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Capítulo 2 Análise da Legislação Incidente

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Capítulo 2Análise da Legislação Incidente

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2. ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO INCIDENTE

Neste capítulo é apresentada a análise do contexto normativo,

contemplando os aspectos legais urbanísticos e ambientais relacionados à

implantação do empreendimento, objeto deste EIA, bem como as

implicações jurídicas sob a análise da legislação federal, estadual e

municipal, incluindo enfoques específicos do ordenamento jurídico do

município de Praia Grande, notadamente as diretrizes de planejamento

territorial contemplada no Plano Diretor e no Zoneamento Municipal.

São também apresentadas as legislações vigentes nas quais constam

restrições relativas à implantação do empreendimento, levando-se em

consideração as Áreas de Preservação Permanente; Unidades de

Conservação; as restrições relativas à supressão de vegetação, incluindo a

questão da vegetação caracterizada como de Mata Atlântica; e as diretrizes

para o levantamento faunístico.

A compilação das principais leis e normas correlatas aplicáveis ao

presente empreendimento, utilizadas para a elaboração deste estudo são

organizadas na forma de Quadros temáticos.

A seguir é apresentada a síntese de toda a avaliação da legislação

que incide sobre o projeto em fase de licenciamento.

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2.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Destaca-se que no Capítulo 4.1.2.3 relativo ao Diagnóstico

Ambiental da Área de Influência Indireta – AII do Meio Biótico, as Unidades

de Conservação de interesse são devidamente localizadas e ilustradas, bem

como caracterizadas, razão pela qual, este item tentará restringir a

amplitude dos estudos na avaliação da legislação incidente, demonstrando a

obediência às restrições legais decorrentes deste aspecto.

A Lei Federal n° 9.985/00 que regulamentou o artigo 225, § 1°, I, II,

III, e IV da Constituição Federal, instituiu o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação – SNUC. Posteriormente, esta Lei foi regulamentada pelos

Decretos Federais nº 4.340/02 (alterado pelo Decreto Federal nº 6.848/09)

e 5.746/06, e alterada pelas Leis 11.132/05, 11.460/07 e 11.516/07.

A Unidade de Conservação, por definição legal, é um: “espaço

territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com

características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público,

com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de

administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (art.

2º, inciso I da Lei Federal n°9.985/00). Em outras palavras, trata-se de

ambientes naturais instituídos pelo Poder Público, de modo a

restringir/permitir a utilização dos recursos naturais renováveis de forma

sustentável, e a exploração dos recursos naturais não renováveis de

maneira eficiente.

As Unidades de Conservação integrantes do SNUC foram divididas em

2 grupos conforme suas características e níveis de restrição: Unidades de

Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável (art. 7º, incisos I e II

da Lei Federal n° 9.985/00).

As Unidades de Proteção Integral, na qual se inserem as: I -

Estação Ecológica; II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV -

Monumento Natural; e V - Refúgio de Vida Silvestre (art. 8º), têm como

objetivo básico, a preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso

indireto dos seus recursos naturais (art. 7º, §1º). Por outro lado, as

Unidades de Uso Sustentável, composta pelas: I - Área de Proteção

Ambiental; II - Área de Relevante Interesse Ecológico; III - Floresta

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Nacional; IV - Reserva Extrativista; V - Reserva de Fauna; VI – Reserva de

Desenvolvimento Sustentável; e VII - Reserva Particular do Patrimônio

Natural (art. 14), têm um nível de restrição mais ameno de maneira a

compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela

dos seus recursos naturais (art. 7º, §2º).

Na AII do empreendimento (Região Metropolitana da Baixada

Santista) existem quatro Unidades de Conservação de Proteção Integral e

seis Unidades de Uso Sustentável, além da região localizar-se na Reserva

da Biosfera da Mata Atlântica, integrando a Reserva da Biosfera do Cinturão

Verde de São Paulo.

Os Quadros 2.1-1 e 2.1-2 apresentam a relação de Unidades de

Conservação existentes na AII.

Quadro 2.1-1: Unidades de Conservação de Proteção Integral

localizadas na AII.

Unidade de Conservação Municípios da AII abrangidos

pela UC

1 – Estação Ecológica Juréia-Itatins Peruíbe

2 - Parque Estadual da Serra do Mar

Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá,

Praia Grande, São Vicente,

Cubatão, Santos e Bertioga.

3 – Parque Estadual Xixová-Japuí Praia Grande e São Vicente

4 – Parque Municipal do Piaçabuçu* Praia Grande

* Parque Municipal existente em Praia Grande, município onde se pretende implantar o

empreendimento.

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Quadro 2.1-2: Unidades de Conservação de Uso Sustentável localizadas

na AII.

Unidade de Conservação Municípios da AII abrangidos

pela UC

1 – Área de Proteção Ambiental de

Cananéia-Iguape-Peruíbe (federal) Peruíbe

2 – Área de Relevante Interesse

Ecológico da Ilha do Ameixal Peruíbe

3 – RPPN Carbocloro Cubatão

4 – RPPN Tijucopava Guarujá

5 – RPPN Marina do Conde Guarujá

6 – RPPN Ecofuturo Bertioga

2.1.1. Aspectos Gerais das Estações Ecológicas

Estação Ecológica é uma Unidade de Conservação de Proteção

Integral que tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de

pesquisas científicas, que depende de autorização prévia do órgão

responsável pela administração da unidade (Lei Federal nº 9.985/00, Artigo

9º).

Estações Ecológicas (EEs) são áreas representativas de ecossistemas

brasileiros e, no mínimo, 90% de seu território deve ser destinado, em

caráter permanente, à preservação integral da biota (Lei Federal nº

6.902/81, Artigo 1º). Podem ser criadas pela União, Estados e Municípios.

Segundo o Artigo 4º da Lei Federal nº 6.902 de 27 de abril de 1981,

as EEs devem ser implantadas e estruturadas de modo a permitir estudos

comparativos com as áreas da mesma região ocupadas e modificadas pelo

homem, com o objetivo de obter informações úteis ao planejamento

regional e ao uso racional de recursos naturais.

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A visitação pública nas EEs é proibida, exceto quando com objetivo

educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade.

2.1.1.1. Estação Ecológica Juréia-Itatins

A Estação Ecológica de Juréia-Itatins (EEJI) foi criada por meio do

Decreto Estadual nº 24.646 de 20 de janeiro de 1986, englobando a área

da Reserva Florestal da Serra dos Itatins, inicialmente criada pelo Decreto

Estadual nº 31.650, de 08/04/1958. A EEJI foi implantada pela Lei Estadual

nº 5.649 de /1987

Com 79.240 hectares a EEJI está situada entre os municípios de

Iguape, Miracatu, Itariri e Peruíbe e tem como objetivos principais a

preservação da natureza e realização de pesquisas científicas.

A EEJI é responsável pela conservação de ambientes que foram

pouco alterados pelo homem e que servem como refúgio para algumas

espécies que costumavam habitar grande parte do litoral brasileiro

(FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010).

A Estação Ecológica de Juréia-Itatins abriga praias arenosas, costões

rochosos, manguezais, matas de restinga e florestas de baixada, de encosta

e de altitude; além de uma rica e diversificada fauna, com presença de

algumas espécies endêmicas e de espécies migratórias (FUNDAÇÃO

FLORESTAL, 2010).

A Estação Ecológica Juréia-Itatins está inserida na Reserva da

Biosfera da Mata Atlântica, sendo uma de suas zonas-núcleo.

Segundo FUNDAÇÃO FLORESTAL (2010), o plano de manejo da EEJI

foi iniciado em março de 2008 com estudos voltados ao Mosaico de

Unidades de Conservação Juréia-Itatins. A previsão de conclusão era agosto

de 2009, porém as atividades foram suspensas em junho de 2009 em

função de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a criação do

mosaico.

Dentro dos limites da AII, apenas o município de Peruíbe é abrangido

pela Ecológica de Juréia-Itatins. Desta forma, o empreendimento proposto

não interferirá diretamente com a área da EEJI, como também não deverá

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desobedecer qualquer restrição relacionada à sua área circundante (raio de

10 km) visto que este está localizado a aproximadamente 60 km de

distância dos limites da EEJI. Desta forma, entende-se não haver

necessidade da anuência dos gestores da estação ecológica para a

implantação do empreendimento proposto.

2.1.2. Aspectos Gerais dos Parques Estaduais

Embora a Lei Federal nº 9.985/00 disponha sobre os Parques

Nacionais, agrupando-os na categoria de Unidades de Proteção Integral, o

§4º do art. 11 da Lei do SNUC é claro ao estabelecer que as Unidades dessa

categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas:

“Parque Estadual” e “Parque Municipal”, respectivamente, tal como são

designados, por exemplo, o Parque Estadual Xixová-Japuí – PEXJ e o Parque

Municipal do Piaçabuçu. Portanto, os dispositivos estabelecidos pela Lei do

SNUC aos Parques Nacionais, podem ser aplicados, igualmente, aos Parques

Estaduais e Municipais.

Esta categoria de Unidade de Conservação, conforme definição

trazida pelo art. 11 da Lei nº 9.985/00, visa à preservação de ecossistemas

naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a

realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de

educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a

natureza e de turismo ecológico.

Cabe destacar que o Decreto Estadual nº 25.341/86 que

regulamentou os Parques Estaduais Paulistas, também traz uma definição

bastante semelhante à Lei Federal, considerando os Parques Estaduais

como áreas geográficas delimitadas, dotadas de atributos naturais

excepcionais, objeto de preservação permanente, submetidas à condição de

inalienabilidade e indisponibilidade no seu todo. Destinam-se a fins

científicos, culturais, educativos e recreativos e criados e administrados pelo

Governo Estadual, constituem bens do Estado destinados ao uso do povo,

cabendo as autoridades, mandadas pelas razões de sua criação, preservá-

los e mantê-los novos (art. 1º, §1º e §2º).

