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  • Seminrio Teolgico Nazareno do BrasilPrograma de Formao MinisterialReitor: Dr. Geraldo Nunes FilhoTraduo: Dr. Geraldo Nunes FilhoReviso do Portugus: Ruth Hayashi YamamotoDiagramao: Daniel Lima: [email protected] (19) 9107-9597Capa: Francisco BorgesCoordenadora Editorial: Ebe Ferreira de SouzaAcompanhamento Grfico: Marcos Adelino Lucas1 Edio: Maro 2010Tiragem: Sob demandaImpresso: Grfica BandeirantesDireitos autorais da Edio em Portugus:Seminrio Teolgico Nazareno do Brasil

    Campinas SP BrasilTelefone: (19) 3287-7360Site: www.etedbrasil.com.br

    Parceria: Casa Nazarena de Publicaes noBrasil

    Rua Professor Luiz Rosa, 242 BotafogoCampinas SP Brasil 13020-260Telefone: (19) 3234-7880www.casanazarena.com.bradministrativo@casanazarena.com.br

    FICHA TCNICA

    Quiroca, Adrian H. Q48n Novo Testamento II / Adrian H. Quiroca, Santiago

    Berechee, J. Victor Riofrio. Campinas: STNB / CasaNazarena de Publicaes no Brasil, 2010. (SriePrograma Educacional Seminrio sem Fronteiras, 4).

    Traduo de : Nuevo testamento II.Bibliografia.ISBN 978-85-89081-47-4

    1. Bblia Novo Testamento Estudo e ensino.

    CDD: 225.7

  • ndice

    UNIDADE I EPSTOLAS PAULINAS ....................................................................... 17CLASSIFICAO DAS EPSTOLAS PAULINAS ...................................... 211 TESSALONICENSES ................................................................................................ 262 TESSALONICENSES ................................................................................................ 361 CORNTIOS ............................................................................................................ 40 2 CORNTIOS ........................................................................................................... 50GLATAS .................................................................................................................. 57ROMANOS ................................................................................................................. 68FILEMOM .................................................................................................................. 77COLOSSENSES ........................................................................................................... 82EFSIOS .................................................................................................................... 88FILIPENSES ............................................................................................................... 941 TIMTEO ............................................................................................................ 100TITO ....................................................................................................................... 1052 TIMTEO ............................................................................................................ 110ATIVIDADES DA UNIDADE I .................................................................................. 115

    UNIDADE II EPSTOLAS GERAIS ....................................................................... 117TIAGO .................................................................................................................... 118HEBREUS ................................................................................................................ 1231 PEDRO ................................................................................................................ 1302 PEDRO ................................................................................................................ 137JUDAS ...................................................................................................................... 141ATIVIDADES DA UNIDADE II ................................................................................ 145

  • 6Novo Testamento II

    UNIDADE III EPSTOLAS JOANINAS E APOCALIPSE ......................................... 1471 JOO ................................................................................................................... 1482 JOO ................................................................................................................... 1533 JOO ................................................................................................................... 156APOCALIPSE ........................................................................................................... 160ATIVIDADES DA UNIDADE III ............................................................................... 171

    BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 173

  • UNIDADE

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    A edio dos trinta livros que formam o Curso de FormaoMinisterial o resultado de dilogos com pessoas que trabalhamcom a tarefa de capacitar os chamados para o ministrio, para quecheguem ordenao na Igreja do Nazareno.

    Esta coleo de Livros o trabalho de amor que demandoulabuta e responsabilidade da parte de cada um dos envolvidos nes-ta tarefa. A seguir, a relao dos autores dos livros do aluno e pro-fessor; Jorge L. Julca, que desempenhou o cargo de Coordenadordidtico dos livros do professor que acompanham esta coleo;J.Victor Riofro que foi o Editor Geral da Segunda parte desseprojeto; Adrian H. Qurula, que colaborou com o trabalho edito-rial. Damos graas a Deus pelo profissionalismo dessas pessoas,que zelaram por cumprir e manter o equilbrio de um trabalhoacadmico srio, adequando as necessidades dos estudantes s dosque se esmeram no ensino.

    Agradeo a Harvest Partners (parceiros na colheita), que temrespaldado este projeto com sua contribuio financeira e comuma grande disposio para investir em homens e mulheres, a quemDeus tem chamado para serem pastores e lderes de nossa igreja.

    Muitas vezes os irmos que estudam e ensinam em lugaresdistantes sentem-se isolados e sozinhos; se este o caso de algumleitor, aproveito a oportunidade para anim-lo; existem pessoasque oram a cada dia por voc. Este livro que hoje est em suas

    Prefcio

  • 8Novo Testamento II

    mos evidncia de que h pessoas e instituies que queremacompanh-lo, contribuindo para a sua formao ministerial.

    O mais importante que Deus est com voc; se ele o temchamado, tambm o acompanhar. Somos gratos por responde-rem ao chamado de Deus. A educao no algo separado daformao ministerial, parte da mesma. Desejo que Deus o aben-oe ricamente e que este livro lhe sirva de apoio para o que Deusest fazendo e haver de fazer em seu ministrio.

    Jorge JulcaCoordenador Regional de Educao Teolgica

    Igreja do Nazareno Sul Americana

  • UNIDADE

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    O Curso de Formao Ministerial uma coleo de trinta li-vros bsicos, elaborados de acordo com os parmetros estabeleci-dos pelo Guia de Desenvolvimento Ministerial (2003/2007) daIgreja do Nazareno para a Regio Amrica do Sul.

    Todo o material est baseado nas quatro dimenses da prepa-rao ministerial, estabelecidas pelas associaes internacionais deeducao teolgica (Contedo, Capacidade, Carter, Contexto). Ostrinta livros que compem esta coleo constituem o requisitoeducativo para a ordenao do estudante nazareno ao ministriocristo.

    A Assemblia Geral de 1997 estabeleceu que o SistemaNazareno de Educao integrasse estas dimenses em cada curso.O Manual da Igreja do Nazareno 2001-2005, Artigo 424.3, registraesta disposio da seguinte maneira: O carter do instrutor, orelacionamento dos estudantes com o instrutor, do ambiente eexperincias anteriores dos estudantes, aliam-se ao contedo docurso para formar a totalidade do currculo. Diferenas culturais euma variedade de recursos requerero detalhes diferenciados naelaborao do currculo. Entretanto, todos os programas que vi-sem a prover bases educacionais ao ministrio ordenado, (...) de-vem dar ateno cuidadosa ao contedo, capacidade, carter econtexto. Todos os cursos envolvem os quatro elementos, em grausdistintos.

    Apresentao

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    Novo Testamento II

    O Estudo do Novo Testamento faz parte do Programa de Pre-parao Ministerial. Para maior efetividade foi dividido em doislivros: Este o livro texto para o Curso de Novo Testamento II;trata-se de uma introduo aos livros histricos, literrios e teol-gicos das Epstolas Paulinas, Epstolas Gerais, Epstolas Joaninas edo Apocalipse.

    Geraldo Nunes FilhoDiretor Geral

  • UNIDADE

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    Contedo Programtico

    DESCRIO DO CURSOCompreende o estudo introdutrio dos aspectos histricos,

    literrios e teolgicos das Epstolas Paulinas, Epstolas Gerais,Epstolas Joaninas e o livro de Apocalipse.

    FUNDAMENTO DO CURSONo estudo dos livros acima listados, levou-se em considerao

    a importncia do contexto histrico e literrio no perodo de ex-panso da igreja primitiva, ao abordar especialmente os temas teo-lgicos mais relevantes que refletem as tenses e os desafios dapoca em que foram escritos.

    O contexto histrico servir para elucidar questes que po-dem suscitar dvidas e tambm permitir familiarizar-se com olxico, os estilos literrios e a estrutura dos escritos neotestamen-trios, provendo, desta forma, fundamentos que proporcionaroao aluno o desenvolvimento de estudos para uma prtica eficaz, aolongo do seu ministrio.

    OBJETIVOS GERAISAo concluir este curso o aluno estar em condies de:

    1. reconhecer os aspectos histricos, literrios e teolgi-cos mais relevantes das Epstolas Paulinas;

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    Novo Testamento II

    2. compreender os aspectos histricos, literrios e teol-gicos das Epstolas Gerais;

    3. entender os aspectos histricos, literrios e teolgicosdas Epstolas Joaninas e do Apocalipse.

    DESENVOLVIMENTO TEMTICO

    UNIDADE I: ASPECTOS HISTRICOS, LITERRIOS ETEOLGICOS DAS EPSTOLAS PAULINAS.OBJETIVOS ESPECFICOS:Ao terminar esta unidade, o aluno estar em condies de:

    A. distinguir as caractersticas do gnero epistolar paulino;B. explicar o contexto histrico, os aspectos literrios e os

    temas teolgicos bsicos das Epstolas Paulinas em or-dem cronolgica;

    C. estabelecer diretrizes pertinentes vida pessoal e minis-terial no contexto da Amrica Latina.

    TEMAS:A. GNERO EPISTOLAR PAULINO.B. 1 Tessalonicenses.C. 2 Tessalonicenses.D. 1 Corntios.E. 2 Corntios.F. Glatas.G. Romanos.H. Filemon.I. Colossenses.J. Efsios.K. Filipenses.L. 1 Timteo.M. Tito.N. 2 Timteo.

  • Novo Testamento II

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    UNIDADE II: ASPECTOS HISTRICOS, LITERRIOS ETEOLGICOS DAS EPSTOLAS GERAIS.OBJETIVOS ESPECFICOS:Ao terminar esta unidade, o aluno estar em condies de:

    A. analisar os aspectos geogrficos, eclesisticos, sociais,polticos e religiosos que configuraram o contexto hist-rico da cada carta geral;

    B. diferenciar os aspectos literrios (autoria, destinatrios,ocasio e propsito, data e lugar de redao, tema princi-pal e estrutura) de cada uma das epstolas em estudo, emordem cronolgica;

    C. analisar teologicamente os temas centrais dos livros b-blicos que compreendem esta unidade, buscando aplica-es prticas para vida pessoal e ministerial.

    TEMAS:A. TiagoB. HebreusC. 1 PedroD. 2 PedroE. Judas

    UNIDADE III: ASPECTOS HISTRICOS, LITERRIOS ETEOLGICOS DAS EPSTOLAS JOANINAS E DEAPOCALIPSE.Ao terminar esta unidade, o aluno estar em condies de:

    A. examinar os aspectos geogrficos, eclesisticos, sociais,culturais, polticos e religiosos que configuraram o con-texto histrico das Epstolas Joaninas e de Apocalipse;

    B. caracterizar os aspectos literrios (autoria, destinatrios,ocasio e propsito, data e lugar de redao, tema princi-pal e esboo) de cada um dos livros em questo;

    C. valorizar e aplicar vida da Igreja os temas teolgicosmais relevantes das Epstolas Joaninas e do livro deApocalipse.

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    Novo Testamento II

    TEMAS:A. 1 JooB. 2 JooC. 3 JooD. Apocalipse

    BIBLIOGRAFIA BSICABELL, JR, Albert A. Explorando o Mundo do Novo Testamento.

    Belo Horizonte: Editora Atos, 2001.BRUCE, F.F. Romanos: introduo e Comentrio. 4ed. So Paulo:

    Vida Nova e Mundo Cristo, 1988.BROADUS, David Hale, Introduo ao Estudo do Novo Testa-

    mento. Rio de Janeiro: JUERP, 1986.CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpreta-

    do Versculo por Versculo. So Paulo: Milenium, 1986.DINKINS, Frederico. Leitura Analtica e Interlinear do Novo

    Testamento: Cartas Joaninas. Patrocnio: CEIBEL, 1962.FOULKES, Francis. Efsios: Introduo e Comentrio. So Pau-

    lo: Vida Nova e Mundo Cristo, 1981.GOURGUES, Michel A. A Vida Futura Segundo o Novo testa-

    mento. So Paulo: Paulinas: 1986.GUTHRIE, Donald. Hebreus: Introduo e Comentrio. So Pau-

    lo: Vida Nova e Mundo Cristo, 1984.___________. Glatas: Introduo e Comentrio. So Paulo: Vida

    Nova e Mundo Cristo, 1984.GREEN, Michael. II Pedro e Judas: Introduo e Comentrio. So

    Paulo: Vida Nova e Mundo Cristo, 1983.GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. 4ed. So

    Paulo: Vida Nova, 1987.HALLEY, Henry H. Manual Bblico: Um Comentrio Abreviado

    da Bblia. 24 ed. So Paulo: Vida Nova, 1983.HENDRIKSEN, William. Comentrio do Novo Testamento:

    Exposio de Efsios . So Paulo: Casa EditoraPresbiteriana, 1992.

