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12. LÍNGUA PORTUGUESA 1.APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Constituída nos processos interacionais, a língua configura-se, portanto, como uma atividade que se estabelece por meio das relações sociodiscursivas. Desse modo, institui-se como direito do cidadão e como função da escola o ensino proficiente da leitura e da escrita, da língua materna, uma vez que a atuação dos sujeitos como agentes ativos na interação verbal se dá na sua ação eficiente com e pela linguagem. De acordo com essa perspectiva de ensino, as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (DCE) Língua Portuguesa pontuam que É nos processos educativos e, notadamente nas aulas de Língua Materna, que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de sua competência linguística, de forma a garantir uma inserção ativa e crítica na sociedade. É na escola que o aluno, e mais especificamente o da escola pública, deveria encontrar o espaço para as práticas de linguagem que lhe possibilitem interagir na sociedade, nas mais diferentes circunstâncias de uso da língua, em instâncias públicas e privadas. Nesse ambiente escolar, o estudante aprende a ter voz e fazer uso da palavra, numa sociedade democrática, mas plena de conflitos e tensões. (PARANÁ, 2008, p.38) No processo histórico do ensino da Língua Portuguesa no Brasil, diferentes concepções de linguagem e de ensino nortearam a prática pedagógica em sala de aula. Assim, desde a sua implantação, com a educação jesuítica, o ensino da língua materna orientou-se, predominantemente, por posturas pedagógicas de caráter elitista e estruturalista, cujo enfoque baseava-se no estudo das estruturas gramaticais, como meio de uso competente da língua. Essas práticas pedagógicas, no entanto, passaram, a partir das décadas de 80 e 90, a serem revistas e contrapostas por uma concepção de língua, cujo enfoque centra-se no caráter dialógico, histórico e social da linguagem. Tais pressupostos, amparados nos estudos de Bakhtin, João Wanderley Geraldi, Sírio Possenti, Carlos Alberto Faraco, entre outros teóricos, orientaram os programas de reestruturação do ensino nacional, como a Reestruturação do Ensino de 2º Grau (1988), o Currículo Básico (1990) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), no final da década de 90. De acordo com o preconizado por esses estudos e

12. LÍNGUA PORTUGUESA 1.APRESENTAÇÃO DA … · uso da língua, em instâncias públicas e privadas. Nesse ambiente escolar, o estudante aprende a ter voz e fazer uso da palavra,

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12. LÍNGUA PORTUGUESA

1.APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Constituída nos processos interacionais, a língua configura-se, portanto, como

uma atividade que se estabelece por meio das relações sociodiscursivas. Desse

modo, institui-se como direito do cidadão e como função da escola o ensino

proficiente da leitura e da escrita, da língua materna, uma vez que a atuação dos

sujeitos como agentes ativos na interação verbal se dá na sua ação eficiente com e

pela linguagem. De acordo com essa perspectiva de ensino, as Diretrizes

Curriculares do Estado do Paraná (DCE) – Língua Portuguesa – pontuam que

É nos processos educativos e, notadamente nas aulas de Língua Materna, que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de sua competência linguística, de forma a garantir uma inserção ativa e crítica na sociedade. É na escola que o aluno, e mais especificamente o da escola pública, deveria encontrar o espaço para as práticas de linguagem que lhe possibilitem interagir na sociedade, nas mais diferentes circunstâncias de uso da língua, em instâncias públicas e privadas. Nesse ambiente escolar, o estudante aprende a ter voz e fazer uso da palavra, numa sociedade democrática, mas plena de conflitos e tensões. (PARANÁ, 2008, p.38)

No processo histórico do ensino da Língua Portuguesa no Brasil, diferentes

concepções de linguagem e de ensino nortearam a prática pedagógica em sala de

aula. Assim, desde a sua implantação, com a educação jesuítica, o ensino da língua

materna orientou-se, predominantemente, por posturas pedagógicas de caráter

elitista e estruturalista, cujo enfoque baseava-se no estudo das estruturas

gramaticais, como meio de uso competente da língua.

