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Rita Luz – 2004/2005 Sistema Endócrino Sistema Endócrino Introdução As glândulas endócrinas sintetizam e secretam as hormonas que actuam a nivel de órgãos-alvo Geralmente são compostas por ilhas de células secretoras de origem epitelial com tecido de sustentação interveniente que é rico em capilares sanguíneos e linfáticos. As células secretoras descarregam o seu produto hormonal dentro de espaços intersteciais, dos quais são rapidamente absorvidos para dentro do sistema circulatório. As glândulas endócrinas ñ têm ductos. As células secretoras endócrinas são caracterizadas por núcleos proeminentes e abundantes organelos citoplasmáticos: mitocôndrias, RE, AG e vesiculas de secreção. Glândulas endócrinas: Hipófise Tiroide Paratiroide Supra-renais Pâncreas endócrino Baseado em: Histologia e Biologia Celular de A. Kierszenbaum (capitulos 18 e 19) Wheater Histologia Funcional de B. Young e J.W. Heath (capitulo 17)

15. Sistema Endocrino

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Rita Luz – 2004/2005

Sistema EndócrinoSistema EndócrinoIntrodução

– As glândulas endócrinas sintetizam e secretam as hormonas que actuam a nivel de órgãos-alvo

– Geralmente são compostas por ilhas de células secretoras de origem epitelial com tecido de sustentação interveniente que é rico em capilares sanguíneos e linfáticos.

– As células secretoras descarregam o seu produto hormonal dentro de espaços intersteciais, dos quais são rapidamente absorvidos para dentro do sistema circulatório.

– As glândulas endócrinas ñ têm ductos.– As células secretoras endócrinas são caracterizadas por núcleos

proeminentes e abundantes organelos citoplasmáticos: mitocôndrias, RE, AG e vesiculas de secreção.

Glândulas endócrinas: Hipófise Tiroide Paratiroide Supra-renais Pâncreas endócrino

Hipófise

Baseado em:Histologia e Biologia Celular de A. Kierszenbaum (capitulos 18 e 19)Wheater Histologia Funcional de B. Young e J.W. Heath (capitulo 17)

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– A hipófise desempenha um papel fundamental no sistema endócrino, já que as suas secreções são controladas pelo hipotálamo, existindo um sistema porta-hipofisário que transporta as neuro-hormonas hipotalâmicas para uma das porções da hipófise

– As hormonas produzidas pelas glândulas hipófiso-dependentes controlam as secreções hipotalâmicas por um sistema de "feedback".

– Desta forma, a hipófise é uma "estação" intermédia no mecanismo de integração e regulação recíproca entre o Sistema Nervoso Central e o Sistema Endócrino.

A hipófise consiste em dois tecidos embriologicamente distintos adeno-hipófise: porção epitelial glandular; neuro-hipófise, porção neural.

Origem embriológica da hipófise

– A adeno-hipófise e a neuro-hipófise possuem origens embriológicas diferentes.

– A adeno-hipófise se origina de uma evaginação (bolsa de Rathke) do ectoderma que reveste a futura cavidade oral e se estende para cima em direção à neuro-hipófise em desenvolvimento.

– É possivel encontrar vestigios da cavidade de Rathke no adulto, localizada à frente da pars intermedia.

– A neuro-hipófise desenvolve-se a partir de uma invaginação do pavimento do diencéfalo.

– O pedículo ligado à bolsa de Rathke desaparece– O pedículo de conexão da neuro-hipófise permanece como eixo do

pedículo infundibular.– A bolsa de Rathke desenvolve-se em três regiões diferentes:

1. Células da superfície anterior da bolsa, que dão origem a pars distalis

2. Células da superfície posterior, que invadem o processo infundibular

3. Extensões superiores da bolsa que envolvem o pedículo infundibular, formando a pars tuberalis.

Adeno-hipófise

– Os hormônios da adeno-hipófise são produzidos pelas células epiteliais, armazenados em grânulos - sem uma proteína transportadora - e

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libertados de maneira cíclica, rítmica ou pulsátil no plexo capilar secundário por estímulos endócrinos.

