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10 - ANALGÉSICOS
DOR
A dor não é uma doença, apenas um sintoma comum a muitas doenças;
“Experiência sensorial e emocional desagradável com lesão tecidual, efectiva ou potencial, ou descrita em termos de tal lesão” (International Association for the Study of Pain).
NEURÓNIOS AFERENTES NOCICEPTIVOS Neurónios aferentes nociceptivos (activados por estímulos nociceptivos); Mecanismos centrais pelos quais a aferência gera a sensação de dor. Terminações dos nervos periféricos são activadas por diversos estímulos (mecânicos,
térmicos, químicos); Activados somente por estímulos de intensidade nociceptiva; Lesão tecidual – causa imediata de dor, resulta na libertação local de substâncias
químicas que actuam nas terminações nervosas.
DOR Nocicepção; Percepção; Sofrimento; Comportamento.
PROCESSO DA DOR
Libertação de neurotransmissores (algésicos); Condução para o SNC; Activação dos núcleos corticais e subcorticais, assim como muitos outros pontos do SNC; Activação de outros neurónios – influência moduladora. Limiares da dor (percepção e tolerância); Dor aguda; Dor crónica
Hiperalgesia (aumento da intensidade da dor associada a um estímulo nocivo leve);
Alodinia (dor provocada por estímulo não nocivo);
Dor espontânea (sem qualquer estímulo).
DOR NEUROPÁTICA
Doença neurológica que afecta a via sensitiva pode produzir dor crónica intensa; Não se relaciona com lesão do tecido periférico;
Distúrbios do SNC (AVC, esclerose múltipla) ou lesões de nervos periféricos (traumas mecânicos, neuropatia diabética, infecção por herpes);
Actividade espontânea dos neurónios sensitivos lesados; Sensibilidade à noradrenalina; Dor mediada pelo simpático; Potenciais novos alvos farmacológicos em estudo.
ANTINOCICEPÇÃO
Opióides endógenos (encefalinas, endorfinas e dinorfinas); Receptores específicos (sedação/euforia, analgesia, dependência, tolerância, depressão
respiratória, hipotermia, bradicardia, miose, …); Mecanismo:
Depressão do sistema nociceptivo; Estimulação do sistema antinociceptivo.
DOR – TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Analgésico ideal Potente; Efeitos adversos mínimos; Acção rápida; Boa duração de acção; Causar analgesia e permite ao paciente permanecer consciente e interventivo; Relativamente barato; Não causar tolerância ou dependência. Analgésicos centrais (opiáceos - agonistas totais e parciais, canabinóides, agonistas α2);
Analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios não esteróides (AINEs); Antigotosos.
Controlo da dor
Alívio da intensidade da dor e da duração do episódio de dor;
Prevenção da conversão de dor persistente em dor crónica;
Prevenção de sofrimento e incapacidade associados à dor;
Prevenção das consequências psicológicas e socioeconómicas associadas ao controlo inadequado da dor;
Controlo dos efeitos adversos associados ao controlo da dor;
Optimização da capacidade do indivíduo em realizar as actividades do quotidiano.
A N A LG É SI CO S
ANA LGÉ SICO S OP I Ó I D E S
Opiáceos Opióides Narcóticos Analgésicos hipnoindutores
OPIÓIDES
Opiáceos (morfina e análogos)
Agonistas (morfina, diamorfina ou heroína, codeína);
Agonistas parciais (nalorfina e levalorfano);
Antagonistas (naloxona);
Derivados sintéticos
Série da fenilpiperidina (petidina, fentanil);
Série da metadona (metadona, dextropropoxifeno);
Série do benzomorfano (pentazocina, ciclazocina);
Derivados semi-sintéticos da tebaína (etorfina, buprenorfina);
Ligandos endógenos (encefalinas, endorfinas e dinorfinas).OPIÓIDE S - CLA SSI FI C A Ç Ã O
Tipo de interacção Fármaco – Receptor;
Potência;
Uso terapêutico;
Farmacocinética.
OPIÓIDES – CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA
Derivados das 4-fenilpiperidinas
Estrutura hexacíclica: oripavinas (buprenorfina, nalbufina); Estrutura pentacíclica (morfina, codeína, heroína, oximorfona); Estrutura tetracíclica: morfinanos (levorfanol, dextrometorfano, butorfanol); Estrutura bicíclica (meperidina, fenoperidina, difenoxilato, loperamida);
Derivados da 3,3-difenilpropilamina (metadona, dextropropoxifeno);
Derivados da 1,2- e da 1,3-diaminas (fentanil, alfentanil, carfentanil, sufentanil, lofentanil, remifentanil);
Outros agonistas opiáceos: tramadol.
Me cani smo de acção
Estimulação dos receptores opiáceos centrais, não produzindo necessariamente perda de consciência;
Receptores µ, δ e κ; Receptor NOP (nociceptin/orphanin FQ receptor).
RECEPTOR OPIÓIDE
Receptores µ - responsáveis pela maioria dos efeitos analgésicos e efeitos adversos importantes (depressão respiratória, euforia, sedação e dependência);
Receptores δ – mais importantes na periferia, mas também podem contribuir para analgesia;
Receptores κ – analgesia a nível espinal e podem desencadear sedação e disforia; têm menos efeitos adversos e não contribuem para a dependência;
Receptores associados a proteína G.
