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Gestão da Produção – Fundamentos das Operações Produtivas
Professor Luciano Vargas Página 1
O que é a Gestão da Produção?
A gestão da produção ocupa-se da atividade de gerenciamento estratégico dos
recursos escassos (humanos, tecnológicos, informacionais e outros), de sua interação e dos
processos que produzem e entregam bens e serviços, visando atender a necessidade e/ou
desejos de qualidade, tempo e custo de seus clientes.
De maneira fundamental é importante iniciar com uma visão geral e compreensiva da
administração da produção e sua abrangência. Na verdade, esse tema envolve três
importantes conceitos: o conceito de organizações, de administração e de atividades de
produção. Estes três conceitos são discutidos a seguir.
O que são as Organizações?
Reinaldo O. da Silva (em Teoria da Administração, 2001) considera que uma
organização é definida como duas ou mais pessoas trabalhando juntas, cooperativamente
dentro de limites identificáveis, para alcançar um objetivo ou meta comum.
Não é possível imaginar uma sociedade sem as organizações. O dia-a-dia das
pessoas envolve uma infinidade de interações com organizações.
Tipos de Organizações:
Embora exista uma infinidade de exemplos de organizações, é possível classificá-las de
acordo com sua atividade econômica. Uma das formas de fazer isto é adotando a Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), elaborada sob a coordenação do IBGE, no Brasil,
que segue as diretrizes fornecidas pelo Departamento de Estatísticas da ONU. Esta
classificação distingue três setores fundamentais. São eles:
• setor primário: organizações da área extrativista, agropecuária e pesca.
• setor secundário: organizações da área manufatureira.
• setor terciário: organizações da área de serviços.
O que é Administração?
Administração é palavra de ordem no mundo das organizações. Na verdade não
existem empresas ou organizações intrinsecamente boas ou más, vencedoras ou perdedoras.
O sucesso ou fracasso de qualquer entidade está ligado à forma como é administrada.
De maneira simplificada pode-se dizer que administrar é cuidar das atividades de uma
organização, qualquer que seja o seu tipo. Isto é, o processo de planejar, organizar, liderar e
controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos estabelecidos. Um ciclo ilustrado pela
figura 1.
Gestão da Produção – Fundamentos das Operações Produtivas
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Figura 1 – Ciclo de relacionamento das funções da administração Fonte: PEINADO, J. e REIS, A. Administração da Produção, 2007.
As Atividades das Organizações
As organizações são sistemas dinâmicos que estão em funcionamento constante para
produzir os bens ou serviços a que se destinam. Trata-se de sistemas integrados de atividades.
Todas as organizações, sem exceção, possuem pelo menos cinco atividades básicas: atividades
mercadológicas, contábeis, de gestão de pessoas, logísticas, e atividades de produção.
Mercadológicas: são as atividades ligadas a demanda e incluem ações de marketing e
vendas.
Contábeis: a função básica é produzir informações úteis aos usuários para tomada de
decisões. Pode ser contábil financeira, que é exigida por lei para a parte fiscal, contábil de
custos, para cálculo dos custos de bens e/ou serviços, e contábil gerencial, é o controller, deve
suprir a empresa de informações financeiras para tomada de decisões.
Gestão de Pessoas: deve conciliar necessidades e desejos pessoais dos colaboradores
com as necessidades das organizações.
Logísticas: são atividades normalmente ligadas aos materiais físicos necessários ao
funcionamento de uma organização. Dentre elas destacam-se a previsão e compra de
materiais, o recebimento, a conferência, o armazenamento em almoxarifados e depósitos, o
controle de estoques, a movimentação de materiais, materiais sendo processados e produtos
acabados dentro da empresa e a distribuição dos produtos acabados para os clientes.
Atividades de Produção:
São atividades diretamente ligadas ao processo produtivo, independentemente da
intensidade de material físico que compõe o produto. Tratam dos processos utilizados pelas
organizações para produzir bens e serviços. O termo atividades da operação passou a ser
utilizado, ao invés de atividades de produção, para ressaltar a ampliação no escopo da
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atividade, que deixa de fazer parte, exclusivamente, do contexto das indústrias e passa a
abranger todo e qualquer tipo de organização. A figura 2 apresenta um resumo das atividades
e objetivos de cada uma das funções organizacionais vistas, em vários exemplos distintos de
organizações.