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Os Parques Estaduais são integralmente de domínio público,

consoante disposto tanto pela Legislação Federal como Estadual, e por essa

razão, tanto visitas públicas como as pesquisas científicas, dependem de

prévia autorização do órgão responsável por sua administração, que no

caso do Estado de São Paulo, era de responsabilidade do Instituto Florestal

conforme o art. 4º do Decreto Estadual nº 25.341/86 e passou a ser

atribuição da Fundação para a Conservação e Produção Florestal do Estado

de São Paulo (Fundação Florestal) segundo o texto trazido pelo art. 5º do

Decreto Estadual nº 51.453/06 (alterado pelo Decreto Estadual nº

54.079/2009) e art 2º da Resolução SMA nº 16/07.

Além de autorização específica, qualquer atividade deve obedecer às

normas e condições estabelecidas. Essas normas e condições

invariavelmente são previstas na legislação que ampara a criação da UC,

bem como constam do Plano de Manejo, instrumento obrigatoriamente a

ser elaborado pelo órgão gestor, segundo o disposto no art. 27 da Lei

Federal nº 9.985/00, regulamentado pelo art. 12 do Decreto Federal nº

4.340/02.

O Decreto Estadual nº 25.341/86 previa que os Planos de Manejo dos

Parques Estaduais deveriam ser elaborados pelo Instituto Florestal e

submetidos à aprovação do CONSEMA (art. 5º, parágrafo único). Com o

advento do Decreto Estadual nº 51.453/06 (alterado pelo Decreto Estadual

nº 54.079/2009) e da Resolução SMA nº 16/07, as atividades relacionadas

à elaboração, gestão, implantação e execução dos Planos de Manejo dos

Parques Estaduais também foram imputados à Fundação Florestal (art. 2º,

VII da Resolução SMA nº 16/07).

O Plano de Manejo, segundo a Lei Federal nº 9.985/2000 é definido

como: “O documento técnico mediante o qual, com fundamento nos

objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu

zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos

recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias

à gestão da unidade”. Esse documento técnico contempla o zoneamento

ambiental, o estabelecimento de diretrizes de uso e ocupação do solo e os

programas de ação com metas e objetivos.

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Além de abranger a área da unidade de conservação, o Plano de

Manejo também deve contemplar sua zona de amortecimento e os

corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua

integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas (art. 27, §1º

Lei nº 9.985/00).

A propósito, a zona de amortecimento é interpretada como sendo

o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas

estão sujeitas às normas e restrições específicas, com o propósito de

minimizar os impactos negativos sobre a unidade (art. 2º, inciso XVIII da

Lei Federal nº 9.985/00). Este conceito de zona de amortecimento, criado

pela Lei do SNUC, diferencia-se de outro instituto trazido pelo Decreto

Federal nº 99.274/90 e posteriormente corroborado pela Resolução

CONAMA nº 13/90 a que se dominou de: “áreas circundantes das

Unidades de Conservação”. Apesar da manifesta diferença, ambos os

conceitos vêm sendo utilizados sem distinção em alguns órgãos.

As áreas circundantes, na qual qualquer atividade que possa afetar a

biota deverá ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental

competente, foram estabelecidas claramente como sendo de um raio de

10km (art. 27 do Decreto Federal nº 99.274/90 e art. 2º da Resolução

CONAMA nº 13/90).

Em contrapartida, a zona de amortecimento, criada pela Lei do SNUC

não tem um limite definido pela lei, sua dimensão é variável, pois depende

de estudos técnicos que levam em consideração as particularidades de cada

UC bem como seu entorno. A delimitação da zona de amortecimento não

respeita um limite pré-fixado de 10km e é estabelecido através do Plano de

Manejo de cada Unidade de Conservação.

Neste sentido, o IBAMA ao estabelecer procedimentos para obtenção

de Autorização de Supressão de Vegetação em Florestas Nacionais da

região Norte do Brasil através da Instrução Normativa nº 152/07,

conceituou:

“Art. 2º Para os fins desta Instrução Normativa entende-se por:

II – Zona de Amortecimento: zona de entorno de uma Unidade de

Conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas às normas e

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restrições específicas com o propósito de minimizar os impactos negativos

sobre a Unidade;

III – Zona de entorno: área circundante de uma unidade de

conservação, num raio de 10 quilômetros, onde qualquer atividade que

possa afetar a biota, deverá ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão

ambiental competente conforme art. 27 do Decreto nº 99.274 de 1990

e Resolução CONAMA 13, de 6 de dezembro de 1990.” (Grifo nosso)

Destarte, é manifesta a disparidade conceitual entre a “área

circundante com raio de 10Km” e a “zona de amortecimento”. O primeiro

cria a necessidade de licenciamento ambiental de empreendimentos que

pretendem se estabelecer dentro dos limites de 10km, já o segundo

imprime restrições de ocupação humana.

Assim sendo, verificou-se que o critério estabelecido pelo art. 27 do

Decreto Federal nº 99.274/90 e art. 2º da Resolução CONAMA nº 13/90,

compreendendo o raio de 10km como sendo área circundante, vem sendo

equivocadamente utilizado para o estabelecimento da zona de

amortecimento principalmente naqueles Parques Estaduais em que o Plano

de Manejo ainda não foi elaborado.

2.1.2.1. Parque Estadual da Serra do Mar

Criado em 1977, por meio do Decreto Estadual nº 10.251, o Parque

Estadual da Serra do Mar – PESM é a maior unidade de conservação do

Estado de São Paulo (SMA, 2008).

Em 1979, o Decreto Estadual nº 13.313 estabeleceu a ampliação do

PESM, que hoje conta com um território de 315.390,69ha. Dentro dos

limites da AII o Parque Estadual da Serra do Mar abrange os municípios de

Bertioga, Cubatão, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e

São Vicente. A Tabela 2.1.2.1-1 apresenta as áreas destes municípios

abrangidos pelo PESM.

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Tabela 2.1.2.1-1: Áreas dos municípios da AII abrangidos pelo PESM.

Município Área do Município

abrangido pelo PESM (ha) % da Área Total do

Município

Bertioga 24.059,21 49,92%

Cubatão 7.389,03 49,93%

Itanhaém 21.094,46 36,31

Mongaguá 3.772,17 27,94%

Peruíbe 6.697,00 20,42%

Praia Grande 4.531,61 31,25%

Santos 12.690,76 46,83%

São Vicente 8.407,68 57,69%

Fonte: SMA (2008)

O PESM foi criado com o a finalidade de assegurar integral proteção à

flora, à fauna, às belezas naturais, bem como para garantir sua utilização a

objetivos educacionais, recreativos e científicos (Artigo 1º, Decreto Estadual

nº 10.251/77).

Esta Unidade de Conservação abriga grande área de mata atlântica

com diversos ecossistemas associados, contribuindo com a manutenção da

diversidade biológica com um dos últimos bancos genéticos da flora e fauna

do Estado de São Paulo (SMA/CEAM, 1992 apud SMA, 1996, p. 16).

Todas as fisionomias vegetacionais da região costeira são

encontradas na área do PESM, dos manguezais às áreas do planalto. Como

exemplo das espécies vegetais, há a Spirotheca passifloroides e a orquídea

Laelia purpurata, endêmica da Serra do Mar.

O parque é abrigo de significativa população de mamíferos como

Tapirus terrestris, Panthera onca, Puma concolor, Herpailurus yaguarondi,

Bradipus variegatus, Tamandua tetradactila, Lutreolina crassicaudata,

Lontra longicaudi e Sphiggurus villosus. Dentre as espécies da avifaunda, há

350 espécies registradas como Triclaria malachitacea, Pionopsitta pileata,

Spizaetus ornatus, Onychorhynchus coronatus, Baryphthengus ruficapillus,

Campephilus robustus, Calliphlox amethystina (SMA, 1996).

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O Parque Estadual da Serra do Mar é gerenciado por meio de núcleos

administrativos, uma divisão regional que facilita sua gestão devido à sua

extensão. São oito núcleos, sendo Cunha, Santa Virgínia e Curucutu com

sede no planalto; e Picinguaba, Caraguatatuba, São Sebastião, Cubatão e

Pedro de Toledo na região litorânea (SMA, 2008).

Os municípios da AII abrangidos pelo PESM fazem parte dos

seguintes núcleos:

Núcleo Itutinga-Pilões: Bertioga, Cubatão, Santos e Praia

Grande;

Núcleo Curucutu: Itanhaém e Mongaguá;

Núcleo Pedro de Toledo: Peruíbe.

O Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar foi elaborado

entre os anos de 2005 e 2006 e aprovado em 2007. Neste Plano estão

previstas restrições específicas no tocante ao uso e ocupação de áreas do

entorno do PESM.

O empreendimento proposto não interferirá diretamente com a

área do Parque Estadual e sua zona de amortecimento. A Figura

2.1.2.1-1 indica a localização do empreendimento sobre o mapa do

zoneamento do PESM.

Entretanto, no tocante ao instituto da área circundante de 10km,

estabelecida pela Resolução CONAMA nº 13/90, o empreendimento

pretendido está inserido dentro deste limite.

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Fonte: SMA, 2008.

Figura 2.1.2.1-1: Zoneamento do Parque Estadual da Serra do Mar e a Localização do empreendimento. Destacada na cor cinza, a zona de amortecimento do PESM.

