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de Diagnóstico da 12. Re a Situação Existente e da Estrat Município de Câmara de Lobos_Revisão d Município de Câmara de Lobos elatório Síntese tégia Preliminar do PDM de Câmara de Lobos outubro/2018

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de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia Preliminar

12. Relatório Síntese

de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia PreliminarMunicípio de Câmara de Lobos_Revisão do PDM de Câmara de Lobos

Município de Câmara de Lobos

. Relatório Síntese

de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia Preliminar Município de Câmara de Lobos_Revisão do PDM de Câmara de Lobos

outubro/2018

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PÁGINA EM BRANCO

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Relatório Síntese de Diagnóstico da Situação Existente e da Proposta Preliminar

MUNICÍPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

REGISTO DE ALTERAÇÕES

EDIÇÃO DATA

3 outubro de 2018 – edições solicitadas pelas entidades que constituem a Comissão Consultiva, após a 4ª reunião plenária, em maio de 2018

C Â M A R A M U N I C I P A L D E C Â M A R A D E L O B O S

C O N T A C T O S E Q U I P A F O R M A Ç Ã O C O M P E T Ê N C I A S

Praça da Autonomia 9304-001 Câmara de Lobos

Bruno Coelho Arquitetura Coordenação Geral

Raquel Ramos Arquitetura Equipa Técnica

Uriel Abreu Geografia

D W N , L D A

C O N T A C T O S E Q U I P A F O R M A Ç Ã O C O M P E T Ê N C I A S

Av. Calouste Gulbenkian, Lote 7, Sala 1 3000-090 Coimbra

Miguel Pinheiro Arquitetura Paisagista Coordenação Geral

Diana Antunes

Arquitetura Equipa Técnica

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IN Capítulo I iii

PÁGINA EM BRANCO

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CAPÍTULO I ................................................................................................................................................................................. 14

ÂMBITO | SUMÁRIO EXECUTIVO .................................................................................................................................................... 14

CAPÍTULO II ................................................................................................................................................................................ 15

DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE - SÍNTESE ....................................................................................................................... 15

01. Enquadramento Territorial e Estratégico ................................................................................................ 15

01.1. Enquadramento territorial ......................................................................................................................... 15

01.2. Fundamentos para a Revisão ................................................................................................................... 16

01.3. Estratégia preconizada para o concelho ................................................................................................. 17

01.4. Participação Pública Prévia ...................................................................................................................... 19

01.5. Quadro Estratégico de Referência ........................................................................................................... 19

01.5.1. Sistema de Gestão Territorial ...................................................................................................................... 19

01.5.2. Compatibilização Estratégica ...................................................................................................................... 21

02. Estrutura Biofísica e Socioeconómica .................................................................................................... 25

02.1. Estrutura Biofísica ..................................................................................................................................... 25

02.1.1. Geologia ...................................................................................................................................................... 25

02.1.2. Morfologia .................................................................................................................................................... 26

02.1.3. Geomorfologia ............................................................................................................................................. 28

02.1.4. Pedologia ..................................................................................................................................................... 29

02.1.5. Hidrografia ................................................................................................................................................... 30

02.1.6. Hidrogeologia............................................................................................................................................... 30

02.1.7. Climatologia ................................................................................................................................................. 31

02.1.8. Marés e Climatologia Marítima .................................................................................................................... 31

02.1.9. Biogeografia................................................................................................................................................. 32

02.1.10. Fauna........................................................................................................................................................... 34

02.2. Estrutura Socioeconómica ....................................................................................................................... 35

02.2.1. Caraterização Demográfica ......................................................................................................................... 35

02.2.1.1. Projeção da População ............................................................................................................................................ 36

02.2.1.2. Estrutura Etária .......................................................................................................................................................... 37

02.2.1.3. Outros Indicadores Demográficos ............................................................................................................................. 39

02.2.2. Caraterização Económica ............................................................................................................................ 39

02.2.2.1. Dinâmica e Estrutura da Atividade Económica ............................................................................................ 39

02.2.2.2. Ocupação, Transformação e Uso do Solo................................................................................................... 41

03. Risco Natural e Risco Tecnológico.......................................................................................................... 43

03.1. Análise e Gestão do Risco Natural .......................................................................................................... 43

03.1.1. Suscetibilidade............................................................................................................................................. 43

03.1.2. Vulnerabilidade Social/Exposição................................................................................................................ 49

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03.1.3. Risco Natural ................................................................................................................................................53

03.2. Análise e Gestão do Risco Tecnológico .................................................................................................. 54

03.2.1. Análise do Risco ..........................................................................................................................................54

03.2.2. Análise da Vulnerabilidade ...........................................................................................................................56

03.3. Adaptação aos instrumentos de Ordenamento do Território ................................................................ 58

03.3.1. Análise e Gestão ..........................................................................................................................................58

03.3.2. Áreas Críticas e Zonas de Segurança e Proteção .......................................................................................59

03.4. Elementos estratégicos, vitais e/ou Sensíveis ........................................................................................ 61

03.5. Estratégias de Planeamento, Gestão e Mitigação do Risco .................................................................. 61

04. Dinâmica Urbana, Mutabilidade Territorial e Património .......................................................................63

04.1. Dinâmica Espacial e Urbana ..................................................................................................................... 63

04.1.1. Enquadramento no contexto regional ..........................................................................................................63

04.1.2. Análise da Área de Estudo: Câmara de Lobos ............................................................................................64

04.2. Mutabilidade Territorial / Dinâmicas Espaciais Internas ........................................................................ 65

04.2.1. Território, mobilidade e sistemas de transportes .........................................................................................65

04.2.2. Caraterização da Organização e Dinâmica do Território .............................................................................66

04.2.3. Funcionalidade do Território ........................................................................................................................66

04.2.4. Principais Eixos de Mobilidade - Interações ................................................................................................66

04.2.5. Caraterização da dinâmica interna de mobilidade .......................................................................................67

04.3. Património .................................................................................................................................................. 70

04.3.1. Património Natural .......................................................................................................................................70

04.3.2. Património Edificado ....................................................................................................................................72

05. Equipamentos, Redes e Infraestruturas Municipais ...............................................................................76

05.1. Enquadramento legal ................................................................................................................................. 76

05.2. Equipamentos de Utilização Coletiva ...................................................................................................... 77

05.2.1. Equipamentos Educativos ............................................................................................................................77

05.2.2. Equipamentos Desportivos ..........................................................................................................................80

05.2.3. Equipamentos de Saúde ..............................................................................................................................82

05.2.4. Equipamentos de Segurança Pública e Proteção Civil ................................................................................84

05.2.5. Equipamentos de Solidariedade e Segurança Social ..................................................................................84

05.2.6. Equipamentos de Administração Local e Serviços Públicos .......................................................................87

05.2.7. Equipamentos de Lazer e Espaços Verdes .................................................................................................87

05.2.8. Equipamentos Empresariais e Comerciais ..................................................................................................89

05.2.9. Equipamentos Turísticos ..............................................................................................................................89

05.2.10. Equipamentos de Culto ................................................................................................................................89

05.2.11. Dotação Funcional de Equipamentos ..........................................................................................................90

05.2.11.2.Equipamentos Desportivos .......................................................................................................................................90

05.2.11.3.Equipamentos de Saúde ...........................................................................................................................................91

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05.2.11.4.Equipamentos de Segurança Pública ...................................................................................................................... 91

05.2.11.5.Equipamentos de Solidariedade e Segurança Social .............................................................................................. 91

05.3. Infraestruturas Municipais ........................................................................................................................ 91

05.3.1. Abastecimento de Água............................................................................................................................... 92

05.3.2. Sistema de Drenagem de Águas Residuais ................................................................................................ 95

05.3.3. Sistema de Recolha de Resíduos Urbanos ................................................................................................. 96

06. Turismo....................................................................................................................................................... 97

06.1. Caraterização da Atividade Turística no concelho de Câmara de Lobos ............................................ 98

06.1.1. Procura Turística ......................................................................................................................................... 99

06.2. Sugestões para potenciar a atividade turística no concelho de Câmara de Lobos .......................... 101

06.3. Mesa redonda/Debate – o setor do turismo em câmara de lobos: contributos para a definição das linhas orientadoras para a estratégia do turismo ............................................................................................................. 102

07. Qualidade Ambiental ............................................................................................................................... 103

08. Estudo e diagnóstico das Necessidades Educativas (Carta Educativa) ............................................ 105

08.1. Enquadramento Legal ............................................................................................................................. 105

08.2. Metodologia .............................................................................................................................................. 106

08.3. Caraterização e evolução do sistema educativo .................................................................................. 106

08.4. Rede Educativa ........................................................................................................................................ 111

08.5. Procura de Educação e Ensino .............................................................................................................. 112

08.6. Oferta de Educação e Ensino ................................................................................................................. 114

08.7. Diagnóstico da Situação Educativa no concelho - Análise SWOT ..................................................... 115

08.8. Projeção da população ........................................................................................................................... 118

08.9. Reconfiguração e Reorganização da Rede ........................................................................................... 118

09. Avaliação e Monitorização do Ruído Ambiental (Mapa de Ruído) ...................................................... 118

10. Diagnóstico Social (Carta Social) .......................................................................................................... 121

10.1. Câmara de Lobos: território de corresponsabilidade .......................................................................... 121

10.1.1. A Criação de uma Rede de Facilitadores para a Coesão social ............................................................... 121

10.1.2. A Visão dos Parceiros Sociais sobre o território ........................................................................................ 121

10.1.3. O Bem-estar na Perspetiva dos Câmara-lobenses ................................................................................... 125

10.2. Vulnerabilidades sociais e Eixos prioritários de intervenção ............................................................. 126

10.2.1. Principais Vulnerabilidades Identificadas ................................................................................................. 127

10.2.2. Eixos Prioritários de Intervenção Social .................................................................................................... 128

11. Projeções Demográficas ......................................................................................................................... 129

11.1. Metodologia .............................................................................................................................................. 129

11.2. Projeção Demográfica 2015-2030 ........................................................................................................... 130

11.2.1. Projeção do Movimento Natural ................................................................................................................ 130

11.2.2. Projeção dos Movimentos Migratórios ....................................................................................................... 132

11.2.2.1.Cenário de Mobilidade I ............................................................................................................................................ 132

11.2.2.2. Cenário de Mobilidade II .......................................................................................................................................... 133

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11.2.2.3. Cenário de Mobilidade III .........................................................................................................................................133

11.3. Conclusões e Recomendações .............................................................................................................. 133

CAPÍTULO III .............................................................................................................................................................................135

PROPOSTA PRELIMINAR .............................................................................................................................................................135

01. ÂMBITO .....................................................................................................................................................135

02. DIAGNÓSTICO PROSPETIVO .................................................................................................................135

03. ANÁLISE SWOT ........................................................................................................................................136

04. OBJETIVOS ...............................................................................................................................................139

05. MODELO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL ...............................................................................141

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................................................144

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ÍNDICES TEMÁTICOS

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1– Divisão administrativa do concelho de Câmara de Lobos (Adaptado CAOP, 2016) .............................. 15 Figura 2–Localização do concelho de Câmara de Lobos na Ilha da Madeira (Adaptado CAOP, 2016). ............... 15 Figura 3 – Carta de declives do concelho de Câmara de Lobos. ........................................................................... 27 Figura 4 – Forma geomorfológica de um possível colapso lateral do cone monogenético do Pico da Torre (Abreu, 2008). ..................................................................................................................................................................... 28 Figura 5 – Orla costeira da Quinta Grande. Exemplo da verticalidade da geomorfologia costeira (DRAmb). ....... 28 Figura 6 – Depressão morfológica assimétrica do Curral das Freiras (Abreu, 2008). ............................................ 28 Figura 7 – Andares bioclimáticos da vegetação primária, anteriores à ocupação (Quintal, 1985). ........................ 33 Figura 8 – Andares bioclimáticos da vegetação atual (Quintal, 1985). .................................................................. 33 Figura 9 – Suscetibilidade compósita – Áreas de suscetibilidade Elevada e Muito Elevada. ................................ 48 Figura 10 – Vulnerabilidade Social no concelho de Câmara de Lobos. ................................................................. 51 Figura 11 – Suscetibilidade à ocorrência de acidentes que envolvam substâncias perigosas. (Municípia, Relatório de Riscos do PMEPC de Câmara de Lobos) ......................................................................................................... 55 Figura 12 – Índice de marginalidade funcional das freguesias da RAM (INE, 2004). ............................................ 63 Figura 13 - Modos de transporte por freguesia - 2011 (INE).................................................................................. 65 Figura 14 – Interações diárias de população ativa empregada entre o concelho e Câmara de Lobos e os restantes concelhos da Ilha da Madeira (2011). .................................................................................................... 67 Figura 15 – Seções da ER229 alvo de monitorização nos anos de 2010 e 2011 (Direção Regional de Estradas) ............................................................................................................................................................................... 68 Figura 16 – Limites do Parque Natural da Madeira no concelho de Câmara de Lobos (Secretaria Regional do Ambiente) ............................................................................................................................................................... 71 Figura 17 – Mancha da Laurissilva da Madeira no concelho de Câmara de Lobos (POGLM). ............................. 72 Figura 18 – Mancha do Maciço Montanhoso Central no concelho de Câmara de Lobos (POGMMC). ................. 72 Figura 19 – Distribuição do património imóvel classificado e imóvel de interesse no concelho de Câmara de Lobos ..................................................................................................................................................................... 75 Figura 20 – Distribuição espacial dos Equipamentos Educativos por freguesia e nível de ensino. ....................... 79 Figura 21 – Distribuição espacial dos Equipamentos Desportivos por freguesia. .................................................. 81 Figura 22 – Distribuição espacial dos Equipamentos de Saúde, por freguesia ..................................................... 83 Figura 23 – Distribuição espacial dos Equipamentos de solidariedade e Segurança Social, por freguesia. ......... 86 Figura 24 – Distribuição espacial dos Equipamentos de Lazer e Espaços Verdes, por freguesia. ........................ 88 Figura 25 – Localização dos Pontos de Interesse Turístico do município de Câmara de Lobos. (Núcleo de Estudos e Projetos da Associação Insular de Geografia.) ..................................................................................... 97 Figura 26 – Proporção da população residente com pelo menos o 3º ciclo do Ensino Básico completo. (INE, Censos 2011) ....................................................................................................................................................... 108 Figura 27 – Taxa de abandono escolar em Câmara de Lobos. (INE, Censos 2011) ........................................... 108 Figura 28 – Diferenças das Taxas de analfabetismo Câmara de Lobos em 2001 e 2011. (INE, Censos 2011) . 109 Figura 29 – Mapa de conflitos atual para a zona mista – extrato (SCHIU) .......................................................... 120

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Figura 30 – Mapa de conflitos atual para a zona sensível – extrato (SCHIU) .................................................... 120 Figura 31 – Estrutura Metodológica do Relatório das Projeções Demográficas para o concelho de Câmara de Lobos para o Horizonte 2015 – 2030. .................................................................................................................. 129 Figura 32 – Revisão do PDM de Câmara de Lobos: Modelo de Desenvolvimento Territorial. ............................ 142

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Índice dos relatórios setoriais que integram os Estudos de Caraterização e Diagnóstico do concelho de Câmara de Lobos. ............................................................................................................................................ 14 Quadro 2 - Sistema de Gestão Territorial – instrumentos de âmbito regional em vigor. ....................................... 20 Quadro 3 – Compatibilização dos vários IGT com os Objetivos Estratégicos preconizados para o concelho pelo documento “Missão, Visão, Valores e Objetivos 2014-2017”. ............................................................................... 21 Quadro 4 – Classificação dos termotipos e dos ombrotipos da classificação Rivas-Martinez. .............................. 31 Quadro 5 – Indicadores estatísticos gerais do concelho de Câmara de Lobos e da RAM (1991/2001/2011). ...... 35 Quadro 6 – Projeção média da população residente no concelho de Câmara de Lobos ...................................... 36 Quadro 7 – Índices de referência da estrutura etária, entre períodos censitários (INE). ....................................... 38 Quadro 8 – Componentes Principais de Criticidade e Capacidade de Suporte no concelho de Câmara de Lobos. ............................................................................................................................................................................... 50 Quadro 9 – Número de infraestruturas, por estado de conservação, no concelho de Câmara de Lobos. ............ 55 Quadro 10 – Análise da Vulnerabilidade aos Riscos Tecnológicos no concelho de Câmara de Lobos. ............... 57 Quadro 11 – Número de funções centrais e unidades funcionais por núcleo urbano. ........................................... 64 Quadro 12 – Movimentos pendulares no concelho de Câmara de Lobos. ............................................................ 65 Quadro 13 – Alojamentos por freguesia – 2011 (INE) ........................................................................................... 66 Quadro 14 – Hierarquização da rede viária. .......................................................................................................... 68 Quadro 15 – Disponibilidade de Equipamentos de Ensino, por freguesia, no ano de 2013. *No total dos níveis de ensino ............................................................................................................................... 77 Quadro 16 – Disponibilidade de Equipamentos de Ensino, por freguesia, no ano de 2016 .................................. 78 Quadro 17 – Disponibilidade de Equipamentos Desportivos, por freguesia, no ano de 2013. .............................. 81 Quadro 18 – Disponibilidade de Equipamentos de Saúde, por freguesia, no ano de 2016. .................................. 82 Quadro 19 – Disponibilidade de Equipamentos de Proteção Civil e Segurança Pública, por freguesia, no ano de 2013 ....................................................................................................................................................................... 84 Quadro 20 – Disponibilidade de Equipamentos de Solidariedade e Segurança Social, por freguesia, no ano de 2015. ...................................................................................................................................................................... 85 Quadro 21 – Disponibilidade de Equipamentos de Administração Local e Serviços Públicos, por freguesia, no ano de 2015. .......................................................................................................................................................... 87 Quadro 22 – Disponibilidade de Equipamentos de Lazer e Espaços Verdes, por freguesia, no ano de 2015. ..... 87 Quadro 23 – Disponibilidade de Equipamentos de Lazer e Espaços Verdes, por freguesia, no ano de 2015 ...... 89 Quadro 24 – Disponibilidade de Equipamentos Turísticos, por freguesia, no ano de 2015 .................................. 89 Quadro 24 – Abastecimento de água no concelho de Câmara de Lobos, por tipo, em 2011 (INE, CENSOS 2011) ............................................................................................................................................................................... 94 Quadro 26 – Número de instalações sanitárias no concelho de Câmara de Lobos, em 2011. ............................. 95

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Quadro 27 – Frequência de Recolha de Resíduos Sólidos Indiferenciados .......................................................... 96 Quadro 28 – Volume/peso de resíduos recolhidos (indiferenciados) ..................................................................... 96 Quadro 29 – Principais pontos de interesse turístico, procurados pelos visitantes.............................................. 100 Quadro 30 – Proveniência dos alunos por nível de ensino – ano letivo 2013/2014 ............................................. 110 Quadro 31 – Alunos residentes a estudar fora do concelho ................................................................................ 111 Quadro 32 – Valores limite de exposição ao ruído em função da classificação acústica. ................................... 119 Quadro 33 – Análise SWOT das freguesias rurais da Quinta Grande, Jardim da Serra e Curral das Freirias .... 122 Quadro 34 - Análise SWOT das freguesias urbanas de Estreito de Câmara de Lobos e Câmara de Lobos ...... 124 Quadro 35 - Cenário de Mobilidade I para o concelho de Câmara de Lobos e respetivas freguesias (2010-2030) ............................................................................................................................................................................. 132 Quadro 36 - Cenário de Mobilidade II para o concelho de Câmara de Lobos e respetivas freguesias (2010-2030) ............................................................................................................................................................................. 133 Quadro 37 - Cenário de Mobilidade III para o concelho de Câmara de Lobos e respetivas freguesias (2010-2030) ............................................................................................................................................................................. 133 Quadro 38 - Análise SWOT da Revisão do PDM de Câmara de Lobos. ............................................................. 137

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição das áreas expostas à radiação solar direta, à escala da freguesia. ................................ 27 Gráfico 2 – Evolução da taxa de crescimento natural no concelho de Câmara de Lobos e na RAM. ................... 37 Gráfico 3 – Evolução do índice de dependência de idosos, à escala das freguesias de Câmara de Lobos.......... 38 Gráfico 4 – Evolução da variação do número de famílias nas freguesias de Câmara de Lobos (INE). ................. 39 Gráfico 5 – Evolução da população ativa e empregada nas freguesias de Câmara de Lobos (INE). .................... 40 Gráfico 6 – Evolução da população ativa e empregada, por setor de atividade económica. (INE). ....................... 40 Gráfico 7 – Espaços funcionais de uso e ocupação do solo no município de Câmara de Lobos. ......................... 41 Gráfico 8 - Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas suscetíveis à Geodinâmica externa. ... 44 Gráfico 9 - Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, dos graus de suscetibilidade a fenómenos geoclimáticos. ........................................................................................................................................................ 45 Gráfico 10 - Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas suscetíveis aos incêndios florestais. . 46 Gráfico 11 - Distribuição espacial das áreas suscetíveis aos fenómenos danosos. .............................................. 47 Gráfico 12 – Distribuição das áreas de risco, por tipologia e ocupação do solo existente. .................................... 54 Gráfico 13 – Quantificação dos graus do risco indicativo, por uso e ocupação do solo......................................... 58 Gráfico 14 – Distribuição espacial dos pontos críticos. .......................................................................................... 60 Gráfico 15 – Volume de água tratada, por Estação de Tratamento ou Estação de cloragem, em 2014 (ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A.) ..................................................................................................................... 94 Gráfico 16 – Número total de visitantes contabilizados por dias da semana. (Núcleo de Estudos e Projetos da Associação Insular de Geografia) .......................................................................................................................... 99 Gráfico17 – Estado final das massas de água superficiais (equivalentes a rios) da RH10. (PGRH10, 2014) ..... 103 Gráfico 18 – Emissões totais do concelho de Câmara de Lobos para os gases acidificantes e eutrofizantes, percursores de ozono e partículas. (INERPA, 2011) ........................................................................................... 103 Gráfico 19 – Produção mensal de RSU indiferenciados no município de Câmara de Lobos (ARM) ................... 103 Gráfico 20 – População residente segundo o nível de escolaridade atingido – 2011 (INE, CENSOS 2011)....... 106

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Gráfico 21 – População residente por grupo etário e nível de escolaridade atingido – 2011 (INE, CENSOS 2011) ............................................................................................................................................................................. 107 Gráfico 22 – Evolução do número de alunos do concelho de Câmara de Lobos (CERAM, CMCL – Inquérito aos Estabelecimentos de Ensino 2014) ..................................................................................................................... 112 Gráfico 23 – Distribuição do número de alunos do Ensino Especial por freguesia de proveniência – ano letivo 2013/2014 (CERAM e CMCL – Inquérito aos Estabelecimentos de Ensino 2014) .............................................. 113 Gráfico 24 – Taxa de cobertura por nível de ensino, ano letivo 2013/2014 (INE, Censos 2011 e CMCL – Inquérito aos Estabelecimentos de Ensino 2014) ................................................................................................ 115 Gráfico 25 – Dimensões de bem-estar dos Câmara-lobenses: resultados globais (238 cidadãos | 2895 respostas) (Gráfico adaptado do site oficial da Rede Together) ........................................................................................... 126 Gráfico 26 – Pirâmide etária para o concelho de Câmara de Lobos, Cenário Natural, 2015 ............................. 131 Gráfico 27 – Pirâmide etária para o concelho de Câmara de Lobos, Cenário Natural, 2030 ............................. 131 Gráfico 28 – Resumo da projeção demográfica e respetivos cenários para o concelho de Câmara de Lobos, entre 2010 e 2030. ............................................................................................................................................... 134

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo I xii

ACRÓNIMOS

ANPC Autoridade Nacional de Proteção Civil

ARM Águas e Resíduos da Madeira, SA

C Captação (de água)

CA Conduta adutora (de água)

CAOP Carta Administrativa Oficial de Portugal

CMCL Câmara Municipal de Câmara de Lobos

COSRAM Carta de Ocupação do Solo da Região Autónoma da Madeira

DGOTDU Direção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (extinta)

DL Decreto-Lei

DLR Decreto Legislativo Regional

DRAmb Direção Regional do Ambiente

DRIGOT Direção Regional de Informação Geográfica e Ordenamento do Território

EB Escola Básica

EE Estação Elevatória

EEM Empresa de Eletricidade da Madeira

ER Estrada Regional

ETA Estação de Tratamento de Água

ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais

EUC Equipamentos de Utilização Coletiva

FSC Fossa Sética Coletiva

IGP Instituto Geográfico Português

IGT Instrumentos de Gestão Territorial

IIP Imóvel de Interesse Público

INE Instituto Nacional de Estatística

IMTT Instituto da Mobilidade e dos Transportes, IP

LM Laurissilva da Madeira

MMC Maciço Montanhoso Central

PDM Plano Diretor Municipal

PDMCL Plano Diretor Municipal de Câmara de Lobos

PDES Plano de Desenvolvimento Económico e Social

PE Pré-escolar

PECL Parque Empresarial de Câmara de Lobos

PERRAM Plano Estratégico de Resíduos da Região Autónoma da Madeira

PEZO Parque Empresarial da Zona Oeste

PGRH Plano de Gestão da Região Hidrográfica

PNM Parque Natural da Madeira

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo I xiii

POG Plano de Ordenamento e Gestão

POTRAM Plano para o Ordenamento do Território na Região Autónoma da Madeira

POT Plano de Ordenamento Turístico

PPERAM Plano da Política Energética da Região Autónoma da Madeira

PRAM Plano Regional de Água da Madeira

PROF Plano de Ordenamento Florestal

PRPA Plano Regional da Política de Ambiente

R Reservatório (de água)

RA Rede de abastecimento (de água)

RAM Região Autónoma da Madeira

RGR Regulamento Geral do Ruído

RJIGT Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial

RJUE Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação

RN2000 Rede Natura 2000

SGTRAM Sistema Regional de Gestão Territorial da Região Autónoma da Madeira

SIG Sistemas de Informação Geográfica

SMPC Serviço Municipal de Proteção Civil

SRPC Serviço Regional de Proteção Civil

SWOT Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças)

VR Via Rápida

ZEC Zona Especial de Conservação (Rede Natura 2000)

ZPE Zona de Proteção Especial (Rede Natura 2000)

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo I 14

Capítulo I

ÂMBITO | SUMÁRIO EXECUTIVO

O presente documento apresenta uma síntese da Situação Existente no concelho de Câmara de Lobos, nos seus vários domínios e setores.

Considerando a complexidade do território e das suas dinâmicas, verifica-se a necessidade de proceder a uma análise mais objetiva e direcionada para os posteriores trabalhos de definição do modelo territorial, no âmbito da Revisão do Plano Diretor Municipal de Câmara de Lobos.

Assim, é tomada como base a informação constante em cada um dos relatórios setoriais e respetiva cartografia anexa, identificados no quadro seguinte, sendo aqui apresentada aquela que se considera mais relevante para a compreensão geral do território e para a definição do âmbito, dos objetivos e da estratégia preconizada para Câmara de Lobos.

As referências apresentadas neste Relatório estão, portanto, presentes em cada um dos Relatórios setoriais dos vários domínios estudados, pelo que se sugere a sua consulta sempre que surjam dúvidas acerca dos dados apresentados em quadros, gráficos ou referências bibliográficas.

Partindo de uma leitura transversal a estes vários setores e áreas de intervenção, decorrentes das caraterísticas do território e da sua forma de ocupação pelas suas gentes, o presente Relatório pretende portanto ser o ponto de partida para a definição do modelo de organização espacial, que se quer adequado à realidade concelhia e impulsionador de um desenvolvimento sustentado e sustentável.

Relatório Domínio

01 Enquadramento Territorial e Estratégico

02 Estrutura Biofísica e Socioeconómica

03 Risco Natural e Tecnológico

04 Dinâmica Urbana, Mutabilidade Territorial e Património

05 Equipamentos, Redes e Infraestruturas Municipais

06 Turismo

07 Qualidade Ambiental

08 Estudo e Diagnóstico das Necessidades Educativas (Carta Educativa)

09 Avaliação e Monitorização do Ruído Ambiental (Mapa de Ruído)

10 Diagnóstico Social (Carta Social)

11 Projeções Demográficas

12 Relatório Síntese de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia Preliminar

Quadro 1 - Índice dos relatórios setoriais que integram os Estudos de Caraterização e Diagnóstico do concelho de Câmara de Lobos.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN 15

Capítulo II

DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE - SÍNTESE

01. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL E

ESTRATÉGICO

Além de um breve enquadramento territorial do concelho de Câmara de Lobos, neste subcapítulo são identificadas as problemáticas decorrentes da aplicação do Plano Diretor Municipal em vigor ao concelho, e as possíveis soluções com vista à sua resolução, dentro das competências do município. O estudo do território e as opões subsequentes, com vista ao seu ordenamento, não podem ser dissociadas do quadro de referência estratégico regional, pelo que se procede ainda a uma abordagem aos instrumentos de gestão territorial aplicáveis.

01.1. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL

O concelho de Câmara de Lobos localiza-se no setor centro-ocidental da ilha da Madeira. Tem uma área total de 52 Km² e um perímetro de 46 Km, de acordo com a Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP, 2009), o que representa uma ocupação de 7% do território regional, cuja área total é de 784,8 Km². O concelho tem como limites, a Este, o concelho do Funchal, a Norte, o concelho de Santana e de São Vicente e a Oeste, o concelho da Ribeira Brava. No limite Sul, Câmara de Lobos confina com o Oceano Atlântico (Figura 1).

No contexto da Região, detém uma elevada expressividade populacional e representatividade económica, e a sede do concelho possui o estatuto de cidade.

Administrativamente o concelho divide-se em cinco freguesias, sendo elas, a freguesia de Câmara de Lobos, a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, a freguesia da Quinta Grande, a freguesia do Jardim da Serra e a do Curral das Freiras (Figura 2).

Figura 2–Localização do concelho de Câmara de Lobos na Ilha da Madeira (Adaptado CAOP, 2016).

Figura 1– Divisão administrativa do concelho de Câmara de Lobos (Adaptado CAOP, 2016)

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 16

01.2. FUNDAMENTOS PARA A REVISÃO

Durante o período inicial da aplicação do Plano Diretor Municipal de Câmara de Lobos (PDM-CL) foi constatada uma desarticulação em termos de regulamentação e cartografia face à realidade municipal. Este desconjuntamento originou exigências, que se verificaram infundadas e de insustentada base, tanto para o setor público como privado, revertendo indiretamente como travão ao desenvolvimento do concelho. Considerando estas incontingências, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos (CMCL) elaborou, no ano 2007, o documento intitulado Relatório do Plano Diretor Municipal.

Como ponto de partida e orientação para a programação das bases da revisão preconizada, são identificadas nesse documento as questões problemáticas ou situações que no PDMCL tiveram uma abordagem insuficiente. Estas questões organizam-se segundo temáticas, numa parte relativa ao enquadramento na situação social e urbanística e noutra relativa ao enquadramento nas normas legais e regulamentares.

Sinteticamente, o documento destaca, como primordial, a pretensão de obter um plano objetivo e realista face às dinâmicas do concelho, que apresente estratégias de desenvolvimento e de execução para o município de Câmara de Lobos, num sentido de sustentabilidade e de integração no desenvolvimento económico regional, sem negligenciar todo o potencial natural e paisagístico do concelho, efetivamente, uma das suas potenciais características.

Neste seguimento, o documento anuncia as principais ações com vista à resolução de questões ou situações que no PDMCL tiveram uma abordagem insuficiente ou cujas soluções resultaram ineficazes, designadamente:

- Identificação e definição dos elementos estruturantes do território, incorporando os novos eixos de acessibilidade existentes ou programados, nomeadamente a VR de ligação ao Estreito de Câmara de Lobos e Jardim da Serra;

- Fixação dos traçados das vias estruturantes concelhias, tendo por base os estudos de anteprojetos já elaborados pelo município e pelo Governo Regional (GR);

- Reforço das medidas tendentes ao equilíbrio social e ambiental, numa perspetiva sustentável;

- Atualização do conteúdo do plano e correção de deficiências e omissões detetadas em resultado das novas cartografias disponíveis e caracterizações biofísicas do território;

- Reforço de mecanismos que impulsionem a atração de atividades e entidades empregadoras, concertando ações que promovam a atratividade de empregadores especializados;

- Agilização dos mecanismos de operacionalidade do plano, adequando-os melhor a uma gestão urbana que se pretende de resposta rápida e eficaz às solicitações colocadas;

- Integração do conteúdo do plano em Sistema de Informação Geográfica (SIG), permitindo a introdução de mecanismos de monitorização.

O documento identifica ainda os objetivos estruturantes da revisão do PDM-CL, como:

- Definição de estratégias de crescimento local, com vista a reequacionar o enquadramento do concelho no contexto da política de desenvolvimento sustentado de toda a RAM;

- Adaptação do plano às normas legais e regulamentares aplicáveis e integração dos estudos sectoriais e das políticas regionais ou nacionais existentes;

- Redefinição do zonamento operativo do PDM-CL, de modo a adequá-lo às novas realidades do sistema socioeconómico;

- Fixação dos elementos estruturantes e das condicionantes da ocupação do espaço;

- Reavaliação dos mecanismos de regulação e ocupação territorial, seguida de uma distribuição mais rigorosa e ponderada dos usos do solo;

- Articulação do regime de uso do solo com as redes de equipamentos e de infraestruturas;

- Identificação dos condicionamentos espaciais dos processos de transformação urbanística e salvaguarda dos valores patrimoniais e paisagísticos, potenciando os recursos naturais e elementos da natureza como fatores de desenvolvimento e atratividade;

- Estabilização do tecido urbano e concretização de uma estrutura verde consolidada, em articulação com a realização de intervenções de qualificação do espaço público e de reabilitação urbana;

- Agilização dos mecanismos de operacionalidade do plano, associados aos instrumentos de gestão urbanística;

- Definição e reorganização das unidades operativas de planeamento, com a concretização dos respetivos objetivos programáticos e das unidades a executar por via de planos municipais ou de operações de gestão urbanística;

- Atualização e adaptação do conteúdo do plano em função das novas cartografias e dos SIG disponíveis;

- Definição de mecanismos de equilíbrio e salvaguarda ambiental;

- Preservação de tradições e culturas, numa perspetiva de mais-valia e criação de riqueza, criando condições para a fixação populacional em núcleos concentrados devidamente planeados e estruturados como centros urbanos.

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IN Capítulo II 17

Aos objetivos estruturantes, anteriormente expressos, são associados os seguintes objetivos instrumentais:

- Definição de critérios de gestão fundiária; - Atualização e correção das normativas do PDM-CL; - Integração em SIG.

O documento equaciona ainda a questão da sustentabilidade de todo o processo de revisão do Plano e do próprio Plano - no contexto do desajustamento constatado do PDM-CL face à realidade do concelho, correspondente às descrições anteriores com a identificação dos principais motivos da revisão, o novo PDM deverá ter por base os pressupostos dos objetivos estabelecidos, os critérios de sustentabilidade e as novas dinâmicas, reequacionando o enquadramento municipal na conjuntura do desenvolvimento sustentado de toda a Região Autónoma da Madeira (RAM).

01.3. ESTRATÉGIA PRECONIZADA PARA O

CONCELHO

Decorridos alguns anos da vigência do PDMCL, e comprovado o seu desajuste face à realidade do concelho, evidenciado no Relatório do Plano Diretor Municipal, a 20 de setembro de 2008, a CMCL elaborou um documento – “Missão, Visão, Valores e Objetivos – 2014-2017 – que estabelece a direção estratégica que o município deverá preconizar no horizonte temporal de médio-longo prazo.

Trata-se de uma ferramenta de gestão, cuja utilidade se justifica pela importância de ser clarificado o papel da autarquia na dinamização do tecido social, cultural e económico do Município, e refletir sobre o percurso a traçar – estratégias e objetivos.

O documento identifica quatro objetivos estratégicos (OE) para o município de Câmara de Lobos, e um conjunto de medidas associadas a cada um deles, como seguidamente se transcreve.

- Objetivo Estratégico 1 (OE 1): Valorizar as pessoas, estimulando o capital humano do município e reforçando a coesão social:

- Assumir a Educação como vetor estratégico de desenvolvimento, implementando políticas de apoio à ação social escolar, para garantir equidade e acesso universal à Educação, quer às

crianças e jovens do Município em idade escolar, quer o acesso a formas e educação recorrente a todos os munícipes;

- Criar a Rede Social Municipal e fomentar o trabalho em rede, para otimizar recursos e prosseguir respostas sociais mais eficazes;

- Reforçar as medidas de apoio a estratos sociais carenciados e estimular o empreendedorismo social, apoiando as IPSS e outros parceiros;

- Preparar e implementar medidas e programas com vista à elevação e reforço de competências pessoais, sociais e profissionais da população, em articulação com as escolas e agentes educativos;

- Estimular a participação das populações jovens e seniores na vida cultural e social do concelho, nomeadamente através do apoio a redes informais de voluntariado e de participação cívica;

- Objetivo Estratégico 2 (OE 2): Apostar no turismo e na animação cultural como fator de afirmação de Câmara de Lobos:

- Implementar o plano de ação para a dinamização turística do concelho, tendo em vista a valorização económica do património natural e cultural, e a revitalização do tecido empresarial;

- Potenciar a criação e a dinamização de roteiros turísticos para divulgar e valorizar o património do concelho e apostar numa agenda de eventos de referência no contexto regional;

- Estimular as atividades da designada economia criativa, definindo um plano cultural para o município, que estabeleça, entre outros critérios, novas regras de apoio a instituições e criativos, para a valorização da inovação, da criatividade e do mérito;

- Recuperar e revitalizar o património edificado do concelho, potenciando a regeneração urbana e económica dos centros históricos, incentivando o aumento da oferta de dormidas turísticas;

- Objetivo Estratégico 3 (OE 3): Dinamizar a economia local e adotar políticas municipais de desenvolvimento sustentável:

- Rever o Plano Diretor Municipal até ao final do ano 2017;

- Rever o regime de taxas municipais, para reforçar a atratividade do concelho, melhorar a qualidade de vida dos

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IN Capítulo II 18

cidadãos e incentivar novos investimentos no concelho;

- Aprofundar a cooperação com as Juntas de Freguesia e, numa ótica de subsidiariedade, descentralizar, sempre que possível, a execução de ações de proximidade e serviços, para a resolução eficaz e célere das necessidades das populações;

- Promover a melhoria contínua do desempenho organizacional, para elevar os padrões de qualidade dos serviços municipais prestados, apostando na valorização dos recursos humanos da autarquia;

- Adotar práticas de gestão que otimizem recursos e a racionalidade económica, potenciando parcerias para a dinamização de atividades de interesse público municipal;

- Objetivo Estratégico 4 (OE 4): Incentivar a modernização da agricultura e a dinamização da economia do mar:

- Implementar um plano de ação para a agricultura, contribuindo para a atualização de competências e saberes dos agentes agrícolas do concelho e para a modernização do setor;

- Expandir e melhorar os caminhos e acessibilidades às principais zonas agrícolas do concelho;

- Valorizar os produtos e a gastronomia tradicional, nomeadamente através da criação, certificação e registo de marcas, para proteger e valorizar as especificidades locais;

- Requalificar a frente marítima de Câmara de Lobos e otimizar o modelo de gestão do cais e varadouro, por forma a estimular a emergência de novas atividades económicas ligadas ao mar;

- Valorizar as artes piscatórias tradicionais de Câmara de Lobos, compatibilizando os saberes e as vivências ancestrais com as novas dinâmicas operacionais e comerciais do setor.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 19

01.4. PARTICIPAÇÃO PÚBLICA PRÉVIA

A participação pública constitui um direito público, com vista a garantir um processo de planeamento territorial integrador e participado por todos os agentes intervenientes. O intuito é o de assegurar a intervenção da população no processamento da decisão, e considerar e integrar as suas ideias e pretensões.

Existem dois momentos distintos em que é possível o exercício deste direito pelos interessados: o primeiro é prévio à elaboração do Plano, e o segundo decorre após a apresentação da proposta de Plano ao público interessado e efetua-se em meio de Discussão Pública.

Da auscultação prévia da população, decorrida no período de 30 dias, após 17 de outubro de 2007, resultou num total de 51 registos de entrada no município.

Por cada entrada registada, verificou-se a existência de uma ou mais sugestões/informações independentes, bem como a referência a diferentes classes de espaços cartografadas em sede de PDM e que interessava destrinçar. Foi, assim, considerado um total de 129 sugestões, distribuídas geograficamente da seguinte forma:

- Freguesia de Câmara de Lobos: 42% do total de sugestões:

- Freguesia de Estreito de Câmara de Lobos: 33% do total de sugestões;

- Freguesia da Quinta Grande: 14% do total de sugestões;

- Freguesia do Jardim da Serra: 11% do total de sugestões;

- Freguesia do Curral das Freiras: não houve registo de participações para efeitos de revisão do PDM.

Relativamente às classes de espaços onde se verificou um maior grau de insatisfação no concelho, designadamente os Espaços Agroflorestais e os Espaços Naturais, esse descontentamento verifica-se, maioritariamente, nas freguesias mais populosas, a de Câmara de Lobos seguida da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos.

Já no que diz respeito às principais pretensões do público participante, a atribuição de capacidade construtiva às classes de espaços interditas à edificabilidade, bem como a elevação dos índices pré-existentes das classes de espaços com maiores restrições em termos de edificabilidade, foram as situações, recorrentemente, sugeridas.

Em termos de usos específicos, o habitacional, seja em habitação unifamiliar, geminada ou em banda, ou coletiva, foi o mais exigido, embora o uso industrial, em zonas fora de espaços industriais classificados, foi igualmente solicitado pelos participantes num total de 19%. Outros usos, mais relacionados com a prestação

de serviços, não mereceram interesse de acordo com as sugestões e informações apresentadas.

É possível ainda afirmar que existe um interesse alargado, face aos valores revertidos graficamente, na possibilidade de poder proceder a operações de loteamento ou de destaque nos prédios, representado em 9% das participações.

01.5. QUADRO ESTRATÉGICO DE REFERÊNCIA

01.5.1. SISTEMA DE GESTÃO TERRITORIAL

O Sistema de Gestão Territorial (SGT) é a base da política de ordenamento do território estipulada pela Lei de Bases Gerais da Política Pública de Solos, de Ordenamento do Território e de Urbanismo - Lei n.º 31/2014, de 30 de maio. O SGT encontra-se consagrado, para o território nacional, no Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, que estipula o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT); e, para a Região Autónoma da Madeira (RAM), no Decreto Legislativo Regional n.º 43/2008/M, de 23 de dezembro, que estipula o “Sistema Regional de Gestão Territorial da Região Autónoma da Madeira” (SGTRAM).

Com incidência regional, e apresentados no Quadro 1, refere-se o Plano de Ordenamento do Território da Região Autónoma da Madeira (POTRAM), os Planos Setoriais (PS) – onde se inclui o Plano de Ordenamento Turístico (POT) da RAM, o Plano Regional da Água da Madeira (PRAM), o Plano Regional da Política do Ambiente (PRPA), o Plano de Desenvolvimento Económico e Social (PDES), o Plano Estratégico de Resíduos da RAM (PERRAM), e o Plano da Política Energética da RAM (PPERAM), Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Arquipélago da Madeira (PGRH da RH10) e Plano de Ordenamento Florestal da Região Autónoma da Madeira (PROF-RAM) - e os Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT) – designadamente o Plano de Ordenamento e Gestão da Laurissilva da Madeira (POGLM) e o Plano de Ordenamento e Gestão do Maciço Montanhoso Central (POGMMC).

No âmbito municipal refere-se unicamente, por inexistência de demais instrumentos, o PDM-CL em fase de revisão.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 20

Além dos referidos, existem ainda outros instrumentos cuja incidência no território não é direta ou não reverte em termos espaciais, mas que podem ser ponderados no procedimento, e que se encontram numerados no Relatório Setorial 01.Domínio do Enquadramento Territorial e Estratégico.

Sistema de Gestão Territorial Regional

Instrumento Natureza e Âmbito Diploma Regulador

POTRAM Instrumento de Desenvolvimento Territorial Natureza estratégica Âmbito regional

DLR n.º 12/95/M, de 24 de junho, alterado pelo DLR n.º 9/97/M, de 18 de julho

POT Instrumento de Políticas sectoriais Natureza programática Âmbito regional

DLR n.º 17/2002/M, de 29 de agosto de 2002

PRAM Instrumento de Políticas sectoriais Natureza programática Âmbito regional

DLR n.º 38/2008/M, de 20 de agosto

PRPA Instrumento de Políticas sectoriais Natureza programática Âmbito regional

Resolução do Conselho de Governo n.º 809/2000, de 8 de junho

PPERAM Instrumento de Políticas sectoriais Natureza programática Âmbito regional

Resolução do Conselho de Governo n.º 1468/2002, de 2 de dezembro

PERRAM Instrumento de Políticas sectoriais Natureza programática Âmbito regional

PDES Instrumento de Políticas sectoriais Natureza programática Âmbito regional

Resolução da Assembleia Legislativa da RAM n.º 10/2006/M, de 30 de maio

PGBH DA RH10 Instrumento de Políticas sectoriais Natureza programática Âmbito regional

Resolução da Presidência do Governo Regional nº 81/2014, de 25 de fevereiro

PROF-RAM Instrumento de Políticas sectoriais Natureza programática Âmbito regional

Resolução da Presidência do Governo Regional nº 600/2015, de 11 de agosto

POGLM Instrumento Especial Natureza regulamentar Âmbito regional

Resolução n.º 1412/2009, de 19 de novembro, retificada pela Declaração de Retificação n.º 13/2009, de 27 de novembro

POGMMC Instrumento Especial Natureza regulamentar Âmbito regional

Resolução n.º 1411/2009, de 19 de novembro, retificada pela Declaração de Retificação n.º 13/2009, de 27 de novembro

Quadro 2 - Sistema de Gestão Territorial – instrumentos de âmbito regional em vigor.

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IN Capítulo II 21

01.5.2. COMPATIBILIZAÇÃO ESTRATÉGICA

A alteração ou revisão dos IGT obriga a identificar e a ponderar, nos diversos âmbitos, os planos, programas e projetos, designadamente da iniciativa da Administração Pública, com incidência na área a que respeitam, considerando os que já existem e os que se encontrem em preparação, de forma a assegurar as necessárias compatibilizações.

Da análise dos principais objetivos e estratégias definidas pelos vários IGT referidos anteriormente, resultam vários quadros com a relação estratégica de orientação para a determinação do modelo de ordenamento do território de Câmara de Lobos.

O quadro seguinte apresenta as relações entre os vários IGT e o já referido documento “Visão, Missão, Valores e Objetivos 2014-2017”.

Quadro 3 – Compatibilização dos vários IGT com os Objetivos Estratégicos preconizados para o concelho pelo documento “Missão, Visão, Valores e Objetivos 2014-2017”.

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IN Capítulo II 22

Instrumento Linhas Estratégicas dos IGT Objetivos Estratégicos

OE 1 OE2 OE3 OE 4

P O T R AM

Valorizar os recursos naturais, com respeito absoluto pela paisagem humanizada, característica do território

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Salvaguardar o património natural, histórico e cultural e atividades tradicionais ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Modernizar os setores económicos de base artesanal situados em zonas rurais, para fortalecer e melhorar da eficiência da base produtiva regional

✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Definir zonas ordenadas de localização industrial, com adequado sistema de incentivos ao seu desenvolvimento, visando criar uma base industrial de exportação

✕✕✕✕

Criar condições inovadoras em matéria de equipamentos e de animação que permitam diferenciar o produto turístico da Região e aumentar-lhe a competitividade

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Garantir um crescimento populacional equilibrado, de forma a superar inconvenientes resultantes do êxodo rural

✕✕✕✕

Melhorar os níveis de educação e de formação profissional e a sua adaptação ao mercado de trabalho

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

P O T

Consolidar o produto dominante, acompanhado de medidas para minimizar os bloqueamentos existentes decorrentes do modelo concentrado e do crescimento rápido

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Desenvolver a segmentação turística reforçando produtos turísticos. Benefício na introdução de novos canais de contratação, novas formas de gestão, maior diversificação de produtos complementares, maior distribuição territorial e maior distribuição dos efeitos diretos

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Desenvolver a formatação da rede de oferta complementar, explorando a diversidade dos recursos e requalificando a oferta existente

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

P R A M

Melhorar e garantir do abastecimento de água urbano, o regadio agrícola e a hidroenergia, às populações e atividades económicas

✕✕✕✕

Proteger e controlar a poluição do meio hídrico regional ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Proteger os ecossistemas aquáticos e dos demais sistemas naturais relevantes para a proteção dos recursos hídricos regionais

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Minimizar os riscos naturais ou induzidos no meio hídrico regional pelas atividades humanas

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Desenvolver e implementar sistemas de planeamento e gestão do meio hídrico regional, incluindo o seu ordenamento e ocupação

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Implementar um quadro normativo, regulamentar e legislativo regional do domínio da proteção e utilização do domínio hídrico em convergência com as disposições nacionais e comunitárias sobre a matéria

✕✕✕✕

Valorizar o meio hídrico regional e sustentabilidade económico -financeira das atividades associadas ao domínio da água

✕✕✕✕

Monitorizar continuamente a inventariação e cadastro com especial relevância para os recursos hídricos, ecossistemas e atividades associadas ao meio hídrico regional

✕✕✕✕

Organizar a informação e a participação das populações no processo de planeamento e gestão dos recursos hídricos regionais

✕✕✕✕

Garantir o conhecimento e a investigação ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

P R P A

Consciencializar a população, os decisores políticos e os agentes económicos da importância estratégica do ambiente e estimular a participação ativa da sociedade

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Qualificar o ambiente urbano, resolver as carências de infraestruturação básica e corrigir os problemas ambientais

✕✕✕✕ ✕✕✕✕

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IN Capítulo II 23

Prevenir e minimizar riscos ambientais naturais e induzidos pelo Homem ✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Promover a valorização das áreas protegidas, das zonas sensíveis e de outros elementos do património natural e paisagístico

✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Integrar os valores ambientais nos modelos de desenvolvimento socioeconómico e potenciar oportunidades económicas e sociais que valorizem o ambiente e contribuam para a sua preservação

✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Reforçar a aplicação do princípio da responsabilidade partilhada e os mecanismos de proteção do direito ao ambiente, adequando e qualificando a Administração

✕✕✕✕

P P E R AM

Minimização dos estrangulamentos da insularidade: enquadramento nos princípios do mercado interno da energia, designadamente no que refere à garantia do aprovisionamento, à diversificação dos produtos energéticos, à redução dos custos da energia e à minimização da poluição, e regulação de áreas chave do setor energético para promover a eficiência no funcionamento do mercado, a equidade entre os diversos atores do lado da oferta e a melhoria dos serviços energéticos ao consumidor

✕✕✕✕

Utilização racional da energia: melhoria da eficiência energética na utilização final, de modo a reduzir a intensidade energética no produto regional, a dependência do exterior e os custos associados, estimulando um aumento da competitividade da Região

✕✕✕✕

Valorização dos recursos energéticos regionais: maximização do aproveitamento dos recursos energéticos regionais (hídrica, eólica, biomassa, resíduos, solar, etc.), ponderando, na análise técnico-económica, as externalidades positivas e negativas ligadas principalmente ao ambiente e à dependência externa

✕✕✕✕

Gestão da procura de energia elétrica e adequação da oferta: atenuação dos desequilíbrios do diagrama de cargas diário, designadamente através de um sistema tarifário adequado, que catalise a transferência de consumos das horas de ponta para as horas de vazio, e do armazenamento de energia, tendo em vista o adiamento e a melhor rentabilização dos investimentos no setor elétrico e a máxima penetração de energias renováveis

✕✕✕✕

Inovação e cooperação inter-regional: desenvolvimento de ações de cooperação e de transferência de know-how, e promoção das oportunidades proporcionadas por programas comunitários orientados para o desenvolvimento de novas tecnologias energéticas particularmente vocacionadas para as regiões insulares

✕✕✕✕

P D E S

Inovação, Empreendedorismo e Sociedade do Conhecimento ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Desenvolvimento Sustentável – Dimensão Ambiental ✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Potencial Humano e Coesão Social ✕✕✕✕

Cultura e Património ✕✕✕✕

Coesão Territorial e Desenvolvimento Equilibrado ✕✕✕✕

P E R R AM

Prevenir a produção de resíduos, atuando quer junto dos produtores, embaladores importadores e responsáveis pela comercialização dos produtos, quer junto das populações

✕✕✕✕

Reduzir a quantidade de resíduos a confinar, recuperando, reutilizando e/ou reciclando as componentes suscetíveis de valorização ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Promover a sensibilização das populações e educação ambiental, procurando ampliar progressivamente a base social de apoio do sistema de gestão de resíduos

✕✕✕✕

Promover a aplicação programada do princípio da responsabilidade partilhada ✕✕✕✕

Privilegiar soluções de tratamento fiáveis, eficazes e eficientes, tecnologicamente testadas, financeiramente sustentáveis, que, direta ou indiretamente, não potenciem impactes ambientais significativos e que permitam a valorização dos resíduos, quer pela obtenção de um subproduto, quer pela produção de energia

✕✕✕✕

Criar condições institucionais que assegurem a viabilidade socioeconómica do sistema de gestão de resíduos, procurando que pela sua implementação progressiva se minimizem as atuais disfunções ambientais

✕✕✕✕

P O G L M Conservar a Natureza e Valorizar o Ambiente ✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

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IN Capítulo II 24

Fomentar a Participação Ativa da População e dos Visitantes na Fruição, Divulgação e Preservação do Espaço Natural

✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

P O GMMC

Conservar a Natureza e Valorizar o Ambiente ✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

Fomentar a Participação Ativa da População e dos Visitantes na Fruição, Divulgação e Preservação do Espaço Natural

✕✕✕✕ ✕✕✕✕ ✕✕✕✕

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IN Capítulo II 25

02. ESTRUTURA BIOFÍSICA E SOCIOECONÓMICA

02.1. ESTRUTURA BIOFÍSICA

02.1.1. GEOLOGIA

Como entidade emersa, a ilha da Madeira é a localização atual de um ponto quente (hotspot) situado numa região intraplaca (Placa Africana). Formada no Miocénico, a ilha é de origem vulcânica e assenta em pleno domínio oceânico, numa área onde a crosta oceânica possui 140 Ma e 100 km de espessura, formando um maciço vulcânico com cerca de 5km de altura (5.300 m), do qual, somente 1/3 se encontra visível à superfície.

A sua génese reporta-se a um vulcanismo intraplaca em ambiente oceânico. Neste contexto, as anomalias sísmicas e gravimétricas, a distribuição irregular das ilhas e dos montes submarinos ao longo do ponto quente da Madeira, os grandes intervalos na idades dos vários complexos vulcânicos e a pequena taxa de emissão/crescimento do edifício vulcânico da Madeira/Desertas, parecem sugerir que o ponto quente da Madeira é uma delicada pluma mantélica, a partir da qual, cada pulsar corresponde a uma unidade vulcânica (GELDMACHER et al., 2000, em RODRIGUES, 2005).

Do ponto de vista geológico e de acordo com o modelo vulcano-estratigráfico de ZBYSZEWSKI et al. (1975), adaptado por CARVALHO e BRANDÃO (1991), no espaço geográfico do concelho de Câmara de Lobos estão patentes quatro complexos:

- O Complexo Vulcânico Base (β1), que apresenta uma expressão considerável de quase 20 Km², abrangendo a quase totalidade da depressão de Curral das Freiras e do vale dos Socorridos;

- A formação intermédia do Complexo Vulcânico Periférico (β2);

- O Complexo Vulcânico das Lombadas Superiores (β3) cobre parcialmente os complexos β1 e β2 e é observável nas partes superiores dos picos concelhios do Maciço Vulcânico Central, nomeadamente o Pico Serradinho, Boca das Torrinhas, Pico Casado, Pico do Cerco e do Cidrão; e nas serras altas da vertente sul, mais concretamente, na Boca dos Namorados, Pico das Pedras, Pico da Malhada e Pico dos Bodes;

- O Complexo Basáltico do Paul da Serra (β4) aflora no Pico Ruivo de Santana e no Pico do Cedro, a SW do Pico do Areeiro.