Figura 2 – Atividades de alguns Tipos de Organizações Fonte: PEINADO, J. e REIS, A. Administração da Produção, 2007
Surgimento e Evolução da Gestão da Produção
Com o passar do tempo muitas pessoas se revelaram extremamente habilidosas na
produção de certos bens, e passaram a produzi-los conforme solicitação e especificações
apresentadas por terceiros. Surgiam, então, os primeiros artesãos e a primeira forma de
produção organizada, já que os artesãos estabeleciam prazos de entrega, consequentemente,
classificando prioridades, atendiam especificações prefixadas e determinavam preço, para suas
encomendas.
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A produção artesanal começou a entrar em decadência com o advento da Revolução
Industrial. Com a descoberta da máquina a vapor em 1764 por James Watt, tem início o
processo de substituição da força humana pela força da máquina. A revolução na maneira
como os produtos eram fabricados trouxe consigo algumas exigências, como a padronização
dos produtos e seus processos de fabricação; o treinamento e a habilitação da mão-de-obra
direta; a criação e o desenvolvimento dos quadros gerenciais e de supervisão; o
desenvolvimento de técnicas de planejamento e controles financeiros e da produção; e
desenvolvimento de técnicas de vendas.
Muitos dos conceitos que hoje nos parecem óbvios não eram na época, como o
conceito de padronização de componentes introduzido por Eli Whitney em 1790, quando
conduziu a produção de mosquetões com peças intercambiáveis, fornecendo uma grande
vantagem operacional aos exércitos. Teve início o registro, por desenhos e croquis, dos
produtos e processos fabris, surgindo a função de projeto de produto, de processos, de
instalações, de equipamentos, etc.
No fim do século XIX surgiram nos Estado Unidos os trabalhos de Frederick W. Taylor,
considerado o pai da administração científica. Com os trabalhos dele, surge a sistematização
do conceito de produtividade, isto é, a procura incessante por melhores métodos de trabalho
e processos de produção com o objetivo de se obter melhoria da produtividade com o menor
custo possível. Essa procura ainda hoje é o tema central em todas as empresas, mudando-se
apenas as técnicas utilizadas. A produtividade é a razão entre o valor do output (valor das
receitas) pelo input (valor da matéria-prima, mão-de-obra, energia, capital, instalações,
perdas, etc).
Em 1910, Henry Ford cria a linha de montagem seriada, revolucionando os métodos e
processos produtivos até então existentes. Surge o conceito de produção em massa,
caracterizada por grandes volumes de produtos extremamente padronizados, isto é,
baixíssima variação dos tipos de produtos finais. A busca pela melhoria da produtividade
definiu o que se denominou engenharia industrial.
O conceito de produção em massa e as técnicas produtivas dele decorrentes
predominaram nas fábricas até meados da década de 1960, quando surgiram novas técnicas
produtivas, caracterizando a denominada produção enxuta, que introduziu, entre outros os
seguintes conceitos:
• Just In Time (JIT): processo que gerencia a produção, objetivando o maior volume
possível da produção, usando o mínimo de matéria-prima, embalagens, estoque
intermediário, recursos humanos, no exato momento em que requerido tanto pela
linha de produção quanto pelo cliente. É necessário um controle rígido para que o
abastecimento aconteça exatamente quando solicitado, com qualidade, evitando-
se gerar estoque em excesso, escassez ou desperdício do produto.
• Engenharia Simultânea: conceito que se refere à participação de todas as áreas
funcionais da empresa no desenvolvimento do projeto do produto. Tanto os
clientes como os fornecedores são também envolvidos, com o objetivo de reduzir
prazos, custos e problemas na fabricação e comercialização.
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• Tecnologia de Grupo: uma filosofia de engenharia e manufatura que identifica as
similaridades físicas dos componentes, com roteiros de fabricação semelhantes,
agrupando-os em processos produtivos comuns.