Essas práticas pedagógicas, no entanto, passaram, a partir das décadas de

80 e 90, a serem revistas e contrapostas por uma concepção de língua, cujo

enfoque centra-se no caráter dialógico, histórico e social da linguagem. Tais

pressupostos, amparados nos estudos de Bakhtin, João Wanderley Geraldi, Sírio

Possenti, Carlos Alberto Faraco, entre outros teóricos, orientaram os programas de

reestruturação do ensino nacional, como a Reestruturação do Ensino de 2º Grau

(1988), o Currículo Básico (1990) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), no

final da década de 90. De acordo com o preconizado por esses estudos e

documentos, no ensino de língua materna considera-se, sobretudo, o texto como

unidade fundamental de estudo, visto que nele estão concretizados os discursos

produzidos socialmente e, com os quais os alunos devem, por meio da leitura e da

escrita, interagir eficientemente.

Nesse percurso, de discussão e estudo acerca de uma concepção de língua

que considere os seus aspectos dinâmico e dialógico, bem como a atuação ativa

dos sujeitos no processo discursivo, é que foram produzidas, no trabalho coletivo, as

Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, cujo objetivo principal, aponta o

documento, é a apresentação de uma proposta de ensino centrada no estudo das

práticas discursivas e, portanto, de interação e inserção social. Assim:

Considerando o percurso histórico da disciplina de Língua Portuguesa na Educação Básica brasileira, e confrontando esse percurso com a situação de analfabetismo funcional, de dificuldades de leitura compreensiva e produção de textos apresentada pelos alunos – segundo os resultados de avaliação em larga escala e, mesmo, de pesquisas acadêmicas – as Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa requerem, neste momento histórico, novos posicionamentos em relação às práticas de ensino; seja pela discussão crítica dessas práticas, seja pelo envolvimento direto dos professores na construção de alternativas. Essas considerações resultaram, nas DCE, numa proposta que dá ênfase à língua viva, dialógica, em constante movimentação, permanentemente reflexiva e produtiva. Tal ênfase traduz-se na adoção das práticas de linguagem como ponto central do trabalho pedagógico. (DCE, 2008, p.47).

Sob essa perspectiva, o ensino de Língua Portuguesa, ao centrar-se nos

diferentes contextos discursivos, considera a importância do trabalho com os

gêneros discursivos em sala de aula, os quais, segundo Bakthin (2000),

constituem-se em constructos sociais adequados aos propósitos comunicativos dos

interlocutores e, nesse sentido

O querer dizer do locutor se realiza acima de tudo na escolha de um gênero do discurso. Essa escolha é determinada em função da necessidade de uma dada esfera da comunicação verbal, das necessidades da temática (do objeto de sentido), do conjunto constituído dos parceiros. Depois disso, o intuito discursivo do locutor, sem que este renuncie à sua individualidade e à sua subjetividade, adapta-se e ajusta-se ao gênero escolhido. (BAKTHIN, 2000, p. 301).

Assim, os gêneros instituem-se como formas interativas e ferramentas

adequadas às intenções dos interlocutores. Desse modo, também para Marcuschi

(2008), estes se referem a textos materializados em situações comunicativas

recorrentes e, portanto, imanente às atividades humanas, nas relações sociais.

Sobre esse conceito, reitera o autor

Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. (MARCUSCHI, 2008, p.155)

Nesse contexto, o processo de ensino e de aprendizagem de Língua

Portuguesa, nas práticas de oralidade, leitura, escrita e de análise linguística,

organiza-se a partir do trabalho com os gêneros discursivos produzidos socialmente,

a fim de que os alunos tenham a possibilidade de acesso e conhecimento acerca

dos aspectos contextuais, composicionais e estilísticos que compõem a diversidade

discursiva. Sobre essa prática pedagógica, as DCE ressaltam que

O aprimoramento da competência linguística do aluno acontecerá com maior propriedade se lhe for dado conhecer, nas práticas de leitura, escrita e oralidade, o caráter dinâmico dos gêneros discursivos. O trânsito pelas diferentes esferas de comunicação possibilitará ao educando uma inserção social mais produtiva no sentido de poder formular o seu próprio discurso e interferir na sociedade em que está inserido (...) O trabalho com os gêneros, portanto, deverá levar em conta que a língua é instrumento de poder e o acesso ao poder, ou sua crítica, é legítimo e é direito para todos os cidadãos. (PARANÁ, 2008, p. 53).

Segundo esses pressupostos, a atuação eficiente dos sujeitos nas práticas

discursivas, nas relações sociais, perpassa pelo uso competente dos gêneros

discursivos, assim como dos recursos linguísticos que os compõem, visto que estes

se constituem em instrumentos e/ou estratégicas que a linguagem põe à disposição

dos interlocutores na composição de seus discursos.

