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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PROMOTORIA DE JUSTIÇA CUMULATIVA DE ARACRUZ PROMOTORIA DE JUSTIÇA CUMULATIVA DE ARACRUZ ____________________________________________________________ EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DA VARA DOS FEITOS DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL, MUNICIPAL, DOS REGISTROS PÚBLICOS E DO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE ARACRUZ - ES. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO , por seus Promotores de Justiça infra-assinados, no exercício de suas atribuições, vêm, à presença de V.Exa, com base no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal e na Lei Federal nº 8.429/92, propor a presente AÇÃO POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AÇÃO POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA em face de LUCIANO DOMINGOS FRIGINI, brasileiro, casado, vereador do Município de 1

18_21311118532982012_ação de Improbidade - Rachid - Vereador Luciano Frigini

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AÇÃO DE IMPROBIDADE

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EXMO

MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

PROMOTORIA DE JUSTIA CUMULATIVA DE ARACRUZ

____________________________________________________________

EXCELENTSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DA VARA DOS FEITOS DA FAZENDA PBLICA ESTADUAL, MUNICIPAL, DOS REGISTROS PBLICOS E DO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE ARACRUZ - ES.

O Ministrio Pblico do Estado do esprito santo, por seus Promotores de Justia infra-assinados, no exerccio de suas atribuies, vm, presena de V.Exa, com base no artigo 129, inciso III, da Constituio Federal e na Lei Federal n 8.429/92, propor a presente

AO POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVAem face de

LUCIANO DOMINGOS FRIGINI, brasileiro, casado, vereador do Municpio de Aracruz-ES, CPF n 822.502.780, RG n 819.618 SSP/ES, residente e domiciliado na Avenida Aurlio Alvarenga, s/n, Guaran, Aracruz/ES, CEP 29.195-421, podendo tambm ser encontrado na Cmara Municipal de Aracruz, situada na Rua Professor Lobo, 550, Centro, Aracruz-ES, (local de exerccio do mandato);

FREDSON CARLOS MARTINS PIOL, brasileiro, solteiro, RG n 1.433.135-ES, CPF n 073.957.217-21, tcnico em segurana (ex-secretrio parlamentar da Cmara Municipal de Aracruz), nascido em 04/02/1977, residente e domiciliado na Rua Ernesto Guasti, n. 28, Guaran, Aracruz/ES, telefone (27) 8116-7225;CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL, brasileira, casada, secretria parlamentar da Cmara Municipal de Aracruz, RG n 873.801 SSP/ES, CPF n 946.056.457-72, residente e domiciliada na Rua Praia de Itapema, n 04, Bairro COHAB IV, Aracruz/ES, telefone (27) 3256-6823;MARIA MARLENE PELISSARI, brasileira, solteira, secretria parlamentar da Cmara Municipal de Aracruz, RG n 1.289.195 SSP/ES, CPF n 813.275.957-53, residente e domiciliada na Rua Francisco Pelissari, n 10, Guaran, Aracruz/ES;

pelos seguintes motivos de fato e de direito:

DOS FATOSA partir de denncia realizada no Ministrio Pblico do Estado do Esprito Santo (Promotoria de Justia Cumulativa de Aracruz-ES), de autoria do ex-secretrio parlamentar VALDENIR DOS ANJOS DE JESUS (outrora vinculado ao gabinete do vereador Luciano Domingos Frigini), foi instaurado o PROCEDIMENTO PREPARATRIO 012/2010, onde foi possvel constatar, entre outros fatos ilcitos, a nomeao para provimento de cargos de secretrio parlamentar (provimentos em comisso) sem correspondente exerccio de funo pblica especfica por parte dos comissionados, dando origem conhecida figura dos FUNCIONRIOS FANTASMAS, e, ainda, a existncia do denominado esquema RACHID envolvendo o vereador demandado, que valendo-se da fora e influncia de seu cargo, constrangeu o ento servidor Valdenir a repassar-lhe, de forma reiterada, considervel parcela de sua remunerao mensal paga pelo Legislativo Municipal, sob pena de, em assim no procedendo, ser exonerado do quadro funcional da Cmara.

Estas so as primeiras ponderaes sobre a denncia que deu origem ao respectivo procedimento administrativo instaurado na sede do Ministrio Pblico local, sendo que tais assertivas sero oportunamente comprovadas nos respectivos tpicos que tratam dos fatos em tela (Funcionrio Fantasmas e Esquema RACHID).- DOS FUNCIONRIOS FANTASMASDe acordo com o citado procedimento administrativo, restou constatada a existncia de nomeaes para o gabinete do requerido vereador Luciano Domingos Frigini, em decorrncia tanto de vinculao poltica, como de trabalho na campanha eleitoral que o elegeu, sem que se estabelecessem, de forma definida, quais seriam as funes a serem desempenhadas e, tambm, sem qualquer controle de expediente, tampouco assinaturas ou elaborao de folha de ponto, bem como de relatrios de atividades externas Cmara Municipal.

Enfim, cada vereador na Cmara Municipal de Aracruz pode nomear 5 (cinco) secretrios parlamentares, 1 (um) diretor parlamentar e 1 (um) diretor de gabinete, sendo que, de fato, a grande maioria destes sequer comparece Cmara Municipal e, quando perguntados sobre o exerccio efetivo de atribuies, to somente respondem de forma genrica que ficam disposio do vereador, que cuidam de sua agenda, porm, no conseguem apontar qualquer pessoa ou caso que tenham realmente ajudado ou atuado, chegando ao ponto de declararem que realmente no prestavam qualquer tipo de satisfao das atividades por eles desenvolvidas, conforme abaixo podemos verificar.

fato, os litisconsortes passivos do citado vereador, em declaraes prestadas na Promotoria de Aracruz, no apontaram de forma concreta qualquer relato condizente com o desempenho das funes que lhes seriam afetas, caracterizando, assim, os denominados FUNCIONRIOS FANTASMAS.

Destaca-se que o espao fsico de cada gabinete de vereador na Cmara Municipal de Aracruz por demais reduzido, tornando invivel o trabalho simultneo, em um mesmo gabinete, por parte de mais de 2 (dois) servidores. Desta forma, 4 (quatro) assessores inevitavelmente ficam sem local para o desempenho de suas funes, o que de fato se verifica no caso em tela.

Assim, em conseqncia da citada limitao fsica para o desempenho de suas funes, bem como o nmero excessivo de assessores e a necessidade de se financiar futuras campanhas polticas para a respectiva perpetuao no Poder (Legislativo), deu-se margem ao surgimento, na Cmara de Vereadores de Aracruz-ES, do conhecido esquema RACHID, amplamente divulgado na mdia nacional, onde os prprios vereadores loteiam os cargos pblicos disponveis na inteno de se beneficiarem de parcela de seus salrios, retendo-os, para fins particulares, ou mesmo para formarem uma reserva para futuras campanhas polticas (outras eleies).

A ocorrncia de funcionrios fantasmas na Cmara Municipal pode facilmente ser constatada a partir das prprias declaraes dos assessores do respectivo vereador, prestadas na sede do Ministrio Pblico local, sendo que eles mesmos afirmam que no trabalham no espao fsico da Cmara, desempenhando suas funes externamente, no confeccionando qualquer tipo de relatrio das atividades desenvolvidas, e, ainda, no apontam qualquer tarefa ou funo desempenhada especificamente, no sabendo especificar lugares ou nomes de pessoas a quem tenham prestado algum auxlio, ou seja, efetivamente no trabalharam (e nem trabalham), conforme se observa:

1 Depoimento de FREDSON CARLOS MARTINS PIOL:... Que comeou a trabalhar como secretrio parlamentar na Cmara para o vereador Luciano Frigini, em outubro de 2008 e ficou at maio de 2009; que pediu exonerao por ter problemas particulares; ... que trabalhou na campanha do vereador; que sua famlia j era amiga do vereador e acredita que por ter confiana no declarante este o chamou para trabalhar como assessor; ... que desempenhava a funo de acompanhar o vereador em suas reunies com as famlias da comunidade; que as teras-feiras comparecia as sesses da Cmara; que seu trabalho era realizado fora da Cmara; que no tinha obrigao de bater carto de ponto; que no tinha a obrigao de fazer relatrios de sua atividade fora da Cmara ...(FREDSON CARLOS MARTINS PIOL - que prestou depoimento no M.P. de Aracruz, no dia 20/04/2010, acompanhado de seus advogados o Dr. Aguinel Mendona da Silva, com OAB n 13337, e o Dr. Dr. Igor Bitti Moro, com OAB n 16694)2 Depoimento de CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL:... Que comeou a trabalhar na Cmara de Vereadores em fevereiro de 2006, trabalhando como secretria parlamentar do vereador Luciano Frigini; ... que fazia trabalho comunitrio na Associao de moradores de seu bairro, e devido esse trabalho conheceu o vereador e assim este realizou uma proposta de emprego, para a declarante ser sua assessora, sendo que esta aceitou; que trabalhou parte do primeiro mandato e est trabalhando agora no segundo mandato do vereador; que foi exonerada em setembro de 2008 e voltou a trabalhar no final de janeiro pelo motivo de nepotismo; que tal fato se deu porque seu irmo era secretrio de agricultura e quando este deixou a administrao pde retornar Cmara, sendo novamente chamada pelo vereador... que possui a funo de representar o vereador nas comunidades, agendando seus compromissos; que desempenha funo externa Cmara de Vereadores; que no necessita fazer relatrio das atividades que desenvolve; que no tem obrigao de bater ponto... que filiada ao partido poltico PSB; que o vereador tambm filiado a esse partido poltico; que doa parte de seu salrio ao partido poltico PSB, sendo o montante de 3% ...(CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL - que prestou depoimento no M.P. de Aracruz, no dia 20/04/2010, acompanhada de seus advogados o Dr. Aguinel Mendona da Silva, com OAB n 13337, e o Dr. Dr. Igor Bitti Moro, com OAB n 16694)3 Depoimento de MARIA MARLENE PELISSARI:

... Que trabalha na Cmara Municipal desde setembro de 2006, como secretria parlamentar do vereador Luciano Frigini; que est estudando Servio Social, pela UNOPAR, ensino distncia, porm, tem que ir at Linhares todas as segundas-feiras; que sempre vinha s sesses legislativas porm agora, com a Faculdade no d mais para a declarante freqentar; que descobriu recentemente que filiada ao partido poltico PSB, mesmo partido do vereador com quem trabalha... (A DECLARANTE SEQUER SABIA QUE ERA FILIADA A PARTIDO POLTICO); que todas as vezes que vinha at o centro de Aracruz dava uma passada na Cmara; que acredita ser pelo menos umas trs vezes por semana; que trabalha em Guaran e Jacupemba, em reunies; que no elabora relatrio de atividades que realiza fora da Cmara; que no existe qualquer tipo de controle de freqncia no caso dos assessores de vereadores... (MARIA MARLENE PELISSARI - que prestou depoimento no M.P. de Aracruz, no dia 19/04/2010, acompanhada de seus advogados o Dr. Aguinel Mendona da Silva, com OAB n 13337, e o Dr. Dr. Igor Bitti Moro, com OAB n 16694)Conforme se observa dos depoimentos acima transcritos, os assessores ouvidos no puderam afirmar quais seriam as suas verdadeiras atribuies, e, ainda, sequer puderam apontar uma tarefa ou atribuio realmente desempenhada, tudo indicando que realmente no exercem qualquer tipo de atividade parlamentar.Assim, diante dos fatos narrados pelos assessores do vereador Luciano Domingos Frigini, no outra a concluso que se pode ter seno a de que ocorreu realmente um loteamento indevido dos cargos pblicos comissionados no mbito do gabinete do citado vereador, sendo que o nmero de assessores amplamente superior a quantidade de trabalho existente, o que originou o fenmeno dos FUNCIONRIOS FANTASMAS.

Ainda, para a comprovao de tal fato, basta a simples leitura das atribuies do cargo de SECRETRIO PARLAMENTAR, que em nenhuma das hipteses prev qualquer tipo de trabalho externo, prevendo funes/atribuies que somente podem ser exercidas dentro da Cmara Municipal.

Para comprovar o acima expendido transcreve-se a SUBSEO IV, do Ato n 202, de 18 de novembro de 1993, que trata das atribuies afetas ao cargo comissionado de Secretrio Parlamentar e dispe o seguinte:

Dos Servios Parlamentares:

Os servios parlamentares sero executados pelos Secretrios dos vereadores e compreende entre outros:

I Coordenar as atividades de apoio administrativo do vereador e da liderana a que serve;

II Minutar todo o expediente originrio da bancada...;

III Redigir a correspondncia pessoal e oficial do vereador...;

IV Assessorar o vereador ou lder em entrevistas...;

V - Fazer pesquisas e coletar dados e informaes necessrias aos pronunciamentos e projetos de lei a serem apresentados pelo vereador ou lder;

VI Elaborar, anualmente, relatrio das atividades desenvolvidas pelo vereador...;

VII - Elaborar, anualmente, estatstica de atuao de cada membro da bancada...;

VIII Examinar previamente, sob o aspecto legal, os anteprojetos legislativos a serem apresentados pelo vereador ou lder;

IX Organizar e manter atualizado a agenda pessoal e oficial do vereador...;

X Manter atualizado arquivo contendo notcias e informaes de interesse do vereador ou da bancada;

XI Recepcionar as pessoas que se dirijam ao vereador...;

XII Datilografar todo o expediente originrio do gabinete do vereador...;

XIII Promover os contatos telefnicos e pessoais de interesse do vereador...;

XIV Acompanhar o andamento dentro e fora da Cmara Municipal, de processos, papis e documentos de interesse do vereador ou lder;

XV Elaborar ou auxiliar o vereador na redao de seus pronunciamentos;

XVI Manter arquivo dos pronunciamentos proferidos, dos pareceres exarados e das proposies apresentadas...;

XVII Anotar e transmitir recados;

XVIII Manter arquivo atualizado das autoridades civis, militares e eclesisticas;

XIX Expedir toda a correspondncia poltica e pessoal do vereador ou lder...

Ora, da simples leitura das atribuies elencadas no texto normativo, se compreende que nenhuma delas pode ser realizada fora da Cmara Municipal de Aracruz. No existe, portanto, qualquer autorizao normativa para tanto, nem sequer a possibilidade de faz-lo, uma vez que inexoravelmente todas as atribuies do cargo esto ligadas a funes que exigem a presena do funcionrio no local do trabalho, diga-se Cmara Municipal, ou em suas dependncias.

O que se pode dizer das atribuies de recepcionar as pessoas que se dirijam ao vereador, manter arquivo dos pronunciamentos proferidos, expedir toda a correspondncia poltica e pessoal do vereador, elaborar ou auxiliar o vereador na redao de seus pronunciamentos, minutar todo o expediente originrio da bancada, enfim, todas as demais atribuies do cargo de Secretrio Parlamentar?Com certeza tais atribuies somente podem ser desempenhadas no ambiente funcional da Cmara Municipal, em especial, no gabinete do respectivo vereador. Dessa forma, verifica-se a patente afronta Constituio Federal e ao ordenamento jurdico existente, uma vez que os vereadores da Cmara Municipal de Aracruz simplesmente legislaram para seus prprios interesses, que no caso corresponderia facilitao de suas respectivas reeleies atravs da manuteno de cabos eleitorais pagos pelo prprio Estado, e, ainda, de forma contnua, ou seja, durante o exerccio do mandato do vereador.

Ora, incorporar ao seu patrimnio um bom salrio, pago pela Cmara Municipal de Aracruz, sem dar ou oferecer qualquer contrapartida seria lcito??? Quem assume tal cargo pblico, sabendo que sequer precisar ir Cmara Municipal no tem conhecimento da ilicitude de sua conduta??? No dever responder pelo ato??? Qual seria outro emprego que se poderia receber sem trabalhar??? Essas so algumas das perguntas que, se respondidas, em observncia aos princpios que regem o senso comum de tica e moralidade, que tambm so inerentes ao servio pblico, indicam o dolo ou a inteno dos referidos assessores em se locupletarem ilicitamente dos cofres pblicos.

- DO ESQUEMA RACHID

Na data de 01/03/2007 o cidado Valdenir dos Anjos de Jesus compareceu espontaneamente Promotoria de Justia de Aracruz com o fim de informar o esquema de diviso de salrios (RACHID) implementado pelo vereador Luciano Domingos Frigini.

Tal declarao justificou, poca, a formalizao de um expediente administrativo prvio, que acabou por redundar na instaurao do Procedimento Preliminar 012/2010, propiciando uma constatao mais aprofundada acerca do esquema RACHID, bem como permitindo fossem angariados elementos concernentes a nomeao de FUNCIONRIOS FANTASMAS por parte do respectivo vereador.

Quando de suas primeiras declaraes, em 01/03/2007, assim esclareceu o Sr. Valdenir dos Anjos de Jesus acerca da prtica de apropriao de salrios de secretrios parlamentares por parte do demandado Luciano Domingos Frigini:... entrega declarao neste momento relatando fatos relativos a devoluo ao vereador Luciano Frigini de parte da remunerao recebida enquanto foi seu assessor parlamentar, confirmando seu inteiro teor; pensa que outros ex-assessores no tero coragem de vir at aqui fazer depoimentos no mesmo sentido; tudo comeou quando participava do grupo de jovens da igreja catlica desta Cidade; foi procurado por Luciano Frigini, candidato a candidato a vereador, que lhe pediu apoio... aps a posse, Luciano o procurou oferecendo o cargo de Assessor Parlamentar; perguntado quanto recebia na empresa, disse que era R$ 450,00 (quatrocentos e cinqenta reais); ento Luciano ofereceu R$ 500,00 (quinhentos reais), com a promessa de aumento desse valor em trs meses, para R$ 600,00 (seiscentos reais)... Luciano sempre alegava que no poderia aumentar o salrio do declarante em razo de estar pagando seu carro, um Fiat Uno, 4 portas, usado, que adquiriu aps a posse... aps esse perodo, adoeceu, tendo princpio de derrame; disse a Luciano que precisava de um aumento na remunerao para fazer um plano de sade, e este lhe disse novamente para aguardar; trabalhou um ano e oito meses com Luciano ... (VALDENIR DOS ANJOS DE JESUS depoimento prestado no M.P. de Aracruz, no dia 01/03/2007)

