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7/24/2019 1.2 Anotações Sobre o Instante http://slidepdf.com/reader/full/12-anotacoes-sobre-o-instante 1/5 1.2 Anotações sobre o instante Concomitante às investigações que delineiam a ciência sob a égide do novo espírito científico, e a proposta de uma psicanálise da imaginação que compreenderia todo o processo de objetivação da imagem  indicada a partir do projeto de psicanálise da imaginação, observamos na obra de !aston "ac#elard o aprofundamento da compreensão do fen$meno do tempo em sua concepção instant%nea& ou ainda, o estudo detido do instante enquanto elemento supremo que funda e atuali'a o tempo ao qual nos debruçaremos a seguir( )m “A intuição do instante”, estudo sobre a obra Siloë de Gaston Roupnel *+-., "ac#elard lança de antemão a tese que posiciona de forma sintética e precisa sua filiação acerca do tempo/  01 ideia metafísica decisiva do livro de 2oupnel é esta/ O tempo só tem uma realidade, a do  Instante( 3outras palavras, o tempo é uma realidade encerrada no instante e suspensa entre dois nadas4( *"1C5)6127, -88, p( 9.( :u ainda, o tempo se instaura no instante, no intervalo mesmo entre o nada do passado e o nada do futuro( )ssa tese por si s; já contêm uma oposição à tese bergsoniana da duração -  e situa<se mesmo na polêmica entre, principalmente, duas obras de 5enri "ergson, a saber, O ensaio sobre os dados imediatos da consciência *==+. e Matria e memória *=+>., onde se desenvolve a questão da duração( : pr;prio título da obra como proposta de delineamento de uma  “intuição do instante”, já se oporia à “intuição da duração” tal como afirmada por "ergson, pois certificaria o instante como fundante do tempo/ 0?or que, então não aceitar, como metafisicamente mais prudente, igualar o tempo ao acidente, o que equivale a igualar o tempo a seu fen$meno@ : tempo s; se observa pelos instantes& a duração A veremos como A s; é sentida pelos instantes( )la Ba duração é uma poeira de instantes, ou mel#or, um grupo de pontos que um fen$meno de perspectiva solidari'a de forma mais ou menos estreita4 Dais do que uma refutação das teses bergsonianas é proposta uma inversão no tratamento do tempo, do posicionamento argumentativo( : que se apresenta logo a seguir poderia ser observado na feição de um quiasma/  )ssa psicanálise objetiva da imaginação tem início em “A !sican"lise do #o$o” % +=., questão que será abordada mais detidamente no E da ?arte F( -  3ão desenvolveremos as oposições entre as filosofias de "ergson e "ac#elard, mas procuraremos nesse momento apresentar a concepção de tempo instant%neo na obra de "ac#elard, especificamente em três teGtos, a saber, “A intuição do Instante” %&'()*, “A dialtica da duração” %&'(+*  e o artigo “O instante potico e o instante meta-sico” %&'('* ( ?ara uma maior clarificação do embate entre as filosofias de "ergson e "ac#elard acerca do problema do tempo, ver H:2DI, J( “Bachelard et Bergson: continuité et descontinuité” , ?KJ, -88=(  !( "1C5)6127( 0  A Intuição do Instante” , pg( L *grifo nosso.(

1.2 Anotações Sobre o Instante

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7/24/2019 1.2 Anotações Sobre o Instante

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1.2 Anotações sobre o instante

Concomitante às investigações que delineiam a ciência sob a égide do novo espírito

científico, e a proposta de uma psicanálise da imaginação que compreenderia todo o processo deobjetivação da imagem indicada a partir do projeto de psicanálise da imaginação, observamos na

obra de !aston "ac#elard o aprofundamento da compreensão do fen$meno do tempo em sua

concepção instant%nea& ou ainda, o estudo detido do instante enquanto elemento supremo que funda

e atuali'a o tempo ao qual nos debruçaremos a seguir(

)m “A intuição do instante”, estudo sobre a obra Siloë de Gaston Roupnel *+-.,

"ac#elard lança de antemão a tese que posiciona de forma sintética e precisa sua filiação acerca do

tempo/ 01 ideia metafísica decisiva do livro de 2oupnel é esta/ O tempo só tem uma realidade, a do Instante( 3outras palavras, o tempo é uma realidade encerrada no instante e suspensa entre dois

nadas4( *"1C5)6127, -88, p( 9.(

:u ainda, o tempo se instaura no instante, no intervalo mesmo entre o nada do passado e o

nada do futuro( )ssa tese por si s; já contêm uma oposição à tese bergsoniana da duração- e situa<se

mesmo na polêmica entre, principalmente, duas obras de 5enri "ergson, a saber, O ensaio sobre os

