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NÚMERO 08 DATA 19 a 21/05/2012 ANO I

19 a 21 Maio 2012

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NÚMERO

08

DATA19 a

21/05/2012

ANO

I

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HOJE EM DIA - p. 21 - 19.05.2012

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Familiares de pacientes que estão internados na Santa Casa de Belo Horizonte têm sofrido para vi-sitar os parentes por falta de eleva-dores. Segundo eles, apenas um dos quatro equipamentos disponível está funcionando. Por conta disso, filas imensas são formadas dentro do prédio e chegam a ter seu fim na calçada da rua.

A direção do hospital confirma que dois dos quatro elevadores es-tão em manutenção. Entretanto, a reportagem de O TEMPO verificou que apenas um dos quatro equipa-mentos está ativo.

A aposentada Marta Maria da Silva, 52, enfrenta o desafio da fila há mais de um mês. Cardíaca, ela não pode subir as escadas até o 13º andar, onde a mãe está internada. “Não tenho outra alternativa a não ser esperar por espaço no elevador. É um sofrimento diário”, conta.

Apesar de jovem, a auxiliar Anakelly Cristina Juste, 23, também se sente incomodada com a falta de estrutura da instituição, onde a mãe está internada. “Tem dia que a fila está muito grande, chega à rua. A opção é ir de escada, mas é muito

cansativo. Se a gente reclama, eles ainda acham ruim”, afirma.

Em nota, a assessoria de im-prensa da Santa Casa afirmou que dois elevadores estão fechados de-vido a uma reforma, necessária para “preservar a segurança de todas as pessoas que neles trafegam”.

A entidade afirma que deve li-berar um dos equipamentos para os visitantes entre hoje e amanhã. O fim da reforma do outro está previs-to para o fim do mês.

O TEMpO – On lInE – 19.05.2012SAÚDE

Santa Casa da capital só tem um elevador ativo

O TEMpO – On lInE – 19.05.2012 SAÚDE

Justiça dá 72 horas para SP comprar marca-passo

São Paulo. A Justiça de São Paulo determinou que o governo do Estado comprove, em 72 horas, que já solici-tou a compra de um marca-passo diafragmático para ser implantado no menino Adley Gabriel Gomes Sales, de 1 ano e 2 meses, que mora no Hospital Beneficência Portu-guesa desde que nasceu. O prazo vence na quarta-feira.

O menino tem síndrome de Ondine, que o impede de respirar sozinho. A doença impede que o diafragma receba o estímulo para fazer os movimentos de inspirar e expirar e o marca-passo cumpre essa função. A decisão determina que o Estado compre um marca-passo especí-fico - importado - e estabelece multa de R$ 1.000 por dia em caso de descumprimento.

A juíza Paula Micheletto Cometti ainda determinou que a cirurgia deverá ser feita pela equipe do médico Rodrigo Sardenberg, que tem experiência nesse tipo de procedimento. A pedido do governo, entretanto, a juíza concordou que a cirurgia poderá ser feita em um hospital do SUS - em vez de ser feita no Hospital Albert Einstein, conforme queria a família.

Na decisão, a juíza esclarece que a alteração do hos-pital causa menos impacto aos cofres públicos, já que os gastos com o marca-passo, mais a cirurgia no Einstein e mais os honorários médicos estavam estimados em cerca de R$ 500 mil. Só o marca-passo custa cerca de R$ 300 mil.[/TEXTO_NORMAL]

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SUpER nOTÍCIA - p. 10 - 19.05.2012

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Desenvolvimento econômico é um meio indispensável à consecução da meta que deve ser a mais importante de qual-quer governo democrático, o desenvol-vimento social, humano. Mas este não se mede exclusivamente por números. É um engano - quando não pura mistificação - o ufanismo que se apressa em colocar o Brasil com um pé no seleto grupo das grandes potências desenvolvidas, quando nossa realidade social ainda aponta em direção oposta. Isso é o que demonstra a matéria de quarta-feira do corresponden-te do Estado em Genebra, Jamil Chade, apoiada em levantamento feito pela Orga-nização Mundial da Saúde (OMS): apesar de sermos a sexta economia do planeta, os gastos com saúde no País, mesmo tendo aumentado nos últimos anos, mantêm-se abaixo da média mundial, equiparando-se à realidade africana.

