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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 022.804/2010-2 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC 022.804/2010-2 Natureza: Representação. Unidade: Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT. Responsáveis: Jones Borralho Gama, coordenador- geral de Gestão de TI e fiscal do contrato 02.0015.00/2009 (CPF 183.275.161-91); Roberto Vanderlei de Andrade, subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (CPF 052.564.704-00); Elenice da Silva Sousa Santos, chefe de serviço da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 256.241.301-63); Kátia Rejane Trindade Farias, chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 658.476.951-87); Ivancir Castro Filho, chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 658.476.951-87); Raul Pequeno Sá Carvalho, coordenador de Atos, Contratos e Convênios (CPF 934.581.423-04). Advogados constituídos nos autos: José Vicente Cêra Júnior (OAB/SP 155.962), Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747), Juliana Guilhem Muniz (OAB/SP 185.271). Interessado em sustentação oral: Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747). Sumário: REPRESENTAÇÃO. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE TI. IRREGULARIDADES DIVERSAS. IMPROCEDÊNCIA PARCIAL DAS JUSTIFICATIVAS DOS RESPONSÁVEIS. CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES. CONSIDERAÇÕES SOBRE PAPEL DA ALTA ADMINISTRAÇÃO NA CONSOLIDAÇÃO DA GOVERNANÇA DE TI. COMUNICAÇÃO AOS ÓRGÃOS SUPERIORES DE GOVERNANÇA DE TI DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL E DETERMINAÇÕES. RELATÓRIO A Secretaria de Controle Externo no Estado de Roraima – Secex/RR representou a este Tribunal com o intuito de aprofundar o exame de ocorrências detectadas em auditoria realizada no Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT (registro Fiscalis 605/2010, processo TC 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 022.804/2010-2

GRUPO II – CLASSE VII – PlenárioTC 022.804/2010-2Natureza: Representação.Unidade: Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT.Responsáveis: Jones Borralho Gama, coordenador-geral de Gestão de TI e fiscal do contrato 02.0015.00/2009 (CPF 183.275.161-91); Roberto Vanderlei de Andrade, subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (CPF 052.564.704-00); Elenice da Silva Sousa Santos, chefe de serviço da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 256.241.301-63); Kátia Rejane Trindade Farias, chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 658.476.951-87); Ivancir Castro Filho, chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 658.476.951-87); Raul Pequeno Sá Carvalho, coordenador de Atos, Contratos e Convênios (CPF 934.581.423-04).Advogados constituídos nos autos: José Vicente Cêra Júnior (OAB/SP 155.962), Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747), Juliana Guilhem Muniz (OAB/SP 185.271).Interessado em sustentação oral: Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747).

Sumário: REPRESENTAÇÃO. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE TI. IRREGULARIDADES DIVERSAS. IMPROCEDÊNCIA PARCIAL DAS JUSTIFICATIVAS DOS RESPONSÁVEIS. CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES. CONSIDERAÇÕES SOBRE PAPEL DA ALTA ADMINISTRAÇÃO NA CONSOLIDAÇÃO DA GOVERNANÇA DE TI. COMUNICAÇÃO AOS ÓRGÃOS SUPERIORES DE GOVERNANÇA DE TI DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL E DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

A Secretaria de Controle Externo no Estado de Roraima – Secex/RR representou a este Tribunal com o intuito de aprofundar o exame de ocorrências detectadas em auditoria realizada no Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT (registro Fiscalis 605/2010, processo TC 013.718/2010-0), no âmbito da fiscalização de orientação centralizada concernente ao Tema de Maior Significância 6 de 2010 – TMS-6/2010 – Gestão e Uso de Tecnologia da Informação – TI.2. Motivou a manifestação daquela unidade técnica desta Corte a constatação de indícios das seguintes irregularidades no processo 012000.000716/2009-60, destinado à contratação de serviços de suporte à infraestrutura de TI e comunicação do MCT e que originou o contrato 02.0015.00/2009, no valor de R$ 5.299.981,77, firmado com a empresa Unitech Tecnologia da Informação S/A a partir de adesão à ata de registro de preço do pregão eletrônico 55/2008 da Universidade Federal da Bahia – UFBA:

a) deficiência do planejamento da contratação;b) falhas na adesão ao registro de preços da UFBA;c) falhas na execução do contrato, com possível débito.

3. Encaminhada a matéria à Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação – Sefti, aquela unidade técnica corroborou o entendimento da Secex/RR e propôs a realização das audiências prévias dos gestores do MCT indicados na epígrafe e das oitivas daquela Pasta e da empresa contratada, cuja razão social foi alterada para CPM Braxis Outsourcing S/A.

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4. Autorizadas tais providências por este relator, as justificativas apresentadas e os esclarecimentos prestados foram analisados pela Sefti nos seguintes termos (fls. 258/283 do volume 1):

“2. Inicialmente, será realizada a análise dos indícios de irregularidades que geraram as audiências, abordando as justificativas apresentadas por todos os ouvidos para cada indício e, em seguida, a análise da Sefti. Posteriormente, serão analisados os argumentos trazidos em função das notificações ao ministério e à empresa contratada, nos mesmos moldes (argumentos dos dois entes ouvidos seguidos da análise da Sefti, para cada ponto da notificação).

3. Seguem-se, então, a síntese das justificativas e as análises da Sefti quanto aos pontos questionados relativos às audiências.

IRREGULARIDADES RELATIVAS À DEFICIÊNCIA NO PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃOPonto questionado: prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993, o que ocultou contratação emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário).Responsáveis:a) Coordenador-Geral de Gestão da TI (CGTI);b) Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (Spoa).Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p.4-6, itens 9 a 18)4. Segundo o gestor, a CGTI buscou empreender ações que permitissem elaborar um termo de referência para a prestação de serviços de TI em conformidade com as determinações do TCU, o qual, por meio do Acórdão 786/2006-TCU-Plenário, recomendou ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP) que realizasse estudos para a elaboração de um ‘modelo’ a ser utilizado pela Administração Pública para contratação de serviços de tecnologia da informação.5. Ainda segundo ele, em virtude de o MP não ter ainda consolidado o assunto, foi emanado o Acórdão 2.440/2007-TCU-Plenário, que concedeu novo prazo para a elaboração do ‘modelo’ de contratação por parte do MP, estendendo o prazo, anteriormente previsto, até 19 de março de 2008. Não haveria, portanto, ‘tempo hábil para orientar os gestores acerca do novo modelo de contratação, até o limite temporal de vigência do contrato em curso.’6. A CGTI considerou ainda que não havia, até o momento da decisão sobre a prorrogação do contrato, ‘resposta da Controladoria-Geral da União acerca da consulta feita pela Assessoria Especial de Controle Interno deste Ministério no sentido de realizarmos procedimento licitatório utilizando a mesma metodologia de medição e pagamento do contrato atual’.7. Argumenta ainda que a CGTI, por sua vez, empreendeu uma série de ações, buscando entendimento para implantação do modelo já sinalizado pelo TCU, tais como: participação em congressos, criação de grupo de trabalho para elaboração do termo de referência de terceirização, solicitação de contratação de consultoria visando o levantamento por pontos de função dos sistemas legados, dentre outras.8. Por fim, o coordenador concluiu, conforme a transcrição a seguir:A Divisão de Licitações, Contratos e Compras — DILC, por sua vez, sinalizou acerca do término do contrato por meio do Memorando nº 119/2007. Entretanto, diante das dificuldades de entendimentos exarados nos diversos Acórdãos publicados, da dificuldade por parte da SLTI/MP em elaborar um conjunto de normas que regulassem a contratação e a execução dos serviços de Tecnologia da Informação na esfera da Administração Pública Federal e considerando que se tratava de serviço continuado, cuja necessidade seguia existindo, entendíamos como melhor alternativa administrativa à prorrogação do contrato em caráter excepcional, com fulcro no que dispõe o art. 57, § 4º, da Lei 8.666/93, posto que seria um risco para o MCT a interrupção das atividades de tecnologia da informação.Considerando os fatos relatados acima e tendo em vista que o contrato de prestação de serviços de TI deste Ministério teria sua vigência encerrada em 13 de abril de 2008 e que não haveria tempo hábil para o

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MP orientar os gestores acerca do novo modelo de contratação, previsto para 19 de março, de forma a realizar um certame licitatório, bem como a ausência da resposta da Assessoria de Controle Interno acerca da possibilidade de licitar nos moldes atuais à época, solicitamos em caráter excepcional, a prorrogação do contrato, até que houvesse uma definição por parte dos responsáveis do modelo de licitação e contratação de serviços de informática a ser adotado para a Administração Pública Federal, e até que esta CGTI obtivesse maturidade suficiente para realizar procedimento licitatório com base no modelo proposto.Resposta do Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (peça 36, p. 2, item a)9. O então titular da Spoa inicia a justificativa registrando que o ano em que ocorreu a prorrogação do contrato em questão foi marcado por um processo de alteração nas regras de contratação e de realização dos procedimentos licitatórios referentes à prestação de serviços de TI, o qual só se encerrou com a expedição da IN – SLTI/MPOG 4/2008 (um mês após a expiração do contrato).10. Ainda assim, continua o gestor, ante a eminência da expiração da vigência do contrato que acabou sendo prorrogado, foram iniciados os estudos necessários para elaboração de termo de referência visando à realização de nova licitação, e que a Spoa adotou as providências para expedição da Portaria – Spoa 73/2007, que constituiu uma comissão técnica, composta por representantes das áreas de Tecnologia da Informação, Recursos Logísticos e Consultoria Jurídica, a fim de que fosse elaborado o aludido termo de referência.11. O gestor argumenta que a referida providência ‘afasta qualquer suposição de caracterização de culpa in eligendo, haja vista o cuidado na seleção de servidores públicos concursados de áreas diversificadas e que reuniam a qualificação profissional necessária para elaboração de Termo de Referência’. Além disso, autorizou a participação de servidores da CGTI no Congresso de Governança Coorporativa em TI, com o intuito de que pudessem subsidiar a preparação do termo de referência.12. O ex-Secretário afirma então que os trabalhos de reformulação da sistemática de contratação de serviços de TI não se concretrizaram antes do encerramento do contrato. Diante disso, a prorrogação era ‘a única medida capaz de assegurar a continuidade de prestação de serviços continuados, com fulcro no que dispõe o art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993’.13. Foi colocado ainda que a prorrogação do contrato foi objeto de análise e devida aprovação pela Consultoria Jurídica.14. Diante de tais fatos, o gestor concluiu que não houve omissão de sua parte em relação aos fatos que acarretaram a prorrogação do contrato em questão, os quais foram objeto de sua supervisão, que abrangeu inclusive o acompanhamento do controle mais direto exercido pela CGRL, a qual, no exercício de suas funções, instou a CGTI a prestar esclarecimentos a respeito de tais fatos. Afirmou ainda que a expedição de solicitação de esclarecimentos com igual teor da que foi enviada pela CGRL não produziria qualquer efeito prático em relação a tais fatos, de modo que não pode ser tomada como falha de supervisão.Análise da Sefti15. Da resposta apresentada pelo gestor, depreende-se que o seu principal argumento para a questionada prorrogação excepcional do contrato é o fato de o modelo para contratação de serviços de tecnologia da informação, que seria elaborado pela SLTI/MP, não ter sido concluído até o vencimento do contrato prorrogado. Assim, segundo ele, não foi possível a elaboração, em tempo, de termo de referência que atendesse aos novos requisitos que estavam sendo discutidos e elaborados pela SLTI.16. Como já mencionado na instrução anterior, a própria CGTI informou à Spoa, em 16/10/2007, que o contrato em questão encerrar-se-ia em 13/4/2008 e não poderia ser prorrogado. A CGTI solicitou, ainda, providências com vistas à elaboração do termo de referência, que foram atendidas pela Spoa, como a criação de uma comissão para elaborar um novo processo licitatório e a autorização para a inscrição de servidores da CGTI em congresso de governança em TI.17. A instrução anterior registrou ainda que, desde outubro de 2007, a CGTI já sabia que a prestação de serviços terceirizados deveria ser mensurada por resultados, como pode ser comprovado pelo Memorando 67/ANO-CGTI (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 0, fl. 16).

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18. Ora, o que se pode esperar da área que coordena a prestação de um serviço continuado e necessário ao ministério, o qual não poderia ser interrompido por conta dos prejuízos que isso causaria aos trabalhos do órgão, é que planejasse a nova contratação com a antecedência necessária para garantir a continuidade dos serviços e, ao mesmo tempo, o atendimento aos princípios legais previstos, entre outros, nos normativos já conhecidos à época, referentes a licitações e contratos.19. Em outras palavras, a conduta mais pertinente por parte da CGTI seria providenciar, com a antecedência necessária, o termo de referência e o processo licitatório para a prestação de serviços técnicos especializados na área de Tecnologia da Informação. Assim, não seria o caso de a coordenação deixar de tomar estas providências sob o argumento de a nova sistemática a ser definida pela SLTI ainda não estar disponível.20. Além disso, registrou-se que a CGTI já detinha, desde 2007, informação suficiente para elaborar um termo de referência que já seria uma evolução em relação ao anterior, posto que, conforme Memorando 67/ANO-CGTI (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 0, fl. 16), o qual solicitou a criação da mencionada comissão, a CGTI informou que estava trabalhando no novo edital e que o TCU, em conjunto com o MP, ‘determinou que a contratação de serviços terceirizados deve atender aos novos requisitos estabelecidos para a área de TI, mensurando sempre que possível, a prestação dos serviços por resultados, utilizando-se de metodologia (métrica) expressamente definida’.21. A propósito, a instrução anterior já havia emitido entendimento sobre esta justificativa, ao afirmar, no item 2.1.14 (peça 1, p. 3), que ‘não prospera o argumento de que não houve tempo hábil para dar cumprimento às recomendações do MPOG, pois, ainda que as novas mudanças não pudessem ser totalmente implementadas, já havia conhecimento suficiente para realizar uma contratação mais aderente à norma do que aquela que foi prorrogada’.22. Ademais, registra-se que as diretrizes presentes na IN – SLTI/MPOG 4/2008 são, em certa medida, uma compilação de outros normativos já existentes à época. Como exemplo, cita-se o Decreto 2.271/1997, cujo art. 3 º, § 1º dispõe que ‘sempre que a prestação do serviço objeto da contratação puder ser avaliada por determinada unidade quantitativa de serviço prestado, esta deverá estar prevista no edital e no respectivo contrato, e será utilizada como um dos parâmetros de aferição de resultados’, além de todos os preceitos contidos na Lei 8.666/1993.23. Observa-se que o ponto questionado foi a prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993. Este artigo da Lei de Licitações rege que o prazo máximo de duração dos contratos de serviços continuados (sessenta meses) poderá ser prorrogado excepcionalmente, desde que devidamente justificado e aprovado pela autoridade superior.24. Assim, a justificativa legalmente necessária para a prorrogação excepcional não foi suficiente, tornando-a, portanto, irregular, e as razões de justificativas apresentadas pelo coordenador da CGTI na presente etapa não elidiram a irregularidade.25. Destaca-se que o TCU possui o entendimento de que o caráter de excepcionalidade deve resultar de um evento grave e imprevisível, para o qual não tenha contribuído nenhumas das partes contratantes (Decisão 126/2002, 1ª Câmara). Assim, a não conclusão da nova metodologia de contratação por parte da SLTI/MPOG não representa a exigida excepcionalidade.26. Com relação à justificativa do então secretário da Spoa, observa-se inicialmente que, de fato, aquela unidade, ao ser provocada pela CGTI, adotou providências para elaboração do novo termo de referência, conforme solicitado, tais como a criação da comissão para tratar do assunto e a autorização para participação em congresso de governança de TI.27. Ressalta-se que a criação da comissão deu-se logo após a solicitação da CGTI, ou seja, em 19/10/2007 (três dias depois), conforme Portaria – Spoa 73/2007 (volumes digitalizados, anexo I, vol. 0, fl. 20).28. Não deve prosperar, contudo, conforme já analisado anteriormente, o argumento de que a prorrogação do contrato era ‘a única medida capaz de assegurar a continuidade de prestação de serviços continuados, com fulcro no que dispõe o art. 57 § 4º da Lei 8.666/1993’, devido ao fato de os trabalhos de

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reformulação da sistemática de contratação de serviços de TI não terem se concretrizado antes do encerramento do contrato.29. Por outro lado, de fato a prorrogação do contrato passou pela análise e aprovação da Consultoria Jurídica, e a CGRL instou a CGTI a prestar esclarecimentos a respeito da referida prorrogação. Estes dois pontos podem ser considerados ações de supervisão do órgão como um todo, daí o Spoa afirmar ainda que a expedição de solicitação de esclarecimentos com igual teor da que foi enviada pela CGRL não produziria efeito adicional, de forma que não pode ser tomada como falha de supervisão.30. Haja vista que houve providências, por parte da Spoa, anteriores à decisão de prorrogar o contrato e que, por outro lado, a CGTI está subordinada à Spoa no organograma do MCT, cabe analisar as atribuições regimentais das duas instâncias, a fim de avaliar a responsabilidade da Spoa quanto ao ponto questionado.31. De acordo com o art. 11 do Regimento Interno do MCT, as atribuições da Spoa são, dentre outras:a) I – planejar, coordenar e supervisionar a execução de atividades relacionadas com os sistemas federais de planejamento e de orçamento, de organização e modernização administrativa, de inovação de processos da administração de tecnologia da informação (...);VI – desenvolver as atividades de execução orçamentária, financeira e contábil, de gestão de pessoas, gestão da informação científica e tecnológica e da tecnologia da informação e da logística, no âmbito do Ministério;b) VII – realizar tomadas de contas dos ordenadores de despesa e demais responsáveis por bens e valores públicos e de todo aquele que der causa a perda, extravio ou outra irregularidade que resulte em dano ao erário;32. Já o art. 55 do mesmo regimento traz as atribuições da CGTI, que são, dentre outras:c) I – planejar, coordenar, orientar, controlar, formular e avaliar os planos e programas relativos à execução das atividades na área de informática, no âmbito da Administração Central do Ministério;d) VII – avaliar e decidir sobre a aquisição de sistemas informatizados, bem como coordenar o desenvolvimento e a implementação de sistemas informatizados desenvolvidos por terceiros para uso no âmbito da Administração Central do Ministério;e) VIII – pronunciar-se, previamente, em processos relativos a aquisição de bens e serviços de informática, bem como em projetos de sistemas informatizados no âmbito da Administração Central do Ministério;33. Dos extratos do referido normativo, depreende-se que as atribuições da Spoa estão relacionadas com as ações de planejamento, supervisão, desenvolvimento e gestão de atividades da tecnologia da informação, no sentido mais amplo, e apuração de responsabilidades dos ordenadores de despesa. Já as atribuições da CGTI relacionam-se com a formulação e a avaliação dos planos e programas relativos à execução das atividades na área de informática e o pronunciamento prévio em processos relativos à aquisição de bens e serviços da área.34. Assim, entende-se que o pronunciamento prévio a cargo da CGTI, ao mesmo tempo em que a inclui como responsável por ele, ressalva que este não é definitivo. Além disso, as competências da CGTI estão geralmente vinculadas ao seu campo de atuação. A responsabilização pelo planejamento, coordenação, execução, desenvolvimento e supervisão da gestão da TI não está desvinculada das competências da Spoa, ainda que solidariamente com a CGTI.35. Conclui-se, então, que a Spoa teria competência e condições de avaliar a questão, a qual, por sinal, não é técnica, da prorrogação excepcional sem que estivessem presentes as justificativas devidas. A prorrogação, que passou pelo crivo da Spoa, que por suas competências regimentais configura-se como responsável pelo ato, foi irregular, conforme análise anterior, ainda que a CGRL, sua subordinada, tenha provocado a CGTI a prestar esclarecimentos a respeito da referida prorrogação.Conclusão36. Pelo exposto, entendemos que as argumentações do coordenador da CGTI não foram suficientes para elidir a irregularidade apontada, visto que a prorrogação do contrato não foi justificada

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por ocorrência excepcional, e que aquela coordenação poderia ter providenciado nova licitação com a antecedência suficiente, ainda que nos moldes e com o entendimento existentes à época, sem a necessidade de que a nova sistemática, que estava em elaboração pela SLTI/MP, estivesse concluída e disponível.37. Com relação aos argumentos do secretário da Spoa, apesar das providências adotadas e da existência de outros pontos de controle durante o processo, considerando suas atribuições regimentais, entende-se também que não devem ser acatadas as suas razões de justificativa quanto ao presente ponto.Ponto questionado: adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação, o que ocultou contratação emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993 e jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara e 788/2007-TCU-Plenário).Responsáveisa) Coordenador-Geral de Gestão da TI (CGTI);b) Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (Spoa).Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p.6-8, itens 20 a 36)38. Argumentou-se que, à época dos fatos, o cenário do MCT consistia na seguinte situação:a) término, em 13/4/2009, do contrato vigente à época, não aderente à IN – SLTI/MPOG 4/2008, por ser baseado em horas de serviço técnico prestadas, operando na excepcionalidade e, portanto, sem possibilidade de renovação;b) insuficiência de quantidade e qualificação de servidores do quadro do MCT alocados na CGTI;c) necessidade de se realizar novas contratações de soluções de TI, em conformidade com a IN – SLTI/MPOG 4/2008.39. Diante deste cenário, a CGTI tomou as seguintes providências:a) solicitação de contratação do Serpro para contagem de pontos de função dos sistemas existentes e em fase de elaboração;b) solicitação de contratação de empresa de consultoria para capacitação do corpo técnico das áreas de TI, licitações e afins visando a elaboração dos termos de referência em conformidade com a nova instrução normativa.40. Segundo o coordenador da CGTI à época, a solicitação da consultoria para capacitação do corpo técnico não foi atendida, prejudicando a execução de suas atividades, mesmo tendo salientado, na solicitação, a urgência em capacitar seu corpo técnico para a elaboração de projeto básico de terceirização, à luz da IN – SLTI/MPOG 4/2008, o fato de o atual contrato encontrar-se no seu último ano de prorrogação e a celeridade necessária para a contratação, tendo em vista que se previa um processo licitatório longo e que este precisaria estar concluso antes de abril de 2009.41. O CGTI informou que, diante da proximidade do término do contrato e tendo em vista orientações recebidas, foi elaborado um termo de referência seguindo os moldes do contrato vigente, visando uma contratação emergencial. No memorando de encaminhamento da contratação emergencial, teria sido solicitado também que a área de Recursos Logísticos indicasse alguma outra alternativa administrativa cabível para a continuidade dos serviços.42. Em vista disso, a Divisão de Licitações, Contratos e Compras (Dilc) encontrou, disponível no portal Comprasnet, uma ata de registro de preços de serviços aparentemente correlatos e encaminhou-a para análise técnica juntamente com a pesquisa de preços para a contratação emergencial, considerando que a adesão à ata se apresentava como alternativa mais viável em substituição à contratação emergencial.43. O Parecer – Conjur 215/2009, de 9/4/2009, registrou in verbis:Observa-se que inicialmente o processo fora instruído para uma contratação emergencial, contando inclusive com propostas de preço para seleção da mais vantajosa para Administração. Porém, no decorrer do processo a Divisão de Licitações, Contratos e Compras — DILC observou a existência do Pregão em epígrafe o qual fora informado à CGTI que acabou por concluir para vantajosidade da respectiva adesão.

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44. A CGTI analisou a ata, ‘comparando-a com a real necessidade do MCT e não com o TR da contratação emergencial’, destacando a afirmação da UFBA de que o contrato em questão estava aderente às INs – SLTI/MPOG 2/2008 e 4/2008. A CGTI afirma que não vislumbrou qualquer irregularidade nos procedimentos da referida contratação por meio da adesão, mesmo porque o órgão gerenciador ‘assinou e publicou a referida Ata, gerando, inclusive outras adesões conhecidas por esse Colendo TCU e já apreciadas sem a imputação de irregularidades’.Resposta do Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (peça 36, p. 2, item a)45. A resposta do ex-Subsecretário é a mesma de sua defesa do ponto anterior, visto que o responsável apresentou uma só justificativa para todos os pontos referentes às irregularidades relativas ao planejamento da contratação, as quais envolveram falhas na supervisão por conta da Spoa.Análise da Sefti46. Como descrito em sua própria justificativa, a CGTI inicialmente elaborou termo de referência nos moldes do contrato então vigente e com vistas à contratação emergencial. O fato que acabou culminando no ponto questionado (adesão à ata da UFBA decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação), portanto, foi a proposta de contratação emergencial.47. O CGTI alegou que, antes de propor a contratação emergencial, solicitou a contratação de consultoria para capacitação do corpo técnico com vistas à elaboração de projeto básico de terceirização à luz da IN – SLTI/MPOG 4/2008. Como tal solicitação não foi atendida, prejudicando a execução de suas atividades, terminou por propor a contratação emergencial, diante da proximidade do término do contrato.48. Por similaridade à análise do item anterior, entende-se que tal alegação não procede, pois a coordenação poderia, com a antecedência necessária, ter providenciado processo licitatório com os conhecimentos que detinha à época, ainda que tal ação não resultasse em processo totalmente aderente à IN – SLTI/MPOG 4/2008.49. A referida IN, a propósito, só entrou em vigor em 2009, e a Administração deveria ter iniciado o processo de planejamento da nova contratação ainda em 2008, visto que o contrato estava por vencer em abril de 2009.50. Registra-se, novamente, que este Tribunal entende que a falta de planejamento não é motivo suficiente para justificar a realização de contrato emergencial, conforme decisões referenciadas na representação (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário, 1.095/2007-TCU-Plenário; e Decisões 645/2002-TCU-Plenário e 820/1996-TCU-Plenário).51. Assim, a falta de planejamento, que resultou na proposta de contratação emergencial, que por sua vez verteu-se na adesão à ata, ficou caracterizada nos autos, não sendo afastada pelas justificativas apresentadas pelo CGTI.52. Dessa forma, como não foi seguido um procedimento que, após devido planejamento, levantamento de soluções disponíveis, alternativas de mercado, ampla pesquisa de preços etc, concluísse pela contratação mediante utilização da ata de registro de preços, na prática, o que ocorreu foi um ato que conferiu à contratação em comento uma roupagem de contratação emergencial, sem, contudo, ter havido qualquer fato inesperado que motivasse tal emergência.53. Ora, a efetivação de uma contratação na qual estão ausentes os pressupostos elementares de um processo de planejamento (item 56), evidenciada pelo descompasso entre as necessidades e as particularidades do MCT e da UFBA (itens a ), sugere que a adesão à referida ata não foi o resultado de procedimentos de contratação conduzido com os cuidados esperados, e exigidos por lei, mas que, dada a situação insustentável do contrato anterior, foi a forma encontrada para se lidar com situação de emergência (jurídica) em que o órgão se encontrava.54. Dessa maneira, ainda que a contratação tenha roupagem de adesão à ata, na realidade trata-se de contratação emergencial, e uma contratação emergencial ‘prejudicada’, uma vez que idealizada para necessidades e condições bem diferentes do MCT.55. Com relação ao Spoa, valem os mesmos entendimentos registrados na análise de sua defesa do ponto anterior, relativos à sua responsabilização solidária, mesmo porque aquele subsecretario apresentou as mesmas justificativas. Conclusão

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56. Pelo exposto, entende-se que as argumentações do CGTI à época não foram suficientes para afastar o entendimento de que houve falta de planejamento na elaboração do novo procedimento licitatório para substituição do contrato então em vigor, fato que culminou em proposta de contratação emergencial sem ocorrência de qualquer evento excepcional ou imprevisível, e que aquela coordenação poderia ter providenciado nova licitação com a antecedência suficiente, ainda que nos moldes e com o entendimento existentes à época.57. A análise deste ponto concentrou-se na questão da caracterização da improcedência da proposta de contratação emergencial (a qual acabou vertendo-se na adesão à ata), visto que a adesão à ata em si será avaliada mais detalhadamente em item posterior.58. Com relação aos argumentos do então Spoa, entende-se que, apesar das providências adotadas e da existência de outros pontos de controle durante o processo, considerando suas atribuições regimentais, as suas razões de justificativa não devem ser acatadas quanto ao presente ponto.Ponto questionado: prorrogação do Contrato 02.0015.00/2009 em 2010, que tem natureza emergencial, em desacordo com o art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e a jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário).Responsáveis:a) Coordenador-Geral de Gestão da TI (CGTI);b) Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (Spoa).Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p.8-9, itens 38 a 44)59. O CGTI afirma que o regime de urgência ao qual foi submetida a citada contratação prendeu-se ao fato de que ‘no nosso entendimento, não pode o estrito formalismo se sobrepor à finalidade do ato administrativo, em razão da supremacia do interesse público’. Assim, considerando que a adesão à ata de registro de preços não figura contratação emergencial, a CGTI não vislumbrou irregularidades no processo de prorrogação do contrato da referida ata, tendo em vista que este cumpriu os ritos processuais obrigatórios.60. O CGTI ressalvou que, pelo Ofício 336/2009-TCU/Secex/8, de 5/8/2008, o TCU, provocado pelo Sindicato das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal (Sindesei/DF), solicitou ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) informações sobre possível adesão à ata de registro de preços referente ao Pregão Eletrônico 55/2008, de autoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA).61. Em resposta, o MMA informou que estava em processo de adesão aos itens 1 e 2 da ata de registro de preços em questão, por considerar que era vantajoso para o órgão e representava ‘avanço imediato em melhores práticas de gestão de governança de TI, causando mudança de patamar de governança de TI apesar da pequena equipe de servidores da CGTI’.62. Argumentou-se ainda que a ata em questão também teve as adesões do Ibama, da Embratur, do Ministério do Meio Ambiente, entre outros.63. O CGTI registra, enfim, que, após tomar conhecimento do Acórdão 5.597/2009-TCU-2ª Câmara, no qual o Tribunal considerou improcedentes as solicitações do Sindesei/DF, e considerando tratar-se de serviço continuado e imprescindível para a manutenção das atividades de tecnologia da informação do MCT, bem como o fato de que a empresa contratada vinha correspondendo às expectativas da CGTI/MCT, concluiu no sentido da prorrogação do Contrato 02.0015.00/2009, com fulcro no que dispõe o art. 57, II, da Lei 8.666/1993, como a melhor alternativa administrativa para o MCT naquele momento.Resposta do Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (peça 36, p. 2, item a)64. A resposta do ex-Subsecretário é a mesma da defesa do ponto anterior, visto que o responsável apresentou uma só justificativa para todos os pontos referentes às irregularidades relativas ao planejamento da contratação, as quais envolveram falhas na supervisão por conta da Spoa.Análise da Sefti65. Em que pese os argumentos apresentados, observa-se que a prorrogação contratual questionada foi, novamente, uma consequência da falta de planejamento, a qual gerou as duas irregularidades relatadas anteriormente, quais sejam, a prorrogação excepcional do contrato de 2003 e a

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celebração do Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da adesão à ata de registro de Preços 55/2009 da UFBA.66. Portanto, analisando-se do ponto de vista dos efeitos da deficiência de planejamento, a prorrogação do Contrato 02.0015.00/2009 pode ser considerada como decorrente dessa deficiência. Em outros termos, considera-se que a prorrogação não foi adequada, visto que derivou de um processo viciado (conforme análise do ponto anterior) e porque a ata guardava incompatibilidades com o descrito no termo de referência do MCT (como será visto posteriormente).67. Por outro lado, há que se considerar que, uma vez assinado um contrato, ainda que decorrente da utilização de uma ata de registro de preços, este passa a ser amparado pelo art. 57, inciso II, § 4º, da Lei 8.666/1993, no que se refere a prazo contratual e prorrogações. Dessa forma, olhando para a questão da prorrogação em si, há sustentação legal para a sua admissão, embora não se possa dizer o mesmo para a sua celebração, ocorrida no ano anterior.68. Assim, considerando que se trata de contrato administrativo que formalmente aceita prorrogação, entende-se por elidida a irregularidade.Conclusão69. A falta de planejamento já relatada anteriormente ocasionou prorrogação excepcional indevida do contrato de 2003 e a adesão, também indevida, à ata de registro de preços da UFBA, resultando na assinatura do Contrato 02.0015.00/2009 pelo MCT.70. Contudo, a irregularidade está consubstanciada na celebração do contrato ocorrida em 2009, sendo que a sua prorrogação, ocorrida em 2010, por si só estaria amparada, administrativamente falando, pela Lei de Licitações.71. Considera-se, portanto, elidida a irregularidade.