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    ___________. Comentrio do Novo Testamento: Exposio deFilipenses. So Paulo: Presbiteriana, 1992.

    KELLY, J. N. D. I e II Timteo e Tito: Introduo e Comentrio.So Paulo: Vida Nova e Mundo Cristo, 1983.

    KRUSE, Colin, II Corntios: Introduo e Comentrio. So Paulo:Vida Nova e Mundo Cristo, 1994.

    LADD, George. Apocalipse: Introduo e Comentrio. So Paulo:Vida Nova e Mundo Cristo, 1980.

    MARSHALL, I. Howard. I e II Tessalonicenses: Introduo e Co-mentrio. So Paulo: Vida Nova e Mundo Cristo, 1984.

    ___________. Atos: Introduo e Comentrio. So Paulo: Mun-do Cristo, 1985.

    MARTIN, Ralph P. Colossences e Filemon: Introduo e Coment-rio. So Paulo: Vida Nova e Mundo Cristo, 1984.

    ___________. Filipenses: Introduo e Comentrio. So Paulo:Vida Nova e Mundo Cristo, 1985.

    MEEKS, Wayne. Os Primeiros Cristos Urbanos: O Mundo Soci-al do Apstolo Paulo: So Paulo: Paulinas, 1992.

    MORRIS, Leon. I Corntios: Introduo e Comentrio. So Pau-lo: Vida Nova e Mundo Cristo, 1981.

    MOO, Douglas J. Tiago: Introduo e Comentrio. So Paulo:Vida Nova e Mundo Cristo, 1990.

    MUELLER, nio R. I Pedro: Introduo e Comentrio. So Pau-lo: Vida Nova e Mundo Cristo, 1988.

    ___________. II Pedro: Introduo e Comentrio. So Paulo: VidaNova e Mundo Cristo, 1988.

    PAROSCHI, Wilson. Crtica textual do Novo Testamento. 2ed.So Paulo: Vida Nova, 1999.

    SCHWARZ, John. Manual da F Crist. Belo horizonte:Betnia, 2002.

    STOTT, John R.W. I, II e III Joo: Introduo e Comentrio. SoPaulo: Vida Nova e Mundo Cristo, 1982.

    TAYLOR, William Carey. Introduo ao Estudo do Novo Testa-mento grego: Gramtica. Rio de Janeiro: JUERP, 2000.

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    Novo Testamento II

    TENNEY, Merrill C., O Novo Testamento: Sua Origem e Anli-se. So Paulo: Vida nova, 1985.

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    Epstolas Paulinas

    UNIDADE

    I

    UNIDADE I Epstolas Paulinas

    Grande parte do Novo Testamento foi escrito por um homemcheio de viso evanglica e grande amor pela obra de Deus. Estehomem se chamava Saulo (nome hebreu), nascido em Tarso. Seupai e sua me eram judeus, da tribo de Benjamin (Romanos 11.1,Filipenses 3.5). Desde jovem foi instrudo na doutrina dos fariseus, qual estava zelosamente apegado. Seu mestre foi Gamaliel.

    Saulo, em seu ardor judaico, dedicou-se a perseguir e matartodos os que confessavam a Jesus como o Messias. Irritado pelapropagao acelerada dos cristos, comeou sua perseguio emPalestina. Seu objetivo era eliminar essa seita. Entrava nas casasdos crentes e no templo e os prendia.

    No af de combater a Igreja de Cristo, Saulo conseguiu cartasde autorizao do Sumo Sacerdote para perseguir os cristos. Des-ta maneira, para cumprir o seu propsito, um dia saiu de viagemat Damasco. O que ele no sabia que nessa ocasio teria umaexperincia que transformaria toda a sua vida (Atos 9.1-2).

    Enquanto Saulo viajava, seguindo ele estrada fora, ao aproximar-sede Damasco, subitamente uma luz do cu brilhou ao seu redor, e, caindo porterra, ouviu uma voz que lhe dizia ... (Atos 9.3-4a). O prprio Senhorressuscitado lhe apareceu, indagando por que o perseguia. (Atos9.4b-5) Deus o havia escolhido para levar seu nome presena dosgentios, de reis e dos filhos de Israel (Atos 9.15). A Bblia disse que

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    Novo Testamento II

    em seguida pregava nas sinagogas a Jesus, afirmando que o Filho deDeus (Atos 9.20).

    Depois de alguns anos, Paulo se encontrava em pleno desen-volvimento ministerial, em Antioquia de Sria, ensinando e fortale-cendo a f dos crentes. Um dia, enquanto os lderes ministravam eadoravam ao Senhor, o Esprito Santo disse congregao queseparassem Paulo e Barnab para uma obra especial em todo omundo conhecido. Foi-lhe confiada a obra missionria qual Pau-lo se dedicou intensamente, com muito amor.

    O apstolo percorreu vastas regies, pregando o evangelho,fundando igrejas e fortalecendo os crentes. Sua viso eraevangelizadora, mas tambm consoladora, j que, tendo oportuni-dade ou percebendo conflitos nas igrejas crists, no se mantinha margem: por meio de visitas pessoais, envio de seus colaborado-res ou por cartas procurou estabelecer a paz, a unidade e o amorentre os crentes.

    Na primeira parte deste captulo dedicar-se- um espao aoestudo do gnero epistolar

    Do Apstolo Paulo. Suas cartas foram oriundas de circuns-tncias e necessidades de pessoas e comunidades reais que deter-minaram seu contedo.1

    GNERO EPISTOLAR PAULINOOs crticos do Novo Testamento observam uma diferena en-

    tre o que o gnero epstola e o gnero carta nos temposneotestamentrios. Percebe-se claramente a diferena, quando secomparam os numerosos exemplares de epstolas e cartas que nostm chegado, por meio de descobertas arqueolgicas. A distinoradical est nas motivaes que o autor teve, ao escrev-las, o queanelava que se fizesse com esse escrito e o pblico ao qual as diri-gia. Luis Rivas expe as diferenas que sobressaem em cada gne-ro: Tem-se discutido muito se as cartas de Paulo pertencem aognero epstola ou ao gnero carta.

  • Epstolas Paulinas

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    Por epstola entende-se um escrito formal em que um reme-tente escreve a um destinatrio ou a um grupo de pessoas, desen-volvendo um tema com especial cuidado, de forma literria.

    Est destinada a ser lida e tambm publicada, para quechegue ao conhecimento de outros. algo semelhanteao que hoje seriam as encclicas dos papas.A carta, por outro lado, o escrito de um remetente aum destinatrio, para tratar de algum tema mais pessoal;pode ser que no se expresse especialmente de formaliterria e originariamente no se destina publicidade.2

    Deve-se destacar que os dois gneros eram usados naquelapoca. Como existem dvidas sobre se epstola ou carta, ocerto que os escritos de Paulo no podem ser definidos por umnico estilo, visto serem encontradas neles caractersticas do gne-ro epstola e do gnero carta.

    Neste livro sero usados deliberadamente os termos epsto-la ou carta com significados semelhantes.

    FORMA DAS EPSTOLAS PAULINASA importncia dos escritos Paulinos se evidencia decisivamen-

    te, por sua incluso no cnon bblico. Isto se demonstra simples-mente, quando se nota que dos vinte e sete livros que contm oNovo Testamento treze foram escritos por Paulo. Suas epstolasforam dirigidas a igrejas distintas em todo o continente euro-asi-tico, a pastores e lderes de congregaes conhecidas e ainda que-las igrejas s quais no tinha podido chegar pessoalmente.

    Em cada carta, o apstolo, de uma forma muito particular,comunicava aos seus receptores o contedo da revelao que lhetinha sido dada por Deus, como tambm fortalecia e combatia asheresias prprias daquela poca.

    A forma como Paulo escreveu as suas cartas no foi muitodiferente da poca dos greco-romanos. Quanto a isto, Earle men-ciona o seguinte:

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    Novo Testamento II

    As Epstolas de Paulo seguem uma forma bastante uni-forme: em primeiro lugar vem a saudao que inclui:nome, ao qual freqentemente se adiciona o de mais umde seus colegas; nome da pessoa ou igreja a que se dirigiaa carta, e a saudao que geralmente graa e paz, logovem a ao de graas. Em seguida, a seo doutrinriaque geralmente a poro maior da Epstola. Por fim,aparece a seo prtica que, frequentemente, tambm de regular tamanho. Geralmente as Epstolas terminamcom uma saudao pessoal ou uma bno.3

    Nas cartas aos judeus, em geral a saudao tradicional era paz(shalom) e nas cartas greco-romanas era alegrar-se (xapete),transliterando charete. Paulo combina o termo judeu paz (Shalon)com o grego graa (xpis) trarnsliterando chris.

    Isto significa que Paulo inventou uma nova saudao, levandoem conta a tradio judia e a greco-romana.

    Nas epstolas paulinas no aparece a seo notcias pessoaisque se incluam nas cartas seculares greco-romanas.

    A forma das epstolas tambm depende de quem era o autor,quem era o redator e que materiais eram usados. Rivas descrevebem estes aspectos:

    Com frequncia, o remetente ditava a carta a um escriba[amanuense] ou o encarregava de escrever, dando-lhesomente as idias (Romanos 16.22). Para atestar a auten-ticidade e a aprovao, o remetente escrevia as saudaescom sua prpria mo, o que equivalia a nossa firma.(Glatas 6.11; Colossenses 4.18; 2 Tessalonicenses 3.17)Escreviam-se as cartas sobre folhas de papiro, uma subs-tncia que se fabrica com fibras de origem vegetal, desuperfcie algo rugosa. Utilizava-se um s lado da folha.Como instrumentos para escrever, usavam-se canas ouplumas de ganso cortadas em forma oblqua, de modoque terminavam em uma ponta. A tinta era preta e se

  • Epstolas Paulinas

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    fabricava com fuligem ou preto de hmus mesclado comgoma. O traado das linhas no era firme.5

    Mas talvez o mais relevante da forma das cartas de Paulo quefoi ele o primeiro a incluir o nome de Jesus Cristo na introduo ena concluso, conforme Wikenhauser e Schmid: Paulo cristianizouo principio e o final das cartas 6.

    CLASSIFICAO DAS EPSTOLAS PAULINASA cronologia dos escritos Paulinos tem sido tema de intermi-

    nveis discusses e variadas opinies entre os crticos bblicos. Oproblema surge quanto ao ano em que esteve prisioneiro em Roma;a quantidade de vezes que esteve em Roma e a data de redao de1 Tessalonicenses e Glatas. As opinies so muito variadas e for-temente fundamentadas. Mesmo assim, podem-se ordenar as eps-tolas paulinas de duas formas: A primeira tem a ver com a ordemcronolgica que, como bem indica a palavra, determinada peladata da redao; e a segunda tem a ver com a ordem cannica, isto, tal como aparece atualmente em nossas Bblias.

