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Novidades no cardápio de inverno >AT2 JULIA TERAYAMA/AT Goleada recorde >65 a 68 REUTERS Universitário assassinado em Jardim Camburi >28 e 29 REPRODUÇÃO FACEBOOK R$ 1,50 VITÓRIA-ES | SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013 | ANO LXXI | Nº 24.568 | FUNDADO EM 22/09/1938 | EDIÇÃO DE 108 PÁGINAS MOMENTO em que os manifestantes de Vitória passavam pela Reta da Penha em direção ao Tribunal de Justiça, onde se encontraram com os que vieram de Vila Velha participar do protesto M Ma ai is s d de e 1 10 00 0 m mi il l p pe es ss so oa as s f fo or ra am m à às s r ru ua as s n na a m ma ai io or r m ma an ni if fe es st ta aç çã ão o d de e t to od do os s o os s t te em mp po os s n no o E Es sp pí ír ri it to o S Sa an nt to o. . N No o f fi in na al l, , u um m p pe eq qu ue en no o g gr ru up po o d de e c ce er rc ca a d de e 1 10 00 0 v vâ ân nd da al lo os s p pr ro om mo ov ve eu u q qu ue eb br ra a- -q qu ue eb br ra a n no o T T r ri ib bu un na al l d de e J Ju us st ti iç ça a, , s sa aq qu ue eo ou u l lo oj ja as s e e d de es st tr ru ui iu u t to od da as s a as s c ca ab bi in ne es s d do o p pe ed dá ág gi io o d da a T T e er rc ce ei ir ra a P Po on nt te e. . > >2 2 a a 1 1 6 6 DORA KRAMER A julgar pela reação das ruas, a manipulação por parte do PT encontrou um limite e um velho truque já não funciona mais. >52 ELIANE CANTANHÊDE A família lulista está tão em pé de guerra quanto os manifestantes que ontem quase subiram a rampa do Planalto. >54 O que é possível mudar já Especialistas apontam caminhos para melhorar o País >10 LEONE IGLESIAS/AT M M a a i i o o r r p p r r o o t t e e s s t t o o d d a a h h i i s s t t ó ó r r i i a a a a c c a a b b a a e e m m v v a a n n d d a a l l i i s s m m o o

1,50 LEONE IGLESIAS/AT Maior protesto da história acaba em ... · Para o professor de Direito Penal ... JOSÉ NAZAR acredita que o que o povo quer é ser ouvido pelos governantes

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Nov i d a d e sno cardápiode inverno>AT 2

JULIA TERAYAMA/AT

Goleadare c o r d e>65 a 68

REUTERS

U n i ve r s i tá r i oa ss a ss i n a d oem JardimCamburi >28 e 29

REPRODUÇÃO FACEBOOK

R$ 1,50

VITÓRIA-ES | SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013 | ANO LXXI | Nº 24.568 | FUNDADO EM 22/09/1938 | EDIÇÃO DE 108 PÁGINAS

MOMENTO em que os manifestantes de Vitória passavam pela Reta da Penha em direção ao Tribunal de Justiça, onde se encontraram com os que vieram de Vila Velha participar do protesto

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DORA KRAMERA julgar pela reação dasruas, a manipulação porparte do PT encontrou umlimite e um velho truque jánão funciona mais. >52

ELIANE CANTANHÊDEA família lulista está tãoem pé de guerra quanto osmanifestantes que ontem quasesubiram a rampa do Planalto.>54

O que é possível mudar jáEspecialistas apontam caminhos para melhorar o País >10

LEONE IGLESIAS/AT

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Reportagem Especial

10 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013

M A N I F ESTA Ç Õ ES

O que o governo pode mudar já?Especialistas defendemeficiência na prestaçãodos serviços públicos emais transparência naaplicação dos recursosna saúde e na educação

FERNANDO RIBEIRO - 15/04/2010

HUGO BRANDÃO: “Alegar que faltam recursos é justificativa ultrapassada”

As manifestações que se espa-lharam pelas ruas do País,inclusive no Estado, têm em

comum a insatisfação em relação aproblemas históricos no Brasil, co-mo as deficiências na saúde, naeducação, na política e no trans-porte público.

É o que confirmam especialistasem economia, sociologia, adminis-tração pública e direito, que foramentrevistados pela reportagem deA Tribuna para apontarem cami-nhos que podem ser seguidos pe-los governantes para atender àsreivindicações da população.

De acordo com o mestre em Admi-nistração Pública Hugo Júnior Bran-dão, o que falta é o governo cumprirum princípio constitucional, que é oda eficiência em cumprir o seu dever.

“Alegar que faltam recursos éuma justificativa ultrapassada.Existe o recurso, mas ele está sen-do muito mal utilizado.”

Para o sociólogo Erly dos Anjos,o transporte público tem sido dei-xado de lado pelo governo. “É pre-ciso mais transparência na co-brança das tarifas, que tambémdevem ser reduzidas, porque estãorealmente elevadas.”

O economista Antônio MarcusMachado defende que o governodeve rever as suas prioridades, es-pecialmente na educação.

“O currículo escolar deve sermelhorado, o sistema de financia-mento do ensino superior precisaser melhor definido. Também pre-cisamos de mais escolas técnicas.”

Ele também aponta o fim da cor-rupção e do uso político para bene-fício próprio. “É preciso aumentar origor na apuração de atos corruptose na intensidade da punição dessesg ove r n a n t e s ”, disse Machado.

O economista Mário Vasconce-los ressaltou que a saúde tambémprecisa de mudanças. “É necessá-rio construir mais hospitais e in-vestir em infraestrutura.”

Para o professor de Direito PenalRivelino Amaral, é preciso maistransparência no uso das verbaspúblicas. “Para saber onde real-mente o dinheiro da educação, saú-de e segurança está sendo investidoé necessário fiscalizar mais as des-tinações do dinheiro público.”

O advogado especialista em di-reito público Douglas Pretti tam-bém defende o controle dos gastos:“O governo deve investir em pes-soas mais treinadas e remuneradaspara fiscalizar os gastos públicos.”

E S P EC I A L I STAS

Antônio Marcus Machado

“EM CURTO PRAZO oque deve ser feito é a regu-lamentação do sistema desaúde particular, para nãoonerar tanto o bolso do bra-sileiro. A longo prazo, o go-verno tem que construir maishospitais, investir em equipa-mentos, contratar e capaci-tar mais profissionais.”

“O CURRÍCULO e sc ol ardeve ser melhorado. O siste-ma de financiamento do en-sino superior também preci-sa ser melhor definido. O Es-tado necessita da expansãodas escolas técnicas profis-sionalizantes, para capacitarmais pessoas para o merca-do de trabalho.”

“OS GOVERNANTESprecisam ouvir mais a popu-lação. A democracia partici-pativa precisa ganhar maisforça com consultas popula-res e plebiscitos. Também énecessário combater a cor-rupção, aumentando o rigor ea punição dos políticos cor-ruptos.”

“A REDUÇÃO das tarifas éviável para determinadas cate-gorias, como estudantes, ido-sos, deficientes, aposentadose trabalhadores com baixa ren-da. Além disso, se o governonão cuidar das vias, não adian-ta colocar mais ônibus nasruas. É preciso melhorar a frotaex i s t e n t e . ”

SA Ú D E E DUCA Ç Ã O P O L Í T I CA T R A NS P O RT ES

Erly dos Anjos

Mário Vasconcelos

“É NECESSÁRIO in vest irem infraestrutura e equipa-mentos nos hospitais do Es-tado. O governo precisa olharmais para as reivindicaçõesda população e dialogar paraatender às demandas de to-das as áreas, inclusive nasaúde.”

“PRECISAMOS de umaredução das deficiências daeducação de forma generali-zada. Escolas precisam sermais bem estruturadas e osprofessores mais capacita-dos. É preciso também com-bater a violência nas esco-las.”

“UMA REFORMA políticamais profunda é necessáriano Brasil. Isso deve ser feitoincluindo mais participaçãoda população, através deconselhos, com representan-tes do povo, para que ele sesinta realmente participanteda política.”

“DIMINUIR as tarifas dotransporte público é neces-sário, mas também é precisoter mais transparência na co-brança dessas tarifas. Dessaforma, a população saberiaquem realmente está levandovantagem com o transpor-te.”

“É PRECISO investir na in-fraestrutura da saúde, com aconstrução de novos hospi-tais, melhorias nos centroscirúrgicos e criação de maisleitos. O governo precisaolhar mais para o interessedo povo, que está pagandocaro por causa do esqueci-mento dos governantes.”

“INVESTIR em escolasbem montadas, com profes-sores capacitados e bem re-munerados é fundamental.Também é necessário cons-truir mais escolas. A educa-ção em tempo integral tam-bém é um caminho, mas paraisso precisamos de boas es-colas e bons professores.”

“DIMINUIR o número departidos e exigir que se man-tenha a fidelidade partidáriaé importante. Um caminho éacabar com a grande quan-tidade de partidos existentes.Não se pode criar mais minis-térios sem planejamento.Também é preciso prender ospolíticos corruptos.”

“A REDUÇÃO da tarifa dotransporte público é possível.Estudantes deveriam ter passelivre. As ruas estão cheias decarro porque os ônibus sãoprecários. É preciso melhorar afrota existente e aumentar onúmero de ônibus circulando.Além disso, precisamos detransportes alternativos.”

O QUE ELES PROPÕEM PARA O ESTADO E O PAÍS

“O Brasil quer ter voz”O Brasil está pedindo passagem,

não só em relação à redução da ta-rifa do transporte público, maspassagem para melhores condi-ções na educação, saúde e seguran-ça. O Brasil quer ter voz. É o queacredita o psiquiatra e psicanalistaJosé Nazar.

“O passe livre deu o pontapé ini-cial para um movimento que hojeé muito maior. A população disseum basta, não quer mais a políticaque está aí.”

Para o psicanalista, os manifes-tantes estão indignados com a mu-

dança que acontece no pensamen-to de quem assume o poder.

“Quando os políticos ganhameleição e passam a ocupar um lugarde poder, eles esquecem de escutara voz do povo, de entender melhoro que está se passando no mundo.”

Nazar acredita que a bandeirados movimentos reivindicatóriosvai encontrar uma conclusãoquando os governantes aprende-rem a escutar. “O debate político éo que está faltando. A populaçãonão quer mais ser órfã de leis, deapoio, de legitimidade.”

