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Editorial2

Em janeiro de 2015, Dilma Rous-seff vai iniciar o seu segundo man-dato na Presidência da República.Reeleita no segundo turno das elei-ções com 51,64% dos votos válidoscontra 48,36% de Aécio Neves, elaterá pelos próximos quatros anos odesafio de construir uma base desustentação política e social paramanter a governabilidade e evitarretrocessos sociais, diante de umCongresso mais conservador e deuma mídia que se comporta comopartido político de oposição. Seu se-gundo mandato não pode se tornaro terceiro turno de uma das eleiçõesmais polarizadas dos últimos tempos.

De acordo com o DepartamentoIntersindical de Assessoria Parlamen-tar (Diap), o número de parlamen-tares ligados a segmentos mais con-servadores – como as bancadas dasegurança, religiosa e ruralista –apresentou crescimento na últimaeleição. Também, o número de de-putados ligados a causas sociais caiudrasticamente e a proporção da

frente sindical sofreu forte redução– dos atuais 83 para 51 eleitos. Naprática, significa que propostas deinteresse dos trabalhadores e ligadasaos direitos humanos vão enfrentardificuldades para tramitar na CâmaraFederal e no Senado.

A reforma política e a regulaçãoeconômica dos meios de comuni-cação foram anunciadas comoprioridade pela presidenta em seusprimeiros discursos após a vitória.Todavia, as forças conservadorasse movimentam para impedir queas reformas se concretizem. Pros-seguem as tentativas de descons-trução de Dilma e de seu governo,que tiveram um ápice com o ata-que sórdido da revista Veja contraa sua campanha, às vésperas dosegundo turno.

A expectativa dos trabalhadoresé que a presidenta consiga o retornodo crescimento econômico, a im-plementação de reformas estruturaise a democratização da mídia. Nareforma política, é necessário acabar

com o financiamento das empresasnas campanhas eleitorais, asseguraro pluralismo partidário, o sistemaproporcional, coligações partidáriasem todos os níveis e elevar a partici-pação das mulheres no CongressoNacional.

Apesar de ter crescido o númerode eleitoras e de candidatas, e mes-mo que o cargo mais importantedo país seja ocupado por uma mu-lher, as mulheres ainda são minoriaem termos de representação polí-tica. Nesta eleição, segundo infor-mações do TSE, o número de de-putadas estaduais e distritais dimi-nuiu 14,89% − foram eleitas 120mulheres, contra 141 atualmente.Ou seja, a representação popularnos estados continua predominan-temente masculina, já que apenas11,33% dos deputados estaduais edistritais são mulheres. Como todasas reformas dependem do Con-gresso Nacional, mudanças demo-cráticas somente serão viáveis pormeio de ampla mobilização social.

Na área da educação há váriosdesafios a serem enfrentados. A co-meçar pela regulamentação do Sis-tema Nacional de Educação (SNE),tema central da II Conferência Na-cional de Educação (Conae) realizadaem novembro. O SNE é uma dasprincipais bandeiras de luta da Con-federação Nacional dos Trabalhadoresem Educação (Contee). A instituiçãodo SNE é essencial para promover,de forma articulada, em todo o país,questões como: regime de colabo-ração; financiamento, acompanha-mento e controle social da educação;gestão democrática; inclusão social;reconhecimento e respeito à diversi-dade; formação e valorização dostrabalhadores em educação – tantoda rede pública quanto do setor pri-vado. E será o próximo governo dapresidenta Dilma Rousseff, aqueleque, enfim, implementará o SNE,garantindo também a regulamenta-ção da educação privada no Brasil,com as mesmas exigências legaisaplicadas à rede pública.

Segundo mandato não pode se tornar o terceiro turno das eleições

Publicação do Departamento de Comunicação do Sinpro Minas

ANO XXXIV - Nº 145 - NOVEMBRO DE 2014

Diretores responsáveis: Aerton Silva e Marco Eliel de Carvalho;

Editora/Jornalista responsável:Débora Junqueira (MG05150JP);

Redação: Cecília Alvim (MG09287JP)

Denilson Cajazeiro (MG09943JP)Nanci Alves (MG03152JP),

e Saulo Martins (MG15509JP);

Programação visual:Mark Florest;

Design Gráfico:Fernanda Lourenço e Mark Florest;

Estagiária: Pollyana Bitencourt;

Revisão: Aerton Silva;

Impressão: O Lutador;

Tiragem: 35.000 exemplares;

Distribuição gratuita: Circulação [email protected]

Jornal Extra-classe 145 • novembro 2014

Expediente

Diretoria Gestão 2012/2016Presidente: Gilson Luiz Reis; 1º Vice-Presidente: Valéria Peres Morato Gonçalves; 2º Vice-Presidente: Marco Eliel Santos deCarvalho; Tesoureiro Geral: Décio Braga de Souza; 1º Tesoureiro: Dimas Enéas Soares Ferreira; Secretária Geral: Liliani SalumAlves Moreira; 1º Secretário: Clovis Alves Caldas Filho; Conselho Fiscal: Newton Pereira de Souza; Nalbar Alves Rocha; FátimaAmaral Ramalho; Suplente do Conselho Fiscal: Aerton de Paulo Silva; Renato César Pequeno; Maria Célia da Silva Gonçalves.Diretoria: Adelmo Rodrigues de Oliveira; Adenilson Henrique Gonçalves; Albanito Vaz Júnior; Alessandra Cristina Rosa; AltamirFernandes de Sousa; Angelo Filomeno Palhares Leite; Aniel Pereira Braga Filho; Antonieta Shirlene Mateus; Antônio de Pádua Ubi-rajara e Silva; Antônio Sérgio de Oliveira Kilson; Aparecida Gregório Evangelista; Aristides Ribas Andrade Filho; Benedito do CarmoBatista; Bruno Burgarelli Albergaria Kneipp; Carla Fenícia de Oliveira; Carlos Afonso de Faria Lopes; Carlos Magno Machado;Carolina Azevedo Moreira; Cecília Maria Vieira Abrahão; Celina Alves Padilha Arêas; César Augusto Machado; Clarice Barreto Li-nhares; Cláudia Cibele Souza Rodrigues; Clédio Matos de Carvalho; Daniel de Azevedo Teixeira; Débora Goulart de Carvalho; DivaTeixeira Viveiros; Edson de Oliveira Lima; Edson de Paula Lima; Eliane de Andrade; Érica Adriana Costa Zanardi; Estefânia FátimaDuarte; Fábio dos Santos Pereira; Fábio Marinho dos Santos; Fernando Antônio Tomaz de Aquino Pessoa; Fernando Dias da Silva;Fernando Lúcio Correia; Geraldo Magela Ribeiro; Gislaine dos Santos Silva; Grace Marisa Miranda de Paula; Haída Viviane PalhanoArantes; Heleno Célio Soares; Henrique Moreira de Toledo Salles; Humberto Coelho Ramos; Humberto de Castro Passarelli; IaraPrestes Stoessel; Idelmino Ronivon da Silva; João Francisco dos Santos; João Marcos Netto; Jones Righi de Campos; José CarlosPadilha Arêas; José Geraldo da Cunha; José Heleno Ferreira; José Mauricio Pereira; Josiana Pacheco da Silva Martins; JosianeSoares Amaral Garcia; Juliana Augusta Rabelo Souza; Laércio de Oliveira Silva; Lavínia Rosa Rodrigues; Liliam Faleiro Barroso Lou-renço; Luiz Antônio da Silva; Luiz Cláudio Martins Silva; Luiz Henrique Vieira de Magalhães; Luliana de Castro Linhares; MarceloJosé Caetano; Marcos Gennari Mariano; Marcos Paulo da Silva; Marcos Vinicius Araújo; Maria Aparecida Penido de Freitas; MariaCelma Pires do Prado Furlanetto; Maria da Conceição Miranda; Maria da Gloria Moyle Dias; Maria das Graças de Oliveira; MariaElisa Magalhães Barbosa; Maria Goretti Ramos Pereira; Maria Helena Pereira Barbosa; Maria Nice Soares Pereira; Marilda Silva;Marilia Ferreira Lopes; Marisa Magalhães de Souza; Mateus Júlio de Freitas; Meire Ruthe Branco Mello; Messias Simão Telecesqui;Miguel José de Souza; Miriam Fátima dos Santos; Moisés Arimatéia Matos; Murilo Ferreira da Silva; Nardeli da Conceição Silva;Neilon José de Oliveira; Nelson Luiz Ribeiro da Silva; Orlando Pereira Coelho Filho; Paulo Roberto Mendes da Silva; Paulo RobertoVieira Júnior; Pitágoras Santana Fernandes; Renata de Souza Guerra; Renata Titoneli de Aguiar; Rodrigo de Paula Magalhães Bar-bosa; Rodrigo Rodrigues Ferreira; Rogério Helvídio Lopes Rosa; Romário Lopes da Rocha; Rossana Abbiati Spacek; Rozana MarisSilva Faro; Sandra Lúcia Magri; Sebastião Geraldo de Araújo; Simone Esterlina de Almeida Miranda; Siomara Barbosa Candian Ia-tarola; Sirlane Zebral Oliveira; Terezinha Lúcia de Avelar; Valdir Zeferino Ferreira Júnior; Valéria Nonata Teixeira; Vera Lúcia Alfredo;Vera Lúcia Freitas Moraes; Wagner Ribeiro; Warley Oliveira Drumond; Wellington Teixeira Gomes; Yuri de Almeida Gonçalves.

