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ANO 6 NÚMERO 67 FEVEREIRO DE 2018 • PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO EXPEDIENTE Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler – Dom Walmor Oliveira de Azevedo | Reitor – Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães | Vice-Reitora – Professora Patrícia Bernardes | Assessor Especial da Reitoria – Professor José Tarcísio Amorim | Chefe de Gabinete do Reitor – Professor Paulo Roberto Souza | Chefia do Departamento de Economia – Professora Ana Maria Botelho | Coordenação do Curso de Ciências Econômicas – Professora Ana Maria Botelho | Coordenação Geral – Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 | Avenida Dom José Gaspar, 500 | Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 | Tel: 3319.4309 www.pucminas.br/Paginas/conjuntura-economica.aspx | [email protected] 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS Alguns dos indicadores básicos utilizados para mensurar o desempenho da economia brasileira, tais como: taxa de inflação, taxa de juros, taxa de desemprego, produção industrial, etc. apresentaram pequenas recuperações. Porém, tais “avanços” foram insignificantes perante o complexo quadro econômico, político e social no qual o país tem vivido. Alia-se a isso a grave situação apresentada pelas finanças públicas no país que, além de apresentar desequilíbrios permanentes e estruturais, seus comandantes não têm sido capazes de resolver seus problemas de curto prazo. Enquanto isso, com a falta de investimentos governamentais, deterioram-se os já precários serviços básicos oferecidos pelo governo, agravados pelo desesperador clima de insegurança que é hoje a principal marca brasileira seja na avaliação da população interna ou da comunidade internacional. A economia mundial apresenta diferentes processos de retomada do crescimento, seja nos EUA ou na Europa, marcados todos eles por importantes contradições e limitações estruturais que dificultam e prejudicam esses processos. A análise mostra que há uma "recuperação travada" que mantém o crescimento das economias desenvolvidas em um nível baixo, se comparado com períodos anteriores. 2 - CONTAS PÚBLICAS CADA VEZ MAIS DESEQUILIBRADAS AGRAVAM AINDA MAIS A QUESTÃO DA DÍVIDA PÚBLICA Prof. Flávio Riani Nos últimos quatro anos o governo brasileiro não tem sido capaz de gerar recursos financeiros suficientes sequer para pagar parte dos juros da dívida pública. Após a questionável destituição do Governo Dilma, o grupo de comandantes que veio para moralizar o país, além de mostrar aos poucos os equívocos da motivação da destituição, tem se mostrado incapaz, sob todos os aspectos: éticos, morais, eficiência, credibilidade, etc. de conduzir minimamente o país. Agrava-se, a cada passo, a já precária situação fiscal e o governo não apresenta qualquer alterativa consistente que possa reverter ou controlar a situação sequer no curto prazo. Enquanto isso o quadro das finanças vai se tornando cada vez mais grave e fora de controle, facilmente detectado ao se observar que o governo federal não tem conseguido obter receitas líquidas para financiar a totalidade das chamadas despesas obrigatórias.

2 - CONTAS PÚBLICAS CADA VEZ MAIS DESEQUILIBRADAS AGRAVAM AINDA MAIS A QUESTÃO DA ... · 2018-03-02 · ... político e social no qual o país tem vivido. ... A economia mundial

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ANO 6 – NÚMERO 67 – FEVEREIRO DE 2018 • PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO

– EXPEDIENTE – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler – Dom Walmor Oliveira de Azevedo | Reitor – Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães | Vice-Reitora – Professora Patrícia Bernardes | Assessor Especial da Reitoria – Professor José Tarcísio Amorim | Chefe de Gabinete do Reitor – Professor Paulo Roberto Souza | Chefia do Departamento de Economia – Professora Ana Maria Botelho | Coordenação do Curso de Ciências Econômicas – Professora Ana Maria Botelho | Coordenação Geral – Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 | Avenida Dom José Gaspar, 500 | Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 | Tel: 3319.4309 www.pucminas.br/Paginas/conjuntura-economica.aspx | [email protected]

