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PESQUISAR · SAVE · PRINT · SAIR 2. JUL.2013 N.606 www.aese.pt NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO Alemanha: motores de busca, paguem! Cannabis na adolescência: tem consequências As escolas católicas dos Estados Unidos procuram como reconverter-se AGENDA NAVES SCR faz crescer o empreendedorismo em Portugal "Olhar para o futuro - Uma nova reflexão sobre responsabilidade social corporativa" Esvaziando o casamento: do direito ao facto MEDIA “Opinião - Os ricos têm mercados, os pobres têm burocratas ” entre outros… Dívida universitária, a próxima bolha a estalar? FISIPE: Quando a cultura da empresa potencia uma estratégia vencedora Peças para construir uma estratégia de sucesso AESE Summer School Lisboa, 8 de julho A Direção das Pessoas a olhar o Futuro Porto Palácio Congress Hotel & SPA, 10 de julho Finanças para Não- -Financeiros Lisboa, 16, 23, 30 de setembro e 7 de outubro “O Artista” PADIS Porto, 30 de setembro A independência energética dos EUA Lisboa, 11 de julho TIC: Fazer melhor com menos custos Lisboa, 8 de outubro 11º Executive MBA AESE/IESE testam a sua liderança ao comando de uma fragata Boletim da Capelania Tempo de sonhar

2. JUL.2013 N - AESE Business School · Capelania . Tempo de sonhar ... responsabilidade social corporativa ... Painel sobre o Pilar Social e Cultural, moderado por Bruno Proença

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NOTÍCIAS

2. JUL.2013 N.606

www.aese.pt

NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO

NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO

Alemanha: motores de busca, paguem!

Cannabis na adolescência: tem consequências

As escolas católicas dos Estados Unidos procuram como reconverter-se

AGENDA

NAVES SCR faz crescer o empreendedorismo em Portugal

"Olhar para o futuro - Uma nova reflexão sobre responsabilidade social corporativa"

Esvaziando o casamento: do direito ao facto

MEDIA

“Opinião - Os ricos têm mercados, os pobres têm burocratas ” entre outros…

Dívida universitária, a próxima bolha a estalar?

FISIPE: Quando a cultura da empresa potencia uma estratégia vencedora

Peças para construir uma estratégia de sucesso

AESE Summer School Lisboa, 8 de julho

A Direção das Pessoas a olhar o Futuro Porto Palácio Congress Hotel & SPA, 10 de julho

Finanças para Não- -Financeiros Lisboa, 16, 23, 30 de setembro e 7 de outubro

“O Artista”

PADIS Porto, 30 de setembro

A independência energética dos EUA Lisboa, 11 de julho

TIC: Fazer melhor com menos custos Lisboa, 8 de outubro

11º Executive MBA AESE/IESE testam a sua liderança ao comando de uma fragata

Boletim da

Capelania

Tempo de sonhar

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Treze anos volvidos desde a sua fundação, o GRACE - Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Em-presarial, publicou uma reflexão sobre a forma como a Respon-sabilidade Social é vivida nas empresas em Portugal. “Foi assim que contámos com a participação ativa de entidades como a Accenture, a Heidrick & Struggles, a KPMG e a PwC, referência no mercado de consulta-doria, com publicações amplamen-te reconhecidas.” Conceição Zaga-lo, Presidente da Assembleia geral do Grace referiu a participação da AESE, enquanto Escola de Direção e Negócios, como “uma inestimável referência que complementa o trabalho”, com “a sua visão acadé-mica e a sua perícia no desenvol-vimento de casos práticos en-

quanto inspiração para líderes de organizações bem sucedidas”. O evento de apresentação do Estudo "Olhar para o futuro - Uma nova reflexão sobre responsabili-dade social corporativa" decorreu, na presença de mais de 100 responsáveis de empresas.

José Ramalho Fontes, Diretor Geral da AESE, deu as boas-vindas aos presentes e passou a palavra a Paula Guimarães. Após uma breve introdução à investigação, pela Presidente do GRACE, tomou a palavra Norma Vogelweid, coorde-nadora do estudo “Uma leitura da perspetiva empresarial relativa-mente ao envolvimento com a comunidade em Portugal” (de 1997), que viria a dar origem à criação do GRACE.

2 CAESE julho 2013

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"Olhar para o futuro - Uma nova reflexão sobre responsabilidade social corporativa"

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Grace lança estudo na AESE

Lisboa, 29 de maio de 2013

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Paula Guimarães, Presidente do Grace

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O painel sobre o Pilar Social e Cultural, moderado por Bruno Proença (Diário Económico), permitiu a Pedro Rocha Matos (Heidrick & Struggles), a João Pedro Tavares (Accenture), a Pedro Siza Vieira (Linklaters) e a José Francisco Vieira (BP Portugal) comentar os resultados obtidos. O painel sobre o Pilar Económico e Social, moderado por André Macedo (Dinheiro Vivo), incluiu as intervenções de Jorge Santos (KPMG), António Correia (PwC), António Pita de Abreu (EDP) e João Lé (Grupo Portucel Soporcel). A Prof. Fátima Carioca (AESE) e Conceição Zagalo encerraram os trabalhos com as reflexões que a responsabilidade social lhes têm suscitado ao longo dos anos que dedicaram ao estudo desta matéria. Artigos relacionados GRACE lança estudo "Olhar para o futuro - Uma nova reflexão sobre responsabilidade social corporativa”

Uma viagem pelo passado com os olhos no futuro 21-05-2013, in Oje

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3 CAESE julho 2013

Painel sobre o Pilar Social e Cultural, moderado por Bruno Proença (Diário Económico), ao centro

Norma Vogelweid Conceição Zagalo (Grace)

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Os finalistas do 11º Executive MBA AESE/IESE estiveram juntos no fim de semana de 22 e 23 de junho numa atividade de outdoor organizada pela AESE, em parceria com a Escola Naval. O tema do encontro foi a “Liderança”. Os participantes assistiram a várias intervenções de especialistas com larga experiência de “comando” de pessoas e de organizações. Foi o caso de Manuela Silva, (38º PADE) administradora da EDP, e de José Luís Simões (15º PADE), presi-dente do conselho de adminis-tração da Luís Simões (LS) e do Agrupamento de Alumni da AESE. A Marinha, a sua missão e os seus objetivos foram apresentados pela Escola Naval, através do Contra- -almirante Bastos Ribeiro e do

