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11/04/12 Acordão do Supremo Tribunal Administrativo ... · Relator: ANTÓNIO MADUREIRA Descritores: DIREITOS DE AUTOR. PROJECTO DE ARQUITECTURA. ... Referência a Doutrina:LUIS FRANCISCO

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Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal AdministrativoProcesso: 01574/03

Data do Acordão: 02-12-2003

Tribunal: 2 SUBSECÇÃO DO CA

Relator: ANTÓNIO MADUREIRA

Descritores: DIREITOS DE AUTOR.

PROJECTO DE ARQUITECTURA.LUCRO CESSANTE.

DANO MORAL.DANO NÃO PATRIMONIAL.

Sumário: I - É ilícita a modificação de um projecto dearquitectura de uma obra, sem consentimento do autordo projecto original, determinando o dever deindemnizar esse autor a execução dessa obra de acordocom o projecto modificado sem o seu consentimento(artigos 2.º, 9.º, 11.º, 15.º, n.º 2, 25.º e 60.º, n.º 2 doCódigo do Direito de Autor e Direitos Conexos -CDADC-, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 63/85, de 14de Março, com as alterações introduzidas pela Lei n.º45/85, de 17 de Setembro e pela Lei n.º 114/91, de 3 deSetembro).II - Essa execução indevida não implica o dever deindemnizar por dano invocado a título de lucroscessantes, atribuído ao não recebimento dos honoráriosque seriam pagos pela elaboração dessa modificação,pois que o dono da obra não estava obrigado aadjudicar essa modificação ao Autor do projectooriginal, podendo até abrir um novo concurso para aelaboração de um novo projecto, pelo que, não tendoesse autor um direito subjectivo à adjudicação daelaboração das modificações, inexiste nexo decausalidade entre o alegado acto ilícito e o nãorecebimento dos honorários por um trabalho que nãochegou a realizar, sendo certo que lhe foi pago otrabalho efectivamente executado. III - Tendo-se, contudo, provado que, a reconhecer-seque a obra executada se tratava de uma ampliação doprojecto de arquitectura dos autores, levaria a que osautores beneficiassem na sua vida profissional do

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respeito e publicitação do seu trabalho inerente a talobra, com reconhecimento nos seus currículos, haverialugar a indemnização por danos morais, danos essesque são os danos indemnizáveis consagrados no n.º 2do referido artigo 60.º do CADC.

Nº Convencional: JSTA00060073

Nº do Documento: SA12003120201574

Data de Entrada: 03-10-2003

Recorrente: ESTADO - A... E OUTRO

Recorrido 1: ESTADO - A...

Recorrido 2: OUTRO

Votação: UNANIMIDADE

Meio Processual: REC JURISDICIONAL.

Objecto: SENT TAC LISBOA DE 2002/11/11.Decisão: NEGA PROVIMENTO.

Área Temática 1: DIR ADM CONT - RESPONSABILIDADE EXTRA.Área Temática 2: DIR CIV - DIR OBG.

DIR PROC CIV.DIR AUTOR.

Legislação Nacional: CPC96 ART273 N2 ART308 N1 ART655 ART669 N2 B ART690-A

ART712 N1 A.DL 48051 DE 1967/11/21.

CPA85 NA REDACÇÃO DA L 114/91 DE 1991/09/03 ART2 ART9ART11 ART15 N2 ART25 ART56 ART60 N2.

CCIV66 ART494 ART496 N1 ART563.Referência a Doutrina: LUIS FRANCISCO REBELO CÓDIGO DOS DIREITOS DE AUTOR E

DOS DIREITOS CONEXOS ANOTADO PAG111.

Aditamento:

Texto Integral

Texto Integral: Acordam, em conferência, na 2.ª Subsecçãoda Secção do Contencioso Administrativodo Supremo Tribunal Administrativo:1. RELATÓRIOA... e ..., com os devidos sinais nos autos,propuseram, no Tribunal Administrativo deCírculo (TAC) de Lisboa, uma acçãocontra o Estado Português, para efectivaçãoda sua responsabilidade civil

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extracontratual por actos ilícitos de gestãopública.Por sentença de 11/11/2 002, foi a acçãojulgada parcialmente procedente, tendo oEstado sido condenado a pagar aosAutores, a título de danos não patrimoniais,a quantia de 39 903,83 euros, e sidoabsolvido quanto ao pedido relativo adanos patrimoniais.Com ela se não conformando, interpuseramrecurso para este STA os Autores e o Réu.Nas suas alegações de recurso, os Autoresformularam as seguintes conclusões:1.ª) - Os AA entendem que deve o R. sercondenado a pagar, a título de danospatrimoniais, o montante correspondenteaos lucros cessantes que aqueles tiveram eficaram provados no ponto XLV, pág. 7, dodouto acórdão, que ascendem a 17 797992$00 - 88 776 euros.Ao tal não atribuir, o douto acórdão fezincorrecta aplicação do disposto no artigo483.º, n.º 1 do CC.2.ª) - A título de danos não patrimoniais,deve o R. ser condenado a pagar ao AA aquantia de 25 000 000$00, correspondenteaos prejuízos por estes sofridos, calculadosna base da equidade.

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3.ª) - A fixação do quantum indemnizatórioé questão de direito.Ao se quantificar em 8 000 000$00 osdanos não patrimoniais, aplicaram-se deforma deficiente os critérios dos artigos496.º, n.ºs 1 e 3 e 494.º do CC.Nas suas contra- alegações, o Réu Estadoformulou as seguintes conclusões:1.ª) - Mantém-se o entendimento constantedas alegações de recurso jurisdicionalapresentadas pelo Réu Estado português,onde se defendeu que o projecto daarquitectura elaborado pela SGMJ, nasequência da alteração do programa,constitui um projecto novo. Pelo que, nãoexistindo qualquer conduta ilícita por partedo Estado ou dos seus agentes, inexiste aobrigação de indemnizar.Caso assim não seja entendido, 2.ª) - O projecto elaborado pelos AA. foipago; estes não realizaram qualquer outroprojecto para o Estado; o Estado não estavavinculado a construir o projecto elaboradopelos AA.; nem a adjudicar-lhes qualqueroutro projecto novo ou de alterações.3.ª) - Pelo que inexiste qualquer nexo decausalidade entre a alegada alteração doprojecto e os montantes que estes teriam

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obtido caso esse projecto de alterações lhestivesse sido adjudicado.4.ª) - E, dispondo o Estado, nos quadros daSGMJ, de técnicos capazes e,nomeadamente, arquitectos, a elaboraçãode um novo projecto de arquitecturapoderia ser, como o foi, elaborado pelosserviços, não tendo o R. de pagar pela suaelaboração quaisquer montantes. Pelo quenão beneficiou o Estado do montante de 25000 000$00.5.ª) - Nem se encontram fundamentados osalegados prejuízos decorrentes decircunstâncias "como a perda doreconhecimento profissional dos AA.";"perda de benefício dos AA. na suaactividade profissional" e "circunstânciascomo o reconhecimento nos círculos dosAA.", atenta a legada "má qualidade" doprojecto implantado. Nas alegações do seu recurso, o RéuEstado formulou as seguintes conclusões: 1.ª) - Evidenciou-se suficientemente a faltade fundamento para as respostas aosquesitos X, XIV, e XVIII a XXIII,devendo ser alteradas, dado constarem dosautos elementos suficientes para que atodos esses quesitos sejam dadas respostas

