1º Congresso de Umbanda

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    FEDERAO ESPRITA DE UMBANDA

    PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRODO

    ESPIRITISMO

    DEUMBANDA

    Trabalhos apresentados ao 1 CongressoBrasileiro do Espiritismo de Umbanda,reunido no Rio de Janeiro, de 19 a 26de Outubro de 1941

    "JORNAL DO COMMERCIO" RODRIGUES & C.AV. RIO BRANCO. 117 RIO DE JANEIRO - 1942

    Editado pelaFEDERAO ESPRITA DE UMBANDARua So Bento, 28 -- 1 andarRio de Janeiro1942

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    ESPIRITISMO DE UMBANDA

    INTRODUO

    As praticas espirticas no Brasil vem se se desenvolvendo ha mais de meiosculo, contando hoje com um ativo assas numeroso de bons servios prestadoss classes menos favorecidas, quer na parte doutrinaria propriamente dita, querna parte moral, educativa, e na experimentao fenomnica.Introduzido neste pas poucos anos aps o aparecimento das obras de Kardec, noltimo quartel do sculo passado, o maior desenvolvimento do Espiritismo operou-se principalmente na parte religiosa, que o trabalho dos dirigentes dos centrosespritas com a finalidade de implantar a f no corao das massas, despertandonelas o sentimento de fraternidade e amor ao prximo.Neste sentido a codificao realizada por Allan Kardec ainda constitue a obrafundamental sobre a qual se baseiam os espritas do Brasil, desconhecendo amaioria dos adeptos desta corrente de pensamento filosfico a grande bibliografiaoriental, de cuja fonte multimilenar emanaram todas as seitas, crenas e filosofias,o Espiritismo inclusive.A reunio do 1 Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, em outubroltimo, veia trazer uma nova luz ao estudo do Espiritismo entre ns, com ainvestigao criteriosa a que se entregaram os seus organizadores, em tornodesta modalidade de prticas espritas, cujo nmero de adeptos cresce de modonotvel por toda parte. Pode, mesmo, dizer-se, que o Espiritismo no Brasil acabade transpor os umbrais de uma nova era com a realizao deste primeiroCongresso, cujo xito excedeu a todas as espectativas, tanto no nmero equalidade dos estudos apresentados, quanto no volume da assistncia que alicompareceu durante as oito noites consecutivas de suas reunies.

    A IDEIA DO CONGRESSO

    O conceito alcanado entre ns pelo Espiritismo de Umbanda nestes ltimos vinteanos de sua prtica, deu motivo fundao nesta capital de elevado nmero deassociaes destinadas especialmente a esta modalidade de trabalhos, cada qualprocurando desempenhar-se a seu modo, para atender a um nmero semprecrescente de adeptos. Sua prtica variava, entretanto, segundo os conhecimentosde cada ncleo, no havendo,assim, a necessria homogeneidade de prticas, oque dava motivo a confuso por parte de algumas pessoas menos esclarecidas,com outras prticas inferiores de espiritismo.Fundada a Federao Esprita de Umbanda h cerca de dois anos, o seu primeirotrabalho consistiu na preparao deste Congresso, precisamente para nele seestudar, debater e codificar esta empolgante modalidade de trabalho espiritual,afim de varrer de uma vez o que por a se praticava com o nome de Espiritismo de

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    Umbanda, e que no nvel de civilizao a que atingimos no tem mais razo deser.

    A COMISSO ORGANIZADORA

    Em sua reunio do ms de Junho do ano passado, a Diretoria da FederaoEsprita de Umbanda nomeou a Comisso abaixo para organizar o Congresso,tarefa que por mais de uma vez a mesma julgou superior s suas foras, tais asdificuldades encontradas para a realizao de semelhante desiderato. Assistida,entretanto, em todos os momentos, plos Mensageiros invisveis do Bem, Mestrese Instrutores dos trabalhadores de Umbanda, a Comisso apresentava em fins deJulho seguinte o esquema do programa elaborado para o referido certame, emtorno de cujos pontos deveriam, girar os trabalhos a serem apresentados emplenrio.

    REUNIES PREPARATRIAS

    No sentido de colher elementos de estudo e coordenar os trabalhos emandamento, a Comisso Organizadora, sempre assistida pelo presidente daFederao Esprita de Umbanda, sr. Eurico Lagden Moerbeck, efetuou vriasreunies preparatrias do Congresso, durante as quais desejou ouvir a palavraautorizada dos Guias espirituais das tendas acerca da orientao a seguir.A primeira reunio teve lugar, assim, na "Tenda de So Jeronymo", em fins doms de Agosto, ao fim da qual a Comisso Organizadora melhor pde estimar ovulto dos obstculos a vencer, diante da desorientao que ali se patenteouacerca dos fins colimados.No desanimaram, porm, os seus componentes. Na reunio seguinte, efetuadaem princpios de Setembro na "Tenda Humildade e Caridade", uma luz mais fortese projetou sobre a Comisso, firmando-se desde ento o roteiro pelo qual amesma deveria seguir dali por diante. Nova reunio teve lugar na "Tenda de SoJorge", ainda no ms de Setembro, com um novo xito para o andamento dostrabalhos, pois que novos esclarecimentos foram trazidos ComissoOrganizadora plos Guias espirituais, os quais se manifestaram satisfeitos com oque vinha sendo realizado, e que mais no era do que a execuo de planospreviamente traados no Alto.

    A quarta reunio preparatria verificou-se na "Tenda de Nossa Senhora daConceio", a 5 de Outubro, na qual se estudaram novos aspectos dos trabalhosem preparo, recebendo-se por intermdio dos Guias espirituais cujos mdiuns alicompareceram, uma nova exortao ao trabalho preparatrio do Congresso, cujaslinhas principais estavam sendo traadas com o agrado dos nossos Instrutoresinvisveis.Uma quinta e ltima reunio foi realizada j s vsperas do Congresso, com apresena de quasi toda a Diretoria da Federao Esprita de Umbanda, vriosmdiuns-chefes-de-terreiro de tendas ainda no ouvidas e representantesespeciais de outras, durante a qual foram ultimados os preparativos e traado o

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    programa definitivo dos trabalhos, programa este que foi cumprido nas reuniesde 19 a 26 de Outubro de 1941.

    O PROGRAMA

    Foi este o programa elaborado pela Comisso Organizadora do 1. CongressoBrasileiro do Espiritismo de Umbanda:a) HISTRIA Investigao histrica em torno das prticas espirituais deUmbanda atravs da antiga civilizao, da da idade mdia at aos nossos dias, demodo a demonstrar evidncia a sua profunda raiz histrica.b) FILOSOFIA Coordenao dos princpios filosficos em que se apoia oEspiritismo de Umbanda, pelo estudo de sua prtica nas mais antigas religies efilosofias conhecidas, e sua comparao com o que vem sendo realizado noBrasil.c) DOUTRINA Uniformizao dos princpios doutrinrios a serem adotados noEspiritismo de Umbanda, pela seleo dos conceitos e recomendaes que seapresentarem como merecedoras de estudo, para o maior esclarecimento dosseus adeptos.d) RITUAL Coordenao das vrias modalidades de trabalho conhecidas,afim de se proceder respectiva seleo, e recomendar-se a adoo da que forconsiderada a melhor delas em todas as tendas de Umbanda.e) MEDIUNIDAOE Coordenao das vrias modalidades de desenvolv-la esua classificao segundo as faculdades e aptides dos mdiuns.f) CHEFIA ESPIRITUAL Coordenao de todas as vibraes em torno deJesus, cuja similitude no Espiritismo de Umbanda "Oxal", o seu ChefeSupremo.

    Encerrando a presente exposio julgada necessria pela Comisso abaixo, comointroduo leitura dos trabalhos enfeixados no presente volume, os quaisconstituem o maior esforo at hoje realizado no Brasil acerca do Espiritismo deUmbanda, um apelo aqui se consigna a todos os estudiosos da matria, nosentido de uma contribuio mais ampla a ser enviada ao II Congresso, projetadopara o ano de 1943.

    Rio de Janeiro, Maio de 1942.

    A Comisso Organizadora do Congresso

    JAYME S. MADRUGAALFREDO ANTNIO REGODIAMANTINO COELHO FERNANDES

    DISCURSO INAUGURAL

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    Pronunciado pelo 1 Secretrio da Federao Esprita de Umbanda, Sr. AlfredoAntnio Rego, na reunio de 19 de Outubro de 1941

    Srs. Diretores e Representantes das Associaes filiadas FederaoEspirita de Umbanda:Srs. Delegados a este Congresso:Exmas. Irms:

    Prezados Confrades e Irmos em Jesus:

    A obra a que neste momento vamos dar incio, com o pensamento inteiramentevoltado para Jesus, Nosso Mestre e Senhor, daquelas que, pelo vulto de suagrandiosidade, no podem ser concludas numa nica incarnao .A ideia a que, neste Congresso pretendemos dar corpo, com a ajuda valiosa detodos os confrades que se dignaram comparecer ou nos enviaram seus trabalhos,demanda tempo e espao para a sua ampla compreenso por todos os povosdeste lado do mundo. Ela deve sair daqui, porm, vestida com as roupagenssimples que a pobreza dos nossos espritos lhe puder talhar, mas impregnadadeste grandioso sentimento que anima, neste momento histrico da humanidadeterrena, os trabalhadores incarnados do Espiritismo de Umbanda.Umbanda deixar de ser de agora em diante, aquela prtica ainda malcompreendida por numerosos dos nossos distintos confrades da Seara do.Mestre, para se tornar, assim o cremos, a maior corrente mental da nossa era,nesta parte do continente sul-americano.Enquanto os nossos distintos confrades do chamado Espiritismo de Mesa sedesdobram, num esforo louvabilssimo para esclarecer c conduzir aos planos daVerdade, do Amor e da Luz, os espritos perturbados, conseguindo-o custa deesforos sem conta, nas prticas do Espiritismo de Umbanda isto se conseguemuito facilmente, pela circunstncia de ser a doutrinao feita no Espao pelasfalanges de trabalhadores invisveis, dispondo para tal fim de recursos adequados sua situao de espritos.E' precisamente neste particular a produo que se caracteriza a eficinciado Espiritismo de Umbanda. Enquanto, pela modalidade conhecida comoEspiritismo de Mesa, so necessrias algumas vezes vrias sesses para oesclarecimento de uma s entidade perturbada e perturbadora dos nossos irmosincarnados, no Espiritismo de Umbanda algumas centenas e at milhares deentidades em tal estado podem ser conduzidas em cada uma das nossas sessesde trabalhos.Ns, os adeptos desta modalidade, sabemos, plos ensinamentos recebidos dosnossos maiores do Espao, Entidades que nos assistem, orientam, dirigem esuperintendem as Tendas de Umbanda, que sua prtica foi deliberada nosplanos superiores da atmosfera terrena, como uma necessidade inadivel ao maisrpido adiantamento do nosso progresso espiritual.