– A adeno-hipófise é formada por três subdivisões:

1. Pars distalis, ou lobo anterior (parte principal da glândula)2. Pars tuberalis envolve o infundíbulo, formando o pedículo da

glândula. 3. Pars intermedia, ou lobo intermediário, é rudimentar no adulto,

e separa a pars distalis da neuro-hipófise. Constituida por células basófilas secretoras de MSH.

Histologia da pars distalis (lobo anterior)

A pars distalis é formada por três componentes: 1. cordões de células epiteliais2. um estroma de tecido conjuntivo que fornece a mínima sustentação3. capilares fenestrados (sinusóides), parte do plexo capilar

secundário.

– Não existe barreira hematoencefálica na adeno-hipófise. – As células epiteliais estão organizadas em cordões permeados por

capilares fenestrados, transportando o sangue do hipotálamo. – As hormonas secretadas difundem-se para a rede capilar, que drenam

para as veias hipofisárias e, então, para os seios venosos.– Existem três tipos distintos de células endócrinas na adenohipófise:

1. Acidófilas (nas porções laterais da glândula) secretam a hormona de crescimento e a prolactina

2. Basófilas (no meio da glândula) secretam a FSH, LH, TSH e ACTH

3. Cromófobas (células sem coloração citoplasmática), que são células que já excretaram seu conteúdo hormonal e perderam a afinidade tintorial típica de células acidófilas ou de células basófilas.

Classificação das células cromófilas secretoras Hormona LibertadaAcidófilas Somatotróficas hormona do crescimento

Mamotróficas prolactinaBasófilas Gonadotróficas LH e FSH

Tirotróficas TSHCorticotróficas ACTH

Neurohipófise

A neuro-hipófise é formada por duas subdivisões:

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1. Pars nervosa, ou lobo posterior2. Infundíbulo, constituído de dois componentes:

2.1. processo infundibular2.2. eminência média (extensão que se estende até o hipotálamo)

A neuro-hipófise constitui-se, de três componentes histológicos 1. pituicitos2. axónios derivados de células neuroendócrinas3. capilares fenestrados que são derivados da artéria hipofisária

inferior

Pituicitos

– Fornecem sustentação aos axônios– São células da glia semelhantes aos astrócitos com

abundantes proteínas ácidas fibrilares gliais, um filamento intermediário de proteína, e algumas gotículas lipídicas no seu citoplasma.

– Os processos citoplasmáticos dos pituícitos:1. envolvem os axônios derivados de células

neuroendócrinas2. projectam-se entre as terminações dos axônios e a

lâmina basal que envolvem os capilares fenestrados3. retraem-se para permitir a libertação de grânulos

secretores armazenados nos axônios terminais para o sangue.

Axónios derivados de células neuroendócrinas

– Os axônios na neuro-hipófise derivam do núcleo supra-óptico e do núcleo paraventricular.

– Alguns neurônios do núcleo paraventricular são pequenos e seus axônios projectam-se para a eminência média em vez de se projectarem para o pars nervosa.

– Estes neurônios, denominados neurônios parvicelulares, secretam ADH e oxitocina para o sangue porta hipofisário da eminência média.

– Grandes neurônios do núcleo supra-óptico e do núcleo paraventricular, chamados de neurónios magnicelulares dão origem aos axônios que formam a via hipotálamo-hipofisária.

– As terminações destes neurônios estão localizadas na pars nervosa. – Os axônios, com segmentos expandidos intermitentes e terminais

(chamado de corpos de Herring) contendo os produtos secretados, são encontrados na pars nervosa (lobo posterior).

– O núcleo supra-óptico e o núcleo paraventricular contêm neurônios que sintetizam ADH e oxitocina.

– Contudo, os neurónios do núcleo supra-óptico produzem principalmente o ADH e o núcleo paraventricular sintetiza principalmente a oxitocina.

– As hormonas são transportadas até à neuro-hipófise, onde são armazenadas em grânulos de secreção nas porções terminais dilatadas dos axónios.

– A libertação destas hormonas neuro-hipofisárias é controlada por impulsos nervosos que têm origem no hipotálamo, por um mecanismo de neurosecreção.