Agonistas Opioides
Analgésicos Antitússicos Antidiarreicos
Morfina Codeína Propoxifeno
Heroína Difenoxilato Loperamida
Metadona
Petidina
Fentanil
POTÊNCIA DOS OPIÓIDES
Fortes Moderados/Fracos
Morfina Codeína
Heroína Propoxifeno
Metadona Difenoxilato
Fentanil Loperamida
Meperidina
AGONISTAS PARCIAIS
Buprenorfina;
Dezocina;
Nalbufina;
Pentazocina;
Nalorfina;
Levalorfano;
Diprenorfina;
Ciclazocina.
ANTAGONISTAS OPIÓIDES
Naloxona;
Naltrexona;
Nalmefeno;
Efeitos adversos: depressão mental, apatia, náuseas e vómitos.
OPIÓIDES - FARMACOCINÉTICA
Biodisponibilidade; Efeito de primeira passagem; Capacidade de atravessar a BHE; Janela/Margem terapêutica.
OPIÓIDES - INDICAÇÕES
Alívio da dor aguda ou crónica, da dor associada a traumatismo grave, pós- operatório, cólica renal ou biliar, enfarte do miocárdio, dor oncológica;
Sedação pré-operatória e anestesia suplementar;
Edema agudo do pulmão (pequenas doses para reduzir a ansiedade e produzir efeitos cardiovasculares positivos).
OPIÓIDES – EFEITOS A G U D O S
Analgesia; Sedação, euforia ou disforia; Depressão respiratória; Supressão da tosse; Náuseas e vómitos; Inibição da motilidade intestinal; Retenção urinária; Miose; Outros (rubefacção, sudação, prurido…).
OPIÓIDES – EFEITOS DA MORFINA
Analgesia (efeito máximo 30 a 60 minutos após a administração IM ou SC; 20min IV ou epidural; 90 a 120 min após administração oral); Euforia e sedação; Depressão respiratória; Inibição da tosse; Miose; Náuseas e vómitos; Inibição da motilidade intestinal; Libertação de histamina (broncoconstrição e hipotensão); Efeito depressor no coração; Ataxia; Dependência.
OPIÓIDES – EFEITOS ADVERSOS/TÓXICOS
Agitação, tremor e hiperactividade (caso de disforia); Depressão respiratória; Náuseas e vómitos; Aumento da pressão intracraniana; Hipotensão postural; Obstipação; Retenção urinária; Prurido.
OPIÓIDES - DEPENDÊNCIA
Psicológica;
Fisiológica ou física
Síndroma de abstinência:
Euforia/sedação, dor; o Rinorreia, Lacrimejo; o Arrepios, piloerecção; o Dores musculares; Diarreia; Ansiedade, hostilidade; Dilatação da pupila.
OPIÓIDES - TOLERÂNCIA
Elevada Moderada Mínima
Analgesia Bradicardia Miose
Euforia, disforia Obstipação
Efeitos mentais Convulsões
Sedação Acções antagonistas
Depressão respiratória
Anti-diurese
Náuseas e vómitos Supressão da tosse
OPIÓIDES - INTERACÇÕES
Depressores do SNC
Anestésicos gerais; Fenotiazinas; Ansiolíticos; Sedativos e hipnóticos; Antidepressivos tricíclicos; Anti-histamínicos; Álcool.
OPIÓIDES – CONTRA-INDICAÇÕES
Utilização de agonistas/antagonistas mistos com agonistas puros (diminuição da analgesia ou precipitação de síndrome de abstinência);
Pacientes com insuficiência hepática, renal ou pulmonar; Pacientes com lesão cranioencefálica (retenção de CO2 pela depressão respiratória
resulta em vasodilatação cerebral); Grávidas (dependência e síndrome de abstinência no recém- nascido); Pacientes com doenças endócrinas (podem ter respostas exageradas); Pacientes com história de abuso de drogas ou doenças afectivas.
OPIÓIDES
Tramadol (PO, IM, rectal; Tramal®
, Travex®
) Dor moderada a grave; ADR: crises epilépticas, tonturas, hipotensão/hipertensão, anafilaxia, alucinações,
confusão, algumas típicas de opiáceos; Contra-indicado em doentes com propensão a crises epilépticas; Interacções com fármacos que reduzem o limiar para desencadear crises epilépticas;
Tramadol + paracetamol (Zaldiar®
);
Hidromorfona (Jurnista®
) Dor intensa.
Fentanil (Durogesic®
, Actiq®
)
Dor crónica grave; Para os dispositivos transdérmicos, as reacções adversas e interacções podem observar-
se mesmo após remoção do dispositivo;
Buprenorfina (Transtec®
)
Dor pós-operatória moderada a grave, dor oncológica, nevralgia do trigémeo, dor traumática e da cólica renal;
Usado com precaução em doentes com história de utilização de opiáceos, função respiratória comprometida, hipotiroidismo, mixedema, doença de Addison, insuficiência renal ou hepática grave, doentes debilitados ou com lesões do SNC;
Dispositivos transdérmicos – reacções adversas e interacções podem observar-se após remoção do dispositivo;
Interacções: potenciação do efeito do álcool, benzodiazepinas e outros depressores, pode causar colapso respiratório ou cardiovascular se tomado concomitantemente com diazepam.