As formações sedimentares encontram-se representadas, principalmente, por depósitos aluvionares e determinam uma distribuição homogénea ao longo das secções de vazão da rede hidrográfica concelhia.

Encontram-se dispostos espacialmente na totalidade da extensão do vale dos Socorridos, sobretudo na confluência da Ribeira de Curral das Freiras com a Ribeira dos Socorridos, a montante, e na planície aluvionar, a jusante.

De menor expressão, referencia-se os depósitos aluvionares da Ribeira do Vigário.

Os depósitos constituídos por cascalheiras fluviais, possuem uma distribuição espacial circunscrita ao sítio da Achada do Curral, na freguesia do Curral das Freiras.

Os depósitos de cobertura/coluvionares e de fajãs correspondem, em ambos os casos, ao acumular de material proveniente da vertente, por via da gravidade.

Encontram-se referenciados na bacia morfológica do Curral das Freiras, ao longo da Ribeira dos Socorridos, bem como na orla costeira.

No que diz respeito à rede filoniana, encontra-se referenciada a Norte do concelho, nomeadamente na depressão morfológica do Curral das Freiras. De igual forma, são observáveis aglomerados filonianos ao longo da orla costeira, contribuindo para a edificação do maciço montanhoso com o maior desnível costeiro da ilha da Madeira, o Cabo Girão (580m). Nesta área, as intrusões apresentam uma orientação (N5ºE) distinta dos complexos filonianos mencionados anteriormente, evidenciando um campo compressivo distinto.

Nas zonas de maior altitude das freguesias do Jardim da Serra e do Estreito de Câmara de Lobos, mais precisamente numa área compreendida entre o sítio da Corrida e o da Boca dos Namorados, é, de igual forma, observável um segundo complexo filoniano, extremamente denso, com uma direção divergente (N40ºW) em relação aos localizados ao longo da bacia morfológica do Curral das Freiras.

Considerando a orientação relativa de ambos os complexos filonianos, conclui-se que existe uma nítida convergência dos filões em direção ao centro vulcânico primitivo do interior da ilha, possivelmente localizado na área do Pico Ruivo e do Pico do Areeiro.

A interpretação e análise geotectónica, complementada com trabalho de campo, permitiram ainda constatar que a estrutura e formas morfológicas observadas no território de Câmara de Lobos encontram-se controladas pela tectónica, tendo sido, inclusive, identificados de diversos lineamentos. De acordo com FONSECA ET AL. (1998A, 1998B, 2000, 2002), o lineamento com maior expressão na área em estudo, o de Curral das Freiras - Arco de São Jorge (CFASJL), possui uma extensão de cerca de 11,5 Km com um azimute de N8º. Este acidente estrutural condiciona o traçado da Ribeira dos Socorridos, no setor intermédio.

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IN Capítulo II 26

02.1.2. MORFOLOGIA

O concelho de Câmara de Lobos é caracterizado por profundos contrastes morfológicos, litológicos, estruturais e hidrogeológicos. Observam-se unidades climáticas e de paisagem distintas; formas de ocupação e uso do solo paradigmáticas; aptidões específicas à exploração de recursos minerais, hídricos e agrícolas; bem como a transformação do território como espaço físico.

O concelho apresenta uma geometria alongada, orientada N-S, com cerca de 13 Km de comprimento por 6,5 Km de largura, um perímetro de 46 Km e uma área com cerca de 52 Km2, o correspondente a 6,5% da superfície total da ilha da Madeira. Do ponto de vista morfológico é possível a identificação e definição de quatro unidades distintas, nomeadamente

- A depressão morfológica do Curral das Freiras, localizada a Norte do concelho, caracterizada por um relevo geologicamente mais antigo e incisivo, controlado pela tectónica, e que apresenta como formas morfológicas características, os taludes subverticais com centenas de metros de altitude e a distribuição geográfica homogénea de depósitos coluvionares e de vertente ao longo da linha de água principal (Ribeira do Curral);

- O anticlinal costeiro, localizado na área do Cabo Girão, é representado por uma morfologia exuberante, sendo observado pendores extremamente acentuados e taludes subverticais de elevada altitude;

- As formas morfológicas de origem fluvial, caracterizadas por linhas de água profundamente encaixadas, perpendiculares à linha da costa, e com perfis longitudinais com declives extremamente acentuados, fruto o grau de juventude. Possuem uma grande capacidade de carga de material heterométrico; e

- O relevo geomorfológico associado à fase dos episódios vulcânicos recentes, localizado num setor periférico (Pico da Torre), é representado por cone vulcânico monogenético, composto por depósitos piroclásticos grosseiros e por escoadas lávicas com pendores acentuados.

O concelho de Câmara de Lobos possui uma hipsometria extremamente elevada (uma altitude média de 787m), destacando-se, a Norte, as serras de Curral das Freiras com uma altitude média de 1.031m, em que atinge o ponto de maior altitude a 1.860m, a Sudoeste do Pico Ruivo. Contudo, nesta área, destacam-se outras elevações, nomeadamente o Pico das Torres (1.847m), Pico do Cidrão (1.798m), Pico do Cedro (1.759m), Pico do Coelho (1.738m), Pico Casado (1725m), Pico do Gato (1.712m), Pico do Jorge (1.695m) e o Pico do Cerco (1.617m).

Os valores referenciados anteriormente corroboram a localização destas formas morfológicas ao longo do eixo topográfico e do Maciço Vulcânico Central, os setores com maior altitude da ilha da Madeira.

Verifica-se uma exígua representação de valores inferiores a 200m (3,6 Km², localizados numa área a este do concelho, entre o Serrado do Mar e a desembocadura da Ribeira dos Socorridos) e uma ascensão exponencial da morfologia à medida que nos deslocamos para norte.

Destaca-se ainda a importância espacial dos valores superiores a 500m, que constituem fatores condicionantes de toda a dinâmica e energia dos processos naturais e da fixação das populações bem como a existência de uma orla costeira com valores altimétricos extremamente relevantes.

Num processo de planeamento e gestão urbanística, à escala local, torna-se necessário a definição e/ou delimitação geográfica de um conjunto de classes de declive (Figura 3) que proporcione um ótimo ou limite à atividade construtiva, bem como que permite a implementação de infraestruturas associadas às atividades humanas.

No concelho de Câmara de Lobos, de acordo com os resultados da análise de declives, a classe com maior representatividade situa-se entre os 25% e os 45%, contabilizando uma área de 23,3 Km² e uma expressão de 44,6%; já os declives superiores a 45% constituem 23,7% do território em análise. As áreas referentes a ambas as classes encontram-se distribuídas espacialmente pelos taludes subverticais associados às formas geomorfológicas costeiras (Cabo Girão) e fluviais (Ribeira dos Socorridos e do Vigário), bem como ao circo de erosão do Curral das Freiras.

No Município de Câmara de Lobos, de acordo com a Carta de Exposição Solar (Gráfico 1), constata-se a predominância de vertentes expostas a Sul, SE e a SW, bem como, em termos de representatividade, as orientadas a Oeste e a Este. Relativamente às orientações com menor gradiente solar, o estudo salienta os taludes direcionados a Norte e a NE, enquanto que os orientados a NW adquirem pouca representatividade no território.

Em termos de representação e distribuição geográfica, constata-se a predominância das orientações com maior receção de radiação solar (Sul, SE e a SW) ao longo de toda a encosta Sul do concelho de Câmara de Lobos e das vertentes Oeste das principais linhas de água; enquanto que, as vertentes mais úmbrias (NW, Norte e a NE) resumem-se a alguns “enclaves” a NE do concelho (freguesia do Curral das Freiras), localizados espacialmente ao longo do eixo topográfico da ilha da Madeira.

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IN Capítulo II 27

Figura 3 – Carta de declives do concelho de Câmara de Lobos.

Gráfico 1 – Distribuição das áreas expostas à radiação solar direta, à escala da freguesia.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos

Jardim da Serra Câmara de Lobos

Área (%)

Freguesia

Exposição Solar, por Freguesia(Município de Câmara de Lobos)

Plano N NE E SE S SW W NW

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IN Capítulo II 28

02.1.3. GEOMORFOLOGIA

O concelho de Câmara de Lobos localiza-se, em termos de unidades geomorfológicas regionais, no Maciço Vulcânico Central, e embora definido do ponto de vista administrativo, é delimitado por elementos físicos relevantes, como sejam: a cumeada do vale da Quinta Grande, a Oeste; o talvegue da Ribeira dos Socorridos (delimitação concelhia entre Câmara de Lobos e o Funchal), a Este; o interflúvio do Curral das Freiras, a Norte; e o Oceano Atlântico, a Sul.

Por forma a realizar uma análise mais pormenorizada e homogénea, consistente com as formas morfológicas existentes, foram adotados os pressupostos de ABREU (2008) na definição e delimitação de subunidades geomorfológicas, de acordo com o grau de evolução e encaixe das linhas de água e os seus parâmetros morfométricos quantitativos (Propriedades geométricas | areolares, lineares e morfológicas) e qualitativos (Litologia predominante e Uso do Solo).

Identificam-se assim no concelho de Câmara de Lobos as seguintes subunidades geomorfológicas:

- Planaltos Centrais e Marginais Fracamente Dissecados (UGCL1): inclui-se nesta subunidade a geoforma do Pico da Torre – cone vulcânico cujo baixo grau de alteração sugere que seja contemporâneo; evidenciam-se ainda as escoadas lávicas subaéreas da zona do “Cabouco” e do cais (registo de um episódio vulcânico do tipo fissural), que definem geomorfologicamente a baía de Câmara de Lobos (Figura 4);

- Áreas Marginais Fracamente Dissecadas (UGCL2) e Vertentes Fracamente Dissecadas (UGCL3): apresentam dimensão pouco significativa e morfologia menos incisiva, e possuem algumas semelhanças com a unidade UGCL4 (sobretudo as associadas à dinâmica fluvial das linhas de água), com observação de vales encaixados e circundados por vertentes de declive acentuado (uma referência deste elementos é a Ribeira do Vigário, fruto da ação erosiva dos agentes externos); associa-se a estas unidades as formas morfológicas designados localmente por “lombos” ou “lombadas”, e também as “achadas” (cientificamente denominadas por rechãs), que correspondem a superfícies aplanadas de dimensão reduzida, declive pouco acentuado e limitadas externamente/lateralmente por cornijas; verifica-se ainda uma morfologia costeira que vai diminuindo progressivamente de altitude (Figura 5), na sua orientação W-E (6,5 Km) até uma zona de “costas baixas”;

- Vertentes Medianamente Dissecadas (UGCL4): é identificável, como geoforma de maior relevância, a depressão morfológica do Curral das Freiras (Figura

6) e destacam-se ainda as vertentes convexo-côncavas da Ribeira dos Socorridos; no seu conjunto, constituem o exemplo paradigmático madeirense do comportamento/características mecânicas contrastantes que os diferentes tipos de litologias (piroclastos versus lavas) evidenciam face aos agentes erosivos (Mata, 1996, em Abreu, 2008).

Figura 4 – Forma geomorfológica de um possível colapso lateral do cone monogenético do Pico da Torre (Abreu, 2008).

Figura 5 – Orla costeira da Quinta Grande. Exemplo da verticalidade da geomorfologia costeira (DRAmb).

Figura 6 – Depressão morfológica assimétrica do Curral das Freiras (Abreu, 2008).

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IN Capítulo II 29

02.1.4. PEDOLOGIA

De acordo com a Notícia Explicativa da Carta dos Solos da Ilha da Madeira, e com a Carta Pedológica do Concelho de Câmara de Lobos (em anexo ao Relatório setorial nº 02, do Domínio da Estrutura Biofísica e Socioeconómica) é seguidamente apresentada uma síntese das caraterísticas predominantes e/ou associadas a cada uma das unidades pedológicas observadas no concelho de Câmara de Lobos.

- A. Fluvisols (FL): - Eutric Fluvisols (FLe): localizam-se ao longo do setor jusante da Ribeira dos Socorridos e são constituídos por depósitos sedimentares de origem aluvionar (mas também com influência coluvionar), não-consolidados e bastante heterogéneos, do ponto de vista granulométrico; são compostos, predominantemente, por material terroso e por fragmentos rochosos de dimensão variada e de natureza essencialmente basáltica;

- B. Andosols (AN): - Vitric Andosols (ANz): localização geográfica circunscrita e uma distribuição homogénea ao Pico da Torre (freguesia de Câmara de Lobos), numa área compreendida entre a cota altimétrica dos 50m e o topo do cone vulcânico. Não possui “consistência untuosa e/ou apresentando textura que é mais grosseira do que franco-arenosa, obtida como média pesada de todos os horizontes até à profundidade de 100cm; sem propriedades gleicas nesta mesma espessura do perfil; sem permafrost a menos de 200 cm de profundidade”; predominantemente, são constituídos por materiais soltos de piroclastos grosseiros (<2 mm) e, com frequência, por cascalho de maiores dimensões, na parte superior do pédone; - Umbric Andosols (ANu): ocorrem ao longo de uma faixa longitudinal, localizada na vertente Sul do concelho, compreendida entre os 400m e os 1.200 m de altitude; é, de igual forma, observável uma pequena mancha homogénea no sítio da Achada do Curral; predominantemente, formam-se a partir de rochas basálticas e de piroclastos, embora estes últimos em menor proporção;

- C. Vertisols (VR): - Eutric Vertisols (VRe): ocorrem sob o clima semiárido e sub-húmido e possuem uma distribuição espacial abaixo dos 400 m (costa Sul), ao longo da secção terminal do vale da Quinta Grande, sobretudo na vertente localizada a Oeste; proveniente de rochas basálticas de natureza compacta, desenvolvem-se, com frequência, níveis constituídos por material grosseiro basáltico (blocos, calhaus e pedras, ou apenas blocos), contendo ou não, um pouco de terra a envolvê-lo; os "Vertisols" observados na Madeira possuem uma fertilidade

e/ou produtividade natural elevada. Contudo, os seus condicionalismos e características físicas, bem como a sua grande suscetibilidade à erosão (incluindo movimentos de massa), tornam a sua utilização difícil;

- D. Cambisols (CM): - Chromic Cambisols (CMx): possui uma distribuição espacial homogénea abaixo dos 600m de altitude, sobretudo no setor Oeste do Município, abrangendo a quase totalidade da área da freguesia de Câmara de Lobos; a sua génese encontra-se associada ao desgaste do material basáltico, contudo é possível a sua formação a partir de constituintes derivados de tufos, ocorrendo, só muito raramente, a partir de material piroclasto grosseiro; - Humic Cambisols (CMu): no território em análise possui uma disposição espacial inferior à cota dos 600 m, numa área compreendida entre a vertente Este e Oeste do complexo montanhoso do Cabo Girão; predomina os solos com espessura superior a 50cm e são compostos por rochas com um grau de alteração variável, podendo apresentar inclusões de material terroso, e por níveis de material grosseiro basáltico, caso esteja envolto numa menor quantidade de terra; ocorrem sob uma especificidade climática variável, entre o semiárido e o húmido, que influencia o seu desenvolvimento pedológico; - Eutric Cambisols (CMe): encontra-se referenciada ao longo da secção jusante da Ribeira do Vigário, até à cota longitudinal dos 500 m; relativamente às suas características específicas e desenvolvimento pedológico, esta unidade apresenta uma grande similitude com as anteriores (para este grupo taxonómico);

- E. Phaeozems (PH): - Haplic Phaeozems (PHh): possui uma distribuição homogénea ao longo do talvegue do vale da Caldeira, bem como das vertentes (Este, Oeste) associadas aos maciços rochosos contíguos (até à cota altimétrica dos 400 m), nomeadamente em áreas associadas com processos de acumulação coluvionar. De igual forma, referencia-se a vertente Oeste do setor jusante (planície aluvionar) da Ribeira dos Socorridos; são constituídos, predominantemente, por elementos grosseiros basálticos (podendo chegar à dimensão de blocos), misturados com pouco material terroso.

Considerando as unidades de solo, áreas não-pedológicas e o gradiente altimétrico, verifica-se que o Terreno Acidentado Dístrico (27 Km²) apresenta uma elevada representatividade espacial, quando comparado com as unidades pedológicas mais expressivas, nomeadamente a Umbric Andosols (ANu), que contabiliza 15 Km² distribuídos entre a classe altimétrica dos 350 m e os 1.050 m; bem como a Chromic Cambisols (CMx), que apresenta uma área de 3,2 Km².

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IN Capítulo II 30

02.1.5. HIDROGRAFIA

No que diz respeito à rede hidrográfica, O território de Câmara de Lobos apresenta, como principais características, uma tipologia efémera e com regime torrencial, associada a uma morfologia extremamente acidentada, e de distribuição geográfica heterogénea.

A rede e a bacia hidrográfica com maior expressividade no Município de Câmara de Lobos, a Ribeira dos Socorridos, determina uma localização espacial a NE do concelho, com a respetiva cabeceira encaixada ao longo do eixo topográfico central da ilha da Madeira. A sua importância encontra-se associada a representatividade das suas características morfométricas hídricas, comparativamente às existentes a nível regional, salientando-se a sua considerável extensão, bem como o caudal e carga sólida que comporta. De menor dimensão referencia-se a Ribeira do Vigário, a Ribeira da Quinta Grande e a Ribeira da Caldeira, situadas no setor centro – ocidental do concelho.

A bacia hidrográfica da Ribeira dos Socorridos, com uma orientação N-S, possui um comprimento máximo de cerca de 13 Km e uma área de 38,7 Km². O seu troço a montante apresenta uma ampla bacia de receção em forma de funil e assimétrica, devido a uma vertente Oeste de declive bastante acentuado, comparativamente à homóloga (Este), que exibe taludes subverticais. Com uma altitude média de 600 m de altura e a predominância de declives compreendida entre os 40% e os 80%, esta bacia (depressão morfológica) encontra-se encaixada em materiais piroclásticos do Complexo Base, propícios à ocorrência cíclica de movimentos de vertente volumetricamente relevantes.

De menor dimensão, a bacia da Ribeira do Vigário possui uma área de 15,4 Km² e uma extensão de 7,3 Km, e localiza-se no setor central de Câmara de Lobos. Corresponde a um curso de água com um grau de encaixe menos acentuado, comparativamente à bacia dos Socorridos, e apresenta um trajeto menos sinuoso e acidentado;

Ainda de acordo com este autor, na zona Oeste do concelho, salientam-se dois elementos morfológicos fluviais com alguma representatividade no contexto local, nomeadamente a Ribeira da Caldeira (3 Km²) e a da Quinta Grande (2,7 Km²). São cursos de água que, por determinarem uma geomorfologia recente, apresentam uma rede de drenagem incipiente, alimentada hidricamente por tributários.

02.1.6. HIDROGEOLOGIA

De acordo com a Notícia Explicativa (VII.3) da Carta de Recursos Hídricos Subterrâneos da Região Autónoma da Madeira (Duarte, 1995), bem como de alguns

trabalhos de prospeção na Ribeira dos Socorridos de Duarte e Silva (1987), no território de Câmara de Lobos é possível definir as seguintes unidades hidrogeológicas:

- Aquíferos locais e descontínuos de elevada produtividade: esta unidade é caracterizada por uma elevada permeabilidade e produtividade; na área em estudo, esta unidade é observada nas zonas de maior altitude, entre as cotas altimétricas dos 1.000m aos 1.400m, das freguesias do Jardim da Serra e do Estreito de Câmara de Lobos, bem como ao longo dos topos do Maciço Vulcânico Central, sobretudo os localizados a NNW e a E do sítio da Achada do Curral; constata-se a existência de um grande número de nascentes localizadas nas cabeceiras da Ribeira do Vigário e ao longo do rebordo e da depressão morfológica do Curral das Freiras;

- Aquíferos de moderada a elevada produtividade, com reservas somente locais: no concelho de Câmara de Lobos, esta unidade encontra-se circunscrita à cota altimétrica dos 1.000m; não obstante, verifica-se a existência de algumas galerias, de pequena extensão, na zona da Quinta Grande e Campanário, com uma produtividade de 3 a 10l/s; estas infraestruturas abastecem pequenos aglomerados populacionais locais e contribuem para a atividade agrícola;

- Aquíferos pouco produtivos ou eventualmente de boa produtividade em zonas muito localizadas: estas condições são observáveis na superfície basal da bacia hidrográfica da Ribeira dos Socorridos; esta situação é corroborada pelo índice de produtividade aquífera existente na Galeria do Curral das Freiras.

No que diz respeito aos escoamentos, e segundo os dados apresentados no âmbito do PRAM (2003), o volume médio anual da escorrência superficial foi de 106,5hm³, cerca de 24,6% do escoamento superficial da ilha da Madeira (431,9 hm³); enquanto que, para a escorrência subterrânea e hipodérmica, contabilizou-se 41,5 hm³, cerca de 27,6% do total regional (150,1 hm³).

Verifica-se a ocorrência de menores escoamentos em setores contíguos à linha da costa, enquanto que, ao longo do eixo topográfico central da ilha da Madeira, (maior altitude), registam-se os valores mais elevados de escorrência. Adicionalmente, constata-se, através da análise realizada às cartas anexas ao relatório setorial nº 02 do Domínio da Estrutura Biofísica, que as áreas mais propensas a ocorrência destes fenómenos localizam-se ao longo de superfícies de declive moderado a acentuado, determinando, em áreas de menor inclinação, uma infiltração superior.

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IN Capítulo II 31

02.1.7. CLIMATOLOGIA

Para a caracterização do clima local, foram adotados registos dos elementos/variáveis climáticas correspondentes às Normais Climatológicas, para o período compreendido entre 1971 – 2000, da estação climatológica dos Louros/Funchal, devido à inexistência de estações meteorológicas operacionais e/ou com registos de series climáticas completas no concelho de Câmara de Lobos. Considerou-se que os dados/registos desta estação são representativos do clima no território em análise.

A análise conjunta do regime de precipitação e de temperatura média anual permite a identificação das principais características associadas ao regime termopluviométrico. Assim, o processo analítico permite constatar que:

- Os meses que registam os valores de temperatura mais elevados (junho, julho e agosto), são coincidentes com os que apresentam os menores quantitativos da precipitação, definindo uma estação seca (verão);

- Os meses com maior precipitação coincidem com os de menor temperatura, ocorrendo o máximo de precipitação nos meses de dezembro e janeiro, bem como os máximos secundários em outubro e novembro;

- Ocorre uma diminuição progressiva dos quantitativos associados à precipitação média, durante o primeiro semestre do ano, em simultâneo com o aumento da temperatura média do ar; enquanto que no segundo semestre, verifica-se uma situação inversa, contudo com um crescimento exponencial dos valores relacionados com a precipitação;

- Apresenta uma temperatura média anual de 18,6ºC e contabiliza um total de sete meses (de maio a novembro) com registos acima deste valor;

- Determina, num conjunto de seis meses (de abril a setembro), uma precipitação abaixo do valor médio anual (50mm).

Decorrente dos pressupostos analíticos climáticos descritos anteriormente (e em maior detalhe no Relatório setorial) e considerando o coberto vegetal do solo, a estruturação biogeográfica, as condições morfológicas e fisiográficas do território, foram delimitadas as regiões bioclimáticas para o concelho de Câmara de Lobos, conforme o Quadro 4.

02.1.8. MARÉS E CLIMATOLOGIA MARÍTIMA

No que diz respeito às marés, verifica-se em Câmara de Lobos um regime semelhante ao de toda a ilha, com marés classificadas como semidiurnas regular, com a ocorrência periódica de duas preia-mares e baixa-mares por dia.

Assume-se ainda que a orla costeira do concelho de Câmara de Lobos se encontra sujeita a uma variação positiva (+0,40m), associada à sobreelevação hidrostática (por pressão atmosférica), e que o valor seja representativo na ocorrência de uma situação meteorológica adversa.

A análise do regime de agitação marítima assume uma importância extremamente relevante, sobretudo no processo de avaliação e análise de risco natural (Volume 03 - Domínio do Risco Natural e Tecnológico), uma vez que permite a fundamentação teórica à definição e/ou delimitação das áreas críticas associadas aos fenómenos de galgamentos costeiros, de génese meteorológica, bem como possibilita a avaliação da distribuição espacial dos danos e prejuízos provocados.

Também à semelhança do que se verifica na ilha da Madeira, a direção média e potência das ondas apresenta uma correlação direta com a orientação dos ventos dominantes. O processo de análise aos dados resultantes da aplicação do modelo numérico MAR3G, ao Arquipélago da Madeira, permite concluir que a altura significativa média da ondulação no concelho de Câmara de Lobos é de 1,1m, com um máximo de 5,9m, e uma direção predominante de SW. De igual forma, este indicador regista um valor médio anual mínimo de 0,3m e uma moda de 1,0m.

Quadro 4 – Classificação dos termotipos e dos ombrotipos da classificação Rivas-Martinez.

R E G I Ã O B I O C L I M Á T I C A T E R M O T I P O O M B R O T I P O S A L T I T U D E Á R E A

S É R I E D E V E G E T A Ç Ã O

(m) (km2)

ORLA COSTEIRA Inframediterrânico Seco 0 - 100 1,26 Zambujal

LOMBADAS Termomediterrânico Subhúmido 100 – 700 21,87 Barbusanal

RECHÃS SUPERIORES Mesomediterrânico Húmido 700 – 1.500 26,33 Laurissilva do Til

CORDILHEIRA CENTRAL Supratemperado Ultrahiper-húmido >1.500 2,64 Urzal

Fonte: PRAM (2003) e MESQUITA et al. (2004)

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IN Capítulo II 32

O regime de agitação marítima encontra-se extremamente dependente dos padrões climatológicos e das interferências das condições atmosféricas, apresentando, desta forma, uma variabilidade sazonal acentuada aos valores máximos da altura significativa da ondulação, com o registo de mínimos extremos nos meses de verão (1,1 m), enquanto que os máximos encontram-se associados aos meses de inverno (5,9 m).

02.1.9. BIOGEOGRAFIA

A estrutura biogeográfica do concelho de Câmara de Lobos, de acordo com as referências bibliográficas analisadas, determina uma distribuição das formações vegetais por andares bioclimáticos (Figuras 7 e 8), que representam zonas preferenciais de crescimento das espécies e/ou de desenvolvimento do ótimo ecológico (devido à conjugação diversificada de aspetos edáficos e climáticos).

Verificam-se, assim:

- 1º Andar Bioclimático: possui uma expressão espacial acentuada, estendendo-se desde o litoral até aproximadamente os 300m de altitude, ao sítio do Pico e Salões. É constituído por espécies pouco exigentes em água e intoleráveis a baixas temperaturas. Nesta formação xerófila, considerando o elevado número de indivíduos, a área de cobertura e pela sua capacidade expansiva, salienta-se três espécies indígenas, nomeadamente: Figueira-do-inferno (Euphorbia piscatoria), a Malfurada ou Globulária (Globularia salicina) e o Massa-roco (Echium nervosum). São plantas arbustivas que resistem consideravelmente bem à presença humana (QUINTAL, 1998). Relativamente às espécies de cultivo, predominam as de origem intertropical, nomeadamente a Cana-de-açúcar, o Abacateiro, a Papaieira, a Anoneira e o Mangueiro, com uma expressão espacial extremamente reduzida (minifúndios). Com o propósito de atender às necessidades de consumo da economia de mercado, cada vez mais abrangente e global, salienta-se o cultivo da Bananeira, em regime intensivo de monocultura.

- 2º Andar Bioclimático: prosperam espécies adaptadas a um clima mais ameno, especificamente a um ambiente mais fresco e com maior teor de humidade. Este patamar, situado entre os 300 e os 600m de altitude, é considerado uma zona de transição entre a formação vegetal do litoral e a floresta higrófila (Laurissilva), sendo possível a identificação de

espécies específicas ou características. Segundo QUINTAL (1998), as condições climáticas neste segundo andar possibilitam a competição, em áreas relativamente restritas, entre as associações vegetais do Litoral como, a Figueira-do-inferno (Euphorbia piscatoria), o Marmulano (Sideroxylon marmulano), a Perpétua branca ou Ensaião (Helichrysum melaleucum), e outras espécies com características de floresta higrófila como, o Loureiro (Laurus azorica), a Urze das vassouras, a Erva de coelho (Pericalis aurita), o Feto-de-botão (Woodwordia radicans), o Feto-de-rim (Adiantum reniforme), os Gerânios (Geranium palmatum) ou a Palha-carga (ABREU, 2008). Devido às condições climáticas (ótimo térmico), a vinha é a espécie predominante neste segundo andar bioclimático, determinando uma expressão espacial e uma distribuição homogénea à freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, principal centro viticultor local e regional. De igual forma, a agricultura de regadio adquire alguma expressão e, em zonas com défice de água, é substituída pela agricultura de sequeiro (trigo ou cevada).

- 3º Andar Bioclimático: a comunidade predominante é das Lauraceas (Laurissilva) que, na encosta sul da ilha, adquire muito pouca expressão, resultado da pressão antrópica sobre a floresta indígena (QUINTAL, 1998). No concelho de Câmara de Lobos esta comunidade arbustiva é inexistente, tendo sido substituída, sobretudo a partir de 1952, por espécies arbóreas de crescimento rápido (Pinheiro Bravo, Eucalipto, Acácia e o Castanheiro). Esta superfície florestal, normalmente, não ultrapassa os 1.200m de altitude e desce ao limite superior da área agrícola. Numa área de transição (700 e 900m de altitude) entre o segundo e o terceiro andar bioclimático, e onde as condições edáficas permitem, a cultura mais expressiva é a do Castanheiro, Pereiro, Nogueira e Cerejeira, numa zona compreendida entre o Estreito de Câmara de Lobos e o Jardim da Serra. Em suma, neste andar bioclimático as culturas predominantes encontram-se associadas a espécies hortícolas, frutícolas e arvenses introduzidas.

- 4º Andar Bioclimático: nos pontos cotados de maior altitude, sobretudo a partir dos 1.300m, referencia-se uma “associação vegetal adaptada a climas frios e ventosos, caracterizada por uma vegetação rasteira, de pequeno porte, que utiliza as diaclases nas rochas para se abrigarem do vento” (QUINTAL, 1998), e resistentes às grandes amplitudes

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IN Capítulo II 33

térmicas características de um clima supratemperado. Esta vegetação de altitude apresenta uma associação vegetal dominada por espécies xerófilas, nas quais integra uma grande variedade de espécies endémicas e ameaçadas, tais como núcleos de Urze molar (Erica arborea), da Arménia (Arménia maderensis) e da Urze rastejante (Erica cinerea), endémica da Madeira. No concelho de Câmara de Lobos, estas comunidades encontram-se associados aos topos do Maciço Vulcânico Central. De igual forma, são observáveis outras espécies de urze (Erica scoparia e a Erica arborea), musgos e líquenes, bem como comunidades de erva-do-arroz (Sedum farinosum), o marnúnculo (Ranunculus cortusifolius), o piorno (Teline maderense), a selvageira (Sideritis candicans), o massaroco (Echium candicans) e o goivo-da-serra (Erysimum bicolor).

Figura 7 – Andares bioclimáticos da vegetação primária, anteriores à ocupação (Quintal, 1985).

Figura 8 – Andares bioclimáticos da vegetação atual (Quintal, 1985).

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IN Capítulo II 34

02.1.10. FAUNA

A ilha da Madeira destaca-se pela biodiversidade existente, sobretudo considerando a sua importância florística e faunística. No concelho de Câmara de Lobos, salienta-se a elevada diversidade faunística do Maciço Montanhoso Central, apesar dos condicionalismos biofísicos existentes. De acordo com o POGMMC (2009), nesta zona é observável “muitas espécies, algumas de forma exclusiva, ao nível dos diferentes grupos que caracterizam a fauna desta área, nomeadamente, os invertebrados, dos quais se destacam os artrópodes e os moluscos e os vertebrados representados por répteis, aves e mamíferos”.

A avifauna assume uma especial importância devido ao ”número restrito de espécies e à elevada taxa de endemismos”, estando as áreas de nidificação das espécies, na sua maioria, classificadas como zona de proteção e integradas na rede Natura 2000. Enumeram-se as seguintes:

- Freira-da-madeira (Pterodroma madeira); - Patagarro (Puffinus puffinus puffinus); - Fura-bardos (Accipiter nisus granti); - Manta (Buteo buteo harterti); - Francelho (Falco tinnunculus canariensis); - Pombo-trocaz (Columba trocaz); - Corre-caminhos (Anthus bertheloti madeirensis); - Lavandeira (Motacilla cinerea schmitzi); - Papinho (Erithacus rubecula rubecula); - Melro-preto (Turdus merula cabrerae); - Cigarrinho (Sylvia conspicillata orbitalis); - Toutinegra (Sylvia atricapilla heinecken); - Bis-bis (Regulus ignicapillus madeirensis); - Pardal-da-terra (Petronia petronia madeirensis); - Tentilhão (Fringilla coelebs madeirensis); - Canário da terra (Serinus canaria canaria); - Pintassilgo (Carduelis carduelis parva).

A mamofauna nativa da ilha da Madeira, que detém uma elevada importância biológica e ecológica, é caracterizada apenas pela presença de Quirópteros (Morcegos), sendo atualmente contabilizadas cinco espécies.

Dos mamíferos marinhos, destaca-se o Lobo Marinho, espécie que aparece nas praias e grutas do concelho (e que, aliás, está na base da sua toponímia), e cuja presença deve ser considerada sempre que se intervém na orla costeira.

A fauna cinegética, como recurso natural e de interesse faunístico, encontra-se ligado ao meio rural e à estrutura fundiária associada, bem como a uma atividade lúdica cíclica que não permite a regeneração contínua dos

recursos cinegéticos, nomeadamente a caça. Neste contexto, e de acordo com os pressupostos associados ao POGMMC (2009), o crescimento efetivo das populações mínimas e a proteção e salvaguarda dos respetivos habitats, encontram-se dependentes da aplicação e implementação de um conjunto de medidas de preservação e gestão, de modo a fomentar e/ou estimular os recursos de caça.

No concelho de Câmara de Lobos, especificamente no Maciço Montanhoso Central, referencia-se espacialmente e identifica-se as seguintes espécies cinegéticas.

- Coelho-bravo (Oryctolagus cuiculus); - Perdiz vermelha (Alectoris rufa hispânica); - Codorniz (Coturnix coturnix confisa); - Galinhola (Scolopax rustícola); - Pombo das Rochas (Columba livia atlantis).

Na Classe Insecta, salienta-se a Ordem da Coleoptera (ex. Escaravelhos), a Lepidoptera (ex. Borboletas), a Homoptera (ex. Cigarras), a Heteroptera (ex. Percevejos), Hymenoptera (ex. Abelhas) e Díptera (ex. Moscas); enquanto que a Classe Aracnídea determina uma expressão significativa de aranhas, ácaros e pseudoescorpiões, entre outros.

No que concerne à herpetofauna terrestre, referencia-se a Lagartixa (Lacerta duguesii), classificada como uma espécie endémica do Arquipélago da Madeira; enquanto que a nível dos invertebrados terrestres, verifica-se que a Região Macaronésica apresenta, à escala do continente europeu, a maior diversidade e importância de espécies existente.

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IN Capítulo II 35

02.2. ESTRUTURA SOCIOECONÓMICA

A presente abordagem pretende caracterizar, de forma coerente e objetiva, o nível e a realidade socioeconómica do Município de Câmara de Lobos, permitindo estabelecer uma matriz de análise ao caráter e mutabilidade irregular do comportamento humano entre recenseamentos.

O quadro seguinte apresenta os indicadores estatísticos gerais do concelho de Câmara de Lobos e da Região Autónoma da Madeira, referentes aos Censos de 1991, 2001 e 2011.

02.2.1. CARATERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA

A análise efetuada à estrutura e variação espacial da população residente permite constatar que o crescimento populacional do concelho de Câmara de Lobos encontra-se diretamente correlacionado com a dinâmica demográfica, e respetivos ritmos de crescimento, das freguesias com maior ponderação e/ou representatividade populacional.

Nos Censos de 2011, o processo de análise permitiu constatar um aumento expressivo da população residente no concelho de Câmara de Lobos, impulsionado, sobretudo, pelo acréscimo de quantitativos populacionais na freguesia do Curral das Freiras e de Câmara de Lobos, contabilizando uma variação da população (2001/2011) de 19,6% e 6,8% e um ritmo de crescimento geométrico de 1,8% e 0,7%, respetivamente. Relativamente às freguesias que apresentam um decréscimo de quantitativos na estrutura populacional, referencia-se a do Jardim da Serra e Quinta Grande, com uma quebra de 10,7% e 2,6%, respetivamente. Note-se que, no período intercensitário anterior (1991/2001), a Quinta Grande foi a freguesia com a taxa de crescimento mais elevada, nomeadamente 1,25%.

Considerando os

dados

estatísticos

relativos aos Censos de

2011, o concelho de

Câmara de

Lobos

apresenta uma distribuição assimétrica da população residente e presente pelas diferentes freguesias,

Quadro 5 – Indicadores estatísticos gerais do concelho de Câmara de Lobos e da RAM (1991/2001/2011).

Indicadores

Câmara de Lobos Escoamento Subterrâneo

Unidade

Género

Censos

1991 2001 2011 1991 2001 2011

Área Total 52,4 784,8 Km2 -

Freguesias 4 5 53 54 Nº -

Densidade populacional 600,7 660,6 680,7 149,8 312,2 341,2 hab/ Km2 -

População Residente 31.476 34.614 35.666 117.545 245.011 267.785 Nº H/M

Famílias Clássicas 6.863 8.957 10.460 65.759 73.619 92.823 Nº -

Famílias Institucionais 4 3 3 85 98 113 Nº -

Taxa de Atividade 34,9 41,3 45,6 41,4 45,1 47,6 % H/M

Taxa de Desemprego 7,8 2,6 18,1 6,6 4,6 14,7 % H/M

Taxa Bruta de Natalidade 21,7 18,2 10,9 13,6 13,2 9,0 ‰ H/M

Taxa Bruta de Mortalidade 7,5 7,6 6,4 10,1 11,1 9,3 ‰ H/M

Índice de Dependência de Jovens 50,1 39,1 30,2 36,5 27,9 23,9 Nº H/M

Índice de Dependência de Idosos 12,0 12,9 15,5 18,3 19,9 21,7 Nº H/M

Índice de Dependência Total 62,0 52,0 45,7 54,8 47,7 45,6 Nº H/M

Índice de Envelhecimento 23,9 32,9 48,3 50,0 71,2 90,7 Nº H/M

Fonte: INE/DRE

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IN Capítulo II 36

determinando a macrocefalia urbana e populacional da freguesia de Câmara de Lobos, em relação às restantes; e contribuindo para a existência de uma rede secundária de centros urbanos muito desequilibrada, estabelecendo núcleos de importância relativa e diferenciada.

Neste contexto, e considerando os quantitativos populacionais totais do concelho, a análise permite concluir que Câmara de Lobos é a freguesia com maior concentração de população residente, contabilizando 50,4% dos habitantes, seguindo-se a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos com 28,8% e a do Jardim da Serra com 9,3% dos habitantes, enquanto que as freguesias do Curral das Freiras e da Quinta Grande possuem um nível de importância populacional idêntico, contabilizando 5,6 e 5,9%, respetivamente.

De igual forma, salienta-se que as duas maiores freguesias, no seu conjunto, representam 79,2% da população residente no concelho de Câmara de Lobos.

02.2.1.1. PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO

No âmbito do processo de revisão do PDMCL foram adotados os métodos de previsão e/ou projeção da

população que melhor se adequam aos objetivos e propósitos, bem como aos estudos associados aos trabalhos de execução, nomeadamente os Métodos Matemáticos e o Método das Componentes.

Métodos Matemáticos: Métodos não causais globais, que procedem à projeção dos quantitativos com base na população total do concelho de acordo com a hipótese “que a tendência de variação temporal da população se mantém constante e igual à que foi averiguada até ao momento da elaboração do modelo” (Antunes, s.d.). Neste contexto, os pressupostos de análise incidiram sobre os dados estatísticos (População Residente) de uma série cronológica, composta pelos últimos seis períodos censitários (1960/2011), e os respetivos ritmos de crescimento.

A análise permite constatar a ocorrência de um aumento gradual, pouco expressivo, da população residente no concelho de Câmara de Lobos, determinando um abrandamento pouco significativo das taxas de crescimento, nomeadamente de 0,34%, nas primeiras décadas (2011/2031).

O abrandamento do crescimento populacional registado à escala concelhia foi, sobretudo, causado pelo decréscimo dos quantitativos populacionais pertencentes às freguesias do Curral das Freiras (-367 hab.) e do Estreito de Câmara de Lobos (-698 hab.).

Quadro 6 – Projeção média da população residente no concelho de Câmara de Lobos

Unidade Territorial

População Residente (Nº) Projeção Média (Nº) Variação

1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021 2031 2041 2051 (%)

Câmara de Lobos (Mun.)

29.759 31.810 31.035 31.476 34.614 35.666 36.819 38.073 39.344 40.634 13,93

Câmara de Lobos

14.184 14.345 14.991 15.097 16.842 17.986 18.871 19.689 20.522 21.371 18,82

Estreito de C. de Lobos

11.112 12.810 11.734 12151 10.236 10.269 9.984 9.837 9.691 9.546 -7,04

Jardim da Serra

* * * * 3.707 3.311 2.957 2.641 2.359 2.107 -36,36

Quinta Grande

1.907 1.950 1.922 1.904 2.156 2.099 2.131 2.171 2.212 2.254 7,38

Curral das Freiras

2.556 2.705 2.388 2.324 1.673 2001 1.919 1.823 1.728 1.634 -18,34

Fonte: INE * Dados disponíveis

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 37

Note-se que a ausência de informação estatística associada aos períodos censitários de referência na série cronológica determinou um erro significativo na projeção média da população residente na freguesia do Jardim da Serra, com uma variação populacional negativa de 36,36%.

Não obstante, salienta-se que este abrandamento no crescimento populacional foi atenuado por um impulso positivo da freguesia de Câmara de Lobos e da Quinta Grande, que contabilizaram uma variação populacional de 18,8% (3.393 hab.) e 7,38% (155 hab.), respetivamente.

Método das Componentes: o método não casual global de componentes por Coortes, que procede à análise do quadro evolutivo e/ou projetivo da população em estudo, integrando, inclusive, as projeções dos movimentos migratórios, encontra-se detalhadamente descrito e analisado no Relatório (11) do ‘Domínio das Projeções Demográficas’, e no Título 11 do Capítulo II do presente Relatório Síntese.

02.2.1.2. ESTRUTURA ETÁRIA

A estrutura etária da população constitui um indicador de caracterização da massa demográfica de um determinado território, fornecendo informações relevantes sobre a sua composição e sobre as necessidades sociais que configura.

No período de referência censitária de 2001-2011, constata-se a continuidade da tendência verificada nas décadas anteriores, com o registo de uma diminuição ou crescimento pouco expressivo dos quantitativos populacionais associados aos grupos etários da população jovem, potencialmente ativa ou adulta e idosa.

Os fatores contributivos e/ou responsáveis pelo acentuar das assimetrias territoriais e demográficas, encontram-se associados ao decréscimo contínuo e/ou à estagnação dos parâmetros impulsionadores da dinâmica populacional, nomeadamente o recuo da taxa bruta de natalidade, que, conjuntamente com uma taxa bruta de mortalidade com oscilações pouco significativas, contribuiu para o recuo do saldo fisiológico ou natural, bem como para a diminuição da taxa de crescimento natural, em cerca de 0,6% (Gráfico 2).

No concelho de Câmara de Lobos tem-se verificado um aumento exponencial do índice de envelhecimento, que se reflete num crescimento significativo do índice de dependência de idosos, e num aumento da esperança média de vida (como consequência da melhoria das condições de vida e da assistência médica), bem como num decréscimo significativo da taxa de crescimento

natural, em cerca de 57,9% (de 1,1% em 2001 para 0,5% em 2011, como se verifica no Gráfico 2).

Gráfico 2 – Evolução da taxa de crescimento natural no concelho de Câmara de Lobos e na RAM.

No último intervalo censitário (2001-2011) esse aumento expressivo da população idosa verificou-se sobretudo na freguesia do Curral das Freiras. Por outro lado, nas freguesias do Jardim da Serra e na Quinta Grande, a variação foi extremamente positiva.

Nas unidades administrativas locais que têm apresentado uma maior dinâmica e vitalidade demográfica, como é o caso das freguesias de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos, verifica-se um menor índice de dependência de idosos (Gráfico 3).

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11

%

Anos

TAXA DE CRESCIMENTO NATURAL (1996/2011)(MUNICÍPIO DE CÂMARA DE LOBOS)

RAM Câmara de Lobos (Município)

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IN Capítulo II 38

Gráfico 3 – Evolução do índice de dependência de idosos, à escala das freguesias de Câmara de Lobos.

A confirmação da tendência de duplo envelhecimento da estrutura etária, através do aumento da proporção de idosos e o decréscimo dos quantitativos associados ao grupo funcional da população jovem, e considerando os cenários projetados e os indicadores analisados, consideramos que as condições sociodemográficas preconizam um quadro de novas problemáticas, devido a desequilíbrios na estrutura etária da população, bem como determinam e/ou assumem um cenário prejudicial à sustentabilidade demográfica do concelho de Câmara de Lobos.

Esta situação determina uma interferência direta nas políticas sectoriais, de âmbito social, económica e financeira do Município, bem como nas necessidades sociais específicas da população, pelo que estes pressupostos deverão ser devidamente ponderados aquando da formulação das estratégias de desenvolvimento local. Especificamente, trará consequências diretas ao nível da procura social que justifica uma determinada oferta de equipamentos coletivos e serviços públicos atualmente existentes (nomeadamente os relacionados com o domínio da educação), ao mesmo tempo que se assistirá ao aumento (pelo menos relativo) das necessidades específicas que se predem com o apoio à população idosa.

Não obstante, os índices de referência da estrutura etária que se verificaram nas freguesias de Câmara de Lobos no último período censitário apresentam um comportamento demográfico idêntico e em conformidade com a tendência verificada a nível regional, como se pode ver no quadro seguinte.

0

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20

30

1991 2001 2011

Anos

ÍNDICE DE DEPENDÊNCIA DE IDOSOS (1991/2001)(FREGUESIAS DE CÂMARA DE LOBOS)

Câmara de LobosEstreito de Câmara de LobosJardim da SerraQuinta GrandeCurral das Freiras

Quadro 7 – Índices de referência da estrutura etária, entre períodos censitários (INE).

Unidade Territorial

Índice de Dependência de Jovens

Índice de Dependência de Idosos

Índice de Dependência Total

Í ndice de Envelhecimento

1991 2001 2011 1991 2001 2011 1991 2001 2011 1991 2001 2011

Nº Nº Nº Nº

RAM 36,5 27,9 23,9 18,3 19,9 21,7 54,8 47,7 45,6 50,0 71,2 75,4

Câmara de Lobos 50,1 39,1 30,2 12,0 12,9 14,6 62,0 52,0 44,8 23,9 32,9 41,8

Fonte: INE

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IN Capítulo II 39

02.2.1.3. OUTROS INDICADORES DEMOGRÁFICOS

No que diz respeito aos agregados familiares, verificou-se no período 2001-2011 um crescimento significativo, destacando-se a freguesia do Curral de Freiras com o aumento mais expressivo, correspondente uma variação positiva de 44,2%, e contabilizando um acréscimo de 202 agregados familiares. A freguesia de Câmara de Lobos, apesar de um crescimento mais modesto (21,2%), mantém a elevada representatividade no contexto do concelho, contabilizando uma concentração de 48,7% do número total de famílias clássicas. Relativamente às famílias institucionais, não se registaram alterações.

Relativamente à concentração populacional, referencia-se a freguesia de Câmara de Lobos (17.978 hab.) e do Estreito de Câmara de Lobos (10.263 hab.) como as que registam os valores mais elevados (2.334,8hab/ Km² e 1.299,1hab/ Km², respetivamente).

O acréscimo da percentagem de densidade populacional registada na freguesia de Câmara de Lobos, resultante da diminuição dos quantitativos populacionais associados às restantes unidades administrativas, origina um agravamento das assimetrias socioeconómicas e a degradação da coesão social e territorial interna.

A freguesia do Curral das Freiras (25 Km²), com uma população de 2.001 habitantes, contabilizou a densidade populacional mais baixa, cerca de 80hab/ Km².

Em relação ao total das cinco freguesias, cerca de 79,2% do total da população concelhia reside na freguesia de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos que, conjuntamente, possuem uma área (15,6 Km²) inferior a metade (30%) do total do concelho.

02.2.2. CARATERIZAÇÃO ECONÓMICA

02.2.2.1. DINÂMICA E ESTRUTURA DA ATIVIDADE ECONÓMICA

No concelho de Câmara de Lobos tem-se verificado, desde os Censos de 1991, um aumento da população ativa.

O crescimento moderado foi provocado pela diminuição generalizada do número de quantitativos, ao nível das freguesias, à exceção da freguesia do Curral das Freiras, que inverteu a tendência de perda de ativos registada no período intercensitário anterior.

Salienta-se que a freguesia do Jardim da Serra foi a única a apresentar uma variação negativa.

Na freguesia de Câmara de Lobos, contabilizou-se em 2011 cerca de metade da população ativa de todo o concelho, e a do Estreito de Câmara de Lobos, apesar de se ter verificado uma diminuição na concentração da população ativa, manteve uma elevada representatividade (Gráfico 5).

No que diz respeito ao tecido económico, verificou-se, em 2011, um agravamento do desequilíbrio existente na

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1930/1940 1940/1950 1950/1960 1960/1970 1970/1981 1981/1991 1991/2001 2001/2011

%

Anos

VARIAÇÃO DO NÚMERO DE FAMÍLIAS CLÁSSICAS (1930/2011)(MUNICÍPIO DE CÂMARA DE LOBOS)

Câmara de Lobos Estreito de Câmara de Lobos Jardim da Serra Quinta Grande Curral das Freiras

Gráfico 4 – Evolução da variação do número de famílias nas freguesias de Câmara de Lobos (INE).

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IN Capítulo II 40

distribuição da população empregada pelos setores de atividade económica. Comparativamente ao período censitário anterior (2001), registou-se um decréscimo do número de quantitativos associados à população ativa nos setores primário (49,5%) e secundário (42,1%), enquanto que o setor terciário apresenta um aumento extremamente expressivo, contabilizando uma variação positiva de 33% (este setor, em 2011, representava 71,1% do total da população empregada no concelho).

O que se verificou foi uma migração/relocalização da população ativa afeta às atividades do setor primário (agricultura, pecuária e pesca), para atividades associadas ao setor secundário e terciário. Salientam-se os ramos da serralharia, construção civil, panificação, plásticos e bebidas; bem como, de outras atividades com representatividade/importância local, como a fruticultura, a floricultura, a pastorícia, a apicultura e a vinicultura.

Gráfico 5 – Evolução da população ativa e empregada nas freguesias de Câmara de Lobos (INE).

Gráfico 6 – Evolução da população ativa e empregada, por setor de atividade económica. (INE).

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1991 2001 2011

Anos

POPULAÇÃO ACTIVA (1991/2011)(FREGUESIAS DE CÂMARA DE LOBOS)

Câmara de LobosEstreito de Câmara de LobosJardim da SerraQuinta GrandeCurral das Freiras

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1991 2001 2011%

Anos

POPULAÇÃO EMPREGADA, POR SECTOR DE

ACTIVIDADE ECONÓMICA (1991/2011)(MUNICÍPIO DE CÂMARA DE LOBOS)

Primário Secundário Terciário

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IN Capítulo II 41

02.2.2.2. OCUPAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E USO DO SOLO

O Município de Câmara de Lobos, de acordo com a Carta de Ocupação e Uso do Solo da Região Autónoma da Madeira (COSRAM) (DRIGOT, 2010) e a Carta Administrativa Oficial de Portugal (IGP, 2009), apresenta uma área de 24,0 Km² de superfície natural, o correspondente a 46% do território administrado, e uma superfície florestal e agrícola composta por uma área de 12,6 Km² (24,1%) e 10,3 Km² (19,8%), respetivamente. A área humanizada | social, contabiliza uma superfície de 5,0 Km², cerca de 9,7% do concelho, enquanto que as outras áreas perfazem 0,3%.

Gráfico 7 – Espaços funcionais de uso e ocupação do solo no município de Câmara de Lobos.

A análise aos usos específicos associados aos espaços funcionais de ocupação, utilização e transformação do solo permite constatar que, do total da superfície florestal (12,6 Km²), a floresta exótica (espécies introduzidas) é o agrupamento que ocupa a maior área, o correspondente a percentagem total concelhia de 85%, sendo composta pelas espécies de Pinheiro Bravo (Pinus pinaster Ait.), de Eucalipto (Eucalyptus sp.), de Castanheiro (Castanea sativa), e as Invasoras e outras tipologias específicas de folhosas e resinosas.

Na superfície natural (24,01 Km²), que corresponde ao uso e a ocupação do solo com maior representatividade no concelho, predomina a formação dos Matos, que apresenta uma fisionomia típica composta por uma comunidade de arbustos de elevado porte e de concentração densa, sendo constituída pelas seguintes espécies dominantes: a Erica arborea L., a Laurus azorica (Seub.) Franco, com porte arbustivo, a Myrica faya Ait. e Vaccinium padifolium. Esta formação determina uma distribuição espacialmente relevante e/ou abrangente, associada aos taludes de declive acentuado

ou de morfologia acidentada, e contabiliza uma extensão de 15,1 Km² (cerca de 63% do concelho).

A expressão espacial da Vegetação Herbácea Natural, que contabiliza 8,4 Km² (35%), encontra-se associada a determinadas formas geomorfológicas características, nomeadamente às superfícies planálticas, rechãs (achadas) e a vertentes com inclinação pouco acentuada. Ocorrem, preferencialmente, em gradientes altitudinais superiores aos 1.000m. Esta tipologia apresenta uma abrangência geográfica circunscrita, predominantemente, à freguesia do Curral das Freiras, bem como aos taludes da orla costeira e do troço intermédio e jusante da Ribeira dos Socorridos.

Com uma área total de 10,3 Km², distribuídos maioritariamente pela freguesia de Câmara de Lobos e Estreito de Câmara de Lobos, a superfície agrícola é composta por um complexo sistema de policultura intensiva, de cariz temporário (3,2 Km²) e permanente (0,1 Km²), com um desenvolvimento agrícola em parcelas microfundiárias (condicionadas por socalcos antrópicos). De igual forma, os pressupostos de análise permitem destacar a Vinha e a Banana como culturas predominantes, perfazendo cerca de 23% e 13% do total da superfície agrícola, respetivamente.

O concelho de Câmara de Lobos, como produtor/abastecedor de bens agrícolas, apresenta um peso e/ou importância estratégica no mercado regional, considerando a cota de mercado das culturas supracitadas. A cultura hortícola, por sua vez, permite a produção de batata, fava, feijão, batata-doce, inhame e as tradicionais culturas de subsistência, enquanto que a cerealífera produz milho e trigo.

No que concerne aos outros usos específicos do solo, associados a espaços microfundiários, destaca-se a cultura da Cana-de-Açúcar (0,1 Km²) e a de Pomar (0,07 Km²), que compreende quer espécies tropicais (abacateiros, anoneiras, mangueiras, maracujazeiros e papaieiras) quer culturas originárias de regiões temperadas como castanheiros, citrinos, figueiras, nespereiras, nogueiras, pomóideas e prunóideas.