• Benchmarking: comparações das operações de um setor ou de uma organização
em relação aos outros setores ou concorrentes diretos ou indiretos. Este
acompanhamento das empresas líderes em seus segmentos envolve os mais
diversos aspectos, como práticas (modelos, processo, técnicas) e desempenho,
podendo ocorrer interna ou externamente à organização, a fim de melhorar sua
criatividade para atingir seus objetivos.
Ao longo do processo de modernização da produção, cresce em importância a figura
do consumidor, em nome do qual tudo se tem feito. Pode-se dizer que a procura da satisfação
do consumidor é que tem levado as empresas a se atualizarem com novas técnicas de
produção, cada vez mais eficazes, eficientes e de alta produtividade. É tão grande a atenção
dispensada ao consumidor que este, em muitos casos, já especifica em detalhes o "seu"
produto, sem que isso atrapalhe o processo de produção do fornecedor, tal a sua flexibilidade.
Assim, estamos caminhando para a produção customizada, que, de certo aspecto, é um
retomo ao artesanato sem a figura do artesão que passa a ser substituído por moderníssimas
fábricas.
A denominada empresa de classe mundial é aquela voltada para o cliente, sem perder
a característica de empresa enxuta, com indicadores de produtividade que a colocam no topo
entre seus concorrentes, em termos mundiais. Além do desempenho essas empresas tem
como cultura a melhoria contínua por meio de técnicas sofisticadas, como modelagem
matemática para simulações de cenários futuros.
Fatores da Produção
Os economistas salientam que todo processo produtivo depende de três fatores de
produção: natureza, capital e trabalho. Integrados por um quarto fator denominado empresa.
A natureza fornece os insumos necessários: matéria-prima e energia. O capital fornece o
dinheiro necessário para comprar os insumos e pagar os empregados. O trabalho é realizado
pela mão-de-obra que transforma, através de operações manuais ou através de máquinas e
equipamentos, os insumos em produtos acabados ou serviços prestados.
Hoje, na era da informação e na busca constante pela melhoria da produtividade e
competitividade as empresas incorporam a esses três fatores tradicionais outros três
importantes elementos: conhecimento, habilidade e competência.
Diferença entre Bens e Serviços
Qualquer empresa trabalha para produzir um determinado produto ou prestar
determinado serviço. O produto produzido ou o serviço prestado constitui o resultado de
todas as operações da empresa.
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Pode-se considerar que o fruto da produção de uma empresa é o produto, e que esse
produto pode ser distinguido como bens (mercadorias) e serviços.
Bens: são produtos físicos, tangíveis e visíveis.
Bens de consumo – quando os bens são destinados direta ou indiretamente ao
consumidor ou usuário final (roupas, eletrodomésticos, etc.).
Bens de produção: quando os bens são destinados à produção de outros bens ou serviços.
Também são chamados de bens de capital e bens industriais (máquinas e equipamentos
de produção).
Serviços: são atividades especializadas que as empresas oferecem ao mercado.
Qual a diferença entre Organizações de manufatura e de serviços?
As organizações de manufatura atuam em atividades industriais, cujo objetivo principal
é a fabricação de um bem físico, tangível, tal como uma geladeira, um automóvel, um
sabonete, etc. Como exemplo pode-se citar as fábricas, montadoras, etc.
As organizações de serviços atuam predominantemente na prestação de serviços, que
consistem em uma ação que tenha alguma utilidade para os consumidores. Como exemplo
podemos citar os hospitais, teatros, salões de beleza, colégios, etc.
BENS SERVIÇOS
Tangíveis Pode ser estocado
Produção precede o consumo Baixo nível de contato com o consumidor
Pode ser transportado A qualidade é evidente
Intangível Não pode ser estocado
A produção e o consumo são simultâneos Alto nível de contato com o consumidor
Não pode ser transportado É difícil julgar a qualidade
Definição de Sistema de Produção
Sistema: a conceituação de sistema tem sido utilizada no desenvolvimento de várias
disciplinas, tanto nas ciências exatas como nas humanas. Para nossas aplicações: sistema é um
conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo comum. Todo sistema compõe-se
de três elementos básicos: as entradas (inputs, são os insumos, instalações, capital, mão-de-
obra, tecnologia, energia, informação, etc.), as funções de transformação (decisões, processos,
algoritmos matemáticos, modelos de simulação, julgamento humano, etc.) e as funções de
saídas (outputs, são os produtos manufaturados, serviços prestados, informações fornecidas).