1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS Alguns dos indicadores básicos utilizados para mensurar o desempenho da economia brasileira, tais como: taxa de inflação, taxa de juros, taxa de desemprego, produção industrial, etc. apresentaram pequenas recuperações. Porém, tais “avanços” foram insignificantes perante o complexo quadro econômico, político e social no qual o país tem vivido. Alia-se a isso a grave situação apresentada pelas finanças públicas no país que, além de apresentar desequilíbrios permanentes e estruturais, seus comandantes não têm sido capazes de resolver seus problemas de curto prazo. Enquanto isso, com a falta de investimentos governamentais, deterioram-se os já precários serviços básicos oferecidos pelo governo, agravados pelo desesperador clima de insegurança que é hoje a principal marca brasileira seja na avaliação da população interna ou da comunidade internacional. A economia mundial apresenta diferentes processos de retomada do crescimento, seja nos EUA ou na Europa, marcados todos eles por importantes contradições e limitações estruturais que dificultam e prejudicam esses processos. A análise mostra que há uma "recuperação travada" que mantém o crescimento das economias desenvolvidas em um nível baixo, se comparado com períodos anteriores. 2 - CONTAS PÚBLICAS CADA VEZ MAIS DESEQUILIBRADAS AGRAVAM AINDA MAIS A QUESTÃO DA DÍVIDA PÚBLICA

Prof. Flávio Riani

Nos últimos quatro anos o governo brasileiro não tem sido capaz de gerar recursos financeiros suficientes sequer para pagar parte dos juros da dívida pública. Após a questionável destituição do Governo Dilma, o grupo de comandantes que veio para moralizar o país, além de mostrar aos poucos os equívocos da motivação da destituição, tem se mostrado incapaz, sob todos os aspectos: éticos, morais, eficiência, credibilidade, etc. de conduzir minimamente o país.

Agrava-se, a cada passo, a já precária situação fiscal e o governo não apresenta qualquer alterativa consistente que possa reverter ou controlar a situação sequer no curto prazo. Enquanto isso o quadro das finanças vai se tornando cada vez mais grave e fora de controle, facilmente detectado ao se observar que o governo federal não tem conseguido obter receitas líquidas para financiar a totalidade das chamadas despesas obrigatórias.

Tal situação pode ser constatada no gráfico 1 seguinte, cujas informações foram extraídas das últimas divulgações feitas pelo Tesouro Nacional.

Gráfico 1

As informações destacadas no gráfico 1 mostram que com o “novo governo “ o quadro agravou-se significativamente, sendo que em 2017 e 2018 as receitas líquidas do tesouro foram insuficientes para financiar as despesas obrigatórias, ampliando o volume de recursos rolados, incorporados ao estoque final da dívida, também limitando, cada vez mais, as chamadas despesas discricionárias. Preocupa ainda o fato de que a equipe econômica, elogiada não se sabe por que por uma grande parte da sociedade, tem se mostrado incapaz de apresentar ao país qualquer alternativa inovadora ou mesmo básica para resolver o problema crônico das finanças públicas, que não seja cortar gastos com saúde, educação, segurança, infraestrutura e investimentos em geral. É verdade que o problema das finanças públicas vem se mostrando complicado há muitos anos. Porém é também inquestionável que houve significativa deterioração no período da atual administração brasileira. A tabela 1 destaca a evolução dos valores correntes relativos aos juros devidos da dívida pública e aos resultados primários alcançados no período, cujo intuito principal fora o de tentar honrar os compromissos com pagamento dos juros da dívida pública brasileira.

Tab.1 - Resultado Primário x Juros da Dívida

Brasil - R$ bilhões correntes

Juros (A) Resultado (B) Rolagem

Anos Juros Devidos Resultado Primário B - A

2002 65,70 47,50 18,20-

2003 89,00 55,60 33,40-

2004 56,00 72,20 16,20

2005 76,80 81,30 4,50

2006 86,00 75,90 10,10-

2007 74,50 88,10 13,60

2008 61,90 103,60 41,70

2009 106,20 64,80 41,40-

2010 93,70 101,60 7,90

2011 107,90 128,70 20,80

2012 108,90 104,90 4,00-

2013 157,60 91,30 66,30-

2014 343,90 32,50- 376,40-

2015 613,00 111,20- 724,20-

2016 562,80 155,70- 718,50-

2017 511,40 110,60- 622,00-

Fonte: BACEN Dados da tabela 1 revelam que no período em tela somente em alguns poucos anos o resultado primário alcançado pelo governo foi capaz de pagar os juros da dívida devidos no período. Ressalte-se que, como mostra o gráfico 2, à exceção de 2008, nos demais períodos nos quais os superávits primários ocorreram, os valores foram bem próximos aos dos juros devidos.