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    De uma dessas Entidades ouvimos, por exemplo, que a populao invisvel deuma cidade como a do Rio de Janeiro, quasi trs vezes superior populao deseres incarnados. E isto por que? Pela simples razo de que, em sua grandemaioria, as pessoa desprovidas de conhecimentos espirituais passam pelofenmeno da Morte na absoluta inconcincia do seu estado, e, ao abrirem os

    olhos do esprito do outro lado da vida, supem-se ainda possuidoras de seucorpo fsico.E a ficam a vagar pelas ruas da cidade, sofrendo as consequncias de suaignorncia da vida espiritual, tornando-se assim, as mais das vezesinconcientemente, transmissoras de molstias aos parentes e amigos que cficaram, ou a outras pessoas com quem encontrem afinidades.Para a mais rpida conduo e encaminhamento de todos esses espritos para osplanos que lhes competem, segundo o seu grau evolutivo, foi deliberada noEspao a intensificao dos trabalhos espritas sob a modalidade de Umbanda,cujo estudo, paralelamente, est contribuindo para o esclarecimento e,consequentemente, mais rpido progresso dos seus trabalhadores incarnados.Senhores Congressistas: a Federao Esprita de Umbanda rejubila-se com avossa presena neste Congresso, sada-vos efusivamente pelo interessetrabalhos preparatrios lograram despertar em espritos, e roga a Jesus, oMdium Supremo,que derrame sobre todos vs, sobre vossas famlias, vossosparentes, vossos amigos e inimigos, largas messes de benos e fluidospurssimos, para que possais, vs e todos eles, dar fiel e integral cumprimento misso que vos trouxe terra na presente incarnao.

    O ESPIRITISMO DE UMBANDA NA EVOLUO DOS POVOS

    Fundamentos histricos e filosficos.

    Tese apresentada pela Tenda Esprita Mirim, por intermdio do seu Delegado aoCongresso, Sr. Diamantino Coelho Fernandes, na sesso inaugural a 19 deOutubro de 1941.

    Antes de dar incio exposio da tese em que pretendemos fundamentar osprincpios histricos e filosficos do Espiritismo de Umbanda ao qual pertencemoscomo os mais obscuros dos seus adeptos, peo permisso para erguer ummodesto hino de louvor, gratido e respeito, aos nossos iluminados mestresdaquela ndia misteriosa e sbia, pela luz que de seus maravilhosos ensinamentosse projetou no meu esprito atravs de minhas incarnaes anteriores e na atualdesejo estender, por meio das ondas vibratrias que do meu esprito se elevamneste momento, a minha gratido, reconhecimento e saudade, a todos os meuscontemporneos de muitas eras, nos diversos continentes do mundo em quetenho vivido, mas, especialmente, aos daquela frica sofredora e herica, onde aintuio me diz que aprendi a amar a Deus sobre todos os homens, e alcanceiesta centelha de luz espiritual que fez de mim um servo do Senhor.Mestres da ndia, em cujas fonte tenho bebido largamente os ensinamentos destagrandiosa filosofia que me fez descobrir em mim uma partcula da divindade, destalei que me revelou a grandeza da sabedoria infinita, em tudo quanto existe, vibra e

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    palpita, em baixo, em cima e ao redor de mim, desta luz que me ilumina os passosna senda do mais alto ideal, e me aquece a alma sequiosa de amor ecompreenso, recebei neste momento histrico da espiritualidade do Brasil,pas magnfico onde Jesus transplantou a semente luminosa do Evangelho, nodizer de Humberto de Campos, recebei a expresso maior dos meus

    sentimentos de gratido e respeito, pelo muito que construstes durante osmilnios decorridos, em benefcio da humanidade de hoje. Que Deus, O Absoluto,O Ser Supremo, O Construtor e Grande Animador do Universo, derramecatadupas de luz sobre os vossos espritos de trabalhadores, mestres, sbios,santos, guias e tutelares da humanidade.E vs, carssimos Irmos africanos, pretos velhos companheiros de muitossculos, que em vidas sucessivas, transcorridas em situaes que o pensamentoda nossa era j no pode descrever, provastes a posse de um esprito jdevotado ao sacrifcio e renncia, pela nsia de ascender novos degraus naescala infinita do progresso, vs todos que fostes escravos, pais, mes, filhos efilhas de escravos, deixai que minha saudade se volva para vs, neste momentode alegria e comunho sagrada dos filhos de Umbanda no Brasil, onde Jesus, oMestre, Oxal, o Senhor do Bomfim, reina e pontifica, como deve reinar epontificar sempre nos nossos coraes. Irmos de Angola, de Moambique, deLoanda, do Sudo, do Congo e Cambinda; filhos da Guin, de Bant, da Nigria,Benin, Dahomey, Hauss, Lagos, Yorub e Mandinga ! Comungai conosco aalegria incomparvel desta hora histrica dos nossos espritos, sinceramenteempenhados na consolidao doutrinria e filosfica do verdadeiro Espiritismo deUmbanda !Caboclos das matas, habitantes multiseculares das florestas brasileiras, espritoscuja grandeza se afere pela simplicidade do gesto e profundeza do con-ceito!Todos vs que trabalhais pela Verdade e o Bem sob a constelao do Cruzeiro,recebei tambm esta sincera homenagem de quem tanto j vos deve pelo muitoque convosco tem aprendido na prtica da caridade e do amor ao prximo. Aconsolidao da Umbanda tambm vossa, pois que, sendo a Verdade uma s, enumerosos os caminhos que a ela conduzem, Umbanda se nos apresenta como aestrada luminosa e ampla pela qual podem seguir juntos, irmanados no mesmodesejo de liberdade e perfeio, no mesmo sentimento de amor e progresso,povos de todas as raas, crenas, cores e nacionalidades! A vs tambm a minhasincera homenagem, antes de dar incio exposio do trabalho elaborado pelaTenda Esprita Mirim para o presente Congresso.Cumprido, assim, o que se me impunha como um dever do meu esprito,passemos agora ao assunto da nossa tese, em cuja elaborao procuramos sersempre sinceros e teis, como pedreiros que lanam o tijolo nos alicerces de umedifcio destinado a suportar, na rijesa de sua base e segurana da estrutura,todos os possveis vendavais. E assim deve ser de certo, a nossa concepo doEspiritismo de Umbanda. Umbanda no um conjunto de fetiches, seitas oucrenas, originrias de povos incultos, ou aparentemente ignorantes; Umbanda ,demonstradamente, uma das maiores correntes do pensamento humanoexistentes na terra h mais de cem sculos, cuja raiz se perde na profundidadeinsondvel das mais antigas filosofias.

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    AUM-BANDH (OM-BANDA')AUM (OM)OMBANDA' (UMBANDA)

    O vocbulo UMBANDA oriundo do sanskrito, a mais antiga e polida de todas aslnguas da terra, a raiz mestra, por assim dizer, das demais lnguas existentes nomundo.Sua etimologia provm de AUM-BANDH, (om-band) em sanskrito, ou seja, olimite no ilimitado. O prefixo AUM tem uma alta significao metafsica, sendoconsiderado palavra sagrada por todos os mestres orienlalistas, pois querepresenta o emblema da Trindade na Unidade, Pronunciado ao iniciar-sequalquer ao de ordem espiritual, empresta mesma a significao de o ser emnome de Deus. (1) Pronuncia-se om. A emisso deste som durante os momentosde meditao, facilita as nossas obras psquicas e apressa a maturao do nossosexto sentido, a viso espiritual. BANDH, (Banda) significa movimento constanteou fora centrpeta emanante do Criador, a envolver e atrair a criatura para aperfetibilidade. Uma outra interpretao igualmente hindu, nos descreve BANDH(Banda) como signficando um lado do conhecimento, ou um dos templosiniciticos do esprito humano.

    PRINCIPIO DIVINOLUZ IRRADIANTEFONTE PERMANENTE DE VIDAEVOLUO CONSTANTE

    A significao de UMBANDA, (o correto seria Ombanda) em nosso idioma, podeser tradu-

    (1) "Bhagavad Git" ou a "Sublime Cano da Imortalidade", trad. de FranciscoValdomiro Lorenz, Empr. Edit. "O Pensamento", S. Paulo, 1936.

    zida por qualquer das seguintes frmulas: Princpio Divino; Luz Irradiante; FontePermanente de Vida; Evoluo Constante.A raiz mais antiga de que h registro conhecido acerca de Umbanda, encontra-senos famosos livros da ndia, os Upanishads, que veiculam um dos ramos doconhecimento mental e filosfico encerrados nos Vedas, a fonte de todo o saberhumano acerca das leis divinas que regem o universo.Os Vedas, dize-nos W. ATKINSON, um dos escritores orientalistas mais lidos noHemisfrio Ocidental, num dos seus trabalhos acerca das religies e filosofias dandia, (2) "so os livros onde se encontram as Escrituras Sagradas dos hindus,de origem muito antiga, comeando a sua histria nos dias "pr-histricos".

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    Uma informao de origem no menos autorizada, por isso que oriunda de um dosmaiores filsofos e instrutores hindus que a Amrica conheceu no sculo passado, PARAMAHANSA VIVE-KANANDA atribue aos Vedas uma precedncia dedez mil anos era Christ.A propsito destes livros sagrados, disse o mestre VIVEKANANDA, o famoso

    instrutor acima citado, num discurso que pronunciou no dia 30

    (2) YOGI RAMACHAEAKA (W. ATKINSON), "As Doutrinas Esotricas dasFilosofias e Religies da ndia", trad. de Francisco Waldomiro Lorenz, Empr. Edit."O Pensamento", S. Paulo, 1931.

    de Dezembro de 1894, a convite da Sociedade Ethica de Brooklyn, publicado no"The^Brooklyn Standard":"Os hindus baseiam a sua crena nos antigos Vedas; esta palavra derivada devid, "conhecer" ou "saber". Estes Vedas so uma srie de livros que, segundo anossa opinio, conteem a*, essncia de todas as religies, mas no pensamosque s estes livros conteem as verdades. Eles nos ensinam a imortalidade daalma. Os Vedas dizem que todo o mundo uma mistura de independncia edependncia, mistura de liberdade e escravido, porm atravs de tudo isso brilhaa alma, independente, imortal, pura, perfeita, santa."Sabemos, porm, que j antes dos Vedas devem ter existido manuscritos, porqueum velho pesquizador dos ensinamentos filosficos "pre-histricos" do Oriente,concilie pela transmisso, de pais a filhos, de preciosos ensinamentos gravadosem papiros, plos quais cada nova gerao deveria nortear sua vida terrena emperfeita harmonia com as leis da Natureza.Os Upanishads so, pois, um dos ramos do conhecimento encerrado nos Vedas,ocupando-se dos assuntos teolgicos, filosficos e metafsicos, desenvolvendo osrespectivos ensinos, especula-es, argumentos, discusses e consideraes. Dedicam-se principalmente natureza do ser humano e do universo, e sua relao ao Ser Infinito. NosUpanishads, que so em nmero de 235, encontra-se todo o sistema dopensamento filosfico e religioso hindu em suas numerosas formas, variedades einterpretaes. E' a maior coleo de escritos filosficos existente no mundo,antigo e moderno. E alm disso, o assunto ali tratado com to admirvelsubtileza de anlise e variedade de detalhes, que parece incluir toda variaopossvel do pensamento metafsico do homem at ao presente, isto , nenhumaoutra nao foi capaz de formar alguma concepo metafsica que no tenha suaparte correspondente em algum dos Upanishads. (3) Mergulhada assimprofundamente nestes substanciosos mananciais do saber humano, vamosencontrar uma das poderosas razes do Espiritismo de Umbanda, ensinado epraticado no Brasil h cerca de vinte e cinco anos. Com efeito, o que nos ensina oEspiritismo de Umbanda? Nada menos do que a imortalidade da alma, conforme oque se encontra nos Vedas. No fomos ns que criamos, dentro das nossastendas, esta luminosa concepo. Ela nos veiu, h talvez uma dezena de milnios,

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    trazida plos que nos antecederam neste e noutros continentes, como um doscaminhos mais curtos que o ser humano

    (3) Id. opus cit.