SINDICATO DOS PROFESSORES DO ESTADO DE MINAS GERAISSEDE: Rua Jaime Gomes, 198 - Floresta - CEP: 31015.240

Fone: (31) 3115 3000 - Belo Horizonte - www.sinprominas.org.br

SINPRO CERP - Centro de Referência dos Professores da Rede PrivadaRua Tupinambás, 179 - Centro - Cep: 30.120-070 - BH - Tel: (31) 3274 5091

[email protected]

SEDES REGIONAIS: Barbacena: Rua Francisco Sá, 60 - Centro, CEP: 36200-068 - Fone: (32) 3331-0635; Cataguases:Rua Major Vieira, 300 - sala 04 - Centro - CEP: 36770-060 - Fone: (32) 3422-1485; CoronelFabriciano: Rua Moacir D'Ávila, nº 45 - Bairro dos Professores - CEP: 35.170-014 - Fone: (31) 3841-2098; Di vinópolis: Av. Minas Gerais, 1.141 - Centro - CEP: 35.500-010 - Fone: (37) 3221-8488;Governador Valadares: Rua Benjamin Constant, n° 653/ Térreo, Centro - CEP: 35.010-060, Fone:(33) 3271-2458; Montes Claros: Rua Januária, 672 - Centro, CEP: 39.400-077 - Fone: (38) 3221-3973; Paracatu: Rua Getúlio de Melo Franco, 345 - sala 14- Centro - CEP: 38.600-000 - Fone: (38)3672 1830; Poços de Caldas: Rua Mato Grosso, nº 275 - Centro, CEP: 37.701-006 - Fone: (35)3721-6204; Ponte Nova: Av. Dr. Otávio Soares, 41 - salas 326 e 328, Palmeiras - CEP: 35.430-229- Fone: (31) 3817-2721; Pouso Alegre: Rua Dom Assis, 241 - Centro, CEP 37.550-000 - Fone: (35)3423-3289; Teófilo Otoni: Rua Pastor Hollerbarch, 187/201 - Grão Pará, CEP: 39.800-148 - Fone:(33) 3523-6913; Uberaba: Rua Alfen Paixão,105 - Mercês, CEP: 38.060-230 - Fone: (34) 3332-7494;Uberlândia: Rua Olegário Maciel, 1212 - Centro, CEP: 38.400-086 - Fone: (34) 3214-3566;Varginha: Av. Doutor Módena, 261 - Vila Adelaide, CEP: 37.010-190 Fone: (35) 3221-1831.

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Campanha 3

Assim como os professores nãofazem mágica ao lecionar, as con-quistas trabalhistas também não po-dem depender da sorte. Todos osdireitos da categoria são fruto demuita luta. Para ampliar as conquistasé preciso sair da inércia para a mo-bilização.

Para chegar às salas de aula, osprofessores se empenham nas fa-culdades de origem, preparam aulas,exercícios, atividades variadas, provase estão sempre em contínua forma-ção para o exercício da profissão.Todo esse esforço resulta em pro-fessores qualificados. Essa qualifi-cação somente é reconhecida quan-do os professores recebem o quemerecem, ou seja, salários dignos eboas condições de trabalho. O pro-blema é que esse reconhecimentonão cai do céu, precisa ser conquis-tado, pois os donos de escolas sem-pre ganham mais quando não reco-nhecem o valor dos professores efazem de tudo para manter as coisascomo estão ou piorá-las.

Portanto, na campanha reivindi-catória é a mobilização que faz a di-ferença, para dar aval aos esforçosdo sindicato nas negociações com opatronal. Diante da pressão exercidadentro das escolas pode ser difícil seposicionar e tomar atitudes comoconversar com colegas, participardas assembleias e até mesmo deci-dir por uma paralisação ou greve,mas não podemos desistir. Sabe-mos que todas as mudanças são re-sultado do esforço de pessoascorajosas e combativas. Quandotodos se unem, não há obstáculosque não possam ser removidos. Afi-nal, a história mostra que a luta co-letiva é a melhor saída.

Como num jogo, os dados foramlançados, mas nossas conquistas nãopodem depender so men te da sorte

Professores vão se mobilizar para defender as reivindicações que constam na pauta

Nossas conquistas não podem depender da sorte!

Jornal Extra-classe 145 • novembro 2014

e sim das nossas ações e ousadia.Em 2015, vamos fazer valer o nossojogo, sem contar apenas com a sorte,vamos dar as cartas e todos os passoscom coragem para avançar.

A campanha reivindicatória 2015já começou! Várias assembleiasacontecem em todo o estado para adiscussão das pautas de reivindica-ções e preparação da mobilização.Vamos seguir em frente, e demons-trar que merecemos muito mais doque apenas aumento real.

IdiomasA Convenção Coletiva de Trabalho

dos professores de idiomas está emprocesso de dissídio coletivo. Duranteas negociações, ficou clara a intençãodos donos de escolas de retirar di-reitos da categoria. Com isso, nãohouve acordo entre o Sinpro Minase o Sindilivre/Idiomas. Com o objetivode garantir as conquistas dos pro-fessores, o Sinpro entrou com dissídiono Tribunal Regional do Trabalho,em 26 de junho de 2014. A primeirareunião de conciliação aconteceuno dia 28 de agosto, porém nãohouve nenhum avanço. O sindicatoaguarda o julgamento do processo.

Sinepe/Sudeste No dia 3 de dezembro, aconteceu

a audiência de conciliação entre oSinpro Minas e o Sinepe/Sudeste noTribunal Regional do Trabalho (TRT-MG). Foi fechado acordo para a Con-venção Coletiva de Trabalho que ga-rante reajuste de 6% para a EducaçãoInfantil e Fundamental I e de 5,8%para os outros segmentos. O reajusteé retroativo a fevereiro/março de2014. O prazo para o pagamentodos valores devidos é até 6 de feve-reiro de 2015. Também ficou garan-tida a manutenção das demais cláu-sulas da Convenção anterior.

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Movimento4

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A diretora Celina Alves PadilhaArêas, do Sinpro Minas e da CTBnacional, foi condecorada com aOrdem do Mérito Judiciário do Tra-balho Ari Rocha, em 23 de setem-bro. A cerimônia aconteceu noCentro Cultural Banco do Brasil,em Belo Horizonte. A medalha éuma iniciativa do Tribunal Regionaldo Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG) - 3ª Região e destaca as per-sonalidades que atuam de formabrilhante no mundo do trabalho.