Buprenorfina (Subutex®
)
Tratamento de substituição da dependência de opiáceos, no contexto multidisciplinar de um tratamento médico, social e psicológico;
ADR: Muito frequentes: síndrome de abstinência, cefaleias, insónia, obstipação e náuseas; Frequentes: infecção, efema, nervosismo, depressão, redução da líbido, perturbação
do raciocínio, lacrimejo, ambliopia, vasodilatação, hipertensão, enxaquea, rinite, faringite, tosse, alterações hepáticas, urinárias e gastrintestinais, afecções cutâneas, hipotensão ortostática;
Contra-indicações e precauções – hipersensibilidade, insuficiência respiratória grave, insuficiência hepática grave, alcoolismo agudo ou delirium tremens, intolerância à galactose, deficiência de lactase, pode precipitar abstinência, pode ocorrer morte por depressão respiratória, gravidez e aleitamento;
Realização de provas basais da função hepática; Registo do estado da hepatite antes de iniciar a terapêutica; Doentes positivos para hepatite viral e/ou disfunção hepática devem ser monitorizados; Interacções: álcool, IMAO, benzodiazepinas, outros depressores ou derivados de opiáceos,
alguns antidepressores, antagonistas dos receptores H1 sedativos, neurolépticos, clonidina e substâncias relacionadas, inibidores da CYP3A4;
Buprenorfina + Naloxona (Suboxone®
).
Fármaco Uso(s) Via(s) de admin.
Farmacocin.
Ef. adv. Obs.
Morfina Dor crónica ou aguda
Oral
Intratecal
Injecção
T1/2 3-4h
Metabolito activo
Prurido Depressão respiratória ObstipaçãoNáuseas e vómitosTolerância e dependência Euforia
Tolerância e síndrome de abstinência são comuns quando usada para analgesia Sedação
Diamorfina Dor crónica ou aguda
Oral
Parenteral
Acção mais rápida que a morfina Metabolizado a morfina
= morfina Heroína
Hidromorfona
Dor aguda ou crónica
Oral
Parenteral
T1/2 2-4-h
Sem metabolitos
activos
= morfina, mas menos sedativa
Levorfanol é semelhante, com maior duração de acção
Fármac. Uso(s) Via(s) de admin Farmacocin. Ef. Adv Obs.
Metadona Dor crónicaManutenção de dependentes
OralParenteral
T1/2 longo
(>24h)Início de
acção lento
= morfina Pode ocorrer acumulação (devdio ao T1/2 longo) Pouco efeito eufórico
Recuperação lenta resulta em síndrome de abstinência atenuada
Petidina Dor aguda Oral
IM
T1/2 2-4h
Metabolito activo pode ser responsável pelos efeitos estimulantes
= morfina Efeitos anticolinérgicos Risco de excitação e convulsões
Conhecida como meperidina Interage com inibidores da MAO
Buprenorfina Dor aguda ou crónica
Sublingual Intratecal Transdérmica
T1/2 12h
Início lento Oralmente inactiva (efeito
primira passagem)
= morfina, mas efeitos menos pronunciados Depressão respiratória não revertida pela naloxona
Útil na dor crónica
Fármaco Uso(s) Via(s) de admin.
Farmacocin. Ef. Adv. Obs.
Pentazocina Principalmente dor aguda
OralParenteral
T1/2 2-4h Efeitos psicomiméticos (disforia)
Irritação no local de injecçãoPode precipitar síndrome de abstinência da morfina
Nalbufina é semelhante
Fentanil Dor aguda Anestesia
Epidérmica
Transdérmica
T1/2 1-2h = morfina Alta potência permite administração transdérmica Sufentanil é semelhante mas com início de acção e recuperação mais rápido
Codeína Dor moderada
Oral Pró-fármaco Metabolizada em morfina e outros opióides activos
Principalmente obstipação
Não provoca dependência
Eficaz somente na dor moderada Também usada para suprimir a tosse Diidrocodeína é semelhante
Dextropropoxifeno
Dor moderada Principalmente
oral
T1/2 4hMetabolitoactivo com T1/2
24h
DepressaorespiratoriaPode causarconvulsoes(possivelmentepor accao dometabolito
activo)
Semelhante acodeinaNao e mais
indicado
Tramadol Dor aguda(principalmenteposoperatoria) e cronica
Oral
IV
T 4-6h
Bem absorvido
TonturasPode causarconvulsoesSem depressao
respiratoria
Metabolito datrazodona(antidepressivo)Mecanismo deaccao incertoAgonista fraco nosreceptores opioidesTambem inibe arecaptacao denoradrenalina
Outros Analgésicos Centrais e Analgésicos Periféricos – AINEs, Aspirina, Paracetamol, outros
ÁCIDO ACETILSALICÍLICO – EFEITOS FARMACOLOGICOS
Ácido acetilsalicílico (Aspirina®
, Migaspirina®
, AAS®
, Toldex®
); Efeito analgésico, antipirético e anti-inflamatório; Efeitos na coagulação do sangue:
o Inibição plaquetária;o Redução dos níveis de protrombina;
Cancro do cólon e recto; Doença de Alzheimer.
INDICAÇÕES
Alivio sintomático do desconforto, dor, inflamação ou febre, associados a infecções bacterianas, víricas, cefaleias, dores musculares e artrite reumatóide.
Redução do risco de acidentes isquémicos transitórios.
FARMACOCINÉTICA
Absorção: oral, rectal, parentérica; Distribuição: irregular, penetrando pouco nas células; atravessa a barreira
hematoencefálica e placentária; Metabolização: é hidrolisada a salicilato por esterases do plasma e fígado; depois sofre
metabolização hepática; Excreção: renal.
EFEITOS ADVERSOS
Doses terapêuticas: irritação e hemorragia gástrica, broncospasmo; Salicilismo (tinido, vertigem, diminuição da audição, náuseas e vómitos); Desenvolvimento de Síndroma de Reye; Envenenamento – alterações metabólicas:
o Alteração do equilíbrio ácido-base;o Alteração do equilíbrio electrolítico;o Distúrbio da hemostasia;o SNC: excitação, depressão respiratória, coma.