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– Além destes dois núcleos, o hipotálamo tem núcleo adicional, o nucleo hipotálamo-hipofisiotrópico, com neurónios produtores de hormonas de libertação e de inibição, que são liberados em capilares fenestrados do plexo primário

– Embora as células neuroendócrinas do núcleo supra-óptico e do paraventricular estejam localizadas atrás da barreira hematoencefálica, os seus produtos são transportados para as terminações nervosas e libertados para fora da barreira hematoencefálica, nos capilares fenestrados.

Sistema porta hipotálamo-hipofisário

– A artéria hipofisária superior (derivada da artéria carótida interna) penetra na eminência média e na parte superior do pediculo infundibular e forma o primeiro plexo capilar sinusoidal (plexo capilar primário)

– O plexo capilar primário recebe a secreção das células neuroendócrinas agrupadas no núcleo hipotálamo-hipofisiotrópico neuroendócrino.

– Os capilares venosos oriundos do plexo capilar primário se projetam para infundíbulo e para a pars tuberalis para formar as veias portas.

– Os capilares originados das veias porta formam um plexo capilar secundário que vasculariza a adeno-hipófise e recebe secreções das células endócrinas da adeno-hipófise.

– Não existe fornecimento directo de sangue arterial para a adeno-hipófise.

– O sistema porta hipotálamo-hipofisário permite:1. o transporte de hormônios de liberação e de inibição

hipotalâmicos do plexo capilar primário para as células epiteliáis produtoras de hormônios da adeno-hipófise;

2. a secreção de hormônios da adeno-hipófise no plexo capilar secundário para a circulação geral

3. a integração funcional do hipotálamo com a adeno-hipófise, feita pelas veias porta.

– Um terceiro plexo capilar, derivado da artéria hipofisária inferior, vasculariza a neuro-hipófise e recebe as secreções das células neuroendócrinas presentes no hipótálamo.

– Os produtos secretados (vasopressina e oxitocina) são transportados ao longo dos axônios para a neuro-hipófise.

– As artérias hipofisárias superior e inferior são conectadas pela artéria trabecular.

Glândula pineal

– A glândula pineal é formada por células com função neurosecretora

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– A glândula pineal está ligada ao cérebro por uma haste, mas não há conexões nervosas directas da glândula pineal com o cérebro

– Em vez disso, fibras nervosas simpáticas pós-ganglionárias provenientes do gânglio cervical superior enervam a glândula pineal.

– A função da glândula pineal é regulada pelos nervos simpáticos.– A glândula pineal secreta melatonina, cuja sintese a partir do

triptonano é estimulada pela escuridão e inibida pela luz. A função desta hormona está relacionada com a regulação dos ciclos circadianos.

Desenvolvimento da glândula pineal

– A glândula pineal desenvolve-se a partir de uma projecção sacular da porção posterior do tecto do diencéfalo na linha média do terceiro ventrículo.

– A diverticulação e invaginações continuadas resultam numa massa parenquimal sólida de cordões e aglomerados de pinealócitos e células intersticiais semelhantes às células da glia.

Histologia da glândula pineal

Dois tipos celulares formam a glândula pineal 1. pinealócitos 2. células intersticiais semelhantes às células da glia

Pinealócitos– São células secretoras de melatonina organizadas em

cordões aglomerados, que repousam sobre uma lâmina basal– Estão envoltas por tecido conjuntivo contendo vasos

sanguíneos com células endoteliais fenestradas e nervos. – Os pinealócitos possuem dois ou mais processos celulares que

terminam em expansões bulbosas e 1 deles termina próximo de capilares.

– O citoplasma contém numerosas mitocôndrias e multiplas sinapses em faixa, com distribuição aleatória

Células intersteciais– São encontradas entre os pinealócitos, sendo

semelhantes à glia– Juntamente com o tecido conjuntivo derivado das

meninges fornecem sustentação aos pinealócitos.

– A glândula pineal não possui barreira hematoencefálica

– Uma caracteristica da glândula pineal é a presença de áreas de calcificação – areias da pineal.