Celina é sindicalista desde a dé-cada de 1980 e sua história é mar-cada pela luta em defesa dos direitosdos professores e demais trabalha-dores. A indicação da sindicalistafoi feita pelo desembargador doTRT/MG, Marcelo Lamego Pertence.Para ele, Celina é um exemplo dededicação ao mundo do trabalhoe ao trabalhador. “Seriedade, com-petência e compromisso são aspremissas dessa medalha e ela temesse algo a mais que precisa ser

ressaltado. Pessoa mais indicadanão haveria para receber essa me-dalha”, frisou.

Nesta edição foram agraciadosmagistrados, políticos, profissionaisliberais, intelectuais, instituições,sindicalistas, servidores do PoderJudiciário e, ineditamente, quatrovaras do trabalho que se destacarampela celeridade e produtividade nodesempenho processual.

À frente da cerimônia, a desem-bargadora Maria Laura Franco Limade Faria, presidente do TRT-MG,destacou a importância do mo-mento como a oportunidade dereverenciar os “cidadãos e entidadesque prestam relevantes serviços aobem comum e que contribuem oucontribuíram com ações de en-grandecimento da Justiça do Tra-balho e promoção das instituiçõeslivres e da democracia”.

Para a diretora do Sinpro Minas,Valéria Morato, a homenagem re-presenta o reconhecimento ao tra-

balho do sindicato dos professores,na pessoa da Celina. “Ela é umagrande lutadora, foi presidente doSinpro numa época em que as mu-lheres ainda encontravam muitasdificuldades para ocupar espaçosde poder, e nem por isso ela deixoude lutar pela categoria e por me-lhores condições de vida para ostrabalhadores. Por isso, é uma honrapara todos nós essa homenagemdo Tribunal do Trabalho”.

De acordo com Celina, a medalhaé de extrema importância para osindicalismo mineiro e nacional,porque reconhece o trabalho coletivoque vem sendo feito: “essa medalhanão é individual, ela sintetiza o tra-balho do sindicato dos professores,da Central dos Trabalhadores e Tra-balhadoras (CTB) e de outras enti-dades das quais participamos. Euvou levar essa honraria como umprêmio à luta coletiva dos trabalha-dores por uma sociedade mais justa,humana e igualitária”.

Diretora do Sinpro Minas recebehomenagem do TRT/MG

A comemoração pelo diados professores começou maiscedo neste ano. A tradicionalfesta dos professores, promo-vida pelo Sinpro Minas, emBelo Horizonte, no Clube La-bareda, aconteceu no dia 27de setembro. Com a data maisdistante do recesso, quase2.000 professores e convidadospuderam participar. Desta vez,a festa foi animada pela bandaVia Láctea e pela escola desamba Tradição Independente.No interior, o Sinpro Minastambém promoveu várias fes-tas e atividades.

As fotos podem ser confe-ridas no Facebook/Sinpro Mi-nas.

Dia dos professores

Celina Arêas (terceira da esqueda para direita) entre outros agraciados. Fotos: Arquivo

Ana FTG

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Movimento

Em 2015, o Sinpro Minas teráum novo portal na internet, já no arem fase de testes. Com visual levee atual e ênfase no design e na usa-bilidade, o portal foi reformuladocom o objetivo de ampliar a comu-nicação com a categoria. Notíciassobre temas variados e de interessedos professores, como educação,sindicalismo, cultura, política e di-reitos trabalhistas, além de prestaçãode serviços e socialização de infor-mações relevantes estão em desta-que no novo portal.

As seções de bolsas e convêniostambém foram repaginadas parafacilitar a navegação dos professores,e um dos destaques do novo portalé o espaço específico para divulgaras produções audiovisuais do SinproMinas, entre elas o programa deTV do sindicato (Extra-Classe) e arádio web.

“Buscamos sempre fortalecernossos canais de diálogo com a ca-tegoria. Nosso objetivo é fazer umacomunicação contra-hegemônica,que ofereça à sociedade um con-traponto à mídia tradicional, pois,como sabemos, ela não traz o pontode vista dos trabalhadores, mas simo do empresariado, do capital, comotambém não traduz a diversidadepolítica e cultural do povo brasileiro.Esse é um dever de todo o sindica-lismo no Brasil, ou seja, trabalharmospara que a pluralidade de opiniõessobre os mais variados assuntos ga-nhe espaço na arena pública”, res-salta o presidente do Sinpro Minas,Gilson Reis.

No ar: Rádio Sinpro MinasOutra novidade do sindicato para

2015 é o lançamento da web rádioSinpro Minas. Veiculada apenas nainternet, e que, por isso, não de-manda concessão do governo como

as emissoras AM e FM, a rádio SinproMinas tem a vantagem de poderchegar a um público bem maior,atendendo ao professor que moraem qualquer parte do Estado, dopaís ou que está fora do Brasil.

“Sintonizada com as mudançasconstantes no mundo das novastecnologias, o Sinpro lança sua emis-sora reforçando a importância dademocratização da comunicação.Esta história está sendo escrita agora

Sinpro Minas amplia comunicação com categoria

e o Sinpro Minas quer fazer partedeste processo, visando garantir ademocratização da internet e tam-bém usufruir dos seus benefícios”,explica o diretor do Sinpro MarcoEliel de Carvalho.

Com uma programação 24 horasno ar, a emissora cumprirá seu papelde levar entretenimento, música,formação e informação, semprecom o olhar do professor sobre arealidade. De acordo com o diretor

Novo portal e web rádio serão lançados em 2015

Duas reportagens do ProgramaExtra-Classe, do Sinpro Minas, re-ceberam o primeiro e o segundolugar na Categoria TV, no PrêmioADEP-MG de Jornalismo. A ceri-mônia da premiação foi realizadano dia 19 de setembro em BeloHorizonte. A reportagem “Direitosda população de rua”, assinadapelo jornalista do Sinpro, SauloMartins, ficou com a primeira co-locação. O segundo lugar foi paraa reportagem “Estatuto do Idoso”,assinada pela jornalista do Sinpro,Nanci Alves. Na elaboração das re-portagens premiadas, atuaram tam-bém os jornalistas Cecília Alvim,Denilson Cajazeiro, Débora Jun-queira, Eduardo Gomes, Bruno Car-valho e Jocasta Luiza. O terceirolugar ficou para o jornalismo daTV Record.

Para Diego Alvarenga, jornalistada ADEP, as reportagens do Sinproapresentaram qualidade técnica econteúdo humano, que as diferen-ciaram das demais matérias inscri-tas. “Essa humanização das pautasque vocês fazem, ao conversar commoradores de rua, com pessoas

Prêmio ADEP-MG de Jornalismo valoriza Programa Extra-Classe

idosas, de dar tempo para que elesfalem, é muito importante, espe-cialmente numa mídia que é vol-tada para professores”, avalia.

O programa Extra-Classe é pro-duzido pelo Sindicato dos Profes-sores e veiculado na TV Band Minas,todos os sábados, das 8h às 8h20da manhã.

Assista as reportagensvencedoras em:www.youtube.com/sinprominas

Confira as novidades em www.sinprominas.org.br e participe com sugestões e críticas.

do Sinpro Aerton Silva, “a propostaé abrir espaço para todos da cate-goria que queiram contribuir coma programação, por exemplo, en-viando notícias sobre educação, mú-sicas, etc. Pois a rádio Sinpro Minasquer, além de veicular notícias queinteressem à categoria, dar oportu-nidade a bons músicos que nãoconseguem espaço na mídia, inclu-sive as produções de professoresde toda Minas Gerais”.

Adep/M

G

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Deasinpro6

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Sarau homenageou Rubem Alves, João Ubaldo e Ariano Suassuna

Poesia na terceira idade

Com trechos dos escritores Aria-no Suassuna, João Ubaldo Ribeiroe Rubem Alves, o Grupo Nós deTeatro mais uma vez emocionou opúblico que participou do SarauLiterário promovido pelo Departa-mento de Professores Aposentadosdo Sinpro Minas (Deasinpro), nodia 26 de setembro, na sede doSindicato, em Belo Horizonte.

