13618955 Programa de Educacao Em Valores Humanos

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  • Compilao e Editorao EletrnicaLuiz Edgar de Carvalho

    H MANEIRAS DE LER QUE SO MANEIRAS DE SER

    Programa deEducao em

    ValoresHumanos

    Este livro nos apresenta o inovadorPrograma de Educao em Valores Humanos,

    criado na ndia por Sathya Sai Baba, h mais de 30 anose hoje aplicado em mais de 130 pases.

    Aqui se encontra uma possibilidade de resposta permanentebusca da educao neste incio de milnio, empenhada em construira ponte entre o conhecimento e o desenvolvimento tico do carter.

    Este um livro didtico porque explica uma metodologia,expe uma teoria e sugere atividades.

    Narra experincias concretas e bem-sucedidas,fornecendo ao educador que se aventurar por esses mares

    inovadores a perspectiva de um porto seguro.

    Mais ainda, este um livro de f, pois apresentaa crena no desenvolvimento de valores humanos.

    Conhecimento, desenvolvimento e f no ser humano:elementos indispensveis para a construo

    de novos modelos em educao.

    LumensanaPublicaes Eletrnicas

    Para ler e pensarMaro 2009

  • APRESENTAO

    Valores. Humanos.Que valores? A que seres humanos estamos nos referindo?Vislumbrar um novo mundo, esta a grande proposta: mudar o mundo a partir de

    novos paradigmas em educao.Neste incio de milnio, os seres humanos se defrontam com inmeras crises,

    muitas delas envolvendo diretamente a prpria sobrevivncia da humanidade. No Brasil, assim como no mundo todo, busca-se um encaminhamento para a educao, vista como fio condutor prioritrio, embasador da construo de novos modelos de vida.

    Programa de Educao em Valores Humanos traz propostas que funcionam como um descontaminador do nosso olhar. Mostram-nos um caminho, uma possibilidade de reaprender a viver os valores que direcionam nossas vidas.

    Verdade, Ao Correta, Amor, Paz e No-violncia deixam de ser conceitos abstratos e passam a ser possibilidades vivenciadas. a proposta de retorno ao sagrado, no para crer, mas para viver.

    Programa de Educao em Valores Humanos tem sua origem nas propostas de Sri Sathya Sai Baba, iniciador de uma nova ordem social, educador internacionalmente reconhecido, cuja metodologia vem sendo adotada com sucesso em vrios pases do mundo. Aqui, este Programa apresentado com base na metodologia e nos ensinamentos de Sathya Sai Baba, porm, adaptados s necessidades e realidades brasileiras. Mais que um simples Programa, ele nos educa e nos faz aprender. Mais ainda, apresenta a crena no desenvolvimento de valores humanos. Conhecimento, desenvolvimento e f no ser humano: elementos indispensveis para a construo de novos modelos em educao.

    Adotar este Programa na vida significa encontrar novos rumos de crescimento e autotransformao. tambm a constatao de que j existem novos modelos educacionais que nos oferecem possibilidades de desenvolvimento do potencial humano, e o encaminhamento de solues que com o antigo olhar no podamos vislumbrar.

    Este Programa de Educao em Valores Humanos dedicado aos educadores e queles que buscam soluespor meio do autoconhecimento, assumindo o compromissoda transformao pessoal e social e tornando-se artfices

    de um novo homem e de um novo mundo.

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  • NDICE

    IntroduoO Professor

    O que so valores humanos

    Valores humanosOs valores humanos absolutos e os aspectos da personalidade

    Verdade Aspecto IntelectualAo Correta Aspecto FsicoAmor Aspecto PsquicoPaz Aspecto MentalNo-Violncia Aspecto Espiritual

    Os subvalores ou valores relativosOs subvalores relativos da VerdadeOs valores relativos da Ao Correta Os valores relativos da PazOs valores relativos do AmorOs valores relativos da No-violncia

    O Programa de Educao em Valores HumanosEducao dos nveis da personalidadeA famlia: primeira educadora em valores humanosDesenvolvendo a imaginao criativa

    Histrias de Transformao

    Mitos de Transformao

    Pensamentos de Transformao

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  • INTRODUO

    Neste incio de sculo, o homem est sedento de conhecimento, de f e de experincias espirituais. Est em busca das nascentes, dos mananciais da sabedoria. E, ao chegar encruzilhada do processo de civilizao, precisa encontrar seu rumo e direcionar seu destino. Para isso, deve encarar e avaliar seus erros e realizaes. Para pr em prtica uma mudana do comportamento social, faz-se necessria uma renovao da compreenso do homem, do mundo e das cincias exatas e humanas, no apenas intelectualmente, mas pela transformao interior, cujo efeito atinja o mago do ser e se manifesta conscientemente por suas aes. A educao tem papel fundamental nessa transio, j que pode trazer uma nova compreenso da natureza humana, do mundo e da prpria existncia.

    Os atuais sistemas educacionais dissociaram o aspecto material do espiritual, fragmentaram o conhecimento e comprometeram o desenvolvimento integrado da personalidade dos alunos. Inibiram a criatividade e o sentido de percepo superior. Negligenciaram a funo bsica da educao como formadora de caracteres, que o aspecto fundamental das propostas educacionais que visam sintonizar-se com as reais aspiraes do ser humano. A restaurao da unidade e da integrao do conhecimento s ocorrer quando os valores morais e espirituais voltarem a fazer parte da educao e preparao de indivduos com elevado padro de dignidade e grandeza de objetivos. As qualidades e aspectos da personalidade humana no podem ser tratados superficialmente se quisermos nos adequar ao atual estgio da civilizao. O equilbrio entre o cultivo da inteligncia e a purificao dos impulsos emocionais e entre as disciplinas fsicas e mentais essencial para a descoberta do ser csmico e do comportamento holstico. Para tanto, deve-se incentivar o aspecto intuitivo-espiritual e enfocar o autoconhecimento com acuidade e esprito de auto-indagao.

    importante ensinar a pensar, a enfrentar desafios internos e externos, e fazer do ato de viver a grande oportunidade para a ampliao de subsdios na investigao da prpria realidade. S assim uma transformao ter xito e permitir que cada indivduo contribua para o progresso consciente dos valores morais e espirituais, esforando-se para cunhar um novo modelo de sociedade.

    A explorao das regies mais sutis da mente, por meio da harmonizao dos diversos nveis de conscincia, conduz a um maior aproveitamento do potencial de inteligncia. A instruo baseada somente na memorizao, ignorando a vivncia total do potencial humano, no cumpre um propsito educativo. O conhecimento da energia espiritual insere o ser humano no todo pelo reconhecimento de que ele uma partcula infinitesimal da energia csmica. A energia espiritual no algo apartado da vida fsica. to natural quanto nascer, crescer, amadurecer, reproduzir e morrer para reintegrar-se fonte de energia total. No podemos limitar a noo de realidade aceitando como verdadeiro somente o nosso relacionamento com o que material e afervel pelos sentidos tridimensionais.

    O conhecimento exterior proporcionado pela cincia atravs de informao sobre a natureza, o cosmos e as formas e contedos fsicos, que so a roupagem visvel da existncia de Deus. Os valores morais e espirituais fazem aflorar o conhecimento interior, o despertar da alma e o aperfeioamento do carter. Cincia e vivncia espiritual no so incompatveis. A metafsica ainda considerada algo vago e absurdo, sem objetivo prtico, o que denota falta de informao e medo de questionar o estabelecido. O confronto dos hbitos correntes com a renovao de modos de conduta intolervel para parte da sociedade.

    Contudo, existe uma corrente de pensamento diametralmente oposta ao conformismo e inrcia, que investe na vida procurando respostas para as questes primordiais do esprito. A descoberta da fsica quntica obrigou a humanidade a fazer

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  • uma reviso conceitual da realidade. No podemos continuar a cultivar todo tipo de separatismo, dificultando a evoluo da civilizao. A reviso da realidade provocada pela fsica quntica teve como resultado o surgimento de paradigmas que abrangem todos os setores da atividade humana.

    Nossos problemas podem ser solucionados porque estamos sendo forados a perceber a dinmica interna da nossa interdependncia em relao ao outro ser humano, natureza e a todas as formas de vida. A capacidade evolutiva inata e o aspecto espiritual devem ser aceitos nos sistemas educacionais como partes integrantes da personalidade humana. Isso pode fazer com que nosso ideal de construir uma civilizao digna e harmoniosa no seja uma utopia, mas um fato concreto. A vivncia dos valores nos capacita como herdeiros do conhecimento humano e da essncia divina. Observando os valores humanos no cotidiano, percebemos que eles ilustram como todas as coisas e criaturas esto infinitamente conectadas.

    A proposta do programa de educao em valores humanos que o humanismo e os valores tico-espirituais sejam fundamentos de uma nova ordem social. O programa elucida alguns princpios que nos devem nortear enquanto nos dedicamos a transformar a educao num instrumento efetivo para a realizao do homem, a conquista da paz e da liberdade criativa na busca da perfeio. Criado pelo mestre espiritual e educador reconhecido no mundo inteiro Sri Sathya Sai Baba, o programa utilizado em dezenas de pases h mais de vinte anos. No tem carter religioso, doutrinrio ou poltico e a forma direta dos mtodos de transmisso, da valorizao das virtudes inerentes condio humana, facilita enormemente a sua aplicao. Prope um aprendizado integral, em que matrias gerais so ensinadas de maneira abrangente e rica e experimentadas conjuntamente pela internalizao dos valores. O conhecimento posto em prtica pautado pelo carter reto e ao amorosa. A aprendizagem real deve traduzir-se em aquisio de habilidades e de mudanas e aprimoramento da personalidade.

    O programa contribui para formar seres humanos de carter ntegro, livres de medos e de preconceitos de raa, religio, cor ou sexo. Desse modo, permite que a sntese cultural e espiritual da humanidade seja compartilhada sem barreiras impostas pelo egosmo ignorante e cruel. Prepara os jovens para a vida, e no apenas para ganhar a vida. Os valores forjam o carter e o carter define o homem.

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  • O PROFESSOR

    De todas as atividades da sociedade, o magistrio foi a que mais sofreu deterioraes. O professor foi vtima da falta de compreenso, por parte das autoridades governamentais, do papel que desempenha na sociedade. Ensinar quer dizer guiar, estimular e orientar o processo de aprendizagem. A transmisso do ensino no pode ser conformista e acomodada. Deve ser um esforo pessoal e tcnico dirigido no sentido da formao do carter e da transformao da conduta humana. O ensino deve despertar o interesse pelo conhecimento e estimular o impulso natural de aprender.