RODRIGO GAVINI - 02/12/2011

JOSÉ NAZAR acredita que o que o povo quer é ser ouvido pelos governantes

“Precisamos demais escolas e de

investir na capacitaçãoe remuneração deprofessores ”Mário Vasconcelos, economista

VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 11

Reportagem Especial

O QUE ELES DIZEM

“O povo quer umamudança. Eu

mesmo fui eleito hápoucos meses com afrase 'muda Vitória'”Luciano Rezende, prefeito de Vitória

KADIDJA FERNANDES - 19/12/2012

“Até o final do ano,a te n d e re m o s

a 100% da demandade medicamentos danossa população”Audifax Barcelos, prefeito da Serra

FERNANDO RIBEIRO - 01/12/2012

“Re ce n te m e n tedemos um

reajuste de 7% paraos profissionaisda educação”Juninho, prefeito de Cariacica

AUGUSTO SORRISO - 19/12/2012

O QUE OS MANIFESTANTES REIVINDICAM

Mais ônibus e redução de preçoMOVIMENTOS SOCIAIS> OS MANIFESTANTES são contra o

que consideram criminalização dosmovimentos sociais. Para eles, issoacontece, por exemplo, quando o go-verno diz que as manifestações sãobaderna ou sem causa.

MANIFESTAÇÕES NA COPA> QUEREM A liberação total de mani-

festações e greves durante a Copadas Confederações e a Copa doMundo.

APOIO ÀS VÍTIMAS> AS MANIFESTAÇÕES no Espírito

Santo são uma forma de oferecerapoio às vítimas de violência abusivada polícia em outros estados.

ABUSO DE PODER> SÃO CONTRA qualquer tipo de abuso

de poder por conta do Estado.

FORMAÇÃO DE POLICIAIS> PEDEM O aumento da carga horária

do curso de formação de policiais ebombeiros.

T R E I N A M E N TO> SUGEREM INCLUSÃO de treinamen-

to em Direitos Humanos, Sociologiae Psicologia para policiais e bani-mento do uso de gás lacrimogênio e

balas de borracha em protestos.

UNIFICAÇÃO DAS POLÍCIAS> QUEREM A unificação das polícias

Civil e Militar.

REDUÇÃO DE TARIFA> SÃO CONTRA aumentar a passagem

no Sistema Transcol e das linhas mu-nicipais.

ÔNIBUS 24 HORAS> AMPLIAÇÃO DO serviço de ônibus in-

termunicipais para 24 horas e au-mento da frota.

VIAS SÓ PARA ÔNIBUS> QUEREM A conclusão das vias úni-

cas para ônibus.

ACESSO PARA CADEIRANTES> ADAPTAÇÃO GRADUAL de toda a fro-

ta para aumentar o acesso a cadei-rantes, idosos e pessoas com defi-ciência física.

MOBILIDADE URBANA> CONSTRUÇÃO DE ciclovias, ciclofai-

xas e ampliação de ruas e avenidas.

CONTRA A PEC 37> SÃO CONTRA PEC que tira o poder de

investigação do Ministério Público,que acreditam ser o principal órgãooficial de defesa da democracia.

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Vila Velha reduzvalor da passagemDepois de uma semana de

manifestações, a Prefeiturade Vila Velha anunciou re-

dução de R$ 0,05 da tarifa dotransporte coletivo da cidade. Apartir da próxima segunda-feira, apassagem que custa R$ 2,55 vaicustar R$ 2,50, mesmo valor dosistema Transcol.

A decisão foi tomada após vota-ção unânime dos 11 membros doConselho Municipal de Transpor-te — formado por estudantes, líde-res comunitários e vereadores —, edo secretário Municipal de Trans-porte e Trânsito, Romário de Cas-tro, em reunião que ocorreu natarde de ontem no gabinete doprefeito Rodney Miranda (DEM).

“Quando é para baixar o preço,todos estão a favor. As empresas detransporte entenderam a situação.Chegamos à conclusão, com basenos estudos da secretaria e na de-soneração das empresas de trans-porte coletivo de impostos, como

PIS e Cofins pelo governo federal”,disse Romário de Castro.

A proposta de redução da tarifade ônibus, de autoria do vereadorOsvaldo Maturano, estava há 24dias na Câmara Municipal.

“Quando protocolei o projetonão havia nenhuma movimenta-ção popular no País ou no Estado.Tinha o nosso sentimento de, nomeio do mandato, agir com justiçapara reduzir a passagem de ônibuspara a população. Mas a carga dopovo foi favorável para a votação”,re s s a l t o u .

O secretário municipal deTransporte e Trânsito informouque a redução passa a valer na pró-xima segunda-feira, após assinatu-ra do prefeito e publicação no Diá-rio Oficial.

“Por conta da manifestação tive-mos que liberar parte do pessoalda prefeitura hoje (ontem). Entãoa nova tarifa só entra em vigor nas e g u n d a -f e i ra ”, frisou.

PASSAG E MDe acordo com o diretor da

União Municipal de Apoio ao Es-tudante (Umaes), Josenilson Pe-reira do Nascimento, a entidadereivindica o dobro de redução napassagem.

“Não aceitamos o corte de ape-nas R$ 0,05. O cidadão canela-ver-de sentiu o aumento de R$ 0,10 noúltimo mês, e a prefeitura deve re-

t i rá - l o ”, cobrou.Para pedir mais redução na tarifa

do transporte público e mais cadei-ras para estudantes no ConselhoTarifário, ele informou que estu-dantes do ensino médio vão fazerprotesto na frente da prefeitura apartir das 8 horas de hoje. Durantea reunião de ontem, 150 estudantespediram melhorias na educação.

LEONE IGLESIAS - 17/05/2013

ÔNIBUS DA SANREMO: proposta de redução da tarifa de ônibus estava há 24 dias na Câmara de Vila Velha

R$ 0,05é redução na passagem de ônibus

R$ 2,50passa a ser o valor da tarifa

OS NÚMEROS

Luciano diz que estuda tarifa zeroTodas as reivindicações dos ma-

nifestantes serão estudadas, inclu-sive a da tarifa zero para todos osusuários, garante o prefeito de Vi-tória, Luciano Rezende.

“Nosso objetivo é atender às ne-cessidades do povo e estamos re-fletindo sobre todas as reivindica-ções, mas ainda é cedo para dizer oque será implantado”, afirmou.

Ele lembrou que em Vitória a re-dução das passagens de ônibusaconteceu antes dos protestos.

“Repassamos a desoneração deimpostos imediatamente, pois en-tendemos a necessidade de umtransporte público acessível”.

Ele também falou que a prefei-tura tem investido em saúde eeducação, áreas que, para os mani-festantes, devem ser priorizadas.

As prefeituras de Vila Velha, Ca-riacica e Serra também afirmaramque têm investido nessas áreas.

“Estamos trabalhando para ofe-recer mais vagas, ter escolas mais

próximas dos alunos e para valori-zar os professores”, destacou o se-cretário de Educação de Vila Ve-lha, Wallace Millis.

Já o prefeito de Cariacica, Geral-do Luzia Junior, o Juninho, apon-tou os investimentos na saúde.“Em breve teremos a abertura doPA do Trevo, a unidade de saúdede Bela Vista transformada em PAe uma nova UPA em Flexal II, oque vai melhorar muito o atendi-mento ao nosso povo”.

FÁBIO NUNES - 10/05/2012

C O N ST R U ÇÃODE CICLOVIASé uma dasre i v i n d i c a ç õ e sda população,que está indo àsruas protestar.Objetivo émelhorar amobilidadeurbana

PARTICIPARAM desta reportagem Alessandro de Paula, Andréa Nunes,Eduardo Fernandes, Eliane Proscholdt, Felipe Izar, Francine Spinassé,

Jeniffer Trindade, Keylla Cezini, Marcelle Desteffani, Nilo Tardin, Pollya n n aDias, Rosimara Marinho e Victor Muniz

Reportagem Especial

12 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Grupo tentaincendiar oI tamaratyDepois de 2 horasde manifestaçãopacífica em Brasília,grupo tentou invadir oCongresso, o Palácio doPlanalto e o Itamaraty

B R AS Í L I A

Após tentar, sem sucesso, en-trar no Congresso Nacionale no Palácio do Planalto,

protegidos por um cordão de iso-lamento da Polícia Militar, umgrupo de manifestantes de Brasíliachegou a colocar fogo na entradado Palácio do Itamaraty, ontem, aotentar invadir o prédio.

O incêndio foi contido, mas osmanifestantes ainda tentaram en-trar no local.

A polícia conseguiu controlar asituação usando bombas de gás,mas várias vidraças foram quebra-das. O grupo chegou ao palácio de-pois que a polícia conseguiu dis-persá-lo da frente do Congressopor volta das 20h.

Depois de duas horas de mani-festação sem conflitos, um grupode manifestantes forçou a barreirapolicial montada na entrada doCongresso Nacional, iniciando umconfronto com a Polícia Militar,que manteve posição para impediro avanço do grupo.

Os manifestantes, que tentaram

entrar no Congresso, começaram aatirar artefatos explosivos contraas dezenas de policiais. As bom-bas, porém, limitam-se a um fortebarulho; não chegam a provocarf e r i m e n t o s.

Alguns policiais reagiram comgás de pimenta e golpes de cacete-te. Outro grupo de manifestantes,que buscava evitar confronto, sen-tou-se no chão, em repúdio à atitu-de dos que atiravam as bombas.

FERIDOSOs protestos deixaram 35 pes-

soas feridas, sendo três em estadograve. De acordo com informaçõesdo Samu, 11 manifestantes foramlevados para três hospitais da capi-tal federal.

Três dos feridos estão em estadograve: um homem teve traumatis-mo facial e possível comprometi-mento ocular; uma mulher comcorte na artéria da perna e um ho-mem com traumatismo craniano.

Um policial também foi levadoao hospital com um corte na cabe-ça. Pelo menos outros três milita-res ficaram feridos durante o con-fronto com manifestantes.

Por diversas vezes na noite deontem quinta, manifestantes en-traram em confronto com policiaisna Esplanada dos Ministérios. Aentrada do Ministério das Rela-ções Exteriores ficou destruída.

Dilma Rousseff deixou o paláciodo Planalto em direção ao palácioda Alvorada às 20h28.