    tem diante de si, para alcanar a sua redeno espiritual.Ensinando aos seus adeptos que a alma imortal, o Espiritismo de Umbandaprocura destruir aquela mistura de escravido e dependncia a que se referem osVedas, para que cada um, por meio da auto-anlise e correo dos prpriosdefeitos, que so as imperfeies humanas, ascenda a uma vida melhor, onde suaalma, liberta da escravido e dependncia atuais, brilhe, independente, imortal,pura, perfeita, santa !Existem trs axiomas sobre os quais assentam os princpios da filosofia hindu, oprimeiro dos quais pode servir para demonstrar os fundamentos do Espiritismo deUmbanda praticado entre ns. E' ele o seguinte:"De Nada, nada pode provir; Alguma coisa que , ou existe, no pode ser causadapor Nada, nem pode provir de Nada; Nada Real pode ser Criado, porque si a coisaNo E', ou No Existe Agora, no pode nunca ser ou Existir; si no foi ou NoExistiu Sempre, no , ou no Existe Agora; si E', ou Existe Agora, sempre foi ouExistiu." (4)Dilatando o campo do nosso raciocnio, havemos de chegar forosamente convico de

    (4) Id. opus cit.

    que o Espiritismo de Umbanda existiu sempre entre as raas espiritualmente maisadiantadas do globo terrestre, sem o que no poderia existir agora. A prova distovamos encontr-la, de forma copiosa, abundante, em vrios dos sistemasfilosficos mais antigos, dentro dos quais geraes e geraes de povos de todasas raas teem alcanado o mais alto grau de cultura filosfica que possvelalcanar em nosso mundo atual.Comecemos pelo sistema Vedanta, o qual, segundo MAX MLLER, " a maissublime de todas as filosofias e a mais confortadora de todas as religies".Divide-se a concepo filosfica do sistema Vedanta em duas partes distintas: ainterna, ou oculta, e a externa, ou visvel; ou, segundo os esoteristas, a esotrica ea exotrica. A parte externa da Vedanta destinada s massas ainda incapazesde compreender a parte superior da doutrina interna, e por isso necessitam daajuda de outras mentes para poderem vencer certos obstculos provenientes doprprio karma.Corresponde esta parte, com perfeita justeza, aos chamados trabalhos pblicos doEspiritismo de Umbanda, atravs dos quais as massas aprendem a penetrar noestado de concentrao mental coletiva, para que seu esprito elimine parte de

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    sua carga fludica de ordem material, grosseira, beneficiando-se da poderosacorrente mental formada durante esses trabalhos.

    A parte interna, oculta ou esotrica do sistema Vedanta, reservada queles que,tendo desenvolvido suas mentes filosficas, j estejam em condies de

    compreender o idealismo absoluto de BRAHMA, que " a impessoal, suprema eagnoscivel Alma do Universo, de cuja essncia tudo emana e qual tudo volve, eque incorprea, imaterial, no nascida, eterna, sem princpio e sem fim, quepenetra e anima tudo, desde o deva mais elevado at ao tomo maisinsignificante". (5)No Espiritismo de Umbanda existe a mesma concepo de um Deus impessoal,incorpreo, Criador e Animador do Universo, no nascido, eterno, sem princpio esem fim, origem e meta de todos os seres animados e inanimados. Acompreenso deste princpio est em relao com o desenvolvimento mental dosadeptos j ingressados no segundo grau evolutivo, cujos ensinamentos nos sotrazidos por instrutores invisveis, e s podem ser difundidos entre um pequenonmero de mentes previamente preparadas.V-se por este pequeno confronto entre uma das maiores escolas filosficas domundo, a Vedanta, e a nossa verdadeira Umbanda, que ambas palmilhamcaminhos idnticos de concepo e de anlise, para atingirem o mesmo e nico

    (5) Pelo termo genrico deva, os vedantistas designam. Entidadesresplandescentes, seres inviziveis do espao, que se relacionam mais diretamentecom a humanidade.

    objetivo, que a perfectibilidade infinita das almas humanas.Examinemos agora este outro dos grandes sistemas filosficos hindus, o sistemaSankhya, que alguns historiadores do como organisado por Kpila cerca de 700anos antes do nascimento de Cbristo, quando outros encontraram vestgios desua existncia em papiros que antecederam de 2.000 anos a era christ, havendoindcios de sua existncia em poca muito anterior.Segundo o sistema Sankhya, os espritos so emanaes do Absoluto, tendovivido num estado de pura existncia espiritual, livres da atrao da matria e dosdesejos da vida material. Tendo sido, porm, atrados e seduzidos pelas foras damatria, imergiram-se nesta, e assim se enredaram das mltiplas teias da vidamaterial. Desviados de seu ambiente, os espritos perderam o seu estado originalde clareza e percepo, sofreram a iluso da matria, encontrando-se como queobrigados a mover-se num plano material.A doutrina Sankhya compara os espritos incarnados s moscas que mergulhamnum vaso cheio de mel narcotizante, as quais, quanto mais se debatem mais omel com narctico as intoxica, impedindo-as de usar suas pernas e azas. Assimos espritos: quanto mais se debatem na vida material, menos capazes so deusar seus poderes latentes. Despertando-se finalmente neles a lembrana doestado anterior de existncia e o conhecimento da situao real, eles comeamum processo para desembaraar-se dos vnculos e, atravs de longa srie de

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    reincarnaes, elevam-se de estados inferiores a superiores, devagar masseguramente, para tornar condio anterior de bemaventurana. (6)ERNESTO HAECKEL e SCHOPENHAUER, o cientista e o filsofo alemes cujasobras empolgaram muitos dos estudiosos do princpio deste sculo, e que aindahoje se discutem nas universidades, beberam grande parte de sua inspirao e

    sabedoria na concepo fundamental do sistema Sankhya.Ensina este sistema que "a vida material no mais do que uma iluso e umengano, o resultado da ignorncia e do desejo falaz; e que a parte da verdadeirasabedoria escapar-lhe o mais cedo possvel, e que a morte no liberta a alma daincarnao material, porque, depois da morte, vem novamente um renascimento,uma reincarnao".Penetremos um pouco mais a fundo no nosso estudo comparativo entre o sistemaSankhya e o Espiritismo de Umbanda, e logo encontraremos novos pontos decontacto entre as duas filosofias.Afirmam os sankhyas, segundo RAMACHA-RAKA, que o Esprito "nunca escapaao abrao da matria pelo caminho da morte, porque esta apenas lhe tece umenvoltrio mais subtil, em que

    (6) Yotl BAMACHABAKA, "As Doutrinas Esotricas etc.".

    ele reside at que o renascimento novamente o lance no vrtice".V-se, pois, plos trechos citados, que os sankhyas esto de perfeito acordo como Espiritismo de Umbanda, ou vice-versa, em relao ao processo evolutivo dosespritos, quando afirma que "a morte no liberta a alma da incarnao material,porque, depois da morte, vem novamente um renascimento, uma reincarnao".Esta , precisamente, a concepo fundamental do Espiritismo de Umbanda,procurando despertar nos seus adeptos o desejo de elevao moral peloabandono das prticas malss que corrompem o carater e dificultam a existncia,que deve ser inteiramente devotada preparao de uma vida melhor, numareincarnao certa, inevitvel.O envoltrio sutil, tecido pela matria ao esprito, de acordo com o doutrinaSankhya, em que o esprito reside at que o renascimento novamente o lance novrtice, no outra coisa seno o que no Espiritismo de Umbanda se conhececomo "perisprito" ou "corpo astral", o veculo de que o esprito se utiliza entre umae outra incarnaes, conservando sempre a imagem da ltima. SegundoPARACELSO, este veculo constitudo de "matria radiante, plstica, sutil, querodeia, penetra e anima o corpo fsico, tendo sua origem nas vibraes dosastros".No diremos, certamente, que a Sankhya adotou estes preceitos do Espiritismo deUmbanda, por no ser essa a nossa inteno, nem ser tal coisa concebivel; antes,sentimo-nos profundamente envaidecidos, penetrados deste contentamentopeculiar queles que procuram e encontram o princpio e a razo de todas ascoisas, em podermos proclamar que a Umbanda que adotamos, e dentro da qualestamos promovendo e acelerando a evoluo dos nossos espritos, outra no seno aquela mesma filosofia, ou conjunto de filosofias hindus, dentro das quais

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    atingiram ao grau mximo de evoluo terrena algumas centenas de milhes dealmas mais antigas do que as nossas.No existe nenhuma religio, crena ou filosofia difundidas no Ocidente, que notenham sua raiz e fora apoiadas nas entranhas do Hemisfrio Oriental. Deve-se aKpila, o fundador do sistema Sankhya a ideia fundamental de todas as religies e

    filosofias gregas a respeito da evoluo material e espiritual, cujos filsofosinfluenciaram, por sua vez, uma grande parte do pensamento cientfico moderno.PITGORAS, o maior de todos os filsofos gregos, fundador da escola itlica, noseu sistema religioso-filosfico baseado na numerologia, adotou ideiasfundamentais da Sankhya, que eram correntes na ndia seiscentos anos antes daera christ. Tal facto em nada desmerece o valor do sistema elaborado pelogrande filsofo grego, cujo nome ainda hoje veneramos como um dos maioresmestres da humanidade; serve apenas para demonstrar o quanto de sabedoriaexiste naquela antiga filosofia hindu, da qual, de resto, se acham impregnadastodas as religies ocidentais destes ltimos vinte sculos.SCRATES, o famoso pensador e filsofo ateniense, contemporneo dePITGORAS, cujas ideias avanadas foram consideradas plos Quinhentos daAtenas uma tentativa de perverso da mocidade, sendo por isso condenado abeber cicuta, pregava princpios idnticos aos do sistema Sankhya, eperfeitamente iguais aos do nosso Espiritismo de Umbanda, em relao evoluo da alma.Encontramos em PLATO, o discpulo fiel do grande filsofo, no seu celebre"Dilogo sobre a alma e morte de Scrates", conceitos da transcendncia deste,manifestados por Scrates a Smias, momentos antes de beber o clice de cicuta:"A razo s tem um caminho a seguir nas suas investigaes: enquantopossuirmos o corpo, e a alma se nos atolar na sua corrupo, jamaisalcanaremos o objeto dos nossos desejos, isto , a Verdade. Porque o corpoope mil obstculos a esse trabalho de investigao, pela necessidade que temosde o sustentar, e pelas enfermidades a que sujeito. Alem disso, suscita em nsmil desejos, receios, imaginaes e toda sorte de tolices, de modo que nada hmais verdadeiro do que a afirmao que habitualmente se faz, de que nunca ocorpo nos leva sabedoria".E mais adiante:"Enquanto nesta vida, aproximar-nos-emos tanto mais da Verdade, quanto maisnos afastarmos do corpo, renunciando a todo o comrcio com ele, no permitindoque ele nos comunique a sua natural corrupo, e conservando-nos puros detodas as suas mculas, at que Deus nos venha libertar".E' to flagrante a identidade de princpios doutrinrios entre o conceito expressopor SCRATES aos seus discpulos, e o que no Espiritismo de Umbanda seensina e pratica, que nada mais seria preciso aduzir para chegarmos conclusodesta verdade meridiana: a doutrina pregada pelo Espiritismo de Umbanda, exatamente a mesma que promoveu a evoluo moral e filosfica de todos ospovos cultos da terra, embora sob denominaes diferentes, peculiares a cada um.Tomando por base a lei da reincarnao, e procurando despertar no ser humano acompreenso de sua origem divina, expressa pela centelha que se encontra ocultanos escaninhos da alma, o Espiritismo de Umbanda instituiu como um dos seus

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    princpios doutrinrios, exatamente a necessidade que a todos se impe, de seesforarem na aquisio da ascendncia do esprito sobre o corpo, de modo agovern-lo totalmente, ao invs de permitir que o corpo governe o esprito,comunicando-lhe a sua natural corrupo, como bem acentuava SCRATESfalando aos seus discpulos.