O Grupo Nós, criado há cincoanos, é formado por integrantesem sua maioria na terceira idade.O ator mais velho tem 91 anos.“Promovemos o sarau com essegrupo que já se tornou um parceirodo sindicato na intenção de fazer aintegração dos aposentados como sindicato. Entendemos que a cul-tura é um instrumento importantepara isso”, afirma a diretora doDeasinpro, Antonieta Shirlene.

Alzira Reis, diretora do Sinpro eatriz do Grupo Nós, explica a im-portância de preservar a cultura dosarau, encontros muito popularesno século 19, que vem sendo re-descoberto. “O sarau surgiu comouma prática da literatura romântica,quando as famílias ofereciam con-fraternizações nas casas com o ob-

jetivo de apresentar as moças quequeriam se casar, havia música,poesia e recitais. Estamos preser-vando essa prática de encontrospara compartilhar poesias, músicas,onde as manifestações artísticasganham destaque”, explica.

No sarau literário, o grupo Nósfez uma homenagem aos três gran-

Na escola UPTIME, os docentestiveram uma vitória na justiça. Atra-vés de ação proposta pelo SinproMinas, a escola está obrigada aconsiderar todos os instrutorescomo professores. A diretoria doSinpro esclarece que sempre os re-conheceu como professores, noentanto, foi importante reafirmaresse conceito, através de um pro-cesso judicial. A partir de agora, ainstituição de ensino deve cumprira Convenção Coletiva de Idiomas.

Acordo Coletivo - Paralela-mente, os professores da escolaUPTIME aprovaram, em assembleia,um acordo coletivo de trabalho.

Justiça garante direitos dos professores do UPTIME

Após várias reuniões de negociaçãoentre o Sinpro Minas e a direçãodo UPTIME, foi construída umaproposta, posteriormente encami-nhada para a categoria. O Acordoterá um ano de vigência, com vali-dade desde 1º de setembro. OAcordo contemplou as seguintesquestões: a contratação por jornadade trabalho; o resgate das cláusulasdo adicional por tempo de serviçoe de irredutibilidade (redução dacarga horária).

Wizzard - Mangabeiras -Após receber denúncias de profes-sores, o Sinpro entrou com umprocesso na Justiça do Trabalho

contra o Wizzard Mangabeiras,para tentar sanar algumas irregula-ridades trabalhistas na instituiçãode ensino. A escola foi condenadaa corrigir diferenças salariais, obe-decer as formas de cálculoestabelecidas na Convenção Cole-tiva de Idiomas, pagar horas extrasdevidas e proceder a anotação dafunção de professor nas carteirasde trabalho dos profissionais quelecionam na escola. O processonão tem possibilidade de recurso eestá em fase de cálculos paraconclusão.

Instituto Cervantes - Buscan-do a correção de diferenças salariais

e, principalmente, do reconheci-mento legal dos docentes da insti-tuição como professores, o Sinproentrou com ação contra o InstitutoCervantes. O processo ainda estáem tramitação, mas o Tribunal doTrabalho já se posicionou favorávelà causa dos professores. De acordocom a assessoria jurídica do sindi-cato, a Justiça do Trabalho entendeque o Instituto Cervantes é umaescola e deve obedecer à Conven-ção Coletiva de Trabalho para acontratação de professores. A açãoainda cabe recurso e o sindicatoaguarda os próximos desdobra-mentos judiciais.

des autores brasileiros que a litera-tura perdeu este ano. Para a diretorado grupo, Ana Amélia Cabral, alição que ficou do estudo sobre osautores pode ser traduzida pela ci-tação constante do escritor RubemAlves: “carpe diem”, que quer dizer“colha o dia”. “Precisamos viver ohoje, o amanhã a gente não sabe”.

Movimento

Débora Junqueira

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7

No dia 6 de setembro, aconteceuo 2º Encontro de Professores Apo-sentados e Aposentandos de Cata-guases e Região. O evento contoucom palestras sobre autoestima edesenvolvimento pessoal, saúde,nutrição e direito previdenciário,além de debates e várias apresen-tações culturais com alunos e pro-fessores das escolas da região.

A regional Cataguases tambémpromoveu, no dia 20 de setembro,o debate “Ensino Médio e técnico-profissionalizante em Minas Gerais”.

O professor e biólogo Pedro LuizTeixeira de Camargo foi um dospalestrantes do evento e fez uma aavaliação crítica sobre o projeto“Reinventando o Ensino Médio”,do governo de Minas. Segundo Pe-dro Luiz, o projeto está mais pararetrocesso do que reinvenção. Odebate sobre o Ensino Técnico Pro-fissionalizante e desenvolvimentonacional foi conduzido pelo físicoÂngelo Andrade Cirino, secretáriomunicipal de Indústria, Comércioe Segurança de Cataguases.

Cataguases

Encontro de aposentados e debate sobre o Ensino Médio

Viçosa

Solidariedadeao professor Idelmino

Em agosto, o Sinpro Minasfez uma nota de solidariedadeao vereador professor Idelmino,também diretor da entidade, emrepúdio às tentativas de intimi-dação ao trabalho desenvolvidopor ele na Câmara Municipalde Viçosa. O vereador Idelmino(PCdoB) recebeu ameaças demorte após denunciar irregula-ridades na gestão do prefeitode Viçosa, Celito Sari (PR).

O prefeito é acusado de ne-potismo, superfaturamento, des-vio de dinheiro público, impro-bidade administrativa por dire-cionamento de licitação e omis-são na defesa dos bens públicos.Segundo o professor Idelmino,essas denúncias estão documen-tadas e foram entregues na Câ-mara Municipal de Viçosa, Pro-curadoria Estadual e Tribunalde Contas. Os documentos estãoem análise pela ProcuradoriaEstadual e, no caso do direcio-namento de licitação, foram en-caminhados para o Tribunal deJustiça, solicitando abertura deprocesso contra o prefeito emais nove pessoas, inclusivecom o bloqueio de bens dosenvolvidos.

O Sindicato dos Professoresentende que o vereador profes-sor Idelmino tem cumprido suafunção como representante dopovo no legislativo, fiscalizadoa atuação do executivo e de-nunciado, juntamente com ou-tros vereadores e sociedade, asirregularidades na gestão públicado município de Viçosa. E ne-nhuma ameaça poderá intimi-dá-lo no exercício de suas fun-ções como vereador e cidadão.

Regionais

Jornal Extra-classe 145 • novembro 2014

Uberlândia

Diretora do SinproMinas lança livroNo dia 17 de outubro, aconte-

ceu, em Uberlândia, o lança mentodo livro de poesias SentimentosVários. A obra foi patrocinada peloPrograma Municipal de Incentivoà Cultura e escrita pela poetiza ediretora do Sinpro Minas RossanaSpacek. O evento foi realizado naCasa da Cultura de Uberlândia.

Divinópolis

Atividadesno parque

A regional do Sinpro Minas emDivinópolis promoveu, no dia 6 desetembro, atividades de esporte elazer no Parque da Ilha. Brincadeiras,orientações sobre saúde, caminha-da, corrida e sorteio de brindes fi-zeram parte da programação, quereuniu professores e familiares.

Alunos formandos dos cursosde licenciatura em Matemática eQuímica da Universidade Federalde Itajubá (UNIFEI) visitaram a re-gional do Sinpro Minas, em PousoAlegre, no dia 4 de novembro. Oobjetivo foi conhecer a história doSinpro e sua estrutura organizacional.Recepcionados pelo professor e di-

retor do Sinpro Minas Pitágoras Fer-nandes, os futuros professores as-sistiram vídeos institucionais, co-nheceram sobre organização políticae o fazer sindical da entidade e ob-tiveram informações sobre a Con-venção Coletiva de Trabalho, empalestra proferida pelo advogadoRicardo Lara.