Nesse sentido, portanto, ao se considerar os aspectos dialógicos e sociais

que constituem a língua, as práticas de oralidade, leitura, escrita e de análise

linguística em sala de aula possibilitam ao aluno a inserção social por meio do

domínio da língua enquanto condição essencial para o exercício da cidadania.

2.CONTEÚDOS

Considerando-se o caráter interacionista e, portanto, social da língua, os

conteúdos de Língua Portuguesa norteiam-se pelo estudo da diversidade dos

gêneros discursivos produzidos socialmente, os quais orientam as práticas de

oralidade, leitura, escrita e da análise linguística. Nessa perspectiva, institui-se como

conteúdo estruturante da Língua Portuguesa: O discurso como prática social.

Assim, os conteúdos de ensino, elencados por esta Proposta Pedagógica

Curricular, estão distribuídos para cada ano dos Ensinos Fundamental e Médio

tendo como base os gêneros discursivos propostos, os quais estão organizados de

forma anual e serão apontados no Plano de Trabalho Docente (PTD) dos

professores e trabalhados no decorrer do ano letivo, de acordo com as

especificidades e/ou necessidades de cada turma/ano.

2.1. Ensino Fundamental

6º Ano

Conteúdo Estruturante: Discurso como prática social

Conteúdos básicos: Gêneros discursivos

Causos;

Convites;

Bilhete;

Piadas;

Provérbios;

Trava-línguas;

Contos de fadas contemporâneos;

Fábulas;

Histórias em quadrinhos;

Narrativas de aventura;

Poemas;

Tiras;

Placas;

Regras de jogo;

Biografia e autobiografia;

Notícia;

Reportagem científica (...) para crianças;

Crônica de humor.

A) PRÁTICAS DISCURSIVAS

I) LEITURA

Leitura de diferentes textos dos gêneros discursivos elencados, considerando-se:

O tema do texto;

O interlocutor;

A finalidade;

O uso do discurso direto e indireto;

Elementos composicionais do gênero;

A seleção lexical e sua funcionalidade e implicação no sentido do texto;

As marcas linguística e os recursos responsáveis pela coesão e coerência

textuais;

A função exercida pelas classes gramaticais no texto;

O uso da pontuação e dos recursos gráficos (aspas, travessão, negrito) nos

textos: funcionalidade e sentido;

O uso dos recursos imagéticos e sua função no sentido dos textos.

II) ESCRITA

Produção e reescrita de textos dos gêneros discursivos elencados, considerando-se

os seguintes aspectos:

Contexto de produção;

Interlocutor;

Finalidade do texto;

Informatividade;

O uso do discurso direto e indireto;

Elementos composicionais do gênero;

Divisão do texto/tema em parágrafos;

As marcas linguísticas responsáveis pela coesão e coerência textuais;

A escolha lexical em função dos objetivos do gênero discursivo utilizado;

O uso da pontuação e dos recursos gráficos (aspas, travessão, negrito);

Acentuação gráfica;

Ortografia;

Concordância verbal/nominal;

O uso da variedade linguística em concordância com a situação comunicativa.

III) ORALIDADE

Produção de textos dos gêneros discursivos da oralidade, observando-se:

O tema do texto;

A finalidade;

O papel do locutor e do interlocutor;

Os elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos...;

Adequação do discurso ao gênero;

Adequação da linguagem ao contexto de uso;

Os turnos de fala;

Os recursos linguísticos responsáveis pela coesão e coerência textuais;

O uso dos recursos semânticos em função da finalidade comunicativa.

7º Ano

Conteúdo Estruturante: Discurso como prática social

Conteúdos Básicos: Gêneros discursivos

- Contos;

Lendas;

Entrevistas (oral e escrita);

Notícias;

Paródia;

Exposição oral;

(Declamação de poemas);

Narrativas de suspense;

Relatório;

Texto instrucional;

Propaganda;

Reportagem;

Crônicas.