No concelho de Câmara de Lobos, de acordo com a Carta da Aptidão da Terra de Áreas de Uso Agrícola da ilha da Madeira, cerca de 21,6 Km² do espaço não possui aptidão agrícola. Não obstante, das áreas com propensão ou aptidão, cerca de 8 Km² e 2,6 Km² encontram-se classificados com um grau de aptidão baixa e moderada, respetivamente; enquanto que a capacidade de cultivo elevada ascende aos 3,7 Km²

As áreas urbanas e sociais (5 Km²) são constituídas essencialmente por núcleos urbanos de matriz

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IN Capítulo II 42

polinuclear que, por sua vez, encontram-se segmentados num tecido urbano descontínuo (1,3 Km²) e contínuo, em 2,6 Km². Nesta última tipologia, é predominante uma estrutura urbana composta por edificação horizontal, em cerca de 86% do parque habitacional, em detrimento de projetos coletivos em altura (13%). De menor representatividade, o processo de análise realça a existência de áreas afetas à atividade industrial (0,2 Km²); zonas associadas a equipamentos coletivos e infraestruturas de utilização coletiva, em 0,2 Km²; bem como a existência de 0,7 Km² de áreas sociais com outras finalidades.

As aglomerações populacionais, comparativamente à área total do concelho (52 Km²), representam cerca de 9,7%.

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

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IN Capítulo II 43

03. RISCO NATURAL E RISCO TECNOLÓGICO

A crescente importância dos riscos naturais e tecnológicos na atualidade, atribuídos pela sociedade civil e científica, tem determinado a definição de novas estratégias de atuação à escala local e regional, sobretudo na adoção de mecanismos de precaução e na aplicação de medidas (estruturais e não-estruturais) de prevenção, capazes de minimizar perdas e danos económicos e sociais. Contudo, a perceção e a capacidade de reação da Comunidade aos processos de perigosidade natural difere/varia consoante o indivíduo, encontrando-se dependente do local de residência e da quantidade de informação disponível, bem como dos estímulos educacionais e de sensibilização provenientes da Sociedade Civil.

A identificação destes riscos assume-se como de maior importância no planeamento e ordenamento do território, integrando por isso o conteúdo material dos instrumentos de planeamento estratégico de organização do espaço municipal, nomeadamente no que diz respeito à identificação de condicionantes, reservas e áreas de proteção.

Assim, deve a proposta de Revisão do PDM de Câmara de Lobos preconizar e estabelecer as restrições/servidões urbanísticas necessárias à diminuição da exposição potencial de infraestruturas, e respetiva vulnerabilidade social, incluindo a proibição ou condicionamento à edificação em espaços urbanizáveis que representem um determinado grau de perigosidade.

Este estudo enquadra-se no disposto em vários diplomas legais, apresentados no referido Relatório setorial acima referido; destacam-se a Lei nº 65/2007, de 12 de novembro (que define o enquadramento institucional e operacional da proteção civil no âmbito municipal, estabelece a organização dos serviços municipais de proteção civil” e “determina as competências do comandante operacional municipal em desenvolvimento da Lei nº 27/2006, de 3 de julho”), a Lei de bases gerais da política pública de solos, de ordenamento do território e de urbanismo, o RJIGT e diplomas complementares, o PNPOT, o RJREN, entre outros, relacionados com o Domínio Público Hídrico e com os Riscos Tecnológicos.

De acordo com Greiving (2006), a avaliação integrada multirriscos é composta por quatro componentes cartográficas, nomeadamente:

- A Carta de suscetibilidade (1ª Fase) de cada um dos processos de perigosidade espacialmente relevantes, e

de acordo com a respetiva intensidade/magnitude e período de retorno de cada fenómeno;

- A Carta de suscetibilidade compósita (2ª Fase), que resulta da agregação matricial das cartas de suscetibilidade individuais anteriormente referenciadas; - A Carta de vulnerabilidade compósita (3ª Fase), que representa a vulnerabilidade social e infraestrutural, bem como o grau de exposição do território em análise; e - A Carta de Risco (4ª Fase), que procede à expressão espacial do risco e resulta de um processo de cálculo (álgebra) matricial (recorrendo fundamentalmente a processos sumativos ou multiplicativos) dos parâmetros relativos à suscetibilidade (2ª Fase) e vulnerabilidade compósita (3ª Fase).

As referidas cartas acompanham o Relatório setorial do domínio 3 – Domínio do Risco Natural e Tecnológico.

03.1. ANÁLISE E GESTÃO DO RISCO NATURAL

No relatório do Domínio do Risco Natural e Tecnológico, que integra os trabalhos de execução associados ao processo de Revisão do Plano Diretor Municipal de Câmara de Lobos (PDMCL), apresentam-se os resultados compósitos associados aos estudos desenvolvidos na área temática dos Riscos Naturais, bem como das respetivas vulnerabilidades, nomeadamente do Relatório ‘GeoRISCO - Análise, Gestão e Operacionalização do Risco’ (CMCL, 2011), que são aqui apresentados de forma mais sintetizada.

03.1.1. SUSCETIBILIDADE

No processo de definição, análise e avaliação da suscetibilidade (associada aos processos perigosidade que provocam danos e prejuízos avultados) foram tidos em consideração os processos com maior representatividade e expressão territorial, nomeadamente os de génese:

- Geodinâmica externa (Erosão hídrica, recuo costeiro e movimentos de massa – deslizamentos e queda de blocos/desabamentos);

- Geoclimática (Cheias rápidas, fluxos hiperconcentrados e reptação);

- Dendrocaustológica (Incêndios florestais).

Complementarmente, foi realizado um levantamento hermenêutico exaustivo a registos e a arquivos históricos (jornais, anais concelhios, cartas régias, livros, gravuras

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IN Capítulo II

e fotos), bem como a publicações científicas,proceder à identificação e ao cálculo da probabilidade e frequência dos eventos, com base no princípio da análise cíclica fenomenológica dos processos de perigosidade.

No que diz respeito à Suscetibilidade à geodinâmica externa, verifica-se no concelho de Câmara de Lobos, bem como na ilha da Madeira, que a orografia acentuada e o grau de incisão hidrográfica, associados a valores elevados de precipitação (que podem atingir os 500mm/dia), estarão na origem dos registos históricos e paleogeográficos de movimentos de vertente, os quais, com a progressiva ocupação e transformação antrópica revelam um incremento de atividade do número de manifestações (Rodrigues e Ayala-Carcedo, 2000c). Estes movimentos são essencialmente do tipo queda de blocos/desabamentos, avalanches rochosas e deslizamentos, manifestando, independentemente do tipo de litologia, o maior número de registos de atividade entre os meses de novembro a janeiro e em zonas onde o coberto vegetal é diminuto ou foi alterado (Abreu et al., 2007; em Abreu, 2008).

Especificamente, da área total do concelho (52constata-se que cerca de 22,6% corresponde a um grau de suscetibilidade Elevado, contabilizando 11,8enquanto que, a suscetibilidade Muito Elevada determina uma expressão espacial de 15,7 Km², cerca de 30,2% do espaço geográfico administrado, conforme demonstra o gráfico seguinte.

À escala local, a contabilização de uma elevada suscetibilidade à geodinâmica externa no Município de Câmara de Lobos, deve-se ao aumento exponennúmero e da dimensão de áreas propensas a ocorrência de processos de perigosidade na freguesia do Curral das Freiras.

Os usos de solo com menor propensão potencial à ocorrência de movimentos de massa encontram

Gráfico 8 - Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas suscetíveis à Geodinâmica

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINARMUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

e fotos), bem como a publicações científicas, por forma a proceder à identificação e ao cálculo da probabilidade e frequência dos eventos, com base no princípio da análise cíclica fenomenológica dos processos de

Suscetibilidade à geodinâmica concelho de Câmara de Lobos,

bem como na ilha da Madeira, que a orografia acentuada e o grau de incisão hidrográfica, associados a valores elevados de precipitação (que podem atingir os 500mm/dia), estarão na origem dos registos históricos e

cos de movimentos de vertente, os quais, com a progressiva ocupação e transformação antrópica revelam um incremento de atividade do número de

Carcedo, 2000c). Estes movimentos são essencialmente do tipo queda de

bamentos, avalanches rochosas e deslizamentos, manifestando, independentemente do tipo de litologia, o maior número de registos de atividade entre os meses de novembro a janeiro e em zonas onde o coberto vegetal é diminuto ou foi alterado (Abreu et al.,

Especificamente, da área total do concelho (52 Km²), se que cerca de 22,6% corresponde a um grau

de suscetibilidade Elevado, contabilizando 11,8 Km²; enquanto que, a suscetibilidade Muito Elevada determina

², cerca de 30,2% do espaço geográfico administrado, conforme demonstra o

À escala local, a contabilização de uma elevada suscetibilidade à geodinâmica externa no Município de

se ao aumento exponencial do número e da dimensão de áreas propensas a ocorrência de processos de perigosidade na freguesia do Curral das

Os usos de solo com menor propensão potencial à ocorrência de movimentos de massa encontram-se

localizados em espaços de ocupação do solo relacionados com a componente urbana e perisobretudo na freguesia de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos. Ambas registam uma suscetibilidade pouco acentuada (Muito Baixo Moderado) em 83,1% do total da superfície social (5Km2), nomeadamente à ordem dos 4,2situação permite aferir a existência de um determinado grau de consciencialização da comunidade à problemática do Risco.

De igual forma, registe-se que a superfície agrícola contabiliza uma área muito pouco suscetível (85,3% do espaço), o equivalente a 8,8 Kmespaços com maior perigosidade perfazem uma área total de 1,5 Km².

No que diz respeito à frequência e período de retorno, e de acordo com os dados disponibilizados pelos Serviço Regional de Proteção Civil, IP-RAM (SRPC, IPpara estas tipologias específicas de processos de perigosidade, foi determinado um intervalo de frequência de 10 movimentos de massa por ano, bem como uma probabilidade recorrência de 2,7% ao dia.

Relativamente à suscetibilidade geoclimáticaanálise permitiu concluir que o parâmetro vegetal tem influência na estabilização e/ou desencadeamento de processo de perigosidade e ocorrência de fluxos de detritos. Estes ocorrem predominantemente em formações herbáceas, seguindo-se da floresta exótica e das comunidades arbustivas. O trabalho de investigação destaca a importância da superfície florestal e arbustiva como parâmetro de estabilização de vertentes e de proteção do solo, estando este fator dependente do grau de variação da densidade e da estrutura do sistema radicular. As áreas associadas à floresta natural apresentam uma percentagem de ocorrências muito baixa, devido às características intrínsecas à

Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas suscetíveis à Geodinâmica externa.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

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localizados em espaços de ocupação do solo relacionados com a componente urbana e peri-urbana, sobretudo na freguesia de Câmara de Lobos e do

de Câmara de Lobos. Ambas registam uma suscetibilidade pouco acentuada (Muito Baixo – Moderado) em 83,1% do total da superfície social (5

2), nomeadamente à ordem dos 4,2 Km². Esta situação permite aferir a existência de um determinado

alização da comunidade à

se que a superfície agrícola contabiliza uma área muito pouco suscetível (85,3% do

Km²; enquanto que, os espaços com maior perigosidade perfazem uma área

No que diz respeito à frequência e período de retorno, e de acordo com os dados disponibilizados pelos Serviço

RAM (SRPC, IP-RAM), para estas tipologias específicas de processos de

nado um intervalo de frequência de 10 movimentos de massa por ano, bem como uma probabilidade recorrência de 2,7% ao dia.

suscetibilidade geoclimática, a análise permitiu concluir que o parâmetro vegetal tem

u desencadeamento de processo de perigosidade e ocorrência de fluxos de detritos. Estes ocorrem predominantemente em

se da floresta exótica e das comunidades arbustivas. O trabalho de investigação

rfície florestal e arbustiva como parâmetro de estabilização de vertentes e de proteção do solo, estando este fator dependente do grau de variação da densidade e da estrutura do sistema radicular. As áreas associadas à floresta natural

ntagem de ocorrências muito baixa, devido às características intrínsecas à

Page 47: 12. Relatório Síntese de Diagnóstico da Situação Existente ......de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia Preliminar 12. Relatório Síntese Município de Câmara

IN Capítulo II

comunidade vegetal, nomeadamente o facto de possuírem uma elevada densidade do enraizamento.

No cálculo da suscetibilidade morfométrica das bacias hidrográficas mais propensas ao dcheias e inundações, o maior somatório foi obtido pela Ribeira dos Socorridos (41 (adm)Vigário com 36 (adm), enquanto que a Ribeira da Caldeira e da Quinta Grande obtiveram o resultado menos expressivo, contabilizando 33 (adm).

Verificou-se que o concelho de Câmara de Lobos é propenso à ocorrência de fenómenos com potencial destrutivo em 3% do território (1,4 Kmao longo das linhas de água principais e tributários, bem como das respetivas planícies aluvioforma, salienta-se que as áreas associadas à suscetibilidade pouco acentuada (Muito Baixo Moderado), determinam uma expressão espacial e geográfica acentuada, uma vez que contabilizam 97% do território, cerca de 50,3 Km², e encontrame/ou representadas em todas as freguesias do Município.

Constata-se que a freguesia do Curral das Freiras determina a maior área associada à suscetibilidade Muito Baixa – Moderada, no que concerne às cheias rápidas e fluxos, nomeadamente em cerKm²) do total do território administrado. Não obstante, comparativamente às restantes freguesias, notea mesma determina uma suscetibilidade acentuada em 0,9 Km2 (Elevada, 0,6 Km²; Muito Elevada, 0,2Extrema, 0,1 Km²).

Gráfico 9 - Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, dos graus de suscetibilidade a fenómenos geoclimáticos.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

comunidade vegetal, nomeadamente o facto de possuírem uma elevada densidade do enraizamento.

No cálculo da suscetibilidade morfométrica das bacias hidrográficas mais propensas ao desenvolvimento de cheias e inundações, o maior somatório foi obtido pela ibeira dos Socorridos (41 (adm), seguindo-se a do

Vigário com 36 (adm), enquanto que a Ribeira da Caldeira e da Quinta Grande obtiveram o resultado

3 (adm).

se que o concelho de Câmara de Lobos é propenso à ocorrência de fenómenos com potencial

Km²), nomeadamente ao longo das linhas de água principais e tributários, bem como das respetivas planícies aluvionares. De igual

se que as áreas associadas à suscetibilidade pouco acentuada (Muito Baixo – Moderado), determinam uma expressão espacial e geográfica acentuada, uma vez que contabilizam 97% do

², e encontram-se localizadas e/ou representadas em todas as freguesias do Município.

se que a freguesia do Curral das Freiras determina a maior área associada à suscetibilidade

Moderada, no que concerne às cheias rápidas e fluxos, nomeadamente em cerca de 96% (24,1

²) do total do território administrado. Não obstante, comparativamente às restantes freguesias, note-se que a mesma determina uma suscetibilidade acentuada em

²; Muito Elevada, 0,2 Km²; e a

Esta situação paradoxal encontrade a freguesia possuir o maior espaço geográfico administrado (25 Km2) do Município (52como, à fenomenologia específica deste processo de perigosidade com potencial destrutivo, nomeadamente por se encontrar confinado às linhas de água, e respetivas margens contíguas, conforme referido anteriormente.

No que diz respeito aos usos do solo, referenciasuperfície natural e florestal como os usos e/ou espaços do solo com maior propensão à ocorrência de um processo de perigosidade (1,2conjuntamente, cerca de 3,4% da sua árKm²), bem como 2,4% do concelho de Câmara de Lobos (52 Km²). À razão de uma maior superfície, os espaços naturais determinam um peso superior (1,1sobretudo devido às áreas associadas à classe de suscetibilidade Elevada, que perfazem ude 0,7 Km², cerca de 3,1% da área total.

Na bacia hidrográfica da Ribeira dos Socorridos, o processo de análise permitiu a demarcação de dois setores propensos à ocorrência de processos de perigosidade de génese geoclimática, sobretudo aolongo do eixo compreendido entre os sítios do Fajã dos Cardos – Colmeal – Fajã Escura, bem como na localidade da Capela – Balceiras. Esta delimitação devese à existência de fatores antrópicos (infraestruturas e equipamentos) e características biofísicas aumento da severidade e intensificação dos fenómenos.

Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, dos graus de suscetibilidade a fenómenos geoclimáticos.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

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Esta situação paradoxal encontra-se associada ao facto de a freguesia possuir o maior espaço geográfico

2) do Município (52 Km2); bem como, à fenomenologia específica deste processo de perigosidade com potencial destrutivo, nomeadamente por se encontrar confinado às linhas de água, e respetivas margens contíguas, conforme referido

No que diz respeito aos usos do solo, referencia-se a superfície natural e florestal como os usos e/ou espaços do solo com maior propensão à ocorrência de um processo de perigosidade (1,2 Km²), contabilizando, conjuntamente, cerca de 3,4% da sua área total (36,5

²), bem como 2,4% do concelho de Câmara de Lobos ²). À razão de uma maior superfície, os espaços

naturais determinam um peso superior (1,1 Km²), sobretudo devido às áreas associadas à classe de suscetibilidade Elevada, que perfazem um valor absoluto

², cerca de 3,1% da área total.

Na bacia hidrográfica da Ribeira dos Socorridos, o processo de análise permitiu a demarcação de dois setores propensos à ocorrência de processos de perigosidade de génese geoclimática, sobretudo ao longo do eixo compreendido entre os sítios do Fajã dos

Fajã Escura, bem como na Balceiras. Esta delimitação deve-

se à existência de fatores antrópicos (infraestruturas e equipamentos) e características biofísicas favoráveis ao aumento da severidade e intensificação dos fenómenos.

Page 48: 12. Relatório Síntese de Diagnóstico da Situação Existente ......de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia Preliminar 12. Relatório Síntese Município de Câmara

IN Capítulo II

A bacia hidrográfica do Vigário, de acordo com os cálculos relativos aos parâmetros morfométricos hídricos realizados no enquadramento biofísico do concelho, apresenta um índice de torrencialidade e uma de capacidade de carga sedimentar semelhante à da bacia dos Socorridos, apesar da sua juventude morfológica e hidrográfica. Assim, o processo de análise permitiu determinar a existência de 0,1 Km² de área crítica de escoamento, nomeadamente ao longo de setores intermédios da rede hidrográfica, sobretudo em linhas de água meandrizadas e/ou confluentes.

De acordo com os pressupostos do projeto IFPROTEC (SRPC, IP-RAM), esta tipologia de processos de perigosidade (Cheias Rápidas e Inundações) apum intervalo de frequência de 13 eventos por ano e uma probabilidade de recorrência de 3,7% ao dia.

A suscetibilidade dendrocaustológica foi determinada com base em fatores topográficos condicionantes e correlacionados com o aumento exponencial da severidade e intensificação dos processos de perigosidade, nomeadamente: o declive, que, consoante o grau de inclinação morfológica, contribui para a variabilidade da capacidade de propagação e combustão do incêndio; a exposição, que, consoante a quantidade de radiação solar direta recebida, determina o desenvolvimento do microclimas distintos, uns mais propícios à deflagração do que outros; o índice de saturação dos solos, que permite a delimitação espacial das áreas com maior teor de humidade, de acordo com a aplicação de um modelo hidrológico, sendo, por esta razão, menos propensas à ignição; e o material de combustão que, de acordo com o uso do solo associado

Gráfico 10 - Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas suscetíveis aos incêndios florestais.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINARMUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

A bacia hidrográfica do Vigário, de acordo com os cálculos relativos aos parâmetros morfométricos hídricos realizados no enquadramento biofísico do concelho,

cialidade e uma de capacidade de carga sedimentar semelhante à da bacia dos Socorridos, apesar da sua juventude morfológica e hidrográfica. Assim, o processo de análise permitiu

² de área crítica de ao longo de setores

intermédios da rede hidrográfica, sobretudo em linhas de

De acordo com os pressupostos do projeto IFPROTEC RAM), esta tipologia de processos de

perigosidade (Cheias Rápidas e Inundações) apresenta um intervalo de frequência de 13 eventos por ano e uma probabilidade de recorrência de 3,7% ao dia.

foi determinada com base em fatores topográficos condicionantes e correlacionados com o aumento exponencial da

intensificação dos processos de perigosidade, nomeadamente: o declive, que, consoante

nclinação morfológica, contribui para a variabilidade da capacidade de propagação e combustão do incêndio; a exposição, que, consoante a quantidade de radiação solar direta recebida, determina o desenvolvimento do microclimas distintos, uns mais

à deflagração do que outros; o índice de saturação dos solos, que permite a delimitação espacial das áreas com maior teor de humidade, de acordo com a aplicação de um modelo hidrológico, sendo, por esta razão, menos propensas à ignição; e o material de

bustão que, de acordo com o uso do solo associado

à COSRAM, possibilita a análise espacial da distribuição das manchas arbóreas e arbustivas no território.

Segundo o PRPA (2000), os incêndios florestais são os fenómenos que apresentam uma maior ocorrência na ilha da Madeira, apesar de determinarem uma magnitude e severidade pouco acentuada, à razão das “condições meteorológicas associadas às características geomorfológicas”. A conjugação de determinadas condições meteorológicas esobretudo associadas à circulação de massas de ar quente e seco continentais (Tempo de Leste), propicia o aumento da frequência, bem como da severidade e magnitude dos incêndios florestais. Esta é uma situação que, de acordo com a validação em determina uma maior incidência e/ou ocorrência nos meses mais secos. De acordo com este documento, são considerados “relevantes”, devido aos “prejuízos que podem causar”.

De acordo com nos valores apresentados, provenientes dos cálculos matriciais efetuados, o território em análise é propenso, em cerca de 71%, à ocorrência de processos de perigosidade dendrocaustológicos, contabilizando uma área de 36,7 Kmatribui-se uma suscetibilidade potencial de ignição às áreas associadas à superfície florestal (12,4natural (22,5 Km²) do concelho de Câmara de Lobos.

À escala local, considerando a área total da freguesia, a análise permite classificar as freguesias do Jardim da Serra e da Quinta Grande como as que apresentmaior suscetibilidade (Muito Elevada), contabilizando uma área de 3,5 Km² e 1,6 Km², respetivamente; bem como, uma importância percentual de 47,8% e 38,4% do

1 Cerca de 14,5 Km² encontra-se classificado como suscetibilidade Elevada, enquanto que o grau Muito Elevado contabiliza 22,4

Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas suscetíveis aos incêndios florestais.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

46

à COSRAM, possibilita a análise espacial da distribuição das manchas arbóreas e arbustivas no território.

Segundo o PRPA (2000), os incêndios florestais são os fenómenos que apresentam uma maior probabilidade de ocorrência na ilha da Madeira, apesar de determinarem uma magnitude e severidade pouco acentuada, à razão das “condições meteorológicas associadas às características geomorfológicas”. A conjugação de determinadas condições meteorológicas específicas, sobretudo associadas à circulação de massas de ar quente e seco continentais (Tempo de Leste), propicia o aumento da frequência, bem como da severidade e magnitude dos incêndios florestais. Esta é uma situação que, de acordo com a validação em registos históricos, determina uma maior incidência e/ou ocorrência nos meses mais secos. De acordo com este documento, são considerados “relevantes”, devido aos “prejuízos que

De acordo com nos valores apresentados, provenientes s matriciais efetuados, o território em análise

é propenso, em cerca de 71%, à ocorrência de processos de perigosidade dendrocaustológicos,

Km².1 Particularmente, se uma suscetibilidade potencial de ignição às associadas à superfície florestal (12,4 Km²) e

²) do concelho de Câmara de Lobos.

À escala local, considerando a área total da freguesia, a análise permite classificar as freguesias do Jardim da Serra e da Quinta Grande como as que apresentam maior suscetibilidade (Muito Elevada), contabilizando

², respetivamente; bem como, uma importância percentual de 47,8% e 38,4% do

se classificado como suscetibilidade Elevada,

enquanto que o grau Muito Elevado contabiliza 22,4 Km².

Page 49: 12. Relatório Síntese de Diagnóstico da Situação Existente ......de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia Preliminar 12. Relatório Síntese Município de Câmara

IN Capítulo II

respetivo espaço administrado. Relativamente aos valores associados ao grau de suscetibilidade freguesia do Jardim da Serra assume uma área total de1,8 Km², enquanto que a da Quinta Grande contabiliza 0,9 Km².

Não obstante, se a abordagem for efetuada à escala do concelho2, o processo de análise correlativa permite destacar a freguesia do Curral das Freiras, como o espaço geográfico com maior propensão à ocorrência de processos de perigosidade dendrocaustológicos (suscetibilidade Elevada e Muito Elevada), contabilizando um total de 23 Km², dos quais, 8,8encontram-se associados ao grElevada.

A análise aos valores permite constatar uma distribuição heterogénea e expressiva das áreas de suscetibilidade acentuada (Elevada a Muito Elevada) em espaços naturais (22,5 Km²), ao contrário do que seria expectável, indiciando uma propensão potencial extremamente elevada de ocorrência de incêndios florestais em material de combustão arbustiva. Salientase que, no Município de Câmara de Lobos, os espaços naturais perfazem uma área total de 24

A diferenciação do nível de perigosidade de acordo com os diferentes usos do solo permite proceder à referenciação e identificação de espaços destinados à atividade agrícola/social, de menor suscetibilidade, em espaços (florestais e/ou naturais) contíguos classificados com um grau de suscetibilidade Muito Elevado. Especificamente, destaca-se os sítios da Achada do Curral e da Fajã Escura.

2 Em detrimento da correlação efetuada entre as áreas de área total da unidade administrativa local (freguesia).

Gráfico 11 - Distribuição espacial das áreas suscetíveis aos fenómenos danosos.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

respetivo espaço administrado. Relativamente aos valores associados ao grau de suscetibilidade Elevada, a freguesia do Jardim da Serra assume uma área total de

², enquanto que a da Quinta Grande contabiliza

Não obstante, se a abordagem for efetuada à escala do , o processo de análise correlativa permite

do Curral das Freiras, como o espaço geográfico com maior propensão à ocorrência de processos de perigosidade dendrocaustológicos (suscetibilidade Elevada e Muito Elevada),

², dos quais, 8,8 Km² se associados ao grau suscetibilidade

A análise aos valores permite constatar uma distribuição heterogénea e expressiva das áreas de suscetibilidade acentuada (Elevada a Muito Elevada) em espaços

²), ao contrário do que seria uma propensão potencial

extremamente elevada de ocorrência de incêndios florestais em material de combustão arbustiva. Salienta-se que, no Município de Câmara de Lobos, os espaços naturais perfazem uma área total de 24 Km².

rigosidade de acordo com os diferentes usos do solo permite proceder à referenciação e identificação de espaços destinados à atividade agrícola/social, de menor suscetibilidade, em espaços (florestais e/ou naturais) contíguos classificados

uscetibilidade Muito Elevado. se os sítios da Achada do

Em detrimento da correlação efetuada entre as áreas de suscetibilidade e a

área total da unidade administrativa local (freguesia).

Na prossecução do processo de desenvolvimento e análise municipal da suscetibilidade compósitaprocedeu-se à identificação da tipologia de fenómenos naturais mais propensos e com maior representatividade no território, através do cálculo da frequência e dperíodo de retorno de cada fenómeno, assente num levantamento hermenêutico exaustivo. A adoção destes procedimentos permitiu a distinção dos fenómenos pouco frequentes (como o caso dos sismos), daqueles que ocorrem com maior frequência (incêndios florestPosteriormente, procedeu-se à atribuição heterogénea de índices ponderativos às suscetibilidades sectoriais, de acordo com a representatividade e a frequência de cada processo.

De igual forma, identificaramsuscetibilidade, com base da distribuição espacial dos eventos e no respetivo relacionamento, direto ou indireto, com os fatores condicionantes do terreno (técnicas de avaliação relativa).

O Gráfico 11 apresenta a distribuição espacial das áreas suscetíveis aos fenómenos danosdestaca a menor propensão de algumas freguesias serem afetadas por eventos cíclicos potencialmente danosos, uma vez que apresentam uma dimensão significativa associada às classes de suscetibilidade compreendidas entre a Muito Baixa e o nomeadamente Câmara de Lobos (5,8Câmara de Lobos (4,8 Km²) e Jardim da Serra (4,5que contabilizam, respetivamente, cerca de 11,2%, 9,2% e 8,6% da área total do concelho.

Distribuição espacial das áreas suscetíveis aos fenómenos danosos.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

47

Na prossecução do processo de desenvolvimento e suscetibilidade compósita,

se à identificação da tipologia de fenómenos naturais mais propensos e com maior representatividade no território, através do cálculo da frequência e do período de retorno de cada fenómeno, assente num levantamento hermenêutico exaustivo. A adoção destes procedimentos permitiu a distinção dos fenómenos pouco frequentes (como o caso dos sismos), daqueles que ocorrem com maior frequência (incêndios florestais).

se à atribuição heterogénea de índices ponderativos às suscetibilidades sectoriais, de acordo com a representatividade e a frequência de cada

De igual forma, identificaram-se as áreas com maior base da distribuição espacial dos

eventos e no respetivo relacionamento, direto ou indireto, com os fatores condicionantes do terreno (técnicas de

apresenta a distribuição espacial das áreas suscetíveis aos fenómenos danosos, e a sua análise destaca a menor propensão de algumas freguesias serem afetadas por eventos cíclicos potencialmente danosos, uma vez que apresentam uma dimensão significativa associada às classes de suscetibilidade compreendidas entre a Muito Baixa e o Moderada, nomeadamente Câmara de Lobos (5,8 Km²), Estreito de

²) e Jardim da Serra (4,5 Km²), que contabilizam, respetivamente, cerca de 11,2%, 9,2% e 8,6% da área total do concelho.

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IN Capítulo II

A análise à Carta de Suscetibilidade Compósita (aao Relatório Setorial do Domínio 3 – Risco Natural e Tecnológico, assim como a Figura 9, permiteque as zonas classificadas com um grau de suscetibilidade Muito Elevada, que contabilizam 8,3km2 da área total concelhia, encontram-se associadcursos de água com uma grande capacidade de transporte de carga sólida e de erosão hídrica; bem como, em vertentes que determinam uma classe de declive compreendida entre os 45% e os 55%, especificamente uma inclinação média de 51,3%. Ambas as situações encontram-se referenciadas espacialmente em vertentes localizadas na orla costeira e em formas morfológicas de génese fluvial (vales).

O processo de análise permite-nos destacar uma correlação direta entre as áreas associadas às suscetibilidades analisadas anteriormente (fluxos de detritos e movimentos de massa), sobretudo numa faixa litoral compreendida entre o sítio dos Regos (freguesia de Câmara de Lobos) e a freguesia da Quinta Grande

Figura 9 – Suscetibilidade compósita – Áreas de suscetibilidade Elevada e Muito Elevada.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINARMUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

A análise à Carta de Suscetibilidade Compósita (anexa Risco Natural e

permitem constatar um grau de

tibilidade Muito Elevada, que contabilizam 8,3km2 se associadas a

cursos de água com uma grande capacidade de transporte de carga sólida e de erosão hídrica; bem como, em vertentes que determinam uma classe de declive compreendida entre os 45% e os 55%, especificamente uma inclinação média de 51,3%. Ambas

se referenciadas espacialmente em vertentes localizadas na orla costeira e em formas

destacar uma re as áreas associadas às das anteriormente (fluxos de

detritos e movimentos de massa), sobretudo numa faixa litoral compreendida entre o sítio dos Regos (freguesia de Câmara de Lobos) e a freguesia da Quinta Grande,

bem como de toda a área relativa à bacia de escoamento da Ribeira dos Socorridos, nomeadamente ao longo do sistema de drenagem hidrográfica. De igual forma, realça-se a distribuição de manchas pontuais de suscetibilidade Elevada ao longo da Ribeira do Vigário, nomeadamente ao longo das vertentes contíguas à secção de vazão intermédia compreendida entre o Ribeiro Seco (freguesia do Jardim da Serra) Inferno (freguesia do Estreito de Câmara de Lobos) Ribeira da Caixa (freguesia de Câmara de Lobos); bem como da secção montante da Ribeira Fernanda, localizado no sítio do Castelejo.

Os cálculos computacionais permitiram delimitar e/ou circunscrever a suscetibilidade (Mdendrocaustológica (Incêndios Florestais) às áreas compreendidas entre a Fajã das Galinhas e a Boca da Corrida, bem como à do sítio do Cabo Girão e das Fontainhas. Estas encontram-se associadas às manchas arbóreas e arbustivas do concelho, sobretudo em zonas compostas por espécies introduzidas (Pinheiro Bravo; Eucalipto; Acácia; Castanheiro).

Áreas de suscetibilidade Elevada e

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

48

bem como de toda a área relativa à bacia de escoamento da Ribeira dos Socorridos, nomeadamente ao longo do sistema de drenagem hidrográfica. De igual

ão de manchas pontuais de tibilidade Elevada ao longo da Ribeira do Vigário,

nomeadamente ao longo das vertentes contíguas à secção de vazão intermédia compreendida entre o Ribeiro Seco (freguesia do Jardim da Serra) – Ribeira do

ia do Estreito de Câmara de Lobos) – Ribeira da Caixa (freguesia de Câmara de Lobos); bem como da secção montante da Ribeira Fernanda,

Os cálculos computacionais permitiram delimitar e/ou tibilidade (Moderada a Elevada)

dendrocaustológica (Incêndios Florestais) às áreas compreendidas entre a Fajã das Galinhas e a Boca da Corrida, bem como à do sítio do Cabo Girão e das

se associadas às manchas o, sobretudo em zonas

compostas por espécies introduzidas (Pinheiro Bravo;

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 49

03.1.2. VULNERABILIDADE SOCIAL/EXPOSIÇÃO

A vulnerabilidade social consiste num indicador fundamental para a governação do risco, envolvendo os processos e impactos decorrentes de eventos de origem natural, tecnológica e ambiental. A relevância da análise da vulnerabilidade social a um nível inframunicipal decorre da necessidade instrumental de fundamentar opções políticas traduzidas em medidas estratégicas e operacionais no âmbito da prevenção, redução, mitigação e adaptação ao risco, assim como da necessidade de consolidar os indicadores de capacidade de suporte e de resiliência individual e das comunidades. Dá-se, portanto, resposta a requisitos em áreas como a Proteção Civil e a Gestão da Emergência, as Políticas Sociais, de Saúde e Educação, assim como se contribui para os quadros de referência de Urbanismo e Ordenamento do Território.

A Câmara Municipal de Câmara de Lobos, em parceria com o Osiris – Observatório do Risco do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, procedeu à “Avaliação da Vulnerabilidade Social no Concelho de Câmara de Lobos”, documento que integra os Relatórios Setoriais da Revisão do PDM de Câmara de Lobos, e que aqui se apresenta de forma necessariamente sucinta. Como componentes da Vulnerabilidade Social, são definidas:

- A Criticidade: conjunto de características e comportamentos dos indivíduos, que, se por um lado, potenciam a rotura do sistema e dos recursos das comunidades - em caso de menor resiliência da população -, por outro, contribui para uma resposta mais assertiva e/ou eficaz na adoção de medidas e procedimentos de autoproteção em cenários catastróficos. Dependendo da maior ou menor disponibilidade de informação, as variáveis a incluir na avaliação da criticidade deverão representar os seguintes domínios: apoio social, condição do património edificado, demografia, economia, educação, habitação, justiça e saúde. O nível de Criticidade pode ser Muito baixo; Baixo; Médio; Elevado; Muito elevado.

- A Capacidade de Suporte: é definida pelo

conjunto de sistemas, redes, infraestruturas de utilização pública e equipamentos coletivos vocacionados para o apoio à população, que, face a eminência da manifestação de um

processo de perigosidade com potencial destrutivo, possibilitam o reforço da capacidade de resiliência da Comunidade e, no domínio do planeamento e gestão da emergência, a organização e preparação dos cenários previsíveis. A capacidade de suporte pode atenuar ou agravar um determinado de nível de criticidade. A densidade e a expressão espacial da capacidade de suporte num determinado território, representa e/ou constitui um reflexo das necessidades, padrões e relações funcionais da Comunidade que, consequentemente, repercutir-se-á na dinâmica, organização e hierarquização da centralidade urbana, bem como nas respetivas interações associadas à concentração de serviços e funções centrais. Podemos definir os seguintes níveis de capacitação para o incremento da resiliência da Comunidade: Muito baixo; Baixo; Médio; Elevado; Muito elevado.

Utilizando uma metodologia aplicada à escala geográfica da subsecção estatística, adquirindo, preparando e interpretando dados, foi possível diferenciar a criticidade existente no concelho de Câmara de Lobos segundo a classificação de oito dimensões da Criticidade e cinco componentes principais da Capacidade de Suporte conforme a tabela seguinte.

A Vulnerabilidade Social representa a conjugação compósita associadas às duas componentes, ou seja, a combinação entre a criticidade e a capacidade de suporte avaliadas no concelho.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 50

A vulnerabilidade social no concelho de Câmara de Lobos é apresentada na Figura 10. A análise espacial, que procede à interpretação dos resultados e permite a identificação quantitativa dos padrões e relações existentes no território, deve ser realizada numa lógica comparativa, entre as subsecções estatísticas que compõem o Concelho, uma vez que apresentam quantitativos populacionais extremamente heterogéneos – por exemplo, algumas subsecções estatísticas registam apenas um agregado familiar. O Município de Câmara de Lobos, complementarmente, apresenta um grande contraste e/ou heterogeneidade na estrutura das unidades territoriais existentes, em termos de capacidade de suporte, como resultado do fenómeno de macrocefalia urbana provocada pela influência da dinâmica e mutabilidade socioeconómica observada no centro urbano e histórico da freguesia de Câmara de Lobos. Esta situação, que promove o desenvolvimento de contrastes intermunicipais e submunicipais e de uma marginalidade funcional acentuada, demonstra a importância das políticas locais e regionais no desenvolvimento local e evidencia a capacidade de atração de investimento e a necessidade de infraestruturação do espaço urbano e de atribuição de apoio social, como resultado de uma maior densidade populacional.

Componentes Principais (FAC)

Nº Nome

Criticidade

1 Famílias socioeconomicamente estáveis

2 População ativa qualificada

3 População envelhecida em áreas residenciais antigas

4 População residente em áreas urbanas densas

5 Analfabetismo e dimensão dos alojamentos

6 Contexto social desfavorecido pelo emprego

7 Famílias numerosas

8 População jovem

Capacidade de Suporte

1 Recursos de proteção civil e abrigo

2 Infraestruturas e equipamentos urbanos

3 Equipamentos sociais

4 Uso e ocupação do solo

5 Acessibilidade local a edifícios

Quadro 8 – Componentes Principais de Criticidade e Capacidade de Suporte no concelho de Câmara de Lobos.

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

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IN Capítulo II 51

Na freguesia de Câmara de Lobos, a análise espacial permite evidenciar uma expressão espacial acentuada da vulnerabilidade social, em áreas predominantemente rurais, uma vez que, em espaços maioritariamente urbanos, observa-se o efeito atenuador da componente da capacidade de suporte. Com efeito, de acordo com diversas referências bibliográficas e/ou correntes de investigação, em áreas de elevada densidade populacional, é paradigmático a existência de uma criticidade mais acentuada, como resultado de contextos sociais e urbanos que condicionam a capacidade de

resiliência dos indivíduos e comunidades face a processos de perigosidade ou eventos, de génese natural ou tecnológica, com potencial destrutivo.

Em sentido inverso, verificou-se que o centro urbano de Câmara de Lobos é, em termos de capacidade de suporte, a área do concelho com a classificação mais significativa, atenuando, consequentemente, o score compósito relativo ao grau de vulnerabilidade social. Esta situação, determina o isolamento das subsecções estatísticas efetivamente mais vulneráveis, ou seja,

Figura 10 – Vulnerabilidade Social no concelho de Câmara de Lobos.

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IN Capítulo II 52

aquelas que mesmo após o efeito atenuante da capacidade de suporte, mantêm uma elevada vulnerabilidade social.

A idade, a qualificação e a situação perante o emprego, são as principais forças incrementadoras da componente da criticidade nesta freguesia. As componentes principais, ou FAC’s, que representam estes forçadores da criticidade são: relativamente à idade, a FAC3 (população envelhecida em áreas residenciais antigas), onde a metodologia associou igualmente a idade dos edifícios; relativamente à qualificação, a FAC2 (população ativa qualificada) e, em certa medida, a FAC5 (analfabetismo e dimensão dos alojamentos); relativamente à situação perante o emprego, a análise permite identificar claramente a FAC6 (contexto social desfavorecido pelo emprego), onde as variáveis explicativas autoagrupadas descrevem, a partir dos dados censitários, as famílias com um ou mais desempregados, os indivíduos desempregados e as famílias sem desempregados.

No que concerne à freguesia do Curral das Freiras, a análise permite observar, em diferentes escalas de análise, a ocorrência de uma dinâmica idêntica à registada na freguesia de Câmara de Lobos, nomeadamente a atenuação do grau de criticidade de acordo com a dissipação espacial do grau de capacidade de suporte, a partir do centro urbano da freguesia – localização preferencial de equipamentos e serviços e funções especializadas -, contribuindo para a localização dos espaços com menor vulnerabilidade social no sítio da Achada. No entanto, identifica-se, nesta área, algumas subsecções estatísticas classificadas com um grau vulnerabilidade muito elevada, à razão da localização de um conjunto de moradias unifamiliares a custos controlados.

Esta situação determina, de igual forma, um decaimento natural do nível de vulnerabilidade social, em função da distância ao centro urbano, atingindo o seu valor máximo na periferia (de maior vulnerabilidade social). Não obstante, ressalva-se o facto de terem sido registado, em algumas subsecções estatísticas, o agravamento significativo do nível de criticidade – devido ao decréscimo da capacidade de suporte - e, consequentemente, do grau de vulnerabilidade social.

Na unidade administrativa do Estreito de Câmara de Lobos, os espaços classificados e/ou identificados com maior vulnerabilidade social, apresentam uma dispersão espacial heterogénea e localizam-se, fundamentalmente, em áreas predominantemente rurais. Não obstante, de acordo com a análise efetuada, esta situação apresenta uma particularidade anómala à tendência identificada para o concelho, uma vez que resulta e/ou é, sobretudo, consequência de uma menor capacidade de suporte, contrariamente a outros casos paradigmáticos identificados nas restantes unidades administrativas que,

por norma e complementarmente, apresentam uma criticidade elevada.

Complementarmente, e à semelhança da tendência verificada na freguesia de Câmara de Lobos, regista-se o facto dos espaços classificados com menor vulnerabilidade social apresentarem, fundamentalmente, uma distribuição associada a uma via rodoviária estruturante, a Estrada João Gonçalves Zarco.

Nas unidades administrativas remanescentes, nomeadamente as freguesias da Quinta Grande e Jardim da Serra, evidenciam uma dinâmica similar àquelas analisadas anteriormente, identificando a localização dos espaços classificados com maior vulnerabilidade social, em áreas socio e economicamente degradadas. Esta situação contribui para o agravamento da coesão territorial e social registada e referenciada anteriormente.

Durante a “Avaliação da Vulnerabilidade Social no concelho de Câmara de Lobos”, numa fase inicial, a autarquia procedeu à formulação de um mecanismo de democracia participativa – os Fóruns Participativos. Neles se debateram assuntos, premissas e problemáticas relevantes e relativas ao atual contexto municipal, tendo surgido, complementarmente às apresentadas seguidamente, comentários, recomendações e contributos importantes e de elevado valor acrescentado. Os trabalhos realizados permitiram, de igual forma, aferir a aplicabilidade transversal dos resultados da avaliação da vulnerabilidade social a diversos setores da Sociedade Civil.

Além das recomendações relativas às áreas da ação social e da proteção civil, resultaram do fórum participativo recomendações nas áreas do Urbanismo, Mobilidade e Ordenamento do Território, que, em sede de revisão do PDM, importa aqui salientar:

Os instrumentos de gestão territorial constituem o pano de fundo sobre o qual as mudanças de médio e longo prazo, no sentido de redução da vulnerabilidade e aumento da resiliência, têm lugar. A inclusão de mecanismos preventivos de gestão do risco, no âmbito do desenvolvimento de políticas no domínio do ordenamento do território e, particularmente, dos instrumentos de planeamento e gestão territorial, demonstra sensibilização e consciencialização para a adoção de boas práticas preventivas, contribuindo para a atenuação e mitigação de eventuais efeitos nefastos perpetuados por processos de perigosidade com capacidade e/ou potencial destrutivo, bem como de redução de riscos sociais (por exemplo, da exclusão e da criminalidade).

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IN Capítulo II 53

Para além da cartografia compósita, a expressão territorial das FAC35 e FAC46, referente à criticidade, e das componentes principais da capacidade de suporte contribuem para a definição de mecanismos e/ou diretrizes ajustadas e vocacionadas para um planeamento urbanístico sustentável e integrado. A título de exemplo, a sobreposição da informação relativa à criticidade da população residente, com os pressupostos associados à densidade do edificado e da população (cf. FAC4), contribuirá para a identificação das subsecções estatísticas onde, do ponto de vista urbanístico, poderá ser desaconselhável um aumento da carga sobre o território. A potencial aplicação dos resultados nas medidas de reabilitação urbana foi salientado igualmente no Fórum Participativo.

De igual forma, ainda no âmbito do Fórum Participativo anteriormente referenciado, ressalva-se o facto de ter sido abordada a problemática relacionada com o abandono da atividade agrícola, e consequente ocupação por vegetação infestante, como fator potenciador de focos de ignição e da majoração e/ou agravante da severidade e magnitude associada à perigosidade a incêndios florestais, sobretudo em espaços e/ou interfaces urbano-rurais. O presente estudo releva, de igual modo, a importância da identificação das subsecções estatísticas classificadas com uma vulnerabilidade significativa, sobretudo no que concerne à definição de políticas sectoriais vocacionadas ao ordenamento do território e, complementarmente, no âmbito da intervenção social e segurança e proteção civil. Particularmente, a cartografia de criticidade referencia sobretudo as FAC’s relacionadas com a dinâmica populacional – por exemplo, o envelhecimento da população e edifícios – enquanto que a capacidade de suporte releva as componentes associadas à dinâmica territorial – a título de exemplo, destaca-se a FAC 4, relativa ao uso e ocupação do solo.

Considerando estes pressupostos, e tendo em consideração as possibilidades técnicas e financeiras, bem como a garantia da sustentabilidade ambiental dos espaços, devem ser implementados mecanismos e definidas diretrizes com vista à promoção da melhoria da capacidade de suporte e a redução da criticidade nas áreas de proteção ambiental, sobretudo aquelas localizadas no setor setentrional do concelho.

A mobilidade surge, frequentemente, como um dos aspetos críticos associados à ocorrência de desastres de génese natural ou tecnológica. Com efeito, o contexto geográfico do Concelho de Câmara de Lobos – de onde se salienta a orografia acidentada e a concentração urbana – requer que as opções e/ou orientações políticas, sobretudo as vocacionadas para o domínio do urbanismo e ordenamento do território, tenham em consideração mecanismos e práticas relacionadas com a mobilidade. Neste domínio, para além de outros, é

amplamente desejável uma estreita a articulação entre os instrumentos de gestão do território e os instrumentos de gestão do risco.

03.1.3. RISCO NATURAL

O desenvolvimento da Carta de Risco (Carta 06, anexa ao Relatório setorial do Domínio 3 – Risco Natural e Tecnológico), teve por base a adoção de um modelo de análise e representação cartográfica heurística do Risco, nomeadamente através da combinação qualitativa (álgebra matricial) da Carta de Suscetibilidade com a de Vulnerabilidade Compósita. Especificamente, a Carta de Risco representa as áreas de suscetibilidade potencial à ocorrência de um processo de perigosidade, intensificadas com a existência de grupos populacionais vulneráveis.

Os valores obtidos à escala local permitem estabelecer uma correlação de grandeza entre a área total dos graus afetos ao risco e a superfície compósita do concelho de Câmara de Lobos. Assim, verifica-se uma maior predominância de áreas de risco Elevado e Muito Elevado na freguesia do Curral das Freiras, devido ao seu enquadramento biofísico desfavorável, nomeadamente a existência de declives acentuados (média de 43,5%); de uma morfologia incisiva, com uma altitude média de 1.032m; bem como a localização espacial de uma rede hidrográfica (principal e secundária) encaixada, com um perfil longitudinal médio de 7%, contribuindo para a ocorrência de gradientes de torrencialidade extremamente elevados.

Evidencia-se, igualmente, a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos que contabiliza para os graus mais propensos, uma área total 3,1 Km², enquanto que a do Jardim da Serra determina o valor intermédio mais reduzido, à ordem dos 2,9 Km². Relativamente às freguesias remanescentes, nomeadamente a de Câmara de Lobos e da Quinta Grande, apresentam valores mais baixos, de cerca de 2,0 Km² e 1,5 Km², perfazendo uma representatividade interna de 25,6% e 36,3%, respetivamente.

Os pressupostos de análise associados à sobreposição da Carta de Risco com a COSRAM, permitem aferir a propensão do território, em cerca de 3,2% (1,7 Km²), à ocorrência de processos de perigosidade. De acordo com os resultados obtidos, os espaços com maior propensão adquirem, nas áreas de atividade humana, uma expressão espacial de 1,4 Km², relativas à superfície agrícola (10,3 Km²), e de 0,2 Km², para a superfície social/urbana (5 Km²); enquanto que, os restantes 29,7 Km² (94,7%) encontram-se distribuídos pelos restantes usos do solo, nomeadamente a superfície florestal com 8,8 Km² (28,2%); os espaços naturais, à ordem de 20,8 Km² (66,3%); bem como as outras áreas, que contabilizam cerca de 0,1 Km² (0,3%) (Gráfico 12).

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IN Capítulo II

03.2. ANÁLISE E GESTÃO DO RISCO TECNOLÓGICO

A análise do Risco Tecnológico no concelho de Câmara de Lobos aqui apresentada é a constante no Relatório de Riscos anexo ao Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil (PMEPC) de Câmara de Lobos, executado pela Municípia, EM, SA, promovido pela AMRAM (Associação de Municípios da RAM), e coordenado pela autarquia de Câmara de Lobos, datado de dezembro de 2015.

A matriz de análise do risco apresentada nesse documento foi realizada de acordo com os procedimentos metodológicos vertidos no Guia para a Caracterização de Risco no Âmbito da Elaboração de Planos de Emergência de Proteção Civil (ANPC, 2009). Neste contexto, o risco é classificado pela interseção entre a probabilidade de ocorrência do evento perigoso e o grau de gravidade dos danos potenciais que opode produzir.

Gráfico 12 – Distribuição das áreas de risco, por tipologia e ocupação do solo existente.

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ECNOLÓGICO

A análise do Risco Tecnológico no concelho de Câmara de Lobos aqui apresentada é a constante no Relatório de Riscos anexo ao Plano Municipal de Emergência e

de Câmara de Lobos, executado pela Municípia, EM, SA, promovido pela AMRAM Associação de Municípios da RAM), e coordenado pela autarquia de Câmara de Lobos, datado de dezembro de

apresentada nesse foi realizada de acordo com os

procedimentos metodológicos vertidos no Guia para a erização de Risco no Âmbito da Elaboração de

Planos de Emergência de Proteção Civil (ANPC, 2009). Neste contexto, o risco é classificado pela interseção entre a probabilidade de ocorrência do evento perigoso e o grau de gravidade dos danos potenciais que o mesmo

03.2.1. ANÁLISE DO RISCO

Para a aferição do risco a Acidentes Rodoviáriosanalisados dados da Polícia de Segurança Pública entre janeiro de 2009 e dezembro de 2014, tendoque o maior número de ocorrências se deu emmaior número de vítimas em 2011.

Uma análise geográfica permite localizar os acidentes de menor gravidade nas Estrada João Gonçalves Zarco, Estrada José Avelino Pinto, entre outras, e os de maior gravidade na Avenida Cidade Nova, na Estrada Garajau/C. Bela Vista e na Via Rápida VR1.

A VR1 e as Estradas João Gonçalves Zarco e José Avelino Pinto são, de resto, as vias consideradas mais perigosas, devido à recorrência de acidentes.

Relativamente ao Risco a Acidentes Acidentes Marítimos, não há entre os dados disponibilizados, e referentes a anos recentes, registos que os localizem no concelho de Câmara de Lobos. De referir, no entanto, que pelo volume de embarcações movimentadas, o Cais Marítimo de Câmara de Lobos apresenta maior suscetibilidade à ocorrência de acidentes marítimos.

Distribuição das áreas de risco, por tipologia e ocupação do solo existente.

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Acidentes Rodoviários foram analisados dados da Polícia de Segurança Pública entre janeiro de 2009 e dezembro de 2014, tendo-se verificado que o maior número de ocorrências se deu em 2014, e o

Uma análise geográfica permite localizar os acidentes de menor gravidade nas Estrada João Gonçalves Zarco, Estrada José Avelino Pinto, entre outras, e os de maior gravidade na Avenida Cidade Nova, na Estrada

ajau/C. Bela Vista e na Via Rápida VR1.

A VR1 e as Estradas João Gonçalves Zarco e José Avelino Pinto são, de resto, as vias consideradas mais perigosas, devido à recorrência de acidentes.

Acidentes Aéreos e não há entre os dados

disponibilizados, e referentes a anos recentes, registos que os localizem no concelho de Câmara de Lobos. De referir, no entanto, que pelo volume de embarcações movimentadas, o Cais Marítimo de Câmara de Lobos

ilidade à ocorrência de

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IN Capítulo II 55

Os Acidentes no transporte terrestre de mercadorias perigosas estão naturalmente relacionados com as rotas de circulação e a frequência de passagem de veículos que transportem mercadorias dessa natureza, com destino a locais que podem ou não se localizar no concelho (postos de abastecimento de combustível e parques de armazenamento de garrafas de GPL, existentes no território concelhio, mas também empresas de pirotécnica ou outros locais de armazenamento de explosivos, noutros locais da ilha). Assim, identificam-se as vias utilizadas nesse tipo de transportes como sendo a ER101(VR1), a ER229/Estrada João Gonçalves Zarco, a Estrada José Avelino Pinto, a Rua Padre Pita Ferreira e a Rua António Prócoro de Macedo Júnior. São, no entanto, indicativas, dada a dificuldade de determinar os trajetos.

No concelho de Câmara de Lobos identificam-se 15 pontes, 18 túneis e 4 viadutos. O quadro seguinte apresenta o estado de conservação destas infraestruturas (em que 1 é “ótimo” e 5 é “crítico”), análise de grande utilidade para a análise ao risco de Colapso de túneis, pontes e outras infraestruturas.

Quadro 9 – Número de infraestruturas, por estado de conservação, no concelho de Câmara de Lobos.

Estado de Conservação

Pontes Túneis Viadutos

N.º % N.º % N.º %

1 - - - - - -

2 9 60 14 78 4 100

3 2 13 - - - -

4 3 20 - - - -

5 - - - - - -

Sem informação

1 7 4 22 - -

Dada a existência de apenas uma galeria de pequenas dimensões em Câmara de Lobos (na freguesia da quinta Grande) e a inexistência de cavidades de minas, considera-se baixa a suscetibilidade a Cheias e inundações por rutura de barragens.

No que diz respeito a Acidentes em áreas de ocupação industrial e parques empresariais, importa referir que quer o Parque Empresarial de Câmara de Lobos, quer o Parque Empresarial da Zona Oeste estão na sua grande maioria ocupados por empresas de risco nulo e reduzido. Pode-se constatar que não existem indústrias classificadas com o grau mais elevado de perigosidade, verificando-se, no entanto, ao abrigo da Portaria 744 – B/93, 1 estabelecimento de nível B e 6 de nível C.