    Agrada-nos sobremodo esta oportunidade que nos foi proporcionada, depodermos evidenciar to alto grau de afinidades entre o Espiritismo de Umbanda eas mais famosas doutrinas filosficas do mundo, sobretudo, pelo esclarecimentonovo que este fato vem trazer coletividade brasileira, na qual se encontramincarnados espritos de grande envergadura moral e acendrado amor aosluminosos ensinamentos do Christo, para que no mais se possa temer o ingressono Espiritismo de Umbanda, antes, pelo contrrio, com ele se identifiquem todosos valores, para o integral cumprimento de sua elevada misso na terra.Mais ainda nos agrada o poder dizer-vos, com o pensamento voltado para o Mrtirdo Glgota, para que estas palavras possam ser recebidas como a expressomxima da verdade, de todos quantos j experimentaram, sincera e lealmente,o valor dos princpios doutrinrios do Espiritismo de Umbanda, e conseguiramdespertar no fundo de suas almas aquela centelha divina que l se encontravaoculta pelas imperfeies e corrupo natural da matria, no trocaro jamais suasituao moral e espiritual de hoje, por todos os milhes da terra !Umbanda constitue para ns, os que a estudamos, veneramos e praticamos, algomais que todos os tesouros que a inteligncia humana possa, acumular, nestemundo materialista em que ora nos encontramos. A Luz Espiritual que seusensinamentos nos transmitem, essa sim que pode ser considerada o maiortesouro do mundo, pois que este no se dissolve, ningum no-lo poder furtar,nem nos causar dificuldades a conduzir na hora da partida.Examinados como foram, os diversos sistemas filosficos do Oriente, eevidenciadas as suas grandes afinidades com os ensinamentos difundidos entrens pelo Espiritismo de Umbanda, acabamos de ingressar no Ocidente por entreas famosas colunas da antiga civilizao helnica, e j a pudemos assinalarnovos e mui significativos pontos de contacto, entre a doutrina pregada por doisdos seus maiores pensadores e filsofos, PITGORAS e SCRATES, com aconcepo brasileira do Espiritismo de Umbanda.Detenhamo-nos por um instante ainda ao p dessas colunas monumentais daGrcia antiga, donde emanou o maior surto civilizador deste Hemisfrio, porqueoutros conceitos podem ser respigados em apoio da nossa tese, cujo objeti-vo,outro no seno o de demonstrar e provar, com abundncia de documentos deautenticidade incontestvel, a antiga e profunda raiz histrica do Espiritismo deUmbanda.Um dos ensinamentos de sua doutrina, reservado aos adeptos cuja mente seencontre preparada para ingressar no segundo grau da escola filosfica doEspiritismo de Umbanda, aquele que diz respeito aos nossos sentidos, notada-mente vista e aos ouvidos, pela sua grande influncia na conduo de nossavida espiritual, enquanto permanecemos encarcerados no corpo material.Ensinam-nos os nossos instrutores inviziveis, que do governo seguro queexercermos sobre os nossos olhos e ouvidos, resultar a eliminao de umagrande percentagem, seno da totalidade, das numerosas faltas morais em que

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    frequentemente incorremos, facilitando-nos, consequentemente, a progresso donosso esprito na senda evolutiva para Deus.Conduz-nos este ensinamento ao estado de independncia e equilbrio interno, nomomento de examinarmos as coisas com a vista, ou de as escutarmos, tornando-nos desta forma invulnerveis s influncias que das mesmas nos pudessem advir

    num estado diferente, e que muito poderiam contribuir, por meio da impressocausada em ns, para nos desviar do roteiro que desejamos seguir.

    Ensinamento perfeitamente igual transmitia SCRATES aos seus discpulos,quando dizia a Cbes: (7)"No dizamos h pouco que a alma, quando se serve do corpo para observar umobjeto, quer por meio do ouvido, quer pela vista, quer por qualquer outro sentido, atrada pelo corpo para aquelas coisas que no so sempre as mesmas que,ento, ela se alheia, se perturba e tem vertigens, como se estivesse embriagada,por se ter ligado a coisas de tal naturesa ? Ao passo que, quando examina ascoisas por si mesma, sem apelar para o concurso do corpo, incide sobre o que puro, eterno, imutvel, e, como se fosse da mesma naturesa, permanece ligada aessas coisas, tanto quanto o est a si prpria, e tanto quanto lhe possvel. Entocessam os seus alheiamentos, e fica sendo sempre a mesma, porque est unidaao que nunca muda, participando da sua naturesa. E' a esse estado de alma quese chama sabedoria".E' precisamente o mesmo princpio o que se ensina nos cursos internos doEspiritismo de Um-

    (7) PLATO, Fon, ou "Dilogo sobre a Alma e Morte de Scrates", trad. deAngelo Ribeiro, 2.a edio da Renascena Portuguesa, 1920.

    banda, cujos mestres e instrutores tomados no nosso meio por simplescaboclos ou pretos velhos, e por isso injustamente menosprezados por alguns dosnossos companheiros ditos kardecistas, evidenciam a posse de um grau decultura filosfica muito superior nossa era ocidental, adquirida, como bvio, emincarnaes vividas nas mais puras fontes do pensamento humano.Temos, entretanto, em contraposio a essa credulidade daqueles prezadoscompanheiros de seara, uma grande messe de fatos em que homens altamenteinstrudos desejaram pr prova o saber daqueles instrutores e com elestravaram conversao sobre assunto de,sua livre escolha. O resultado foi, emtodos os casos, a constatao de uma surpreendente trasformao de linguagempor parte da Entidade ouvida, a qual passou a usar uma terminologia acadmica,por assim dizer, e a explanar o assunto de maneira a no deixar dvidas quantoao elevado grau de sua cultura.Queremos ressaltar com este detalhe, a razo da afinidade existente entre ospreceitos do Espiritismo de Umbanda e os que a Histria das Religies nos relatacomo fundamentais em numerosos sistemas multimilenares do Oriente, seguidose pregados por quasi trezentos milhes de seres humanos da ndia, comocaminhos retos e seguros ao aprimoramento das almas humanas. Conclue-se,

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    deste fato, que as entidades dirigentes do Espiritismo de Umbanda podem ter sidocaboclos ou africanos em pocas remotas, por uma necessidade mesolgica, ououtra que escapa inteiramente nossa compreenso; mas, o que absolutamenteincontestvel, pelo acumulo de provas ao alcance de quantos as desejarem, quesob aquela demonstrao de humildade e simplicidade a que j estamos

    habituados, existe e cintila um esprito altamente evoluido, no desempenho danobre misso de despertar em ns o desejo de transpormos o profundo lodaal demisrias em que vivemos chafurdados, na v suposio de nele encontrarmos afelicidade de permeio.Para encerrarmos a vossa peregrinao atravs da Grcia antiga, vamos citarmais um ensinamento constante da obra de PLATO j citada, de uma perfeitaidentidade com o que nos ensina o Espiritismo de Umbanda em relao sorteque aguarda, dopois da morte do corpo, aqueles que levaram a vida a cometertoda sorte de injustias ou crimes para com os seus semelhantes:"Meus amigos, dizia SCRATES aos discpulos, pela lima vez, tendo j namo o clice de cicuta coisa bem justa pensar que, se a alma imortal,necessrio se torna que cuidemos dela, no s durante esse lapso de tempo aque chamamos vida, mas ainda no que se lhe segue; pois se refletirdes bem,vereis que o descur-la ser bastante grave."Se a morte fosse a dissoluo de toda a existncia, seria para os maus umextraordinrio benefcio o libertarem-se, depois da morte, e ao mesmo tempo, docorpo, da alma e dos vcios; mas, como a alma imortal, ela no tem outro meiode libertar-se dos seus males, nem h salvao para ela, sino tornando-se boa esbia. Ela s leva consigo os seus costumes, os seus hbitos, que so, dizem, acausa da sua felicidade ou da sua desgraa, desde que chega no alm".E mais adiante:"A alma que viveu na temperana e na sabedoria, segue voluntariamente o seuguia, no ignorando a sorte que a espera; mas a que est aprisionada ao corpopelas paixes, como de comeo disse-a ele permanece ligada por muito tempo,assim como ao mundo vizivel, e s depois de ter resistido e sofrido muito, que arrastada violentamente pelo gnio que lhe foi assinalado. Quando chega a essaassembleia de todas as almas, se est impura, se foi maculada pela culpa dumassassnio, ou de algum desses outros crimes que se lhe assemelham pelaatrocidade, todas as outras almas lhe fogem horrorizadas. No encontracompanheiro, nem guia, e erra num completo abandono, at que, depois de certotempo, a necessidade a arrasta ao lugar que merece. Mas a que passou a vida natemperana e na puresa, essa tem os prprios deuses por companheiros e guias,e vai habitar o lugar que lhe est reservado".Isso que a est puro Evangelho segundo o Espiritismo poder algumredarguir-nos, e com plena razo. Ns perguntaremos ento: e como se permitealgum acoimar de baixo espiritismo, e at de macumba, um ramo filosficoproveniente das mesmas fontes de sabedoria em que se apoiou o mestreKARDEC nome que todos ns, adeptos de Umbanda, pronunciamos cominexcedvel venerao.E' possvel que alguns dos nossos distintos confrades, que ainda no travaramconhecimento mais ntimo com o Espiritismo de Umbanda, venham dizer-nos queo mestre KARDEC foi guiado tambm por instrutores invisveis, o que exato.

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    E onde aprenderam, essas radiosas entidades que auxiliaram o codificador dadoutrina ? No espao ? No, responderemos ns, com a lei evolutiva que nosrege, reafirmada pelo Divino Mestre quando nos ensina que "nenhum instrutorpode ser mandado a um mundo, no qual no haja vivido e aprendido aquilo quevai ensinar". Logo, os instrutores de KARDEC foram espritos que aqui estiveram

    em mltiplas incarnaes, tendo cursado as mesmas escolas filosficas doOriente, donde nos vem to belos ensinamentos, e onde igualmente aprenderamtodos os mestres, guias e instrutores do Espiritismo de Umbanda. O Evangelho etodas as demais obras de KARDEC, esto repletos dos mesmos conceitoscorrentes no Oriente, nos quais anteriormente inspiraram PlTGQRAS,SCRATES, PLATO, RoSENKREUTZ, PARACELSO, JACOB, BOEHME,BACON, e todos quantos construram algo em prol da nossa evoluo espiritual.SCRATES e PITGORAS viveram na terra 470 anos antes de Christo e Plato347, o que vale dizer que possuram esses nomes h cerca de 2.400 anos,quando as obras do mestre KARDEC, cujo nome, repetimos, pronunciamos comprofunda venerao, datam da segunda metade do sculo passado, no sendo,portanto, de surpreender, que nelas se encontrem reproduzidos, os princpiosfundamentais das antigas filosofias hindus.O prprio Divino Mestre, Governador do planeta em que ora nos encontramos, emsua rpida passagem pela terra h 1941 anos, fez questo de realar que "novinha destruir a lei nem os profetas, mas sim cumpri-la, desenvolv-la, dar-lhe olegtimo sentido e apropri-la ao grau de adiantamento dos homens !" (S.Matheus, captulo V, 17-18).Mal interpretando a excelsa grandeza de sua misso e sacrifcio, poderemos dizerque Ele apenas lanou entre os povos do Hemisfrio Ocidental, ainda envoltosnas trevas da ignorncia acerca das leis espirituais, a semente luminosa daVerdade j aceita e cultivada havia milnios, por outros povos mais velhos osOrientais.E quem poder contestar a suposio de ser Jesus Christo, venerado pela quasitotalidade dos povos Ocidentais, a mesma Entidade Suprema venerada por outrospovos sob a denominao de Brahma, a entidade mxima do panteon hindu;Budha, o sbio iluminado que viveu na ndia quatrocentos anos antes de Christo, econsiderado o Ente Supremo plos budhistas; Vishnu, o primeiro princpio datrindade hindu; Krishna, considerado na ndia uma reincarnao de Vishnu, tendovivido cerca de mil e quatrocentos anos antes de Christo; Rama, celebre instrutore sbio, tido por milhes de adeptos como a reincarnao de Krishna, pelaidentidade dos seus princpios filosficos ? (8).Todas estas Entidades so consideradas na ndia como sendo a prpriaincarnao da Divindade, atributo que tambm foi dado no Ocidente a JesusChristo. Sendo a doutrina pregada por

    (8) YOGI RAMACHARAKA, "As Doutrinas etc.".