    Ordem cronolgica

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    Novo Testamento II

    Diviso das epstolas conforme a atividade paulina econtedoNa classificao das epstolas observa-se uma diviso particu-

    lar detalhada em trs grupos importantes, o que se deduz por meioda atividade paulina e do contedo das epstolas. C. Perrot sugere:

    Estes escritos se classificam da seguinte maneira: as gran-des epstolas, escritas durante a atividade missionria doapstolo (Romanos, 1 e 2 Corntios, Glatas, 1 e 2Tessalonicenses); as cartas do cativeiro, escritas na priso[Roma] (Filipenses, Colossenses, Filemom e Efsios); ascartas pastorais, relativas disciplina pessoal e comunit-ria (1 e 2 Timteo e Tito)7

    As grandes epstolas. Paulo foi um missionrio extraordinrio emseu tempo, no somente pelas vastas regies percorridas, mas tam-

    Ordem cannica

  • Epstolas Paulinas

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    bm pelo interesse que demonstrava ter por seus filhos espiritu-ais, interesse que se v refletido em cada carta deste grupo. Elepregava o evangelho e tambm pastoreava, ensinava e instrua oscrentes sobre a vida nova para a qual tinham sido chamados. Estascartas foram escritas, enquanto o apstolo estava em plena ativida-de missionria. So chamadas grandes epstolas por seu densocontedo doutrinrio, pela profundidade de seus pensamentos,revelaes quanto Igreja de Jesus Cristo e pelo carter prticoque Paulo inseriu nelas. Com o decorrer do tempo, estas cartaspassaram a ser as colunas da doutrina crist.

    As epstolas da priso. Este ttulo indica a condio do apstolono momento de escrever estas cartas. O contedo delas no repre-senta o melhor da vida e ministrio de Paulo, no entanto, em cadauma delas, percebe-se uma atitude de gozo diante das situaesadversas que estava vivendo.

    Os historiadores asseguram que o Apstolo Paulo esteve prisi-oneiro duas vezes em Roma. Uma a que conhecemos pelo relatobblico em Atos 28, quando Paulo, depois de sua aventura marti-ma, chega como prisioneiro a Roma, onde permanece por doisanos (Atos 28.30). O outro momento situado por alguns auto-res depois do relato de Atos. Acredita-se que, passados dois anosde Atos 28.30, Paulo foi colocado em liberdade entre os anos 62 e63 d.C. Isto lhe permitiu continuar as viagens missionrias, che-gando at a Espanha inclusive. necessrio recordar tambm queesta informao no confirmada definitivamente, sendo que atagora se tem apresentado apenas como uma hiptese.

    Considera-se, geralmente, que estas epstolas foram escritasdurante o primeiro perodo do encarceramento de Paulo, ou seja,durante os dois anos em que esteve prisioneiro em Roma. O quese sabe pelo livro de Atos, acerca deste primeiro encarceramento, que ele recebia a todos os irmos (28.30), pregava e ensinava oevangelho. Talvez aqui tenha recebido tambm os lderes de igre-jas visitadas ou fundadas por ele, como o caso da carta aosfilipenses. Nela menciona Epafrodito (Filipenses 2.25-30), segun-

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    Novo Testamento II

    do se cr, um ministro desta igreja que tinha viajado a Roma paraconfortar o apstolo, com uma oferta de amor de sua igreja. EmColossenses tambm se menciona a presena de um tal Epafrasque tambm visitou Paulo em Roma (4.12).

    Nestas cartas encontram-se revelaes profundas quanto Igre-ja, mas tambm uma atitude decidida do apstolo em combater asheresias dessa poca. Nelas permanecem o gozo e a esperana deser liberado de suas cadeias.

    As epstolas pastorais. O nome deste grupo de epstolas se deveaos destinatrios das mesmas e ao contedo. Timteo e Tito erampastores que haviam sido encomendados obra pelo apstolo, emigrejas determinadas. Timteo desenvolvia seu ministrio pastoralem feso (1 Timteo 1.3) e Tito, na ilha de Creta (Tito 1.5). Pauloencarrega Timteo de ajudar os fiis a no prestarem ateno sfalsas doutrinas que estavam enraizando-se na Igreja de feso, mastambm lhe escreve com o propsito de que saiba como condu-zir-se na casa de Deus (1 Timteo 3.14-15). A Tito encarrega-ode corrigir o irmo faltoso e estabelecer ancios em cada igreja,seguindo as instrues expressas na carta.

    Nestas epstolas encontram-se a organizao da igreja e as ati-vidades que esta deveria desenvolver em prol da comunidade edos membros da mesma. Paulo tambm conclama os ministros apermanecerem atentos s falsas doutrinas que nela se manifesta-vam, mas tambm os anima a combater o erro e no manter umaatitude passiva.

    ESTILO PAULINOO Apstolo Paulo comunicava seus pensamentos e instrues

    de uma maneira muito particular. Podia ser um pai amoroso e ter-no que abria seu corao queles que eram os destinatrios e re-partir-lhes, com pacincia, a maravilhosa experincia de conhecera Cristo e seguir suas pisadas, ou ser aquele pai duro que corrige osdefeitos de seus filhos, os quais, com o decorrer do tempo, tendema valorizar as coisas fteis e transitrias.

  • Epstolas Paulinas

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    As igrejas que serviam como destinatrias dos escritos de Pau-lo eram congregaes j estabelecidas. Eram lugares propcios leitura da Palavra e comunho. Oferecia um espao excelentepara que a mensagem escrita chegasse com maior eficcia e comu-nicasse os ensinamentos relevantes da f crist. Alm disso, Paulopodia desempenhar seu ofcio de orador-profeta e de doutor cris-to. Conforme a circunstncia utilizava todos os recursos estilsticosamplamente praticados naquela poca: o paralelismo, a anttese, oparadoxo e a metfora8.

    Paulo escrevia a seus leitores, apontando solues para as in-terrogaes que o mundo grego propunha ao evangelho, pergun-tas sobre a ressurreio dos mortos, a vida moral sexual e aescravido. Todas estas prticas eram comuns no mundo em que oevangelho se estava desenvolvendo.

    Paulo no estava consciente de que estava escrevendo para aIgreja Universal, 2.000 anos depois. Ele estava tratando de necessi-dades e situaes locais, mesmo que suas cartas no deixassem deser, ao mesmo tempo, tratados teolgicos importantes.

    Paulo via a si mesmo como ponto de tenso entre a tradio ea inovao. Por um lado, Paulo insiste em que ele prega o que jtinha recebido (Glatas 1.9, 1 Corntios 15) e, por outro lado, insis-te no carter nico e sem mediao de seu evangelho (Glatas 1.11-12 e 15-20; 2.6-10).

    A resoluo desta tenso em Paulo, entre a tradio e a inova-o, parece estar na frase: que eu pregasse entre os gentios(Glatas 1.16). O evangelho que Paulo recebeu por revelao, noera os atos da f histrica e o seu significado. Paulo no necessitoude um anjo que viesse e contasse o que Jesus disse e fez. Haviamuitas pessoas que podiam contar-lhe isso. A parte distintiva deseu evangelho no era a incluso dos gentios, mas a essncia dadiferena estava na verdade de que os gentios deviam ser incorpo-rados pelo fundamento da f,isto , mesmo que no fossem ju-deus, poderiam ser salvos. Este o Evangelho de Paulo, o evangelhoque lhe havia sido confiado, como se v em Glatas 3.1-10.

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    Novo Testamento II

    No fcil mencionar todos os detalhes do estilo Paulino.Qualquer exposio estaria de uma ou outra forma inconclusa.Contudo Paniagua, de alguma maneira, completa a descrio doApstolo Paulo como pensador e escritor:

    Sem dvida, resulta impactante encontrar em Paulo umtelogo de aguda viso e profunda anlise, mais livre dafrieza intelectual que se esperaria num homem de taiscaractersticas. Por outro lado, produz uma grande admi-rao o ver neste cristo uma engenhosa combinao demissionrio incansvel e pastor de corao emotivo. EmPaulo se aprecia tanto a exposio detalhada e inteligvelda f como a versatilidade de sua estratgia discipuladora.9

    1 TESSALONICENSESAntes de continuar este estudo, fique claro que se levar em

    conta a forma cronolgica anteriormente exposta, para desenvol-ver uma anlise das cartas de Paulo. Isto nos leva a comear com 1Tessalonicenses. Segundo variadas opinies, esta seria a primeiracarta dos escritos paulinos.

    Contexto HistricoOs dados abaixo pertencem tanto primeira como segunda

    carta aos Tessalonicenses.

    A cidadeDe todas as cidades circunvizinhas, Tessalnica era a mais pro-

    eminente na regio, a mais influente. A cidade foi fundada no ano315 a.C. por Cassandro, um oficial a mando do grande Alexandre,o Magno. Este oficial casou-se com a meia-irm de Alexandre, denome Tessalnica um gesto meramente poltico.

    Pela cidade passava a famosa Via Igncia, fazendo uma grandeponte entre Roma e Bizncio, entre Oriente e Ocidente. QuandoRoma comeou a exercer poder no que hoje a Europa, conquis-tou Macednia e a dividiu em quatro regies. Tessalnica foi feita

  • Epstolas Paulinas

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    capital de uma destas regies, porm, mais tarde, talvez no ano 146a.C., esta cidade chegou a ser a capital de toda a provncia deMacednia.

    No ano 42 a.C. comeou um conflito civil entre Jlio Csar ePompeu. Tessalnica tomou o lado de Jlio Csar que ganhou oconflito. Esta lealdade no foi esquecida por Jlio Csar que a teriaconvertido em uma cidade livre, a qual obteve um considervelgrau de autonomia. Nos tempos de Paulo, Tessalnica era a princi-pal cidade de Macednia, um grande centro de exportao marti-ma, com cerca de 200.000 habitantes.

    Como centro comercial no Mar Egeu, os nicos rivais deTessalnica eram Corinto, ao sul, e feso, a leste.

    A histria da cidade marcada de eventos trgicos, de con-quistas e busca da independncia. No ano 390 d.C. o imperadorTeodsio mandou matar 7.000 cidados tessalnicos, por teremparticipado de uma sedio ocorrida ali; este evento levou em con-siderao a lealdade da capital do imprio e os sediciosos forammassacrados, sem importar o sexo, classe ou posio social.

    Depois de um tempo considervel de disputa pelo poder dacidade entre os turcos e os otomanos, no ano 1430 veio a cair nopoder destes ltimos, o que se estenderia at 1912, quando, emuma campanha militar chamada Campanha de Salnica, os gregosrecuperaram sua antiga cidade. Sob os otomanos, a cidade se cha-mou Salnica at 1937 e, a partir da, foi restaurado o seu antigonome: Tessalnica.

    A IgrejaDurante sua segunda viagem missionria, Paulo fundou a Igreja

    em Tessalnica. A narrao do captulo 17 de Atos indica que aIgreja era composta, em sua maioria, por gentios, pois os judeushaviam rechaado o evangelho. Vrias referncias na prpria Eps-tola o confirmam, pois demonstram que Paulo estava escrevendoprincipalmente a gentios.

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    Novo Testamento II

    Aspectos polticos sociais e religiososTessalnica era uma cidade muito diferente quanto a culturas,

    tais como a dos romanos, orientais e judeus, para mencionar algu-mas delas.

    Os judeus constituam uma comunidade muito influente nestacidade, tanto no mbito comercial como tambm religioso. Estesconstruram na cidade uma sinagoga qual Paulo se dirigiu parapregar o evangelho. Por estar em um ponto estratgico, Tessalnicase convertia em uma cidade com um comrcio muito prspero.Dois fatores contriburam para manter um mercado crescente eestvel: a Via Igncia e o porto que ficava na costa do Golfo Tr-mico, no mar Egeu.

    O imprio classificou Tessalnica como cidade senatorial. Gra-as a isto e o favor de Jlio Csar, gozava de liberdade e possuasua prpria administrao. Tambm possua tribunais onde se jul-gavam os casos de delito. Os agentes de segurana se chamavampolitarcas e as Escrituras falam sobre eles, quando Jasom e algunsirmos foram arrastados. (Atos 17.4)

    Aspectos Literrios

    AutoriaA evidncia interna confirma desde o comeo da carta que Paulo

    seu autor. (1 Tessalonicenses 1.11)A evidncia externa a favor de Paulo como autor de 1

    Tessalonicenses muito forte. Os pais da igreja como Igncio deAntioquia e Policarpo em O Pastor de Hermas usaram esta carta, ereconheceram como seu autor o Apstolo Paulo. At o ano 215d.C., Clemente de Alexandria admitia ser paulina esta carta. Omesmo fez Ireneu10.