AGÊNCIA ESTADO

Bombas de gás pertode estádio em SalvadorSA LVA D O R

Dois ônibus foram incendiadosno início da noite de ontem na ave-nida Centenário, em Salvador. Aação, nas imediações do InstitutoMédico Legal (IML), aconteceudepois dos confrontos entre mani-festantes e policiais, horas antes,no entorno da Arena Fonte Nova.

Pontos de ônibus na região tam-bém foram depredados.

O protesto buscava se aproximaro máximo possível da arena, quer e c e b e u o n t e m a p r i m e i r apartida pela Copa das Confedera-

ções, entre Uruguai e Nigéria.Com reforço da Força Nacional,

a Polícia Militar da Bahia arremes-sou bombas de gás lacrimogêneo ebalas de borracha no momento emque alguns manifestantes tenta-vam furar um cordão de isolamen-to de 2 km do estádio.

Enquanto moradores, que antesdemonstravam apoio à mobiliza-ção, reclamavam dos efeitos dasarmas, torcedores tentavam che-gar ao estádio em meio à fumaça ea um cenário de guerra.

Manifestantes disseram que aviolência partiu dos policiais.

CENAS DOS PROTESTOS PELO PAÍS

EM NATAL, cercade 50 mil pes-soas participa-ram do protestona cidade. O cli-ma na capitalpotiguar foitranquilo a maiorparte do tempo,com alguns inci-dentes de van-dalismo por par-te de militantesmais exaltados.

REUTERS

EM BELÉM, aTropa de Cho-que da PolíciaMilitar do Parálançou bombasde gás lacrimo-gêneo contram a n i f e s ta n t e sque tentavamentrar no prédioda prefeitura.Não houve infor-mações sobreferidos. Líderesdo movimentopacífico tentamacalmar os maisex a l ta d o s .

AGÊNCIA RBS

EM FLORIANÓPOLIS, grupo iniciou oprotesto pela Assembleia Legislativa.

AGÊNCIA ESTADO

NO RECIFE, oprotesto contrao aumento dovalor das passa-gens de ônibus,trens e metrôreuniu milharesde pessoas on-tem na cidade.Além das passa-gens, diversasoutras causasestão sendo rei-vindicadas pelosm a n i f e s ta n t e s .

EM CAMPINAS, mais de 50 pessoas jo-gavam rojões e pedras contra polícia.

AGÊNCIA ESTADO

TROPA DECHOQUEtentouimpedir quem a n i f e s ta n t e schegassem àArena FonteNova, ondeaconteceuo jogo entreUruguai eNigéria

AGÊNCIA ESTADO E REUTERS

APÓST E N TA R E Minvadir oCo n g re ss o ,m a n i f e s ta n t e sro m p e ra mo bloqueiopolicial,subiram arampa doItamaraty eatearam fogo,que foi contidopor policiais

VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 13

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Gritos de guerra contra partidosEm São Paulo, protestovirou ato de repúdioaos partidos políticos.Militantes foramexpulsos e tiverambandeiras queimadas

AGÊNCIA ESTADO

M A N I F ESTA N T ES na capital paulista carregam faixa de repúdio a partidos. Em alguns momentos houve confrontos

SÃO PAULO

Um grupo de manifestantes,denominados “nacionalis -ta s” entrou em confronto

com pessoas que estavam combandeiras de partidos duranteprotesto contra tarifas na avenidaPaulista, centro de São Paulo.

A manifestação reuniu cerca de100 mil pessoas, segundo a PolíciaMilitar. Representantes do Movi-mento Passe Livre (MPL) disse-ram que vão fazer mais manifesta-ções pela tarifa zero, mas não in-formaram quando.

O principal confronto ocorreuentre um grupo de nacionalistas emanifestantes com bandeiras doPSTU e PT. Eles gritavam palavrasde ordem contra os partidos. Umagrande faixa dizia “Meu partido émeu País”. Para manter o protesto,exigiram que fossem retiradas to-

das as bandeiras partidárias.Um homem usou um taco de

hóquei para ameaçar petistas. Du-rante a confusão, uma mulher caiuno chão e quase foi pisoteada. Aomenos duas bandeiras do PSTU euma do PT foram tomadas de ma-nifestantes e queimadas na aveni-da Paulista.

Apolíticos partiram para cimados partidários com chutes e so-cos. Parte deles respondeu combandeiradas e pedradas. A Políciajogou bombas de gás lacrimogê-neo para conter a pancadaria.

Membros do PSTU, PSOL, UNE,União Jovem Socialista (UJS) fo-ram hostilizados e deixaram a re-gião. A manifestante Fátima San-dalhel disse ter sofrido retaliaçõespor vestir uma camiseta vermelhae estar próxima a grupos partidá-rios. “O que aconteceu hoje aqui éum atentado à democracia”.

Após a confusão, muitos mili-tantes choraram: “Estão acabandocom anos de luta. Não queremosreivindicar para nós, queremos so-mar ”, disse um sem se identificar.

O Movimento Passe Livre, queorganiza o protesto, comemorou aredução de R$ 3,20 para R$ 3, masdisse que vai lutar para conseguirtarifa zero no transporte público.

CENAS DOS PROTESTOS PELO PAÍS

AGÊNCIA RBS

EM PORTO ALE-GRE, a manifesta-ção teve confron-tos entre ativistas,que chegaram ausar explosivos defabricação caseirae rojões, e a Briga-da Militar, queusou bombas deefeito moral, gáslacrimogêneo ecavalaria. Até as23 horas pelo me-nos quatro pes-soas haviam fica-do feridas e 20pessoas forampresas. Entre os 15mil participantes,algumas centenasenfrentaram a for-ça de segurança edestruíram facha-das de lojas, agên-cias bancárias eprédios públicos.

AGÊNCIA ESTADO

AGÊNCIA ESTADO

EM CURITIBA,mesmo com aredução nastarifas dotranspor tepúblico, o mu-nicípio viveumais uma noi-te de protes-tos ontem.Com a chuvae o frio, o atoreuniu cercade 3 mil pes-soas. Nãohouve regis-tros de van-dalismo ouviolência.

EM SÃO PAULO, o advogado GuilhermeNascimento foi ferido na avenida Pau-lista. Ele acusou militantes.EM RIBEIRÃO PRETO (SP), protesto em frente ao Teatro Pedro II

Motorista atropela 4 e ummorre em Ribeirão PretoRIBEIRÃO PRETO, SP

Durante os protestos que ocor-reram na noite de ontem em Ri-beirão Preto, interior de São Paulo,quatro manifestantes foram atro-pelados. Um morreu e outros trêsficaram feridos.

De acordo com testemunhas, umcarro tentou furar o bloqueio mon-tado por manifestantes. Como aspessoas não saíram da frente, o mo-torista acelerou e atingiu os quatro,de acordo com informações de tes-temunhas dadas à polícia. MarcosDelefrate, 18, morreu no local.

Entre os outros três atropelados,um foi encaminhado ao hospitalem estado grave e outros dois so-freram fraturas e foram atendidosem outros prontos-socorros.

A Polícia Civil já identificou oautor, que fugiu após o atropela-mento. Morador de um condomí-nio de classe alta, ele não foi loca-lizado no local após o acidente.

O veículo, um SUV Land Rover,segundo a polícia, está em nomede uma empresa. Cerca de 25 milpessoas estiveram nos protestos.

FO L H A P R E SS

M A N I F ESTA N T E é socorrido

14 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

CUT é expulsade protesto noRio de Janeiro

RIO

Cerca de 20 militantes daCentral Única dos Traba-lhadores (CUT) foram ex-

pulsos ontem da concentração pa-ra o protesto contra o preço e aqualidade do transporte públicono Rio de Janeiro. A passeata reu-niu pelo menos 300 mil pessoas efoi considerada a maior do País.

Os militantes foram encurrala-dos na esquina da avenida Presi-dente Vargas com a praça Pio X,onde levaram socos e empurrões.

Os manifestantes destruíram asbandeiras e todo o material do gru-po vinculado à CUT e levaram osmastros. Pressionados pela multi-dão que gritava “Sem partido”, osmilitantes deixaram o local.

O governador Sergio Cabral(PMDB) informou por meio dasua assessoria que recebeu telefo-nema do ministro da Justiça, JoséEduardo Cardozo, alertando parapossíveis atentados do ComandoVermelho na manifestação, embo-ra nem a Polícia Militar nem a Se-cretaria da Segurança Pública te-nham confirmado a informação.

C O N F R O N TOO confronto começou quando

CENAS DOS PROTESTOS NO RIOAGÊNCIA ESTADO

UM CARRO de reportagem do SBT foi incendiado por umgrupo que roubou o veículo no Rio de Janeiro ontem. Aemissora informou, ao vivo, que nenhum funcionário ficouferido

CERCA DE 30 HOMENS da Cavalaria Montada ficaram deprontidão, no lado de fora do prédio da prefeitura, na Cida-de Nova, para evitar que manifestantes entrassem ou co-metam atos de vandalismo

Jaques Wagner criticaadesão do PT aos protestosSA LVA D O R

O governador da Bahia, JaquesWagner, criticou ontem a adesãodo PT aos protestos sem a defini-ção de uma pauta específica de rei-vindicação. Afirmando que “o PTtem responsabilidade com a na-ção ”, Wagner disse temer a idola-tria ao movimento.

“É correto o PT não hostilizarnem criminalizar o movimento.Agora, precisa saber como entra.Não pode engrossar uma coisa di-fusa. Tenho medo dessa glamouri-zação”, alegou o governador.

Wagner evitou comentar o teordas entrevistas do presidente na-cional do PT, Rui Falcão, que con-clamou a militância do partido aengrossar as manifestações.

No entanto, o governador insis-tiu que o papel do PT é identificaras demandas e seus interlocutoresdentro do movimento. “Tem queorganizar a demanda. Está protes-tando por quê? Como viabilizar?

Se não, vira woodstock”, afirmou.Jaques Wagner ainda acrescen-

tou: “O PT vai para a rua fazer oquê? Só dizer que não está contra(as manifestações)?”, disse o go-vernador da Bahia.

ONDE HOUVE PROTESTOS

Mais de 1 milhão de pessoas nas ruasOs manifestantes foram

às ruas em pelo menos 100cidades brasileiras e soma-ram mais de 1 milhão depessoas em todo o País.