Eficácia: é a medida de quão próximo se chegou dos objetivos previamente
estabelecidos.
Eficiência: é a relação entre o que se obteve (Output) e o que se consumiu em sua
produção (input), medidos na mesma unidade. Exemplo:
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1) Qual a eficiência de um transformador elétrico que no processo de redução de
tensão de 11000V para 110V recebe a energia de 850kWh e envia 830kWh?
%9898,0850
830 =→=→=→= ηηηηinput
output
Sistemas de produção: são aqueles que têm por objetivo a fabricação de bens
manufaturados, a prestação de serviços ou o fornecimento de informações. Interage de
maneira interna e externa à empresa.
Do inglês, os ambientes envolvidos nos sistemas de produção são denominados SWOT,
que significa forças (strenghts), fraquezas (weaknesses), oportunidades (opportunities) e
ameaças (treats). Consiste basicamente em avaliar os pontos fortes e fracos (interno) e as
oportunidades e ameaças (externo) de uma organização e do mercado. Em potugues: FOFA!
Tipos de sistema de produção: Sistema de produção contínuo (ou de linha) produz
quantidade sem flexibilidade, sistema de produção por lotes (ou por encomenda) maior
flexibilidade e quantidade limitada e os sistemas de produção de grandes projetos sem
repetição, alta flexibilidade e ineficiência.
Produtividade Parcial e Total
Em 1950, a Comunidade Econômica Europeia apresentou uma definição formal de
produtividade como sendo "o quociente obtido pela divisão do produzido por um dos fatores
de produção". Dessa forma, pode-se falar da produtividade do capital, das matérias-primas, da
mão-de-obra e outros.
Produtividade parcial (PP): é a relação entre o produzido, medido de alguma forma, e o
consumido de um dos insumos (recursos) utilizados. Assim, a produtividade da mão-de-obra é
uma medida de produtividade parcial. O mesmo é válido para a produtividade do capital.
Exemplo:
2) Determinar a produtividade parcial da mão de obra de uma empresa que faturou R$
70 milhões em certo ano fiscal, no qual os 350 colaboradores trabalharam em média
170 horas/mês.
Input: mão de obra = colaboradores X horas trabalhadas (ano) Output: R$ 70 milhões
horaen
R
Input
Outputeodutividad
×==
××==
hom
04,98$
714000
70000000
12170350
70000000Pr
Produtividade total: a relação entre o output total e a soma de todos os fatores de input.
Assim, reflete o impacto conjunto de todos os fatores de input na produção do output. Exemplos:
Gestão da Produção – Fundamentos das Operações Produtivas
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3) Determinar a produtividade total da empresa ABC fabricante de autopeças, no
período de um mês, quando produziu 35.000 unidades que foram vendidas a
R$12,00/unidade. E foram gastos R$357.000,00.
Input = R$357.000,00 Output: quantidade X preço 00,420000$1235000 R=×=
%11818,1357000
420000Pr ====
Input
Outputeodutividad
4) No mês de janeiro, a empresa ABC produziu 1.250 unidades do produto Alpha, com a
utilização de 800 homens.hora. Em fevereiro, devido ao menor número de dias úteis,
produziu 1.100 unidade, com a utilização de 700 homem.hora. Determinar a
produtividade total nos meses de janeiro e fevereiro e sua variação.
horaem
unidade
Input
OutputPT jan ×
===hom
5625,1800
1250
horaem
unidade
Input
OutputPT fev ×
===hom
5714,1700
1100
0057,15625,1
5714,1 ===∆jan
fev
PT
PTPT Que representa um aumento de 0,57%.