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20,00

40,00

60,00

80,00

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Gráfico 2 - Res.Primário/Juros da DívidaBrasil - Consolidado - %

Porém, a partir de 2012 desencadeia-se um processo de diminuição dos resultados primários, acompanhados por um elevado valor nos juros da dívida, impactando significativamente no volume de recursos refinanciados ou rolados incorporados ao estoque final da dívida pública. A evolução da diferença entre os valores dos juros devidos e o resultado primário, refinanciados e que passaram a compor o estoque da dívida pública está destacada no gráfico 3.

-1000

100200300400500600700800

Gráfico 3 - Juros da Dívida RefinanciadosBrasil - Bilhões correntes

Fonte: Dados básicos BACEN

Pelos dados apresentados no gráfico 3 fica evidente o agravamento da questão fiscal , cujos valores refinanciados nos últimos quatro anos ( R$ 2,6 trilhões correntes ) equivalem a aproximadamente 54% do estoque da dívida pública bruta de dezembro de 2017 (Fonte: Bacen). Um balanço dos impactos desse processo pode ser realizado com o auxílio das informações contidas no gráfico 4 seguinte

1.296,94

2.725,39

4.022,32

4.830,00

0,00

1.000,00

2.000,00

3.000,00

4.000,00

5.000,00

6.000,00

Res.Primário Rolagem Total Juros Estoque Dívida

Bruta Dez.2017

Gráfico 4 - Juros, Res.Primário e Rolagem da Dívida Púbica Brasil R$ bilhões Acumulados 2002 a 2017 -

Valores constantes de 2017 - IPCA acumulado

Fonte: dados básicos BACEN

Tomando-se como base 2002, os dados mostram que nesse período até 2017, o governo gerou, a preços constantes de 2017 - IPCA, um montante monetário oriundo de resultados primários destinados ao pagamento da dívida equivalente a R$ 1,3 TRILHÃO. Apesar de extremamente elevado ele representou apenas 32,5% do total de juros ( R$ 4,0 TRILHÕES) devidos no período. O resultado disso é que apesar do sacrifício imposto à sociedade brasileira para a geração de superávits primários, o Governo teve que rolar R$ 2,7 TRILHÕES, incorporando-os ao estoque final da dívida, que a preços de dezembro de 2017 equivalia a um estoque de R$ 4,8 TRILHÕES.

3 - ECONOMIA MUNDIAL: A RECUPERAÇÃO TRAVADA

Prof. Ricardo F. Rabelo

Desde o começo do ano, a economia mundial apresenta um surto de severa instabilidade nos mercados financeiros, caracterizado por queda acentuada nos preços das ações e de outros ativos de risco. Há vários fatores envolvidos, sendo o principal o enfraquecimento do crescimento dos Estados Unidos agravado pelas perspectivas de elevação das taxas de juros pelo FED. Além disso, temos uma performance de pouco dinamismo da demanda mundial, apesar de recuperação do crescimento nos países centrais em especial dos participantes da zona do euro, que viveram uma recessão no período 2011-2013 que atingiu até mesmo as economias mais fortes da região, como Alemanha e França.

Há uma série de fatores estruturais e conjunturais que mantém a economia mundial crescendo limitadamente. De acordo com José Juan Ruiz, economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), há dois fatores principais: a queda do crescimento da produtividade, tanto em países desenvolvidos como emergentes e o aumento dos níveis de endividamento do setor privado e também dos próprios países.

Já Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) alerta para o problema do crescimento da desigualdade. Segundo Bárcena ,o aumento da desigualdade de renda e a polarização social são consequências adversas da hiperglobalização, especialmente no mundo desenvolvido. Hoje, existem oito pessoas que concentram uma riqueza equivalente à de 50% da população mundial mais pobre. A desigualdade ameaça a sustentabilidade econômica e social do atual modelo de desenvolvimento; seus custos ameaçam o bem-estar, o investimento e a inovação. Outro problema estrutural apontado por Bárcena é o Impacto desigual da revolução tecnológica. Mais de 40% da humanidade continua desconectada, não participa e nem tem voz na nova economia digital. Assim como as novas tecnologias redefinem os produtos e o mercado de trabalho, a distribuição desigual e o consumo dessas tecnologias afetam o crescimento e criam novas desigualdades, completa Bárcena.