Capitão-de-fragata Cardoso da Silva. Coube ao Contra-almirante Mendes Calado e Capitão-de-mar-e-guerra Sousa Pereira, explorar o tema da “Liderança e comando no mar”, tanto na vertente concetual, como na vertente do comporta-mento humano. O encontro incluiu uma visita à fragata mais moderna da Marinha, o NRP D. Francisco de Almeida, que suscitou aos participantes grande expectativa. A Escola Naval preparou um exer-cício prático de liderança num simulador de navegação. Os pre-sentes aderiram com entusiasmo. Os diplomados tomaram o coman-do de uma fragata da classe Vasco da Gama, para concretizar a mis-são de atracá-la na Base Naval de

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11º Executive MBA AESE/IESE testam a sua liderança ao comando de uma fragata

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AESE organiza evento de outdoor

Base do Alfeite, 22 a 23 de junho de 2013

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Lisboa, tendo para isso que navegar no rio Tejo, ultrapassando vários obstáculos, em 25 minutos.

Segundo a Escola Naval, “esta experiência prática permitiu assimi-lar cinco aspetos chave da lideran-ça de uma missão naval deste tipo, consideradas úteis e aplicáveis a qualquer iniciativa empresarial: • A obrigatoriedade de haver um único líder a comandar a operação, (re)conhecido por todos os elemen-tos do grupo; • A vantagem das ordens transmitidas serem repetidas em voz alta pelos subordinados, para que o líder confirme que a instrução que deu foi bem interpretada pelo executor; • A necessidade de haver disciplina, com apenas uma pessoa a falar de cada vez e da comunicação ser clara, concisa e precisa; • O enfoque no objetivo central, evitando desvios de atenção com questões que, embora interes-santes, sejam irrelevantes para a missão; • A identificação de riscos e a criação dos respetivos planos de mitigação.”

Outros Alumni do Executive MBA AESE/IESE que se encontram a trabalhar fora do país estiveram em contacto por teleconferência, tes-temunhando as oportunidades e os desafios que têm encontrado desde a conclusão do programa. No plano de trabalhos houve ainda espaço para uma sessão des-portiva conduzida pelo Centro de Educação Física da Armada e uma missa rezada pelo Capelão da Escola Naval. Marta Contente considerou a intervenção do Almirante Calado digna de ressalva. “Foi um discurso emotivo, repleto de significado e com verdadeiros ensinamentos no que toca a um verdadeiro espírito de equipa e a uma liderança exem-plar. A paixão notória em cada frase fez transparecer a garra com que agarrou a Guarnição da fragata Corte Real, mostrando que um verdadeiro líder tem que saber estar junto do seu grupo. Terminou com uma frase que não queria deixar de citar pela comoção que envolveu: “Foram os melhores anos da minha vida!”.

“Tivemos o privilégio”, segundo João Filipe Nunes, “de compartilhar histórias de vida de líderes, que com um brilho nos olhos demons-traram que o verdadeiro Líder é aquele que é exigente, determinado e que tem bem presente qual o rumo a seguir, mas que ao mesmo tempo dá o exemplo, acredita e faz acreditar, reconhece méritos e dá empower aos elementos da sua equipa, partilhando com eles su-cessos e emoções."

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Grupo do 11º Executive MBA AESE/ IESE na Escola Naval

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Como resultado dos inquéritos feitos pela Odgers Berndtson a 200 empresas ibéricas foi possível iden-tificar um conjunto de atributos, aspetos funcionais e de gestão que marcaram as estratégias das organizações no período de crise entre 2008 e 2012, conduzindo-as ao sucesso. Luis Soler, sócio da Odgers Bern-dtson e analista experiente de gestão empresarial (na fotografia), liderou a equipa da Odgers Bern-dtson na auscultação de empresas, que operam em setores e geogra-fias diferentes, usufruindo de distin-tas dimensões. Numa sessão marcada por um colóquio animado, Luis Soler, também Doutor pelo IESE, apre-sentou esses “drivers” de gestão, que designou como peças do su-cesso.

A sessão de continuidade decorreu no dia 17 de junho e contou com a presença de cerca de 100 participantes, Alumni da AESE e seus convidados.

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Peças para construir uma estratégia de sucesso

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Sessão de continuidade com Luis Soler,da Odgers Berndtson

Lisboa, 17 de junho de 2013

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No dia 6 de junho, a AESE organi-zou uma sessão de continuidade intitulada “Um MBO de sucesso: o caso FISIPE”, cujo orador convi-dado foi alvo de uma “homenagem” pelos 40 anos dedicados à em-presa, um exemplo de êxito na indústria portuguesa, com dimensão internacional. João Manuel Dotti, Administrador da FISIPE desde a sua fundação em 1973, contou como é que partindo de uma situação à beira da falência, em 2005, a empresa do Grupo CUF, fornecedora de matérias-primas à indústria textil, conseguiu trans-formar-se num negócio viável, em 7 anos. Depois da CUF ter adquirido uma fábrica em Barcelona que a tornaria finalmente com dimensão inter-nacional para competir neste difícil e muito competitivo mercado de

fibras sintéticas ao nível global, os preços das matérias-primas e da mão de obra em Barcelona torna-ram a estratégia inviável. A fábrica de Barcelona encerrou e na sequência, a CUF desinteressa-se do negócio. Surge então a oportu-nidade de um MBO levado a cabo por três quadros da empresa. Transformar a FISIPE num produtor diferenciado nas especialidades era o objetivo. Conta João Manuel Dotti que “foram uns anos muito difíceis, mas a empresa não se desviou da estratégia definida e investiu todos os seus recursos na I&D, tanto em equipamento como em meios hu-manos altamente qualificados”, apli-cando cerca de 1,5% da faturação, em I&D, e alocando 41 pessoas a este departamento.” A experiência mostrou”, segundo o

administrador da FISIPE, “que não basta ter uma boa estratégia, é preciso ter uma cultura que permita a sua aplicação. Foi difícil mas gradualmente, com muita formação e muita informação foi-se conse-guindo. É neste percurso que é identificado o precursor de fibra de carbono como a fibra acrílica técnica com maiores potencialida-