INTERACÇÕES
Varfarina (↑ dos efeitos); Hipoglicemiantes orais (↑ dos efeitos); Fenitoína e valproato (↑ dos sinais de toxicidade: nistagmo, sedação, letargia); Corticosteróides (↑ do risco de ulceração gastrointestinal); Agentes uricosúricos (probenecida, sulfinpirazona); Anti-ácidos – aumentam excreção urinária; Anticoagulantes – aumento do risco de hemorragia; Metotrexato – redução da sua excreção; Diuréticos – antagonismo.
CONTRA - INDICAÇÕES
Sensibilidade ao princípio activo; Último trimestre de gravidez; Dispepsias e úlcera péptica; Lesão da mucosa gástrica; Hemofilia; Uso de anticoagulante; Suspeita de dengue; Insuficiência renal ou hepática, desidratação, asma; Crianças com menos de 12 anos e aleitamento – síndrome de Reye.
ÁCIDO ACETILSALICÍLICO
Ácido acetilsalicílico + Ácido ascórbico (AAS 150®
, AspirinaC®
);
Ácido acetilsalicílico + Ácido ascórbico + cafeína (Cortigripe®
);
Ácido acetilsalicílico + cafeína (Melhoral®
);
Ácido acetilsalicílico + codeína + cafeína (Dolviran®
)
Ácido acetilsalicílico + Ácido ascórbico + paracetamol (Afebryl®
)
Acetilsalicilato de Lisina (Aspegic®
, Lisaspin®
).
PARACETAMOL
Acetaminofeno (Bem-U-Ron®
, Panasorbe®
, Dafalgan®
); Analgésico e antipirético; COX-3;
Bom substituto para doentes que não possam fazer terapêutica com produtos contendo ácido acetilsalicílico/salicilatos.
FARMACOCINÉTICA
Absorção – oral; Concentrações plasmáticas máximas em 30-60 minutos; Metabolização – hepática (glucuronidação/sulfonação); T1/2 de 2 – 4 horas até 4 – 8 horas.
EFEITOS ADVERSOS
Reacções cutâneas alérgicas e risco de lesão renal;Hepatotoxicidade grave;Toxicidade renal;Lavagem gástrica e carvão activado;Acetilcisteína (I.V.) ou metionina (oral).
CONTRA - INDICAÇÕES E INTERACÇÕES
Contra-indicações
Insuficiência hepática ou renal;
Dependência de álcool;
Interacções
Anticoagulantes – efeito aumentado;
Domperidona e metoclopramida – aumentam a absorção de paracetamol.
PARACETAMOL – ASSOCIAÇÕES
Paracetamol + Ácido ascórbico (Paramolan C®
);
Paracetamol + Bromofeniramina + Cafeína + Ácido ascórbico (Ilvico N®
);
Paracetamol + Cafeína (Almigripe®
);
Paracetamol + Clorofenamina + Fenilefrina (Griponal®
);
Paracetamol + Codeína (Dol-U-Ron Forte®
);
Paracetamol + Mepiramina + Cafeína (Antigrippine®
);
Paracetamol + Propifenazona + Cafeína (Saridon N®
);
Paracetamol + Pseudoefedrina (Sinutab II®
);
Clorofeniramina + Paracetamol (Cêgripe®
);
Dextropropoxifeno + Paracetamol (Algifene®
).
OUTROS ANALGÉSICOS
Clonixina (Clonix®
)
Dor ligeira a moderada; ADR: enfartamento, pirose, náuseas, vómitos, sonolência; Contra-indicações e precauções: alterações da função renal, úlcera péptica activa,
gravidez e aleitamento;
Flupirtina (Metanor®
)
Dor ligeira a moderada; ADR: sedação, tonturas, náuseas, epigastralgias, sudação, xerostomia, prurido,
alterações da visão; Contra-indicações e precauções: disfunção hepática, miastenia gravis; Interacções: paracetamol.
Metamizol magnésico (Nolotil®
)
Dor moderada a grave; ADR: agranulocitose, leucopenia, trombocitopenia, reacções de hipersensibilidade com
choque, síndrome de Stevens-Johnson e síndrome de Lyell, alterações renais com oligúria ou anúria, proteinúria e nefrite intersticial;
Contra-indicações e precauções: asma, porfiria, deficiência em desidrogenase do fosfato de glicose-6 (G-6-PD);
Interacções: anticoagulantes, álcool;
Gabapentina, Pregabalina.
ANA LGÉ SICO S P E RI FÉ RI CO S
Analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios não esteróides (AINEs)
ACÇÕES FARMACOLÓGICAS
Efeito anti-inflamatório; Efeito analgésico; Araquidonato ciclooxigenase Efeito antipirético.
EFEITOS A D V E R S O S
Irritação gástrica (desde o desconforto até úlcera); Efeito sobre fluxo sanguíneo renal (comprometido); Inibição da função plaquetária; Aumento da probabilidade de eventos trombóticos (por inibição da síntese de
prostaglandinas).
CICLOOXIGENASE (COX)
Fosfolípidos das membranas celulares
Ácido araquidónico
COX-1 (constitutiva)-Estômago-Rim-Plaquetas-Endotélio
COX-2 (indutível)-Inflamação (macrófagos,
sinovócitos)
COX - ESPECIFICIDADE
Grupo Descrição Proporção de Exemplos selectividade
Exemplos
I Altamente selectivos para COX-1 100-1000 Cetorolac
II Muito selectivos para COX-1 10-100 Flurbiprofeno
III Pouco selectivos para COX-1 1-10 Indometacina, aspirina, naproxeno, ibuprofeno
IVa Não selectivos, inibição completa de ambas
1 Fenoprofeno
IVb Não selectivos, inibição incompleta de ambas
1 Salicilatos
V Pouco selectivos para COX-2 1-10 Diflunisal, piroxicam, meclofenamato, sulindac, diclofenac, celecoxib
VI Muito selectivos para COX-2 10-100 Valdecoxib, etoricoxib
VII Altamente selectivos para COX-2 100-1000 Rofecoxib
EFEITO ANTIPIRÉTICO
“Termóstato” no hipotálamo; Febre – distúrbio no “termóstato”; AINEs; Inibição da produção de prostaglandinas no hipotálamo; COX-2 e COX-3.