Apesar de não existirem no concelho de Câmara de Lobos estabelecimentos classificados pelos parâmetros de perigosidade dispostos no Decreto-Lei n.º 254/2007, observa-se a existência de dois estabelecimentos,

localizados no concelho do Funchal, junto à margem esquerda da Ribeira dos Socorridos, capazes de produzir danos no município de Câmara de Lobos na eventual ocorrência de um acidente grave. Optou-se assim por analisar os cenários mais gravosos para um acidente que envolva substâncias perigosas na Central Térmica da Vitória (CTV) e na Unidade Autónoma de Gás dos Socorridos (UAG), a partir do estudo de Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos de Acidentes Graves da CTV (EEM, 2014) e do PEI da UAG, respetivamente, para análise ao risco a Acidentes em estabelecimentos que envolvam substâncias perigosas. No que diz respeito ao município, constata-se que o impacto restringe-se ao setor sudeste da freguesia de Câmara de Lobos, podendo no entanto, causa inúmeros danos em infraestruturas e população.

Importa ainda referir que nos termos do Decreto-Lei n.º 150/2015, de 5 de agosto, dada a localização, a proximidade e os seus inventários de substâncias perigosas, a UAG e a CTV enquadram-se nos estabelecimentos de “efeito dominó”.

No caso da UAG, o concelho é afetado por cerca de 25% da área suscetível, correspondente a cerca de 1,2 Km², sendo a classe de suscetibilidade elevada a que apresenta maior expressão (17%). Relativamente ao cenário apresentado para a CTV, cerca de 42% da área suscetível abrange o concelho, correspondendo, no entanto, a apenas 0,013 Km², onde a suscetibilidade moderada predomina com cerca de 21%.

A imagem seguinte (Figura 11) apresenta a suscetibilidade à ocorrência de acidentes que envolvam estas dois estabelecimentos.

Figura 11 – Suscetibilidade à ocorrência de acidentes que envolvam substâncias perigosas. (Municípia, Relatório de Riscos do PMEPC de Câmara de Lobos)

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IN Capítulo II 56

Pode caracterizar-se a suscetibilidade de Degradação e contaminação dos solos com substâncias BQR no concelho de Câmara de Lobos, como baixa, sendo que a maior parte da sua área se encontra entre as classes de suscetibilidade nula ou não aplicável (84%) e baixa (11%). O concelho de Câmara de Lobos apesar de não apresentar nenhuma atividade local que potencie um elevado risco de contaminação, sofre influência da Central Térmica da Vitória e de uma lavandaria industrial situadas a menos de um quilómetro, na zona oeste do Funchal.

Face ao número reduzido de estabelecimentos existentes no concelho, o Risco de Acidentes em instalações de combustíveis, óleos e lubrificantes pode ser considerado baixo.

Segundo a listagem cedida pelo Núcleo de Armas Explosivos do Comando Regional da Madeira da PSP, dos 7 estabelecimentos de armazenagem de produtos explosivos existentes na Ilha de Madeira, nenhum se localiza no território do concelho de Câmara de Lobos, pelo que a suscetibilidade associada a Acidentes em estabelecimentos de armazenagem de produtos explosivos considera-se nula.

No que diz respeito aos Acidentes em estabelecimentos de atividades sujeitas a licença ambiental, foram analisados dados da empresa “Nunes & Freitas, Lda. – Ovogirão” (localizada na freguesia da Quinta Grande, tendo como principal atividade a avicultura), referenciada pela DRAmb como um estabelecimento com licença ambiental emitida, (enquadrada no âmbito da Prevenção e o Controlo Integrados da Poluição), sendo também considerada a Central Térmica da Vitória, que apesar de estar localizada no concelho do Funchal, junto à margem esquerda da Ribeira dos Socorridos, pode produzir danos no município de Câmara de Lobos na eventual ocorrência de um acidente grave. No primeiro caso considerou-se uma distância de 100 e de 200 m a partir do estabelecimento para a classificação da suscetibilidade. No caso da Central Térmica da Vitória, a suscetibilidade foi definida com base nas distâncias de impacto estabelecidas no cenário de acidente mais gravoso estabelecido do estudo de Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos de Acidentes Graves na Central Térmica da Vitória.

De acordo com os relatórios designados “Histórico Semestral de Incêndios Industriais e Urbanos” do Serviço Regional de Proteção Civil, IP – RAM, os Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos registaram 19 ocorrências de incêndios urbanos em 2012, 9 em 2013 e 12 em 2014, dados importantes para a análise ao risco a Incêndios e colapsos em centros históricos e em edifícios com elevada concentração populacional.

São identificados os edifícios particularmente suscetíveis a este risco, designadamente os edifícios de dimensão elevada e aqueles com população vulnerável, com destaque para os seguintes:

Centro Social Paroquial do Carmo, Escola Básica e Secundária Dr. Luís Maurílio da Silva Dantas, Escola Básica de 1º Ciclo c/ Pré-Escolar da Fonte da Rocha, Escola Básica de 1º Ciclo c/ Pré-Escolar da Lourencinha, Escola Básica de 2º e 3º Ciclos c/ Ensino Profissional da Torre, Infantário "O Golfinho", Centro de Atividades Ocupacionais de Câmara de Lobos, Centro Social e Paroquial de Santa Cecília, Escola Básica de 1º Ciclo c/ Pré-Escolar de Câmara de Lobos, Jardim de Infância "O Pião", Centro de Saúde de Câmara de Lobos, Centro de Dia do Carmo, Centro de Dia de Santa Cecília, Centro de Dia do Ilhéu, Continente, Centro Comercial Baía Shopping, Mercado Municipal de Câmara de Lobos e Pingo Doce.

Relativamente ao risco a Incêndios em túneis, importa referir que segundo a Diretiva 2004/54/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 29 de abril de 2004 relativa aos requisitos mínimos para os túneis da Rede Rodoviária Transeuropeia, não existe no concelho de Câmara de Lobos túneis que requeiram critérios máximos de segurança, uma vez que os túneis existentes não têm um comprimento superior a 3000m.

03.2.2. ANÁLISE DA VULNERABILIDADE

O quadro seguinte apresenta a análise da vulnerabilidade para cada um dos riscos tecnológicos acima referidos.

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

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IN Capítulo II 57

Quadro 10 – Análise da Vulnerabilidade aos Riscos Tecnológicos no concelho de Câmara de Lobos.

Fonte: PMEPC

Probabilidade Danos/Gravidade Risco Vulnerabilidade

Acidentes rodoviários Média-Alta Reduzido Moderado Restringe-se a elementos envolvidos no acidente (ocupantes dos veículos, peões ou veículos acidentados).

Acidentes aéreos Baixa Reduzido Baixo Principais elementos expostos são os ocupantes das aeronaves, as populações, edifícios e infraestruturas localizadas no solo.

Acidentes marítimos Baixa Moderado Moderado Restringe-se à população presente nas embarcações e infraestruturas associadas

Acidentes no transporte de mercadorias perigosas

Média-Baixa Residual Baixo As localidades nas proximidades das vias por onde é efetuado o transporte são as mais vulneráveis

Colapso de túneis, pontes e outras infraestruturas

Média Residual Baixo Restringe-se aos peões e passageiros dos veículos que circulam nestas infraestruturas, assim como às próprias infraestruturas

Cheias e inundações por rutura de barragens

Baixa Residual Baixo - (inexistência de barragens no concelho)

Colapso de galerias e cavidades de minas

Baixa Residual Baixo Baixa

Acidentes em áreas de ocupação industrial e parque empresariais

Média Residual Baixo

Possibilidade de cerca de 472 habitantes e 92 edifícios habitacionais serem afetados, assim como várias infraestruturas associadas à rede viária, rede elétrica, rede de saneamento e sistema de abastecimento de água

Acidentes em estabelecimentos que envolvam substâncias perigosas

Baixa Reduzido Baixo

Possibilidade de cerca de 4595 habitantes e 823 edifícios habitacionais serem afetados, assim como enumeras infraestruturas associadas à rede viária, rede elétrica, rede de saneamento e sistema de abastecimento de água

Degradação e contaminação de solos com substâncias BQR

Média-Baixa Moderado Baixo

Possibilidade de cerca de 9892 habitantes e 2019 edifícios habitacionais serem afetados, assim como enumeras infraestruturas associadas à rede viária, rede elétrica, rede de saneamento e sistema de abastecimento de água

Acidentes em instalações de combustíveis, óleos e lubrificantes

Média-Baixa Residual Baixo

Possibilidade de cerca de 89 habitantes e 18 edifícios habitacionais serem afetados, assim como enumeras infraestruturas associadas à rede viária, rede elétrica, rede de saneamento e sistema de abastecimento de água

Acidentes em estabelecimentos de armazenagem de produtos explosivos

Média-Baixa Residual Baixo - (inexistência de estabelecimentos desta natureza no concelho)

Acidentes em estabelecimentos de atividades sujeitas a licença ambiental

Média Residual Baixo

Possibilidade de cerca de 104 habitantes e 39 edifícios habitacionais serem afetados, assim como enumeras infraestruturas associadas à rede viária, rede elétrica, rede de saneamento e sistema de abastecimento de água

Incêndios e colapsos em centros históricos e em edifícios com elevada concentração populacional

Média-Alta Moderado Elevado

São mais vulneráveis os principais núcleos urbanos, por concentrarem nos seus equipamentos maior número de indivíduos de grupos vulneráveis (jovens e idosos)

Incêndios em túneis Média Moderado Moderado Principais elementos expostos são os peões e passageiros de veículos que circulam nos túneis, assim como as próprias infraestruturas

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IN Capítulo II

03.3. ADAPTAÇÃO AOS INSTRUMENTOS DE

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

A realização desta fase determina/permite a adaptação da cartografia de Risco aos instrumentos municipais de ordenamento do território, bem como de planeamento e gestão de emergências, procedendo à generalização/uniformização cartográfica das áreas associadas à Carta Indicativa do Risco, por forma a proceder à adequação da escala de representação (1:25.000) e ao detalhe cartográfico definido pelo “Guia Metodológico para a Produção de Cartografia Municipal do Risco e para a Criação de Sistemas de Informação Geográfica de Base Municipal” (ANPC, 2009).

03.3.1. ANÁLISE E GESTÃO

O concelho de Câmara de Lobos, de acordo com os resultados, apresenta uma propensão acentuada à ocorrência de processos de perigosidade com potencial destrutivo, de acordo com a conjugação das suscetibilidades com maior representatividade (Geodinâmica externa, geoclimática e dendrocaustológica).

Gráfico 13 – Quantificação dos graus do risco indicativo, por uso e ocupação do solo.

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ENTOS DE

A realização desta fase determina/permite a adaptação da cartografia de Risco aos instrumentos municipais de ordenamento do território, bem como de planeamento e

emergências, procedendo à generalização/uniformização cartográfica das áreas associadas à Carta Indicativa do Risco, por forma a proceder à adequação da escala de representação (1:25.000) e ao detalhe cartográfico definido pelo “Guia

odução de Cartografia Municipal do Risco e para a Criação de Sistemas de Informação Geográfica de Base Municipal” (ANPC, 2009).

O concelho de Câmara de Lobos, de acordo com os resultados, apresenta uma propensão acentuada à

processos de perigosidade com potencial destrutivo, de acordo com a conjugação das suscetibilidades com maior representatividade (Geodinâmica externa, geoclimática e

A análise permite constatar que cerca de 27,3território apresenta um risco indicativo Elevado, o correspondente a 52,5% da área total do concelho (52Km²), enquanto que os graus Moderado e Baixo determinam uma expressão espacial de 12,1(23,4%) e 12,5 Km² (24,2%), respetivamente. No que concerne à distribuição das áreas classificadas por uso e ocupação do solo, os dados são apresentados no Gráfico 13.

No concelho de Câmara de Lobos, a manifestação de processos de perigosidade com potencial destrutivo apresenta, predominantemente, uma distribuição espácio-temporal circunscrita à “bacia de risco” do Curral das Freiras, devido à existência e diversidade debiofísicos desencadeantes (vegetação, geomorfologia, geologia, etc.), relativos ao quadro geográfico, e à variabilidade associada à sazonalidade (maior frequência de ocorrência nos meses de inverno) e a dinâmica e/ou padrões climáticos de altitude. A propensão da freguesia do Curral das Freiras à ocorrência de fenómenos com potencial destrutivo é corroborada pela Carta Indicativa do Risco.

A cartografia relacionada com a representação, e consequente classificação, do risco indicativo, permitiu a identificação, bem como aferição e/ou definição, dos padrões de distribuição e expressão espacial das áreas com suscetibilidade potencial à ocorrência de um fenómeno destrutivo. Neste contexto, a análise permite

o risco indicativo, por uso e ocupação do solo.

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A análise permite constatar que cerca de 27,3 Km² do território apresenta um risco indicativo Elevado, o correspondente a 52,5% da área total do concelho (52

que os graus Moderado e Baixo eterminam uma expressão espacial de 12,1 Km²

² (24,2%), respetivamente. No que concerne à distribuição das áreas classificadas por uso e ocupação do solo, os dados são apresentados no

No concelho de Câmara de Lobos, a manifestação de processos de perigosidade com potencial destrutivo apresenta, predominantemente, uma distribuição

temporal circunscrita à “bacia de risco” do Curral das Freiras, devido à existência e diversidade de fatores biofísicos desencadeantes (vegetação, geomorfologia, geologia, etc.), relativos ao quadro geográfico, e à variabilidade associada à sazonalidade (maior frequência de ocorrência nos meses de inverno) e a dinâmica e/ou

. A propensão da freguesia do Curral das Freiras à ocorrência de fenómenos com potencial destrutivo é corroborada pela Carta Indicativa

A cartografia relacionada com a representação, e consequente classificação, do risco indicativo, permitiu a entificação, bem como aferição e/ou definição, dos

padrões de distribuição e expressão espacial das áreas com suscetibilidade potencial à ocorrência de um fenómeno destrutivo. Neste contexto, a análise permite

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IN Capítulo II 59

destacar a existência de três setores com índices moderados e elevados de risco, nomeadamente:

- O eixo compreendido entre as serras da Fajã das Galinhas (Estreito de Câmara de Lobos), Boca da Corrida (Jardim da Serra) e do Garachico (Estreito de Câmara de Lobos), com maior propensão à ignição de incêndios florestais, conforme destacado na Carta de Suscetibilidade Dendrocaustológica e a eventos meteorológicos extremos (queda de árvores);

- Os setores correspondentes às vertentes dos vales encaixados das principais linhas de água do concelho (Ribeira do Vigário e secção terminal da Ribeira dos Socorridos), com maior suscetibilidade a ocorrência de movimentos de massa, cheias rápidas e fluxo de detritos, bem como a fenómenos associados com a erosão hídrica fluvial; e

- Os espaços associados à orla costeira, que determinam uma propensão potencial a serem afetados por diversas tipologias de processos de perigosidade, nomeadamente de erosão costeira e instabilidade de vertentes, galgamentos e inundações costeiras e tsunamis.

Não obstante de determinar uma menor incidência, magnitude e diversidade de fenómenos com potencial destrutivo, é de salientar que, em territórios com elevada transformação e distúrbio antrópico, provocados pela infraestruturação e urbanização, os índices de perigosidade são claramente potenciados pela vulnerabilidade e exposição da população.

A análise qualitativa do risco considera a probabilidade e a gravidade (população, bens e ambiente) de cada um dos processos de perigosidade identificados, resultando num processo de definição de prioridades e de otimização na operacionalização e alocação de meios e recursos, sobretudo no que concerne à intervenção.

03.3.2. ÁREAS CRÍTICAS E ZONAS DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO

O Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão do Território (RJIGT) determina a inclusão e a identificação, no âmbito (conteúdo material) dos instrumentos de planeamento estratégico e de gestão urbanística do ordenamento do território, das “condicionantes de caráter permanente, designadamente reservas e zonas de proteção, bem como as necessárias à concretização dos planos de proteção civil de âmbito municipal” e das “condições de atuação sobre as áreas críticas, situações de emergência ou de exceção, bem como sobre áreas degradadas em geral” (alíneas m) e o), do artigo 96º do Decreto-Lei nº 80/2015, de 14 de maio). Assim, a definição e expressão espacial cartográfica do grau

potencial de perigosidade, bem como a respetiva análise e avaliação, determina uma importância extremamente relevante no âmbito do planeamento e gestão urbanística, uma vez que permite identificação de áreas críticas, bem como a classificação e definição de classe de espaços non aedificandi; aedificandi, com restrições; aedifcandi, sem outras restrições/servidões.

Na delimitação das áreas críticas de projeção de blocos, adotou-se o modelo da linha de investigação de Jaboyedoff e Labiouse (2011), que permite a definição de áreas de propagação, a predição dos limites trajetoriais, e a distância potencial de um movimento de massa, com base nos resultados (energia (kj), velocidade cinética (m/s) e concentração de massa) provenientes da adoção de técnicas computacionais cinemáticas de modelação matricial.

No processo de análise e avaliação potencial do risco de inundações costeiras e eventos tsunamigéticos, nomeadamente na definição e delimitação das respetivas áreas críticas, foram adotados conceitos e noções de Miranda e Batista (2006), bem como os pressupostos metodológicos do Coastal Risk Analysis of Tsunamy and Enviromental Remediation (CRATER), desenvolvido pelo Centro Asiático de Prevenção de Desastres (CAPD/ADPC), e do “Caderno Técnico PROCIV 15. Riscos costeiros - Estratégias de prevenção, mitigação e proteção, no âmbito do planeamento de emergência do ordenamento do território”, da ANPC (2010). De igual forma, considerou-se os procedimentos metodológicos de representação cartográfica da Pacific EMPRINTS (Pacific Emergency Management, Preparedness, and Response Information Network and Training Services).

O processo de avaliação do risco tsunamigénico teve em consideração a propensão de ocorrência, no Arquipélago da Madeira, de eventos sísmicos de magnitude considerável localizados em regiões com potencial tsunamigénico, nomeadamente o setor ocidental da diretriz Açores-Gibraltar (limite tectónico das placas Núbia-Eurásia).

A expressão e delimitação cartográfica das áreas potencialmente inundáveis foi definida de acordo com os registos históricos de sobreelevação meteorológica e nos procedimentos associados ao cálculo e/ou estimativa do nível máximo de inundação (de acordo com os pressupostos de Masselink e Hughes (2003) e Andrade et al. (2008)), bem como fundamentada nos resultados provenientes da aplicação de modelos numéricos e cenários tsunamigénicos, de génese telúrica e não-sísmica (de diversos autores, tais como Ward e Day (2001), Batista et al. (2003), Blanc (2009), Omira et al. (2009) e Renou et al. (2010)). De igual forma, adotou-se os pressupostos cartográficos descritos em Miranda e Batista (2006) e as orientações metodológicas de Pascoal (2012).

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IN Capítulo II

No que diz respeito às Zonas de Segurança e Proteção ao Escoamento Hidráulico, a Lei nº 58/2005 de 29 de dezembro (Lei da Água), complementada pelo DecretoLei nº 77/2006 de 30 de março, e a Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos (Lei nº 54/2005, de 15 novembro), introduzem, no contexto nacional, um conjunto de medidas não-estruturais preventivas de mitigação e/ou atenuação dos efeitos perpetuados pelos processos de perigosidade, de génese hidrogeomorfológica, sobre o espaço contíguo/adjacente às margens das linhas de água, nomeadamente a regulamentação do uso e da ocupação do solo e a constituição de servidões administrativas e restrições de utilidade pública, através da definição de distâncias de segurança e faixas de proteção.

A entrada em vigor do Decreto Legislativo Regional nº 33/2008/M, de 14 de agosto, consubstanciou a adaptação da Lei nº 58/2005 de 29 de dezembro, bem como o respetivo regime jurídico (Decreto-Lei nº 77/2006 de 30 de março), às particularidades biofísicas, socioeconómicas e estruturais da RAM. Este documento determinou a “classificação específica” das zonas inundáveis ou ameaçadas por fenómenos de cheias e a implementação “de medidas especiais de prevenção e proteção”, através da regulamentação do uso e ocupação do solo (interdição e condicionamento à edificação) e da delimitação cartográfica nos “instrumentos de planeamento de recursos hídricos e de gestão territorial” das zonas potencialmenteciclicamente afetadas pelos processos de perigosidade. Salienta-se que, de acordo com o nº 5 do artigo 16º, “na ausência da delimitação e classificação das zonas inundáveis ou ameaçadas por cheias, devem os

Gráfico 14 – Distribuição espacial dos pontos críticos.

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Zonas de Segurança e Proteção , a Lei nº 58/2005 de 29 de

dezembro (Lei da Água), complementada pelo Decreto-Lei nº 77/2006 de 30 de março, e a Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos (Lei nº 54/2005, de 15 de novembro), introduzem, no contexto nacional, um

estruturais preventivas de mitigação e/ou atenuação dos efeitos perpetuados pelos processos de perigosidade, de génese hidrogeomorfológica, sobre o espaço contíguo/adjacente

ens das linhas de água, nomeadamente a regulamentação do uso e da ocupação do solo e a constituição de servidões administrativas e restrições de utilidade pública, através da definição de distâncias de

A entrada em vigor do Decreto Legislativo Regional nº 33/2008/M, de 14 de agosto, consubstanciou a adaptação da Lei nº 58/2005 de 29 de dezembro, bem

Lei nº 77/2006 de 30 de março), às particularidades biofísicas, socioeconómicas e estruturais da RAM. Este documento determinou a “classificação específica” das zonas inundáveis ou ameaçadas por fenómenos de cheias e a

de prevenção e proteção”, através da regulamentação do uso e ocupação do solo (interdição e condicionamento à edificação) e da delimitação cartográfica nos “instrumentos de planeamento de recursos hídricos e de gestão territorial” das zonas potencialmente e ciclicamente afetadas pelos processos de perigosidade.

se que, de acordo com o nº 5 do artigo 16º, “na ausência da delimitação e classificação das zonas inundáveis ou ameaçadas por cheias, devem os

instrumentos de planeamento territorial estaberestrições necessárias para reduzir o risco e os efeitos das cheias”.

Sobre as Zonas de Segurança e Proteção à Erosão Costeira, e de acordo com a ANPC (2010) a delimitação da faixa terrestre de proteção costeira é efetuada “a partir da linha que limita o leito das águas do mar para o interior, com a largura adequada à proteção eficaz da zona costeira, tendo por referência o declive e a natureza geológica e pedológica, onde se inclui a margem do mar”. Este documento, bem como o artigo 10º e 11º da Lei nº 54/2005 e o artigo 4º da Lei nº 58/2005, definem, através do conceito e/ou noção de margem, uma faixa de proteção, contígua e paralela ao limite do leito das águas do mar, com uma distância mínima de 50m.

A definição das faixas de proteção e de gestãcombustíveis - Zonas de Segurança e Proteção à Ignição de Incêndios - permite a constituição de zonas de intervenção direta e operacionalização prioritária no combate aos incêndios; a proteção passiva de vias de comunicação, de infraestruturas coletiequipamentos de utilidade pública, dos aglomerados populacionais e de edificações isoladas e de parques e polímeros industriais; bem como, contribui para o isolamento de potenciais focos de ignição de incêndios, com origem na rede elétrica.

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instrumentos de planeamento territorial estabelecer as restrições necessárias para reduzir o risco e os efeitos

Zonas de Segurança e Proteção à Erosão e de acordo com a ANPC (2010) a delimitação

da faixa terrestre de proteção costeira é efetuada “a imita o leito das águas do mar para o

interior, com a largura adequada à proteção eficaz da zona costeira, tendo por referência o declive e a natureza geológica e pedológica, onde se inclui a margem do mar”. Este documento, bem como o artigo

ei nº 54/2005 e o artigo 4º da Lei nº 58/2005, definem, através do conceito e/ou noção de margem, uma faixa de proteção, contígua e paralela ao limite do leito das águas do mar, com uma distância

A definição das faixas de proteção e de gestão dos Zonas de Segurança e Proteção à Ignição permite a constituição de zonas de

intervenção direta e operacionalização prioritária no combate aos incêndios; a proteção passiva de vias de comunicação, de infraestruturas coletivas e equipamentos de utilidade pública, dos aglomerados populacionais e de edificações isoladas e de parques e polímeros industriais; bem como, contribui para o isolamento de potenciais focos de ignição de incêndios,

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IN Capítulo II 61

03.4. ELEMENTOS ESTRATÉGICOS, VITAIS E/OU SENSÍVEIS

Na sequência do processo de análise, constatou-se uma maior concentração de pontos críticos (Gráfico 14) , dos 428 identificados, nas freguesias do Estreito de Câmara de Lobos e de Câmara de Lobos, contabilizando 117 e 114, respetivamente. Em termos de representatividade percentual, ambas as administrações contabilizam 53,9% das áreas sensíveis do Município.

Esta situação deve-se à prossecução de uma política de desenvolvimento local sustentável, com o objetivo de promover e potenciar a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar da população. Não obstante, de igual forma, corrobora a influência antrópica no aumento exponencial do grau de severidade dos processos de perigosidade, devido à contínua impermeabilização e alteração do uso do solo, ao licenciamento habitacional e à localização de equipamentos nevrálgicos em zonas propensas a acidentes graves associados a fenómenos de génese natural ou tecnológico.

Relativamente à área remanescente, os pontos críticos (197) encontram-se associados a infraestruturas que, pela sua dimensão, natureza e localização, são estruturantes no âmbito da rede viária intra e intermunicipal. Um exemplo encontra-se referenciado na freguesia do Curral das Freiras, na qual verifica-se uma correlação espacial entre as áreas de maior sensibilidade e a configuração do eixo rodoviário principal. Esta situação corrobora e determina um aumento significativo da vulnerabilidade e exposição da comunidade, sobretudo pelo facto de ser a única alternativa rodoviária.

Note-se que as áreas correspondentes às ‘zonas altas do Município’, particularmente nas freguesias do Estreito de Câmara de Lobos, Jardim da Serra e Curral das Freiras, concentram 62,3% dos pontos críticos, comparativamente aos resultados apresentados pelas homólogas junto à orla costeira (Câmara de Lobos e Quinta Grande), que, apesar de determinarem uma maior concentração populacional e infraestrutural, contabilizam somente cerca de 37,3% (160 pontos críticos).

03.5. ESTRATÉGIAS DE PLANEAMENTO, GESTÃO E MITIGAÇÃO DO RISCO

O processo de planeamento sectorial estratégico, no âmbito da proteção civil (Plano Gerais e Especiais de Proteção Civil, e respetiva cartografia de Risco) e do ordenamento do território (Instrumentos de Gestão Territorial), determina a prossecução objetiva de desenvolvimento de ferramentas espaciais estratégicas.

Especificamente, procede à objetivação concreta da organização, orientação, agilização e uniformização das ações de resposta necessárias às situações de acidente grave ou catástrofe, que constituem perigosidade para as populações e infraestruturas; a adaptação e estruturação do processo de planeamento e gestão do sistema urbano-rural à fenomenologia dos eventos, de modo a corrigir as deficiências e incongruências urbanísticas que, em determinadas circunstâncias, possam amplificar o respetivo grau de severidade; e, consequentemente, a dotação em áreas problemáticas e/ou críticas, dos meios e recursos necessários à minimização das consequências nefastas.

O conteúdo documental da Planta de Condicionantes do PDM não poderá conter premissas estáticas, uma vez que o espaço geográfico estabelece uma mutabilidade socioeconómica extremamente acentuada, ocasionando, numa lógica de melhoria contínua, uma constante atualização dos documentos, conforme estipulado no ponto 2, do artigo 18º, da Lei nº 65/2007 de 12 de novembro e no ponto 4, do artigo 50º, da Lei nº 27/2006 de 3 de julho. Esta versatilidade é motivada pela perceção de novos riscos, pela identificação de novas vulnerabilidades, pela existência de informações decorrentes de novos estudos ou relatórios de caráter técnico-científico, pela mudança dos meios e recursos disponíveis, pela alteração dos contactos das diversas entidades envolvidas nos planos, ou por mudanças do quadro legislativo em vigor. Neste contexto, no âmbito do processo de revisão do PDMCL, foi tido em consideração a análise dos seguintes vetores de atuação:

- A delimitação de áreas que, pelas suas características biofísicas e/ou socioeconómicas, possuam uma suscetibilidade acentuada à ocorrência de processos de perigosidade;

- A identificação dos pontos críticos que contribuem para o aumento do grau de severidade e da intensificação da capacidade destrutiva dos fenómenos;

- A definição e delimitação de distâncias e faixas de proteção e de segurança, bem como de áreas críticas, relativas aos processos de perigosidade;

- A caracterização da magnitude/severidade dos fenómenos recorrentes no território;

- A identificação do grau de exposição e vulnerabilidade da comunidade, e respetivo tecido socioeconómico, nomeadamente através da localização espacial de um conjunto de equipamentos, infraestruturas e sistemas de utilização coletiva;

- A apreciação da possibilidade de aumento da severidade e exposição para as populações e infraestruturas coletivas, por alteração do uso do solo, aquando do processo de implementação/aplicação do PDMCL, e respetiva AAE.

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IN Capítulo II 62

Em suma, num exercício de planeamento municipal, a introdução da suscetibilidade/perigosidade nos instrumentos de planeamento e gestão urbanística constitui uma medida não estrutural de mitigação e prevenção do risco, uma vez que possibilita, simultaneamente, o aumento da capacidade de previsão espacial dos fenómenos; uma melhor adequação e redação dos planos de proteção civil; a redução dos esforços de mitigação, com a adoção de medidas corretivas estruturais; e a minimização dos danos económicos e sociais colaterais.

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IN Capítulo II 63

04. DINÂMICA URBANA, MUTABILIDADE TERRITORIAL E PATRIMÓNIO

04.1. DINÂMICA ESPACIAL E URBANA

É feita neste subcapítulo uma caraterização do sistema urbano do concelho de Câmara de Lobos, através da análise da hierarquia da rede urbana municipal e das relações de interdependência existentes entre os vários núcleos urbanos do concelho.

Na delimitação da área de trabalho, recorreu-se sempre que possível a limites físicos perfeitamente identificáveis, designadamente, eixos de vias e linhas de água. Junto à linha de costa considerou-se o limite administrativo da Carta Administrativa Oficial Portuguesa de 2013 (CAOP).

Foram assim identificados, à escala municipal, cinco núcleos urbanos, que correspondem aos centros de freguesia do concelho.

Numa análise à escala regional, e de acordo com o estudo “Sistema Urbano: Áreas de Influência e Marginalidade Funcional”, desenvolvido pelo INE e pela DREM em 2004, o concelho de Câmara de Lobos apresenta apenas um centro urbano: a cidade de Câmara de Lobos.

04.1.1. ENQUADRAMENTO NO CONTEXTO REGIONAL

O centro urbano de Câmara de Lobos posiciona-se no 2º lugar em termos da hierarquia populacional e no 4º lugar na hierarquia da centralidade, evidenciando uma correlação negativa entre o número de equipamentos coletivos e os quantitativos populacionais, caraterizando-se por ser um centro urbano subequipado, a exemplo do Caniço e da Ponta do Sol.

O Funchal é o centro urbano mais procurado para a resposta a funções especializadas, mas também se verificam, no concelho de Câmara de Lobos, alguns movimentos da população à sede de concelho para acesso a estas funções. Estes movimentos, apesar de pouco frequentes, verificam-se também partindo do Curral das Freiras e da Quinta Grande, que são freguesias abrangidas pela área de influência do Funchal.

Efetivamente, o Funchal é o único centro urbano da Região com uma área de influência supramunicipal, abrangendo freguesias contíguas, como por exemplo Camacha e Curral das Freiras, definindo uma área de influência por continuidade, mas também freguesias mais distantes, como é o caso da Quinta Grande e da Fajã da Ovelha, definindo uma área de influência fragmentada.

Analisando, no referido estudo, os níveis de carência (de funções não especializadas) verifica-se que a sede de concelho de Câmara de Lobos apresenta um nível de carência nulo, seguindo-se as freguesias do Estreito de Câmara de Lobos e do Curral das Freiras com uma carência reduzida, e as freguesias da Quinta Grande e Jardim da Serra com uma carência moderada.

O nível de carência permite ainda avaliar a marginalidade funcional de um centro urbano, indicador avaliado portanto na perspetiva de carência de funções básicas, mas também segundo o grau de marginalidade face a funções mais especializadas. Em Câmara de Lobos, como em toda a Região, é possível verificar que as freguesias com caraterísticas de ruralidade apresentam um índice de marginalidade forte, como é o caso da Quinta Grande, Jardim da Serra e Curral das Freiras, contrastando com um índice fraco na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos e muito fraco na freguesia de Câmara de Lobos (Figura 12).

Figura 12 – Índice de marginalidade funcional das freguesias da RAM (INE, 2004).

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IN Capítulo II 64

Em termos regionais, podemos portanto concluir que o Funchal é o único centro urbano polarizador, definindo uma área de influência para funções muito especializadas que abrange todos os centros urbanos da região, mas que existe uma concentração de centros urbanos de alguma expressividade em termos de centralidade, concentrados na faixa litoral sul, desde Câmara de Lobos até Machico.

04.1.2. ANÁLISE DA ÁREA DE ESTUDO: CÂMARA DE LOBOS

As funções centrais assumem importância na caraterização do sistema urbano concelhio, sendo essencial conhecer-se a oferta de bens, serviços e equipamentos, quer público como privados, de cada núcleo urbano.

O Quadro 11 apresenta as funções centrais identificadas em núcleo urbano, e que contribuem, naturalmente, para a sua centralidade e hierarquização, assim como para a compreensão do seu funcionamento em rede. Ou seja, os núcleos urbanos são apresentados no quadro de modo hierárquico, após a seleção e quantificação das funções centrais e unidades funcionais.

Da análise ao quadro verifica-se uma polarização da sede de concelho – Câmara de Lobos, que apresenta um total de 77 funções num universo de 96 funções centrais, claramente superior aos restantes núcleos urbanos, contando com um total de 172 unidades funcionais, num total de 364 unidades contabilizadas, em todos os núcleos urbanos.

Ou seja, quer em termos de funções centrais como em termos de unidades funcionais, verifica-se um posicionamento destacado dos núcleos de Câmara de Lobos e Estreito de Câmara de Lobos, comparativamente aos núcleos do Curral das Freiras,

Jardim da Serra e Quinta Grande. Esta conclusão (cujo análise é apresentada, de forma mais desenvolvida, no Relatório setorial 04, Domínio da Dinâmica Urbana, Ou seja, quer em termos de funções centrais como em termos de unidades funcionais, verifica-se um posicionamento destacado dos núcleos de Câmara de

Lobos e Estreito de Câmara de Lobos, comparativamente aos núcleos do Curral das Freiras, Mutabilidade Territorial e Património) vai ao encontro do estudo do INE já referido: as freguesias com caraterísticas mais urbanas apresentam maior centralidade que as freguesias marcadamente rurais.

Apesar de o núcleo urbano de Câmara de Lobos se destacar, o do Estreito de Câmara de Lobos está também muito bem posicionado, quer em termos de funções centrais, como em termos de unidades funcionais. De facto, os núcleos urbanos de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos, destacam-se dos restantes núcleos urbanos do concelho, o que nos permite concluir que, o concelho de Câmara de Lobos possui dois núcleos urbanos de maior dimensão, determinada pelo número de funções centrais e de unidades funcionais que possuem, evidenciando uma estrutura comercial forte e com capacidade de atração relativamente aos restantes núcleos urbanos e freguesias do concelho.

Como núcleo urbano que ocupa a 3ª posição em termos de hierarquia, aparece o Curral das Freiras, com 13,71% de centralidade. Da análise à sua estrutura funcional, verifica-se a existência de algumas unidades funcionais de funções especializadas e funções muito especializadas, que podem justificar-se pela sua situação de quase periferia em relação à sede de concelho, bem como pelas suas próprias caraterísticas em termos de relevo/coberto vegetal, como por exemplo, a existência de uma extensão dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos e de um estabelecimento de ensino que engloba o pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos.

Ocupando as últimas posições no ranking da centralidade, encontramos os núcleos urbanos do Jardim da Serra e da Quinta Grande, com 6,40% e 3,95% de centralidade, respetivamente, evidenciando uma estrutura funcional de pouca expressividade composta no essencial por funções pouco especializadas, corroborando as conclusões do estudo do INE (2004), onde as referidas freguesias apresentam um índice de marginalidade forte, tratando-se de freguesias de caraterísticas marcadamente rurais.

Núcleos urbanos

Funções Centrais Unidades Funcionais

Setor Privado Equipamentos e Setor Público

Total Setor Privado Equipamentos e Setor Público

Total

Câmara de Lobos 47 30 77 128 44 172

Estreito de Câmara de Lobos 40 19 59 105 22 127

Curral das Freiras 10 13 23 15 13 28

Jardim da Serra 8 9 17 13 10 23

Quinta Grande 4 9 13 5 9 14

Quadro 11 – Número de funções centrais e unidades funcionais por núcleo urbano.

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IN Capítulo II

04.2. MUTABILIDADE TERRITORIAL ESPACIAIS INTERNAS

04.2.1. TERRITÓRIO, MOBILIDADE E SISTEMA

TRANSPORTES

Na relação entre a mobilidade e os usos do solo são recorrentes as referências ao desenvolvimento dos transportes e comunicações. Influenciada pela dispersão da construção e da urbanização, a mobilidade cresceu com os transportes e com as infraestruturas, que lhes serve de suporte. Posteriormente, as áreas urbanas e, em particular as cidades, passaram a conhecer novas dimensões, que se traduziram no surgimento de novos núcleos urbanos localizados, essencialmente, junós das redes de transporte.

Assim, a centralidade – outrora, caraterística exclusiva das cidades – passa a ser redistribuída pelos nós principais da rede de transportes, sobretudo, nos territórios adjacentes à cidade, realidade presente no concelho de Câmara de Lobos, como em toda a Região.

A configuração do território está portanto intrinsecamente associada às mutações que ocorreram ao longo dos tempos, sendo basilares as interações de cariz económico, social, bem como, a implementação de infraestruturas de transporte. Deste modo, a rentre o transporte e a organização do espaço caraterizase pela utilização diferenciada do solo, mas também, por desiguais intensidades do seu uso (Marques da Costa, 2007).

São seguidamente apresentadas algumas matérias relativas ao sistema de mobilidade no concelho de Câmara de Lobos, e que servem de sustentação de decisões no que diz respeito à localização de atividades e mobilidade, visando a qualidade de vida e bemdas populações.

Ativos

2001

Movimentos Pendulares Nº %

Na freguesia onde reside 4.812

Noutra freguesia do concelho 1.756

Saídas do concelho 6.977

Entradas no concelho 1.411

Total 14.956 100

Quadro 12 – Movimentos pendulares no concelho de Câmara de Lobos.

Fonte: INE

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

ERRITORIAL / DINÂMICAS

MOBILIDADE E SISTEMAS DE

Na relação entre a mobilidade e os usos do solo são recorrentes as referências ao desenvolvimento dos transportes e comunicações. Influenciada pela dispersão da construção e da urbanização, a mobilidade cresceu

os transportes e com as infraestruturas, que lhes serve de suporte. Posteriormente, as áreas urbanas e, em particular as cidades, passaram a conhecer novas dimensões, que se traduziram no surgimento de novos núcleos urbanos localizados, essencialmente, junto aos

outrora, caraterística exclusiva passa a ser redistribuída pelos nós

principais da rede de transportes, sobretudo, nos territórios adjacentes à cidade, realidade presente no

o de Câmara de Lobos, como em toda a Região.

A configuração do território está portanto intrinsecamente associada às mutações que ocorreram ao longo dos tempos, sendo basilares as interações de cariz económico, social, bem como, a implementação de infraestruturas de transporte. Deste modo, a relação entre o transporte e a organização do espaço carateriza-se pela utilização diferenciada do solo, mas também, por desiguais intensidades do seu uso (Marques da Costa,

São seguidamente apresentadas algumas matérias relativas ao sistema de mobilidade no concelho de Câmara de Lobos, e que servem de sustentação de decisões no que diz respeito à localização de atividades

, visando a qualidade de vida e bem-estar

Relativamente aos movimentos pendularesacordo com os dados dos C23780 ativos empregados e/ou estuconcelho de Câmara de Lobos nas suas deslocações diárias, entre casa e o local de trabalho ou estudo. Sendo de salientar, que o concelho de Câmara de Lobos apresenta um balanço positivo nos movimentos pendulares, concentrando mais de meno seu próprio concelho (62%), como se pode verificar pela análise ao Quadro 12.

No que se refere aos modos de transportenas deslocações pendulares, a informação censitária disponível sugere que no intervalo de uma década (2001-2011), se verificaram alterações significativas. As opções modais de transporte, passaram de deslocações sobretudo assentes no transportedeslocações estabelecidas preferencialmente através do transporte individual.

Figura 13 - Modos de transporte por freguesia

Ativos Empregados Estudantes

2011 2001 2011 2001

% Nº % Nº % Nº % Nº

32 3.644 24 4.924 68 5.601 64 9.736

12 2.014 13 731 10 1.047 12 2.487

47 7.025 47 1.593 22 2.103 24 8.570

9 2.295 15 28 0 51 1 1.439

100 14.978 100 7.276 100 8.802 100 22.232

Movimentos pendulares no concelho de Câmara de Lobos.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

65

movimentos pendulares, e de acordo com os dados dos Censos 2011, um total de 23780 ativos empregados e/ou estudantes utilizavam o concelho de Câmara de Lobos nas suas deslocações diárias, entre casa e o local de trabalho ou estudo. Sendo de salientar, que o concelho de Câmara de Lobos apresenta um balanço positivo nos movimentos pendulares, concentrando mais de metade dos mesmos no seu próprio concelho (62%), como se pode verificar

modos de transporte utilizados nas deslocações pendulares, a informação censitária disponível sugere que no intervalo de uma década

2011), se verificaram alterações significativas. As opções modais de transporte, passaram de deslocações sobretudo assentes no transporte coletivo, para deslocações estabelecidas preferencialmente através do

Modos de transporte por freguesia - 2011 (INE)

No que

respeita à duraç

ão média dos movi

Total

2001 2011

% Nº %

44 9.245 39

11 3.061 13

39 9.128 38

6 2.346 10

100 23.780 100

Page 68: 12. Relatório Síntese de Diagnóstico da Situação Existente ......de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia Preliminar 12. Relatório Síntese Município de Câmara

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 66

mentos pendulares, no concelho de Câmara de Lobos, os dados disponibilizados pelo INE sugerem-nos uma diminuição da duração, quando comparados os anos de 2001 e 2011. Facto que poderá estar relacionado com a melhoria das acessibilidades, mas sobretudo com a alteração dos modos de transporte utilizados.

04.2.2. CARATERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E DINÂMICA DO TERRITÓRIO

No que se refere à análise do parque habitacional, como se verifica através do Quadro 13, à data do último censo, existiam 13370 alojamentos no concelho de Câmara de Lobos, o equivalente a cerca de 10% do total da Região Autónoma da Madeira, o que corresponde a uma densidade de 256,4 alojamentos por Km², um valor significativamente superior ao verificado na Região, onde o valor é de apenas 161,85 alojamentos por Km².

No que se refere à análise do tipo de ocupação dos alojamentos, em 2011 o concelho de Câmara de Lobos detinha 13356 alojamentos familiares, dos quais 11825 se encontravam ocupados (10435 de residência habitual e 1390 de residência secundária ou uso sazonal) e 1531 desabitados. Também neste aspeto, as freguesias de Câmara de Lobos e Estreito de Câmara de Lobos se destacam, apresentando o maior número de alojamentos, em todas as formas de ocupação.

04.2.3. FUNCIONALIDADE DO TERRITÓRIO

Os dados do INE disponíveis, relativos às taxas de atração e de repulsão do território, e apresentados no relatório setorial 04, Domínio da Dinâmica Urbana, Mutabilidade Territorial e Património, sugerem que o Concelho de Câmara de Lobos é pouco atrativo, em termos de emprego, uma vez que não consegue reter grande parte da sua população residente empregada e simultaneamente não consegue atrair, em número significativo, a população ativa de outros municípios.

Também a capacidade de atração de estudantes de outros concelhos é praticamente inexistente, mas, por outro lado, o município apresenta uma Taxa de Repulsão da População Estudante de 24%, o que significa que tem a capacidade de reter no território uma parte significativa dos seus estudantes.

04.2.4. PRINCIPAIS EIXOS DE MOBILIDADE - INTERAÇÕES

A análise da figura seguinte permite aferir as principais interações de população ativa empregada, entre o Concelho de Câmara de Lobos e os outros concelhos da Ilha da Madeira, em ambos os sentidos. Esta informação salienta um desequilíbrio significativo entre os pares de movimentos, destacando-se o concelho do Funchal, como aquele que motiva o maior número de interações (7682), representando mais de 80% das interações registadas.

Alojamentos Familiares

Alojamentos Coletivos Total Densidade de Alojamentos

(Nº/ Km²)

Região Autónoma da Madeira 129.158 485 129.643 161,85

Município de Câmara de Lobos 13.356 14 13.370 256,4

Câmara de Lobos 6.219 7 6.226 804,67

Curral das Freiras 934 2 936 37,39

Estreito de Câmara de Lobos 3.977 3 3.980 505,76

Quinta Grande 848 0 848 204,8

Jardim da Serra 1.378 2 1.380 187,39

Quadro 13 – Alojamentos por freguesia – 2011 (INE)

Fonte: INE

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 67

Figura 14 – Interações diárias de população ativa empregada entre o concelho e Câmara de Lobos e os restantes concelhos da Ilha da Madeira (2011).

No que respeita as interações diárias de população estudante, o concelho de Câmara de Lobos apenas apresentava permutas (saídas e entradas) de estudantes com três concelhos, nomeadamente: Funchal, Ribeira Brava e Santa Cruz, o que poderá estar relacionado com questões de proximidade.

Através da análise dos movimentos casa-trabalho, verificou-se que os ativos empregados do concelho de Câmara de Lobos dependem, em grande número, de outros territórios para trabalhar.

Os movimentos pendulares apresentam, deste modo, um padrão conivente com as lógicas de dependência dos locais de emprego, pelo que é entre o concelho de Câmara de Lobos e o Funchal, que se estabelece a maior dinâmica nos movimentos pendulares.

04.2.5. CARATERIZAÇÃO DA DINÂMICA INTERNA DE

MOBILIDADE

A hierarquia da rede viária estabelece a importância das diferentes ligações entre os aglomerados. São coadjuvantes neste sentido, a dimensão, a importância da aglomeração, o interesse turístico local, as atividades e o estabelecimento de ligações com o exterior.

O objetivo primordial da hierarquização da rede viária é garantir um serviço aos cidadãos, bem como, às atividades desenvolvidas, não se restringindo, portanto, a uma questão de engenharia de tráfego rodoviário. Assim, torna-se necessário entender, à priori, o papel da via, consoante as ligações que oferece, culminando no tipo de perfil e condições de operação que esta deverá apresentar.

Considerando os pressupostos anteriores, foram definidos quatro níveis na hierarquia da rede viária do concelho de Câmara de Lobos, os quais passamos a explanar.

I) Nível 1 – Rede Estruturante – assegura os principais acessos ao concelho, as deslocações intraconcelhias de maior distância e, sobretudo, garante o atravessamento entre concelhos (ligações regionais e intermunicipais);

II) Nível 2 – Rede de Distribuição Principal – assegura a distribuição dos maiores fluxos de tráfego do concelho, bem como os percursos de média distância e o acesso à rede de 1º nível;

III) Nível 3 – Rede de Distribuição Secundária – é composta por vias internas aos aglomerados urbanos e assegura a distribuição próxima, bem como o encaminhamento dos fluxos vias de nível superior;

IV) Nível 4 – Rede de Distribuição Local (Rede de Proximidade) – é composto por vias estruturantes ao nível do bairro, com alguma capacidade de escoamento, onde o peão é já um elemento muito importante.

Com base nas diretrizes do IMTT (IBIDEM) e no Decreto Legislativo Regional n.º 32/2017/M de 15 de setembro, que procede à classificação das estradas da rede viária regional, são seguidamente agrupadas (Quadro 14) as vias que compõem a rede viária do município nos referidos níveis hierárquicos.

A rede viária do concelho de Câmara de Lobos é identificada na Planta anexa ao Relatório Setorial 4, do Domínio da Dinâmica Urbana, Mutabilidade Territorial e Património, e permite aferir que o concelho de Câmara de Lobos se encontra dotado de uma rede rodoviária conivente com a dimensão e com a importância do concelho, que integra a Aglomeração Metropolitana da RAM (Dantas, 2011), bem como com o número de habitantes e serviços de que dispõe.

Trata-se de uma rede viária marcadamente influenciada pelo relevo, pelos cursos de água e pelo estabelecimento das relações entre as unidades territoriais que se distinguem no seu território, bem como, pelas relações interconcelhias. Atualmente, a rede viária possui 383,3 Km de extensão, sendo que 145,6 Km correspondem às vias pedonais e 237,7 Km a vias de circulação rodoviária.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 68

Deve ainda ser salientado o elevado número de rodovias com ausência de passeios e particularmente os 92,1% de vias de sentido único descendente que não possuem qualquer passeio. Esta situação repercute-se também nas vias com dois sentidos, onde 82,4% dos eixos não disponibilizam passeio.

No que diz respeito ao tráfego rodoviário por transporte individual, os dados (apresentados no Relatório setorial) salientam que o volume de trafego diário na rede viária de Nível 1 é, por norma, superior no intervalo entre as 07h00 e as 20h00, sendo a seção da Ponte dos Frades - Câmara de Lobos a que regista o maior movimento automóvel nesse período, (atingindo 21964 veículos ligeiros/dia e 447 veículos pesados/dia), seguida da seção Alforra- Ponte dos Frades (com 18451 veículos ligeiros/dia e 404 veículos pesados/dia). Com uma menor relevância, neste período, surge a subseção Quinta Grande – Alforra (com 14642 veículos ligeiros/dia e 359 veículos pesados/dia). Em termos de relevância das diferentes subsecções o cenário é idêntico para restantes horários.

No que refere à análise da rede rodoviária de nível 2, a mesma foi efetuada apenas com base na monitorização do movimento rodoviário verificado na ER229, que é uma das vias estruturantes da rede rodoviária que complementa a rede principal e um eixo de comunicação que permite o movimento de veículos ligeiros, pesados e autocarros, entre as freguesias de Câmara de Lobos, Estreito de Câmara de Lobos e Quinta Grande.

A monitorização e registo do número de veículos foram efetuados pela Direção Regional de Estradas, entre 2010 e 2011, durante catorze dias consecutivos, em diferentes meses do ano.

Figura 15 – Seções da ER229 alvo de monitorização nos anos de 2010 e 2011 (Direção Regional de Estradas)

A análise dos dados obtidos pela monotorização destas quatro secções permite aferir que a circulação motorizada na ER229 é significativamente diferenciada consoante a secção analisada. Em termos de tráfego global, a Secção 2 (entre o Caminho da Bela Vista e a Rua Coronel Manuel França Dória) é a que apresenta um número médio diário de veículos superior. Estes valores poderão estar relacionados com o facto desta via constituir o principal acesso às freguesias do Estreito de Câmara de Lobos e Jardim da Serra, cujo elevado número de residentes e a dinâmica económica poderão justificar uma maior pressão de tráfego nesta secção.

Uma análise à capacidade de estacionamento no concelho permitiu aferir que a freguesia de Câmara de Lobos é, no contexto municipal, a que detém maior capacidade de estacionamento, com cerca de 72% do total de estacionamentos do concelho. Esta freguesia dispõe de 1353 lugares, dos quais 1130 correspondem a estacionamento lateral, anexo ao eixo rodoviário.

Nível Hierárquico da Rede Designação das Estradas Classificação Funcional

Entidades Responsáveis

NÍVEL 1 REDE REGIONAL PRINCIPAL

Estradas Regionais Principais Vias Rápidas Via Litoral

- iniciadas em 101 Vias Expresso Via Expresso

(e.g.: ER101) Vias Regulares Direção Regional de Estradas

NÍVEL 2 REDE REGIONAL COMPLEMENTAR

Estradas Regionais Complementares S/ Classificação

funcional Direção Regional de Estradas - iniciadas em 201

(e.g.: ER201)

NÍVEL 3

REDE MUNICIPAL PRINCIPAL

Estradas Municipais Principais

Câmara Municipal

REDE MUNICIPAL COMPLEMENTAR

Estradas Municipais Complementares

NÍVEL 4 REDE PEDONAL Caminhos/Veredas de circulação pedonal

Juntas de Freguesia

Quadro 14 – Hierarquização da rede viária.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 69

Por outro lado, a freguesia do Curral das Freiras é a que apresenta uma menor disponibilidade de lugares de estacionamento, com apenas 1,5% da oferta do concelho, representando 28 lugares dos quais 20 são laterais ao eixo rodoviário. Segundo a informação disponibilizada, esta freguesia não dispõe de estacionamento tarifado.

Em termos de segurança rodoviária, e com base nos dados apurados, tem-se verificado um crescimento no número de acidentes, incluindo o número de acidentes com danos, no período entre 2012-2014, valores que contrastam com o decréscimo do número de vítimas. Todavia, o número de acidentes com vítimas, apesar de ter aumentado de 75, em 2012, para 82, em 2013, apresentava um decréscimo significativo em 2014, com o total de 69 acidentes, dos quais resultaram 78 vítimas, o que corresponde a valores significativamente inferiores aos dos anos transatos.

As vias com maior sinistralidade foram, de forma bastante evidente, a Estrada João Gonçalves Zarco e a Rua Padre Pita Ferreira. Todavia, a Estrada de Santa Clara, a Rua Padre Eduardo Clemente Nunes Pereira e a Estada José Avelino Pinto, apresentam também um número considerável de sinistros.

O concelho de Câmara de Lobos é servido por transportes públicos rodoviários coletivos de administração privada e serviço público, sendo a concessão para o exercício desta atividade da responsabilidade de duas empresas: a RODOESTE – Transportadora Rodoviária de Madeira e a HORÁRIOS DO FUNCHAL – Transportes Públicos, S.A., através da Companhia dos Carros de S. Gonçalo S.A., respetivamente.

A RODOESTE disponibiliza um serviço de transporte mais amplo, que abrange a maioria das freguesias, nomeadamente, Câmara de Lobos, Estreito de Câmara de Lobos, Quinta Grande e Jardim da Serra. Atualmente, a rede, que estabelece ligações ao concelho de Câmara de Lobos, tem aproximadamente 675 Km de extensão.

Já a HORÁRIOS DO FUNCHAL assegura o acesso à freguesia do Curral das Freiras, suprindo a lacuna existente na operadora RODOESTE, que no âmbito do seu serviço de transporte coletivo, a oeste da cidade do Funchal, excetua esta freguesia. O grupo empresarial dispõe de uma rede com 232 Km de extensão, dos quais 57 Km dizem respeito ao trajeto que estabelece a ligação entre a cidade do Funchal e o Curral das Freiras.

Em termos de oferta de serviço de transporte público, as empresas que operam no município de Câmara de Lobos disponibilizam 655 percursos, que se distribuem entre as 05:00 horas e a 01:59 horas, pelos dias úteis da semana.

A globalidade do serviço de transporte público disponibiliza um acesso aos equipamento e/ou serviços numa distância máxima de 300 metros. O que significa que o sistema de serviços se encontra a uma distância-tempo de 4,5 minutos, por parte dos potenciais utilizadores. De um modo geral, é possível verificar que os equipamentos de utilidade pública (serviços públicos e paróquias) e os equipamentos de saúde (centros de saúde e farmácia) se encontram dotados de uma maior acessibilidade, relativamente aos equipamentos de ensino (escolas) e equipamentos de apoio social (centros de dia e serviço de segurança social).