6 de junho de 2013

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FISIPE: Quando a cultura da empresa potencia uma estratégia vencedora

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Um caso de sucesso contado na primeira pessoa

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des futuras. Montámos uma Instalação Piloto para este efeito, com apoio do QREN, e conse-guimos produzir a fibra de carbono a partir da fibra acrílica produzida no Barreiro. Não conseguimos no entanto reunir os capitais para fazer a ampliação da fábrica para a produção industrial do precursor”. Porém, no decorrer do processo de apresentação ao mercado do novo precursor, a CGL - maior produtor europeu de fibra de carbono, que tem a BMW e a VW como acionistas-, interessa-se pela aqui-sição da FISIPE, com o objetivo de integrar a cadeia de fornecimento da fibra de carbono. Em abril de 2012 chegou a acordo com os quadros do MBO e adquire a empresa. A conferência foi seguida de um colóquio com os Alumni presentes.

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8 CAESE julho 2013

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A NAVES Sociedade de Capital de Risco assina um protocolo com a Beta-i, Fábrica de Start up's e Startup Lisboa tornando-se parceira destas entidades para o estímulo ao empreendedorismo em Portugal. A NAVES SCR passará a marcar presença em fóruns de investi-mento em novos projetos, contri-buindo para o encaminhamento, com processo de acreditação sim-plificado, de novas start up's participadas para os programas de incubação e aceleração. A capital de risco da AESE garante assim a integração em redes de investidores (business angels, ven-ture capital, Banca, etc.) que ana-lisam novos projetos e integram programas de mentoring e coa-ching de novos planos de negócios.

O sponsoring de atividades de empreendedorismo conjuntamente com estes parceiros visa a cola-boração em prémios e concursos de ideias e projetos, fazendo valer o know how dos especialistas, com experiência acumulada no lança-mento de negócios em vários setores de atividade. A celebração do protocolo da Naves SCR com a Beta-i, Fábrica de Start up's e Startup Lisboa terá lugar na AESE, no dia 4 de julho.

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NAVES SCR faz crescer o empreendedorismo em Portugal

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Celebração de protocolo com a Beta-i, a Fábrica de Start up's e a Startup Lisboa

Lisboa, 4 de julho de 2013

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As possíveis férias estivais, com o afastamento da rotina diária, são propícias ao sonho… e oxalá tam-bém a um sono mais repousante. Por sonho entenda-se uma visão diferente, e melhor, do que nos cerca, desde o âmbito familiar ao vasto panorama do mundo atual. Utopias, chamemos-lhe, que têm sempre o risco de nos causar maior desilusão quando regressamos à realidade quotidiana, mas também a vantagem de nos abrir à espe-rança e ao propósito de modificá-la positivamente. Para um cristão, aliás, toda a rea-lidade é boa, pois «tudo concorre para o bem dos que amam a Deus», como diz S. Paulo, e por isso não teme ser realista; sabe-se, no entanto, responsável pelo maior bem-estar material e espiritual do próximo, e daí, empenhado na paz doméstica, nacional e geral do mundo. Como diz o Concílio, em-

bora não se deva confundir o pro-gresso económico com a im-plantação do Reino de Deus, o primeiro pode e deve contribuir para o desenvolvimento integral da pessoa humana e a salvação das almas. A Doutrina social da Igreja não é uma utopia. Não tem faltado quem tentasse convertê-la numa ideo-logia para fazê-la entrar no jogo partidário, mas sem sucesso dura-douro. A Igreja não propõe nenhum sistema político; limita-se a reco-mendar realismo – a verdade complexa sobre o homem, a família, as comunidades – para orientação dos que governam. É «apenas» uma doutrina de respeito e honestidade para com todos, proclamando a grandeza de cada pessoa, de cada família, de cada comunidade, que transcende as suas meras necessidades mate-riais. E recordando igualmente as

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Tempo de sonhar

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Boletim da Capelania

Julho de 2013

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suas fraquezas ancestrais, ponto nevrálgico e denunciador de qual-quer utopia.

Desde as «repúblicas» de Platão e Aristóteles, aos vários comunismos, anarquismos e liberalismos mo-dernos, passando pela conventual utopia de Moro, a delirante de Campanella e tantas outras – cada sistema político, a sua –, o que as perde (e nos prejudica) é a falta de verdade integral sobre o homem, a família, as comunidades. Por isso, a Igreja, «perita em humanidade», como dizia Paulo VI, continua a ser o melhor ponto de referência para todos os nossos sonhos de melhoria pessoal e social. Pe. Hugo de Azevedo

Edições anteriores: Como eliminar um valor junho de 2013 Maio maio de 2013 Um novo estilo abril de 2013 Novo Papa março de 2013 Este novo mundo fevereiro de 2013

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Seminário Finanças para Não-Financeiros Lisboa, 16, 23, 30 de setembro e 7 de outubro Saiba mais >

Seminário TIC: Fazer melhor com menos custos Lisboa, 8 de outubro Saiba mais >

Sessão de continuidade A independência energética dos EUA Lisboa, 11 de julho Saiba mais >

Programa AESE Summer School Lisboa, 8 de julho Saiba mais >

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AGENDA

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12 CAESE julho 2013

Seminários

Programas

Sessões de continuidade

Programa PADIS Porto, 30 de setembro Saiba mais >

Sessão de continuidade A Direção das Pessoas a olhar o Futuro Porto Palácio Congress Hotel & SPA, 10 de julho Saiba mais >

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Jerónimo Martins com nova Head of Global Learning 27-06-2013, in http://www.hrportugal.pt/ Os conferencistas 23-06-2013, in Diário de Notícias-Especial Opinião - Os ricos têm mercados, os pobres têm burocratas 22-06-2013, in Expresso-Economia Opinião: Direito ao trabalho 21-05-2013, in Público Opinião: O desafio da inovação aberta 19-06-2013, in Povo Livre-Principal