EFEITO A N A L G É S I C O
Dor associada à inflamação ou à lesão tecidual; Cefaleias; Diminuem produção de prostaglandinas.
EFEITO A N T I - I N F L A M A T Ó R I O
Inflamação – dor, calor, rubor, edema; Redução das prostaglandinas vasodilatadoras (PGE2).
MECANISMO DE ACÇÃO
Inibição da actividade de metabolização do ácido araquidónico da COX; COX-1 e COX-2:
Acção principal origina prostaglandina PGG2;
Acção de peroxidase (PGG2 PGH2);
Inibidores da COX apenas inibem a reacção principal; Outros mecanismos (ex: eliminação dos radicais de oxigénio).
EFEITOS A D V E R S O S
Distúrbios gastrointestinais: Dispepsia; Diarreia/obstipação, náuseas e vómitos; Hemorragias gástricas; Úlceras; Misoprostol;
Reacções cutâneas (ácido mefenâmico e sulindac); Efeitos renais – insuficiência renal aguda (reversível); Distúrbios hepáticos; Depressão da medula óssea; Insuficiência hepática (sobredosagem de paracetamol); Broncospasmo (indivíduos asmáticos sensíveis à aspirina).
INTERACÇÕES
Varfarina; Fenitoína; Hipoglicemiantes orais; Furosemida; Lítio;
FARMACOCINÉTICA
Ácidos fracos; Absorção: oral; Ligação extensa às proteínas plasmáticas; Excreção renal.
CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA
Derivados do ácido antranílico
Ácido Mefenâmico (Ponstan®
), Ácido Flufenâmico, Ácido Niflúmico (Nifluril®
), Glafenina,
Etofenamato (Reumon®
); Dor e inflamação em doenças reumáticas e outras afecções
musculoesqueléticas, dor ligeira a moderada; ADR: perturbações digestivas, possível toxicidade renal e hematológica, a
longo prazo; Contra-indicações: porfiria, doença inflamatória intestinal, úlcera activa,
gravidez e aleitamento.
CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA
Derivados do ácido acético
Diclofenac (Voltaren®
, Olfen®
, Cataflam®
), Aceclofenac (Airtal®
), Bendazac (Bendalina®
),
Diclofenac + Misoprostol (Arthrotec®
). Dor e inflamação em doenças reumáticas e outras afecções musculoesqueléticas, dor
ligeira a moderada; ADR semelhantes ao dos AINEs gerais, risco de hemorragia digestiva em doentes
hipocoagulados; Contra-indicações: porfiria, doença inflamatória intestinal, úlcera activa, gravidez e
aleitamento; Interacções: Lítio, digoxina, metotrexato, diuréticos, anti- hipertensores; Aceclofenac e diclofenac – não se aplicam as interacções.
Derivados do ácido propiónico
Ácido Tiaprofénico, Cetoprofeno (Profenid®
), Dexcetoprofeno (Ketesse®
), Dexibuprofeno
(Seractil®
), Fenbufeno, Flurbiprofeno (Froben®
), Ibuprofeno (Brufen®
, Spidifen®
), Naproxeno
(Momendol®
, Naprosyn®
), Tolmetina;
Dor e inflamação em doenças reumáticas e outras afecções musculoesqueléticas, dor ligeira a moderada;
ADR semelhantes ao dos AINEs gerais, risco de hemorragia digestiva em doentes hipocoagulados;
Contra-indicações: porfiria, doença inflamatória intestinal, úlcera activa, gravidez e aleitamento;
Interacções: Lítio, digoxina, metotrexato, diuréticos, anti- hipertensores (não se aplicam ao cetoprofeno, flurbiprofeno, ibuprofeno e naproxeno);
Derivados pirazolónicos – Fenilbutazona e Oxifenilbutazona, metamizol, azapropazona.
Derivados do indol e do indeno
Acemetacina (Rantudil®
), Etodolac (Dualgan®
, Sodolac®
), Indometacina (Indocid®
),
Proglumetacina (Protaxil®
), Sulindac;
ADR frequentes: cefaleias, manifestações neurológicas e psiquiátricas, hemorragia digestiva em doentes hipocoagulados;
Contra-indicações: porfiria, doença inflamatória intestinal, úlcera activa, gravidez e aleitamento;
Interacções: Lítio, digoxina, metotrexato, diuréticos, anti- hipertensores; Indometacina – não se aplicam as interacções.
Oxicans
Lornoxicam (Acabel®
), Meloxicam (Movalis®
), Piroxicam (Feldene®
), Tenoxicam (Tilcotil®
);
Dor e inflamação em doenças reumáticas e outras afecções musculoesqueléticas, dor ligeira a moderada
ADR semelhantes ao dos AINEs gerais, risco de hemorragia digestiva em doentes hipocoagulados;
Contra-indicações: porfiria, doença inflamatória intestinal, úlcera activa, gravidez e aleitamento; Interacções: Lítio, digoxina, metotrexato, diuréticos, anti- hipertensores; Piroxicam
Não usar no tratamento de curta duração de situações dolorosas e inflamatórias; Reacções de fotossensibilidade.