Em declarao firmada em 06/02/2007 e posteriormente encaminhada ao Ministrio Pblico, Valdenir detalha o constrangimento ao qual se encontrou submetido durante o perodo em que atuou como Secretrio Parlamentar do vereador Luciano Domingos Frigini:

... que trabalhei como assessor parlamentar para o vereador Luciano Domingos Frigini junto Cmara Municipal de Aracruz no perodo de 01/01/2005 a 01/08/2006, e que recebia o salrio de R$ 1.615,54 (um mil, seiscentos e quinze reais e cinqenta e quatro centavos) no contracheque. Declaro ainda que meu salrio era depositado integralmente na minha conta corrente, mas que eu tinha direito de ficar com apenas R$ 500,00 (quinhentos reais) por ms, pois o restante eu tinha que sacar e entregar ao vereador Luciano Frigini, sendo que a partir de maro de 2006 referido vereador passou a permitir que eu recebesse R$ 600,00 (seiscentos reais). Declaro tambm que quando fui convidado para trabalhar como assessor na Cmara Municipal de Aracruz o vereador Luciano Frigini me prometeu salrio de R$ 500,00 e previso de aumento no terceiro ms, mas somente quando recebi o primeiro contracheque que tomei conhecimento que meu salrio era de R$ 1.615,54, ocasio em que o vereador me disse que o valor que ultrapassasse o combinado (R$ 500,00), teria que ser devolvido a ele, pois ele precisava daquele dinheiro, uma vez que estava pagando um carro que havia financiado, alegando que depois que quitasse o veculo as coisas iriam melhorar para o declarante...

(VALDENIR DOS ANJOS DE JESUS declarao entregue ao Promotor de Justia por ocasio do depoimento prestado no M.P. de Aracruz, no dia 01/03/2007)

Em data de 24/03/2009, o Sr. Valdenir dos Anjos de Jesus, aps prvia notificao, compareceu Promotoria de Justia de Aracruz, ratificando integralmente as informaes prestadas anteriormente, o que o fez nos seguintes termos: Que confirma integralmente as declaraes prestadas perante o promotor Dr. Ronaldo Gonalves de Assis, na data de 01/03/2007, nesta Promotoria de Justia; Que trabalhou aproximadamente um ano e oito meses na Cmara Municipal de Aracruz, a partir de janeiro de 2005; que aps a declarao no Ministrio Pblico, o vereador Luciano Frigini, ficou sabendo do fato, e se dirigiu a casa do declarante; Que ento passou a fazer ameaas ao declarante; Que perguntou se o declarante no tinha medo que algo maligno acontecesse em sua vida... que justamente na data do depoimento prestado no Ministrio Pblico o vereador realizou estas ameaas; que o vereador chegou em sua casa por volta das 18:00 horas e s saiu de l por volta das 22:30 horas; que toda a conversa foi presenciada por sua esposa e seu filho pequeno; que a todo momento o vereador disse que havia ajudado muito o declarante e que no esperava isso dele... que inclusive o dcimo terceiro salrio ficava todinho para o vereador; que era o nome do declarante que constava no contracheque e aps o recebimento do salrio o declarante entregava o restante do mesmo ao vereador... que entregava o dinheiro porque j havia combinado com o vereador que iria faz-lo, a troco do emprego; Que reconhece a declarao mostrada nesta oportunidade e juntada ao respectivo procedimento administrativo, sendo de sua autoria e retratando o fato ora investigado, datada de 06 de fevereiro de 2007. (VALDENIR DOS ANJOS DE JESUS declarao prestada ao Promotor de Justia, Dr. Ricardo Alves Kokot no M.P. de Aracruz, no dia 24/03/2009)

Tais declaraes seguidamente reiteradas por parte de quem exerceu a atividade de secretrio parlamentar do vereador Luciano Domingos Frigini, no deixa margem a dvida no sentido de que o aludido membro do Legislativo Municipal se valeu da fora do mandato com o fim de constranger subordinado a fim de que efetuasse o repasse mensal de verbas salariais de carter personalssimo e alimentar.

No caso em tela resta patente a inteno (dolo/m-f) do vereador em se locupletar indevidamente dos cofres pblicos, alcanando enriquecimento ilcito por se valer da fora do cargo para fins meramente pessoais, acarretando inegvel leso ao errio.Conforme afirmado pelo outrora secretrio parlamentar do vereador Luciano Domingos Frigini, o rateio de seu salrio era a condio para sua manuteno no cargo comissionado.DOS FUNDAMENTOS JURDICOS

DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CARACTERIZADA

A Lei n 8.429/92 Lei de Improbidade Administrativa , editada para dar efetividade ao disposto no art. 37, 4, da Constituio Federal, dispe sobre as sanes aplicveis aos agentes pblicos nos casos de enriquecimento ilcito no exerccio de mandato, cargo, emprego ou funo na administrao pblica direta, indireta ou fundacional e d outras providncias.Merece destaque, para efeito desta ao, o artigo 2 da Lei n 8.429/92, segundo o qual Reputa-se agente pblico, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remunerao, por eleio, nomeao, designao, contratao ou qualquer outra forma de investidura ou vnculo, mandato, cargo, emprego ou funo nas entidades mencionadas no artigo anterior.Fcil constatar, assim, que os demandados, o vereador municipal de Aracruz e seus litisconsortes (duas assessoras e um ex-assessor), so agentes pblicos para efeito de responsabilizao nos termos da Lei n 8.429/92.Afigurando-se indiscutvel a legitimidade ativa do Ministrio Pblico (artigo 17, caput, da Lei n 8.429/92), impende registrar a necessidade de emisso de provimento jurisdicional tendente ao reconhecimento da prtica de atos de improbidade administrativa pelos requeridos, a eles impondo as sanes previstas na Lei n 8.429/92.

A partir da previso constitucional acerca dos princpios magnos da Administrao Pblica, foi estampada a questo da improbidade administrativa no 4, do artigo 37, da CF/88, surgindo, a partir de ento, a Lei n 8.429/92, com o escopo de estabelecer o disciplinamento da matria. Tal legislao estabeleceu, em seu artigo 4, que Os agentes pblicos de qualquer nvel ou hierarquia so obrigados a velar pela estrita observncia dos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe so afetos.Na hiptese em anlise, o envolvimento volitivo na prtica do ato mprobo constatado de maneira flagrante, estando, pois, plenamente demonstrada a intencionalidade do comportamento do vereador e de seus litisconsortes, na prtica das condutas ilcitas abaixo narradas, sendo que todos tm total conhecimento de seus atos e suas respectivas participaes na prtica da conduta ilcita, conforme fica inequivocamente comprovado nas provas acima destacadas.

- DO ENRIQUECIMENTO ILCITO (art. 9, caput e inciso XI, da Lei 8429/92)

Diante de todos os fatos narrados na exordial, evidencia-se, desde logo, o fato de ter o vereador LUCIANO DOMINGOS FRIGINI incorporado ao seu patrimnio rendas e valores tambm da Cmara Municipal de Aracruz, por ter exigido do ento Secretrio Parlamentar Valdenir dos Anjos de Jesus parte de seus salrios, seja para a formao de um caixa para as prximas campanhas polticas ou mesmo para incorporar ao seu patrimnio pessoal, sendo que tais condutas se amoldam perfeitamente ao artigo 9, caput e inciso XI, da Lei n 8.429/92, in verbis:

Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilcito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razo do exerccio de cargo, mandato, funo, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1 desta lei, e notadamente:

(...)

XI incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimnio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1 desta Lei;Outrossim, verifica-se que as condutas perpetradas pelos tambm requeridos FREDSON CARLOS MARTINS PIOL, CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL e MARIA MARLENE PELISSARI (ex-assessor e assessoras do vereador Luciano Domingos Frigini), tambm se amoldam ao artigo em tela, haja vista que, uma vez pertencentes ao quadros da Administrao Pblica (cargo de provimento em comisso: Secretrio Parlamentar), se locupletaram indevidamente de valores pertencentes Cmara Municipal de Aracruz, sendo que no realizaram a devida contraprestao, ou seja, de fato no desempenharam qualquer funo no mbito do Poder Legislativo local, caracterizando-se como funcionrios fantasmas da Cmara Municipal.Portanto, no seria outro o entendimento a ser dado diante da conduta dos requeridos, especialmente porque o rol de atos de improbidade trazido pelo art. 9, da LIA, exemplificativo e no exaustivo, devido expresso notadamente contida em seu caput.Nossa doutrina, no tocante ao tema ensina que:

Quando o caput do art. 9 usa o advrbio notadamente, para dar ingresso aos seus incisos, certamente est dizendo que a seqncia comportamental desses incisos mera enumerao, que nela no se esgota a matria; que outros exemplos podem ocorrer, como efetivamente ocorrem. Notadamente, na lei 8429/92, significa principalmente, sobretudo etc., introduzindo a exemplificao. (Waldo Fazzio Jnior, Ed. Atlas, Atos de Improbidade Administrativa, 2 Ed., pg. 95) Ainda, o citado autor quando faz sua abordagem quanto ao elemento subjetivo do citado art. 9, ensina que este simplesmente verificado diante da conduta do agente, e, dada a clarificao de suas palavras, abaixo transcrevemos seus ensinamentos:

O art. 9 no menciona o elemento volitivo porque, nas condutas que descreve, no necessrio colocar em relevo o elemento anmico do agente. Realmente, no o faz, porque nenhum de seus incisos admite a forma culposa: so todos dolosos. Qualquer atuao suscetvel de gerar enriquecimento ilcito pressupe a conscincia da antijuridicidade do resultado pretendido. A prpria conduta delineia o dolo: o agente obtm vantagem que sabe indevida. (Waldo Fazzio Jnior, Ed. Atlas, Atos de Improbidade Administrativa, 2 Ed., pg. 94) No outro o entendimento de nossa jurisprudncia, seno vejamos:ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MINISTRIO PBLICO. COMPETNCIA FUNCIONAL. PROCURADOR DE JUSTIA. ART. 31 DA LEI N 8.625/93. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONTRATAO DE "FUNCIONRIO-FANTASMA". ATO ILCITO. SANES. RESSARCIMENTO AO ERRIO. INSUFICINCIA. ART. 12 DA LEI N 8.429/92. 1. O Ministrio Pblico do Estado de So Paulo ingressou com ao civil pblica reputando como ato de improbidade administrativa a contratao irregular pelo ento Prefeito da Municipalidade do filho do ento Vice-Prefeito, o qual percebeu vencimentos do cargo para o qual foi designado por 18 meses sem prestar efetivos servios, como verdadeiro "funcionrio-fantasma". [...] 7. Caracterizado o ato de improbidade administrativa, o ressarcimento ao errio constitui o mais elementar consectrio jurdico, no se equiparando a uma sano em sentido estrito e, portanto, no sendo suficiente por si s a atender ao esprito da Lei n 8.429/92, devendo ser cumulada com ao menos alguma outra das medidas previstas em seu art. 12. 8. Pensamento diverso, tal qual o esposado pela Corte de origem, representaria a ausncia de punio substancial a indivduos que adotaram conduta de manifesto descaso para com o patrimnio pblico. Permitir-se que a devoluo dos valores recebidos por "funcionrio-fantasma" seja a nica punio a agentes que concorreram diretamente para a prtica deste ilcito significa conferir questo um enfoque de simples responsabilidade civil, o que, toda evidncia, no o escopo da Lei n 8.429/92. 9. "A ao de improbidade se destina fundamentalmente a aplicar as sanes de carter punitivo acima referidas, que tm a fora pedaggica e intimidadora de inibir a reiterao da conduta ilcita. Assim, embora seja certo que as sanes previstas na Lei 8.429/92 no so necessariamente aplicveis cumuladamente (podendo o juiz, sopesando as circunstncias do caso e atento ao princpio da proporcionalidade, eleger a punio mais adequada), tambm certo que, verificado o ato de improbidade, a sano no pode se limitar ao ressarcimento de danos" (Ministro Teori Albino Zavascki, Voto-Vista no REsp n 664.440/MG, DJU 06.04.06). 10. Como bem posto por Emerson Garcia " relevante observar ser inadmissvel que ao mprobo sejam aplicadas unicamente as sanes de ressarcimento do dano e de perda de bens, pois estas, em verdade, no so reprimendas, visando unicamente recomposio do status quo" (Improbidade Administrativa. Editora Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2 ed., 2004, p. 538). 11. O Ministrio Pblico Estadual pediu de maneira explcita o restabelecimento das demais sanes cominadas na sentena reformada pela Corte de origem, quais sejam, (i) suspenso dos direitos polticos e (ii) proibio de contratar com o poder pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais. 12. Em obsquio aos princpios da razoabilidade e da proporcionalidade, assiste razo ao Parquet. 13. Dada a gravidade da conduta de um dos litisconsortes passivos, que demonstrou absoluto desprezo pelos princpios que regem a Administrao Pblica ao abrigar como "funcionrio-fantasma" figura repugnante que acomete de maneira sistemtica os rgos pblicos o filho de um de seus aliados polticos, tem-se como indispensvel a restaurao das medidas previstas na sentena, inclusive no que respeita suspenso dos direitos polticos por 5 (cinco) anos. 14. Outrossim, a malcia demonstrada por outro litisconsorte ao passar 18 (dezoito) meses recebendo vencimentos de cargo em comisso sem prestar servios Municipalidade autoriza, a toda evidncia, a volta da sano prevista na sentena: proibio de contratar com o poder pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais por 10 (dez) anos. 15. Recurso especial provido (STJ, REsp. n 1019555/SP, 2 Turma, Rel. Min. Castro Meira, j. 16.06.2009, DJe 29.06.2009).

AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CMARA MUNICIPAL. DESIGNAO SIMULADA DE SERVIDORES. CARGOS EM COMISSO. FALTA DE PRESTAO REGULAR DE SERVIOS. procedente o pedido de ressarcimento, formulado em ao civil pblica, diante da demonstrao de que servidores municipais, ocupantes, na poca, de cargo comissionado, no exerceram regularmente suas funes. Nega-se provimento ao agravo retido, rejeita-se a preliminar e nega-se provimento aos recursos de apelao (TJMG, 4 Cmara Cvel, Apelao n 1.0035.00.003341-1/004, Relator DES. ALMEIDA MELO, j. 06.09.2007, DJ 21.09.2007).

Constitucional/Administrativo Ao de improbidade administrativa. Legitimao ativa do Ministrio Pblico e demais condies acionrias presentes. Cerceamento defensrio inocorrente. Empresa pblica municipal - Contratao de servidora sem a realizao de concurso pblico ou processo seletivo - Ausncia de efetivo exerccio das funes respectivas, apesar de assinado o ponto - Recebimento dos salrios - Infringncia ao art. 37, caput e inciso II, da CF - Responsabilizao de todos os envolvidos - Penalidades bem impostas, incluso o ressarcimento do errio - Procedncia parcial ampliada para total - Provimento ao recurso ministerial e desprovimento dos demais (TJSP, 13 Cmara de Direito Pblico, Apelao com reviso n 8944185100, Rel. Des. Ivan Sartori, j. 24.06.2009, DJ 18.08.2009).Cerceamento de defesa - Inocorrncia - Matria comprovada ampla por documentos dos autos - Preliminar rejeitada Ao Civil Pblica - Improbidade administrativa - Contratao de servidora para exerccio de cargo em comisso por indicao de Vereador - Funcionria fantasma, que, embora nomeada e empossada, jamais realizou os servios - Pagamentos que eram destinados para a conta do Vereador que a indicou - Recebimento de vantagens financeiras em prejuzo do errio pblico - Ao julgada procedente - Sentena mantida - Recurso improvido (TJSP, 6 Cmara de Direito Pblico, Apelao com reviso n 3950545100, Rel. Des. Leme de Campos, j. 29.06.2007).

Desta forma se conclui que os demandados LUCIANO DOMINGOS FRIGINI, FREDSON CARLOS MARTINS PIOL, CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL e MARIA MARLENE PELISSARI incorreram na prtica de atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento ilcito, na forma do artigo 9, caput e inciso XI da Lei 8.429/92.- DA LESO AO ERRIO (art. 10, caput e incisos I e XII, da Lei n 8.429/92)Verdadeiramente, a conduta dos demandados no se limita a ensejar enriquecimento ilcito, mas tambm, de modo cristalino, repercute em considervel prejuzo ao errio na forma do artigo 10, caput e incisos I e XII da Lei de Improbidade. O vereador Luciano Domingos Frigini ao proceder a nomeao de assessores remunerados pelos cofres pblicos, ciente de que no haveria contraprestao funcional por parte dos nomeados, efetivamente concorreu para que os referidos fantasmas se enriquecessem ilicitamente e, por conseqncia, ocasionado inegvel leso aos cofres pblicos.Na estrutura funcional do Poder Legislativo no h como o parlamentar alegar desconhecimento de tais prticas por parte dos secretrios vinculados ao seu gabinete, notadamente por ser ele o responsvel por suas nomeaes e, ainda, pela fiscalizao do fiel cumprimento de suas atribuies.

Quem recebe salrio sem que se encontre subordinado a horrio de servio, controle de jornada, sendo desnecessria presena fsica na repartio pblica, tendo tempo de sobra para se dedicar a outras atividades profissionais, de seus interesses privados, no pode ser chamado de funcionrio pblico, pois sequer deixa para o Estado qualquer contrapartida pelo salrio que recebe dos cofres pblicos. Pelo contrrio, trazem apenas prejuzo ao Estado, uma vez que exatamente essa espcie de pessoas travestidas de funcionrios pblicos que maculam o ente pblico para com a sociedade.

inequvoco que a conduta do vereador Luciano Domingos Frigini ensejou, bem como ainda enseja, perda patrimonial ao Municpio de Aracruz, em especial ao Poder Legislativo, visto que parte dos valores arrecadados a ttulo de tributos pagos por toda a sociedade aracruzense serve para o locupletamento ilcito de servidores fantasmas vinculados ao gabinete do parlamentar.

Assim agindo, o demandado Luciano Domingos Frigini, incorreu, reiteradamente, na prtica de atos de improbidade administrativa, que ocasionam leso ao errio, na forma prevista no artigo 10, caput e incisos I e XII da Lei 8.429/92:

Art. 10 Constitui ato de improbidade administrativa que causa leso ao errio qualquer ao ou omisso, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriao, malbaratamento ou dilapidao dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1 desta Lei, e notadamente:

I facilitar ou concorrer por qualquer forma para incorporao ao patrimnio particular, de pessoa fsica ou jurdica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1 desta Lei;

...