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de não provados.2.ª) - Bem como a falta de fundamento paraa resposta restritiva ao quesito XXXIV, aqual deverá ser alterada de modo a obteruma resposta afirmativa de provado. 3.ª) - A sentença recorrida não fez correctaapreciação dos factos provados, procedendoa errada análise da matéria e das conclusõesque extrai das respostas dadas aos quesitosXI, XIII, XV a XVII e XXIV a XXVI,pelos fundamentos expostos.4.ª) - Tal implicando se conclua que oprojecto de arquitectura elaborado pelaSGMJ, na sequência da alteração doprograma, constitui um projecto novoelaborado para o mesmo objecto (Palácioda Justiça), sobre as mesmas circunstânciasde lugar, enquadramento e circunstânciasexternas.5.ª) - Pelo que, inexistindo qualquerconduta ilícita por parte do Estado ou dosseus agentes, inexiste a obrigação deindemnizar, ao contrário do decidido nasentença recorrida, a qual fez incorrectaaplicação dos artigos 2.º e 6.º do DL 48051, de 21/11/67, e 487.º do CC..6.ª) - Do mesmo modo e no que respeita àviolação do Código do Direito de Autor e

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dos Direitos Conexos, (CDADC), nãoficou demonstrada a violação dos citadosartigos 11.º, 15.º e 60.º, pelo que a sentençarecorrida fez errada aplicação das normaslegais citadas.Os Autores não contra-alegaram.#Foram colhidos os vistos dos Exm.ºs JuízesAdjuntos, pelo que cumpre decidir.2. FUNDAMENTAÇÃO2. 1. OS FACTOS:A sentença recorrida considerou provadosos seguintes factos:1. Os autores são arquitectos de profissão(A);2. No desenvolvimento da sua actividadeprofissional, foram contactados pelaSociedade "..., Lda", para procederem àelaboração do projecto de arquitectura doedifício do Tribunal Judicial de Portimão(B);3. A Secretaria Geral do Ministério daJustiça (SGMJ) celebrou com a referida“...” o contrato para elaboração do projectogeral de construção daquele Tribunal dePortimão com data de 26.10.1988, nostermos do escrito junto como doc. 3 a fls.13 e sgs (C);

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4. Nele figura a SGMJ como primeiraoutorgante e a ... como segunda outorgante,tendo convencionado, além do mais, que osestudos a elaborar pela segundaabrangeriam: “a) Projecto de Arquitectura;b) Projecto de Fundações e Estruturas; c)Projecto de Instalações Eléctricas; d)Projecto de Instalações de Águas e Esgotos(ponto l da cláusula primeira) (D); 5. E que a ... se obrigava a elaborar oprojecto de acordo com o programaespecífico de áreas, o programa geral defuncionalidade das instalações, a planta delocalização, e outros elementos que fossemjulgados necessários, todos a fornecer pelaSGMJ – ponto 3 da mesma cláusula (E); 6. O projecto de execução seria entregue(...) pelo segundo outorgante e pelo autordo projecto de especialidade, salvo noscasos em que o segundo outorgante fossesimultaneamente o seu autor – ponto 2 dacláusula 3a (F); 7. A ... seria responsável pelo projecto noseu conjunto e por cada uma das duasespecialidades independentemente daautoria material destas, excepto quanto àsmesmas especialidades no que respeita àsrespectivas qualidade e correcção técnicas

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– ponto l da cláusula 4a – (G); 8. Os técnicos autores de cada projecto deespecialidade deveriam apresentar termode responsabilidade, nos termos dalegislação em vigor (ponto 2 da mesmacláusula) – (H); 9. Datada de 14.07.93, a SGMJ dirigiu à ...a carta/ofício, junta como doc. 9, a fls. 24,com a referência Proc. 169.3, cujo teorcompleto se dá por reproduzido, tendocomo assunto “PALÁCIO DA JUSTIÇADE PORTIMÃO (ampliação)” e se refereexistir desadequação do projecto aprovadorelativamente às necessidades dos serviçosa instalar, dizendo pretender-se aconstituição de eventual cave paraestacionamento, a constituição do piso deentrada vazio para eventual futurainstalação de serviços da DGRN, arepetição da actual solução de arquitecturado piso 2 com cinco pisos – (I); 10. E que, “considerando as implicaçõesdesta intenção em termos de concepçãoglobal, volumetria, alçados emergentes,etc., solicita-se a urgente comunicação deparecer do autor do projecto” – (J); 11. Os autores enviaram à SGMJ a cartadatada de 05.08.93, junta como doc. 10, a

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fls. 25, na qual dizem responder ao ofíciomencionado em I) e dizem, além do mais,ser de opinião que o referido projecto tempotencialidades para responder, em termosgerais, ao objectivo pretendido.Acrescentando ser de evitar a ampliaçãopara 6 pisos mais cave, como preconizadona sugestão, devido às característicasformais do Edifício Projectado, assimcomo a envolvente urbana (...),manifestando-se no sentido da não inclusãodo último piso, e de que a solução de cincopisos mais cave para estacionamentoconstituiria a atitude mais correcta,podendo as áreas correspondentes aos 6piso serem compensadas por uma novaconfiguração do piso térreo – (K); 12. Datada de 24.05.1994, a SGMJ dirigiuà ... o ofício 5223, junto como doc. 11, afls. 26, que diz ser sequência de ofício6889, de 14.07.93, e de reunião de18.05.94, onde informa que a obra foiconcursada com um novo projecto deestabilidade permitindo a construção demais pisos para as necessidades dosserviços a instalar – (L); 13. Mais diz, inter alia, que ‘A articulaçãoentre o projecto elaborado por V. Exªs. e o

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objecto da empreitada consta da NotaPrévia incluída no processo de concursoque se anexa ponto 2 – (M); 14. E que “Resulta de 2 que, para a gestãocorrecta da empreitada, se torna necessárioelaborar um projecto de ampliaçãocorrespondente ao objecto da empreitada.Este projecto envolve: (...)" – os pontos3.1, 3.2, 3.3. 3.4, 3.5, 3.6, e 3.7, que aqui sedão por reproduzidos, bem como a notaanexa, e que no essencial se referem aprojecto geral de arquitectura, comreutilização das plantas dos antigos pisos le 2. E elaboração de planta para nos novospisos l e O, e arranjos exteriores, e bemassim projectos das especialidadesinstalações eléctricas e telefónicas (RITA),rede informática, águas e esgotos, detecçãoe extinção de incêndios, anti-intrusão, arcondicionado (...) – (N); 15. Foi enviada à SGMJ proposta dehonorários referente ao projecto geral dearquitectura, junta como doc. 14, a fls.31/32 - (O); 16. A SGMJ enviou à ... o ofício datado de23.06.94, junto como doc. 15, a fls. 33,onde refere acusar a carta de 94.06.06,agradecendo a disponibilidade para a

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realização do projecto, e informando que ovalor de honorários proposto eraconsiderado muito elevado, o que impediaa sua adjudicação, pelo que seriaassegurada internamente a realização domesmo – (P)"; 17. Os aqui autores enviaram ao Sr.Secretário Geral do M. J. a carta datada de15.07.94, junta como doc. 16, a fls. 34, naqual dizendo-se autores do projecto deArquitectura para o Palácio de Justiça dePortimão, e nessa qualidade, lamentareminformar que não autorizam que o referidoprojecto seja alterado por outros que não ospróprios, sem o seu expressoconsentimento – (Q); 18. Datada de 16.11.95, o Secretário Geralda SGMJ dirigiu ao Arq. ..., enquantoPresidente do Conselho Directivo RegionalSul (da Associação dos Arquitectos) oofício 1081, de 16.11.95, junto como doc.19, a fls. 41/42, cujo teor aqui se dá porreproduzido – (S); 19. Datada de 12.12.95, consta, dirigido aoSr. Secretario Geral da SGMJ, o ofíciojunto como doc. 18, a fls. 38/39, subscritopor ..., enquanto Presidente do ConselhoDirectivo Regional Sul (da Associação dos