2.1.2.2. Parque Estadual Xixová-Japuí

O Parque Estadual Xixová-Japuí - PEXJ foi criado em 1993 por meio

do Decreto Estadual nº 37.536 de 27 de setembro, após solicitações do

Poder Público Municipal de São Vicente e Praia Grande, Universidades e da

comunidade local, que visavam a proteção do patrimônio ambiental

abrangido pelos morros da Prainha, Japuí, Xixová e Itaipu.

O PEXJ é administrado pela Fundação para a Conservação e a

Produção Florestal do Estado de São Paulo. Seu território totaliza 901

hectares, distribuídos entre os municípios de Praia Grande (554 ha) e São

Vicente (347 ha), sendo 600 ha em área terrestre e 301 ha em área

marinha.

A área do Parque Estadual Xixová-Japuí representa um dos mais

conservados fragmentos de Mata Atlântica da Baixada Santista, destacado

da Serra do Mar. O PEXJ abriga grande variedade de ecossistemas mata de

restinga, mata de encosta, costões rochosos, praia arenosa e ecossistema

marinho.

Localização do Empreendimento

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O Parque Estadual Xixová-Japuí é uma das zonas-núcleo da Reserva

da Biosfera da Mata Atlântica e integra a Reserva da Biosfera do Cinturão

Verde de São Paulo (RBCVSP). O zoneamento da Reserva da Biosfera da

Mata Atlântica define zonas-núcleo basicamente como as Unidades de

Conservação de proteção integral e sua função é a proteção da

biodiversidade.

O Conselho Consultivo do PEXJ foi empossado em Outubro/2009. Os

trabalhos de elaboração do Plano de Manejo do parque tiveram início em

Fevereiro/2009, sob Coordenação Executiva da Fundação Florestal e

Coordenação Técnica da UNESP São Vicente (UNESP, 2010). A primeira fase

do Plano de Manejo foi elaborada em 1997 e consistiu na consolidação de

dados e no estabelecimento de diretrizes preliminares para implantação do

Parque. A segunda fase foi elaborada em 2000 (FUNDAÇÃO FLORESTAL,

2010).

Tendo em vista que o Plano de Manejo do PEXJ encontra-se em

elaboração, não existem informações sobre restrições de uso e ocupação do

solo, ou mesmo da delimitação, inequívoca, da zona de amortecimento do

Parque Estadual.

O empreendimento pretendido está inserido dentro dos limites

da área circundante de 10km, estabelecida pela Resolução CONAMA nº

13/90.

2.1.2.3. Parque Municipal do Piaçabuçu

Instituído pela Lei Complementar nº 473 de 27 de dezembro de

2006, o Parque Municipal do Piaçabuçu foi criado com o propósito de

garantir a proteção dos mangues situados no município de Praia Grande.

Os limites do Parque Municipal do Piaçabuçu ainda não foram

demarcados em campo e o Plano de Manejo ainda não foi elaborado. No

entanto, o Plano Diretor do município (Lei Complementar nº 473/2006)

estabelece em seu Artigo 51 uma faixa non aedificandi de 100 metros de

largura ao longo do perímetro do parque. Cabe destacar que a área do

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empreendimento proposto está localizada a aproximadamente

1,5km de distância dos limites do Parque Municipal do Piaçabuçu.

No tocante à área circundante de 10km, estabelecida pela Resolução

CONAMA nº 13/90, o empreendimento pretendido está inserido

dentro deste limite.

2.1.3. Aspectos Gerais das Áreas de Proteção Ambiental -

APAs

A Área de Proteção Ambiental – APA, é uma categoria de Unidade de

Conservação que possibilita certo grau de ocupação humana e por isso tem

como um de seus objetivos básicos o disciplinamento do processo dessa

ocupação (art. 15 da Lei Federal nº 9.985/00). Neste aspecto reside a

principal diferença com os Parques Estaduais, pois estes são classificados

como de Proteção Integral, quando que as APAs são Unidades de Uso

Sustentável.

Outra distinção consiste na ausência de zona de amortecimento

consoante é capitulado no art. 25 da Lei Federal nº 9985/00.

As APAs foram criadas através da Lei Federal nº 6.902/81,

regulamentada pelo Decreto Federal nº 99.274/90, ou seja, muito antes da

concepção da Lei do SNUC.

As restrições contempladas na legislação citada referem-se à

limitação ou proibição de indústrias potencialmente poluidoras capazes de

afetar mananciais de água; a realização de obras de terraplenagem e a

abertura de canais, quando essas importarem em sensível alteração das

condições ecológicas locais; atividades que possam causar erosão e/ou

assoreamento das coleções hídricas, e o exercício de atividades que

ameacem extinguir na área protegida, as espécies raras da biota regional

(art. 9º da Lei Federal nº 6.902/81).

Entretanto, foi a Resolução CONAMA nº 10/88 quem trouxe uma

regulamentação mais específica desse tipo de Unidade de Conservação ao

fixar que as APAs são unidades de conservação, destinadas a proteger e

conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes,

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IC01-RT005 2-15

visando a melhoria da qualidade de vida da população local e também

objetivando a proteção dos ecossistemas regionais (art. 1º).

Ademais, através do art. 4º instituiu-se que as APAs deveriam contar

com uma Zona de Conservação de Vida Silvestre, áreas nas quais poderá

ser admitido um uso moderado e auto-sustentado da biota, regulado de

modo a assegurar a manutenção dos ecossistemas naturais.

Esta Resolução também criou a obrigatoriedade das APAs contarem

com um zoneamento ecológico-econômico estabelecendo normas de uso de

acordo com as condições locais bióticas, geológicas, urbanísticas, agro-

pastoris, extrativistas, culturais e outras (art. 2º parágrafo único).

Posteriormente, com o advento da Lei do SNUC, o Plano de Manejo passou

a fazer às vezes do zoneamento ecológico-econômico, conforme disposto no

art. 27 e parágrafos de aludida lei.

Por fim, como aspecto geral, toda APA deve dispor de um Conselho

Gestor que tem a responsabilidade de emitir prévia autorização exigindo

que qualquer projeto de urbanização: a) seja adequado ao zoneamento

ecológico-econômico da área; b) implante sistema de coleta e tratamento

de esgoto; c) implante sistema de vias públicas sempre que possível e

curvas de nível e rampas suaves de águas pluviais; d) implante lotes de

tamanho mínimo suficiente para o plantio de árvores em pelo menos 20%

da área do terreno; e) programe plantio de áreas verdes com uso de

espécies nativas; f) exija o traçado de ruas e lotes comercializáveis com

respeito à topografia com inclinação inferior a 10% (art. 8º da Resolução

CONAMA nº 10/88).

A esse Conselho Gestor também foi atribuída a competência de

manifestar-se nos processos de licenciamento de empreendimentos por

meio do inciso VIII do art. 20 do Decreto Federal nº 4.340/2002 que

regulamentou a Lei Federal nº 9.985/2000, bem como aprovar a instalação

de redes de abastecimento de água, esgoto, energia e infra-estrutura

urbana em geral, dentro da APA, sem prejuízo da necessidade de

elaboração de estudos de impacto ambiental e outras exigências legais (art.

46 da Lei do SNUC).

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IC01-RT005 2-16

2.1.3.1. APA Federal Cananéia-Iguape-Peruíbe

A APA Cananéia-Iguape-Peruíbe (APA CIP) foi criada pelo Decreto

Federal nº 90.347, de 23 de outubro de 1984 e ampliado por meio do

Decreto Federal nº 91.892, de 06 de novembro de 1985.

A APA tem como objetivo possibilitar às comunidades caiçaras o

exercício de suas atividades, dentro dos padrões estabelecidos

historicamente; proteger e conservar: os ecossistemas, desde os

manguezais das faixas litorâneas, até as regiões de campo, nos trechos de

maiores altitudes; as espécies ameaçadas de extinção; as áreas de

nidificação de aves marinhas e de arribação; os sítios arqueológicos; os

remanescentes da floresta atlântica; a qualidade dos recursos hídricos

(ICMBIO, 2010).

A APA CIP tem 217.060ha e limita-se ao norte com o Parque Estadual

da Serra do Mar, ao sudoeste com Jacupiranga e ao sul com a Ilha do

Cardoso. Dentre os municípios da AII, somente Peruíbe é abrangido pela

AII.

O Conselho Consultivo da APA CIP (CONAPA CIP) foi formado em

outubro/2010 e tem o objetivo diminuir os conflitos com a população

residente através do manejo participativo da área (ICMBIO, 2010).

Cabe salientar que o empreendimento pretendido não será

instalado dentro dos limites da APA Cananéia-Iagupe-Peruíbe,

estando distante aproximadamente 60km da Unidade de Conservação.

Desta forma, proibições e restrições decorrentes desta APA não deverão se

incidir sobre o empreendimento.

2.1.4. Aspectos Gerais das Áreas de Relevante Interesse

Ecológico – ARIEs

A criação de Áreas de Relevante Interesse Ecológico foi prevista

inicialmente pela Lei Federal nº 6.938/1981 (Artigo 9º) como um dos

instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

A Lei Federal nº 9.985/2000 classificou as ARIEs como Unidades de

Conservação de Uso Sustentável que, em geral, têm pequena extensão

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IC01-RT005 2-17

(menos do que 5.000ha), pouca ou nenhuma ocupação humana, constituída

por terras públicas ou privadas, com características naturais extraordinárias

ou que abriga exemplares raros da biota regional. Têm como objetivo

manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular

o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos

de conservação da natureza e podem integrar as Zonas de Vida Silvestre

(ZVS) quando localizadas dentro dos limites de APAs, conforme estabelece

o Decreto Federal nº 89.336/1984, Artigo 2º, § 2º.