IRREGULARIDADES RELATIVAS À CELEBRAÇÃO DO CONTRATO 02.0015.00/2009

Ponto Questionado: adesão parcial ao lote único da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, licitado por empreitada de preço global, em desacordo com o art. 3º, §3º, inciso I, da IN – SLTI/MPOG2/2008.Responsáveisa) Coordenador-Geral de Gestão da TI (CGTI);b) Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (Spoa);c) Coordenador-Geral de Recursos Logísticos;d) Chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;e) Chefe de Serviço de Licitações;f) Coordenador de Atos, Contratos e Convênios.Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p.9-11, itens 46 a 64)72. Em sua justificativa, o CGTI pontuou algumas das informações prestadas anteriormente, conforme a seguir:a) em 2003 o MCT contratou por meio de licitação uma empresa especializada para a prestação de apoio técnico aos serviços de tecnologia da informação usando como métrica a unidade de horas de serviço técnico (HST);b) no curso do último aditivo (em 2007), a elaboração de um modelo a ser utilizado pela Administração Pública para contratação de serviços de tecnologia da informação ainda não havia sido concluída pela SLTI/MP;c) nesse percurso, apesar de todos os esforços envidados pela CGTI, tornou-se inviável a execução de um novo certame licitatório resultando em pedido de contratação emergencial ou em outro ato administrativo que evitasse a descontinuidade dos serviços;d) foi elaborado termo de referência, totalmente baseado na contratação de 2003, que foi enviado a diversas empresas no intuito de se obter a pesquisa de preços que subsidiaria a contratação emergencial;

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e) entretanto, a Dilc encontrou disponível uma ata de registro de preços de serviços correlatos e encaminhou-a para análise técnica;f) a CGTI executou então a análise técnica dessa ata comparando-a com a real necessidade do ministério e não com o TR de contratação emergencial;g) durante essa análise, a afirmação da UFBA de que o contrato em questão estava aderente às Instruções Normativas 2/2008 e 4/2008/SLTI/MP foi sobrepujada.73. O gestor prossegue informando que, no Memorando 34/2008-CGTI, de 8 de abril de 2009, aquela coordenação registrou que, in verbis, ‘[...] somente os itens 1 (Gerenciamento e Operação de uma Central de Serviços de TI) e 2 (Serviços Técnicos de Apoio ao Centro de Processamento de Dados) do referido Pregão são necessários a este Ministério’.74. Argumenta-se que a CGTI indicou a compatibilidade dos itens 1 e 2 com as necessidades do MCT sem, no entanto, propor a adesão parcial.75. Na sequência, a CGTI aponta que a adesão aos itens 1 e 2 do referido pregão ofereceu vantajosidade para o MCT, pelos seguintes fatores:a) o processo conduzido pela UFBA estava aderente às novas instruções normativas;b) a CGTI contava somente com cinco servidores em seu quadro, dos quais nem todos possuíam formação e conhecimento técnico na área de TI, o que dificultou a tarefa de elaboração de um termo de referência simultaneamente com as atividades diárias de manutenção da estrutura operacional do ministério;c) risco de descontinuidade dos serviços de tecnologia da informação em função do prolongamento excessivo de tempo nas ações licitatórias.76. A CGTI lembra que procurou, por outros meios, apoio nas ações necessárias ao planejamento e elaboração dos termos de referência, consultando a Assessoria Especial de Controle Interno (Aeci) e solicitando a contratação de apoio especializado de empresas com conhecimento na área, como, por exemplo, o Serpro, não tendo logrado êxito, quer seja por ausência de pronunciamento da Aeci, quer seja por contratempos administrativos, no caso do Serpro.77. O gestor conclui a argumentação afirmando que:[...] entendemos que a adesão a Ata de Registro de Preço PE 55/2008, ofereceu vantajosidade técnica, tendo em vista que sua forma de prestação de serviços era superior em governança ao existente no MCT naquele momento sem, no entanto, gerar aumentos significativos nos dispêndios do Ministério, tendo em vista que o valor do primeiro ano do contrato ficou no mesmo patamar do contrato anterior.Resposta do Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (peça 36, p. 4-7 , item ‘I.2’)78. O gestor argumenta que a adesão decorreu da necessidade de se encontrar um meio viável que não paralisasse a prestação de serviços de TI, em razão da proximidade do término contratual. Além disso, a pesquisa de preço realizada pela Dilc indicou que os produtos e preços contemplados na referida ata apresentavam-se adequados aos interesses e às necessidades da área técnica.79. A Dilc realizou criteriosa avaliação sobre a vantajosidade da contratação, inclusive com manifestação favorável da CGTI no Memorando 34/2009, em que considerou o atendimento às necessidades do MCT e informou que somente os itens 1 (Gerenciamento e operação de uma central de serviços de TI) e 2 (Serviços técnicos de apoio ao centro de processamento de dados) eram necessários ao ministério.80. No que toca ao item 3 (Serviços de manutenção com reposição de peças de microcomputadores e impressoras) da referida ata, os serviços que lhe eram correspondentes não eram necessários para o MCT, o qual, por política interna, renova constantemente parte de seu parque de computadores, de modo que estejam sempre cobertos pela respectiva garantia.81. Destacou-se que o processo foi analisado pela Consultoria Jurídica do MCT, a qual concluiu pela legalidade, regularidade e vantajosidade da contratação, sem fazer qualquer ressalva quanto à adesão parcial, conforme os trechos abaixo transcritos:29. Dos dispositivos transcritos, verifica-se que a referida adesão depende do atendimento e observância, inicialmente, dos seguintes requisitos:a) Manifestação por parte do pretenso ‘carona’ do interesse em utilizar a ata de registro de preços;

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b) Avaliação, em processo próprio do órgão não participante de que os preços e condições do SRP são vantajosos;c) prévia consulta e anuência do órgão gerenciador; indicação dos fornecedores, com observância da ordem de classificação;d) aceitação pelo fornecedor, da contratação pretendida, condicionada esta à ausência de prejuízo aos compromissos assumidos perante o órgão gerenciador e,e) encontrar-se a Ata de Registro de Preço em plena vigência.30. De uma maneira geral depreende-se que os requisitos dispostos nas citadas alíneas foram comprovados pela Administração, inclusive quanto ao especificado na aliena b pois, conforme comprovado por meio de pesquisa de mercado, os preços praticados por outras concessionárias ou montadoras são superiores ao fixado na Ata de Registro de Preço 55/2008 da UFBA’.(...)Assim, da análise dos textos indicados, conclui-se que o MCT, órgão da administração direta, submete-se às diretrizes e ao controle da União, deve observar o comando atualmente em vigor do Decreto 3.931/01, editado pelo Presidente da República, de forma a aderir à Ata de Registro de Preço 55/2008 da Universidade Federal da Bahia, independentemente da verificação do quantitativo já comprado pela própria Universidade e por outros órgãos federais.82. O gestor afirma então que a adesão à referida ata teve sua legalidade atestada pelo parecer jurídico da Conjur, o que foi considerado suficiente para dar respaldo jurídico ao ato da Spoa.83. Ele argumenta, ainda, que as unidades pertinentes do MCT, com o apoio da Conjur, são os responsáveis por conduzir o processo e proceder às avaliações técnicas pertinentes, cabendo à Spoa, em sua condição de supervisora, verificar se tais avaliações foram de fato efetuadas, assim como analisar a razoabilidade na condução de tais processos, considerando o contexto em que se desenvolveram.84. A sua resposta trouxe, por fim, o entendimento do Acórdão 2.204/2010-TCU-Plenário, transcrito abaixo, com o objetivo de argumentar pela não responsabilização da Spoa em ato no qual atuou respaldada por análise dos setores técnico e jurídico:15. Aqui, há que se considerar a abrangência e o volume das atribuições afetas ao cargo de Chefe de Gabinete do ministério, o fato de que havia setor especialmente designado para o acompanhamento do Contrato 9/2000 e que a execução dos serviços foi atestada por esse setor. Nesse contexto, entendo que não seria razoável exigir que esses responsáveis tivessem elementos para detectar as irregularidades.(...)25. Com relação ao Sr. [omissis], ex-Chefe de Gabinete do Ministro, penso que cumpre eximi-lo de responsabilidade com base na argumentação desenvolvida no item 15 retro. Ou seja, considerando a abrangência de suas atribuições como Chefe de Gabinete, a existência de setor específico designado para controlar a execução do Contrato 9/2000 e o volume de cotações de preços processadas no âmbito daquela avença (vide o relatório que acompanhou o Acórdão 1868/2005), não é razoável exigir que o responsável tivesse meios de aferir a fidedignidade e a validade de cada uma das propostas apresentadas, especialmente porque a respectiva documentação havia sido analisada pelo setor competente para acompanhamento e fiscalização.Resposta do Coordenador-Geral de Recursos Logísticos (CGRL), do Chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (Dilc) e do Chefe de Serviço de Licitações (peça 40, p. 1-4)85. Os referidos gestores, que apresentaram razões de justificativa em conjunto, inicialmente registram que, considerando a vigência do contrato até 13 de abril de 2008, encaminharam à CGTI, em 22 de maio de 2007, portanto, com onze meses de antecedência, o Memorando 119/2007-Dilc/Coex/CGRL/Spoa (peça 40, p.6), solicitando a manifestação daquela área acerca da necessidade dos serviços, o envio do termo de referência e a estimativa de gastos, a fim de providenciar nova contratação.86. Não havendo a manifestação expressa da CGTI, a Dilc solicitou novamente a apresentação do termo de referência, por meio do Memorando 269/2007-Dilc/Coex/CGRL/Spoa, de 2 de outubro de 2007 (peça 40, p. 8).

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87. Em resposta, a CGTI manifestou-se por meio do Memorando 7-ANO-Spoa/CGTI (peça 40, p. 10), no qual expôs as razões pelas quais entendia ser a melhor alternativa para a Administração a prorrogação excepcional do contrato ora em questão, alegando que o TCU recomendara que os contratos deste tipo de serviço devessem atender aos novos requisitos para a área de TI, e decidira, por meio do Acórdão 2.440/2007-TCU-Plenário, prorrogar até meados de março de 2008 o prazo para que a SLTI/MP apresentasse modelo específico de licitação para contratação desses serviços.88. Neste contexto, em 11 de abril de 2008, o prazo contratual foi prorrogado excepcionalmente por mais doze meses.89. Continuando, os gestores alegam que, por meio dos Memorandos 38/2009-Dilc/Coex, 30/2009-CGRL/Spoa e 58/2009-CGRL/Spoa, todos de fevereiro de 2009, a Spoa continuou solicitando a apresentação do termo de referência para nova contratação (peça 40, p. 14-16). A essas solicitações, a CGTI respondeu, em fevereiro de 2009, informando que estava trabalhando na elaboração do projeto básico nos moldes da IN 4/2008-SLTI/MPOG (peça 40, p. 18-19). O termo de referência foi apresentado à Spoa em 25 de março de 2009, encaminhado por meio do Memorando 24/2009-CGTI (peça 40, p. 21-22).90. Registrou-se que não havia tempo hábil para licitar os serviços de TI com base nesse termo de referência, visto que o contrato venceria em 13 de abril de 2009. A Dilc, no intuito de evitar a paralisação dos serviços, providenciou a abertura de processo para a contratação destes, ainda nos moldes anteriores.91. Procedeu-se então à pesquisa de mercado, incluindo consultas realizadas pela Dilc no portal Comprasnet, em que se busca verificar também a existência de atas de registro de preços vigentes, cujos objetos possam ser comparáveis àqueles em contratação. Nessa pesquisa, encontrou-se a ata de registro de preços do Pregão 55/2008 da UFBA.92. Formou-se então a ‘convicção de que a adesão a uma Ata de Registro de Preços resultante de uma licitação pública era a alternativa mais segura e correta para a Administração, considerando o curto prazo disponível para contratar os serviços e o fato de que o contrato prestes a terminar já havia sido prorrogado excepcionalmente’.93. O processo foi encaminhado à CGTI, a qual, por meio do Memorando 34/ANO-CGTI, de 8 de abril de 2009 (peça 40, p. 24), informou que os serviços abrangiam as necessidades do ministério em todo o seu escopo, com exceção do quantitativo de horas. Registrou, também, que a adesão possibilitaria a continuidade dos serviços e não traria prejuízo à Administração, e propôs que fosse adotada como transição para um novo modelo, informando que somente os itens 1 e 2 do pregão eram necessários ao MCT.94. Os gestores esclareceram que o quantitativo de horas previsto na ata da UFBA era inferior ao necessário para o MCT, mas o serviço atenderia qualitativamente, daí não haver prejuízo na adesão.95. Em seguida, os gestores assinaram documento (peça 40, p. 26-27) de 9 de abril de 2009, o qual explicita os passos percorridos para a formalização da adesão à ata (a requisição à entidade detentora da ata, a concordância do fornecedor e a demonstração da vantajosidade da adesão).96. Em seguida, o processo foi encaminhado à Conjur, que se pronunciou por meio da Nota -Conjur/MCT-RC 217/2009 (peça 40, p. 33-40), cuja análise restringe-se aos requisitos legais habilitatórios para adesão à ata, sem adentrar no mérito da questão emergencial. A análise abordou a adesão parcial e concluiu pela legalidade do procedimento adotado.97. Por fim, os gestores registram que ‘a adesão aos itens 1 e 2 foi aceita pelo sistema SIASG/SIAFI, quando da emissão das Notas de Empenho à empresa contratada. Entendemos que, caso existisse qualquer irregularidade nessa adesão parcial, o referido sistema, que é gerenciado pela SLTI/MP, deveria criticar os procedimentos’.Resposta do Coordenador de Atos, Contratos e Convênios (peça 38)98. O responsável, consultor jurídico que assinou o parecer favorável à contestada adesão à ata da UFBA, dividiu sua justificativa em quatro partes, conforme a seguir:I – DA ADEQUAÇÃO DA ANÁLISE JURÍDICA DA PROPOSTA DE ADESÃO À ATA DE REGISTRO DE PREÇOS

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99. Sobre esse ponto, a justificativa inicia-se registrando que a representação da Sefti tão somente destaca que ‘a Consultoria Jurídica analisou o processo de contratação e em nenhum momento destacou a impossibilidade de se contratar parte do lote (...)’ e salienta que ‘em nenhuma linha da Nota Conjur – MCT/RC 217/2009, ficou destacado, aprovado ou concluído expressamente a possibilidade de contratação de parte do lote’.100. Registrou-se ainda que a nota da Conjur, na prática, destacou a ‘impossibilidade de adesão parcial, em face da obrigação do atendimento de todas as condições estabelecidas na ata de registro de preço que se pretende aderir’, tanto que transcreveu o Art. 8º do Decreto 3.931/2001 no item 46 do parecer:46. Por outro lado, não pode o fornecedor alterar as condições de venda dos produtos registrados na Ata, uma vez que o parágrafo 2º do artigo 8º do Decreto nº 3.391/01 dispõe que o fornecedor opta pela aceitação ou não da proposta formulada pelo 'carona', observadas as condições nela – Ata de Registro de Preços – estabelecidas.101. O consultor continua afirmando que a ‘conclusão do parecer ao contrário do que é suscitado pela Sefti não é simplesmente favorável à contratação parcial, mas sim à adesão condicionada a observação de todos os itens da Nota da Conjur/MCT 217/2009, cabendo à área técnica a adequação contratual para a firmação do ato (...)’.102. Argumentou-se, ainda, que, como a Administração é impossibilitada de modificar o contrato na hipótese de adesão, a análise jurídica da adesão à ata parte do pressuposto da adequação da minuta aos exatos termos do contrato original. Não haveria sentido, portanto, de se fazer uma análise jurídica sob o prisma de um contrato que não pode ser modificado, a não ser que houvesse consulta específica por parte da Administração.103. Assim, a análise restringiu-se unicamente aos requisitos legais habilitatórios para a referida adesão, haja vista que uma das condições para adesão é justamente o atendimento integral de todas as condições já estabelecidas no edital originário. Desta forma, continua o consultor:[...] se uma ata de registro de preços teve seu certame realizado por preço global, não cabe ao órgão jurídico adentrar em todas as condições insculpidas na Instrução Normativa que regulamenta a contratação de serviços, mesmo porque, não se destacou na análise jurídica ora questionada nenhum outro ponto que não fossem as condições habilitatórias, partindo da regra lógica e legal de que própria minuta submetida a exame se submete a todas normas contidas na IN 02/SLTI.104. Argumenta-se, por fim, que o fato de não constar expressamente a impossibilidade de se contratar parte do lote, não quer dizer, em absoluto, que a Consultoria Jurídica tenha aprovado ou se mostrado favorável à contratação parcial do lote, pelo contrário, em destaque no parecer encontra-se a ressalva no item 45 de ‘Que não pode o MCT acrescentar obrigações não previstas no edital originário’, e no item 46 ‘Que o fornecedor opta pela aceitação ou não da proposta formulada pelo ‘carona’, observadas as condições nela – ata de registro de preços – estabelecidas’.II – DA CONTRATAÇÃO PARCIAL105. Inicialmente, o consultor relembra que, na análise da Sefti, seguiu-se o raciocínio de que o art. 3º, §3º, inciso I, da IN 2/2008-SLTI/MPOG veda a contratação parcial do lote nas licitações por empreitada de preço global, com vistas a inibir possíveis ‘jogos de planilha’ praticados pela empresa vencedora do certame.106. A partir daí, o gestor registra que tal interpretação é pertinente para o caso de uma contratação derivada de um processo licitatório no qual a vantajosidade é aferida no momento da seleção da proposta de preço global mais econômica para Administração. No entanto, em se tratando de adesão à ata de registro de preço, esse raciocínio é equivocado, uma vez que a vantajosidade se demonstra por pesquisa de preços em momento posterior ao processo licitatório do registro de preços, objetivando a avaliação, em processo próprio do órgão não participante, de que os preços e as condições do SRP ainda são vantajosos.107. Assim, conclui o consultor, não é coerente o argumento da Sefti de que o não atendimento da norma contida na IN 2/2008-SLTI/MPOG, no caso em epígrafe, por si só, poderia configurar prejuízo aos cofres públicos.

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108. O consultor traz então trecho do Acórdão 2.764/2010-TCU-Plenário, que destaca o ‘dever de realizar pesquisa de preços a fim de atestar a compatibilidade dos valores dos bens a serem adquiridos com os preços de mercado e confirmar a vantajosidade obtida com o processo de adesão’.109. Argumentou-se ainda que não é competência do órgão jurídico o papel de controle dos atos da Administração no que concerne a aspectos técnicos, por ausência de previsão legal e de capacidade técnica para aferição da correta adequação da forma na qual é demonstrada a vantajosidade da proposta, partindo da presunção de legalidade da adequada avaliação técnica do órgão demandante.III – DA AUSÊNCIA DE DOLO, CULPA OU ERRO NA MANIFESTAÇÃO JURÍDICA110. O responsável registra que é membro da Advocacia-Geral da União, mas que na ocasião da assinatura do parecer em questão exercia as funções de Coordenador de Atos, Contratos e Convênios e consultor-Substituto, devido à licença médica do então Coordenador, havendo à época apenas dois advogados públicos na análise de todos os atos, contratos e convênios do MCT.111. Registra ainda que o processo foi submetido à Conjur no dia 9/4/2009 às 12h20 (quinta- feira), com pedido de urgência, a demandar análise imediata, tendo em vista a expiração do contrato em vigor no dia 13/4/2009 (segunda-feira seguinte).112. Conclui o responsável que a análise da Conjur, pela urgência, restringiu-se aos requisitos legais habilitatórios para adesão à ata, sem adentrar no mérito da questão emergencial, haja vista que ‘compete à administração o adequado planejamento de suas demandas’.IV – VANTAJOSIDADE, MÉRITO ADMINISTRATIVO, LEGALIDADE x ECONOMICIDADE113. O parecerista aponta que o TCU não deve se limitar à aplicação pragmática da norma em atendimento ao princípio da legalidade, em detrimento de outros princípios como o da economicidade e o da eficiência. A regra contida no §3º do art. 3º da IN 2/2008-SLTI/MPOG já trata de uma excepcionalidade à regra, qual seja a de que serviços distintos devem ser licitados separadamente, justificada quando a empreitada por preço global implicar vantagem para a Administração.114. Segundo o consultor, a correta interpretação do inciso I, §3º, art. 3º da IN 2/2008-SLTI/MPOG seria a seguinte: ‘Nas licitações por empreitada de preço global é vedada a contratação parcial do lote’. Ocorre que o processo de adesão à ata de registro de preço não se trata de processo licitatório por empreitada global, e nem com ele se confunde.115. O processo de adesão à ata de registro de preços, como disciplinado no art. 8º do Decreto 3.931/2001, submete-se a rito próprio, o qual, com fulcro na economicidade, possibilita à Administração estender uma proposta, caso persistida sua vantajosidade.116. O parecerista cita então artigo de Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, intitulado ‘Carona em sistema de registro de preços: uma opção inteligente para redução de custos e controle’, o qual dispõe:O carona no processo de licitação é um órgão que antes de proceder à contratação direta sem licitação ou a licitação verifica já possuir, em outro órgão público, da mesma esfera ou de outra, o produto desejado em condições de vantagem de oferta sobre o mercado já comprovadas. (..)Uma das vigas mestras da possibilidade de ser carona em outro processo licitatório é o dever do órgão interessado em demonstrar a vantagem da adesão sobre o sistema convencional. Logo, aderir como carona implica necessariamente em uma vantagem ainda superior a um novo processo. Essa vantagem se confirma por pesquisa e pode até mesmo se considerada, quando em igualdade de condições entre o preço registrado e o de mercado, pelo custo indireto da licitação.(..)Avançado esse nível de conscientização social é preciso agora desenvolver esforços de esclarecimentos para evidenciar que não é o sistema de licitação um fim em si mesmo; que esse procedimento não tem o condão de tornar o processo de seleção imune a irregularidades; que é um procedimento extremamente oneroso e muitas vezes o custo do desenvolvimento do processo é maior que a vantagem conquistada.(..)Por fim, é importante assinalar que nenhum sistema está imune a desvios de finalidade, mas essa possibilidade não pode impedir o desenvolvimento de processos de modernização.Análise da Sefti

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117. Inicialmente, cabe relembrar que o ponto contestado refere-se à adesão parcial à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, cujo critério de julgamento foi o preço global por lote, e correspondia à contratação de um lote único de serviços. O certame que gerou a ata era composto de três itens, tendo o MCT aderido a apenas dois deles, o que foi considerado pela instrução anterior como adesão parcial.118. Conforme ofícios de audiência, a adesão parcial teria ferido o art. 3º, §3º, inciso I, da IN 2/2008-SLTI/MPOG, o qual dispõe (grifamos):§ 3º As licitações por empreitada de preço global, em que serviços distintos, ou serviços e materiais independentes, são agrupados em um único lote, devem ser excepcionais, somente admissíveis quando, comprovada e justificadamente, houver necessidade de inter-relação entre os serviços contratados, gerenciamento centralizado ou implicar vantagem para a Administração, observando-se o seguinte:I – é vedada a contratação parcial do lote, isto é, de apenas alguns dos serviços ou materiais que o compõem, devendo todos os serviços e materiais agrupados no lote serem adquiridos em sua integralidade;119. Percebe-se que há uma lógica trazida pelo legislador, a qual aborda os seguintes pontos:a) as licitações de serviços distintos agrupados em um mesmo lote devem ser exceção, ou seja, a regra é parcelar estes serviços distintos utilizando-se licitações independentes ou o instrumento de adjudicação por itens em um mesmo certame;b) caso a Administração, com a devida fundamentação, conclua pela conveniência e necessidade de agrupar os serviços em um único lote, não deve ser permitida a contratação parcial deste lote, ou seja, a contratação de apenas um item ou de apenas alguns dos serviços que compõem aquele lote.120. Assim, observa-se que a maior parte dos argumentos trazidos pelos gestores não tratam diretamente da questão da contratação parcial do lote, ou da relação com a lógica apontada acima. Como exemplo destas argumentações desconexas com a questão levantada, citam-se:a) apenas os itens 1 e 2 do lote eram, de fato, necessários ao MCT;b) a adesão parcial ofereceu vantajosidade para o ministério;c) o responsável, embora tenha indicado a compatibilidade apenas dos itens 1 e 2 do lote com as necessidades do MCT, não propôs a adesão parcial;d) o processo de adesão à ata de registro de preços tem amparo legal e pode gerar economia para o órgão;e) a adesão aos itens 1 e 2 foi aceita pelo sistema Siasg/Siafi.121. Contudo, ao atentar para os termos do processo referente ao pregão eletrônico conduzido pela UFBA, observou-se que se trata de certame cujo critério de julgamento foi o preço global por lote, conforme solicita o art. 40, VII, da Lei 8.666/1993. Não se trata, portanto, de licitação cuja forma de execução do serviço é a empreitada por preço global, nos termos do art. 10, inciso II, alínea a, da mesma lei.122. Por outro lado, o dispositivo mencionado na audiência refere-se ao ‘caso de licitações por empreitada de preço global’, conforme art. 3º, §3º, inciso I, da IN 2/2008-SLTI/MPOG, sendo que, como descrito no item anterior, não foi o caso do certame que deu origem à ata em questão.123. Assim, embora não se tenha caracterizado a conveniência para que a Administração aderisse parcialmente a um lote de uma ata de registro de preços, observou-se na presente análise que a situação em questão não se trata de empreitada por preço global, cuja adesão parcial é vedada pelo art. 3º, §3º, inciso I, da IN 2/2008-SLTI/MPOG. Houve, portanto, um equívoco no presente ponto questionado, pois não se fez presente a situação encontrada que feriu o critério mencionado na audiência.Conclusão124. A análise da questão fez-se prejudicada, uma vez que não foi configurada a situação que feriu o critério presente no texto da audiência, qual seja a contratação parcial de lote em licitação por empreitada de preço global. Isso porque, em análise porterior, verificou-se que o certame em análise não se trata de empreitada de preço global, e sim de certame cujo critério de julgamento foi o preço global por lote. Assim, considera-se elidida a irregularidade.