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Arquitectos), cujo teor aqui se dá porreproduzido – (S); 20. Com o n° 1767 e datado de 07.02.96,foi dirigido pelo Secretário Geral da SGMJo ofício junto como doc. 20, a fls. 43/54, edirigido a Arq. ... -Presidente do ConselhoDirectivo Regional Sul da Associação dosArquitectos Portugueses, cujo teor se dápor reproduzido – (T); 21. A elaboração doprojecto de arquitectura ficou a cargo dosaqui autores [resposta ao quesito 1°]; 22. Houve contactos dos autores para comos Serviços do Ministério da Justiça,durante a fase de elaboração do projecto, ecom eles foram ajustados pormenores,sendo que a Secretaria Geral do MJ dirigiaa sua correspondência à “..., LDA’ – [2°]; 23. O projecto de arquitectura foi elaboradopelos autores – [3°]; 24. E foi por eles entregue e consideradoconforme, sendo pago - [4°]; 25. Tal proposta era moderadarelativamente aos valores praticados noramo e às tabelas em vigor – [6°]; 26. A proposta enviada à SGMJ pela ... erano valor de 17.797.992$00 - [7°]; 27. Tal proposta foi enviada à SGMJ pela... e o seu valor de 27.890.000$00 era

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exagerado e excedia o que resultaria dasInstruções em vigor para o cálculo dehonorários respectivos - [8°]; 28. Existe uma identificação praticamentetotal da implantação do projecto dosautores com o projecto que na data dapetição estava a ser implantado - [10°]; 29. A opção formal proposta pelos autores -articulação pela intersecção de doisvolumes paralelepipédicos a 45° - mantém-se – [ 11.º]; 30. Foi alterado (aumentado) o número depisos - [12°]; 31. O edifício manteve o mesmo sentido deorientação e posição do acesso principal –[13°]; 32. Ao nível do rés-do-chão e apesar dasalterações de programa introduzidas nestepiso, toda a estrutura formal e funcional éidêntica, nomeadamente quanto ao átrio deacesso e sua localização – [14°]; 33. Quanto à localização dos elevadores –[15°]; 34. Quanto à localização da escada para opúblico - [16°]; 35. Quanto à relação espacial destes doisacessos verticais - [17.º]; 36. Toda a estrutura funcional e hierárquica

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– pública e privada – dos acessos ecirculação aos diversos serviços se mantém– [18°]; 37. A opção de inclusão de um pátiointerior para iluminação e ventilaçãomantém-se, embora tendo reduzida a suadimensão- [19°]; 38. Ao nível do 1° andar mantém-se tudo oque foi referido para o rés-do-chão, exceptoque ficou sem salas de audiências – [20°]; 39. Ao nível dos 2.º,3°, 4.º e 5° andares, oprograma é idêntico ao do 1° andar (Piso02 – doc. n° 5) do projecto dos autores -[21°]; 40. Também toda a estrutura formal efuncional é idêntica nomeadamente alocalização das salas de audiência e a suaarticulação é praticamente igual – [22.º]; 41. Tal como nos outros pisos, alocalização, modulação e dimensionamentodos gabinetes dos magistrados sãoidênticos - [23°]; 42. A localização, dimensionamento eforma das secretárias é alterada, sendo que,no entanto, se mantém a articulaçãofuncional com todos os serviços do piso,públicos e privados, estudada pelos autores– [24.º];

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43. O edifício encontra-se revestido demármores rosa e cinza, em contraste comos tubos de queda das águas pluviais emaço inoxidável, tal como no projecto dosautores – [25°]; 44. Enquanto no projecto dos autores amemória descritiva demonstra como se foisucessivamente chegando às diversassoluções arquitectónicas, a memóriadescritiva do projecto que estava a serconstruído no local diz, no seuantepenúltimo parágrafo, que "Aimplantação e forma volumétrica doedifício foi mantida, ou seja está deacordo com o projecto de Estruturasconcursado, tendo sido alterada apenasa organização dos espaços de modo apermitir a correcta funcionalidade dosTribunais” – [26° e 27°]; 45. Por não lhes ter sido adjudicado otrabalho de ampliação do projecto, osautores deixaram de auferir, pelo menos,17.797.992 00 – [28°]; 46. A reconhecer-se que se tratava de umaampliação do projecto de arquitectura dosautores, o que está a ser levado a cabo naconstrução do Palácio da Justiça dePortimão levaria a que os autores

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beneficiassem na sua vida profissional dorespeito e publicitação do seu trabalhoinerente a tal obra – [29°]; 47. Com reconhecimento nos seuscurrículos – [30°];48. O Estado Português teria de pagar porum projecto de arquitectura, a começar denovo, valores actualizados nunca inferioresa 25.000.000$00 – [31°]; 49. A SG do Ministério da Justiça elaboroucom os seus próprios técnicos e a empresa“..., Lda” um projecto adequado às actuaisnecessidades e interesse público – [32°]; 50. A obra foi concursada com o projectode estabilidade apresentado pela ‘...”,sendo este projecto que está a ser (foi)executado – [33°]; 51.Tal projecto é diferente do que foraproduzido pela ..., designadamente quantoao número de pisos, cércea total,volumetria, configuração e disposiçãointerna de alguns espaços ecompartimentos - [34.º].2. 2. O DIREITO:Tendo em conta os objectos dos doisrecursos jurisdicionais interpostos dasentença recorrida e que o do Réu põe emcausa a própria matéria de facto dada como

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provada, impõe-se, por uma questão delógica, começar pelo conhecimento deste,pois que põe em causa os própriospressupostos da sentença, com necessáriasrepercussões no conteúdo da mesma.Assim:A. Recurso do Recorrente Estado:2. 2. 1. O Réu Estado defende que deviam ter sidodadas respostas de não provado, em vez deprovado, aos quesitos 10.º, 14.º e 18.º a23.º e que, ao invés, devia ter sido dadacomo provada, em vez de não provada, amatéria constante do quesito 34.De acordo com os preceitos conjugados dosartigos 669.º, n.º 2, alínea b), 712.º, n.º 1,alínea a) e 690.º-A, todos do CPC, asrespostas aos quesitos apenas podem seralteradas quando constem do processodocumentos ou quaisquer outros elementosque, só por si, impliquem necessariamentedecisão diversa da proferida ou quando dosautos constarem todos os elementos deprova que lhe serviram de base.O artigo 690.º-A do CPC estabelece:" 1. Quando se impugna matéria de facto,deve o recorrente obrigatoriamenteespecificar, sob pena de rejeição:

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a) Quais os pontos de facto que consideraincorrectamente julgados;b) Quais os concretos meios probatórios,constantes do processo ou de registo degravação nele realizada, que impunhamdecisão sobre os pontos da matéria de factoimpugnados diversa da recorrida."A recorrente, no que respeita à alínea a)deste preceito, apontou as seguintesdiferenças relativamente aos doisprojectos:Quesito 10.º:"O projecto dos AA. "traduz-se" numedifício de dois andares que ocupam atotalidade da área de implantação ( + de1200 m2) e um 3° piso recuado com menosde metade da área (560 m2); enquanto noprojecto da SGMJ esse recuo é inverso,isto é, o piso 0 e o piso 1 são recuados, têmuma área de implantação de pouco mais de1000 m2, e a partir do 2° piso o edifícioavança, tendo uma área de cerca de 1300m2 (vejam-se as respectivas plantas deimplantação, desenhos 3 do projecto dosAA. e 2 do projecto da SGMJ).Por outro lado e atentas as mesmas plantas,resulta uma diferente opção na implantaçãodo edifício no terreno. Em particular na