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    Jesus, perfeitamente idntica daqueles sbios e instrutores que viveram na terramuitas centenas de anos antes, nenhum demrito pode haver, ao que supomos,em consider-lo como a reincarnao dos seus antepassados, no HemisfrioOcidental, com a finalidade de implantar entre os povos deste lado do mundo, afilosofia j ensinada e praticada no Oriente, e que hoje constitue, como

    demonstrado ficou, o princpio fundamental do Espiritismo de Umbanda no Brasil.Segundo dados conhecidos, a Umbanda vem sendo praticada em terrasbrasileiras desde o meado do sculo XVI, sendo, por conseguinte, a mais antigamodalidade religiosa implantada sob o Cruzeiro do Sul, depois do Catolicismo, quenos veio com os descobridores.Trouxeram a Umbanda, no recndito de suas almas atribuladas de escravos,vendidos como mercadoria de feira aos gro-senhores do Brasil, os primeirossudaneses e bantus que aqui chegaram cerca do ano de 1530, procedentes deAngola, da Costa dos Escravos, do Congo, da Costa do Ouro, do Sudo e deMoambique. (9)

    (9) EDISON CARNEIRO, "Religies Negras", Civilizao Brasileira, 1936.

    Da o ritual semi-brbaro sob o qual foi a Umbanda conhecida entre ns, e pormuitos considerada magia negra ou candombl. E' preciso considerar, porem, ofenmeno meselgico peculiar s naes africanas donde procederam os negrosescravos, a ausncia completa de qualquer forma rudimentar de cultura entre eles,para chegarmos evidncia de que a Umbanda no pode ter sido originada noContinente Negro, mas ali existente e praticada sob um ritual que pode ser tidocomo a degradao de suas velhas formas iniciticas.Sabendo-se que os antigos povos africanos tiveram sua poca de dominaoalem mar, tendo ocupado durante sculos, uma grande parte do Oceano ndico,onde uma lenda nos diz que existiu o continente perdido da Lemria, do qual aAustrlia, a Australsia e as ilhas do Pacfico constituem as poressobreviventes, fcil nos ser concluir que a Umbanda foi por eles trazida do seucontacto com os povos hindus, com os quais a aprenderam e praticaram durantesculos.Morta, porem, a antiga civilizao africana, aps o cataclismo que destruiu aLemria, empobrecida e desprestigiada a raa negra, segundo algumasopinies, devido sua desmedida prepotncia no passado, em que chegou aescravisar uma boa parte da raa branca os vrios cultos e pompas religiosasdaqueles povos sofreram ento os efeitos do embrutecimento da raa, vindo, d'cdegrau em degrau, at ao nvel em que a Umbanda se nos tornou conhecida.Desde, porem, que estudiosos da doutrina de Jesus se dedicaram a pesquizar osfundamentos desta grande filosofia, que , ao mesmo tempo, Luz, Amor eVerdade, e a praticam hoje, sincera e devotadamente em sua alta finalidade decongregar, educar e encaminhar as almas para Deus, o Espiritismo de Umbandareadquiriu o seu prestgio milenar, assim como o acatamento e respeito dasautoridades brasileiras.

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    Bem haja, pois, o Espiritismo de Umbanda no Brasil, e todas as falanges detrabalhadores inviziveis da Seara de Jesus !

    A LIBERDADE RELIGIOSA NO BRASIL

    O espiritismo em suas modalidades perante as leisTese apresentada pela Tenda Esprita So Jeronymo, por intermdio do Dr.Jayme Madruga, seu Delegado ao Congresso, na sesso de 2O de Outubro de1941.

    Tese semelhante, e no poderia deixar de ser assim, foi apresentada ao IICongresso Afro-Brasileiro, realizado na Baa, pela Inteligncia lcida e aplicada deDaro de Bitencourt.To senhor se mostra ele do assunto, que nos bastaria transcrever a sua brilhantetese, atuali-zando-a to somente em face da Constituio Nacional de 10 deNovembro de 1937 e do novo Cdigo Penal a entrar em vigor a 1. de Janeiro de1942. Fcil nos foi portanto a tarefa, pois ao em vez de um trabalho insano epenoso, a uma simples leitura dos anais daquele Congresso a tarefa que se nosapresentava rdua e enfadonha se converteu em estudo ameno e agradvel.Podemos afirmar que sobre o assunto a obra de Daro de Bitencourt completa;ressalta daquelas pginas o estudioso incansvel, o observador atento queatravs um bom senso perfeito espremeu todo o sumo de alfarrbios vetustosremovendo bibliotecas, museus e arquivos, sem desnimos e sem temor pelapoeira protetora desses ambientes esotricos para os profanos. Pelo queacabamos de dizer no nos move a pretenso de obra nova e consideramos onosso trabalho to somente uma atualizao do de Daro de Bitencourt, que assimd tambm a sua colaborao de boa vontade ao I Congresso Brasileiro doEspiritismo de Umbanda, ora reunido na Capital da Repblica.O assunto da tese, srs. congressistas, bastante rido e somente se justifica asua explanao pelas concluses que a enfeixam. Estamos cm ambiente culto ede estudo, qual seja o de um Congresso e si h teses que pela sua matriaatraente prendem o auditrio, h outras que s podem prender a nossa ateno,em nome de um ideal levantado. Esse ideal, de fato existe entre ns e portantopassaremos ao assunto sem cerimnia, trazendo por esta forma a humildecontribuio que ao Congresso faz a Tenda Esprita So Jernimo, a quem foidistribudo tal assunto, numa homenagem do Congresso ao grande doutor daIgreja, que seu patrono e que dentro da Umbanda empunha o basto de justia.

    I O PROBLEMA RELIGIOSO NO PERODO COLONIAL DO BRASIL

    Em breve resenha analisaremos o panorama do nosso perodo colonial. A nossaraa tem ali o seu bero. E' do caldeamento dos indgenas, dos negros, dosportugueses, espanhis, holandeses, ingleses e franceses que surgir o nossopovo, ainda hoje sem caractersticas definitivas, mas que atravs as ltimasgeraes j vai formando um tipo tnico, com suas tendncias sociais, polticas e

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    religiosas j delineadas, as quais olhadas atenta e cuidadosamente por umobservador estudioso e imparcial, lhe daro elementos para formular uma teoriabastante segura sobre as geraes futuras. Si de parte dos brancos, os que paraaqui vieram representavam a escria da sociedade europeia, pois que oselementos enviados da velha civilizao eram, via de regra, aventureiros ou

    degredados, emfim homens sem f nem lei, j da parte dos nativos e dos negrosafricanos no podemos afirmar o mesmo. Tratava-se de fato de povos primitivosquanto sua ilustrao e cincia dos povos ocidentais, faltava-lhes os ataviosluxuosos e os palcios, faltava-lhes a ambio de riquezas e os desvariossensuais dos povos civilizados, faltava-lhes finalmente o verniz que oculta aperfdia e a insinceridade. Mas sem academias, sem pompas e sem livros, a suacincia era profunda, a sua medicina era de fato uma arte de curar, de dar alvioao sofrimento do prximo sem objetivos de lucros; as suas religies eramcultuadas com sinceridade e amor, suas leis poderiam ser primitivas, mas eramimparciais as suas manifestaes e as suas organizaes de famlia e desociedade eram rgidas e severas, dentro dos seus objetivos e princpios.Do entrechoque dessas raas, em que o dominador no era o mais perfeito,apesar da opresso, ou talvez como consequncia, o martrio o grandecaminho das vitrias do esprito, era lgico que os ideais religiosos das raasoprimidas viessem a se fortalecer e finalmente preponderar como na realidadeaconteceu e hoje constatamos. O cristianismo como que se humanizou pelosangue derramado dos indgenas e dos africanos; hoje a realidade religiosa no mais ortodoxa, porm um sincretismo. O problema religioso, que na Europa seresumia em um combate acrrimo ao judasmo e eventualmente aosmussulmanos, tende no Brasil, com a experincia colonial, em que somente haviauma religio, a catlica, religio do Estado e a nica reconhecida como tal, para aliberdade religiosa, primeiro passo para a marcha em outra direo.

    E assim vemos preparar-se o ambiente dos fins do sculo XVIII, j influenciadosos homens de Estado pelas prticas religiosas dos negros e dos nativos, quemuito embora cultuadas no fundo das senzalas ou no meio das matas, afloravam

    junto aos senhores por intermdio das mucamas e domsticas, e das injunesmomentneas que um sofrimento ou molstia graves fazem surgir e quando,ento, o velho Pago ou o feiticeiro, negro e velho africano, vinha como verdadeiroenviado celeste trazer a sade e a felicidade que dali desertara.Por essas razes no nos parece motivo de admirao, quando, proclamada aindependncia do Brasil, a primeira Constituinte registrou a existncia de outrasreligies e props a sua tolerncia.E' verdade que em torno do assunto levantou-se grande celeuma, mas tambmverdade que bem restrito era o ambiente de um povo que acabava de obter a suaemancipao poltica e isso mesmo pelas mos de um prncipe estrangeiro .A influncia da metrpole europeia era bastante enrgica e si hoje no estocompletamente esquecidos os "autos de f", mcula tenebrosa que a "Inquisio"deixou sobre a Idade Mdia, naquela poca ainda estavam bem vivas as cicatrizessangrentas daquele perodo, em que ainda fumegavam as cinzas de fogueiraslevantadas por fanticos em holocausto de uma "guerra santa" que abusando do

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    nome de Deus pretendiam sustar a marcha fatal da evoluo e do progresso,com o temor de ver fugir-lhes das mos ensangentadas o basto do poder.Mas aquele sangue empobrecido aos embates de uma civilizao que j davamostra de decrepitude, ao emigrar para o Novo Mundo recebeu o bafejo dosangue puro e so dos nossos aborgines e dos escravos africanos e sob essa

    influncia generosa e boa foi capaz de sacudir os maus eflvios de que eraportador para quebrantar os preconceitos que o enleavam.E foi nesse ambiente que foi proclamada a nossa independncia poltica.

    II NO IMPRIO

    1) Na Assemblia Constituinte de 1823

    A Assemblia Constituinte instalada a 3 de Maio de 1823, de vida efmera, pois foidissolvida em 12 de Novembro do mesmo ano sem ter terminado a sua misso,tinha no seu "projeto de constituio" apresentado pela comisso especial,composta dos deputados Antnio Carlos (Relator), Jos Bonifcio e MunizTavares, os artigos seguintes que acolhiam o princpio da "Liberdade Religiosa":

    Art. 14. A liberdade religiosa no Brasil s se entende s comunhes crists;todos os que as professarem podem gozar dos direitos polticos no Imprio.Art. 15. As outras religies, alm da crist, so apenas toleradas, e a sua profissoinhibe o exerccio dos direitos polticos.Art. 16. A religio catlica apostlica romana a religio do Estado por excelncia,e nica mantida por ele.