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Ponto Questionado: proposta de contratação de serviços da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA que guardavam incompatibilidades com os serviços descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, em desacordo com o art. 3º da IN – SLTI/MPOG 4/2008.Responsávela) Coordenador-Geral de Gestão de TI (CGTI), que atuou como fiscal do contrato.Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p. 12 , itens 66 a 70)125. O gestor registra, em suma, que as reais necessidades do MCT, que não ficaram evidenciadas no processo, constavam nos termos de referência que ‘estavam em elaboração, as quais seguiam as recomendações das Instruções Normativas 2/2008 e 4/2008 – SLTI/MP e as melhores práticas de mercado’.126. Continua o gestor ‘considerando que os serviços de apoio à Tecnologia de Informação baseados em melhores práticas de mercado guardam similaridade no tocante às tarefas de Gestão de Incidentes, Demandas e Problemas, era inteiramente possível uma similitude entre a Ata da UFBA e a necessidade do MCT’.127. Nesse sentido, segundo o gestor, o MCT verificou a existência de compatibilidade entre as reais necessidades do MCT e a ata em questão, a qual, por equívoco, não foi adequadamente citada em sua análise e nem acostada ao processo.128. Conclui afirmando que, apesar de restarem caracterizadas diferenças entre as infraestruturas de software e hardware das duas instituições, não há indicação de que isso prejudique a adesão como escolha mais vantajosa.Análise da Sefti129. O gestor afirma que a descrição da compatibilidade entre as necessidades do MCT e da ata em questão não foi acostada ao processo. Contudo, em sua defesa, não chegou a descrever ou demonstrar a suposta compatibilidade.130. O argumento de que ‘os serviços de apoio à TI baseados em melhores práticas de mercado guardam similaridade no tocante às tarefas de Gestão de Incidentes, Demandas e Problemas’ não é suficiente para garantir a ‘similitude entre a Ata da UFBA e a necessidade do MCT’, como concluiu o gestor.131. Conforme apontado na instrução anterior, o objeto do termo de referência encaminhado pela CGTI para a realização da contratação emergencial contemplava os serviços de desenvolvimento e manutenção de sistemas; administração, gerenciamento, operação e suporte para infraestrutura computacional; administração de dados e conhecimento; modernização administrativa; gestão de documentos; tratamento de acervo documental e help desk.132. Já os serviços aderidos da ata foram o gerenciamento e operação de uma central de serviços de tecnologia da informação e comunicação e a prestação de serviços de apoio à CGTI, que consistiam no fornecimento de mão de obra de perfis específicos da área de informática. A instrução anterior conclui que, ainda que possa haver uma interseção entre os serviços apontados acima, eles não se interpõem completamente, havendo diferenças nítidas entre estes.133. Em sua defesa, com relação a outro ponto, o CGTI alegou que analisou a ata, ‘comparando-a com a real necessidade do MCT e não com o TR da contratação emergencial’. Tal argumento, além de evidenciar a diferença entre os dois termos de referência, não procede, pelo fato de não ser razoável admitir que a ‘real necessidade do MCT’ esteja desconexa do ‘TR da contratação emergencial’. Pelo contrário, o TR da contratação emergencial supostamente contém as necessidades mais urgentes do ministério.134. A propósito, é de se esperar que os termos de referência não sejam plenamente congruentes, uma vez que o termo de referência elaborado pelo MCT visava uma contratação emergencial e foi concebido antes de se admitir a adesão à ata da UFBA, a qual a CGTI ainda nem conhecia quando preparou o TR.135. Assim, a diferença entre os termos de referência caracteriza incompatibilidades entre os serviços descritos no termo de referência elaborado pelo MCT e os serviços correlatos à ata de registro de preços da UFBA.

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136. Conforme ofício de audiência, o ponto foi questionado por ferir o art. 3º da IN – SLTI/MPOG 4/2008, o qual dispõe que as contratações de TI deverão ser precedidas de planejamento, elaborado em harmonia com o PDTI, e alinhado à estratégia do órgão.137. Segundo o resumo executivo apresentado (volume digitalizado, anexo 1, vol. 0, fl. 101), o PDTI do MCT, elaborado com vistas a dar sustentação às decisões que tinham por objetivo evitar a interrupção dos serviços de TI prestados ao ministério, trouxe, dentre outras, as seguintes decisões:a) definir a contratação de soluções de TI em três objetos: desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação, gestão da infraestrutura e service desk;b) fazer a licitação de gestão da infraestrutura e service desk imediatamente, já de acordo com a IN 4/2008-SLTI/MPOG, para um período de doze meses;c) fazer contratação emergencial, em conformidade com o disposto na Lei 8.666/1993, de serviços de desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação, no qual o escopo estaria limitado ao essencial para que não houvesse interrupção dos serviços.138. Observa-se que a contratação gerada pela adesão à ata da UFBA de fato não foi sintonizada com o planejamento elaborado em função do PDTI, como dispõe o art. 3º da IN 4/2008- SLTI/MPOG. Isso porque duas das principais decisões oriundas do PDTI foram prejudicadas com a adesão à ata, a saber: a licitação para os serviços de gestão da infraestrutura e service desk; e a contratação emergencial de serviços de desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação.Conclusão139. Pelo exposto, entende-se que persiste a desconformidade apontada, visto que a contratação oriunda da adesão à ata da UFBA não correspondeu às decisões e diretrizes contidas no planejamento que foi elaborado em harmonia com o PDTI do órgão, como preconiza o art. 3º da IN 4/2008-SLTI/MPOG.Ponto Questionado: demonstração de vantagem insuficiente para justificar a adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, haja vista as incompatibilidades existentes entre os serviços constantes da ata e os descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, sobretudo a defasagem de dimensionamento, em desacordo com o art. 8º do Decreto 3.931/2001.Responsávela) Coordenador-Geral de Gestão de TI (CGTI), que atuou como fiscal do contrato.Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p. 12-13 , itens 72 a 75)140. O gestor argumenta que, apesar das diferentes dimensões do MCT e da UFBA, os serviços-objeto do registro de preços e os serviços necessários ao MCT estavam embasados nas melhores práticas de mercado, em especial nas recomendações do Itil e do Cobit, guardando diferença somente nas dimensões das duas instituições.141. Argumentou-se ainda que, para composição dos serviços e consequente formação de preços, levou-se em consideração a complexidade do ambiente, o nível de conhecimento técnico dos usuários, a maturidade de TI e o histórico de chamados atendidos no MCT, ou seja, a decisão não teria ficado restrita a uma avaliação interna, mas buscado avaliar, em seu conjunto, as necessidades de todo o ministério.142. Assim, a CGTI entendeu que o registro de preços guardava compatibilidade com os serviços necessários para a manutenção das atividades de TI do MCT, sendo o quantitativo previsto pela UFBA ainda menores do que os previstos pelo ministério.143. O gestor observa que à época a CGTI possuía um quadro reduzido de servidores, e estes não possuíam perfil adequado para atendimento às demandas existentes, e vislumbrou na adesão um meio legal e favorável ao atendimento de suas necessidades, tanto que o valor do primeiro ano do contrato ficou em mesmos níveis do praticado pela empresa anterior em seu último ano de contrato, oferecendo serviços mais bem estruturados, com métricas definidas e níveis de serviços mínimos exigidos e em conformidade com os novos modelos preconizados pela SLTI/MP e pelos órgãos de controle.Análise da Sefti144. Relembra-se inicialmente que o art. 8º do Decreto 3.931/2001 dispõe que a utilização de ata de registro de preços, durante sua vigência, é permitida desde que devidamente comprovada a vantagem. É obrigação do gestor, portanto, evidenciar claramente a vantajosidade da adesão.

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145. Em sua argumentação, ele registra que:a) havia compatibilidade com os serviços necessários para a manutenção das atividades de TI do MCT;b) na formação de preços, levou-se em consideração, dentre outros pontos, a complexidade do ambiente e a necessidade do MCT como um todo;c) os serviços-objeto do registro de preços e os necessários ao MCT estavam embasados nas melhores práticas de mercado, guardando diferença somente nas dimensões das duas instituições.146. Observa-se que tais argumentos se relacionam principalmente com a necessidade do órgão, e assim não são suficientes para garantir a vantajosidade da contratação.147. A instrução anterior (peça 1, p. 8, item 39) apresenta um quadro comparativo entre o parque computacional de ambas as entidades:

MCT UFBAN. de usuários 1.500 26.450 potenciais

(21.550 alunos, 2.400 docentes e 2.500 técnicos administrativos)N. de estações de trabalho 1.000 5.000N. de impressoras 62 ~800

148. Outro dado importante nesta análise refere-se à quantidade máxima de homens-hora (HH) estimada para cada um dos tipos de serviços a serem contratados. Comparando-se a minuta do contrato da UFBA (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fl. 544) e o contrato firmado pelo MCT (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fl. 624), verifica-se que tais quantitativos são exatamente os mesmos para os dois casos. Assim, serviços como suporte a microcomputadores, suporte à infraestrutura de rede, suporte a sistemas aplicativos, serviços de programação, dentre outros, tiveram a mesma estimativa, nos dois órgãos, em termos de número máximo de horas a serem contratadas.149. Entende-se que a diferença entre os parques computacionais das duas entidades deveria se refletir nas propostas de preço no âmbito da contratação do MCT. Além disso, a quantidade máxima de HH prevista para cada serviço a ser contratado pelo MCT, a qual também influi no preço eventualmente cotado por um proponente, não deveria ser exatamente igual às estimativas da UFBA, pelas evidentes diferenças de infraestrutura entre as entidades.150. Apesar de existirem essas diferenças de infraestrutura, observou-se que os preços praticados pela empresa contratada para o MCT (proposta comercial da empresa Unitech – volumes digitalizados, anexo 1, vol. 1, fl. 259) e para a UFBA (ata de realização do Pregão Eletrônico 55/2008 – volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fl. 534), foram idênticos, conforme quadro abaixo:Item Serviço contratado Valor MCT Valor UFBAItem 1 Gerenciamento e operação da central de serviços R$ 2.999.999,97 R$ 2.999.999,97Item 2 Serviços técnicos de apoio ao CPD R$ 2.299.981,80 R$ 2.299.981,80

151. Vê-se, assim, que a empresa praticou para o MCT os mesmos valores da UFBA, apesar de a infraestrutura dos dois órgãos ser de dimensionamento bem diferente. Este fator é mais uma evidência de que não foi garantida a vantajosidade econômica da contratação, pois a empresa contratada apenas repetiu os valores utilizados em licitação com condições diversas.152. Cabe relembrar que, além de o parque computacional da UFBA guardar as diferenças mencionadas, o edital do pregão eletrônico continha requisitos que eram específicos para a contratação por aquela entidade, tais como:a) condição para qualificação técnica, a licitante vencedora deveria comprovar, no momento da assinatura do contrato, que possuía sede social ou uma filial na região metropolitana de Salvador (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fl. 481, item e);b) o serviço de gerenciamento e operação da central de serviços de TI seria prestado em mais de uma cidade (Salvador, Vitória da Conquista, Barreiras e Oliveira dos Campinhos – volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fl. 427);153. Essas exigências podem ter reduzido a competitividade no certame e influenciado no valor daquela contratação, porque, considerando que os serviços deveriam ser prestados no estado da Bahia e

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em mais de uma cidade, empresas de outros estados podem não ter se interessado em concorrer no certame.154. Assim, o mercado do DF, por exemplo, que possui várias empresas prestadoras de serviços de TI para a Administração Pública, pode não ter participado do certame. Por outro lado, caso a licitação fosse feita pelo MCT, teria havido ampla competição, aberta a todos os potenciais fornecedores de serviço do mercado local.155. Por essas razões, ainda que tenha sido realizada uma cotação de preços, não se pode concluir pela devida demonstração da vantagem da contratação. Aliás, a instrução anterior já havia abordado esse ponto, ao afirmar que, embora o valor do contrato seja inferior às propostas de preço apresentadas por empresas de TI, conforme o quadro demonstrativo arrolado à fl. 174, não se pode afirmar que houve vantagem na adesão, pois os serviços dispostos no termo de referência elaborado pelo MCT, que suportou as referidas propostas, são distintos daqueles efetivamente contratados (peça 1, p. 8, item 39).Conclusão156. Observou-se que há diferenças entre os termos de referência e os parques computacionais das duas entidades, além de outros motivos que poderiam influenciar no preço ofertado para os serviços prestados. Além disso, verificou-se que o edital de licitação utilizado na Bahia continha elementos que restringiram a competição para o mercado com características locais, não havendo participação de outros fornecedores com capacidade para prestar os serviços no MCT e efetuar propostas de preço concorrentes.157. Assim, não foi comprovada a vantagem da utilização de ata de registro de preços em questão, conforme preconiza o art. 8º do Decreto 3.931/2001, devendo persistir, portanto, a irregularidade apontada.Ponto Questionado: proposta de contratação de serviços passíveis de parcelamento, em desacordo com o art. 23, §1º, da Lei 8.666/1993.Responsávela) Coordenador-Geral de Gestão de TI (CGTI), que atuou como fiscal do contrato.Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p. 13-14 , itens 77 a 83)158. Sobre este ponto, o CGTI volta a informar que os conceitos trazidos pela nova IN ainda não estavam consolidados internamente, e que a elaboração do termo de referência só poderia ser concluída após a total compreensão das normas. Relembrou também que a CGTI trabalhava com quadro reduzido de servidores.159. Nesse contexto, a CGTI entendeu que a adesão à referida ata seria a melhor opção para o órgão naquele momento, visto que o modelo tinha sido licitado em conformidade com a legislação vigente e estava aderente às Instruções Normativas 2/2008 e 4/2008 – SLTI/MPOG. Além disso, segundo o gestor, era necessária uma solução tempestiva para evitar a descontinuidade dos serviços de TI.160. O gestor alega, ainda, que outros órgãos de governo aderiram à referida ata, ‘transmitindo tranquilidade aos gestores do MCT em relação aos atos praticados’. Concluiu que ‘se buscou efetivar a contratação com vista ao atendimento de necessidades contínuas e inadiáveis, não se tendo, com isso, malferida a regra inscrita no art. 23, § 1º, da Lei 8.666/1993 (...)’.Análise da Sefti161. O gestor basicamente argumenta no sentido de que os preceitos da IN não estavam, ainda, totalmente absorvidos pelo órgão e que a adesão à referida ata foi uma boa alternativa para o MCT naquele momento, além de registrar que outros órgãos da Administração também aderiram à mesma ata.162. Contudo, o ponto questionado foi a proposta de contratação de serviços passíveis de parcelamento, em desacordo com o art. 23, §1º, da Lei 8.666/1993, e os argumentos apresentados não vão ao encontro deste ponto.163. O mencionado dispositivo legal determina que os serviços a serem contratados pela Administração serão divididos em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade, sem perda da economia de escala. O §2º do mesmo artigo

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registra ainda que, na execução de serviços eventualmente parcelados, para cada etapa ou conjunto de etapas há de corresponder licitação distinta.164. Portanto, é responsabilidade da Administração avaliar, durante o planejamento da contratação, se há viabilidade técnica e econômica de se parcelar os serviços levantados como necessários, registrando tal fato no processo.165. De acordo com o Contrato 02.0015.00/2009 (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fls. 624-633), o MCT contratou serviços de gerenciamento e operação da central de serviços; serviços técnicos de apoio, dentre os quais se encontram o apoio e suporte a microcomputadores e periféricos, à infraestrutura da rede, a banco de dados, a sistemas e aplicativos, à segurança, aos servidores; e serviços de programação júnior e sênior.166. Como destacou a instrução anterior (peça 1, p. 9, item 45), os serviços contratados são técnica e economicamente divisíveis, o mercado dispõe das soluções individualizadas, e a entidade não comprovou que haveria ganho na economia de escala ao licitar conjuntamente, o que compõe todos os requisitos para licitar separadamente, conforme preconiza o art. 23, §1º, da Lei 8.666/1993.167. Ademais, conforme já registrado nesta instrução (item ), o resumo executivo do PDTI do MCT (anexo 1, fl. 201) trouxe, dentre outras, as seguintes decisões:a) definir a contratação de soluções de TI em três objetos: desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação, gestão da infraestrutura e service desk;b) fazer a licitação de gestão da infraestrutura e service desk imediatamente, já de acordo com a IN – SLTI/MPOG 4/2008, para um período de doze meses;c) fazer contratação emergencial, em conformidade com o disposto na Lei 8.666/1993, de serviços de desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação, no qual o escopo estará limitado ao essencial para que não haja interrupção dos serviços.168. Observa-se, portanto, que o PDTI da entidade sinalizou que os serviços são divisíveis, ao propor a licitação e contratação, separadamente, dos serviços de gestão da infraestrutura e service desk (equiparados ao item 1 da ata da UFBA) e de desenvolvimento e manutenção de sistemas (equiparado ao item 2 da referida ata).169. Verifica-se, assim, que os dois itens contratados (extraídos da ata de registro de preços da UFBA) são serviços distintos e que não há relação de dependência técnica entre eles. Somado a isso, o MCT não trouxe demonstração ou justificativa para que eles pudessem ser contratados conjuntamente.170. Por fim, é pertinente notar sobre este tema que a observação da ata do Pregão Eletrônico 55/2009 realizado pela UFBA já daria indícios de que poderia haver vantagens econômicas ao se dividir o objeto. Da tabela abaixo, verifica-se que o menor preço para o item 2 foi ofertado pela empresa vencedora do certame, o que já não ocorreu com relação ao item 1 (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fls. 534-538):

Item Valor do menor lance Valor do lance da contratada1 R$ 2.300.000,00 R$ 2.300.000,002 R$ 2.441.987,51 R$ 3.150.000,00

171. Esses dados mostram que a entidade deveria ter avaliado a possibilidade de parcelar o objeto, considerando, inclusive, sob o aspecto econômico, o que, a princípio, mostrava-se viável no caso dos serviços em questão.172. Por outro lado, percebe-se que o problema do não parcelamento é decorrente da falha no processo de planejamento da contratação, o qual originou também outros pontos questionados na audiência em análise (por exemplo, a prorrogação emergencial indevida do contrato de 2003 e a própria adesão à ata em questão).173. Nota-se ainda que, mesmo se o MCT tivesse parcelado o objeto, o efeito final do processo de contratação dos dois itens eventualmente licitados em separado poderia ser o mesmo para o presente caso, supondo que o MCT aderisse à ata da UFBA, ainda que parcialmente, e contratasse os mesmos dois itens daquela ata.

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174. Dessa forma, cabe observar que a falha, neste caso específico, não gerou, em tese, resultado divergente caso o MCT tivesse parcelado o objeto e aderido à ata nos dois casos (dos dois itens parcelados e contratados separadamente).Conclusão175. Os serviços referentes aos dois itens contratados (gerenciamento e operação da central de serviços do MCT e serviços técnicos de apoio ao MCT, conforme Cláusula Terceira do Contrato 02.0015.00/2009 – volumes digitalizados, Anexo 1, vol. 2, fl. 625) são técnica e economicamente viáveis de serem licitados e contratados separadamente, conforme sinalizou o próprio PDTI do ministério, e os argumentos apresentados não foram suficientes para justificar o não parcelamento.176. Contudo, considerando que a irregularidade é decorrente da falha no planejamento da contratação, a qual gerou outras irregularidades já tratadas neste relatório com proposta de sansão ao responsável, e que o resultado da contratação possivelmente seria o mesmo caso o MCT tivesse parcelado e também aderido à ata da UFBA para os dois itens oriundos deste parcelamento, deixaremos, excepcionalmente, de propor multa ao responsável por conta do presente ponto.

IRREGULARIDADES RELACIONADAS À EXECUÇÃO DO CONTRATO 02.0015.00/2009

Ponto Questionado: ausência de termo de aceitação da implantação da central de serviços, conforme estabelecido no item 9 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993.Responsávela) Coordenador-Geral de Gestão de TI (CGTI), que atuou como fiscal do contrato.Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p. 14, itens 85 a 89)177. O CGTI afirma que ‘o simples fato de não constar um termo de aceitação não caracteriza que os pagamentos referentes ao gerenciamento da Central de Serviços iniciaram-se sem que os produtos devidos tivessem sido entregues’, como entendeu a equipe do TCU.178. Alegou ainda que o objeto da contratação encontra-se perfeitamente delimitado e é, por consequência, o que se tem como executado, e que a CGTI acompanhou o desenrolar da implantação da central de serviços, cobrando as ações que entendeu necessárias para o atendimento ao disposto no termo de referência e realizando várias verificações.179. Informou, por fim, que ‘foram adotadas medidas para tornar induvidosa toda e qualquer providência tendo ao mais amplo e devido registro das atividades de forma a permitir a rastreabilidade plena dos produtos’.Análise da Sefti180. O ponto questionado refere-se ao não cumprimento do item 9 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, o qual exigia a apresentação, após dois meses da assinatura do contrato, de um termo de aceitação aprovado pela contratante, com os seguintes requisitos (volumes digitalizados, anexo 1, v. 2, fl. 478):a) instalação e configurações do(s) servidor(es) que hospedará(ão) o(s) software(s) do sistema informatizado de gerenciamento da central de serviços;b) instalação, configurações e customizações do software do sistema informatizado de gerenciamento da central de serviços;c) instalação, configuração e documentação do ambiente de infraestrutura da rede da contratante, baseados nos requisitos dos processos de atendimento, criação e atualização dos procedimentos rotineiros, eventuais e scripts;d) captação das informações de inventário de software e hardware de todas as estações de trabalho e entrega do relatório especificado pela contratante;e) captação das informações dos usuários necessárias para o serviço de operação da central de serviços;f) carga dos dados históricos e da base de conhecimento da central de serviços atual da contratante;

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g) apresentação do caderno de métrica, homologado pela contratante, de todos os indicadores a serem publicados no relatório gerencial de serviço.181. Conforme instrução anterior (peça 1, p. 15, item 2.27), dois meses após o início da prestação dos serviços, foi emitido um termo de aceitação, assinado pelo CGTI (volumes digitalizados, anexo 3, vol. 0, fl. 7). Entretanto, o documento não fazia referência aos requisitos exigidos, apenas registrava a aceitação das condições do Contrato 02.0015.00/2009, o que não era necessário, uma vez que a assinatura do contrato já garante isso.182. Em sua justificativa, o gestor afirma que o fato de não constar um termo de aceitação não caracteriza que os pagamentos referentes ao gerenciamento da central de serviços iniciaram-se sem que os produtos devidos tivessem sido entregues.183. Embora essa premissa possa ser verdadeira, o ponto em questão é que havia uma exigência contratual de que o referido termo fosse firmado, com os requisitos descritos. Esse tipo de termo visa formalizar a entrega e a aceitação de um conjunto de requisitos mínimos, condicionando a continuidade do pagamento dos serviços à aprovação do mencionado termo, conforme item 11 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA (volumes digitalizados, anexo 1, v. 2, fl. 478), transcrito abaixo:11. Caso o Termo de aceitação não seja aprovado pela UFBA, a CONTRATADA deverá iniciar a operação da Central de Serviços e realizar as ações de correção para que o Termo de Aceitação seja aprovado e até que isto aconteça o pagamento da CONTRATADA estará suspenso.184. A questão aqui, portanto, não é apenas se os pagamentos foram iniciados sem que os produtos tivessem sido entregues, mas se o termo de aceitação foi devidamente elaborado, contendo os requisitos mínimos exigidos, e aprovado pela contratante.185. Por outro lado, a entrega e aceite do Termo de Aceitação, com os requisitos mínimos presentes, é a garantia e formalização de que tais requisitos foram elaborados, entregues e aceitos. Sem este instrumento, não é possível rastrear a aceitação e entrega dos requisitos exigidos pelo Termo.186. Estando o Contrato 02.0015.00/2009 vinculado ao edital do Pregão 55/2008 da UFBA, conforme Cláusula Primeira do mesmo (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fl. 624), permanece a apontada desconformidade com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993, o qual dispõe que o contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas da referida lei, respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução total ou parcial.Conclusão187. Por inobservância de cláusula contratual referente à apresentação de termo de aceitação por parte da contratada, contendo todos os requisitos mínimos exigidos no item 9 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, e respectivo aceite pela contratante, entende-se que permanece a irregularidade apontada.Ponto questionado: não abatimento do valor contratual, nos termos do art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, em vista da utilização dos softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e auditoria de ativos pertencentes e já instalados no MCT, visto que o fornecimento, a instalação e manutenção desses softwares eram responsabilidade da contratada, conforme item 1.10.1.2, subitens g e j do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA.Responsávela) Coordenador-Geral de Gestão de TI (CGTI), que atuou como fiscal do contrato.Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p. 14-15, itens 91 a 97)188. Registrou-se que, à época da celebração do contrato, o MCT utilizava dois softwares para o gerenciamento das atividades de suporte e inventário: o sistema de suporte técnico (Suptec) e o software de inventário e auditoria de ativos (Cacic).189. Após a adesão à ata de registro de preços, e diante da necessidade de continuidade dos serviços de suporte técnico e gestão de ativos e em concordância com a contratada, evidenciada na ata de início dos trabalhos, foi instalada uma central de serviços emergencial, vigorando a partir de 14/4/2009 pelo período de dois meses.