5) Um produto passa, durante seu processo de fabricação, por dois departamentos:
usinagem e montagem. Em 2004, a empresa conseguiu praticar um preço médio de
venda de R$ 3,22/unidade. Em 2005, devido à concorrência, foi obrigada a praticar
um preço médio de venda de R$ 2,85/unidade. Os dados a seguir se referem ao
produto:
Ano Setor Produção (Unidades)
MP (p/ unidade)
MO (H.h/unidade)
Custo MO (p/ H.h)
2004 Usinagem 20000 0,45 0,15 4,16
Montagem 18500 0,05 0,08 5,12
2005 Usinagem 23600 0,42 0,12 4,50
Montagem 22200 0,05 0,06 5,60
Determinar a produtividade parcial da matéria-prima e da mão de obra e a
produtividade total para o produto em referência nos anos de 2004 e 2005 e suas variações.
1) 2004:
Receita é de: 00,59570$22,318500 R=×
Consumo de MP: ( ) ( ) 00,9925$05,01850045,020000 R=×+×
00,69925
59570 ==MPPP
Consumo da MO: ( ) ( ) 60,20057$12,508,01850016,415,020000 R=××+××
Gestão da Produção – Fundamentos das Operações Produtivas
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97,26,20057
59570 ==MOPP
99,16,29982
595702004 ==PP
2) 2005:
Receita é de: 00,63270$85,222200 R=×
Consumo de MP: ( ) ( ) 00,11022$05,02220042,023600 R=×+×
74,511022
63270 ==MPPP
Consumo da MO: ( ) ( ) 20,20203$60,506,02220050,412,023600 R=××+××
13,32,20203
63270 ==MOPP
03,220,31225
632702005 ==PP
3) Variações:
%3,49567,06
74,5 −===∆ MPPP
%39,50539,197,2
13,3 +===∆ MOPP
%01,20201,199,1
03,2 +===∆PP
Gestão da Produção – Fundamentos das Operações Produtivas
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Capacidade
Texto extraído do manual Gestão da Micro e Pequena Empresa. Uma publicação do
Sebrae/SP em parceria com a Casa do Contabilista de Ribeirão Preto.
Como estabelecer a capacidade produtiva da minha empresa?
A Capacidade Produtiva é o valor máximo que define as saídas do processo
produtivo por unidade de tempo. Para as pequenas empresas, esse tempo geralmente é o dia.
Logo, a capacidade de produção de uma empresa seria as peças que ela consegue produzir por
dia, utilizando os recursos disponíveis (máquinas, homens, terceiros, etc.).
A Capacidade Produtiva de uma empresa pode variar significativamente, dependendo
da forma como ela trabalha.
Se trabalhar, contra o estoque, consegue um maior aproveitamento dessa capacidade,
pois ajusta seus postos de trabalho a uma determinada programação de produção e nesse
período, normalmente não a altera e desta forma, consegue uma produtividade maior.
Neste caso, tem condições de estimar uma previsão de vendas por tipo de produtos,
modelos, etc. e alocar seus recursos produtivos baseados nessa previsão, conseguindo
estabelecer, de forma mais exata, as necessidades de matéria prima, mão de obra e
equipamentos para um determinado período.
Se trabalhar contra os pedidos, há um aproveitamento menor de sua capacidade, pois
frequentemente está ajustando a mesma aos pedidos recebidos.
O mais comum nas pequenas empresas é que elas trabalhem contra os pedidos, pois a
maior parte delas, não possui recursos para manter um estoque regulador de produtos
acabados e também de matéria-prima e insumos.
Em ambos os casos, a Capacidade Produtiva pode ainda estar limitada pelos gargalos
que são postos de serviços que já trabalham em sua capacidade máxima, sendo ela menor
que a dos demais postos de trabalho.
Quando a empresa possui recursos para aumentar muito bem a capacidade deste
posto de trabalho, ele deixa de ser o gargalo, mas geralmente, a pequena empresa não possui
recursos para tal. Neste caso, temos sugerido um recurso que não onera a empresa e ainda
pode conseguir um aumento de até 15% da capacidade produtiva. É o que chamamos de
revezamento de pessoas.