A oferta do serviço de táxi no município de Câmara de Lobos, contemplada no Aviso nº 20314/2007, de 22 de outubro, é composta por um contingente de 47 táxis distribuídos por 11 praças. Posteriormente ao Edital, foram criadas 2 novas praças de táxis, sendo atualmente a capacidade de 51 lugares divididos por 13 praças.

De acordo com as normas camarárias, os táxis das freguesias de Câmara de Lobos, Estreito de Câmara de Lobos e Quinta Grande, funcionam em regime condicionado, limitando o estacionamento ao valor fixado pela Câmara Municipal (96% dos lugares totais). É exceção o Curral da Freiras que possui o regime de estacionamento fixo, o que restringe os taxistas ao local da respetiva licença.

Relativamente aos modos suaves de transporte, nomeadamente as redes pedonal e ciclável, verifica-se a inexistência de uma rede ciclável no concelho, cuja orografia limita a circulação de bicicletas.

Contudo, o uso da bicicleta ocorre, principalmente na cidade de Câmara de Lobos, fazendo-se através de uma coexistência indisciplinada da circulação ciclável, com o movimento pedonal e com o tráfego motorizado. A circulação não é oriunda apenas da população local, mas também, dos visitantes da cidade de Câmara de Lobos (FIGURA 25), que utilizam a bicicleta para usufruir do património da cidade, tanto paisagístico como arquitetónico.

Pelo exposto, deverá ser considerada a necessidade de planear e ordenar a sua circulação e estacionamento, com o intuito de melhorar a acessibilidade dos utilizadores e assegurar a sua segurança e conforto.

No que se refere à rede pedonal do município, apenas 10% das vias rodoviárias apresentam passeios, localizando-se estes nas áreas centrais das freguesias, nomeadamente na freguesia de Câmara de Lobos e Estreito de Câmara de Lobos, permitindo aos cidadãos deslocar-se com maior facilidade e segurança na malha urbana.

Para além dos passeios, a rede pedonal de Câmara de Lobos é composta por outros espaços de circulação e permanência de peões, caminhos, veredas, etc… que

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 70

segundo o Decreto-Lei n.º 34593/45, de 11 de maio, são caminhos públicos, de ligação secundária entre lugares.

A rede municipal de veredas, transversal às cinco freguesias, representa 39% da rede viária, localizando-se, sobretudo fora dos núcleos centrais. Apesar da maioria das veredas não estabelecerem uma ligação direta com serviços públicos ou polos de emprego, ou seja, de não compor a rede pedonal, é de extrema importância para a mobilidade da população local, dado que constitui a primeira e última fase das deslocações quotidianas, complementando os trajetos efetuados por transporte individual ou público.

Fisicamente 89,3% das veredas caraterizam-se por possuírem uma largura inferior a 1,5 metros conjugada, por vezes, com escadaria adaptada à orografia. Isto é, o desenho torna-as pouco acessíveis, reduzindo a capacidade de locomoção do individuo, quando associado a subidas acentuadas, especialmente, para os cidadãos de mobilidade reduzida.

04.3. PATRIMÓNIO

Além da óbvia relevância que o património tem num determinado município e região, pelo seu valor histórico, sociocultural e pelo seu potencial turístico, a identificação do património imóvel e do património natural reveste-se de grande importância no contexto da revisão do Plano Diretor Municipal pelo facto de o património classificado se assumir como restrições e servidões de utilidade pública.

A inventariação e a caracterização do património municipal foram feitas com base nos elementos previamente identificados em sede do PDM em vigor, e foi complementada no que toca ao património edificado com o apoio e conhecimento dos serviços municipais e com a listagem do processo de inventariação do património histórico municipal do concelho efetuado pelo Departamento de Ordenamento do Território em 2009.

04.3.1. PATRIMÓNIO NATURAL

A definição para património natural é a que consta da alínea n) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de julho, alterado pelo Decreto-Lei nº 242/2015, de 15 de outubro, designadamente “o conjunto de valores naturais com reconhecido interesse natural ou paisagístico, nomeadamente do ponto de vista científico, da conservação e estético”. O diploma também define na alínea r) como valores naturais como “os elementos da biodiversidade, paisagens, territórios, habitats ou geossítios”.

No concelho de Câmara de Lobos estão classificadas como áreas protegidas as integrantes do Parque Natural da Madeira (nomeadamente as áreas de paisagem protegida, as áreas de repouso e de vegetação de altitude) e as ZPE (Zona de Proteção Especial) da Rede Natura 2000: a Laurissilva da Madeira e o Maciço Montanhoso Central (classificadas pelo DLR nº3/2014/M, de 3 de março).

- Parque Natural da Madeira:

O PNM foi criado pelo Decreto Regional n.º 14/82/M de 10 de novembro, e está sujeito às medidas preventivas e disciplinadoras e de prevenção definidas pelo Decreto Legislativo Regional n.º 11/85/M, de 23 de maio.

Este abrange zonas com diferentes classificações, sendo que no caso do Concelho, abrange a Floresta Laurissilva e do Maciço Montanhoso Central classificadas como áreas protegidas, como SIC da Rede Natura 2000, como ZPE e ZEC, e a Laurissilva da Madeira como Património Mundial da UNESCO.

Para além destas áreas de património natural classificadas e já referidas e especificadas anteriormente, o Parque Natural da Madeira abrange ainda outro tipo de classificações como sendo a Reserva Geológica e de Vegetação de Altitude e a Paisagem Protegida do Curral das Freiras.

O Parque Natural da Madeira contempla zonas com diferentes estatutos de proteção, desde o mais elevado que corresponde às reservas totais e parciais, as zonas classificadas nos termos anteriores, até ao mais baixo, as zonas de transição. Estas últimas são as zonas mistas, onde já existe alguma edificação, mas onde se pretende controlar a expansão por forma a preservar as áreas efetivamente preservadas. Estas zonas correspondem a mais de metade da área classificada no concelho e encontram-se igualmente sujeitas a servidões e restrições de utilidade pública.

O Parque Natural da Madeira é atualmente tutelado pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM, criado pelo DLR nº 21/2016/M, de 13 de maio, que extinguiu o Serviço do Parque Natural da Madeira, a anterior entidade competente na matéria.

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IN Capítulo II

Figura 16 – Limites do Parque Natural da Madeira no concelho de Câmara de Lobos (Secretaria Regional do Ambiente)

- Floresta Laurissilva da Madeira:

A Floresta Laurissilva no Concelho de Câmara de Lobos corresponde a uma mancha localizada na Ribeira do Cidrão, num vale resultante entre o Pico do Cedro e Pico do Cidrão, numa área aproximadamente de 152 947m², ou seja, 15ha. Em termos representativos, corresponde a aproximadamente 10% do total de floresta Laurissilva classificada na RAM.

Além de integrar a Rede Natura 2000, a Floresta Laurissilva está classificada como área protegida de âmbito regional desde 1982, integrando o Parque Natural da Madeira (PNM), criado pelo Decreto Regional n.º 14/82/M de 10 de novembro, e sujeito às medidas preventivas e disciplinadoras e de prevenção definidas pelo Decreto Legislativo Regional n.º 11/85/M, de 23 de maio. Integra ainda, desde 1992, a Rede de Reserva Biogenética do Conselho da Europa e em 1999 foi classificada como Património Mundial da UNESCO.

Segundo o POGLM, a Laurissilva da Madeira (LM) caracteriza-se pela existência de um conjunto de comunidades autóctones, relativamentehabitats característicos da Região da Biogeografia da Macaronésia.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

Limites do Parque Natural da Madeira no concelho de (Secretaria Regional do Ambiente)

Floresta Laurissilva da Madeira:

Concelho de Câmara de Lobos corresponde a uma mancha localizada na Ribeira do Cidrão, num vale resultante entre o Pico do Cedro e Pico do Cidrão, numa área aproximadamente de 152 947m²,

5ha. Em termos representativos, corresponde a aproximadamente 10% do total de floresta Laurissilva

Além de integrar a Rede Natura 2000, a Floresta Laurissilva está classificada como área protegida de

ando o Parque Natural da Madeira (PNM), criado pelo Decreto Regional n.º 14/82/M de 10 de novembro, e sujeito às medidas preventivas e disciplinadoras e de prevenção definidas

al n.º 11/85/M, de 23 de de 1992, a Rede de Reserva

Biogenética do Conselho da Europa e em 1999 foi classificada como Património Mundial da UNESCO.

Segundo o POGLM, a Laurissilva da Madeira (LM) se pela existência de um conjunto de

comunidades autóctones, relativamente à fauna, flora e habitats característicos da Região da Biogeografia da

O Plano identificada todas as servidões administrativas e restrições de utilidade pública na sua área de intervenção e constantes da legislação em vigor, nomeadamente nos domínios do Regime Florestal, do Parque Natural da Madeira, das Edificações (Postos Florestais, Casas de Abrigo e outras), dos Percursos Pedestres, das Ribeiras, da Rede Viária, das Áreas Protegidas e dos Principais Biótopos.

Independentemente disso o reidentifica as atividade que estão interditas nesta área, assim como as que estão condicionadas e sujeitas a parecer vinculativo da entidade com a tutela, e os condicionamentos legais a aplicar às edificações e infraestruturas a licenciar na sua área de intervenção.

- Maciço Montanhoso Central:

A parte da Zona de Proteção Especial (ZPE) doMontanhoso Central (MMC) Lobos corresponde a uma faixa junto aos limites mais a Norte do município, na freguesia do CurrEstão em causa 4 619 113,69m2, ou seja, 462ha. Relativamente ao total da RAM, representa aproximadamente 5,6%, e corresponde igualmente à ZPE do Maciço Montanhoso Oriental.

Segundo o POGMMC, o Maciço Montanhoso Central corresponde à cordilheira central da ilha da Madeira e identifica-se na área do Parque Natural da Madeira como zona de reserva geológica e de vegetação de altitude. Pode descrever-se pelo relevo característico e tipo de rocha de origem vulcânica, bem como pelo tipo de vegetação.

Como esta área está integrada em zona de Parque Natural da Madeira, está também classificada como área protegida de âmbito regional.

Tal como o Plano de Ordenamento e Gestão (POG) da Laurissilva da Madeira, o POG do Maciço montanhoso Central também define as atividades interditas, as condicionadas e os condicionamentos na área do Maciço Montanhoso Central.

- Cabo Girão:

Em dezembro de 2015, o Cabo girão foi classificado como Sítio de Importância Comunitária (SIC) da RN2000, que coincide, em parte, com classificada Área Protegida do Cabo Girão (assim classificada em janeiro de 2017), e também algumas áreas classificadas como Paisagem Protegida do Cabo Girão (classificação de março de 2017).

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

71

O Plano identificada todas as servidões administrativas e restrições de utilidade pública na sua área de intervenção e constantes da legislação em vigor,

domínios do Regime Florestal, do Parque Natural da Madeira, das Edificações (Postos Florestais, Casas de Abrigo e outras), dos Percursos Pedestres, das Ribeiras, da Rede Viária, das Áreas Protegidas e dos Principais Biótopos.

Independentemente disso o regulamento do POGLM identifica as atividade que estão interditas nesta área, assim como as que estão condicionadas e sujeitas a parecer vinculativo da entidade com a tutela, e os condicionamentos legais a aplicar às edificações e

na sua área de intervenção.

Maciço Montanhoso Central:

A parte da Zona de Proteção Especial (ZPE) do Maciço Montanhoso Central (MMC) no Concelho de Câmara de Lobos corresponde a uma faixa junto aos limites mais a Norte do município, na freguesia do Curral das Freiras. Estão em causa 4 619 113,69m2, ou seja, 462ha. Relativamente ao total da RAM, representa

damente 5,6%, e corresponde igualmente à ZPE do Maciço Montanhoso Oriental.

Segundo o POGMMC, o Maciço Montanhoso Central heira central da ilha da Madeira e

se na área do Parque Natural da Madeira como zona de reserva geológica e de vegetação de altitude.

se pelo relevo característico e tipo de rocha de origem vulcânica, bem como pelo tipo de

Como esta área está integrada em zona de Parque Natural da Madeira, está também classificada como área protegida de âmbito regional.

Tal como o Plano de Ordenamento e Gestão (POG) da Laurissilva da Madeira, o POG do Maciço montanhoso

ine as atividades interditas, as condicionadas e os condicionamentos na área do Maciço

Em dezembro de 2015, o Cabo girão foi classificado como Sítio de Importância Comunitária (SIC) da RN2000, que coincide, em parte, com a também classificada Área Protegida do Cabo Girão (assim classificada em janeiro de 2017), e também algumas áreas classificadas como Paisagem Protegida do Cabo Girão (classificação de março de 2017).

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IN Capítulo II

Figura 17 – Manchas da Laurissilva da Madeira e dos Maciços Montanhoso Central e Oriental, no concelho de Câmara de Lobos.

Figura 18 – Mancha do Sítio de Importância Comunitária do Cabo Girão.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINARMUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

e dos Maciços celho de Câmara de

Sítio de Importância Comunitária do

No que diz respeito ao Património Natural de interessemunicipal em classificar, refere-se algumas áreas de floresta Laurissilva da Madeira, e outras zonas de floresta natural contendo exemplares de Laurissilva, identificadas pelo PDM em vigor, assim como as identificadas pela COSRAM (Carta de Ocupação do Solda Região Autónoma da Madeira). Estas áreas, embora não classificadas, devem ser salvaguardadas e devem, portanto, ser consideradas na Proposta de Plano apresentada no âmbito da Revisão do PDM de Câmara de Lobos.

04.3.2. PATRIMÓNIO EDIFICADO

O conceito de património cultural, legalmente estatuído, é o patente da Lei de Bases da Política e do Regime de Proteção e Valorização do Património Cultural, aprovada pela Lei n.º107/2001, de 8 de setembro. Segundo o artigo 2.º é entendimento que a património cultural correspondem “todos os bens que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objeto de especial proteção e valorização».

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

72

No que diz respeito ao Património Natural de interesse se algumas áreas de

floresta Laurissilva da Madeira, e outras zonas de floresta natural contendo exemplares de Laurissilva, identificadas pelo PDM em vigor, assim como as identificadas pela COSRAM (Carta de Ocupação do Solo da Região Autónoma da Madeira). Estas áreas, embora não classificadas, devem ser salvaguardadas e devem, portanto, ser consideradas na Proposta de Plano apresentada no âmbito da Revisão do PDM de Câmara

rimónio cultural, legalmente estatuído, é o patente da Lei de Bases da Política e do Regime de Proteção e Valorização do Património Cultural, aprovada pela Lei n.º107/2001, de 8 de setembro. Segundo o artigo 2.º é entendimento que a património cultural

respondem “todos os bens que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objeto de

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IN Capítulo II 73

No concelho de Câmara de Lobos existem cinco bens imóveis classificados, sendo um de interesse público (IIP) e quatro de interesse municipal (IM), todos na categoria de monumento.

Os IIP estão sujeitos a servidões administrativas nos termos dos diplomas aplicáveis, dispondo de uma zona de proteção especial, limitativa a qualquer intervenção no mesmo e na sua envolvência, bem como às condicionantes regulamentadas pelo PDM. O único imóvel desta categoria existente no concelho é a Quinta da Graça, localizado na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos e identificada na imagem seguinte.

Os imóveis de Interesse Municipal, nomeadamente a Capela de Nossa Senhora da Conceição ou de Nossa Senhora do Calhau, o Convento de São Bernardino, o Forno de Cal e a Quinta e Capela de São João, localizam-se na freguesia de Câmara de Lobos. Representam valores culturais de interesse, essencialmente para o Município de Câmara de Lobos e estão igualmente sujeitos a servidões administrativas, nos termos dos diplomas aplicáveis, dispondo também, em alguns casos, de uma zona de proteção especial, limitativa à intervenção no mesmo e na sua envolvência, bem como às condicionantes regulamentadas pelo PDM.

No concelho, apenas a Capela de Nossa Senhora da Conceição possui uma Zona de Proteção Especial.

Além dos imóveis classificados como de interesse municipal, são seguidamente enumerados outros (identificados no PDM em vigor), cujo interesse patrimonial se considera relevante, e para os quais se propõe, assim, a sua classificação.

Freguesia de Câmara de Lobos:

- Igreja de São Sebastião/Igreja Matriz de Câmara de Lobos; - Capela de São Cândido; - Capela do Espírito Santo; - Capela de Nossa Senhora da Boa Hora; - Capela de Nossa Senhora da Nazaré; - Capela de Nossa Senhora de Fátima, ou da Paz; - Capela de Nossa Senhora das Preces; - Capela de Nossa Senhora da Piedade/Convento da Caldeira; - Antigo Edifício dos Paços do Concelho; - Casa Pé do Pico; - Solar de Nossa Senhora da Nazaré/Quinta do Serrado. Freguesia de Curral das Freiras:

Quinta da Graça Estreito de Câmara de Lobos Rua José Joaquim da Costa

Classificação Interesse Público

Categoria Monumento

Diploma Portaria nº 79/2006, de 4 de julho, JORAM 1ª Série, nº 87

Valor Arquitetura Civil do Séc. XIX

Observações Zona de Proteção Especial definida em planta anexa à resolução

Natureza Jurídica Privada

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IN Capítulo II 74

- Igreja de Nossa Senhora do Livramento/Igreja Matriz do Curral das Freiras.

Freguesia do Estreito de Câmara de Lobos:

- Igreja de Nossa Senhora da Graça/Igreja Matriz do Estreito de Câmara de Lobos; - Capela das Almas; - Capela de Sant’Ana; - Capela da Quinta de Santo António; - Capela de Nossa Senhora da Encarnação; - Quinta de Santo António; - Quinta Veiga França/Quinta do Estreito; - Quinta da Família Macedo/Quinta da Pinheira; - Quinta do Sr. Tomás; - Solar das Almas. Freguesia do Jardim da Serra:

- Capela de São Tiago; - Quinta do Dr. Alberto Araújo/Quinta das Romeiras. Freguesia da Quinta Grande:

- Igreja de Nossa Senhora dos Remédios/Igreja Matriz da Quinta Grande; - Capela da Vera Cruz; - Quinta do Pomar. Estes imóveis, enquanto não estão classificados, estão no entanto sujeitos ao regime para eles definido pelo PDM em vigor (que não determinou, no entanto, condicionantes específicas, à exceção do impedimento à sua demolição) e posteriormente pelo regulamento da Revisão do PDM.

São ainda de referir alguns imóveis que não tendo sido propostos pelo PDM em vigor como património a classificar, até por não existir ainda uma análise histórica detalhada que fundamente essa opção, são imóveis com relevância e que interessa preservar. Nomeadamente:

Freguesia de Câmara de Lobos:

- Capela de Nossa Senhora das Dores; - Capela de Nossa Senhora da Boa Morte; - Igreja do Carmo; - Igreja de Santa Cecília; - Edifício Torres Bela.

Freguesia do Estreito de Câmara de Lobos:

- Quinta do Salão;

Freguesia do Jardim da Serra:

- Quinta do Jardim da Serra; - Quinta da Leonor; - Igreja do Jardim da Serra/Igreja Matriz do Jardim da Serra; - Capela de São Cristóvão. Além dos referidos imóveis, é ainda importante referir a existência de outros edifícios e construções, que configuram a imagem da memória coletiva das populações. Entre estes estão não só edifícios de arquitetura erudita, como construções de apoio à agricultura (gado, silos, eiras), moinhos e azenhas, construções relacionadas com o aproveitamento de água (fontes, pontes, aquedutos, represas, noras, levadas e tanques), edifícios e construções religiosas (igrejas, ermidas, conventos, cruzeiros, passos,...), muros em pedra aparelhada, caminhos tradicionais, lojas de tradição, fontanários, património escultórico e conjuntos edificados com valor cénico.

Destacam-se os conjuntos edificados do Ilhéu e do Caminho do Calhau e Trincheira, a Ponte dos Socorridos, a Ponte do Roque, o Poço do Largo do Poço e o Coreto da Autonomia.

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IN Capítulo II 75

Figura 19 – Distribuição do património imóvel classificado e imóvel de interesse no concelho de Câmara de Lobos

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IN Capítulo II 76

05. EQUIPAMENTOS, REDES E INFRAESTRUTURAS MUNICIPAIS

O presente subcapítulo apresenta a análise e diagnóstico aos Equipamentos de Utilização Coletiva (EUC), bem como às Redes de Infraestruturas presentes no município.

05.1. ENQUADRAMENTO LEGAL

De acordo com o Decreto Regulamentar nº 9/2009, de 29 de maio, ficha 25, retificado pela Declaração de Retificação nº 53/2009 de 2009, de 28 de julho, entende-se como Equipamento de Utilização Coletiva “as edificações e os espaços não edificados afetos à provisão de bens e serviços destinados à satisfação das necessidades coletivas dos cidadãos, designadamente nos domínios da saúde, da educação, da cultura e do desporto, da justiça, da segurança social, da segurança pública e da proteção civil”.

Este conceito de Equipamentos de Utilização Coletiva (EUC) corresponde ao conceito de equipamentos coletivos a que se refere o artigo 21º do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT), aprovado pelo Decreto-Lei nº 80/2015, de 14 de maio, e ao conceito de equipamentos a que se refere o artigo 43º do Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação (RJUE), aprovado pelo Decreto-Lei nº 555/99, de 16 de dezembro e alterado e republicado pelo Decreto-Lei nº 136/2014, de 9 de setembro.

O mesmo Decreto Regulamentar nº. 9/2009, de 29 de maio, ficha 25, retificado pela Declaração de Retificação nº 53/2009 de 2009, de 28 de julho, define as infraestruturas como fazendo parte de dois conjuntos: as Infraestruturas Territoriais e as Infraestruturas Urbanas.

As Infraestruturas Territoriais como sendo “os sistemas técnicos gerais de suporte ao funcionamento do território no seu todo”, onde se compreende como parte integrante das infraestruturas territoriais os sistemas gerais de:

• Circulação e transporte associados à conectividade (…) regional, municipal e interurbana, incluindo as redes e instalações associadas aos diferentes modos de transporte;

• Captação, transporte e armazenamento de água para os diferentes usos, de âmbito supraurbano;

• Transporte, tratamento e rejeição de águas residuais, de âmbito supraurbano;

• Armazenamento, tratamento e rejeição de resíduos sólidos, de âmbito supraurbano;

• Distribuição de energia e de telecomunicações fixas e móveis, de âmbito (…) regional, municipal e interurbano.

As Infraestruturas urbanas são definidas como “os sistemas técnicos de suporte direto ao funcionamento dos aglomerados urbanos ou de edificação em conjunto”. Este conceito de infraestruturas urbanas inclui em si o conceito de infraestruturas viárias, referido no artigo 43º do RJUE. São as infraestruturas que servem os espaços urbanos ou as edificações e correspondem, regra geral aos sistemas intraurbanos de:

• Circulação, contendo as redes e instalações associadas aos diferentes modos de transporte, incluindo o pedonal, e as áreas de estacionamento de veículos;

• Abastecimento de água, contendo as redes e instalações associadas ao seu armazenamento local e distribuição;

• Drenagem de águas residuais e pluviais, contendo as redes e instalações associadas à sua recolha e encaminhamento para tratamento ou rejeição;

• Recolha de resíduos sólidos urbanos e seu armazenamento e encaminhamento para tratamento e rejeição;

• Distribuição de energia e de telecomunicações fixas e móveis.

De acordo com o RJIGT (Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial) e o SRGT (Sistema Regional de Gestão do Território), os planos municipais de ordenamento do território devem definir estratégias, modelos e regulamentação para o planeamento de equipamentos de utilização coletiva, redes e infraestruturas.

Na Região Autónoma da Madeira (RAM), devido à sua autonomia político-administrativa, os domínios da saúde, da educação, dos transportes e comunicações e da energia são definidas estratégias e políticas conjuntamente com as Secretarias Regionais,

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IN Capítulo II 77

respetivamente, Secretaria Regional dos Assuntos Sociais, Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos, Secretaria Regional da Cultura, Turismo e Transportes e Vice-Presidência do Governo Regional. O domínio referido anteriormente, como sendo relativo ao ambiente e saneamento básico, foi concessionado pelo município à sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos denominada ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A., por um período de 30 anos contados a partir da data de celebração do contrato, como descrito no número 1, da Base IV, do Anexo II do Decreto Legislativo Regional nº 7/2009/M, de 12 de março.

05.2. EQUIPAMENTOS DE UTILIZAÇÃO COLETIVA

Partindo da listagem das diferentes tipologias de EUC identificadas nas “Normas para a Programação e Caracterização de Equipamentos Coletivos”, da Direção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (2002), e por forma a garantir uma melhor caracterização da rede de EUC presentes na área municipal, acrescentou-se outros grupos de equipamentos, cuja identificação é considerada pertinente, perfazendo o total de doze (12) grupos:

• Equipamentos Educativos;

• Equipamentos Desportivos;

• Equipamentos Culturais;

• Equipamentos de Saúde;

• Equipamentos de Segurança Pública e Proteção Civil;

• Equipamentos de Solidariedade e Segurança Social;

• Equipamentos de Administração Local e Serviços Públicos;

• Equipamentos de Lazer e Espaços Verdes;

• Equipamentos Empresariais e Comerciais;

• Equipamentos Turísticos;

• Equipamentos de Culto;

• Outros Equipamentos.

Não se seguiu a metodologia definida nas Normas da DGOTDU, pois representava que somente algumas das tipologias teriam critérios de caracterização e de programação.

No Relatório do Domínio 05 – Equipamentos, Redes e Infraestruturas Municipais, foram caracterizados os

equipamentos das tipologias acima referidas. Neste documento, é feita uma referência necessariamente resumida dos vários equipamentos existentes no concelho de Câmara de Lobos.

05.2.1. EQUIPAMENTOS EDUCATIVOS

Os estabelecimentos de ensino caracterizados neste relatório correspondem aqueles que se encontravam em funcionamento no ano letivo de 2013/2014.

Posteriormente, e ao abrigo da Portaria n.º 107/2015 de 3 de julho, das Secretarias Regionais das Finanças e da Administração Pública e da Educação, do Governo Regional da Madeira, ocorreu a fusão de várias escolas, nomeadamente:

- O jardim de infância o Pião fundiu-se com a Escola Básica do 1º Ciclo com Pré-escolar de Câmara de Lobos; - A Escola do 1º Ciclo com Pré-escolar do Pedregal fundiu-se com a Escola Básica do 1º Ciclo com Pré-escolar do Garachico, - A Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar das Romeiras fundiu-se com a Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar da Marinheira; e - A Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar de Seara Velha fundiu-se com a Escola Básica dos 1.º, 2.º e 3.º Ciclos com Pré-escolar do Curral das Freiras. Do total de 27 estabelecimentos existentes no Concelho, 21 estão integrados na rede pública e 6 na rede privada, perfazendo uma percentagem de 77,77% dos estabelecimentos integrados na rede pública e de 22,22% na rede privada. A freguesia de Câmara de Lobos detém um total de 14 estabelecimentos (51,85%), seguindo-se o Estreito de Câmara de Lobos com 8 escolas (29,63%), e a freguesia do Curral das Freiras e da Quinta Grande ambas com 2 estabelecimentos de ensino (7,41%) e por fim a freguesia do Jardim da Serra com 1 escola (a que corresponde 3,7% do total concelhio).

Verificou-se que, em 2013, em todas as freguesias, a taxa de ocupação das escolas era tanto maior quanto menor o nível de ensino.

A tabela seguinte apresenta os estabelecimentos de ensino disponíveis em cada freguesia do concelho.

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 78

. *No total dos níveis de ensino

Freguesia Nível de Ensino Identificação do Estabelecimento Natureza

Câmara de Lobos

Creche

O Golfinho Privada O Golfinho II Privada

Centro Social e Paroquial de Santa Cecília Privada

Infantário o Universo dos Traquinas Privada

Pré-escolar

O Golfinho Privada Centro Social e Paroquial de Santa Cecília Privada

Infantário o Universo dos Traquinas Privada

Centro Social e Paroquial do Carmo Privada EB1 com PE da Fonte da Rocha Pública

EB1 com PE da Lourencinha Pública EB1 com PE de Câmara de Lobos Pública EB1 com PE do Rancho / Caldeira Pública EB1 com PE de Alforra Pública

Ensino Básico 1º, 2º e 3º ciclos

EB1 com PE de Fonte da Rocha Pública EB1 com PE da Lourencinha Pública EB1 com PE de Câmara de Lobos Pública EB1 com PE do Rancho / Caldeira Pública EB1 com PE de Alforra Pública EB 2,3 da Torre Pública EB e Secundária Dr. Luís Maurílio da Silva Pública Ensino Secundário EB e Secundária Dr. Luís Maurílio da Silva Pública

Ensino Especial- Profissional EB 2,3 da Torre Pública

EB e Secundária Dr. Luís Maurílio da Silva Pública

Curral das Freiras

Creche EB 1,2,3 com PE do Curral das Freiras Pública Pré-escolar EB 1,2,3 com PE do Curral das Freiras Pública

Ensino Básico 1º, 2º e 3º ciclos EB 1,2,3 com PE do Curral das Freiras Pública

Ensino Profissional EB 1,2,3 com PE do Curral das Freiras Pública

Estreito de Câmara de Lobos

Creche Infantário Fundação D. Jacinta O. Pereira Privada

Pré-escolar

Infantário Fundação D. Jacinta O. Pereira Privada

EB1 com PE da Marinheira Pública EB1 com PE da Vargem Pública EB1 com PE do Covão Pública EB1 com PE do Estreito de Câmara de Lobos Pública EB1 com PE do Garachico Pública

Ensino Básico 1º, 2º e 3º ciclos

EB1 com PE da Marinheira Pública EB1 com PE da Vargem Pública EB1 com PE do Covão Pública EB1 com PE do Estreito de Câmara de Lobos Pública EB1 com PE do Garachico Pública EB2,3 do Estreito de Câmara de Lobos Pública Ensino Profissional EB2,3 do Estreito de Câmara de Lobos Pública

Quinta Grande Creche EB1 com PE da Quinta Grande Pública

Pré-escolar EB1 com PE da Quinta Grande Pública Ensino Básico-1.º Ciclo EB1 com PE da Quinta Grande Pública

Jardim da Serra Pré-escolar EB1 com PE do Jardim da Serra Pública

Ensino Básico - 1.º Ciclo EB1 com PE do Jardim da Serra Pública

Quadro 16 – Disponibilidade de Equipamentos de Ensino, por freguesia, no ano de 2016

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 79

Figura 20 – Distribuição espacial dos Equipamentos Educativos por freguesia e nível de ensino.

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IN Capítulo II 80

05.2.2. EQUIPAMENTOS DESPORTIVOS

De acordo com as “Normas para a Programação e Caracterização de Equipamentos Coletivos”, publicada pela Direção-Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU), os espaços onde se realizam atividades desportivas podem ser agrupados como sendo: - Espaços naturais ou espaços adaptados: aqueles

que permitem a realização de atividades desportivas sem que se imponha a construção ou arranjo material;

- Espaços construídos, espaços artificiais ou equipamentos propriamente ditos: implicam geralmente a utilização de importantes meios, que satisfaça as exigências essenciais do sistema desportivo.

Hierarquicamente, os equipamentos desportivos são colocados da seguinte forma:

- Equipamentos desportivos de base recreativos: são os equipamentos desportivos onde existe a movimentação espontânea de todos os escalões da população, para a prática de atividade na linha do “desporto para todos” e ocupação dos tempos livres;

- Equipamentos desportivos de base formativos: são

os equipamentos desportivos normalizados e polivalentes na sua utilização, criados e localizados por forma a servir um grupo de utentes escolares nas suas atividades curriculares e as coletividades desportivas locais;

- Equipamentos desportivos especializados: são os

equipamentos desportivos destinados à prática de modalidades particulares, exigindo espaços com grande especificidade organizacional;

- Equipamentos desportivos de competição e

espetáculo: são os equipamentos desportivos orientados para as competições de alto nível, tanto nacional como internacional, com grande capacidade de público e infraestruturas para comunicação social.

É na freguesia sede de concelho que se verifica a maior concentração de Equipamentos Desportivos, assim como uma maior diversidade, seguindo-se a freguesia de Estreito de Câmara de Lobos. Estas freguesias apresentam, respetivamente, 50% e 29,6% dos equipamentos desportivos existentes no concelho. O fato da freguesia de Câmara de Lobos ser a mais bem equipada em termos de equipamentos desportivos não pode ser dissociado do facto de se tratar da freguesia com maior número de habitantes e maior número de estabelecimentos de ensino no concelho (14 estabelecimentos de ensino), ou seja, um elevado número de possíveis utilizadores, obrigando a um investimento maior na construção e manutenção do parque desportivo.

De referir, no entanto, que em todas as freguesias do concelho existe pelo menos um equipamento do tipo Pequenos Campos de Jogos. As Salas de Desporto (pavilhões e ginásios) são também um equipamento frequente e assumem posições muito centrais nas freguesias onde se localizam. Seguem-se as piscinas cobertas (existem duas), os Grandes Campos de Jogos e as Pistas de Atletismo, com um equipamento. O Grande Campo de Jogos é o do Estádio de Câmara de Lobos, serve de suporte à atividade federada e escolar e encontra-se em bom estado de conservação e com todas as valências necessárias à sua função. A Pista de Atletismo localiza-se igualmente no Estádio de Câmara de Lobos e assume uma grande importância para esta prática desportiva a nível regional e local e também se encontra em bom estado de conservação, como aliás todos os equipamentos desportivos no concelho. No que diz respeito às Piscinas Cobertas, importa referir que a do Estreito de Câmara de Lobos se encontra desativada, mas a de Curral das Freiras, de construção recente, apresenta-se em muito bom estado de conservação. À exceção de 4 salas de ginásio, a totalidade dos equipamentos desportivos é de gestão pública. Em dois deles – Campo da Praia do Vigário e Polidesportivo do Bairro dos Pescadores - a manutenção e conservação é da responsabilidade da autarquia, e os pequenos campos de jogos, estando associados às escolas, são por elas geridos.

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 81

.

Freguesia Grandes Campos

de Jogos Pistas de Atletismo

Pequenos Campos de Jogos

Pavilhões e Salas Desportivas

Piscinas Cobertas

Total

Câmara de Lobos 1 1 9 11 0 22

Curral das Freiras 0 0 2 2 1 5

Estreito C.de Lobos 0 0 8 4 1 13

Jardim da Serra 0 0 2 1 0 3

Quinta Grande 0 0 1 0 0 1

TOTAL 1 1 22 18 2 44

Figura 21 – Distribuição espacial dos Equipamentos Desportivos por freguesia.

Quadro 17 – Disponibilidade de Equipamentos Desportivos, por freguesia, no ano de 2013.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo II 82

05.2.3. EQUIPAMENTOS DE SAÚDE

No Concelho de Câmara de Lobos existem 17 equipamentos de saúde, de natureza pública e privada, distribuídos pelas várias freguesias do município. As tipologias consideradas neste estudo foram o Centro de Saúde, a Clínica/Policlínica e as Farmácias.

Não foram contemplados os Consultórios Médicos ou as clínicas específicas em determinadas áreas, que completam desta forma a rede de cuidados de saúde do município.

A freguesia de Câmara de Lobos é a que tem mais equipamentos de saúde, totalizando 6 equipamentos de 3 tipologias. A do Estreito de Câmara de Lobos é a freguesia que se segue, com 5 equipamentos de saúde de 3 tipologias diferentes. As outras três freguesias dispõem de 2 equipamentos de saúde, nomeadamente Centro de Saúde e Farmácia.

A “Farmácia” é a tipologia mais frequente (identificando-se 8), seguindo-se os “Centros de Saúde”, com 6 equipamentos, contabilizando 1 por freguesia, à exceção da freguesia de Câmara de Lobos, que por ser a mais populosa possui 2 equipamentos desta tipologia – o Centro de Saúde de Câmara de Lobos e o Centro de Saúde do Carmo.

Os centros de saúde fazem parte da rede de cuidados primários contemplando cuidados de prevenção primária (promoção de educação para a saúde), secundária (diagnóstico, tratamento e referência para cuidados secundários) e terciária (reabilitação). Estes são cuidados habitualmente efetuados em regime de ambulatório.

Devido à proximidade com o concelho do Funchal e às boas acessibilidades bem como devido à população total do município, não se reúnem os requisitos para justificar a existência de um hospital no território municipal.

Para além dos Centros de Saúde, que têm uma natureza institucional pública e que prestam serviços gerais de saúde, em Câmara de Lobos existem equipamentos de saúde privados. Verifica-se um total de 3 equipamentos desta natureza, sem contabilizar os que prestam o serviço específico numa determinada área.

No que diz respeito às Farmácias, Pode verificar-se que a freguesia que maior número de farmácias dispõe corresponde a freguesia de maior movimentação de população bem como de bens e serviços, e assim sucessivamente acontece face à freguesia do Estreito de Câmara de Lobos. A programação das farmácias segue regras específicas, devidamente legisladas, mas rege-se também por critérios de proximidade e de população base, que não nos compete aqui analisar.

Freguesia Tipologia Designação Natureza

Câmara de Lobos

Clínicas Policlínica de Câmara de Lobos Privada

Centros de Saúde Centro de Saúde de Câmara de Lobos Pública

Centro de Saúde do Carmo Pública

Farmácias

Farmácia Lobos do Mar Privada

Farmácia Moderna Privada

Farmácia Popular Privada

Curral das Freiras Centros de Saúde Centro de Saúde do Curral das Freiras Pública

Farmácias Farmácia do Vale Privada

Estreito Câmara de Lobos

Clínicas Clínica de Nossa Senhora da Graça Privada

Centro Médico do Estreito – Policlínica, Lda Privada

Centros de Saúde Centro de Saúde do Estreito de Câmara de Lobos Pública

Farmácias Farmácia Nini Privada

Farmácia Silvestre Privada

Jardim da Serra Centros de Saúde Centro de Saúde do Jardim da Serra Pública

Farmácias Farmácia Martim Privada

Quinta Grande Centros de Saúde Centro de Saúde da Quinta Grande Pública

Farmácias Farmácia da Quinta Privada

Quadro 18 – Disponibilidade de Equipamentos de Saúde, por freguesia, no ano de 2016.

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IN Capítulo II 83

.

Figura 22 – Distribuição espacial dos Equipamentos de Saúde, por freguesia

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IN Capítulo II 84

05.2.4. EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E

PROTEÇÃO CIVIL

Os equipamentos de segurança pública e de proteção civil são os destinados a garantir a manutenção da segurança e da ordem pública nos vários domínios. Em Câmara de Lobos existe um total de 5 equipamentos

considerados nesta classificação, e identificados no quadro seguinte (Quadro 18).

De uma análise pode verificar-se que apenas três freguesias dispõem de equipamentos deste tipo, nomeadamente a freguesia de Câmara de Lobos, Curral das Freiras e Jardim da Serra. Na freguesia de Câmara de Lobos localiza-se os equipamentos principais, nomeadamente o Quartel dos Bombeiros e a Esquadra da Policia de Segurança Pública, estes cuja área de intervenção corresponde à área de todo o município. Os demais equipamentos, nomeadamente a extensão do quartel dos bombeiros na freguesia do Curral das Freiras deve-se essencialmente ao isolamento e distância que a mesma ainda apresenta. Já os postos florestais encontram-se em duas das freguesias de maior altitude. A freguesia da Quinta Grande não apresenta qualquer equipamento desta natureza.

05.2.5. EQUIPAMENTOS DE SOLIDARIEDADE E

SEGURANÇA SOCIAL

Os equipamentos de solidariedade e segurança social surgem como resposta social às necessidades dos grupos, comunidades, famílias e pessoas mais desfavorecidas. Procuram assegurar a maior participação e integração dos indivíduos pertencentes a estes grupos na sociedade civil e promover o seu bem-estar social, bem como o dos demais. Este tipo de equipamento destina-se normalmente a grupos de crianças, jovens ou idosos, em situação de risco, a pessoas com deficiência, com doenças ou pessoas dependentes, a toxicodependentes, garantindo a ocupação dos tempos livres dos mesmos, a sua formação e a sua segurança.

No município de Câmara de Lobos existe uma variedade de organismos públicos que dispõem de valências que podem integrar-se nas tipologias definidas pelas “Normas para a Programação e Caraterização de Equipamentos Coletivos”, além de várias iniciativas sociais, que, não sendo equipamentos no seu sentido físico, interessa também referir.

São identificados 25 locais onde há iniciativas sociais no concelho de Câmara de Lobos, conforme apresentados no quadro seguinte. A freguesia que maior número de iniciativas de solidariedade social tem é a freguesia de Câmara de Lobos, seguida da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos. Em termos de distribuição espacial, estas iniciativas encontram-se relativamente próximas umas das outras, refletindo sempre o centro de freguesia. Isto deve-se a estes centros corresponderem às zonas de maior afluxo populacional devido à maior acessibilidade e concentração de atividades.

As iniciativas de maior frequência são as atividades com a população em geral, numa percentagem de 18,18%, seguindo-se o centro de dia numa percentagem de 14,54% e o apoio alimentar e vestuário com 10,90%.Também é importante o centro de convívio e o atendimento social, ambas com 9,09% de representatividade perante o total de atividades. Seguem-se o apoio domiciliário e o centro comunitário, ambas com 5,45% no total. As restantes iniciativas representam individualmente 1,81% do total de iniciativas, e em conjunto pesam 20%.

Quanto aos equipamentos propriamente ditos, verificamos que 8 se localizam na freguesia de Câmara de Lobos, 2 na freguesia do Curral das Freiras, 7 na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, 4 na freguesia do Jardim da Serra e mais 4 na freguesia de Quinta Grande.

Freguesia Designação Natureza

Câmara de Lobos

Quartel dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos

Privada

Esquadra da Polícia de Segurança Pública

Pública

Curral das Freiras

Extensão do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos

Pública

Posto Florestal Pública

Jardim da Serra

Posto Florestal Pública

Quadro 19 – Disponibilidade de Equipamentos de Proteção Civil e Segurança Pública, por freguesia, no ano de 2013

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IN Capítulo II 85

Freguesia Instituição

Câmara de Lobos

Centro Comunitário Câmara de Lobos Viva

Casa do Povo de Câmara de Lobos

Centro Comunitário Cidade Viva

CSP de Santa Cecília

Centro de Atividades Ocupacionais de Câmara de Lobos

Instituto de Segurança Social da Madeira – IP - serviço local

CSP Carmo

Câmara Municipal de Câmara de Lobos

Curral das Freiras Casa do Povo do Curral das Freiras

Instituto de Segurança Social da Madeira – IP – serviço local

Estreito da Câmara de Lobos

Casa do Povo do Estreito de Câmara de Lobos

Centro Comunitário Vila Viva

Centro de Apoio Psicopedagógico

CSP Encarnação

Fundação D. Jacinta de Ornelas Pereira

Instalações da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Graça

Instituto de Segurança Social da Madeira – IP - serviço local

Jardim da Serra

Casa do Povo do Jardim da Serra

Centro Cívico do Jardim da Serra

Instalações da Igreja Paroquial de São Tiago

Instituto de Segurança Social da Madeira – IP - serviço local

Quinta Grande

Casa do Povo da Quinta Grande

Centro Cívico da Quinta Grande

Instalações da Igreja de N. Senhora dos Remédios

Instituto de Segurança Social da Madeira – IP - serviço local

Quadro 20 – Disponibilidade de Equipamentos de Solidariedade e Segurança Social, por freguesia, no ano de 2015.

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IN Capítulo II 86

Figura 23 – Distribuição espacial dos Equipamentos de solidariedade e Segurança Social, por freguesia.

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IN Capítulo II 87

05.2.6. EQUIPAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO LOCAL E SERVIÇOS PÚBLICOS

Os equipamentos de administração local e serviços públicos que foram considerados no concelho de Câmara de Lobos distribuem-se pelas categorias de Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Cartório, Conservatória, Finanças, Segurança Social e Correios. Esta tipologia de equipamento não tem enquadramento nas Normas da DGOTDU, pelo que foram listados no quadro abaixo e estão melhor caracterizados no Guia de Recursos elaborado pela Câmara Municipal de Câmara de Lobos em 2015.

05.2.7. EQUIPAMENTOS DE LAZER E ESPAÇOS VERDES

Nesta tipologia foram considerados os equipamentos de lazer existentes, como sejam os jardins, miradouros, parques infantis e os parques de merendas, tendo sido contabilizado um total de 14, no concelho. Destes 8 encontram-se localizados na freguesia de Câmara de Lobos, 3 na freguesia do Curral das Freiras e nas restantes freguesias 1 por cada.

Na categoria de Espaços Verdes foram unicamente incluídos os jardins públicos e não todas as zonas verdes que surgem na sequência de arranjos verdes decorrentes da construção de uma infraestrutura viária ou outra.

A tipologia com maior incidência é o miradouro totalizando 9, incluindo os miradouros e os miradouros com teleférico. Esta situação deve-se à orografia do concelho, que favorece e apela à criação de mais espaços desta natureza. Grande parte dos miradouros do concelho localiza-se na freguesia de Câmara de Lobos que, embora não tenha grande altitude, apresenta os miradouros mais conhecidos do concelho: o Cabo Girão e miradouro Churchill.

Já na tipologia de jardim público, consideramos pouco provida em todo o concelho. Embora se trate de um concelho ainda muito verde, a existência de espaços verdes de natureza pública é essencial.

Freguesia Instituição

Câmara de Lobos

Câmara Municipal de Câmara de Lobos

Junta de Freguesia de Câmara de Lobos

Cartório Notarial de Câmara de Lobos

Conservatória do Registo Civil, Predial e Comercial

Serviço de Finanças

Serviço de Segurança Social local

Curral das Freiras Junta de Freguesia do Curral das Freiras

Serviço de Segurança Social local

Estreito da Câmara de Lobos

Junta de Freguesia do Estreito de Câmara de Lobos

Serviço de Segurança Social local

Jardim da Serra Junta de Freguesia o Jardim da Serra

Serviço de Segurança Social local

Quinta Grande Junta de Freguesia da Quinta Grande

Serviço de Segurança Social local

Freguesia Identificação

Câmara de Lobos

Jardim de São Francisco

Jardim do Ilhéu

Miradouro do Cabo Girão

Teleférico e Miradouro do Rancho

Miradouro do Pico da Torre

Miradouro do Salão Ideal

Miradouro Churchill

Parque Infantil de Câmara de Lobos

Curral das Freiras

Miradouro da Eira do Serrado

Parque de Merendas

Parque Infantil

Estreito C. de Lobos

Miradouro da Boca dos Namorados

Jardim da Serra Miradouro da Boca da Corrida

Quinta Grande Teleférico e Miradouro da Fajã dos Padres

Quadro 21 – Disponibilidade de Equipamentos de Administração Local e Serviços Públicos, por freguesia, no ano de 2015.

Quadro 22 – Disponibilidade de Equipamentos de Lazer e Espaços Verdes, por freguesia, no ano de 2015.

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IN Capítulo II 88

Figura 24 – Distribuição espacial dos Equipamentos de Lazer e Espaços Verdes, por freguesia.

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IN Capítulo II 89

05.2.8. EQUIPAMENTOS EMPRESARIAIS E COMERCIAIS

Os equipamentos empresariais e comerciais considerados no concelho de Câmara de Lobos são os parques empresariais e os mercados municipais e totalizam 4 equipamentos, conforme o quadro abaixo.

Verifica-se que os parques empresariais encontram-se todos na freguesia de Câmara de Lobos esta que, para além da Quinta Grande, é a que tem melhor acessibilidade. Este fator, tal como a disponibilidade de espaço é determinante quando se pretende programar equipamentos desta natureza e dimensão. Quanto aos mercados verifica-se um na freguesia de Câmara de Lobos e outro na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, constituindo as duas freguesias mais desenvolvidos do concelho. Quer a freguesia do Jardim da Serra como a da Quinta Grande, pela sua proximidade respetivamente à freguesia de Câmara de Lobos e à Freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, bem como pela acessibilidade que têm, não necessitam de um mercado local nesta natureza. Já a freguesia do Curral das Freiras, pelo isolamento que apresenta, poderia estar provido de um equipamento desta natureza.

05.2.9. EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS

No concelho de Câmara de Lobos foram considerados 7 equipamentos turísticos. Um equipamento integrado na tipologia de equipamento de divulgação turística, nomeadamente o Posto de Turismo do Curral das Freiras, e sete empreendimentos turísticos. O quadro abaixo representa a distribuição por freguesia.

05.2.10. EQUIPAMENTOS DE CULTO

No concelho existem 4 equipamentos integrados na tipologia de equipamentos de culto e correspondem aos cemitérios. Estes estão distribuídos um por cada freguesia, à exceção da freguesia do Jardim da Serra que não tem cemitério.

A capacidade dos cemitérios do concelho está praticamente esgotada, à exceção do cemitério da freguesia da Quinta Grande que sofreu uma ampliação recente.

Freguesia Identificação

Câmara de Lobos Mercado Municipal de Câmara de Lobos

Parque Empresarial da Zona Oeste

Estreito C. de Lobos

Parque Empresarial de Câmara de Lobos

Mercado do Estreito de Câmara de Lobos

Mercado Municipal de Câmara de Lobos

Freguesia Identificação

Câmara de Lobos

Aldeamento Turístico Encosta do Cabo Girão

Quinta de São João

Curral das Freiras Estalagem da Eira do Serrado

Posto de Turismo do Curral das Freiras

Estreito C. de Lobos

Quinta do Estreito

Vila Afonso

Jardim da Serra Hotel Quinta da Serra

Quadro 23 – Disponibilidade de Equipamentos de Lazer e Espaços Verdes, por freguesia, no ano de 2015

Quadro 24 – Disponibilidade de Equipamentos Turísticos, por freguesia, no ano de 2015

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IN Capítulo II 90

05.2.11. DOTAÇÃO FUNCIONAL DE EQUIPAMENTOS

Segundo as “Normas para a Programação e Caracterização de Equipamentos Coletivos” da DGOTDU, para avaliar as necessidades ou a satisfação de equipamentos é necessário identificar os respetivos equipamentos, e identificar os demais indicadores por forma a obter cenários que permitem tomar opções concertadas com vista futura localização dos mesmos.

São apresentados indicadores como a área de influência / irradiação e a população de base. No primeiro caso a irradiação corresponde ao valor máximo do tempo do percurso ou a distância percorrida pelos utilizadores entre a residência e o equipamento, a pé ou de transporte, medindo-se m minutos ou quilómetros. No segundo caso representa a influência que o equipamento tem, correspondendo aos pontos obtidos pela irradiação. No terceiro caso presenta a população necessária para que se justifique a criação de um determinado equipamento. Este documento da DGOTDU não contempla, conforme já referimos todas as tipologias identificadas neste relatório pelo que somente será feita a análise dos contemplados e apenas face à população de base. Pretende-se com isto ter uma primeira abordagem à dotação de EUC no concelho de Câmara de Lobos.

05.2.11.2.EQUIPAMENTOS DESPORTIVOS

De acordo com As “Normas para a Programação e Caracterização de Equipamentos Coletivos” da DGOTDU, é recomendável uma área desportiva útil por habitante de 4m². Numa análise básica e primária dos dados dos equipamentos desportivos existentes no Município de Câmara de Lobos, constata-se que o total da área útil desportiva existente é de 35857,3 m² e, de acordo com os Censos 2011, a população residente no concelho é de 35666 habitantes. Estes valores indicam que o valor do índice de área desportiva útil é de 1,01m²/hab, valor bem abaixo dos 4,00m²/hab de referência, como descrito nas Normas da DGOTDU.

Nos “Grandes Campos de Jogos” apenas a freguesia de Câmara de Lobos, possui 1 equipamento desta tipologia. Todas as outras freguesias não possuem qualquer tipo de equipamento desta tipologia, cifrando-se o valor concelhio de 0,49m²/hab, bem abaixo do valor mínimo de referência que é de 2,00m²/hab, tal como descrito nas Normas da DGOTDU. Contudo apenas as freguesias do Estreito de Câmara de Lobos e do Jardim da Serra

dispõem de população (mínimo de 2500 habitantes) para que se pense na criação deste tipo de equipamentos.

As “Pistas de Atletismo” presentes no concelho apresentam um valor de índice cerca de dez vezes inferior ao mínimo de referência, ou seja de 0,08m²/hab quando o mínimo previsto nas Normas é de 0,80m²/hab. A existência de apenas uma pista no concelho, nomeadamente na freguesia de Câmara de Lobos, contribui em muito para que este valor seja bem reduzido.

No que toca aos “Pequenos Campos de Jogos” o valor do índice para o concelho de Câmara de Lobos, de 0,49m²/hab, é inferior ao recomendado nas Normas (1,00m²/hab), sendo que o valor mais baixo desta tipologia acontece na freguesia do Jardim da Serra, com 0,34m²/hab. Em sentido inverso a freguesia que dispõe de um índice mais elevado é o Curral das Freiras, com um valor de 0,80m²/hab.

Os equipamentos da tipologia “Pavilhões e Salas de Desporto” possuem, a nível concelhio, índice acima dos valores de referência, com valor de 0,21m²/hab, quando o valor de referência é de 0,15m²/hab. Apesar do índice encontrar-se acima do necessário, a freguesia da Quinta Grande não dispõe de nenhum equipamento desta natureza, sendo que as freguesias do Jardim da Serra e do Estreito de Câmara de Lobos possuem índices de 0,01m²/hab e 0,06m²/hab respetivamente, bem abaixo do que é recomendado.

O concelho de Câmara de Lobos dispõe de “Piscinas Cobertas” em apenas duas freguesias, Curral das Freiras e Estreito de Câmara de Lobos. Contudo o valor do índice é de 0,04m²/hab, superior ao valor de referência que se cifra nos 0,03m²/hab. De salientar que apenas a piscina do Curral das Freiras se encontra em funcionamento, pois a piscina da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos encontra-se desativada pelos motivos já descritos anteriormente. Relativamente a “Piscinas ao Ar Livre”, o concelho de Câmara de Lobos, encontra-se desprovido deste tipo de equipamentos desportivos, pelo que o valor do índice do concelho cifra-se em 0,00m²/hab.

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IN Capítulo II 91

05.2.11.3.EQUIPAMENTOS DE SAÚDE

Segundo as normas da DGOTDU a população base para a existência de um Centro de Saúde varia entre os 75000 e os 150000 habitantes. Caso se trate de extensões do Centro de Saúde deve ser previsto uma extensão por cada 4000 habitantes.

O concelho de Câmara de Lobos, com uma população total de 35666 habitantes, encontra-se provido de um total de 6 equipamentos que, segundo o Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, correspondem a Centros de Saúde. Assim, existem 6 vezes mais centros de saúde do que o exigido e não existe alguma extensão de centro de saúde quando deveria haver 8.

A distribuição adequada nos termos das normas seria então de aproximadamente duas a três extensões de centro de saúde nas freguesias mais populosas, designadamente a freguesia de Câmara de Lobos e a do Estreito, e de uma por cada outra restante freguesia, não sendo previsto centro de saúde.

05.2.11.4.EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA PÚBLICA

De acordo com as Normas da DGOTDU apenas as tipologias de Polícia de Segurança Pública e o Quartel dos Bombeiros têm enquadramento. Assim, no caso da primeira tipologia o critério não é uma população base mas o número de agentes por habitante, e no caso do quartel dos bombeiros não existe critério definido.

Aplicando a norma de programação ao concelho, verificamos que, como Câmara de Lobos tem um total de 55 agentes da Policia de Segurança Pública, para uma população de 35 666 habitantes, deveria dispor de um total de 89 agentes.

Calculando pelo mínimo exigível, ou seja considerando 1 agente por cada 400 habitantes, existem menos 34 agentes. De realçar que não são consideradas as especificidades locais, nomeadamente o distanciamento devido à acessibilidade concretizar-se através de outro município, como acontece com a freguesia do Curral das Freiras. Mais se acrescenta que se trata de uma esquadra da Policia de Segurança Pública, pelo que segundo as normas destina-se até apenas para 70 agentes.