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190. De acordo com o gestor, o uso dos softwares Suptec e Cacic, nessa etapa, foi fundamental para se evitar a descontinuidade das atividades de suporte ao usuário e inventário de ativos de TI durante a operação da central de serviços emergencial.191. Após esse período, iniciou-se a primeira fase da implantação da nova central de serviços com a realização de diversas atividades, cuja conclusão se deu em 13/8/2009.192. O plano de inserção das novas ferramentas do sistema informatizado de gerenciamento da central de serviços e do software de inventário para auditoria de ativos ocorreu na primeira fase da implantação da central de serviços, concomitantemente com o uso dos softwares Suptec e Cacic objetivando uma transição gradual.193. O gestor continua informando que, após a conclusão da primeira fase 13/8/2009, deu-se início a segunda fase da implantação com a efetiva operação da central de serviços. Nessa fase, a contratada passou a utilizar apenas as novas ferramentas, quais sejam CA Service Desk e CA ITCM.194. O CGTI conclui afirmando que as cláusulas editalícias foram observadas, não havendo necessidade de abatimento do valor contratual, nos termos do art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993.Análise da Sefti195. Conforme termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, os softwares mencionados (a serem desenvolvidos pela contratada) deveriam ser instalados após dois meses da assinatura do contrato, na ocasião da apresentação do termo de aceitação, descrito no item anterior desta instrução.196. O ponto foi questionado porque, segundo consta na instrução anterior, os softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e auditoria de ativos, no caso do MCT, já estavam desenvolvidos e implantados, e assim o custo correspondente deveria ser deduzido no contrato do ministério.197. Pela resposta do gestor, a partir da conclusão da primeira fase da implantação da nova central de serviços, ou seja, de 13/8/2009, a contratada passou a utilizar apenas as novas ferramentas, CA Service Desk e CA ITCM.198. Em princípio, as referidas novas ferramentas (CA Service Desk e CA ITCM) correspondem aos softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e auditoria de ativos, ou seja, a contratada implantou os softwares conforme exigidos no edital. A utilização extra dos softwares, já disponíveis no MCT, teria se dado apenas entre a assinatura do termo de aceitação (17/6/2009) e o início da segunda fase da implantação da nova central de serviços (13/8/2009), ou seja, por apenas dois meses.199. Observa-se que, conforme relatado no ponto anterior, não foi firmado devidamente o termo de aceitação da central de serviços, o qual registraria, como um de seus requisitos, a instalação, configurações e customizações do software do sistema informatizado de gerenciamento da central de serviços.200. Contudo, considerando que posteriormente os softwares desenvolvidos pela contratada foram instalados e utilizados no lugar dos que já estavam em funcionamento no MCT, havendo um hiato de apenas dois meses, pode-se considerar que não houve prejuízo para o órgão.Conclusão201. A utilização dos softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e auditoria de ativos pertencentes ao MCT e já instalados no órgão, segundo justificativas do gestor, deu-se apenas até o início da chamada segunda fase de implantação da central de serviços, dois meses após o prazo editalício para o fornecimento, a instalação e manutenção desses softwares por parte da contratada, que, a partir de então, passou a utilizar apenas as suas novas ferramentas (CA Service Desk e CA ITCM).202. Considerando que tal lapso de tempo não configurou prejuízo para a entidade, entende-se por acatar as justificativas apresentadas para o presente ponto.Ponto Questionado: justificativa insuficiente para o acréscimo de R$ 591.423,89 ao serviço ‘Gerenciamento e Operação da Central de Serviços de TIC’, por meio do 2º Termo Aditivo ao Contrato 02.0015.00/2009, consubstanciada na ausência da memória de cálculo correspondente, em afronta à

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jurisprudência do TCU (Acórdãos 5.154/2009-TCU-2ª Câmara, 2.727/2008-TCU-1ª Câmara e 831/2010-TCU-1ª Câmara).Responsávela) Coordenador-Geral de Gestão de TI (CGTI), que atuou como fiscal do contrato.Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p. 15-18, itens 99 a 106)203. Segundo o gestor, a CGTI constatou que a execução contratual vinha apresentando um consumo superior à demanda dos serviços contratados, o que, a princípio, poderia ensejar um aditivo ao valor original.204. O item 1.8 do anexo 1 do termo de referência (Condições para Ampliação ou Redução dos Serviços), estabelece sete regras para a aditivação do valor contratual, as quais definem percentuais mínimos de crescimento nas atividades relacionadas a cada regra (peça 39, p. 16). O aditivo somente poderia ser concedido se o volume dessas atividades extrapolasse o percentual mínimo definido em cada regra.205. Em análise realizada no período de abril a dezembro de 2009, a CGTI constatou que, das regras previstas, quatro delas ocorreram em níveis superiores aos percentuais mínimos exigidos, conforme quadro à peça 39, p. 16-17.206. Para o cálculo do percentual a ser aditivado para a operação da central de serviços, a CGTI verificou os percentuais de crescimento das atividades relacionadas a cada regra, de abril a dezembro de 2009, em cada um dos quatro itens.207. Em seguida, foi verificado também quanto cada um dos itens representava, percentualmente, para a composição da central de serviços, chegando-se aos percentuais individuais necessários para o aditivo, conforme demonstrado no referido quadro.208. A soma dos percentuais de reajuste representou o montante de 21,62%, aplicado sobre o valor da central de serviços (R$ 2.735.540,64), chegando-se ao montante de R$ 591.423,89.Análise da Sefti209. O item 1.8 do termo de referência prevê a possibilidade de requisição de um aumento de até 25% nos valores contratados, desde que obedecidas as regras descritas a seguir.210. Primeiramente, a empresa proponente deveria apresentar proposta para alocação de técnicos adicionais (incluindo pessoas e equipamentos), a fim de contemplar novas demandas. O valor médio do custo do Posto de Atendimento – PA (calculado pelo somatório dos custos anuais de PAs listados na tabela abaixo, dividido por 9 postos) seria considerado como parte do preço global da proposta.

Grupo de Atendimento Custo Mensal de PA

Custo Anual de PA

Técnico da equipe de monitoramentoTécnico da equipe de análise dos recursos de TICTécnico da equipe de apoioTécnico atendente de 1º nívelTécnico de atendimento à infraestrutura da redeTécnico de atendimento a microcomputadores e periféricosTécnico de atendimento a banco de dadosTécnico de atendimento a sistemas aplicativosTécnico de atendimento de gerenciamento de servidoresVALOR MÉDIO ANUAL DO PA

211. A empresa contratada poderia requerer o aumento do valor mensal originalmente contratado, até o limite de 25% previsto na legislação vigente, sempre que ocorresse um crescimento na infraestrutura originalmente definida.212. O aumento do valor mensal contratado se daria por grupo de atendimento, e o valor a ser acrescido ao contrato seria o valor do custo mensal de PA definido na tabela acima para aquele grupo de

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atendimento. A seguinte tabela define as condições de crescimento da infraestrutura associada a cada grupo de atendimento:Grupo de Atendimento Condição de AumentoTécnico da equipe de monitoramento Aumento de 40% na quantidade de

procedimentos rotineiros executados.Técnico atendente de 1º nível Aumento de 30% na quantidade de usuários

atendidos pela central de serviços.Técnico de atendimento à infraestrutura de rede Aumento de 30% na quantidade de

equipamentos de rede.Técnico de atendimento a microcomputadores e periféricos

Aumento de 20% no parque de microcomputadores instalados.

Técnico de atendimento a banco de dados Inclusão de novo gerenciador de banco de dados como padrão corporativo.

Técnico de atendimento a sistemas aplicativos Aumento de 30% na quantidade de novos sistemas aplicativos incluídos para o suporte via central de serviços.

Técnico de atendimento de gerenciamento de servidores

Aumento de 50% na quantidade de novos servidores instalados que são administrados pela contratada.

213. Os quantitativos que são referenciados na coluna ‘Condição de Aumento’ da tabela acima seriam definidos no final da fase de implantação da central de serviços, antes do início da operação definitiva dos serviços. Essas quantidades serviriam de referência para os futuros pedidos de aumento ou redução dos serviços.214. Pelas regras descritas acima, para cada grupo de atendimento há uma condição para a requisição do aumento do quantitativo. Por exemplo, para o grupo ‘Técnico atendente de 1º nível’, deve haver, como condição para a alteração nos valores contratuais, um aumento de 30% na quantidade de usuários atendidos pela central de serviços, comparados com o quantitativo do primeiro mês de prestação dos serviços.215. A propósito, o critério adotado não parece adequado, visto que considera como parâmetro o primeiro mês de prestação dos serviços, pois nesse mês os usuários não conhecem bem o serviço e podem usar menos que o esperado. Além disso, o ideal é não usar apenas um mês como referência (e sim uma média de três ou mais meses), pois pode haver algum fato extraordinário ou por sazonalidade que altere para mais ou para menos o comportamento normal de um mês comum.216. Em suas justificativas, o gestor demonstrou o cálculo utilizado para se chegar ao valor pleiteado referente ao gerenciamento e operação da central de serviços. Para o grupo de atendimento ‘Técnico atendente de 1º nível’, por exemplo, ele relatou, conforme quadro à peça 39, p. 16-17, que a quantidade de usuários atendidos pela central de serviços aumentou em 36,84% entre abril de 2009 (assinatura do contrato) e dezembro de 2009.217. O gestor demonstrou, ainda, que o aumento de cada grupo de atendimento se deu na proporção em que o valor daquele grupo representa no valor total do item ‘Gerenciamento e Operação da Central de Serviços’. No caso, o aumento no grupo de atendimento citado representa um aumento no valor total dos serviços do item de 6,07%.218. A soma dos quatro percentuais correspondentes aos grupos de atendimento que tiveram aumentos conforme regras do edital alcançou 21,62%, que foi aplicado sobre valor da central de serviços (R$ 2.735.540,64), chegando-se ao montante de R$ 591.423,89.219. Entretanto, o que se depreende das regras para o aumento dos valores contratuais descritas é que estas aplicam-se para os valores dos custos mensais de PA definidos conforme tabela acima (item ). Ou seja, o percentual de 6,07%, referente ao aumento no grupo de atendimento ‘Técnico atendente de 1º nível’, deveria ser aplicado sobre o valor do custo mensal de PA ‘Técnico atendente de 1º nível’, que deveria ter sido informado pela contratada, no âmbito de uma proposta para alocação de técnicos adicionais.

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220. Para apoiar a análise sobre esse ponto e torná-la mais clara, elaborou-se o quadro abaixo, comparando o passo-a-passo, em ordem cronológica, de um processo de aumento contratual segundo o item 1.8 do termo de referência e segundo o que foi procedido pelo MCT. No quadro, foi tomado o exemplo de um aumento no valor do contrato por conta do grupo de atendimento ‘Técnico atendente de 1º nível’.

Passo Procedimento segundo termo de referência Procedimento adotado pelo MCT1 Empresa proponente apresenta proposta de

custo mensal de PA (incluindo pessoas e equipamentos), a fim de contemplar novas demandas.

Não há registro de proposta de custo mensal de PA.

2 Ao final da fase de implantação da central de serviços, antes do início da operação definitiva dos serviços, determinam-se os quantitativos referentes às condições de aumento (no caso, a quantidade mensal de usuários atendidos pela central de serviços).

O MCT não definiu os quantitativos após a fase de implantação da central de serviços da empresa contratada. Em vez disso, utilizou a quantidade de usuários atendidos pela central de serviços disponível à época da assinatura do contrato, ou seja, referente ao mês de abril/2009 (dados do contrato anterior).

3 Na ocasião da requisição do aumento contratual, verifica-se se houve aumento da quantidade de usuários atendidos pela central de serviços.

Verificou-se o aumento da quantidade de usuários atendidos em dezembro/2009, em relação à quantidade registrada em abril/2009.

4 Verifica-se se o aumento ocorrido atende à condição de aumento, de 30% sobre a quantidade definida no passo ‘2’.

O aumento do quantitativo no período foi de 36,84%.

5 Aplica-se o percentual de aumento pleiteado sobre o valor do custo mensal de PA definido no passo ‘1’.

O percentual de aumento foi aplicado ao ‘peso sobre a central de serviços’, que representa o percentual do custo da atividade (atendimento de 1º nível) na composição dos custos de operação da central de serviços.

221. Observa-se que houve diferenças de procedimento com relação aos passos ‘1’, ‘2’ e ‘5’. A falta da proposta de custo mensal de PA é relevante, pois este é o parâmetro para o cálculo dos aumentos que poderiam advir. É possível que o parâmetro utilizado, qual seja o ‘peso sobre a central de serviços’, guarde equivalência com o apontado pelo edital. Contudo, tal equivalência não foi demonstrada nos autos ou na resposta do gestor.222. A propósito, na nota técnica apresentada pela CGTI para justificar o aumento em questão (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 3, fl. 719), foi registrado que o aumento no número de chamados durante o ano de 2009 ‘indica a necessidade de reajuste (...) nos valores de R$ 591.423,89 para a Central de Serviços e R$ 16.287,07 para o Posto de Atendimento’. Entretanto, as regras para aumento do valor contratual não trazem tal distinção entre valores para central de serviços e para posto de atendimento.223. Mas a principal divergência é observada com relação ao passo ‘2’, pois o termo de referência dispõe que os quantitativos referentes às condições de aumento devem ser definidos pela contratada após a fase inicial da implantação da central de serviços. O MCT utilizou valores de abril de 2009, quando a contratada ainda não havia terminado a mencionada fase. Isso significa que os quantitativos utilizados não se referiam à projeção da contratada, ou seja, não foram definidos após a implantação da central de serviços, quando a contratada, já no ambiente de prestação de serviços e com os softwares de suporte instalados, poderia, juntamente com o gestor do contrato, definir a quantidade mensal de usuários atendidos pela central de serviços de acordo com a sua realidade atual e aplicada ao MCT.224. Portanto, o correto seria o MCT considerar o quantitativo a partir do mês de junho, quando, segundo o gestor, o termo de aceitação foi assinado. Este procedimento estaria em conformidade com o

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disposto no termo de referência, o qual determina que o quantitativo seja definido após a primeira fase de implantação, que por sua vez se inicia com a assinatura do termo de aceitação.225. Aliás, somente com a elaboração do termo de aceitação é que se teriam algumas das informações necessárias (volumes digitalizados, anexo 1, v. 2, fl. 478) para serem utilizadas como parâmetros de verificação (a título de requisição de aumento contratual), conforme se segue:a) instalação, configuração e documentação do ambiente de infraestrutura da rede da contratante, baseados nos requisitos dos processos de atendimento, criação e atualização dos procedimentos rotineiros (uma das condições para alteração do valor contratual é o aumento na quantidade de procedimentos rotineiros);b) captação das informações de inventário de software e hardware de todas as estações de trabalho (uma das condições para alteração do valor contratual é o aumento na quantidade de estações de trabalho);c) captação das informações dos usuários necessárias para o serviço de operação da central de serviços (uma das condições para alteração do valor contratual é o aumento na quantidade de usuários).226. Observa-se ainda que o quantitativo do número de chamados (via portal ou telefone) no horário normal de atendimento, recebidos pela central de serviços e registrados no sistema de gerenciamento, conforme retirado dos relatórios de acompanhamento dos serviços constantes do anexo 3, evoluiu conforme se segue:

Mês Número dechamados

mai/2009 1.165jun/2009 1.603jul/2009 1.146ago/2009 1.777set/2009 1.540out/2009 1.234nov/2009 1.268dez/2009 929jan/2010 838fev/2010 1.323mar/2010 2.014

227. Da tabela acima, afere-se que, em se tratando do número de chamados registrados no horário normal de atendimento, não houve evolução significativa entre os meses de junho/2009 e dezembro/2009 (neste caso até diminuiu), ou entre junho/2009 e março/2010 (aumento de 25,4%). Embora o percentual do número de chamados não esteja entre as condições para alteração do valor contratual, estes dados foram aqui incluídos para reforçar a necessidade de se demonstrar, objetivamente e com clareza, a evolução dos quantitativos exigidos pelo termo de referência para aumento do valor contratual (aumento da quantidade de usuários, de procedimentos rotineiros, de microcomputadores instalados etc).228. Por fim, registra-se que, ao não seguir as regras previstas no termo de referência, o MCT fez uso de critério de reajuste não congruente com o contrato, caracterizando, assim, a irregularidade apontada.Conclusão229. Pelo exposto, verifica-se que a justificativa para alteração contratual, baseada na memória de cálculo apresentada nos argumentos do gestor, seguiu procedimento não aderente ao item 1.8 do termo de referência que rege o contrato, sendo que tal item contempla as regras para o aumento dos valores contratuais.230. Assim, permanece insuficiente a justificativa para o acréscimo de R$ 591.423,89 ao serviço ‘Gerenciamento e Operação da Central de Serviços de TIC’, por meio do 2º Termo Aditivo ao Contrato 02.0015.00/2009, persistindo, portanto, a irregularidade apontada.

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231. Contudo, não se pode concluir pelo prejuízo ao erário, pois não se sabe se o cálculo feito com base nas regras do termo de referência traria valor maior ou menor do que o utilizado na assinatura do 2º Termo Aditivo.232. Entende-se, portanto, pela pertinência de se determinar ao MCT que refaça o cálculo mencionado, seguindo estritamente as regras editalícias, e providencie, se for o caso, a glosa ou o ajuste dos valores, considerando que o contrato estará em vigor até abril de 2012.Ponto questionado: pagamento do serviço de ‘Gerenciamento e Operação da Central de Serviços TIC’ sem comprovação da avaliação da qualidade dos serviços prestados, por meio dos acordos de níveis de serviços estabelecidos no edital, conforme regras estabelecidas nos itens 1.5 a 1.7 do termo de referência ao Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993.Responsáveisa) Coordenador-Geral de Gestão de TI (CGTI), que atuou como fiscal do contrato.Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p. 18, itens 108 a 111)233. O gestor afirma que os níveis de serviços exigidos para a execução do contrato podem ser verificados por meio de indicadores de desempenho constantes na ferramenta utilizada pela contratada para registro das atividades.234. Parte desses índices são consolidados para a composição do relatório mensal de acompanhamento dos serviços (status report), de forma a demonstrar o atendimento aos níveis de serviço exigidos.235. Ele salienta que essas informações estão armazenadas no repositório de dados da ferramenta utilizada para o acompanhamento dos níveis de serviço.236. Por fim, registra que, após processo de amadurecimento no entendimento dos mecanismos de avaliação e controle em relação ao atendimento dos níveis de serviço, passou-se a construir, de forma mais efetiva, critérios para tal efeito. Contudo, os índices existem e são verificados pelo MCT.Análise da Sefti237. Conforme termo da audiência, o ponto questionado refere-se a pagamento de serviços sem a comprovação de que atendiam aos níveis de serviço acordados.238. Na instrução anterior já havia sido registrado que (peça 1, p. 17, item 2.39), para o serviço de ‘Gerenciamento e Operação da Central de Serviços de TIC’, foram definidos acordos de níveis de serviço (item 1.5 do termo de referência – fl. 450, anexo 1, v. 2, volumes digitalizados) que importavam em multa sobre a fatura mensal da contratada, caso não fossem cumpridos (item 1.6 – fl. 454, anexo 1, v. 2, volumes digitalizados). O item 1.7 do referido termo estabelece que os pagamentos serão baseados nos relatórios gerenciais de serviço, que conterão todos os indicadores de níveis de serviços acordados (item c – fl. 455, anexo 1, v. 2, volumes digitalizados).239. Como exemplo dos níveis de serviço acordados, tem-se a Taxa de Resolução Imediata: a cada mês, pelo menos 40% dos chamados deverão ser resolvidos pela equipe de suporte em 1º nível em até trinta minutos, devendo, num prazo não superior a oito meses, elevar este patamar para 50%, medido no mês.240. O gestor alega que os níveis de serviço exigidos podem ser verificados na ferramenta utilizada pela contratada para registro das atividades, e que os índices são consolidados para a composição do relatório mensal de acompanhamento dos serviços (status report), de forma a demonstrar o atendimento aos níveis de serviço exigidos.241. Contudo, não foi apresentada qualquer evidência referente aos registros da mencionada ferramenta da contratada, ou do relatório de acompanhamento dos serviços.242. O anexo 3 do processo (disponível na pasta ‘volumes digitalizados’) contém um conjunto de relatórios denominados ‘Relatório de Central de Serviços’, os quais apresentam as principais atividades realizadas mensalmente, referentes aos serviços de operação da central de serviços (vide amostra referente a junho/2009, em volumes digitalizados, anexo 3, vol. 0, fls. 152-162).243. Tais relatórios não fazem menção aos níveis de serviço acordados, conforme determina o termo de referência. Em termos de valores objetivos, o relatório registra apenas o número de chamados

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registrados mensalmente no horário normal de atendimento, e no anexo 1 dos relatórios (demonstrativo da OS de fechamento referente à central de serviços – volumes digitalizados, anexo 3, vol. 0, fl. 162), menciona-se que os ‘Quantitativos realizados’ para a central de serviços correspondem aos ‘1/12 avos conforme Contrato’. O anexo do relatório traz ainda o quantitativo de horas (normal e extra) realizado para os ‘serviços extraordinários’ (volumes digitalizados, anexo 3, vol. 0, fl. 162).244. Não houve, portanto, comprovação da avaliação da qualidade dos serviços prestados, considerando os níveis de serviço estabelecidos no edital, conforme regras estabelecidas nos itens 1.5 a 1.7 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, visto que nem os relatórios gerenciais presentes nos autos nem as justificativas apresentadas demonstraram tal comprovação.Conclusão:245. O termo de referência que rege o contrato em questão define, para o serviço de ‘Gerenciamento e Operação da Central de Serviços de TIC’, em seu item 1.5, os níveis de serviço acordados, cujo não cumprimento importava em multa sobre a fatura mensal da contratada. Estabelece também, em seu item 1.7, que os pagamentos serão baseados nos relatórios gerenciais de serviço, os quais conterão todos os indicadores de níveis de serviço acordados.246. Como os autos apresentam relatórios que não contêm os indicadores de níveis de serviço exigidos, e as jsutificativas não comprovaram a avaliação da qualidade dos serviços prestados por meio dos acordos de níveis de serviços estabelecidos, entende-se que permanece a irregularidade apontada.Ponto questionado: pagamento do serviço de ‘Apoio Técnico ao CPD’ baseado nas horas trabalhadas, sem apresentação dos produtos entregues, da metodologia e dos padrões acordados, bem como das condições de aceite dos serviços, conforme regras estabelecidas no item 2.2 do termo de referência ao Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993.Responsável:a) Coordenador-Geral de Gestão de TI (CGTI), que atuou como fiscal do contrato.Resposta do Coordenador-Geral de Gestão de TI (peça 39, p. 18-20, itens 113 a 123)247. O gestor, após apresentar informações sobre os serviços terceirizados de infraestrutura (os quais se agrupam em serviços por demanda e serviços de monitoramento) e dos processos que compõem a construção de novos sistemas e as manutenções, registra que, considerando a natureza dos produtos, as entregas são feitas de diversas formas, desde a apresentação nas reuniões semanais de acompanhamento, até a homologação feita com os usuários demandantes.248. Registrou-se ainda que ‘muitas das etapas de entrega são documentadas por meio de e-mails, os quais não foram acostados ao processo, nem tiveram suas informações transcritas para as ordens de serviço’.249. O gestor alega, ainda, que essa falta de registro de alguns procedimentos não significa, necessariamente, que houve falhas na consecução das atividades ou problemas quanto à qualidade dos produtos recebidos. Relembra as dificuldades apontadas pelos gestores técnicos de TI para colocar em prática os preceitos da IN – SLTI/MPOG 4/2008, pois se vinha adotando um modelo em que os critérios de recebimento e aceitabilidade não eram objetivamente informados, e cada gestor adotava seus critérios baseando-se em seus conhecimentos técnicos, os quais plainavam no campo subjetivo.250. Assim, continua, tendo em vista o considerável arcabouço teórico sobre o novo modelo de gestão de recursos de TI, a CGTI precisou de um exemplo prático que possibilitasse a aplicação objetiva de métricas e sua inserção nas ordens de serviço.251. Ressaltou-se novamente que a referida falta de registro no processo e nas ordens de serviço, por si só, não constituem irregularidade, porquanto todos os elementos descritos no item 2.2 do termo de referência existem e podem ser verificados a qualquer tempo, assim como os produtos propriamente ditos.252. Por fim, informou que seria até possível revisar as ordens de serviço para o efeito de incluir as informações descritas no item 2.2 do termo de referência, se assim entender o TCU, e que já estão desenvolvendo um trabalho de detalhamento do modelo de ordem de serviço em que constem as mencionadas informações. Além disso, informou que já se está exigindo da contratada a alteração do

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relatório mensal de atividades, visando à ampliação dos dados referentes aos requisitos que ora se apontam.Análise da Sefti253. O item 2.2 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA dispõe que a realização e o pagamento dos serviços obedecerão, entre outras, às seguintes condições:a) A emissão de ordem de serviço — OS precederá a execução de qualquer serviço, dentro do conjunto de atividades definidas no item 2.1 deste Termo de Referência, especificando, entre outras, as seguintes condições:

• descrição do(s) serviço(s)• o(s) produto(s) a ser(em) gerado(s)• metodologia, padrões e ambiente técnico a ser adotado• cronograma de execução• recursos necessários• local de realização• condições de acompanhamento físico e aceitação dos serviços.