Pouso Alegre

Regional recebe visita de alunos da UNIFEI

Fotos: Arquivo

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Direitos Humanos8

A Anistia Internacional lançouno dia 9 de novembro, no Rio deJaneiro, a campanha Jovem NegroVivo, para chamar a atenção dasociedade sobre a violência assus-tadora contra a juventude negra.Em 2012, 56.000 pessoas foram as-sassinadas no Brasil. Destas, 30.000são jovens entre 15 a 29 anos e,desse total, 77% são negros. A maio-ria dos homicídios é praticado porarmas de fogo, e menos de 8% doscasos chegam a ser julgados. Essesnúmeros alarmantes são baseadosno Mapa da Violência 2014, queanalisa dados do Sistema de Infor-mações de Mortalidade (Sim), doMinistério da Saúde.

O Mapa aponta ainda que osbrancos têm morrido menos e osnegros, mais. Entre 2002 e 2012, onúmero de homicídios de jovensbrancos caiu 32,3% e o dos jovensnegros aumentou 32,4%. O índicede vitimização negra total passoude 79,9% em 2002 para 168,6% em2012. Isso significa que morremproporcionalmente 168,6% maisjovens negros que brancos, o querepresenta um aumento de 111%na vitimização da juventude negrabrasileira em uma década.

Pesquisas mostram também quesão os jovens negros, especialmenteos moradores das periferias, as prin-cipais vítimas de violência policialno país: de cada 10 mortos pela po-lícia, sete são negros; são eles tam-bém que compõem grande parcelada população carcerária (38% temde 18 a 29 anos e 60% são negros),segundo informações do SistemaIntegrado de Informação Peniten-ciária, do Ministério da Justiça.

De acordo com o responsávelpelo Mapa da Violência, Julio Ja-cobo Waiselfisz, essa seletividadefoi construída por diversos meca-

nismos, entre eles o acesso, porparte dos brancos, à segurança pri-vada. “Os negros são excluídos du-plamente - pelo Estado e por causado poder aquisitivo. Isso faz comque seja mais difícil a morte de umbranco do que a de um negro”,destaca.

Para Bruno Vieira, jornalista esubsecretário do Fórum das Juven-tudes da Grande BH, a explicaçãopara essa maior vitimização da ju-ventude negra está em uma únicapalavra: racismo, que é uma questãohistórica no país. “Muita gente tentanão colocar à tona, invisibilizar, maso racismo existe sim e está entra-nhado na sociedade. Basta ver quea população de favelas e periferias,marginalizada, encarcerada, é, emsua maioria, composta por jovensnegros. A violação desses direitostambém é violência”, adverte.

O envolvimento com o tráficode drogas é uma das principais

causas dessas mortes violentas.Para Marcelo Bizzotto, psicólogodo Centro de Atenção e Proteçãoaos Usuários de Tóxicos, o envol-vimento dos jovens com as drogasse dá por conta de desigualdadessociais e também por problemasemocionais. “Há uma pobreza es-trutural, material, que afeta grandeparte dessa juventude, mas há tam-bém uma pobreza no sentido doafeto. São jovens que sofrem coma fragilidade dos laços sociais por-que não tiveram em suas vidasuma história que favorecesse outrotipo de construção”, alerta.

O papel da escolaEm uma escola da rede particu-

lar de ensino de BH, estudantes doensino médio participaram de umseminário com convidados em quepuderam saber mais sobre a rela-

ção entre drogas e violência. “Fo-mentar esse debate, trazer pers -pectivas distintas, é um dever doprofessor, para que cada alunotenha condição de se posicionar deforma autoral e crítica diante desseassunto que é tão importante paraa saúde e a segurança pública e dizrespeito a todos os cidadãos”, ava-lia a professora de Sociologia,Paula Berbert.

Os alunos aprovaram a iniciativa.“A abertura da escola para a dis-cussão sobre drogas e violência éfundamental para termos uma visãomais ampla da realidade”, avaliouJoão Mafra, 18 anos. Luiza Valada-res, 18 anos, disse que esses debatessão importantes para o futuro dajuventude. “É importante ensinarpra gente agora para passarmosuma atitude mais consciente paraas gerações futuras”.

Juventude negra é a maior vítima da violência no Brasil

Racismo e violência

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Anistia Internacional: www.anistia.org.br

Anistia Internacional

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Eleições

moralista de parte da classe médiae da grande imprensa, que atribuitodas as mazelas do país a um su-posto aumento da corrupção”. “Ascruzadas de caráter homofóbico,reativas às pautas LGBT, combinadascom a campanha das forças con-servadoras pela redução da maiori-dade penal, igualmente, proporcio-naram votações estratosféricas paraos líderes desses movimentos”, ex-plica o jornalista, para quem o podereconômico foi decisivo no resultadoda eleição. “Hoje quem tem definidoas eleições são os grandes gruposeconômicos, os setores tradicionaisda economia, das finanças, que têminteresse em manter o lobby noCongresso”, destaca Robson SávioReis, doutor em Ciências Sociais eprofessor da PUC Minas.

Pouca novidadePara o diretor do Diap, a reno-

vação, porém, se deu apenas noaspecto formal. O que houve defato foi uma circulação no poder,com o retorno de ex-agentes públi-cos ou a entrada de figuras conhe-cidas na disputa eleitoral brasileira,como parentes de políticos tradi-cionais, celebridades, pastoresevangélicos, policiais contráriosaos direitos humanos, empresáriosou apresentadores de programasde rádio e TV. “O novo Congresso,portanto, tem muito pouco denovo”, aponta Antônio Augusto deQueiroz. E um mapeamento da or-ganização Transparência Brasilmostra mesmo que os clãs políti-cos seguem dominando o Con-gresso. Dos 513 deputados que

tomarão posse em fevereiro, 49%são netos, filhos, irmãos, sobrinhosou casados com quem exerce oujá exerceu algum cargo eletivo. NoSenado, a proporção é aindamaior: 6 em cada 10 senadoresfazem parte de clãs.

Segundo avaliam cientistas po-líticos, o cenário atual vai exigirmaior participação da sociedade emobilização dos movimentos so-ciais e entidades sindicais paraaprovar reformas estruturais, entreelas a política, vista como funda-mental para acabar com o poderdo capital nas eleições. “A únicapossibilidade de não termos retro-cessos nos direitos conquistados eavançar em projetos e reformas écom pressão social, nas redes e nasruas”, sintetiza Robson Sávio Reis.

Composição conservadora mostra que a renovação se deu apenas no aspecto formal

O “novo” Congresso

O Congresso que saiu das urnasnesta eleição foi renovado em46,39% na Câmara e em 81,48%em relação às vagas em disputano Senado. O que para muitospode parecer algo promissor, coma expectativa de que novos arescirculem por ali, na verdade escondeum grande problema. Um levanta-mento feito pelo Departamento In-tersindical de Assessoria Parlamentar(Diap) revelou que a composiçãodo legislativo nacional, a partir dopróximo mandato, será uma dasmais conservadoras desde a rede-mocratização, em 1985.

De acordo com o Diap, o nú-mero de deputados ligados a causassociais caiu drasticamente, e a pro-porção da frente sindical tambémsofreu forte redução – dos atuais83 para 51 eleitos. Já o número deparlamentares ligados a segmentosmais conservadores – como as ban-cadas da segurança, religiosa e ru-ralista – apresentou crescimento.Houve também aumento das forçasvinculadas ao mercado.

Na prática, significa que pro-postas de interesse dos trabalha-dores e ligadas aos direitos humanosvão enfrentar dificuldades para tra-mitar nas duas Casas. Entre elas,por exemplo, a que criminaliza ahomofobia. Projetos de lei que co-locam em risco direitos trabalhistas,como o que amplia a terceirização,também podem ser aprovados. “Sedepender apenas do novo Congres-so, a perspectiva de reformas re-clamadas nas ruas em junho de2013 não é das melhores”, afirmao jornalista Antônio Augusto deQueiroz, analista político e diretorde Documentação do Diap.