Derivados sulfanilamídicos
Nimesulida (Aulin®
, Nimed®
, Jabasulide®
); Dor aguda, tratamento sintomático da artrose, dismenorreia primária; Tratamento: máximo 15 dias; ADR: semelhantes às dos outros anti-inflamatórios; Contra-indicações: porfiria, doença inflamatória intestinal, úlcera activa, gravidez e
aleitamento, crianças com idade inferior a 12 anos, insuficiência hepática ou história de hepatotoxicidade causada pela Nimesulida;
Interacções: Lítio, digoxina, metotrexato, diuréticos, anti- hipertensores.
Compostos não acídicos
Nabumetona (Elitar®
) – pró-fármaco;
Dor e inflamação em doenças reumáticas e outras afecções musculoesqueléticas, dor ligeira a moderada;
ADR: semelhantes às dos outros anti-inflamatórios; Contra-indicações: porfiria, doença inflamatória intestinal, úlcera activa, gravidez e
aleitamento; Interacções: Lítio, digoxina, metotrexato, diuréticos, anti- hipertensores.
Doencas reumaticas Aceclofenac; Acetamicina; Acido mefenamico (actividade moderada); Acido tiaprofenico; Fembufeno; Fenoprofeno (profarmaco); Flurbirpofeno; Ibuprofeno; Indometacina; Aspirina (uso cardiovascular); Celecoxib (menos efeitos gastrointestinais); Cetoprofeno (doenca leve); Diclofenac (potencia moderada); Diflunisal; Etodolac (menos efeitos gastrointestinais); Etoricoxib; Meloxicam; Nabumetona (profarmaco); Naproxeno; Piroxicam; Sulindac (pro-farmaco); Tenoxicam.
Gota Cetoprofeno; Diclofenac; Etoricoxib; Naproxeno; Piroxicam; Sulindac. Indometacina (doença moderada a intensa);
Dismenorreia Acido mefenamico; Aspirina; Cetoprofeno; Dexcetoprofeno; Diflunisal; Flurbiprofeno; Ibuprofeno; Indometacina;
Naproxeno.
Disturbios musculo-esqueleticos Acemetacina; Acido mefenamico; Acido tiaprofenico; Fenoprofeno; Flurbiprofeno; Ibuprofeno (adequado para criancas); Aspirina; Cetoprofeno; Diclofenac; Diflunisal; Fembufeno; Indometacina; Naproxeno; Piroxicam; Sulindac; Tenoxicam.
Dor pos-operatoria Acemetacina; Acido mefenamico; Aspirina; Cetoprofeno; Cetorolac; Dexcetoprofeno; Diclofenac; Diflunisal; Flurbiprofeno; Ibuprofeno; Parecoxib (pro-farmaco).
Cefaleia e Enxaqueca Acido tolfenamico; Aspirina; Flurbiprofeno; Ibuprofeno.
AGENTES S E L E C T I V O S PARA COX-2
Celecoxib, Etoricoxib, Lumaricoxib, Parecoxib, Rofecoxib, Valdecoxib; Menores complicações gastroduodenais; Não modificam a agregação plaquetária; Cox-2 fisiológica/Cox-1 patológica; Interferem com a função renal e podem afectar i controlo da hipertensão arterial; É possível a ocorrência de efeitos indesejáveis específicos. Celecoxib e Etoricoxib Osteoartrite, artrose e artrite reumatóide;
Celecoxib (Celebrex®
, Solexa®
)
Sintomatologia psiquiátrica (ansiedade, depressão); Contra-
indicações: úlcera péptica, hemorragia gastroduodenal, doença inflamatória intestinal, doença cardíaca isquémica, AVC, doença arterial periférica, hipersensibilidade a sulfonamidas, gravidez/aleitamento, precaução em doentes com insuficiência cardíaca, hipertensão ou edemas;
Etoricoxib (Exxiv®
, Arcoxia®
)
ADR: aftas, modificação do paladar, parestesias, mialgias, sintomatologia psiquiátrica (ansiedade, depressão).
Parecoxib
Pró-fármaco do valdecoxib; Via parentérica (IV, IM); Efeitos adversos: eventos cardiovasculares, reacções cutâneas, anemia pós-operatória;
Lumiracoxib
Maior incidência de reacções hepáticas graves.
USO CLÍNICO DOS ANALGÉSICOS
Usados para tratar e prevenir a dor, por exemplo
Pré e pós-operatório; Situações dolorosas comuns; Emergências clínicas e cirúrgicas; Doença terminal;
Analgésicos opióides são usados em algumas situações não dolorosas
Insuficiência cardíaca aguda (efeitos hemodinâmicos); Insuficiência cardíaca crónica terminal;
Escolha e via de administração depende da natureza e duração da dor;
Utilização progressiva: AINEs, analgésicos opióides fracos, opióides fortes.
Dor aguda intensa – opióides fortes (morfina, fentanil);
Dor inflamatória leve – AINEs (ex: ibuprofeno) ou paracetamol e opióides fracos (por ex: codeína);
Dor intensa – opióides fortes;
Dor neuropática crónica não costuma responder aos opióides e é tratada com antidepressivos tricíclicos (por ex: amitriptilina) ou anticonvulsivantes (por ex: carbamazepina, gabapentina).
AINEs, incluindo paracetamol, são úteis para dor músculo- esquelética, odontológica e dismenorréia (reduzem necessidades de opióides);
Via IV proporciona um alívio rápido da dor;
Dose IV é mais baixa que a oral (efeito de primeira passagem);
Morfina: via oral em solução ou comprimidos de libertação prolongada;
Efeitos adversos são antecipados e tratados preventivamente;
A dependência não se põe em questão numa situação de cuidado termina.