    DestinatriosOs destinatrios de 1 Tessalonicenses eram muito amados por

    Paulo e seus colaboradores, de forma que desejariam no s entre-

  • Epstolas Paulinas

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    gar-lhes o evangelho, mas tambm suas vidas. (2.8) A tarefa deencontrar estes amados destinatrios no difcil, j que Paulomesmo os menciona na introduo de sua carta. (1.1)

    Ocasio e propsitoPelo que se sabe do relato de Lucas em Atos, Paulo chegou a

    Tessalnica depois de um tempo no muito feliz em Filipos, ondefoi preso. Deste lugar se dirigiu, atravs da Via Igncia, primeiroat o sul e depois at o oeste. Depois de passar por Anfpolis eApolnia, chegaram a Tessalnica. L, como de costume, o aps-tolo se dirigiu a uma sinagoga judia para anunciar que Deus jhavia enviado o Messias, e que esta promessa encontrou seu cum-primento em Jesus.

    O evangelho que Paulo pregava no gozou de grande aceita-o entre os judeus daquela cidade, pois iniciaram uma revolta con-tra o apstolo. No meio desta situao, Paulo e Silas foram enviadospelos irmos, de noite, at Beria, uma cidade a uns 70 km deTessalnica. Chegando l, o esprito evangelizador de Paulo impe-liu-o a pregar o evangelho entre os judeus. Estes foram mais sen-satos que os de Tessalnica. Mas at l chegou a oposio dosjudeus tessalnicos; o que obrigou Paulo a partir novamente, in-terrompendo sua obra em Tessalnica e em Beria.

    O apstolo no estava tranquilo, sabendo que a obra emTessalnica no havia sido fortalecida. A preocupao por seusamados infundia-lhe uma tremenda necessidade de alentar os cren-tes que talvez estivessem sendo perturbados pelos judeus. Para ali-viar esta preocupao (3.5), o apstolo envia Timteo a Tessalnicapara o animar e informar sobre a situao e o estado daquela obra.

    A estada de Paulo em Atenas no foi muita longa; depois dealguns dias, dirigiu-se a Corinto, cidade onde Timteo se encontroucom Paulo, logo depois de regressar de Tessalnica, para trazer asnotcias to esperadas para o apstolo. O relatrio foi alentador paraPaulo, j que a obra ali continuava, apesar da oposio. Os irmoscresciam na f e no testemunho cristo. Neste relatrio Timteo

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    Novo Testamento II

    apresentou a Paulo a inquietao de alguns irmos quanto vindado Senhor. Ao que parece, alguns crentes estavam morrendo antesde chegar o to esperado dia do Senhor, o que suscitava dvidas separticipariam com Ele neste evento grandioso.

    Fazendo uso do seu precioso dom, o apstolo redige o quehoje se observa em nossas Bblias. Elogiou os seus irmos peladedicao a Cristo em meio s grandes oposies, pelo progressodo Evangelho, pela f e amor que esta comunidade estava demons-trando.

    Diante do que foi exposto, parece claro que Paulo teve trspropsitos, ao escrever aos tessalonicenses:

    defender seu prprio ministrio em Tessalonica; em es-pecial para assegurar aos crentes a respeito do seu amor einteresse por eles;

    consolar e estimular os cristos em Tessalonica a vivervidas santas e agradveis ao Senhor, em meio s perse-guies que estavamsofrendo;

    Corrigir uma falsa impresso com respeito segunda vin-da de Cristo. Sobre isto, assegurou-lhes que os seus entesqueridos j mortos participariam de tal evento.

    Data e lugar de redaoDe Tessalnica, Paulo se dirigiu a Beria (Atos 17.10), depois a

    Atenas (Atos 17.15) e finalmente a Corinto (Atos 18.1), donde sededuz que esta primeira epstola aos Tessalonicenses deva ter sidoescrita por volta do ano 50 d.C. (3.6; cf. Atos 18.5).

    A poca em que foi escrita esta epstola tem suscitado variadasopinies; o mesmo no acontece quanto ao lugar, j que as evidn-cias encontradas no livro dos Atos e na mesma carta aosTessalonicenses so muito favorveis a que Corinto seja a cidadede onde ele a escreveu. Paulo menciona em 1 Tessalonicenses aao: mas quando Timteo voltou a ns... (3.6); isto quer dizerquando se reuniu de novo conosco. Atos menciona o lugar ondese realizou esta ao: Depois destas coisas, Paulo saiu de Atenas e

  • Epstolas Paulinas

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    foi a Corinto (18.1), e quando Silas e Timteo vieram deMacednia . . .

    Tema principalO tema da vinda do Senhor est presente nos cinco captulos

    (1.10; 2.19; 3.13; 4.13-17; 5.1-11), colocando-o em posio de temaprincipal de toda a carta. No somente fala do que est por vir,como tambm da maneira de viver aqui e agora (a vida de santida-de)11.

    EsbooPara uma compreenso melhor desta carta, necessrio consi-

    derar o seguinte esboo: 12A. Introduo (11.1)B. Reflexes pessoais (1.2-3.13)

    1. Louvor da igreja (1.2-10)2. Fundao da igreja (2.1-16)3. Timteo fortalece a igreja (2.17-3.13)

    C. Exortaes prticas (4.1-5.22)1. Abster-se da imoralidade (4.1-8)2. Amar uns aos outros (4.9, 10)3. Ocupar- se com o prprio trabalho (4.11,12)4. Consolar uns aos outros com a esperana da segunda

    vinda (4.13-18)5. Viver como filhos do dia (5.1-11)6. Abster-se do mal; abraar o bem (5.12-22)

    D. Concluso (5.23-28).

    Personagens Principais

    Silas provvel que Silas seja a forma aramaica de Saul. Este

    nome latinizado seria Silvano, o que explicaria a diferena entre olivro de Atos e as epstolas quanto a este personagem. Foi um

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    Novo Testamento II

    crente proeminente na Igreja de Jerusalm. Atos d testemunhode que era um homem notvel (Atos 15.22). Foi comissionadopara acompanhar Paulo e Barnab at Antioquia, para levar os de-cretos do conclio celebrado em Jerusalm.

    Silas era judeu e cidado romano como Paulo (Atos 16.37-39).Talvez esta seja uma das razes pela qual Paulo decidiu lev-loconsigo em sua segunda viagem missionria, depois de discordarde Barnab.

    Silas ou Silvano foi um dirigente aprovado em seu ministrio,cheio de paixo pela obra evangelizadora. Em nenhuma parte doNovo Testamento se faz referncia a ele como apstolo, masparece que ocupou uma posio subordinada aos apstolos.

    Silas acompanhou Paulo atravs de Sria, sia Menor,Macednia e Tessalnica. Quando Paulo se dirigiu a Atenas, Silasficou em Beria e logo se reuniu com ele em Corinto (Atos 1618). Seu nome aparece ao lado do de Timteo na saudao dePaulo tanto na primeira como na segunda epstola (1.1)13.

    TimteoTimteo nasceu em Listra, uma cidade quase oculta nas altas

    plancies de Licania. Sua me Eunice era judia (2 Timteo 1.5) efoi quem instruiu Timteo nas Sagradas Escrituras (2 Timteo3.14-15). Sua av Lide tambm influenciou a vida de Timteo (2Timteo 1.5). Do pai de Timteo no h muitos dados; as Escritu-ras em Atos mencionam que era grego (Atos 16.1).

    No se sabe o momento exato em que Timteo se iniciou nocristianismo, mas muitos supem que fosse durante a primeira vi-agem missionria de Paulo, quando, depois de partir de Antioquiade Sria passando por Icnio, chegaram a Listra. possvel tam-bm que se tivesse convertido por meio da pregao dos crentesque se estabeleceram l. De fato, em sua segunda viagemmissionria, Paulo teve a inteno de visitar estes irmos: Volte-mos a visitar os irmos em todas as cidades em que temos anunci-ado a Palavra do Senhor, para ver como esto (Atos 15.36).

  • Epstolas Paulinas

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    O que se sabe que Timteo foi escolhido para acompanharPaulo e Silas na segunda viagem missionria. Por causa de prov-vel oposio dos judeus, Paulo circuncidou Timteo. (Atos 16.1-3)

    Por algumas expresses de Paulo, pode-se deduzir que Tim-teo possua um carter tmido e, nos momentos difceis e de opo-sio, tendia a desanimar-se (2 Timteo 1.3-7). Por esta razo, talvez,Paulo rogava aos corntios que fizessem Timteo sentir-se confor-tvel entre eles e que no desprezassem seu carter (1 Corntios16.10-11). Pelas Escrituras entende-se tambm que era um homemafetuoso e temente a Deus.

    Paulo enviou Timteo a Tessalnica para investigar e exortar aigreja nessa cidade a perseverar na f, apesar das tribulaes. De lTimteo trouxe boas notcias ao apstolo. (1 Tessalonicenses 3.1-6)

    Timteo foi um fiel colaborador do apstolo, incansvel, con-siderado apto por Paulo para represent-lo em igrejas onde ele nopodia chegar, por diversas razes. A segunda carta de Paulo a Ti-mteo nos mostra um homem lutando contra conflitos internos eexternos, mas dedicado tarefa pastoral. Desde ento, no h maisdatas referentes vida de Timteo at Hebreus 13.23, onde o tex-to nos diz que esteve preso, mas que j tinha recuperado a liberda-de. Esta passagem de Hebreus constitui a ltima meno da Bbliaa este homem que foi to especial para Paulo e para a obramissionria.

    Temas Centrais com Aplicaes Prticas

    SantidadeNa histria bblica h um paralelismo muito belo entre Israel e

    a Igreja, no que diz respeito santidade. Israel foi libertado daescravido, chamado por Deus para viver em santidade (xodo19.5-6; Levtico 11.44). Por outro lado, todos os membros da Igre-ja foram libertos da escravido do pecado e, uma vez libertos, sochamados tambm a viverem em santidade. Este chamado encon-

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    Novo Testamento II

    tra-se em muitas passagens do novo Testamento. Em 1Tessalonicenses h trs referncias : 4.3-6; 4.7-8 e 5.22-24.

    A santidade a caracterstica distintiva do povo de Deus; viverem santidade no uma opo para o cristo, uma demanda deDeus (1 Pedro 1.13-17). Somente o cristo que experimenta a san-tidade, dia a dia, pode dizer que tem a mente de Cristo (1 Corntios2.16), e que anda como ele andou (1 Joo 2.6).

    A passagem que mais caracteriza a inteira santificao em suaposio wesleyana 1 Tessalonicenses 5.22-24. Em nenhuma ou-tra parte do Novo Testamento se encontra um sinnimo quaseperfeito, quanto a este termo teolgico: santificar por completo.Nesta passagem, pelo menos, podemos diferenciar dois aspectosda inteira santificao:

    (1) o aspecto humano da santificao (abstende-vos de toda formade mal, v. 22). Aqui Paulo usa a mesma palavra do 4.3 abstenhaisda prostituio. O aspecto humano da santificao que nos apar-temos de todo mal. Todo mal inclui todo, no somente a fornicao.Abstende-vos um mandato, um imperativo para os convertidos.A parte humana cuidar de ns mesmos, a fim de que o mal no nosassalte. O bem se refere a algo nico, o mal mltiplo. Paulo mesmoenumera todos estes males em Glatas 5.19-21.

    (2) o aspecto divino da santificao E o mesmo Deus de paz ossantifique em tudo ..., (vv. 23-24). Deus chamado o Deus dapaz, ou seja, o mesmo Deus do Antigo e Novo Testamento. Omesmo Deus que nos justificou e nos permitiu ter paz com ele(Romanos 5.1). A justificao ter paz com Deus e a comea ocaminho da santificao. Para ter a graa santificadora de Deus,primeiro se necessita da paz com Deus. Santificar significa apar-tar-se do mal e dedicar-se a Deus, purificando a vida interna eexterna. Paulo diz: ... os santifique por completo, isto , que aao comeada em nossa converso deve completar-se agora nes-ta vida.