XII permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriquea ilicitamente.

No tocante a conduta dos demandados FREDSON CARLOS MARTINS PIOL, CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL e MARIA MARLENE PELISSARI, temos tambm caracterizada a prtica de atos de improbidade que trazem leso ao errio, na medida em que, de forma voluntria e consciente, recebem valores dos cofres pblicos sem que prestem qualquer atividade funcional na Cmara de Vereadores.Assim, os cofres pblicos so dilapidados, reiteradamente, uma vez que os valores pertencentes ao Municpio e arrecadados de forma compulsria junto aos cidados aracruzenses so revertidos em favor de assessores que no se do ao trabalho de, ao menos, comparecerem diariamente repartio pblica.Conforme expressamente admitido pelos assessores FREDSON CARLOS MARTINS PIOL e CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL, estes desempenhavam a notvel atividade de acompanhar o vereador em suas reunies com a comunidade. E, ainda, por serem funcionrios exemplares afirmaram que compareciam Cmara Municipal s teras-feiras, dia de sesso pblica, sem precisarem sobre o que faziam nos outros dias da semana. A concluso a que se chega que no se sujeitavam a controle de jornada ou de dias efetivamente trabalhados e, tampouco, fazia relatrios de suas atividades de assessoria legislativa externa. J a secretria parlamentar MARIA MARLENE PELISSARI, afirma que sempre comparecia s sesses legislativas (que ocorrem, em mdia, uma vez por semana), entretanto, atualmente, nem tal comparecimento tem sido possvel visto que se encontra cursando Servio Social no Municpio de Linhares.

Esclarece, ainda, a Sr. Maria Marlene Pelissari que todas as vezes que vinha ao centro de Aracruz dava uma passada na Cmara, em mdia trs vezes por semana, mas que, de fato, seu trabalho era desempenhado em no distrito de Guaran, o que coincidentemente o local de sua residncia e principal reduto eleitoral do vereador Luciano Domingos Frigini.Ora, o vereador Luciano Domingos Frigini no tem a capacidade de observar de forma direta as necessidades da comunidade da qual faz parte, onde se encontra residindo (Guaran/Aracruz)? A comunidade onde reside no tem conhecimento que o mesmo vereador? E os outros bairros do Municpio de Aracruz, aqueles mais afastados, ser que o vereador tambm possui assessores nestas localidades? Levando-se em conta lamentvel cenrio demonstrado nos autos, conclui-se que os demandados FREDSON CARLOS MARTINS PIOL, CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL e MARIA MARLENE PELISSARI, quando aceitaram receber salrios pagos pelo Poder Pblico, sem qualquer espcie de contraprestao profissional, acabaram por incorrer, efetivamente, na prtica de atos de improbidade administrativa causadores de prejuzo ao errio, a partir da interpretao analgica proposta pelo caput do artigo 10, da Lei 8.429/92, tendo-se por referncia exemplificativa o rol de incisos numerus apertus constante do referido artigo.

Conforme os ensinamentos do ilustre autor Waldo Fazzio Jnior, a utilizao no caput do artigo 10 do advrbio notadamente indica que a seqncia comportamental dos incisos mera enumerao, de modo que outros exemplos de prticas ensejadoras de prejuzo ao errio podem ocorrer, como efetivamente ocorre na hiptese dos Assessores Fantasmas ora demandados.Como no reconhecer leso ao errio na prtica deliberada de receber salrios dos cofres pblicos, sem que, de fato, tal recebimento corresponda a um trabalho efetivamente desenvolvido?Nessa linha, nunca se deve perder de vista que as funes tpicas do Poder Legislativo so a de inovar na ordem jurdica mediante a elaborao de leis, bem como fiscalizar o exerccio da atividade executiva.Aquele que se presta a assessorar um vereador deve se encontrar atrelado a tais atividades, seja auxiliando na elaborao de projetos de lei, seja assessorando de modo formal o cumprimento da atividade fiscalizadora do parlamentar, o que necessariamente deve ocorrer no interior da Casa Legislativa.

curioso notar que os secretrios parlamentares relatam que suas atividades se resumem ao acompanhamento do vereador em reunies de bairro, no havendo informao, em nenhum momento, de que representaram o parlamentar junto ao Poder Executivo Municipal, em reunies oficiais com o Prefeito ou os respectivos Secretrios Municipais, ou que, ao menos, tenham auxiliado o vereador na elaborao e anlise de projetos de lei.

Por tais razes se encontra evidenciado que o demandado LUCIANO DOMINGOS FRIGINI incorreu na prtica de atos de improbidade causadores de leso ao errio, na forma prevista no artigo 10, caput e incisos I e XII da Lei 8.429/92, bem como os demandados FREDSON CARLOS MARTINS PIOL, CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL e MARIA MARLENE PELISSARI incorreram na prtica de atos de improbidade causadores de prejuzo ao errio na forma do caput, do artigo 10 da Lei 8.429/92.- DA VIOLAO AOS PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA (art. 11, caput e inciso I, da Lei 8429/92)Outrossim, diante da conduta apresentada pelo vereador Luciano Domingos Frigini, facilmente se constata que praticou ato visando fim proibido em lei, haja vista se beneficiar de parte considervel dos salrios do ex-secretrio parlamentar Valdenir dos Anjos de Jesus, alcanando um aumento patrimonial contrrio ao ordenamento jurdico e violador de princpios da Administrao, incorrendo na conduta descrita no art. 11, caput e inciso I, da Lei 8429/92, seno vejamos:

Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princpios da administrao pblica qualquer ao ou omisso que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade s instituies, e notadamente:I praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto na regra de competncia;Ora Exa., a conduta de lotear cargo pblico de livre nomeao e exonerao afeto ao seu respectivo gabinete com a patente inteno de se locupletar ilicitamente de parcela salarial de secretrio parlamentar, configura inegvel fim proibido em lei ou regulamento, nos termos do artigo citado acima.

Para tanto, transcreve-se o art. 17, da Lei Orgnica do Municpio de Aracruz-ES (Lei 01/1990), que dispe:

(art. 17) Perder o mandato o Vereador;(...) 1 - incompatvel com o decoro parlamentar, alm dos casos definidos no Regimento Interno, o abuso das prerrogativas asseguradas ao Vereador ou a percepo de vantagens indevidas.

Ainda, destaca-se os arts. 316 (concusso), 317 (corrupo passiva) e 319 (prevaricao), todos do Cdigo Penal, que tambm se amoldam perfeitamente a conduta do agente, seno vejamos:Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida.Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio, ou pratic-lo contra disposio expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.De outro lado, os requeridos FREDSON CARLOS MARTINS PIOL, CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL e MARIA MARLENE PELISSARI, tambm incidiram no art. 11, caput e inciso I, da Lei 8429/92, uma vez que, enquanto pertencentes aos quadros da Administrao Pblica, apropriaram-se de dinheiro pblico sem que efetivamente tenham prestado os servios pblicos compatveis com as atribuies do cargo de secretrio parlamentar.

As informaes extradas dos depoimentos das testemunhas so consistentes e apresentam verossimilhana, no apenas em razo da concatenao de dados, mas tambm em vista das provas documentais carreadas aos autos.Todos estes aspectos tambm deixam mostra no s a desobedincia ao princpio da legalidade, mas tambm a ruptura ao princpio da moralidade, posto que d ensejo a mcula tica que impregna o comportamento do vereador, bem como aceita por seus assessores, se assim pudermos denominar, sendo passvel de correo pelo Poder Judicirio. Neste sentido:

A Constituio, sensvel aos vcios identificados pela Nao na prtica da Administrao Pblica, no deixou sem soluo satisfatria to grave problema de ajuste do atuar do agente pblico com a finalidade pblica da ao produzida, fazendo com que o direito seja o reflexo de uma nova concepo de justia compatvel com a realidade social a que se destina. O amplo controle da atividade administrativa se exerce, na atualidade, no s pelos administrados diretamente, como, tambm, pelo Poder Judicirio, em todos os atributos do ato administrativo.

Conclui-se que os demandados LUCIANO DOMINGOS FRIGINI, FREDSON CARLOS MARTINS PIOL, CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL e MARIA MARLENE PELISSARI incorreram na prtica de atos de improbidade administrativa violadores de princpios da Administrao Pblica, conforme previso expressa do artigo 11, caput e inciso I da Lei 8.429/92.DOS PEDIDOS LIMINARES

DA RETENO DE VALORES PERCEBIDOS PELOS REQUERIDOS:

1- LUCIANO DOMINGOS FRIGINI;

2- CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL, e;3- MARIA MARLENE PELISSARI;DOS COFRES PBLICOS, VIA DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO E DEPSITO EM CONTA JUDICIAL REMUNERADA, COM O OBJETIVO DE GARANTIR A RESTITUIO DOS VALORES DESVIADOS DOS COFRES DA CMARA MUNICIPAL DE ARACRUZ-ES.O artigo 127, caput, da Constituio Federal diz incumbir ao Ministrio Pblico a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis. E, tambm incumbe ao Ministrio Pblico promover o inqurito civil e a ao civil pblica, para proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (CF, art. 129, inc. III).