A) PRÁTICAS DISCURSIVAS

I) LEITURA

Leitura de diferentes textos dos gêneros discursivos elencados, considerando-se:

O tema e o título do texto;

O interlocutor;

A finalidade;

O contexto de produção;

As informações explícitas e implícitas;

O uso do discurso direto e indireto;

Elementos composicionais do gênero;

A repetição proposital de palavras;

O uso do léxico em função dos objetivos do texto;

As marcas linguísticas responsáveis pela coesão e coerência textuais;

A função das classes gramaticais no texto;

O uso da pontuação e dos recursos gráficos (aspas, travessão, negrito) em

função dos objetivos e sentido do texto.

II) ESCRITA

Produção e reescrita de textos dos gêneros discursivos elencados, considerando-se

os seguintes aspectos:

O contexto de produção;

O interlocutor;

A finalidade do texto;

Adequação da linguagem ao contexto de uso;

A informatividade necessária aos propósitos do texto;

O uso do discurso direto e indireto;

Os elementos composicionais do gênero;

As marcas linguísticas responsáveis pela coesão e coerência textuais;

O uso e a função das classes gramaticais no texto;

O uso da pontuação e dos recursos gráficos (aspas, travessão, negrito);

Acentuação gráfica;

Ortografia;

Concordância verbal/nominal;

Estruturação dos parágrafos e divisão da temática textual.

III) ORALIDADE

Produção de textos dos gêneros discursivos da oralidade, observando-se:

O tema do texto;

A finalidade;

O papel do locutor e do interlocutor;

Os elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos, entre outros;

Adequação do discurso ao gênero;

Os turnos de fala;

O uso dos recursos linguísticos responsáveis pela coerência, coesão e

continuidade temática;

A postura adotada perante ao interlocutor.

8º Ano

Conteúdo Estruturante: Discurso como prática social

Conteúdos Básicos: Gêneros discursivos

Relatos de experiências vividas;

Debate (troca de opinião);

Narrativa fantástica: romance e conto;

Reportagem;

Publicidade comercial;

Romance;

Resumo;

Sinopse de filme e de livro;

Relatório de visita ou passeio;

Cartazes;

E-mail;

Cartum;

Música;

Seminário.

A) PRÁTICAS DISCURSIVAS

I) LEITURA

Leitura de diferentes textos dos gêneros discursivos elencados, considerando-se:

Conteúdo temático;

Interlocutor;

Intencionalidade do texto;

Argumentos do texto;

Contexto de produção;

Intertextualidade;

Elementos composicionais do gênero;

Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;

Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto,

pontuação, recursos gráficos (aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem.

O uso dos operadores argumentativos e sua função no texto;

As expressões textuais que expressam ironia, humor e ambiguidade;

Os efeitos de sentido dados pelos recursos imagéticos nos textos.

II) ESCRITA

Produção e reescrita de textos dos gêneros discursivos elencados,

considerando-se os seguintes aspectos:

O conteúdo temático;

O interlocutor;

A intencionalidade do texto;

Informatividade;

Contexto de produção;

Elementos composicionais do gênero;

Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto,

pontuação, recursos gráficos (aspas, travessão, negrito);

Concordância verbal e nominal;

Regência nominal e verbal;

Os conectivos como mecanismos que colaboram com a coerência e coesão

textual;

Função dos pronomes na organização, retomadas e sequenciação do texto;

O uso da pontuação como recurso sintático e estilístico em função dos efeitos de

sentido pretendidos

O uso e a função dos operadores argumentativos;

A unidade e a progressão temática.

III) ORALIDADE

Produção de textos dos gêneros discursivos da oralidade, observando-se:

Conteúdo temático;

Finalidade;

A argumenção;

O papel do locutor e do interlocutor;

Os elementos extralinguísticos: entonação, expressões facial, corporal e gestual,

pausas, etc.;

A adequação do discurso ao gênero;

Os turnos de fala;

A adequação da fala ao contexto.

9º Ano

Conteúdo Estruturante: Discurso como prática social

Conteúdos Básicos: Gêneros discursivos

Artigo de opinião;

Charge;

Debates;

Editorial;

Carta de reclamação;

Conto e Crônica;

Resenha crítica;

Seminário;

Romance;

Blogs;

Texto teatral;

Curriculum vitae.