AL AGOAS> M AC E I Ó - 5 mil pessoas

A M A PÁ> M ACA PÁ - 300 pessoas

A M AZO N AS> MANAUS - 85 mil

BAHIA> SA LVA D O R - 20 mil> HOUVE PROTESTOS tam -

bém em Itabuna, Eunápo-lis, Ilhéus, Porto Seguro,Itamaraju, Barreiras, LuísEduardo Magalhães, San-ta Maria da Vitória, Je-quié, Juazeiro, PauloAfonso, Jacobina, Feirade Santana, AlagoinhaseBrumado.

CEARÁ> FO RTA L E Z A - 30 mil> TAMBÉM HOUVE protesto

em Sobral.

DISTRITO FEDERAL> BRASÍLIA - 30 mil

G O I ÁS> GOIÂNIA - 20 mil> TAMBÉM ACONTECE-

R AM protestos em: Ca-ta l ã o , Itumbiara, Nique-lândia, Porangatu e RioVe r d e .

M A R A N H ÃO> ACOTECERAM MANIFES-

TAÇÕES em: GovernadorEdison Lobão, Bacabal,Imperatriz do Maranhãoe São José de Ribamar.

MATO GROSSO> CUIABÁ - 30 mil

MATO GROSSO DO SUL> CAMPO GRANDE - 30 mil> TAMBÉM HOUVE protes -

to em Dourados.

MINAS GERAIS> BELO HORIZONTE - 20

mil> HOUVE PROTESTOS tam -

bém em Betim, Uberlân-dia, Araguaia, Boa Espe-rança, Coronel Fabricia-no, Montes Claros e Po-ços de Caldas.

PA R Á> BELÉM - 15 mil

PA R A N Á> CURITIBA - 3 mil> TAMBÉM ACONTECERAM

em : Cascavel, Castro,Londrina e Maringá.

PA R A Í B A> JOÃO PESSOA - 22 MIL> TAMBÉM HOUVE protesto

em Campina Grande.

PERNAMBUCO> R EC I F E - 100 mil

P I AU Í> T E R ES I N A - 15 mil> TAMBÉM HOUVE protes -

tos em Parnaíba e Espe-ra n t i n a .

RIO DE JANEIRO> RIO DE JANEIRO - 300 mil> OS PROTESTOS ta mb ém

aconteceram em Areal,Bom Jesus do Itaboana,Búzios, Cabo Frio, Cam-pos dos Goytacazes, Cor-deiro, Miracema, Nativi-dade, Resende, Rio dasOstras, Saquarema, Tere-sópolis, Três Rios e VoltaR edonda.

RIO GRANDE DO NORTE> NATAL - 50 mil

RIO GRANDE DO SUL> PORTO ALEGRE - 15 mil> TAMBÉM ACONTECERAM

em: Alegrete, São Leopol-do, Passo Fundo, Bagé,Cachoeira do Sul, Lajea-do, Pelotas, Santa Maria,Santa Rosa e Rio Grande.

RONDÔNIA> PORTO VELHO - 20 mil> OS PROTESTOS ta m b é m

aconteceram em Erique-mes e Guajará-Mirim.

SANTA CATARINA> FLORIANÓPOLIS - 50 mil> TAMBÉM HOUVE m an i-

festações em Lages, Ita-jaí, Jaraguá do Sul, Join-ville, Pinhalzinho, Rio Sul,Xanxerê e Abelardo.

SÃO PAULO> SÃO PAULO - 100 mil> TAMBÉM em 21 cidades,

entre Campinas, Franca,Jundiaí, Piracicaba, Ri-beirão Preto, Rio Claro,São Carlos e Sertãozinho.

SERGIPE> ARACAJU - 20 milTO CA N T I N S> PA L M AS - 10 mil

Militantes foramencurralados eagredidos. Passeatareuniu pelo menos300 mil pessoas efoi a maior do País

um pequeno grupo de manifestan-tes chegou às imediações da pre-feitura, onde havia um cordão deisolamento formado por PMs, epassou a jogar pedras contra osp o l i c i a i s.

A PM revidou, lançando bombasde gás lacrimogêneo. Os manifes-tantes recuaram e houve novosconfrontos em diversos trechos daavenida, nas imediações da Cen-tral do Brasil.

Um novo confronto entre mani-festantes e policiais teve início porvolta das 21h na região da Cinelân-dia, no centro do Rio. Os PM dis-param tiros de balas de borracha ejogaram bombas de gás lacrimogê-neo para dispensar as pessoas.

Ao menos 41 pessoas feridas fo-ram encaminhadas ao hospital.Para tentar deter os policiais, ogrupo acendeu fogueiras em pon-tos da praça.

Os manifestantes se espalharampelas ruas internas e saquearam edepredaram lojas.

Outro grupo reagiu à ação e gri-tava com as pessoas que saquea-vam a loja. Um homem apanhoude algumas pessoas porque estariaro u b a n d o.

Centenas de manifestantes che-garam a ocupar as escadarias daCâmara e do Teatro Municipal. Apolícia cercou o grupo e houvecorre- corre.

Cerca de 300 pessoas se refugia-ram da polícia na Faculdade Na-cional de Direito e aproximada-mente 400 outras no Instituto deFilosofia e Ciências Sociais, amaioria estudantes, que participa-ram das manifestações.

AGÊNCIA ESTADO

M A N I F ESTA N T ES tomaram a avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, durante a ma n i f e s ta ç ã o

AGÊNCIA ESTADO

BANDEIRA do PT queimada em SP

Reportagem Especial

16 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Dilma convocareunião dee m e rg ê n c i aPresidente cancelouviagem que faria aoJapão e convocouos principais ministrospara discutir hoje osefeitos dos protestos

AGÊNCIA ESTADO

Ma n i f e s ta ç õ e ssão destaquena imprensamundial

A repercussão dos protestos noBrasil também chegou às manche-tes de jornais internacionais, comoo The New York Times, dos Esta-dos Unidos, que deu destaque paraos motivos que levaram aos pro-testos no País.

O Clarín, da Argentina, falou so-bre os confrontos entre policiais emanifestantes das cidades ondeaconteceram as manifestações quetomaram conta do Brasil.

Já o espanhol El País deu desta-que em seu site regional para falarsobre a continuidade das manifes-tações, mesmo com a redução datarifa de ônibus na maioria das ca-pitais brasileiras.

O Le Figaro, da França, tambémfalou da continuidade dos protes-tos e o inglês The Guardian prefe-riu dar ênfase à quantidade de ma-nifestantes que ocuparam as ruasdo Brasil.

Mais 4 capitais reduzem passagemSÃO PAULO

Após a onda de manifestaçõesno País, mais cidades anunciaramontem reduções nas tarifas dotransporte coletivo. Na lista, estãocapitais como Curitiba, Natal,Campo Grande e Belo Horizonte.

Após pressão de manifestantes,a Prefeitura de Curitiba anunciouredução na passagem de R$ 2,85para R$ 2,70, a partir de 1º de ju-l h o.

Em Minas Gerais, o governadorAntonio Anastasia (PSDB) anun-ciou a redução de R$ 0,15 no preçodas tarifas de ônibus que ligam Be-lo Horizonte a 34 cidades da re-gião metropolitana. A tarifa pre-ponderante de R$ 3,45 vai baixarpara R$ 3,30 – 3,65% de queda.

O prefeito de Belo Horizonte,Marcio Lacerda (PSB), anunciouR$ 0,05 de redução na tarifa da ci-dade. O valor agora passa a R$ 2,75.

Na capital mineira, manifestan-tes protestam ontem pelas ruas docentro contra o aumento do custode vida, corrupção e os precáriosserviços públicos.

Em Natal (RN), o prefeito CarlosEduardo (PDT) diminuiu o valorda passagem de ônibus de R$ 2,30para R$ 2,20 no domingo.

Já o prefeito de Campo Grande(MS), Alcides Bernal (PP), anun-ciou redução de R$ 2,85 para R$2,75 a partir de 1º de julho. EmAracaju (SE), o prefeito João AlvesFilho (DEM) anunciou ontem aredução na tarifa de ônibus de R$2,45 para R$ 2,35.

Na Grande Vitória, o reajusteaconteceu no início do mês, pas-sando de R$ 2,55 para R$ 2,50.

AGÊNCIA ESTADO

EM BELO HORIZONTE, os protestos aconteceram pelas ruas do Centro

CIDADES QUE REDUZIRAM PREÇO DA PASSAGEMCA P I TA I S VALOR ANTERIOR VALOR ATUAL R E D U ÇÃOAracaju (SE) R$ 2,45 R$ 2,35 R$ 0,10Belo Horizonte (MG) R$ 3,45 R$ 3,30 R$ 0,15Campo Grande (MS) R$ 2,85 R$ 2,75 R$ 0,10Cuiabá (MT) R$ 2,95 R$ 2,85 R$ 0,10Curitiba (PR) R$ 2,85 R$ 2,70 R$ 0,15Florianópolis (SC) R$ 2,95 R$ 2,90 R$ 0,05Goiânia (GO) R$ 2,70 R$ 2,70 congelouJoão Pessoa (PB) R$ 2,30 R$ 2,20 R$ 0,10Manaus (AM) R$ 3 R$ 2,90 R$ 0,10Natal (RN) R$ 2,40 R$ 2,20 R$ 0,20Porto Alegre (RS) R$ 3,05 R$ 2,85 R$ 0,20Recife (PE) De R$ 1,50 a R$ 3,45 De R$ 1,40 a R$ 3,35 R$ 0,10Rio de Janeiro (RJ) R$ 2,95 R$ 2,75 R$ 0,20São Paulo (SP) R$ 3,20 R$ 3 R$ 0,20Grande Vitória (ES) R$ 2,55 R$ 2,50 R$ 0,05

Obs.:Também reduziram as tarifas as cidades de São José dos Campos (SP), Jacareí (S P) ,Contagem (MG), Betim (MG), Campina Grande (PB), Duque de Caxias (RJ), Nova Iguaçu(RJ), Belford Roxo (RJ), Guarulhos (SP), Valinhos (SP), Vinhedo (SP), Osasco (SP), San-to André (SP), São Bernardo do Campo (SP), Pelotas (RS), Blumenau (SC), Jacareí (SP),Montes Claros (MG), Londrina (PR), São Carlos (SP), Barueri (SP), Campinas (SP), Ni-terói (RJ), Uberaba (MG).