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20/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

fachada de entrada do edifício, que é denível no projecto dos AA. (estásensivelmente à cota 10) encontrando-se auma cota mais elevada no projecto daSGMJ.Isto é, enquanto o acesso no projecto dosAA. é de nível relativamente aoarruamento, o mesmo acesso no projecto daSG é feito sobre uma plataforma murada,2m acima do arruamento."Quesito 14.º:"Constata-se da consulta da planta do Piso01 do projecto dos AA. (desenho 4) queeste piso está implantado directamentesobre o terreno e ocupa a totalidade da áreade implantação do edifício. Enquanto noprojecto da SGMJ, a planta do piso 0 estáimplantada sobre uma plataforma e ocupaapenas uma parte dessa área, uma vez queo edifício é recuado nos dois primeirospisos (des. 4);O átrio no projecto dos AA. tem 4 pilaresque definem aberturas e se prolongam nosvários pisos e é iluminado superiormentepor uma clarabóia quadrada, conforme odesenho 10. O projecto da SGMJ não tempilares, nem aberturas, nem clarabóias;Quanto à sua localização, sendo um átrio

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21/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

de acesso do público, é normal que emqualquer projecto, se encontre à entrada doedifício.A implantação funcional do projecto dosAA tem no r/c o Tribunal de Trabalho, oInstituto de Reinserção Social e parte dosTribunais de Círculo e de Comarca. A daSGMJ tem apenas o Tribunal de Trabalho,o que forçosamente, determina uma diversaimplantação funcional."Quesito 18.º:"por exemplo, a circulação dos magistradosé comum com a das testemunhas e dospresos, no projecto dos AA.(desenho 4);enquanto no projecto da SGMJ estacirculação é independente ( desenhos 6, 7 e8, respectivamente pisos 2, 3 e 4).Aliás, as celas dos presos encontram-se noprojecto dos AA. no mesmo piso e junto dasala de audiências, dos gabinetes e salas detestemunhas (desenho 4, piso 01 );enquanto no projecto da SGMJ, seencontram na cave (desenho 03, piso -1 ),elemento que não será de somenosimportância na orgânica de um Tribunal.Os serviços do MP na solução da SGMJestão todos concentrados no piso 1 eocupam todo o piso, pelo que este não tem

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sala de audiências; sendo que, na soluçãodos AA. aí se prevêem 2 salas deaudiências."Quesito 19.º:" Quanto à inclusão de um pátio interiornos dois projectos, refira-se em primeirolugar que tal solução é normal e comumaos edifícios públicos e nomeadamente aosdos Tribunais, atendendo à profundidadeda construção e por imposição dascondições relativas à salubridade dasedificações.No entanto, as opções constantes dos doisprojectos, no que a este item respeita, sãomanifestamente diferentes.Assim, enquanto no projecto dos AA., opátio é central, ajardinado e serve parailuminação e ventilação, além de constituirum elemento estético, de tal modo que temgabinetes cujas janelas dão para esse pátio(desenhos 4 e 9); no projecto da SGMJeste é de menores dimensões e conformereferiram várias testemunhas,nomeadamente a Arq. ..., cuja inquirição seencontra registada na cassete junta aosautos a fls. 205, que em resposta a estaquestão, referiu manter-se essa opção deinclusão de um pátio interior, um “pátio

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com jardim, no original, e agora umsaguãozito”, sem condições de iluminação.Bastando aliás confrontar, os desenhos 27da SGMJ e o desenho 14 dos AA., ambosrelativos aos alçados do pátio interior, parase concluir pela diversa concepção,localização e dimensões do referido pátio,cabendo-lhe, no projecto da SGMJ, merafunção de ventilação e já não deiluminação, impossível aliás, atentas assuas dimensões reduzidas e o facto decorresponder a uma abertura de 6 andares,pouca luz chegando aos pisos inferiores(desenhos 4 e 28)."Quesito 20.º:"verifica-se que ao nível do 1 ° andarinexiste qualquer semelhança formal. Aplanta dos AA. ocupa toda a área deimplantação do edifício; enquanto noprojecto da SGMJ ocupa apenas partedessa área, uma vez que ainda neste piso semantém o recuo do edifício; O projecto daSGMJ no piso 02 (1° piso), não tem sala deaudiências, aí se encontrandoexclusivamente, os serviços do MP; tendoo projecto dos AA. duas salas deaudiências, o que se mostra suficiente, auma profunda alteração da estrutura formal

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e funcional deste piso;Não tem o vazio do átrio de entrada, aocontrário do previsto no projecto dos AA.;A circulação é feita em fachada, enquantono projecto dos AA. existem divisões egabinetes a percorrerem a fachada."Quesitos 21.º, 22.º e 23.º:"O mesmo se diga para os restantes pisos(2°, 3°, 4° e 5°) do projecto da SGMJ.Uma vez que é a partir do piso 03 (2°andar) que no projecto da SGMJ aimplantação passa a ocupar a área total,enquanto no projecto dos AA. este pisoocupa apenas 50% da área de implantação,havendo pois uma inversão das respectivasopções de implantação. Não havendoqualquer repetição do projecto dos AA.,mas antes uma concepção nova, dado noprojecto dos AA. não estarem previstosmais pisos.Sendo que, conforme já referimos antes, édiversa a localização das salas detestemunhas, os acessos destas e dos presosàs salas de audiências, a localização daescada de serviço, as soluções dasinstalações sanitárias, que estão agrupadase localizadas em pontos diferentes doedifício."

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Quesito 34.º: "a resposta restritiva a este quesito, nãoreconheceu o tribunal a quo que o projectoda SGMJ fosse diferente do produzidopelos AA., nomeadamente, no que serefere à implantação, configuração e estiloarquitectónico, aspectos estes queentendemos de primordial importância nadiferenciação dos dois projectos.Assim, e no que se refere à diversaimplantação e configuração do edifícioprevista nos dois projectos e conforme járeferimos sob 1. supra, dos elementos aíreferidos, decorre não só, uma óbviainversão da geometria dos volumes, mastambém uma diversa relação do peão como edifício. Num caso este abre-sedirectamente ao nível dos arruamentos,enquanto no outro, no da SGMJ, a primeirapercepção do peão é de uma paredecompacta de 2 metros, sem qualquer janela,devendo o peão subir umas escadas paraaceder à plataforma de acesso ao edifício.Assim, na solução dos AA. o edifícioaparece como que ancorado no terreno,enquanto no projecto da SGMJ este estácomo que colocado sobre um pedestal.Ainda relativamente à entrada no edifício,

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26/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

de referir que enquanto no projecto dosAA. a entrada do público é feita numareentrância da fachada, na solução daSGMJ há um claro recuo da fachada em 2pisos, criando uma área coberta paraentrada de cerca de 250m2, que transmiteuma imponência dessa entrada, inexistenteno projecto dos AA.No que respeita à opção formal dedistribuição do edifício por 2 volumes,comparando as plantas respectivas,verificamos que embora esta seja comumaos 2 projectos, a sua leitura e efeitoproduzido é necessariamente diverso, noprojecto dos AA. essa opção de intersecçãoé óbvia, existindo um volume, com 3 pisose que comporta a entrada principal, que sedestaca relativamente a um 2° volume,mais baixo, com 2 pisos que intercepta ouvem contra o volume mais alto; enquanto,no projecto da SGMJ, a continuidade dacércea não permite vislumbrar qualquerintersecção, antes induzindo a uma leiturade um volume único.Passando à comparação dos estilosarquitectónicos, verificamos a diversidadede linguagens adoptadas na composiçãoarquitectónica dos alçados, quer a nível do