    O apstolo insiste em que todos entendam a profundidade ea urgncia da santificao. Primeiro disse: os santifique em tudo

  • Epstolas Paulinas

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    e, como se fora pouco, acrescenta: e o vosso esprito, alma ecorpo.

    O esprito o campo do Esprito Santo e o que nos mantmem relao com Deus. A alma tudo que sensitivo, o que nosrelaciona com os demais (paixes, desejos, sentimentos, etc.). Ocorpo a parte material, sem esquecer-se de que o templo doEsprito Santo. A orao de Paulo que nenhuma das partes doser humano fique fora da santificao de Deus.

    Paulo volta a tocar ainda no tema da segunda vinda de Cristo,dando a entender que s o ato santificador de Deus pode prepararos crentes para a prova final, naquele dia glorioso.

    Paulo tinha que enfatizar que a santidade um estilo de vida,por isso disse: . . . sejam conservados ntegros e irrepreensveis . .. dizer, devemos estar esperando esse dia, mas, desde j, viven-do a inteira santificao. Conservado d a idia de preservar acarne com sal, em refrigerao, para que no se corrompa.

    O grande alcance da orao de Paulo tal que necessrioincorporar uma palavra de segurana: Fiel o que vos chama, oqual tambm o far (v.24). Esta santificao no se encontra nospoderes do homem, nem em suas lutas ou lucro, nem sequer emsua consagrao. Deus quem o far; e esta segurana se baseiano carter de Deus: ELE FIEL.

    Deus far o que disse que far. O que pede a cada um :abstende-vos de toda espcie de mal. Cada parte de nosso serdeve ser santificado completamente, isto , cada parte deve serenriquecida com atos e atitudes que testifiquem tal forma de vida.

    Segunda VindaEm 1 Tessalonicenses, a meno segunda vinda do Senhor

    para buscar a sua Igreja est presente em todos seus captulos,basta ler as seguintes passagens que nos falam disto: 1.10; 2.19;3.13; 4.13-17; 5.1-11. Isto indica que o ensino de Paulo emTessalnica sobre este assunto no era obscuro e que, com estaverdade bblica, animou os irmos a permanecerem fiis ao Se-

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    Novo Testamento II

    nhor em diversos aspectos: no servio fiel (1.10), na santidade (3.13);na esperana da participao de sua glria (4.13-17); no viver comofilhos da luz em um mundo de trevas (5.1-11).

    O apstolo indica certa ordem de eventos que ocorrero antesda segunda vinda do Senhor. Alm disso, ele recorda quase com asmesmas palavras de Jesus a importncia de estar alertas (5.1-11). OSenhor prometeu que um dia voltaria para buscar os seus (Joo14.2-3) e assim o far. A Igreja deve estar preparada para essemomento e esta preparao consiste em viver una vida de santida-de e em seguir os conselhos que Paulo, inspirado pelo EspritoSanto, deixou aos tessalonicenses.

    2 TESSALONICENSES

    Aspectos Literrios

    AutoriaA evidncia interna afirma que 2 Tessalonicenses do punho

    de Paulo (1.1). Alm disso, desde os tempos antigos, esta carta foiaceita sem problemas como redigida pela mo de Paulo. Marcinfaz meno dela como escrito paulino, bem como o fragmentoMuratrio. Irineu a conheceu como escrito paulino. Desde o ano200 d.C. 2 Tessalonicenses foi aceita universalmente como escritode Paulo14.

    DestinatriosTal como como 1 Tessalonicenses, os destinatrios so os mes-

    mos, os cristos da amada comunidade crist em Tessalnica (1.1), qual Paulo e seus colaboradores amavam entranhavelmente.

    Ocasio e propsitoEarle passa a descrever claramente a ocasio e o propsi-to de 1 Tessalonicenses: Depois que Paulo enviou suaprimeira carta, entendeu que alguns dos cristos em

  • Epstolas Paulinas

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    Tessalnica haviam interpretado erroneamente seus en-sinos sobre a segunda vinda. Tomaram to seriamente anfase de Paulo quanto iminncia este evento que dei-xaram seus trabalhos para aguardarem o que iria suceder.E isto, estava causando uma situao muito constrange-dora. O propsito da segunda carta era corrigir a inter-pretao errnea quanto segunda vinda, e exortar oscrentes a que regressassem a seus trabalhos.15

    Alm disso, se percebe a perfdia dos judeus comunidadecrist em Tessalnica. O propsito de Paulo tambm animar econsolar esta igreja que desde o seu comeo estava sendo perse-guida pelos inimigos da cruz.

    Data e lugar de redaoPaulo escreveu esta carta pouco tempo aps ter escrito a pri-

    meira, talvez um ms ou dois. Por isto, estima-se que tenha sidopor volta dos anos 50 d.C.

    Tambm foi escrita no mesmo lugar: Corinto. onde Pauloassentou sua base missionria que durou um ano e meio. Nesteperodo de assentamento em Corinto, escreveu tanto a primeiraquanto a segunda carta aos tessalonicenses.

    Tema principalO tema principal se encontra nos dois primeiros captulos: A

    Vinda de Cristo e a reunio dos crentes com Ele (2.1). Cristo darsua justa retribuio, em sua vinda, aos opressores dos cristos(1.3-10). Antes de sua vinda, ocorrero certas coisas como aapostasia (2.3) e a apario do Anticristo (2.3).

    EsbooA. Saudao pessoal (1.1-2)B. Conselho aos atribulados tessalonicenses (1.3-12)

    1. Exortao perseverana (1.3-4)2. O propsito das tribulaes (1.5-10)

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    Novo Testamento II

    3. Orao pelos tessalonicenses (1.11-12)C. Acontecimentos sobre a segunda vinda (2.1-12)

    1. um acontecimento futuro (2.1-2)2. Ser precedido por acontecimentos concretos (2. 3-12)

    D. Exortao a se manterem firmes ao chamado de Deus ena doutrina (2.13-17)

    E. Petio de orao (3.1-5)F. Ordem para trabalharem (3.6-15)G. Saudao final (3.16-18)

    Temas Centrais com Aplicaes Prticas

    As tribulaesPaulo prefere usar o termo tribulao para mostrar os sofri-

    mentos por que passavam os tessalonicenses, por causa do Evan-gelho de Cristo. Tribulao significa principalmente presso.Esse termo se refere aos sofrimentos, devido s presses das cir-cunstncias , ao antagonismo das pessoas, ou a qualquer coisa queaflija o esprito. O apstolo lembra-lhes que estas presses noeram provaes da parte de Deus e sim, um meio de conduzi-los perfeio, maturidade espiritual, prtica da f e perseveranapor amor de Cristo.

    Hoje, as presses da vida confundem os crentes, porque elasvm de diversas e inesperadas formas; no importa qual seja a cir-cunstncia da prova, mas sim, a reao do crente. Tiago disse ten-de por motivo de toda alegria o passardes por vrias provaes,sabendo que a provao da vossa f, uma vez confirmada, produzperseverana. (1.2-3).

    A reao de todo crente quanto s adversidades deve ser de f,perseverana e uma viso correta de que tudo est no controle deDeus, e que Ele utilizar tais tribulaes para produzir uma mu-dana espiritual. Pode-se ilustrar esta verdade bblica, usando a vidade J. Basta ler as seguintes passagens e imitar sua reao s pres-ses sofridas: J 1-2; 19.25-27; 42.10-17.

  • Epstolas Paulinas

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    O dia do SenhorA segunda epstola aos Tessalonicenses foi escrita tambm para

    tirar as dvidas sobre o dia do Senhor (2.2). Algunstessalonicenses estavam to emocionados com a idia de que avinda do Senhor estava prxima, a ponto de abandonar seus traba-lhos, espera de que Cristo regressasse.

    Seja porque estas dvidas tenham sido geradas por falsos mes-tres ou por um mau entendimento do que Paulo explicou em 1Tessalonicenses, o apstolo se props a dar- lhes os recursos ne-cessrios para contar com um critrio definido por meio do qualpudessem reconhecer realmente como sucederia o dia do Senhorou segunda vinda17.

    Paulo explica-lhes que ainda no chegara o dia do Senhor, eque ocorreriam pelo menos trs eventos antes que isto suceda: (1)a chegada da apostasia; (2) a apario do Anticristo; e (3) a remo-o do ministrio do Esprito Santo18.

    Relacionado ao tema da segunda vinda do Senhor, Paulo des-creve a apario do Anticristo. Benware explica este evento destamaneira:

    O Anticristo um homem que chegar a ser um grandelder poltico nos ltimos dias, sendo a figura humanadominante no perodo da tribulao. . . Ser um homemde grandes capacidades naturais, mas tambm estarenergizado por Satans... Sua vida e governo estaro ca-racterizados por milagres poderosos e enganosos, o queresultar em que as multides o adoraro. Ser o intentode Satans de dar a este mundo um messias, antes que oMessias, Jesus Cristo, venha a reinar para sempre (cf.Daniel 7.20-26; 9.24-27; Mateus 24.15-24; Apocalipse13.1-18; 17.12-17).19

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    Novo Testamento II

    1 CORNTIOS

    Aspectos Literrios

    AutoriaNo ano 95 d.C., Clemente de Roma cita a carta como sendo

    do Apstolo Paulo. Isto quer dizer que h muito j se associavaesta carta a Paulo. Mas no somente Clemente a associou a Paulo,o mesmo fez tambm Incio no ano 110 d.C.; e Policarpo, no ano112 d.C. 20 Esta carta, sem nenhuma dvida, pertence ao ApstoloPaulo, fruto dos seus pensamentos envolvidos na chamas da pai-xo pelo progresso da Igreja de Cristo (1 Corntios 1.1-2).

    DestinatriosOs destinatrios desta epstola so os membros da Igreja de

    Corinto (1.2-3).

    Ocasio e PropsitoEst evidente que o motivo principal da carta de carter

    corretivo. Membros da famlia de Cloe se reuniram com Paulo,para comunicar-lhe certos problemas que estavam incomodandoa sade da igreja. Observa-se isto pelo contedo da carta. Entreestes, podem-se citar as divises que estavam fragmentando acongregao (1.11), um srio problema de imoralidade sexual (5.1)que alguns irmos preferiam resolver nos tribunais (6.1-11). Em1 Corntios 7.1 , observa-se que estes tinham escrito uma cartaao apstolo, pedindo orientao para os problemas do casamen-to (7.1-40), a comida sacrificada aos dolos (8.1-13), a ceia doSenhor (10.14, 11.34), os dons espirituais (12-14) e a ressurreiodos mortos (15.1-58).

    A resposta de Paulo no se faz esperar. Com grande capacida-de para resolver os problemas, enfrenta este desafio. Por meio dacarta, traz solues que ajudem a comunidade que ele mesmo ti-nha plantado(3.6).

  • Epstolas Paulinas

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    Data e lugar de redaoA primeira Epstola aos Corntios foi escrita em feso, o que

    se pode deduzir no captulo 16.8, onde Paulo comunica sua estadaatual em feso at o Pentecostes. Atos 20.31 tambm confirmaisto. A data desta estada, entre os anos 54 e 57 d.C., em feso, citada por vrios exegetas, sendo provvel a data de redao o ano55 d.C..

    Tema principalNa Epistola distinguem-se duas divises principais. Earle faz o

    seguinte comentrio sobre este assunto:A carta tem duas divises naturais: 1. Assuntos de quePaulo tinha sido informado (cap. 7.). Na primeira parteso discutidos trs problemas: divises (cap. 1.4); imora-lidade (cap. 5); litgios (cap. 6), na segunda parte, seis pro-blemas so discutidos: casamento (cap. 7); o sacrifcio aosdolos (cap. 8-10); costumes e conduta da igreja (cap. 11);dons espirituais (12-14); a ressurreio (cap.15); a oferta(cap.16). Estes nove problemas constituem o contedoda carta e todo estudante da Bblia deve conhecer bem.21

    Ante a variedade de temas tratados pelo apstolo na primeiradiviso, pode-se observar que Paulo procura restaurar a comunhoperdida na Igreja de Corinto e isto constituiria o tema e objetivoprincipal.