FO N T E : PREFEITURAS MUNICIPAIS.

SEM COBRANÇA

Cidade do Paraná temtarifa zero há 12 anos

O passe livre do transporte cole-tivo é realidade há 12 anos em Ivai-porã, no norte do Paraná. A admi-nistração do município de 32 milhabitantes banca integralmente ocusto da tarifa das linhas urbanas.Ainda não houve registro de pro-testos nas ruas da cidade.

IMPRENSA MUNDIAL

“Protestos no Brasilmarcados por várias

q ueixas”THE NEW YORK TIMES

“Trezentos mil protestam noR i o”THE GUARDIAN

“Brasil: Incidentes nosencerramentos de protestos

de 'indignados' em mais de 100cidades ”CL ARÍN

“Brasil vive grande protestoapesar da redução de

tarifas ”EL PAÍS

“Copa do Mundo só beneficiaestrangeiros, dizem

manifestantes brasileiros”CNN

“Brasil abalado por novosprotestos ”BBC

“No Brasil, contestaçãoco n t i n u a ”LE FIGARO

EM BRASÍLIA, manifestantes fecharam o Eixo Monumental durante os protestos, que reuniram 30 mil pessoas

B R AS Í L I A

Depois de acompanhar boaparte dos protestos de on-tem no Palácio do Planalto,

a presidente Dilma Rousseff (PT)decidiu convocar uma reunião deemergência para as 9h30 de hojecom seus principais ministros, pa-ra discutir os efeitos das manifes-tações por todo o Brasil.

Na ocasião, Dilma vai avaliar re-latos da extensão dos protestos. Apartir daí, será decidida uma con-duta de governo, como medidas aoalcance do Ministério da Justiçaou até um pronunciamento oficial

da Presidente.Até então, Dilma só havia feito

uma referência pública às manifes-tações, na última terça-feira, du-rante o lançamento da proposta doCódigo de Mineração, quando aPresidente declarou que apoiavaos protestos de cunho pacífico.

Ontem, quando Dilma deixava oPlanalto, o Palácio do Itamaratyera atacado por um grupo de ma-n i f e st a n t e s.

Em Brasília, cerca de 30 mil pes-soas, segundo a Polícia Militar,participaram dos protestos de on-tem. Elas fecharam o Eixo Monu-mental durante as manifestaçõescontra a corrupção, além de criti-carem os gastos públicos na Copado Mundo e das Confederações,dentre outras motivações.

V I AG E MEm meio a onda de protestos pe-

lo país, a presidente Dilma Rous-seff decidiu, ontem, suspender aviagem oficial que faria ao Japão,

na próxima semana. A explicaçãooficial do Palácio do Planalto é queDilma não gostaria de ficar umasemana fora do País em um mo-mento como este. Essa seria umavisita de Estado que será remarca-da, mas sem data definida.

A previsão era que Dilma em-

barcasse para Tóquio neste do-mingo e só retornasse ao Brasil nodia 30 de junho. A Presidentecumpriria agenda oficial no Japãoentre os dias 26 e 28 junho.

Com a suspensão da viagem, olançamento do Plano Safra do Se-miárido, marcado para hoje, em

Salvador, foi adiado para a próxi-ma semana.

Segundo o Planalto, o adiamentofoi pedido pelo governador da Ba-hia, Jaques Wagner (PT), pois ou-tros governadores do Nordeste te-riam dificuldade para ir devido aosjogos da Copa das Confederações.

Reportagem Especial2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Maior protesto da históriaCom nariz de palhaçoe cartazes, mais de 100mil pessoas foram àsruas de Vitória, mas aofinal, pequeno grupopromoveu vandalismo

LEONE IGLESIAS/AT

M I L H A R ES de pessoas marcharam pela Reta da Penha pedindo mudanças

Com gritos de guerra, apitos,nariz de palhaço, rosto pin-tado de verde-amarelo e tra-

duzindo em cartazes as mais va-riadas reivindicações, mais de 100mil pessoas de todas as idades par-ticiparam ontem do maior protes-to da história do Estado, realizadonas ruas de Vitória.

Mas uma minoria, cerca de 100 ba-derneiros –segundo policiais à paisa-na que acompanhavam o movimen-to – mudou completamente a cena,que chegou a ser classificada comoum verdadeiro cenário de guerra.

Com rostos cobertos e com pe-dras e bombas, eles promoveramterror e muita correria, deixandoas pessoas que foram para o localcom outro foco, indignadas.

Somente depois de mais de umahora de atos de vandalismo contraprédios públicos da capital, a Tro-pa de Choque da Polícia Militarchegou. Eles usaram bombas degás lacrimogêneo e balas de borra-cha na tentativa de conter a açãodos vândalos. Houve confronto.

P R OT ESTO SA maior manifestação feita até

agora havia sido as Diretas Já, queem 1983 e 1984 pedia eleições dire-tas no Brasil, com 20 mil no entor-no da Praça Oito, em Vitória. Nooutro grande movimento dos últi-mos 30 anos, cerca de 15 mil caras-pintadas saíram às ruas para impul-sionar a deposição do então presi-dente Fernando Collor de Melo.

De acordo com o historiador daUniversidade Federal do EspíritoSanto (Ufes) Fernando Achiame, aonda de manifestação é resultadode uma democracia em crise, daconsciência da população quantoaos seus direitos e do crescimentoda população na capital. De lá paracá, a população de Vitória passoude 207.704 para 291.941, segundo oIBGE. E, no Estado, o crescimentopopulacional foi de 25%.

Os historiadores Gabriel Bitten-court e Ezimar Bravin acrescenta-ram que a área ocupada tambémera menor. “Agora toda extensãoda Terceira Ponte é ovacionada.Antes ficava restrito à praça e suasl a t e ra i s ”, ressaltou Bittencourt.

De acordo com o especialista emhistória política Adilson Vilaça, osmanifestantes se dispersaram pelosmunicípios. “Antes vinham carava-nas do interior para engrossar o co-ro na capital, mas estamos diante deuma mobilização global que fincouo pé em cada aldeia.”

Ele frisou que os manifestantes,convocados 100% pelas redes so-ciais, não querem ir às urnas nemderrubar a Presidente. “Trata- sede séculos de passivos na área edu-cacional, na saúde e na economia”.

ADEMIR RIBEIRO/AT

ELIANO com as filhos: abraçados em bandeiras, não escondiam a emoção

Fonte: Corpo de Bombeiros e Polícia Militar.

CÂ M E R A

VISÃO AÉREAPara se chegar ao número total de

manifestantes também são usadas imagens decâmeras de monitoramento, cedidas pela prefeitura,instaladas nas vias.

Emoção e patriotismoDurante duas horas de manifes-

tação, das 17h30 às 19h30, a emoçãotomou conta de quem estava nasruas, nos carros e dentro de ônibus.

Gritando “vem pra rua!”, os mani-festantes também interagiam comas pessoas que acompanhavam oprotesto nas varandas dos prédios eem alguns estabelecimentos comer-ciais que permaneceram abertos.

Como uma forma de demons-trar união, moradores acendiam eapagavam as luzes das varandas.

Quem não escondia a emoção departicipar do primeiro protesto desua vida foi o corretor de imóveis

Eliano Macedo Rodrigues, 49anos. Mas esse sentimento foi ain-da maior por estar do lado dos seustrês filhos: Sophia, 7 anos, Cecília,9, e Arthur, 13. Todos estavam abra-çados em bandeiras do Brasil.

Outro que deu uma lição de pa-triotismo foi o empresário KevinAksacki, 45, e nem as muletas usa-das por causa de um acidente, oimpediram de participar do pro-testo. Morador de Los Angeles(EUA) ele chegou ao Estado ape-nas para participar do protesto.

“Estou muito feliz em estar aqui.O povo brasileiro acordou.”

2

1 METRO

1 MET

RO

E S PA Ç OO número é multiplicado

pela área ocupada, tendo em vistaa largura e o comprimento da via.

1

C O M P R I M E N TO

L ARGURA

SAIBA MAIS

IMAGENS DÃO A MÉDIANo Estado, não é levado em conta o

movimento de pessoas, a saída e a en-trada de novos manifestantes durante

todo o trajeto. Com as imagens, é feitanova média entre trajetos mais e me-nos ocupados para apurar o númerototal de manifestantes.

CÂ M E R A

CÂ M E R A

Como é feito o cálculoPara estimaro número depessoas emuma multidão,a Polícia Mili-tar e o Corpode Bombeirosdo EspíritoSanto calcu-lam a médiade q uatrop e s so a spor metroq uadrado.

ÁREA OCUPADA

Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 3

ADRIANO HORTA/AT

P R ES I D E N T E do Tribunal de Justiça, Pedro Valls Feu Rosa, conversou com manifestantes, recebeu reivindicações e marcou audiência para segunda-feira

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Quebra-quebra no Tribunal de JustiçaO prédio do Tribunal de Jus-

tiça do Espírito Santo (TJ-ES) foi o primeiro a ser de-

predado por vândalos que estavaminfiltrados entre os manifestantesque tomaram as ruas de Vitória,ontem. Janelas foram quebradas,guarita derrubada e até uma fo-gueira foi acesa em frente à porta-ria principal da Corte.

Antes, um pequeno grupo tentouatacar o prédio da Assembleia Le-gislativa, e uma vidraça chegou aser quebrada com uma pedra, masos manifestantes conseguiramconter o grupo e marcharam rumoao TJ. Policiais militares faziam asegurança do prédio, mas deixaramo local quando a pedra foi atirada.

Depois, já em frente ao Tribunalde Justiça, o presidente da Corte, odesembargador Pedro Valls FeuRosa, esperou a passeata, que vi-nha da Assembleia — após passarpela Reta da Penha — em frente aoprédio, por volta das 20 horas, semescolta policial.

Ouviu os manifestantes, recebeuum documento com 20 reivindica-ções junto com uma cópia da leique autoriza a universidade esta-dual e marcou audiência para apróxima segunda-feira, às 14 horas.

Enquanto um grupo exaltava odesembargador e agradecia porele estar ouvindo as reivindica-ções, outro gritava palavras deprotestos. Alguns vândalos chega-ram a jogar uma garrafa de águavazia contra o grupo com quemFeu Rosa dialogava.