dados imediatos da consciência *==+. e Matria e memória *=+>., onde se desenvolve a questão

da duração( : pr;prio título da obra como proposta de delineamento de uma  “intuição do

instante”, já se oporia à “intuição da duração” tal como afirmada por "ergson, pois certificaria o

instante como fundante do tempo/

0?or que, então não aceitar, como metafisicamente mais prudente, igualar o tempo ao acidente, o queequivale a igualar o tempo a seu fen$meno@ : tempo s; se observa pelos instantes& a duração A veremos como A s; é sentida pelos instantes( )la Ba duração é uma poeira de instantes, ou mel#or, umgrupo de pontos que um fen$meno de perspectiva solidari'a de forma mais ou menos estreita4

Dais do que uma refutação das teses bergsonianas é proposta uma inversão no tratamento do

tempo, do posicionamento argumentativo( : que se apresenta logo a seguir poderia ser observado

na feição de um quiasma/

 )ssa psicanálise objetiva da imaginação tem início em “A !sican"lise do #o$o” % +=., questão que será abordadamais detidamente no E da ?arte F(

-  3ão desenvolveremos as oposições entre as filosofias de "ergson e "ac#elard, mas procuraremos nesse momentoapresentar a concepção de tempo instant%neo na obra de "ac#elard, especificamente em três teGtos, a saber, “A intuiçãodo Instante” %&'()*, “A dialtica da duração” %&'(+* e o artigo “O instante potico e o instante meta-sico” %&'('* (

?ara uma maior clarificação do embate entre as filosofias de "ergson e "ac#elard acerca do problema do tempo, ver H:2DI, J( “Bachelard et Bergson: continuité et descontinuité” , ?KJ, -88=(

 !( "1C5)6127( 0 A Intuição do Instante” , pg( L *grifo nosso.(

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0Das o problema mudaria de sentido se considerássemos a construção real do tempo a partir dosinstantes, em ve' da divisão do tempo, sempre factícia, a partir da duração( Meríamos então que otempo, longe de dividir<se no esquema do fracionamento de um contínuo, se multiplica no esquemadas correspondências numéricas4L( 

?ara uma filosofia que pretende eGplorar as sinuosidades do tempo descontínuo, não é o

tempo que seria inventado a partir da duração, mas a pr;pria duração é que seria produto do tempo,ou ainda, desde o instante( : quiasma decorre de "ergson pensar o tempo como uma continuidade

essencial, como uma duração, e de outro lado, a tese que privilegia o instante como elemento

fundamental de um tempo como descontinuidade radical assume, por sua ve', prioridade sobre o

tempo, uma ve' que 0)la Ba duração é uma poeira de instantes, ou mel#or, um grupo de pontos que

um fen$meno de perspectiva solidari'a de forma mais ou menos estreita4( Ieria então o instante que

funda e distende as durações e não o contrário(

1p;s a aceitação do instante como elemento primordial do tempo, "ac#elard procuracompreender como o instante se insere no jogo da duração( 0 A dialtica da duração” *+>. A 

 publicada quatro anos ap;s a “A intuição do instante” *+-. A tem como prop;sito demonstrar que

a essência da duração, assim como é traçada por "ergson, além de descontínua, se evidenciaria

através de uma dialtica( Iegundo "ergson, a duração é necessariamente #omogênea, ou seja,

seríamos capa'es de uma eGperiência metafísica de um tempo subjetivo, indivisível e sem

 possibilidade de mensuração( N concepção do tempo #omogêneo é oposta a formulação de um

tempo especificamente #eterogêneo, que admite momentos negativos que podem ser denominados

como intervalos(

 3o início da obra em questão "ac#elard assume sua investigação 0como uma propedêutica a

uma ilosoia do repouso49, advertindo que não se trata aqui de uma filosofia repousante, mas da

admissão do repouso como um dos elementos essenciais do devir, ou ainda, recon#ece que o tempo

reflui sobre si mesmo e renova o ser justamente nas lacunas ou intervalos que se apresentam na

continuidade da duração( ?ortanto, é desde a constatação de que os fen$menos não apresentam uma

duração de modo #omogêneo no tempo, que o autor acredita encontrar as fragilidades da duração,

 pois aquilo que dura, funda<se como tal, pois possui ra'ões para recomeçar, e tal renovação,

somente se apresenta desde instantes(

1 noção fundamental apresentada por "ac#elard para a apreciação do tempo em sua

instantaneidade é a de ritmo, desenvolvida com base nos estudos de 6ucio 1lberto ?in#eiro dos

Iantos que propõe uma “Ritman"lise”>( 7oravante a multiplicidade dos ritmos, encarados como