Hai Kai

A) PRÁTICAS DISCURSIVAS

I) LEITURA

Leitura de diferentes textos dos gêneros discursivos elencados, considerando-se:

O conteúdo temático;

O interlocutor;

A intencionalidade do texto;

A argumentividade do texto;

O contexto de produção;

O discurso ideológico presente no texto;

A intertextualidade;

As vozes sociais presentes no texto;

Os elementos composicionais do gênero;

A continuidade e a progressão temática;

Os elementos conectivos utilizados no texto;

A progressão referencial no texto;

As marcas linguísticas de: coesão, coerência, função das classes gramaticais no

texto, pontuação, recursos gráficos (aspas, travessão, negrito);

A adequação da linguagem ao contexto comunicativo;

A ambiguidade proposital e a problemática e seus efeitos de sentido;

Os aspectos linguísticos que denotam a ironia e o humor.

II) ESCRITA

Produção e reescrita de textos dos gêneros discursivos elencados,

considerando-se os seguintes aspectos:

Conteúdo temático;

Interlocutor;

Intencionalidade do texto;

Informatividade;

Contexto de produção;

Intertextualidade;

Vozes sociais presentes no texto;

Elementos composicionais do gênero;

Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;

Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto,

pontuação, recursos gráficos (aspas, travessão, negrito);

O uso dos recursos coesivos;

A progressão referencial e sequencial no texto;

O valor sintático e semântico dos tempos e modos verbais;

Sintaxe de concordância;

Sintaxe de regência;

Recursos de argumentação e de persuasão;

O uso dos modalizadores e referenciadores como expressão opinativa.

III) ORALIDADE

Produção de textos dos gêneros discursivos da oralidade, observando-se:

Conteúdo temático;

Finalidade;

Argumentos;

Papel do locutor e do interlocutor;

Elementos extralinguísticos: entonação, expressões facial, corporal e gestual,

pausas;

Adequação do discurso ao gênero;

Turnos de fala;

Variações linguísticas (lexicais, semânticas, prosódicas);

Marcas linguísticas: coesão (conectivos), coerência, gírias, repetição;

Semântica;

Adequação da fala ao contexto (uso de conectivos, gírias, repetições, etc.);

Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito.

2.2. ENSINO MÉDIO

Conteúdo Estruturante: Discurso como prática social

Conteúdos Básicos: Gêneros discursivos

1º ANO

Exposição oral;

Gráficos;

Tiras;

Poemas;

Relatório de

experiência científica;

Conto;

Crônica;

2º ANO

Seminário;

Anúncio publicitário;

Resenha;

Cartum;

Entrevista;

Romance;

Carta de reclamação;

Editorial;

3º ANO

Debate

Artigo de opinião;

Carta do leitor;

Comentário crítico;

Charge;

Relatório

científico;

Depoimento;

Fábula;

Blog;

Curriculum;

Resumo;

Notícia e reportagem.

Twiter;

Gráfico;

Palestra;

Biografia e

autobiografia.

Música;

Filme;

Propaganda;

Texto de

divulgação

científica;

Peça teatral.

A) PRÁTICAS DISCURSIVAS

I) LEITURA

Leitura de diferentes textos dos gêneros discursivos elencados, considerando-se:

Os aspectos estilísticos, composicionais e contextuais do gênero textual em

estudo (conteúdo temático, interlocutor previsto, finalidade, marcas de estilo,

estrutura textual, ...)

Discurso ideológico presente no texto;

Intertextualidade;

Vozes sociais presentes no texto;

Elementos composicionais do gênero;

A informatividade;

Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;

O uso e a função dos recursos coesivos nos textos;

A progressão referencial e sequencial no texto;

A unidade e a progressão temática;

O uso e a função da pontuação e dos recursos gráficos (aspas, travessão,

negrito) nos textos;

A escolha lexical e os efeitos de sentido nos textos;

O uso dos modalizadores e sua função como recurso de argumentação;

Os recursos argumentativos e persuasivos nos textos;

Os recursos imagéticos e os efeitos de sentido por eles implicados;

Os recursos expressivos utilizados na construção do humor, da ironia e da

ambiguidade;

Valor sintático e semântico dos tempos e modos verbais;

Adequação/inadequação da linguagem ao contexto comunicativo;

O uso e a função das classes gramaticais nos diferentes gêneros textuais.

II) ESCRITA

Produção e reescrita de textos dos gêneros discursivos elencados,

considerando-se os seguintes aspectos:

Os aspectos estilísticos, composicionais e contextuais do gênero textual em

estudo (conteúdo temático, interlocutor previsto, finalidade, marcas de estilo,

estrutura textual, ...)