As ARIEs representam um importante instrumento para a

conservação dos ecossistemas e a utilização sustentada dos recursos

naturais. Do ponto de vista fundiário, não requerem o domínio público, o

que facilita, a sua criação (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010).

Quanto à utilização de uma propriedade privada localizada em uma

Área de Relevante Interesse Ecológico, o Artigo 16, § 2º, da Lei do SNUC

estabelece que, respeitados os limites constitucionais, podem ser

estabelecidas normas e restrições para essa utilização.

2.1.4.1. Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE Ilha do Ameixal

A Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE Ilha do Ameixal foi

criada em 1985, por meio do Decreto Federal nº 91.889. Esta Unidade de

Conservação é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade (ICMBio).

Esta ARIE abrange a ilha fluvial de mesmo nome, com

aproximadamente 400 hectares sobrepostos à área da Estação Ecológica

Estadual Juréia-Itatins.

Dentro dos limites da AII, apenas o município de Peruíbe é abrangido

pela ARIE Ilha do Ameixal. Desta forma, o empreendimento proposto

não interferirá diretamente com a área, como também não deverá

desobedecer qualquer restrição relacionada à sua área circundante (raio de

10 km) visto que este está localizado a aproximadamente 72 km de

distância dos limites da ARIE.

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IC01-RT005 2-18

2.1.5. Aspectos Gerais da Reserva Particular do Patrimônio

Natural – RPPN

A proteção legal de terras particulares, com vegetação e fauna nativa

com interesse de preservação, já era prevista no Código Florestal de 1.934.

Este diploma legal gerou a possibilidade de serem instituídas as “florestas

protetoras”. Posteriormente esta figura foi suprimida no Código Florestal de

1.965 que vigora até os dias de hoje, embora tenha estabelecido a

possibilidade de averbação em cartório de áreas para proteção em

propriedades privadas, em comum acordo com a autoridade ambiental.

Em 1.977, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal/IBDF

estabeleceu os critérios para a criação dos “Refúgios Particulares de Animais

Nativos” – REPAN, que mais tarde foi substituída pela Portaria nº 217/88

que lhes rebatizou de Reservas Particulares de Fauna e Flora.

O Decreto Federal nº 98.914/90 definiu as atividades permitidas em

uma reserva particular, assim como as formas de incentivo e os benefícios

oferecidos. Este Decreto vigorou até meados de 1.996, quando então foi

publicado o Decreto Federal nº 1.922/96 estabelecendo a possibilidade das

RPPNs serem reconhecidas pelos órgãos ambientais estaduais e

determinando seu caráter perpétuo.

Ambos os textos legais acima citados (Decreto Federal 98.914/90 e

1.922/96) foram revogados com o advento da Lei do SNUC e

conseqüentemente pelas subseqüentes alterações.

As RPPNs assim como as APAs passaram a integrar as categorias de

Unidades de Conservação que constituem o Grupo das Unidades de Uso

Sustentável, ou seja, conforme versado anteriormente, este tipo de UC tem

o objetivo de compatibilizar a conservação da natureza com o uso

sustentável de parcela dos seus recursos naturais (art. 7º, §2º da Lei

Federal nº 9.985/00).

Todavia, ao contrário das APAs que podem ser constituídas por áreas

públicas e privadas, a RPPN é uma área necessariamente de domínio

privado com o objetivo de conservar a diversidade biológica, gravada com

perpetuidade, por Termo de Compromisso averbado à margem da inscrição

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IC01-RT005 2-19

no Registro Público de Imóveis (art. 1º do Decreto Federal nº 5.746/02 que

regulamentou o art. 21 da Lei Federal nº 9.985/00).

O Decreto Federal nº 5.746/02 que regulamentou o art. 21 da Lei do

SNUC, dispõe exclusivamente sobre a forma de criação e gestão das RPPNs.

No Estado de São Paulo, porém, é o Decreto Estadual nº 51.150/06

que estabelece a criação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural,

instituindo, concomitantemente, o Programa Estadual de Apoio a estas

Unidades de Conservação, sob coordenação da Fundação para a

Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação

Florestal), com o objetivo de estimular a criação e implementação de RPPNs

(art. 1º do Decreto Estadual citado).

De acordo com a legislação, a RPPN só pode ser instituída por

vontade expressa de seu proprietário, em caráter definitivo, devidamente

registrada em cartório. É necessário, também, que sua criação seja

aprovada por ato administrativo específico, reconhecendo seu interesse

público. No Estado de São Paulo esse reconhecimento ocorre por meio de

Resolução assinada pelo Secretário do Meio Ambiente, após manifestação

favorável e fundamentada da Fundação Florestal (art. 4º, parágrafo único

do Decreto Estadual nº 51.150/06).

Cabe apenas destacar que antes do advento deste Decreto Estadual,

a criação das RPPNs dependia do reconhecimento do IBAMA, que

formalizava seu posicionamento por intermédio de Portaria assinada pelo

Presidente do órgão federal.

A leitura do dispositivo legal acima citado (art. 4º, parágrafo único do

Decreto Estadual nº 51.150/06), combinado com o art. 3º do Decreto

Federal nº 5.746/06 permite concluir que a criação de uma RPPN, ao

contrário da Reserva Legal, estabelecida pelo Código Florestal por exemplo,

é uma área criada voluntariamente por aqueles que têm interesse em

manter intocável um remanescente de vegetação e garantir a sobrevivência

de exemplares da fauna que tenham em sua propriedade, portanto, não

pode ser fixado pelo órgão público, assim como não pode assumir

característica compensatória, mas sim um ato voluntário do proprietário do

terreno.

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IC01-RT005 2-20

Com base no Cadastro da Federação das Reservas Ecológicas

Particulares do Estado de São Paulo, verificou-se a existência de 04 RPPNs

dentro dos limites da AII.

O Quadro 2.1.5-1 apresenta a relação de RPPNs existentes na AII.

Quadro 2.1.5-1: RPPNs existentes na AII.

Unidade de

Conservação

Área

(ha) Esfera

Nº do Documento de

Criação

RPPN Carbocloro 0,70 Federal Portaria IBAMA nº

145/92-N

RPPN Tijucopava 40,63 Estadual Resolução SMA nº 10/09

RPPN Marina do Conde 5,05 Estadual Resolução SMA nº 23/09

RPPN Ecofuturo 518,61 Estadual Resolução SMA nº 20/09

2.1.6. Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São

Paulo

A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida pela UNESCO

no período de 1991 e 1993 por meio do programa MaB (Man and

Biosphere), é a primeira deste tipo estabelecida no país. Estende-se por 14

(quatorze) Estados Brasileiros, formando uma das maiores áreas protegidas

do mundo. Abrange cerca de 29 milhões de hectares, situados nas

proximidades das maiores aglomerações urbanas do país, e compreende a

maioria dos remanescentes dessa floresta e dos ecossistemas associados à

mesma.

Recobre quase todas as UC’s da Mata Atlântica, para que a gestão

das mesmas seja direcionada, levando em consideração as comunidades

tradicionais locais, proporcionando uma maior integração regional e social

na perspectiva do desenvolvimento sustentável.

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IC01-RT005 2-21

Em função das diretrizes de zoneamento determinadas pelo

programa MaB, considerou-se que as UC’s preexistentes são suas zonas-

núcleo de proteção integral e as áreas que as envolvem, onde há ocupação

de populações tradicionais ou não, como sendo zonas de amortecimento. É

principalmente nas zonas de amortecimento que se buscam garantir e

recuperar as áreas degradadas e criar corredores biológicos de conservação,

buscando restabelecer ligações entre os vários segmentos florestais

existentes.

A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em São Paulo, engloba 113

municípios, muitos dos quais localizados no interior do Estado.

Encontra-se situada entre latitudes 22°24’59”S (Queluz) e

25°18’21”S (Ilha do Cardoso- Barra do Ararapira), e longitudes de

44°09’46”W (Bananal) 48°49’34”W (Itaoca). A área é cortada pelo Trópico

de Capricórnio e apresenta variações de altitude que chegam a 2.422

metros (Pico dos Marins) e porções submarinas, como o PE Marinho da Laje

de Santos.

A Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo é

parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, contornando e

protegendo as matas do entorno de uma das maiores megalópoles do

planeta.

As áreas-piloto estabelecidas pelo Comitê Estadual da RBMA,

responsável pela sua implantação, são: Alto Ribeira, litoral norte, litoral sul,

e São Roque, localizada na Reserva da Biosfera de Cinturão Verde da

Cidade de São Paulo.

A RBMA foi dividida em diferentes zonas de uso, que apresentam as

seguintes características:

Zonas Núcleo: Representam áreas significativas de

ecossistemas específicos. No caso da Reserva da Biosfera do

Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, estas áreas são em sua

maioria compostas por Unidades de Conservação Estaduais,

englobando principalmente remanescentes da Mata Atlântica e

algumas áreas de Cerrado.

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IC01-RT005 2-22

A maior parte destas Zonas Núcleo está sob a administração

direta da Fundação Florestal, órgão da Secretaria do Meio

Ambiente do Estado de São Paulo. Nas zonas núcleo, os limites

coincidem com Unidades de Conservação existentes, abrangendo

um total de 26 Unidades de Conservação Estaduais, 4 Estações

Ecológicas Estaduais e 1 Reserva Biológica Estadual; somados às

porções territoriais em 2 áreas de Proteção Ambiental Estaduais

e 5 Unidades de Conservação Federais;

Zonas de Amortecimento: São constituídas pelas áreas

subjacentes às Zonas Núcleo. Nestas áreas, todas as atividades

desenvolvidas, sejam econômicas ou de qualquer outra

natureza, devem se adequar às características de cada Zona

Núcleo de forma a garantir uma total preservação dos

ecossistemas envolvidos. As Zonas Tampão da Reserva da

Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, abrigam

outros espaços possuídos ou não pelo Estado, como Áreas de

Proteção de Mananciais, Parque Nascente do Rio Tietê, Área

Tombada da Serra do Japi, e inúmeras outras APAs.