    O problema da formao do professor de primeiro e segundo graus da maior seriedade. Os professores do primeiro segmento do primeiro grau tm seus conhecimentos pedaggicos prejudicados porque os cursos de pedagogia no so ministrados com a necessria profundidade e atualizao. Com isso, o aprendizado ficou comprometido e a escola tornou-se passiva e enfadonha. As fontes de motivao dos alunos e dos professores foram aos poucos minguando.

    A parte mais nobre e fundamental da educao, que o contato direto e ntimo com a criana, foi desvalorizada. No menos verdade que os professores aceitaram com relativa passividade a degradao da qualidade do ensino, da sua renda e prestgio social, assim como no demonstraram interesse em desenvolver suas aptides e capacidades. Por outro lado, o educador sempre movido pelo ideal de servir. Ensinar a mais bela e digna das tarefas e a educao a grande responsvel pela renovao da sociedade, o que exige do professor profunda devoo ao seu trabalho. Como transmissor das riquezas do conhecimento das diversas culturas da humanidade, indispensvel que o educador tenha conscincia da grandeza de sua profisso e atue como incentivador de idias, conduzindo energias criativas como formador de princpios. Da a importncia da escolha do mtodo na transmisso do conhecimento. O melhor mtodo o que desperta o interesse e visa um fim valioso, realizado graas aos esforos de mestres e alunos.

    O educador deve buscar em si mesmo o verdadeiro sentido de educar, deve ser o exemplo vivo dos seus ensinamentos e converter sua profisso numa atividade cooperadora do engrandecimento da vida. possvel, desse modo, reverter o quadro desastroso e anmico em que se encontra o sistema educacional.

    Sabemos que a crise mundial dos sistemas educacionais resulta da transio de parmetros de comportamento no panorama de mudanas globais; da liberao de velhas crenas e dogmas, com o rompimento de conceitos de segurana, felicidade, poder etc., e seus efeitos nas atividades prticas. A premncia espiritual obriga a educao secular a rever seus mtodos e acompanhar os movimentos da evoluo natural, buscando solues compatveis a partir do seu pilar principal, o professor. Este dever encontrar respostas em seu interior, pois antigos pontos de referncia j no tm validade.

    Cumpre ao professor ser o inspirador do aprendizado das matrias e do cultivo do esprito no processo estrutural do carter. Ele retomar o lugar que lhe devido na sociedade quando despertar do marasmo comodista e partir para o devotamento profissional e a ao amorosa. Para isso dever pesquisar, inovar e incrementar seus conhecimentos pedaggicos, expandir sua cultura geral e procurar conhecer e desenvolver novas tcnicas de ensino. No programa de valores humanos utiliza-se a sntese das conquistas da moderna pedagogia, acrescentando a isso o aprimoramento humano do professor como agente de transformaes.

    A insatisfao com o sistema educacional notria. A evaso escolar, crescente, est sujeita a manipulaes polticas e reflete o descaso governamental com a educao, o celeiro em que uma nao armazena seus valores e lderes. O professor a pedra angular e o agente de mudanas desse estado de coisas. Ao lado de pais de alunos

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  • tornados parceiros, capaz de operar uma verdadeira revoluo no campo educacional. Criando um ambiente escolar acolhedor e criativo, sempre atento aos talentos e dificuldades dos alunos, o professor estimular a determinao, o interesse e a alegria por aprender. Muitos mtodos e propostas educacionais formaram tcnicos capazes, mas se esqueceram de investir no professor enquanto ser humano e espiritual capaz de extrair do seu ntimo o aperfeioamento de suas faculdades.

    No programa de educao em valores humanos, o autoconhecimento e a vivncia dos valores so preponderantes; professores, pais, alunos e escolas assumem o modelo da sociedade do futuro, j. O progresso de uma nao s acontece quando o sistema educacional integra a sabedoria do esprito e o conhecimento intelectual, revelando o papel do homem na sociedade e a valorizao da vida.

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  • O QUE SO VALORES HUMANOS

    O que um valor.A disciplina filosfica que estuda os valores a axiologia, a crtica dos valores. O

    homem, pela sua configurao mental e espiritual, no vive mergulhado num mundo to-s de coisas materiais, como ocorre com os animais, mas num ambiente de valores, smbolos e sinais. Diante disso, necessria uma exata compreenso dos valores.

    Nietzsche deu status filosfico aos valores, mas foi Max Scheler quem atuou no campo da pesquisa dos valores, na descrio dos fenmenos ou das essncias puras que ocorrem na conscincia. Por meio dessa explorao, Scheler concluiu que os valores pertencem a uma esfera que no se confunde com a do ser, pois possuem uma peculiaridade irredutvel. So percebidos no por uma introspeco simples, mas por uma instituio emocional.

    difcil conceituar com abrangncia os valores e estes apresentam uma imensa disperso. Deve-se englobar na designao de valores a honra, o dinheiro, o zelo, o dever, o direito etc., pois todos so valores e, por conseguinte, sua definio deve ser de tal ordem que convenha a essas categorias axiolgicas.

    Em conseqncia, comum conceituar valor, primeiramente, como uma no-indiferena de alguma coisa com um sujeito ou uma conscincia motivada.

    Os valores se aliceram em dois pontos:1. Um sujeito dotado da necessidade de uma motivao.2. Um objeto, uma pessoa, uma atitude, algo enfim capaz de satisfazer ou atender

    exigncia do sujeito.Portanto, para se chegar aos valores humanos mencionados a seguir e aos seus

    respectivos subvalores, o ponto de partida seria desencadear a motivao interior, despertando, pelo trabalho do educador, o interesse em tal descoberta.

    Os valores humanos so fundamentos morais e espirituais da conscincia humana. Todos os seres humanos podem e devem tomar conhecimento dos valores a eles inerentes. A causa dos conflitos que afligem a humanidade est na negao dos valores como suporte e inspirao para o desenvolvimento integral do potencial individual e conseqentemente do potencial social. No possvel encontrar o propsito da vida sem esses valores que esto registrados em nosso ser profundo, ainda que adormecidos na mente e latentes na conscincia. Os valores so a reserva moral e espiritual reconhecida da condio humana.

    A vivncia dos valores alicera o carter, e reflete-se na conduta como uma conquista espiritual da personalidade. No dinamismo histrico, os valores permaneceram inalterveis como herana divina em cada um de ns, apontando sempre na direo da evoluo pelo autoconhecimento. Nesse grandioso drama humano, criado por nossos erros e acertos, os valores abrem espao e trazem inovaes essenciais para a sobrevivncia da espcie e o cumprimento do papel do ser humano na criao. Vivemos tempos crticos, violentos e desesperados; isso acontece devido ao fato de grande parte da humanidade ter esquecido seus valores e t-los considerado at ultrapassados e desinteressantes.

    O medo, o desamor e o engano tm qualificado nossos relacionamentos emotivos e operativos com os nossos semelhantes e com o mundo. Verificamos que, sem o exerccio dos valores intrnsecos ao ser humano, andamos por caminhos de dor, deteriorando a qualidade de vida no planeta. No sculo vinte, fomos mobilizados por ideologias que inverteram a escala de valores e assim estabeleceram tenses scio-econmicas, gerando perplexidades, individualismo e desalento. Por outro lado, no podemos deixar de enfocar que, apesar do descompassado desenvolvimento que tivemos, negligenciando o humano em prol da economia e da tecnologia, desse caldo

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  • borbulhante de inquietaes e discrepncias surgiu a mudana dos conceitos de poder e felicidade.

    A constatao da ineficcia das coisas materiais, da fama e do poder econmico como portadores de felicidade, trouxe tona a auto-indagao e a necessidade de mudanas. Pouco a pouco percebemos que a felicidade uma conquista da alma e, portanto independe de circunstncias ou satisfao de desejos.

    Tudo isso nos obriga a uma redefinio do que poder; cada vez mais fortemente sentimos que o amor fraterno e o conhecimento compartilhado anulam a disputa e a necessidade de domnio. As relaes de poder mudam na medida em que os valores criam novos significados e maneiras de conceber a vida. Estamos em uma encruzilhada: ou aceitamos a renovao pessoal e social pelo reconhecimento dos valores e os elaboramos interiormente, ou nos agarramos a convices preconceituosas, arcaicas e individualistas, fugindo do compromisso histrico.

    O resgate dos valores humanos o nosso grande desafio, mas o ser humano tem reservas inesgotveis de transformao. Temos nos valores morais e espirituais o grande instrumento de aprimoramento e o trao de unio dos povos, sem distino. Os valores promovem a verdadeira prosperidade do homem, da nao e do mundo.

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  • VALORES HUMANOS

    OS VALORES HUMANOS ABSOLUTOS EOS ASPECTOS DA PERSONALIDADE

    VERDADE ASPECTO INTELECTUAL

    A verdade o princpio da vida, o imperecvel dentro das coisas perecveis; a essncia por trs de todas as formas de vida; a energia divina que impregna toda a existncia.

    A verdade absoluta eterna e imutvel; o que muda a nossa condio e capacidade de nos aproximar dela e experienci-la. A purificao da mente, o controle dos sentidos, a pesquisa interior e a harmonizao das emoes nos capacitam a reconhecer o quantum de energia csmica que vibra em ns, mostrando-nos a comunho com o todo e a verdade. A intuio e a inspirao nos pem em contato com o Absoluto. Para isso preciso colocar a inteligncia e o intelecto como servidores do nosso ser eterno. A verdade um valor humano porque s a espcie humana pode encontr-la e vivenci-la. A verdade dirige a conduta do homem autntico; o que d significado e dignidade vida. Ser verdadeiro uma conquista da mente pela reta inteno de auto-realizao.

    A verdade relativa aquela que se percebe atravs dos sentidos fsicos, e representada pelo que se v, se sente e sobre a qual se emite julgamento. , portanto varivel de acordo com as experincias vividas pelo indivduo. A verdade absoluta Deus.

    AO CORRETA ASPECTO FSICO

    Descobrir quem somos a razo de nossa vida. O aspecto fsico o veculo da ao que permite a manifestao concreta da conscincia. A nossa personalidade assume papis, e assim enfrenta foras opostas e conflitantes ao viver a natureza sensorial em busca da vivncia da natureza divina. A ao correta surge do aprimoramento do carter pela contnua busca de si mesmo. Na ao correta esto a conexo com a conscincia, a sintonia csmica e a vitria. A vivncia relativa do valor faz da vida algo digno e til pelo discernimento entre o certo e o errado, o que fere ou alegra nossa conscincia. Agir corretamente ouvir a voz interna que contribui para o crescimento da criatividade e do talento em busca do autoconhecimento e do bem comum. um valor humano, porque s o homem pode moldar e escolher o prprio comportamento.

    AMOR ASPECTO PSQUICO

    O amor a energia inesgotvel que move o mundo, os universos e os seres. a fora de criao, coeso e sustentao da vida. O amor a energia de unidade e transformao. Vivemos num universo dual entre os pares de opostos e a relatividade; o amor o impulso de integrao.