A informatividade presente no texto;

Progressão referencial e sequencial;

Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto;

O uso do léxico em função dos objetivos do texto;

O uso dos recursos de coesão e de coerência;

A progressão e continuidade temática;

O uso da pontuação e dos recursos gráficos (aspas, travessão, negrito) em

função da finalidade comunicativa;

A sintaxe de concordância;

A sintaxe de regência;

O uso dos recursos de argumentação;

O uso dos recursos linguísticos (referenciação, modalizadores, modos verbais,

entre outros) em função dos objetivos do texto;

Adequação da linguagem ao contexto comunicativo.

III) ORALIDADE

Produção de textos dos gêneros discursivos da oralidade, observando-se:

Os aspectos estilísticos, composicionais e contextuais do gênero textual em

estudo (conteúdo temático, interlocutor previsto, finalidade, marcas de estilo,

estrutura textual, ...)

A argumentação;

Papel do locutor e do interlocutor;

Elementos extralinguísticos: entonação, expressões facial, corporal e gestual,

pausas;

Adequação do discurso ao gênero;

Os turnos de fala;

Variações linguísticas (lexicais, semânticas, prosódicas);

Marcas linguísticas: coesão (conectivos), coerência, gírias, repetição;

Os elementos semânticos;

Adequação da fala ao contexto;

Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito.

3. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

O ensino da Língua Portuguesa, centrado na perspectiva do discurso como

prática social, considera a linguagem em uso nos diferentes contextos sociais e

estruturada pela variedade de gêneros discursivos, os quais instituem-se como foco

principal e organizador da prática pedagógica em sala de aula.

Nesse contexto, os gêneros discursivos propostos para cada Ano dos Ensinos

Fundamental e Médio orientam as práticas da oralidade, da leitura, da escrita e da

análise linguística e, nesse processo, os textos/discursos são compreendidos em

seus aspectos textuais e contextuais, ou seja, é necessário que a leitura e a escrita

contemple os aspectos temáticos, composicionais e estilísticos que compõem os

gêneros para que o processo interlocutivo/textual seja compreendido como um ato

social composto por:

Locutor e interlocutor;

Objetivos a serem atingidos;

O gênero utilizado;

A esfera comunicativa, o suporte e o local de publicação do texto;

A seleção dos recursos linguísticos utilizados para compor o texto e os efeitos

de sentido pretendidos pelo locutor.

Nessa perspectiva, em consonância com o que preconizam as Diretrizes

Curriculares de Língua Portuguesa e com o que dispõe o Projeto Político

Pedagógico do Colégio estadual José Ângelo Baggio Orso, o ensino da língua

materna centra sua prática pedagógica nas atividades de: oralidade, leitura, escrita e

análise linguística, sendo que a última é abordada e inclusa nas três primeiras. E,

nesse intento, a abordagem metodológica de cada uma dessas práticas considera a

abordagem/análise de textos da diversidade de gêneros discursivos produzidos

socialmente, na perspectiva do letramento e do multiletramento, conforme apontam

as DCEs (2008)

O letramento vai além da alfabetização (...), refere-se ao indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, posiciona-se e interage com as exigências da sociedade diante das práticas de linguagem, demarcando a sua voz no contexto social. O professor de Língua Portuguesa precisa, então, propiciar ao educando a prática, a discussão, a leitura de textos das diferentes esferas sociais (jornalística, literária, publicitária, digital, etc). Sob o exposto, defende-se que as práticas discursivas abrangem, além dos textos escritos e falados, a integração da linguagem verbal com outras linguagens (multiletramentos). (PARANÁ, 2008, p. 50).

Desse modo, o trabalho com as práticas discursivas, produzidas nos

diferentes gêneros e esferas sociais, prioriza as atividades que contemplem o

letramento e o multiletramento, na análise de textos provenientes das múltiplas

linguagens.

Aqui, ressalta-se o uso dos recursos tecnológicos e dos textos da esfera

midiática (tv pen drive, vídeos, músicas, filmes, fotos, gravuras, obras de arte, etc.)

trazidos ao contexto escolar para que o aluno possa compreender e interagir com as

múltiplas linguagens.