O presidente foi escoltado pelospróprios manifestantes que con-versavam com ele até a garagemdo Tribunal.

VA N DA L I S M OAs primeiras pedras foram atira-

das contra o TJ por volta das19h45. No início, os próprios ma-

nifestantes controlavam os vânda-los, gritando palavras contrárias àviolência. Um grupo chegou a su-bir até a portaria para apaziguar osque tentavam invadir o local.

A situação se agravou, e a tropade choque jogou bombas de efeitomoral de dentro do prédio. Às 21horas, quando os vândalos come-çaram a jogar objetos com fogo nafachada e derrubaram a guarita, atropa de choque apareceu e come-çou o confronto.

Feu Rosa abre o diálogoPor quase uma hora, o presiden-

te do Tribunal de Justiça do Espí-rito Santo (TJ-ES), desembarga-dor Pedro Valls Feu Rosa, esteveno meio dos manifestantes.

Com uma expressão séria e semse exaltar, o desembargador con-versou com o professor Wander-son Martins, 37 anos, um dos orga-nizadores, e confirmou uma au-diência na próxima segunda-feiracom o movimento.

“O presidente vai marcar umaaudiência com a gente. O nossoobjetivo foi atingido”, anunciou oprofessor. Wanderson explicou

que um dos pontos tratados será otransporte público gratuito parapassageiros que ficarem em pédentro dos ônibus.

“Eu trabalho em Cariacica e naSerra todos os dias. Enfrento umtrânsito complicado. O aluno do úl-timo horário vai ter aula de quali-dade? São muitas coisas pelas quaisestamos indignados”, afirmouWanderson, durante a conversa.

Quando pedras foram atiradascontra os vidros do TJ, a organiza-ção fez questão de garantir ao pre-sidente que esse não era o objetivoda manifestação. Feu Rosa se man-teve sério e falando calmamente.

“Esse movimento não é a origemda manifestação. O desembarga-dor se dispôs a conversar com agente corajosamente”, afirmou oprofessor, após o diálogo.

Por nota, o TJ informou que osmanifestantes clamam por um no-vo pacto republicano e é dever doTribunal de Justiça se colocar àdisposição da sociedade. Tambémregistrou que “eventuais atos iso-lados de vandalismo não represen-tam absolutamente a intenção dosmanifestantes — a eles, nossa soli-dariedade”.

ADRIANO HORTA/AT

FEU ROSA na frente do Tribunal

CENAS DA CONFUSÃO NO TRIBUNAL DE JUSTIÇAJUSSARA MARTINS/AT

VÂ N DA LO SD EST R U Í R A Muma guaritana entrada doe s ta c i o n a m e n t odo Tribunal deJustiça. Nessemomento, apolícia entrouem ação paradispersar ogrupo.

JUSSARA MARTINS/AT

HOMENS da Tropa de Choque saíram dedentro do Tribunal de Justiça.

JUSSARA MARTINS/AT

MANIFESTANTE tenta acalmar os ânimos da polícia e de baderneiros.JUSSARA MARTINS/AT

A FACHADA do Tribunal de Justiça ficou destruída após ape-drejamento e várias pichações que foram feitas no local.

JUSSARA MARTINS/AT

OS BADERNEIROS apedrejaram as vidraças do TJ-ES por to-dos os lados e não se preocuparam em esconder o rosto.

Reportagem Especial

4 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Destruição na Terceira PonteVândalos quebraramtodas as cabines depedágio e saquearamos guichês, por issohoje não haverácobrança na ponte

ADEMIR RIBEIRO/AT

VÂ N DA LO Sq u e b ra ra mas cancelase fizerampichaçõesnos guichêsda praçado pedágio.Algunsc o b r i ra mo rosto comc a m i s e ta s .Fu n c i o n á r i o sda empresaficaram presosno centrode controleo p e ra c i o n a lda Rodosol

Um dos alvos dos vândalos namanifestação de ontem foi aTerceira Ponte: cabines de

pedágio foram incendiadas, gui-chês saqueados, muros pichados ecâmeras de videomonitoramentod e st r u í d a s.

O problema ocorreu por voltadas 21h40. Mesmo com a chegadada tropa de choque da Polícia Mi-litar, eles não se intimidaram. Sódepois de 40 minutos, a PM con-trolou a situação.

Devido à destruição de todas ascabines, a Rodosol, por meio de sua

assessoria, informou que a tarifanão será cobrada hoje. A ponte es-tará aberta para o tráfego Vitória-Vila Velha nos dois sentidos.

No momento em que os vândalosinvadiam a praça do pedágio daTerceira Ponte, 15 profissionais daempresa estavam escondidos nosegundo pavimento do prédio ad-ministrativo da RodoSol, tambémna Terceira Ponte, e passaram pormomentos de angústia.

É que os exaltados tomaram oprimeiro andar do prédio e quebra-ram vidros, computadores e outrosobjetos que apareciam pela frente.

Os profissionais da empresa fi-caram presos no centro de contro-le operacional do edifício até as23h30. Para sair de lá, eles foramauxiliados pela polícia, e a Rodosoldisponibilizou um carro para levá-los em casa.

Já ao redor da praça do pedágio,os vândalos depredaram semáfo-

ros, prédios e arrancaram grades.Antes da situação fugir do con-

trole, em vários momentos, cente-nas de pessoas começaram a cor-rer para todos dos lados. Na corre-ria, algumas se machucaram, semg rav i d a d e.

O confronto entre manifestantese policiais continuou em váriosoutros trechos da região e chegoutambém ao Ministério Público Es-tadual.

Uma mãe com uma criança pre-cisou ser acolhida por moradoresde um prédio na região para fugirdo conflito.

Além da mãe com a criança, nin-guém mais teve a entrada liberadapelos seguranças do prédio, apesardo apelo de alguns jovens que ten-tavam fugir da fumaça.

Por volta das 22h50, os manifes-tantes foram totalmente dispersa-dos do local pelos homens da tropade choque da Polícia Militar.

ADEMIR RIBEIRO/AT

CRIMINOSOS co -locaram fogo emum dos guichêsda Terceira Pon-te durante a ma-nifestação. Todaa cabine ficoudestruída e o di-nheiro que esta-va no caixa foiroubado.

CENAS DA DEPREDAÇÃO NA PONTE

PM atira e fere jornalistascom balas de borracha

Policiais da tropa de choque daPolícia Militar dispararam balasde borracha contra jornalistas, du-rante o confronto com manifes-tantes, na noite de ontem, em fren-te ao Tribunal de Justiça do Esta-do do Espírito Santo (TJ-ES).

Duas repórteres do jornal A Tri-bu na foram atingidas pelas balasdisparadas na direção dos profis-sionais, uma no braço direito e aoutra na cabeça.

Os jornalistas tentavam se deslo-car durante a cobertura do protes-to, seguindo orientações dadas porum grupo de policiais da própriatropa de choque para que pudes-sem passar com segurança pelo lo-cal. Mesmo assim, foram alvejadospor um dos homens de outro gru-po da tropa.

Bastante alterado, ele apontou aespingarda na direção dos profis-sionais, que estavam parados e nãorepresentavam nenhum tipo derisco no momento do confronto.Não havia manifestantes entre o

grupo, apenas jornalistas.Um fotógrafo teve de se colocar

à frente de um policial para quenão atirasse novamente contra osjornalistas de várias empresas dec o m u n i c a ç ã o.

A repórter atingida na cabeça foilevada para o Centro Integrado deAtendimento à Saúde (Cias), ondefoi atendida e teve de realizar umatomografia para detectar algum ti-po de lesão que pudesse ter sidocausada pela bala.

Ela recebeu alta do hospital epassa bem. A outra jornalista atin-gida foi atendida por uma enfer-meira em um veículo da Centralde Ambulâncias da Prefeitura deVitória e também passa bem.

A situação revoltou os profissio-nais que trabalhavam no momentodo confronto e estavam devida-mente identificados.

A assessoria da Secretaria de Es-tado da Segurança Pública não foilocalizada no fim da noite de on-tem para falar sobre o assunto.

ADRIANO HORTA/AT

REPÓRTER DE A TRIBUNA foi atingida na cabeça por bala de borracha

RODRIGO GAVINI/AT

FUNCIONÁRIOO B S E RVA todaa destruição deum dos gui-chês da praçade pedágio daTerceira Ponte.Os vidros fo-ram quebradoscom pedras epedaços depaus.

ADRIANO HORTA/AT

OS VÂNDALOS não pouparam nem osaparelhos eletrônicos que estavamnos guichês. A porta foi arrombada, ocomputador e o telefone destruídos.

Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 5

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Mais de 50 presospor vandalismoDurante os confrontos e que-

bra-quebra de ontem, 52pessoas foram presas na

Grande Vitória por participaçãoem assaltos, saques e atos de van-dalismo contra comércios e pré-dios públicos.

Na capital, foram 28 pessoas de-tidas, segundo o comandante geralda Polícia Militar, coronel Edmil-son dos Santos. Outras prisõestambém aconteceram durante oprotesto em Guarapari.

Ele informou que mais pessoasdevem ser presas hoje, após a aná-lise de imagens do quebra-quebra.“Já foram efetuadas prisões, masvamos analisar todas as imagens

para prender os responsáveis”,disse o comandante.

As lojas O Boticário, Vitória Cafée Vip Depil foram saqueadas du-rante a manifestação e, segundo ocomandante, criminosos forampresos ontem mesmo após ima-gens da ação serem divulgadas.

“Muitas pessoas presas foramencontradas, inclusive, com rádiosusados no pedágio da TerceiraPonte, que foram roubados.”

Além disso, houve registros deroubo de celulares de manifestantes,que também resultou em prisões.

FERIDOSEm meio a confrontos entre a

tropa de choque da PM e gruposde vândalos, na noite de ontem,pessoas ficaram feridas e passa-ram mal.

Durante o quebra-quebra dascabines da praça do pedágio, umamanifestante teve a parte de trásda cabeça ferida por um portão.Sangrando muito, ela foi levada aum hospital particular da capital.