O dispositivo constitucional, ao mesmo tempo em que fixa a legitimao do Ministrio Pblico para promover a ao civil pblica, j deixa patente que esse tipo de ao meio apropriado para a proteo do patrimnio pblico e social, inclusive porque a doutrina consagra a tese de que a preservao do errio e a probidade administrativa so valores que se inserem no mbito dos direitos e interesses difusos, pois constituem bem de todos, e, portanto, indivisvel, cuja violao afeta a sociedade como um todo.

O ilustre autor Paulo de Tarso Brando afirma que:

inegvel o carter preponderantemente difuso do interesse que envolve a higidez do errio pblico. Talvez seja o exemplo mais puro de interesse difuso, na medida em que diz respeito a um nmero indeterminado de pessoas, ou seja, a todos aqueles que habitam o Municpio, o Estado ou o prprio Pas a cujos Governos cabem gerir o patrimnio lesado, e mais todas as pessoas que venham ou possam vir, ainda que transitoriamente, desfrutar do conforto de uma perfeita aplicao ou os dissabores da m gesto do dinheiro pblico.Ao comentar as disposies do art. 25, inciso IV, letra "b", da Lei Orgnica Nacional do Ministrio Pblico, Pedro Roberto Decomain professa idntico entendimento. Assim que, reportando-se expresso "patrimnio pblico e social", inserida no art. 129, inciso III, da Constituio Federal, assevera:

Interessante salientar que, segundo a dico do aventado dispositivo constitucional, o patrimnio pblico e social seria interesse difuso. Com certeza o patrimnio pblico e social acha-se personalizado em determinada pessoa jurdica de direito pblico. Mesmo assim, contudo, abstraindo-se da personalidade jurdica da Unio, dos Estados, Distrito Federal, Municpios e entidades de suas administraes indiretas e fundacionais, chega-se concluso de que a preservao de seus patrimnios realmente constitui interesse difuso, na medida em que no se trata de interesse deste ou daquele particular, mas sim de toda a coletividade. Mesmo que a alnea "b" do inciso IV deste artigo na dissesse a respeito da preservao do patrimnio e da moralidade pblica por intermdio da ao civil pblica, tal proteo teria por fulcro a prpria Constituio Federal e ainda o artigo 1, inciso IV, da Lei n 7.347/85, com a redao que lhe foi dada pelo Cdigo de Proteo ao Consumidor.

No h dvidas, portanto, de que o direito a uma administrao proba e conservao do errio, exercitvel tendo em vista a utilizao dos escassos recursos da sociedade para o bem comum e no para a obteno de vantagens e privilgios de uma minoria, se insere no contexto dos chamados direitos metaindividuais, passveis de proteo atravs da ao civil pblica.

Mas a ao civil pblica no o nico instrumento de tutela coletiva, pois, se os interesses em questo so difusos, no se pode falar em instncia ou rgo que os devesse representar em termos de exclusividade. Na linha dos ensinamentos de Rodolfo de Camargo Mancuso,

(...) estamos hoje a caminho de superar a concepo de democracia representativa, para ascendermos chamada democracia participativa, onde a existncia de representantes eleitos no exclui a participao dos cidados em geral, isoladamente ou em grupos. A gesto da coisa pblica , significativamente, uma res publica, de modo que todos os integrantes da comunidade tm ttulo para dela participarem. Acresce a essa tendncia a constatao dos reiterados desmandos e arbitrariedades na gesto da coisa pblica, que vm levando os indivduos a descrerem da eficcia do modelo-poltico institucional estabelecido. Da a propenso popular, cada vez mais justificada, participao direta na gesto da coisa pblica.

Por isso, de acordo com o inciso LXXIII do artigo 5 da Constituio Federal, qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia.E, naquilo que se batizou como legitimao concorrente e disjuntiva, a legitimao do cidado para a ao popular no exclui a do Ministrio Pblico ou de outro legitimado da Lei n 7.347/85 para a ao civil pblica, e vice-versa, ou seja, qualquer dos legitimados pode agir de modo autnomo, independentemente da concordncia ou atividade do outro. Alis, no seria plausvel que um nico indivduo pudesse impugnar judicialmente ato administrativo lesivo ao errio e no o Ministrio Pblico, agindo como rgo de defesa de toda a coletividade.

Para espancar de vez quaisquer dvidas decorrentes da intercomunicao dos objetos das duas aes, registre-se que o artigo 25, IV, alnea b, da Lei Federal n 8.625/93, corrobora a legitimao do Parquet para as aes ressarcitrias de danos ao errio (CF, art. 129, III; Lei 7.347/85, art. 1, IV), e alarga o mbito dessa legitimao, permitindo-lhe tambm o ajuizamento de aes e medidas cujo objeto seja simplesmente "a anulao ou a declarao de nulidade de atos lesivos ao patrimnio pblico ou moralidade administrativa", exatamente como na ao popular.

E essa interpenetrao existente entre as Leis n 4.717/65 (ao popular) e n 7.347/85 (ao civil pblica) fica ainda mais evidente diante do fato de que o Ministrio Pblico, rgo interveniente necessrio na ao popular, pode assumir sua titularidade ativa em caso de abandono ou desistncia por parte do autor originrio (art. 9 da LAP), passando a conduzi-la como se fosse uma verdadeira ao civil pblica, mas com plena possibilidade de utilizar os ditames da Lei da Ao Popular.

Vale, a respeito, mencionar arestos do Superior Tribunal de Justia:

AO POPULAR E AO CIVIL PBLICA. LEGITIMIDADE DO MINISTRIO PBLICO. DANO AO ERRIO. Interpretao histrica justifica a posio do Ministrio Pblico como legitimado subsidirio do autor na ao popular quando desistente o cidado, porquanto se valoriza o parquet como guardio da lei, entrevendo-se conflitante a posio de parte e de custos legis. Se a lesividade ou a ilegalidade do ato administrativo atinge o interesse difuso, passvel a propositura da ao civil pblica fazendo as vezes de uma ao popular multilegitimria. As modernas leis de tutelas dos interesses difusos completam a definio dos interesses que protegem. Assim que a LAP define o patrimnio e a LAP dilargou-o, abarcando reas antes deixadas ao desabrigo, como o patrimnio histrico, esttico, moral, etc.

AO CIVIL PBLICA. MINISTRIO PBLICO. LEGITIMIDADE. DANO AO ERRIO. O entendimento predominante o de que a ao popular subsumiu-se no bojo da ao civil pblica, visto que se expandiu a legitimidade do Ministrio Pblico (CF/88) na defesa dos interesses patrimoniais ou materiais do Estado, entendendo-se como patrimnio no apenas os bens de valor econmico, mas tambm o patrimnio moral, artstico, paisagstico e outros. Obra pblica sem licitao, ou com licitao ilegal, pode sofre a censura judicial, via ao civil pblica ajuizada pelo Ministrio Pblico.

PROCESSUAL CIVIL. MINISTRIO PBLICO. AO CIVIL PBLICA. DANO AO ERRIO. LEGITIMIDADE. 1. Impossvel, com base nos preceitos informadores do nosso ordenamento jurdico, deixar de se reconhecer ao Ministrio Pblico legitimidade para propor ao civil pblica com o objetivo de proteger patrimnio pblico, especialmente, quando baseia o seu pedido em prejuzos financeiros causados a ele por m gesto (culposa ou dolosa) das verbas oramentrias. 2. Com efeito, no poderia a Ao Civil Pblica continuar limitada apenas aos interesses difusos ou coletivos elencados em lei ordinria, quando preceitua a Carta de 1988, que funo do MP promover Ao Civil Pblica, para a proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses coletivos ou difusos (art. 129, III), tout court (e no os interesses coletivos e difusos indicados em lei (Milton Flacks, in Rev. For. v. 32, Pp. 33 a 42). 3. Nem mesmo a ao popular exclui a ao civil pblica, visto que a prpria lei admite expressamente a concomitncia de ambas - art. 1 (Hely Lopes Meirelles, p. 120, Mandado de Segurana, Ao Civil Pblica, Mandado de Injuno, Habeas Data, RT - 12 edio). 4. Precedentes jurisprudenciais entre tantos outros: REsp 98.648MG, Rel. Min. Jos Arnaldo, DJU de 28.04.97; REsp 31.547-9SP, rel. Min. Amrico Luz, DJU de 8.11.93, pg. 23.5.46. (...).

Importante frisar que, diante do enunciado do princpio da obrigatoriedade, que rege a atuao do Ministrio Pblico, diante da constatao da ocorrncia de atos lesivos ao patrimnio pblico ou moralidade administrativa, resta claro que dever o rgo Ministerial utilizar o instrumento legal que, pelo menos em potencial, produzir melhores resultados em prol do interesse pblico primrio.

Da porque o ajuizamento de ao por ato de improbidade administrativa, objetivando a aplicao das sanes previstas na Lei n 8.429/92, prefere ao ajuizamento de simples ao civil pblica ressarcitria, pois a primeira, alm de buscar a reparao dos danos causados ao errio (objetivo nico da segunda), ainda possibilita a aplicao de uma srie de outras medidas, tais como a imposio de multa civil, a perda da funo pblica, a suspenso dos direitos polticos, etc.