– Os pinealócitos secretam uma matriz extracelular, onde cristais de fostato de cálcio se depositam, sem alteração da função da glândula.

Glândula Tiroideia

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– A glândula tireiideia é uma glândula endócrina situada no pescoço, à frente da parte superior da traqueia.

– É constituida por 2 lobos e um istmo.– A glândula tireoideia produz hormonas de dois tipos:

1. Tri-iodotironina (T3) e tiroxina (tetra-iodotironina, T4)2. Calcitonina

– A glândula tireoideia é a única que armazena grandes quantidades de hormona na sua forma de um percursor, dentro de compartimentos extracelulares no centro dos folículos

– Esta acumulação faz-se no colóide, o qual é principalmente constituído pela glicoproteína tiroglobulina (o que lhe confere positividade com o PAS), que é posteriormente convertida em T4 e T3 pelas células foliculares.

Desenvolvimento da glândula tiroideia

– O volume maior da glândula se desenvolve a partir de uma evaginação endodérmica epitelial para baixo a partir da língua fetal

– Uma estrutura transitória, o ducto tireoglosso, liga a glândula em desenvolvimentoo ao seu ponto de origem, o foramen cego.

– As células secretoras de calcitonina derivam do elemento último-branquial da quarta bolsa branquial.

Organização histológica da glândula tiroideia

– A glândula apresenta-se envolvida por uma cápsula externa de tecido conjuntivo laxo e por uma cápsula interna de tecido fibro-elástico que envia septos para o interior do parênquima glandular.

– Esses septos essencialmente constituídos por fibras reticulares vão-se adelgaçando e delimitam os folículos tiroideus – as unidades estruturais da glândula tiroideia.

– Os septos conduzem um rico suprimento sanguíneo juntamente com vasos linfáticos e nervos.

Folículos Tiroideus

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– Cada folículo é constituído por uma camada de tecido epitelial cúbico que se dispõe limitando um espaço esférico preenchido por uma substância designada colóide.

– O coloide contém um complexo glicoproteico – tiroglobulina – que armazena os hormônios da tireóide antes de estes serem secretados.

– O epitélio folicular tiroideu repousa sobre uma lâmina basal. – As suas células apresentam-se todas com polaridade bem definida,

núcleo central e esférico, citoplasma apical eosinófilo - características de células que simultaneamente sintetizam e secretam proteínas.

– Estas características traduzem-se ultrastruturalmente na sua porção basal por riqueza em retículo endoplasmático rugoso e algumas mitocôndrias;

– A porção apical contém aparelhos de Golgi, grânulos de secreção, lisossomas, vacúolos e algumas microvilosidades fazendo protusão para a superfície luminal.

– O aspecto dos folículos tiroideus varia de acordo com a região da glândula e com a sua actividade funcional:

Activa: aumenta a altura da célula, diminui a quantidade de colóide e o tamanho do folículo.

Inactiva: os folículos estão distendidos por acumulação de colóide e as suas células de revestimento aparecem achatadas contra a membrana basal.

Células parafoliculares

– O segundo tipo de célula secretora é encontrado na glândula tiroideia como células isoladas espalhadas entre as células foliculares, dentro da membrana basal dos folículos.

– No homem, as células C ou células parafoliculares são usualmente menos notáveis, com um citoplasma granular pálido

– As células C sintetizam e secretam a calcitonina em resposta direta aos níveis elevados de cálcio no sangue e têm as características estruturais e funcionais das células neuroendócrinas.

– As células C têm uma origem embriológica diferente das células foliculares e em algumas espécies constituem um órgão endócrino separado chamado de corpo último-branquial.

– As células C são encontradas apenas no terço médio dos lobos laterais da tireóide.

Glândula Paratiroideia

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– As glândulas paratiroideias são geralmente em número de 4, 2 de cada lado (superior e inferior), situadas na linha póstero-interna do lobo da tiroideia respectivo.

– A glândula paratiroideia desempenha uma função vital no controle hormonal do metabolismo fosfo-cálcico através da paratormona.

– A secreção desta hormona é estimulada por um decréscimo dos níveis plasmáticos de cálcio, voltando a diminuir quando da normalização da calcémia.