Nessa mesma perspectiva, ressalta-se, também, o trabalho de análise de

texto que considere não só as questões metalinguísticas, mas também os aspectos

epilinguísticos que compõem a produção textual, ou seja, o trabalho, conforme

Geraldi (1997), com e sobre a linguagem. Nesse enfoque, nas atividades de análise

linguística, a abordagem dos elementos textuais e contextuais que envolvem a

produção dos discursos, consistem na consideração com e sobre os elementos e

recursos linguísticos, ou seja, no uso e na função que exercem na construção dos

textos e dos sentidos por eles implicados. Nesse sentido, destacam as DCEs

O estudo dos conhecimentos linguísticos, sob esse enfoque, deve propiciar ao aluno a reflexão sobre as normas de unidades da língua, de como elas são combinadas para produzirem determinados efeitos de sentido, profundamente vinculados a contextos e adequados às finalidades pretendidas no ato da linguagem. (PARANÁ, 2008, p.54)

Desse modo, especialmente, no trabalho com a prática de escrita, propõe-se

a produção e a reescrita de texto, de alguns dos gêneros elencados pelo professor

para estudo, considerando-se os conteúdos linguísticos e contextuais que envolvem

tal atividade, ou seja, os aspectos contextuais, estruturais e de estilo que compõe

cada gênero e cada situação discursiva. Essa prática, conforme destacam as DCEs

(2008), possibilita a ação e a interação do aluno aos gêneros discursivos produzidos

socialmente, assim como, o aperfeiçoamento da escrita.

O aperfeiçoamento da escrita se faz a partir da produção de diferentes gêneros, por meio das experiências sociais, tanto singular quanto coletivamente vividas. O que sugere, sobretudo, é a noção de escrita como formadora de subjetividades, podendo ter papel de resistência aos valores prescritos socialmente. A possibilidade de criação, no exercício dessa prática, permite ao educador ampliar o conceito de gênero discursivo. (PARANÁ, 2008, p.56)

Além dessas questões específicas da disciplina, o trabalho com as práticas

discursivas e com os diferentes gêneros discursivos em sala de aula contemplam

também as temáticas propostas pela História e Cultura Afro-Brasileira, bem como os

demais temas que envolvam a diversidade social, racial e de gênero, as questões

ambientais, interdisciplinares e as referentes à ética, a cidadania e ao enfrentamento

da violência.

E, como Complementação Curricular ao proposto ao ensino-aprendizagem de

Língua Portuguesa, por esta Proposta Pedagógica Curricular, o Colégio José Ângelo

Baggio Orso oferece também o Programa de Salas de Apoio à Aprendizagem – SAA

– com o objetivo de atender às defasagens de aprendizagem apresentadas pelos

alunos de 6º ano. O programa prevê o atendimento aos alunos, no período de contra

turno, com o intento de trabalhar as dificuldades referentes à aquisição dos

conteúdos dados pelas práticas da oralidade, da leitura e da escrita.

Assim, numa perspectiva dialógica e social da linguagem, o ensino de Língua

Portuguesa, por meio das práticas da oralidade, da leitura e da escrita, tem como

função possibilitar ao aluno o conhecimento e a prática da língua em uso para que

possa interagir como sujeito nos processos comunicativos dados pelos gêneros

discursivos produzidos socialmente. E, nesse intento, norteia os encaminhamentos

metodológicos apresentados por esta Proposta Pedagógica Curricular para o ensino

de Língua Portuguesa.

4. AVALIAÇÃO

O processo avaliativo aqui proposto orienta-se pelo que preconizam as Leis

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96 – Deliberação 07/99

do CEE), as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa e o que normatiza o

Projeto Político Pedagógico e o Regimento interno do Colégio Estadual José Ângelo

Baggio Orso.

De acordo com o que dispõem tais documentos, a avaliação, organizada de

forma bimestral, é de caráter processual, contínuo, diagnóstico e formativo. E, sob

essa perspectiva, organizam-se os instrumentos e critérios avaliativos, descritos na

sequência.

4.1 Instrumentos e critérios de avaliação

Como instrumentos de avaliação para a Língua Portuguesa destaca-se,

principalmente, o uso de provas orais e escritas, seminários, debates, pesquisas,

apresentação de trabalhos, escrita e reescrita de textos dos gêneros trabalhados em

sala de aula, entre outros recursos avaliativos.

Os critérios de avaliação aqui propostos objetivam avaliar os conhecimentos

linguísticos e discursivos dos alunos, nas práticas de oralidade, leitura, escrita e

análise linguística, observando-se os objetivos e conteúdos propostos para cada ano

dos Ensinos Fundamental e Médio.