    Este assunto levantou grande tumulto dentro da Constituinte porque eram grandesas divergncias "no modo de entender a liberdade religiosa. O projeto garantialiberdade apenas s comunhes crists, dando, aos que a professassem, direitospolticos, que eram negados aos adeptos das religies no crists". Havia osintolerantes, que pugnavam pela excluso tambm dos cristos no catlicos deentre os brasileiros com direitos polticos, e os liberais, que queriam dar direitospolticos a todos, inclusive aos judeus, e tolerar todos os credos, para que osestrangeiros se sentissem atrados. Quinze eram os padres na Constituinte de1823 e somente um combateu a liberdade religiosa. Longos foram os debates emtorno da questo que terminou pela concesso de direitos polticos apenas aoscatlicos, pela soluo de s ser permitido o culto externo religio oficial(Catlica) e pela negativa do culto pblico aos judeus. Entre os que tomaram partesaliente na discusso dessa parte do projeto, podemos citar os deputados AntnioCarlos, Silva Lisboa, Carvalho e Melo, o Bispo Capelo Mor D. Jos Caetano daSilva Coutinho, J. J. Carneiro de Campos, Muniz Tavares, Maciel da Costa eCarneiro da Cunha.

    2) Na carta Constitucional de 1824

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    O Imperador D. Pedro I no decreto de 12 de Novembro de 1823, ao dissolver aConstituinte prometera ao povo brasileiro "um projeto de Constituioduplicadamente mais liberal do que o da extinta assemblia".A 25 de Maro de 1924, o Imperador desobrigava-se da sua promessa eoutorgava ao seu povo a Carta Constitucional. "O povo brasileiro era incapaz de

    afirmar por si a sua liberdade. S por esmola podia gozar desse benefcio, como oescravo liberto por uma carta de alforria", tais as palavras candentes com queHomem de Mello narra o evento, dizendo mais que "at hoje (1863) muita genteignora, que a atual Constituio, que faria o orgulho da mais civilizada nao doglobo calcada sobre o projeto feito pela Constituinte.Resava, a propsito, a Constituio do Imprio do Brasil:

    Art. 5. A religio catlica apostlica romana continuar a ser a religio do Imprio.Todas as outras religies sero permitidas com seu culto domstico ou particularem casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.Art. 95. Todos os que podem ser eleitores, so hbeis para serem nomeadosdeputados. Exceptuando-se:

    I ...II ...III Os que no professarem a religio do Estado.

    O catolicismo continuava a ser a religio oficial, permitindo-se entretanto, a "todasas outras religies" o culto domstico ou particular, no podendo as casas, para taldestinadas, revestir, externamente, a feio de campanrio ou templo.Se certo que tolerava o Imprio "todas as outras religies" verdade que, aorevs, impunha a quantos no professassem a "religio do Estado" umaverdadeira capitis diminutio em matria poltica ou de direito eleitoral, pois, aosque tais, vedava a possibilidade de virem a ser nomeados deputados, porquantoseriam inelegveis para o exerccio dessas funes.Sob outro aspecto, havia, na declarao dos direitos civis e polticos dos cidadosbrasileiros (art. 179), este preceito, patenteando uma tolerncia relativa:

    Art. 179. V: Ningum pode ser perseguido por motivo de religio, uma vez querespeite a do Estado e no ofenda a moral pblica.

    Comentando, h mais de setenta anos, tal dispositivo, escrevia um conspcuoconstitucionalista:

    "... Ainda que a Constituio marcasse uma religio de Estado, todavia, ela, muitorefletidamente, reconheceu que ningum devia ser perseguido por motivo dereligio.Pensar desta ou daquela maneira sobre matria religiosa, no pode ser crimeperante a sociedade civil, por que a sociedade civil no se instituiu para aniquilaros direitos naturais.A Carta Constitucional de 1824 esteve em vigncia, entre ns, at a queda doregime monrquico, em 1889.

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    III NO CDIGO CRIMINAL DE 1831

    Sete anos depois da outorga da Constituio, o Imprio do Brasil passava a ter oseu primeiro Cdigo Criminal.

    Na parte IV, tratando "dos crimes policiais" existe um captulo, o I, relativo s"ofensas religio, moral e aos bons costumes".Sobre as ofensas religio, estabelecia o art. 276, ser considerado como tal, o"celebrar em casa ou edifcio que tenha alguma forma exterior de templo, oupublicamente em qualquer lugar, o culto de outra religio que no seja a doEstado".Este artigo, para perfeita interpretao da mens legis ou seja do esprito quepresidiu a sua elaborao, por parte do legislador, poder ser assim bi-partido:Considera-se ofensivo religio oficial celebrar culto de outra religio que noseja a catlica:

    a) em casa ou edifcio que tenha alguma forma exterior de templo;

    b) publicamente, em qualquer lugar.

    A contrario sensu, no seria considerado "ofensa religio oficial" qualquer cultode outra religio que no a catlica:

    a) celebrado em casa ou edifcio sem revestir externamente a forma de templo(sem torres, sem campanrios, sem cones), etc.;b) celebrado particularmente, no recesso do lar, ou no fundo das senzalas.

    Quantos infringissem o citado art. 276 do Cdigo Criminal do Imprio do Brasil,haviam de ser passveis das penalidades seguintes:

    a) no grau mximo "serem dispersos pelo juiz de paz os que estivessemreunidos para o culto; demolio da forma exterior e multa de 12$000 que pagarcada um";b) no grau mdio idem, idem e multa de 7$000 que pagar cada um;c) na grau mnimo idem, idem e multa de 2$000 que pagar cada um.

    O processo desses pequenos crimes ou delitos policiais era da alada da polciacorrecional, cabendo ao chefe de polcia o respectivo julgamento; tais processosno demandavam as formas solenes e morosas do processo criminal ordinrio:"seria isso prejudicial ordem pblica e aos prprios indiciados", bastando fossemobservados "os termos substanciais" e que se desse "lugar a defesa e ao devidoexame".E durante quasi sessenta anos ou seja, desde 1831 foi assim o Brasil.

    IV NO PROJETO DE CONSTITUIO DA REPBLICA RIOGRANDENSE DE1843

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    A 20 de Setembro de 1835, em pleno perodo regencial, teve incio a "guerra dosfarrapos" no Rio Grande do Sul, que redundou na Proclamao da RepblicaRiograndense em 12 de Setembro de 1836 e em 21 de Dezembro de 1839 nainstalao do "Conselho de Procuradores Gerais dos Municpios" na cidade de

    Alegrete ento capital da efmera repblica "na sala da casa do tesouro,com a presena do vice-presidente Jos Mariano de Mattos, dos ministros dointerior, Domingos Jos de Almeida, e da Guerra, Joaquim de Alencastro, e dosprocuradores municipais Francisco das Chagas Martins Avilla (pela cmara do RioPardo), dr. Antnio Jos Martins Coelho (Piratiny), Manuel Gonalves da Silva(Jaguaro), Jos Carvalho Bernardes (Cachoeira), Ricardo Jos Magalhes Filho(Caapava) e Serafim dos Anjos Frana (Setembrina, Via-mo), nessa sessoinaugural resolveram-se pontos importantes "com respeito futura assemblia"providenciando-se sobre sua pronta instalao, e, quanto aos seus fins, decidiu-sefosse ela, a um tempo, "constituinte e legislativa".A 10 de Fevereiro de 1840 era promulgado o decreto convocatrio da assemblia,que s foi instalada a l de Dezembro de 1842. Mezes depois era nomeada umacomisso para elaborar o projeto da constituio, composta dos deputados UlhaCintra, Francisco de S Britto, Jos Mariano de Mattos, Serafim dos Anjos Franae Domingos Jos de Almeida. A 8 de Fevereiro de 1843 foi apresentado o projetoem questo, o qual, aiis, nem siquer chegou a ser discutido.

    Resa a Histria:

    "... Foi efmera a reunio da Assemblia .Dissolvia-se pouco depois da apresentao do projeto de Constituio, sem quelograsse discutir qualquer dos seus artigos. Escreve Rocha Pombo que a notciade que Caxias acabava de transpor o So Gonalo, frente de uma parte de suasforas, produzira grande alarme na capital da Repblica e que o primeiro efeito daatoarda fora dissolver imediatamente o Congresso Constituinte.Ditas as cousas desse modo, pareceria que, tomados de pnico pela aproximaodo inimigo, os membros do congresso acharam prudente abandonar a capital,quando certo que as vicissitudes da guerra jamais tiveram a fora de abater onimo inquebrantvel daquela raa de espartanos. Ante a esterilidade a que sereduzira essa corporao poltica, acharam os congressistas que melhor servioprestariam Repblica, pegando em armas contra o temeroso Caxias ..'."Terminada aquela aventura e mantida a integridade da ptria, algo permaneceu ao contrrio dos demais movimentos revolucionrios brasileiros, como aInconfidncia, a Confederao do Equador, etc.: a revoluo farroupilha conseguiuconcretizar, num documento imperecvel, o direito pblico da efmera Repblicade Piratiny, cuja constituio forma "o elemento histrico do Direito Constitucionalda Repblica, que preciso consultar como uma fase da evoluo republicana.

    A LIBERDADE RELIGIOSA NO PROJETO DE CONSTITUIO FARROUPILHA

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    Examinando-se o projeto de Constituio da Repblica Riograndense, verificar-se-, de logo, iniciar-se ele "em nome da Santssima Trindade", existindo, sobre amatria que versamos agora, os dispositivos a seguir:

    Art. 5. A religio do Estado a catlica apostlica romana. Todas as outras

    religies sero permitidas com seu culto domstico, ou particular, em casas paraisso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.

    Consoante verificar-se-, quasi uma cpia do mesmo art. 5. da ConstituioImperial de 1821.

    Art. 95. Todos os que podem ser eleitores so hbeis para serem deputados,excetuando-se:I ...II ...III ...IV Os que no professarem a religio do Estado.

    E' outra vez, cpia fidelssima de igual preceito e artigo, existente na Constituiode 25 de Maro.

    Art. 206. Ningum pode ser perseguido por motivo de religio, uma vez querespeite a do Estado e no ofenda a moral pblica.

    De novo, transplantao, para o projeto farroupilha, de um artigo o de n. 179,n. V da Constituio outorgada ao povo brasileiro pelo seu primeiro Imperador.

    O PROBLEMA RELIGIOSO NO PERODO IMPERIAL DO BRASIL

    A religio catlica apostlica romana, nesse perodo era a religio do Estado, asdemais eram toleradas, isto , seu culto era permitido, em domicilio, ouparticularmente. Embora celebrados os cultos "em casas para isso destinadas",no poderiam, no entretanto, possuir elas, externamente, a forma aparatosa detemplo: assim, era-lhes defeso erigir torre ou campanrio, possuir sino e, tambm,manter na face exterior ou na porta, quaisquer smbolos, figuras ou imagensdemonstrando ser o prdio, de fato, um lugar onde se realizassem cultos, fossequal fosse a religio, crist ou no crista.Ora, em consequncia de seu precrio estado, de pobreza extrema ou demiserabilidade, os negros escravos no poderiam dar-se ao luxo de possuir umacasa especial destinada a seus cultos, reminiscncia longeva da religio que elese seus prprios maiores professavam no adusto "hinter-land" ou na costa d'frica.Por isso mesmo, dado essa situao econmica, os misteriosos cultos feiticistasdos negros escravos realizavam-se na calada da noite, aps o estafante eembrutecedor trabalho diurnal no eito, no engenho, nas fazendas e estncias no prprio recesso das senzalas promscuas, ou no terreiro delas.