– O seu desenvolvimento embrionário dá-se a partir da endoderme, mais propriamente do 3º e 4º sacos faríngeos.

Organização histológica da glândula paratiroideia

– Encontram-se dentro da cápsula que reveste a tiroideia, ou mesmo no interior desta glândula, sendo por sua vez revestidas por uma cápsula própria que as individualiza.

– Esta cápsula de tecido conjuntivo emite septos que se prolongam para o interior da glândula e contêm vasos sanguíneos e algumas fibras nervosas destinados ao parênquima glândular, além de células adiposas que vão aumentando com a idade.

– Estes septos dividem o parênquima em grupos celulares dispostos em forma de cordões anastomosados entre si.

– O parênquima da glândula paratiroideia é constituído por células epiteliais glandulares e por uma rede de fibras reticulares que as sustentam.

– Essas células epiteliais são de dois tipos: células principais e oxifilícas

Células Principais– São células pequenas de forma poligonal, com um núcleo grande

relativamente ao citoplasma. – O citoplasma apresenta uma coloração que pode ser mais ou menos

eosinófila, sendo o grau de coloração directamente proporcional à actividade de secreção.

– Recorrendo à microscopia electrónica observam-se pequenos grânulos de secreção distribuídos pelo citoplasma, em maior número junto dos capilares sanguíneos.

– Estes grânulos segregam a hormona paratiroideia ou paratormona.

Células Oxifilícas– São células poligonais, maiores que as células principais, embora em

muito menor número.– Aparecem em agregados, sendo o núcleo mais reduzido em relação ao

citoplasma. – O citoplasma é acidófilo (coloração fortemente eosinófila), contendo

numerosas mitocôndrias e vários grânulos. – Estas células só aparecem por volta dos 5 a 7 anos, aumentando em

número com a idade principalmente a partir da puberdade. – A sua função não é conhecida.

Glândula Supra-renal

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– As glândulas supra-renais são em número de duas e encontram-se no abdómen, no espaço retroperitoneal sobre os pólos superiores de cada rim.

– São glândulas pequenas e achatadas e o seu tamanho varia com a idade e com as condições fisiológicas.

– Estas glândulas são do tipo endócrino e a sua função básica relaciona-se com a homeostasia do organismo, ou seja, a manutenção da constância do meio interno, o que se deve às acções globais das hormonas secretadas por estas glândulas.

– Estímulos dos mais variados, tanto fisiológicos como patológicos, nomeadamente tensão emocional, jejum, variação da temperatura, infecções, administração de drogas diversas, exercício muscular e hemorragias, provocam um aumento da produção de ACTH pela hipófise através de estimulação do sistema nervoso central que se reflete no hipotálamo.

– A ACTH, por sua vez, actua na glândula supra-renal.

– As supra-renais são revestidas por uma cápsula composta por fibroblastos, colagénio e fibras elásticas.

– Trabéculas de tecido conjuntivo penetram no córtex transportando nervos e vasos sanguineos para a medula.

– O estroma é formado por uma rede de fibras reticulares que se continuam com a cápsula.

Desenvolvimento das glândulas supra-renais

– As glândulas supra-renais são orgãos que contêm dois territórios estrutural, funcional e embriológicamente diferentes, o córtex e a medula.

– O córtex provém do epitélio celómico, e portanto da mesoderme– A medula se origina nas células da crista neural, sendo, portanto de

origem neuroectodérmica.

Córtex

– O córtex é constituido por cordões de células epiteliais.– Secreta uma variedade de hormônios esteróides, todos estruturalmente

relacionados com seu precursor comum, o colesterol– Com base nessa arquitectura distinguem-se três zonas:

1. zona glomerulosa2. zona fasciculada 3. zona reticular

Zona Glomerulosa

– A zona glomerulosa é a mais periférica

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– Os seus cordões celulares têm forma irregular e arqueada, e ocupa cerca de 1/10 da altura do córtex.

– As células epiteliais são prismáticas com pouco citoplasma e núcleo arredondado.