05.2.11.5.EQUIPAMENTOS DE SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL

Segundo as Normas da DGOTDU existem uma variedade de tipologias referentes a iniciativas sociais. Tendo em conta as iniciativas identificadas anteriormente somente existem critérios definidos para o caso dos centros de atividades de tempos livres.

Assim, considerando que a população do concelho de Câmara de Lobos é de 35 666 habitantes, pode dispor até 17 centros desta natureza. No concelho existem 4 centros de atividades de tempos livres, pelo que existe uma escassez desta tipologia em 13 centros de atividades de tempos livres.

05.3. INFRAESTRUTURAS MUNICIPAIS

O presente subcapítulo tem por objetivo dar a conhecer o atual sistema de redes de abastecimento de água potável, a rede de drenagem de águas residuais domésticas e o sistema de recolha de resíduos sólidos que o município de Câmara de Lobos tem ao seu dispor para servir a população, fazendo a caracterização possível do sistema.

Para a caracterização das referidas redes de infraestruturas foi efetuada uma pesquisa de alguns elementos técnicos disponibilizados pela empresa à qual se encontra concessionada ao nível de manutenção e expansão dos três domínios, designadamente a ARM – Águas e Resíduos da Madeira S.A.. O município, através do contrato celebrado a 22 de fevereiro de 2011, aderiu ao Sistema Multimunicipal de Distribuição de Água e Saneamento Básico e ao Sistema Multimunicipal de Recolha de Resíduos da Região Autónoma da Madeira S.A.., cuja responsabilidade é da referida empresa.

Atendendo à escassez de dados mais antigo, nomeadamente desde 2002 (ano de elaboração do PDM em vigor), a análise da evolução dos sistemas está limitada, sendo portanto aqui apresentada uma caraterização, dentro das possibilidades e dados disponíveis, das infraestruturas existentes no concelho, à data de elaboração do presente Relatório.

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IN Capítulo II 92

05.3.1. ABASTECIMENTO DE ÁGUA

O sistema de abastecimento de água representa assim um conjunto de redes e equipamentos destinados ao abastecimento de água potável de uma comunidade para fins de consumo doméstico, serviços públicos, industria, comércio e outros usos.

Do sistema global de abastecimento de água existem vários equipamentos que permitem, em diferentes fases, proceder à captação, tratamento, transporte e armazenamento, nomeadamente:

- Captação (C) - instalação onde a água é retirada da sua origem natural.

- Estação de cloragem e/ou estação de tratamento de água (ETA) – instalações onde a água é tratada de modo a ser potável.

- Reservatório (R) - instalação onde a água é armazenada.

- Estação elevatória (EE) - instalação onde a água é bombeada (ou elevada) para zonas situadas a altitudes superiores.

- Conduta adutora (CA) - tubagem que transporta a água desde a captação até à rede de abastecimento, ligando os vários equipamentos e instalações.

- Rede de abastecimento (RA) – condutas, em regra instaladas na via pública, que transportam a água até aos ramais de ligação, os quais asseguram o abastecimento de água às habitações.

No sistema global de abastecimento de água são utilizados conceitos de infraestruturas em “alta” e em “baixa”. Os sistemas em “alta” são as componentes responsáveis pela captação, pelo tratamento e adução e, por vezes, pelo armazenamento da água em reservatórios de entrega. Por sua vez, os sistemas de abastecimento de água em “baixa” integram as componentes relacionadas com a distribuição de água à população, os respetivos ramais de ligação e os reservatórios de entrega que, por acordos previamente estabelecidos, não façam parte da rede em “alta”.

Na Madeira, os municípios, com o apoio incondicional do Governo Regional, ultrapassaram de forma exemplar o grande desafio de levar água a todas as pessoas e locais habitados na difícil orografia da ilha da Madeira (a taxa de cobertura de abastecimento público de água potável na Região Autónoma da Madeira ronda valores próximos dos 100%).

Perspetiva-se que este setor no futuro adote modelos de gestão mais eficientes e racionais, garantindo assim a modernização da rede, mantendo o seu caráter de interesse público e bem essencial.

No concelho de Câmara de Lobos a gestão do sistema de abastecimento de água foi concessionada à empresa ARM – Águas e Resíduos da Madeira S.A., em 22 de fevereiro de 2011, por meio do contrato de adesão ao Sistema Multimunicipal de Distribuição de água e Saneamento básico e ao Sistema Multimunicipal de Recolha de Resíduos da Região Autónoma da Madeira.

Atualmente e após um forte investimento para servir e melhorar as condições de vida da população do concelho, foi melhorada a rede de abastecimento de água e agora estão servidas zonas onde outrora seria impensável que esta fosse possível. Assim, Câmara de Lobos hoje em dia conta com uma taxa de atendimento na ordem de 99% da população (Censos 2011), por água proveniente da rede pública de abastecimento

Nos sistemas de Adução em Alta, em termos de origens de água localizadas no município, a água captada provém de dois tipos de origens: Origens de água subterrâneas (furos e nascentes) e origens de água superficiais (captações em linhas de água).

Existe apenas um furo dentro dos limites geográficos do município, mais precisamente o furo da Ribeira do Vigário. No entanto, atualmente a água captada no Furo do Vigário está apenas a ser utilizada para regadio agrícola.

Na freguesia do Curral das Freiras existem três origens de água na Ribeira do Cidrão (uma nascente e duas captações em linha de água), e outras duas origens no emboquilhamento oeste do túnel rodoviário do Curral das Freiras. A água captada nas origens localizadas no Curral das Freiras é depois encaminhada para a ETA do Curral das Freiras.

De referir que grande parte do caudal de água aduzido ao concelho de Câmara de Lobos é proveniente de origens de água localizadas em outros municípios, associados aos seguintes Sistemas: Sistema de Aproveitamento dos Fins Múltiplos dos Socorridos; Sistema Adutor dos Furos dos Socorridos; Origens de água associadas ao Sistema Adutor Machico-Funchal.

A ETA do Covão está implantada à cota altimétrica 536, junto à câmara de carga do Covão, na freguesia de Estreito de Câmara de Lobos, a qual recebe água a partir da câmara de carga do Covão (EEM). Possui um esquema base de tratamento inteiramente automatizado que inclui as etapas de pré-oxidação, a coagulação-floculação com decantação, a filtração gravítica equipada com um sistema de lavagem por ar e água em contracorrente, e a desinfeção final por cloro gasoso. Implanta-se sobre reservatório de regularização com

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IN Capítulo II 93

400m3 de volume útil – o Reservatório do Covão, do qual partem várias condutas adutoras ao município, as quais aduzem tanto as zonas altas e a zona central de Câmara de Lobos, como também as zonas baixas da cidade de Câmara de Lobos.

Na freguesia do Curral das Freirias, a rede de adução tem cinco origens em alta: três origens na Ribeira do Cidrão (duas origens superficiais e uma subterrânea) e duas captações no túnel rodoviário do Curral das Freiras. Através de condutas, a água destas captações é encaminhada para a estação de tratamento de água do Curral das Freiras onde é realizado o tratamento adequado.

No município de Câmara de Lobos estão implementadas três zonas de abastecimentos (PCQA 2017) associadas ao sistema de abastecimento em Alta, nomeadamente:

- Zona de Abastecimento da ETA do Covão (Alta), associada às seguintes infraestruturas:

- Origens: origens do Sistema Adutor dos Fins Múltiplos dos Socorridos;

- ETA do Covão; - Zona de abastecimento da Lourencinha, associada às seguintes infraestruturas:

- Origens: Furos dos Socorridos, origens do Sistema Adutor dos Fins Múltiplos dos Socorridos, origens associadas ao Sistema Adutor Machico Caniçal;

- Estação de Cloragem e Estação Elevatória da Lourencinha;

- Zona de Abastecimento do Curral das Freiras (Alta), associada às seguintes infraestruturas:

- Origens: Origens da ETA do Curral das Freiras;

- ETA do Curral das Freiras.

Relativamente à rede em “baixa”, o abastecimento de água de Câmara de Lobos está construído como uma rede ramificada e interligada entre reservatórios, para que haja uma compensação caso uma das origens ou seus componentes falhem sejam compensado por outra, de forma a evitar roturas no abastecimento de água potável.

No município de Câmara de Lobos estão implementadas 6 zonas de abastecimento (PCQA 2017) associados ao sistema de abastecimento em baixa, nomeadamente:

- Zona de abastecimento da ETA do Covão + Sistema Adutor dos Socorridos (SAS) + Sistema Adutor Machico-Funchal (SAMF):

- Origens: ETA do Covão, Furos dos Socorridos e Sistema Adutor Machico-Funchal;

- 2 Reservatórios: Reservatório do Pé do Pico e Pico da Torre

- 1 Estação Elevatória: EE do Pico da Torre - Zona de Abastecimento do Sistema Adutor Machico-Funchal + Sistema Adutor dos Socorridos + Nascente Brava:

- Origens: Furos dos Socorridos, sistema Adutor Machico-Funchal e Nascente Brava;

- 1 Estação de Desinfeção: Estação de Desinfeção da Lourencinha;

- Zona de Abastecimento das Nascentes da Fonte Serrão:

- Origens: Nascentes da Fonte Serrão; - 1 Reservatório: Reservatório da Lourencinha; - 1 Estação de Desinfeção: Estação de

Cloragem da Lourencinha; - Zona de Abastecimento da ETA do Covão + Nascentes da Corrida 1 e 2:

- Origens: 2 Nascentes: Nascente da Corrida, furado da Corrida;

- 2 Reservatórios: Reservatório das Corticeiras e Reservatório da Corrida;

- 3 Estações de Desinfeção: EE 1 das Corticeiras, EE 2 das Corticeiras e EE do Marco da Fonte da Pedra;

- Zona de Abastecimento da ETA do Covão: - Origens: ETA do Covão - 14 Reservatórios: Reservatórios das

Romeiras, Marinheira, Nogueira, Ribeira Garcia e Cruz da Caldeira, Lombo do Galo, Pico e Salões, Calvário, Garachico, Intermédio do Covão, Castelejo, Parque Empresarial de Câmara de Lobos, Fontainhas e Quinta Grande;

- 7 Estações Elevatórias: EE da Estrada da Fajã das Galinhas, Romeira, Calvário, Ribeira Garcia, Cruz da Caldeira, Fontainhas e Quinta Grande;

- Zona de Abastecimento da ETA do Curral das Freiras: - Origens: ETA do Curral das Freiras; - 1 Reservatório: Reservatório da Terra Chã.

A freguesia do Curral das Freiras possui atualmente uma Estação de Tratamento de Água, à qual está associada uma Estação de Cloragem e um reservatório que abastece os sítios da Achada, Casas Próximas e Capela. Da referida instalação parte uma conduta adutora que abastece o reservatório de distribuição da Terra Chã, o qual está associado a uma rede de distribuição que abastece o sítio da Terra Chã. Quanto aos restantes sítios, a água provem das várias nascentes espalhadas pela freguesia e cada uma dessas nascentes abastece um sistema para um determinado sítio sem qualquer tratamento prévio. No entanto, a ARM, S.A. está a estudar a implementação de sistemas de desinfeção nestas redes onde não há tratamento adequado. Na

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IN Capítulo II 94

freguesia do Curral das Freiras, apenas os consumidores servidos pela ETA do Curral das Freiras e do Reservatório da Terra Chã são clientes da ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A., pelo que não é possível estimar a população servida a partir de outras origens.

As nascentes existentes na freguesia do Curral das Freiras são:

- Nascente dos Galinheiros; - Nascente da Fajã Capitão; - Nascente do Pau Formoso; - Nascente do Colmeal de Cima; - Nascente do Colmeal de Baixo; - Nascente da Água do Alto 1 e 2; - Nascente da Ribeira do Cidrão; - Nascente do Falso; - Nascente da Fonte Gordinho; - Nascente da Capela 1 e 2; - Nascente do Corgo dos Açougues; - Nascente do Pico do Cedro 1 e 2.

No que diz respeito à cobertura da rede, com base nos Censos 2011, é possível constatar que 608 das pessoas residentes no concelho possuem água canalizada na sua habitação, mas proveniente de uma rede particular. De verificar que apenas 152 pessoas, num universo de 35631, não possuem água canalizada na sua residência constituindo assim 1% da população total do concelho.

Segundo os dados fornecidos pela ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A., cerca de 94% do volume de água total fornecido ao município provém da Estação de Tratamento de Água do Covão e do Sistema Adutor dos Furos dos Socorridos e Sistema Adutor Machico – Funchal. Também existem outras origens, mas estas com uma muito menor expressão, nomeadamente as Nascentes da Corrida, as Nascentes da Fonte Serrão e a Nascente Brava.

Relativamente ao volume de água tratada, aproximadamente 95% do volume total de água tratada dá-se na ETA do Covão. A Estação de Tratamento de Água do Covão insere-se no denominado Sistema Adutor do Aproveitamento dos Fins Múltiplos dos Socorridos, e encontra-se implantada imediatamente a jusante do Túnel dos Socorridos, à cota de 540 metros.

Gráfico 15 – Volume de água tratada, por Estação de Tratamento ou Estação de cloragem, em 2014 (ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A.)

No ano de 2016 foi concluída a empreitada da Rede de Abastecimento de Água da freguesia do Curral das Freiras – Fase 1, que dotou parte da referida freguesia com novas infraestruturas de abastecimento de água e de drenagem de tratamento de águas residuais, beneficiando assim cerca de 955 habitantes.

No que diz respeito ao volume de perdas, verificou-se que este tem aumentado ao longo dos anos, passando de 65% em 2012, para 69% em 2014 (dados da ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A.).

Em termos de futuros, e de modo a melhorar a eficiência das redes e reduzir o nível de perdas, a ARM prevê a realização de vários melhoramentos através da execução de novas redes e da implementação de Zonas de Medição e Controlo, além do já referido anteriormente relativamente à água não tratado do Curral de Freiras.

Com Água Canalizada no Alojamento

Com Água Canalizada Fora do Alojamento Mas Disponível no Edifício

Sem Água Canalizada no Alojamento ou Edifício

Proveniente da rede pública

Proveniente de rede particular

Alojamentos

10.183 188 8 56

Famílias Clássicas

10.207 188 8 56

Pessoas Residentes

34.839 608 32 152

Quadro 25 – Abastecimento de água no concelho de Câmara de Lobos, por tipo, em 2011 (INE, CENSOS 2011)

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IN Capítulo II 95

05.3.2. SISTEMA DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS

De uma forma geral, um sistema de drenagem e tratamento de águas residuais no concelho de Câmara de Lobos inclui um conjunto de equipamentos e redes de transporte, interceção, tratamento e rejeição de águas residuais no meio recetor. Os principais equipamentos que compõem estes sistemas são os que se seguem:

- Redes de drenagem – constituídos por tubos enterrados na via pública, intercetados com caixas de visita/inspeção;

- Estações elevatórias (EE) – constituídas por um conjunto de equipamentos que permitem elevar os efluentes a uma cota superior;

- Estações de Tratamento de Água (ETAR) ou Fossas sépticas Coletivas (FSC) – equipamentos que permitem depurar/tratar os efluentes, colocando-os nas condições previstas em decreto para lançamento no meio recetor;

- Emissários e intercetores – conjunto de condutas que enviam os esgotos tratados até ao meio recetor;

- Pontos de rejeição de águas residuais com descarga direta no meio recetor sem tratamento (DD) e com tratamento (DAT).

De acordo com os Censos 2011,verifica-se que 32947 das pessoas residentes no concelho de Câmara de Lobos, num total de 35666 pessoas habitantes no concelho, possui ligação da rede de drenagem domiciliária quer a um sistema público ou privado de drenagem de águas residuais.

Através do quadro seguinte é possível observar de uma forma discriminada o tipo de instalação existente.

Fonte: INE, Censos 2011

O sistema de drenagem de águas residuais das freguesias de Câmara de Lobos, Quinta Grande, Estreito de Câmara de Lobos e Jardim da Serra está interligado de forma radial e através de um sistema de estações elevatórias e coletores que convergem para a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Câmara de Lobos, que se localiza junto ao cais de Câmara de Lobos e possui um emissário submarino.

Em 2016 iniciou-se a remodelação desta instalação de modo a implementar o nível de tratamento primário na ETR de Câmara de Lobos dando cumprimento à Diretiva do Conselho nº 91/271/CEE, de 21/05/1991.

Em relação à freguesia do Curral das Freiras, em 2016 foram executados importantes investimentos ao nível das infraestruturas de drenagem e tratamento de águas residuais, nomeadamente com a execução de uma nova rede de drenagem de águas residuais, uma estação elevatória e uma ETAR compacta com tratamento secundário.

Em termos evolutivos a rede de drenagem de águas residuais domésticas não obteve a grande variação que a rede de abastecimento de água observou, verificando-se que, entre o ano 2002 e 2011, houve um acréscimo de população servida por esta infraestrutura de apenas 10%. Este facto deve-se primordialmente ao facto das redes de drenagem de águas residuais domésticas, na sua grande maioria, terem a gravidade com meio de transporte até ao destino de tratamento, neste caso a ETAR de Câmara de Lobos. Dada a orografia difícil do concelho, principalmente nas zonas altas, torna-se muito difícil e oneroso a implementação de sistemas públicos de recolha de águas residuais nas zonas de vale, implicando muitas vezes investimento ao nível de ETAR´s intermédias ou poços de bombagem. Daí que, ainda hoje em dia, haver muitas situações de sistemas de tratamentos de esgotos individuais privadas, as denominadas fossas sépticas.

Instalações Sanitárias (IS) / Esgotos

Com IS no alojamento Com latrina fora do alojamento mas disponível

no edifício Sem latrina ou IS Ligado à rede pública

de drenagem de águas residuais

Ligado a sistema particular de drenagem de águas residuais

Outros casos

Alojamentos 5.814 4.048 477 10 86

Famílias Clássicas

5.828 4.057 478 10 86

Pessoas Residentes

20.523 13.309 1.584 29 186

Quadro 26 – Número de instalações sanitárias no concelho de Câmara de Lobos, em 2011.

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IN Capítulo II 96

Em termos de futuro, para além do já referido investimento na ETAR de Câmara de Lobos, atualmente em execução, a ARM prevê a execução de vários melhoramentos ao nível de lançamento de novas redes e melhoramentos dos equipamentos existentes, nomeadamente através do Projeto de Execução da Remodelação e Ampliação dos Sistemas de Abastecimento e de Drenagem da Zona Oeste – Fase 1. A ARM está também a estudar a implementação de novas infraestruturas de águas residuais na freguesia do Curral das Freiras, através da execução de novas redes de drenagem e através de execução de fossas sépticas compactas.

05.3.3. SISTEMA DE RECOLHA DE RESÍDUOS URBANOS

Nos últimos anos, o Município introduziu várias medidas e ações orientadas para uma gestão eficaz dos resíduos produzidos, as quais passaram por uma forte aposta na Educação Ambiental, em articulação estreita com as Escolas do Concelho; pela otimização dos circuitos de recolha; pelo aumento do número de Ecopontos; pela extensão da recolha seletiva a outras fileiras de resíduos, nomeadamente, de sucatas e produtos de grande formato; entre outros aspetos.

Atualmente a ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S. A. é responsável pelo Sistema Multimunicipal de Recolha de Resíduos da Região Autónoma da Madeira, nomeadamente do concelho de Câmara de Lobos.

Fonte: ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A

Existe assim um sistema de remoção de resíduos indiferenciados, rotas específicas para a recolha de resíduos de papel/cartão, embalagem e vidro, e, ainda, disponibiliza um serviço de remoção porta a porta de resíduos de grande formato.

Na maior parte das freguesias de Câmara de Lobos, a recolha de lixo indiferenciado é feito duas vezes por semana, à exceção dos centros urbanos de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos que é feita três vezes por semana.

Quanto à recolha dos ecopontos (vidro, papel/cartão e plástico/metal) esta é feita apenas uma vez por semana, realizada em dias diferentes das da recolha dos indiferenciados.

A ARM – Águas e Resíduos da Madeira S.A também efetua a recolha de materiais específicos, tais como, eletrodomésticos, óleos alimentares, resíduos de madeiras, resíduos verdes, grandes formatos, resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE), pneus e metais.

Apesar de haver uma grande evolução desde o ano de 2002, ainda falta uma grande caminho a percorrer em termos de recolha seletiva, verificando-se que em 2014 a recolha seletiva representa apenas cerca de 6.40% do volume total (de acordo com dados da ARM), o que se encontra longe os valores desejáveis.

Constata-se que o volume total de resíduos recolhidos tem vindo a diminuir, o que se reflete numa maior sensibilização por parte da população No que toca às políticas de redução de resíduos e num maior reaproveitamento de alguns tipos de materiais.

Tem-se verificado, assim, um forte investimento nesta área, com um aumento significativo no número de veículos que executam a recolha de resíduos sólidos urbanos.

Fonte: ARM – Águas e Resíduos da Madeira, S.A.

Origem Lugares Servidos

Frequência (por semana)

Câmara de Lobos Centro urbano 3 Vezes

Restante freguesia 2 Vezes

Estreito de Câmara de Lobos

Centro urbano 3 Vezes

Restante freguesia 2 Vezes

Jardim da Serra 2 Vezes

Quinta Grande 2 Vezes

Curral das Freiras Centro Urbano 2 Vezes

Restante freguesia 1 Vez 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5

Total de resíduos recolhidos (Ton)

11.986 10.545 10.641 10.524

Quadro 27 – Frequência de Recolha de Resíduos Sólidos Indiferenciados

Quadro 28 – Volume/peso de resíduos recolhidos (indiferenciados)

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IN Capítulo II 97

06. TURISMO

Devido aos fluxos de pessoas e capitais que movimenta, a atividade turística é encarada na atualidade como um vetor de desenvolvimento dos territórios, atraindo investimento e emprego (quando estrategicamente delineado), o que poderá se repercutir num aumento da qualidade de vida das populações locais.

Decorrente da sua geografia, a Região Autónoma da Madeira apresenta um clima e uma natureza ímpares, absolutamente determinantes na afirmação do turismo enquanto atividade económica, que aliada ao património cultural, permite definir os principais alicerces da atratividade turística do produto “Madeira”.

O Plano de Ordenamento do Território da Região Autónoma da Madeira (POTRAM) e o Plano de Ordenamento Turístico (POT), com base nas orientações delineadas pelo Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), apontam quais os elementos essenciais para a salvaguarda e valorização daquilo que é a “matéria-prima” da atividade turística. Nos objetivos estratégicos do Programa de ação do PNPOT, o ponto 2.5. indica que deverá ser implementada “uma estratégia que promova o aproveitamento sustentável do potencial turístico de Portugal às escalas nacional, regional e local.”

O turismo utiliza matérias-primas muito especiais: recursos naturais, históricos e culturais que são extremamente frágeis do ponto de vista da sua preservação e, em geral, não são renováveis. Sem estes recursos dificilmente haverá turismo. O ordenamento do território é, assim, um pilar insubstituível de qualquer estratégia na área do turismo.

Neste contexto, a integração do estudo do setor do turismo no PDM de Câmara de Lobos, no âmbito do Ordenamento do Território, é de fundamental importância, pelo caráter sensível da atividade turística em termos ambientais, económicos, sociais e culturais.

Câmara de Lobos apresenta caraterísticas marcantes com paisagens e recursos naturais propiciadores de formas diversificadas de turismo como a do lazer, o desportivo, o de saúde, o cultural. O património edificado e os fatores naturais contrastantes existentes neste concelho, suscetíveis de propiciarem a realização de circuitos e de formas diversificadas de lazer em função das suas especificidades, constituem um produto turístico diferenciado, com boas perspetivas de sucesso.

A análise da atividade turística no município de Câmara de Lobos utilizou uma abordagem multimétodo, uma vez que para a recolha de dados optou-se pelo inquérito aos diretores das unidades hoteleiras localizadas no município, pelas entrevistas aos presidentes de junta de freguesia, e pela observação de visitantes nos pontos de interesse turístico (PIT’S), nomeadamente:

- Cidade de Câmara de Lobos; - Percurso pedonal (Promenade); - Pico da Torre; - Cabo Girão; - Eira do Serrado; - Boca da Corrida; - Boca dos Namorados.

Figura 25 – Localização dos Pontos de Interesse Turístico do município de Câmara de Lobos. (Núcleo de Estudos e Projetos da Associação Insular de Geografia.)

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IN Capítulo II 98

06.1. CARATERIZAÇÃO DA ATIVIDADE TURÍSTICA NO CONCELHO DE CÂMARA DE LOBOS

É no período compreendido entre o mês de junho e setembro que se regista o maior número de eventos no concelho de Câmara de Lobos, coincidindo com a época alta do setor turístico na RAM. A Festa da Vindima, por exemplo, com divulgação por parte da tutela regional, realiza-se no mês de setembro (num cartaz turístico único, cujas atividades comemorativas encontram-se distribuídas pelos municípios do Funchal e Câmara de Lobos) e traz ao concelho muitos visitantes.

Importa portanto, naturalmente, analisar a oferta de alojamento turístico no concelho.

O parque hoteleiro do município de Câmara de Lobos revela-se, na atualidade, pouco expressivo, pois é constituído por apenas seis unidades hoteleiras dispersas por quatro freguesias do concelho. Destaca-se a freguesia de Câmara de Lobos por possuir metade dos estabelecimentos hoteleiros do concelho, no entanto, apesar da importância relativa da freguesia a este nível, constata-se que na cidade não existe nenhum estabelecimento hoteleiro, estando estes localizados nos limites administrativos da mesma.

De uma forma geral, caracteriza-se o parque hoteleiro como recente, dado que o edificado possui aproximadamente 13 anos de existência, com exceção de um edifício construído em 1914 (Hotel da Quinta da Serra), renovado recentemente em 2013. Em relação à capacidade de alojamento, na atualidade, o município dispõe se 580 camas, sendo de realçar que cerca de 73% da oferta se encontra afeta a apenas uma unidade hoteleira (Encosta do Cabo Girão).

No que se refere à tipologia da oferta, predominam as estalagens (5 de um total de 6 unidades hoteleiras), classificadas entre 4 estrelas (uma unidade) e 5 estrelas (duas unidades), seguindo-se um aldeamento turístico classificado com 4 estrelas. Tal indica que apesar da pouca expressividade do parque hoteleiro de Câmara de Lobos, as unidades hoteleiras poderiam captar um maior valor por aposento, se não fosse a sua reduzida capacidade de alojamento, uma vez que há procura por este tipo de alojamento com estas caraterísticas.

O inquérito realizado aos diretores dos estabelecimentos hoteleiros permite concluir o seguinte:

- Os principais fatores de localização para as unidades hoteleiras inqueridas (numa escala variável entre 1 a 5) foram: a acessibilidade rodoviária com uma importância média de 3,8; a presença de infraestruturas básicas com uma importância 3,4; a

proximidade a recursos culturais e naturais com valor de 3,2;

- A atração turística dos estabelecimentos hoteleiros deve-se, sobretudo, à presença de jardins e de tranquilidade;

- As unidades hoteleiras possuem, na sua maioria, instalações/facilities valorizadas pelos turistas como SPA, piscina, lavandaria e internet;

- A maioria das atividades disponíveis nas unidades hoteleiras municipais corresponde a eventos de animação e percursos pedestres;

- Os estabelecimentos hoteleiros recorrem aos operadores nacionais e internacionais e ao website da própria unidade hoteleira para promoção da sua atividade;

- Os fatores de restrição à atividade dos estabelecimentos hoteleiros mais focados são a insuficiência da promoção turística e as dificuldades de acesso;

- A maioria das unidades hoteleiras emprega entre 60 a 79% de mão de obra local;

- A maioria das unidades hoteleiras utiliza entre 40-59% dos produtos agrícolas locais;

- As unidades hoteleiras utilizam entre 0 a 39% dos recursos locais disponíveis, como por exemplo, os grupos folclóricos;

- As unidades hoteleiras recorrem aos transportes locais numa percentagem que oscila entre os 20% a 79%;

- A atração turística do município, segundo os agentes hoteleiros do concelho, decorre sobretudo da gastronomia local, da paisagem natural e da localização geográfica.

Foi igualmente apresentado um questionários às juntas de freguesia do concelho, do qual se retiram as seguintes conclusões:

- Os pontos atrativos de cada freguesia, de uma forma geral, correspondem ao património religioso e às paisagens vislumbradas nos miradouros, evidenciando a história e a natureza como elemento-chave de atratividade. Também foram mencionados os equipamentos de cariz cultural, como a Biblioteca Municipal em Câmara de Lobos e o Centro Cívico no Estreito de Câmara de Lobos. No Estreito de Câmara de Lobos e no Curral das Freiras, as veredas e caminhos são apontados como produtos de interesse turístico;

- A dinâmica social também foi entendida como elemento de atratividade, sendo indicado para a freguesia de Câmara de Lobos o Mercado Municipal às sextas-feiras e as festas e tradições no Estreito de Câmara de Lobos (exemplo, os “Arraiais de verão nas diferentes paróquias e a Festas das Vindimas”);

- Os aspetos a melhorar prendem-se sobretudo com questões de divulgação e promoção da história e dos

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IN Capítulo II 99

eventos existentes. O subaproveitamento dos recursos existentes é outro aspeto apontado. Em Câmara de Lobos é especificado o mar como produto subaproveitado, enquanto que no Estreito de Câmara de Lobos é o enoturismo é apontado como o produto menos desenvolvido. No Curral das Freiras a colocação de sinalização personalizada é uma das preocupações, tal como, a criação de roteiros turísticos internos e a recuperação da zona histórica;

- A freguesia da Quinta Grande aponta as ações estruturais (intervenções físicas) como aspetos a melhorar, por exemplo, na reestruturação das áreas dos miradouros;

- A principal limitação do desenvolvimento do setor turístico nas freguesias (de Câmara de Lobos, do Estreito de Câmara de Lobos e da Quinta Grande) é a relutância do setor privado no investimento turístico nas freguesias do concelho. Outros aspetos específicos foram referenciados: a Junta de Freguesia de Câmara de Lobos indica a ausência de um posto de informação turística, a Junta do Estreito de Câmara de Lobos refere a atual acessibilidade como uma limitação à atividade turística, e a Junta do Curral das Freiras aponta o encerramento da ligação rodoviária Curral das Freiras-Eira do Serrado uma limitação ao desenvolvimento turístico, uma vez que consideram-na um potencial “museu” a ser explorado.

06.1.1. PROCURA TURÍSTICA

Quando analisada a hierarquia dos PIT’s (enumerados acima e localizados na Figura 25) por número de visitantes, infere-se que os locais com maior afluência em ambas contagens foram: Câmara de Lobos (com 45% do número total de turistas), Cabo Girão (com 33%) e Eira do Serrado (com 15%). Já os pontos com menor afluência foram: Boca da Corrida (com 1% do total do número de turistas), Boca dos Namorados (com 1%) e o Pico da Torre (com 6% do total).

A afluência dos turistas aos pontos de observação também não foi homogénea ao longo dos diferentes dias da semana, registando-se um padrão para ambas as contagens, como demonstra o Gráfico 16.

O quadro seguinte (Quadro 28) apresenta os locais de maior interesse e mais procurados em cada um dos PIT’s.

Gráfico 16 – Número total de visitantes contabilizados por dias da semana. (Núcleo de Estudos e Projetos da Associação Insular de Geografia)

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IN Capítulo II 100

Cidade de Câmara de Lobos

Percurso pedonal (Promenade)

Pico da Torre

Cabo Girão

Eira do Serrado

Boca da Corrida

Boca dos Namorados

Quadro 29 – Principais pontos de interesse turístico, procurados pelos visitantes.

1.Salão Ideal 2. Ilhéu 3. Winston Churchill 4. Baía Câmara Lobos. 5. Capela N. Sra Conceição

6.Largo do Poço 7. Casa da Cultura 8. Igreja S. Sebastião 9. Praça da República 10. Biblioteca Municipal

11. Câmara de Lobos 12. Adega 13. Mercado Municipa l 14.Jardins S. Francisco 15.Salinas/Forno da Cal “Henriques&Henriques”

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IN Capítulo II 101

06.2. SUGESTÕES PARA POTENCIAR A ATIVIDADE TURÍSTICA NO CONCELHO DE CÂMARA DE LOBOS

Considerando a atual conjuntura económica, e a comprovada importância de campanhas de promoção e marketing para o desenvolvimento do setor do turismo (e consequentemente económico), as sugestões seguidamente apontadas para o setor turístico no município de Câmara de Lobos são principalmente no âmbito de marketing. São seguidamente enumeradas, para cada uma das freguesias e para o município, sendo cada uma delas objeto de uma maior justificação e descrição no relatório setorial do Domínio do Turismo (Relatório 06). Freguesia de Câmara de Lobos: Ações estruturais: - Criação de um posto de informação turística na cidade de Câmara de Lobos;

- Colocação de placares informativos; - Criação de condições para a fixação de hostels; - Criação de um ponto de entrada e de saída dos autocarros;

Ações de marketing: - Desenvolvimento de um núcleo museológico; - Incentivo a desportos náuticos na baía; - Loja de gastronomia associada a um centro de indústrias criativas;

- Incremento de concertos/festivais/exposição; - Reforço as festividades existentes; - Definição de percursos pedestres na freguesia com ligação a pontos de interesse turístico;

- Incentivo ao reforço do serviço de taxiboat Câmara de Lobos – Cabo Girão – Fajã dos Padres e o serviço de catamarãs;

- Criação de uma nova dinâmica, diurna e noturna, na cidade.

Freguesia de Estreito de Câmara de Lobos: Ações de marketing: - Introdução do conceito de centro gastronómico e vinho;

- Delinear um roteiro do vinho Madeira; - Mapear novos percursos pedestres; - Potenciar o turismo rural.

Freguesia do Jardim da Serra: Ação estrutural:

- Delinear um roteiro da cerejeira/Centro Interpretativo da Cereja (CIC),

Ações de marketing: - Classificação dos percursos pedestres como PPR (Percursos Pedestres Recomendados);

- Divulgação da Quinta da Leonor (agricultura social).

Freguesia da Quinta Grande: Ação estrutural: - Recuperação da Quinta do Pomar; Ações de marketing: - Identificação de áreas para a prática de BTT. Freguesia do Curral das Freiras: Ação estrutural: - Colocação de leitores de paisagem; Ações de marketing: - Divulgação de produtos associados à castanha, ao brigalhó, e à ginja.

De uma forma geral, para o munípio, são enumeradas as seguintes, como potenciadoras da atividade turística: Município de Câmara de Lobos: Ações estruturais: - Delinear uma Rota Geomorfológica/Geoparque; - Colocação de leitores de paisagem; - Criação do parque de campismo; Ações de marketing: - Criação de uma rota religiosa; - Identificação de locais para a prática de birdwatching; - Classificação da Levada do Norte como PPR; - Modernização da informação dos horários do transporte público;

- Manutenção da imagem natural; - Criação de um website turístico.

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IN Capítulo II 102

06.3. MESA REDONDA/DEBATE – O SETOR DO TURISMO EM CÂMARA DE LOBOS: CONTRIBUTOS PARA A DEFINIÇÃO DAS LINHAS

ORIENTADORAS PARA A ESTRATÉGIA DO

TURISMO

No dia 03 de julho de 2015, na sala polivalente da Biblioteca Municipal de Câmara de Lobos, teve lugar a Mesa Redonda/Debate – O Setor do Turismo em Câmara de Lobos, com o objetivo de promover um think tank com os alguns stakeholders do setor turístico, procedendo-se à recolha de contributos para a definição das linhas orientadoras para a implementação de uma estratégia para o turismo no Município de Câmara de Lobos. De uma forma geral, a ideia defendida por diversos stakeholders é a de que o município de Câmara de Lobos não deixará possivelmente de ser um ponto de passagem, mas pode (e deve) desenvolver novas estratégias que conduzam à maior retenção do turista/visitante no concelho, desde logo, tirando vantagem da sua localização geográfica, como concelho limítrofe do Funchal (município com maior número de dormidas). Para que tal aconteça, as sugestões orientam para uma exploração estratégica e focalizada dos produtos distintivos existentes, integrando-os em itinerários onde seja possível uma maior interação do turista com o território, requalificando e diversificando a oferta já existente. Igualmente importante serão as estratégias de desenvolvimento do turismo local elencadas em ações de marketing e em sinergias locais com o intuito de aumentar a qualidade e autenticidade dos produtos disponíveis, situação que poderia eventualmente ser complementada com o (desejado) aumento do número de camas no centro urbano da freguesia de Câmara de Lobos. Considerando as caraterísticas do concelho, o turismo cultural (que abarca não só o consumo de produtos culturais do passado, mas também a cultura contemporânea e os modos de vida da população local) deverá ser tomado em consideração. Nesta perspetiva, a criação de circuitos que integrem a visita aos principais pontos turísticos do concelho - a criação do roteiro do vinho (que pode ser extensivo aos concelhos onde a cultura da vinha esteja presente de forma expressiva), a rota da cereja (na época da flor e/ou da apanha) e/ou a da castanha, são alguns exemplos de produtos que poderão ser perspetivados a nível do concelho, mas que poderão igualmente ser alargados a outros, sempre que se justifique.

Paralelamente ao turismo cultural, será de incentivar o turismo ativo, tão procurado atualmente. Para este nicho de mercado poderão ser oferecidas visitas a propriedades agrícolas, caminhadas ao longo de levadas, nomeadamente a Levada do Norte e a do Curral do Castelejo e/ou através de diversas veredas consideradas de interesse turístico.

A diversificação do produto turístico é fundamental para que haja uma distribuição mais equilibrada dos fluxos de visitantes, estando o seu êxito dependente de uma criteriosa intervenção no sentido de catalogar, definir e estudar os percursos propostos. Sendo certo que os indicadores do turismo na RAM apontam para uma recuperação do setor, parece-nos claro que se encontram reunidos todo um conjunto de elementos favoráveis ao desenvolvimento da atividade turística no concelho.

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IN Capítulo II

07. QUALIDADE AMBIENTAL

A caracterização e diagnóstico da qualidade ambiental do município de Câmara de Lobos afirmaferramenta fundamental para a definição, execução e avaliação de políticas de ambiente e para suporte dos processos de tomada de decisão. Neste contextreunidos elementos relativos a vários indicadores, seguidamente enumerados, e que permitem avaliar e diagnosticar o estado atual do ambiente.

No setor da água, destaca-se a sua qualidade e boa cobertura ao nível de infraestruturas. No entanto, a de monitorização abrange unicamente os recursos hídricos destinados ao consumo humano, excluindo algumas massas de água superficiais e subterrâneas. O sistema de abastecimento que serve o município apresenta boa cobertura (98%) e qualidade, mas reduzida eficiência devido ao volume considerável de água não faturada (65%).

Gráfico17 – Estado final das massas de água superficiais (equivalentes a rios) da RH10. (PGRH10, 2014)

O mesmo não se verifica no sistema de que apresenta uma menor cobertura (50%), apesar de atualmente já se ter iniciado as obras de expansão desta rede, e um tratamento limitado ao nível dos parâmetros de controlo. As águas costeiras têm vindo a ganhar qualidade, contando regularmente com duabalneares identificadas como próprias para banhos. Relativamente ao ar atmosféricoqualidade do ar (IQAr) revelam uma predominância do número de dias com a classificação “Bom” entre 2006 e 2011. No entanto, foram identificados epispoluição fotoquímica com níveis de O3 acima dos objetivos estabelecidos pela legislação, sobretudo devido

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A caracterização e diagnóstico da qualidade ambiental do município de Câmara de Lobos afirma-se como uma ferramenta fundamental para a definição, execução e avaliação de políticas de ambiente e para suporte dos processos de tomada de decisão. Neste contexto foram reunidos elementos relativos a vários indicadores, seguidamente enumerados, e que permitem avaliar e diagnosticar o estado atual do ambiente.

se a sua qualidade e boa cobertura ao nível de infraestruturas. No entanto, a rede de monitorização abrange unicamente os recursos hídricos destinados ao consumo humano, excluindo algumas massas de água superficiais e subterrâneas. O sistema de abastecimento que serve o município apresenta boa cobertura (98%) e qualidade, mas

da eficiência devido ao volume considerável de

Estado final das massas de água superficiais (equivalentes

O mesmo não se verifica no sistema de saneamento, que apresenta uma menor cobertura (50%), apesar de atualmente já se ter iniciado as obras de expansão desta rede, e um tratamento limitado ao nível dos parâmetros de controlo. As águas costeiras têm vindo a ganhar qualidade, contando regularmente com duas águas balneares identificadas como próprias para banhos.

ar atmosférico, os índices de qualidade do ar (IQAr) revelam uma predominância do número de dias com a classificação “Bom” entre 2006 e 2011. No entanto, foram identificados episódios de poluição fotoquímica com níveis de O3 acima dos objetivos estabelecidos pela legislação, sobretudo devido

à conjugação entre fatores antrópicos, como o tráfego e as condições meteorológicas e localização geográfica da Madeira, uma vez que este índotimizado para latitudes e climas tipicamente europeus. Já no que se refere à exposição da população e ecossistemas à poluição por matéria particulada (PM10) verifica-se o contributo significativo das fontes naturais. A desativação da rede regional de monitorização entre 2011 e 2015 representa uma lacuna considerável em termos de monitorização da qualidade do ar ambiente e saúde pública a nível regional.

Gráfico 18 – Emissões totais do concelho de Câmaragases acidificantes e eutrofizantes, percursores de ozono e partículas. (INERPA, 2011)

Ao nível dos resíduos verificavindo a baixar (12% entre 2012 e 2013), em consequência das alterações dos padrões de consumo. O atual sistema multimunicipal de gestão de RSU encontrando-se bem dimensionado, tendouma evolução positiva no que concerne às operações de gestão, apostando na valorização multimaterial (reciclagem) e eliminação com valorização energética (incineração).

Gráfico 19 – Produção mensal de RSU indiferenciados no município de Câmara de Lobos (ARM)

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à conjugação entre fatores antrópicos, como o tráfego e as condições meteorológicas e localização geográfica da Madeira, uma vez que este índice está concebido e otimizado para latitudes e climas tipicamente europeus. Já no que se refere à exposição da população e ecossistemas à poluição por matéria particulada (PM10)

se o contributo significativo das fontes naturais. A rede regional de monitorização entre

2011 e 2015 representa uma lacuna considerável em termos de monitorização da qualidade do ar ambiente e saúde pública a nível regional.

Emissões totais do concelho de Câmara de Lobos para os gases acidificantes e eutrofizantes, percursores de ozono e partículas.

verifica-se que produção tem vindo a baixar (12% entre 2012 e 2013), em consequência das alterações dos padrões de consumo.

tual sistema multimunicipal de gestão de RSU se bem dimensionado, tendo-se assistido a

uma evolução positiva no que concerne às operações de gestão, apostando na valorização multimaterial (reciclagem) e eliminação com valorização energética

Produção mensal de RSU indiferenciados no município de

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IN Capítulo II 104

Em termos de ruído, caracteriza-se de uma forma geral por um bom ambiente acústico, tendo sido no entanto identificadas áreas expostas a níveis de ruído superiores aos limites legislados, tal como as fontes sonoras que estão na origem da emissão do ruído.

No que concerne ao uso e utilização do solo, destaca-se a cobertura natural e florestal pela sua representatividade espacial em território municipal. O litoral, devido à expressão das áreas urbanas e agrícolas constituem, historicamente, as zonas sob maior pressão humana. A erosão e a contaminação do solo em áreas naturais, florestais e agrícolas são igualmente apontados como fatores de degradação das características dos recursos edáficos. Quanto ao património e recursos naturais, constata-se a existência de pequenos núcleos com grande interesse biológico e paisagístico, na sua maioria já abrangidos por estatutos de proteção e conservação. O litoral é claramente a área mais afetada em termos de perda de biodiversidade e geodiversidade resultado, sobretudo das atividades antrópicas. A propagação de espécies invasoras, o risco de incêndio, a expansão das áreas humanizadas e as alterações climáticas são igualmente responsáveis pela perda e fragmentação dos habitats naturais e descaracterização dos sítios de interesse geológico. No setor da energia, salienta-se a dependência do mercado energético externo, apesar de já se assistir a uma redução do consumo de combustíveis com origem fóssil em detrimento da produção doméstica de energia com recurso a fontes endógenas. Entre os setores com maiores consumos de energia destacam-se o dos transportes e o doméstico. Ao nível da exploração dos recursos endógenos com interesse para a produção energética a nível local salienta-se a energia solar e a biomassa, cuja viabilidade ainda deve ser estudada. No âmbito da sustentabilidade, Câmara de Lobos dispõe já de um plano de ação que visa adaptar o setor energético municipal no sentido de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e consequentemente diminuir as emissões de CO2. De uma forma geral verifica-se, portanto, uma evolução favorável do estado qualitativo para os vários descritores analisados. Este facto é, em grande parte, resultado da maior consideração e compromisso pela dimensão ambiental no quadro do desenvolvimento municipal (por parte das entidades municipais e regionais) e do crescente interesse da população em geral pela salvaguarda da qualidade ambiental como parte essencial da qualidade de vida.

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IN Capítulo II 105

08. ESTUDO E DIAGNÓSTICO DAS NECESSIDADES EDUCATIVAS (CARTA EDUCATIVA)

“A carta educativa é, a nível municipal, o instrumento de planeamento e ordenamento prospetivo de edifícios e equipamentos educativos a localizar no concelho, de acordo com as ofertas de educação e formação que seja necessário satisfazer, tendo em vista a melhor utilização dos recursos educativos, no quadro do desenvolvimento demográfico e socioeconómico de cada município” (Artigo n.º 10 do Decreto Lei n.º 7/2003, de 15 de janeiro). De acordo com o expresso no Art.º n.º 19 do Decreto-Lei n.º 7/2003, de 15 de janeiro, a Carta Educativa é parte integrante do Plano Diretor Municipal (PDM), sendo a sua elaboração da competência da Câmara Municipal e aprovada pela Assembleia Municipal, após discussão e parecer do Conselho Municipal de Educação. Esta deve abranger a identificação e localização dos equipamentos educativos, diagnóstico baseado na análise da oferta e procura educativas, as projeções de desenvolvimento e propostas de intervenção relativas à rede pública. A Carta Educativa abrange um conjunto de princípios fundamentados por uma política municipal de educação que, no âmbito do ordenamento da rede educativa, deverá garantir a qualidade funcional dos espaços educativos assim como uma organização e gestão eficaz dos estabelecimentos de ensino. Assim, através do diagnóstico da oferta e procura educativas, pretende-se garantir a existência de condições favoráveis ao ensino e à formação, prevenindo quaisquer indícios de isolamento ou situações de exclusão social. Como objetivos estratégicos da política educativa a implementar no Concelho de Câmara de Lobos através da figura da Carta Educativa enunciam-se: - Existência de uma rede escolar ao serviço de uma

escola de qualidade; - Supressão de situações de isolamento de

estabelecimentos de ensino; - Supressão das baixas taxas de ocupação e do

funcionamento das turmas agregadas de diferentes anos de escolaridade no 1.º Ciclo do Ensino Básico;

- Requalificação e reapetrechamento do parque escolar existente, caso se justifique a manutenção dos estabelecimentos de ensino;

- Combate ao insucesso e abandono escolar através da melhora das condições de ensino, aumento das valências pedagógicas e atividades complementares à ação letiva;

- Existência de condições de funcionamento que proporcionem as melhores aprendizagens em escolas completas, com espaços educativos diversificados, polivalentes e multifuncionais;

- Existência de escolas a tempo inteiro, com o desenvolvimento de atividades de enriquecimento cultural;

- Eliminação do regime de desdobramento de horários e funcionamento de todos os estabelecimentos de ensino em regime normal;

- Implementação e colaboração com entidades parceiras no desenvolvimento de projetos de educação ambiental.

08.1. ENQUADRAMENTO LEGAL

A Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) – Lei 46/86 de 14 de outubro, (alterada pela Lei n.º 115/97, de 19 de setembro e a Lei n.º 49/2005, de 31 de agosto) define o quadro geral do sistema educativo e estabelece princípios gerais e organizativos que vieram a ter influência na conceção dos edifícios escolares e na configuração de uma nova rede educativa. O Decreto-Lei n.º 176/2012, de 2 de agosto definiu as medidas necessárias para o cumprimento efetivo da escolaridade obrigatória das crianças e dos jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 18 anos, regulando o regime de matrícula e de frequência e estabelecendo medidas que devem ser adotadas no âmbito dos percursos escolares dos alunos para prevenir o insucesso e o abandono escolares. O Decreto Legislativo Regional n.º 9/2014/M, de 14 de agosto veio adaptar à Região o Decreto-Lei n.º 176/2012, de 2 de agosto.

A Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro estabelece o regime jurídico das autarquias locais, aprova o estatuto das entidades intermunicipais, estabelece o regime jurídico da transferência de competências do Estado para as autarquias locais e para as entidades intermunicipais e aprova o regime jurídico do associativismo autárquico. Assim, na área da educação (artigo n.º 33), é da competência da Câmara Municipal: gg) Assegurar, organizar e gerir os transportes escolares;

hh) Deliberar no domínio da ação social escolar, designadamente no que respeita a alimentação, alojamento e atribuição de auxílios económicos a estudantes.

De acordo com o artigo n.º 131, os municípios podem delegar competências nas freguesias “em todos os domínios dos interesses próprios das populações destas, em especial no âmbito dos serviços e das atividades de proximidade e do apoio direto às comunidades locais”.

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IN Capítulo II

Desta forma, na área da educação, podem ser delegadas nas juntas de freguesia as seguintes competências das Câmaras Municipais (artigo n.º 132): e) Assegurar a realização de pequenas reparações nos estabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico;

f) Promover a manutenção dos espaços envoestabelecimentos referidos na alínea anterior.

No entanto, o ponto 2 do artigo n.º 134 refere que “até à entrada em vigor do acordo de execução, as competências previstas no artigo 132.º são exercidas pela Câmara Municipal”.

08.2. METODOLOGIA

A metodologia para a análise da temática da educação, concretamente através da elaboração da Carta Educativa concelhia, dividiu-se em sete fases, a saber: - Criação do conselho municipal de educação; - Definição dos tópicos a trabalhar para a elaboração

do documento; - Planificação dos momentos/etapas; - Elaboração e análise de inquéritos; - Produção do documento; - Apresentação do documento ao conselho municipal

de educação, - Redação final da Carta Educativa.

Em termos de estrutura do documento, a Carta Educativa começa por apresentar um enquadramento territorial do concelho de Câmara de Lobos, e uma caraterização sociodemográfica e socioeconómica, dedicando-se posteriormente à caraterização e evolução do sistema educativo no concelho, análise seguidamenteapresentada, ainda que de forma abreviada.

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Desta forma, na área da educação, podem ser s de freguesia as seguintes

competências das Câmaras Municipais (artigo n.º 132):

e) Assegurar a realização de pequenas reparações nos escolar e do primeiro

f) Promover a manutenção dos espaços envolventes dos estabelecimentos referidos na alínea anterior.

No entanto, o ponto 2 do artigo n.º 134 refere que “até à entrada em vigor do acordo de execução, as competências previstas no artigo 132.º são exercidas

odologia para a análise da temática da educação, concretamente através da elaboração da Carta

se em sete fases, a saber: Criação do conselho municipal de educação; Definição dos tópicos a trabalhar para a elaboração

Apresentação do documento ao conselho municipal

Em termos de estrutura do documento, a Carta meça por apresentar um enquadramento

do concelho de Câmara de Lobos, e uma caraterização sociodemográfica e socioeconómica,

à caraterização e evolução seguidamente

a, ainda que de forma abreviada.

08.3. CARATERIZAÇÃO E EVOLUEDUCATIVO

Em 2011, o concelho de Câmara de Lobos possuía 35.666 habitantes. A distribuição desta população por nível de escolaridade atingido, demonstra que 65% da população possuía o ensino básico, descriminandoseguinte forma, 36% possuía o 1.º ciclo, 14% o e 15% o 3.º ciclo. A percentagem de população com nível de escolaridade superior ao básico é muito mais reduzida, sendo que 13% possuía o ensino secundário e 6% o ensino superior.

Gráfico 20 – População residente segundo o nível de escolaridade atingido – 2011 (INE, CENSOS 2011)

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ARATERIZAÇÃO E EVOLUÇÃO DO SISTEMA

Em 2011, o concelho de Câmara de Lobos possuía 35.666 habitantes. A distribuição desta população por nível de escolaridade atingido, demonstra que 65% da população possuía o ensino básico, descriminando-se da seguinte forma, 36% possuía o 1.º ciclo, 14% o 2.º ciclo

A percentagem de população com nível de escolaridade superior ao básico é muito mais reduzida, sendo que 13% possuía o ensino secundário e 6% o ensino

População residente segundo o nível de escolaridade

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IN Capítulo II 107

Se esta distribuição da população por nível de escolaridade for efetuada por grupos etários, concluímos que as faixas etárias mais jovens demonstram níveis de ensino mais avançados, por outro lado à medida que prosseguimos nas idades diminui o número de pessoas com ensino secundário e superior, prevalecendo a população com apenas o ensino básico. De destacar ainda, a percentagem de população com nenhum nível de escolaridade, particularmente nos grupos etários mais envelhecidos, população com 65 e mais anos (46%) e dos 55 aos 64 anos (12%) (Gráfico 21). Analisando o nível de escolaridade da população por freguesia, constata-se a predominância da população com o ensino básico face aos restantes níveis de ensino, em todas as freguesias. Esta discrepância é com certeza mais evidente nas freguesias de Câmara de Lobos e Estreito de Câmara de Lobos, freguesias urbanas do concelho. A Figura 28 apresenta a proporção da população residente com pelo menos o 3.º ciclo do ensino básico completo em 2011, distribuída por freguesia e género. A freguesia de Câmara de Lobos apresentava a percentagem mais elevada, com 37%, seguindo-se Estreito de Câmara de Lobos com cerca de 32% e Quinta Grande com 28%. A percentagem mais reduzida registava-se na freguesia do Curral das Freiras, onde apenas cerca de 16% da sua população tinha pelo menos o 3.º ciclo do ensino básico completo.

Comparando os valores entre homens e mulheres, estes não diferem muito, no entanto a proporção de mulheres residentes com este nível de ensino consegue ser superior em todas as freguesias.

Relativamente à taxa de abandono escolar, que reflete a saída do sistema de ensino antes da conclusão da escolaridade obrigatória, dentro dos limites etários previstos na lei, verifica-se que em 1991 são evidentes as elevadas taxas de abandono escolar, quer a nível concelhio quer regional. Neste mesmo ano, o concelho apresentava um valor superior (22,91%), no dobro, relativamente à média regional (11,30%). De referir que todas as freguesias apresentavam valores entre os 20 e 30%, surgindo com a taxa mais elevada a freguesia do Curral das Freiras (28,34%) e Câmara de Lobos (24,49%). De 1991 para 2001 a taxa de abandono escolar apresentou uma clara diminuição a nível regional e concelhio. De 2001 para 2011, há uma nova diminuição nesta taxa, apesar de menos significativa, passando a RAM a apresentar uma taxa de abandono escolar de 2,42% e Câmara de Lobos 1,92%, conseguindo alcançar um valor abaixo da média regional.

Gráfico 21 – População residente por grupo etário e nível de escolaridade atingido – 2011 (INE, CENSOS 2011)

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IN Capítulo II 108

Figura 26 – Proporção da população residente com pelo menos o 3º ciclo do Ensino Básico completo. (INE, Censos 2011)

Relativamente às freguesias, todas diminuíram a sua taxa de abandono escolar, passando a registar valores muito próximos dos 1 e 2%. É de extrema importância este decréscimo, uma vez que o abandono escolar é um fenómeno com repercussões negativas para os jovens e para a sociedade, tendo como uma das suas consequências a ausência de competências pessoais e de qualificação para a vida profissional. Vários estudos de investigação sobre esta problemática referem que os alunos que abandonam precocemente a escola são alunos que, geralmente vivem em áreas desfavorecidas, em meios familiares desestruturados e com fracas ambições escolares.