AINEs
Analgesia (cefaleia, dismenorreia, lombalgia, metástases ósseas, dor pós-operatória)
Uso de curto prazo: paracetamol, aspirina ou ibuprofeno; Dor crónica: fármacos mais potentes e com maior duração, como diflunisal, naproxeno e
piroxicam;
Para reduzir a necessidade de narcoanalgésicos (por ex: cetorolac, no pós-operatório); Efeitos anti-inflamatórios (artrite reumatóide, gota, distúrbios de partes moles); Efeito antipirético: paracetamol.
A n t i g o t o s o s
GOTA
Doença metabólica, com elevação das concentrações plasmáticas de urato; Hiperuricemia: níveis superiores a 7mg/mL (homem) e 6mg/mL (mulher); Crises intermitentes de artrite aguda; Resposta inflamatória.
ANTIGOTOSOS
Inibição da síntese de ácido úrico (alopurinol); Aumento da excreção do ácido úrico (agentes uricosúricos: probenecida, sulfinpirazona); Inibição da migração dos leucócitos na articulação (colquicina); Efeitos anti-inflamatórios e analgésicos gerais (AINEs).
ALOPURINOL (ZURIM®
, ZYLORIC®
)
Inibição da xantina-oxídase – profilaxia da gota e litíase renal; Convertido a aloxantina; Reduz concentração de uratos e ácido úrico relativamente insolúveis; Aumenta a concentração das xantinas e hipoxantinas, mais solúveis; Deposição de uratos é revertida, com inibição da formação de cálculos renais.
ALOPURINOL
Absorção por via oral; Eliminação renal; ADR: distúrbios gastrointestinais, reacções alérgicas, ataques agudos de gota no início da
terapia, vasculites, hepatite, parestesias, alterações hematológicas, exantemas;
Interacções:
Mercaptopurina (↑ dos efeitos); Azatioprina (↑ dos efeitos); Ciclofosfamida (↑ dos efeitos); Anticoagulantes orais (↑ dos efeitos); Ampicilina, amoxicilina.
COLQUICINA (COLCHICINE®
)
Crise de gota e profilaxia de crises; ADR: náuseas, vómitos, cólicas abdominais, diarreia, hemorragia gastrintestinal,
toxicidade renal e hepática, neuropatia periférica, alterações hematológicas.
A RTRI TE R E U MA TÓ I D E
Reacção auto-imune; Inflamação, proliferação sinuvial e erosão da cartilagem do osso; IL-1 e TNF-α; Anti-reumatismais modificadores da doença (ARMD); AINEs; Alguns imunossupressores (azatioprina, ciclosporina); Corticosteróides; Anticitoquinas.
ARMD
Metotrexato; Sulfassalazina; Compostos de ouro; Penicilamina; Cloroquina; Melhoram os sintomas e podem reduzir a actividade da doença Número de articulações com edema e dor; Pontuação da dor e da incapacidade; Índice articular (radiografias); Concentração sanguínea de proteínas de fase aguda e factor reumatóide. Fármacos de segunda linha; Terapia iniciada após diagnóstico definido; Início lento – terapia conjunta com AINEs; Podem ou não ser utilizados noutras patologias gerais.
SULFASSALAZINA
Remissão na artrite reumatóide activa; Também usado na doença inflamatória intestinal crónica; Remoção de metabolitos tóxicos de oxigénio produzidos pelos neutrófilos; Mal absorvida após administração oral; Efeitos adversos
Distúrbios gastrointestinais, cefaleias; Reacções cutâneas e leucopenia; Comprometimento da absorção do ácido fólico; Diminuição do número de espermatozóides (reversível); Discrasias sanguíneas e reacções alérgicas.
COMPOSTOS DE OURO
Aurotionalato de sódio; Auranofina; Efeito lento; Diminuição da dor, edema articular e da progressão das lesões ósseas e articulares; Auranofina inibe indução de IL-1 e TNF-α.
Farmacocinética
Aurotiomalato de sódio – injecção intramuscular profunda; Auranofina – via oral; Concentração gradual nos tecidos;
Eliminação renal;
T1/2 de 7 dias;
Efeitos adversos Aurotiomalato – efeitos adversos e tóxicos muito frequentes; Auranofina – menos frequentes e menos graves; Erupção cutânea, úlceras bucais, sintomas gripais, proteinúria, trombocitopenia e
discrasias sanguíneas; Encefalopatia, neuropatia diabética e hepatite.
PENICILAMINA
Efeitos observados após algumas semanas; Diminuição da resposta imune e da síntese do colagéneo; Quelante de metais pesados – doença de Wilson ou intoxicação por metais pesados;
Farmacocinética
Via oral (metade é absorvida); Dose inicial baixa e é aumentada gradualmente.
Efeitos adversos
Anorexia, febre, naúseas, vómitos, distúrbios de sabor; Proteinúria; Erupções cutâneas, estomatite e trombocitopenia; Distúrbios da medula óssea (leucopenia, anemia aplástica), condições auto-imunes
(tireoidite, miastenia gravis);
Não se pode administrar com compostos de ouro.
HIDROXICLOROQUINA
Hidroxicloroquina e cloroquina são anti-malaricos; Cloroquina – reservada para casos em que outros tratamentos falhem; Também usados em lúpus eritematoso sistémico ou discóide; Contra-indicados em artropatia psoriática; Efeitos só após um mês ou mais; Importante vigiar a toxicidade ocular.