– O citoplasma acidófilo dessas células tem coloração homogénea mas onde se podem detectar algumas goticulas lipidicas importantes para a síntese de esteróides.

– Ultrastruturalmente as células possuem um reticulo endoplasmático liso bem desenvolvido, ribossomas livres abundantes e numerosas mitocôndrias.

– A superficie celular é irregular e apresenta algumas microvilosidades projectadas para o espaço intercelular.

– A zona glomerulosa secreta hormonas mineralocorticóides, principalmente a aldosterona que está relacionada com a homeostase hidro-electrolítica.

Zona fasciculada

– A zona fasciculada ocupa cerca de 6/10 no centro do córtex. – Os cordões celulares formam colunas estreitas acompanhadas por

capilares igualmente estreitos que se anastomosam livremente. – A maior parte das células epiteliais é cilíndrica e maior do que na zona

glomerulosa. – O citoplasma com aspecto reticulado tem pouca afinidade para os

corantes habituais devido a conter grandes inclusões lipidicas. – Ao microscópio electrónico observam-se numerosas mitocôndrias

esféricas e relativamente largas, mas não se observa abundante reticulo endoplasmático rugoso.

– São particularmente abundantes o glicogénio e os ribossomas livres.

– O aparelho de Golgi é de tamanho médio, sendo ainda possivel encontrar pequenos lisossomas.

– A zona fasciculada secreta hormonas glicocorticóides, principalmente o cortisol, que possui uma variedade de efeitos sobre o metabolismo dos glícidos, lípidos e proteínas.

Zona reticular

– A zona reticular é a mais interna do córtex e rodeia a medula. – Consiste numa rede irregular de cordões ramificados e agregados de

células epiteliais separadas por numerosos capilares, por vezes de grande diâmetro.

– As células epiteliais são pequenas e cubóides e o seu núcleo é pequeno.

– O citoplasma contém poucas gotículas lipídicas logo apresenta-se mais intensamente corado que nas outras regiões do córtex.

– Estas células podem conter grandes acumulações de pigmento de lipofuscina é visivel em microscopia óptica como depósitos castanhos.

– A zona reticular é provavelmente responsável pela secreção de pequenas quantidades de androgénios e glicocorticóides.

Medula

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– Embriologicamente, a medula adrenal tem uma origem semelhante à do sistema nervoso simpático e pode ser considerada um adjunto altamente especializado desse sistema.

– Secreta catecolaminas: dopamina, epinefrina e norepinefrina– A medula consiste em células cilíndricas formando uma rede de

cordões à volta de capilares e vénulas. – As células medulares apresentam grandes núcleos e um extenso

citoplasma intensamente basófilo levemente granular, que contém escasso retículo endoplasmático e nenhum lipídeo armazenado.

– Ao microscópio electrónico encontra-se aparelho de Golgi de grande dimensão.

– As mitocôndrias são pequenas e em número reduzido enquanto que os ribossomas livres e acumulações de glicogénio são abundantes.

– As hormonas produzidas não são secretadas após a sintese, mas sim armazenadas em grânulos citoplasmáticos e secretadas após estimulo.

– Quando fixados por sais de cromo, os grânulos de catecolaminas das células medulares adrenais são oxidados a uma cor castanha; consequentemente, o nome de células cromafins foi frequentemente aplicado às células secretoras da medula adrenal.

– A medula apresenta dois tipos de células secretoras, as responsáveis pela secreção de epinefrina que são as mais comuns e as responsáveis pela secreção de norepinefrina.

– As células contendo norepinefrina exibem uma reação cromafim muito mais fortemente positiva que as células secretoras de epinefrina.

Vascularização da glândula supra-renal

– A glândula adrenal é suprida pelas artérias supra-renais superior, média e inferior, que formam um plexo imediatamente abaixo da cápsula da glândula.

– O sistema vascular do córtex é constituído por uma rede anastomótica de capilares sinusóides suprida por ramos do plexo subcapsular, conhecidos por artérias corticais curtas.

– Os sinusóides descem entre os cordões de células secretoras na zona fasciculada para dentro de um plexo profundo na zona reticular antes de drenarem para dentro de vênulas pequenas que convergem sobre a veia central da medula.