AESE nos Media

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De 15 a 28 de junho de 2013

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PANORAMA

Alemanha: motores de busca, paguem! O Governo alemão elaborou um projeto de lei a obrigar os motores de busca na Internet a pagar uma taxa por mostrarem conteúdos de outros meios de comunicação. Opuseram-se o Partido dos Ver-des e o Partido dos Piratas, este sem representação parlamentar. A medida é destinada a proteger a propriedade intelectual na Inter-net. O Governo adiantou que os particulares, as associações ou os autores de blogues não terão de pagar nada, visto que a lei só afetará as grandes empresas. O projeto não taxa o uso de links às notícias originais. Segundo di-zia o “El País” (31.8.2012), pre-tende-se que os motores de busca

que incorporem parte do texto da notícia nas suas páginas webs paguem pelo seu uso aos autores ou aos proprietários dos direitos. Esta decisão desagradou ao Goo-gle, que obtém 95% dos seus ren-dimentos pela publicidade inserida no motor de busca (30.000 mi-lhões de euros em 2011) e, no en-tanto, não paga pelos conteúdos que os seus motores rastreiam e que indexa. O porta-voz do Goo-gle, Kay Oberbeck, qualificou a medida de “ingerência sem para-lelo no plano mundial” e assegu-rou que “dificultará de forma maci-ça as buscas na rede alemã”. O projeto elaborado pelo governo alemão segue os passos de ou-

tras medidas adotadas na Europa para reforçar a proteção da pro-priedade intelectual na Internet. No Governo de Nicolás Sarkozy, a França estabeleceu, em 2010, a chamada “taxa Google”, um im-posto sobre os patrocínios e os banners na web. A taxa tem em mira sobretudo os operadores Google, Yahoo, AOL, Facebook e Microsoft, que têm grande parte do mercado publicitário on line. Já em março deste ano, o projeto alemão acabou por ser aprovado pelo Bundestag (Câmara Baixa do Parlamento). Na legislação aprovada, devido às críticas que ocorreram, ficou claro que os motores de busca podem

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14 CAESE julho 2013

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publicar “palavras individuais ou pequenos recortes de textos como títulos”, sem qualquer custo. Contudo, terão de pagar pelo uso de peças de conteúdo mais longas, embora os partidos da oposição tenham dito que a redação da lei é demasiado vaga.

Esses partidos poderão vir a tentar bloquear a lei no Bundesrat (Câmara Alta do Parlamento). Para o porta-voz do Google, “a lei não é necessária ou sensata. Trava a inovação e fere a economia e os utentes da Internet na Alemanha”.

Por seu turno, a associação de editores da imprensa alemã, celebrou a legislação aprovada, qualificando-a “de um importante elemento na criação de um espaço legal no mundo digital”.

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PANORAMA

Cannabis na adolescência: tem consequências Investigadores de duas universi-dades anglo-saxónicas publicaram um estudo que relaciona o consu-mo de cannabis com a perda de faculdades mentais, especialmen-te naqueles que começaram na adolescência. Os autores utilizaram como amos-tra os participantes no projeto

Dunedin, um macro estudo que tem acompanhado a saúde de mais de 1.000 pessoas nascidas nesta cidade da Nova Zelândia em 1972, desde o seu nascimento até aos 38 anos. Na opinião dos investigadores ingleses (King’s College) e norte-americanos (Du-ke University), poder contar com uma amostra tão “estudada” dife-

rencia este trabalho de outros anteriores, que não contavam com tanta informação sobre o estado neurológico dos consumidores de cannabis antes de começar a sê- -lo. Segundo os autores, as con-clusões da investigação podem ser interessantes para decisões sobre o uso terapêutico desta droga ou sobre a sua legalização.

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Que a cannabis provoca danos neurológicos já se sabia, mas este estudo permite calcular em que medida afeta o consumo em idade jovem, que faculdades em concre-to prejudica mais, e se os efeitos persistem uma vez abandonado o consumo habitual. Concretamen-te, o trabalho procura responder a sete hipóteses em torno da can-nabis. A primeira delas é que o consumo desta planta limita a capacidade intelectual. O estudo confirma esta hipótese comparando o coeficien-te intelectual dos indivíduos da amostra quando eram crianças e quando chegaram aos 38 anos. Os que não tinham consumido aumentaram o seu coeficiente em quase um ponto, enquanto que todos os outros experimentaram uma queda, incluindo os que

haviam consumido mas nunca de maneira regular; os mais afetados foram os que em três ou mais revisões – a todos foram feitas periodicamente e nas mesmas idades – apresentaram sintomas de ser consumidores habituais: estes perdiam quase seis pontos em relação a quando eram crian-ças. A segunda pergunta é se os danos afetam um único aspeto das faculdades mentais ou preju-dicam a inteligência em geral. Os resultados avalizam esta segunda hipótese: embora os campos mais afetados sejam a velocidade para o processamento da informação e a função executiva (a que permite ao indivíduo desligar-se do con-texto externo imediato para planifi-car e guiar a sua ação), o consu-mo habitual também prejudica a

memória, a perceção e a compre-ensão verbal. A terceira e quarta hipóteses interrogam-se sobre se os danos neurológicos que se associam à cannabis não podem ser atribuí-veis a outras causas, como a dependência de outras drogas, o apego ao álcool, a esquizofrenia ou o menor tempo que os consu-midores habituais de cannabis passam em média no ensino. Depois de “pesarem” a influência destes fatores, os autores con-cluem que os danos provocados especificamente pela cannabis continuam a ser muito significati-vos. A quinta pergunta feita no estudo é sobre como afeta a cannabis a vida diária dos consumidores. Pa-ra isso segue um método curioso:

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16 CAESE julho 2013

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os participantes na amostra es-colhem indivíduos que do seu ponto de vista “conhecem-nos muito bem”, e os investigadores interrogam estes sobre o compor-tamento habitual dos seus conhe-cidos. Os que têm amigos consu-midores salientam neles muito mais problemas de atenção ou de memória do que os outros. Os dois últimos pontos do estudo alertam sobre a especial incidên-cia da cannabis nos adolescentes. O primeiro demonstra que os que começaram a ser consumidores habituais na adolescência experi-mentam uma perda de faculdades mentais muito mais notória do que aqueles que o fizeram enquanto

adultos, e isso medindo ambos os grupos com o mesmo número de anos a consumir. Os investiga-dores pensam que isto se deve a que “a puberdade é um período crítico do desenvolvimento do cérebro, caraterizado pelo amadu-recimento neuronal e do sistema de neurotransmissores”. Além disso, e este é o último ponto, os danos causados pela cannabis são muito mais persis-tentes, passado um ano de a terem abandonado, nos cérebros dos que começaram a consumir na adolescência. E isto, inclusi-vamente, nos que consumiam apenas de forma esporádica, cerca de 14 dias por ano.

Por tudo isto, os autores do estudo recomendam que se invista em campanhas dirigidas aos jovens para estes ganharem consciência. Sobretudo porque acreditam haver uma certa indul-gência do discurso público oficial para com esta droga, sobre a qual muitas vezes se mencionam os seus efeitos “terapêuticos”, e um relaxamento entre os jovens, como se não houvesse conse-quências pelo consumo da canna-bis. A verdade é que existem essas consequências.

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PANORAMA

Esvaziando o casamento: do direito ao facto O Congresso Mundial de Famílias (WCF, nas suas siglas em inglês) integra grupos de diferentes culturas e países que promovem a família natural fundada no casamento entre o homem e a mulher, e que se ocupam da educação dos filhos. O WCF forma uma rede internacional de organizações em prol da família, pensadores e líderes culturais e políticos, que procuram influir na sociedade e na legislação familiar. No ano passado, realizou-se em Madrid o VI Congresso Mundial de Famílias. Javier Escrivá Ivars, catedrático de Direito Eclesiástico do Estado na Universidade de Valência e diretor do Instituto de Ciências para a Família da Universidade de Navarra, fez aí

uma comunicação “O facto do casamento. Desafios perante uma crise” (“El hecho del matrimonio. Retos ante una crisis”), cujas principais ideias resumimos. O século XX, segundo Escrivá, caraterizou-se por questionar os limites do casamento e da família, isto é, a sua definição. Mas fracassou na sua tentativa de redesenhar uma realidade alter-nativa, deixando, sim, uma pe-numbra terminológica que afetou o ordenamento jurídico. Embora a comunicação tenha versado fundamentalmente sobre os aspetos jurídicos do casamento e da família, Escrivá refere que “as mutações que houve, foram

não apenas do Direito de família, como principalmente das conce-ções sociais que predominam a respeito da família”. Não obstante, o direito tem vindo a produzir atualmente, numa segunda fase, um esvaziamento do conceito do casamento na realidade. Um exemplo desta tendência é a lei do “divórcio expresso”, aprovada pelo governo de Zapatero, que permite o divórcio três meses depois do casamento, inclusiva-mente, por imposição unilateral de um dos cônjuges. Muito do esbatimento do conceito jurídico de casamento e de família tem origem numa corrente de sentimentalismo jurídico que ba-naliza a realidade do casamento e

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a capacidade da pessoa para o viver. Assim, afirma Escrivá, che-gou-se a readmitir, na forma de divórcio expresso, o antigo cos-tume do repúdio. Escrivá interroga-se sobre se será possível afirmar-se hoje que o casamento civil constitui uma autêntica relação jurídica: “Acaso não se está a transformar o casamento numa subespécie den-tro do género das uniões de facto?”. O autor denomina esta tendência “desjuridificação do ca-samento”: “o paulatino esbati-mento da sanção jurídica às obri-gações que derivam do casamen-to (os direitos e deveres conju-gais), e a sua correlativa remissão para um vago mundo de ideais”. Esta é, segundo Escrivá, a razão de as uniões homossexuais terem

sido assimiladas ao casamento heterossexual. Uma vez no terre-no dos sentimentos e dos arranjos fáceis, Escrivá questiona-se sobre que sentido tem continuar a manter outros limites jurídicos ao conceito de casamento e de família. Por exemplo, se o com-promisso já não é uma condição fundadora do casamento, não haveria problemas em admitir a poligamia, claro que admitindo a possibilidade de o harém ser masculino ou feminino, ou mesmo misto. Quanto à consanguinidade, o limi-te jurídico faz sentido quando se pensa na prole, mas uma vez que a procriação seja separada do casamento ou, inclusivamente, da sexualidade, não haveria razões para negar a dois irmãos o casa-mento que se concedeu ao casal

de homossexuais. Tão-pouco ha-veria razões para proibir o casamento no caso de dois menores de idade, para lá do complicado assunto da falta de idade legal; só que, existindo a realidade do divórcio expresso, seria difícil convencer os dois menores de que ainda terão de esperar ser adultos para che-garem à maturidade nas suas decisões. Para Escrivá, a família natural é aquela que repetidamente designa por “família de fundação matrimo-nial”, pelo que a regulamentação do casamento é tal como a regula-mentação da família, e a desregu-lamentação de um, a da outra. Se se perde de vista o caráter teleo-lógico (focalizado no “para quê”) da regulamentação do casamento e se aceita uma regulamentação

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de factos consumados (“já existem uniões de homens que vivem como se fossem um casal, logo há que lhes dar essa categoria”), bem se poderia vir a fazer o mesmo com o conceito de família: se um grupo de amigos decidir que, na realidade, formam uma família, porque motivo não reconhecê-los legalmente como tal? As palavras de Escrivá para o casamento poder-se-iam aplicar igualmente à família: se tudo é família, nada é família. Javier Escrivá transmite na sua conferência um ponto de vista

cristão do casamento e da família, e focaliza-os numa perspetiva jurídica e cultural; no entanto, considera que nem o casamento nem a família se definem primaria-mente a partir da religião, nem a partir do direito, nem a partir da sociologia, mas a partir da antro-pologia. Sente-se justificado para falar de casamento e família naturais, porque entende que es-tas realidades fazem parte da identidade do ser humano. Assim, o casamento e a família estão intrinsecamente unidos à sexualidade, mas entendida, esta

também, como um elemento iden-titário e teleológico: “Casamento e família”, salienta Escrivá, “assen-tam as suas raízes na humani-dade do homem e da mulher”. O conceito de “criação dos filhos”, objetivo da família, está unido indissoluvelmente a esta diferença e complementaridade entre o homem e a mulher. Daí que a ideologia de género constitua um desafio frontal ao conceito de família.