254. O ponto questionado refere-se ao pagamento do serviço de ‘Apoio Técnico ao CPD’ baseado nas horas trabalhadas, sem apresentação das condições descritas acima, em especial os produtos entregues e a metodologia, dos padrões acordados e das condições de aceite dos serviços.255. O gestor argumenta que muitas das etapas de entrega são documentadas por meio de e-mails, os quais não foram transcritos no processo ou nas ordens de serviço. Argumenta também que a falta dos referidos registros não significa, necessariamente, que houve falhas na consecução das atividades.256. Tais argumentações não elidem o ponto questionado, visto que a apresentação das informações nas ordens de serviço, exigidas pelo item 2.2 do termo de referência, são condições editalícias, e, portanto, indispensáveis para o pagamento dos serviços.Conclusão:257. Considerando que as informações requeridas pelo item 2.2 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA são condições para o pagamento dos serviços de ‘Apoio Técnico ao CPD’ e que tais informações não constam das ordens de serviço apresentadas, entende-se que persiste a irregularidade apontada.258. Considera-se pertinente determinar que o MCT promova a alteração do relatório mensal de atividades e das ordens de serviço utilizadas no processo de execução contratual, de maneira que passem a contemplar as informações requeridas.ANÁLISE DAS NOTIFICAÇÕES AO MINISTÉRIO E À EMPRESA CONTRATADA259. A seguir serão analisados os argumentos trazidos em função das notificações ao ministério e à empresa contratada. O então Secretário-Executivo do MCT e a empresa contratada, Unitech Tecnologia de Informação S.A., foram notificados pelos mesmos pontos, conforme Ofícios 87/2011-TCU/Sefti (peça 15) e 91/2011-TCU/Sefti (peça 16), respectivamente.260. Para cada ponto da notificação, serão descritos sumariamente os argumentos dos dois entes ouvidos (peças 41 e 42), seguidos da análise da Sefti.261. Ressalva-se que o Secretário-Executivo encaminhou a notificação ao Coordenador-Geral de Recursos Logísticos (CGRL), responsável pela gestão do contrato em referência, e ao Coordenador-Geral de Gestão de Tecnologia da Informação (CGTI) para a devida análise e pronunciamento. Assim, em sua resposta, o Secretário-Executivo transcreveu a resposta ofertada pelo então CGTI no que pertine aos itens a, b, f e g, e pelo CGRL, no que se refere aos demais itens.Ponto a da notificação: não abatimento do valor contratual, nos termos do art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, pela utilização dos softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e auditoria de ativos pertencentes já instalados no MCT, visto que o fornecimento, a instalação e manutenção desses softwares eram responsabilidade da contratada, conforme item 1.10.1.2, subitens g e j do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA.Respostas do Secretário-Executivo do MCT (peça 41, p. 3-4)

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262. Como o Secretário-Executivo repassou o questionamento para ao CGTI e em seguida transcreveu a resposta dada por este último, verificou-se que a resposta apresentada é basicamente a mesma dada pelo CGTI, que foi ouvido em audiência pelo mesmo ponto, conforme itens a da presente instrução.Respostas da empresa Unitech Tecnologia de Informação S.A. (peça 42, p. 10-16)263. A empresa, em suma, ratificou as informações prestadas pelo CGTI, quais sejam que utilizou seus próprios softwares na execução do contrato, tendo sido observada apenas uma fase de transição entre os antigos e os novos sistemas, de modo a evitar solução de continuidade na prestação dos serviços relacionados à central de serviços.264. Afirmou que a postergação da instalação dos softwares, para garantir a prestação contínua e adequada dos serviços, no interesse do próprio MCT, não teve impacto significativo sobre a formação do custo da contratada.Análise da Sefti265. Observa-se que este ponto é idêntico a um dos itens das audiências, já analisado anteriormente conforme itens a da presente instrução. No caso, a análise concluiu que houve fornecimento e instalação dos softwares requeridos por parte da contratada, embora com atraso, não configurando prejuízo para a entidade.Conclusão:266. Em consonância com análise de audiência feita anteriormente nesta instrução, referente ao mesmo ponto aqui questionado, considera-se elidida a irregularidade.Ponto b da notificação: pagamento de ‘adicional noturno’ sem evidências de prestação de serviços entre 22h e 5h do dia seguinte, conforme art. 73, §2º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).Respostas do Secretário-Executivo do MCT (peça 41, p. 2-3)267. O gestor informou que os serviços de infraestrutura são acompanhados mediante registro em sistema próprio, podendo ser consultados sempre que necessário, e também em documento de projeto, contendo informações como: descrição, cronograma de execução e recursos necessários, dentre outras.268. Registrou também que a maioria das ações de infraestrutura que podem causar interrupção nos serviços normalmente ocorrem fora do horário normal de expediente, e que, se necessário, chegam a ultrapassar às 22 horas.269. Ele alega que não se configura a irregularidade apenas pelo fato de não constar, nas ordens de serviço acostadas ao processo, as evidências para os serviços prestados em horário noturno, e anexou em sua resposta amostras de relatórios de ‘controle de horas’ e de ‘sobreaviso’ contendo informações sobre escala de horário de profissionais, incluindo horários noturnos (peça 41, p. 8-14).270. Registrou, por fim, que já se está implementando ações no sentido de promover o detalhamento do modelo de ordem de serviço e do relatório mensal de atividades para que contenham maiores informações das atividades que porventura possam ultrapassar o horário limite.Respostas da empresa Unitech Tecnologia de Informação S.A. (peça 42, p. 16-17)271. Segundo a empresa, a parcela referente ao adicional noturno foi considerada na planilha de formação de preços que acompanha a proposta vencedora do Pregão 55/2008, da UFBA, porque o item 1.4.1.1.2 do termo de referência desse certame estabelece a necessidade de prestação do serviço de monitoramento 24 horas, sete dias por semana (volumes digitalizados – anexo 1, vol. 2, p. 29, fl. 432).272. Da mesma forma, o serviço de atendimento de 1º nível da central de serviços deve ser prestado até as 22h30, enquanto o de 2º nível contempla a disponibilidade de um profissional em horário contínuo, inclusive aos finais de semana (itens 1.4.2.1.2 e 1.4.2.2.2 do termo de referência – digitalizados – anexo 1, vol. 2, p. 29 e 41, fl. 432 e 444).273. A empresa alegou ainda que está obrigada pelo preço global consagrado na licitação, sendo descabida a ponderação isolada de determinados itens da planilha de custos, a qual pode ensejar distorções.274. Foram juntadas cópias de folhas de ponto (peça 42, p. 38-40) de empregados da contratada com vistas a comprovar a prestação de serviços no horário sujeito ao pagamento do adicional noturno.Análise da Sefti

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275. Registra-se inicialmente que o ponto questionado refere-se ao pagamento de ‘adicional noturno’ sem evidências de prestação de serviços entre 22 horas e 5 horas do dia seguinte, e não à presença do item ‘adicional noturno’ em si.276. Portanto, os argumentos de que ‘os serviços noturnos são necessários e que tais serviços estavam previstos no edital do certame’ não se relacionam diretamente com o ponto questionado.277. Por outro lado, tanto o gestor quanto a empresa apresentaram planilhas referentes ao controle de horas de profissionais, nas quais constam atividades realizadas em horário noturno (peça 41, p. 8-14 e peça 42, p. 38-40).278. Tais evidências demonstram que, de fato, há algum tipo de trabalho noturno sendo realizado no âmbito dos serviços prestados ao MCT. Contudo, as planilhas não demonstram, em termos de números, a equivalência entre o que deveria ser pago em função das horas trabalhadas no período noturno e o que foi efetivamente pago pelo MCT à empresa por conta desta parcela.279. Nesse contexto, observa-se que, nas planilhas apresentadas, constam linhas com o título ‘horas a compensar’, que em princípio não se convertem necessariamente em remuneração, e assim não deveriam ser computadas como horas trabalhadas, qualquer que fosse o período (peça 42, p. 40).280. Assim, não é possível verificar se os serviços realizados em horário noturno, conforme planilhas apresentadas na resposta à notificação, correspondem ao total de horas dos serviços extraordinários realizados fora do horário normal de atendimento, conforme retirado dos relatórios de acompanhamento dos serviços constantes do anexo 3 (valores em horas):

Mês Microcomputadores e Periféricos

Infraestrutura de Rede

Banco de Dados

Novembro/2009 107,1 64,2 42,8Dezembro/2009 102,6 61,6 41,1

Janeiro/2010 101 61 40,6Fevereiro/2010 83 63 45,7

Março/2010 83 72 62281. Cabe, portanto, determinar que o MCT apresente informações que demonstrem a correspondência entre as horas trabalhadas fora do horário normal e as efetivamente pagas.Conclusão282. Embora a empresa e o gestor tenham apresentado documentos que demonstram a realização de atividades no horário noturno, não foi evidenciada a correspondência entre as horas registradas nas planilhas apresentadas e as efetivamente pagas conforme relatórios de acompanhamento dos serviços elaborados pela contratada.283. Assim, entende-se pertinente determinar ao MCT que calcule os valores correspondentes às horas trabalhadas no período noturno, comparando-os com os valores efetivamente pagos à empresa a título de adicional noturno, informando-os ao TCU, acompanhados da documentação comprobatória (contracheques, planilhas de controle de horário etc). Tal cálculo pode ser feito por amostragem, considerando, por exemplo, os três primeiros meses do ano corrente.284. Caso a correspondência não seja evidenciada pelos cálculos efetuados confome item anterior, o MCT deve providenciar a glosa dos valores eventualmente pagos a maior.Ponto c da notificação: pagamento do percentual de 14,88% referente a ‘adicional de férias’, conforme planilha de composição de preço, quando o percentual correto, a princípio, seria de 11,11%, conforme se depreende do art. 7º, XVII, da Constituição Federal de 1988;

Ponto d da notificação: pagamento do percentual de 11,44% referente a ‘13º salário’, conforme planilha de composição de preço, quando o percentual correto, a princípio, seria de 8,33%, conforme se depreende do art. 7º, VIII, da Constituição Federal de 1988.285. A análise quanto aos pontos c e d será feita em conjunto, visto que ambos os entes notificados apresentaram a mesma resposta para os dois itens.Respostas do Secretário-Executivo do MCT (peça 41, p. 6)

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286. Foi observado que os valores, em percentuais, para os itens ‘férias’ e ‘13º salário’, quais sejam: 14,88% e 11,44%, respectivamente, foram informados na planilha de formação de preços na contratação efetuada pela UFBA, por meio do Pregão 55/2008, por força da convenção coletiva de trabalho do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas e Órgãos Públicos de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado da Bahia (Sindados) 2008/2010, conforme dispõe a Cláusula XXI – Encargos Sociais, a qual transcreveu-se conforme a seguir:(...)CLAUSÚLA XXI — Encargos Sociais Visando normatizar e disciplinar os percentuais de encargos sociais nas Licitações Públicas, fica estabelecido que o percentual mínimo será de 85.41% (oitenta e cinco, quarenta e um por cento) calculados sobre o total da remuneração da mão-de-obra, conforme planilha de cálculo anexa (ANEXO 1), que passa ser parte integrante desta Convenção objetivando com isso garantir o provisionamento mínimo das verbas sociais, trabalhistas, previdenciárias e indenizotórias, evitando assim a sonegação do direito do trabalhados.Parágrafo Único — O percentual de encargos sociais e trabalhistas estabelecido no caput desta poderá ser majorado em função das peculiaridades de cada serviço.287. Em complemento ao esclarecimento acima, o gestor informou que os percentuais de 14,88% e 11,44% encontram-se, respectivamente, no anexo da CCT (peça 42, p. 66 e 67).Respostas da Empresa Unitech Tecnologia de Informação S.A. (peça 42, p. 17-20)288. Transcrevem-se abaixo os principais trechos da resposta da empresa:(...) em respeito a todo e qualquer procedimento de contratação sob a forma de adesão a registro de preços, é importante observar que as planilhas de custos que acompanham a proposta da CPM Braxis, deveriam e foram elaboradas tendo em vista os elementos postos no Pregão 55/2008, realizado pela UFBA.Desse modo, em relação ao percentual indicado a título de adicional de férias e gratificação natalina, verifica-se também que a planilha levou em consideração as obrigações impostas pela cláusula XXI da Convenção Coletiva firmada entre o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas e Órgãos Públicos de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado da Bahia e o Sindicato das Empresas de Processamento de Dados e Similares do Estado da Bahia (doc. anexo), in verbis:CLÁUSULA XXI — ENCARGOS SOCIAISVisando normatizar e disciplinar os percentuais de Encargos Sociais nas Licitações Públicas, fica estabelecido que o percentual mínimo será de 85,41% (oitenta e cinco, quarenta e um por cento) calculado sobre o total da remuneração da mão-de-obra, conforme planilha de cálculo anexa (ANEXO I), que passa a ser parte integrante desta Convenção objetivando com isso garantir o provisionamento mínimo das verbas sociais, trabalhistas, previdenciárias e indenizatórias, evitando assim a sonegação do direito do trabalhador.’Como se verifica com facilidade, portanto, inexiste qualquer irregularidade na referida planilha de custos, elaborada em harmonia com o citado ato, que rege o relacionamento da CPM Braxis com seus empregados.Repita-se, no presente caso, descabe cogitar sobre componentes isolados dos custos de fornecedor.Primeiro porque tratamos aqui de Registro de Preços, com características próprias conforme demonstrado; Segundo porque o preço consignado na Ata enquadra-se totalmente com as práticas de mercado, o que justifica a contratação mais vantajosa para a Administração.Ora, na hipótese em exame os serviços foram prestados em Brasília, onde a remuneração dos profissionais é mais elevada que aquela praticada na Bahia e, portanto, considerada na planilha de formação de preços, compensando largamente as supostas diferenças vislumbradas pelos representantes.Análise da Sefti289. Inicialmente, cabe registrar que as instruções elaboradas nos processos deste Tribunal têm apontado o entendimento de que o percentual correto para a composição dos custos referentes a férias e 13º salário são de fato os informados nos ofícios de notificação, quais sejam, 11,11% e 8,33%, respectivamente.

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290. Corroborando tal entendimento, transcrevem-se abaixo trechos de relatórios de acórdãos do TCU:(...) os itens 13º Salário (8,33%, inciso VIII do art. 7º da Constituição Federal, Lei 4.090/62 e Lei 7.787/89) e Férias (11,11%, inciso XVII do art. 7º da Constituição Federal e art. 142 da CLT), também estão perfeitamente orçados (Acórdão 645/2009-TCU-Plenário).O item ‘Férias’ (com substituição) (inciso XVII do art. 7º da Constituição Federal e art. 142 do Decreto-Lei 5.452/43 (CLT)), é o valor repassado para que a Contratada pague o salário em gozo de férias somado ao adicional de 1/3 (hum terço), inclusive seu substituto. O [órgão] estimou o valor de 11,08%. Desse modo, em um ano, arrecadaria 132,96%, sendo que a empresa Contratada repassa 133,33% ao empregado. Assim, haveria o repasse a menor de 0,03%. O percentual mais adequado para esse item é 11,11%, que é demonstrado pela seguinte equação matemática:[(1 + 1/3) x (100% / 12)] = 11,11%(...)O item ‘13º Salário’ (inciso VIII do art. 7º da Constituição Federal, Lei 4.090/62 e Lei 7.787/89), é o valor que a Administração Pública repassa mensalmente à Contratada para acumular e, ao final do ano, poder pagar esse benefício ao empregado. Em sua estimativa, o [órgão] estabeleceu o percentual de 8,33%, perfeitamente de acordo com o percentual adequado. Este é calculado com base na seguinte equação matemática:[(1/12) x 100%] = 8,33% (Acórdão 1.904/2007-TCU-Plenário)147. O percentual utilizado para o encargo de férias, considerando o afastamento de 30 dias, sem prejuízo da remuneração, após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, corresponde a 8,33% (1/12x100), conforme preceituam o art. 129 e o art. 130, inciso I, do Decreto-lei 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho).148. Somado ao encargo ‘férias’ há o abono de férias que, conforme previsto no art. 7º, inciso XVII, da Constituição Federal, deve ser de, pelo menos, 1/3 (um terço) da remuneração do mês. Assim, a provisão para atender as despesas relativas ao abono de férias corresponde a 2,78% ((1/3)/12 x 100).149. Portanto, o percentual máximo admissível para o item ‘férias’ é de 11,11% (8,33% + 2,78%). No entanto, a proposta da contratada especifica, em suas planilhas de custo e formação de preços (anexo 2, vol. 1, fls. 252/267), um percentual de 13,3%, ou seja 2,2 pontos percentuais maior do que seu custo efetivo. (Acórdão 1597/2010-TCU-Plenário)291. Cabe aqui um olhar mais aprofundado no relatório e voto deste último acórdão citado (Acórdão 1.597/2010-TCU-Plenário). No caso, a unidade técnica questionou o percentual a maior utilizado para o item ‘férias’, que deveria ser de no máximo 11,11%. O órgão auditado reconheceu o problema e corrigiu o percentual na ocasião da repactuação. Ainda assim, pelo princípio do contraditório, a unidade técnica promoveu a oitiva do órgão e da empresa contratada para que se pronunciassem sobre o fato.292. Em sua resposta, a empresa contratada apresentou seus argumentos, sendo alguns deles similares aos apresentados pela Unitech, conforme transcrito abaixo:Em sua defesa, a [empresa] alega que é improcedente a hipótese de alteração de sua remuneração em vista do critério de seleção acolhido no edital ser o de menor preço global, sendo as indicações contidas em sua planilha meramente estimativas. Como fundamentação da defesa, a empresa traz o princípio da inalterabilidade da equação econômico-financeira do contrato, conforme § 1º do artigo 58 da Lei 8.666/1993, afirmando que, pelo raciocínio trazido no relatório, as previsões errôneas a menor deveriam conduzir a um ajuste para maior na remuneração da contratada.A empresa alega, também, que sua indicação de percentual para encargo de férias não foi errônea, afirmando que a indicação de alíquota no percentual de onze vírgula onze por cento não considera outros custos incidentes sobre seu aprovisionamento. Em tal hipótese, traz a afirmação de que considerou a possibilidade de venda de férias, direito dos empregados fixado pelo art. 143 da CLT.Por fim, a empresa alega que não seria ético por parte da Administração alterar os valores contratados em função de previsão errônea contida em sua planilha de preços.293. Na análise da defesa, a unidade técnica teceu, dentre outros, os seguintes comentários:

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(...) a legislação concedeu aos trabalhadores o direito a férias anuais, sem prejuízo de sua remuneração, acrescidos de, no mínimo, um terço de seu salário normal. Dessa forma, conclui-se que não há que se falar em percentuais máximos em termos de encargos de férias, mas sim em valores mínimos, sendo, a princípio, admissível a previsão de treze vírgula três por cento para o item ‘férias’.(...) não há que se falar em outros custos incidentes sobre o aprovisionamento de férias, visto que a [empresa] não deixa de receber do [órgão] a remuneração específica pelos serviços prestados por um funcionário que opta por vender suas férias.Destarte, em que pese o fato de a contratada ter previsto em seu DFP o percentual de treze vírgula três por cento para o encargo de férias, a situação pode ser caracterizada como enriquecimento sem causa por parte da empresa, visto que há previsão de um determinado patamar de encargo sem seu respectivo recolhimento.Portanto, o que se verifica da situação exposta é a previsão de um encargo que foi repassado à Administração no valor do contrato, sem seu respectivo recolhimento por parte da empresa, havendo uma apropriação indevida desse valor.294. Da análise realizada naquele caso, pode-se aferir o seguinte:a) como a lei fala em adicional de férias de ‘no mínimo’ um terço, este valor pode ser maior, admitindo-se, portanto, que o percentual correspondente na formação do preço ultrapasse os 11,11%;b) se, porém, este valor não for de fato repassado ao empregado, configura-se apropriação indevida de valor por parte da empresa, visto que há previsão de um determinado patamar de encargo sem seu respectivo recolhimento.295. Observa-se que, com relação ao percentual correspondente ao 13º salário, já não há que se falar em previsão legal de percentuais mínimos, não sendo possível considerar, portanto, percentuais diferentes dos 8,33% definidos na legislação.296. A análise supracitada não considerou procedentes os argumentos de que o critério de seleção acolhido no edital fora o de menor preço global, e por isso não seria razoável alterar itens isolados do quadro de formação de preços (como também argumenta, no presente processo, a empresa contratada pelo MCT). Da mesma forma, não foi acolhido o argumento de que alterações em itens isolados feririam a equação econômico-financeira do contrato.297. Apesar das peculiaridades do caso, o Tribunal acabou por determinar ao órgão que não aceite propostas com alíquotas como as daquele processo em análise, bem como a glosa dos valores pagos por conta da diferença do percentual relativo a férias no DFP, conforme extraído abaixo do Acórdão 1.597/2010-TCU-Plenário:9.2. determinar ao [órgão], com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que, nas futuras contratações de serviços de tecnologia da informação:9.2.16.3. abstenha-se de aceitar das licitantes propostas de preços que contenham incidência de encargos com alíquotas maiores do que as previstas na legislação vigente, bem como que incidam em duplicidade, a exemplo do ocorrido no Contrato 11/2007 em relação a férias e FGTS, atentando ao princípio da legalidade contido no caput do art. 37 da Constituição Federal;9.5. determinar ao [órgão] que, em atenção aos princípios da eficiência e da economicidade contidos no caput dos arts. 37 e 70 da Constituição Federal, encaminhe a este Tribunal, no prazo de trinta dias, comprovação das medidas adotadas para promover o devido ressarcimento ao Erário dos valores pagos indevidamente referentes às seguintes irregularidades:9.5.2. incidência de alíquota de 13,3% (treze vírgula três por cento) como encargo de férias, quando, em princípio, o correto seria 11,11% (onze vírgula onze por cento), correspondente a 8,33% (oito vírgula trinta e três por cento) mais 2,78% (dois vírgula setenta e oito por cento), considerando o afastamento de trinta dias a cada período de doze meses mais o abono de férias de um terço da remuneração;298. Assim, verifica-se que o TCU entendeu que os percentuais registrados na notificação são os corretos e que a adoção de valores a maior não é procedente, devendo o órgão promover a correção dos percentuais no DFP e a glosa dos valores pagos a maior.299. A adoção de percentuais a maior não pode ser justificada por conteúdo de convenção coletiva de trabalho, por conta do princípio da legalidade. Ademais, a convenção coletiva mencionada

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refere-se ao sindicato de profissionais do estado da Bahia, não havendo assim evidências de que esta se aplica ao caso de contratações no DF.300. Sobre o repetido argumento de que não cabe alterações em componentes isolados dos custos de fornecedor, o acórdão do TCU supramencionado exemplifica claramente que este Tribunal não considera o argumento procedente, visto que já determinou a alteração e glosa de valores com índices calculados erroneamente, ainda que fossem ‘componentes isolados dos custos do fornecedor’.301. É também improcedente o argumento de que a remuneração dos profissionais no DF é mais elevada que aquela praticada na Bahia, e, portanto, considerada na planilha de formação de preços, compensando eventuais custos reclamados na representação. Isso porque a contratação foi oriunda de uma adesão a uma ata de registro de preços cujo rito processual que a antecedeu previa a consulta prévia à contratada, a qual aceitou a adesão do MCT com os valores praticados na UFBA. Na verdade, desde a participação no pregão que originou a ata, os licitantes já estavam cientes de que poderia haver adesões posteriores, considerando isso na formação de seus preços. Não há que se falar, portanto, de ‘considerações regionais na planilha de formação de preços’. Aliás, tal fato apenas reforça o entendimento de que as incompatibilidades existentes entre os objetos das duas contratações inviabilizariam a adesão à ata da UFBA pelo MCT.302. De qualquer forma, se o percentual praticado a maior é irregular, diferenças regionais de remuneração não podem ser consideradas para justificar o percentual desconforme com a legislação, como procurou argumentar a empresa contratada.Conclusão:303. Verificou-se que, considerando a jurisprudência do TCU, os argumentos apresentados não foram suficientes para elidir a irregularidade apontada com relação ao percentual a maior praticado, referente à parcela do 13º salário, que deveria ser de 8,33%, em vez dos 11,44% informados na planilha de formação de preços da contratação efetuada pela UFBA e praticados também no MCT, cabendo determinação ao órgão para que promova a glosa dos valores correspondentes.304. Já com relação ao percentual da parcela ‘férias’, verificou-se que pode ser proposto um percentual maior do que os 11,11% (salário em gozo de férias somado ao adicional de 1/3), visto que a legislação menciona que o adicional de férias deve ser de ‘no mínimo 1/3’, podendo, portanto, ser majorado este valor.305. Contudo, os argumentos da empresa não demonstraram que esse valor a maior informado na planilha de formação de preços (14,88 – 11,11 = 3,77%) corresponde a uma majoração do ‘adicional de férias’, nem comprovaram que este percentual a maior foi efetivamente repassado aos profissionais empregados pela contratada.306. Cabe, portanto, determinar ao MCT que calcule os valores efetivamente pagos à contratada a título de ‘férias’, comparando-os com os valores recebidos pelos empregados da empresa, a fim de verificar se o total do percentual relativo à rubrica em questão (14,88%) está sendo efetiva e integralmente repassado aos profissionais. Caso contrário, o MCT deverá promover a glosa dos valores pagos a maior.307. Cabe, ainda, determinar ao órgão que, nas futuras contratações de serviços de tecnologia da informação, abstenha-se de aceitar das licitantes propostas de preços que contenham incidência de encargos com alíquotas maiores do que as previstas na legislação vigente, em consonância com o item 9.2.16.3 do Acórdão 1.597/2010-TCU-Plenário.Ponto e da notificação: pagamento de ‘reserva técnica’, conforme planilha de composição de preço dos serviços contratados, sem a devida justificativa, em afronta à jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.597/2010- TCU-Plenário, 1.442/2010-TCU-2ª Câmara, 793/2010-TCU-2ª Câmara).Respostas do Secretário-Executivo do MCT308. Na transcrição da resposta dada pela Divisão de Licitações, Contratos e Compras (Dilc), argumentou-se que a questão da reserva técnica não estava pacificada na jurisprudência do TCU à época da assinatura do Contrato 02.0015.00/2009, o que só veio ocorrer por meio dos Acórdãos 1.597/2010-Plenário, 1.442/2010-2ª Câmara e 793/2010-2ª Câmara, e assim a área atuou na forma prevista pelos normativos vigentes.

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309. A Dilc registrou a sugestão de que, com relação aos percentuais aplicados por força da convenção coletiva de trabalho do Sindados, bem como a aplicação da reserva técnica, fosse feita a análise dos aspectos legais por parte da Consultoria Jurídica do Ministério, ressaltando que, ‘caso haja o entendimento de que aqueles percentuais e a Reserva Técnica não deveriam ter sido aplicados na forma da CCT e Planilha de Formação de Preços, esta Administração, no seu poder dever de revisar seus atos, procederá à glosa ou à multa, de acordo com o que for orientado pela Conjur’.Respostas da empresa Unitech Tecnologia de Informação S.A. (peça 42, p. 20-22)310. A empresa incialmente ressaltou que a referida parcela foi contemplada no modelo de planilha de custos constante do edital do Pregão 55/2008, em harmonia com o disposto na Instrução Normativa – SLTI/MPOG 2/2008, e assim a consideração da reserva técnica decorreu da observância dos termos do edital da licitação, elaborado em consonância com a regulamentação vigente.311. Registrou ainda que o cômputo da referida parcela nas planilhas de custo tem acolhida na jurisprudência do TCU, conforme trecho do Acórdão 966/2010-TCU-Plenário:2.14. O arrazoado de que a reserva técnica existe para absorver os custos de mão de obra necessários para a execução de serviços nos casos de ausência de pessoal é procedente, mas merece ser relativizado, eis que os percentuais não devem ser fixados imoderadamente. Segundo informações provenientes dos estudos do TCU que fundamentaram a emissão do Acórdão nº 1.753/2008 – TCU – Plenário, a reserva técnica, cujo percentual precisa ser de no máximo 2,5% (dois vírgula cinco por cento), serve para cobrir os seguintes gastos:a) pagamento de 13º (décimo terceiro salário) para substitutos;b) pagamento de férias para substitutos;c) pagamento de aviso prévio para substitutos;d) encargos sociais incidentes sobre remuneração dos empregados habituais no caso de recebimento de auxílio enfermidade por mais de 15 (quinze) dias;e) encargos sociais incidentes sobre remuneração dos empregados habituais no caso de recebimento de auxílio acidente de trabalho por mais de 15 (quinze) dias;f) encargos sociais incidentes sobre remuneração das empregadas habituais beneficiárias do auxílio maternidade;g) indenização adicional dos substitutos;h) FGTS nas rescisões sem justa causa dos substitutos.2.15. Dessa forma, o item reserva técnica pode ser considerado na formação dos custos de serviços de vigilância, porém deve ser orçado, no máximo, no percentual de 2,5% (dois vírgula cinco por cento), que melhor representa os custos auferidos com essa rubrica.312. Por fim, a empresa argumentou que os percentuais apurados quanto a essa parcela tomaram em consideração a circunstância de que boa parte dos serviços contratados deve ser prestada de forma ininterrupta, aumentando sobremaneira a possibilidade de a contratada ser onerada com a substituição temporária de empregados.Análise da Sefti313. Inicialmente, cabe relembrar que o ponto questionado refere-se à inclusão e ao pagamento do item reserva técnica ‘sem a devida justificativa’, ou seja, o ato foi questionado não pela inclusão do item em si, mas pela falta da correspondente justificativa.314. Nesse sentido apontam as determinações exaradas nos acórdãos do TCU mencionados na notificação, conforme descrito abaixo (grifamos):1.4.1.4. não aceite a presença do item ‘Reserva Técnica’ no Quadro de Insumos e de Remuneração, sem a indicação prévia e expressa dos custos correspondentes que serão cobertos por esse item; (1.442/2010-TCU-2ª Câmara)9.2.16.1. abstenha-se de aceitar das licitantes propostas de preços que contenham percentual referente à reserva técnica como item específico das planilhas de custo e formação de preços, sem apresentar estudo específico e descrição dos eventos que motivariam a aceitação desse item (Acórdão 1.597/2010- TCU-Plenário)

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1.6.1.4. não aceite a cobrança de tributos de caráter personalístico, como IRPJ e CSLL, bem como a presença do item ‘Reserva Técnica’ no quadro de Remuneração e no quadro de Insumos sem a devida justificativa dos custos correspondentes a esse item; (Acórdão 793/2010-TCU-2ª Câmara)315. Assim, os argumentos apresentados pela empresa, de que a parcela ‘reserva técnica’ estava prevista no edital do certame e tem acolhida pelo TCU, não se relacionam ao ponto questionado, qual seja da ausência de justificativas para a inclusão da referida parcela.316. O outro argumento da empresa foi no sentido de que a reserva técnica foi incluída porque ‘parte dos serviços contratados deve ser prestada de forma ininterrupta, aumentando sobremaneira a possibilidade de a contratada ser onerada com a substituição temporária de empregados’.317. Sobre a eventual necessidade de substitutos como justificativa para previsão de reserva técnica, cabe mencionar os seguintes trechos presentes no relatório do Acórdão 645/2009-TCU- Plenário (cujo jurisdicionado é o MCT):Atualmente, a IN/SLTI 2/2008 manteve esse gasto nos editais, definindo-o como custos decorrentes de substituição de mão-de-obra quando da ocorrência de atrasos ou faltas que não sejam amparadas por dispositivo legal e, ainda, abonos e outros.Todavia, a totalidade de faltas ou ausências possíveis durante a execução do contrato já está devidamente regulamentada. Segundo o STF, a análise da composição dos Encargos Sociais demonstra que já são aprovisionados todos os encargos para o período em que o substituto atuar. O grupo D da composição dos encargos sociais reflete exatamente este custo e é nesse grupo que são reservados os valores dos gastos sobre férias e demais faltas legais. Quando um empregado sai de férias, por exemplo, os custos de encargos já foram apropriados conjuntamente com a provisão de férias e os encargos relativos ao substituto são pagos normalmente na fatura mensal em que ocorrer a substituição. Ademais, o empregado substituto está à disposição da empresa para ser reaproveitado em quaisquer atividades ou demais contratos que porventura possua.Em decorrência, o STF sugere a retirada da reserva técnica das planilhas de custo e formação de preços e tem orientado as unidades daquele Tribunal a não preverem nem aceitarem a inclusão deste gasto nas propostas de preços das licitantes, bem como a repactuarem seus antigos contratos para a exclusão do item, conforme transcrição a seguir:(...) temos verificado, em alguns contratos, as empresas incluírem nos custos de remuneração da mão-de-obra valores a título de ‘Reserva Técnica’, sob a alegação que se destina a substituir os empregados em gozo de férias e os que se ausentam por qualquer um dos seguintes motivos: licença médica, acidente de trabalho, licença paternidade etc. Enfatizam essas empresas que a Instrução Normativa nº 18/97 do MARE admite a inclusão de até 10% (dez por cento) do salário a esse título. Esta Secretaria, utilizando os argumentos descritos no presente trabalho, tem demonstrado às áreas administrativas a total improcedência das alegações das empresas e, em conseqüência, os contratos têm sido renegociados para dele excluir os custos correspondentes à ‘reserva técnica’ incluída indevidamente.A área administrativa do TCU, por sua vez, tem adotado a suspensão do pagamento da reserva técnica nos contratos ou a sua renegociação com a exclusão dessa despesa, tendo em vista entender que no grupo B das planilhas de custo e formação de preços já constam na remuneração do empresário os dias em que o funcionário recebe e não presta serviços.O Colegiado dessa Corte também tem feito determinações para que não seja previsto nas planilhas de custos item referente à reserva técnica, especialmente sob o entendimento de que ela não tem correspondência com a realidade de execução dos contratos de prestação de serviços terceirizados e apenas amplia a margem para custos mais elevados (Acórdão 1851/2008 – 2ª Câmara, entre outros).318. Das observações contidas no extrato do Acórdão 645/2009-TCU-Plenário, conforme item anterior, destaca-se o seguinte:a) tanto o STF quanto o TCU já entenderam que os custos adicionais provenientes de eventuais alocações de substitutos em contratos de terceirização já estão contemplados em outras rubricas das planilhas de formação de preços;