    As polaridades se expressam mais acentuadamente na luta entre o amor e seu oponente implacvel, o medo, ou seja, a expanso e a restrio do ser, respectivamente. A eliminao consciente do medo nos liberta do egocentrismo, e o amor preenche os espaos internos e assume as rdeas da vida. Sob o domnio do medo, estamos sempre

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  • sujeitos ao dualismo do mundo e da iluso das coisas inconsistentes e passageiras, que nos fazem sofrer pela sua prpria condio de transitoriedade.

    O amor a energia que abastece a psique, a alma, e essa plenitude reflete-se nos nossos pensamentos, palavras e aes. privilgio e conquista da condio humana a faculdade de amar incondicionalmente. Podemos transpor a autopreservao e o sentido de posse, bem como vencer os limites de averses e preferncias, pelo exerccio do amor. Unir as centelhas para formar uma enorme fonte de luz, tornando-se feliz e fazendo felizes os seus semelhantes, viver em sintonia com o cosmos, so tarefas inerentes ao homem. O amor revela nosso ser profundo, sagrado, transcendental e sublime.

    PAZ ASPECTO MENTAL

    A paz a base da felicidade humana. A eliminao da desordem interior criada pelas emoes em ondas sucessivas e pela formao incessante de pensamentos e desejos permite a experincia da paz. Na experincia da paz que se processam as transformaes profundas na nossa personalidade. A interiorizao gera a alquimia divina que modifica a vibrao energtica e aprimora a conscincia. Na mente nascem as idias, os pensamentos tomam formas e os desejos tornam-se emoes. Ela pode ser a nossa maior aliada, mas tambm o nosso obstculo mais difcil. Disciplinada, o ponto de ligao entre a personalidade e o esprito. Desordenada, tende a criar pensamentos e dvidas que devastam e corroem a paz interior. O repouso mental to importante quanto o repouso fsico; a meditao tem por finalidade permitir que nossa mente obedea a nossa vontade para esvaziar o falso ego.

    O egosmo, a inveja, a hipocrisia e outros defeitos da personalidade nascem na mente instintiva do homem, a sua natureza animal. Ns, seres humanos, no somos superanimais; somos seres divinos e podemos experimentar essa realidade graas mente. A paz um valor humano porque s a espcie humana pode domar as paixes e tendncias inferiores, redirecionar sua vida e adquirir equanimidade e bem-aventurana.

    NO-VIOLNCIA ASPECTO ESPIRITUAL

    a mais elevada conquista da personalidade humana. O ser humano que conquistou a si mesmo manso de corao, incapaz de ferir algo ou algum, por pensamentos, palavras ou atitudes. No estado de no-violncia termina a diviso e o dualismo torna-se monismo. Atingiremos a no-violncia e o amor altrusta pela conquista das nossas tendncias inferiores com o cultivo das virtudes. Respeitar as leis naturais, os seres e as coisas criadas com humildade e sabedoria vivenciar a no-violncia como valor absoluto. A vida se nutre da vida, mas o ser humano pode atingir a grandeza de saber que possvel subsistir sem infligir danos desnecessrios s outras formas de vida. a finalidade, a meta do desenvolvimento da conscincia, a perfeio humana. A vitria do esprito sobre a natureza inferior refletida na no-violncia.

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  • OS SUBVALORES OU VALORES RELATIVOS

    A cada valor absoluto correspondem valores relativos que devem ser assimilados, ressaltados, e praticados no cotidiano. A vivncia desses valores alicera o carter por meio de transformaes dos nveis da conscincia. Partindo da condio humana e exercitando os valores relativos, obteremos a revelao da nossa natureza divina. A partir da intermediao desses valores, nossos pensamentos e formas de expresso adquirem padres novos e espectro cada vez mais amplo. A integrao dos nveis e aspectos das energias vitais e a destruio das cadeias da ignorncia libertam o homem integral, para buscar a si mesmo e ao Absoluto.

    O gnero humano est vivendo aflies e crises poltico-econmicas, rivalidades religiosas, raciais e de classes sociais, o que reflete desequilbrio e contradio. O desenvolvimento tecnolgico e cientfico no serviu para unir as naes, mas para aumentar as distncias e diferenas. dio, inveja, cobia, competio e sede de poder sobrevivem porque os homens utilizam sua inteligncia e criatividade a servio da crueldade e do egosmo. As lideranas poltico-sociais, formadas e educadas num sistema educacional que prioriza a competio e o sucesso econmico, relegam os valores humanos a importncia secundria.

    O remdio para tanto desacerto e sofrimento est no prprio homem. chegado o momento de ele assumir a responsabilidade que lhe cabe perante si e a vida. Procuramos apostando nas coisas que criamos sem valorizar a ns mesmos, seus criadores encontrar a felicidade de fora para dentro, atrados pelo falso e ilusrio. Tudo isso acontece porque ignoramos quem somos realmente. Devemos ansiar pelo autoconhecimento, usar a inteligncia para fazer o bem e minimizar as fontes de sofrimento, vivendo os valores que nos so intrnsecos. Nunca demasiado tarde para iniciar a grande viagem em busca de ns mesmos. E partir para a mais fundamental das aspiraes humanas, o autoconhecimento.

    Os subvalores ou valores relativos so manifestaes de cada valor absoluto no exerccio da vida; so nossos instrumentos de aprimoramento da personalidade, que se molda constantemente para que possa atingir seus verdadeiros objetivos.

    A razo de colocar definies, posicionamentos e sentimentos pessoais em cada um dos valores relativos comungar com aqueles que comeam a se deter mais profundamente nos prprios valores e descobrir seus sentimentos e conceitos pela vivncia, percebendo as mudanas extremamente benficas que ocorrem em suas atividades profissionais e nos relacionamentos humanos, assim como no trato com as emoes. O que nos interessa ao expor essas definies ajudar na observao das conexes internas que se estabelecem e na reformulao de opinies e comportamentos, assim como nas suas conseqentes aberturas conjunturais. A vivncia dos valores aqui enfocados reintroduz na corrente cultural dominante um interesse renovado pelo autoconhecimento e pela espiritualidade.

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  • OS VALORES RELATIVOS DA VERDADEE SUAS DEFINIES

    DISCERNIMENTO a utilizao da inteligncia e do poder discriminatrio do que certo ou errado para tomar uma posio perante uma circunstncia ou fato, de acordo com a nossa conscincia. O discernimento um processo constante de refinamento do intelecto para atingir maior poder de percepo e concluso a respeito de fatos, coisas e pessoas, distinguindo um estgio de um objetivo. Nossa capacidade de discernimento cresce na medida em que exploramos as regies mais sutis da mente e ampliamos o poder de captao e percepo da verdade, reconhecendo o ser interno como guia. a conexo entre a lgica e o sentimento.

    INTERESSE PELO CONHECIMENTO Ter sede de saber sobre o mundo objetivo, visvel, agrada a nossos sentidos e fascina nossa mente. o meio de descobrir a melhor forma de nos adequarmos vida e dela tirar o melhor proveito, assim como de contribuir, com nossos talentos, para sua melhoria. Esse anseio pelo conhecimento pode fazer tambm com que nos detenhamos mais profundamente no mundo subjetivo que permeia as coisas e ultrapassemos os limites de nossos sentidos, provocando o rompimento da inrcia e do comodismo, condio indispensvel para vencer a ignorncia e ampliar as possibilidades de experimentar os diversos aspectos da existncia. A mobilizao interior, ao liberar a coragem e a fora de vontade, vence todos os obstculos que se interponham no caminho do autoconhecimento.

    AUTO-ANLISE a procura honesta e corajosa da verdade pela observao dos nossos mecanismos internos, com o reconhecimento de defeitos e qualidades; a nica forma de encontrar meios de superao das falhas e de otimizao das virtudes e talentos. Os resultados desse dilogo interior aparecero naturalmente na forma de mudanas de postura intelectual e comportamental, pelo assenhoreamento das prprias emoes, pela definio de personalidade, elevao de ideais e objetivos e, principalmente, pela evoluo espiritual.

    ESPRITO DE PESQUISA O ser humano deve ser o investigador inteligente que, mesmo imerso no mundo material e vtima de presses do meio e apelos dos instintos, procura descobrir indicadores que o auxiliem a rasgar os vus da iluso e tornar-se autoconsciente, ousando investir na percepo do grau de amalgamao existente entre o objetivo e o subjetivo. Somente conseguiremos saber onde um comea e o outro termina quando superarmos a identificao com a forma como princpio e fim. Pesquisar externa e internamente nos traz a revelao de que a causa de todo sofrimento a falta de conhecimento da verdade, e isso nos proporciona meios de preencher essa falta. Assim sentiremos a relao do finito com o infinito.

    PERSPICCIA A perspiccia emerge espontaneamente do potencial intuitivo. Por isso, permite ver e sentir alm do que expressado. E possibilita a compreenso instantnea do que jaz por trs das aparncias. a capacidade de apreender o sentido das coisas e situaes com a captao de seus significados e contradies, filtrando-as e avaliando-as. Perspiccia a combinao da revelao intuitiva com a percepo intelectiva.

    ATENO Estar presente por inteiro em tudo o que observar, sentir, escutar, dizer ou fazer fundamental para que possamos ter a experincia real das oportunidades de aprendizado e crescimento que a vida oferece. Ao enfocar nossa ateno em algo, ocorre uma comunicao energtica entre ns e o objeto do nosso foco, fazendo surgir

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  • novas idias que so desenvolvidas pela mente, que as delineia e d incio ao processo de criao. A falta de ateno terreno propcio para o erro, a injustia e toda sorte de desperdcio. Atentos a ns mesmos, aos semelhantes e natureza, poderemos encontrar Deus em ns e no mundo.

    REFLEXO Refletir conversar consigo mesmo, formando pensamentos vivos e ensaiando aes para a concretizao de ideais. treinar o intelecto para o raciocnio abstrato, a fim de descortinar horizontes alm do tangvel, para encontrar revelaes ntimas com significao impossvel de ser alcanada apenas pelo raciocnio lgico. Refletir no devanear buscar solues dentro de ns e no fora de ns. A reflexo o dilogo com os nveis mais profundos do ser. Ao procurar solues para os efeitos dos estmulos externos em ns, detendo-nos nos movimentos internos e externos e nas inquietaes ntimas, acendemos luzes que projetam as formas adequadas de agir de modo claro e visvel.

    SINCERIDADE o crisol onde se purifica o carter. Uma mente impulsionada pela verdade, um intelecto sem mesquinharias nos predispem a obedecer sempre aos ditames da nossa conscincia. A falta de sinceridade revela um carter frgil e subordina o homem a uma sucesso de iluses, gerando uma energia desgastante. As conseqncias daninhas da mentira so curadas pela sinceridade quando colocamos a verdade a servio do bem e no como instrumento de agressividade sob a capa da franqueza. Sinceridade servir amorosamente ao prximo pelo exerccio da sintonia com a Verdade. pr-requisito para se atingir o aperfeioamento do carter.