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A definição da família como “o âmbito onde o homem pode nascer com dignidade, crescer e desenvolver-se de um modo inte-gral” (palavras que Escrivá retira da homilia de Bento XVI no Encontro Mundial das Famílias de Valência, em 2006) implica, além da complementaridade sexual dos pais, a indissolubilidade do vínculo entre os pais e entre filhos e pais. Esses vínculos fazem parte da identidade de cada membro da família, e não são meras escolhas revogáveis. Daí que o fracasso de um projeto familiar seja sempre

um fracasso pessoal para cada membro, para lá da culpabilidade de cada um. A sociedade moderna, e logo a política, perderam de vista a profunda carga antropológica do casamento, o que conduziu a simplificações e equívocos que ainda poderiam ir mais longe. Por isso, Javier Escrivá considera que é necessário voltar a colocar a questão em toda a sua profun-didade: quando se fala de família, superficialidade e desnaturaliza-ção são sinónimos.

Para Escrivá, o conceito de casa-mento (e o de família) afeta o que significa ser pessoa, pelo que só pode ser regulamentado à luz do direito natural: “o casamento não é outra coisa a não ser a digna união entre homem e mulher enquanto tais. O que exige a sua dignidade, isso é o casamento”.

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PANORAMA

“O Artista” “The artist” Realizador: Michel Hazanavicius Atores: Jean Dujardin; Bérénice Bejo Duração: 100 min. Ano: 2011 Um filme vencedor dos óscares nas categorias principais: melhor Filme; Realizador e Ator. É a preto e branco, mudo, com uma esme-rada banda sonora, relembrando Orson Welles no seu “Citizen Kane - o mundo a seus pés” e também Billy Wilder no “Crepús-culo dos deuses”.

A história pode parecer simples mas é realmente verosímil: um homem habituado ao sucesso recusa-se a acompanhar a evolu-ção tecnológica, vindo a cair na miséria. Trata-se de um reconhe-cido ator do cinema mudo que despreza os papéis em filmes sonoros, ficando cada vez com menos audiência e contratos. Pelo contrário, uma jovem atriz e sua grande admiradora, segue o traje-to oposto e depressa atinge o apogeu. Apesar de todas as vicis-situdes, ela não o perde de vista. Quer ajudá-lo na sua tragédia e intervém no momento oportuno. Ele não querer reconhecer a sua

situação e afasta esse apoio ao sentir o seu orgulho ferido. Ela não desiste e demonstra com factos as suas boas intenções. É uma boa profissional e sabe o que faz. Já aprendeu bem os “ossos do ofício”. Um dia apresenta-lhe uma pro-posta concreta, levando-o ao encontro da pessoa que lhe poderia relançar a carreira. Todos chegam a acordo e renasce a antiga star em novos êxitos. O happy end nunca se alcança sozinho…

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Tópicos de análise: 1. Aceitar um bom conselho

pode potenciar ao máximo um projeto.

2. Adaptar-se a novas situações

a partir do saber adquirido propicia a inovação.

3. A pessoa competente sabe que com outros atinge mais depressa os objetivos.

Paulo Miguel Martins

Professor da AESE

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DOCUMENTAÇÃO

As escolas católicas dos Estados Unidos procuram como reconverter-se Na última década, as escolas católicas dos Estados Unidos – todas privadas – perderam 25% do seu corpo de alunos, e uma em cada quatro tiveram de fechar. Perante este panorama, várias dioceses encetaram iniciativas para otimizar o rendimento empre-sarial dos seus centros sem per-der a identidade católica. O número de estudantes em esco-las católicas (primária e secundá-ria) passou dos cinco milhões em 1960 (um em cada dez alunos) para pouco mais de dois milhões durante o ano letivo de 2011-12, somente um em cada 30. Esta descida foi especialmente notória

nas escolas de ensino primário (elementary/middle schools), que ainda hoje acolhem 71% dos alunos de centros católicos. A tendência negativa pareceu rever-ter-se na década de 90, mas, na primeira do século XXI, as inscrições voltaram a baixar, levando a que as propinas tenham descido nos últimos anos. As contas não batem certo Atualmente, a presença numa escola católica custa uma média de 5.387 dólares por ano (3.673 no ensino primário e 8.182 na high

school). O custo real é muito maior: segundo um estudo da

Associação Nacional de Ensino Cató l i co (NCEA – Nat i ona l Catholic Educational Association, nas suas siglas em inglês), aquilo q ue as fa mí l i a s pa ga m s ó representa 62% do custo de um lugar no ensino primário, e 80% do de uma high school. Como referência, o gasto por estudante numa escola pública foi de 10.615 dólares em 2010. O resto do dinheiro vem das dioceses, doa-dores particulares e das adminis-trações. Contudo, os subsídios públicos a escolas católicas fo-ram, em 2011, de 348 milhões de dólares, uma ninharia conside-rando os mais de 6.600 milhões de dólares que todos os anos o

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erário público poupa devido aos alunos escolarizados nos centros católicos. Por isso, uma das principais reclamações destas escolas é que se instaure o cheque escolar, de forma que cada família destine o dinheiro fixado pela administração para a escola que mais lhe interessar. Dado o alto nível aca-démico que, em geral, têm as escolas católicas, a aprovação do cheque escolar poderia ser a sua tábua de salvação. Sem esta ajuda, cada vez será más difícil que continuem a abrir as suas salas de aula, como tradicional-mente têm feito, a alguns dos setores mais empobrecidos da sociedade norte-americana. De todas as escolas privadas, a católica seria a mais barata de

financiar pela Administração, e é a que mais se parece com a escola pública nalguns indicadores como a percentagem de alunos de minorias étnicas ou o rácio alunos-professor, o mais elevado de todo o setor privado. Por tudo isso, não se pode acusar os centros católicos de elitistas. Mui-to menos o ensino diferenciado é o motivo da falta de financiamento público: somente uma em cada três high schools seguem este modelo, que praticamente não é seguido nas escolas de ensino primário. Demografia, charter schools e falta de vocações religiosas Além da falta de subsídio público, outros fatores explicam a situação de apuros de grande parte da escola católica norte-americana.