E, nessa direção, reitera-se:

As avaliações serão, em sua maioria, de produção oral ou escrita e individual.

A produção e a reescrita de textos dos gêneros discursivos, sob estudo, é

parte integrante e constante na disciplina de Língua Portuguesa e, os

conteúdos/itens não apreendidos na produção e reestruturação do texto,

serão cobrados nas produções seguintes, o que implicará na recuperação de

nota.

Os conteúdos/itens avaliados na produção textual serão explicitados/descritos

no instrumento de avaliação.

A prática da leitura será avaliada nas atividades de análise de textos dos

gêneros estudados.

E, no que se refere, especificamente, às práticas discursivas, será avaliado o

conhecimento linguístico e discursivo do aluno quanto:

A) Oralidade

A adequação do discurso/texto em função do gênero, interlocutor,

finalidade, contexto comunicativo.

A clareza e a objetividade na exposição de ideias.

A adequação vocabular.

A consistência argumentativa na exposição de ideias.

B) Leitura

A compreensão da relação que se estabelece entre os textos e seu

contexto de produção dados pelo interlocutor previsto, pelas finalidades

comunicativas, pela temática abordada e pelo gênero discursivo.

A identificação dos gêneros discursivos, sob estudo, considerando seus

aspectos temático, composicional e de estilo.

A compreensão a respeito da função e da contribuição dos aspectos

linguísticos – pontuação, recursos gráficos e seleção lexical – na

construção do sentido dos textos.

A relação que estabelece entre os índices textuais e contextuais na

construção do sentido, fazendo inferências, extraindo informações

explícitas e não explícitas, estabelecendo a progressão temática e

interpretando recursos figurativos, gráficos, imagens, entre outros.

O posicionamento crítico perante os textos/discursos.

C) Escrita

A compreensão dos aspectos contextuais que envolvem a produção

textual: interlocutor previsto, finalidades comunicativas, temática, gênero

discursivo e suporte textual.

A consideração, na produção textual, dos aspectos temático,

composicional e estilístico que compõem o gênero discursivo sob estudo.

A adequação da linguagem ao contexto de produção textual.

A utilização das estratégias linguísticas – seleção lexical, pontuação,

recursos gráficos – em função dos objetivos pretendidos na produção

textual.

D) Análise linguística

A análise, interpretação e aplicação dos recursos expressivos da

linguagem, relacionando os textos ao seu contexto de produção.

A compreensão do uso dos recursos linguísticos – a pontuação, a seleção

lexical, as variedades linguísticas, os recursos gráficos e estruturais – em

função dos elementos que compõem o gênero discursivo sob estudo.

A análise e compreensão do modo que os recursos linguísticos e

estruturais do texto interferem na construção do sentido.

5. RECUPERAÇÃO DE ESTUDOS

De acordo com o que normatiza o Projeto Político Pedagógico e o Regimento

Interno do Colégio Estadual José Ângelo Baggio Orso, a recuperação de estudos,

quando da não apropriação de conteúdos, pelos alunos, se dá por meio da sua

retomada, tanto na revisão desses conteúdos, quanto na proposição de novos

instrumentos de avaliação com a finalidade de se recuperar/rever os conteúdos não

apreendidos e, também, a nota.

No que se refere, especificamente, à recuperação de nota, será ofertado ao

final de cada bimestre um novo instrumento de avaliação – prova de valor 100 - aos

alunos que não se apropriaram dos conteúdos anteriores e, também, àqueles que

mesmo com média solicitem nova avaliação, com a intenção de melhorar a nota.

Nesses casos, prevalecerá a nota de maior valor.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

______________. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

______________. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BAKHTIN, M. (Volochinov). Marxismo e Filosofia da Linguagem. Trad. de Michel

Lahud e Yara Frateschi. São Paulo: Hucitec, 1999.

BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em:

<http://www.mec.gov.br>. Acesso em: julho de 2010.

GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de Português. In: O texto na

sala de aula. 8 ed. Cascavel: Assoeste, 1984.

KOCH, I. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 2003.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In:

KARWOSKI, A. M., GAYDECZKA, B., BRITO, K. S. (Orgs.). Gêneros textuais:

reflexões e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da

Educação Básica: Língua Portuguesa. Curitiba, 2008.