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ritmo de fenestração, quer da linguagem devãos.Assim, passa-se duma estruturaçãoquadrada e vertical no projecto dos AA.,definida pelas janelas, a estereotomia dapedra, as aberturas sobre as galerias(desenhos 34 e 35), a cantaria da entrada,os suportes da platibanda e os pilares nafachada nordeste e sudeste (desenho 12),para uma estruturação rectangular ehorizontal, no projecto da SGMJ, marcadapelas palas contínuas sobre janelas baixas ecompridas; o desenho da platibanda, aausência de estereotomia das cantarias, etc.(desenhos 23 a 27 ), bastando olhar osdesenhos relativos à fachada principal dosdois projectos, para sentir a diferença decomposição arquitectónica: num casoquadrada, vertical, com grandes áreasenvidraçadas e no outro, rectangular ehorizontal, com aberturas baixas ecompridas, inseridas numa massa compactade pedra.Sendo certo que, conforme a resposta dadaao quesito XXV, os AA., no que respeitaàs fachadas e imagem exterior do edifício,apenas lograram provar semelhanças entreos dois projectos, em matéria de

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28/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

revestimento do edifício, mármores rosa ecinza, e a utilização de tubos de queda daságuas pluviais em aço inoxidável.Elementos estes, insuficientes àqualificação de identidade das linguagensarquitectónicas utilizadas."E, relativamente ao meio probatório de quefaz depender a sua divergência e apretendida alteração das respostas, indicaos projectos de arquitectura elaborados pelaSociedade "... Ld.ª" e pela Secretaria- Geraldo Ministério da Justiça, juntos aos autos.Pelo que se considera que deu satisfação aoestabelecido no referido artigo 690.º-A doCPC.Acontece que, conforme foi salientado, asrespostas aos quesitos apenas podem seralteradas quando constem do processodocumentos ou quaisquer outros elementosque, só por si, impliquem necessariamentedecisão diversa da proferida ou quando dosautos constarem todos os elementos deprova que lhe serviram de base.O que, quanto a nós, se não verifica no casosub judice.Na verdade, começando pelos elementosde prova que serviram de base a essasrespostas, verifica-se que foram os

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29/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

depoimentos das testemunhas ..., ..., ... e ...,todas arquitectos e consideradas comconhecimento das peças escritas edesenhadas, e bem assim do teor dasmemórias descritivas de fls 200-201 e dasde fls 228 e segs, e ainda as diversasplantas e peças desenhadas constantes dosdossiers anexos aos autos (vd fls 306-310dos autos).Os depoimentos destas testemunhas nãoforam gravados (com excepção datestemunha ..., ouvida através de carta-precatória - cfr fls 202-203 dos autos) nemreduzidos a escrito, como se verifica daacta de audiência de julgamento de fls 218-223, pelo que só teria viabilidade aalteração pretendida se os documentosexistentes impusessem, só por si, decisãodiversa, o que, quanto a nós, se nãoverifica.Na verdade, o tribunal goza do poder delivre apreciação das provas produzidas(artigo 655.º do CPC), provas essas que,assinala-se, se reportam, in casu, a matériaque se situa numa área de ciência, aarquitectura, com regras de carácter técnicomuito específicas e em que a criatividadeassume um papel relevante, o que nos leva

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30/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

a considerar que, não obstante as diferençasapontadas pelo recorrente Estado entre oprojecto dos AA e o executado no Palácioda Justiça de Portimão, que se verificamefectivamente, não seja possível e correctodar as respostas que foram dadas aosreferenciados quesitos.É que, apesar de terem ocorrido asalterações apontadas pelo Estado,alterações teria necessariamente que haver,pois que a sua introdução foi pedida aosAA, aquando da elaboração do projecto deampliação. Simplesmente, como referemos AA, nas suas alegações de recurso,houve um trabalho criativo deles, ao qualchegaram através de um processo deencadeamento lógico, no qual foramintroduzidas alterações de pormenor.E, como se refere na douta sentençarecorrida, há no projecto dos AA "umtrabalho base de criação, uma concepçãoglobal, que, diremos nós, uma vez feita,criada a opção arquitectónica poderá, apartir daí ser difícil sair dessa vinculação,para quem surja de seguida".Ora, as respostas dadas assentaram emdepoimentos de técnicos da especialidade(arquitectos), que perante a análise de

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31/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

todos os elementos disponíveis e jáapontados - teor das memórias descritivasde fls 200-201 e das de fls 228, bem comodas diversas plantas e peças desenhadasconstantes dos dossiers anexos aos autos -não tiveram dúvidas em considerar quehavia um identificação praticamente totalda implantação do projecto dos AA com oprojecto que na data da petição estava a serimplantado.E o mesmo aconteceu no Parecer junto, daautoria do Arquitecto ... (fls 293- 295), comum currículo assinalável no âmbito degrandes empreendimentos arquitectónicose de actividade docente (fls 290-302), emque considera que "Um edifício éprojectado e construído correctamentecomo "um todo"; não é uma simplesconcoção de elementos arbitráriosaglomerados ao sabor das exigênciasparticulares que compõem o seu programa.Articular, dar forma coerente e eficaz aessas exigências, e fazê-lo dentro dascondições que se associam às regras esaberes da Arte, é a função do Arquitecto.Ao projectar um objecto arquitectónico, elefá-lo em função de um programa. É certoque há muitos casos em que o "programa"

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32/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

tem de contar com uma pré-existênciaimposta (como a adaptação de um conventoou um quartel desactivado a outrasfunções), e tal situação tem característicaspróprias.Porém, um edifício a construir de raiz deveobedecer naturalmente e obviamente a umprograma definido. Uma alteração doprograma deve corresponder a uma revisãodo projecto, que corresponde na prática aelaborar um projecto novo, ainda que sobreas bases do anterior, dado que ascircunstâncias de lugar, enquadramento econdicionantes externas não semodificaram. E isso, naturalmente, implicaque os projectistas que conceberam,estudaram e desenvolveram o projectoinicial sejam os que, pelo saber, soma deconhecimentos, imaginação e solução dosproblemas iniciais de fundo envolvidos naelaboração do projecto, devem serencarregados de introduzir as necessárias erequeridas alterações. Essa é uma práticauniversalmente reconhecida e que deveriaser sempre seguida, a não ser em casos demanifesta incapacidade ou incompetência."Tendo, após estas e outras considerações,apontado vários vícios ao projecto

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implantado, que considera ser umaalteração do elaborado pelos AA.Ora, estes conhecimentos, de naturezatécnica extra-jurídica, não podem deixar deser considerados, levando-nos a admitir,perante a análise dos documentos emcausa, como não merecedoras de censura asrespostas dadas, que, por isso, não devemser modificadas.Em face do exposto, improcedem asconclusões 1.ª e 2.ª das alegações derecurso do Estado. 2. 2. 2.Alega também o Estado que a sentençarecorrida não fez correcta avaliação dosfactos provados, procedendo a erradaanálise da matéria e das conclusões queextrai das respostas dadas aos quesitos 11.º,13.º, 15.º a 17.º e 24.º a 26.º, considerandoque uma correcta análise dessa matéria nãolevaria a considerar-se que o Palácio daJustiça foi construído com base no projectodos AA, mas sim com base num projectonovo, elaborado sobre as mesmascircunstâncias de lugar, enquadramento econdicionantes externas pela SGMJ, peloque os seus agentes não cometeramqualquer acto ilícito, pelo que não

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incumbia sobre ele qualquer dever deindemnizar os Autores.Fundamenta essa incorrecta interpretaçãonas seguintes razões:"1º. No que respeita à opção formal dedistribuição do edifício por 2 volumes(quesito XI), conforme já referimos supra,sob 7, verificamos que embora esta sejacomum aos 2 projectos, a sua leitura eefeito produzido é necessariamentediverso, uma vez que no projecto daSGMJ, a continuidade da cércea nãopermite vislumbrar qualquer intersecção,antes induzindo a uma leitura de umvolume único.2º. Do mesmo modo que o facto do edifíciomanter o mesmo sentido de orientação eposição do acesso principal (quesito XIII),não permite extrair qualquer conclusão deidentidade dos projectos, dado estar emcausa a mesma planta de localização, sendoconstantes aos dois projectos ascircunstâncias de lugar enquadramento econdicionantes externas, que não semodificaram.3º. Quanto à localização dos elevadores edas escadas (quesitos XV, XVI e XVII),tratando-se de um edifício público, parece-