Nas zonas de amortecimento, os limites coincidem com áreas

selecionadas junto às zonas tampão de APAs, áreas de proteção

aos mananciais e outras áreas fundamentais à formação de

"continuuns ecológicos", integrando-as com as zonas núcleos e

zonas de transição;

Zonas de Transição: São constituídas pelas áreas externas às

Zonas de Amortecimento e permitem um uso mais intensivo,

porém não destrutivo, do solo e seus recursos ambientais. São

nestas áreas que os preceitos do Programa-MAB estimulam

práticas voltadas para o Desenvolvimento Sustentável. Nas

zonas de transição, os limites criam uma "zona envoltória" que

envolve as zonas núcleo e zonas de amortecimento. Constitui,

em conjunto com as zonas de amortecimento, "território de

diálogo com o exterior" e, também, campo de influência e

incentivo ao desenvolvimento sustentável.

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IC01-RT005 2-23

De acordo com o mapa de zoneamento da RBCV o empreendimento

encontra-se inserido atualmente na chamada “Zona de Amortecimento”

da RBCV. A seguir é apresentada a Figura 2.1.6-1 – Zoneamento da RBCV.

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IC01-RT005 2-25

2.1.7. Terras Indígenas

A constituição Federal de 1988 define as terras tradicionalmente

ocupadas pelos índios, aquelas habitadas por eles em caráter permanente,

as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à

preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as

necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes

e tradições (Artigo 231, § 1º).

As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua

posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo,

dos rios e dos lagos nelas existentes.

Embora os índios detenham a posse permanente e o "usufruto

exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos" existentes em suas

terras, conforme o parágrafo 2º do Art. 231 da Constituição, elas

constituem patrimônio da União. E, como bens públicos de uso especial, as

terras indígenas, além de inalienáveis e indisponíveis, não podem ser objeto

de utilização de qualquer espécie por outros que não os próprios índios

(FUNAI, 2010).

Na AII existem 6 terras indígenas distribuídas por 5 municípios. Estas

áreas estão em diferentes situações: regularizadas, demarcadas e

declaradas. O Quadro 2.1.7-1 apresenta a relação das terras indígenas

existentes na AII.

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IC01-RT005 2-28

2.2. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP

As áreas de preservação permanente – APPs talvez seja um dos

temas mais legislados na área ambiental, sendo detentora de inúmeros

regulamentos.

Foi inicialmente trazida pelo Código Florestal (Lei Federal nº

4.771/65, alterado pelas Leis nº 7.803/89, 11.284/06, 11.428/06,

11.934/09, pelo Decreto 5.975/06 e pela Medida Provisória – MP 2166/01-

67), e regulamentado posteriormente pelas Resoluções CONAMA nº 302/02

e 303/02, bem como pela de nº 369/06, sendo que várias outras normas

correlatas ainda fazem menção ao assunto.

Assim, tentaremos ordenar os diversos marcos regulatórios avaliando

a incidência da legislação quanto ao empreendimento que se pretende

implantar e as restrições à que o mesmo estará adstrito.

2.2.1. Definição e Características das APPs

A definição de APP segundo o art. 1º do Código Florestal, com

redação dada pela MP nº 2.166/01-67 compreende uma: “área protegida,

coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar

os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade,

o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populações humanas”.

O estabelecimento de parâmetros e limites para a caracterização da

APP, contudo, foi melhor explicitada através do artigo 3º das Resoluções

CONAMA nº302/02 e 303/02, sendo que apenas nos concentraremos às

características de APP eventualmente aplicáveis ao empreendimento objeto

deste estudo, pois a existência de uma área de preservação permanente

implica em restrições quanto à possibilidade de supressão total ou parcial

da vegetação, sendo só admitida em determinados casos, e mediante

autorização do órgão ambiental competente.

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IC01-RT005 2-29

2.2.1.1. APP de Cursos D’água

Constitui APP de curso d’água conforme o artigo 2º da Lei Federal nº

4.771/65, com redação dada pela Lei Federal nº 7.803/89, e segundo o

artigo 3º, inciso I da Resolução CONAMA nº 303/02, a área situada:

I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção

horizontal, com largura mínima, de:

a) 30m para o curso d'água com menos de 10m de largura;

b) 50m para os cursos d'água que tenham de 10 a 50m de largura;

c) 100m para os cursos d'água que tenham de 50 a 200m de largura;

d) 200m para os cursos d'água que tenham de 200 a 600m de

largura;

e) 500m para os cursos d'água que tenham largura superior a 600m.

Cabe destacar que o nível mais alto é considerado como sendo o nível

alcançado por ocasião da cheia sazonal do curso d’água perene ou

intermitente (art. 2º, I da Resolução CONAMA nº 303/02).

2.2.1.2. APP de Nascentes

Conforme o art. 2º, alínea “c” da Lei Federal nº 4.771/65, com

redação dada pela Lei Federal nº 7.803/89, e o art. 3º, inciso II da

Resolução CONAMA nº 303/02, constitui APP de nascentes a área situada:

II - ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitentes,

com raio mínimo de 50m de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia

hidrográfica contribuinte.

2.2.1.3. APP de Restingas

Conforme o art. 2º, alínea “f” da Lei Federal nº 4.771/65, com

redação dada pela Lei Federal nº 7.803/89, e o art. 3º, inciso IX da

Resolução CONAMA nº 303/02, constitui APP áreas de restinga situadas:

a) em faixa mínima de 300m, medidos a partir da linha de preamar

máxima;

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IC01-RT005 2-30

b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por

vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues.

No Estado de São Paulo, a Resolução SMA nº 09/09 que dispõe sobre

as situações de ocorrências de restingas consideradas de preservação

permanente estabelece em seu artigo 4º:

“Para a vegetação de restinga existente fora da faixa de 300m a

contar da linha de preamar máxima deverão ser adotados os critérios e

dispositivos definidos no Código Florestal (Lei Federal nº 4771/65) e na Lei

da Mata Atlântica (Lei Federal nº 11428/06) e regulamentos, observando-se

em especial as Resoluções SMA nº 14/08 e 85/08.

2.2.1.4. APP de Mangue

Conforme o art. 3º, inciso X da Resolução CONAMA nº 303/02,

constitui APP:

X – manguezal, em toda a sua extensão.

A Resolução CONAMA nº 369/06, em seu Artigo 1º, § 1º, trata de

intervenções em áreas de mangue:

“É vedada a intervenção ou supressão de vegetação em APP de

nascentes, veredas, manguezais e dunas originalmente providas de

vegetação, previstas nos incisos II, IV, X e XI do art. 3º da Resolução

CONAMA no 303, de 20 de março de 2002, salvo nos casos de utilidade

pública e para acesso de pessoas e animais para obtenção de água.” (grifo

nosso)

2.2.1.5. Quando é Permitido Intervir em APP

Apesar da ocorrência de APPs na área do empreendimento, é

conveniente salientar que o mesmo Código Florestal que impõe restrições

para as áreas consideradas como de preservação permanente, permite a

supressão de vegetação ou a intervenção nessas áreas desde que as obras

sejam consideradas de utilidade pública ou interesse social (art. 3º, §

1º e art. 4º com redação dada pela MP nº 2.166/01-67), ou de baixo

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IC01-RT005 2-31

impacto ambiental (art. 4º, §3º do Código Florestal redação dada pela MP

nº 2.166/01-67).

Em 2006 o CONAMA editou a Resolução nº 369 dispondo sobre os

casos excepcionais de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto

ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em

APP, complementando assim a normatização atinente a essa questão.

A Resolução CONAMA também consagrou a obrigatoriedade de toda

obra, plano, atividade ou projeto, seja de utilidade pública, interesse social

ou de baixo impacto ambiental, obter do órgão ambiental competente a

autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP, em

processo administrativo próprio, ou no âmbito do processo de licenciamento

ou autorização (art. 4º).

2.2.1.5.1. Utilidade Pública

Segundo o Código Florestal alterado pela MP nº 2.166/01-67,

entende-se por utilidade pública as atividades relacionadas no art. 1º, IV:

a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços

públicos de transporte, saneamento e energia e aos serviços de

telecomunicações e de radiofusão;

c) demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em

resolução do CONAMA.

Em conformidade com o disposto na alínea “c”, o CONAMA publicou a

Resolução nº 369/06 acrescentando ao rol de atividades acima, através do

art. 2º, I, as seguintes atividades:

a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços

públicos de transporte, saneamento e energia;

c) as atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais,

outorgadas pela autoridade competente, exceto areia, argila, saibro e

cascalho;

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IC01-RT005 2-32

d) a implantação de área verde pública em área urbana;

e) pesquisa arqueológica;

f) obras públicas para implantação de instalações necessárias à

captação e condução de água e de efluentes tratados; e

g) implantação de instalações necessárias à captação e condução de

água e de efluentes tratados para projetos privados de aqüicultura,

obedecidos os critérios e requisitos previstos nos §§ 1º e 2º do art. 11,

desta Resolução.