E a prpria Lei de Improbidade Administrativa que leva concluso nesse sentido ao estabelecer, no 1 de seu artigo 17, vedao para transao, acordo ou conciliao em torno de seu objeto e se este no pode ser objeto de transao, por muito mais razo no pode o Ministrio Pblico, diante da ocorrncia de ato de improbidade administrativa, optar por ajuizar ao onde no seja formulado pedido de condenao nas sanes previstas no artigo 12 da Lei n 8.429/92.

Verificada a ocorrncia de danos causados ao errio, ficaria a ao civil pblica ressarcitria reservada apenas s hipteses de decurso do prazo prescricional referente s aes destinadas a levar a efeito as sanes previstas na Lei n 8.429/92, de acordo com as regras de seu artigo 23.

Constata-se, portanto, que, diante da ocorrncia de atos lesivos ao patrimnio pblico ou moralidade administrativa, trs aes diferentes podem ser ajuizadas: ao popular, ao civil pblica e ao por ato de improbidade administrativa, o que pode levar, inclusive, reunio de processos por identidade entre as causas de pedir (art. 103 do CPC). So nesse sentido as letras de Srgio Shimura:

Em outras palavras, a ao popular e a ao civil de responsabilidade por ato de improbidade no se repelem, nem se excluem. Ambas servem de veculo de exerccio da cidadania e, portanto, de controle jurisdicional sobre atos lesivos ao errio.Em verdade, com a entrada em vigor do Cdigo de Defesa do Consumidor, em 1990, foram introduzidas importantes modificaes no mbito do processo coletivo, aperfeioando-se as regras que j existiam desde 1985 na Lei da Ao Civil Pblica. Assim, pode-se dizer que a conformao constitucional da tutela coletiva somada s regras prprias da Lei da Ao Popular, da Lei da Ao Civil Pblica, do Cdigo de Defesa do Consumidor, da Lei de Improbidade Administrativa, dentre outras, constitui um regramento comum a todo processo coletivo.

Registre-se que o CDC incluiu na LACP o artigo 21, segundo o qual Aplicam-se defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabvel, os dispositivos do Ttulo III da lei que instituiu o Cdigo de Defesa do Consumidor. No mesmo sentido, o artigo 90 do CDC deixa expresso que se aplicam s aes coletivas nele previstas as disposies da LACP, estabelecendo uma perfeita integrao entre as duas legislaes. Com isso, foi criado um microssistema processual para as aes coletivas no que for compatvel, seja a ao popular, a ao civil pblica, a ao por ato de improbidade administrativa e mesmo o mandado de segurana coletivo, aplicando-se o Ttulo III do CDC.

Esse microssistema, ento, composto de normas de superdireito processual coletivo comum, de sorte que, salvo disposio em sentido contrrio, devem servir de parmetro para todas as espcies de tutelas jurisdicionais do direito processual coletivo comum, sendo aplicveis reciprocamente.

Nessa linha, de acordo com o 3 do artigo 14 da Lei da Ao Popular, Quando o ru condenado perceber dos cofres pblicos, a execuo far-se- por desconto em folha at o integral ressarcimento de dano causado, se assim mais convier ao interesse pblico.

Temos, assim, no procedimento previsto para a ao popular, mais uma forma de se alcanar a satisfao do direito de crdito, alm da clssica expropriao de bens: o desconto em folha de pagamento, que pode perfeitamente ser aplicado tambm nas aes civis pblicas e nas aes por ato de improbidade administrativa, pelos motivos j consignados.

Aqui deixa a lei claro que tal modalidade deve ser utilizada a bem do interesse pblico, pois o mais importante reparar os danos causados ao errio, no podendo prevalecer, in casu, o interesse do particular que se locupletou ilicitamente usando recursos pblicos.

sabido que, no mbito de ao por ato de improbidade administrativa, aplicando-se os regramentos do microssistema de Direito Processual Coletivo, lcito ao juiz conceder liminar, a ttulo de antecipao da tutela, quando for relevante o fundamento da demanda e houver justificado receio de ineficcia do provimento final (art. 12, caput, da Lei n 7.347/85 c/c art. 84, 3, da Lei n 8.078/90).

No caso em anlise, a relevncia do fundamento da demanda est mais do que patente, no apenas em razo da repercusso dos fatos, mas tambm tendo em vista o rombo causado aos cofres pblicos, que certamente prejudicou investimentos em projetos que viriam a atender as necessidades bsicas da populao.

O justificado receio de ineficcia do provimento final tambm se acha presente, no apenas porque dificilmente sero encontrados bens em quantidade e valor suficiente para reparar os danos causados ao errio, mas tambm porque, em caso de procedncia integral do pedido formulado na inicial, ir especialmente o demandado LUCIANO DOMINGOS FRIGINI sofrer a sano da perda da funo pblica (art. 12 da Lei n 8.429/92), inviabilizando a efetivao do julgado atravs do desconto em folha de pagamento aps o trnsito em julgado da sentena ( 3 do artigo 14 da Lei n 4.717/65).

De acordo com a lio de Luiz Guilherme Marinoni,

No caso de tutela antecipatria de soma em dinheiro fundada em cognio sumria aplicam-se as normas do processo de execuo como parmetro operativo, porm prescindindo-se da necessidade de citao. (...) preciso que se perceba que a antecipao, exatamente porque o ru deixar de ter a seu favor a demora do processo, inibir as defesas abusivas (usadas, comumente, para a obteno de vantagens econmicas) e favorecer a conciliao, efeito benfico que foi notado, por Roger Perrot, na Frana. No caso de abuso do direito de recorrer, a antecipao, mais do que acelerar, em cada caso concreto, a realizao do direito do autor, ter efeito pedaggico importante, pois desestimular os recursos meramente protelatrios, que no s so muito comuns como, tambm, muito custosos.

Diante do exposto, presentes os pressupostos que autorizam a antecipao de tutela, e considerando ainda a previso contida na Lei n 8.429/92 de indisponibilizar bens dos demandados, initio litis, objetivando salvaguardar o errio, requer o MINISTRIO PBLICO ESTADUAL seja determinado o desconto na folha de pagamento da Cmara Municipal de Aracruz dos valores equivalentes a 70% (setenta por cento) dos vencimentos do vereador LUCIANO DOMINGOS FRIGINI, bem como dos tambm requeridos CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL e MARIA MARLENE PELISSARI, com depsito do montante, ms a ms, em conta judicial remunerada disposio do Juzo, devendo o valor arrecadado, ao final, ser amortizado no quantum fixado na sentena a ttulo de reparao dos danos causados aos cofres pblicos.

DO AFASTAMENTO DO REQUERIDO LUCIANO DOMINGOS FRIGINI DO CARGO DE VEREADOR DO MUNICPIO DE ARACRUZ-ES.A permanncia do requerido LUCIANO DOMINGOS FRIGINI no cargo de vereador do Municpio de Aracruz representa perigo para a moralidade administrativa e um prenncio de que continuaro a ser violados os princpios constitucionais que regem a Administrao Pblica, vez que, no exerccio de seu mandato parece estar imbudo de uma nica inteno: dilapidar os cofres pblicos municipais.

Os fatos acima narrados bem demonstram ser imperioso o afastamento do requerido da Cmara Municipal de Aracruz, estando o mesmo a ocupar, neste momento, uma posio hierrquica que, inevitavelmente, causar tumulto ao bom andamento da presente ao civil atravs do temor reverencial exercido pelo seu cargo queles que lhe so subalternos.

certo que a simples existncia de indcios robustos dando conta de que o requerido se valeu do excesso de cargos em comisso a que faz jus seu gabinete, loteando cargos de forma a garantir seu locupletamento ilcito, j legitima seu afastamento como modo de resguardar o prestgio da instituio que representa em face do cargo que ocupa (Vereador do Municpio de Aracruz-ES) e de suas excelsas funes. Contudo, se isso no bastasse, remanesce a indagao: como se pensar na permanncia de um parlamentar que, dentre suas funes, possui a de fiscalizar e controlar, diretamente, os atos do Poder Executivo, includos os da administrao indireta, se o mesmo se mostra conivente com a existncia, em seu gabinete, de funcionrios fantasmas?Nessa linha, votando pelo afastamento do presidente do Tribunal de Contas do Estado de Rondnia, na APN n 266-RO (20030169397-8), em julgamento realizado no Superior Tribunal de Justia em data de 1 de junho de 2005, o Ministro Luiz Fux, ao acompanhar a relatora, Ministra Eliana Calmon, assim fundamentou o seu voto:(...) hoje assente que a aplicao do Direito principiolgica, no s se baseia na legislao infraconstitucional como tambm nos princpios maiores da Constituio Federal, que so normas qualificadas e esto em patamar superior prpria legislao infraconstitucional, e o princpio mais significativo no tocante administrao pblica o princpio da moralidade. Ento, estaria mais do que justificada a adoo do afastamento tendo em vista contradio que encerra o cargo que o agente ocupa e o recebimento de denncia por um delito to grave. Mas, sem prejuzo, h tambm um paradigma que pode ser interpretado e flexibilizado, que o art. 20 da Lei de Improbidade, porque, no fundo, h uma essncia de ato imoral, mprobo, nesse fato narrado pela Sra. Ministra Eliana Calmon. O art. 20 dispe que a autoridade judicial pode impor o afastamento do agente pblico quando entender que nociva sua presena instruo. Ora, se pode afastar porque nociva instruo, com muito mais razo pode afastar quando tambm contraditria a permanncia desse funcionrio em uma funo de fiscalizao de contas quando h uma denncia recebida exatamente pela malversao de verbas pblicas. Estou inteiramente de acordo com o voto da Sra. Ministra Eliana Calmon.

