18-PF-Soldagem por resistência

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    Versatilidade, ainda que tardia!

    O limite da curiosidade do ser humano o horizonte. Como a

    gente nunca chega ao horizonte, porque ele est sempre bastan-

    te longe, no h limite para essa curiosidade. S que o caminho

    da curiosidade leva sempre criatividade. Por causa disso, no

    h meios de limitar a criatividade humana. E o que isso significa

    para o desenvolvimento tecnolgico dos processos de fabrica-o? Tudo!

    Assim, caro aluno, para cada processo conhecido, em perodos

    de tempo cada vez mais reduzidos, surgem variaes mais e

    mais avanadas tecnologicamente. Ou, ento, criam-se novos

    processos na tentativa de suprir falhas e limitaes dos processos

    existentes. Tudo isso em nome da competitividade, da produtivi-

    dade e da qualidade.

    Na soldagem, no poderia ser de outra maneira. Ento, nesta

    aula, vamos estudar um processo de soldagem que usa um prin-

    cpio diferente dos que estudamos at agora. a soldagem por

    resistncia. Vamos a ela!

    A ordem versatilidade!

    A soldagem por resistncia um dos mtodos mais versteis deunio de metais que existe. Essa versatilidade se refere ao tipo

    de peas a serem soldadas, com relao a espessura, formato,

    materiais etc. Refere-se, tambm, ao equipamento que, com pe-

    quenas alteraes, pode ser adaptado soldagem de diferentes

    tipos de peas.

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    Mas, o que exatamente a soldagem por resistncia? Uma das

    primeiras coisas a aprender em relao a esse processo, que o

    calor gerado no vem de uma fonte como um arco eltrico ou a

    chama de um gs. Basicamente, um processo de soldagem

    baseado na presso e na resistncia eltrica.

    Vamos trocar isso em midos: a soldagem por resistncia com-preende um grupo de processos pelos quais a unio das peas

    acontece em superfcies sobrepostas ou em contato topo a topo,

    por meio do calor gerado pela resistncia passagem da corrente

    eltrica (Efeito Joule) e pela aplicao de presso.

    Efeito Joule o resultado da transformao da energia eltrica

    em energia trmica. pelo efeito Joule que a resistncia do chu-

    veiro aquece a gua do nosso banho.

    Esse fenmeno acontece da seguinte maneira: um par de eletro-

    dos conduz a corrente eltrica at a junta; a resistncia que a

    junta, ou as partes a serem soldadas oferecem passagem da

    corrente eltrica gera o aquecimento das superfcies em contato

    da junta, formando a solda. O aquecimento provoca uma peque-

    na fuso das peas a serem unidas. A aplicao da presso ga-

    rante a continuidade do circuito eltrico. Ela tambm permite a

    obteno de soldas com baixo nvel de contaminao, porque a

    unio das partes impede a contaminao proveniente da atmosfe-ra.

    Como j foi dito antes, esse princpio est presente em um grupo

    de processos de soldagem, ou seja, todos eles envolvem a apli-

    cao coordenada de presso e passagem de corrente eltrica

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    com intensidade e durao adequadas. Os processos mais co-

    muns de soldagem por resistncia so:

    A soldagem por pontos, na qual as superfcies

    so unidas por um ou mais pontos pelo calor ge-

    rado pela resistncia corrente eltrica que passa

    atravs das peas mantidas em contato por pres-so. Essa regio aquecida por um reduzido es-

    pao de tempo, enquanto dura a passagem da

    corrente. Quando ela cessa, a presso mantida

    enquanto o metal se solidifica. Os eletrodos so

    afastados da superfcie depois que se obtm cada

    ponto.

    A soldagem por costura, na qual dois eletrodos circulares, ou

    um eletrodo circular e outro em barra transmitem a corrente com-binada com a presso e produzem a costura de solda que, por

    sua vez, consiste em uma srie de ponteamentos sobrepostos. A

    srie de pontos de solda obtida sem a retirada dos eletrodos,

    embora tambm seja possvel avanar os eletrodos de forma in-

    termitente.

    A soldagem por projeo, que semelhante

    soldagem por pontos, ocorre em uma parte de

    uma das peas, na qual existe uma projeo ou

    salincia obtida por meio de estampagem ou for-

    jamento. Esse processo empregado em chapas

    finas (entre 0,5 e 3,2 mm),

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    A soldagem de topo, que apresenta duas varian-

    tes: por resistncia e por centelhamento. Na sol-

    dagem de topo por resistncia, a unio produzi-

    da em toda a rea de contato das partes a serem

    soldadas. As duas partes so pressionadas uma

    contra a outra at que o calor gerado pela passa-

    gem da corrente seja suficiente para que a unioocorra.