    Na segunda diviso, o ensino de Paulo diz respeito prticacrist correta, a qual confirmaria o segundo tema principal.

    De acordo com isto, a definio do tema principal da 1 Corntiosnuma frase s, seria: A resposta de Deus por meio do ApstoloPaulo, aos problemas da igreja, para que haja uma vida de santida-de em todas as reas.

    EsbooA. Assuntos dos quais Paulo tinha sido informado (cap. 1-

    6):

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    Novo Testamento II

    1. divises (cap. 1-4)2. imoralidade (cap. 5)3. litgios (cap. 6)

    B. Respostas s perguntas acerca do casamento (cap. 7-16):1. casamento (cap. 7)2. acerca das coisas sacrificadas aos dolos (cap. 8-10)3. costumes e conduta da igreja (cap. 11)4. dons espirituais lnguas (cap.1 2-14)5. a ressurreio (cap. 15)6. a oferta (cap. 16)

    Contexto HistricoA informao que se oferece dentro deste tema atesta o con-

    texto histrico da 1 e 2 carta aos Corntios.

    A CidadeCorinto foi fundada pelos Drios no sculo IX a. C.. Esta ci-

    dade tinha uma histria muito particular. Por volta do ano de 146um general romano chamado Mmio conquistou a cidade, arra-sando, saqueando e deixando tudo em runas. Corinto estava des-tinada a ser uma lenda, no fosse a reconstruo encetada por JlioCsar, para convert-la num importante ponto estratgico, a fimde prover segurana parte oriental do Imprio.

    No ano 44 d.C., a cidade foi reconstruda como colnia roma-na e com grande rapidez a cidade floresceu at tornar-se uma cida-de popular, prspera, com muito esplendor. Mais tarde, no ano 27d.C., passaria a ser a capital da provncia senatorial de Acaia22.

    Corinto era um dos grandes centros comerciais do mundo noMar Mediterrneo oriental dos tempos de Paulo. Estava localizadana via comercial do Oriente ao Ocidente, recebia o trfego quevinha de ambas as direes. Estava localizada no istmo estreitoque separava a parte sul da pennsula do resto da Grcia. Hoje hum canal de 6 km de comprimento que atravessa o istmo. Nostempos de Paulo, porm, os barcos pequenos eram levados de um

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    extremo do istmo ao outro sobre rodas; os barcos grandes descar-regavam sua mercadoria em ambos os lados do istmo: Cencria,no Oriente (Ageu), e Liceo no Ocidente (Adritico).

    A IgrejaSabendo da importncia estratgica de Corinto (pois nas suas

    ruas podiam se ver marinheiros, viajantes e comerciantes de todas aspartes do mundo), Paulo passou um ano e meio estabelecendo asigrejas dessa cidade, mas, na sua segunda viagem missionria, tevemais dificuldades que na anterior. A atmosfera no era muito apro-priada vida santa. Esta igreja era formada por judeus e gentios.

    Aspectos polticos sociais e religiososCorinto tinha o privilgio de ser a capital da provncia senato-

    rial de Acaia e, por este privilgio, se convertia, na cidade sede dogovernador, desde o ano 27 a.C.

    Era uma cidade porturia, pois estava situada num pequenoistmo que une Grcia ao Peloponeso. Sua localizao estratgicaera importante para sua atividade comercial, tornando-a um cen-tro notvel. William Barclay faz o seguinte comentrio sobre oaspecto da cidade:

    Tal localizao fazia que a cidade fosse um dos grandescentros comerciais do mundo antigo do norte e do sul daGrcia e tinham que passar por ela, na falta de outro ca-minho. Todo o comrcio desde Atenas e o norte da Grciaat Esparta e o Peloponeso tinha que passar por ali, poisCorinto estava localizada no pequeno estreito de terraque unia os dois, alm do grande comrcio do leste aoeste do Mediterrneo.23

    Sua populao era diversa, pois ali moravam romanos aposen-tados que tinham sido favorecidos por Jlio Csar, pelos serviosprestados ao exrcito romano; eles eram donos de terras. Tambmhavia gregos e orientais. Muitos judeus tinham feito de Corintosua morada, aproveitando as oportunidades econmicas que esta

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    Novo Testamento II

    oferecia. Era uma cidade importante pela sua localizao estratgi-ca, uma linda cidade com prdios belssimos.

    Neste pequeno estreito de terra localizava-se Corinto e ficavauma colina chamada Acrpole e tambm o grande templo em honraa deusa grega do Afrodite.

    Era um lugar muito visitado por homens que procuravam liber-tinagem oferecida pelas sacerdotisas que estavam neste templo; nestapopulao estavam representados quase todos os cultos dos pasesmediterrneos. Junto a santurios de divindades romanas e gregas,(Jpiter Capitolino, Afrodite, rtemis de feso) havia tambm san-turios de deuses orientais (Isis, Serpes, e Cibeles). 24

    No entanto, no s esta opulncia econmica e cultural estavaestampada na face da moeda como tambm, Corinto tinha a famade ser uma cidade libertina, carregada de vcios e de males. Porexemplo, o famoso templo de Afrodite conservava dentro de simil prostitutas sacerdotisas que estavam disposio de todos aque-les que iam aos cultos. Alm disso, os corntios tinham a fama deser beberres, corruptos e depravados. Por isso usava-se, no mun-do romano, a palavra corintizar que significava viver como umcorntio, em pecado e imoralidade, viver bbado e em corrupomoral. As escavaes tm descoberto 33 tabernas detrs de umasrie de arcadas como aquela de 30 metros de largura.

    Personagens PrincipaisNo estudo dos personagens principais, a seguir, a pessoa de

    Paulo a pessoa principal, tanto na primeira como na segundacarta aos Corntios. Dele fala-se de maneira ampla.

    SstenesPaulo, ao falar de Sstenes, na carta, mostra que este persona-

    gem era importante. Era um principal da sinagoga de Corinto, esucessor de Crispo. Foi agredido no tribunal, quando Glio rejei-tou a acusao contra Paulo (Atos 18.17), numa ao contra osjudeus, por parte dos gregos (como indica o texto ocidental) ou

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    uma rejeio dos judeus, por consider-lo um porta voz ineficaz.Este ltimo poderia demonstrar simpatia para com o cristo: euplantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus(1 Corntios3.6) . O irmo Sstenes foi um dos remidos de 1 Corntios 1.1 eeste nome grego no era muito comum.

    ApoloEm Atos (18.24-28) encontra-se a descrio da personalidade

    de Apolo:Nesse meio tempo, chegou a feso um judeu, chamadoApolo, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. Eraele instrudo no caminho do Senhor e, sendo fervorosode esprito, falava e ensinava com preciso a respeito deJesus, conhecendo apenas o batismo de Joo. Ele, pois,comeou a falar com ousadia na sinagoga. Ouvindo-o,porm, Priscila e quila, tomaram-no consigo e, com maisexatido, lhe expuseram o caminho de Deus. E querendoele percorrer a Acaia, animaram os irmos e escreveramaos discpulos para o receberem; tendo chegado, auxilioumuito aqueles que, mediante a graa, haviam crido; por-que com grande poder convencia publicamente os ju-deus, provando, por meio das Escrituras, que o Cristo Jesus.

    Apolo, como fala a passagem, era um judeu da Alexandria. Seunome vem da abreviao de Apolnio. Chegou a feso no ano 52d.C. durante a rpida visita de Paulo Palestina ( Atos 18.22).

    Em Corinto surgiram faces que se chamavam pelos nomesde Paulo, Apolo, Pedro e Cristo ( 1 Corntios 1.12). Paulo procurademonstrar que isto no era certo e no vinha dele mesmo ou deApolo, que trabalhavam juntos, debaixo da direo de Deus (3.4-6)todos eles pertenciam aos Corntios, inclusive Paulo e Apolo (4.6);havia faces por causa das preferncias de alguns pela eloqunciade Apolo. Seu desejo de amenizar a situao pode ser a razo deno ter voltado a Corinto apesar do pedido de Paulo (16.2). Em

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    Novo Testamento II

    Tito (3.13) mencionado pela ltima vez realizando alguma outraviagem.

    TimteoEm 1Tessalonicenses Timteo apresentado amplamente. O

    que se pode enfatizar neste livro a situao em que Paulo, estan-do em feso, o enviou a Corinto, para solucionar os problemasque estavam acontecendo ali. . Timteo era de carter tmido, poisPaulo insta aos corntios que faam tudo, para que Timteo sesinta vontade e no o ignorem.(1 Corntios 16.10-11; 4.17).

    Pela situao que se apresentou em Corinto, observa-se que amisso dele no teve xito, e que, apesar de seu nome estar associ-ado com o de Paulo nas saudaes desta carta, Tito, e no Tim-teo, que ocupa o lugar de delegado apostlico.

    quila e PriscilaAtravs de Atos 18.1-3, sabe-se que quila era um judeu, natu-

    ral do Ponto, que tinha chegado h pouco tempo da Itlia (Roma)com Priscila sua mulher, porquanto Cludio havia mandado quetodos os judeus sassem de Roma. Diz-se que Paulo, ficou comeles, e trabalharam juntos, Pois o ofcio deles era fazer tendas.

    O apstolo os tinha em grande estima, porque, como ele mes-mo diz, expuseram suas prprias vidas por ele; aos quais no s euagradeo como tambm toda a igreja dos gentios (Romanos 16.3).

    quila e Priscila acompanharam Paulo at feso, onde encon-traram o irmo Apolo, a quem eles ajudaram a obter um conheci-mento mais completo (Atos 18.18-28). Pouco tempo depois,aproveitando que as leis contra os judeus tinham sido atenuadasdepois da morte de Cludio, voltaram para Roma (Romanos 16.3).

    TitoEvidentemente atuou como representante de Paulo em Corinto

    durante o ano antes de escrever a 2 Corntios (8.16), com a missoespecial de organizar a coleta das ofertas ali. Parece que esta tarefa

  • Epstolas Paulinas

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    ficou inacabada, porque Paulo pediu a Tito que voltasse a Corintopara complet-la (2 Corntios 8.6).

    Uma situao mais delicada foi a de amenizar a tensa situaoque tinha surgido entre Paulo e os Corntios, tarefa que claramenterequeria um homem de muito tato e fora de carter. Parece queele tinha uma personalidade mais forte que a de Timteo (1Corntios 16.10; 2 Corntios 7.15), e possua habilidades como ad-ministrador. Finalmente, Tito reuniu-se com Paulo em Macednia(2 Corntios 7.6), com boas notcias e como resultado foi escrita a2 carta aos Corntios, que posteriormente foi levada por Tito comgrande solicitude (2 Corntios 16). O apstolo o descreve comocompanheiro e colaborador (8.23).

    Os de CloeNo se sabe, com certeza, quem, eram os de Cloe tendo em

    vista o texto no fornecer muitos dados. Nem a histria e nem aarqueologia, lograro esclarecer este enigma. Somente se pode di-zer que Cloe significa no grego a que reverdece. Neste sentido,muitos eruditos tm oferecido suas interpretaes, conforme oque se segue:

    (1) Para Barclay25, Cloe era uma dama distinta de feso quepossua escravos cristos. Estes escravos tinham tido a oportuni-dade de visitar a Igreja Crist de Corinto e voltaram com notciassobre as intrigas e desacordos da igreja ali, para al.

    (2) Adam Clarke26 diz que esta era uma senhora muito religio-sa de Corinto e que ela e toda sua casa eram crentes, alguns de suacasa foram at feso ver o apstolo inform-lo sobre as conten-das na igreja.