– As veias medulares centrais contêm feixes longitudinais de músculo liso entre os quais entram as vênulas corticais; acredita-se que a contração desse músculo liso represe o sangue cortical e, desse modo, regule o fluxo.

– A medula é suprida por artérias corticais longas que descem do plexo subcapsular através do córtex para dentro da medula, onde se ramificam numa rica rede de capilares dilatados circundando as células secretoras.

– Os capilares medulares drenam para dentro da veia central da medula. – Desse modo, as células secretoras da medula estão expostas a sangue

arterial fresco, bem como a sangue rico em adrenocorticosteróides, que se acredita terem uma influência importante sobre a síntese de adrenalina pela medula.

Pâncreas Endócrino

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– O pâncreas é um orgão rosado localizado retroperitonealmente ao nível da segunda e terceira vértebras lombares.

– À direita, a sua cabeça relaciona-se com a sua porção média do duodeno e o seu corpo e cauda estendem-se transversalmente pela parede abdominal posterior até ao baço.

– É a segunda maior glândula associada ao tubo digestivo. – É constituído por uma porção exócrina com sistema de ductos, que

secreta sucos digestivos essenciais à digestão dos hidratos de carbono, gorduras e proteínas da dieta.

– Contém igualmente uma porção endócrina que secreta hormonas essenciais para o controlo do metabolismo dos hidratos de carbono.

– As células endócrinas não têm sistema de ductos, os seus produtos de secreção, como os das restantes glândulas endócrinas, são libertados directamente na corrente sanguínea.

Desenvolvimento do pâncreas

– O epitélio embrionário dos ductos pancreáticos é constituído por células potencialmente exócrinas e endócrinas.

– Durante o desenvolvimento, as células endócrinas migram do sistema de ductos e se agregam em torno de capilares para formar aglomerados discretos de células, conhecidos como ilheus de Langerhans, espalhadas por todo o tecido glandular exócrino.

Organização histológica do pâncreas

– A função endócrina do pâncreas é desempenhada por pequenos grupos de células endócrinas, formando os ilhéus de Langerhans, que estão espalhados pela glândula.

– São um pouco mais numerosos na cauda do que no corpo e cabeça. – Os ilhéus estão separados do tecido acinar envolvente por uma fina

camada de fibras reticulares. – No interior do ilhéu, o estroma reticular está fundamentalmente

associado aos vasos sanguíneos. – As células endócrinas são pequenas, com um citoplasma granular

palidamente corado; em contraste, as grandes células dos ácinos pancreáticos circundantes coram-se intensamente.

– Essa diferença da intensidade da coloração reflete a quantidade relativamente maior de retículo endoplasmático rugoso nas células exócrinas, que secretam grandes quantidades de proteína

– Os ilhéus de Langerhans contêm três tipos principais de células, cada uma secretando uma hormona diferente:

α Glicagina (25%) β Insulina (70%) Somatostatina (<5%) F Polipéptido pancreático (vestigiais)

– Em cortes histológicos corados com hemalúmen-eosina, estes tipos celulares não se distinguem bem, e os ilhéus apenas aparecem como grupos arredondados de células que coram menos intensamente que o tecido acinar envolvente.

– A utilização de tricrómios ou técnicas de impregnação metálica torna possível a distinção daqueles tipos celulares mas, hoje em dia, utilizam-

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se fundamentalmente métodos imunocitoquímicos para a demonstração das hormonas secretadas por tais células.

Células α: localizam-se preferencialmente na periferia dos ilhéus, encontrando-

se algumas espalhadas ao longo e no interior dos capilares. contêm um grande número de grânulos de secreção citoplasma com algumas cisternas de retículo endoplasmático rugoso complexo de Golgi na região justa-nuclear

Células β são as predominantes no ilhéu. aparelho de Golgi proeminente

Células δ são as menos abundantes forma variável sendo frequentemente alongadas localizam-se em qualquer parte do ilhéu. grânulos maiores e consideravelmente menos densos que os das

células α.