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nos normal que os acessos públicos seencontrem localizados no átrio de acesso,pelo que estas questões não podem serconsideradas pertinentes à decisão dacausa, sendo que caso se pretenda entrarnuma discussão de detalhe, se terá deconcluir pela existência de diferenças quera níveis de medições quer desde logo ofacto de num projecto estarem previstos 2elevadores e no outro 3.4º. Já relativamente à articulação funcionaldas secretarias, com todos os serviços dopiso, tal como estudadas pelos autores(quesito XXIV), é de realçar que esta temde ser sempre a mesma - entrada dopúblico por um lado e acesso de serviço,por outro. Sendo que, no caso do projectoda SGMJ ainda tem o acesso ao arquivo,que no projecto dos AA. não existe.De qualquer modo, para o efeitopretendido nesta acção, não seráseguramente a identidade de articulaçãofuncional das secretarias que permitiráconcluir pela eventual identidade deprojectos, mas antes, a sua localização,dimensionamento e forma, que conformeresulta deste mesmo quesito, foi alterada,não mostrando quaisquer semelhanças

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36/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

entre os dois projectos.Com efeito, no projecto da SGMJ asecretaria é virada a Norte, e interiorrelativamente à fachada poente e tem formaem L, (desenho 6); enquanto no projectodos AA. a secretaria do piso 2 érectangular, virada a poente e desenrola-seem fachada, sendo menos acessível aopúblico (desenho 5) e a secretaria do piso 1é mais pequena, iluminada pelo pátio einterior (desenho 4).Pelo que, apenas da manutenção, em parte,da respectiva articulação funcional, não sepode retirar qualquer conclusão quanto àidentidade ou dissemelhança dos projectos.5.º E o mesmo se diga relativamente àsconclusões tiradas da resposta dada aoquesito XXV, no qual, no que respeita àsfachadas e imagem exterior do edifício,conforme referimos supra sob o ponto 7, osAA. apenas lograram provar semelhançasentre os dois projectos, em matéria derevestimento do edifício, mármores rosa ecinza, e a utilização de tubos de queda daságuas pluviais em aço inoxidável.Elementos estes, insuficientes àqualificação de identidade das linguagensarquitectónicas utilizadas nas fachadas, as

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37/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

quais utilizam uma composiçãoarquitectónica manifestamente diversa:num caso quadrada, vertical, com grandesáreas envidraçadas e no outro, rectangular ehorizontal, com aberturas baixas ecompridas, inseridas numa massa compactade pedra.Sendo esta linguagem utilizada nasfachadas, o elemento caracterizador eidentificativo da obra arquitectónica, o qualimplica uma distinta composição entre osdois projectos.6º. Relativamente à resposta dada aoquesito XXVI, é aqui manifesta acontradição entre a matéria provada e aconclusão desta retirada.Com efeito, conforme se refere naMemória Descritiva elaborada pela SGMJe junta pelos AA. a fls. 200 e 201, conclui-se nesta memória descritiva, que “Aimplantação e a forma volumétrica doedifício foi mantida, ou seja está de acordocom o Projecto de Estruturas concursado”,projecto este que é o referido na al. L) damatéria considerada assente e na respostadada ao quesito XXXIII, isto é, o projectode estruturas elaborado pela ..., o referidonovo projecto de estruturas, sendo aliás,

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38/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

impossível que aqui se referisse, aocontrário do que pretendem os AA., e foientendido na sentença recorrida, aoprojecto de estruturas ou ao projecto dearquitectura da ... ou dos AA., uma vezque, relativamente a estes não foi mantidaqualquer volumetria, antes pelo contrário, avolumetria constitui a mais evidentediferença entre os dois projectos.Assim, quando aí se refere que apenas foialterada a “organização dos espaços demodo a permitir a correcta funcionalidadedos Tribunais”, está-se a referir, não aqualquer organização prevista no projectode arquitectura dos AA., mas sim, àorganização dos espaços esboçada no novoprojecto de estruturas ou de estabilidade,elaborado pela ...."Ora, quanto a esta matéria, teremos decomeçar por remeter para as consideraçõesque fizemos no tratamento do pedido dealteração das respostas aos quesitos, ouseja, para o facto de estarmos perantematéria eminentemente técnica, no âmbitoda ciência da arquitectura, com asconsequências que daí extraímos.E diremos, tendo em conta tudo o que jáfoi expendido e designadamente o que a

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esse respeito foi consignado na doutasentença recorrida, que, nesta matéria"mesmo perante um determinado programacom determinadas finalidades e exigências,a implantar num determinado local, com asconsequentes condicionantes eenquadramento relacional com aenvolvência e demais condicionantesgeográficas e de orientação solar, há umtrabalho base de criação, uma concepçãoglobal, que, diremos nós, uma vez feita,criada a opção arquitetónica poderá, a partirdaí ser difícil sair dessa vinculação, paraquem surja de seguida. Mas é precisamentenessa concepção, nessa opçãoarquitectónica, que reside o acto criativopor excelência e digno de tutela."O que nos leva a considerar irrelevante quea continuidade da cércea, no projectoimplantado pela SGMJ não permitavislumbrar a existência de dois volumesparalelepipédicos a 45º, que existiamefectivamente em ambos os projectos(quesito 11.º) e como não atendíveis asconsiderações feitas pelo recorrente,relativamente aos quesitos 13.º, 15.º, 16.º ,17.º e 24.º, na medida em que não afastam,de maneira alguma, o aproveitamento do

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40/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

projecto dos AA. Tinha que ser assim, dizo recorrente, ignorando a referenciadacriatividade sempre presente em projectosdesta natureza, por um lado, e nãoafastando, antes reforçando, por outro, quehavia similitudes dos projectos, o que nosleva à defesa da posição de que se estáperante um projecto dos AA., alterado peloRéu.Também as diferenças apontadas namatéria do quesito 25.º não permitemapontar para o não aproveitamento doprojecto dos AA, pois que, apesar dessasdiferenças, aquilo que se pode considerar amatriz das fachadas se manteve tal comono seu projecto inicial.Finalmente, no que respeita à matéria doquesito 26.º, que, para, além de nãooriginar qualquer contradição entre o quedela consta e o que foi considerado nasentença recorrida, pois que esta nuncarefere que a memória descritiva do projectoimplantado pela SGMJ coincidia com amemória descritiva do projecto dearquitectura elaborado pelos AA, masapenas que, enquanto que na memóriadescritiva dos AA "se demonstra como sefoi sucessivamente chegando às diversas

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41/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

soluções arquitectónicas", na memóriadescritiva do projecto que estava a serconstruído no local apenas se referia que"A implantação e forma volumétrica doedifício foi mantida, ou seja, está de acordocomo o projecto de Estruturas concursado"(fls 200-201), que era efectivamente oelaborado pela ... e não pela ...,pretendendo demonstrar apenas que nãohouve, como é normal, a indicação decomo se chegou ao projecto final,porventura, por se ter partido do projectodos AA (cfr., sobre esta matéria, o parecerde fls 293-295, que refere expressamenteque constitui um vício evidente doprocesso seguido o submeter a um projectode estrutura a fundamental organização,pois que aquele (projecto de Estruturas) éque deve ser uma resultante da organizaçãodos espaços, que deve constar do projectode arquitectura).Donde resulta que tem cabimentoconsiderar essa referência como mais umelemento a levar em conta para aconsideração do aproveitamento doprojecto dos AA pela SGMJ,aproveitamento esse que é expressamentedefendido no Parecer do Presidente do

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42/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