2.2.1.5.2. Interesse Social

Da mesma forma em que a legislação federal relacionou as atividades

consideradas como de utilidade pública, e a Resolução CONAMA

posteriormente acrescentou outros dispositivos, assim ocorreu também

para as atividades de interesse social, arroladas no art. 2º, II da Resolução

CONAMA nº 369/06:

a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da

vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo,

controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com

espécies nativas, de acordo com o estabelecido pelo órgão ambiental

competente;

b) o manejo agroflorestal, ambientalmente sustentável, praticado na

pequena propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterize a

cobertura vegetal nativa, ou impeça sua recuperação, e não prejudique a

função ecológica da área;

c) a regularização fundiária sustentável de área urbana;

d) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e

cascalho, outorgadas pela autoridade competente;

2.2.1.5.3. Baixo Impacto Ambiental

Com relação à definição das atividades de Baixo Impacto Ambiental a

Resolução CONAMA nº 369/06 as contempla no art. 11, a saber:

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IC01-RT005 2-33

I - abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e

pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso de água, ou à

retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal

sustentável praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar;

II - implantação de instalações necessárias à captação e condução de

água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de

uso da água, quando couber;

III - implantação de corredor de acesso de pessoas e animais para

obtenção de água;

IV - implantação de trilhas para desenvolvimento de ecoturismo;

V - construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno

ancoradouro;

VI - construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes

de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais

em áreas rurais da região amazônica ou do Pantanal, onde o abastecimento

de água se de pelo esforço próprio dos moradores;

VII - construção e manutenção de cercas de divisa de propriedades;

VIII - pesquisa científica, desde que não interfira com as condições

ecológicas da área, nem enseje qualquer tipo de exploração econômica

direta, respeitados outros requisitos previstos na legislação aplicável;

IX - coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e

produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, desde que

eventual e respeitada a legislação específica a respeito do acesso a recursos

genéticos;

X - plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes,

castanhas e outros produtos vegetais em áreas alteradas, plantados junto

ou de modo misto;

XI - outras ações ou atividades similares, reconhecidas como

eventual e de baixo impacto ambiental pelo conselho estadual de meio

ambiente.

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IC01-RT005 2-34

Em todos os casos acima contemplados, a intervenção ou supressão

eventual e de baixo impacto ambiental não poderá comprometer as funções

ambientais das APPs (art. 11, §1º).

2.3. APPs OCORRENTES NA ÁREA

2.3.1. APP do Rio Branco ou Boturoca

A área pretendida para o empreendimento encontra-se às margens

do Rio Branco ou Boturoca. Para definição de sua APP, adotou-se o que

estabelece o artigo 2º da Lei Federal nº 4.771/65 e o artigo 3º, inciso I,

alíneas “b” e “c” da Resolução CONAMA nº 303/02, que constitui Área de

Preservação Permanente em uma faixa marginal de 50 metros para cursos

d’água que tenham de 10 a 50 metros de largura.

2.3.2. APPs de outros cursos d’água

A ADA do empreendimento também abrange cursos d’água

intermitentes, bem como um canal de drenagem. Para a definição dessas

APPs, adotou-se o que estabelece o artigo 2º da Lei Federal nº 4.771/65 e o

artigo 3º, inciso I, alíneas “b” e “c” da Resolução CONAMA nº 303/02, que

constitui Área de Preservação Permanente em uma faixa marginal de 30

metros para cursos d’água que tenham menos de 10 metros de largura.

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IC01-RT005 2-35

2.4. RESTRIÇÕES PARA SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO

O objetivo deste capítulo é complementar a análise da legislação

incidente quanto às restrições de supressão de vegetação, já debatidas na

seara das Unidades de Conservação bem como das Áreas de Preservação

Permanente nas suas diferentes categorias.

Serão abordados no decorrer deste capítulo, as restrições para

supressão de vegetação de espécies em extinção e de mata atlântica.

2.4.1. Espécies em Extinção

A lista oficial das espécies da flora do Estado de São Paulo ameaçadas

de extinção foi publicada através da Resolução SMA nº 48/04, seguindo

recomendação do Instituto de Botânica de São Paulo.

O corte de exemplares arbóreos nativos isolados ameaçados de

extinção ou considerados relevantes pode ser excepcionalmente autorizado

somente nas hipóteses previstas no art. 6º da Resolução SMA 18/07:

a) Risco à vida ou ao patrimônio desde que comprovados por meio de

laudo técnico;

b) Ocorrência de exemplares localizados em áreas urbanas

consolidadas e devidamente licenciados com comprovada inexistência de

alternativas e desde que com anuência do município;

c) Realização de pesquisas científicas;

d) Utilidade pública;

e) Mediante compensação na proporção de 50:1 (cinqüenta por um),

quando a supressão for comprovadamente essencial para o

desenvolvimento da atividade agropecuária, desde que aprovado o projeto

de plantio pelo DEPRN.

A Lei Federal nº 11.428/06, por exemplo, em seu art. 11 veda o corte

e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de

regeneração do Bioma Mata Atlântica quando a vegetação abrigar espécies

da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, em território nacional

ou em âmbito estadual, assim declarada pela União ou pelos Estados, e a

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IC01-RT005 2-36

intervenção ‘ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência dessas

espécies (art. 11, I, “a”).

Na área onde se pretende implantar o empreendimento foram

identificadas e levantadas 02 espécies que se encontram na

Resolução SMA nº 48/2004 e/ou na Instrução Normativa IBAMA

06/2008. Sendo 01 espécie constante na Lista Oficial das Espécies da Flora

Brasileira Ameaçadas de Extinção (anexo I da referida instrução) e 01

espécie inserida na Lista de Espécies da Flora Brasileira com Deficiência de

Dados (anexo II da instrução normativa).

Instrução Normativa IBAMA 06/2008

Palmito Juçara – Euterpe edulis (Lista Oficial das Espécies da

Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção);

Caxeta – Tabebuia cassinoides (Lista de Espécies da Flora

Brasileira com Deficiência de Dados).

Resolução SMA nº 48/2004

Palmito Juçara – Euterpe edulis.

2.4.2. Mata Atlântica – Lei Federal nº 11.428/06 e Resolução

SMA nº 14/08

Conforme citado no Item 2.2.1.3, tendo em vista que o

empreendimento está inserido no ecossistema restinga, mas que, porém,

está localizado fora da faixa de 300m a contar da linha de preamar máxima,

a legislação aplicável à supressão de vegetação existente na área será a Lei

Federal nº 11.428/06 e a Resolução SMA nº 14/2008.

A Lei Federal nº 11.428/06, de 22 de dezembro de 2006, conhecida

como Lei da Mata Atlântica, dispõe sobre a utilização e proteção da

vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. A Lei da Mata Atlântica prevê

que o corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado

e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam vedados quando a

vegetação:

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IC01-RT005 2-37

a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de

extinção, em território nacional ou em âmbito estadual, assim declaradas

pela União ou pelos Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem

em risco a sobrevivência dessas espécies;

b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e

controle de erosão;

c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou

secundária em estágio avançado de regeneração;

d) proteger o entorno das unidades de conservação; ou

e) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos

executivos competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.

O artigo 30 da Lei da Mata Atlântica estabelece restrições à supressão

de vegetação secundária em estágio avançado:

“I - nos perímetros urbanos aprovados até a data de início de

vigência desta Lei, a supressão de vegetação secundária em estágio

avançado de regeneração dependerá de prévia autorização do órgão

estadual competente e somente será admitida, para fins de loteamento ou

edificação, no caso de empreendimentos que garantam a preservação

de vegetação nativa em estágio avançado de regeneração em no

mínimo 50% da área total coberta por esta vegetação, ressalvado o

disposto nos arts. 11, 12 e 17 desta Lei e atendido o disposto no Plano

Diretor do Município e demais normas urbanísticas e ambientais aplicáveis.”

(Grifo nosso)

O Artigo 31, § 1º, trata da supressão de vegetação secundária em

estágio médio de regeneração:

“Nos perímetros urbanos aprovados até a data de início de vigência

desta Lei, a supressão de vegetação secundária em estágio médio de

regeneração somente será admitida, para fins de loteamento ou

edificação, no caso de empreendimentos que garantam a

preservação de vegetação nativa em estágio médio de regeneração

em no mínimo 30% da área total coberta por esta vegetação.”

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IC01-RT005 2-38

No âmbito do Estado de São Paulo, a Resolução SMA nº 14/08, de 13

de março de 2008, que dispõe sobre os procedimentos para supressão de

vegetação nativa para parcelamento do solo ou qualquer edificação em área

urbana (exceto obras de interesse público), torna as regras estabelecidas

pela Lei Federal nº 11.428/06 mais restritivas.

O Artigo 2º da Resolução SMA nº 14/08, estabelece que autorizações

para supressão de vegetação nativa para parcelamento do solo ou qualquer

edificação na área urbana poderá ser fornecida mediante o atendimento das

seguintes condicionantes:

“I) somente poderá ser concedida autorização para supressão de

vegetação quando garantida a preservação da vegetação nativa em área

correspondente a, no mínimo, 20% da área da propriedade.

II) respeitado o disposto no inciso I, a autorização para supressão de

vegetação poderá ser concedida para até 70% da área do fragmento de

vegetação nativa existente na propriedade, no caso de vegetação em

estágio inicial de regeneração, e para até 50% da área do fragmento de

vegetação existente na propriedade, no caso de vegetação nativa em

estágio médio de regeneração.

III) respeitado o disposto no inciso I, em se tratando de propriedade

localizada em perímetro urbano definido antes da edição da Lei Federal

11.428-2006, a supressão de vegetação em estágio avançado de

regeneração poderá ser concedida para até 30% da área ocupada

pelo fragmento de vegetação nativa existente na propriedade.