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b) a previsão, nas planilhas de custos, de item referente à reserva técnica não tem correspondência com a realidade de execução dos contratos de prestação de serviços terceirizados e apenas amplia a margem para custos mais elevados.319. Sendo assim, acompanhando os entendimentos supra, considera-se improcedente a justificativa de que a eventual utilização de substitutos motivaria a inclusão da parcela ‘reserva técnica’ na planilha de formação de preços ora em análise.320. Com relação à justificativa do gestor (Secretário-Executivo do ministério), este argumentou que o entendimento do TCU não estava consolidado à época da assinatura do contrato (2009), tanto que os acórdãos mencionados na notificação são de data posterior (2010).321. Sobre isso, cabe transcrever trecho do voto do Ministro-Relator no Acórdão 645/2009-TCU-Plenário (grifamos):50. Com relação à determinação proposta pela Unidade Técnica para que o Ministério deixe de consignar em licitações dessa natureza a previsão de parcelas relativas a gastos com reserva técnica, transcrevo trecho da Proposta de Deliberação que apresentei quando da prolação do Acórdão 1.851/2008-2ª Câmara:9. Embora a parcela referente à reserva técnica esteja prevista no modelo de planilha de custos e formação de preços especificado pela IN/Mare 18/1997, que regulamenta a contratação de serviços de natureza continuada no âmbito dos órgãos e entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais – Sisg, essa parcela foi objeto de exclusão da planilha de custo dos serviços nas renegociações de contratos no âmbito do STF e desta Corte de Contas, sem prejuízos para a prestação dos serviços, conforme apontado pela unidade técnica. Esses precedentes levam-me a entender que esse item de custo pode estar onerando indevidamente a Administração nessas contratações. Por essa razão, concordo com a unidade técnica quanto à pertinência de se recomendar à CGL/MJ que evite a incluir esse item nas planilhas de estimativa de custo em seus processos de licitação de serviços terceirizados.51. Assim, a despeito de, aparentemente, este item de fato trazer oneração indevida nos contratos, entendo que a questão merece amadurecimento, pelo que proponho que a medida apresentada pela Unidade Técnica seja efetivada como recomendação ao órgão.322. A deliberação do referido acórdão acabou por recomendar ao MCT não aceitar propostas de preços contendo custos relativos à reserva técnica:9.6. recomendar ao Ministério da Ciência e Tecnologia que, nas contratações para terceirização de mão-de-obra, deixe de consignar nos orçamentos básicos, nos formulários para proposta de preços e nas justificativas de preço a que se refere o art. 26, inciso III, da Lei 8.666/1993, inclusive para os casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação, parcelas relativas a gastos com reserva técnica, e que não aceite propostas de preços contendo custos relativos a esse item;323. Considerando que o acórdão supra foi exarado na sessão plenária de 8/4/2009, e que o Relator registrou que a questão ‘merece amadurecimento’, percebe-se que, de fato, o entendimento sobre o assunto ainda não estava consolidado no TCU à época da assinatura do contrato, ocorrida em 14/4/2009.324. Pelos acórdãos mencionados na notificação (vide item supra), que são de 2010, o TCU passou a firmar o entendimento de que a inclusão de percentual referente à reserva técnica como item específico das planilhas de custo e formação de preços devem apresentar estudo específico e descrição dos eventos que motivariam a aceitação desse item.325. Portanto, o que se extrai de todo o exposto é o seguinte:a) a aceitação e pagamento da parcela referente à reserva técnica não foi devidamente motivada pelo MCT, como determinado pelo TCU nos acórdãos citados na notificação;b) os autos não trouxeram as devidas justificativas, e, na oportunidade do contraditório, as respostas dos gestores e da empresa às notificações do Tribunal não foram suficientes para motivar a parcela em questão;c) na época da assinatura do contrato, o entendimento sobre o assunto ainda estava em amadurecimento pelo TCU, razão pela qual a questão está sendo tratada no âmbito de uma notificação (e não de uma audiência);

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d) já foi recomendado ao MCT que, nas contratações para terceirização de mão de obra, deixe de consignar nos orçamentos básicos, nos formulários para proposta de preços e nas justificativas de preço, parcelas relativas a gastos com reserva técnica e que não aceite propostas de preço contendo custos relativos a esse item. A recomendação foi exarada quase que concomitantemente à assinatura do contrato, mas poderia ter sido considerada na ocasião da celebração dos termos aditivos;e) o TCU sinalizou que esse item de custo representa um risco de se onerar indevidamente a Administração;f) o TCU e o STF têm entendido que o mais pertinente é retirar a parcela das planilhas de formação de preços na ocorrência de oportunidades para tanto (repactuações, prorrogações contratuais etc).Conclusão:326. Assim, entende-se que o encaminhamento mais adequado para a questão não é determinar ao órgão que providencie a glosa dos valores pagos até então por conta da rubrica ‘reserva técnica’, visto que, à época da contratação, o TCU não havia firmado ainda entendimento sobre a questão e que os acórdãos que determinam a justificativa para a inclusão da parcela são posteriores à contratação.327. Por outro lado, entende-se pertinente determinar que o MCT adote, desde já, a exclusão do pagamento da reserva técnica nos contratos ou a sua renegociação com a exclusão dessa despesa, visto não haver justificativas para sua inclusão no termo de referência e em função do risco que tal parcela representa de se onerar indevidamente a Administração.328. Corrobora esta conclusão o entendimento de que a parcela ‘reserva técnica’ não tem correspondência com a realidade de execução dos contratos de prestação de serviços terceirizados e apenas amplia a margem para custos mais elevados (Acórdão 1.851/2008-TCU-2ª Câmara).Ponto f da notificação: justificativa insuficiente para o acréscimo de R$ 591.423,89 ao serviço ‘gerenciamento e operação da central de serviços de TIC’, por meio do 2º termo aditivo ao Contrato 02.0015.00/2009, consubstanciada na ausência da memória de cálculo correspondente, em afronta à jurisprudência do TCU (Acórdãos 5.154/2009-TCU-2ª Câmara, 2.727/2008-TCU-1ª Câmara, 831/2010-TCU-1ª Câmara).Respostas do Secretário-Executivo do MCT329. Como o Secretário-Executivo repassou o questionamento para o CGTI e em seguida transcreveu a resposta dada por este último, verificou-se que a resposta dada pelo Secretário-Executivo é basicamente a mesma dada pelo CGTI, que foi ouvido em audiência pelo mesmo ponto, conforme itens a da presente instrução.Respostas da empresa Unitech Tecnologia de Informação S.A. (peça 42, p. 22-23)330. Da mesma forma que o Secretário-Executivo do MCT, a empresa seguiu basicamente os mesmos argumentos apresentados pelo CGTI, conforme itens a da presente instrução. Assim, os argumentos apresentados, resumidamente, foram os seguintes:f) o acréscimo procedido ao valor original do contrato decorreu do incremento do volume de serviços prestados na estimativa original da contratante;g) identificou-se inicialmente o aumento de demanda de cada um dos macrosserviços prestados no âmbito da central de serviços;h) a partir desses dados, foi apurado o peso de cada macrosserviço na formação do preço total da central, tomando-se como base o valor do ponto de atendimento discriminado na proposta da empresa contratada;i) dessa forma, foi possível identificar com precisão o valor a ser aditado ao contrato.Análise da Sefti331. Como o ponto questionado e os argumentos apresentados são os mesmos de um dos itens da audiência, valem as mesmas considerações relatadas na análise correspondente aos itens a da presente instrução.Conclusão:

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332. Conforme já relatado anteriormente, a justificativa para alteração contratual seguiu procedimento não aderente ao item 1.8 do termo de referência que rege o contrato, o qual dispõe as regras para o aumento dos valores contratuais.333. Assim, permanece insuficiente a justificativa para o acréscimo de R$ 591.423,89 ao serviço ‘gerenciamento e operação da central de serviços de TIC’, por meio do 2º termo aditivo ao Contrato 02.0015.00/2009.334. Contudo, não se pode concluir pelo prejuízo ao erário, pois não se sabe se o cálculo feito com base nas regras do termo de referência traria valor maior ou menor do que o utilizado na assinatura do 2º termo aditivo.335. Entende-se, portanto, pela pertinência de se determinar ao MCT que refaça o cálculo mencionado, seguindo estritamente as regras editalícias, e providencie, se for o caso, a glosa ou o ajuste dos valores, considerando que o contrato estará em vigor até abril de 2012.Ponto g da notificação: pagamento do serviço ‘gerenciamento e operação da central de serviços de TIC’, conforme planilha de custo e formação de preços, baseado em remuneração total da mão de obra no valor de R$ 35.000,00, sendo que a soma dos salários dos técnicos alocados, constantes de quadro anexo à referida planilha, totaliza R$ 26.314,52.Respostas do Secretário-Executivo do MCT (peça 41, p. 6)336. O gestor registrou que, à época da adesão à ata de registro de preços da UFBA, não se observou a referida diferença, posto que o quadro-resumo de alocação de técnicos’ apenas especifica os grupos de atendimento do gerenciamento e operação da central de serviços, o quantitativo de profissionais e os seus respectivos pisos salariais, não apresentando o somatório dos salários dos profissionais, fato este que prejudicou a análise no momento da adesão à ata de registro de preços.337. Após os questionamentos do TCU, buscaram-se maiores esclarecimentos com a empresa sobre a diferença dos valores apontados. Entretanto, o gestor considerou que a empresa não apresentou dados que pudessem clarear seus entendimentos a respeito da diferença apontada pela equipe de auditoria.338. Diante disso, o Secretário-Executivo registrou a sugestão de adotar ‘medidas administrativas, visando à suspensão dos pagamentos dos serviços prestados até a conclusão do exame dos questionamentos’.Respostas da empresa Unitech Tecnologia de Informação S.A. (peça 42, p. 23-26)339. A empresa alega que, de acordo com o edital, não existe necessariamente uma correspondência entre o valor total do componente mão de obra e o somatório dos pisos salariais indicados no quadro-resumo de alocação de técnicos.340. Além disso, argumenta que o rol de profissionais que deveriam integrar a equipe dedicada à prestação dos serviços de ‘gerenciamento e operação da central de serviços de TIC’ (conforme planilha do edital – volumes digitalizados, anexo 1, v.2, fls. 559-562) não abrange toda a equipe destacada pela empresa para a perfeita execução do contrato, deixando de contemplar outros profissionais que desempenharam funções visando à adequada prestação dos serviços341. Os profissionais participantes dos serviços, mas não previstos no mencionado rol seriam os seguintes (peça 42, p. 25):a) Fabio Cesar Narciso – Gerente de Infraestrutura/Operações: desempenha atividades de implantação de projetos de melhorias, como: treinamentos, eventos, ações e campanhas motivacionais, investimentos em ferramentas de trabalho e solução de automação. Seria responsável também pela infraestrutura da central de serviços: link, desktops, ferramentas de trabalho, ou seja, responsável pela disponibilidade dos serviços;b) Marcos Felipe Siqueira Engel – Coordenador de Infraestrutura: coordenação operacional da central, direcionando os analistas de acordo com as demandas do dia a dia;c) Ricardo Cubilhas – Gerente de Infraestrutura/Operações: gestão de indicadores, gerência da equipe, gestão do relacionamento dos funcionários com o cliente, gestão técnica das operações;d) Maria Márcia Rodrigues – Analista Administrativa: gestão administrativa da central de serviços, sendo responsável por atividades como: apontamento de faltas, horas, reembolso de despesas, requisições de compras, escala de férias, e realiza interface entre o analista e a área de recursos humanos;

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e) Cibele Pereira dos Santos – Assistente de Service Desk: execução de campanhas motivacionais, eventos de integração etc.342. Ressalta que os custos com mão de obra suportados pela empresa para a execução do contrato não se restringem à remuneração da equipe destacada para operar diretamente a central de serviços, havendo diversas outras atividades de gestão e coordenação cujo indispensável desempenho não cabe a nenhum daqueles profissionais listados no quadro-resumo de alocação de técnicos.Análise da Sefti343. O ponto questionado, em suma, decorre do fato de que a planilha de custo e formação de preços do tipo de serviço ‘gerenciamento e operação da central de serviços’ do item 1 (fls. 559-562, anexo 1, v.2, volumes digitalizados) foi construída tomando o valor total da remuneração como sendo R$ 35.000,00 (fl. 559, anexo 1, v.2, volumes digitalizados). Ocorre que a soma dos salários dos profissionais alocados (fls. 561-562, anexo 1, v.2, volumes digitalizados) corresponde a R$ 26.314,52, conforme tabela a seguir:

Grupo de atendimento Qde. MCT

Qde. fora

MCT

Valor (R$)

Total/grupo (R$)

Técnico da equipe de monitoramento 4 – 600,00 2.400,00

Técnico da equipe de análise dos recursos de TIC 2 – 1.200,00 2.400,00

Técnico da equipe de apoio 1 – 1.200,00 1.200,00

Técnico atendente de 1º nível – 7 516,36 3.614,52

Técnico de atendimento à infraestrutura de rede 1 – 1.200,00 1.200,00Técnico de atendimento a microcomputadores e periféricos 7 – 600,00 4.200,00

Técnico de segurança 1 – 1.500,00 1.500,00

Técnico de atendimento a banco de dados 1 – 1.800,00 1.800,00

Técnico de atendimento a sistemas aplicativos 2 – 600,00 1.200,00

Técnico de gerenciamento de servidores 2 – 1.400,00 2.800,00

Supervisor 1 1 2.000,00 4.000,00

Total 26.314,52344. O Secretario Executivo objetivamente registrou que não observou a diferença apontada na notificação à época da adesão à ata e que solicitou esclarecimentos à empresa contratada, os quais não foram suficientes para clarear os entendimentos a respeito da diferença apontada.345. Já a empresa alega, em síntese, que havia despesas com outros profissionais que não estavam computados no rol do quadro-resumo de alocação de técnicos do edital (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fl. 423).346. Com relação a este argumento, observa-se que o edital elencou os perfis profissionais que deveriam fazer parte do serviço ‘gerenciamento e operação da central de serviços de TIC’, não registrando explicitamente uma correspondência com a soma dos salários dos profissionais previamente elencados (quadro-resumo de alocação de técnicos).347. Registra-se, por um lado, que o rol de profissionais previstos no edital contém perfis que, em princípio, possuem capacidade para executar as atividades que, segundo a empresa, estariam sendo tocadas por profissionais participantes dos serviços, mas não previstos no mencionado rol. Por exemplo, o rol prevê o perfil ‘técnico da equipe de apoio’ e o de ‘supervisor’, com competências para atuar em atividades administrativas e de coordenação, que seriam desenvolvidas pelos profissionais ‘não previstos’, segundo a contratada.

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348. A propósito, o item 1.4.2.4 do termo de referência (volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fl. 447) registra que ao perfil ‘supervisor’ cabe o acompanhamento e gerenciamento sistemático do processo de atendimento da central de serviços. Este perfil possivelmente teria competência para atuar como o ‘coordenador de infraestrutura’ mencionado na resposta da contratada.349. Outra função que seria desenvolvida pelos profissionais não previstos é a de ‘responsável pela Infraestrutura da central de Serviços: Link, desktops, ferramentas de trabalho, ou seja, responsável pela disponibilidade dos serviços’. O contrato prevê a prestação de serviço aparentemente similar, qual seja o serviço de apoio e suporte a infraestrutura da rede, que corresponde ao conjunto de atividades de gestão da infraestrutura da rede corporativa, compreendendo as atividades de planejamento, projeto, administração, acompanhamento do funcionamento e manutenção da infraestrutura da rede (item 2.12 do termo de referência, volumes digitalizados, anexo 1, vol. 2, fls. 462-463).350. Assim, possivelmente uma parte das ‘outras atividades de gestão e coordenação cujo indispensável desempenho não cabe a nenhum daqueles profissionais listados no quadro-resumo de alocação de técnicos’ poderia ser desenvolvida pelos profissionais previstos no edital.351. Por outro lado, não foi possível identificar uma correlação, item por item, entre cada atividade desenvolvida pelos profissionais ‘extras’ alocados pela empresa (conforme item desta instrução) e as atividades previstas para os perfis profissionais constantes no mencionado rol do edital.352. Há que se considerar também que, se de fato os profissionais mencionados pela contratada (item desta instrução) estão desenvolvendo atividades exclusivamente relativas à central de serviços e não estão trabalhando em ações que estão previstas no edital (para o serviço questionado ou para outros), cabe a sua remuneração e correspondente previsão dentro dos R$ 35.000,00 propostos pela contratada.353. Isso dentro do raciocínio de que a contratada, ao fazer a sua proposta no pregão referente ao registro de preços em questão, a fez considerando basicamente que a remuneração de R$ 35.000,00 correspondia à quantia que estava disposta a receber para prestar os serviços de ‘gerenciamento e operação da central de serviços de TIC’, sem correlação explícita com a indicação de que utilizaria, para a prestação dos serviços, somente profissionais dentro dos perfis indicados no rol do quadro-resumo de alocação de técnicos do edital.354. A despeito dessa consideração, ressalva-se que as respostas apresentadas não trouxeram memória de cálculo ou documentação que demonstrasse que a remuneração dos profissionais adicionais alocados pela contratada (item desta instrução) corresponde à diferença entre o valor total da remuneração (R$ 35.000,00 – volumes digitalizados, anexo 1, v.2, fl. 559) e a soma dos salários dos profissionais alocados (R$ 26.314,52 – volumes digitalizados, anexo 1, v.2, fls. 561-562).355. Em outras palavras, como a empresa argumentou que tal diferença se deu em função da utilização daqueles profissionais não elencados no referido rol (item desta instrução), então a soma da remuneração daqueles profissionais deve corresponder, em tese, a pelo menos R$ 8.685,48 (R$ 35.000,00 – R$ 26.314,52). Contudo, estes valores ou cálculos não foram demonstrados na resposta da empresa.356. O próprio Secretário-Executivo do MCT afirmou que os esclarecimentos da empresa não foram suficientes para elucidar a questão, e sugeriu que o MCT adotasse medidas administrativas visando à suspensão dos pagamentos dos serviços prestados até a conclusão do exame dos questionamentos.Conclusão:357. Entende-se que as disposições do edital não vedam expressamente a inclusão de despesas com profissionais não constantes no quadro-resumo de alocação de técnicos para prestação do serviço ‘gerenciamento e operação da central de serviços de TIC’, que foi o que ocorreu no contrato em questão, segundo a empresa contratada.358. Contudo, os argumentos apresentados não trouxeram demonstrativos que comprovassem que a remuneração dos profissionais utilizados e listados nominalmente pela empresa na prestação do serviço ‘gerenciamento e operação da central de serviços de TIC’ correspondem pelo menos à diferença questionada, qual seja entre: a) a remuneração total da mão de obra no valor de R$ 35.000,00, conforme planilha de custo e formação de preços; e b) a soma dos salários dos técnicos alocados, constantes de quadro anexo à referida planilha, que totaliza R$ 26.314,52.

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359. Cabe, portanto, determinação ao MCT para que calcule a soma da remuneração dos profissionais envolvidos no referido serviço, demonstrando que a mesma equivale à diferença questionada na notificação, ou providenciando a glosa dos valores pagos a maior, se for o caso.

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS360. O presente processo registrou inicialmente a deficiência no processo de planejamento da contratação referente aos serviços de tecnologia da informação necessários à consecução das atividades do MCT.361. Tal deficiência foi apontada pelo fato de o MCT não ter adotado, com a antecedência devida, providências necessárias ao processo de contratação, tais como a elaboração do termo de referência que antecede a contratação dos serviços de tecnologia da informação e comunicação.362. As lacunas no processo de planejamento levaram o órgão aos problemas apontados na primeira parte da representação e da presente análise, quais sejam:a) prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993. Mesmo após os argumentos dos gestores, entendeu-se que a Administração poderia ter providenciado nova licitação com a antecedência suficiente, e assim as justificativas não foram acatadas;b) adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação. A Administração inicialmente buscou a contratação emergencial, mas acabou por aderir à referida ata pela suposta falta de tempo para completar o processo licitatório, o que também decorreu da lacuna no planejamento. Assim, as justificativas apresentadas também não foram acatadas.363. Como decorrência da falha no processo de planejamento, os gestores também foram ouvidos em audiência por conta da prorrogação do Contrato 02.0015.00/2009, em 2010, o mesmo contrato questionado no ponto anterior. Contudo, a análise entendeu que a prorrogação em si tem amparo legal, e acatou as justificativas para este ponto.364. Foram analisadas também respostas às audiências por conta de pontos relativos à celebração do Contrato 02.0015.00/2009, oriundo de adesão à ata de registro de preços do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA. A análise verificou não haver vedação expressa para a adesão parcial de itens de um único lote de serviços, que foi um dos pontos questionados.365. Já com relação às incompatibilidades entre os serviços da referida ata e os serviços descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, a análise considerou insuficientes os argumentos apresentados, confirmando as incompatibilidades e a consequente demonstração de vantagem insuficiente para justificar a adesão.366. Além disso, foi considerado que os serviços referentes aos dois itens contratados (gerenciamento e operação da central de serviços do MCT e serviços técnicos de apoio ao MCT) são técnica e economicamente viáveis de serem licitados e contratados separadamente, embora a contratação conjunta possivelmente não tenha, neste caso específico, alterado o resultado da contratação (adesão à ata). A irregularidade referente à não evidenciação do cumprimento dos níveis de serviços acordados e da falta de informações nas ordens de serviço, exigidas pelo item 2.2 do termo de referência, também não foi elidida.367. Foi considerada sanada a questão do não abatimento do valor contratual em face da utilização dos softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e da auditoria de ativos que já estariam instalados no MCT, visto que a empresa forneceu os softwares de sua própria autoria após a primeira fase da implantação da central.368. A propósito, as irregularidades não elididas relacionadas à execução do Contrato 02.0015.00/2009 ratificam que a adesão à ata de registro de preços da UFBA não foi pertinente, pois atestam diferenças existentes entre as especificações de serviços e as necessidades do MCT e daquela universidade.369. Corroborando a observação do item anterior, ressalta-se que a própria Secretaria Executiva do MCT sugeriu que o MCT adotasse medidas administrativas visando à suspensão dos pagamentos dos

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serviços prestados até a conclusão do exame dos questionamentos, sendo que não foram apresentadas evidências de tal suspensão.370. A empresa contratada, que também respondeu à notificações do TCU, de forma geral, apresentou argumentos e documentos que não demonstram a correspondência entre os valores recebidos e as quantidades questionadas, como nos casos do pagamento de ‘adicional noturno’, dos percentuais indevidos referentes a férias e 13º salário, e do acréscimo de valor sem a memória de cálculo correspondente e da diferença apontada entre a remuneração total da mão de obra conforme planilha de custo e formação de preços e a soma dos salários dos técnicos alocados para a central de serviços.371. Nestes casos, serão propostas determinações no sentido de o órgão apresentar cálculos que comprovem a correspondência dos gastos com os critérios mencionados nas notificações, e promova, se for o caso, a glosa de valores pagos a maior.372. Já para a questão do pagamento de ‘reserva técnica’, a análise entendeu que a medida mais pertinente é que o MCT promova a exclusão da rubrica nas renegociações com a contratada, prática também já adotada pelo próprio TCU.373. Por fim, registra-se que as conclusões e os encaminhamentos constantes deste processo devem ser considerados nos outros casos em que o Tribunal está avaliando a adesão à mesma ata de registro de preços da UFBA, como no caso do TC 000.079/2011-1 (adesão pelo Ibama à mesma ata).”