A máquina ou o equipamento que é o gargalo para a empresa pode trabalhar as 8,75h
diárias, sem interrupção. Basta para tanto, treinar mais um operador para trabalhar nesse
gargalo. Esse outro operador pode e deve trabalhar, preferencialmente, em outro posto de
trabalho, que tenha certa folga em sua capacidade produtiva, e no horário do almoço, faz-se o
revezamento, pois cada operador almoça em horários diferentes. Desta forma, consegue-se,
sem custo adicional, um acréscimo na capacidade produtiva.
Gestão da Produção – Fundamentos das Operações Produtivas
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Quando a empresa já trabalha 24h ininterruptas, podem-se efetuar os revezamentos
nos finais de semanas.
O planejamento da capacidade produtiva deve ser feito, observando-se as previsões
de demanda. Isto se faz necessário, pois o nível de utilização da capacidade efetiva de
produção irá refletir nos custos unitários e, portanto, nos níveis de produtividade do sistema.
O número de unidades produzidas pelo número de recursos utilizados representa
também uma forma importante de se medir a produtividade do sistema produtivo.
Perguntas:
1) Qual a definição de Capacidade de Produção?
2) Qual a unidade para medir capacidade de produção?
3) Qual a fórmula para cálculo da capacidade de produção? Para facilitar a definição, pense
que a empresa trabalha 8 horas por dia, tem 10 funcionários na produção e consegue produzir 2 unidades
por homemxhora.
4) Calcule a capacidade diária num setor de montagem, no qual trabalham 5 homens, 8
horas por dia. Cada homem é capaz de montar 20 peças por hora. Se o mês tiver 22
dias úteis qual será a capacidade mensal?
5) O que significa trabalhar contra o estoque? E o que significa trabalhar contra os
pedidos?
6) O que é o gargalo de produção? Qual a maneira sugerida pelo texto para solucionar
esse problema?
Gestão da Produção – Fundamentos das Operações Produtivas
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CAPACIDADE: é a quantidade máxima de produtos ou serviços que podem ser
produzidos numa unidade produtiva, num determinado período de tempo.
UNIDADE PRODUTIVA: fábrica, departamento, setor, armazém, loja, posto de
atendimento, máquina.
FÓRMULA DE CAPACIDADE: Ct = horas * colaboradores * tempo padrão. Isso resulta
em um valor indicando número de unidades por período de tempo, nesse caso, unidades por
dia. Poderia ser unidades por mês, trimestre, semestre, ano,....
O tempo padrão é dado sempre de duas maneiras: unidades/homemXhora ou
homemXhora/unidade. Portanto de acordo com o dado do problema essa unidade deve ser
adequada. Ou seja, se o tempo padrão for de 2 unidades/homemXhora se usa a fórmula
acima, porém se o dado for invertido e passar para 0,5 homemXhora/unidade a fórmula muda
para a seguinte: Ct = (horas * colaboradores) / tempo padrão.
A diferença em trabalhar contra o estoque e contra os pedidos é que o primeiro caso
pode manter a capacidade constante e programada de acordo com a matéria prima estocada,
enquanto que no segundo caso, a produção e a capacidade são constantemente alteradas pois
elas se adaptam as chegadas dos pedidos.
Os "gargalos" são todos os pontos dentro de um sistema industrial que limitam a
capacidade final de produção. E por capacidade final de produção devemos entender a
quantidade de produtos disponibilizados ao consumidor final em um determinado intervalo de
tempo.
Para exemplificar, imaginemos uma indústria cujo setor de manufatura tenha
capacidade para produzir mil unidades por hora de um determinado produto. Se o setor de
embalagem dessa mesma indústria for capaz de embalar apenas oitocentas unidades por hora,
teremos aí um gargalo, uma vez que a linha de produção não poderá trabalhar com sua
capacidade total, pois o setor seguinte não é capaz de embalar todas as peças. Ou então, caso
a produção das mil unidades seja mantida, será necessário estocar produtos não embalados, o
que significará custos para a empresa.
Exercício para Entregar no início da próxima aula:
Uma montadora tem capacidade de atender 1000 peças de determinado produto por
dia. Sabendo que essa empresa trabalha somente 5 dias por semana, 8 horas por dia e tem 50
colaboradores produzindo. Quantas horas extra a empresa deve fazer para entregar 30000
peças por mês. (O mês tem 22 dias úteis).