Figura 27 – Taxa de abandono escolar em Câmara de Lobos. (INE, Censos 2011)

O insucesso escolar pode ser observado através da análise das taxas de retenção e desistência, as quais são calculadas por ciclo de ensino básico e por ano letivo. Observando estas taxas para os 1.º, 2.º e 3.º ciclos desde o ano letivo 2008/2009 até 2013/2014, verifica-se que são mais elevadas no 3.º ciclo e mais reduzidas no 1.º ciclo, registando oscilações ao longo dos anos letivos, nos vários níveis de escolaridade. Quanto ao número de alunos repetentes no concelho de Câmara de Lobos, verifica-se que tem oscilado de forma irregular ao longo dos anos letivos, tendo-se registado no ano letivo 2012/2013 o valor mais elevado - 585 repetentes e no ano letivo anterior o valor mais baixo, 511 repetentes. O ensino secundário corresponde ao nível de ensino com menor número de alunos repetentes e com tendência para reduzir nos últimos anos letivos. Por outro lado, o 3.º ciclo apresentou o maior número de alunos repetentes, atingindo valores superiores a 200 nos anos letivos 2010/2011 e 2012/2013.

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IN Capítulo II 109

O 2.º ciclo registou 112 alunos repetentes em 2009/2010, aumentando de forma progressiva até aos 187 em 2012/2013. Por fim, o 1.º ciclo apresentou várias oscilações ao longo dos anos, possuindo 199 alunos repetentes no ano letivo 2009/2010 e 162 em 2013/2014. O sucesso escolar é verificável através da análise das taxas de transição/conclusão nos vários níveis e tipologias de ensino. No 1.º ciclo as taxas de transição/conclusão rondaram os 90% quer a nível regional, quer a nível concelhio. O concelho de Câmara de Lobos apresentou valores muito próximos da média regional, registando uma variação pouco significativa entre os vários anos letivos apresentados. No 2.º ciclo as taxas de transição/conclusão são inferiores às registadas no 1.º ciclo, sendo maior a diferença entre os valores apresentados pela Região e pelo concelho, nomeadamente nos últimos anos letivos. Enquanto na Região a tendência é para se manter estas taxas, no concelho a tendência é oposta, passando de 84,3% em 2008/2009 para 78,3% em 2013/2014. No 3.º ciclo os valores do concelho mostraram-se igualmente abaixo do nível regional, registando uma variação pouco significativa. O ensino secundário corresponde ao nível de escolaridade com as taxas de transição/conclusão mais baixas, variando no concelho entre os 61% e 76,3%. Foi notória a evolução positiva destas taxas em Câmara de Lobos, aproximando-se cada vez mais da média regional. A taxa de analfabetismo retrata a população residente com 10 ou mais anos que não sabe ler nem escrever. Nos dois anos censitários apresentados, 2001 e 2011, o concelho de Câmara de Lobos apresentava uma taxa de analfabetismo superior à RAM, registando-se uma diminuição em cerca de 6% quer a nível concelhio quer a nível regional. Relativamente às freguesas, de acordo com os gráficos representados na Figura 28, todas estas diminuíram a sua taxa de analfabetismo de 2001 para 2011, sendo mais evidente na Quinta Grande (-7,44%); Jardim da Serra (-6,91%) e Câmara de Lobos (-6,38%). Contudo, as taxas de analfabetismo manifestaram-se mais elevadas no Curral das Freiras, Jardim da Serra e Quinta Grande.

Figura 28 – Diferenças das Taxas de analfabetismo Câmara de Lobos em 2001 e 2011. (INE, Censos 2011) O quadro seguinte permite-nos observar que a área de influência dos estabelecimentos de ensino com as valências de creche, pré-escolar e 1.º ciclo abrange essencialmente as respetivas freguesias onde estes estabelecimentos estão localizados. Esta situação é evidente em todas as freguesias, nomeadamente no Jardim da Serra, onde em 2013/2014, 100% das suas crianças eram desta freguesia. Esta situação sucede novamente no 1.º ciclo no Curral das Freiras e no pré-escolar na Quinta Grande. Na freguesia de Câmara de Lobos, existia alguma percentagem de alunos provenientes de outras freguesias do concelho e de fora do concelho, apesar de muito reduzida. Por sua vez, a freguesia do Curral das Freiras não possuía alunos de outras freguesias do concelho mas disponha de 20% de alunos provenientes de fora do mesmo na valência de creche, e 3% no pré-escolar. Estreito de Câmara de Lobos destacou-se com mais alunos provenientes das outras freguesias, além de receber alguns alunos de fora do concelho. Por fim, a Quinta Grande não possuía alunos provenientes de fora do concelho mas 17,4% na valência de creche e 2,4% na valência de 1.º ciclo, eram provenientes de outras freguesias.

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

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IN Capítulo II 110

Fonte: CMCL - Inquérito aos Estabelecimentos de Ensino 2014

No que diz respeito aos cursos CEF (Cursos de Educação e Formação de Jovens) distribuem-se da seguinte forma: 63,6% eram provenientes da freguesia de Câmara de Lobos, 17,5% do Curral das Freiras, 11,4% do Estreito de Câmara de Lobos, 6,8% do Jardim da Serra e 0,4% (1 aluno) da Quinta Grande e de fora do concelho. A mesma dinâmica repete-se na distribuição dos alunos dos cursos CP (Cursos Profissionais), excetuando-se a menor percentagem de alunos provenientes da freguesia de Câmara de Lobos. Por sua vez, os alunos dos cursos EFA (Educação e Formação de Adultos) eram provenientes essencialmente de três freguesias, 51,7% de Câmara de Lobos, 30,5% do Estreito de Câmara de Lobos e 12% do Curral das Freiras. Quanto ao Ensino Recorrente, no ano letivo 2013/2014, 51% dos adultos que frequentavam este nível de ensino eram provenientes da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, 31% de Câmara de Lobos, 12% do Jardim da Serra e 6% do Curral das Freiras.

Câmara de Lobos possuía no ano letivo de 2013/2014, 2.117 alunos residentes (dados provisórios) a estudar fora do concelho. A grande percentagem destes alunos encontrava-se a frequentar o ensino secundário (1.109 alunos), sendo de referir que o concelho possui apenas uma escola com este nível de ensino, localizado na freguesia de Câmara de Lobos. Seguem-se os alunos que frequentavam o 3.º ciclo (334 alunos) e o 1.º ciclo (258 alunos). Estes alunos frequentavam estabelecimentos de ensino, nomeadamente nos concelhos limítrofes, Ribeira Brava e Funchal. Muitas das vezes estas situações estão relacionadas com a proximidade dos estabelecimentos das suas residências, facilitando a deslocação dos alunos. Poderá também estar relacionada, principalmente no caso do ensino secundário, com a oferta educativa e com a localização do local de trabalho dos pais.

Freguesia de Localização da Escola

Nível de Ensino % de Alunos da Freguesia

% de Alunos de Outras Freguesias do Concelho

% de Alunos Fora do Concelho

Câmara de Lobos Creche 87,3 7,2 5,5

Pré-escolar 98,0 0,7 1,3 1.º Ciclo 98,7 0,9 0,4

Curral das Freiras Creche 80,0 0,0 20,0

Pré-escolar 97,0 0,0 3,0 1.º Ciclo 100,0 0,0 0,0

Estreito de Câmara de Lobos

Creche 68,1 26,4 5,5 Pré-escolar 81,8 17,9 0,4 1.º Ciclo 86,0 13,3 0,7

Quinta Grande Creche 82,6 17,4 0,0

Pré-escolar 100,0 0,0 0,0 1.º Ciclo 97,6 2,4 0,0

Jardim da Serra Creche 0,0 0,0 0,0

Pré-escolar 100,0 0,0 0,0 1.º Ciclo 100,0 0,0 0,0

Quadro 30 – Proveniência dos alunos por nível de ensino – ano letivo 2013/2014

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IN Capítulo II 111

Fonte: CERAK *Dados provisórios

08.4. REDE EDUCATIVA

A rede educativa do concelho, em 2016, é constituída por 22 estabelecimentos de ensino, como referido no subcapítulo 5.2.1 deste Relatório, e enumerados no Quadro 16. Assim sendo, a freguesia de Câmara de Lobos domina a oferta educativa, possuindo 5 estabelecimentos de infantário (valências de creche e jardim de infância, considerando que a Creche O Golfinho e o Infantário O Golfinho II estão agregados), sendo dois destes, Centros Sociais e Paroquiais. Possui igualmente 6 estabelecimentos de 1.º ciclo com pré-escolar, 1 estabelecimento de 2.º e 3.º ciclo e por fim 1 estabelecimento com os 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário. A freguesia do Curral das Freiras possui 1 estabelecimento de ensino (escola básica integrada com jardim de infância), assim como as freguesias do Jardim da Serra e da Quinta Grande. A freguesia do Estreito de Câmara de Lobos possui 7 estabelecimentos de ensino: 1 infantário, 5 escolas de 1.º ciclo com pré-escolar e 1 escola de 2.º e 3.º ciclo.

A distribuição espacial dos estabelecimentos de ensino público no concelho apresenta-se bastante assimétrica (como verificado anteriormente na Figura 22) estando maioritariamente concentrada nas freguesias de Câmara de Lobos e Estreito de Câmara de Lobos, acompanhando de perto a distribuição populacional do concelho, que se concentra nestas duas freguesias urbanas. Relativamente à natureza da oferta educativa, verifica-se que 77,3% é efetuada por estabelecimentos públicos e 22,7% por estabelecimentos privados. A oferta privada incide apenas nas valências de creche e pré-escolar, sendo esta mais notória na creche. A oferta privada concentra-se sobretudo na freguesia de Câmara de Lobos, com 4 estabelecimentos e 1 na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos. Assim sendo, Câmara de Lobos possui 8 estabelecimentos de ensino público, Estreito de Câmara de Lobos 6, Curral das Freiras e Jardim da Serra 1 e Quinta Grande 1. .

Ano Letivo Creche Pré-Escolar 1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Secundário

2010/2011 98 189 285 199 294 1.233

2011/2012 83 149 258 186 337 1.111

2013/2014* 83 149 258 184 334 1.109

Quadro 31 – Alunos residentes a estudar fora do concelho

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IN Capítulo II

08.5. PROCURA DE EDUCAÇÃO E ENSINO

A Lei de Bases do Sistema Educativo de 14 de outubro de 1986 (Lei n.º 46/86) alterada pela Lei n.º 115/97 de 19 de setembro e pela Lei n.º 49/2005 de 30 de agosto, estabelece as linhas gerais da reorganização do sistema educativo português, enunciando os princípios organizativos determinantes das finalidades do sistema: contribuir para a defesa da identidade nacional e respeito pela cultura portuguesa, bem como para a realização do educando; assegurar o direito diferença; desenvolver a capacidade para o trabalho com base numa sólida formação geral e específica; descentralizar e diversificar as estruturas e ações educativas; contribuir para a correção das assimetrias de desenvolvimento regional e local; assegurar uma escolaridade de segunda oportunidade, bem como a igualdade de oportunidades para ambos os sexos e desenvolver a prática e o espídemocráticos, através da adoção de estruturas e processos participativos. Desta forma, os estabelecimentos de ensino procuram diversificar e adaptar a oferta educativa à procura, ou seja às ambições dos seus alunos/formandos. O sistema educativo do concelho incide sobre os diferentes níveis de ensino, como o jardim de infância, o ensino básico e ensino secundário, além das modalidades especiais de educação escolar.

Gráfico 22 – Evolução do número de alunos do concelho de Câmara de Lobos (CERAM, CMCL

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINARMUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

NSINO

A Lei de Bases do Sistema Educativo de 14 de outubro pela Lei n.º 115/97 de 19

de setembro e pela Lei n.º 49/2005 de 30 de agosto, estabelece as linhas gerais da reorganização do sistema educativo português, enunciando os princípios organizativos determinantes das finalidades do sistema:

fesa da identidade nacional e respeito pela cultura portuguesa, bem como para a realização do educando; assegurar o direito diferença; desenvolver a capacidade para o trabalho com base numa sólida formação geral e específica; descentralizar e diversificar as estruturas e ações educativas; contribuir para a correção das assimetrias de desenvolvimento regional e local; assegurar uma escolaridade de segunda oportunidade, bem como a igualdade de oportunidades para ambos os sexos e desenvolver a prática e o espírito democráticos, através da adoção de estruturas e

Desta forma, os estabelecimentos de ensino procuram diversificar e adaptar a oferta educativa à procura, ou seja às ambições dos seus alunos/formandos. O sistema

ncelho incide sobre os diferentes níveis de ensino, como o jardim de infância, o ensino básico e ensino secundário, além das modalidades especiais de

O concelho de Câmara de Lobos registou, nos últimos 10 anos, uma diminuição em 17% no número total de alunos, sendo que esta tem sido praticamente constante ao longo dos anos letivos de 2001/2002 em diante. De realçar que esta diminuição foi fortemente evidente no 1.º ciclo, registando uma diminuição de 42% dos seus alunos. O ensino pré-escolar diminuiu em 16% o número de crianças e o 2.º ciclo diminuiu 14% dos seus alunos.Por outro lado, o 3.º ciclo e o ensino secundário registaram uma variação (2001/2002positiva, sendo menos notória no 3.º ciclo (aumentou em 7% o número de alunos) e pelo contrário, extremamente relevante no ensino secundário (aumentou em 194%). O Gráfico 22 permite observar a evolução do número de alunos por nível de escolaridade, destacandode tudo a diminuição acentuada no 1.º ciclo e o aumento no número de alunos no ensino secundário. Relativamente à distribuição dos alunos por nível de ensino, no ano letivo 2013/2014, 15% encontravamfrequentar o ensino pré-escolar, 31% frequentava o 1.º ciclo, 18% o 2.º ciclo, 27% frequentava o 3.º ciclo e 9% o ensino secundário.

Evolução do número de alunos do concelho de Câmara de Lobos (CERAM, CMCL – Inquérito aos Estabelecimentos de Ensino 2014)

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

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112

O concelho de Câmara de Lobos registou, nos últimos 10 anos, uma diminuição em 17% no número total de

tem sido praticamente constante ao longo dos anos letivos de 2001/2002 em diante. De realçar que esta diminuição foi fortemente evidente no 1.º ciclo, registando uma diminuição de 42% dos seus

escolar diminuiu em 16% o número as e o 2.º ciclo diminuiu 14% dos seus alunos.

Por outro lado, o 3.º ciclo e o ensino secundário registaram uma variação (2001/2002–2013/2014) positiva, sendo menos notória no 3.º ciclo (aumentou em 7% o número de alunos) e pelo contrário, extremamente evante no ensino secundário (aumentou em 194%).

permite observar a evolução do número de alunos por nível de escolaridade, destacando-se acima de tudo a diminuição acentuada no 1.º ciclo e o aumento no número de alunos no ensino secundário.

Relativamente à distribuição dos alunos por nível de ensino, no ano letivo 2013/2014, 15% encontravam-se a

escolar, 31% frequentava o 1.º ciclo, 18% o 2.º ciclo, 27% frequentava o 3.º ciclo e 9% o

Inquérito aos Estabelecimentos de Ensino 2014)

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IN Capítulo II

No que diz respeito ao ensino e educação especialdefine a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei n.º46/86 de 14 de outubro) que este se organiza “preferencialmente segundo modelos diversificados de integração em estabelecimentos regulares de tendo em conta as necessidades de atendimento específico, e com apoios de educadores especializados.” Também poderá ocorrer, no entanto, em instituições específicas quando necessário. Os estabelecimentos de educação e ensino podem assim criar unidades de ensino especializado, as quais podem abranger um ou vários domínios da educação especial, nomeadamente os relacionados com problemas graves de cognição e situações de multideficiência. Os Centros de Apoio Psicopedagógico (CAP), de âmbito concelhio, dispõem de equipas de educação especial e reabilitação e recursos materiais para colaborar no despiste, observação, avaliação, encaminhamento e intervenção junto de crianças e jovens com necessidades educativas especiais.

Os Centros de Atividades Ocupaciode âmbito concelhio, auxiliam as pessoas com idade igual ou superior a 16 anos com deficiência grave, na transição para a vida adulta, pois devido às suas incapacidades não conseguem desenvolver uma atividade produtiva. Assim estes Centrestimular a autonomia, inclusão social e prestar apoios terapêuticos, psicológicos e sociais a estas pessoas.

No ano letivo 2008/2009 o concelho de Câmara de Lobos possuía 448 alunos no Ensino Especial, registando-se ao longo dos anos letivonúmero destes alunos, atingindo os 554 em 2013/2014, ao qual corresponde uma variação de 24%. Analisando a variação entre 2008/2009 verifica-se que foram as Escolas Básica de 2.º e 3.º ciclos e Secundária que ganharam maior númalunos inseridos no Ensino Especial, com aumentos em cerca de 50 por cento. Os restantes estabelecimentos registaram variações menos significativas em termos numéricos, sendo que 11 diminuíram o número de alunos entre 2008/2009 e 2013/2014. Relativamente ao número de alunos por tipologia de deficiência e por nível de ensino em 2013/2014, verificou-se um elevado número de alunos com deficiência cognitiva, existindo 119 alunos com esta dificuldade no 1.º ciclo, 96 alunos no 2.º ciclo e 77 no 3.º ciclo. De destacar ainda, que 10 alunos possuíam multideficiências e 9 alunos deficiência motora.Os alunos pertencentes ao Ensino Especial são provenientes, maioritariamente, da freguesia de Câmara

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

ensino e educação especial, define a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei n.º46/86 de 14 de outubro) que este se organiza “preferencialmente segundo modelos diversificados de integração em estabelecimentos regulares de ensino, tendo em conta as necessidades de atendimento específico, e com apoios de educadores especializados.” Também poderá ocorrer, no entanto, em instituições

Os estabelecimentos de educação e ensino podem des de ensino especializado, as quais

podem abranger um ou vários domínios da educação especial, nomeadamente os relacionados com problemas graves de cognição e situações de

Os Centros de Apoio Psicopedagógico (CAP), de âmbito dispõem de equipas de educação especial e

reabilitação e recursos materiais para colaborar no despiste, observação, avaliação, encaminhamento e intervenção junto de crianças e jovens com necessidades educativas especiais.

Os Centros de Atividades Ocupacionais (CAO), também de âmbito concelhio, auxiliam as pessoas com idade igual ou superior a 16 anos com deficiência grave, na transição para a vida adulta, pois devido às suas incapacidades não conseguem desenvolver uma atividade produtiva. Assim estes Centros pretendem estimular a autonomia, inclusão social e prestar apoios terapêuticos, psicológicos e sociais a estas pessoas.

No ano letivo 2008/2009 o concelho de Câmara de Lobos possuía 448 alunos no Ensino Especial,

se ao longo dos anos letivos um aumento no número destes alunos, atingindo os 554 em 2013/2014, ao qual corresponde uma variação de 24%.

Analisando a variação entre 2008/2009 – 2013/2014 se que foram as Escolas Básica de 2.º e 3.º

ciclos e Secundária que ganharam maior número de alunos inseridos no Ensino Especial, com aumentos em

Os restantes estabelecimentos registaram variações menos significativas em termos numéricos, sendo que 11 diminuíram o número de alunos entre 2008/2009 e

amente ao número de alunos por tipologia de deficiência e por nível de ensino em 2013/2014,

se um elevado número de alunos com deficiência cognitiva, existindo 119 alunos com esta dificuldade no 1.º ciclo, 96 alunos no 2.º ciclo e 77 no 3.º

. De destacar ainda, que 10 alunos possuíam multideficiências e 9 alunos deficiência motora. Os alunos pertencentes ao Ensino Especial são provenientes, maioritariamente, da freguesia de Câmara

de Lobos (51%), seguindo-Lobos com 32% e Curral das Freiras, 8%.

Gráfico 23 – Distribuição do número de alunos do Ensino Especial por freguesia de proveniência – ano letivo 2013/2014 (CERAM e CMCL Inquérito aos Estabelecimentos de Ensino 2014)

Numa análise à relação entre o número de alunos carenciados e o sucesso/insucesso esverificamos que cerca de 91% dos alunos sem escalão de ASE (Ação Social Educativa) reprovou 0 anos, 7% reprovou 1 ano e 1% reprovou 2 anos. À exceção do 2.º escalão, que apresentou uma dinâmica semelhante ao S/E (sem escalão), nos restantes escalõesuma menor percentagem de alunos sem reprovações e por conseguinte maior percentagem de alunos com mais reprovações. Esta situação foi visível nomeadamente nos 1.º e 4.º escalões.

Assim do total de alunos que usufruíam do 1.º escalão, cerca de 79% não registou anos reprovados, 15% reprovou 1 ano, 4% reprovou 2 anos, cerca de 2% 3 anos e menos de 1% reprovou 4 anos. No 4.º escalão, 70% dos alunos não reprovou nenhum ano, 19% reprovou 1 ano, 6% 2 anos e 4% 3 anos.

Verifica-se que a maioria dos alanos reprovados correspondem aos que possuem escalão de ASE mais avançado.

No âmbito do inquérito realizado aos estabelecimentos de ensino sobre a Ação Social Educativa, foi questionado se estes desenvolviam algum de identificação de alunos que, não estando incluídos no escalão I ou II da ASE, apresentam evidências dificuldades económicassolicitada a identificação das medidas implementadas.

Concluiu-se que alguns estabelecimentos não desenvolveram nenhum mecanismo de identificação de

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113

-se o Estreito de Câmara de 32% e Curral das Freiras, 8%.

Distribuição do número de alunos do Ensino Especial por ano letivo 2013/2014 (CERAM e CMCL –

Inquérito aos Estabelecimentos de Ensino 2014)

relação entre o número de alunos carenciados e o sucesso/insucesso escolar, verificamos que cerca de 91% dos alunos sem escalão de ASE (Ação Social Educativa) reprovou 0 anos, 7% reprovou 1 ano e 1% reprovou 2 anos. À exceção do 2.º escalão, que apresentou uma dinâmica semelhante ao S/E (sem escalão), nos restantes escalões registou-se uma menor percentagem de alunos sem reprovações e por conseguinte maior percentagem de alunos com mais reprovações. Esta situação foi visível nomeadamente

Assim do total de alunos que usufruíam do 1.º escalão, 79% não registou anos reprovados, 15%

reprovou 1 ano, 4% reprovou 2 anos, cerca de 2% 3 anos e menos de 1% reprovou 4 anos. No 4.º escalão, 70% dos alunos não reprovou nenhum ano, 19% reprovou 1 ano, 6% 2 anos e 4% 3 anos.

se que a maioria dos alunos que possuem mais anos reprovados correspondem aos que possuem escalão de ASE mais avançado.

No âmbito do inquérito realizado aos estabelecimentos de ensino sobre a Ação Social Educativa, foi questionado se estes desenvolviam algum mecanismo

de alunos que, não estando incluídos no escalão I ou II da ASE, apresentam evidências de dificuldades económicas. No caso afirmativo, foi solicitada a identificação das medidas implementadas.

se que alguns estabelecimentos não m nenhum mecanismo de identificação de

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

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IN Capítulo II 114

dificuldades económicas de alunos não incluídos no 1.º e 2.º escalão, uma vez que não identificaram famílias nesta situação. No entanto, cerca de 27% dos estabelecimentos têm desenvolvido constantemente, medidas de apoio aos alunos/famílias com dificuldades económicas através da reavaliação da ASE ou através de ajudas alimentares, materiais escolares, vestuário e no caso dos infantários através da redução das mensalidades.

Além dos apoios (para material escolar alimentação e transportes) no âmbito da ASE, em regime de comparticipação pela Secretaria Regional de Educação, refere-se ainda o apoio ao transporte escolar definido no artigo 14º da A Portaria n.º 150/2014 de 27 de agosto, que adquire a modalidade de carreira pública (quando o apoio é concedido através da concessão de um passe escolar subsidiado) e de circuito escolar (quando o apoio se suporta em sistemas de transportes, de qualquer tipo, criado especialmente para este efeito). São ainda fixados os requisitos para obtenção deste apoio. Os estabelecimentos com o maior número de alunos a beneficiar de apoio ao nível do transporte escolar da Câmara Municipal, em 2013/2014, foram as Escolas Básicas do 1.º ciclo com PE do Covão, da Quinta Grande e da Seara Velha. Por outro lado, vários estabelecimentos não possuem alunos a usufruir deste apoio.

A Câmara Municipal de Câmara de Lobos realiza os percursos de transporte escolar partindo do Parque Empresarial zona Oeste (PEZO) em direção a várias escolas, nomeadamente a Escola de Curral das Freiras, a Escola do 1º ciclo com PE do Covão, a Escola do 1º ciclo com PE da Vargem, a Escola do 1º ciclo com PE do Pedregal, a Escola do 1º ciclo do Rancho/Caldeira, a Escola do 1º Ciclo da Quinta Grande, em autocarros com capacidade entre os 9 e os 56 lugares.

Existem ainda vários apoios sociais e prémios, concedidos pela Câmara Municipal de Câmara de Lobos, pelas juntas de freguesia, paróquias, centros sociais, associações culturais e recreativas, entre outros. 08.6. OFERTA DE EDUCAÇÃO E ENSINO

A Carta Educativa do concelho de Câmara de Lobos faz ainda uma recolha de informação relativa a cada uma das infraestruturas/equipamentos de ensino, nomeadamente localização, área bruta de construção e suas valências (incluindo salas de utilização específica, espaços desportivos, estacionamento, acessibilidades a

pessoas com mobilidade condicionada, …), segurança e estado de conservação, entre outros.

No que diz respeito a este último indicador, importa aqui referir que dos 27 equipamentos, em 22 considerou-se “Bom” o seu estado de conservação, não tendo sido avaliados estabelecimentos de ensino com estado de conservação a baixo de “Razoável”. Ou seja, constatou-se que a quase totalidade dos estabelecimentos apresenta um bom estado de conservação, interior e exterior, facto que está diretamente relacionado com o ano de construção e com as várias obras de melhoramento que foram sendo realizadas.

Relativamente aos recursos humanos disponíveis nos estabelecimentos de ensino, verifica-se que número de educadores/professores tem registado oscilações ao longo dos vários anos letivos, tendo sido maior no 3.º ciclo e secundário. Verifica-se igualmente uma tendência para diminuir o número de pessoal docente nos vários níveis de ensino, à exceção do 3.º ciclo e secundário.

Relativamente ao número médio de alunos por professor, em 2013/2014 observa-se que Câmara de Lobos apresentava uma média de 7 alunos por professor no 1.º ciclo, 8 alunos por professor no 2.º ciclo e 6 no 3.º ciclo e secundário. O concelho apresentou valores inferiores à RAM em todos os níveis de ensino.

O número de pessoal não docente também tem apresentado uma diminuição progressiva, registando-se uma redução de 65 funcionários entre 2009/2010 e 2013/2014. Esta diminuição foi mais visível ao nível da área de gestão e administração (-22 funcionários) e manutenção e serviços (-68 funcionários).

A maior percentagem de pessoal não docente concentra-se nas funções de manutenção e serviços e no apoio pedagógico.

É importante analisar a Taxa de Cobertura, que corresponde ao rácio entre o número de alunos inscritos em cada ciclo de estudos (independentemente da idade) e o número de residentes nos escalões etários correspondentes às idades próprias de frequência de cada um desses ciclos. Devido à inexistência de dados relativos à população residente no concelho por idade (ano a ano) para 2013, que permitisse o cálculo da população em idade escolar para cada nível de ensino, foi utilizada a população dos Censos 2011, daí existir alguma margem de erro nas taxas de cobertura apresentadas no gráfico seguinte.

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IN Capítulo II

Gráfico 24 – Taxa de cobertura por nível de ensino, ano letivo 2013/2014 (INE, Censos 2011 e CMCL – Inquérito aos Estabelecimentos de Ensino 2014)

08.7. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO

CONCELHO - ANÁLISE SWOT

Uma vez concluído o diagnóstico que abrangeu várias vertentes – território, demografia, estrutura socioeconómica e procura e oferta educativas, é fundamental proceder-se ao preenchimento de uma matriz SWOT (strenghts, weaknesses, opportunities e threats), instrumento utilizado em processos de planeamento estratégico.

Todo o plano estratégico obedece, normalmente, a três fases: análise, formulação e implementação de estratégias. A fase da análise estratégica tem como principal objetivo orientar a intervenção do município através da identificação dos objetivos e finalidades, bem como dos fatores críticos que irão determinar as soluções a adotar.

Assim, na análise SWOT apresentaforças, fraquezas, oportunidades e ameaças diagnosticadas no concelho. Como pressuposto metodológico subjacente à sua construção e preenchimento está o entendimento das “oportunidades” como objetivos passíveis de concretização a partir do significado e do efeito positivo que as “forças” diagnosticadas tendem a representar; por outro lado, as “ameaças” são aqui entendidas como dificuldades e obstáculos a enfrentar e a tentar contornar, decorrentes das “fraquezas” inventariadas.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

Taxa de cobertura por nível de ensino, ano letivo Inquérito aos

ITUAÇÃO EDUCATIVA NO SWOT

Uma vez concluído o diagnóstico que abrangeu várias território, demografia, estrutura

socioeconómica e procura e oferta educativas, é se ao preenchimento de uma

strenghts, weaknesses, opportunities e ), instrumento utilizado em processos de

Todo o plano estratégico obedece, normalmente, a três fases: análise, formulação e implementação de

estratégica tem como principal objetivo orientar a intervenção do município através da identificação dos objetivos e finalidades, bem como dos fatores críticos que irão determinar as

Assim, na análise SWOT apresenta-se uma síntese das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças diagnosticadas no concelho. Como pressuposto metodológico subjacente à sua construção e preenchimento está o entendimento das “oportunidades” como objetivos passíveis de concretização a partir do

efeito positivo que as “forças” diagnosticadas tendem a representar; por outro lado, as “ameaças” são aqui entendidas como dificuldades e obstáculos a enfrentar e a tentar contornar, decorrentes

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

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IN Capítulo II 116

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IN Capítulo II 117

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IN Capítulo II 118

08.8. PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO

Importa referir, ainda, que a Carta Educativa do concelho de Câmara de Lobos apresenta a projeção do movimento natural e do movimento migratório da população, apresentando vários cenários, segundo o já referido método (não casual global) de componentes por Coortes, apresentado no Título 11 do Capítulo II do presente Relatório Síntese. 08.9. RECONFIGURAÇÃO E REORGANIZAÇÃO DA

REDE

A Portaria n.º 107/2015, de 3 de julho, procedeu a várias fusões de estabelecimentos de educação ou de ensino, por forma a adequar a rede escolar ao contexto sociodemográfico atual. Em Câmara de Lobos foram reestruturados os seguintes estabelecimentos: - O Jardim de Infância “O Pião” funde-se com a

Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar de Câmara de Lobos passando a designar-se como Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar de Câmara de Lobos”;

- A Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar do Pedregal funde-se com a Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar de Garachico passando a designar-se Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar de Garachico;

- A Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar das Romeiras funde-se com a Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar da Marinheira passando a designar-se Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar de Marinheira;

- A Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar de Seara Velha funde-se com a Escola Básica dos 1.º, 2.º e 3.º Ciclos com Pré-escolar do Curral das Freiras passando a designar-se Escola Básica dos 1.º, 2.º e 3.º Ciclos com Pré-escolar do Curral das Freiras.

Com estas alterações, o concelho passou a dispor de 23 estabelecimentos, dos quais 17 são públicos e 6 privados (Infantário O Golfinho I e Creche O Golfinho II foram contabilizados como 2 apesar de estarem agregados). Estão-se a estudar possíveis usos para os edifícios onde funcionaram, até à data, as escolas que foram encerradas, havendo a possibilidade de, pelo menos no Jardim da Serra, se dedicar o edifício ao ensino recorrente.

09. AVALIAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DO RUÍDO AMBIENTAL (MAPA DE RUÍDO)

Os mapas de ruído, à escala municipal, são um instrumento de apoio a decisões estratégicas sobre planeamento e ordenamento do território, pois fornecem uma visão acústica abrangente e quantificada do território municipal, permitindo visualizar a área de influência acústica das principais fontes de ruído e identificando situações prioritárias de redução de ruído. O Mapa de Ruído do Concelho de Câmara de Lobos foi elaborado pela SCHIU, Engenharia de Vibração e Ruído, em setembro de 2015, dando cumprimento ao disposto no Regulamento Geral do Ruído (RGR), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de janeiro, e retificado pela Declaração de Retificação n.º 18/2007, de 16 de março, e com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 278/2007, de 1 de agosto. O RGR atribui aos Municípios a competência de elaborarem Mapas de Ruído, para apoiar a elaboração, alteração e revisão dos Planos de Ordenamento do Território (entre os quais, o Plano Diretor Municipal, os Planos de Urbanização e os Planos de Pormenor) de modo a promoverem a distribuição adequada dos usos do território, tendo em consideração as fontes de ruído existentes e previstas e a delimitação e disciplina de zonas sensíveis e de zonas mistas. Em termos legais, os municípios deverão classificar os recetores sensíveis do seu território, tendo em conta a ocupação existente e prospetivada, em “zonas sensíveis” e “zonas mistas”, as quais possuem diferentes limites legais, e que se reportam aos indicadores Lden e Ln. Estão ainda previstos limites até à classificação acústica do território (ausência de classificação). No quadro seguinte estão indicados os níveis de ruído ambiente máximos admitidos para os dois tipos de classificação dos recetores sensíveis, e aplicáveis ao período de transição. De referir que este mapa de ruído é o primeiro a ser elaborado, à escala municipal, para o concelho de Câmara de Lobos, e que o seu território ainda não possui classificação acústica.

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IN Capítulo II 119

Fonte: Mapa de Ruído do Concelho de Câmara de Lobos – Resumo não Técnico

É ainda importante referir que a análise dos mapas de ruído produzidos deve ter em consideração que foram elaborados à escala municipal, para articulação com o respetivo Plano Diretor Municipal (PDM), e a 4 metros acima do solo e tendo em consideração apenas as principais fontes sonoras de natureza humana, pelo que deverão ser encarados numa perspetiva macroscópica, e não como uma perspetiva pormenorizada dos níveis de ruído existentes em determinado local.

As várias cartas que integram o mapa de ruído do concelho de Câmara de Lobos acompanham os estudos de caraterização –Relatório setorial 9 e da sua análise é possível verificar que as principais fontes sonoras existentes no território municipal são as vias rodoviárias, fábricas e centrais térmica e hidroelétrica. A carta para o período Lden (que representa os níveis sonoros resultantes do somatório da contribuição de todas as fontes de ruído, para todos os períodos do dia: diurno-entardecer-noturno) identifica níveis sonoros mais elevados (acima dos 60dB(A), e em alguns locais acima dos 70dB(A)) ao longo da Via Rápida (VR1) e no Parque Empresarial da Zona Oeste, na foz da Ribeira dos Socorridos. Identifica-se ainda algum ruído, embora em níveis inferiores a estes, ao longo da Estrada João Gonçalves Zarco (sobretudo na cidade de Câmara de Lobos) e do eixo rodoviário Rua Padre Pitta Ferreira/Rua António Prócoro de Macedo Júnior. No restante território municipal, praticamente não se identificam níveis de ruído acima dos 55dB(A). Para o período Ln (que representa os níveis sonoros resultantes do somatório da contribuição de todas as fontes de ruído, para o período entre as 23h00 e as 07h00), a carta de ruído identifica com maior exposição e ruído os mesmos locais que no período Lden, mas em intervalos de dB(A) menores.

Considerando o levantamento dos níveis de ruído e os atuais usos do solo verificados nesses locais, o mapa de ruído apresenta ainda os mapas de conflito para as zonas mistas e para as sensíveis. Ou seja, são identificadas as zonas onde o nível de ruído verificado se encontra acima dos valores limites de exposição determinados por lei, conforme a ocupação do solo nesse local (e que define, portanto, a classificação acústica como “mista” ou “sensível”). Recorde-se que estas zonas de conflito, apresentadas nas imagens seguintes, são determinadas pelo levantamento da situação atual, não considerando ainda os usos previstos e definidos posteriormente pela Revisão do PDM. No entanto, o Mapa apresenta ainda cartas de zonas de conflito considerando também as vias projetadas e atualmente em obras, e que serão naturalmente consideradas aquando da Proposta de Plano. De uma forma geral, são identificadas como zonas de conflito aquelas onde o nível de ruído verificado foi o mais elevado, ou seja, as já referidas VR1 e Parque Empresarial da Zona Oeste. As imagens seguintes, extratos dos Mapas que acompanham os estudos, apresentam a localização dessas áreas.

Zonamento do Território (Recetores Sensíveis)

Níveis Máximos de Exposição ao Ruído Ambiente no Exterior, dB(A) Indicador de ruído diurno-entardecer-

noturno (Lden) Indicador de ruído noturno (Ln)

Zona Sensível 55 45

Zona Mista 65 55

Zona Não Classificada 63 53

Quadro 32 – Valores limite de exposição ao ruído em função da classificação acústica.

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IN Capítulo II 120

Figura 29 – Mapa de conflitos atual para a zona mista – extrato (SCHIU)

Figura 30 – Mapa de conflitos atual para a zona sensível – extrato (SCHIU)

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IN Capítulo II 121

10. DIAGNÓSTICO SOCIAL (CARTA SOCIAL)

O Diagnóstico Social Participado de Câmara de Lobos enquadra-se no âmbito da implementação do projeto piloto “Intervenção Social Participada”, sistematizando todos os contributos que foram recolhidos ao longo de 2015, pela equipa multidisciplinar a quem competiu o papel de caráter operacional neste processo – o Grupo Dinamizador para a Intervenção Social Participada. Este Diagnóstico (que integra os Estudos de Caraterização e Diagnóstico do concelho, no âmbito da Revisão do PDM -Relatório setorial nº 10) permitiu estabelecer prioridades de intervenção no território, constituindo base para a elaboração de um Plano de Ação Integrado que suporte a tomada de decisão, por parte de profissionais, de dirigentes e de decisores políticos, tendo em vista o desenvolvimento social do Concelho. Mais do que um mero processo de recolha de dados, procurou-se estabelecer uma dinâmica que possibilitasse identificar e mobilizar as forças vivas, no sentido da afirmação de Câmara de Lobos enquanto Território de Corresponsabilidade e Bem-Estar para todos. O documento apresenta uma Caraterização Geral do Concelho, e analisa os Recursos e Dinâmicas. Foi ainda dada evidência aos principais contributos dos atores sociais em presença (cidadãos, dirigentes, políticos e técnicos) resultantes dos momentos participativos e identificadas as principais vulnerabilidades sociais e aos eixos prioritários de intervenção social, com base nos resultados obtidos. Considerando que as matérias abordadas no Documento no que diz respeito à caraterização do concelho e seus recursos e dinâmicas se encontram igualmente identificadas e analisadas nos vários relatórios setoriais (e sintetizadas neste mesmo Relatório Síntese), são de seguida identificadas os contributos dos vários atores, e as principais vulnerabilidades sociais e eixos prioritários, decorrentes dessa análise.

10.1. CÂMARA DE LOBOS: TERRITÓRIO DE

CORRESPONSABILIDADE

A implementação de processos participativos, num determinado território, com vista à coesão social, supõe a existência de facilitadores desses processos, devidamente habilitados. Neste sentido, foi criada uma Rede de Facilitadores, constituída por representantes de 23 instituições locais, com vista à dinamização de oficinas de participação com os cidadãos para a definição de bem-estar. 10.1.1. A CRIAÇÃO DE UMA REDE DE FACILITADORES

PARA A COESÃO SOCIAL

Na iniciativa promovida a 5 de março de 2015, “Agenda 21 Local: Realizar o Futuro – Intervenção Social Participada: Um Passo para a Corresponsabilidade”, os parceiros sociais em presença reconheceram que seria importante realizar um levantamento aprofundado da realidade social do Concelho, com informação transversal a vários setores e criar uma base de dados comum, salientando que essa mesma informação deveria ser trabalhada de modo a ter implicações práticas na vida das pessoas e instituições. Os participantes foram convidados a fazer uma reflexão conjunta sobre a realidade social do Concelho, apontando possíveis caminhos para garantir a sustentabilidade das gerações futuras. Com vista a alargar e aprofundar este processo de envolvimento dos parceiros locais no Diagnóstico, foram desenvolvidas sessões SWOT em todas as freguesias do Concelho. Nelas participaram cerca de 90 parceiros das instituições locais – Juntas de Freguesia, Casas do Povo, Segurança Social, Centro de Saúde, Associações, IPSS, entre outras – com o objetivo de equacionar as principais potencialidades, constrangimentos, ameaças e oportunidades, a nível local. 10.1.2. A VISÃO DOS PARCEIROS SOCIAIS SOBRE O

TERRITÓRIO

O Quadro 33 apresenta a matriz SWOT resultante dessas sessões, agrupando as “freguesias rurais” da Quinta Grande, Jardim da Serra e Curral das Freiras, e as “freguesias urbanas” do Estreito de câmara de Lobos e de Câmara de Lobos.

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IN Capítulo II 122

Análise SWOT – Quinta Grande, Jardim Da Serra e Curral Das Freiras Constrangimentos Potencialidades - Desemprego (jovens sem ocupação) - Baixa escolaridade e qualificação profissional - Emigração/ migração (êxodo rural) - Tendências demográficas (natalidade e envelhecimento) - Acessibilidades (falta de via expresso) e mobilidade (escassez e custos transportes públicos) - Habitação social (escassez) -Economia local pouco dinamizada /falta de investimento privado/ falta de apoios (agricultura, serviços e turismo) – postos de informação turística - População idosa (respostas sociais, mobilidade e isolamento) - População infantil (respostas ocupacionais) - Competências pessoais e sociais - Saúde mental - Dependências (álcool e drogas)

- Paisagem - Pontos turísticos - Património cultural - Turismo de montanha/ rural/ saúde - Economia familiar - Agricultura (produção local) - Proximidade de serviços públicos/ respostas sociais/ equipamentos público-privados - Redes informais de apoio (igreja, vizinhança) - As pessoas, cultura e tradições - Associativismo e desporto (dinamismo)

Ameaças Oportunidades - Crise económica - Baixa natalidade - Envelhecimento da população - Escassa oferta e custo dos transportes públicos - Desemprego (falta de ofertas de emprego) - Meios de comunicação - Pouca informação de projeção turística sobre freguesia(s) - Poucos apoios área habitação - Alterações climatéricas - Fracos apoios à agricultura - Pragas - Educação globalizada - Tráfico de drogas

- Apoios sociais (Segurança Social, Autarquia, outros) - Oferta formativa - Programas de emprego (POD, POT, Estágios) - Respostas ao nível da saúde - Via expresso - Turismo rural/saúde - Economia local (potencial de desenvolvimento) - Projetos comunitários (UE) - Agenda 14/20 - Cursos de formação - Investimento privado

Quadro 33 – Análise SWOT das freguesias rurais da Quinta Grande, Jardim da Serra e Curral das Freirias

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IN Capítulo II 123

Conforme se pode observar no quadro anterior (Quadro 33), os parceiros sociais foram unânimes em afirmar que, nas freguesias da Quinta Grande, Jardim da Serra e Curral das Freiras, a diminuição da taxa de natalidade, o envelhecimento da população, o desemprego e a consequente emigração e êxodo rural, constituem os principais constrangimentos internos. Em relação ao desemprego, os parceiros olham com particular preocupação a “desocupação” dos jovens e as suas consequências, a nível dos comportamentos, designadamente, o consumo de álcool e drogas. É entendido que o fenómeno do desemprego tem tido efeitos a nível da saúde mental e nas relações familiares e sociais. Relativamente à mobilidade e transportes, entende-se que existe uma escassez de transportes públicos para as zonas rurais, acrescendo ainda elevados custos dos títulos de transporte, o que constitui obstáculo à inserção profissional e social. Neste sentido, a finalização do acesso rodoviário – via expresso – é considerada de extrema importância para melhorar as acessibilidades sobretudo das freguesias do Estreito de Câmara de Lobos e Jardim da Serra, estimulando também a Economia Local. Foi evidenciado que a Educação deverá assumir um papel central, havendo necessidade de conferir competências de cariz profissionalizante, de modo a promover a inserção no mercado de trabalho. Os programas do Instituto de Emprego foram apontados como oportunidades, no sentido de atenuar o problema do desemprego, salientando-se a importância da promoção de ações de informação sobre formação e empregabilidade. Em relação à Economia local, os parceiros consideram que está pouco dinamizada, devido à falta de investimento privado e à inexistência de alguns serviços e feiras agrícolas. Mas, realçam que algumas características intrínsecas, como a paisagem, as levadas, os miradouros, o sossego, os pontos turísticos (ex.: Boca dos Namorados, Boca da Corrida, Pico da Cruz das Moças, Quinta Leonor, Aguagem) e a existência de unidades hoteleiras (ex.: Hotel Quinta da Serra) e de um Centro de Hipismo (Escapada dos Cavaleiros) são potencialidades, podendo esses recursos ser melhor aproveitados, por exemplo, para desenvolver projetos na área do turismo rural, de montanha e de saúde. Por outro lado, os parceiros sociais defendem que a agricultura biológica é uma potencial fonte de empreendedorismo, salientando a importância do investimento na promoção dos produtos carateristicamente locais, sendo o CDISA - Quinta Leonor, no Jardim da Serra, um recurso a explorar.

No entender dos parceiros sociais das freguesias rurais, é necessário um forte investimento na qualificação profissional, e em áreas ligadas à atividade turística e agricultura biológica, por exemplo, apostando na formação profissionais em hotelaria, restauração, artesanato e línguas. Referiram ainda existir uma lacuna ao nível da promoção turística das freguesias, dando como exemplo, o pouco dinamismo ou até mesmo a inexistência dos postos de turismo. Devido à atual conjuntura socioeconómica, considera-se que deveria ser reforçada a proteção social à população mais vulnerável, sobretudo, crianças, jovens e idosos. Como pontos fortes nestas freguesias, foram referidos os apoios e as respostas sociais dos serviços locais do Instituto de Segurança Social, IP-RAM e do Serviço Regional de Saúde, a proximidade de alguns serviços públicos e, ainda, o património, as belezas naturais, as tradições, a cultura e algumas características intrínsecas das pessoas, tais como a solidariedade e as redes de vizinhança. Por outro lado, são reconhecidos os apoios concedidos às instituições que trabalham com jovens (clubes desportivos) e às famílias carenciadas, por exemplo, no âmbito da recuperação de imóveis degradados, embora se considere ser necessário investir mais nos apoios à habitação, nos equipamentos ocupacionais e residenciais (lares) e na mobilidade (por ex.: transportes para os centros de dia) para esta população, bem como reforçar o apoio às famílias com idosos a cargo. Na freguesia do Curral das Freiras, existem condicionalismos físicos (separação física com o restante Concelho, uma vez que apresenta uma localização geográfica no interior de uma depressão morfológica) e a inexistência de um acesso direto interno ao centro do Concelho, traduzindo um maior isolamento da população em geral e da população idosa, em particular, sendo este aspeto um fator duplamente diferenciador face às restantes freguesias rurais.

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IN Capítulo II 124

Análise SWOT – Estreito de Câmara de Lobos e Câmara de Lobos Constrangimentos Potencialidades - Desemprego - Emigração - Tendências demográficas (natalidade e envelhecimento) - Baixa escolaridade e qualificação profissional - Fracas sinergias interinstitucionais /Pouca abertura das instituições (inovação, criatividade) - Falta de promoção / espaços promocionais da freguesia - Escassez alojamento a custos acessíveis - Escassez Infraestruturas (lar idosos, museu do vinho, parque infantil, pavilhão) - Insegurança e vandalismo (falta de policiamento) - Escassez de recursos nas escolas (financeiros, transportes, infraestruturas) - Falta de competências pessoais, sociais e profissionais - Dependências (drogas e álcool) e comportamentos de risco (prostituição, pedofilia) - Violência (doméstica e maus tratos a animais) - Mobilidade (horários e custo dos transportes públicos) - Estigma social e preconceito - Mitos - Falta de Infraestruturas de saúde adequadas e recursos humanos - Escassez de respostas sociais (pop. idosa) - Bairros sociais (bolsas de pobreza) - Pobreza, mendicidade, subsidiodependência - Desadequada gestão dos recursos - Desmotivação, apatia, inversão de prioridades, falta de hábitos de trabalho, de iniciativa - Modelos parentais distorcidos, famílias disfuncionais, fracas competências parentais - Falta de técnicos (área social) - Escassez de recursos financeiros

- População jovem - Recursos naturais / paisagem - Pontos turísticos - Agricultura (vinha - Gastronomia - Tradições e costumes - Turismo - Associativismo (dinamismo) - Rede escolar - Clima (favorável a agricultura, pesca, lazer, turismo) - Mar (proximidade) - As pessoas (caraterísticas inatas: criatividade, comunicativas, apetência pelas artes, música e desporto) População sénior (dinamismo e apoios existentes) - As instituições - Religiosidade (valores) - Diversidade e proximidade de serviços e infraestruturas - Proximidade ao Funchal - Valorização do papel da família - Festas e eventos culturais, recreativos e educativos - Rede de transportes (bons acessos rodoviários) - Oferta formativa

Ameaças Oportunidades - Crise económica - Desemprego - Baixa natalidade (falta de apoios) - Falta de apoios à habitação - Forte carga fiscal - Falta de investimentos privados - Falta de verbas destinadas à Educação (setor público e privado) - Legislação/burocracia - Políticas sociais inadequadas - Sistema educativo - Preconceitos em relação ao Concelho/pessoas do Concelho - Alterações climatéricas - Epidemias - Crise de valores - Falta de confiança nos políticos - Falta de capacidade de planeamento a médio/longo prazo - Poucos apoios ao empreendedorismo

- Via expresso - Programa 14/20 (fundos comunitários) - Turismo (habitação, saúde, rural) - Diversidade na oferta formativa - Parcerias com a Escola Hoteleira, Uma - ERASMUS - Emigração - Hotelaria focadas nas potencialidades marítimas - Proximidade ao Funchal

Quadro 34 - Análise SWOT das freguesias urbanas de Estreito de Câmara de Lobos e Câmara de Lobos

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IN Capítulo II 125

As freguesias urbanas apresentam, como pode observar-se no quadro seguinte, os mesmos constrangimentos ligados ao desemprego, à emigração, à diminuição da natalidade e ao envelhecimento da população, embora neste último caso, de forma não tão acentuada, já que estas freguesias possuem uma população predominantemente jovem, em idade ativa. No que diz respeito ao fenómeno do desemprego, referem que existe escassez de ofertas de emprego e baixas qualificações profissionais. Para colmatar esta situação e apesar da escassez de recursos financeiros, foi lembrado que o recurso aos fundos comunitários e a captação de investimento externo é uma oportunidade a ter em conta, bem como a retoma da construção da via-expresso. No que diz respeito à Economia local, o turismo, a agricultura e a gastronomia foram vistos como potencialidades, existindo diversos recursos internos que podem ser melhor rentabilizados tais como, o próprio clima (favorável à agricultura, à pesca, ao lazer e ao turismo), o mar (proximidade), os pontos turísticos, as paisagens, as artes/música, o associativismo e desporto (freguesia enquanto sede de eventos culturais, desportivos e recreativos), as instituições, a gastronomia, as tradições, os costumes, as festas e eventos, havendo que apostar mais na promoção turística e em espaços com essa função. Relativamente à Educação, os parceiros consideram que os baixos níveis de escolaridade, o absentismo e o abandono escolar precoce, continuam a ser um entrave ao desenvolvimento local, havendo que apostar numa oferta formativa diversificada.

Os participantes lembraram a existência de algumas “bolsas de pobreza” (sobretudo no núcleo central de Câmara de Lobos), associados a uma desadequada gestão de recursos, à subsidiodependência e à desresponsabilização das pessoas face aos seus problemas (modelos parentais disfuncionais, inversão de prioridades e desinteresse pela educação dos filhos). Por outro lado, referem como constrangimento, a escassez de respostas ocupacionais para as crianças e jovens nas férias letivas. Em relação aos bairros sociais, os parceiros sociais demonstraram alguma preocupação perante a presença de fenómenos relacionados com a violência, o tráfico de drogas, prostituição e a mendicidade. As questões associadas à insegurança e a atos de vandalismo estão assim entre as principais preocupações dos parceiros sociais que entendem que deveria existir mais policiamento de rua.

Apesar disso, os parceiros sociais consideram que a população destas freguesias apresenta qualidades intrínsecas que constituem mais-valia, tais como, a criatividade, as capacidades artísticas, de comunicação e a expressividade. Outro dos recursos intrínsecos considerado importante é a religião, pois contribui para que as pessoas tenham respeito pelos valores, crenças, costumes e tradições, embora, por vezes, acarrete crenças e mitos que não favorecem a abertura. Em termos de infraestruturas e sobretudo na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, apesar de existirem escolas em número suficiente e equipamentos relevantes, tais como o mercado municipal, o centro cívico, diversos serviços e bons acessos rodoviários, os participantes consideram que faz falta reforçar os equipamentos com um parque infantil, um lar de idosos e um museu alusivo ao vinho. Nesta mesma freguesia, foi sugerido o investimento no alojamento a baixos custos como forma de fixar os profissionais e dinamizar a Economia local. Na área da Saúde, existem alguns constrangimentos, relacionados com a degradação das atuais instalações, a restrição do horário de atendimento nas urgências e a falta de recursos humanos. Constata-se também a escassez de respostas sociais específicas dirigidas à população sénior, por exemplo, a nível de apoio domiciliário e cuidados continuados integrados. Como pontos positivos, foi mencionada a “boa vontade das instituições e dos técnicos” e o espírito dinâmico da autarquia.

10.1.3. O BEM-ESTAR NA PERSPETIVA DOS CÂMARA-LOBENSES

É seguidamente apresentada a análise dos resultados globais das oficinas de participação, em torno da definição de bem-estar, a partir das 2895 respostas dadas por 238 cidadãos Câmara-lobenses. A maioria dos cidadãos pertencia à freguesia de Câmara de Lobos, seguindo-se a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, Jardim da Serra, Quinta Grande e Curral das Freiras, sendo que um dos grupos homogéneos tinha quatro participantes de freguesias distintas: Câmara de Lobos, Estreito de Câmara de Lobos e Jardim da Serra. Na grande maioria, os cidadãos valorizam componentes de bem-estar que passam pelas atitudes e iniciativas (689 respostas), do sujeito para o meio envolvente, tomados individualmente ou com outros, tais como o trabalho sobre si ou respeito de si próprio, as atividades e iniciativas privadas, as atitudes e o ser sociável, o encontrar, ouvir e ser solidário, a responsabilidade, o

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IN Capítulo II

compromisso com a sociedade, a dinâmica e vontade coletiva. Em segundo lugar, surge a dimensão das relações pessoais (523 respostas), do meio envolvente para o sujeito, relacionadas com as relações do indivíduo com a família, os amigos ou as pessoas em geral, tais como relações de casal/relações sexuais e/ou sentimentais, vida de família/relações familiares, amizade/amigos, relações de vizinhança, relações nos lugares de atividade (trabalho, escola, etc.) e contactos com animais. O gráfico seguinte apresenta estas e restantes dimensões de bem-estar apontadas pelos cidadãos das oficinas participativas.