5. Por tais motivos, a Sefti, em pareceres uniformes, sugeriu a esta Corte (fls. 283/286 do volume 1):

“I. acolher as justificativas quanto à ocorrência “adesão parcial ao lote único da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, licitado por empreitada de preço global, em desacordo com o art. 3º, §3º, inciso I, da IN – SLTI/MP 2/2008”, por ter sido considerada elidida a irregularidade, apresentadas pelos seguintes responsáveis (itens 77 a 129):

a) Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009;

b) Sr. Roberto Vanderlei de Andrade, CPF 052.564.704-00, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão;

c) Srª Elenice da Silva Sousa Santos, CPF 256.241.301-63, Chefe de Serviço da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;

d) Srª Kátia Rejane Trindade Farias, CPF 658.476.951-87, Chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;

e) Sr. Ivancir Castro Filho, CPF 658.476.951-87, Chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;

f) Sr. Raul Pequeno Sá Carvalho, CPF 934.581.423-04, Coordenador de Atos, Contratos e Convênios;

II. acolher as justificativas quanto à ocorrência “prorrogação do Contrato 02.0015.00/2009, em 2010, que tem natureza emergencial, em desacordo com o art. 24, IV, da Lei 8.666/1993 e jurisprudência do TCU”, por ter sido considerada elidida a irregularidade, apresentadas pelos seguintes responsáveis (itens 64 a 76):

a) Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009;

b) Sr. Roberto Vanderlei de Andrade, CPF 052.564.704-00, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão;

III. acolher as justificativas quanto à ocorrência “não abatimento do valor contratual, nos termos do art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, em vista da utilização dos softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e auditoria de ativos pertencentes ao MCTe já instalados no órgão, visto que o fornecimento, a instalação e a manutenção desses softwares eram responsabilidade da contratada, conforme item 1.10.1.2, subitens g e j do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA”, apresentadas pelo Sr. Jones Borralho Gama, CPF

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183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do contrato, por ter sido considerada elidida a irregularidade (itens 193 a 207);

IV. rejeitar as razões de justificativas do Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, e fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da data do recebimento das notificações, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), os recolhimentos das penalidades aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente até as datas dos efetivos recolhimentos, nos termos da legislação em vigor, em razão das seguintes infrações:

a) prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 9 a 42);

b) adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 43 a 63);

c) proposta de contratação de serviços da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que guardavam incompatibilidades com os serviços descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, em desacordo com o art. 3º da IN – SLTI/MP 4/2008 (itens 130 a 144);

d) demonstração de vantagem insuficiente para justificar a adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, haja vista as incompatibilidades existentes entre os serviços constantes da ata e os descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, sobretudo a defasagem de dimensionamento, em desacordo com o art. 8º do Decreto 3.931/2001 (itens 145 a 162);

e) ausência de termo de aceitação da implantação da central de serviços, conforme estabelecido no item 9 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 182 a 192);

f) pagamento do serviço de “gerenciamento e operação da central de serviços TIC”, sem comprovação da avaliação da qualidade dos serviços prestados, por meio dos acordos de níveis de serviços estabelecidos no edital, conforme regras estabelecidas nos itens 1.5 a 1.7 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 237 a 250);

g) pagamento do serviço de “apoio técnico ao CPD” baseado nas horas trabalhadas, sem apresentação dos produtos entregues, da metodologia e dos padrões acordados, bem como das condições de aceite dos serviços, conforme regras estabelecidas no item 2.2 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 251 a 262);

V. rejeitar as razões de justificativas do Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009, quanto à ocorrência “proposta de contratação de serviços passíveis de parcelamento, em desacordo com o art. 23, §1º, da Lei 8.666/1993”, deixando de aplicar-lhe, excepcionalmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, visto que a irregularidade é decorrente da falha no planejamento da contratação, a qual gerou outras irregularidades que geraram proposta de sansão ao responsável, e que o resultado da contratação possivelmente seria o mesmo caso o MCT tivesse parcelado e também aderido à ata da UFBA para os dois itens oriundos deste parcelamento (itens 163 a 181);

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VI. rejeitar as razões de justificativas do Sr. Roberto Vanderlei de Andrade, CPF 052.564.704-00, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, e fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da data do recebimento das notificações, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), os recolhimentos das penalidades aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente até as datas dos efetivos recolhimentos, nos termos da legislação em vigor, em razão das seguintes infrações:

a) prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 9 a 42);

b) adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 43 a 63);

VII. autorizar, com fulcro no art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, desde logo, a cobrança judicial das multas, caso não atendidas as notificações;

VIII. determinar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, à Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia, que:

a) refaça o cálculo relativo ao acréscimo do serviço “gerenciamento e operação da central de serviços de TIC”, inicialmente praticado em R$ 591.423,89 por meio do 2º termo aditivo ao Contrato 02.0015.00/2009, seguindo estritamente as regras editalícias constantes no item 1.8 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da Universidade Federal da Bahia, e providencie, se for o caso, a glosa ou o ajuste dos valores (item 236);

b) promova a alteração do relatório mensal de atividades e das ordens de serviço utilizadas no processo de execução do Contrato 02.0015.00/2009, de maneira que passem a contemplar as informações requeridas pelo item 2.2 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA (item 256):

c) calcule os valores correspondentes às horas trabalhadas no período noturno, comparando-os com aqueles efetivamente pagos à empresa a título de adicional noturno, informando-os a este Tribunal, acompanhados da documentação comprobatória (contracheques, planilhas de controle de horário etc), promovendo a glosa dos valores eventualmente pagos a maior (item 287);

d) promova a glosa dos valores correspondentes ao percentual a maior praticado, referente à parcela do “13º salário”, que deveria ser de 8,33%, em vez dos 11,44% informados na planilha de formação de preços relativa ao Contrato 02.0015.00/2009 (item 288);

e) calcule os valores efetivamente pagos à contratada a título de “férias”, comparando-os com os valores recebidos pelos empregados da empresa, a fim de verificar se o total do percentual relativo à rubrica em questão (14,88%) está sendo efetiva e integralmente repassado aos profissionais, promovendo, caso contrário, a glosa dos valores pagos a maior (item 310);

f) nas futuras contratações de serviços de tecnologia da informação, abstenha-se de aceitar das licitantes propostas de preço que contenham incidência de encargos com alíquotas maiores do que as previstas na legislação vigente, incluindo as referentes às parcelas “férias” e “13º salário”, em consonância com o item 9.2.16.3 do Acórdão 1.597/2010-TCU-Plenário (item 311);

g) adote, desde já, a exclusão do pagamento da reserva técnica nos contratos, inclusive no Contrato 02.0015.00/2009, ou a sua renegociação com a exclusão dessa despesa, visto não haver

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justificativas para sua inclusão no termo de referência e em função do risco que tal parcela representa de se onerar indevidamente a Administração (item 331);

h) calcule a soma da remuneração dos profissionais envolvidos e listados nominalmente pela empresa na prestação do serviço “gerenciamento e operação da central de serviços de TIC”, demonstrando que esta equivale a diferença entre a remuneração total da mão de obra, no valor de R$ 35.000,00, conforme planilha de custo e formação de preços e a soma dos salários dos técnicos alocados, constantes de quadro anexo à referida planilha, que totaliza R$ 26.314,52, providenciando a glosa dos valores pagos a maior, se for o caso (item 363);

IX. fixar o prazo de sessenta dias para que a Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia apresente ao Tribunal comprovação do cumprimento das determinações expedidas conforme item anterior;

X. arquivar o presente processo.”

É o Relatório.VOTO

Esta representação da Secex/RR teve por objetivo aprofundar o exame de irregularidades detectadas durante auditoria realizada no Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT.2. Motivou a manifestação da unidade técnica a constatação de indícios de irregularidades no processo 012000.000716/2009-60, destinado à contratação de serviços de suporte à infraestrutura de TI e comunicação do MCT e que originou o contrato 02.0015.00/2009, no valor de R$ 5.299.981,77, firmado com a empresa Unitech Tecnologia da Informação S/A – cuja atual razão social é CPM Braxis Outsourcing S/A – a partir de adesão à ata de registro de preço do pregão eletrônico 55/2008 da Universidade Federal da Bahia – UFBA.3. Foram constatadas, em síntese:

a) deficiência do planejamento da contratação;b) falhas na adesão ao registro de preços da UFBA;c) falhas na execução do contrato, com possível débito.

4. O planejamento deficiente ficou evidente no fato de não haverem sido adotadas, com a necessária antecedência, medidas imprescindíveis à contratação dos serviços, como a elaboração do indispensável termo de referência. Em consequência, tornaram-se inevitáveis:

a) a prorrogação excepcional, em 2008, do contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem que tivesse ocorrido fato extraordinário que autorizasse a aplicação do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993 e a extrapolação do prazo máximo de 48 meses de duração de contratos referentes a TI;

b) a adesão, em 2009, à ata de registro de preço da UFBA há pouco mencionada, com a celebração do já mencionado contrato 02.0015.00/2009.5. Basicamente, os gestores ouvidos em audiência prévia a respeito das falhas no planejamento da contratação atribuíram o problema à carência de tempo, de qualificação técnica, de recursos humanos e de estrutura administrativa adequada, bem como às dificuldades inerentes à modificação do marco regulatório das contratações de TI.6. No entanto, como demonstrou a Sefti – cuja manifestação, transcrita no relatório que antecedeu este voto, incluo entre os fundamentos da deliberação que proporei a este colegiado – teria sido possível evitar tais ocorrências e realizar nova licitação, tempestivamente, desde que as providencias preparatórias tivessem sido adotadas no momento próprio. Assim, os argumentos apresentados acerca deste ponto não devem ser integralmente aceitos.7. Como, em 2010, o problema ainda não havia sido adequadamente solucionado, foi preciso prorrogar, naquele exercício, o questionado contrato 02.0015.00/2009. Desta feita, contudo, as alegações dos gestores lograram demonstrar que tal prorrogação teria amparo legal, o que permite o acatamento das justificativas pertinentes a este assunto.8. No tocante às falhas na adesão à ata de registro de preços da UFBA, os administradores foram ouvidos acerca dos fundamentos para a vinculação apenas parcial a itens de um único lote de

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serviços. Entretanto, conseguiram mostrar que não haveria restrição legal a tal procedimento, o que faculta o acolhimento de suas manifestações no que concerne à matéria.9. O mesmo não ocorreu no que diz respeito às discrepâncias entre os serviços constantes da aludida ata e aqueles descritos no termo de referência elaborado pelo MCT. Foram confirmadas as incompatibilidades inicialmente apontadas e a demonstração inadequada e insuficiente da vantagem na adesão. Assim, as justificativas apresentadas devem ser rejeitadas, dada sua insuficiência.10. Constatou-se, ainda, a viabilidade técnica e econômica de licitar e contratar separadamente os serviços concernentes aos dois itens de interesse do MCT (gerenciamento e operação de serviços do Ministério e serviços de apoio técnico àquela Pasta). Verificou-se, entretanto, que, no caso concreto, tal peculiaridade não teve reflexos práticos, uma vez que o procedimento adotado foi a adesão à ata de registro de preços.11. No que diz respeito às falhas na execução do contrato, foi esclarecido e sanado o problema da ausência de redução do valor do contrato em decorrência do uso de softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e de gerenciamento da auditoria de ativos que já existiriam no Ministério, eis que a contratada forneceu softwares de sua autoria após a primeira fase da implantação da central.12. Persistiu, entretanto, a irregularidade relativa à falta de demonstração do cumprimento dos níveis de serviço pactuados e ausência de informações nas ordens de serviço, consoante exigia o item 2.2 do termo de referência.13. Registre-se que, em razão de tal ocorrência, a própria Secretaria Executiva do MCT sugeriu a adoção de medidas para suspensão de pagamentos dos serviços prestados até a conclusão da análise dos questionamentos. Confirma-se, dessa forma, a inadequação da adesão realizada, dadas as diferenças entre as especificações de serviços e necessidades da UFBA e as especificações do Ministério.14. Por sua vez, a CPM Braxis Outsourcing S/A, instada a manifestar-se acerca das ocorrências apontadas na representação, encaminhou a esta Corte documentos e argumentos que não permitem comprovar a correlação entre valores recebidos e quantidades questionadas, como foram os casos: (i) do pagamento de “adicional noturno”: (ii) dos percentuais indevidos de férias e 13º salário; (iii) do acréscimo de valor sem a memória de cálculo correspondente; e (iv) da diferença entre a remuneração total da mão de obra, conforme planilha de custo e formação de preços, e a soma dos salários dos técnicos alocados para a central de serviços.15. Diante de tal panorama, são pertinentes as propostas de determinações ao MCT elaboradas pela Sefti, cujo conteúdo refere-se: (i) à apresentação de cálculos que comprovem a correspondência entre os gastos efetuados e os critérios indicados nas notificações dos responsáveis; e (ii) à glosa de valores eventualmente pagos a maior.16. Também é adequada a proposta da unidade técnica de determinar ao Ministério a renegociação do contrato, de forma a excluir a rubrica “reserva técnica”, dada a impertinência daquela parcela. Frise-se, aliás, que essa prática de renegociação é rotineiramente adotada pela área administrativa do TCU em seus contratos quando detectada a impropriedade em questão.17. Finalmente, cabe agora discutir a proposta da Sefti de aplicação, aos responsáveis Jones Borralho Gama, coordenador-geral de Gestão de TI e fiscal do contrato 02.0015.00/2009, e Roberto Vanderlei de Andrade, subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, diante da improcedência parcial de suas justificativas, da multa do inciso II do art. 58 da Lei 8.443/1992.18. Nesse particular, divirjo da unidade técnica e considero que seria excessivamente rigorosa a imposição da sanção, dadas as peculiaridades do caso concreto.19. Embora algumas das impropriedades inicialmente apontadas na representação tenham sido confirmadas, é preciso considerar que decorreram elas não só do planejamento deficiente, mas também da falta de estrutura administrativa adequada e de recursos humanos qualificados, à época dos fatos, e de possíveis incertezas decorrentes da então recente modificação do marco regulatório das contratações de TI.

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20. Como tais falhas, em grande parte, possuem um caráter estrutural e não podem ser atribuídas exclusivamente aos gestores em questão, fica mitigada a gravidade de sua conduta, o que permite a dispensa, em caráter excepcional, da aplicação da penalidade sugerida pela unidade técnica.21. Deixo claro, entretanto, que a responsabilidade por prover uma boa governança de TI não é só dos executivos, mas também – e principalmente – da alta administração das organizações. Por tal motivo, o controle externo, em prol do interesse público, deve cobrar dos altos dirigentes a adequada governança dessa área tão crítica para obtenção de resultados institucionais e, no caso de omissão injustificada daqueles agentes públicos no tocante ao assunto, aplicar-lhes, eventualmente, a multa que ora cogita a Sefti.22. Essa possibilidade de apenação decorre do avanço ocorrido nos últimos anos no tocante ao tema no setor público, que já permitem que esta Corte comece a avaliar, em cada caso concreto, a responsabilização da alta administração por falhas de governança de TI.23. Tal avanço decorreu do significativo esforço feito pelo TCU e pelos órgãos governantes superiores dos três Poderes no sentido de favorecer a melhoria dos controles gerais de TI nos órgãos e entidades da administração pública federal, de modo a aperfeiçoar a gestão pública nesse campo.24. Assim, foram realizados, a partir de 2007, diversos levantamentos gerais, auditorias específicas e monitoramentos, que propiciaram o delineamento de um quadro geral da situação e a formulação de diversas determinações e recomendações, grande parte delas de natureza estruturante e endereçada aos órgãos governantes superiores.25. Graças a tais iniciativas, aqueles órgãos superiores já lograram instituir um arcabouço normativo suficiente para dar sustentação a um modelo de governança de TI na administração pública federal, consoante constatou este Plenário por meio dos acórdãos 2.308/2010 e 1.145/2011.26. Dessa forma, uma vez que já se delineou um cenário apropriado ao bom desempenho no setor, é preciso alertar a alta administração das organizações públicas para a possibilidade de aplicação de sanções em razão de deficiências injustificadas na governança de TI, o que torna conveniente ampla divulgação da presente deliberação, tanto por meio de seu encaminhamento aos órgãos governantes superiores de tecnologia da informação dos três Poderes quanto por intermédio de ações educativas promovidas pela unidade técnica desta Corte especializada no tema.27. Desse modo, ao acolher os pareceres da Sefti, em parte, voto pela adoção da minuta de acórdão que trago ao escrutínio deste colegiado.

Sala das Sessões, em 7 de dezembro de 2011.

AROLDO CEDRAZRelator

DECLARAÇÃO DE VOTO

Peço vênias ao nobre Relator para votar conforme a proposta da unidade técnica, que é pela aplicação de multa ao Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009 e ao Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, ambos do Ministério da Ciência e Tecnologia.

2. Assento essa posição em coerência com o decidido por este Colegiado no recente Acórdão 1147/2011 – Plenário, referente ao TC 018.701/2004-9, que tratou de Relatório de Auditoria realizada no Ministério da Saúde, com enfoque na gestão de convênios para a aquisição de unidades móveis de saúde.

3. Na ocasião, os autos demonstravam claramente que as deficiências operacionais apontadas pela equipe de fiscalização – e que contribuíram para a consumação das irregularidades apuradas pela chamada “Operação Sanguessuga”, da Polícia Federal – tinham causas estruturantes, associadas,

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principalmente, à histórica carência de pessoal qualificado para as tarefas de gestão e controle de convênios no âmbito daquela Pasta.

4. Ao adotar aquela posição, apoiei-me em mais de dez precedentes desta Corte de Contas, relatados por quase todos os membros do Colegiado, todos convergentes para o entendimento de que irregularidades na gestão de convênios ou contratos decorrentes de falhas crônicas e estruturais do órgão fiscalizado não justificam, de per si, a aplicação de multa aos responsáveis. Essa dicção foi exarada no §39 do voto que então apresentei, in verbis:

39. (....) este Tribunal tem se mostrado sensível às dificuldades operacionais enfrentadas por quase todos os gestores públicos federais, quanto à gestão convênios. Isso porque é grande o descompasso entre as demandas de análise prévia, aprovação, fiscalização e exame de prestações de contas dos convênios, e o número de servidores disponíveis e qualificados para essas tarefas. Exatamente por isso que esta Corte de Contas tem sido comedida na aplicação de sanções aos responsáveis pela área em questão.

5. A par disso, os autos então apreciados não continham nenhuma evidência de que os Secretários-Executivos do Ministério da Saúde sabiam da ocorrência de fraudes nas licitações realizadas pelos municípios convenentes (fato motivador da auditoria).

6. Não obstante a farta orientação jurisprudencial desta Casa – que motivou-me a apresentar o aludido voto –, fui vencido na ocasião, deliberando o Tribunal por multar os gestores de nível estratégico do Ministério.

***7. No caso presente, verifico que, embora o rol de irregularidades apuradas na representação sob exame seja extenso e, a meu ver, bastante grave, o Relator rejeita a proposta de aplicação de multa formulada pela unidade técnica, sob argumento em tudo semelhante ao que sustentei no Acórdão 1147/2011 – Plenário. Neste ponto, permito-me reproduzir as palavras do Ministro-Relator contidas nos 19 e 20 do voto ora apresentado por Sua Excelência:

19. Embora algumas das impropriedades inicialmente apontadas na representação tenham sido confirmadas, é preciso considerar que decorreram elas não só do planejamento deficiente, mas também da falta de estrutura administrativa adequada e de recursos humanos qualificados, à época dos fatos, e de possíveis incertezas decorrentes da então recente modificação do marco regulatório das contratações de TI.20. Como tais falhas, em grande parte, possuem um caráter estrutural e não podem ser atribuídas exclusivamente aos gestores em questão, fica mitigada a gravidade de sua conduta, o que permite a dispensa, em caráter excepcional, da aplicação da penalidade sugerida pela unidade técnica.

8. Para melhor compreensão da gravidade dos fatos, reproduzo a seguir, o rol de irregularidades que motivou a proposta de multa formulada pela unidade técnica:

- Responsáveis: Jones Borralho Gama, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009) e Roberto Vanderlei de Andrade, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão:

a) prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 9 a 42);

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b) adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 43 a 63);

- Responsável Jones Borralho Gama, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009):

c) proposta de contratação de serviços da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que guardavam incompatibilidades com os serviços descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, em desacordo com o art. 3º da IN – SLTI/MP 4/2008 (itens 130 a 144);

d) demonstração de vantagem insuficiente para justificar a adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, haja vista as incompatibilidades existentes entre os serviços constantes da ata e os descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, sobretudo a defasagem de dimensionamento, em desacordo com o art. 8º do Decreto 3.931/2001 (itens 145 a 162);

e) ausência de termo de aceitação da implantação da central de serviços, conforme estabelecido no item 9 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 182 a 192);

f) pagamento do serviço de “gerenciamento e operação da central de serviços TIC”, sem comprovação da avaliação da qualidade dos serviços prestados, por meio dos acordos de níveis de serviços estabelecidos no edital, conforme regras estabelecidas nos itens 1.5 a 1.7 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 237 a 250);

g) pagamento do serviço de “apoio técnico ao CPD” baseado nas horas trabalhadas, sem apresentação dos produtos entregues, da metodologia e dos padrões acordados, bem como das condições de aceite dos serviços, conforme regras estabelecidas no item 2.2 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 251 a 262);

9. Diante desses fatos, reitero minhas vênias ao nobre Relator, por compreender que o grau de responsabilidade dos gestores neste processo, conforme evidenciam os achados, parece-me muito mais acentuado e grave que o apurado, em relação aos ex-Secretários Executivos do Ministério da Saúde, no recente Acórdão 1147/2011 – Plenário.

10. No caso em foco, ressalto que um dos responsáveis em relação ao qual o Relator rejeita a aplicação de multa sob o argumento acima apresentado detinha a função de “fiscal do contrato”, atribuição que impõe ao gestor o dever de acompanhar com zelo e atenção especiais todas as ocorrências pertinentes à execução da avença.

11. Situação não muito diferente se verifica em relação ao segundo responsável, que, na condição de Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, guardava suficiente proximidade com os atos de gestão ora questionados, quanto aos seus deveres de supervisão e de respeito à legalidade, para que se lhe cobre responsabilidade perante as irregularidades a ele imputadas.

12. Assim, em linha de coerência com o Acórdão 1147/2011 – Plenário, entendo que este Tribunal deva acolher a proposta da unidade técnica, para aplicar aos responsáveis indicados no § 8, a multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei 8.443/92, nos seguintes termos:

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“9.1. acolher as justificativas quanto à ocorrência “adesão parcial ao lote único da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, licitado por empreitada de preço global, em desacordo com o art. 3º, §3º, inciso I, da IN – SLTI/MP 2/2008”, por ter sido considerada elidida a irregularidade, apresentadas pelos seguintes responsáveis:

9.1.1. Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009;

9.1.2. Sr. Roberto Vanderlei de Andrade, CPF 052.564.704-00, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão;

9.2.3. Srª Elenice da Silva Sousa Santos, CPF 256.241.301-63, Chefe de Serviço da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;

9.1.4. Srª Kátia Rejane Trindade Farias, CPF 658.476.951-87, Chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;

9.1.5. Sr. Ivancir Castro Filho, CPF 658.476.951-87, Chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;

9.1.6. Sr. Raul Pequeno Sá Carvalho, CPF 934.581.423-04, Coordenador de Atos, Contratos e Convênios;

9.2. acolher as justificativas quanto à ocorrência “prorrogação do Contrato 02.0015.00/2009, em 2010, que tem natureza emergencial, em desacordo com o art. 24, IV, da Lei 8.666/1993 e jurisprudência do TCU”, por ter sido considerada elidida a irregularidade, apresentadas pelos seguintes responsáveis (itens 64 a 76):

9.2.1. Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009;

9.2.2. Sr. Roberto Vanderlei de Andrade, CPF 052.564.704-00, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão;

9.3. acolher as justificativas quanto à ocorrência “não abatimento do valor contratual, nos termos do art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, em vista da utilização dos softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e auditoria de ativos pertencentes ao MCTe já instalados no órgão, visto que o fornecimento, a instalação e a manutenção desses softwares eram responsabilidade da contratada, conforme item 1.10.1.2, subitens g e j do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA”, apresentadas pelo Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do contrato, por ter sido considerada elidida a irregularidade (itens 193 a 207);

9.4. rejeitar as razões de justificativas do Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), e fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da data do recebimento das notificações, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), os recolhimentos das penalidades aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente até as datas dos efetivos recolhimentos, nos termos da legislação em vigor, em razão das seguintes infrações:

9.4.1. prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 9 a 42);

9.4.2. adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei

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8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 43 a 63);

9.4.3. proposta de contratação de serviços da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que guardavam incompatibilidades com os serviços descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, em desacordo com o art. 3º da IN – SLTI/MP 4/2008 (itens 130 a 144);

9.4.4. demonstração de vantagem insuficiente para justificar a adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, haja vista as incompatibilidades existentes entre os serviços constantes da ata e os descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, sobretudo a defasagem de dimensionamento, em desacordo com o art. 8º do Decreto 3.931/2001 (itens 145 a 162);

9.4.5. ausência de termo de aceitação da implantação da central de serviços, conforme estabelecido no item 9 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 182 a 192);

9.4.6. pagamento do serviço de “gerenciamento e operação da central de serviços TIC”, sem comprovação da avaliação da qualidade dos serviços prestados, por meio dos acordos de níveis de serviços estabelecidos no edital, conforme regras estabelecidas nos itens 1.5 a 1.7 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 237 a 250);

9.4.7. pagamento do serviço de “apoio técnico ao CPD” baseado nas horas trabalhadas, sem apresentação dos produtos entregues, da metodologia e dos padrões acordados, bem como das condições de aceite dos serviços, conforme regras estabelecidas no item 2.2 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 251 a 262);

9.5. rejeitar as razões de justificativas do Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009, quanto à ocorrência “proposta de contratação de serviços passíveis de parcelamento, em desacordo com o art. 23, §1º, da Lei 8.666/1993”, deixando de aplicar-lhe, excepcionalmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, visto que a irregularidade é decorrente da falha no planejamento da contratação, a qual gerou outras irregularidades que geraram proposta de sansão ao responsável, e que o resultado da contratação possivelmente seria o mesmo caso o MCT tivesse parcelado e também aderido à ata da UFBA para os dois itens oriundos deste parcelamento (itens 163 a 181);

9.6.. rejeitar as razões de justificativas do Sr. Roberto Vanderlei de Andrade, CPF 052.564.704-00, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), e fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da data do recebimento das notificações, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), os recolhimentos das penalidades aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente até as datas dos efetivos recolhimentos, nos termos da legislação em vigor, em razão das seguintes infrações:

9.6.1. prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 9 a 42);

9.6.2. adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 43 a 63);

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9.7. autorizar, com fulcro no art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, desde logo, a cobrança judicial das multas, caso não atendidas as notificações;

9.8. determinar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, à Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia, que:

9.8.1. refaça o cálculo relativo ao acréscimo do serviço “gerenciamento e operação da central de serviços de TIC”, inicialmente praticado em R$ 591.423,89 por meio do 2º termo aditivo ao Contrato 02.0015.00/2009, seguindo estritamente as regras editalícias constantes no item 1.8 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da Universidade Federal da Bahia, e providencie, se for o caso, a glosa ou o ajuste dos valores (item 236);

9.8.2. promova a alteração do relatório mensal de atividades e das ordens de serviço utilizadas no processo de execução do Contrato 02.0015.00/2009, de maneira que passem a contemplar as informações requeridas pelo item 2.2 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA (item 256):

9.8.3. calcule os valores correspondentes às horas trabalhadas no período noturno, comparando-os com aqueles efetivamente pagos à empresa a título de adicional noturno, informando-os a este Tribunal, acompanhados da documentação comprobatória (contracheques, planilhas de controle de horário etc), promovendo a glosa dos valores eventualmente pagos a maior (item 287);

9.8.4. promova a glosa dos valores correspondentes ao percentual a maior praticado, referente à parcela do “13º salário”, que deveria ser de 8,33%, em vez dos 11,44% informados na planilha de formação de preços relativa ao Contrato 02.0015.00/2009 (item 288);

9.8.5. calcule os valores efetivamente pagos à contratada a título de “férias”, comparando-os com os valores recebidos pelos empregados da empresa, a fim de verificar se o total do percentual relativo à rubrica em questão (14,88%) está sendo efetiva e integralmente repassado aos profissionais, promovendo, caso contrário, a glosa dos valores pagos a maior (item 310);

9.8.6. nas futuras contratações de serviços de tecnologia da informação, abstenha-se de aceitar das licitantes propostas de preço que contenham incidência de encargos com alíquotas maiores do que as previstas na legislação vigente, incluindo as referentes às parcelas “férias” e “13º salário”, em consonância com o item 9.2.16.3 do Acórdão 1.597/2010-TCU-Plenário (item 311);

9.8.7. adote, desde já, a exclusão do pagamento da reserva técnica nos contratos, inclusive no Contrato 02.0015.00/2009, ou a sua renegociação com a exclusão dessa despesa, visto não haver justificativas para sua inclusão no termo de referência e em função do risco que tal parcela representa de se onerar indevidamente a Administração (item 331);

9.8.8. calcule a soma da remuneração dos profissionais envolvidos e listados nominalmente pela empresa na prestação do serviço “gerenciamento e operação da central de serviços de TIC”, demonstrando que esta equivale a diferença entre a remuneração total da mão de obra, no valor de R$ 35.000,00, conforme planilha de custo e formação de preços e a soma dos salários dos técnicos alocados, constantes de quadro anexo à referida planilha, que totaliza R$ 26.314,52, providenciando a glosa dos valores pagos a maior, se for o caso (item 363);

9.9. fixar o prazo de sessenta dias para que a Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia apresente ao Tribunal comprovação do cumprimento das determinações expedidas conforme item anterior;

9.10. encaminhar cópia deste acórdão e do relatório e do voto que o fundamentaram, para ampla divulgação entre os órgãos, entidades e unidades a eles vinculados, aos seguintes órgãos:

9.10.1. Senado Federal: Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática; Diretoria Geral;

9.10.2. Câmara dos Deputados: Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; Diretoria Geral;

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9.10.3. Presidência da República: Gabinete de Segurança Institucional;9.10.4 Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: Secretaria de Logística e

Tecnologia da Informação; Secretaria do Orçamento Federal; Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais; Fundação Escola Nacional de Administração Pública;

9.10.5. Ministério da Fazenda: Secretaria do Tesouro Nacional;9.10.6. Controladoria-Geral da União;9.10.7. Conselho Nacional de Justiça;9.10.8. Conselho Nacional do Ministério Público;9.10.9. Advocacia Geral da União: Consultoria Geral;9.10.10. Tribunal de Contas da União: Secretaria Geral da Presidência;

9.11. autorizar a Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação – Sefti a adotar, em conjunto com o Instituto Serzedello Corrêa, ações educativas destinadas a estimular a divulgação deste acórdão e o aperfeiçoamento da governança de TI na administração pública federal.”