– As hormonas secretadas pelos três tipos principais de células dos ilhéus de Langerhans estão relacionadas com o controlo dos níveis de glicose em circulação.

– Quando o nível da glicose sanguínea desce abaixo de um nível óptimo, as células secretam glicagina, que eleva a glicose sanguínea.

– Quando este nível se eleva demasiado, as células B libertam insulina que baixa o nível de glicose.

Vascularização do pâncreas

– Cada ilhota é suprida por até três arteríolas, que se subdividem num retículo altamente ramificado de capilares fenestrados, para dentro dos quais as hormonas produzidos no ilhéu são secretados.

– O ilhéu é drenada por cerca de seis vênulas que passam entre os ácinos exócrinos em direção às veias interlobulares.

– Esta estrutura forma o sistema porta insulinoacinoso, permitindo a acção local das hormonas insulares no pâncreas exócrino.

– Um sistema vascular independente, o sistema vascular acinoso, fornece sangue directamente para os ácinos pancreáticos.

Sistema Endócrino Gastrointestinal

– Células neuroendócrinas são encontradas espalhadas na mucosa do trato gastrointestinal e nos ductos pancreáticos e biliares.

– Essas células secretam mais de 20 diferentes hormonas peptídicas e aminados, inclusive gastrina, secretina, CCK, serotonina, enteroglicagina, somatostatina, substância P, peptídeo

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intestinal vasoativo (VIP), bombesina, polipeptídeo inibidor gástrico (GIP), motilina e polipeptídeo pancreático (PP)

– Essas hormonas constituem um sistema de mediadores interativos, que coletivamente regulam e coordenam a maioria dos aspectos da actividade gastrointestinal em conjunto com o sistema nervoso autônomo.

– Enquanto algumas dessas substâncias são verdadeiras hormonas endócrinas, atuando a distância de seu sítio de origem, outras são mediadores que actuam localmente, por acção parácrina.

– Um terceiro mecanismo de acção (neurócrino) é realizado por actividade neurotransmissora, e, de facto, algumas dessas substâncias também actuam como neurotransmissores dentro do sistema nervoso central (gastrina, VIP, CCK e muitas outras).

– As células endócrinas podem estar localizadas em qualquer nível da mucosa, da base das glândulas até as extremidades das vilosidades.

– As células expostas ao lúmen do tracto podem ser receptivas ao conteúdo gastrointestinal; estas são chamadas de tipo aberto

– Outras células endócrinas estão situadas profundamente à superfície, o tipo fechado, e podem ser receptivas a alterações do ambiente tecidual local.

– As células responsáveis pela secreção de um hormônio particular tendem a localizar-se numa região anatómica particular no trato, mas há considerável superposição da distribuição.

Sistema Endócrino Respiratório

– O tracto respiratório inferior contém espalhadas células endócrinas secretoras de peptídeos e aminas, análogas às do tracto gastrointestinal, que estão provavelmente envolvidas na regulação mediada, pelo sistema nervoso autónomo, da função do trato respiratório, particularmente na primeira infância.

– As células endócrinas estão espalhadas individualmente no epitélio ou em aglomerados que protruem para dentro da via aérea e têm uma variedade de produtos de secreção, inclusive serotonina, calcitonina, bombesina e leu-encefalina.

Sistema NeuroEndócrino Difuso

As células pertencentes a este sistema: produzem aminas ou peptídeos com actividade semelhante à das

hormonas e/ou à dos neurotransrnissores possuem estruturas semelhantes a vesículas sinápticas ou grânulos

do tipo neurossecretor têm produtos que são liberados por exocitose em resposta a

estímulos externos.

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– O grupo de células neuroendócrinas inclui células que formam parte de glândulas endócrinas reconhecidas, como as células da medula adrenal, as células C da tiroideia, as células das ilhotas de Langerhans, as células produtoras de ACTH e de MSH da pituitária, bem como as células neuroendócrinas espalhadas difusamente nos tratos gastrointestinal, respiratório e urogenital.

– Também estão incluídas nesse grupo as células secretoras de renina do aparelho justaglomerular do rim e as células quirniorreceptoras do corpúsculo carotídeo.

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