    OTIMISMO a convico do nosso poder de transformao e de criatividade. O otimismo nasce da confiana em si mesmo e na renovao da vida. Alimenta de esperana o corao. Qualquer obstculo ser facilmente transposto se for examinado com destemor e lucidez. Otimismo a luz interna que refulge e mostra a nossa capacidade de refazer a ns mesmos para que as coisas que nos rodeiam sejam refeitas. O otimismo estimula a criatividade e a fora transformadora.

    HONESTIDADE Ser honesto aderir totalmente verdade. A honestidade nos liberta dos disfarces, inseguranas, embustes e ardis que muitas vezes cultivamos por medo de no ser aceitos e por desconhecer nossos talentos e capacidades. A honestidade nutre o carter reto mesmo diante das tentaes mais sedutoras qualificao indispensvel para a auto-realizao.

    EXATIDO Expressar-se com exatido reflete segurana, firmeza, conhecimento e poder de sntese. A exatido se manifesta na mente limpa e no corao amoroso. O indivduo que se orienta pela conscincia e centraliza o pensamento em seus ideais, sempre comprometido com a verdade, expressa suas intenes e conceitos de forma lmpida e concisa. Assim, quando obrigamos a mente a enfatizar seu aspecto de tela em que projetamos as imagens conforme nossa capacidade de v-las, evitamos a ambigidade, que o fruto da incerteza e da insegurana.

    COERNCIA a harmonia entre pensamentos, palavras e aes. Alcanamos a coerncia quando nos introvertemos a ponto de poder sentir a realidade do que dispomos e do que precisamos aprimorar para viver esse equilbrio e deix-lo fluir naturalmente. Nossas atitudes e posicionamentos estaro sempre sujeitos s necessidades eventuais e circunstanciais, mas a harmonia interior impedir qualquer mudana essencial da coerncia. Os pensamentos fteis e perniciosos, as palavras ofensivas e os atos egostas revelam a ignorncia e a desarmonia interior. Os

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  • pensamentos puros e criativos, as palavras verdadeiras e amorosas e os atos nobres e generosos denotam, por sua vez, a comunho com a divindade, e a coerncia o reflexo dela.

    IMPARCIALIDADE O egosmo fraciona a viso da verdade. As emoes desordenadas provocam oscilaes de humor, o que nos impede de raciocinar, enxergar e compreender as coisas sem sectarismos. Para sermos imparciais, necessrio assumir uma postura interior e exterior destacada e eqidistante das mais diversas situaes. Ser imparcial superar predilees e averses.

    SENTIDO DE REALIDADE A verdade tem de ser conquistada e o sentido real das coisas surge da percepo da energia csmica que permeia tudo e todos permanentemente. Para vencer o auto-hipnotismo, devemos adestrar a mente pra definir e diferenciar o efmero do perene, a fim de evitar o cultivo de desejos e angstias causados pelo superdimensionamento ou distoro da viso da realidade. Devemos aceitar os aspectos ilimitados da realidade espiritual sem excluir a realidade palpvel e mensurvel como veculo para maiores descobertas e percepo dos diversos nveis de compreenso da verdade.

    LEALDADE um exerccio de doao e crena, adeso a uma causa ou pessoa sem visar proveitos pessoais. S pode ser leal aquele que verdadeiro consigo mesmo. A conscincia de que somos parte de um todo desbanca o individualismo e a competio, dando lugar lealdade e ao esprito fraterno; ao mesmo tempo, faz crescer o sentimento amoroso e estabelecer-se uma aliana altrusta e leal.

    JUSTIA Estabelecer a diferena entre o legal e o justo pela ampla anlise dos diversos aspectos de uma questo sem preconceitos ou raciocnio viciado o meio mais correto de ser justo. Para julgar algo ou algum preciso estar ciente de que somos falveis e aprendizes de ns mesmos; portanto, agimos de acordo com o nosso nvel de autoconhecimento. Em termos sociais, posicionamentos estanques, normas e regras definitivas no so compatveis com uma sociedade mutvel, que exige a atualizao de leis e a agilidade na sua aplicao. O respeito aos direitos, s obrigaes do ser social e aos valores humanos promove harmonia e justia.

    LIDERANA O verdadeiro lder incorpora os anseios do grupo com esprito de doao e o conduz com humildade e lucidez, agindo acima dos interesses pessoais. Liderar conduzir consciente de que se est sendo guiado por uma fora maior, com esprito de servio, sem auto-exaltao ou fruio de privilgios. Liderar corretamente usar o poder outorgado sem contaminar-se pela necessidade de domnio e mando.

    HUMILDADE A humildade s se manifesta quando vencemos o orgulho pessoal. uma conquista interior e no uma atitude externa que causa efeito impactante sobre as pessoas. S os humildes de corao e mente conseguem transformar conhecimento em sabedoria. Essa virtude revela nossa natureza superior; por isso, ser humilde no ser subserviente, ser consciente. A humildade faz com que ofereamos nossos servios desinteressadamente, atuando sempre de acordo com a nossa conscincia amorosa. Ela nos torna mais fortes e firmes de carter, o que permite superar mais facilmente os assaltos da vaidade e da pretenso, quer venham dos nossos impulsos internos, quer do comportamento dos semelhantes. Pela humildade transmutamos vaidade em auto-estima, orgulho em comunho, ira em motivao. A humildade enseja a vitria sobre os excessos que corrompem e sua transformao em bnos.

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  • Relato de experincia

    O resgate dos valores humanos e de seus subvalores deve ser a proposta bsica de todas as experincias que vivemos no cotidiano. Apresentamos, a seguir, o relato de uma experincia, com enfoque na verdade e em seus subvalores.

    Uma professora de portugus vivenciou um trabalho muito interessante com alunos da 5 srie do ensino fundamental. A princpio, pediu aos alunos que fizessem uma leitura, em casa, do livro A Plancie e o Abismo, de Rubem Alves. Na sala de aula, deixou que as crianas relatassem a histria conforme a haviam compreendido. A seguir, pediu a um aluno que retomasse o livro e lesse as duas primeiras pginas, em que um personagem voltava para casa depois de uma feliz noitada com os amigos. Como acontecia sempre, ele seguia pensativo, tranqilo, montado no seu lindo cavalo branco. Em todo o trajeto, apenas um lugar lhe dava calafrios: a encruzilhada onde comeava a trilha que levava ao alto de uma montanha, silenciosa, sempre envolta em neblina. Diziam que essa montanha era mgica, contavam-se histrias estranhas de pessoas que a haviam desafiado e no mais tinham voltado.

    Nesse ponto da narrativa, a professora interrompeu a leitura e sugeriu uma reflexo sobre aquele momento vivido pelo personagem. Perguntou aos alunos se percebiam a razo da inquietao que tomava conta do rapaz sempre que chegava encruzilhada e ficava fascinado e ao mesmo tempo amedrontado com a maravilhosa montanha sua frente. Vrias hipteses foram levantadas, at que um garoto respondeu que o rapaz tinha medo porque a montanha representava o desconhecido para ele. A professora transps a situao para a vida pessoal dos alunos, induzindo-os a se voltarem para si mesmos, fazendo perguntas simples como: E ns tambm sentimos medo do desconhecido? Em que situao j nos percebemos sentindo muito medo? O que representa a encruzilhada na vida do personagem? Como nos relacionamos com o medo quando enfrentamos situaes novas? Olhamos corajosamente para dentro de ns mesmos e buscamos ver tudo com clareza ou apenas caminhamos, movidos cegamente pelas circunstncias? Como somos realmente? O que somos verdadeiramente?

    Inmeras questes foram colocadas e as crianas, entusiasmadas e atentas, surpreendiam-se com as descobertas que faziam naquele momento sobre si mesmas. Utilizando o livro, a professora desenvolveu de forma agradvel e divertida um trabalho de autoconhecimento em que as crianas puderam perceber, por elas mesmas, que o ser humano um misto de luz e sombra, qualidades e defeitos, mas com um potencial infinito para pesquisar externa e internamente, para autoprojetar-se, evoluir e tornar-se verdadeiramente um ser completo, humano, no sentido mais profundo do termo.

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  • OS VALORES RELATIVOS DA AO CORRETAE SUAS DEFINIES

    DEVER O dever primordial do ser humano saber quem verdadeiramente. O aprimoramento do intelecto e a observao interior trazem tona a conscincia da energia espiritual como fora motriz e fonte inspiradora. O equilbrio entre matria e esprito nos torna mais adequados e capacitados a desempenhar nosso dever, assim como nossas obrigaes como seres sociais. O dever aparenta ser um fardo assustador para aquele que ainda desvincula a energia espiritual da material e que devido a isso depende sempre de algum ou do acaso e no aceita a responsabilidade pelo prprio progresso, quer material, quer espiritual. Assumimos nossos deveres com alegria quando, conectados com a ao csmica, oferecemos nossos talentos para cumpri-los contribuindo para o bem-estar familiar e comunitrio. Sentimos, assim, o prazer de cumprir a nossa tarefa e desempenhar o nosso dever corretamente.

    RESPONSABILIDADE responder pelas prprias palavras e aes e pelo que lhe foi confiado. S o ser humano responsvel assume as rdeas do seu destino, construindo seu carter dignamente. Assim, pode se autoconhecer, modificar-se e modificar a sociedade como co-autor com a divindade na conduo do homem sobre o planeta.

    TICA Os princpios morais e espirituais integrados na sociedade pelo comportamento coerente diante das atividades e dos relacionamentos humanos permitem a evoluo equilibrada da civilizao. A ao s til se estiver aliada sabedoria e aos valores humanos; caso contrrio, perde-se em ativismo cego e inconseqente. O progresso pessoal implica necessariamente atitudes fecundas e altrustas, respeito prprio e pelo semelhante. Agir eticamente pr em prtica o que temos de melhor para enriquecer a vida e a sociedade com pureza de sentimentos e intenes. Essa a obrigao do ser consciente.

    VIDA SALUTAR A seleo dos alimentos que ingerimos, dos ambientes e das pessoas com quem convivemos, alm de tudo aquilo que recebemos como informao e sensao atravs dos rgos dos sentidos, definir nossos hbitos e a higidez do nosso corpo e da nossa mente. Dessa forma, o desrespeito ao nosso corpo e nossa mente compromete nossa atuao e dificulta o crescimento interior. Nosso corpo indispensvel como veculo e nossa mente deve ser o instrumento para a penetrao nos nveis mais elevados da nossa conscincia.

