empenhados no processo e pedimos a colaboração de todos que utilizam o por-tal para que nos relatem eventuais pro-blemas”, sugere Ardisson Akel.

Redesim

A Redesim - Rede Nacional para a Simpli-ficação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios foi criada pela Lei nº 11.598/07 para permitir que o cidadão abra ou regularize o seu negócio de for-ma simplificada e sem burocracia.

Na prática, conforme informa o Portal Empresa Fácil Paraná, significa dizer que os órgãos responsáveis pelo registro e legalização de empresas atuarão de for-ma integrada, permitindo a realização de todo o processo por meio de entrada úni-ca de dados, inclusive via internet.

A Redesim é administrada pelo Subcomi-tê Estadual constituído por órgãos repre-sentativos dos municípios, do Estado e da sociedade em geral.

Melhorias

Com o objetivo de orientar empresários, contadores e servidores públicos sobre o novo sistema de abertura, alteração e baixa de empresas no Paraná, o Sebrae/

PR e a Jucepar realizam com frequência seminários em diversas cidades do Es-tado. E quem está utilizando o portal já aponta as vantagens. Para o contador Paulo César Pereira Silva, que atua no mercado há 29 anos, o Programa facilitou o dia a dia das atividades em Umuarama. “Para o empresário que tem urgência na abertura da empresa foi muito benéfica a implantação, pois conseguimos dar mais agilidade ao trâmite”, assinala.

Luana Thaíse Costa também é contado-ra, em Toledo, no oeste do Paraná, já co-meçou em março a usar o sistema. Para ela, uma economia de tempo ao usuário e agilidade, também, ao empresário. “An-tes de se tornar obrigatório, tratamos de conhecer o Empresa Fácil na prática. Fiz constituições de empresas e percebi que, depois que você se acostuma com o processo, tornar-se simples e eficiente, uma vez que integra informações. Com isso, ‘economizamos’ nas idas e vindas à Receita Federal, Junta Comercial e Prefei-tura. De dois a cinco dias, o empresário está com a empresa aberta”, destaca. (Colaborou nesta reportagem a jornalista Juliana Dotto)

O EMPRESA FÁCIL PERMITE A CONSTITUIÇÃO, ABERTURA DE FILIAL, ALTERAÇÃO OU EXTINÇÃO

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A FORÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS PARA ENFRENTAR A CRISE

ARTIGO

mpreendedor que é em-preendedor não desiste. Nem mesmo nos momen-tos mais delicados, quan-do a economia emite si-nais de que o crescimento

das riquezas será menor que o espe-rado e o cenário caminha pela incerte-za. Os que leem à primeira vista diriam que não poderia ser diferente já que empreender é, por natureza, uma ati-vidade de risco.

No entanto, não podemos esquecer que o empreendedorismo praticado no País vem acompanhado de um ingrediente poderoso, que é a capa-cidade de superar e se superar, uma força capaz de abstrair as adversi-dades e de, sempre, empurrar para frente. Não tenho dúvida que essa marca registrada do empreendedor brasileiro será a resposta ao momen-to em que vivemos.

Começamos 2015 em alerta, caminha-mos para o seu desfecho com muitos desafios a vencer, mas os pequenos negócios resistem com bravura à es-cassez. A arrecadação do Simples Nacional [sistema de tributação das micro e pequenas empresas] cresceu 6,73% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2014, segundo dados da Secretaria da Micro e Pequena Empre-sa e do Sebrae. A criação de empregos nas micro e pequenas empresas tam-bém cresceu no País, com a abertura de 116,5 mil vagas de janeiro a maio.

O Sebrae se põe ao lado dos empreen-dedores. Sobretudo nesse momento, quando é necessário refletir e ter atitu-de empreendedora para encontrar so-

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SOLUÇÕES | SEBRAE/PR

luções adequadas aos problemas que se colocam. Parceiro dos pequenos ne-gócios, o Sebrae oferece conhecimento para quem já tem empresa e também para quem quer ser empresário.

Apoio técnico que se traduz em rela-tos de superação, de empreendedores que buscaram ajuda no Sebrae e viram na crise uma oportunidade, momento de planejar mais um pouco, de inovar sem gastar muito, de acreditar que uma boa gestão aumenta a produtivi-dade, de melhorar o seu relacionamen-to e buscar novos clientes, de ampliar a rede de parceiros, de buscar novos for-necedores, de olhar para novos merca-dos e de repensar seu negócio.

Comportamento que se espera não apenas nas horas difíceis, mas no dia a dia dos negócios. Essa não é a pri-meira e nem será a última crise eco-nômica pela qual passamos. E é nesse contexto que o Sebrae lança o Movi-mento Compre do Pequeno Negócio, uma ação estratégica que busca valo-rizar as micro e pequenas empresas. A intenção é estimular a compra de produtos e serviços dos pequenos negócios, fazendo que a movimenta-ção econômica fique nos bairros e nos municípios onde estão os microem-preendedores individuais e as micro e pequenas empresas. Uma ideia que vai pegar no Brasil, com a mobilização de parceiros, de empresários e de toda a sociedade.