Como já afirmamos anteriormente ( Carta no. 60), os dados sobre a atividade econômica mundial revelam uma realidade que análises superficialmente otimistas querem esconder: não há uma recuperação em marcha, mas uma tendência geral a um crescimento baixo, travado por fatores estruturais e pelas políticas de austeridade que, infelizmente, ainda permanecem dominantes. Segundo dados do último relatório trimestral do FMI, em 2017 a economia mundial deve ter crescido 3,7%. Para o FMI existe um ciclo mundial de crescimento. “Cerca de 120 economias, que representam três quartos do PIB mundial, viveram uma retomada do crescimento anual em 2017, resultando na expansão sincronizada mais bem distribuída desde 2010”, diz o relatório.

Ainda de acordo com p relatório: “o crescimento do terceiro trimestre superou as expectativas na Alemanha, no Japão, na Coréia do Sul e nos Estados Unidos, entre as economias avançadas, assim como em importantes mercados emergentes, como Brasil (!!!), China e África do Sul. Além disso, indicadores preliminares sugerem que o forte desempenho se manteve no quarto trimestre.” Dessa forma o FMI projeta um crescimento dos países avançados de 2,3% em 2017.

O FMI faz uma revisão positiva nas projeções de 2018 e 2019 atribuídas, principalmente, à melhora no desempenho dos países avançados. A estimativa do FMI para o crescimento dessas economias em 2018 passou de 2% para 2,3%, enquanto a projeção para 2019 saiu de 1,8% para 2,2%. Já a previsão para os países emergentes e em desenvolvimento ficou inalterada em 4,9% este ano e 5% no próximo, uma aceleração após a expansão de 4,7% em 2017.

Segundo o FMI, as condições financeiras favoráveis e a forte confiança continuarão apoiando a demanda, especialmente os investimentos, com impacto significativo no crescimento de países exportadores.

A análise do FMI repete-se periodicamente., sempre jogando para cima as previsões de crescimento, que não se concretizam. Nesse último relatório o FMI revela o caráter enviesado de sua análise, ao defender a reforma tributária do Governo Trump como elemento de crescimento da economia dos EUA e de todo Mundo.

“Além disso, a reforma tributária nos Estados Unidos, que cortou a taxa de imposto corporativo de 35% para 21%, não só elevará o crescimento norte-americano, como também terá impacto favorável na demanda para os parceiros comerciais, em especial, México(!!!) e Canadá”.

O resultado mais provável da Reforma é um grande aumento da taxa de lucro dessas corporações que permanecem direcionando seus investimentos para o mercado financeiro.

3.1 - A ECONOMIA AMERICANA: A NEGAÇÃO DE UM CRESCIMENTO ANUNCIADO

A Economia dos Estados Unidos apresentou em 2016 um crescimento de 1,6%, abaixo dos 2,6% registrados no ano anterior. É a taxa mais fraca desde 2011.

O Produto Interno Bruto dos Estados Unidos expandiu a uma taxa anual de 2,6% no quarto trimestre de 2017, de acordo com o Departamento de Comércio em sua primeira estimativa do PIB. Já no ano de 2017, o crescimento da economia norte-americana foi de 2,3% em relação a 2016. No terceiro trimestre de 2017, a expansão havia sido de 3,2%.

A economia dos Estados Unidos manteve o ritmo de crescimento no quarto trimestre determinado principalmente pelos gastos dos consumidores, que representa dois terços da atividade econômica nos EUA (subiu 3,8% , a melhor performance em um ano), além das exportações e da recuperação do investimento em construção de moradias.

A desaceleração do crescimento no quarto trimestre foi causada pelo ritmo mais intenso dos gastos do consumidor em três anos, que resultou em um aumento das importações, além do ritmo pequeno de acúmulo de estoques.

Gráfico 5

Fonte: Depto. Comércio dos EUA Com a taxa de 2,6% no 4º trimestre, a economia dos EUA não conseguiu atingir crescimento de pelo menos 3% por três trimestres seguidos, o que não acontece desde 2004. O crescimento de 2,3% em 2017 também não deixou o país atingir a meta de crescimento anual de 3% anunciada pelo Governo Trump para este ano.