Um deles é precisamente a explo-são das charter schools, escolas públicas financiadas pelas admi-nistrações mas que gozam de muito mais autonomia na sua gestão do que as escolas públicas tradicionais, embora não tanta como nas privadas. Há quem tenha proposto que as dioceses convertam as suas escolas em charter (como já sucedeu na diocese de Washington), mas parte das autoridades eclesiás-ticas consideram que isto signifi-caria diluir o cunho católico. Outro fenómeno que explica a crise do ensino católico são as mudanças demográficas: por um lado, alguns dos “novos católicos” (fundamentalmente hispânicos) não estão acostumados a ter de pagar na escola, e menos ainda as taxas que se cobram nos EUA;

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por outro lado, muitos católicos estão a abandonar o centro urbano e a transferir-se para as zonas residenciais, onde existem menos escolas católicas e onde as públicas têm melhor nível. Além disso, a insustentabilidade do atual modelo também se explica pela falta de vocações religiosas e de sacerdotes, e pela necessidade de contar com mais professores leigos. Os seus salá-rios (cerca de 35.000 dólares anuais, 20.000 menos do que o salário médio numa escola pú-blica) revelam o seu compro-misso com o ensino católico, mas mesmo assim são um gasto muito superior em relação ao que ganham os religiosos e sacerdo-tes (que atualmente apenas repre-sentam 3,3% do professorado nas escolas católicas). A perda de

“identidade católica” tem vindo a ser acentuada por uma presença cada vez maior de alunos não católicos. Se em 1970 eram somente 2,7%, hoje ultrapassam já os 15%. Sublinhar a própria identidade Perante a concorrência das char-

ter, muitos pensam que as esco-las católicas deveriam sublinhar a sua própria identidade, inclusiva-mente como estratégia comercial. Receiam que, por conseguir finan-ciamento, as escolas sofram o mesmo processo de perda de identidade que experimentaram algumas universidades católicas no passado, ou que deixem de atender preferencialmente alguns coletivos especialmente necessi-tados. Talvez por isso tenham re-cebido, com precaução, algumas

das medidas destinadas a sanear as finanças. Segundo a empresa Fundraising Resource Group que trabalhou com várias dioceses norte- -americanas, a salvação das escolas católicas passa por quatro medidas. Um artigo (“How to save catholic education in 4 not-so-easy steps”, 8.1.2013) publicado na sua web, comenta que a vocação universal da Igreja e o especial sentido de “missão” que têm tido as suas escolas nos Estados Unidos não se devem perder, embora reconheça que constituem uma dor de cabeça para a economia destes centros. A primeira medida que é proposta consiste em abandonar as “absur-das competências” entre os cen-tros educativos das diferentes

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freguesias, e impulsionar consór-cios de escolas católicas. Em segundo lugar, continuar a fazer campanha para conseguir finan-ciamento público, concretamente através do cheque escolar: se for progressivo (mais dinheiro con-soante o aluno tenha mais necessidades educativas), os cen-tros poderiam continuar a esco-larizar grupos sociais desfavore-cidos. Em terceiro lugar, criar um modelo de negócio que dê garan-tias aos investidores privados do rendimento dos seus investimen-tos, com um acompanhamento transparente de cada um. Por último, o autor advoga a criação de um grande fundo comum, nacional, para o financiamento

das escolas católicas, o que otimi-zaria os esforços de marketing. Por que não tentar que algumas das grandes fortunas norte- -americanas se comprometam com um modelo educativo que serviu tão abnegadamente o país? Estratégia comercial Algumas dioceses ou redes de escolas católicas já encetaram algumas medidas para conseguir receitas ou melhorar a sua estratégia comercial. A “Cristo Rey Network” (25 high schools pre-sentes em 17 estados diferentes) tem vindo há algum tempo a oferecer um curriculum que mis-tura o ensino nas salas de aula

com um dia por semana de trabalho numa empresa colabo-radora. Os salários que ganham aí destinam-se a pagar a sua matrícula, pois os estudantes pertencem, na sua maioria, a classes sociais baixas. A diocese de Filadélfia decidiu, no ano passado, deixar a gestão das suas 21 high schools (além de vir a assesorar as 123 escolas primá-rias) nas mãos de uma entidade criada, especificamente, para ava-liar a sustentabilidade de cada escola e procurar as soluções empresariais mais rentáveis: a “Faith in the Future Foundation”.

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Por seu turno, a “Catholic School Development Program”, presente em Nova Jersey e na Pensilvânia, é uma fundação sem fins lucrativos que oferece às escolas católicas serviços gratuitos de assessoria comercial e de gover-no. É financiada graças aos dona-tivos (muitos na forma de bolsas) de empresas e também de pessoas individuais.

Como explicam os criadores desta iniciativa, as estratégias comer-ciais não estão em conflito com a missão tradicional da escola católica: “os velhos métodos [para o sustento das escolas] já não servem. Necessitamos de um novo paradigma, um que seja solvente e permita às escolas investir em infraestruturas a longo prazo […] Fazemos isto porque acreditamos nos benefícios do

ensino católico para os alunos, a sociedade e a Igreja”.

F.R.-B.