    INICIATIVA Ter iniciativa entrar no fluxo da energia regeneradora da vida, o que faz surgir das profundezas do corao a certeza de ser til e de estar em sintonia com o cosmos, que certamente nos permite a ao correta e aponta o melhor caminho. Quando rompemos as barreiras do medo do novo, samos da inrcia conformista. Confiamos ento nas nossas possibilidades de gerar mudanas e desenvolvimentos pessoais e coletivos. O medo imobiliza e atravanca a evoluo, pois, temerosos de enfrentar a ns mesmos e aos desafios da vida, costumamos culpar pessoas ou circunstncias pela nossa falta de iniciativa.

    PERSEVERANA Nos combates individuais internos e nos embates exteriores pela vida afora, a perseverana a arma mais eficiente. Ela fortalece nossa f na energia divina que existe por trs de cada coisa ou acontecimento, quer nos paream benficos e bem-sucedidos, quer sejam dolorosos e malogrados. Quando definimos propsitos positivos, nossa conscincia aponta a direo e os meios para atingi-los, assim como os

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  • instrumentos que nos impeam de tomar outras estradas. A perseverana possibilita o autoconhecimento e a conexo com a alma.

    RESPEITO S o ser humano sente respeito: por si mesmo, pelos outros, pela natureza e pelo sagrado. Quando cultivamos nossas virtudes e procuramos superar nossos defeitos, crescem as condies de, respeitando nosso prprio estgio de evoluo, respeitar o estgio do outro. A partir da procuramos o ponto de contato e no a linha que nos separa. Respeitar a privacidade e a individualidade alheias sem julgamentos impulsivos reconhecer por trs da forma exterior e das atitudes discutveis a chama divina imanente que existe em ns.

    ESFORO O esforo permite realizaes materiais e espirituais. Esforo e empenho constantes so imprescindveis tambm para que tomemos cincia das nossas capacidades e limites em qualquer empreendimento. Podemos sentir a importncia de algo pelo esforo despendido para conquist-lo. Para a expanso da conscincia e o aprimoramento do carter preciso esforo no sentido de vencer os apelos do nosso psiquismo inferior. Sem esforo, no h mrito. Esforar-se comprometer-se com a vontade na busca de um objetivo.

    SIMPLICIDADE medida que avanamos no autoconhecimento e nos sintonizamos com o nosso ser eterno, diminumos nossas necessidades. Procuramos a essncia das coisas, e esse estado da alma se exterioriza na nossa postura diante da vida; nossos relacionamentos com os demais se tornam mais fceis e livres, e temos condies mais propcias de enxergar o melhor modo de atuar em qualquer circunstncia. Opera-se uma mudana progressiva nas nossas prioridades e, conseqentemente, nossos modos de sentir e agir so simplificados. Viver simplesmente deixar fluir a orientao da conscincia sem medo ou privao da liberdade de sentir a existncia.

    AMABILIDADE Somos essencialmente amor e por isso tendemos a ter um comportamento amoroso. O medo, o egosmo e o orgulho erguem barricadas contra a vida e as pessoas, o que resulta em aes agressivas, idias perniciosas e imagens mentais de constante autodefesa. A identificao com o medo provoca discordncia com o mundo, isolamento e sofrimento. Somos amveis quando vibramos amorosamente, sem bajulaes ou necessidade de ser aceitos, pois apenas deixando o amor guiar nossas palavras e aes exalamos amabilidade espontaneamente.

    BONDADE a inspirao do ato amoroso sem expectativa de recompensas. importante procurar enxergar o bem e as boas qualidades em ns e nos semelhantes, comungando com o lado positivo da vida. S podemos enxergar o bem nos outros se vivermos nele e para ele, e lutarmos destemidamente para que o bem sempre triunfe. Com bondade, participamos do drama do mundo sem quimeras ou iluses, contribuindo com f e amor para que seja melhor.

    DISCIPLINA Para obter xito em empreendimentos materiais ou espirituais, temos de disciplinar nossas energias e impulsos. Se nossos atos so reflexos das emoes desenfreadas e indisciplinadas, vivemos sem sentido, temos dificuldade para definir prioridades, caminhamos s cegas, sem finalidade; portanto, sem empenho. A disciplina fsica e mental equilibra emoes, elimina a confuso e a profuso de pensamentos estreis que desgastam e impedem a viso clara dos objetivos. Descortinando transformaes, a disciplina proporciona os meios para produzir melhor, ser mais feliz e descobrir a fora do esprito como fonte de alegria.

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  • LIMPEZA A limpeza do corpo renova energias, reanima e conserva a sade. A limpeza da mente e do corao, eliminando perspectivas equivocadas, preconceitos e crenas dogmticas, sentimentos inferiores e egostas, fundamental para o florescimento de pensamentos e atitudes boas, saudveis, moralmente harmoniosas e amorosas. Idias claras, relaes francas so reflexos de uma alma limpa e de um carter puro e forte.

    ORDEM Tudo o que existe obedece a uma ordem, que o princpio ordenador, a fora que propicia a criao, manuteno e expanso da vida. No nvel consciente da vida humana, a ordem exterior o reflexo da ordem interior. Os pensamentos ordenados pelo exerccio da meditao cedem espao para a intuio. A partir da, nossa imaginao no apenas divagadora, mas criativa, e podemos assim expressar nossas aptides de forma organizada e concreta. A ordem estabelece harmonia para realizar idias e atingir ideais.

    CORAGEM Coragem no temeridade ou demonstrao de fora bruta. O corajoso enfrenta os obstculos internos e externos sem vacilaes, inseguranas ou receios, pois movido pela fora do seu carter. Aceita os percalos advindos dos confrontos, com f nas transformaes que o conduziro vitria. A falta de coragem desenvolve hipocrisia, dissimulaes e posturas pusilnimes. O medroso mente porque no assume a si mesmo, nem assume as conseqncias dos seus atos. Ter coragem tambm saber reconhecer a fraqueza do agressor quando somos agredidos, controlar nossos impulsos inferiores e ter compaixo do adversrio. S com coragem podemos viver plenamente nosso potencial humano. Assim, ter coragem ter respeito por si mesmo, pelos outros e responsabilidade por todas as suas aes.

    INTEGRIDADE Todo ser humano tem polaridades. Afinal, a vida se manifesta pelo atrito dos opostos. A dualidade estabelecida entre matria e esprito, bem e mal, ignorncia e sabedoria o grande desafio da conscincia. A tarefa essencial do homem preencher os espaos interiores de amor, vencer o egocentrismo e encontrar o sentido da vida. Superamos a dualidade pela integrao com a essncia interior. A conscincia dessa interao, colocada em prtica, forma um carter ntegro e uma mente criativa e equilibrada, livre de exacerbaes nervosas. Integrados, somos guiados pela inspirao, a voz da conscincia unificada.

    DIGNIDADE O respeito por si prprio, pelo semelhante e pela vida engrandece e dignifica o ser humano. A nobreza do carter, a integridade e a estabilidade emocional, assim como os valores morais, geram uma energia firme e forte. O homem digno merecedor da condio humana. Espalha segurana, harmonia e admirao; cumpre seu papel na criao, consciente dele e livre de temores, inseguranas ou ardis.

    SERVIR O PRXIMO Servir o modo mais eficaz de vencer o egosmo e desenvolver o altrusmo. Servir ao prximo desperta a humildade latente, a ao amorosa, alicera os demais valores e fortalece o carter. o amor atuando como alimento da conscincia e pautando a conduta que promove transformaes fundamentais. Servir ao prximo sem sentimentalismo, mas movido pelo amor incondicional, a melhor maneira de dissolver a barreira do egosmo que tapa e empana a luz que somos em essncia.

    PRUDNCIA Ser prudente ater-se s coisas e fatos, examinar possibilidades e conseqncias antes de manifestar um pensamento, uma inteno ou empreender uma

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  • ao. S o homem pode colocar-se diante de situaes, pessoas e coisas da forma mais condizente com sua conscincia, e agir do modo mais conveniente, evitando atritos e sofrimentos por seguir os impulsos instintivos e ter devido a isso reaes intempestivas. Prudncia no vacilao ou indeciso. Uma pessoa prudente sabe interpretar a vida como um campo de aprendizado em que energias inter-relacionadas esto em constante interao.

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  • OS VALORES RELATIVOS DA PAZE SUAS DEFINIES

    SILNCIO INTERIOR A paz e a alegria esto no reino interior. Dirigir a mente para dentro de ns um exerccio extremamente eficiente que nos enseja ouvir a voz da divindade interna. Esse procedimento nos proporciona conhecer as causas do nosso sofrimento, ou seja, a prioridade que damos forma externa e o percurso do caminho das aparncias. Para reverter esse quadro de aflio e instabilidade emocional, preciso esvaziar a mente de pensamentos e desejos, entrar no silncio interior e deixar fluir a energia da fora alqumica que transmutar nossas inquietaes em paz. O silncio interior permite o fluxo da conscincia, que nos traz inspiraes e gestaes de propsitos mais elevados. Assim, iluminamos a nossa mente e a transformamos num aliado e mediador para o dilogo real com a vida. No silncio interior nosso esprito comunga com o cosmos.

    CALMA Nossa mente devastada por pensamentos egostas, crticas, ressentimentos e ansiedade, o que fertiliza o terreno para o plantio de mais agitao e dvidas. Observando atentamente as causas que provocam a nossa desestabilizao, veremos que a confuso est apenas na superfcie da mente e que, mergulhando mais fundo em nosso ser, encontraremos a calma necessria para descobrir respostas e solues para os problemas. A calma traz a lucidez, to necessria para avaliar e aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece. A calma conquistada traz uma abertura para o autoconhecimento e para a serenidade na avaliao de tudo o que nos rodeia e de nossos sentimentos.

    CONTENTAMENTO Alimentamos ideais e desejos egostas e ilusrios quando nos deixamos envolver pelos argumentos da insensata presso que impe modelos pr-fabricados de felicidade e realizao. Para no entrar nesse jogo, basta saber o que nos necessrio e suficiente para fazer-nos felizes. Conhecer as razes do nosso descontentamento pela auto-indagao muitas vezes mostra que estamos superestimando coisas e problemas. Apostar no contentamento como satisfao de desejos e aquisies materiais nos torna insaciveis e incontentveis. Ouvindo nossa conscincia, aplicamos os instintos e intelecto corretamente, sentimos a relatividade das coisas, usamos melhor nossa inteligncia e o contentamento se estabelece naturalmente.

    TRANQILIDADE Conquistamos tranqilidade quando fortalecemos a verdadeira imagem das pessoas e das coisas. A fervilhante multiplicidade de sensaes e os arrebatamentos impedem que sintamos a vida mais intensa e profundamente. Quando o efmero no nos satisfaz mais, buscamos na tranqilidade interior, fora do alcance das exaltaes, desfrutar o essencial. A equanimidade diante da alegria ou do sofrimento, do sucesso ou do fracasso, a marca do ser humano auto-realizado.