13. Por fim, imponho-me a registrar que o Relator, Ministro Aroldo Cedraz, não participou da votação do precitado Acórdão 1147/2011 – Plenário, declarando-se impedido, o que parece justificar a tese ora apresentada por Sua Excelência. Contudo, defendo que este Colegiado mantenha coerência com o referido precedente, em respeito ao princípio da isonomia entre os jurisdicionados.

Sala das Sessões, em 7 de dezembro de 2011.

RAIMUNDO CARREIRORedator

GRUPO II – CLASSE VII – PlenárioTC 022.804/2010-2Natureza: Representação.Unidade: Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT.Responsáveis: Jones Borralho Gama, coordenador-geral de Gestão de TI e fiscal do contrato 02.0015.00/2009 (CPF 183.275.161-91); Roberto Vanderlei de Andrade, subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (CPF 052.564.704-00); Elenice da Silva Sousa Santos, chefe de serviço da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 256.241.301-63); Kátia Rejane Trindade Farias, chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 658.476.951-87); Ivancir Castro Filho, chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 658.476.951-87); Raul Pequeno Sá Carvalho, coordenador de Atos, Contratos e Convênios (CPF 934.581.423-04).Advogados constituídos nos autos: José Vicente Cêra Júnior (OAB/SP 155.962), Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747), Juliana Guilhem Muniz (OAB/SP 185.271).Interessado em sustentação oral: Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747).

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Sumário: REPRESENTAÇÃO. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE TI. IRREGULARIDADES DIVERSAS. IMPROCEDÊNCIA PARCIAL DAS JUSTIFICATIVAS DOS RESPONSÁVEIS. CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES. CONSIDERAÇÕES SOBRE PAPEL DA ALTA ADMINISTRAÇÃO NA CONSOLIDAÇÃO DA GOVERNANÇA DE TI. COMUNICAÇÃO AOS ÓRGÃOS SUPERIORES DE GOVERNANÇA DE TI DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL E DETERMINAÇÕES.

VOTO

Trata-se de representação formulada por unidade técnica com o intuito de aprofundar o exame de ocorrências detectadas em auditoria realizada no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Os autos noticiam supostas irregularidades no Contrato nº 02.0015.00/2009, que tem por objeto serviços de suporte à infraestrutura de tecnologia da informação (TI) e comunicação do MCT, no valor de R$ 5.299.981,77. O contrato em tela foi firmado com a empresa Unitech Tecnologia da Informação S/A a partir de adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008, realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Realizadas as audiências prévias dos gestores do MCT e oitivas da empresa contratada, a Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefti), em linha de concordância com a Secretaria de Controle Externo de Roraima (Secex/RR), propôs a aplicação de multa aos gestores, em função das seguintes irregularidades:

a) prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993;

b) adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação;

c) incompatibilidade entre os serviços da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA e o termo de referência elaborado pelo MCT;

d) ausência de termo de aceitação da implantação da central de serviços, conforme estabelecido no item 9 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA;

e) pagamento do serviço de “gerenciamento e operação da central de serviços TIC”, sem comprovação da avaliação da qualidade dos serviços prestados;

f) pagamento do serviço de “apoio técnico ao CPD” baseado nas horas trabalhadas, sem apresentação dos produtos entregues, da metodologia e dos padrões acordados, bem como das condições de aceite dos serviços.

O Ministro-Relator afastou a aplicação de multa aos gestores sob o seguinte fundamento:

“19. Embora algumas das impropriedades inicialmente apontadas na representação tenham sido confirmadas, é preciso considerar que decorreram elas não só do planejamento deficiente, mas também da falta de estrutura administrativa adequada e de recursos humanos qualificados, à época dos fatos, e de possíveis incertezas decorrentes da então recente modificação do marco regulatório das contratações de TI.

20. Como tais falhas, em grande parte, possuem um caráter estrutural e não podem ser atribuídas exclusivamente aos gestores em questão, fica mitigada a gravidade de sua conduta, o que permite a dispensa, em caráter excepcional, da aplicação da penalidade sugerida pela unidade técnica.

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21. Deixo claro, entretanto, que a responsabilidade por prover uma boa governança de TI não é só dos executivos, mas também – e principalmente – da alta administração das organizações. Por tal motivo, o controle externo, em prol do interesse público, deve cobrar dos altos dirigentes a adequada governança dessa área tão crítica para obtenção de resultados institucionais e, no caso de omissão injustificada daqueles agentes públicos no tocante ao assunto, aplicar-lhes, eventualmente, a multa que ora cogita a Sefti.

22. Essa possibilidade de apenação decorre do avanço ocorrido nos últimos anos no tocante ao tema no setor público, que já permitem que esta Corte comece a avaliar, em cada caso concreto, a responsabilização da alta administração por falhas de governança de TI.”

Em Sessão Plenária de 30/11, o Ministro Raimundo Carreiro, dissentiu da proposta do relator por compreender que a alegação de precariedade da estrutura administrativa e de dificuldades operacionais no MCT não seria suficiente para ilidir a responsabilidade dos gestores, mas não procedeu ao exame individualizado dos fatos e condutas.

Nesta oportunidade, cabe ao Presidente do Tribunal de Contas da União proferir voto de desempate, nos termos do inciso IX do art. 28 do Regimento Interno.

As irregularidades noticiadas nos autos podem ser dividas em dois conjuntos. O primeiro refere-se à prorrogação indevida do Contrato 02.007.00/2003. O segundo, à indevida adesão do MCT à ata de registro de preços do Pregão Eletrônico 55/2008 e a falhas na execução do contrato.

A prorrogação excepcional do mencionado contrato, realizada com fundamento no § 4º do art. 57 da Lei n.º 8.666/1993, ao contrário do que entende a Sefit, não foi indevida. Era necessária para assegurar a continuidade do serviço público. Deve-se, todavia, averiguar a responsabilidade daqueles que deram causa ao atraso que culminou na necessidade de prorrogação.

É de ressaltar que o modelo de contratação na área de tecnologia da informação vem sendo aprimorado ao longo dos últimos anos, o que vem exigindo dos órgãos um esforço para se atualizarem e adaptarem sua estrutura administrativa para realizar as contratações nos moldes aventados pelo TCU e que foram, inclusive objeto de determinação para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Segundo informou o Coordenador-Geral de Gestão de TI (CGTI) do MCT, quando se aproximava o término do contrato 02.007.00/2003, não havia tempo hábil para que o Ministério do Planejamento orientasse os gestores acerca do novo modelo de contratação.

Assim sendo, diante da plausibilidade da argumentação do gestor, entendo deva ser afastada a aplicação de multa quanto a esse ponto.

No tocante à indevida adesão à ata de registro de preço do Pregão 55/2008, tenho por acertada a posição do relator, ilustre Ministro Aroldo Cedraz, pelas razões que passo a expor.

A legalidade da adesão à ata de registro de preços é matéria controvertida, razão pela qual não se deve examinar o caso em tela de forma isolada.

Evidente que o órgão que realiza o pregão para a constituição da ata formula o edital com base nas suas peculiaridades, razão pela qual havia exigência de que a empresa contratada possuísse matriz ou filial na cidade de Salvador, local da prestação do serviço.

Os órgãos que aderem à ata têm por principal preocupação simplificar os procedimentos administrativos e contratar bens e serviços em condições vantajosas.

Não se revela realista a expectativa de que o órgão aderente deva examinar minuciosamente as cláusulas do edital, justamente porque o objetivo maior é simplificar os procedimentos administrativos, desde que haja compatibilidade entre os objetos e que os preços se revelem vantajosos para a Administração.

Se esse padrão de procedimento é irregular, é de supor que grande parte das adesões realizadas País afora também o são. Não me parece razoável a apenação dos gestores do MCT em virtude de adotarem prática disseminada na Administração e sobre a qual o Tribunal ainda não se pronunciou definitivamente, haja vista que pende de apreciação o recurso interposto contra o Acórdão n.º 1487/2007-Plenário.

No tocante à divergência entre os serviços constantes da ata e aqueles efetivamente contratados, é dizer, ausência de perfeita identidade entre os objetos, também acompanho o Ministro

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Cedraz. Em que pese tal irregularidade não ter sido afastada, deve ser considerada em conjunto com os demais atos de gestão, especialmente em razão da conhecida complexidade das contratações de TI. A despeito da confirmada falta de adequação de parte dos serviços constantes da ata aderida, não há nos autos elementos que indiquem que os gestores se houveram com dolo ou culpa grave. Ademais, não se deve olvidar que a atuação desta Corte deve buscar, antes de apenar o gestor, orientá-lo quanto às boas práticas administrativas. Nesse sentido, tenho por adequado o encaminhamento sugerido pelo relator quanto a este ponto.

De outro giro, em que pesem as alegações da ausência de comprovação da “vantajosidade” da adesão, os elementos constantes dos autos também não demonstram o oposto, ou seja, que os custos dos serviços contratados foram desvantajosos para o MCT.

Por fim, as falhas administrativas (ausência de redução do valor do contrato em decorrência do uso de softwares de gerenciamento já existentes no órgão e falta de comprovação do cumprimento dos níveis de serviço pactuados) na execução do contrato foram ou estão sendo sanadas pelo órgão, como bem apontou o relator nos parágrafos 11 e 12 de seu voto.

Ante o exposto, com as vênias de estilo por dissentir do entendimento divergente, acompanho a manifestação do eminente relator.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão, em 7 de dezembro de 2011.

BENJAMIN ZYMLERPRESIDENTE

ACÓRDÃO Nº 3231/2011 – TCU – Plenário

1. Processo TC 022.804/2010-22. Grupo II – Classe VII – Representação.3. Responsáveis: Jones Borralho Gama, coordenador-geral de Gestão de TI e fiscal do contrato 02.0015.00/2009 (CPF 183.275.161-91); Roberto Vanderlei de Andrade, subsecretário de planejamento, orçamento e gestão (CPF 052.564.704-00); Elenice da Silva Sousa Santos, chefe de serviço da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 256.241.301-63); Kátia Rejane Trindade Farias, chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 658.476.951-87); Ivancir Castro Filho, chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras (CPF 658.476.951-87); Raul Pequeno Sá Carvalho, coordenador de Atos, Contratos e Convênios (CPF 934.581.423-04).4. Unidade: Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT.5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Roraima - Secex/RR.8. Advogados constituídos nos autos: José Vicente Cêra Júnior (OAB/SP 155.962), Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747), Juliana Guilhem Muniz (OAB/SP 185.271).8.1. Interessado em sustentação oral: Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747).

9. Acórdão:

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VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação da Secretaria de Controle Externo no Estado de Roraima – Secex/RR acerca de indícios de irregularidades no processo 012000.000716/2009-60, destinado à contratação de serviços de suporte à infraestrutura de TI e comunicação do MCT e que originou o contrato 02.0015.00/2009, a partir de adesão à ata de registro de preço do pregão eletrônico 55/2008 da Universidade Federal da Bahia – UFBA.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, diante das razões expostas pelo relator, em:

9.1. conhecer da representação e considerá-la parcialmente procedente;9.2. acolher as justificativas de Jones Borralho Gama, Roberto Vanderlei de Andrade,

Elenice da Silva Sousa Santos, Kátia Rejane Trindade Farias, Ivancir Castro Filho e Raul Pequeno Sá Carvalho para a adesão apenas parcial ao lote único da ata de registro de preço do pregão eletrônico 55/2008 da UFBA, licitado por empreitada de preço global;

9.3. acolher as justificativas de Jones Borralho Gama e de Roberto Vanderlei de Andrade para a prorrogação, em 2010, do contrato 02.0015.00/2009;

9.4. acolher as justificativas de Jones Borralho Gama para o não abatimento do valor contratual decorrente da utilização de softwares pertencentes ao MCT e já instalados naquele órgão;

9.5. acolher parcialmente as justificativas de Jones Borralho Gama e de Roberto Vanderlei de Andrade para todas as demais ocorrências acerca das quais foram ouvidos;

9.6. deixar de aplicar aos gestores mencionados no item anterior, em caráter excepcional, sanção prevista no inciso II do art. 58 da Lei 8.443/1992;

9.7. determinar à Secretaria Executiva do MCT que:9.7.1. refaça o cálculo do acréscimo do serviço “gerenciamento e operação da central de

serviços de TIC”, inicialmente fixado em R$ 591.423,89 (quinhentos e noventa e um mil quatrocentos e vinte e três reais e oitenta e nove centavos) por meio do 2º termo aditivo ao contrato 02.0015.00/2009, com estrita observância das regras do item 1.8 do termo de referência do pregão eletrônico 55/2008 da Universidade Federal da Bahia, e providencie, se for o caso, a glosa ou o ajuste dos valores;

9.7.2. promova a alteração do relatório mensal de atividades e das ordens de serviço utilizadas no processo de execução do contrato 02.0015.00/2009, de maneira que passem a contemplar as informações requeridas pelo item 2.2 do termo de referência do pregão eletrônico 55/2008 da UFBA;

9.7.3. calcule os valores correspondentes às horas trabalhadas no período noturno, compare-os com aqueles efetivamente pagos à empresa a título de adicional noturno, informe-os a este Tribunal, acompanhados da documentação comprobatória (contracheques, planilhas de controle de horário e outros), e promova a glosa das quantias eventualmente pagas a maior;

9.7.4. promova a glosa dos valores correspondentes ao percentual a maior praticado referente à parcela do “13º salário”, que deveria ser de 8,33%, em vez dos 11,44% informados na planilha de formação de preços relativa ao contrato 02.0015.00/2009;

9.7.5. calcule os valores efetivamente pagos à contratada a título de “férias”, compare-os com aqueles recebidos pelos empregados da empresa, a fim de verificar se o total do percentual relativo à rubrica em questão (14,88%) está sendo efetiva e integralmente repassado aos profissionais, e promova, caso contrário, a glosa das quantias pagas a maior;

9.7.6. em futuras contratações de serviços de tecnologia da informação, abstenha-se de aceitar das licitantes propostas de preço que contenham incidência de encargos com alíquotas maiores do que as previstas na legislação vigente, incluindo as referentes às parcelas “férias” e “13º salário”, em consonância com o item 9.2.16.3 do acórdão 1.597/2010 – Plenário;

9.7.7. adote, desde já, a exclusão do pagamento da reserva técnica nos contratos, inclusive no contrato 02.0015.00/2009, ou promova sua renegociação com exclusão dessa despesa, visto não haver justificativas para sua inclusão no termo de referência e em função do risco que tal parcela representa de se onerar indevidamente a Administração;

9.7.8. calcule a soma da remuneração dos profissionais envolvidos e listados nominalmente pela empresa na prestação do serviço “gerenciamento e operação da central de serviços de TIC”, demonstre que esta equivale à diferença entre a remuneração total da mão de obra – no valor de R$

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35.000,00, (trinta e cinco mil reais) conforme planilha de custo e formação de preços – e a soma dos salários dos técnicos alocados, segundo quadro anexo à referida planilha – que totaliza R$ 26.314,52 (vinte e seis mil trezentos e quatorze reais e cinquenta e dois centavos) – e providencie a glosa dos valores pagos a maior, se for o caso;

9.7.9. abstenha-se de prorrogar o contrato 02.0015.00/2009 firmado com a empresa Unitech Tecnologia da Informação S/A, cuja atual razão social é CPM Braxis Outsorcing S/A, a partir de adesão à ata de registro de preço do pregão eletrônico 55/2008 da Universidade Federal da Bahia – UFBA:

9.8. fixar prazo de 60 (sessenta) dias para que a Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia apresente ao Tribunal comprovação do cumprimento das determinações contidas no item anterior;

9.9. encaminhar cópia deste acórdão e do relatório e do voto que o fundamentaram, para ampla divulgação entre os órgãos, entidades e unidades a eles vinculados, aos seguintes órgãos:

9.9.1. Senado Federal: Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática; Diretoria Geral;

9.9.2. Câmara dos Deputados: Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; Diretoria Geral;

9.9.3. Presidência da República: Gabinete de Segurança Institucional;9.9.4 Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: Secretaria de Logística e

Tecnologia da Informação; Secretaria do Orçamento Federal; Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais; Fundação Escola Nacional de Administração Pública;

9.9.5. Ministério da Fazenda: Secretaria do Tesouro Nacional;9.9.6. Controladoria-Geral da União;9.9.7. Conselho Nacional de Justiça;9.9.8. Conselho Nacional do Ministério Público;9.9.9. Advocacia Geral da União: Consultoria Geral;9.9.10. Tribunal de Contas da União: Secretaria Geral da Presidência;9.10. autorizar a Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação – Sefti a adotar,

em conjunto com o Instituto Serzedello Corrêa, ações educativas destinadas a estimular a divulgação deste acórdão e o aperfeiçoamento da governança de TI na administração pública federal.

10. Ata n° 54/2011 – Plenário.11. Data da Sessão: 7/12/2011 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-3231-54/11-P.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz (Relator), Raimundo Carreiro, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.13.2. Ministro que proferiu voto de desempate: Benjamin Zymler.13.3. Ministros com voto vencido: Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Raimundo Carreiro e José Jorge.13.4. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)AROLDO CEDRAZ

Presidente Relator

Fui presente:61

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(Assinado Eletronicamente)CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA

Procuradora-Geral, em exercício

ACÓRDÃO Nº tagNumAcordao – TCU – tagColegiado

1. Processo nº TC 022.804/2010-2. 2. Grupo II – Classe de Assunto: Representação 3. Interessados/Responsáveis:3.1. Interessado: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.3.2. Responsáveis: Elenice da Silva Sousa Santos (256.241.301-63); Ivancir Gonçalves da Rocha Castro Filho (101.740.101-25); Jones Borralho Gama (183.275.161-91); Kátia Rejane Trindade Farias (658.476.951-87); Raul Pequeno Sá Carvalho (934.581.423-04); Roberto Vanderlei de Andrade (052.564.704-00).4. Órgão: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.5.1. Redator: Ministro Raimundo Carreiro.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Sec. de Fisc. de Tec. da Informação (SEFTI).8. Advogados constituídos nos autos: José Vicente Cêra Júnior (OAB/SP 155.962), Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747), Juliana Guilhem Muniz (OAB/SP 185.271).Interessado em sustentação oral: Tadeu Rabelo Pereira (OAB/DF 9.747).9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela Secex-RR, com o intuito de aprofundar o exame de ocorrências detectadas em auditoria realizada no Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT (registro Fiscalis 605/2010, processo TC 013.718/2010-0), no âmbito da fiscalização de orientação centralizada concernente ao Tema de Maior Significância 6 de 2010 – TMS-6/2010 – Gestão e Uso de Tecnologia da Informação – TI.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. acolher as justificativas quanto à ocorrência “adesão parcial ao lote único da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, licitado por empreitada de preço global, em desacordo com o art. 3º, §3º, inciso I, da IN – SLTI/MP 2/2008”, por ter sido considerada elidida a irregularidade, apresentadas pelos seguintes responsáveis:

9.1.1. Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009;

9.1.2. Sr. Roberto Vanderlei de Andrade, CPF 052.564.704-00, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão;

9.2.3. Srª Elenice da Silva Sousa Santos, CPF 256.241.301-63, Chefe de Serviço da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;

9.1.4. Srª Kátia Rejane Trindade Farias, CPF 658.476.951-87, Chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;

9.1.5. Sr. Ivancir Castro Filho, CPF 658.476.951-87, Chefe da Divisão de Licitações, Contratos e Compras;

9.1.6. Sr. Raul Pequeno Sá Carvalho, CPF 934.581.423-04, Coordenador de Atos, Contratos e Convênios;

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9.2. acolher as justificativas quanto à ocorrência “prorrogação do Contrato 02.0015.00/2009, em 2010, que tem natureza emergencial, em desacordo com o art. 24, IV, da Lei 8.666/1993 e jurisprudência do TCU”, por ter sido considerada elidida a irregularidade, apresentadas pelos seguintes responsáveis (itens 64 a 76):

9.2.1. Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009;

9.2.2. Sr. Roberto Vanderlei de Andrade, CPF 052.564.704-00, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão;

9.3. acolher as justificativas quanto à ocorrência “não abatimento do valor contratual, nos termos do art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, em vista da utilização dos softwares de gerenciamento da central de serviços e de inventário e auditoria de ativos pertencentes ao MCTe já instalados no órgão, visto que o fornecimento, a instalação e a manutenção desses softwares eram responsabilidade da contratada, conforme item 1.10.1.2, subitens g e j do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA”, apresentadas pelo Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do contrato, por ter sido considerada elidida a irregularidade (itens 193 a 207);

9.4. rejeitar as razões de justificativas do Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), e fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da data do recebimento das notificações, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), os recolhimentos das penalidades aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente até as datas dos efetivos recolhimentos, nos termos da legislação em vigor, em razão das seguintes infrações:

9.4.1. prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 9 a 42);

9.4.2. adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 43 a 63);

9.4.3. proposta de contratação de serviços da ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que guardavam incompatibilidades com os serviços descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, em desacordo com o art. 3º da IN – SLTI/MP 4/2008 (itens 130 a 144);

9.4.4. demonstração de vantagem insuficiente para justificar a adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, haja vista as incompatibilidades existentes entre os serviços constantes da ata e os descritos no termo de referência elaborado pelo MCT, sobretudo a defasagem de dimensionamento, em desacordo com o art. 8º do Decreto 3.931/2001 (itens 145 a 162);

9.4.5. ausência de termo de aceitação da implantação da central de serviços, conforme estabelecido no item 9 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 182 a 192);

9.4.6. pagamento do serviço de “gerenciamento e operação da central de serviços TIC”, sem comprovação da avaliação da qualidade dos serviços prestados, por meio dos acordos de níveis de serviços estabelecidos no edital, conforme regras estabelecidas nos itens 1.5 a 1.7 do termo de

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referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 237 a 250);

9.4.7. pagamento do serviço de “apoio técnico ao CPD” baseado nas horas trabalhadas, sem apresentação dos produtos entregues, da metodologia e dos padrões acordados, bem como das condições de aceite dos serviços, conforme regras estabelecidas no item 2.2 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, em desacordo com o art. 55, inciso XI, c/c o art. 66 da Lei 8.666/1993 (itens 251 a 262);

9.5. rejeitar as razões de justificativas do Sr. Jones Borralho Gama, CPF 183.275.161-91, Coordenador-Geral de Gestão de TI e fiscal do Contrato 02.0015.00/2009, quanto à ocorrência “proposta de contratação de serviços passíveis de parcelamento, em desacordo com o art. 23, §1º, da Lei 8.666/1993”, deixando de aplicar-lhe, excepcionalmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, visto que a irregularidade é decorrente da falha no planejamento da contratação, a qual gerou outras irregularidades que geraram proposta de sansão ao responsável, e que o resultado da contratação possivelmente seria o mesmo caso o MCT tivesse parcelado e também aderido à ata da UFBA para os dois itens oriundos deste parcelamento (itens 163 a 181);

9.6.. rejeitar as razões de justificativas do Sr. Roberto Vanderlei de Andrade, CPF 052.564.704-00, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), e fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da data do recebimento das notificações, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), os recolhimentos das penalidades aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente até as datas dos efetivos recolhimentos, nos termos da legislação em vigor, em razão das seguintes infrações:

9.6.1. prorrogação excepcional, em 2008, do Contrato 02.0007.00/2003, firmado em 2003, sem ocorrência de fato excepcional que autorizasse o fundamento do art. 57, § 4º, da Lei 8.666/1993, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 9 a 42);

9.6.2. adesão à ata de registro de preço do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA, que originou o Contrato 02.0015.00/2009, decorrente da não elaboração de termo de referência a tempo de realizar nova contratação, o que ocasionou contratação semelhante à de caráter emergencial, sem que estivessem presentes os requisitos definidos pelo art. 24, IV, da Lei 8.666/1993, e pela jurisprudência do TCU (Acórdãos 1.667/2008-TCU-Plenário, 1.424/2007-TCU-1ª Câmara, 788/2007-TCU-Plenário) (itens 43 a 63);

9.7. autorizar, com fulcro no art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, desde logo, a cobrança judicial das multas, caso não atendidas as notificações;

9.8. determinar, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, à Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia, que:

9.8.1. refaça o cálculo relativo ao acréscimo do serviço “gerenciamento e operação da central de serviços de TIC”, inicialmente praticado em R$ 591.423,89 por meio do 2º termo aditivo ao Contrato 02.0015.00/2009, seguindo estritamente as regras editalícias constantes no item 1.8 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da Universidade Federal da Bahia, e providencie, se for o caso, a glosa ou o ajuste dos valores (item 236);

9.8.2. promova a alteração do relatório mensal de atividades e das ordens de serviço utilizadas no processo de execução do Contrato 02.0015.00/2009, de maneira que passem a contemplar as informações requeridas pelo item 2.2 do termo de referência do Pregão Eletrônico 55/2008 da UFBA (item 256):

9.8.3. calcule os valores correspondentes às horas trabalhadas no período noturno, comparando-os com aqueles efetivamente pagos à empresa a título de adicional noturno, informando-os a este Tribunal, acompanhados da documentação comprobatória (contracheques,

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planilhas de controle de horário etc), promovendo a glosa dos valores eventualmente pagos a maior (item 287);

9.8.4. promova a glosa dos valores correspondentes ao percentual a maior praticado, referente à parcela do “13º salário”, que deveria ser de 8,33%, em vez dos 11,44% informados na planilha de formação de preços relativa ao Contrato 02.0015.00/2009 (item 288);

9.8.5. calcule os valores efetivamente pagos à contratada a título de “férias”, comparando-os com os valores recebidos pelos empregados da empresa, a fim de verificar se o total do percentual relativo à rubrica em questão (14,88%) está sendo efetiva e integralmente repassado aos profissionais, promovendo, caso contrário, a glosa dos valores pagos a maior (item 310);

9.8.6. nas futuras contratações de serviços de tecnologia da informação, abstenha-se de aceitar das licitantes propostas de preço que contenham incidência de encargos com alíquotas maiores do que as previstas na legislação vigente, incluindo as referentes às parcelas “férias” e “13º salário”, em consonância com o item 9.2.16.3 do Acórdão 1.597/2010-TCU-Plenário (item 311);

9.8.7. adote, desde já, a exclusão do pagamento da reserva técnica nos contratos, inclusive no Contrato 02.0015.00/2009, ou a sua renegociação com a exclusão dessa despesa, visto não haver justificativas para sua inclusão no termo de referência e em função do risco que tal parcela representa de se onerar indevidamente a Administração (item 331);

9.8.8. calcule a soma da remuneração dos profissionais envolvidos e listados nominalmente pela empresa na prestação do serviço “gerenciamento e operação da central de serviços de TIC”, demonstrando que esta equivale a diferença entre a remuneração total da mão de obra, no valor de R$ 35.000,00, conforme planilha de custo e formação de preços e a soma dos salários dos técnicos alocados, constantes de quadro anexo à referida planilha, que totaliza R$ 26.314,52, providenciando a glosa dos valores pagos a maior, se for o caso (item 363);

9.9. fixar o prazo de sessenta dias para que a Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia apresente ao Tribunal comprovação do cumprimento das determinações expedidas conforme item anterior;

9.10. encaminhar cópia deste acórdão e do relatório e do voto que o fundamentaram, para ampla divulgação entre os órgãos, entidades e unidades a eles vinculados, aos seguintes órgãos:

9.10.1. Senado Federal: Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática; Diretoria Geral;

9.10.2. Câmara dos Deputados: Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; Diretoria Geral;

9.10.3. Presidência da República: Gabinete de Segurança Institucional;9.10.4 Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: Secretaria de Logística e

Tecnologia da Informação; Secretaria do Orçamento Federal; Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais; Fundação Escola Nacional de Administração Pública;

9.10.5. Ministério da Fazenda: Secretaria do Tesouro Nacional;9.10.6. Controladoria-Geral da União;9.10.7. Conselho Nacional de Justiça;9.10.8. Conselho Nacional do Ministério Público;9.10.9. Advocacia Geral da União: Consultoria Geral;9.10.10. Tribunal de Contas da União: Secretaria Geral da Presidência;

9.11. autorizar a Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação – Sefti a adotar, em conjunto com o Instituto Serzedello Corrêa, ações educativas destinadas a estimular a divulgação deste acórdão e o aperfeiçoamento da governança de TI na administração pública federal.

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