Na média internacional, os gastos com saúde são da ordem de 14,3% dos or-çamentos nacionais. No Brasil, a taxa é de 5,9%. E era de 4,1% em 2000. O cresci-mento nos últimos 12 anos, porém, ficou longe de equipará-los à média do planeta. Além disso, enquanto nos países desen-volvidos um terço dos custos da saúde é pago pelos cidadãos, no Brasil 56% do que se gasta nessa área sai do bolso dos contribuintes, situação que é semelhante à que ocorre em somente 30 dos 193 países-membros da ONU.

Nos países europeus, revela o estudo da OMS, os gastos médios dos governos com cada cidadão chegam a ser dez vezes superiores aos do Brasil. Em alguns ca-sos, como Luxemburgo, gasta-se mais de US$ 6,9 mil por cidadão, quase 25 vezes o valor no Brasil. Mesmo na Grécia, que hoje vive uma catástrofe econômica, são destinados seis vezes mais recursos a cada cidadão do que no Brasil.

Outro dado que revela como é alar-mante a situação da saúde pública no País: nossa média brasileira de 26 leitos hospitalares por 10 mil habitantes é igual à de Tonga e do Suriname. Outros 80 paí-ses ostentam um índice melhor que o nos-so. Na Europa, a oferta média de leitos é três vezes maior. A boa notícia no levan-tamento da OMS é que o Brasil conta com

17,6 médicos para cada 10 mil habitantes, enquanto a média mundial é de 14/10 mil. Lembramos, todavia, que o problema aqui não é de escassez de médicos, mas de concentração desses profissionais nos grandes centros urbanos por falta ou pre-cariedade das condições de trabalho em boa parte do País. De qualquer forma, na Europa, a média sobe para 30/10 mil, en-quanto na África fica em baixíssimos 2/10 mil.

Desde o ano 2000 o Brasil triplicou o investimento público por habitante no campo da saúde. Naquele ano, foram in-vestidos US$ 107 por ano para cada habi-tante. Ao final da década, em 2009, essa cifra havia sido elevada para US$ 320 por habitante/ano. Mas, segundo a OMS, a média mundial era então de US$ 549 por habitante/ano. Estudo do Instituto de Pes-quisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que o aumento do investimento público em saúde a partir de 2000 permitiu que, em 2010, ele representasse 3,77% do Pro-duto Interno Bruto (PIB). Mas seria ne-cessário duplicá-lo para que atingisse o mesmo nível médio do padrão internacio-nal de 7%.

Quando se sabe que saúde é um dos fatores levados em conta na apuração, pela Organização das Nações Unidas (ONU), do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), não é de estranhar que o Brasil ocupe uma modesta 84.ª posição na lista divulgada em novembro do ano passado por aquela organização com a classificação do IDH de seus quase 200 países-membros. Entre os países latino-americanos, com a Argentina em primeiro e o Uruguai em segundo lugares, o Brasil está em 14.º, atrás de “potências” como as ilhas caribenhas Antígua e Barbuda, Tri-nidad e Tobago, Dominica e Santa Lúcia.

Junto com a saúde, a educação é ou-tro indicador fundamental do nível de de-senvolvimento humano em um país. Pois, se na saúde não vamos bem, pior estamos indo na educação, como indicam pesqui-sas como a que foi recentemente divulga-da pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), da Fundação de Amparo à Pes-quisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Tema para outro editorial.

O ESTADO DE Sp - On lInE - 21.05.212

A saúde é precária

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Estêvão Ferreira Couto - Defensor público federal, mes-tre em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB)

Recentemente, artigo publicado no Direito & Justi-ça discorreu sobre decisões judiciais e o direito à saúde. A defensoria pública tem uma visão diferente sobre o mesmo assunto, que, a propósito, está na pauta do Supremo Tribu-nal Federal (STF): em abril e maio de 2009, foi realizada audiência pública sobre o tema, sendo que, recentemente, aportaram na Corte Suprema recursos extraordinários, ain-da aguardando análise de repercussão geral (REs 668.603, 668.721, 668.722, 668.723) ou prontos para julgamento (REs 566.471 e 607.582).

As entidades componentes da Federação brasileira ten-tam reverter ou “abrandar” a tendência estabelecida a partir do RE 271.286-AgR (DJ 24/11/2000), da relatoria do mi-nistro Celso de Mello, que consagrou a saúde como direito impostergável e indissociável do direito à vida. Com esse precedente paradigmático, rompeu-se a ideia de que as nor-mas constitucionais relativas à saúde não teriam aplicabili-dade imediata.

Deve ser constatado, porém, que uma tese jurídica ro-busta não pode ser construída a partir de exceções. O texto de 12 de março foi construído com base em exemplos (cadeira de rodas elétrica, bomba de insulina e cirurgia transexual) que deram origem a decisões supostamente “extravagantes” e que não são a regra das demandas geralmente submetidas ao Poder Judiciário.