L !( "1C5)6127( 0 A Intuição do Instante” , pg( L>(

9 !, "1C5)6127( 0 A Dialética da Duração” , pg( 89(

> "ac#elard afirma em uma nota de roda pé da introdução de “A .ialtica da duração” que 6ucio 1lberto ?in#eiro dosIantos é brasileiro/ “/ucio Alberto !in0eiro dos Santos, proessor de ilosoia na 1ni2ersidade do porto, 3rasil%sic*4 /ar5t0manalise, publicação da Sociedade de #ilosoia e !sicolo$ia do Rio de 6aneiro, &'(& 4( Iegundo ?edro "aptista,

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 sistemas de instantes, sentimos o aprofundamento do ser que a partir disso ressoa suas durações,

tese essa que adquire import%ncia precisamente quando tratarmos do método fenomenol;gico da

leitura literária/

0Ie um ritmo regula solidamente uma característica, ele acarretará frequentemente característicasconeGas( 2estituindo uma forma, o ritmo restitui frequentemente uma matéria, uma energia( *O. :ritmo é verdadeiramente a Pnica maneira de disciplinar e preservar as energias mais diversas( Q a baseda din%mica vital e da din%mica psíquica( : ritmo A e não a melodia, compleGa demais A podeapresentar as verdadeiras metáforas de uma filosofia dialética da duração 4R( 

?ara "ac#elard, somente o ritmo aparece como o elemento fundamental para o fil;sofo que

 pretende avaliar o tempo através de uma filosofia que se fundamenta por uma dialética das

durações( )stamos mesmo no centro de uma filosofia que pretende compreender como se

organi'am as sínteses do ser pelas repercussões dos instantes fundadores do novo, tendo em vista o

terreno em que as resson%ncias presentes nos devires das durações se desenvolvem(

 3ão é ao tempo com feição unitária que somos lançados quando nos questionamos sobre o

estatuto do tempo tanto na obra “Intuição do instante” %&'()* quanto na “.ialtica da duração”

%&'(+*, mas ao tempo plural, ao tempo #eterogêneo, tempo esse que aceitaria a derivação de seus

fen$menos de maneira a medir as intensidades presentes nos mesmos, ou ainda, dito de outro modo,

um tempo que busca eGaminar através da #armonia e desarmonia de seus ritmos as caracteri'ações

 psíquicas do ser, representadas pela adoção da  Ritman"lise  como método=(   Caberia, então,

identificar como as simultaneidades rompem a continuidade do tempo sucessivo, do tempo dos

rel;gios, do tempo medido(

)m ++, "ac#elard publica o artigo “O Instante !otico e o Instante Meta-sico” que pode

ser considerado como uma das primeiras postulações sobre a imagem e sua temporalidade, adotadas

através da perspectiva da instantaneidade do tempo( 1nteriormente, observávamos o modo de

construção do conceito delineado por uma psicanálise do con#ecimento objetivo como método para

ultrapassar os obstáculos epistemol;gicos, obstáculos esses que o cientista esbarra ao formular suas

questões, além da adoção de uma pedagogia que demonstra ao novo espírito como alcançar aefetividade e a precisão( 3este momento, as pesquisas do autor direcionam<se através do modo com

que a linguagem poética produ' um acontecimento objetivo, ou ainda, como as imagens são

objetivadas por intermédio da linguagem(

: que "ac#elard identifica nas imagens é sua capacidade de imobili'ar a vida atribuindo

autor da obra “O ilósoo antasma7 /ucio Alberto !in0eiro” *-88., o autor em questão é bracaense, da cidade de"raca em ?ortugal, e não brasileiro( 1lém dessa revelação, ?edro "aptista afirma que a obra na qual !aston "ac#elardse referencia nos é indisponível(

R !, "1C5)6127( “ A Dialética da Duração” , pg( R(

=  !( "1C5)6127( “ A Dialética da Duração” , pg( L(

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unidade c;smica ao ser pelo que se di'+( 7ito de outra forma, a imagem A diferentemente do

conceito A carrega em si a marca de uma instantaneidade que l#e configura um colorido pr;prio/