    PACINCIA Estamos todos subordinados ao tempo de maturao das coisas. Nada acontece fora de hora. A pacincia brota do amadurecimento do carter e da clarificao da mente. Dissipamos as nvoas da ansiedade medida que superamos o imediatismo imaturo e egosta. Pacincia no quer dizer lentido e postura de enfado, preguia e desestmulo. Somos pacientes quando agimos dando o que temos de melhor e entregando o resultado vontade maior. Pacincia consigo mesmo reflete-se na pacincia com o semelhante e com a vida. Com pacincia, superamos etapas com menos sofrimento, sempre movidos pela esperana e crena na vida.

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  • AUTOCONTROLE O autocontrole evita infligir dor, aborrecimento e constrangimentos aos outros e a ns mesmos. Constitui um elemento importante para vencer nossas tendncias inferiores, atingir nossas qualidades e nos preparar melhor para viver. O assenhoreamento dos nossos impulsos no se consegue pela represso ou negao da conscincia. S o homem pode ser senhor de si, pelo conhecimento e aprimoramento de todos os nveis da sua personalidade e da sua conscincia. No podemos nos esconder de ns mesmos nem do mundo, mas, sim, triunfar dos nossos defeitos e das adversidades por meio do autocontrole e da autodisciplina.

    TOLERNCIA A falta de tolerncia restringe o mbito de oportunidades de aprendizado. Ser tolerante exercita nossa capacidade de amar o prximo. A compreenso e o respeito por pontos de vista contrrios ajudam a sair da priso do egosmo vaidoso. o suporte para combater um dos traos mais caractersticos do homem fundamentado na animalidade: o desamor. Tolerar no suportar pessoas ou situaes para assumir uma posio de menosprezo ou de auto-engrandecimento. A tolerncia um valor humano que ajuda a ver tudo e todos com serenidade, desde que encaremos a vida sem preconceitos ou exigncias.

    CONCENTRAO A concentrao da mente em determinado ponto leva compreenso e a vivncias mais profundas e abrangentes do objeto da nossa ateno. Nada pode ser adequadamente examinado, assimilado ou executado sem concentrao. O cultivo da capacidade de concentrao produz aes corretas e proficientes. A concentrao de esforos no trabalho, na busca do autoconhecimento e da auto-realizao deve fazer parte de todos os momentos da vida. Este o caminho para alcanar a elevao espiritual e a felicidade humana.

    AUTO-ACEITAO O medo do autoconhecimento impede a auto-aceitao. O desconhecimento de ns mesmos leva avaliao errnea do nosso fsico, das nossas dificuldades e das qualidades que temos. Criamos, ento, expectativas fictcias sobre ns mesmos, sofremos crises e frustraes pela estagnao do comportamento ressentido e passamos a viver prisioneiros do medo. Ao nos julgarmos incapazes de corresponder s nossas fantasias, temos a tendncia de recorrer autopunio, em vez de superar essas projees com a correo dos defeitos e explorao das verdadeiras potencialidades e aptides. Auto-aceitao fruto da coragem de vencer a letargia da ignorncia e viver sem culpa, rompendo as limitaes. Saber que temos os dons necessrios para contribuir no engrandecimento do todo provoca auto-aceitao e agimos a partir da cheios de gratido e confiana.

    AUTO-ESTIMA A ausncia de auto-estima deprecia o indivduo, que, assim, desconsidera as oportunidades que a vida lhe apresenta e se sente rejeitado, entediado e excludo. V tudo negativamente e, descrente e desconfiado, encara o mundo como reflexo da sua autonegao. O exame corajoso e lcido dos motivos da falta de auto-estima, sem queixumes ou culpas, com disposio de venc-los, produz mudanas internas e a valorizao da vida. A auto-estima imprescindvel para o cumprimento da primeira etapa da evoluo humana e espiritual, que a utilizao consciente da personalidade como instrumento de desvelamento da verdade e de acesso divindade interior.

    DESPRENDIMENTO O desapego o relacionamento altrusta com tudo e com todos. O apego s convenes sociais e opinio pblica nos submete a banalidades. O apego a preconceitos estreita horizontes, o apego s pessoas reduz o amor posse e o apego s coisas torna a pessoa mesquinha. As coisas materiais esto a nosso servio e

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  • no ns estamos a servio delas. O desprendimento permite um relacionamento amoroso com as pessoas sem subjug-las ou mold-las ao nosso gosto. O desprendimento conquistado quando se alcana o equilbrio entre a fora da matria e a fora do esprito e se vive no a repulso entre essas foras, mas a sua harmonizao. Sem desprendimento, no h transformao, pois o apego entorpece.

    AUTOCONFIANA Estamos sempre expostos s alternncias de vitrias e derrotas, e a autoconfiana a energia que nos anima e assegura a vitria sobre as dificuldades individuais e a fragilidade. A autoconfiana nos estimula a seguir a nossa vocao evolutiva natural, combater interna e externamente em nome da verdade sempre, atentos para no ser trados pela natureza inferior ilusria e estacionria. S pode ter f em Deus aquele que tem f em si mesmo; caso contrrio, seria impossvel reconhecer a presena da divindade interior e sua atuao em ns e em tudo que existe.

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  • OS VALORES RELATIVOS DO AMORE SUAS DEFINIES

    DEDICAO a atitude natural inspirada pelo amor puro por algum, por uma causa ou atividade. A dedicao, em qualquer empreendimento, fortalece o poder de realizao. Sem dedicao, no h progresso cultural, material ou espiritual. Aquele que se dedica ao que acredita no conhece instabilidade e indefinies. A dedicao ao autoconhecimento desperta energias adormecidas, e, se nos voltarmos para a prtica da espiritualidade no cotidiano, podemos fazer da nossa vida uma oferenda divindade imanente em todas as manifestaes dessa vida.

    AMIZADE A verdadeira amizade adeso amorosa, fonte de inspirao e aprimoramento mtuos. O intercmbio honesto e leal de experincias fortalece a amizade e une os coraes. A amizade nasce por sincronia de energias, no importam as atividades ou os objetivos das pessoas. A compreenso das dificuldades, o apoio na dor e na alegria, a crtica terna e objetiva e o reconhecimento de talentos e qualidades dos outros o procedimento de quem nutre amizade verdadeira; caso contrrio, reduzem-se a ligao e o relacionamento amoroso a atitudes convencionais de comportamento. Amizade um sentimento doce e profundo que une fraternalmente as almas, criando confiana e equilbrio.

    GENEROSIDADE Doar-se superar o egocentrismo, passar da auto-satisfao subjetiva e fsica como princpio e fim para a comunho com os semelhantes. A colaborao movida por amor a mais bela forma de generosidade. A generosidade implica discernimento. Deve ser condizente com a necessidade e capacidade de recepo do semelhante para que no interfiramos em seu processo de crescimento, tanto material quanto espiritual. Se assumirmos uma posio generosa perante a vida, colocar-nos-emos disposio dela e amaremos, servindo aos outros e favorecendo os nossos processos criativo-intuitivos ao expandir nossa capacidade de amar e compreender.

    DEVOO A devoo reconstri fundamentos morais e amorosos, estimula a f e destri dvidas corrosivas que dificultam o autoconhecimento. No se deve confundir devoo com fanatismo. Devoo entrega amorosa. Fanatismo escapismo, banalizao da f. As exacerbaes nas demonstraes externas de devoo denotam desequilbrio emocional e exibicionismo. Devoo o sentimento vivo do amor; por isso, ela vibra em nosso corao, e a expressamos pelo amor que consagramos a tudo que fazemos. Ser devoto fazer de cada ato uma celebrao do amor de Deus e por Deus.

    SIMPATIA Sentimos simpatia e somos simpticos por comunicao energtica. A energia amorosa que liberamos quando abrimos o corao e a mente, sem conceitos rgidos, em direo luz, gera simpatia e associao. Atramos pessoas pelo m do amor, somos mais ou menos simpticos a algum por sintonia e receptividade de vibraes energticas. Quando tiramos as mscaras e armaduras impostas pelo medo, liberamos nossa energia do orgulho e da agressividade. Simpatia muitas vezes confundida com bajulao ardilosa, que visa obteno de benefcios e vantagens. O bajulador sabe tocar exatamente no ponto fraco do interlocutor, que, vaidosamente, o acha simptico. A energia harmonizadora da simpatia derrete o gelo da indiferena, aproxima criaturas e constri elos de ligao amorosa entre as pessoas. Viver em harmonia conosco, encontrar nosso centro permite a liberao homognea da nossa energia, cujo reflexo a simpatia.

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  • GRATIDO S aquele que venceu o orgulho e a pretenso alcana o terno e alentador sentimento de gratido. Caso contrrio, o benfeitor torna-se uma presena incmoda e o beneficiado, em lugar de gratido, confronta-se com a sensao de dvida e a obrigao embaraosa de retribuir o benefcio. Gratido sentir a ressonncia amorosa de uma ao fraterna e desinteressada no corao. Agradecer ao semelhante e a Deus a melhor maneira de orar, pois o agradecimento a mais linda orao.

    CARIDADE Se o nosso semelhante estiver passando por dificuldades materiais ou emocionais, devemos procurar dar-lhe alvio e encontrar solues, sem esperar recompensas nem criar dependncias. Devemos alimentar a autoconfiana e a alegria de viver das pessoas. A caridade exerccio de amor, no de pena, pois pena a derradeira emoo que se sente por outrem, ao passo que a caridade movida pelo sentimento de pertencermos famlia humana, conscientes de que se pode aprender com a dor e o sofrimento alheios, e que cada experincia se encaixa no grande esquema da vida. Devemos amar deixando cair as couraas do ego e ser amorosamente caridosos.

    PERDO O perdo nos liberta dos grilhes da mgoa e do ressentimento, que, na realidade, so subprodutos do orgulho. A vaidade do ego endurecido o maior empecilho para o perdo. Aquele que no perdoa desenvolve raciocnio e sentimentos duros e inflexveis, e est sempre se cozinhando no prprio caldo fervente da raiva e dos desejos de vingana. Perdoar a ns mesmos ajuda a perdoar aquele que nos tenha ofendido e a eliminar intransigncias e deixar de ser carrascos de ns e dos outros. Perdoar ao agressor todas as ofensas e injrias nos liberta dele porque compreendemos o estgio de evoluo da sua conscincia e nos alegramos com seu progresso, pois, tendo reconhecido o erro, se arrepende e pede perdo. Quem pede perdo com sincero arrependimento revela evoluo de seu esprito. O perdo um elo que nos liga misericrdia divina.