Gráfico 25 – Dimensões de bem-estar dos Câmara-lobenses: resultados globais (238 cidadãos | 2895 respostas) (Gráfico adaptado do site oficial da Rede Together)

Numa abordagem mais individualizada aos resultados gráficos, verificam-se diferenças entre os vários gruhomogéneos e até dentro de um mesmo grupo. Por exemplo, no grupo dos participantes (crianças) do Campo de Férias “Lobos Radical”, promovido pela autarquia. Verificou-se uma particularidade entre os grupos homogéneos “Crianças e Jovens 1, 2 3“, com idades entre os 9 e os 13 anos, comparativamente ao grupo “Crianças e Jovens 4”, com idades entre os 8 e os 9 anos. Neste último, a dimensão que mais se destacou foi a do acesso aos meios de subsistência, tendo sido aliás o único grupo homogéneo (no total de isso aconteceu, evidenciando, uma maior vulnerabilidade social destas crianças. A esta situação não será alheio o facto de alguns dos participantes nesta atividade, estarem previamente identificados como “crianças em risco” pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco e, nesse contexto, terem sido encaminhados para esta atividade como medida de prevenção e promoção. Pelo contrário, nos outros grupos de crianças, as dimensões mais privilegiadas foram as relações

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compromisso com a sociedade, a dinâmica e vontade

Em segundo lugar, surge a dimensão das relações io envolvente para o

sujeito, relacionadas com as relações do indivíduo com a família, os amigos ou as pessoas em geral, tais como relações de casal/relações sexuais e/ou sentimentais, vida de família/relações familiares, amizade/amigos,

ança, relações nos lugares de atividade (trabalho, escola, etc.) e contactos com

O gráfico seguinte apresenta estas e restantes estar apontadas pelos cidadãos das

lobenses: resultados globais (238 cidadãos | 2895 respostas) (Gráfico adaptado

Numa abordagem mais individualizada aos resultados se diferenças entre os vários grupos

homogéneos e até dentro de um mesmo grupo. Por exemplo, no grupo dos participantes (crianças) do Campo de Férias “Lobos Radical”, promovido pela

se uma particularidade entre os grupos homogéneos “Crianças e Jovens 1, 2 3“, com

des entre os 9 e os 13 anos, comparativamente ao grupo “Crianças e Jovens 4”, com idades entre os 8 e os 9 anos. Neste último, a dimensão que mais se destacou foi a do acesso aos meios de subsistência, tendo sido aliás o único grupo homogéneo (no total de 26) em que isso aconteceu, evidenciando, uma maior vulnerabilidade

A esta situação não será alheio o facto de alguns dos participantes nesta atividade, estarem previamente identificados como “crianças em risco” pela Comissão de

eção de Crianças e Jovens em Risco e, nesse contexto, terem sido encaminhados para esta atividade

Pelo contrário, nos outros grupos de crianças, as dimensões mais privilegiadas foram as relações

pessoais, equilíbrios pessoais e sentimentos de bemestar/mal-estar. Este facto leva-nos a concluir que muito embora essas crianças apresentassem traços de perfil semelhantes do ponto de vista de idade, nível de ensino, género, escola frequentada, Concelho de residência, o fator que mais determinou os resultados parece ter sido o da condição socioeconómica. Na seleção dos subgrupos homogéneos das crianças foi privilegiado, em primeiro lugar, o critério da idade, para além do critério “ser participante no campo de férias”, ou seja,subgrupos de crianças foram basicamente agrupados consoante as idades (8-13 anos). Os resultados levamnos então a concluir que coincidentemente, as crianças com uma condição socioeconómica mais desfavorável terão ficado agrupadas no mesmo subgrupo de Por fim, importa salientar que para além do grupo anteriormente referido, existiram outros em que a dimensão do “acesso aos meios de subsistência” assumiu especial importância, posicionandotermos de tendência de respostas, em segunda posiçãou muito próxima desta. Nesta situação encontramos, por exemplo, o “Grupo 1 do Ribeiro Real”, os “Funcionários do Centro de Dia”, os “Utentes da consulta de Alcoologia” e o grupo “Colaboradores”. Estes resultados, pela sua riqueza e autenticidade, na medida em que traduzem o sentir das pessoas ouvidas, de forma aberta, constituem um importante contributo para o desenho de atividades e projetos de intervenção social, junto de públicos-alvo específicos

10.2. VULNERABILIDADES SOCI

PRIORITÁRIOS DE INTERVENÇÃO

É neste subcapítulo apresentada uma reflexão sobre refletir sobre a problematização dos resultados obtidos, as principais forças e fraquezas identificadas e definir os eixos prioritários de intervenção social no Concelho.Salienta-se, no entanto, que as questões aqui levantadas não esgotam, certamente, as vulnerabilidades que se fazem sentir no território. Trata-se, tão só, daquelas que, com os dados disponíveis, foi possível não só vislumbrar como mas sustentar.

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ssoais e sentimentos de bem-nos a concluir que muito

embora essas crianças apresentassem traços de perfil semelhantes do ponto de vista de idade, nível de ensino, género, escola frequentada, Concelho de residência, o

que mais determinou os resultados parece ter sido o da condição socioeconómica. Na seleção dos subgrupos homogéneos das crianças foi privilegiado, em primeiro lugar, o critério da idade, para além do critério “ser participante no campo de férias”, ou seja, os subgrupos de crianças foram basicamente agrupados

13 anos). Os resultados levam-nos então a concluir que coincidentemente, as crianças com uma condição socioeconómica mais desfavorável terão ficado agrupadas no mesmo subgrupo de idades. Por fim, importa salientar que para além do grupo anteriormente referido, existiram outros em que a dimensão do “acesso aos meios de subsistência” assumiu especial importância, posicionando-se, em termos de tendência de respostas, em segunda posição ou muito próxima desta. Nesta situação encontramos, por exemplo, o “Grupo 1 do Ribeiro Real”, os “Funcionários do Centro de Dia”, os “Utentes da consulta de Alcoologia” e o grupo “Colaboradores”.

Estes resultados, pela sua riqueza e autenticidade, na dida em que traduzem o sentir das pessoas ouvidas,

de forma aberta, constituem um importante contributo para o desenho de atividades e projetos de intervenção

alvo específicos

ULNERABILIDADES SOCIAIS E EIXOS ERVENÇÃO

É neste subcapítulo apresentada uma reflexão sobre refletir sobre a problematização dos resultados obtidos, as principais forças e fraquezas identificadas e definir os eixos prioritários de intervenção social no Concelho.

que as questões aqui levantadas não esgotam, certamente, as vulnerabilidades que se

se, tão só, daquelas que, com os dados disponíveis, foi possível não só vislumbrar

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IN Capítulo II 127

10.2.1. PRINCIPAIS VULNERABILIDADES IDENTIFICADAS

Em Câmara de Lobos, a partir da análise cruzada da informação recolhida, e aqui sistematizada anteriormente, e da reflexão levada a cabo, é possível antever alguns fatores de maior vulnerabilidade no Concelho que afetam o bem-estar das pessoas, colocando em risco a coesão social, nomeadamente:

- O capital humano apresenta deficit de qualificações: os baixos níveis de educação e de qualificação que se verificam no Concelho limitam o acesso das pessoas a empregos com melhores condições, incapacita a sua valorização e a participação na sociedade. Destaca-se como elemento atenuador desta vulnerabilidade, a proatividade da população e o dinamismo dos movimentos associativos;

- Existe uma insuficiente cobertura de equipamentos e respostas sociais, associada a uma macrocefalia urbana e centralização de respostas, sendo que as freguesias rurais revelam maiores dificuldades de acesso a determinado tipo de respostas e serviços. Esta insuficiência na cobertura de equipamentos e respostas sociais faz-se sentir, nomeadamente, nas seguintes áreas: i) População idosa, associada a um elevado índice de envelhecimento nas freguesias rurais (Curral das Freiras, Jardim da Serra e Quinta Grande apresentam uma menor capacidade de resposta); ii) Saúde, devido à desadequação de equipamentos, na Cidade; iii) Infância e juventude, com uma insuficiência de respostas a diferentes níveis.

- Elevada taxa de desemprego, com prevalência para o de longa duração: o Concelho apresenta uma das taxas de desemprego mais elevadas da RAM, destacando-se o desemprego de longa duração. A este fenómeno associa-se também uma Economia local estagnada e escasso investimento privado. Acresce ainda uma insuficiente rentabilização das potencialidades do Concelho, a nível de desenvolvimento turístico;

- Obstáculos à mobilidade da população: esta situação é condicionada sobretudo pela escassez e custo dos transportes públicos, o que dificulta a mobilidade da população e, muitas vezes, a qualificação/inserção profissional das pessoas, particularmente, das freguesias rurais;

- Presença de Grupos ou Comunidades Socialmente Vulneráveis:

- O grupo das crianças e jovens que tem um

enorme peso no Concelho, apresenta algumas fragilidades, na medida em que tem havido tendência para aumento das situações de risco, sendo que grande parte destas situações estão associadas a fenómenos de toxicodependência, alcoolismo e violência doméstica;

- Existe um número significativo de população jovem em situação de privação material: verifica-se um número considerável de jovens com menos de 25 anos registados como desempregados (em junho de 2015, representavam 15% do total de desempregados); assinala-se, também, forte incidência de jovens a residir em bairros de habitação social e a beneficiar da medida Rendimento Social de Inserção, o que faz transparecer alguma dependência das medidas de política social;

- Presença de famílias mais numerosas e aumento expressivo de famílias monoparentais: a dimensão e o tipo de família, isto é, as famílias de maior dimensão e as famílias monoparentais tendem a correr um maior risco porque têm menores rendimentos;

- Elevado grau de vulnerabilidade em caso de catástrofe ou risco natural, sobretudo em determinadas zonas das freguesias de Câmara de Lobos e Curral das Freiras, com particular incidência para as zonas onde se localizam bairros sociais.

- Pouca tradição de planeamento estratégico integrado, em sentido ascendente (do local para o regional): apesar de esta metodologia ter sido largamente incrementada com o lançamento do “Programa Intervenção Social Participada” e com o processo desencadeado para a elaboração do presente Diagnóstico, é reconhecida a necessidade de consolidação do trabalho em parceria e de continuar a apostar numa lógica de corresponsabilidade e de participação democrática, como motor de desenvolvimento social do território.

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IN Capítulo II 128

10.2.2. EIXOS PRIORITÁRIOS DE INTERVENÇÃO SOCIAL

Tendo presentes as vulnerabilidades identificadas, é possível, desde já, proceder à identificação dos eixos prioritários de intervenção social, e que constituem fundamento para o Plano de Ação para a Coesão Social 2016-2017 de Câmara de Lobos, que se enquadra no âmbito da Agenda 21 Local e da implementação do projeto “Intervenção Social Participada”, iniciativa pioneira na Região Autónoma da Madeira.

Eixo I – Valorização do Capital Humano

• Promover a educação e qualificação das pessoas • Promover uma cultura orientada para a valorização

das competências, papéis, responsabilidades e evolução da família

• Premiar as boas práticas e reforçar o marketing social do Concelho

Eixo 2 – Reforço dos Equipamentos e Respostas Sociais

• Reforçar as respostas locais de apoio à infância e juventude

• Reforçar as respostas locais de apoio aos idosos • Reforçar a rede de suporte às famílias com

pessoas em situação de dependência, deficiência e/ou mobilidade reduzida

• Promover a qualificação da prestação de cuidados de saúde primários

Eixo 3 – Dinamização da Economia Local e Empreendedorismo

• Promover o acesso ao emprego • Promover a agricultura e os produtos locais • Rentabilizar as potencialidades turísticas do

Concelho

Eixo 4 – Reforço das Acessibilidades, Mobilidade e Transportes

• Conceber acessibilidades que colmatem a macrocefalia urbana

• Reforçar os meios de transporte públicos

Eixo 5 – Proteção das Comunidades e Grupos Socialmente Vulneráveis

• Prevenir e combater os fatores de vulnerabilidade social das crianças e jovens

• Prevenir e combater os fatores de vulnerabilidade social das famílias

• Promover uma cultura vocacionada para a não discriminação, a não-violência e a igualdade de género

Eixo 6 – Incremento da Corresponsabilidade, Cidadania e Participação

• Promover uma cultura de trabalho em rede e de planeamento integrado

• Garantir uma aproximação continuada entre o poder político, as instituições e os cidadãos

• Promover um sistema de informação e comunicação comum

Mais do que uma intervenção social setorializada, no âmbito da qual os “públicos-alvo” são meros consumidores dos dispositivos sociais e intervenções socioeducativas de caráter mais assistencialista ou caritativo, preconiza-se em Câmara de Lobos a conceção de políticas sociais e programas integrados que englobem a totalidade das pessoas, no seu contexto de vida quotidiana e não somente as mais desfavorecidas ou em risco, possibilitando combinar diferentes setores, recursos, aproximações e métodos, numa lógica de complementaridade, tendo presente uma efetiva e concreta participação comunitária. Aspira-se fomentar na comunidade uma capacidade reflexiva e conceber o social como indissociável do ambiente cultural, ecológico, económico, político e espiritual em que tem lugar. Com base nestes pressupostos, o desenvolvimento social em Câmara de Lobos deixa antever uma mudança inevitável, simultaneamente estruturante e estruturadora de novas formas de ser, saber e fazer. Anuncia relações sociais duma outra natureza, apela à mudança das práticas profissionais e organizacionais, mobiliza novas competências e reclama ferramentas e saberes específicos do domínio do fazer. Trata-se de passar da lógica de gestão sectorial a uma lógica de intervenção estratégica, numa dinâmica integrada e participativa, de corresponsabilidade. Em suma, passar do restrito tratamento dos problemas, à coesão social e ao desenvolvimento integrado do Concelho, tendo presente que “um território capaz de tirar partido da sua singularidade é um território mais coeso, ou seja, com maior capacidade de se antecipar e adaptar às tendências evolutivas” (IESE, 2015).

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IN Capítulo II 129

11. PROJEÇÕES DEMOGRÁFICAS

A adequação e eficácia das infraestruturas, serviços e respostas públicas exige um olhar atento à evolução demográfica a médio e longo prazo, quer ao nível dos quantitativos populacionais e sua estruturação etária, quer relativamente à intensidade dos seus movimentos.

A Câmara Municipal de Câmara de Lobos adjudicou, assim, à Associação Insular de Geografia - Núcleo de Estudos e Projetos, a elaboração das Projeções Demográficas para o espaço geográfico do concelho para o horizonte 2015-2030. Neste estudo, com base na interpretação da evolução demográfica recente e das

tendências de urbanização regional e local, desenvolveram-se cenários sobre o quadro evolutivo e de impactes da demografia no concelho, que visam apoiar a definição de uma estratégia de desenvolvimento local e integrar a proposta de revisão do Plano Diretor Municipal. 11.1. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a projeção demográfica foi a representada na imagem seguinte.

3ª FASE

2ª FASE

1ª FASE

ESCOLHA DO MODELO A APLICAR

BASE METODOLÓGICA

DEFINIÇÃO DO OBJETIVO DAS PROJEÇÕES

IDENTIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO DE PARTIDA

INVENTARIAÇÃO DA INFORMAÇÃO DISPONÍVEL

ANÁLISE DA SITUAÇÃO

DEMOGRÁFICA

PROJEÇÃO DA MORTALIDADE

PROJEÇÃO DA FECUNDIDADE

PROJEÇÃO DAS MIGRAÇÕES

PROBABILIDADES DE SOBREVIVÊNCIA

HIPÓTESES FIXADAS

MULHERES EM IDADE FÉRTIL

NADOS - VIVOS

POPULAÇÃO PROJETADA: • CENÁRIO NATURAL • CENÁRIO DE MOBILIDADE I • CENÁRIO DE MOBILIDADE II • CENÁRIO DE MOBILIDADE III

HORIZONTE TEMPORAL

CENSOS 2011

ANÁLISE RETROSPETIVA

MÉTODO DAS COMPONENTES POR COORTES:

POPULAÇÃO RESIDENTE DESAGREGADA POR SEXO E POR GRUPOS ETÁRIOS QUINQUENAIS

Figura 31 – Estrutura Metodológica do Relatório das Projeções Demográficas para o concelho de Câmara de Lobos para o Horizonte 2015 – 2030.

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IN Capítulo II 130

11.2. PROJEÇÃO DEMOGRÁFICA 2015-2030

O conhecimento e a compreensão da dinâmica demográfica constituem procedimentos bastante relevantes na definição de estratégias de planeamento. A caraterização e a identificação de variabilidades nas componentes populacionais3 traçam um importante referencial no Sistema de Apoio à Decisão4, em setores tão relevantes como a Saúde, Educação, Economia, Transportes, Habitação e Ambiente, onde as opções políticas fundamentadas são cruciais. O termo “projeção demográfica” descreve os cálculos da população no futuro, sendo por isso mais que um exercício de previsão; envolve a elaboração de cenários, mais ou menos plausíveis, na medida em que simula a evolução da realidade demográfica existente, facilitando a discussão dos “futuros possíveis”. No âmbito da presente revisão do PDM esta situação assume uma importância relevante, no sentido em que permite escolher o cenário de evolução demográfica que mais se coaduna com a Estratégia de Desenvolvimento delineada para o Concelho.

Nesta perspetiva e, considerando os objetivos do presente exercício, adotou-se o método das componentes por coortes5 porque oferece um quadro evolutivo completo da população em estudo, integrando as projeções dos movimentos migratórios. A população de partida considerada refere-se a 2011 e tem como limite temporal o ano de 2030.

O horizonte temporal definido para esta projeção é o mais adequado, atendendo que a margem de erro associada às projeções demográficas de curto e médio prazo é menor, aumentando substancialmente para lá dos 30 – 40 anos, quando muita da população é constituída por pessoas ainda não nascidas, alterando as premissas de partida.

No método das componentes por coortes são analisadas as variáveis micro-demográficas – Óbitos, Fecundidade e Migrações – respetivamente. Estas componentes estão profundamente (inter)ligadas e a população projetada resulta, efetivamente, dessa combinação.

3 Mortalidade, Fecundidade e Migrações.

4 DPS – Driving Force, Pressure, State (Força Motriz, Pressão, Estado) – é um sistema de informação direcionado para o planeamento estratégico.

5 Cohort-component Method define-se “como um conjunto de indivíduos que viveram o mesmo acontecimento demográfico durante um dado período” (TORRES, 1996: 147).

11.2.1. PROJEÇÃO DO MOVIMENTO NATURAL

A Projeção do Movimento Natural baseia-se nas componentes mortalidade e fecundidade, projetadas em fases anteriores, como referido na Figura 31, e cujos cálculos integram o Relatório Setorial do Domínio 11 – Projeções Demográficas, dos Estudos de Caraterização da Revisão do PDM. Revela as tendências naturais, demonstrando uma imagem geral da evolução do número de quantitativos demográficos no concelho de Câmara de Lobos e respetivas freguesias. De um modo geral, o Cenário Natural aponta para um ligeiro acréscimo da população, caso os níveis de mortalidade e de fecundidade não sofram mutações significativas. Este crescimento, porém, não é unânime, evidenciando um decréscimo nas freguesias rurais comparativamente às freguesias urbanas6. É de salientar, que no período em análise, o aumento dos quantitativos demográficos consubstancia-se numa profunda alteração da estrutura populacional. Se no último Recenseamento Geral da População, o município apresentava uma estrutura demográfica jovem, já em 2030 essa situação inverter-se-á, pelo que caminhamos a passos largos para um duplo envelhecimento no topo e na base da estrutura. Tal reverso do padrão demográfico significa que o crescimento previsto, no horizonte temporal da projeção, não resulta de novos quantitativos demográficos (nados-vivos), mas antes, de uma maior longevidade da população. As pirâmides etárias representadas na figura seguinte permitem visualizar de forma clara as tendências mencionadas. Numa análise prospetiva apresentamos a evolução desde 2010 até 2030, não considerando os movimentos migratórios.

6 De acordo com DANTAS (2011:108) o concelho de Câmara de Lobos integra duas freguesias urbanas: Câmara de Lobos e Estreito de Câmara de Lobos. As restantes freguesias, nomeadamente, Curral das Freiras, Quinta Grande e Jardim da Serra são consideradas freguesias rurais

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IN Capítulo II 131

Gráfico 26 – Pirâmide etária para o concelho de Câmara de Lobos, Cenário Natural, 2015

Gráfico 27 – Pirâmide etária para o concelho de Câmara de Lobos, Cenário Natural, 2030

2000 1500 1000 500 0 500 1000 1500 2000

0 - 4 anos

5 - 9 anos

10 - 14 anos

15 - 19 anos

20 - 24 anos

25 - 29 anos

30 - 34 anos

35 - 39 anos

40 - 44 anos

45 - 49 anos

50 - 54 anos

55 - 59 anos

60 - 64 anos

65 - 69 anos

70 - 74 anos

75 - 79 anos

80 - 84 anos

85 + anos

Homens Mulheres

2000 1500 1000 500 0 500 1000 1500 2000

0 - 4 anos

5 - 9 anos

10 - 14 anos

15 - 19 anos

20 - 24 anos

25 - 29 anos

30 - 34 anos

35 - 39 anos

40 - 44 anos

45 - 49 anos

50 - 54 anos

55 - 59 anos

60 - 64 anos

65 - 69 anos

70 - 74 anos

75 - 79 anos

80 - 84 anos

85 + anos

Homens Mulheres

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IN Capítulo II 132

11.2.2. PROJEÇÃO DOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS

Os movimentos migratórios, contrariamente à Mortalidade e à Fecundidade, não são um fenómeno natural. Resultam de um conjunto de deslocações de indivíduos, no espaço geográfico e num determinado período de tempo. Na prospetiva demográfica é considerada a variável mais incerta e menos “previsível”.

Na projeção deste segmento está subjacente, a priori, uma análise ao comportamento dos movimentos migratórios ao longo do tempo. Para tal foi considerado o Saldo Migratório (SM)7 estimado nas últimas duas décadas. No município de Câmara de Lobos, segundo dados do INE, o Saldo Migratório tem seguido uma tendência negativa nos últimos vinte anos, excetuando na viragem do século, que obteve um saldo positivo por três anos consecutivos (nomeadamente, entre 1999 e 2001).

De acordo com os dados (apresentados no Relatório Setorial 11), o concelho de Câmara de Lobos perdeu, em média, 122 residentes por ano. Não obstante, o município tem-se revelado atrativo para novos residentes, provindos de outros concelhos, mas também do estrangeiro, ainda que a sua expressão seja menor.

Tendo em conta as tendências dos movimentos migratórios analisadas, foram considerados, no âmbito da presente projeção, os seguintes fatores:

- O efetivo populacional resultante dos movimentos

migratórios com base na média verificada entre 1991 e 2011 (média negativa correspondente a -122 residentes/ano) – Cenário de Mobilidade I.

- Não obstante, e porque cremos no crescimento gradual das migrações internas, foram considerados 713 novos residentes por quinquénio, ou seja, 143 novos residentes anuais – Cenário de Mobilidade II.

- Assumindo um SM positivo admitiu-se a entrada de 143 imigrantes anuais (já considerados no Cenário de Mobilidade II), combinando-o com um cenário hipotético de fecundidade mais otimista. Deste modo, as mulheres em idade fértil (dos 15 aos 49

7 O SM é a diferença entre o número de entradas e saídas por migração, internacional ou interna, para um determinado país ou região, num dado período de tempo.

anos de idade) foram sujeitas às TFG (Taxa de Fecundidade Geral) fixadas em 58%, por forma a entender a evolução da componente da natalidade, caso a TFG correspondesse à média verificada entre 1992 e 2011 – Cenário de Mobilidade III.

- Na estratificação dos Migrantes por grupos de idade recorreu-se à Estrutura-Tipo dos Movimentos Migratórios (Nações Unidas), introduzindo estes dados no Cenário Natural, corrigindo-o, por forma a obter a projeção de cada período quinquenal até 2030.

São seguidamente apresentados os resultados, para cada um dos Cenários de Mobilidade.

11.2.2.1.CENÁRIO DE MOBILIDADE I

Foi considerada a hipótese de o saldo migratório manter-se negativo até ao final do período projetado. Em traços gerais, há uma diminuição da população residente no concelho e em todas as freguesias e uma redução da natalidade e envelhecimento da população.

Anos

Câmara de

Lobos

Curral das Freiras

Estreito de Câmara de Lobos

Quinta Grande

Jardim da Serra

Total

2010 17986 2001 10269 2099 3311 35666

2015 18257 1969 10213 2063 3286 35788

2020 18246 1916 10131 2029 3225 35546

2025 18116 1856 9953 1975 3135 35036

2030 17879 1787 9737 1914 3021 34338

Quadro 35 - Cenário de Mobilidade I para o concelho de Câmara de Lobos e respetivas freguesias (2010-2030)

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IN Capítulo II 133

11.2.2.2. CENÁRIO DE MOBILIDADE II

Assume um saldo migratório positivo, considerando a entrada de 713 imigrantes por quinquénio. Prevê um aumento da população em todas as freguesias e variação positiva no n.º de nascimentos, apesar do aumento ser muito pouco significativo.

11.2.2.3. CENÁRIO DE MOBILIDADE III

Para esta projeção foi considerada a entrada de 143 imigrantes anuais, combinando-a com um quadro hipotético de fecundidade mais otimista. Prevê-se um aumento da população residente no concelho até 2030 e rejuvenescimento demográfico através do aumento do número de nascimentos, e um aumento constante da população jovem (dos 0 aos 9 anos) em todas as freguesias.

11.3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A população possível no futuro é consequência de várias causas. Em primeiro lugar, das características intrínsecas da população atual, uma vez que a maioria das pessoas que existirão daqui a quinze anos é já nascida, mas será quinze anos mais velha.

Em segundo lugar é consequência dos nascimentos ocorridos ao longo desse período, que originam os futuros jovens. Por sua vez, os nascimentos são resultado dos níveis de fecundidade e da estrutura etária da população feminina em idade fértil e da existência de mais ou menos mulheres em idade fértil (15‐49 anos).

Em terceiro lugar, dos óbitos, entretanto verificados, que são o resultado dos níveis de mortalidade e da estrutura etária da população, ou seja, da probabilidade de morte nas várias idades, traduzida em valores de esperança de vida e do número de pessoas que integram as várias idades.

Por último, os efetivos populacionais são também consequência dos fluxos migratórios, ou seja, das entradas (imigrantes) e saídas (emigrantes) do país e dos movimentos de população dentro do mesmo país (entre concelhos).

Mediante os diferentes cenários apresentados, constata-se a elevada possibilidade, de se verificar uma redução dos nascimentos entre 2015 e 2030, bem como, uma perda de população ativa e um acentuado envelhecimento da estrutura populacional do concelho, como sugerem o cenário Natural e os cenários De Mobilidades I e II. Perante esta possibilidade, sugere-se a adoção de medidas de apoio à população idosa e o redimensionamento das estruturas de integração e assistência das faixas etárias mais elevadas, especialmente acima dos 65 anos.

Por outro lado, como sugere o Cenário De Mobilidade III, existe a hipótese de aliar o crescimento dos efetivos populacionais, ao rejuvenescimento demográfico. Para que se verifique este cenário, é essencial um aumento dos nascimentos, que originam os futuros jovens. Estes são resultado dos níveis de fecundidade e da estrutura etária da população feminina em idade fértil, ou seja, do número médio de filhos por mulher e da existência de mulheres em idade fértil (15-49 anos). Como se depreende, a concretização deste cenário está particularmente dependente da implementação de medidas de apoio à natalidade, à família e da fixação de população, especialmente de indivíduos jovens que irão garantir a sustentabilidade demográfica do território.

Anos

Câmara de

Lobos

Curral das Freiras

Estreito de

Câmara de

Lobos

Quinta Grande

Jardim da Serra

Total

2010 17986 2001 10269 2099 3311 35666

2015 18992 2034 10562 2129 3394 37110

2020 19763 2049 10849 2163 3449 38272

2025 20468 2062 11064 2183 3482 39260

2030 21117 2071 11267 2199 3499 40153

Anos

Câmara de

Lobos

Curral das Freiras

Estreito de

Câmara de

Lobos

Quinta Grande

Jardim da Serra

Total

2010 17986 2001 10269 2099 3311 35666

2015 19082 2043 10610 2140 3409 37283

2020 20305 2101 11139 2225 3536 39305

2025 21477 2159 11603 2293 3643 41176

2030 22603 2216 12059 2359 3735 42972

Quadro 36 - Cenário de Mobilidade II para o concelho de Câmara de Lobos e respetivas freguesias (2010-2030)

Quadro 37 - Cenário de Mobilidade III para o concelho de Câmara de Lobos e respetivas freguesias (2010-2030)

Page 136: 12. Relatório Síntese de Diagnóstico da Situação Existente ......de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia Preliminar 12. Relatório Síntese Município de Câmara

IN Capítulo II

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

45000

50000

2010

Popu

laçã

o R

esid

ente

Popu

laçã

o R

esid

ente

Popu

laçã

o R

esid

ente

Popu

laçã

o R

esid

ente

Cenário Natural

Cenário de Mobilidade II

Gráfico 28 – Resumo da projeção demográfica e respetivos cenários para o concelho de Câmara de Lobos, entre 2010 e 2030.

Todos os cenários apresentados sugerem que quinze anos a estrutura demográfica do concelho será diferente da que hoje conhecemos. Todavia, aquela que virá a concretizar-se, depende sobremaneira das políticas públicas que venham a ser adotadas. A esse nível, todos os cenários deste exercício prospetivo apontam para a necessidade de implementação de medidas natalistas que garantam a substituição de gerações, bem como, para o desenvolvimento de políticas locais sensíveis ao aumento do número de idosos. Inclusivamente o Cenário De Mobilidade Ié mais otimista, denota um aumento do número de indivíduos nas classes etárias mais elevadas e de medidas que atraiam mais população jovem (em idade ativa) para o concelho, criação de emprego e desenvolvimento económico.

Nesta perspetiva, assumem especial importância algumas medidas de caráter local (práticas identificadas a nível nacional e internacional, para o que denominamos de “Município Amigo das Famílias”, identificadas no Relatório Setorial 11), assim como o desenvolvimento de estratégias, através das quais o envelhecimento deixe de ser encarado como um afastamento da vida social, fomentando a reintegração da pessoa idosa numa experiência participativa no seu meio de vida e integrando-a num ambiente facilitador onde existam modalidades e programas que propiciem o envelhecimento digno.

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINARMUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE

2015 2020 2025

Cenário Natural Cenário de Mobilidade I

Cenário de Mobilidade II Cenário de Mobilidade III

respetivos cenários para o concelho de Câmara de Lobos, entre 2010 e

Todos os cenários apresentados sugerem que dentro de quinze anos a estrutura demográfica do concelho será diferente da que hoje conhecemos. Todavia, aquela que

se, depende sobremaneira das políticas públicas que venham a ser adotadas. A esse

io prospetivo apontam para a necessidade de implementação de medidas natalistas que garantam a substituição de gerações, bem como, para o desenvolvimento de políticas locais sensíveis ao aumento do número de idosos. Inclusivamente o Cenário De Mobilidade III, que é mais otimista, denota um aumento do número de indivíduos nas classes etárias mais elevadas e de medidas que atraiam mais população jovem (em idade ativa) para o concelho, criação de emprego e

special importância práticas identificadas

a nível nacional e internacional, para o que “Município Amigo das Famílias”,

identificadas no Relatório Setorial 11), assim como o través das quais o

envelhecimento deixe de ser encarado como um afastamento da vida social, fomentando a reintegração da pessoa idosa numa experiência participativa no seu

a num ambiente facilitador ramas que propiciem o

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

134

3701434338

4015342972

2030

Cenário de Mobilidade I

Cenário de Mobilidade III

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo III 135

Capítulo III

PROPOSTA PRELIMINAR

01. ÂMBITO

A análise ao concelho, necessariamente por setores, anteriormente apresentada, carece de uma reflexão crítica que seja transversal a todas essas áreas de intervenção, olhando sobretudo para aquelas com mais direta relação com o instrumento de gestão territorial que é o Plano Diretor Municipal, como sejam a estrutura biofísica – suporte a todas as atividades e todas as ocupações do solo – e as redes urbanas e de equipamentos e infraestruturas, e sua inserção no território. Naturalmente, as opções tomadas pelo PDM, que incide sobre esse plano físico do território, serão tanto mais assertivas quanto maior a compreensão da cultura e das gentes que o habitam e visitam. A análise crítica ao concelho, permite pois definir objetivos e traçar o cenário de desenvolvimento, face a perspetivas de evolução desejadas e possíveis. Essas perspetivas de evolução são refletidas no Quadro Prévio de Ordenamento e futuramente desenvolvidas no Modelo de Organização Espacial, na fase de Proposta de Plano. Correspondem à visão estratégica da autarquia para o concelho, apoiada no conhecimento da equipa técnica e enquadrada nos vários planos e programas em vigor no Concelho, em estudos vários e no contributo dos diversos atores que intervêm no processo de planeamento, entre os quais as entidades com jurisdição no território, e os seus munícipes e demais interessados. Neste ponto, sublinha-se a importância da análise aos resultados dos fóruns participativos que decorrerem no concelho, e já referidos neste documento - a participação e envolvimento da comunidade na discussão das temáticas trouxe aos estudos uma assertividade que vai muito além da análise técnica, e que permite definir estratégias de desenvolvimento assentes numa base mais concreta.

02. DIAGNÓSTICO PROSPETIVO

As ilhas são reconhecidas pelo “Livro Verde sobre a Coesão Territorial Europeia”, da Comissão das Comunidades Europeias (2008) como regiões com caraterísticas geográficas e biofísicas específicas (sobretudo tratando-se de zonas montanhosas), pelo que se lhes coloca um particular desafio à coesão territorial. Ou seja, estamos perante um território marcado por acentuada orografia, onde há maiores dificuldades no alcance de um desenvolvimento harmonioso do território, que possibilite aos seus habitantes um igual acesso aos seus recursos e infraestruturas.

O Plano Diretor Municipal, instrumento da política de solos, do ordenamento do território e do urbanismo, tem um importante papel na potencialização dos recursos, na exploração de complementaridades e sinergias, na procura de uma rede urbana mais coesa e articulada, não só dentro dos limites administrativos do seu território, como com o território que o circunda, e com o qual estabelece necessárias relações.

Estes territórios, insulares e montanhosos, apresentam um caráter essencialmente rural, de aglomerados de pequena dimensão, que se desenvolveram onde a orografia permitiu, e se relacionam, regra geral, com um núcleo urbano mais expressivo, com maior oferta de infraestruturas, equipamentos e serviços.

A relação desta descrição com a realidade do município de Câmara de Lobos é quase direta, como aliás vimos pela análise ao concelho, nos seus vários setores.

Sendo o objetivo, geral e abrangente, o de procurar a coesão e a sustentabilidade (ambiental, social e económica) do território, urge definir as prioridades para o desenvolvimento em meio rural, que passarão obrigatoriamente pela procura das relações com a cidade.

Ao ordenamento do território nos espaços rurais coloca-se o desafio de controlar o abandono e a saída das populações, de evitar a descaraterização e degradação dos campos agrícolas (que tanto contribui para a perda de identidade da paisagem e para o avanço das espécies invasoras e a ocorrência de incêndios), e de evitar os desequilíbrios ambientais resultantes da má utilização dos recursos e de opções estratégicas de desenvolvimento desadequadas e/ou desarticuladas com o território.

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo III 136

Dos espaços rurais fazem parte as áreas agrícolas e florestais, as áreas protegidas e de maior valor natural, as áreas afetas a recursos geológicos ou hídricos, as afetas a atividades industriais, e também, naturalmente, os aglomerados rurais, as aldeias e lugares que se articulam em rede, da qual fazem parte também os centros urbanos, com destaque para a cidade de Câmara de Lobos e a vila de Estreito de Câmara de Lobos.

Estes centros urbanos, com grande presença do setor terciário e de atividades culturais, e áreas centrais onde a identidade e a traça histórica estão mais marcadas (e que a população reconhece como pontos de encontro e de relações sociais), têm, portanto, inegável importância para os residentes no concelho e visitantes. A degradação da malha edificada, a fraca acessibilidade (incluindo estacionamento) e a incapacidade de renovação e inovação do comércio são algumas das principais ameaçadas aos centros urbanos, e que, no concelho de Câmara de Lobos, se tem tentado combater, através de várias iniciativas de caráter lúdico e cultural, que dinamizam as ruas e a economia local. Importante também é garantir a segurança das populações e a manutenção do estado de conservação e da qualidade estéticas das áreas centrais destes centros urbanos.

Traço geral, são estes os desafios que se colocam ao Plano Diretor Municipal de Câmara de Lobos: não desvirtuando o caráter específico e único de cada lugar e cada zona, explorar conscientemente as suas potencialidades e recursos, fazendo uso adequado dos solos, respeitando as suas aptidões e reforçando sinergias.

03. ANÁLISE SWOT

Os estudos de caracterização permitem um conhecimento aprofundado do território concelhio, nos seus aspetos biofísico, paisagístico, socioeconómico e de ocupação do território. Esse conhecimento, complementado com as informações recolhidas junto da população, do município, bem como de todos os outros atores que intervêm no processo da Revisão do PDMCL, deve ser analisado à luz das linhas traçadas para o desenvolvimento do Concelho, ou seja, deve ser interpretado e articulado com os objetivos definidos para o novo Plano, com vista a um planeamento mais assertivo e estruturado.

Esta análise crítica, sinteticamente apresentada sob a forma de uma matriz SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats / Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), deve ainda considerar que o conteúdo dos estudos e a visão que estes nos transmitem do território se encontram em constante mutação.

A realidade plasmada nos estudos, a regular participação dos intervenientes e a constante identificação de tendências de evolução, recursos e potencialidades, tornam assim possíveis novas leituras e a reconsideração de modos de atuação e redefinição de objetivos, e assim de um Modelo de Organização Territorial mais ajustado e flexível.

A análise SWOT seguidamente apresentada permite-nos conhecer as Forças e Fraquezas de “responsabilidade” interna e as Oportunidades e Ameaças, que podem advir do exterior.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo III 137

Ambiente Interno Ambiente Externo

Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças

Território e Acessibilidades

- Localização central no contexto regional, e na encosta sul da ilha, com boa exposição solar;

- Boas acessibilidades;

- Elevada percentagem do território ocupado por terrenos agrícolas, agroflorestais e florestais;

- Qualidade ambiental.

- Declives acentuados em mais de 60% do território;

- Elevada suscetibilidade à ocorrência de incêndios florestais (70% do território);

- Existência de locais dependentes de um único acesso, como o caso do sítio da Fajã das Galinhas e da Fajã, bem como a acessibilidade à freguesia do Curral das Freiras;

- Elevada dispersão do povoamento, que dificulta, em certos locais, o estabelecimento de uma rede de transportes públicos com a frequência desejável.

- Proximidade com o principal centro urbano da região;

- Existência de programas de apoio a fundos comunitários;

- Novos enquadramentos legais que favorecem o ordenamento do território (lei de bases gerais da política pública de solos, e de ordenamento do território e de urbanismo; RJIGT), a reabilitação urbana (RJRU) e o licenciamento (RJUE).

- Capacidade atrativa e competitividade dos concelhos vizinhos, sobretudo o do Funchal;

- Facilidade de propagação dos fogos dos concelhos vizinhos para Câmara de Lobos.

Turismo e Património

- Rico património edificado, cultural e

religioso;

- Património natural de excecional valor, com possibilidades de

maximização da sua exploração;

- Existência de árvores emblemáticas;

- Exploração do potencial associado à baía, ao cais e às artes piscatórias

tradicionais.

- Boa capacidade ao nível da promoção turística e organização de eventos;

- Crescente valorização da identidade e de imagem promocional

própria.

- Degradação da paisagem natural e

construída;

- Descaracterização da ruralidade;

- Número reduzido de unidades

hoteleiras/capacidade de alojamento;

- Falta de sinalização e informação sobre os pontos e percursos de interesse turístico.

- Crescente interesse pelo desenvolvimento de atividades de

turismo e desporto de natureza

- Parceira com a Escola de Hotelaria da

Universidade da Madeira;

- Existência, a nível regional, de empresas relacionadas com

atividades de turismo de natureza.

- Pressão turística em áreas de grande valor natural.

Quadro 38 - Análise SWOT da Revisão do PDM de Câmara de Lobos.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo III 138

Edificado e Rede Urbana

- Concentração, na cidade, de edifícios com notabilidade patrimonial, histórica, cultural e arquitetónica.

- Ocupação urbana dispersa, dificultando a articulação nos sistemas de transporte e a otimização de infraestruturas;

- Parque habitacional algo descaracterizado, fora da cidade de Câmara de Lobos e da vila de Estreito de Câmara de Lobos;

- Falta de comércio de proximidade em alguns aglomerados/centros.

- Novos instrumentos legislativos de dinamização da reabilitação urbana e do mercado de arrendamento;

- Promoção dos imóveis e da imagem edificada dos centros urbanos de câmara de lobos e estreito de câmara de lobos.

- Alteração significativa do mercado imobiliário;

- Pressão urbanística em zonas de alguma sensibilidade ambiental, nomeadamente junto a linhas de água.

Equipamentos e Infraestruturas

- Boa cobertura da generalidade das redes de equipamentos,

- Elevada taxa de cobertura das redes de abastecimento de água, eletricidade e recolha de resíduos sólidos urbanos;

- Elevados custos na manutenção de redes, em parte devido à dispersão das edificações.

- Insuficiente cobertura na rede pública de drenagem e tratamento de águas residuais urbanas;

- Insuficiente tratamento das águas residuais urbanas.

- Construção de nova via rápida de acesso à vila de Estreito de Câmara de Lobos e Jardim da Serra.

Socioeconomia

- Aumento da população ativa a curto prazo;

- Aumento da procura dos vários níveis de ensino;

- Existência de projetos de cariz social e de apoio às famílias;

- Forte associativismo;

- Existência e boa ocupação dos parques empresariais;

- Aumento do número de empresas sediadas no concelho.

- Envelhecimento da população e aumento do índice de dependência de idosos;

- Redução acentuada e contínua da natalidade;

- Problemas sociais (pobreza, violência, toxicodependência,…);

- Migrações internas;

- Acréscimo da densidade populacional (freguesia de câmara de lobos) e consequentes assimetrias;

- Existência de solos sem aptidão agrícola (22%).

- Existência de programas de emprego e de oferta formativa;

- Existência de programas de apoio a fundos comunitários destinados ao fomento agrícola e empresarial;

- Crescente interesse e procura por produtos locais e regionais.

- Constrangimentos financeiros da autarquia e das várias associações socioculturais;

- Conjuntura económica desfavorável.

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo III 139

04. OBJETIVOS

O documento de fundamentação da Revisão do Plano Diretor Municipal apresenta os seguintes objetivos estratégicos associados ao PDM de Câmara de Lobos:

- Valoração, integração, cooperação e coesão social; - Incremento e qualificação de estratégias de

crescimento e/ou desenvolvimento local; - Reavaliação dos mecanismos de classificação,

regulação e qualificação do solo; - Salvaguarda, valorização e conservação dos

valores patrimoniais, ambientais e paisagísticos; - Regeneração e reabilitação urbana do espaço

público; - Promoção de estratégias ou políticas de equilíbrio e

sustentabilidade ambiental; - Beneficiação e expansão das redes de

comunicação (acessibilidades) e de informação; - Promoção da homogeneidade e equidade territorial; - Reforço da qualidade e da eficiência na gestão

territorial; - Articulação com as políticas setoriais de incidência

local; - Apoio ao desenvolvimento cultural, desportivo e

turístico; - Proteção e salvaguarda da Comunidade, face à

ocorrência de desastres naturais e tecnológicos.

São ainda definidos os como objetivos estruturantes da revisão do PDM-CL:

- Definição de estratégias de crescimento local, com vista a reequacionar o enquadramento do concelho no contexto da política de desenvolvimento sustentado de toda a RAM;

- Adaptação do plano às normas legais e regulamentares aplicáveis e integração dos estudos sectoriais e das políticas regionais ou nacionais existentes;

- Redefinição do zonamento operativo do PDM-CL, de modo a adequá-lo às novas realidades do sistema socioeconómico;

- Fixação dos elementos estruturantes e das condicionantes da ocupação do espaço;

- Reavaliação dos mecanismos de regulação e ocupação territorial, seguida de uma distribuição mais rigorosa e ponderada dos usos do solo;

- Articulação do regime de uso do solo com as redes de equipamentos e de infraestruturas;

- Identificação dos condicionamentos espaciais dos processos de transformação urbanística e salvaguarda dos valores patrimoniais e paisagísticos, potenciando os recursos naturais e

elementos da natureza como fatores de desenvolvimento e atratividade;

- Estabilização do tecido urbano e concretização de uma estrutura verde consolidada, em articulação com a realização de intervenções de qualificação do espaço público e de reabilitação urbana;

- Agilização dos mecanismos de operacionalidade do plano, associados aos instrumentos de gestão urbanística;

- Definição e reorganização das unidades operativas de planeamento, com a concretização dos respetivos objetivos programáticos e das unidades a executar por via de planos municipais ou de operações de gestão urbanística;

- Atualização e adaptação do conteúdo do plano em função das novas cartografias e dos SIG disponíveis;

- Definição de mecanismos de equilíbrio e salvaguarda ambiental;

- Preservação de tradições e culturas, numa perspetiva de mais-valia e criação de riqueza, criando condições para a fixação populacional em núcleos concentrados devidamente planeados e estruturados como centros urbanos.

Aos objetivos estruturantes, anteriormente expressos, são associados os seguintes objetivos instrumentais:

- Definição de critérios de gestão fundiária; - Atualização e correção das normativas do PDM-CL; - Integração em SIG.

Importa ainda atender ao disposto no “Plano de Ação para a Coesão Social 2016-2017 de Câmara de Lobos”, assim como ao documento “Visão, Missão, Valores e Objetivos 2014-2017”, sobretudo no que diz respeito aos objetivos e medidas mais diretamente relacionadas com a revisão e o âmbito do PDM.

Um dos Eixos Prioritários de Intervenção Social definidos pelo “Plano de Ação para a Coesão Social 2016-2017 de Câmara de Lobos é o Eixo 3 – Dinamização da Economia Local e Empreendedorismo, ao qual está associada a medida, entre outras, de “Rentabilizar as potencialidades turísticas do concelho”. De referir ainda o Eixo 4 – Reforço das Acessibilidades, Mobilidade e Transportes, para o qual se considera “Conceber acessibilidades que colmatem a macrocefalia urbana” e “Reforçar os meios de transporte públicos”.

O documento “Visão, Missão, Valores e Objetivos 2014-2017”, apresenta 4 objetivos estratégicos, para os quais se definem várias medidas, importando aqui referir:

- “Rever o Plano Diretor Municipal até ao final do ano de 2017”, respeitante ao “Objetivo Estratégico 3: Dinamizar a economia local e adotar políticas municipais de desenvolvimento sustentável”;

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo III 140

- “Recuperar e revitalizar o património edificado do concelho, potenciando a regeneração urbana e económica dos centros históricos, incentivando o aumento da oferta de dormidas turísticas”, do “Objetivo Estratégico 2: Apostar no Turismo e na animação cultural como fator de afirmação de Câmara de Lobos”;

- “Expandir e melhorar os caminhos e acessibilidades às principais zonas agrícolas do concelho” e “Requalificar a frente marítima de Câmara de Lobos e otimizar o modelo de gestão do cais e varadouro, por forma a estimular a emergência de novas atividades económicas ligadas ao mar”, respeitante ao “Objetivo Estratégico 4: Incentivar a modernização da agricultura e a dinamização da economia do mar”.

De referir ainda a referência, no PNPOT (Plano Nacional da Política do Ordenamento do Território), ao valor turístico e natural da ilha da Madeira8, e a mais recente Política Nacional de Arquitetura e Paisagem (PNAP)9, que sublinha o interesse público da arquitetura e da paisagem, “reconhecidos os seus valores sociais, culturais, económicos e ambientais, e os benefícios que decorrem para o bem -comum e para um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado, de uma arquitetura, ambiente construído e paisagem harmoniosos e de qualidade, em respeito pelos recursos e valores naturais, ecológicos, culturais e visuais, pelos interesses, direitos e garantias individuais e pela liberdade de criação artística e intelectual”.

Assim, considerando o exposto conjunto de objetivos e medidas já definido, e porque é este o momento de reconsideração e consolidação dos objetivos que conduzem os trabalhos de Revisão do PDM e a elaboração da Proposta de Plano, são seguidamente apresentados os Objetivos Estratégicos da Revisão do PDM de Câmara de Lobos.

A. Adequação ao quadro de desenvolvimento local do estabelecido nos Instrumentos de Gestão Territorial de âmbito nacional e regional: A.1. Articulação com as políticas setoriais de incidência local; A.2. Adaptação do Plano às normas legais e regulamentares aplicáveis e integração dos estudos

8 PNPOT – Programa de Ação (Anexo à Lei nº 58/2007, de 4

de setembro, que aprova o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território, retificado pela Declaração nº 80-A, de 7 de setembro de 2007)

9 PNPA – Política Nacional de Arquitetura e Paisagem, aprovada pela Resolução do Concelho de Ministros nº 45/2015, de 7 de julho

setoriais e das políticas regionais e nacionais existentes;

B. Promoção da coesão territorial: B.1. Reavaliação dos mecanismos de classificação, regulação e qualificação do solo; B.2. Ponderação de novos parâmetros urbanísticos; B.3. Articulação do regime de uso do solo com as redes de equipamentos e infraestruturas; B.4. Beneficiação e expansão das redes de comunicação (acessibilidades) e de informação; B.5. Conceção de acessibilidades que colmatem a macrocefalia urbana; B.6. Reforço dos transportes públicos;

C. Proteção, valorização e aproveitamento racional dos valores e recursos naturais: C.1. Delimitação da Estrutura Ecológica Municipal, com vista à salvaguarda e equilíbrio dos ecossistemas; C.2. Identificação de todas as condicionantes legais ao uso e ocupação do solo natural e recursos hídricos; C.3. Delimitação das áreas de risco, com vista à proteção e salvaguarda da Comunidade, face à ocorrência de desastres naturais e tecnológicos; C.4. Identificação do potencial e de formas de aproveitamento racional dos recursos;

D. Valorização do mundo rural: D.1. Fomento da atividade agrícola e florestal sustentável; D.2. Expansão e melhoramento dos caminhos e acessibilidades às principais zonas agrícolas do concelho; D.3. Definição de regras para incentivo e controlo da instalação de meios alternativos de produção de energia elétrica; D.4. Contenção da edificação dispersa e da heterogeneidade a nível morfotipológico;

E. Valorização do património e qualificação urbana: E.1. Valorização e qualificação dos espaços públicos e dos equipamentos de utilização coletiva; E.2. Delimitação de Unidades Operativas de Planeamento e Gestão com vista à salvaguarda e valorização de centros históricos/núcleos originais e ao desenvolvimento de outras áreas de interesse; E.3. Consolidação da malha urbana e preenchimento de vazios urbanos; E.4. Reforço da rede pedonal, como elemento de ligação físico e de funções urbanas; E.5. Estabilização do tecido urbano e concretização de uma estrutura verde consolidada, em articulação com a realização de intervenções e qualificação do espaço público e de reabilitação urbana;

Page 143: 12. Relatório Síntese de Diagnóstico da Situação Existente ......de Diagnóstico da Situação Existente e da Estratégia Preliminar 12. Relatório Síntese Município de Câmara

12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo III 141

F. Potenciação da oferta turística e promoção da identidade local: F.1. Apoio ao desenvolvimento cultural, desportivo e turístico; F.2. Preservação de tradições e culturas, numa perspetiva de mais-valia e criação de riqueza, criando condições para a fixação populacional em núcleos concentrados devidamente planeados e estruturados como centros urbanos; F.3. Salvaguarda das árvores monumentais e de outras espécies autóctones de reconhecido valor; F.4. Incentivo ao aumento da oferta de dormidas turísticas;

G. Assegurar condições ao desenvolvimento das

atividades económicas e coesão socioeconómica: G.1. Requalificação da frente marítima de Câmara de Lobos e otimização do modelo de gestão do cais e varadouro, por forma a estimular a emergência de novas atividades económicas ligadas ao mar; G.2. Enquadramento das atividades de silvicultura e agropecuária e dos espaços de armazenamento e depósito; G.3. Enquadramento das atividades industriais, inclusive as de pequena dimensão; G.4. Propiciar condições de equidade económica, social e territorial no acesso aos bens, serviços e equipamentos.

05. MODELO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

As reflexões e iniciativas, sobretudo de índole cultural e social, que têm ocorrido no concelho de Câmara de Lobos, devem encontrar espaço também no plano físico do seu território que, por outro lado, deve ser também ele impulsionador de um desenvolvimento que vá ao encontro das reais necessidades e expetativas de todos quanto o procuram, seja para residir, visitar ou investir.

Ao mesmo tempo, deve o plano físico, ordenado e regulado pelo instrumento que é o PDM, reforçar o sentimento de pertença e de identidade do concelho: no respeito pelo suporte natural e todos os seus recursos, na manutenção da tradição sociocultural dos câmara-lobenses. Com efeito, o Plano Diretor Municipal deve plasmar a estratégia de evolução e desenvolvimento sustentado do concelho, sobretudo na definição de um

conjunto de regras para cada área/classe de solo, com vista à concretização dos objetivos a que se propõe e que, de resto, foram já enunciados.

O Modelo de Desenvolvimento Territorial seguidamente apresentado plasma as reflexões críticas sobre os vários setores e políticas territoriais avaliadas, bem como as estratégias e objetivos que daí se definiram.

Esta apresentação, da estratégia de desenvolvimento, num plano físico, serve de base ao desenvolvimento da Proposta de Plano e sobre ela assentam, em todas as fases de trabalho, as novas reflexões e linhas condutoras.

O Modelo de Organização Territorial (Figura 32) procura sublinhar as principais linhas de orientação, nomeadamente:

- SISTEMA AMBIENTAL: a proteção e promoção das árvores monumentais e emblemáticas e das áreas protegidas da Rede Natura 2000 e do Parque Natural da Madeira; proteção dos recursos hídricos; gestão do risco;

- SISTEMA DE MOBILIDADE: organização das atividades em torno da rede viária estruturante e desenvolvimentos dos principais lugares ligados pelas principais vias;

T- SISTEMA URBANO E DE MOBILIDADE: desenvolvimento e promoção das áreas de localização empresarial, em articulação com os principais eixos viários; desenvolvimento das principais áreas urbanas, principalmente as sedes de freguesia, e sua articulação com as várias atividade, nomeadamente as áreas com vocação turística de maior destaque; desenvolvimento e promoção dos locais de grande atratividade turística.

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12. RELATÓRIO SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO EXISTENTE E DA PROPOSTA PRELIMINAR MUNICIPIO DE CÂMARA DE LOBOS

REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo III 142

Figura 32 – Revisão do PDM de Câmara de Lobos: Modelo de Desenvolvimento Territorial.

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Capítulo III 143

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REVISÃO DO PDM DE CÂMARA DE LOBOS

IN Referências Bibliográficas 144

Referências Bibliográficas

- Associação Insular de Geografia – Núcleo de Estudos e Projetos, Câmara Municipal de Câmara de Lobos, Osiris – Observatório do risco do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Schiu Engenharia de Vibração e Ruído,TecAmbiente, Lda, Estudos de Caraterização e Diagnóstico do concelho de Câmara de Lobos - Relatórios Setoriais, 2015-2016

- Câmara Municipal de Câmara de Lobos, Plano de Ação para a Coesão Social 2016-2017, junho de 2016

- Câmara Municipal de Câmara de Lobos – Divisão de Ordenamento do Território, Prémio Município do Ano- Rumo a um Ordenamento do Território Sustentável, Inclusivo, Colaborativo e Participativo, abril de 2016

- Câmara Municipal de Câmara de Lobos, Visão, Missão, Valores e Objetivos 2014-2017, dezembro de 2015

- CCDRC, Guia Orientador – Revisão do PDM, 2016

- Comissão das Comunidades Europeias, Livro Verde sobre a Coesão Territorial Europeia – Tirar Partido da Diversidade Territorial, outubro de 2008

- DGOTDU, Guia para a Revisão de PDM – versão de trabalho, junho de 2009