3.2 - ECONOMIA DA ZONA DO EURO: OS FATORES DO CRESCIMENTO

Em 2017 o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cresceu 2,5%, maior crescimento desde 2007, quando a taxa foi de 3%, de acordo com os dados da agência de estatísticas da União Européia, Eurostat.

A agência de estatísticas ratificou a estimativa preliminar de expansão do PIB na zona do euro no quarto trimestre de 2017 de 0,6% sobre os três meses anteriores e de 2,7% contra o mesmo período de 2016.

A produção industrial da zona do euro cresceu mais do que o esperado em dezembro, puxada pela produção de bens de consumo duráveis e bens intermediários.

De acordo com a Eurostat a produção industrial nos 19 países que usam o euro subiu 0,4% sobre o mês anterior e registrou alta de 5,2% na base anual.

Gráfico 6

Fonte: Agências de Estatística Européias

Segundo o BCE, há uma série de fatores que proporcionam o crescimento da demanda agregada e o investimento como “ condições de financiamento favoráveis e taxas de juros baixas em um contexto do aumento dos lucros”.

Não há, no entanto, uma trajetória assegurada rumo ao crescimento. O principal fator negativo é a persistência das políticas de austeridade econômica nos países centrais e de resgate econômico na periferia da região.

Há um grande contraste entre as anunciadas medidas de reforma trabalhista do Governo Macron na França, e os importantes resultados da política do atual governo português, que fez o país despontar com os maiores índices de crescimento da Zona do Euro. A política econômica de Portugal tem buscado fugir, de forma ainda limitada, aos ajustes neoliberais, o que já tem dado resultados práticos.

Os arranjos políticos na Alemanha para viabilizar a constituição do novo Governo parecem indicar mudanças na política econômica alemã, pois o ministério das Finanças deve ficar com o partido Social Democrata.Essas mudanças podem afetar o rumo da política econômica da Zona do Euro.

3.3 - O CRESCIMENTO DA ALEMANHA: GASTOS DO GOVERNO DINAMIZAM A ECONOMIA

A economia da Alemanha registrou expansão de 1,9% em 2016, seguindo crescimento de 1,7% um ano antes e de 1,6% em 2014. O expressivo crescimento das exportações assegurou um crescimento muito expressivo forte da Alemanha no quarto trimestre de 2017. A Agência Federal de Estatísticas (Destatis) confirmou uma estimativa anterior de crescimento do PIB em 2017 de 2,5% com ajustes sazonais. Esse é o ritmo mais intenso desde 2011.

As exportações da Alemanha atingiram recorde em 2017, segundo dados da Destatis. Neste ano, as exportações alemãs subiram 6,3%, atingindo quase 1,3 trilhão de euros (US$ 1,6 trilhão). Mas as importações da Alemanha também atingiram nível inédito em 2017, cerca de 1,1 trilhão de euros, e avançaram em ritmo ainda maior, de 8,3%.no ano.

Em decorrência desta dinâmica, o superávit na balança comercial da Alemanha diminuiu pela primeira vez em oito anos em 2017, ficando em 244,9 bilhões de euros. Em 2016, o saldo positivo havia sido de 248,9 bilhões de euros, o maior desde a Segunda Guerra Mundial.

Os gastos do governo aumentaram enquanto os do consumidor tiveram pouca mudança. Na comparação anual, a Alemanha expandiu 2,9% no quarto trimestre em dados com ajustes sazonais. Foi o ritmo mais forte de crescimento desde o segundo trimestre de 2011.

3.4 - FRANÇA: A IMPORTÂNCIA DOS INVESTIMENTOS

A França teve em 2017 um crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), a melhor performance nos últimos seis anos, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee). O resultado foi motivado principalmente pelos resultados positivos do quarto trimestre, quando o país registrou um crescimento de 0,6%. De acordo com o Insee, a aceleração do nível de atividade em 2017 é explicada sobretudo pelos investimentos.