    COMPAIXO O cultivo das virtudes resulta em compaixo, o reconhecimento da divindade imanente em cada ser. Ser compassivo sentir o outro dentro do corao e receb-lo sem restries. No significa que devamos assumir o seu problema ou a sua dor, mas compartilh-los amorosamente, enquanto procuramos solues para as aflies com lucidez e atitudes positivas, sem permitir que as emoes toldem nossa capacidade de raciocinar. Desse modo, atramos inspiraes, aproximamo-nos da Graa, a divina interveno.

    COMPREENSO Compreender entender com a mente e com o corao, a assimilao do sentimento abrangente de acontecimentos, situaes e comportamento dos semelhantes. Compreenso no significa concordncia. Aceitar as razes que levaram algum a agir de determinada maneira sair de dentro de ns, de preconceitos, e aceitar os limites de cada um. A compreenso ajuda a viver no mundo como num vasto campo de aprendizado, num centro de treinamento do esprito para o aprimoramento da conscincia e a expanso do amor.

    IGUALDADE Estamos contidos e contemos toda a criao no estamos separados. Se excluirmos nome e forma, somos iguais em essncia. Adquirimos uma individualidade e formamos nosso carter para experienciar as transformaes da conscincia e perceber que estamos aqui aprendendo essa igualdade. Perdemos ento o egosmo diferenciador e o altrusmo surge em conseqncia da comunho com tudo e todos. A igualdade de direitos, obrigaes e oportunidades estabelecida na sociedade bsica para o progresso do homem em todos os nveis da personalidade. O sentimento

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  • de igualdade determina prioridades e orienta nosso comportamento e posicionamento diante da sociedade.

    ALEGRIA um estado anunciado pela alma que inunda o corao e a mente. Independe de prazeres sensoriais, aquisies materiais ou condicionamento exterior. um patamar de onde partimos para viver a vida plenamente, participando dela com entusiasmo. As emoes equilibradas e a observao da renovao da vida trazem alegria interior e exultamos com o contentamento dos outros. Alegria o estado natural do ser humano e s desaparece quando eclipsada pela falta de autoconhecimento e pela ausncia de amorosidade. A capacidade de superao de problemas alimentada pela alegria de viver. A soluo de impasses traz satisfao pessoal e sensao de alegria e capacidade, e uma viso mais clara de ns mesmos.

    ESPRITO DE SACRIFCIO O esprito de servio e sacrifcio qualidade bsica para vencer as tendncias e banalizao da vida e superar as caractersticas da nossa natureza animal. Evolumos humana e espiritualmente com esprito de sacrifcio sustentados pela fora da alma, o amor altrusta. Sacrifcio no quer dizer sempre dor, mortificao ou sofrimento. A renncia a algo para dar um sentido mais nobre e amplo vida proporciona mais alegria do que um prazer efmero, por mais intenso que parea. A renncia, a privao de alguma coisa para dar felicidade a algum ou a uma causa, pode trazer satisfao e alegria inimaginveis. medida que os ideais se tornam mais grandiosos, os desejos fazem-se mais impessoais e nobres. O esprito de sacrifcio sacraliza a vida e supera amarguras.

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  • OS VALORES RELATIVOS DA NO-VIOLNCIAE SUAS DEFINIES

    COOPERAO fazer junto, trabalhar em comum. A cooperao fortalece o esprito de grupo e enfraquece a competio e a necessidade de ganhar mostra que o outro no adversrio, mas companheiro. O reconhecimento da importncia de cada um no todo abre a mente e o corao para o conjunto, e isso faz que ofereamos prazerosamente nossos talentos para o bem comum. O egosmo competitivo superestima nossa atuao e diminui a qualidade da atividade do outro. A cooperao apara as arestas da vaidade e do orgulho auto-suficiente.

    FRATERNIDADE O egosmo provoca medo, separao e crueldade. A conscincia da fraternidade entre os homens e da paternidade de Deus muda o sentido de estar vivo. A percepo de que os nossos anseios mais legtimos e profundos so basicamente os mesmos que movem o corao dos nossos semelhantes inverte a viso individualista. Compreendemos ento a vida sob novo prisma e nos livramos de demonstraes de interesses pessoais para manifestar respeito, amor e reciprocidade, reconhecendo em todos a mesma origem divina.

    ALTRUSMO Tudo o que fazemos com altrusmo positivo e construtivo porque inspirado pela nossa sabedoria interior. O altrusmo a vitria sobre o egosmo que embaa e obscurece a viso de ns mesmos, do outro e do universo. Ele ilumina a conscincia e faz que o mais simples ato, realizado sem a preocupao de satisfazer nosso ego, de modo desapegado, torne-se um rito sagrado, porque somos movidos por amor, sem visar recompensas.

    RESPEITO CIDADANIA O respeito cidadania reforma a sociedade porque reformula o comportamento do cidado. A conscincia de que o nosso bem-estar e prosperidade esto ligados ao bem-estar e prosperidade social nos ajuda a compreender como nos colocar em harmonia com o sentido da vida, desempenhando nossos deveres e reivindicando nossos direitos em conjunto. O respeito ao espao comum, ao patrimnio pblico, e a contribuio para a melhoria da qualidade de vida da comunidade determinam o desenvolvimento real e nos conscientizam da interdependncia. Perdemos o sentido da evoluo quando o nosso egosmo substitui a busca do verdadeiro significado da vida pelo progresso material, acreditando que nos bastvamos a ns mesmos. A participao de todos o poder da sociedade de amenizar a dor e o desamparo dos menos favorecidos com idias e iniciativas criativas e viveis. Respeito cidadania exige a ao consciente e o compromisso do cidado de servir sociedade.

    CONCRDIA O exerccio da concrdia consiste na apreciao serena, paciente e lcida de uma opinio ou situao que envolva ou a ns ou a outras pessoas, visando encontrar solues de consenso. Em qualquer discusso, deve-se buscar acordos e no impor pontos de vista imperativamente, para que a troca de idias seja vlida e estas no morram estreis. A concrdia a busca do senso comum, da paz e da harmonia entre posies opostas visando o aprimoramento de objetivos.

    FORA INTERIOR O cultivo dos valores humanos nutre o carter. A debilidade de carter deve-se falta de fora interior, que nos leva a temer a vida, mentir, roubar, matar e praticar toda sorte de vilanias e crimes contra a natureza. A fora interior enobrece os pensamentos e impulsiona nossos atos para a superao de todo obstculo. Vencemos nossas deficincias e hesitaes com a ajuda da fora interior, a

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  • centelha vital que nos anima e inspira como parceira incondicional. Enfrentar adversidades abre novos caminhos; as transformaes movem-se atravs de provaes e a fora interior propicia a renovao mental e espiritual.

    UNIDADE Apesar da multiplicidade de aspectos e diversidade de funes e formas, nada nem ningum pode ser considerado isolado. Tudo o que existe na natureza e no universo interage e se comunica energeticamente. Se abrirmos o corao e o intelecto para a vida, veremos nitidamente a unidade da natureza. O amor a grande ao unificadora, a energia que anima, mantm e transforma a existncia. O esprito de Deus refulge dentro e atravs de Sua obra e unifica a aparente diversidade.

    PATRIOTISMO No significa delimitar fronteiras e defend-las a qualquer custo. No cultivar separao e a diviso do planeta, o que j nos causou e ainda causa muito sofrimento. Patriotismo um compromisso amoroso que assumimos com o pedao da Terra que nos recebeu como filhos. Devemos amar a nossa ptria honrando e respeitando seu solo e nossos compatriotas, oferecendo nossos talentos e esforos para seu engrandecimento. O mundo hoje est de tal modo interdependente econmica, cientfica e culturalmente, que no permite mais nenhum retrocesso; portanto, somos irmos vivendo em lugares diferentes. Os valores humanos e espirituais fortalecem um pas. As naes declinam moral, econmica e culturalmente quando seus filhos se esquecem de que so seres humanos, de que tm no esprito sua forma mais evoluda de ser.

    RESPONSABILIDADE CVICA Criticar erros e deficincias sociais sem procurar elimin-los fugir das responsabilidades civis. Agir como espectadores, como se estivssemos inclumes, s agrava os problemas. Instituies governamentais, indstrias, empresas, universidades e escolas funcionam porque homens e mulheres nelas trabalham e delas se beneficiam; s justificam sua funo na sociedade se os colaboradores tiverem dedicao, honestidade, conscincia do valor do servio prestado e responsabilidade cvica. Caso contrrio, agimos de forma parasitria e nos opomos ao esforo evolutivo da sociedade.

    SOLIDARIEDADE a comunicao profunda com o nosso semelhante, porque, sendo solidrios, enfatizamos nossas similaridades e dissolvemos empecilhos em forma de personalidade, credo, cultura, raa ou posio scio-econmica. A solidariedade supera a indiferena e faz reconhecer o outro em ns. Ela nos torna mais receptivos e identificados com a humanidade e toda a criao divina.

    RESPEITO A TODAS AS FORMAS DE VIDA E NATUREZA A natureza tem mtodo e equilbrio perfeitos em suas mltiplas expresses. A me Terra e seus elementos unidos nos compem e mantm. A atuao perfeita da natureza por si s uma grande lio, que ensina, ainda, o quanto fazemos parte dela. Demonstramos nosso nvel de autoconhecimento respeitando cada forma de vida como um sistema do qual somos parte integrante. A sade da natureza, a ecologia e seu equilbrio devem ser respeitados e preservados, assim como devemos nos manter saudveis e equilibrados. Aps tantas agresses e devastaes praticadas contra a natureza pela nossa ignorncia cega e ambiciosa, devemos procurar ter um dilogo mais harmonioso e humano com ela e suas criaturas. Manifestao da vontade de Deus, a natureza e suas expresses so sagradas.

    RESPEITO A TODAS AS FORMAS DE CULTO E RELIGIES O esplendor da Verdade nico, embora aparea de maneiras diferentes, refletido nos

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  • vrios costumes, mitos, credos, rituais e manifestaes da espiritualidade e criatividade humanas. No podemos julgar culturas segundo os nossos padres se quisermos compreend-las e avali-las amplamente. preciso estar aberto para aprender com as diferenas, respeitando-as, enxergando sem distores preconcebidas a expresso das vrias culturas e religies. Todos os seres humanos tm medos, dvidas e necessidades espirituais e fsicas; assim, s uma aliana entre eles permite a revelao dos mistrios da vida. A religiosidade permeia todas as maneiras de encontrar a essncia da Verdade em todas as coisas visveis. Ela no separa, unifica. O que nos afasta dela a ignorncia, o medo e o egosmo arrogante.