0?ara construir um instante compleGo, para atar nesse instante numerosas simultaneidades, é que o

 poeta destr;i a continuidade simples do tempo48( ?ara isso, "ac#elard distingue duas formas de

temporalidade, uma que se apresenta de maneira 0ori8ontal  e acompan#a o ritmo da vida observadaem seus fen$menos, em sua aceitação perceptível e mon;tona *duração.& e outra 2erticali8ante, que

se utili'a das simultaneidades, das ambivalências, do ordenamento dos instantes estabili'ados que

 pretendem romper toda a temporalidade já preestabelecida e enrai'ada dos devires cotidianos& ou

seja, a temporalidade instant%nea em ruptura para com/ . os quadros sociais da duração *as

relações #umanas cotidianas e rotineiras.& -. os quadros dos fen$menos assim como eles são

observados na 3ature'a de forma já solidificada& e . os quadros vitais da duração, ou seja, aqueles

em que o tempo relativi'a os sentimentos, valori'a e desvalori'a as opiniões(Q somente a partir do momento em que a alma estabelece essa ruptura para com tudo aquilo

que é dado, que "ac#elard acredita encontrar toda a força do instante para o fa'er poético, pois é a

 partir dessa 2erticali8ação que o instante se torna a união de todo ser sensível( Com o poema abaiGo

acreditamos ilustrar o modo de apreciação da instantaneidade da imagem poética/

0)screver nem uma coisa 3em outra A1 fim de di'er todas A:u, pelo menos, nen#umas(1ssim,1o poeta fa' bem7eseGplicar ASanto quanto escurecer acende os vaga<lumes4(

 3os quatro primeiros versos do poema de Danoel de "arros em “O $uardador de 9$uas”

*+=+., observamos a presença de contrários como o escrever e o di'er, entre o um, todas e

nen#umas( 1qui, mais do que a apresentação desses contrários, #á ambi2alência entre eles, pois já

não sei se escrevo ou se digo, se é um, todas ou nen#umas& todos os elementos vibram na mesma

frequência, sob o mesmo ritmo, a fim de imobili'ar o tempo, e qualquer variação, por mínima que

seja, já aceitaria uma das formas( Fsso corrobora eGatamente com os Pltimos quatro versos aonde os

quadros linguísticos e sociais são rompidos pelo neologismo 0deseGplicar4, ineGistente no

dicionário, fora do uso cotidiano da fala, mas que di' e eGpressa( 1 ambivalência do Pltimo verso

+ 0:s instantes em que esses sentimentos são eGperimentados juntamente imobili'am o tempo, porque são

eGperimentados juntos, ligados pelo interesse fascinador da vida4 pg( ==( "1C5)6127, !( “Direto de Sonhar”  

*+=9., in(/ 0: Fnstante poético e o instante metafísico4(

8 "1C5)6127, !( “Direto de Sonhar”  in(/ 0: Fnstante poético e o instante metafísico4, pg( =(

 "122:I, D( 0 Poesia Completa” , págs( ->L<->9(

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está justamente naquilo que ele não di', ou ainda, a ambivalência é iluminada a partir da

contradição entre os vaga<lumes fosforescerem ao escurecer e a pr;pria escuridão acendê<los, eis o

instante poético que nos toma por inteiro( Danoel de "arros nos remete a ambivalência entre a lu' e

a escuridão, imobili'a o tempo no instante do não saber o que seria a causa um do outro( :utra ve',

qualquer aceitação de um dos termos eGplicaria, e por isso, já estaria, segundo "ac#elard, inseridanos quadros da duração, do tempo #ori'ontal, com tendência ao conceito(

03o mínimo, o instante poético é a consciência de uma ambivalência( ?orém é mais/ é umaambivalência eGcitada, ativa, din%mica( : instante poético obriga o ser a valori'ar ou a desvalori'ar(

 3o instante poético o ser sobe ou desce, sem aceitar o tempo do mundo, que redu'iria a ambivalênciaà antítese, o simult%neo ao sucessivo4-(

1 import%ncia da instantaneidade da imagem será um dos elementos fundamentais pelos

quais acreditamos que "ac#elard distingue a vida do conceito da vida da imagem( )m um momento

 posterior teremos a oportunidade de evidenciar isso com maior força, mas apenas depois de

conceber a envergadura da concepção da imagem em várias das obras em que "ac#elard direciona

sua investigação, a saber, aos arquétipos elementares, que em um primeiro momento, vão delinear a

 problemática da imaginação( ?or enquanto, a constatação da instantaneidade da imagem já nos

aproGima de uma situação que nos apresenta o modo com que "ac#elard direciona seu pensamento

 para as questões sobre a imagem(

-  !( "1C5)6127, “O Direito de Sonhar”   in(/ 0: Fnstante poético e o instante metafísico4, pg( =L( :u ainda,"ac#elard sobre C#arles "audelaire no artigo em questão/ 0?ara os poetas que, dessa maneira, reali'am o instante comfacilidade, o poema não se desdobra/ ele se enlaça, se tece de laçada em laçada( : drama deles não se efetiva( Ieu mal éuma flor tranquila4( "1C5)6127, !( “Direto de Sonhar”  in(/ 0: Fnstante poético e o instante metafísico4 pg( =>(