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REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP

SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950

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A INDISCIPLINA NA SALA DE AULA

MANÉA, Eliana Basso1

SILVA, Heber Ricardo da2

O presente trabalho traz uma reflexão sobre a questão da indisciplina escolar,

sendo um tema muito atual que vem sendo abordado até mesmo pela mídia.

Inicialmente foi feito breve histórico sobre educação, como conceito e características,

tendo como objetivo reflexões, discussões e entendimento sobre indisciplina, através de

um estudo teórico, para melhor compreender as causas e analisar os procedimentos

metodológicos para lidar com a indisciplina. O trabalho buscou de modo pratico e

teórico conceituar a indisciplina no âmbito escolar, foi necessário desenvolver

procedimentos de coleta de dados como pesquisa bibliográfica e questionários com

professores da escola pública.

A indisciplina é evidenciada como um acontecimento comum nas salas

de aula, a bagunça, a falta de limites, a falta de interesse ou compromisso podem ser

considerados como comportamentos inadequados, que podem gerar situações que

prejudicam a principal finalidade da escola, isto é, o desenvolvimento do processo de

ensino e aprendizagem.

Os professores vivem um grande desafio, pois têm que fazer com que os alunos

permaneçam na escola e progridam quantitativa e qualitativamente e, ao mesmo tempo,

administrar as situações de indisciplina no interior da sala de aula.

Diante de tal desafio, é de suma importância um estudo sobre o tema, pois a

indisciplina está presente tanto em escolas públicas como privadas e as ações adotadas

devem se adequadas, para o beneficio de todos os envolvidos.

Em tal aprofundamento é necessário conceituar e investigar o que são

considerados comportamentos indisciplinados para os professores, quais as prováveis

causas para tais comportamentos, e quais são os encaminhamentos possíveis para a

construção de um trabalho pedagógico que possa minimizar a indisciplina na sala de

aula.

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Ao considerarmos a história da humanidade vamos perceber que a busca pelo

controle social é algo antigo. Segundo a professora Marilena Chauí (CHAUÍ 2000,

p.336) “desde a antiguidade até nossos dias, encontra-se o problema da violência e dos

meios para evitá-las e controlá-la. Mas, também percebemos em muitos momentos

históricos o abuso do poder na busca do controle social ou da disciplina”.

Infelizmente essa idéia de poder e punição perduraram por séculos, até pouco

tempo atrás a punição física ao corpo era comum nas escolas como, por exemplo, a

palmatória.

Segundo Aquino (AQUINO 2000, p.86), o cotidiano escolar do inicio do século

espelhavam quartéis, onde o professor era um superior hierárquico com a função de

modelar moralmente os alunos, semelhante a uma militarização, professor e alunos

tinham papeis definidos.

Além disso, essa escola era um espaço social pouco democrático, de acordo com

Aquino (1996, p. 88), a democratização do ensino de deu na década de 1970, e com a

desmilitarização das relações sociais, uma nova geração se formou, os alunos são novos

sujeitos históricos, mas ainda guardamos como modelo pedagógico a imagem daquele

aluno submisso e obediente.

Diante desse fato, não podemos querer novamente aquela escola do passado,

onde só existia espaço para poucos, a democratização do ensino foi um salto na

educação brasileira que jamais deve retroceder.

Freller (2001, p. 60) relata em seu livro o que pensa os pais, alunos e professores

sobre indisciplina, segundo o autor os pais e os professores denominam como

indisciplina, comportamentos marcados por agitação, movimentação, emissão de

opinião, desobediência, recusa em fazer tarefas e etc.

O professor vive mandando para a diretoria quando eu Brigo, mas ele não vê que os outros que mexe comigo, eu não vou escutar e ficar quieto, feito bobo, diz “B”. Aluno da segunda série. Indisciplina é aluno que não respeita que zoa que briga, quando o professor nem merece, diz “C”. Aluna da quarta-série. (FRELLER, 2001, p.61).

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Existe entre o professor e o aluno uma relação conflitante: o aluno não aceita o

professor ou sua disciplina e o professor ou a sua disciplina não consegue motivar, não

há uma estratégia padrão a aplicar perante uma atitude do aluno.

Segundo Aquino

À medida que a sociedade se democratiza e os instrumentos autoritários colocados por ela a serviço da escola vão sendo eliminados, a relação obediência transparece, porque as relações de fato não estão baseadas no respeito e os sujeitos não se sentem mais obrigados a cumprir regras. (AQUINO, 1996 p.36)

Os alunos querem respeito, querem ser tratados como gente. Existem professores

que subestimam seus alunos, aceleram conteúdos achando que não fará falta, fazem

diagnósticos equivocados e tudo isso pose ser motivo para os alunos explicitaram suas

angustias com atos indisciplinados.

Na pesquisa de campo realizada na escola municipal de Presidente Prudente,

EMEIF ‘Irmã Nazarena Zamit’ destaca em seu projeto político pedagógico problemas

freqüentes de indisciplina como agressividade e atitudes violentas entre os alunos.

Destaca também a ausência dos pais ou responsáveis pela criança na vida escolar e no

seu dia a dia.

No questionário respondido pelos professores dessa unidade escolar a família

também foi um indicativo dos professores como causa da indisciplina, mas percebemos

que o professor pode neste caso ter um papel relevante no comportamento do aluno,

Segundo Rego (REGO, 1995 p.98), a questão não é compensar as carências do aluno,

mas sim proporcionar aos alunos acesso a novas informações, oportunidades de

experimentar novas experiências e desafios capazes de mudar seu comportamento.

Muitos professores citaram em seu questionário diversos procedimentos que

podem amenizar a indisciplina na sala de aula: como aulas dinâmicas, combinações de

regras de convívio, construídas com o grupo, envolver a família no trabalho escolar,

trabalhos em grupo, partir do interesse do aluno e dar exemplo em cumprir regras.

Esses apontamentos sugeridos pelos professores indicaram uma postura correta

diante da indisciplina, os resultados apontam que os professores só precisam colocar em

prática as diversas estratégias, para melhorar a qualidade educacional e assim amenizar

ou sanar a indisciplina.

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BIBLIOGRAFIA

AQUINO, J. G. Confrontos na sala de aula: uma leitura institucional da relação professor-aluno. 2ª ed. São Paulo: Summus, 1996

AQUINO, J. G. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996, p.73-81

CHUÍ, Marilena. Convite á filosofia. 12. ed. São Paulo: Ed. Ática, 2000

REGO, T. C. R. A indisciplina e o processo educativo. Uma análise na perspectiva Vyotskiana. In: AQUINO, J. G. Indisciplina na escola. Alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Papiros, 1986, p. 51-58

1 Pedagoga, Profª Educação Infantil na Secretaria Municipal de Educação de Presidente Prudente. 2 Mestre em História Política pela Universidade Estadual Paulista, Campus de Assis. É vinculado ao Núcleo de Pesquisas Interdisciplinares de Mídia e Linguagem e à Linha de Pesquisa do CNPq intitulada Mídia e Política na História do Brasil Contemporâneo. Professor da FAPEPE – Faculdade de Presidente Prudente, UNIESP – União das Instituições Educacionais de São Paulo.

Texto Recebido em 30 de novembro de 2010.

Aprovado em 10 de dezembro de 2010.