    USO ADEQUADO DO TEMPO Tudo o que vive cumpre um ciclo na existncia. Cada ser humano dispe de um perodo dentro da eternidade para cumprir seu propsito na vida. O tempo biolgico segue sua evoluo natural: nascimento, desenvolvimento, procriao, amadurecimento, envelhecimento e morte fsica. O tempo sensitivo e subjetivo relativo aos nossos estados de nimo. O tempo natural est condicionado ao nosso contato com o mundo por meio dos sentidos. Quando anulamos a atividade mental, com o sono ou hipnose por exemplo, o tempo pra para ns. Portanto, a realidade transcende o tangvel. O uso adequado do tempo que temos de vida fsica consiste em aproveitar cada oportunidade de aprender como nica, adquirir autoconhecimento e servir a sociedade fazendo nossas tarefas sincronizadas com o ritmo da natureza e com a divindade interior, seguindo Sua ordem sagrada.

    USO ADEQUADO DA ENERGIA DO DINHEIRO O dinheiro est impregnado de energia gerada pelas nossas convenes, normas de comportamento, desenvolvimento social e aspiraes materiais. Como toda energia, deve circular; caso contrrio, cria desconforto, dor, injustia, violncia e todo tipo de desequilbrio individual e social. O dinheiro gera possibilidades e no pode ser usado como um instrumento de poder. Avareza, ganncia e desperdcio so erros cometidos freqentemente no trato com a energia do dinheiro, devido inverso dos valores na sociedade. Os valores ticos e espirituais tm sido desprezados, enquanto o dinheiro visto como a satisfao de desejos insaciveis. A energia do dinheiro serve para suprir as necessidades bsicas, propiciar enriquecimento cultural e ser usada para benefcios comunitrios atravs de iniciativas e atividades edificantes e no para separar as pessoas e embrutec-las,

    USO ADEQUADO DA ENERGIA VITAL As necessidades e compulses da natureza do nosso corpo fsico no precisam ser reprimidas, mas, sim, conscientizadas. So energias e por isso mesmo devem fluir naturalmente, sem permissividade ou desregramento, para, bem direcionadas, constiturem foras saudveis que mantenham o nosso organismo hgido. O controle da mente sobre os apelos sensuais evita o desgaste intil da energia vital. Desperdiamos energia com discurso vazio, ansiedade, agitao excessiva ou sobrecarga da mente com pensamentos atabalhoados. O corpo est a servio do nosso esprito, por isso deve ser respeitado como servidor e disciplinado para permanecer saudvel e apto. O uso adequado da energia vital proporciona melhores condies de aprendizado, disposio fsica e elevao de propsitos.

    USO ADEQUADO DA ENERGIA DO ALIMENTO Os alimentos, quando ingeridos, transformam-se na energia geradora de pensamentos, emoes e movimentos. O cuidado com a alimentao tem sido desprezado. Atualmente damos mais ateno qualidade do combustvel das mquinas do que ao que move o nosso corpo. Devemos voltar a dar prioridade aos alimentos sadios, naturais e energticos, livres de conservantes. preciso comer qualidade e no quantidade, pois o controle da gula

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  • facilita o domnio dos demais impulsos. Alimentao sadia e equilibrada gera sade fsica e mental. O conhecimento do valor nutritivo dos alimentos e de sua ao energtica ajuda a desenvolver a percepo superior.

    USO ADEQUADO DO CONHECIMENTO Tanto o conhecimento adquirido por educao formal ou pela observao da vida quanto a sabedoria espiritual adquirida pela experincia com o transcendental devem ser compartilhados e no desperdiados. Sonegar conhecimento um ato de violncia; porm, oferec-lo quele que no tem condies de assimil-lo tambm constitui uma forma de agresso. Usar adequadamente o conhecimento significa empreg-lo sempre em benefcio do prximo e da evoluo do homem. Deve ser transmitido sem imposies e dosado conforme a sede do semelhante, mas sempre com amor e generosidade. Conhecimento uma forma de poder; assim, deve ser usado com discernimento, a servio do bem.

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  • O PROGRAMA DE EDUCAOEM VALORES HUMANOS

    A mais importante busca humana esforar-se pela moralidade em nossa ao. Nosso equilbrio interno, inclusive da existncia, depende disso. Somente a moralidade em nossas aes pode dar beleza e dignidade vida. Fazer disso uma fora viva e traz-la para a conscincia talvez a tarefa principal da educao. Albert Einstein

    A educao em valores humanos tem sido vista em vrios pases da Europa, sia, frica, Amrica do Norte e Amrica do Sul como uma fascinante e promissora forma de suprir o grande dficit qualitativo dos diversos sistemas educacionais existentes no mundo. Scrates levantou a questo: pode a virtude ser ensinada?

    A meta da educao moral incrementar gradualmente autonomia e autocontrole na personalidade; no se trata de impor ou ensinar virtudes, mas de facilitar a autodescoberta das prprias virtudes. A criana que desenvolve um bom carter pela conscientizao das suas virtudes ter um comportamento de acordo com os valores vivenciados e internalizados. Desse modo, no pautar suas aes por regras e obrigaes sociais apenas, mas por convico interior do que sejam tica e moral.

    O Programa de Educao em Valores Humanos adotado em mais de cem pases h aproximadamente trinta anos; portanto, no se trata de mais uma experincia na rea educacional, mas de uma realidade afervel quanto sua validade e aceitao. Apresenta uma teoria educacional que sintetiza vrias filosofias em uma criteriosa e funcional mistura de tcnicas e princpios.. Toda e qualquer filosofia educacional aceita estes princpios cardiais: conhecer os fundamentos da comunicao, incluindo a informtica; aprimorar a sade fsica e mental; desenvolver a habilidade na convivncia em famlia, nas relaes cvicas e vocacionais; otimizar o tempo de trabalho e de lazer; aperfeioar a sensibilidade tica. Atualmente, so as seguintes as teorias educacionais em uso: teolgica, adotada nos pases em que as escrituras da religio nacional, seus dogmas e rituais direcionam o ensino; materialista, adotada nos pases que professam o materialismo (reconhece apenas a existncia da razo, desconhecendo o aspecto espiritual da personalidade humana); cientfico-humanista, fundamenta o ensino e encontra a origem de tudo na matria, sendo o homem, mente e intelecto, extenso natural dela; humanista: tem por base a idia do homem como manifestao do universo, sendo faculdades reconhecidas dele o corpo, a mente, o intelecto e a razo ( a mais difundida de todas as teorias).

    O Programa de Educao em Valores Humanos contribui para um aprofundamento do humanismo psquico-espiritual, permitindo o conhecimento intuitivo espiritual, cultivando o homem psquico-espiritual, permitindo a transcendncia da razo e a estruturao do carter pelo desenvolvimento integral da personalidade. O progresso verdadeiro passa pela elevao moral e espiritual do ser humano. O escopo da Educao em Valores Humanos no a demolio das conquistas na rea da educao, mas a reconstruo dos princpios primordiais da educao. Combinar a ao no mundo material com o anseio legtimo da busca espiritual facilita a transformao dos valores seculares em valores espirituais, propiciando a aquisio do conhecimento integrado e auto-realizao, redefinindo o propsito da vida.

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  • As metas do programa de educao em valores humanos

    Conduzir os alunos ao caminho do autoconhecimento e auto-realizao atravs do desenvolvimento integral da personalidade e da espiritualidade, independentemente de religio ou credo.

    Fomentar o esprito de equipe, a criatividade, o respeito s diferenas, assim como reverncia e amor pelos homens e pela natureza.

    Conscientizar os alunos das suas capacidades e estimul-los a empregar seus talentos a servio da comunidade.

    Livrar os alunos do medo e da culpa impostos culturalmente, mostrando que a felicidade o estado natural do ser humano. Que o poder est na lisura do carter e no autoconhecimento e no no acmulo de dinheiro e coisas materiais. Demonstrar que o progresso do homem seu auto-aprimoramento e que esse aperfeioamento traz o progresso social.

    Cultivar os valores humanos e espirituais e os bons costumes e a compreenso do homem como ser csmico.

    Despertar nos alunos a conscincia de que eles sero as lideranas que estabelecero os moldes da sociedade futura.

    Demonstrar que a educao secular e a educao espiritual so complementares. Educao espiritual no doutrinao ou catequese, pois corresponde ao desejo essencial do ser humano de experienciar o sagrado sem priorizar nenhuma forma de culto ou religio.

    Vivenciar o amor como pilar de sustentao da grande fraternidade humana, e a paz como valorizao da vida.

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  • EDUCAO DOS NVEIS DA PERSONALIDADE

    NVEL FSICO EDUCAO DO FSICO

    Atualmente, a educao fsica irrelevante no nosso sistema educacional: limita-se a jogos. A educao fsica deve visar ao aprimoramento do corpo, ao desenvolvimento de um organismo saudvel e ao equilbrio da energia vital. A criana deve ter conscincia da importncia do corpo como veculo de expresso.

    A educao do nvel fsico deve abranger o ensino das funes dos rgos que formam o organismo, a importncia da alimentao, o respeito s necessidades naturais do corpo, e a higiene de um modo geral. H que se salientar tambm a importncia da limpeza do espao comum: ruas, praas, veculos coletivos etc., para que se incremente a idia de coletividade e se diminua a nfase na individualidade. Muitos problemas futuros podem ser evitados se a educao do fsico for encarada de modo mais abrangente. Alguns hbitos errados esto enraizados na educao do nvel fsico. Exemplo: consideram-se a irrequietao e a hiperatividade como sinal de sade; por isso, estimula-se e aprova-se a queima excessiva e intil de energia. Desconhecendo que um sistema energtico interagindo com outros sistemas, a criana tem dificuldades de comunicao amorosa e harmnica consigo mesma e com os semelhantes.

    Um quadro bem ilustrativo do uso racional e equilibrado da energia proporcionado pelos animais e todo ser vivente da natureza com seus ritmos de atividade harmoniosos, que lhes permitem aproveitar cada momento da vida de forma intensa. Por outro lado, toda atividade demanda reposio de energia e novamente a natureza constitui excelente exemplo. Assim, deve-se mostrar que a natureza descansa, as plantas e os animais dormem para recobrar as energias e despertar mais alegres. Isso incentiva a criana a observar os prprios movimentos internos, bem como os da natureza, o que a faz sentir-se parte de tudo, do mundo. Outro mau hbito muito arraigado na nossa sociedade consiste em obrigar a criana a dormir como uma forma de castigo; assim, ela procura resistir ao sono, e sofre com isso. Estabelecemos ligao entre adequao e sensao fsica, o que poder acarretar futuramente vcios de comportamento, inclusive a droga. Exemplo: faa isso que eu lhe dou um doce, ou caso voc cumpra suas obrigaes, eu lhe darei tal brinquedo. Estimulando a barganha e desviando o compromisso com a ao adequada, condicionamos ser aceita a autogratificao. No a forma correta de incentivar nem aprendizado nem aprimoramento.

    Ginstica olmpica, danas e esportes de equipe educam o fsico sem rigidez, ma