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Dívida universitária, a próxima bolha a estalar? Nos EUA, a dívida contraída pelos universitários para pagar os estu-dos cresce, e a situação económi-ca cada vez oferece menos possi-bilidades para a sua devolução. A dívida que os estudantes univer-sitários norte-americanos contra-em para financiar os seus estudos cresce continuamente. Numero-sos analistas pensam que a confluência de vários fatores, macroeconómicos e microeconó-micos, torna cada vez mais difícil liquidar empréstimos maioritaria-mente públicos e, portanto, com encargos para o contribuinte. Com um montante próximo de 1 milhão de milhões de dólares, segundo a Reserva Federal, e um

encargo médio de 26.600 dólares para os licenciados em 2011, a dívida estudantil supera já a dos cartões de crédito e é, juntamente com a hipotecária, a mais im-portante para os lares norte- -americanos. Além disso, é a única das três que está a aumentar. Desde finais de 2007, justamente antes do rebentar da crise, a dívida total estudantil cresceu mais de 56%, com dados ajustados à inflação. Muitos economistas pensam não restar outra saída a não ser o resgate. Mas esse corte sairia muito caro: segundo alguns cálcu-los, perdoar as dívidas hoje em suspensão de pagamentos custa-ria 74.000 milhões de dólares.

Espiral de dívida Os fatores que estão a alimentar a espiral desta dívida referem-se, por um lado, aos próprios progra-mas de empréstimo e, por outro, à situação económica geral, embo-ra, logicamente, ambos os fenó-menos estejam relacionados. O desemprego juvenil entre aque-les que têm um título universitário é de 9%, algo acima da taxa geral, mas inferior ao dos que não passaram da high school, que se situa em torno de 16%. Mais do que a taxa de desemprego, o problema dos recém-licenciados é que ganham pouco. Quase quatro em cada dez (37,8%) trabalham em profissões para as quais não é

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necessária qualificação universi-tária, por exemplo, como empre-gados de mesa ou vendedores, e os salários não são suficientes para devolver os créditos que pediram quando as perspetivas laborais eram mais favoráveis. A dívida foi engordando devido a outros fatores conjunturais. Por um lado, muitos licenciados re-gressaram à universidade (para fazer estudos de pós-graduação) após comprovarem que o merca-do laboral não lhes oferecia o que eles esperavam, pelo que volta-ram a endividar-se. Por outro lado, a crise hipotecária deixou sem muitos recursos bastantes lares norte-americanos, pelo que se recorreu em maior grau aos empréstimos federais auxiliares, como o programa Parent Plus. Este programa ajuda os pais a

financiar os estudos universitários dos seus filhos mas, no atual contexto económico está a haver cada vez mais casos de pais que, sem terem acabado de pagar os seus próprios estudos, se encon-tram também a pagar os dos seus filhos. O governo federal como prestamista Dois em cada três recém- -licenciados saem da universidade com dívida por pagar. Em 2010, a administração Obama impulsionou uma reforma pela qual o Governo federal passava a ter um papel de prestamista direto, e não só de garante, na maior parte dos crédi-tos universitários. Esta medida procurava proteger os estudantes dos juros abusivos de muitos empréstimos privados, oferecen-

do-lhes créditos a juro fixo e adequados à sua capacidade para os devolver. Agora o Governo federal é o prestamista em 93% dos casos. O programa Stafford Loans abar-ca 75% destas ajudas federais. Os empréstimos estão sujeitos a um juro diferente de acordo com a situação do estudante. A taxa depende de se justificar a neces-sidade económica (em cujo caso são empréstimos subsidiados) ou não, e também do nível de estu-dos que se queiram frequentar. Por exemplo, é de 3,4% para os estudantes do ensino fundamen-tal que tenham demonstrado a sua necessidade económica; pelo contrário, o juro chega a 6,8% para os que não a justifiquem ou estudem um programa de pós- -graduação.

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No caso dos empréstimos subsi-diados, os juros são suportados pelo Governo até o estudante terminar o curso. Se o empréstimo não é subsidiado, o aluno – ou a sua família – pagam, desde o princípio, os juros. Se não puder fazê-lo, vão-se acumulando ao primeiro saldo, pelo que o montante vai aumentando. Este fenómeno, conhecido como “curva exponencial do juro composto”, está a afetar cada vez mais estudantes. O incumprimento aumenta Segundo dados do Departamento de Educação norte-americano pu-blicados em finais de setembro, 13,4% dos estudantes com ajudas

federais tinham suspendido os pagamentos já nos primeiros três anos após a conclusão do curso. Várias instituições e particulares tinham pedido ao Departamento de Educação que modificasse os seus critérios para o cálculo do incumprimento. Argumentavam que os parâmetros em vigor (só se tinham em conta os primeiros dois anos posteriores ao período de carência) escondiam a verda-deira e dramática situação da dívida universitária e incentivavam as universidades a disfarçar o incumprimento dos seus alunos. Os dados apresentados agora pelo Governo demonstram a importância de mudar de critério: se se tiver em conta o terceiro

ano, o incumprimento passa de 7,2% para 11% nas universidades públicas, de 4,6% para 7,5% nas privadas sem fins lucrativos e de 15% para 22,7% nas privadas com fins lucrativos. Em geral, significa um aumento de quase 50% em relação ao incumpri-mento nos primeiros dois anos. Partindo do princípio de que a taxa de incumprimento não tivesse crescido desde outubro de 2011 – algo pouco provável, considerando o aumento da dívida contraída e a trajetória da própria taxa –, o dinheiro em atraso chegaria atualmente a 110.000 milhões de dólares.

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Se o volume de dívida continuar a crescer ao ritmo atual – e é mais do que provável depois da administração Obama ter anun-ciado as suas intenções de facilitar o acesso aos empréstimos –, em 16 meses alcançará um total de 1,3 milhões de milhões de dólares. Se a isto se aplicar um incumprimento próximo de 20% (tendo em conta alguns emprés-timos que atualmente se encon-tram em adiamento ou redução de

pagamentos mas que, presumi-velmente, acabarão em mora), o panorama parece-se muito com o do mercado subprime (hipotecas lixo) antes de a bolha ter explo-dido. Por isso, alguns investiga-dores avisam: não se trata de a bolha universitária ser um risco real, ela está já a rebentar. Para lá das consequências de curto prazo (falta de receitas públicas), a dívida universitária

levanta uma séria ameaça à emancipação dos jovens.

F.R.-B.

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