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    Nota NINA RODRIGUES que o sacerdcio yorubano (como os demais sacerdotesfeiticistas), perdeu no Brasil, toda interveno nos atos da vida civil.

    Diz aquele autor:

    "O casamento, os atos de nascimentos, o enterro, so regulados por leis do pas,que no tolera a interveno dos padres negros. Apenas persiste o culto dosmortos e com ele prticas e cerimnias africanas.

    Essas prticas e cerimnias so de diferente ordem, merecendo ser destacado, deentre eles, os "Xangs" ou "Candombls", "Macumbas" e "Batuques".A Constituio e as leis do Imprio toleravam os cultos feiticistas, desde querealizados discretamente, no recinto de lugares (senzalas, terreiros, etc.) que norevestissem a forma exterior de templo. E teria que haver essa tolerncia,porquanto, no sentir do prof. Arthur Ramos "o feitio uma realidade brasileira".

    III NA REPBLICA

    1) A separao da Igreja do Estado

    Proclamada a Repblica a 15 de Novembro de 1889, j a 7 de Janeiro de 1890,decretava o Governo Provisrio, sob o n. 119-A "a plena liberdade de cultos" eproibia a interveno da autoridade federal e dos estados federados em matriareligiosa.Os artigos principais desse decreto eram os seguintes:

    Art. I E' proibido autoridade -federal, assim como dos Estados federados,expedir leis, regulamentos, ou atos administrativos, estabelecendo alguma religioou vendando-a, e crear diferenas entre os habitantes do pas, ou nos serviossustentados custa do oramento, por motivo de crena, ou opinies filosficasou religiosas.Art. II A todas as confisses religiosas pertence por igual a faculdade deexercerem o seu culto, regerem-se segundo a sua f e no serem contrariadosnos atos particulares ou pblicos, que interessem o exerccio deste decreto.Art. III A liberdade aqui instituda abrange no s os indivduos nos atosindividuais, seno tambm as igrejas, associaes e institutos em que se acharemagremiados, cabendo a todos o pleno direito de se constiturem e viveremcoletivamente, segundo o seu credo e a sua disciplina, sem interveno do poderpblico .

    ............................

    ............................

    Art. V A todas as igrejas e confisses religiosas se reconhece a personalidadejurdica, para adquirirem bens e os administrarem... etc.

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    Esse decreto mais conhecido por "separao da igreja e do Estado" veiu,pois, possibilitar a existncia, em igualdade de condies, de todas as igrejas econfisses religiosas, instituindo, assim a plena, a absoluta liberdade de cultos emcontraposio liberdade parcial vigente no regime monrquico.Desde 7 de Janeiro de 1890 que o Estado brasileiro passou a ser juridicamente

    laico.2) No projeto de Constituio Republicana

    O governo Provisrio instalado a 15 de Novembro de 1889, com o decreto n. 21de 2 de Dezembro daquele ano nomeou uma comisso, conhecida pela"Comisso dos Cinco" composta de Saldanha Marinho, Amrico Brasiliense,Antnio Luiz dos Santos Werneck, Francisco Rangel Pestana e Jos Pereira deMagalhes Castro, afim de elaborar um projeto de Constituio. Esse projeto noseu artigo 72 3. j consignava a liberdade de cultos e no seu 7." proibia asubveno oficial a qualquer culto, assim como as relaes de dependncia oualiana entre qualquer igreja e a Unio e os Estados.Para emitir parecer sobre esse projeto a segunda Assembleia NacionalConstituinte organizou a "Comisso dos Vinte e um", razo de um representantede cada Estado Federado. Depois de muitas emendas dessa comisso e muitodebate no plenrio da Assembleia, viu-se afinal promulgada em 24 de Fevereirode 1891 a Constituio da Repblica dos Estados Unidos do Brasil, que noalterou os princpios propostos pela "comisso dos cinco".

    3) Na Constituio Republicana de 1891

    No captulo das declaraes de direito, figuram os seguintes dispositivos,relativamente liberdade religiosa:

    Art. 72 3. Todos os indivduos e confisses religiosas podem EXERCERPBLICA E LIVREMENTE O SEU CULTO; associando-se para esse fim eadquirindo bens, observadas as disposies do direito comum.

    .....................................

    7. Nenhum culto ou igreja gozar de subveno oficial, nem ter relao dedependncia ou aliana com o Governo da Unio, ou dos Estados.

    .....................................

    28. Por motivo de crena ou de funo religiosa, nenhum cidado brasileiropoder ser privado de seus direitos oficiais ou polticos, nem eximir-se documprimento de qualquer dever cvico.

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    Retraam, tais preceitos, a situao do Estado Brasileiro, com sendomeduarniente leigo possibilitando, assim, na Repblica, a coexistncia detodas as crenas e religies, exercitando o seu culto, PBLICA E LIVREMENTE,com uma nica ressalva "desde que no ofendam a moral pblica e as leis". "Aclusula final escreve o ministro Carlos Maximiliano encerra, em sntese, a

    nica restrio liberdade religiosa em geral".Pelo espao de trinta e nove anos, seja, desde 1891 at 1930 tais princpiosestiveram regulando a matria, no Brasil.

    4) No Cdigo Penal da Repblica

    Acompanhando a doutrina da liberdade religiosa que a Repblica nos trouxe, oCdigo Penal, promulgado a 11 de Outubro de 1890, pelo decreto n. 847, nopodia deixar de dedicar um captulo especial para tratar "dos crimes contra o livreexerccio dos cultos" e que se comps dos quatro artigos seguintes:

    Art. 185. Ultrajar qualquer confisso religiosa vilipendiando ato ou objeto de seuculto, desacatando ou profanando os seus smbolos publicamente.Pena: de priso celular por um a seis meses.Art. 186. Impedir, por qualquer meio, a celebrao de cerimnias religiosas,solenidades e ritos de qualquer confisso religiosa ou perturb-la no exerccio deseu culto.Pena: de priso celular por dois meses a um ano.Art. 187. Usar de ameaas, ou injrias contra os ministros de qualquer confissoreligiosa, no exerccio de suas funes.Pena: de priso celular por seis meses a um ano.Art. 188. Sempre que o fato for acompanhado de violncia contra a pessoa ,apena ser aumentada de um tero, sem prejuzo da correspondente ao ato deviolncia praticada, na qual o criminoso tambm incorrer.Apesar da clareza desses dispositivos, muita perseguio tem sido movida contraos diversos cultos divergentes da Religio catlica, mas as autoridades judiciaisterminam por reconhecer os princpios de liberdade religiosa, numa expressoinequvoca de que no se sujeitam s injunes nem tornam partido por religionenhuma.

    5) Na Constituio de 1926

    A reforma constitucional de 7 de Setembro de 1926 em nada alterou o princpiolegal da liberdade religiosa, pois permaneceram imutveis os pargrafos 3., 7. e28., apenas acrescido o 7., para melhor esclarecimento do assunto, com oseguinte trecho: "A representao diplomtica do Brasil junto Santa S noimplica violao deste princpio" da separao e no aliana entre a igreja catlicae o Estado.

    6) Na Constituio de 1934

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    Conseqente da Revoluo de Outubro de 1930, foi convocada a 3. AssembliaNacional Constituinte Brasileira, cujos trabalhos foram coroados com apromulgao da Constituio de 16 de Julho de 1934.Nela os preceitos referentes matria religiosa esto classificados no artigo 113 eseus pargrafos seguintes:

    Art. 113, 4. Por motivo de convices filosficas, polticas ou religiosas,ningum ser privado de qualquer dos seus direitos, salvo o caso do art. III (letraB). 5. E' inviolvel a liberdade de concincia e de CRENA, e GARANTIDO OLIVRE EXERCCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS, DESDE QUE NOCONTRAVENHAM ORDEM PBLICA E AOS BONS COSTUMES. Asassociaes religiosas adquirem personalidade jurdica nos termos da lei civil.Como a Constituio de 1891, tambm a Carta Constitucional de 16 de Julho de1934 estabelece ressalvas para o livre funcionamento das atividades religiosas:"ser garantido o livre exerccio dos cultos religiosos, desde que nocontravenham ordem pblica e aos bons costumes".Visa com isto reprimir abusos e garantir a ordem pblica.

    7) Na Constituio de 10 de Novembro de 1937

    A experincia de 7 anos de regime "post revoluo" de 1930, levou o Chefe doGoverno a revogar a Constituio de 1934 e a promulgar novo estatutoconstitucional, afim de "assegurar Nao a sua unidade, o respeito sua honrae sua independncia, e ao povo brasileiro, sob um regime de paz poltica social,as condies necessrias sua segurana, ao seu bem-estar e suaprosperidade."A matria religiosa est regulada no artigo 122, 4., que o seguinte:

    4. Todos os indivduos e confisses religiosas podem exercer pblica elivremente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens,observadas as disposies do direito comum, as exigncias da ordem pblica edos bons costumes.

    A Constituio vigente, de maneira inequvoca, confirma os preceitos da legislaoanterior * de liberdade religiosa, com a mesma ressalva de 1934: "observadas asdisposies do direito comum, as exigncias da ordem pblica e dos bonscostumes."

    NO CDIGO PENAL A VIGORAR DE 1. DE JANEIRO DE 1942

    Na exposio de motivos do autor do ante-projeto, o dr. Francisco Campos, M. D.Ministro da Justia, explica a classificao como "espcies" do mesmo "genus" os"crimes contra o sentimento religioso" e os "crimes contra o respeito aos mortos".S. Excia., com essa classificao, mostra em que alto conceito tem o sentimentode religiosidade, de onde partiu a divergncia deste cdigo para com o anterior,como ele muito tem o diz:

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    "o projeto divorcia-se da lei atual, no s quando deixa de considerar os crimesreferentes aos cultos religiosos como sub-classe dos crimes contra a liberdadeindividual (pois que passa a ser, precipuamente, objeto da proeo penal, areligio como um bem em si mesma)...

    Essa divergncia, portanto, objetiva claramente o que de respeito merece aReligio, como princpio fundamental das liberdades individuais, que o direitomoderno cada vez mais acentua e que p Brasil, pioneiro que dos grandesmovimentos do pensamento humano, no , poderia deixar de afirmar em seuscdigos, como ficou plasmado na Constituio Nacional de 10 de Novembro e nonovo Cdigo Penal que assim regula o assunto:

    ULTRAJE A CULTO E IMPEDIMENTO OU PERTURBAO DE ATO AELE RELATIVO

    Art. 208. Escarnecer de algum publicamente, por motivo de crena religiosa;impedir ou perturbar cerimnia ou prtica de culto religioso; vilipendiarpublicamente ato ou objeto de culto religioso :Pena: Deteno, de um ms a um ano, ou multa de quinhentos mil ris a trscontos de ris.Pargrafo nico. Se h emprego de violncia, a pena aumentada de um tero,sem prejuzo da correspondente violncia.