Segundo o pesquisador, váriosfatores contribuíram para a atualcomposição, entre eles a “campanha

Werner Zotz/Em

bratur

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Eleições10

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De acordo com o Tribunal Su-perior Eleitoral (TSE), neste ano, ovoto feminino teve o maior pesoda história: 52% dos 142 milhõesde eleitores brasileiros são mulheres.Nos últimos anos, tem crescidotambém o número de candidatas.Nas últimas eleições, o Brasil tevetrês postulantes à Presidência daRepública, 20 a governos estaduais,33 ao Senado, quase 1.800 à Câmarae 4.300 candidatas às AssembleiasLegislativas. A proporção de can-didatas aptas a disputar algum car-go, incluindo vices e suplentes, au-mentou de 20,2% do total de can-didatos em 2010 para 28,7% em2014. Apesar de ter crescido o nú-mero de eleitoras e de candidatas,e ainda que o cargo mais importantedo país seja ocupado por uma mu-lher, elas ainda são minoria em ter-mos de representação política.

Nesta eleição, segundo infor-mações do TSE, o número de de-putadas estaduais e distritais dimi-nuiu 14,89% − foram eleitas 120mulheres, contra 141 atualmentenas 26 assembleias estaduais e naCâmara Legislativa do Distrito Fe-deral. Ou seja, a representação po-pular nos estados continua predo-minantemente masculina, já queapenas 11,33% dos deputados es-taduais e distritais são mulheres. Abancada feminina cresceu apenasno Ceará, Distrito Federal, Goiás,Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.Em 17 estados, houve diminuiçãono número de candidatas eleitas.

Na Câmara dos Deputados hou-ve um pequeno aumento do nú-mero de mulheres. Entretanto, aindaé uma sub-representação. Para omandato que se inicia em 2015 fo-ram eleitas 51 deputadas (atual-mente são 45) − o que significauma mulher para cada dez depu-

tados eleitos, pois são 513cadeiras. Segundo informações doTribunal Superior Eleitoral, dos 4.382homens candidatos ao legislativo,cerca de 10% foram eleitos. Emcontrapartida, das 1.796 mulheresque buscaram um cargo na Câmara,apenas 2,8% conquistaram um lugarna bancada. Os estados de Alagoas,Espírito Santo, Mato Grosso, Paraíbae Sergipe não tiveram nenhumamulher eleita deputada federal. Mi-nas Gerais foi o estado em que asmulheres tiveram menos destaque.A primeira mulher na lista de con-tagem de votos aparece apenas natrigésima quinta posição.

No Senado, foram eleitas ape-nas cinco mulheres para as 27vagas disponíveis, o que representaapenas 18,5% do total dos senado-res eleitos e 13% da Casa, já queoutras seis senadoras cumpremmandato até 2019 (renovação deum terço apenas).

E, o pior, para governo de estado,apenas uma mulher foi eleita −Suely Campos (PP), em Roraima.Historicamente, o número de go-vernadoras nunca passou de 11%.A representatividade feminina nosgovernos estaduais não é tão pe-quena desde 1998, quando foi eleitaapenas uma mulher governadora.

Número de eleitoras e candidatas aumenta, mas elas continuam sub-representadas

Participação das mulheres nas eleições

Em 2002, foram duas, em 2006,três governadoras e, em 2010, ape-nas duas novamente.

Cultura machista Mas se a mulher representa

mais de 50% da população e doeleitorado, responde por mais de45% da produção deste país e pelosustento de 1/3 das famílias, porque esse protagonismo não refletena nossa representação política?Para Vera Soares, Subsecretária deArticulação Institucional e AçõesTemáticas da Secretaria de Políticaspara as Mulheres, a razão dissoestá na cultura brasileira que ainda

ABr

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é machista e discriminatória. “Estacultura patriarcal que isola asmulheres do mundo da políticaestá refletida nos partidos políticosque, por sua vez, não têm amínima preocupação em mudaresta realidade. Não incentivam asmulheres a participar, não compar-tilham estes espaços e não seincomodam com a pequena repre-sentação feminina nos poderes,pois já está naturalizada a exclusãoda mulher também no mundo dapolítica. Um contrassenso, pois elatem papel fundamental na econo-mia e inclusive nos movimentossociais, dando enorme contribui-ção para a transformação destepaís”, avalia.

Por outro lado, se a mulher émaioria do eleitorado porque elanão tem ajudado a eleger mais mu-lheres? Para Vera Soares, não temcomo votar em mulheres se elasaparecem pouco, exatamente por-que os partidos não abrem opor-tunidades iguais às oferecidas aoshomens. “Os partidos divulgam oscandidatos que querem eleger ena maioria das vezes, aceitam ascandidaturas femininas por exigên-cia da lei, apenas para cumprircotas. Assim, elas não têm visibili-dade e enfrentam muito mais difi-culdades como, por exemplo, obterrecursos para financiar suas cam-panhas”. A subsecretária acreditaque um dos caminhos pode ser areforma política com enfoque deigualdade entre homens e mulheres.“Várias propostas estão surgindodos partidos, dos movimentos so-ciais, etc, que visam repensar aatual forma de financiamento decampanhas e outros temas impor-tantes”, afirma ao ressaltar tambéma importância do papel da escola edo professor neste processo.

“A escola, nas suas práticas edu-cativas, precisa estar atenta paranão reforçar estereótipos machis-tas, pois isso contribui para o forta-lecimento da política patriarcal.Desde a educação infantil, os pro-fessores precisam cuidar para nãoreforçar que meninas usam rosa,são mais sensíveis; que meninosusam azul, não choram, etc. Ou noensino médio, ajudar as meninas aperceber que não precisam, neces-sariamente, escolher apenas profis-sões que têm a ver com cuidado

e/ou educação como enfermeiras,assistente social, professoras e quepodem ocupar espaços, historica-mente masculinos, como engenha-rias, física, matemática, etc. Comcerteza, a escola não é determi-nante, mas pode reforçar estereóti-pos. É preciso que crie umambiente de cultura, de respeito àsdiferenças, que valorize a diversi-dade, uma cultura igualitária. Comcerteza, isso vai contribuir direta-mente para a igualdade de gê-nero”, finaliza.

Voto feminino: umdireito conquistado

A primeira vez que uma mu-lher pode votar no Brasil foi háapenas 86 anos, em 1927, emMossoró, no Rio Grande do Nor-te, quando a professora CelinaGuimarães Viana conseguiu seuregistro. No restante do país,esse direito só foi reconhecidoem 1932 e concretizado no anoseguinte, na eleição para a As-sembleia Constituinte. Porém,em função dos governos Vargas(1937 a 1945) e da ditadura mi-litar (1964 a 1985), a mulherpouco exerceu este direito.

Um caminho nada fácil, commuitas lutas travadas pelo mo-vimento feminista, tanto paraser eleitora como candidata aalgum cargo político. A primeiraprefeita foi eleita em 1928. AlziraSoriano de Souza, na cidadede Lages, também no Rio Gran-de do Norte, tinha 32 anos. Elaperdeu o mandato por não con-cordar com o governo Vargas.Já a primeira deputada federalfoi a médica Carlota Pereira deQueiroz, eleita pelo estado deSão Paulo, em 1934. No Senado,as primeiras parlamentares fo-ram Júnia Marise (Minas Gerais)e Marluce Pinto (Roraima), em1990. Já governadora, a primeirafoi Roseana Sarney, no Mara-nhão, em 1994. E só em 2011,o Brasil elegeu sua primeirapresidenta, Dilma Rousseff,quando também foram eleitasas primeiras vice-presidentas daCâmara dos Deputados (Rosede Freitas, do Espírito Santo) edo Senado (Marta Suplicy, deSão Paulo).

Fonte: TSE

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Educação12

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Livros falados, computadoresadaptados, materiais acessíveis, mo-biliário, línguas (Libras) e sistemasde leitura (Braille). Conhecidoscomo tecnologias assistivas, essesrecursos auxiliam a comunicaçãoe o aprendizado de quem tem ne-cessidades educacionais especiais.Segundo o decreto 7.611/2011, daPresidência da República, essas tec-nologias são voltadas a “favorecera participação do aluno com defi-ciência nas diversas atividades docotidiano escolar”, visando garantiro direito à educação inclusiva.