    (3) Outros autores preferem interpretar historicamente, argu-mentando que Cloe era o nome popular da deusa grega Demter 27,tal deusa possua 56 templos na Grcia, dos quais um estava emCorinto. Dizem que estes devotos de Cloe gostavam do ApstoloPaulo, pois compartilhavam algumas prticas religiosas: adoravamuma deidade pura, tinham ritos batismais, sacramentos e acredita-

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    Novo Testamento II

    vam na vida aps a morte. Tambm os de Cloe odiavam as orgiaspraticadas nessa poca.

    (4) Joo Wesley28 se unia ao pensamento que esta era a mulherde Estfanas e me de Fortunato e Acaico. Por intermdio deles,os Corntios tinham enviado uma carta a Paulo e fizeram chegar asnovas da igreja dali.

    Como se pode observar as opinies so variadas ao longo dahistria, o certo que, seja o que for, os de Cloe foram decidi-dos e fizeram o apstolo ciente dos problemas que atrapalhavam acomunho crist em Corinto, e no ocultaram a situao real destacomunidade.

    Temas Centrais com Aplicaes Prticas

    LealdadesCorinto teve o privilgio de escutar a mensagem de distintos

    pregadores de renome como Pedro, Paulo e Apolo, mensageirospoderosos do evangelho. Isto provocou preferncias entre o p-blico de Corinto que os levou ao partidarismo na igreja.

    A lealdade aos lderes humanos e as filosofias de trabalho nun-ca deve ser motivo para engendrar um esprito de diviso nemmuito menos criar contendas na igreja. Nossa lealdade aos lderesdeve ser considerada como lealdade a Cristo, primeiro. Fazendoisto, a igreja se ver livre de divises que tanto afetaram os corntiosdaquela poca.

    ImoralidadeTinha se evidenciado na igreja (1 Corntios 5.1-2) um caso de

    imoralidade que constitua uma falta grave deixando a congrega-o abalada. O problema era que os irmos tinham estado indife-rentes e at mesmo condescendentes, do ponto de vista cristo,diante da imoralidade sexual.

    O cristo no deve estar comprometido especialmente comatitudes imorais. Sua mente deve conservar-se pura e santa, seussentimentos e atitudes devem glorificar a Cristo. Fugir da influn-

  • Epstolas Paulinas

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    cia imoral um grande desafio para os cristos que desejam verda-deiramente agradar a Deus.

    Adorao nos aspectos relacionados com a adorao que os Corntios

    apresentam maiores problemas para o Apstolo Paulo. O fato deignorar e entender o significado da ceia e o uso dos dons espiritu-ais os levaram prticas contrrias f e doutrina crist. A ceia doSenhor passou a ser um banquete a mais em que podiam comer ebeber vinho sem limites at satisfazerem suas necessidades car-nais, no as espirituais.

    A manifestao dos dons espirituais era algo que seduzia osCorntios, de tal maneira que exageravam no uso dos dons; caramem erros ignorando o doador. Alm disso, existia certa rivalidadeentre os que possuam os dons milagrosos, considerados comoespirituais. Nesta rivalidade, os dons de fazer milagres e de falarem lnguas eram os mais almejados. Tudo isto s fazia da adoraoum ambiente desagradvel e confuso, que inclusive chegaria a fa-zer com que os incrdulos pensassem que eram loucos (14.23).

    A adorao deve ser uma oportunidade propcia para ter umencontro da igreja com Deus um encontro regenerador. Paraalcanar este objetivo o apstolo queria que houvesse ordem noscultos e uma atitude de fazer tudo em amor (13.1-13) no s paraa edificao da igreja (14.26) como tambm para levar os no cren-tes ao arrependimento (14.24-25).

    A ressurreioNo ltimo captulo de 1 Corntios encontra-se o ensino quan-

    to ressurreio dentre os mortos. Alguns dos Corntios falavamque no existia tal ressurreio (15.22), anulando a ressurreiocorporal de Cristo, e jogando por terra toda a esperana dos cren-tes na ressurreio com ele para a vida eterna (15.13-14).

    Esta verdade j foi confirmada com muitas provas irrefutveis(Lucas 1.3) e com esta verdade, a esperana de todo crente de um

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    Novo Testamento II

    dia estar com Ele para sempre. Paulo declara que a ressurreio deJesus Cristo a pedra angular da f crist (15.12-20). Devemosviver a vida em santidade, esperando esse momento glorioso, quan-do estaremos na presena do nosso Senhor Jesus Cristo.

    2 CORNTIOS

    Aspectos Literrios

    AutoriaEsta carta no oferece problemas quanto sua autoria. As evi-

    dncias internas asseguram que o Apstolo Paulo o autor (2Corntios 1.1).

    DestinatriosA Igreja de Corinto a receptora desta carta paulina. Portanto,

    esta uma carta dirigida a todos os crentes e no a uma pessoa emparticular (2 Corntios 1.1)

    Ocasio e propsitoParece que a primeira carta provocou um certo mal-estar entre

    a igreja e Paulo. O apstolo revela o que o motivou a escrever estacarta mais claramente do que nas outras cartas. Em 2 Corntios 1.8afirma: Porque no queremos, irmos, que ignoreis a natureza datribulao que nos sobreveio na sia, porquanto foi acima dasnossas foras, a ponto de desesperarmos at da prpria vida. Aoque o apstolo se refere aqui, sucedeu em feso, durante os trsanos de sua estada ali, em sua terceira viagem. O apstolo muitopreocupado com os relatrios recebidos acerca das condies emCorinto, enviou Timteo para l levando sua primeira carta aosCorntios (1 Corntios 16.10). Paulo queria que Apolo tivesse ido etentasse resolver os problemas, porm este se recusara. (1 Corntios16.12).

  • Epstolas Paulinas

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    Parece que Timteo no pode resolver os problemas. Geral-mente se cr que Paulo mesmo fez uma viagem rpida a Corinto,pois em 2 Corntios ele disse ter antecipado esta viagem: Eis que,pela terceira vez estou pronto a ir ter convosco... (2 Corntios 12.14, 13.1).

    A segunda visita no mencionada em Atos, mas provavel-mente ocorreu entre as datas da redao das duas cartas. Pelo quePaulo disse em 2 Corntios, conclui-se que nessa visita foi insulta-do por alguns irmos, e regressou a feso com o corao despeda-ado.

    Sua deciso seguinte foi enviar Tito, mais velho que Timteo, eparece ter adotado uma disposio mais firme. Depois de ter envia-do a Tito, Paulo estava to preocupado pela situao em Corinto, aponto de desesperar-se at da prpria vida (2 Corntios 1.8).

    Finalmente partiu de feso e foi a Trade onde encontrouuma porta aberta uma oportunidade para a pregao mas esta-va to terrivelmente angustiado por seus cuidados pelos corntios,que nem sequer pde aproveit-la! Assim, embarcou e chegou Macednia. (2 Corntios 2.12-13).

    Tito deve ter ficado em Corinto mais tempo do que o espera-do. Isto pareceu mal a Paulo e s aumentou a sua preocupao, deforma que cruzou de Trade a Filipos, planejando talvez ir a Corinto,se Tito no chegasse imediatamente.

    Finalmente a incerteza terminou: Tito chegou! O prprio Pau-lo que nos conta em 2 Corntios 7.5-6.

    Ento o apstolo escreveu aos corntios, expressando-lhes quocontente estava por sua mudana de atitude. O propsito de 2Corntios era assegurar-lhes que os amava, e, ao mesmo tempo,defender-se de alguns em Corinto que ainda colocavam em dvidaa sua autoridade.

    Alm disso, por meio desta carta, Paulo queria tambm animaros corntios a completar o que faltava para uma oferta levantadapara os pobres de Jerusalm.

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    Novo Testamento II

    O Estilo da correspondncia aos corntiosA correspondncia do Apstolo Paulo aos corntios tem gera-

    do muitas discusses que partem do fato de que, em 2 Corntios,no h uma unidade de pensamento, pois mais pareceria uma mes-cla de trs cartas em uma s.

    Tomando esta interpretao alguns eruditos como WilliamBarclay29 realizaram a seguinte cronologia epistolar corintiana:

    (1) Sabemos que os corntios tinham escrito a Paulo, pois em 1Corntios 7.1 disse: Quanto ao que me escrevestes. Provavel-mente foi toda uma correspondncia considervel entre Paulo eessa importante igreja.

    (2) Foi uma carta anterior a 1 Corntios que se menciona em 1Corntios 5.9. Alguns eruditos pensam que parte desta carta perdi-da est compreendida em 2 Corntios 7.14 7.1.

    (3) Estando em feso em 55 d.C., Paulo se informou de quenem tudo estava bem em Corinto e decidiu escrever a primeiracarta aos corntios.

    (4) A situao em Corinto, depois da ltima carta, piorou, peloque Paulo decidiu fazer uma visita pessoal a Corinto. Esta visita foium fracasso total.

    (5) A conseqncia desta visita a carta severa que serefere contenda em 2 Corntios 10-13, que enviada pormeio de Tito.

    (6) Sem esperar a resposta, Paulo viaja para encontrar-se comTito. Rene-se com ele na Macednia, informa-se de que tudo estbem em Corinto e, provavelmente de Filipos, escreve 2 Corntios1-9 a carta da reconciliao.

    A unidade do livroO problema principal com relao a 2 Corntios o assunto da

    sua unidade. Muitos eruditos afirmam que os captulos 10-13 fo-ram escritos antes dos captulos 1 a 9.

    Em 2. 4 Paulo disse: Porque, no meio de muitos sofrimentose angstias de corao, vos escrevi, com lgrimas ... Em 7.8 le-

  • Epstolas Paulinas

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    mos: Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta,no me arrependo, embora j me tenha lamentado. Os eruditosgeralmente se referem a esta prvia carta como a carta severa ouaustera.

    Uma soluo que a carta austera seja 1 Corntios. Nela hdefinitivamente algumas passagens severas e referncia a lugaresdos quais Paulo fala com muita emoo. Na ausncia de qualquerevidncia no manuscrito sobre sua diviso, devemos manter suaunidade.

    O carter geral da epstolaA segunda carta aos Corntios a mais pessoal de Paulo. Aqui

    nos abre seu corao o que nos permite perceber a intensidade desuas emoes. Nessa carta o grande apstolo se mostra como umapessoa bem humana. Apesar de ser to forte como era no estavaisento de cair e ser esmagado por uma carga pesada de preocupa-o por seus convertidos. Sua autobiografia, tal como a encontra-mos nesta carta um conselho para ns, pois vemos que mesmoos grandes homens so humanos, sujeitos queda.

    Data e lugar de redaoPaulo escreveu, de Filipos, a segunda carta aos corntios. A

    data da redao geralmente aceita o ano 56 d.C.

    Tema principalO leitor atento, depois de uma boa leitura de 2 Corntios, per-

    cebe que o Apstolo Paulo explicou e defendeu os seguintes te-mas: seu ministrio, a oferta destinada aos pobres de Jerusalm eseu apostolado. Dentre os temas, o terceiro o mais profundo, jque a autoridade do apstolo era severamente questionada emCorinto por alguns irmos. Ele teve que recorrer, dentre outrascoisas, experincia religiosa para demonstrar sua autoridade comoapstolo (12.10-13). Neste sentido, o apstolo revela muito acercada natureza do ministrio do evangelho.

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    Novo Testamento II

    EsbooA. Defesa de seu ministrio (caps. 1-7)

    1. Saudao (1.1-2)2. Consolo na aflio (1.3-11)3. Justificativa de sua conduta (1.12 2.13)4. Confirmao de seu apostolado (2.14 6.10)5. Apelo final de reconciliao (6.11 7.16).