Conselho Directivo Regional do Sul de fls38-40 dos autos, que, após váriasapreciações, considera que "salvo melhoropinião, e pela análise das peçasdesenhadas e demais documentação, seconclui tratar-se de um projecto deampliação relativamente a um projectoinicial da autoria dos arquitectos ... e ...,para o mesmo local e com o mesmo donoda obra, embora haja alteração de programa(e não programa novo), que aliás nãoinviabilizou o lançamento do concurso deempreitada com base no projecto inicial." -fls 40.Em face do exposto, é de considerar que asentença recorrida, ao considerar que aSGMJ copiou o projecto dos AA, oumelhor, produziu nele alterações contra asua vontade, não merece qualquer censura,pelo que improcedem as conclusões 3.ª e4.ª das alegações de recurso do Estado. 2. 2. 3.O Estado defende ainda não estaremverificados os pressupostos daresponsabilidade civil extracontratual doEstado por actos ilícitos de gestão pública,regulada no Decreto-Lei n.º 48051, de21/11/67, em virtude de se não verificar o

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43/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

requisito facto ilícito, por três ordens derazões, a saber: não houve apropriação deobra alheia; o artigo 60.º do CDADCapenas estabelece a obrigação deindemnizar no caso de falta de consulta dosautores do projecto; terem os AA dado oseu consentimento antecipado, conformecláusula 10.ª do contrato celebrado e juntoaos autos a fls 13 e sgs. A falta de apropriação de obra alheiaalicerça-a o Estado no facto de haver umaindividualidade própria na obra construídapelo M. da Justiça, matéria que, porém, jáfoi afastada pela decisão sobre a matéria defacto, pelo que se julga improcedente estaquestão.No que respeita à inverificação do requisitofacto ilícito, por não violação do artigo 60.ºdo CDADC, diremos que este requisito foitratado desenvolvidamente na sentençarecorrida, em termos que merece o nossointeiro acolhimento e que também só foiquestionado no que respeita à violação doreferido preceito legal, pelo que só dela nosiremos ocupar.Estatui este preceito:"1. O autor do projecto de arquitectura oude obra plástica executada por outrém e

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44/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

incorporada em obra de arquitectura, tem odireito de fiscalizar a sua construção ouexecução em todas as fases e pormenores,de maneira a assegurar a exactaconformidade da obra com o projecto deque é autor.2. Quando edificada segundo o projecto,não pode o dono da obra, durante aconstrução nem após a conclusão,introduzir nela alterações sem consultaprévia ao autor do projecto, sob pena deindemnização por perdas e danos.3. Não havendo acordo, pode o autorrepudiar a paternidade da obra modificada,ficando ao proprietário vedado invocar parao futuro, em proveito próprio, o nome doautor do projecto inicial."Ora, de acordo com o decidido sobre amatéria de facto, diremos, acompanhando asentença recorrida e concordando com apormenorizada reflexão sobre ela feita,designadamente a relevância da matériaconstante das respostas aos quesitos 10.º a25.º e 34.º, que, não obstante assemelhanças e diferenças observadas, é deconsiderar que o projecto executado pelaSGMJ foi o projecto dos AA, copiado emodificado sem autorização dos autores

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(alínea Q) da matéria assente).E, como tal, houve violação do dispostonos artigos 2.º, 9.º, 11.º, 15.º, n.º 2, 25.º e60.º, n.º 2 do CDADC, aprovado peloDecreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março,com as alterações introduzidas pela Lei n.º45/85, de 17 de Setembro e pela Lei n.º114/91, de 3 de Setembro pois que,contrariamente ao defendido pelo Estado, odever de indemnizar não ocorre apenas noscasos de falta de consulta sobre asalterações dos autores do projecto, mas, pormaioria de razão, também naqueles casosem que, tendo sido consultados, seopuseram, como se verificou no caso subjudice, e, não obstante essa oposição,foram introduzidas alterações (cfr., LuisFrancisco Rebelo, in Código do Direito deAutor e dos Direitos Conexos, Anotado,pág. 111, que, sobre este assunto, escreveu:"Se o autor do projecto, consultado sobre asalterações, não lhes der o seu acordo, masapesar disso elas forem introduzidas pelodono da obra, poderá aquele repudiá-la enão será lícito a este invocar o nome doautor do seu projecto em seu proveito.Além disso, e nos termos gerais de direito,poderá, tal como no caso de falta de prévia

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46/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

consulta, exigir do proprietárioindemnização por perdas e danos).Finalmente, as modificações operadas noprojecto dos AA não se reportam àssituações previstas no artigo 10.º docontrato de fls 13 dos autos, que apenasabrange as obras interiores, imprevistaspela necessidade de adequar oaproveitamento do espaço às variações dasnecessidades públicas cuja satisfaçãohouver de assegurar, o que não foimanifestamente o caso dos autos.Pelo que improcedem também asconclusões 5.ª e 6.ª das alegações dorecurso do Estado, ao qual terá, assim, deser negado provimento. B. Recurso dos Autores:2. 2. 1. Danos materiais:Defendem os Autores que, em face damatéria de facto dada como provada,deviam ser indemnizados na quantia de 17797 992$00 - euros 88 776, a título delucros cessantes. A sentença recorrida não fixou essaindemnização por ter considerado não severificar nexo de causalidade (outro dosrequisitos exigidos para a ocorrência deresponsabilidade civil extracontratual do

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47/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

Estado por actos ilícitos de gestão pública,cumulativamente com o facto ilícito, aculpa e o dano) entre o aproveitamento doseu projecto alterado e o não recebimentodessa importância, em virtude do Estadonão estar obrigado a adjudicar-lhe aalteração do projecto, que eles nãoefectuaram, por um lado, e por os danosresultantes da alteração não autorizadaprevistos no artigo 60.º do CDADC seremapenas os danos de natureza moral, poroutro.Os AA assentam o seu alegado direito namatéria de facto provada sob o n.º 45 dasentença recorrida, segundo a qual, por lhesnão ter sido adjudicado trabalho deampliação do projecto, os AA deixaram deauferir, pelo menos, essa importância.E consideram que se o Réu não tinha quelhes pagar fosse o que fosse antes deabusivamente alterar o seu projecto, masuma vez alterado e utilizado, tudo sepassou como se lhe tivesse adjudicado essaalteração, pelo que devia o Réu pagar-lheessa importância, deduzida daquilo quedespendeu com a alteração feita poroutrém, pelo que, não tendo provadoqualquer dispêndio, lhe devia pagar a

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48/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

totalidade dessa importância.O réu Estado, por sua vez, defende abondade da sentença recorrida, nesta parte.Vejamos.O que está em causa é o nexo decausalidade entre a alteração do projectodos AA, não autorizada por estes, e a suaexecução, na mesma obra para que tinhamelaborado o projecto inicial, que lhes foipago.De acordo com o estabelecido no artigo563.º do C.Civil, "A obrigação deindemnização só existe em relação aosdanos que o lesado provavelmente nãoteria sofrido se não fosse a lesão."Consagra este preceito a teoria dacausalidade adequada na formulaçãonegativa de Ennecerus/Lehmann, para aqual é necessário que os danos, apreciadossegundo um juízo de prognose póstuma,sustentado em critérios de normalidade erazoabilidade e na experiência comum,possam ser considerados consequêncianormal da lesão, ou seja, que a acção ouomissão da Administração se mostreadequada à produção do dano, gerandofortes probabilidades de o originar.Ora, no caso sub judice, como bem refere a