Para Teófilo Galvão, professordoutor da Universidade Federal daBahia, as tecnologias assistivassão um dos elementos fundamen-tais para se promover a inclusãoescolar, assim como a formaçãode professores e a acessibilidadefísica. “Essas tecnologias permitema equiparação de oportunidadesentre os alunos com deficiência eos demais alunos”.

Para que essas tecnologias es-tejam presentes na escola, foramcriadas as Salas de Recursos Multi-funcionais, que fazem parte doprograma de Atendimento Educa-cional Especializado (AEE), que éuma das políticas de inclusão dogoverno federal prevista no PlanoNacional dos Direitos da Pessoacom Deficiência – Viver sem Limite.Essas ações resultaram no cresci-mento de 347% do número de ma-trículas de pessoas com deficiênciaem classes comuns da educaçãobásica, que saiu de 145.141 em2003 para 648.921 em 2013.

Na rede municipal de ensinode Belo Horizonte, são 43 salas derecursos em funcionamento e 66professoras que atuam no AEE,política que beneficiou 1380 alunosaté outubro deste ano. Nessas salas,

professoras especializadas desen-volvem diferentes estratégias e re-cursos de acessibilidade pedagó-gica, o que possibilita que os alunoscom necessidades especiais trilhemdiferentes caminhos para o apren-dizado. “Todos nós temos condi-ções de aprender. A deficiência éapenas uma característica. Mas nósnão devemos focar na deficiência,e sim no potencial do ser humano”,destaca a psicopedagoga e professorado AEE, Luciana Chaves Pacheco.

Gustavo Gonçalves Marques, 8anos, está todos os dias na sala de

Tecnologias assistivas favorecem inclusão escolar de alunos com deficiência

Educação inclusiva

aula com seus pares de idade, con-vivendo e aprendendo. Ele tem pa-ralisia cerebral e deficiência auditiva,e também é aluno do AEE no con-traturno escolar. Para tornar maisacessível o conhecimento pedagó-gico para Gustavo, a professoraLuciana desenvolve semanalmentediferentes atividades em que usaalguns recursos assistivos, comocomputador com mouse-acionadore softwares especiais, figuras geo-métricas emborrachadas, letras mó-veis, palitos para contagem, planoinclinado, figuras, material dourado(para ensinar o sistema de unidadedecimal), entre outros. Lucianaconta que enxerga em Gustavo umgrande potencial de aprendizadoatravés do olhar e do sorriso, eque fica feliz ao perceber seu inte-resse e seus avanços. Com seu es-forço e com a dedicação por partedas professoras, ele demonstra quesuas limitações físicas não são bar-reiras para o aprendizado.

Escola da diversidadeEm todo o mundo, as pessoas

com deficiência estão entre os gru-pos de maior risco de exclusãoescolar. Segundo o último Censodo IBGE, o Brasil tem mais de 45milhões de pessoas com algumtipo de deficiência, o que repre-senta 23,9% da população. A maio-ria das crianças e adolescentescom deficiência já estuda em es-colas regulares. Em 2013, 648.921mil alunos com deficiência estavamem classes comuns. Mas os desa-fios ainda são grandes.

Durante o XI Ciclo de Debatessobre Educação Inclusiva, reali-zado em setembro na UFMG, pro-fessores discutiram os desafiospara que a escola seja um espaçoaberto à diversidade. Para ReginaCélia Passos, coordenadora doGrupo de Estudos em EducaçãoInclusiva (Geine), da UFMG, emfunção de um processo históricode exclusão, o ensino das pessoascom deficiência ficava relegado àsescolas especiais. “Agora nóstemos que construir conheci-mento pedagógico para atenderesses alunos nas escolas regula-res”, avalia.

Para Fabíola Fernanda do Patro-cínio, professora de Psicologia, ainclusão só acontece de fato se aescola estiver disposta a superar osmitos e temores relacionados aotema. “A inclusão é um processoco-participativo, em que a pessoacom deficiência também participada busca de soluções, da remoçãodas barreiras. Na medida em quehá o acolhimento desse sujeitoque tem capacidade de aprender,ainda que diferente da norma pa-drão, a escola deu o passo maisimportante, e daí virão as conse-quências”.

“Todos nós temos condi-ções de aprender. A defi-ciência é apenas uma ca-racterística. Mas nós nãodevemos focar na defi-ciência, e sim no potencialdo ser humano”

Cartaz da 12ª Semana de Ação Mundial que focou o direito à educação inclusiva

Divulgação

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Cultura

resse e da motivação e abre pos-sibilidades de espaço para dis-cussão, interpretação e inquie-tações de cada um”, diz.

Trabalhar com o cinema emsala de aula, segundo a profes-sora, é propiciar aos alunos oacesso a mais aprendizados deforma lúdica e criativa. “Assim,a seleção dos filmes pode ounão ter alguma articulação comos conteúdos a serem trabalha-dos na sala de aula, mas preci-

sam ser bem escolhidos. Alémdisso, logo após a exibição e aconversa com os alunos, o pro-fessor precisa sentir, pelo envol-vimento e desejo dos alunos secabe ou não algum desdobra-mento, alguma ação como cam-panhas educativas (por exemplo,contra o bullyng) ou um festivalde música. Porém, nunca umaatividade avaliativa, pois seriauma verdadeira desconstruçãodidatizar a sétima arte”.

Em Belo Horizonte, a Oficinade Imagens (ONG que trabalhacom Comunicação e Educa-ção), desenvolve o projeto Cine-clube Sabotage que é a exibiçãode um filme nacional por se-mana, seguido de um bate-papo com os alunos, dentro daEscola Municipal Alcida Torres,no bairro Taquaril, desde 2009.Para a coordenadora do projeto,Nádia Rodrigues Pereira, o ci-nema é um grande aliado daeducação e, assim, “a nova leirepresenta uma cadeia de mu-danças importantes. Será umamola propulsora, pois a obriga-toriedade criará um hábito,formando um novo público. In-felizmente, no Brasil, indepen-dentemente da classe social,não existe um grande públicocom a cultura do cinema. E estenovos amantes da arte, por suavez, provocarão a demanda poruma maior produção nacional,com qualidade, principalmentede filmes para crianças e adoles-centes”, destaca.

Segundo Nádia Pereira, poroutro lado, a escola tambémterá que pensar em novas práti-cas e tecnologias de trabalho,desafiando inclusive os profes-sores a se prepararem para seapropriar desta nova linguagem.“O interessante é que não só oprofessor de História ou Litera-tura, mas o de qualquer disciplinapode participar desta proposta,pois a Física, a Matemática, aBiologia, a Química estão nanossa vida em todas as situações.E o cinema fala da vida”, afirma.

Lei obriga a exibição de filmes nacionais nas escolas

O cinema na sala de aula

As escolas de todo o país se-rão obrigadas a exibir filmes deprodução nacional, no mínimo,duas horas por mês. A lei 13.006,assinada em junho deste ano,pela presidenta Dilma Rousseffe pelo ministro da Educação,José Henrique Paim, modifica otexto das diretrizes básicas daeducação do país, incluindo aexibição dos filmes nacionaiscomo componente curricularcomplementar integrado à pro-posta pedagógica das escolas.

De acordo com a diretora doSinpro Minas e coordenadora docineclube do sindicato, TerezinhaAvelar, o cinema em sala de aulasignifica mais que ilustração detemas. “Um filme motiva alunose, além disso, enquanto lingua-gem autônoma, é portador desentidos e pode dialogar comconteúdos mais variados das dis-ciplinas. Entretanto, para um bomresultado, o cinema precisa seruma atividade prazerosa e bempreparada. Não pode ser algopara preencher horário vago ouser obrigatório. Isso faz perder aproposta educativa”, avalia.