    B. A oferta para os santos (caps. 8-9)1. O exemplo de Macednia (8.1-7)2. Exortaes a dar (8.8-15)3. O manuseio da oferta (8.16 9.5)4. Exortaes a dar generosa e alegremente (9.6-15)

    C. Vindicao do carter de Paulo (caps. 10-13)1. Autoridade apostlica de Paulo (caps. 10)2. O humilde no se orgulha (11.1-15)3. Os sofrimentos do apstolo (11.16 12.13)4. A visita antecipada de Paulo (12.14 13.10)

    D. Despedida (13.11-14)30

    Temas Centrais com Aplicaes Prticas

    Consolo na aflioAo comear a carta, Paulo irrompe em um louvor de agradeci-

    mento a Deus por todas as consolaes recebidas (1.3-11). Pauloestava destacando o fato importante de que em meio s aflies, amo do Senhor se move para consolarnos. Mas a viso de Paulono ficou somente no receber, pois, como diz o Senhor maisbem-aventurado dar que receber (Atos 20.35); assim Paulo en-tende e os exorta a levarem em conta, que, as consolaes de Deusservem para que se possa aprender a consolar os outros que este-jam passando por uma situao parecida. (1.4)

    Este princpio segue vigente at hoje. Em um mundo egostacomo o em que vivemos, devemos recordar as consolaes queDeus nos tem dado e, tornar os outros participantes delas.

  • Epstolas Paulinas

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    A natureza do ministrioUma das melhores contribuies de Paulo se encontra em 2

    Corntios, referente verdadeira natureza do ministrio. Podemosenumerar seus ensinos da seguinte maneira:

    1) Paulo cria no triunfo final de Cristo, apesar dos sentimentosde fracasso, frustrao e ansiedade (2.14-17).

    2) H gozo em ser servo de Cristo, mesmo que isto impli-que no poder esquivar-se das provaes, aflies do corao epresses.

    3) Os frutos do ministrio provam que o mesmo vlido. Porexemplo, a existncia da Igreja de Corinto, comprova que o minis-trio de Paulo vlido (3.1-3).

    4) Os resultados do ministrio no se fundamentam na capaci-dade humana, mas no poder transformador do novo pacto, aquelasalvao dada pela obra de Jesus Cristo (3.4-18).

    5) O ministro no deve sentir-se desalentado, quando as pessoasno correspondem, porque Satans cega as suas mentes (4.1-6).

    6) As insuficincias de ns, como ministros, servem para ma-nifestar mais claramente o poder de Deus (4.8-18).

    7) Quer na terra, em meio a aflies, quer com o Senhor como corpo transformado, o importante agradar a Deus com o nos-so ministrio (5.1-10).

    8) Nosso ministrio um ministrio de reconciliao. O ho-mem tem de ser reconciliado com Deus (5.11-21).

    9) O ministrio dado por Deus e Ele que confere a autori-dade. Paulo compreende algumas realidades acerca de sua autori-dade: a) Tem recebido autoridade da parte do prprio Cristo; b)Esta autoridade dada para servir de bno para os cristos; c)Esta autoridade poderia ser empregada, se necessrio, para disci-plinar com severidade; d) Deus tem colocado a Igreja de Corintodebaixo de sua autoridade, porquanto Ele a estabeleceu. No tira aautoridade de outros Apstolos nem entra no mbito de sua juris-dio (10.1-18).31

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    Novo Testamento II

    10) No bom recomendar-se a si mesmo, mas, quando al-gum tem uma conduta irrepreensvel (11.1-15) e experincia noministrio pode e deve faz-lo. (11.16-33).

    11) O ministrio, vezes, traz consigo aguilhes na carne(12.1-10).

    (12) A autoridade do ministrio permite aplicar a disciplinaquando necessria . (12.14 -13.10).

    OfertaNos captulos 8-10 Paulo refere-se ao tema da oferta, a partir

    da perspectiva do dar com generosidade, dar para os necessitados.Nesta parte pode-se observar que se pode dar em meio aflio e pobreza (8.1-2), a pessoa que d pouco receber pouco em re-compensa.

    (9.6) a atitude, ao dar, mais importante do que a quantidade adar (9.7) e por ltimo, quando se d, obedecendo a este princpio,glorifica a Deus e demonstra obedincia ao evangelho de Cristo(9.13).

    Com isto ficam assentadas algumas bases que se deveriam le-var em conta, quando algum se dispe a ofertar ou pagar o dzimo.O dar nunca ser uma carga se considerar que ao dar dinheiro,tempo, gua ou comida, na realidade est dando ao Senhor, o queEle mesmo falou em Mateus 25.34-45.

    GLATAS

    Aspectos Literrios

    AutoriaNo existem dvidas quanto autoria paulina de Glatas (1.1).

    Como evidncia externa, poder-se-ia dizer que o prprio Mrciona elegeu como a principal das cartas paulinas.32

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    DestinatriosA carta endereada s Igrejas da Galcia (1.2). Mas, o que

    Galcia? A teoria conhecida como do norte da Galcia levanta ahiptese de que a carta foi escrita e endereada regio que apro-priadamente poderia ser chamada de Galcia no sentido popular.Esta era uma regio na parte central do norte da sia Menor ondeuma grande quantidade de gauleses havia se radicado, desde o s-culo III a.C., dando nome a essa regio. Nos dias de Paulo, elaconstitua a parte norte da provncia romana da Galcia.

    A teoria do sul da Galcia interpreta a palavra Galcia emseu sentido provincial. Da a deduo de que Paulo escreveu estacarta para as cidades da parte sul da provncia da Galcia, onde elehavia fundado diversas igrejas durante sua primeira viagemmissionria.Trata-se das cidades de Antioquia de Pisdia, Icnio,Listra e Derbe. Paulo sempre concentrou seus esforosevangelsticos nos centros mais populosos, para que seu trabalhoimpactasse um nmero maior de pessoas. A motivao de Paulopara escrever esta carta foi a controvrsia entre os judaizantes eno judaizantes que se havia propagado pelas cidades mais prxi-mas do sul da provncia. Por isso a teoria do sul da Galcia pareceser a mais provvel.

    Ocasio e PropsitoPaulo chegou a dizer que a sua grande dor era que os judaizantes

    estavam desfazendo o seu trabalho na regio da Galcia. Eles exi-giam que os convertidos deveriam ser circuncidados e observar alei de Moiss; caso contrrio, no poderiam ser salvos. Paulo reco-nheceu que tal exigncia era uma negao de que a salvao tosomente atravs de Cristo.

    O propsito da carta aos Glatas combater o trabalho dosjudaizantes na Galcia. A justificao pela f foi a resposta de Pau-lo aos ensinamentos judaizantes de salvao pelas obras.

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    Novo Testamento II

    Paulo escreveu esta carta, tambm para defender sua autorida-de apostlica, a fim de corrigir os erros do legalismo e defender oconceito da liberdade crist.

    Local e DataParece que Glatas 4.13 insinua que Paulo fez duas visitas a

    Galcia, antes de escrever a Carta. No retorno de primeira viagemmissionria, ele visitou Listra, Icnio e Antioquia, de modo que, sefor aceita esta teoria do sul da Galcia, ento ele pode ter escritoesta carta entre as duas primeiras viagens missionrias, numa dataprxima ao Conclio de Jerusalm, quando estava no auge a con-trovrsia dos judaizantes.

    Desta forma, no se pode estar seguro quanto data exata.Poderia ter sido em 48 d.C, todavia o perodo mais provvel quesua composio tenha sido entre os anos 55 e 56 d.C. pela seguinterazo: psicologicamente seus sentimentos esto mais intimamenterelacionados a 2 Corntios; todavia, teologicamente, est mais pr-xima de Romanos, de forma que se coloca entre essas duas datas e o que fazem a maioria dos comentaristas do passado e tambmdo presente.33

    Tema PrincipalO tema principal da carta aos Glatas a Liberdade Crist.

    Este conceito est solidamente apoiado na doutrina da justificaoe da santificao pela f. Uma adequada compreenso da liberda-de crist, liberta os crentes e lhes permite viver por f, gozando depureza e liberdade espiritual.34

    EsbooA. Introduo (1.1-9)B. Seo Pessoal: Defesa da autoridade apostlica de Paulo

    (1.10 2.21)1. O reconhecimento da revelao divina direta (1.10-17)2. O reconhecimento do seu apostolado (1.18-24)3. O reconhecimento do seu ensino (2.1; 10)

  • Epstolas Paulinas

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    4. A explanao de sua autoridade apostlica (2.11-21)C. Seo Doutrinria: Justificao pela F (3.1 4.31)

    1. Explicao da justificao pela f (3.1 4.7)2. Exortao a abandonar o legalismo (4.8-31)

    D. Seo Prtica: Liberdade Crist (5.1 6.10)1. O chamado para a liberdade Crist (5.1)2. O perigo da liberdade Crist (5.2-12)3. O Esprito Santo e a liberdade Crist (5.13-26)4. O Servio e a liberdade Crist (6.1-10)

    E. Concluso (6.11-18)

    Contexto Histrico

    GlatasAproximadamente no sculo III a.C, um grande nmero de

    gauleses chegou sia Menor. Estes eram de origem Celta, vi-nham de regies do Ocidente e ocuparam a zona norte e o centroda sia Menor. Logo exerceram domnio sobre a populao daFrigia.35

    Estes gauleses ou glatas dominaram a regio durante algumtempo, at que foram finalmente subjugados pelo poderio dos ro-manos no ano 189 a.C. Os governantes glatas estiveram subjuga-dos aos romanos at 25 a.C. e foram considerados como um reinoseparado, porm, em 25 a.C., a regio foi reconhecida como pro-vncia ou municpio romano da Galcia, depois de ser incorporadaao territrio. Assim, no momento em que Paulo escreveu o nomede Glatas, estava referindo-se a toda a regio da provncia,consequentemente as cidades glatas de Antioquia da Pisdia, Icnio,Listra e Derbe, cidades que Paulo evangelizou em sua primeiraviagem missionria e que visitou em sua segunda viagem.

    A Igreja de GlatasAs Igrejas da Galcia foram os primeiros frutos do ministrio

    que Paulo desenvolveu entre os gentios. Antes da sua unio com

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    Barnab, ele tina um ministrio independente na Sria e Cilcia (Atos9.30; 11.25; Glatas 1.21).36

    O primeiro perodo da obra missionria no territrio da Galciado Sul se destacou por:

    (1) o chamado de Paulo aos gentios e proslitos nas sinagogas;(2) a oposio dos judeus nova mensagem e o incio de uma novae diferente misso entre os gentios.

    O segundo perodo da obra desenvolvida entre os gentios acon-teceu em Listra. Ali o procedimento foi diferente, porque, aparen-temente, no havia sinagoga. O discurso inicial foi feito na praa,onde Deus fez um milagre, curando um coxo; por isso os gentiosqueriam adorar a Paulo e a Barnab, mas eles no o permitiram(Atos 14.15). A oposio dos judeus ressurgiu inflamada pelos pre-juzos de alguns gentios que apedrejaram Paulo e o lanaram parafora da cidade. Ele e Barnab, porm, fizeram muitos discpulos(Atos 14.21) em Derbe e voltaram para Listra, Icnio e Antioquiade Pisdia, onde organizaram igrejas e elegeram ancios em cadauma delas. (Atos 14.23)

    Na assemblia celebrada em Jerusalm, discutiram assuntosimportantes para o desenvolvimento da Igreja na Galcia e nesteConclio, Paulo e Barnab explicaram a converso dos gentios (Atos15.3). Uma deduo natural deste ato que as igrejas desta regioeram compostas, em sua maioria, por judeus, porm eles no havi-am sido informados sobre o novo movimento missionrio atravsdo qual muitos gentios estavam sendo salvos.

    Aspectos Polticos, Sociais e ReligiososA Galcia era uma regio imperial. No livro apcrifo de

    Macabeus, ele cita a Galcia dizendo: Judas... (e) os judeus se in-formaram das suas batalhas (romanos) e das grandes proezas quetinham feito na Galcia, e como se tinham assenhoreado destespovos e os tinham tornado seus tributrios (1 Mac. 8.2).

    No aspecto histrico-religioso s se identificar os adversriosdos apstolos. Schlier menciona que estranhos se infiltraram nas