Durante a confusão no pedágioda Terceira Ponte, o desespero de

ADRIANO HORTA/AT

POLICIAIS MILITARES avançam para conter baderna durante protestos na Enseada do Suá, em Vitória

CENAS DE DEPREDAÇÃOADRIANO HORTA/AT

VÂNDALOS DESTRUÍRAM a porta de vidro, cadeiras e mesas de uma lancho-nete que estava fechada na Enseada do Suá, Vitória, durante o protesto.

ADRIANO HORTA/AT

CRIMINOSOS jo -gam pedras noentorno do Tribu-nal de Justiça doEspírito Santo.Eles usaram ban-danas e toucaspara evitar aidentificação. Ospedregulhos fo-ram retirados deblocos de concre-to que estavamdemarcando ochão na área aoredor da sede doTJ-ES. Mas amaioria dos mani-festantes eracontra a violênciae o vandalismo.

ADEMIR RIBEIRO/AT

CAIXAS na praça de pedágio da TerceiraPonte com doações para instituição de ca-ridade foram saqueadas por vândalos.

alguns manifestantes era tantoque, ao ver o confronto, muitaspessoas se jogaram da ponte, deuma altura de mais de três metros.Alguns se machucaram e tiveramde ser carregados.

Um grupo de cinco amigos, to-dos evangélicos, pulou da TerceiraPonte de uma altura de três metros

para escapar do confronto entrebaderneiros e policiais. Um delesfoi o estudante Lucas Melo, 18, quemachucou o pé e foi levado pelaequipe da Central de Ambulânciasda Prefeitura de Vitória para oHospital São Lucas, na capital.

Um adolescente de 17 anos deidade foi ferido na cabeça com

uma garrafa que foi lançada daTerceira Ponte. Ele foi levado parao Hospital Infantil de Vitória.

Na Central de Ambulâncias, ou-tras pessoas feridas foram atendi-das, inclusive um adolescente de17 anos que queimou a mão comuma bomba e uma jovem que ina-lou gás lacrimogêneo e desmaiou.

OPINIÃO

Dois momentos extremos nanoite de ontem. De um lado, aforça transformadora da multi-dão, maioria que caminhou eprotestou pacificamente embusca de uma sociedade melhor.De outro, a fúria destruidora deuma minoria que, com pedras,paus e fogo, promoveu cenas deb a r b á r i e.

Dos primeiros, a história vai seorgulhar, mas dos outros, os vân-dalos, o que se espera é que se-jam identificados e que paguem,dentro da legalidade, pelos da-nos provocados, que não foram

poucos, tanto ao Tribunal deJustiça, às lojas próximas e àpraça de pedágio. Não podemuns poucos destruir com a vio-lência o sonho dos manifestan-tes do bem.

Infelizmente, a força policialtambém se mostrou desprepara-da para ações desta natureza.Quando os policiais começarama reagir, atiraram a esmo, acer-tando pessoas inocentes com ba-las de borracha.

A democracia brilhou, mas osvândalos a deixaram um poucoofuscada.

Vândalos contra a democracia

“Lanchar com dinheiro de otários”Sem qualquer constrangimento,

um adolescente gritava no final doprotesto, em meio a um grupo deamigos: “Vou lanchar com dinhei-ro de otários.”

Seu comentário, feito nas proxi-midades da Assembleia Legislativa,na Enseada do Suá, arrancou garga-lhadas de quem estava perto, mastambém deixou algumas pessoas re-voltadas. O dinheiro que ele se refe-ria foi roubado durante o protesto.

Mas ele não foi o único que foipara as ruas com essa intenção. APolícia Militar recebeu informa-ções de que bandidos do Bairro daPenha, São Benedito e Jesus deNazareth, em Vitória, além de ou-tros locais, foram para a manifes-tação para praticar furtos.

Geralmente usando mochilas,eles andavam em grupos de mais de

cinco e chegavam a mudar a cami-sas para não serem identificados.

Muitas pessoas, enquanto tenta-va se afastar, chegavam a comen-tar: “que gente esquisita”.

Além de dinheiro, eles roubaramcelulares, joias e saquearam esta-belecimentos comerciais.

Uma outra adolescente tambémfez questão de dizer que iria tomar

água com o “dinheiro dos otários”.Quando a reportagem de A Tri-

buna estava passando de carro pe-la avenida Beira-Mar, por volta das22h30, dois adolescentes tinhamsido detidos por policias militaresem Jesus de Nazareth.

A informação era de que eles ti-nham acabado de roubar na re-g i ã o.

LEONE IGLESIAS/AT

M U LT I DÃOem frente àA ss e m b l e i a ,onde bandidosaproveitaram am a n i f e s ta ç ã opara roubar

“Já foramefetuadas prisões,

mas vamos analisartodas as imagenspara prender osresponsáveis ”Coronel Edmilson do s Santos

6 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Contra o que você protesta?Pessoas de todas asidades foram às ruasde Vitória para criticara corrupção, o caos nasaúde e na educaçãoe o preconceito

O vandalismo que aconteceuao fim da manifestação emVitória ontem foi protago-

nizado por um pequeno grupo enão representa a manifestação. Amaioria saiu às ruas, de forma pa-cífica, com várias causas estampa-das em cartazes e faixas.

As maiores críticas foram dire-cionadas à corrupção, mas nadapassou despercebido. A PEC 37 —que, se aprovada, dá poder de in-vestigação criminal exclusivo àspolícias Federal e Civil, retirandoessa atribuição do Ministério Pú-blico (MP) —, a “cura gay” e os gas-tos com a Copa foram lembrados.

A população pediu atenção es-pecial à saúde, à educação, aos di-reitos humanos, à Justiça e à elimi-nação do preconceito.

Gastos mal direcionados“Meu filho Joshua nasceu nos Estados Unidos, e a gente sente a dife-

rença. Infelizmente, os investimentos são direcionados para as áreas er-radas no Brasil. Milhões são gastos com a Copa, mas o povo continua semo que é preciso: a educação”.

Hudson Salles, 45 anos, ourives

FOTOS: JUSSARA MARTINS/AT

M e n s a l e i ro s“Estamos saindo às

ruas para mostrar quenão estamos passi-vos. A corrupção tinhade ser um crime he-diondo. Aqui eles per-manecem no poder eparecem estar aindacom a razão. O País secansou disso e por is-so está na rua paraprotestar ”.Moacir Resende, 50,

servidor público

Desatenção com idosos“Eu fui funcionária até do Lula. Mas

fui esquecida por eles. Hoje os idososnão têm vez. São esquecidos e nãoconseguem emprego”.

Elizabete Souza, 60, desempregada

R epressão“Estou aqui para apoiar o movimen-

to dos jovens. Isso deve acontecersempre, porque vivemos em um Paíslivre. Todos têm esse direito”.

Armando Prates, 76, aposentado

Falta de ética no poder público“Os políticos não têm ética nenhuma e querem mostrar que somos nós,

jovens, que não temos. Estamos mostrando o contrário”.Guilherme Alves, 16 anos, estudante (com a bandeira à esquerda)

Desperdício“Vim para satiri-

zar o desrespeitocom que os políti-cos nos tratam.N ã o s ã o s ó 2 0centavos. Isso ép a r a c h a m a r aatenção tambémde todos, para elesverem que a nossaluta é muito maiord o q u e a p e n a spassagens de ôni-bus ”.

Arjuna de Melo,29, estudante

Caos na saúde“Se eles usassem o dinheiro que es-

tão gastando na Copa com saúde eeducação, o Brasil conseguiria ficarem uma condição melhor”.

Jhonatan Bellon, 25, vendedor

Servidora lista 20 motivos para protestar“Eu e minha filha nos sentamos e listamos 20 motivos para protestar:

corrupção, descaso com a educação... Acreditamos num País melhor”.Vanderleia Hage, 36 anos, servidora pública

Foro privilegiado“Todos devem ser tratados de forma

igualitária, inclusive pela Justiça. Porisso, protesto contra o foro privilegia-do e também por outras causas”.

Lucas Bori, 15, estudante

Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 7

FOTOS: JUSSARA MARTINS/AT

Investimentos errados“Os investimentos de hoje em dia estão todos equivocados, e o

povo acordou depois de ficar muito passivo. Sabemos que essatransformação acontecerá aos poucos. Mas viemos às ruas pa-

ra acelerá-la. Fomos caras-pintadas e, agora, eu e a mãe do Ga-briel, Classise, trazemos nosso filho para participar também. Émuito bom ver a juventude se levantar para tentar construir umPaís mais justo e, com certeza, veremos mudanças em breve”.

Fausto Umar, 56, técnico em enfermagem

PEC 37“Eu e minhas amigas do curso de Nutrição da Ufes viemos

para protestar contra a PEC 37, que é um absurdo, mas tam-bém contra a corrupção, a falta de investimento na educa-ção, tudo com bom humor”.

Katarina Valente, 21, estudante

Corrupção“Meus sobrinhos

estão na rua para sa-ber, desde cedo, queé importante lutarpelos direitos. Esta-mos mostrando aeles que a corrupçãoque acontece nonosso País não podeser exemplo paraninguém”.Ana Cristina Freire,

24, servidorapública (de óculos

ao centro)

I n d i f e re n ç a“Acharam que os jovens fica-

riam em casa. Mas acharam er-rado, porque nós temos forçapara mudar e estamos”.

Joelma dos Santos,16, estudante

PA C“Eu e Betina na-

moramos há seismeses e sempreconversamos so-bre política. Esta-mos unidos contraos maus gastos dogoverno. O dinhei-ro é utilizado emobras superfatu-radas, o que sóacelera a corrup-ç ã o”.

Ivan Nascimento,19, estudante

Pr i o r i d a d e s“A política do go-

verno está toda aocontrário. Ao invésde melhorar o trans-porte público, elespriorizam o poder decompra, para quemais pessoas te-n h a m c a r r o s e otrânsito nunca me-lhore. É preciso in-vestir em infraestru-t u ra ”.

Juliano Monteiro,21, estudante

Violência“Não é possívelmudar o País comviolência. Temosde levar à frentea cultura da paz”.

R obernilsonNa s c i m e n t o ,

28,consultor

Pre c o n c e i t o“Ainda olham os transexuais, gays e lésbi-

cas com diferença. Ainda não temos os mes-mos direitos que as outras pessoas e isso pre-cisa mudar. Queremos que não sejamos trata-

dos da forma como somos, por isso estamosna rua. Os homossexuais são marginalizados,e o projeto da “cura gay” é um exemplo disso.Precisamos que as pessoas passem a nos res-peitar. Esse movimento não pode parar aqui”.