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49/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

sentença recorrida, o Estado não estavaobrigado a adjudicar-lhes as alterações,podendo lançar mão de um novo concursopara a elaboração de um projecto novo. Etambém não estava impedido de prosseguira execução do projecto alterado, ficando,contudo, obrigado a indemnizar os autoresdo projecto modificado ( n.º 2 do art.º 60º),indemnização que, porque se integra nosdireitos pessoais dos seus autores, apenascobre os danos não patrimoniais, e já nãoos lucros cessantes, em consequência denão terem sido encarregados do projecto. Esta posição é, para nós, a maisconsentânea com a lei, por um lado, pelainserção sistemática do preceito no capítuloVI do Código, que tem por epígrafe "osdireitos morais", e cujo primeiro artigo, oartigo 56.º, estatui que "1 -Independentemente dos direitos de carácterpatrimonial (...), o autor goza durante todaa vida do direito de reivindicar apaternidade da obra e assegurar agenuidade e integridade da obra, opondo-sea toda e qualquer mutilação, deformação ououtra modificação da mesma (...)”, dondese terá de extrair que a regulamentaçãofeita nos artigos seguintes se reporta a

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50/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

direitos morais. Os patrimoniais serãoassegurados nos termos gerais de direito,abrangendo os lucros cessantes, quepoderão ocorrer em situações como, porexemplo, o da utilização de um projectofeito para uma obra nessa obra e noutra, sótendo sido pago uma vez (para a primeira),mas já não a sua utilização na obra para aqual foi elaborado o projecto, que foi pago,caso em que apenas haverá lugar aindemnização por danos morais,decorrentes da alteração e utilização doprojecto original.E, por outro, porque, não tendo o autor doprojecto o direito subjectivo a que lhefossem adjudicadas as modificações doprojecto, não pode haver o direito a lucroscessantes, que dele teria de decorrer, sendocerto que, como também refere a sentençarecorrida, não lhes foram sequer criadasexpectativas, na medida em que a SGMJlhes comunicou logo que consideravaexagerados os honorários por elesapresentados, pelo que não os iriaencarregar de proceder às modificações doprojecto.Não é, assim, de aceitar a tese dos AA deque a SGMJ podia proceder a novo

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51/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

concurso para a elaboração de um novoprojecto, mas não o tendo feito, antes tendoexecutado o seu modificado, tudo se devepassar como se a modificação lhes tivessesido adjudicada, pois que só no caso deexistência de um direito subjectivo àadjudicação das modificações se podiaextrair essa consequência em termos delucros cessantes. Como esse direito não existe, não severifica nexo de causalidade entre osinvocados lucros cessantes e a execução doseu projecto modificado.De assinalar, finalmente, que o ponto 34 damatéria de facto dada como provada apenasassentou que os AA deixaram de receber aimportância nele mencionada, por não lhester sido adjudicado o trabalho de ampliaçãodo projecto dos autores, não contendoqualquer pronúncia, mesmo que implícita,sobre o nexo de causalidade entre o nãorecebimento dessa importância e a ilícitaexecução do projecto modificado, que,aliás, sempre seria irrelevante, por adeterminação da verificação desse nexo seruma questão de direito.Improcede, assim, a conclusão 1.ª dasalegações de recurso dos AA.

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52/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

2. 2. 2. Danos morais:Defendem os AA que os danos morais,fixados na sentença recorrida, em 39903,83euros (8 000 000$00), devem ser fixadosem 25 000 000$00, com base na equidade.O Réu Estado começa, a este respeito, porquestionar o aumento do pedido operadopelos Autores, que passou de 20 000000$00, na petição, para 25 000 000$00apenas nas alegações de direito,considerando ilegal essa ampliação, emface do estatuído nos artigos 273.º, n.º 2 e308.º, n.º 1 do CPC.Considerando, depois, não haver lugar aqualquer indemnização, com base nosfundamentos do seu recurso, para,finalmente, considerar que, a assim não serentendido, é adequado o montante fixadona sentença recorrida.Vejamos.Concorda-se em absoluto com o decididona sentença recorrida relativamente àverificação de todos os requisitos daresponsabilidade civil extracontratual doEstado por actos ilícitos de gestão públicarelativamente aos danos morais, comoresulta do supra decidido, na parte em quefoi posta em causa essa verificação, quer no

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53/56www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/7f4235e08c9c19a080256dfd005a55f…

recurso do Estado, quer no que respeita aosdanos materiais peticionados pelos AA noseu recurso, pelo que se aceitando tambémque esses danos assumem uma gravidadeque os colocam a coberto da tutela dodireito (artigo 496.º, n.º 1 do C. Civil), oque está em causa é apenas o montantedesses danos. De acordo com o estabelecido no n.º 3 doreferido artigo 496.º do C. Civil, omontante da indemnização será fixadoequitativamente, tendo em atenção ascircunstâncias referidas no artigo 494.º, quemanda atender ao grau de culpabilidade doagente, à situação económica deste e dolesado e às demais circunstâncias do caso.Os danos morais sofridos pelos AA pelaexecução do seu projecto modificadoforam: "A reconhecer-se que se tratava deuma ampliação do projecto de arquitecturados autores, o que está a ser levado a cabona construção do Palácio da Justiça dePortimão levaria a que os autoresbeneficiassem na sua vida profissional dorespeito e publicitação do seu trabalhoinerente a tal obra" – n.º 46 da matéria defacto dada como provada, resultante daresposta ao quesito 29.º e "Com

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reconhecimento nos seus currículos" – n.º47 dessa matéria, resultante da resposta aoquesito 30.°.Só estes podem ser levados em conta,carecendo de relevância outros danos a queos AA se referem nas alegações de recurso.O aludido reconhecimento devia ter sidofeito, como resulta do que acima sedecidiu.E, em face daqueles danos, consideramosque se não apresenta desadequado omontante fixado na sentença recorrida.Na verdade, o grau de culpa do Réu, queaté se apresenta convencido da licitude doseu comportamento, não é de consideraracima do normal na maioria dos casos deilegalidade.A situação económica do lesante, tendo emconta que se trata do Estado, não é deconsiderar de significativa relevância,devendo-se levar em conta uma situação denormalidade. E, quanto à dos lesados, nãoestá apurada, mas não será desiquilibradoadmitir, tendo em conta os honoráriosconstantes dos autos e a sua escolha paraelaborar projectos da dimensão dos queestão em causa, que terão uma boa situaçãoeconómica.

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Quanto ao projecto em causa, é dereconhecer que respeitava a uma obra dedimensão assinalável, pelo que assinalávelseria também, para a sua actividadeprofissional, o conhecimento público, deque tinham sido os AA que tinhamelaborado o seu projecto.Finalmente, não consideramos de granderelevância o facto do Estado gastar com aelaboração de um projecto novo omontante de 25 000 000$00 (n.º 48 damatéria de facto dada como provada), poisque se desconhece o que efectivamentegastou com as modificações introduzidasno projecto dos AA, bem como quanto lhespagou pelo projecto inicial, sendo certoque, atentos os honorários que teria depagar aos AA pela modificação do seuprojecto (17.797.992$00 - ponto n.º 26 damatéria de facto dada como provada), teriaapenas o ganho de 9.797.952$00, subtraídodo que efectivamente gastou com asmodificações a que procedeu através dosseus serviços.Tudo ponderado, entendemos que omontante fixado pelo tribunal a quo seapresenta equilibrado e adequado aoressarcimento dos danos resultantes da

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perda do benefício na vida profissional dosAA do respeito e publicitação do seutrabalho inerente a tal obra e do seu nãoenriquecimento curricular.Improcedem, assim, as conclusões 2.ª e 3.ªdas alegações de recurso dos AA, o quetorna inútil conhecer da questão daampliação do pedido suscitada pelo RéuEstado.3. DECISÃONesta conformidade, acorda-se em negarprovimento a ambos os recursos,confirmando-se a sentença recorrida.Custas pelos Recorrentes Autores, naproporção do seu decaimento.#Lisboa, 2 de Dezembro de 2003.António Madureira – Relator – São Pedro– Rosendo José