2 - COBBAN, Alfred. a Interpretação Social Da Revolução Francesa. Cap. 11 e 13

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COBBAN, Alfred. Os Sans-culottes. In: ______. A interpretao social da Revoluo Francesa, cap.11.

O autor problematiza o termo sans-culottes a partir de uma historiografia recente que enxerga o grupo a partir de um vis poltico e no classicista.

P.102 O autor inicia o captulo chamando ateno para o papel dos miserveis na Revoluo. Tendo falado at o momento na Revoluo feita pelas classes mais altas da burguesia e do campesinato, ele agora pretende falar dos trabalhadores (rurais e urbanos) que tinham demandas diferentes dessas classes prvias.

P.102-104 Inicia um debate sobre a escrita da histria que atribua um carter socialista Revoluo, citando exemplos de estudos que se diferenciavam a partir das diferenciaes ideolgicas que encontravam no prprio comunismo.

Guerrin: faz uma oposio entre as camadas menos abastadas o restante, a partir da figura dos bras nus que tinham o objetivo de fazer com que os trabalhadores no firmassem acordos com essas classes que, segundo ele, s queriam favorecer seus interesses. Mathiez: identifica nos enrags ideias polticas democrticas e posturas econmicas socialistas Rud: estuda as turbas que tomaram as ruas em diversos momentos e identifica que ao contrrio do senso comum elas no eram formadas apenas pela escria da sociedade e sim por representantes de diversas camadas da sociedade. Segundo Rud, nenhum membro especfico dessas classes representava o tipo ideal da mesma, mas isso acontecia de certa forma com os sans-culottes, pois o termo assume a partir de 1792 uma conotao poltica.

P.105 M. Soubol problematiza o grupo dos Sans-culottes chamando ateno para o fato de ser um grupo heterogneo, que abarca, por exemplo, pequenos proprietrios e trabalhadores assalariados ao mesmo tempo. O que implica numa expressa contradio interna. Por isso, no pode-se falar de demandas nicas do grupo, uma vez que aliado ao estudo de Richard Cobb (que estudou a representao regional dos sans-culottes) vemos que as armadas revolucionrias (manifestao do sans-cullotisme) so compostas por diversos grupos sociais em determinadas regies, com a presena de ricos inclusive. Cobb conclui que a ligao entre essas armadas e os sans-cullotes pouco precisa, visto que em determinados locais elas foram utilizadas como fora de represso a movimentos de aumento salarial.

P.106 Dentro ainda da problematizao do termo sans-cullote cita o trabalho de K.D. Tonesson que caracteriza o grupo como formado pelo menu peuple (povo mudo), mas isso acarretaria no esquecimento de ilustres sans-cullotes que no se enquadram nessa categoria.Voltando a teoria de Soubol, completando o raciocnio anterior, Soubol diz que o termo inadequado para o vocabulrio sociolgico dos dias de hoje, mas correspondia realidade da poca. Cobban chama ateno para o fato de que anteriormente Soubol falara das contradies internas do grupo e completa dizendo que para Soubol os sans-culottes era na verdade um grupo (formado por burgueses, camponeses ou que for) que era contrrio mesmo aos valores feudais objetificados na aristocracia. isso que os define aqui, um vez que so identificados como um grupo poltico e no uma classe social.

P.107 Segundo o autor, essa interpretao poltica dos sans-culottes uma reao ao enquadramento socialista dos movimentos de esquerda da Revoluo, no que Rud chama ateno para o fato de que por mais que que esses grupos tivesses demandas econmicas de diversas formas eles tambm eram inspirados por ideais polticos, o que tambm no quer dizer que os tenham criado e muito menos que os lderes desses movimentos que tinham essas ideias fossem representantes dessas classes. Essas ideias eram disseminadas por agitadores, por panfletos em linguagem popular.

P.108-110 O autor finaliza o captulo destacando o interesse da nova historiografia marxista sobre o os sans-culottes, que segundo ele deve-se aos paralelos existentes entre a Revoluo Francesa e a Revoluo Russa de 1917. A identificao do proletariado russo com os sans-culottes claramente enxergada atravs mesmo da terminologia dada por esses historiadores.

COBBAN, Alfred. Pobres contra ricos. In: ________. A Interpretao Social da Revoluo Francesa. Cap.13.

O autor caracteriza a oposio entre pobres e ricos, principalmente a partir do grupo menos favorecido da populao francesa que dissemina uma cultura de dio contra todos que possui uma situao econmica superior (por menor que fosse).

P.120-122 Comea problematizando a oposio entre ricos e pobres e a complexidade dessas relaes e da sua representao atravs do tempo. Chama ateno para assimilao da situao francesa a partir do caso ingls, que possua fronteiras mais delimitadas e uma classe trabalhadora mais ativa desde o sculo XVIII, com indcios de uma conscincia poltica capaz de fazer insurgirem lderes polticos.O que o autor chama ateno mais uma vez a multiplicidade dos grupos polticos, que mais uma vez, no representam classes e interesses homogneos. Vai na literatura da poca e a sua representatividade, perguntado se os valores liberais eram mesmo to difundidos na frana do XVIII.

P.122-124 s vsperas da Revoluo h um crescimento de uma literatura (nos cahiers, nos jornais, panfletos, etc) de um sentimento de dio os ricos. Mesmo por reacionrios pessimistas, como o caso de Linguet, indubitvel o sentimento de distanciamento que existe entre pobres e ricos (no necessariamente a nobreza, mas todos aqueles que exploram os pobres). Percebe-se uma cultura de condenao ao luxo, ao conforto, etc.

P.125-127 Fala-se muito do dio com aqueles que lucravam. Da intensa atividade de emprstimo, mas o dio mesmo dos pobres estava em todos aqueles que se encontravam acima dos mesmos, no necessariamente a alta nobreza, e sim todos aqueles que eram economicamente superiores.

P.127 O dio maior era direcionado aos proprietrios de terra. Com uma enorme quantidade de protestos em relao diviso de grandes pedaos de terra e o clamor por leis que impedissem o acumulo delas.

P.128-132 A cultura do dio perpetua-se tanto no campo como na cidade, e mostra que por mais que esses estivessem dispostos a uma revoluo poltica futura, queriam manter seus dogmas econmicos, mostrando-se contrrios a inovaes tecnolgicas, entre outras coisas.

Alexsandro Pizziolo

A Interpretao Social da Revoluo FrancesaFichamento dos captulos 11 e 13

Atividade da disciplina de Histria Contempornea I, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.Professor: Carlo Romani

Rio de Janeiro, agosto de 2014