Associação dos Gays do Espírito Santo

8 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013

Reportagem Especial

Dia 1º de julho o Brasil vai pa-rar. É com essa frase quemanifestantes se articulam

nas redes sociais para fazer umagreve geral no País.

Na página do evento, os organi-zadores destacam que queremmostrar ao governo que quem fazum País é o povo e não os políticos.

Em um dos trechos, eles destaca-ram: “Unidos, podemos fazer essePaís mudar! Junte-se ao movimen-to, é pelo futuro dos nossos filhos,nossos netos. Basta de impunidade,basta de dinheiro do povo sendousado e abusado pelos governantesdas formas mais absurdas. Ou o go-verno nos ouve, ou tudo para!”

Até a noite de ontem 282 mil pes-soas confirmaram presença em todoo País, centenas do Espírito Santo.

O presidente do Sindicato dosMédicos do Estado e vice-presiden-te da Federação Nacional dos Médi-cos, Otto Fernando Baptista, disseque se realmente for deflagrada agreve geral, a categoria irá aderir.

“Agora o brasileiro, independen-temente da profissão, está soltan-do a voz. Queremos unidades desaúde e um SUS padrão Fifa”, dis-se Baptista, que ontem participoudo protesto, ao lado de cerca de500 médicos.

Ele acredita que no Estado a gre-ve geral ganhe a adesão de 6.400médicos, dentro de um universo de8 mil. “Os demais não irão partici-par porque atuam na urgência e naemergência e não podem parar.”

O presidente do Sindicato dosInvestigadores da Polícia Civil, Jú-nior Fialho, prometeu aderir aomovimento. Mas para que os poli-ciais cruzem os braços, ele precisainformar a população, por meio deum edital, para que o movimentotorne-se legal. “Vamos parar todosos trabalhos que não venham com-prometer urgência e emergência.”

Já o diretor de organização doSindicato dos Trabalhadores em

LEONE IGLESIAS/AT

GILBERTO, RAFAELA, CAROLINE E VANESSA apoiam o movimento organizado para o início do mês que vem

AS REIVINDICAÇÕES

Propostas da greve geral> FIM da roubalheira> AU D I TO R I A no caixa do governo> PUNIÇÃO para os corruptos> MELHORIA no transporte público

com um preço justo> MELHORIA nas estradas e no trânsi-

to e sem pedágios> MELHORIA na saúde e na educação> MELHORAR condição de trabalho e

melhor salário para lixeiros, profes-

sores, médicos, enfermeiros, bom-beiros e policiais

> UM SALÁRIO mínimo decente> L I B E R DA D E de expressão> LIBERDADE de imprensa> R E D U ÇÃO salarial para cargos políti-

cos> REFORMA t r i b u tá r i a

Fonte: Organizadores do evento em uma redesocial.

O QUE AS CATEGORIAS PEDEM

Melhores condições de trabalhoAssociação dos Médicos doEspírito Santo (Ames)> MELHORIAS na saúde pública e pri-

va d a .> NA SAÚDE PÚBLICA, melhoria nas

condições de trabalho, na infraestru-tura e na qualidade de atendimento.

> NA SAÚDE PRIVADA,melhorias no tem-po de atendimento e remuneração.

Sindicato dos Servidores daAssembleia Legislativa e doTribunal de Contas do EspíritoSanto (Sindilegis-ES)> APOIO às manifestações do Rio de

Janeiro e de São Paulo.> FIM DA TRUCULÊNCIA em manifes-

tações pacíficas.> CONTRA a criminalização dos movi-

mentos sociais.

Sindicato dos Policiais Civis doEspírito Santo (Sindipol-ES)> VALORIZAÇÃO dos funcionários pú-

blicos.> ESFORÇO para redução dos índices

da violência no Estado.

Associação de Cabos,Soldados e Bombeiros Militaresdo Espírito Santo> VALORIZAÇÃO da atividade policial

no Estado.> MAIS investimentos na área da se-

gurança pública.

Sindicato dos Bancáriosdo Espírito Santo> NÃO CRIMINALIZAÇÃO dos movi-

mentos sociais e sindicais.> REPOSIÇÃO de perdas salariais.> REDUÇÃO DE JORNADA para seis ho-

ras sem redução da jornada.

Sindicato dos Trabalhadoresem Educação Pública doEspírito Santo (Sindiupes)> NÃO CRIMINALIZAÇÃO dos movi-

mentos sociais.> DEFESA do direito de manifestação.

Ordem dos Advogados do Brasildo Espírito Santo (OAB-ES)> DEFESA dos Direitos Humanos.> ACOMPANHAMENTO das garantias

de direitos humanos pela Comissãode Direitos Humanos da OAB-ES.AT E N D I M E N TO em hospital

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Promessa degreve geralno dia 1ºManifestantes searticulam em redessociais para realizara paralisação. Maisde 280 mil pessoas jáconfirmaram presença

Educação Pública do Espírito San-to (Sindiupes), Marcelo Castro,disse que irá aguardar a definiçãodas organizações sociais e sindica-tos nacionais para verificar se ha-verá ou não adesão ao movimento.

O presidente do Sindicato dosTrabalhadores Rodoviários do Es-tado, Edson Bastos, disse que se omovimento for geral, irão aderir.

Os jovens Gilberto Brasil Cantão,21 anos, Rafaela Souza Dias, 19, e asgêmeas Caroline e Vanessa DuarteCoutinho, 18, apoiam o movimento.

CENAS DO PROTESTOLEONE IGLESIAS/AT

A UNIVERSITÁRIA de Nova Zelândia Rosa Aeston, 18 anos, (à direita) incen-tivou a amiga Julia Saraiva, 22, a participar do protesto.

FÁBIO NUNES/AT

DURANTE passeata, universitário FelipeFafá, 23, se declarou para namorada.

FÁBIO NUNES/AT

UNIDOS pelamesma causa,policiais civis, mi-litares e homensdo Corpo deBombeiros tam-bém foram àsruas protestar.Em frente à As-sembleia Legisla-tiva, falaram so-bre algumas rei-vindicações, en-tre as quais o queeles chamam derealinhamentosalarial.

VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 9

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

BR-101 fechadano Norte e no SulMoradores de vários muni-

cípios também se uniramontem para protestar.

Eles percorreram ruas e avenidas echegaram a fechar a BR-101 emdois pontos: em Linhares, no Nor-te, e em Iconha, no Sul do Estado.

Houve manifestações em pelomenos nove cidades do EspíritoSanto, além da capital: Linhares,Colatina, São Mateus, Guarapari,Nova Venécia, Alfredo Chaves, Ca-choeiro, Alegre e Iconha.

Em Linhares, cerca de 8 mil mo-radores foram ao protesto, segun-do a Polícia Militar. O auge da ma-nifestação ocorreu quando umtrecho da BR-101 Norte foi interdi-tado por cerca de 40 minutos.

Os manifestantes sentaram napista, cantaram o Hino Nacional eexibiram cartazes de protesto. Não

houve confronto com a PM, masocorreram atos de vandalismo emalguns pontos da cidade. A vitrinede uma loja foi quebrada e algumasportas de aço foram apedrejadas.Centenas de policiais militaresacompanharam o movimento, masninguém foi preso ou ficou ferido.

Em Colatina, os manifestantesfecharam por cerca de três horas aPonte Florentino Avidos, após per-correr as principais ruas do centro.Mais de 8 mil pessoas, segundo aPM, tomaram por completo a pon-te sobre o Rio Doce. Pessoas de to-das as idades protestavam com car-tazes e faixa contra a corrupção.

Alguns lojistas chegaram a esva-ziar vitrines e reforçar a seguran-ça, mas não houve registro de atosde vandalismo ou incidente.

Com cartazes nas mãos e rostospintados, 6 mil pessoas, segundo aorganização do evento, também fo-ram às ruas de Guarapari protestar.O protesto foi acompanhado porPMs e transcorreu pacificamenteaté as 21h, quando cerca de 100pessoas sentaram na ponte e fecha-ram o acesso, chamando a políciapara o confronto. Até as 22h, poli-ciais negociavam a saída do grupo.

Em Cachoeiro de Itapemirim,quase 6 mil manifestantes partici-param do protesto, segundo a PM.

FOTOS: WILTON JUNIOR

BR-101 NORTE,EM LINHARES,foi tomada porm a n i f e s ta n t e s ,que chegaram asentar na pista,cantaram oHino Nacionale exibiramcar tazesde protesto

CENAS DO PROTESTONILO TARDIN

UMA MULTIDÃO de mais de 8 mil pessoas tomou por completo os 700 metros de extensão da pontesobre o Rio Doce. Pessoas de todas as idades portavam cartazes e faixa contra a corrupção.

NILO TARDIN

A FUNCIONÁRIA pública Regina Célia Soares, 42, mostrouinconformismo com os rumos da política no País.

ALESSANDRO DE PAULA

A P R OX I M A DA M E N T E 6 mil pessoas par-ticiparam do protesto em Cachoeiro.

Após gritarem palavras de or-dem e cantarem o Hino Nacional,eles se sentaram no meio da aveni-da principal, em frente à prefeitu-ra. Não houve confronto com a po-lícia, mas vândalos quebraram ovidro de um ônibus, destruíram avidraça de uma loja e o vidro do es-tande da Caravana da Justiça.

Um policial militar que acompa-nhava o evento recebeu uma pe-drada na cabeça e levou dois pon-tos. Um rapaz foi detido ao jogarbomba perto de outro PM.

COL ATINA COL ATINA

ALESSANDRO DE PAULA

COM CARTAZES, manifestantes sentaram no meio da avenida principal, em frenteà sede da Prefeitura de Cachoeiro, no centro da cidade, como forma de protesto.

BRUNO ZANCHETA

PONTE foi tomada por manifestantes, que protestaram contracorrupção e por melhorias em saúde, educação e segurança.

DOUGLAS SEVERO - FACEBOOK

P R OT ESTO reuniu cerca de mil pessoas em Alegre. Manifes-tantes saíram da Praça Central e foram até campus da Ufes.

CAC H O E I R O

CAC H O E I R O G UA R A PA R I A L EG R E

8 milfoi o número de manifestantesem Linhares

40 minutosficou fechada a BR-101 Norte

OS NÚMEROS