    Na soldagem por centelhamento, a unio feita tambm em toda

    a rea de contato entre as partes a serem soldadas. A diferena

    est no fato de que as peas so previamente energizadas, e

    suas faces so aproximadas at que ocorra o centelhamento.

    Esse processo repetido at que a temperatura de forjamento

    seja atingida. Ento as faces so pressionadas fortemente uma

    contra a outra, gerando uma considervel deformao plstica,que consolida a unio.

    Os processos de soldagem por resistncia permitem a soldagem

    de diferentes metais cuja soldabilidade controlada pela resisti-

    vidade, pela condutividade trmica, pela temperatura de fuso

    e por suas caractersticas metalrgicas. Assim, metais com ele-

    vada resistividade, baixa condutividade trmica e ponto de fuso

    tambm relativamente baixo, como as ligas no-ferrosas, so

    facilmente soldveis por esses processos. Alm disso, as caracte-

    rsticas metalrgicas tambm devem ser levadas em considera-

    o. Por exemplo, certos aos, como aqueles com maior teor decarbono, podem necessitar de tratamentos trmicos aps a sol-

    dagem para ajuste de suas propriedades mecnicas.

    Resistividade a resistncia especfica, ou seja, a resistncia

    eltrica de um corpo de seo transversal uniforme com rea uni-

    tria.

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    O quadro da a seguir resume as aplicaes, vantagens e

    desvantagens de cada um desses processos.

    Processo Aplicaes/Materiais Vantagens Desvantagens

    Por pontos Unio de chapas de at

    3mm, de ao-carbono,

    ao inoxidvel, alum-

    nio, cobre, magnsio,

    nquel e ligas.

    Alta velocidade de

    soldagem e facilidade

    de automao.

    Menor exigncia quan-

    to habilidade do sol-

    dador.

    Aumento de consumo de

    material e de peso por

    causa da sobreposio da

    junta.

    Menor resistncia trao

    e fadiga.

    Por costura Juntas contnuas im-

    permeveis a gases e

    lquidos em tanques de

    combustveis de autos,

    cilindros de extintores,tubos.

    Menor largura da sol-

    da e menor sobreposi-

    o em relao sol-

    dagem por pontos ou

    por projeo.

    As soldas devem ser retas

    ou com curvaturas cons-

    tantes.

    Comprimento das juntas

    longitudinais limitado pe-lo percurso da mquina.

    Menor resistncia fadiga.

    Por projeo Unio de pequenas pe-

    as estampadas, for-

    jadas ou usinadas de

    ao-carbono, ao inoxi-

    dvel e ligas de nquel.

    Possibilidade de pro-

    duo de vrias sol-

    das simultneas em

    um nico ciclo.

    O formato das projees

    pode exigir mais uma ope-

    rao.

    Em soldagens mltiplas,

    necessidade de controle

    preciso da altura e do ali-

    nhamento das peas para

    igualar a presso e a cor-

    rente de soldagem.

    De topo por

    resistncia

    Unio de arames, tu-

    bos, anis e tiras de

    mesma seo transver-

    sal.

    Impossibilidade de bom

    contato em peas de gran-

    de seo ou com formatos

    irregulares.

    De topo por

    centelhamento

    Barras, trilhos e tubos

    para oleodutos e gaso-dutos.

    Possibilidade de sol-

    dagem de peas deformato irregular e

    complicado ou de

    grande seo.

    Intenso centelhamento e

    conseqente necessidadede proteo do operador e

    de partes do equipamento.

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    Pare! Estude! Responda!

    Exerccios

    1. Assinale com um X a alternativa correta nas questes abaixo:

    a) O processo de soldagem por resistncia corresponde:

    1. ( ) a unio de peas em superfcies paralelas por

    meio de calor gerado por arco eltrico.

    2. ( ) a unio de peas em superfcies fundidas por

    meio de calor gerado por chama de gs.

    3. ( ) a unio de peas em superfcies estampadas por

    meio de calor gerado por arco eltrico com eletro-

    dos revestidos.

    4. ( ) a unio de peas em superfcies sobrepostas ou

    em contato topo a topo por meio de calor gerado

    pela resistncia do metal passagem de corrente

    eltrica.b) A soldagem por pontos um processo de soldagem por

    resistncia no qual:

    1. ( ) as superfcies so unidas pela transmisso de

    calor em pontos variados da pea.

    2. ( ) as superfcies so aquecidas e posteriormente

    resfriadas em pontos alterados.

    3. ( ) as superfcies so unidas por um ou mais pontos

    pelo calor gerado pela resistncia passagem da

    corrente eltrica.

    4. ( ) as superfcies so unidas por vrios pontos e lo-

    cais determinados e intermitentes geradas pela

    resistncia do material.

    c) A soldagem por costura um processo no qual:

    1. ( ) a corrente combinada linearmente une duas ou

    mais superfcies por presso.