IV) a vegetação remanescente na propriedade deverá ser averbada à

margem da matrícula do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis

competente como Área Verde, sendo dispensada a averbação no caso de

lotes com área inferior a 1.000 m2.”

O § 2º do mesmo artigo define que existindo dois ou mais

estágios de regeneração dentro da propriedade, será aplicado o

critério correspondente ao estágio de regeneração mais avançado.

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IC01-RT005 2-39

2.5. ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO - ZEE

O Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) é um instrumento da

Política Nacional do Meio Ambiente, previsto na Lei Federal nº 6.938/1981 e

regulamentado por meio do Decreto Federal nº 4.297/2002.

O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as

decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas,

projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos

naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços

ambientais dos ecossistemas (Artigo 3º, Decreto Federal nº 4.297/2002).

O ZEE tem como uma de suas características principais a

sobreposição de todos os outros tipos de zoneamento existentes.

O Zoneamento Ecológico Econômico tem os seguintes princípios

norteadores:

Participativo: Os atores sociais devem intervir durante as

diversas fases dos trabalhos, desde a concepção até a gestão,

com vistas à construção de seus interesses próprios e coletivos.

Para que o ZEE seja autêntico, legítimo e realizável.

Equitativo: Igualdade de oportunidade de desenvolvimento

para todos os grupos sociais e para as diferentes regiões.

Sustentável: O uso dos recursos naturais e do meio ambiente

deve ser equilibrado, buscando a satisfação das necessidades

presentes sem comprometer os recursos para as próximas

gerações.

Holístico: Abordagem interdisciplinar para a integração de

fatores e processos, considerando a estrutura e a dinâmica

ambiental e econômica, bem como os fatores histórico-

evolutivos do patrimônio biológico e natural.

Sistêmico: Visão sistêmica que propicie a análise de causa e

efeito, permitindo estabelecer as relações de interdependência

entre os subsistemas físico-biótico e sócio-econômico.

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IC01-RT005 2-40

No Estado de São Paulo, o Zoneamento Ecológico Econômico foi

implantado, a princípio, na Zona Costeira, objeto do Plano Estadual de

Gerenciamento Costeiro instituído pela Lei Estadual 10.019/1998.

2.5.1. Zoneamento Ecológico Econômico da Baixada Santista

O Zoneamento Ecológico Econômico da Baixada Santista passou por

readequações jurídicas e técnicas recentes que resultaram em uma minuta

de decreto e em mapas dos municípios da Baixada Santista.

É importante destacar que a proposta do ZEE da Baixada Santista

encontra-se em fase de finalização, dependendo apenas da conclusão dos

trabalhos do Planejamento Ambiental Estratégico das Atividades Portuárias,

Industriais, Navais e Offshore do Litoral Paulista (PINO), que subsidiarão a

tomada de decisão da proposta de ZEE (SMA, 2009).

O Zoneamento Ecológico Econômico do Setor da Baixada Santista

abrangerá os municípios de Bertioga, Guarujá, Cubatão, Santos, São

Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe.

Segundo a minuta do decreto que trata do ZEE da Baixada Santista,

o mesmo terá os seguintes objetivos específicos:

I) Promover o ordenamento dos recursos naturais e a ocupação

dos espaços costeiros, subsidiando e otimizando a aplicação dos

instrumentos de controle e de gestão da zona costeira;

II) Identificar as unidades territoriais que, por suas características,

dinâmica e contrastes internos devam ser objeto de disciplina

especial;

III) Definir normas e metas ambientais e socioeconômicas a serem

alcançadas por meio de programas de gestão sócio-econômico-

ambiental.

IV) Permitir o desenvolvimento de ações capazes de conduzir ao

aproveitamento, a manutenção ou a recuperação da qualidade

ambiental e do potencial produtivo.

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IC01-RT005 2-41

O artigo 6º da minuta do decreto estabelece as seguintes zonas do

ZEE:

“Z-1: Zona que mantém os ecossistemas primitivos em pleno

equilíbrio ambiental, ocorrendo uma diversificada composição de

espécies e uma organização funcional capazes de manter, de

forma sustentada, uma comunidade de organismos balanceada,

integrada e adaptada, podendo ocorrer atividades humanas de

baixos efeitos impactantes;

Z-2: Zona que apresenta alterações na organização funcional

dos ecossistemas primitivos, mas é capacitada para manter em

equilíbrio uma comunidade de organismos em graus variados de

diversidade, mesmo com a ocorrência de atividades humanas

intermitentes ou de baixos impactos. Em áreas terrestres, essa

zona pode apresentar assentamentos humanos dispersos e

pouco populosos, com pouca integração entre si;

Z-3: Zona que apresenta os ecossistemas primitivos

parcialmente modificados, com dificuldades de regeneração

natural, pela exploração, supressão ou substituição de algum de

seus componentes, em razão da ocorrência de áreas de

assentamentos humanos com maior integração entre si;

Z-4: Zona que apresenta os ecossistemas primitivos

significativamente modificados pela supressão de componentes,

descaracterização dos substratos terrestres e marinhos,

alteração das drenagens ou da hidrodinâmica, bem como, pela

ocorrência, em áreas terrestres, de assentamentos rurais ou

periurbanos descontínuos interligados, necessitando de

intervenções para sua regeneração parcial; e

Z-5: Zona que apresenta a maior parte dos componentes dos

ecossistemas primitivos degradada ou suprimida, e a

organização funcional eliminada.”

Segundo o mapeamento prévio da ZEE da Baixada Santista divulgado

pela Coordenadoria de Planejamento Ambiental – CPLA/SMA (Agosto/2009),

a área do empreendimento em estudo é classificada como Z-1 (Zona 1 -

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IC01-RT005 2-42

Terrestre) e Z-2 (Zona 2 - Terrestre). Cabe destacar que, conforme

citado anteriormente, este ZEE encontra-se em fase de finalização, sendo

esta uma classificação prévia.

A gestão da Zona 1 – Terrestre é estabelecida pelo artigo 10 da

minuta do decreto do ZEE. As seguintes diretrizes são previstas:

I) Garantir a manutenção da diversidade biológica, dos corredores

ecológicos, do patrimônio histórico, paisagístico, cultural e

arqueológico;

II) Promover programas de controle da poluição e proteção das

nascentes e vegetação ciliar com vistas a garantir a quantidade

e qualidade das águas;

III) Promover a regularização fundiária;

IV) Fomentar o manejo sustentável dos recursos naturais; e

V) Fomentar o uso dos recursos paisagísticos e culturais para o

ecoturismo.

Na Zona 1 – Terrestre serão permitidos os seguintes usos e

atividades:

I) Pesquisa científica relacionada à preservação, conservação e

recuperação ambiental e ao manejo sustentável das espécies da

fauna e flora regional;

II) Educação ambiental;

III) Manejo sustentável dos recursos naturais, condicionado à

elaboração de plano específico;

IV) Empreendimentos de ecoturismo com finalidade e padrões que

não alterem as características ambientais da zona;

V) Pesca artesanal; e

VI) Ocupação humana de baixo efeito impactante.

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IC01-RT005 2-43

O artigo 16 da minuta do decreto do ZEE estabelece a gestão da

Zona 2 – Terrestre, com as seguintes diretrizes:

I) Manter a funcionalidade dos ecossistemas, garantindo a

conservação dos recursos naturais, do patrimônio histórico,

paisagístico, cultural e arqueológico;

II) Promover programas de controle da poluição e proteção das

nascentes, das vertentes e da vegetação ciliar, com vistas a

garantir a quantidade e qualidade das águas;

III) Promover a regularização fundiária;

IV) Fomentar o manejo sustentável dos recursos naturais; e

V) Fomentar o uso dos recursos paisagísticos e culturais para o

ecoturismo.

Na Zona 2 – Terrestre serão permitidos os seguintes usos e

atividades:

I) Aqüicultura;

II) Mineração, com base nas diretrizes estabelecidas pelo

Plano Diretor Regional de Mineração, respeitadas as

disposições do Plano Diretor Municipal; e

III) Beneficiamento e processamento artesanal de produtos

decorrentes da aqüicultura e do manejo sustentável.

A seguir são apresentados os mapas do Zoneamento Econômico

Ecológico da Baixada Santista (Agosto/2009) e do ZEE do município de

Praia Grande, documentos estes em fase de finalização. Em seguida, é

apresentada a Figura 2.5.1-1, com o detalhe do enquadramento preliminar

da área do empreendimento (Zona 1 – Terrestre e Zona 2 - Terrestre),

baseado no mapa do ZEE de Praia Grande.

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IC01-RT005 2-47

2.6. PLANEJAMENTO AMBIENTAL ESTRATÉGICO DAS ATIVIDADES PORTUÁRIAS, INDUSTRIAIS, NAVAIS E OFFSHORE – PINO

Considerando os inúmeros projetos públicos e privados para o Litoral

Paulista, relacionados principalmente ao petróleo, à indústria e aos portos, o

Governo do Estado de São Paulo iniciou o Planejamento Ambiental

Estratégico das Atividades Portuárias, Industriais, Navais e Offshore (PINO),

que tem por objetivo subsidiar a política de desenvolvimento do governo,

organizando a atração de investimentos, minimizando seus efeitos

negativos e promovendo a sustentabilidade da região litorânea.

O PINO é promovido pela Secretaria de Desenvolvimento do Estado

de São Paulo, em parceria com as Secretarias do Meio Ambiente, de

Economia e Planejamento. A Figura 2.6-1 apresenta o organograma dos

trabalhos do PINO.

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo.