Para Terezinha Avelar, tudoprecisa ser pensado com cautela,desde a escolha do filme deacordo com a idade e maturidadedos alunos, as circunstânciasem que é apresentado, o tempode exibição, o espaço físico are-jado com acústica e iluminaçãoadequadas, até uma boa con-versa logo após, para ajudar osalunos a expressarem suas ideias,dúvidas e opiniões. “O filmetranscende as fronteiras do inte-

Banco de imagens

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Meio Ambiente14

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A crise hídrica que afeta a regiãoSudeste do país já atinge quase 30 mi-lhões de pessoas. Em São Paulo, ocaso mais emblemático e grave, o go-vernador Geraldo Alckmin (PSDB) atri-bui a falta d’água às condições climáti-cas. Mas especialistas no assunto apon-tam que, embora a escassez de chuvaseja um fator importante, o principalmotivo é a falta de planejamento porparte do poder público.

“Estou muito convencido de queesse não é um problema apenas cli-mático. Evidentemente a represa deCantareira está com volume baixo, maspor que a população de São Paulo nãotem recebido água como deveria? Cer-tamente existe por trás desse problemafalta de planejamento adequado dosrecursos hídricos, falta de expansãodo sistema de captação de água”, afirmaLéo Heller, professor da UniversidadeFederal de Minas Gerais (UFMG) eatual relator especial para Água eSaneamento das Nações Unidas(ONU).

Outros estudiosos do tematambém avaliam que o governode São Paulo teria privilegiado oslucros dos acionistas da Sabesp, aempresa que gerencia o setor no estado,em detrimento de mais investimentospara garantir o abastecimento da po-pulação. De acordo com a ex-relatoradas Nações Unidas (ONU) para a ques-tão da água, a portuguesa Catarina deAlbuquerque, a grave crise hídrica emSão Paulo é de responsabilidade dogoverno do estado. Ainda como titulardo cargo, ela esteve em agosto noBrasil para discutir o tema da águacomo um direito humano e concedeuentrevista ao programa de TV do SinproMinas, o Extra-Classe, sobre a escassezdos recursos hídricos no mundo. Confiratrechos da entrevista, cuja versãocompleta pode ser vista em www.you-tube.com.br/sinprominas.

Especialistas alertam que o poder público precisa garantir o acesso aos recursos hídricos

Falta d’água ou de planejamento?

Quais são os riscos de en-frentarmos em curto prazo

um problema sério, de grandesproporções, de acesso à águano mundo?

Esse problema já existe atual-mente. Há uma série de fatores quepodem levar a uma piora da situação,como, por exemplo, as alteraçõesclimáticas. Mas nas missões que te-nho feito em vários países, (realizei15 missões nos últimos seis anos,em nome da ONU), vejo que a faltad’água não tem a ver necessaria-mente com escassez do recurso,mas antes com falta de planejamento,de priorização para o consumo hu-mano e decisões políticas erradas,que vão dar prioridade para a in-dústria, a construção de campos de

Para cada dólar investido em água e saneamento, economiza-se

U$ 4,3dólares em saúde

768milhões de pessoas no mundonão têm acesso àágua tratada

Fonte: ONU

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Jornal Extra-classe 145 • novembro 2014

golfe, o turismo, o agronegócio, aoinvés de dar para as pessoas. Hátambém o problema de exclusãodeliberada de certos grupos sociaisdo acesso à água. Por exemplo, euestive na Eslovênia em uma missãoe lá os ciganos não têm acesso àágua. Eles têm de caminhar duashoras para ter acesso à água, numestado membro da União Europeia.Na Califórnia, nos Estados Unidos,um estado riquíssimo, encontrei imi-grantes de origem mexicana semágua potável. É porque não existeágua? Não, porque estamos falandode pessoas que não têm voz, quesão vítimas de exclusão, estigmati-zação, discriminação, e não lhes éproporcionado o acesso a esse di-reito. Eu acho que está sendo tomadauma séria de medidas, o reconheci-mento da água como um direitohumano coloca uma pressão fortesobre os países, mas é verdade queestamos num cenário em que temospor um lado uma crise econômicaafetando grande parte do mundo,uma crise ambiental, e tudo issoestá colocando pressão sobre a água.

As pessoas precisam se cons-cientizar que o acesso à água éum direito humano?

Claro. Aliás, acho fantástica a ini-ciativa de vocês de fazer um programasobre esse direito, porque eu achoque um princípio fundamental dosdireitos humanos é o acesso à infor-mação. Nós temos o direito à infor-mação. Estive no Egito e o governodizia que a água era de ótima quali-dade, e, numa comunidade pertodo Cairo, as pessoas diziam que nãotinham confiança na qualidade da

água. Então eu disse ao governo:‘divulguem os dados sobre a quali-dade da água’. Resposta: ‘isso é umsegredo de Estado’. Portanto, nãopode ser um segredo de Estado, éfundamental as pessoas tomaremconhecimento, professores, alunos,a população em geral, de que esta-mos falando de um direito. É óbvioque se estamos falando em direitotambém implica em responsabilida-des da nossa parte, de não desper-diçarmos, de pagarmos a conta, setivermos dinheiro no final do mês,etc. Mas também é importante per-cebermos desde pequenos que éuma obrigação do Estado. O Estadotem a obrigação de tornar essedireito uma realidade. Não é umabenesse que pode ser dada hoje eretirada amanhã. Não! Todos os go-vernos no mundo têm a obrigaçãode tomar passos para realizar pro-gressivamente esse direito para todos.Não é só para os mais ricos, não ésó para quem mora nas grandes ci-dades, não é só para quem vive empaíses de maior renda, é para todos.E eu estive visitando comunidadesque sofrem na pele com a má quali-dade da água devido aos efeitos daagricultura. Na Califórnia, visitei umasenhora que me disse: ‘eu não sabiaque a água do meu poço era de máqualidade’. Até que vieram alunosde uma universidade e estudaram aqualidade da água e, dias depois,correram e disseram: ‘não beba essaágua, nem sequer escove os dentescom ela’. Aí ela me disse: ‘como euposso não escovar os dentes e nãobeber se eu não tenho dinheiro paracomprar água potável’. Isso foi efeitoda indústria da agricultura e farma-cêutica. Em vários países que visitei,há falta de regulação, de penalização,de fiscalização de todas essas in-dústrias. Estive na Tailândia, houve

um caso muito sério em que umamegaempresa teve uma multa de50 dólares. Quer dizer, irrisória!

Qual leitura a sra. tem doacesso e da gestão das águasaqui no Brasil?

Estive em dezembro do ano pas-sado numa missão oficial para preci-samente estudar e verificar a situaçãodo direito à água e ao esgotamentosanitário no país, e redigi um relatórioque vou apresentar ao Conselho deDireitos Humanos da ONU. A minhaconclusão é doce e amarga. É doceporque vi em Brasília, no âmbito dogoverno federal, vontade política,priorização do setor. Dois dias antesde eu chegar ao Brasil foi publicadoo Plano Nacional de Saneamento, eeu digo sempre que um plano nacio-nal, uma estratégia nacional é reflexode vontade política. Obviamente queas palavras não bastam, é preciso di-nheiro, e o Plano Nacional prevê in-vestimentos enormes nessa área. Ogrande desafio que o Brasil atravessaé que há um plano nacional, e agoraprecisa que esse plano se infiltre nosmais de cinco mil municípios.

Quais são as soluções para en-frentar o problema? Quais reco-mendações a Senhora fez aos go-vernos e à ONU nesse sentido?

Olha, vontade política, dar prio-ridade ao setor, ter um orçamentoque tenha uma verba específicapara a água e o esgotamento, estra-tégias e planos nacionais e olharpara os mais excluídos e marginali-zados. Fazer sempre a pergunta:quem estamos esquecendo, quemestamos ignorando? Quem está fi-cando de fora? E quais são as polí-ticas que temos de adotar parachegar às pessoas mais vulneráveis,mais esquecidas.

O Estado tem a obrigaçãode tornar esse direito uma realidade.”

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