    2. ( ) os eletrodos se alternam e preenchem os ponte-

    amentos sobrepostos em linha.

    3. ( ) a presso feita sobre uma salincia em que os

    eletrodos sobrepem cada srie de pontos deforma intermitente.

    4. ( ) dois eletrodos circulares, ou um eletrodo circular

    e outro em barra transmitem corrente combinada

    com presso e produzem a costura de solda com

    ponteamentos sobrepostos.

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    Os eletrodos so feitos de materiais que se caracterizam por

    elevada condutibilidade trmica e eltrica, por baixa resistncia

    de contato para prevenir a queima das superfcies de contato, e

    por resistncia mecnica suficiente para resistir deformao

    decorrente da alta presso mecnica e da alta temperatura de

    operao. Os materiais com essas caractersticas so as ligas

    base de cobre.

    Na soldagem por costura, os eletrodos so circulares, em forma

    de discos, que permitem a formao de pontos de solda sobre-

    postos, de modo a produzir uma solda contnua.

    Nos processos de soldagem por resistncia, os eletrodos no so

    consumveis. Porm, so peas que se desgastam e devem ser

    substitudas sempre que necessrio.

    O sistema mecnico composto por um chassi que suporta o

    transformador e os outros componentes dos sistemas eltrico e

    de controle, e por dispositivos para a fixao das peas e aplica-

    o de presso.

    A aplicao de presso pode ser feita de duas formas:

    manualmente, por meio de um motor eltrico, quando a produ-

    o varivel e h necessidade de alterar as condies ou os

    parmetros da soldagem, por meio de dispositivos pneumticos ou hidrulicos, nos sis-

    temas automatizados nos quais a produo homognea e

    no necessita de ajustes.

    Parmetros, variveis e etapas do processo

    Como em todo o processo de soldagem, a realizao da solda-

    gem por resistncia deve considerar uma srie de variveis. Asmais importantes so:

    1. Corrente de soldagem, que deve ter um valor mnimo, por sua

    vez, dependente da rea de contato entre os eletrodos em re-

    lao as peas e das peas entre si, do material a ser soldado

    e de sua espessura.

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    4. Compresso final das peas, quando as superfcies em conta-

    to sofrem deformao plstica;

    5. Interrupo da passagem da corrente eltrica.

    Depois da ltima etapa, a junta soldada pode passar por um tra-

    tamento trmico por meio de aquecimento gerado pela passagem

    da uma corrente eltrica de valor inferior quela usada para pr-aquecimento e para soldagem.

    Pare! Estude! Responda!

    Exerccios

    2. Preencha as lacunas com as alternativas corretas nas ques-

    tes abaixo:

    a) O sistema eltrico de um equipamento no processo de

    soldagem por resistncia consiste de uma ........................,

    eletrodos e ........................

    1. ( ) fonte de calor, condutes

    2. ( ) fonte de energia, conexes

    3. ( ) fonte de calor, transmissores

    b) Os eletrodos so feitos de materiais que se caracterizampor sua ...................................condutibilidade trmica el-

    trica e baixa ....................................de contrato.

    1. ( ) baixa, resistncia

    2. ( ) alta, presso

    3. ( ) elevada, resistncia

    c) O sistema mecnico composto por um chassi que supor-

    ta um ........................ e os outros componentes dos siste-

    mas ........................e de controle.1. ( ) gerador, hidrulicas

    2. ( ) transformador, eltrica

    3. ( ) gerador, mecnicos

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    3. Assinale com um X as alternativas corretas nas questes a-

    baixo:

    A realizao da soldagem por resistncia de considerar uma

    srie de variveis, as mais importantes so:

    1. ( ) corrente de soldagem, resistncia eltrica e tenso

    trmica.2. ( ) corrente de soldagem resistncia trmica e formato

    e preparao dos eletrodos.

    3. ( ) resistncia eltrica, tenso trmica, corrente de sol-

    dagem.

    4. ( ) corrente de soldagem, resistncia eltrica do circuito

    e preparao e formato dos eletrodos.

    4. Ordene, numerando de 1 a 5, as etapas especficas da solda-

    gem por centelhamento.a) ( ) afastamento e reaproximao dos picos para incio

    do centelhamento.

    b) ( ) manuteno do centelhamento com aproximao

    progressiva das peas

    c) ( ) interrupo da passagem da corrente eltrica

    d) ( ) compresso final dos picos, quando as superfcies

    em contato sofrem deformao plstica.

    e) ( ) aproximao inicial e contato entre as peas para

    pr-aquecimento por efeito Joule.

    Gabarito

    1. a) (4) b) (3) c) (4)

    d) (3) e) (1)

    2. a) (2) b) (3) c)(2)

    3. a) (4)

    4. a) 2; b) 3; c) 5;

    d) 4; e) 1