Pelo voto vencedor do Ministro, pois, fica patente que o Superior Tribunal de Justia admite o afastamento de agente poltico do cargo que ocupa ainda que no haja provas diretas e concretas de que est ele criando embaraos instruo processual, sendo tal afastamento possvel quando se estabelece uma contradio entre a permanncia do agente pblico no cargo que ocupa e a funo de fiscalizao das contas pblicas, que constitui exatamente uma das mais importantes misses dos parlamentares.

No mesmo sentido tambm j decidiu o Tribunal de Justia do Estado do Esprito Santo, ao tratar do afastamento liminar de vereador da Cmara Municipal de Vitria, Gilmrio da Costa Gomes, tambm envolvido com atos de improbidade administrativa:

CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - AO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - AFASTAMENTO CAUTELAR DE TITULAR DE MANDATO ELETIVO - LEGALIDADE. 1. A medida de afastamento cautelar da funo pblica pode ser aplicada, tambm, aos agentes polticos, nos termos do art. 20, parag. nico, da Lei Federal n. 8.42992. 2. O exerccio de cargo pblico, inclusive o decorrente de representao popular, pressupe procedimento compatvel com vrios princpios ticos e constitucionais, dentre os quais se avulta o (princpio) da moralidade (TJES, 1 Cmara Cvel, AI n 24089006902, Rel. Des. Annibal de Rezende Lima, j. 16.09.2008, DJ 15.12.2008).De outra parte, o pretendido afastamento liminar constitui medida perfeitamente admitida na prpria Lei de Improbidade Administrativa, seno vejamos:

Artigo 20, pargrafo nico - A autoridade judicial e administrativa competente poder determinar o afastamento do agente pblico do exerccio do cargo, emprego ou funo, sem prejuzo da remunerao, quando a medida se fizer necessria instruo processual.

No mesmo sentido a doutrina:

... No se mostra imprescindvel que o agente pblico tenha, concretamente, ameaado testemunhas ou alterado documentos, mas basta que, pela quantidade de fatos, pela complexidade da demanda, pela notria necessidade de dilao probante, se faa necessrio, em tese, o afastamento compulsrio e liminar do agente pblico do exerccio de seu cargo, sem prejuzo de seus vencimentos, enquanto persistir a importncia da coleta de elementos informativos ao processo.

Alm de tais aspectos, temos que a manuteno do demandado no exerccio ativo da vereana fatalmente redundar em prejuzo instruo processual, haja vista a potencial criao de obstculos a obteno de informaes constantes dos acervos da Cmara Municipal de Aracruz.Em outras palavras: a permanncia do requerido no cargo lhe proporcionar o cenrio ideal para a prtica de atos destinados ao desaparecimento de provas e ao trfico de influncia; prticas impeditivas do bom andamento processual.Por essas razes, requer o Ministrio Pblico, com fundamento no pargrafo nico do artigo 20 da Lei n 8429/92 e no princpio da moralidade administrativa, seja decretado o afastamento cautelar, inaudita altera parte, do requerido LUCIANO DOMINGOS FRIGINI do cargo de vereador do Municpio de Aracruz, devendo, para tanto, ser expedido ofcio presidncia do rgo informando a medida.Por fim, caso V.Exa. entenda que qualquer dos pedidos liminares acima formulados tenham natureza de tutela cautelar, requer o rgo Ministerial, desde logo, a aplicao do artigo 273, 7, do Cdigo de Processo Civil.

DOS PEDIDOS PRINCIPAIS

Estando comprovados os atos de improbidade administrativa e a violao dos princpios que regem a Administrao Pblica preconizados na Magna Carta, requer o MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO:

a) seja a presente autuada e processada na forma e no rito preconizado no art. 17 da Lei n 8.429/92;

b) seja dispensado o pagamento de custas, emolumentos e outros encargos, desde logo, vista do disposto no artigo 18 da Lei n 7.347/85, aplicado subsidiariamente;

c) sejam as intimaes do autor feitas pessoalmente, dado o disposto no artigo 236, 2, do CPC e no artigo 14 do Provimento n 14/99, de 08/03/99, da Corregedoria Geral da Justia do Estado do Esprito Santo, com a redao que lhe foi dada pelo Provimento n 15/99, de 14/04/99;

d) sejam, preliminarmente, deferidos os pedidos liminares acima formulados;

e) seja o Municpio de Aracruz-ES notificado por meio da Mesa da Cmara de Vereadores, para, querendo, integrar a lide na qualidade de litisconsorte ativo, devendo suprir as omisses e falhas da inicial e apresentar ou indicar os meios de prova de que disponha (artigo 17, 3, da Lei n 8.429/92);

f) seja determinada a notificao dos requeridos para, querendo, oferecer manifestao por escrito, que poder ser instruda com documentos e justificaes, dentro do prazo de quinze dias, na forma prevista no 7 do artigo 17 da LIA;

g) seja, aps, recebida a petio inicial, determinada a citao dos requeridos, j qualificados na exordial, para, querendo, contestar o presente pedido, sob pena de revelia, permitindo-se ao Oficial de Justia a utilizao da exceo prevista no art. 172, 2, do Cdigo de Processo Civil;

h) seja, aps regular instruo, julgada procedente a ao, condenando-se o requerido LUCIANO DOMINGOS FRIGINI nas sanes previstas no art. 12, incisos I, II e III, pela prtica dos atos de improbidade descritos nos artigos 9, caput e inciso XI, 10, caput e incisos I e XII e 11, caput e inciso I, todos da Lei n 8.429/92. Outrossim, os tambm requeridos FREDSON CARLOS MARTINS PIOL, CLEIDY LECCO BERTAZO CABRAL e MARIA MARLENE PELISSARI devem ser condenados nas sanes previstas no art. 12, incisos I, II e III, pela prtica dos atos de improbidade descritos nos artigos 9, caput e inciso XI, 10, caput e 11, caput e inciso I, todos da Lei n 8.429/92, ressaltando-se a necessidade de aplicao das penalidades em conformidade com os critrios estabelecidos no pargrafo nico, do artigo 12 da Lei n 8.429/92.i) sejam todos os requeridos condenados a restituir aos cofres pblicos municipais as quantias pagas indevidamente aos assessores que nenhum servio de interesse pblico prestaram, acrescidas de juros de mora, e corrigidas monetariamente, desde cada desembolso at a efetiva devoluo ao Errio, devendo ser os valores devidamente liquidados por ocasio da restituio;

j) aps o trnsito em julgado da sentena, sejam expedidos ofcios ao Tribunal Regional Eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral, para o fim previsto no artigo 20 da Lei n 8.429/92.

Requer, finalmente, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em nosso ordenamento jurdico, em especial a oral e a documental, pleiteando, desde j, a tomada dos depoimentos pessoais dos requeridos, a juntada dos documentos anexos que fazem parte do acervo probatrio coletado pela Promotoria Cvel de Aracruz-ES e a oitiva das testemunhas arroladas.

D causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milho).

NESTES TERMOS,

PEDE DEFERIMENTO.

Aracruz/ES, 21 de julho de 2010.

RICARDO ALVES KOKOT SABRINA COELHO FAJARDO Promotor de Justia Promotora de Justia

RONALDO GONALVES DE ASSIS FRANCISCO MARTINEZ BERDEALPromotor de Justia Promotor de Justia

MARIANA PEISINO AMARAL Promotora de JustiaROL DE TESTEMUNHAS:

1 VALDENIR DOS ANJOS DE JESUS, residente na Rua Cidade Florianpolis, n. 04, Bairro Itaputera, Aracruz/ES;2 GILCINIA;

3 esposa de Valdenir?????????? Os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao errio, na forma e gradao previstas em lei, sem prejuzo da ao penal cabvel.

LOPES, Maurcio Antnio Ribeiro. tica e Administrao Pblica. So Paulo : Editora RT, 1993, p. 65.

Ao Civil Pblica, Ed. Obra Jurdica, 2 ed., 1998.

Comentrios a Lei Orgnica Nacional do Ministrio Pblico, Ed. Obra Jurdica, 1 ed., 1996.

Interesses difusos conceito e legitimao para agir. So Paulo : Editora RT, 3 ed., 1994, p. 102.

Resp. n 401.964-RO, rel. Min. Luiz Fux, j. 22.10.2002.

Resp. n 151.811-MG, rel. Min. Eliana Calmon, j. 16.11.2000.

REsp. 167.783-MG, rel. Min. Jos Delgado, D.J. 17.08.1998.

Tutela Coletiva e sua Efetividade. So Paulo : Editora Mtodo, 2006, p. 68.

A antecipao da tutela, 5 ed. So Paulo : Malheiros, 1999, p. 190 e 215.

Osrio, Fbio Medina. Improbidade Administrativa. Porto Alegre : Editora Sntese, p. 242.

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