Os investimentos das empresas aumentaram 4,3%, depois de uma alta de 3,4% em 2016, e os investimentos das residências cresceram 5,1%, contra 2,4% no ano anterior. Um indício da recuperação da economia francesa é a aceleração das exportações, com um aumento de 3,5% em 2017 (+1,9% em 2016). As importações avançaram em um ritmo similar ao de 2016 (+4,3%, depois de +4,2).

No quarto trimestre, o crescimento dos gastos dos consumidores desacelerou a 0,3% sobre os três meses anteriores, mas os investimentos empresariais ajudaram a compensar com uma expansão de 1,5%.

Por outro lado, a demanda interna participou com 0,5 ponto percentual para o crescimento no trimestre, enquanto a redução de estoques pelas empresas reduziu o crescimento em 0,5 ponto. O comércio exterior contribuiu com 0,6 ponto percentual para a expansão do PIB devido ao aumento mais forte das exportações desde o segundo trimestre de 2010.

3.5 - REINO UNIDO: CRESCIMENTO EM RITMO LENTO

A economia do Reino Unido cresceu 0,5% nos três últimos meses do ano, o que fica pouco acima dos 0,4% verificados no terceiro trimestre. No total do ano, o crescimento econômico do Reino Unido foi de 1,8%, o ritmo mais lento dos últimos cinco anos. Na comparação com o mesmo período de 2016, o crescimento entre outubro e dezembro desacelerou a 1,5 por cento, ritmo mais fraco desde o primeiro trimestre de 2013 e ante 1,7 por cento no terceiro trimestre. A expectativa era de expansão de 1,4 por cento.

3.6 - ESPANHA: CRESCIMENTO EM QUEDA

A Espanha apresentou um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 de 3,1%, de acordo com dados provisórios publicados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE). No 4º trimestre, o crescimento foi de 0,7%, contra 0,8% no trimestre anterior. O resultado global do ano foi levemente inferior aos 3,3% de 2016. Para 2018,o INEi reduziu suas previsões em consequência da crise na Catalunha e espera um avanço de 2,3%, contra a previsão anterior de 2,6%.

3.7 - PORTUGAL : ACELERA-SE O CRESCIMENTO

Economia portuguesa cresceu devido ao aumento da procura interna, informa o INE. É o maior crescimento desde 2000

Em 2017, o PIB de Portugal cresceu 2,7% em volume, mais 1,2 pontos percentuais que o registrado no ano anterior. Esta evolução resultou do aumento da contribuição da demanda interna, refletindo principalmente a aceleração do Investimento, uma vez que a demanda externa líquida apresentou uma contribuição idêntica ao registrado em 2016.

Este é o ritmo de crescimento mais elevado desde 2000, sendo que esse ano a economia subiu 3,8% e desde então, quando cresceu, foi sempre a ritmos inferiores a 2,7%. O crescimento da economia se dá em grande medida pelo relativo abandono, pelo atual governo, das políticas de austeridade adotadas anteriormente adotadas por imposição da "troika" ( Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI).

3.8 - GRÉCIA: ECONOMIA RETOMA O CRESCIMENTO, MAS CRISE CONTINUA

A Grécia tem vivido uma crise econômica provocada pela alta dívida pública. A crise foi determinada pelos planos de "resgate" da dívida impostos pela União Européia, fazendo o país sofrer recessão, alto nível de desemprego e falta de credibilidade no mercado internacional. O forte plano de ajuste fiscal ainda vem sofrendo oposição popular, pois implica em redução de gastos públicos relacionados a, principalmente, direitos trabalhistas.

Bancos, indústrias e até o setor de turismo sofreram com a crise. A possibilidade da Grécia sair da Zona do Euro, embora tenha diminuído, ainda existe. A crise grega chegou a repercutir , nos anos anteriores, fora dos limites da economia grega, afetando, principalmente, os países integrantes da União Européia.

Paulatinamente a economia foi saindo da recessão, tendo apresentado crescimento zero nos anos recentes. Em 2017, no entanto, a economia grega voltou a crescer, se estiverem corretos os dados da União Européia, que estima que a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) grego tenha atingido 1,6% em 2017. A recuperação econômica da Grécia, no segundo e terceiro trimestres de 2017, foi principalmente sustentada pelas exportações, significando que o país ainda não retomou o dinamismo interno da economia, dependendo do crescimento em geral na Europa para começar a sair da crise.