Façamos bem a nossa parte. Com esta convicção, acredito que mais uma vez os pequenos negócios se mostrarão como a melhor alternativa para o de-senvolvimento do País. Aproveitemos, então, o “lado bom” da crise.

Vitor Roberto Tioqueta é diretor-

-superintendente do Sebrae/PR.

Formado em Ciências Contábeis,

tem pós-graduação em Direção

de Empresas, pela PUC-PR, e MBA

em Desenvolvimento de Ambien-

tes Empresariais, pela Universida-

de Positivo. Participou dos cursos

Gerenciamento de Empresas Glo-

bais, pela Universidade do Texas,

nos Estados Unidos; Programa de

Gestão Estratégica para Dirigen-

tes Empresariais, pela INSEAD,

escola de negócios, na França;

Programa de Estratégia e Inova-

ção em Negócios, pela Universi-

dade da Pensilvânia, também nos

Estados Unidos; e Programa In-

ternacional de Desenvolvimento

de Lideranças do Sistema Sebrae,

pela Università Cattolica Del Sa-

cro Cuore, em Milão, na Itália. É

funcionário do Sebrae/PR há 27

anos. Antes de assumir a Superin-

tendência da entidade, foi diretor

de Administração e Finanças.

Por Vitor Roberto Tioqueta

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Escritório - ParanavaíRua Souza Naves, 935Jardim São Cristóvão - CEP: 87.702-220Fone: (44) 3423-2865 Fax: (44) 3423-2865

Escritório - UmuaramaRua Floraí , 4.295Bairro Zona I - CEP: 87.501-290Fone: (44) 3622-7028 Fax: (44) 3622-7065

REGIONAL NORTE

Sede - LondrinaAvenida Santos Dumont, 1.335Bairro Aeroporto - CEP: 86.039-090Fone: (43) 3373-8000Fax: (43) 3373-8005

Escritório - ApucaranaAvenida Irati, 602 - Bairro CentroCEP: CEP: 86.800-220Fone: (43) 3422-4439Fax: (43) 3422-4439

Escritório - ArapongasRua Garças, 850CEP: 86.700-285Fone: (43) 3252-7392Fax: (43) 3252-7392

Escritório - IvaiporãAvenida Minas Gerais, 530Bairro Centro - CEP: 86.870-000Fone: (43) 3472-1307Fax: (43) 3472-1307

Escritório - JacarezinhoRua Coronel Figueiredo, 749 Bairro Centro - CEP: 86.400-000Fone (43) 3527-1221Fax: (43) 3527-1221

REGIONAL SUDOESTE

Sede - Pato BrancoAvenida Tupi, 333Bairro Bortot - CEP: 85.504-000 Fone: (46) 3220-1250Fax: (46) 3220-1251

Escritório - Francisco BeltrãoRua São Paulo, 1.212 - Sala 1 Bairro Centro - CEP: 85.601-010Fone (46) 3524-6222Fax: (46) 3524-5779

AS REGIONAIS DO SEBRAE/PR E SEUS ESCRITÓRIOS

REGIONAL CENTRO

Sede - Ponta GrossaRua Dr. Lauro Cunha Fortes, 450Bairro Uvaranas - CEP: 84.025-002Fone: (42) 3225-1229Fax: (42) 3225-1229

Escritório - GuarapuavaRua Arlindo Ribeiro, 892Bairro Centro - CEP: 85.010-070Fone: (42) 3623-6720 Fax: (42) 3623-6720

REGIONAL LESTE

Sede - CuritibaRua Caeté, 150Bairro Prado Velho - CEP: 80.220-300Fone: (41) 3330-5800Fax: (41) 3330-5768/3332-1143

Escritório - ParanaguáAvenida Gabriel de Lara, 1.404Bairro Leblon - CEP: 83.203-550Fone: (41) 3425-1010Fax: (41) 3425-1010

REGIONAL OESTE

Sede - CascavelAvenida Presidente Tancredo Neves, 1.262Bairro Alto Alegre - CEP: 85.805-003Fone: (45) 3321-7050Fax: (45) 3226-1212

Escritório - Foz do IguaçuRua das Guianas, 151Bairro Jardim América - CEP: 85.864-470Fone: (45) 3522-3312Fax: (45) 3573-6510

Escritório - ToledoAvenida Parigot de Souza, 2.339Bairro Centro - CEP: 85.905-380Fone: (45) 3252-0631 Fax: (45) 3252-6175

REGIONAL NOROESTE

Sede - MaringáAvenida Bento Munhoz da Rocha Neto, 1.116Bairro Zona 7 - CEP: 87.030-010Fone: (44) 3220-3474 Fax: (44) 3220-3402

Escritório - Campo MourãoRua Santa Cruz, 1.085Bairro Jardim Florida - CEP: 87.300-440Fone: (44) 3523-2500Fax: (44) 3523-2500