Semanalmente, chegam a esta Defensoria, e à sua irmã estadual, situações limítrofes a serem apresentadas ao Ju-diciário em que a vida de pessoas hipossuficientes está em risco, danos irreparáveis são iminentes, e os medicamentos ou tratamentos pleiteados, embora indispensáveis, não têm similares no Sistema Único de Saúde (SUS) ou, quando dis-poníveis, não estão acessíveis em razão da burocracia da máquina pública ou da deficiência na prestação do serviço público.

Os entes federados sabem exatamente onde está a de-manda judicial por saúde, mas, mesmo assim, não imple-mentam uma política pública decente na área. Há poucos dias, em determinado processo judicial em que eu estava atuando, o ente público, em sua manifestação, apresentou estatísticas detalhadas sobre os gastos com vários medica-mentos pleiteados via ações judiciais. Sabia-se exatamente quantas pessoas tinham ingressado em juízo para cada medi-camento e qual era o impacto daquilo nas contas públicas.

Ora, se os entes públicos sabem a quantia necessária para fazer frente à demanda, por que não agem? Não pode-riam fazer muito mais se concentrassem esforços no aten-dimento da demanda? Se em vez de ficarem resistindo às suas obrigações constitucionais os poderes executivos mu-nicipais, estaduais e federal analisassem os dados relativos às demandas judiciais de medicamentos, já teriam há muito tempo condições de fazer frente à necessidade dos pacientes

com custos mais acessíveis, de forma organizada, sistemati-zada e universalizada, como uma política pública de saúde deve ser. Ou seja, se tivesse sido implementada uma política pública efetiva nesse assunto, o problema de fornecimento de medicamentos ou tratamentos, em muitos casos, já teria sido resolvido, alcançando-se provavelmente preços meno-res em função do poder de compra dos entes estatais.

Decisões judiciais sobre os mesmos medicamentos e tratamentos se repetem, mas os entes estatais permanecem inertes, corroborando a suspeita de que a inação se dá por conveniência.

Parece prevalecer uma “lógica” de que, se apenas dois ou três pacientes reclamam, em um universo de 10, a omis-são geraria “lucro”. E como os defensores públicos ainda são muito poucos frente aos advogados estatais, a grande maioria da população não consegue aumentar a pressão pela via judicial. Os defensores públicos federais, por exemplo, são hoje pouco mais de 400, tentando fazer valer o direito da população hipossuficiente contra a resistência de cerca de 9 mil advogados públicos federais.

Em maio do ano passado, atendi pessoalmente a uma senhora de 60 anos com câncer de mama. Muito simpática e tranquila, aparentava ser mais jovem e não tinha sinais visí-veis de doença. A Defensoria conseguiu que o medicamento do qual ela precisava fosse fornecido judicialmente em julho de 2011, mas, quando fui dar seguimento ao processo, em fevereiro deste ano, fui surpreendido pela notícia de que ela tinha acabado de falecer.

Se houvesse uma política pública implementada na área, talvez a doença dela não teria chegado a um ponto fora de controle. E para piorar, no mesmo caso, os caríssimos medicamentos foram fornecidos pelos entes públicos em quantidade superior ao necessário, sendo que os familiares, agora, estão tendo dificuldades para devolvê-los.

Para a imensa maioria da população brasileira, que tem acesso limitado a recursos econômicos, o direito à saúde só pode ser acessado pela via judicial. A eventual prevalência do interesse pequeno dos entes federados de restringir esse acesso representará retrocesso social. Os mecanismos para controle de excessos já existem. Não é preciso criar nada novo.

Com o devido consentimento, uma “nova interpretação” para relativizar o princípio da dignidade da pessoa humana é dispensável.

Da política pública de saúde não se pode esperar nada além do máximo: que seja planejada; que esteja em sintonia com os avanços da medicina e com as necessidades da po-pulação; que os recursos a ela destinados não sejam subme-tidos a um contingenciamento rasteiro e sejam efetivamente aplicados em benefício dos cidadãos, não no aparelhamento da máquina pública e no favorecimento dos “donos” do po-der. Os entes federados, portanto, devem se preparar conti-nuamente para essas exigências e não ficar procurando ela-boradas construções doutrinárias para delas escapar.

Judicialização da saúde: a visão da Defensoria PúblicaESTADO DE MInAS - On lInE - DIREITO E JUSTIÇA - 21.05.2012