    O PROBLEMA RELIGIOSO NO PERODO REPUBLICANO

    A Repblica trouxe a separao absoluta entre a igreja e o Estado. Hoje nomais h a religio oficial; a Igreja Catlica si tem a sua representao diplomtica

    junto aos poderes constitudos, o tem to somente como a dos demais governosestrangeiros, considerado como uma soberania estrangeira o Estado de Pontifcio,cuja sede em Roma, que tambm o considera pas estrangeiro.Poderamos considerar a liberdade religiosa como dentro dos princpios derespeito s minorias, mas o ltimo "censo", apesar da tibiesa de muitos e da morientao ou m f de vrios agentes censitrios, demonstrou que o "Espiritismo"

    j no uma minoria ou que o "Catolicismo" no mais constitue a maioria.Tambm as autoridades policiais mostram a compreenso de que o "Espiritismo"merece o respeito devido a todas as demais religies. Si na ltima campanhacontra o "baixo espiritismo" houve alguns excessos, esses partiram, no dasordens emanadas, mas da ignorncia de alguns de seus mandatrios. Entretanto,era preciso "separar o joio do trigo" e esse objetivo si no foi alcanadoplenamente, melhorou de muito a situao, merecendo portanto a campanha todoo aplauso dos que no fazem da religio "ganha po" ou "fonte de renda", nem seservem da boa-f da humanidade para dar expanso a instintos inferiores."A Deus o que de Deus e a Csar o que de Csar": essas palavras sbias dodoce Nazareno ainda aqui tm cabimento. Umbanda no interessa nemespeculao nem mistificaes. E ns no poderamos deixar de dar todo o apoioaos poderes constitudos, no s por convico, mas tambm pelo esprito de

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    disciplina que aprendemos de nossos guias espirituais. "E' preciso respeitar paraser respeitado".Admitimos que haja algum com razo de queixa por excessos praticados, masgarantimos que tais excessos s foram praticados por conta de inimigos oudespeitados que aproveitando o desconhecimento de nossas prticas por parte da

    autoridade encarregada, tenham procurado por meio de denncias falsas eiludindo a boa f daquela, dar expanso a seus instintos. H um brocardo degente velha que diz: "Livra-te dos amigos porque com os inimigos j contas".

    O ESPIRITISMO EM SUAS MODALIDADES PERANTE AS LEIS

    O Espiritismo um s, como as religies apenas em aparncia divergem, como aVerdade sempre a mesma, por mais diversa que seja a sua apresentao.Procurando-se remontar s eras mais distantes, tanto quanto pode o espritohumano e a concepo mais fantasista, poderemos afirmar que a Umbandamostra vestgios de sua existncia h mais de 10.000 anos; mas si nos forpossvel recuar at o incio da vida neste planeta de sofrimentos, isto , desde aprimeira manifestao espiritual, h Espiritismo e h Umbanda. Podemos talveznesse recuo, astronmico para ns, no encontrar o fenmeno igualmentedenominado; outra poder ter sido a designao, as suas manifestaes deveriamser diferentes e a sua apresentao mais primitiva, mas dado o desconto daevoluo, estaremos diante dos mesmos fenmenos.Allan Kardec, o nosso grande mestre, no foi o iniciador do Espiritismo comomuitos leigos podero pensar, mas o codificador genial da doutrina conhecida nasua poca, ele mesmo n-lo diz em uma de suas obras quando profetiza novosconhecimentos para a humanidade. Portanto, no nos admiremos si no futuro,com a evoluo, outros venham a ser os vocbulos que denominaro a nossareligio.E ns devemos estar sempre atentos, como mandava o Divino Mestre Jesus nasua passagem pela Terra, para no nos desviarmos da correnteza, para noficarmos margem do conhecimento e da evoluo.Essas ideias nos vieram mente, no momento em que iniciamos o estudo dasegunda parte desta despretensiosa tese e quando iamos comear, comopreliminar do estudo do Espiritismo perante as leis, a fazer observaes em tornodos diversos rituais das religies conhecidas. De fato, no h religio sem ritual.Umas tm o seu cerimonial mais pomposo, outras menos, mas o ritual a leiparticular de cada religio para a sua prtica. Assim como no h cincia sem asua consequente arte objetiva, tambm no h filosofia sem a sua consequentearte o ritual , para que ambas em conjunto formem a Religio.Si compararmos os diversos rituais da Igreja Catlica, notaremos diferenas queno atingem a essncia; si compararmos os ritos hindus, vedantas ou essnios,ainda encontraremos o mesmo fundamento; si formos s antigas religies doEgipto e da Grcia, ainda no encontraremos divergncias fundamentais; sipassarmos s religies crists ditas protestantes e para o Espiritismo de mesa oude terreiro, ainda assim vamos encontrar afinidades.Comparando o ritual da Religio Catlica que preferimos citar por ser o maisconhecido com o ritual do Espiritismo de Umbanda, veremos quanta similitude.

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    Seno vejamos: Os sacerdotes catlicos tm a sua indumentria especial paracada cerimnia a Umbanda tambm o tem; mais simples, verdade. Os altaresda Igreja catlica esto adornados de imagens e estas de flores e de velas; os dosnossos templos tambm. Queimam-se essncias e perfumes igualmente, eigualmente so empregados elementos de bebidas e de alimento em ambos.

    A Igreja catlica tem seus hinos e seus cnticos igualmente como a Umbanda.E o que so todos esses elementos si no a forma de elevar a matria at oesprito?E' preciso no esquecer a sbia lio desses espritos luminares, que tomam asformas mais grosseiras e simples para nos ensinarem a humildade .E ns todos sem distino de graus, que num mesmo planeta o plano idnticopara todos precisamos encarar o problema, no com falsa modstia, mas comsinceridade; precisamos de elementos para elevar a nossa matria e a nossamente at um ambiente superior, o que s se consegue com a concentrao, oque s se consegue com as oferendas. Si o nosso ambiente pestilento paraaquelas entidades superiores que descem do astral, necessrio a queima deessncias os nossos defumadores os banhos de hervas, para tornar menoscausticante e mais acessvel a chegada dos espritos superiores. E' essa acondio nossa, da Igreja catlica e a de todas as religies. Como no estamosfazendo trabalho de ritual comparado, mas simplesmente apresentando asimilitude que existe entre os de diversas religies, passaremos sconcluses a que nossa tese objetiva, qual seja o de encarar o Espiritismo peranteas leis do pas. Para tanto bastaria afirmar que todas as nossas prticas so asbastantes e necessrias para caracterizar uma Religio, logo somos umaRELIGIO e como tal estamos sombra protetora das leis.

    A nossa afirmativa atinge a qualquer modalidade de Espiritismo nem se digaque o Espiritismo dito de mesa no segue normas ritualsticas, fazendo as suasprticas com preparo de ambiente, com seus "mantrans" de fixao para aconcentrao, com suas correntes organizadas em equilbrio ambiente, comsua iluminao mortia e propiciadora meditao, com suas exortaes, compreces de abertura e de encerramento, com suas invocaes, etc. como"mantrans" so as nossas imagens, os nossos cnticos, os nossosdefumadores e indumentria branca e simples, e todo o nosso ritual por demaisconhecido de todos.Mesmo aqueles que ainda teem a inferioridade do interesse pecunirio para suasprticas e que esto em desacordo com a nossa concepo sublime de que oque nos dado de graa, de graa deve ser dado mesmo esses encontrariam,nas outras religies, precedentes, porquanto os sacerdotes de todos os outroscultos, ou vivem das esprtulas e oferendas dos crentes, ou cobram o seutrabalho nas suas cerimnias.Essa nossa afirmativa no vos parea apoio de nossa parte aos nossoscompanheiros de crena que especulam com a mediunidade, mas a nossa tesetem por objetivo demonstrar a posio do Espiritismo em suas modalidadesperante as leis, e si provarmos o mais "ipsofato" fica provado o menos.

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    Portanto, em concluso bastaria provar que o Espiritismo uma Religio, como defato o , como o provamos linhas atrs, e como do domnio pblico ereconhecido pelas nossas autoridades e pelas leis, para estar atingido o objetivoda nossa tese.Como ilustrao de nossa afirmativa vamos ler o seguinte despacho do Dr. Chefe

    de Polcia, Major Filinto Muller:"Em matria religiosa autoridades no devem interferir, dado o princpioestabelecido na Constituio, da absoluta independncia entre o temporal e oespiritual. Assim, no compete ao Poder Pblico, entrar em apreciaes denatureza metafsica ou teolgica, opinando quanto ao mrito de certas questesque transcendem completamente sua alada funcional. O maior interessado emsalvaguardar a possibilidade das sesses espritas o requerente, a quemcertamente teriam ocorrido as objecoes apresentadas pelo Sr. ComissrioDeocleciano Martins de Oliveira Filho, no seu parecer de folhas, sustentado peloSr. Comissrio Waldemar Claudino de Oliveira Cruz, neste particular. Entretanto,no o responsvel pela realizao das sesses que as considera prejudicadaspelo ambiente este ponto de vista o da autoridade policial a quem incumbe avigilncia e assegurar a ordem pblica, permitindo, entretanto, a absolutaliberdade de todos os atos que no afetem a segurana coletiva ou a moralpblica. Em nenhum destes casos incide o Centro requerente, que tambmno contraria nenhuma das disposies legais ou regulamentares ou asinstrues de servio baixadas por esta chefia, e dentro de cujo quadro se devedesenvolver a atividade funcional das autoridades policiais encarregadas dafiscalizao. Nessas condies, nada h que deferir, em face do art. 122, n.4, da Constituio."

    (Do "Correio da Manh" de 3-10-1941).

    CONCLUSES

    NO BRASIL COLONIAL

    - O culto do espiritismo era praticado mais ou menos ocultamente nas senzalas eterreiros.

    NO BRASIL IMPRIO

    - O Estado tolerava os cultos divergentes da religio oficial, desde que realizadosdiscretamente, no recinto de casas no revestidas exteriormente do carter detemplo.

    NO BRASIL REPBLICA

    Em face da Constituio Federal de 10 de Novembro de 1937, observadas asdisposies do direito comum, as exigncias da ordem pblica e dos bons

  • 8/7/2019 1 Congresso de Umbanda

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    costumes, isto , apresentando-se exclusivamente com aspecto religioso, oEspiritismo em todas as suas modalidades to respeitvel quanto outrosquaisquer cultos religiosos, podendo ser exercido livremente, sem peias ouconstrangimentos.As coaes opostas ao livre exerccio religioso, seja qual for o seu rito, so

    considerados crimes e punveis na forma da lei.RESTRIES AO CURANDEIRISMO

    a) Est sujeito a represso nos termos do cdigo penal, no o Espiritismo, mas ocurandeirismo; seno vejamos o texto legal:

    Art. 284 Exercer o curandeirismo :I prescrevendo, ministrando ou aplicando habitualmente, qualquersubstncia;II usando gestos, palavras ou quaisquer outros meios;III fazendo diagnsticos.

    Pena: deteno de seis meses a dois anos. nico Se o crime praticado mediante remunerao, o agente fica tambmsujeito multa de um a cinco contos de ris.

    CONCLUSAO FINAL

    Se o culto se limita simplesmente celebrao de cerimnias religiosas,solenidades e ritos, por muito extravagantes que sejam e desde quesejam observadas as disposies do direito comum, as exigncias da ordempblica e dos bons costumes, recebe a proteo constitucional do art. 122, 4.,regulada a represso contra os que os desrespeitarem pelo artigo 208 e pargrafodo Cdigo Penal a vigorar de 1. de Janeiro de 1942.

    UTILIDADE DA LEI DE UMBANDA

    Tese apresentada pela Cabana de Pai Joaquim de Loanda, na sesso de 21 deOutubro de 1941, por intermdio de D. Martha Justina, sua Delegada aoCongresso.

    O dever o conjunto das prescries da lei moral, e pelo dever de gratido aosconhecimentos adquiridos na lei de Umbanda que passo a grafar a minha plidaobservao em torno d