METOTREXATO
Antagonista do ácido fólico com actividade citotóxica e imunossupressora e potente acção anti-reumatismal;
Primeira escolha; Início mais rápido mas tratamento tem de ser monitorizado; Discrasias sanguíneas e cirrose hepática.
IMUNOSSUPRESSORES
Actuam durante a fase de indução da resposta imunológica; Outros também inibem aspectos da fase efectora; Fármacos que inibem a produção ou acção da IL-2 (ciclosporina, tacrolimo); Fármacos que inibem a expressão de genes de citoquinas (corticosteróides); Fármacos que inibem a síntese de purinas ou pirimidinasm (azatioprina, miclofenolato de
mofetil); Fármacos que bloqueiam as moléculas de superfície dos linfócitos T envolvidos na
sinalização (agentes à base de anticorpos monoclonais).
CICLOSPORINA
Potente imunossupressor mas sem efeito sobre a reacção inflamatória aguda;A sua acção não envolve citotoxicidade;
Mecanismo de acção
Diminuição da proliferação clonal de linfócitos T; Redução da indução e proliferação clonal de linfócitos T citotóxicos a partir de linfócitos T
precursores CD8+
; Redução da função dos linfócitos T efectores, responsáveis pelas respostas
mediadas por células; Redução das respostas de linfócitos B dependentes de linfócitos T.
Farmacocinética
Via oral ou IV; Acumula-se na maioria dos tecidos e permanece no tecido linfomielóide e em depósitos
de gordura por algum tempo após a paragem do fármaco;
Efeitos adversos
Mais comum e mais grave: nefrotoxicidade; Hepatotoxicidade e hipertensão; Anorexia, letargia, hirsutismo, tremores, parestesias, hipertrofia gengival e distúrbios
gastrointestinais; Não tem efeito depressor da medula óssea.
TACROLIMOS
Antibiótico macrólido; Mecanismo de acção semelhante ao da ciclosporina, mas com maior potência; Pimecrolimos e sirolimos têm propriedades semelhantes;
Farmacocinética Via oral, IV ou pomada para uso tópico;
Efeitos adversos
Semelhantes aos da ciclosporina, mas mais intensos; Incidência de nefrotoxicidade e neurotoxicidade mais alta e de hirsutismo mais baixa; Distúrbios gastrointestinais e metabólicos (hiperglicemia); Trombocitopenia e hiperlipidémia.
CORTICOSTERÓIDES
Efeitos sobre a resposta imunológica e inflamação; Diminuem transcrição de muitas citoquinas.
AZATIOPRINA
Interfere com a síntese de purinas; Citotóxica; Controlo de doenças auto-imunes (artrite reumatóide), prevenção da rejeição de tecidos; Metabolizada a mercaptopurina, que inibe a síntese de DNA; Inibe proliferação clonal durante fase de indução da resposta imunológica por acção
citotóxica; Principal efeito adverso: depressão da medula óssea;
Outros: náuseas, vómitos, erupções cutâneas e hepatotoxicidadede grau leve.
MICOFENALATO MOFETIL Deriva
do semi-sintético de um antifúngico; Convertido no organismo a ácido micofenólico – restringe
proliferação de linfócitos B e T e reduz produção de linfócitos T citotóxicos, por inibição de síntese de DNA;
Acção relativamente selectiva; Redução da rejeição de transplantes; Via oral; Hidróxidos de magnésio e alumínio reduzem absorção e
colestiramina reduz concentrações plasmáticas; Efeitos adversos principalmente a nível gastrointestinal.
LEFLUNOMIDA
Efeito inibitório relativamente específico sobre linfócitos T activados;
Bem absorvida por via oral; T1/2 longo, assim como o do seu metabolito;
Efeitos adversos
Diarreia; Alopécia; Elevação das enzimas hepáticas; Risco de insuficiência hepática; Prolongado T1/2 – aumenta risco de toxicidade por
umulação.
USO CLÍNICO
Suprimir a rejeição de orgãos e tecidos transplantados (rins, medula óssea, fígado, etc.);
Suprimir a doença enxerto-vs-hospedeiro em transplantes de medula óssea;
Tratamento de patologias com componente auto-imune (púrpura trombocitopénica idiopática, anemia hemolítica, glomerulonefrite, miastenia gravis, lúpus eritematoso sistémico, artrite reumatóide, psoríase e colite ulcerativa);
Terapia de doenças auto-imunes: corticosteróides e citotóxicos;
Transplantes de orgãos ou medula óssea: ciclosporina + corticosteróide/citotóxico/imunoglobulina antilinfocítica.
FÁRMACOS ANTICITOQUINAS
Aspectos específicos do processo patológico na artrite reumatóide; São substâncias biofarmacêuticas; Infliximab e adalimumab – anticorpos monoclonais quiméricos murino/humano contra
TNF-α; Etanercepte – receptor de TNF fundido com dominio Fc de uma IgG humana; Anaquinra – antagonista de IL-1; Infliximab, adalimumab e etanercepto ligam-se ao TNF e inibem os seus efeitos; Etanercepte e anaquinra funcionam como antagonistas; Outros: basiliximab e daclizumab (anticorpos monoclonais contra a cadeia α do receptor
IL-2).
Farmacocinética Etanercepte – via subcutânea; Infliximab é usado conjuntamente com o metotrexato – IV; Adalimumab – via subcutânea; Anaquinra – via subcutânea;
Efeitos adversos Etanercepte: efeitos mínimos que consistem em reacções locais, discrasias sanguíneas e
distúrbios desmielinizantes no SNC (raros); Anaquinra: bem tolerado; Infliximabe e adalimumabe: associados à recorrência de tuberculose e o seu uso
prolongado pode levar ao desenvolvimento de auto-
anticorpos.