Figura 2.6-1: Organograma dos trabalhos do PINO.

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IC01-RT005 2-48

Dentre as ações do PINO, destacam-se:

Identificação e avaliação de áreas potenciais no litoral paulista;

Realização da avaliação ambiental estratégica do litoral;

Análise da viabilidade econômica e ambiental dos projetos

previstos para o litoral paulista, subsidiando o sistema de

licenciamento ambiental;

Articular as ações comuns entre o poder público em curto, médio

e longo prazos.

Como resultado das ações do PINO serão gerados os seguintes

produtos:

Diagnóstico Multidisciplinar do Litoral Paulista;

Banco de Dados Georreferenciado do litoral do Estado de São

Paulo;

Avaliação Ambiental Estratégica do Litoral Paulista;

Análise locacional e estratégica das Atividades PINO;

Cenários de referência, tendencial e estratégico;

Sistemática de monitoramento das ações e dos projetos

previstos na região;

Diretrizes para elaboração de políticas, planos e programas;

Minuta de Decreto para consolidar as diretrizes de planejamento

como instrumentos.

Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento, o PINO está

pautado na realização de três modalidades de trabalho:

1) Fóruns regionais

Realização de fóruns para debater de forma transparente e

democrática com a comunidade os impactos e os benefícios dos

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IC01-RT005 2-49

investimentos portuários, navais, industriais e petrolíferos com a exploração

do pré-sal.

Participação de prefeituras, Ministério Público Estadual e Federal,

iniciativa privada, entidades ambientalistas e organizações

empresariais.

2) Reuniões técnicas

Encontros para acompanhamento dos trabalhos técnicos e interação

com equipes de acordo com os temas estudados.

Participação de cinco secretarias de Estado (Meio Ambiente,

Desenvolvimento, Economia e Planejamento, Transportes,

Saneamento e Energia), além de prefeituras envolvidas.

3) Oficinas de trabalho

São organizadas para captar contribuições dos setores envolvidos e

divulgar as ações.

Participação de prefeituras, Ministério Público Estadual e Federal,

iniciativa privada, entidades ambientalistas e organizações

empresariais.

Conforme citado no Item 2.5.1, os trabalhos do Planejamento

Ambiental Estratégico das Atividades Portuárias, Industriais, Navais e

Offshore do Litoral Paulista (PINO) subsidiarão a tomada de decisão da

proposta de Zoneamento Ecológico Econômico da Baixada Santista.

Os trabalhos do PINO encontram-se em desenvolvimento. Contudo,

em Oficina de Trabalho do PINO realizada no município de Santos no dia

19/11/2009 e com base na sua Minuta de Relatório Parcial (Frente I)

divulgada pela Coordenadoria de Planejamento Ambiental – CPLA da

Secretaria do Meio Ambiente – SMA (SMA, 2010), verificou-se que um

dos empreendimentos previstos no estudo para a região do litoral

paulista é o Complexo Empresarial Andaraguá, objeto deste EIA.

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IC01-RT005 2-50

O empreendimento faz parte do chamado “Núcleo Aderente” do

estudo e é tido como “Empreendimento Definido”, que a Minuta de Relatório

Parcial (Frente I) do PINO descreve da seguinte forma:

Núcleo Aderente: composto de investimentos correlatos ao

núcleo base (indústria petrolífera e atividades portuárias), porém fora de

seus movimentos core. Podem ser considerados como sendo resultado de

uma segunda onda de investimentos, embora possam ocorrer

simultaneamente. A caracterização dos investimentos do núcleo aderente

segue a identificação das relações tecnológicas e mercadológicas dos

investimentos no núcleo base que determinam as sinergias e demandas a

descoberto. Este é ainda subdividido em empreendimentos definidos e

especulativos, refletindo o grau de conhecimento e timings de ocorrência.

Empreendimentos Definidos: são aqueles que detém algum

grau de conhecimento e determinismo, abrangendo diversas atividades

aderentes ao núcleo base.

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IC01-RT005 2-51

2.7. RUÍDO AMBIENTAL

No Brasil a legislação pertinente aos níveis de ruído é a Resolução do

Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº 1/90, que determina que

sejam atendidos os critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas - ABNT, em sua norma técnica NBR 10.151 (revisão de

2000) – “Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas, Visando o Conforto da

Comunidade”, para ruídos emitidos em decorrência de quaisquer atividades

industriais, comerciais, sociais ou recreativas.

Os níveis máximos de ruído externo que esta norma técnica NBR

10.151, considera recomendável para conforto acústico são apresentados

na tabela a seguir.

Tabela 2.7-1: Limites de Ruído conforme NBR 10.151

Tipos de áreas Diurno Noturno

Áreas de sítios e fazendas 40 35

Área estritamente residencial urbana ou de hospitais

ou de escolas 50 45

Área mista, predominantemente residencial 55 50

Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55

Área mista, com vocação recreacional 65 55

Área predominantemente industrial 70 60

Obs.: Caso o nível de ruído preexistente no local seja superior aos

relacionados nesta tabela, então este será o limite.

A reação pública a uma fonte de ruído normalmente só ocorre se for

ultrapassado o limite normalizado, e é tanto mais intenso quanto maior o

valor desta ultrapassagem.

Segundo a NBR 10.151, revisão de 1987 (item 3.4.2): “Diferenças de

5 dB(A) são insignificantes; queixas devem ser certamente esperadas se a

diferença ultrapassar 10 dB(A)”. Embora este critério não possua efeito

legal, é útil para a qualificação da magnitude de eventuais impactos

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IC01-RT005 2-52

negativos de ruído, e servir de base para a priorização da implantação de

medidas corretivas.

Cumpre ressaltar que esses padrões legais referem-se a ruído

ambiental, ou seja, que ocorre fora dos limites do empreendimento em

questão. Portanto, os estudos foram realizados de forma a apontar os níveis

de ruído em pontos receptores localizados próximo ao empreendimento.

Conforme requerido pela norma NBR 10.151, a classificação do tipo

de uso e ocupação do solo nos pontos receptores medidos deve ser

realizada por observação local imediata durante as medições dos níveis de

ruído.

Desta forma, a classificação de uso e ocupação nos pontos receptores

não representa, necessariamente, o zoneamento oficial do município, pois

freqüentemente a ocupação real não corresponde a este. Por outro lado, os

padrões de ruído são estabelecidos em função da sensibilidade dos agentes

receptores, que estão intrinsecamente relacionados com o tipo de ocupação

existente.

Para ruído aeronáutico aplicam-se normas e legislação específica,

levando em consideração a intensidade da fonte sonora e a freqüência da

mesma, bem como o nível sonoro existente no local sem o ruído das

aeronaves.

A NBR-12859, de 1993 – Avaliação do impacto sonoro gerado por

operações aeronáuticas, estabelece como critério que o impacto sonoro é

significativo caso o ruído aeronáutico ultrapasse o ruído de fundo em mais

de 3 dB(A). Abaixo deste patamar o impacto sonoro é considerado

desprezível. Além deste parâmetro, a citada norma considera o nível de

incômodo gerado pelas aeronaves conforme descrito a seguir.

Em cada aeroporto brasileiro são determinadas, por legislação

específica, as áreas de zoneamento de ruído, calculadas em função da rota

das aeronaves, freqüência de vôos e demais parâmetros operacionais que

influenciam no nível de incômodo do ruído aeronáutico. Pelos

procedimentos normalizados, são traçadas duas curvas de ruído (1 e 2), as

quais delimitam 3 áreas de zoneamento, a saber:

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IC01-RT005 2-53

Área I – Área do plano de zoneamento de ruído interior à curva

de ruído 1, onde o nível de incômodo sonoro é potencialmente

nocivo, com ruído excessivo, podendo ocasionar problemas

fisiológicos nas exposições prolongadas. Devem ser áreas

internas ao aeroporto, sendo indevida qualquer outra forma de

ocupação.

Área II – Área do plano de zoneamento de ruído entre as

curvas de ruído 1 e 2, onde são registrados níveis de incômodo

moderados, sendo preferível o uso do solo para unidades

industriais, lazer ao ar livre, e outros usos, não sendo

recomendável para residências, e instituições hospitalares ou de

ensino.

Área III – Área do plano de zoneamento de ruído exterior à

curva de ruído 2, onde normalmente não são registrados níveis

de incômodo significativos, sendo que o ruído das aeronaves é

sentido em intensidade aceitável, admitindo o uso irrestrito do

solo.

O Diagnóstico Ambiental sobre Ruído na AID é apresentado no Item

4.2.1.4 e a avaliação de impacto, considerando o incremento dos níveis de

ruído com a implantação do empreendimento é apresentado no Capítulo 6.

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IC01-RT005 2-54

2.8. RELAÇÃO DAS PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS

Os quadros a seguir trazem a relação das principais legislações e

instrumentos normativos consultados:

FEDERAL

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

Lei nº 4.132/62 Define os casos de desapropriação por interesse social e dispõe

sobre sua aplicação

Lei nº 4.771/65 Institui o Novo Código Florestal. Alterado pela Medida Provisória

nº 2166-67/01.

Lei nº 6.513/77

Dispõe sobre a criação de áreas especiais e de locais de interesse

turístico; sobre o inventário com finalidades turísticas dos bens

de valor cultural e natural; acrescenta inciso ao artigo 2º da Lei

nº 4.132/62 (define os casos de desapropriação por interesse

social e dispõe sobre sua aplicação), altera a redação e

acrescenta dispositivo à Lei nº 4717/65 (Regula a ação popular);

e dá outras providências.

Lei nº 7.803/89 Altera a redação da Lei nº 4.771/65; Revoga as Leis nº 6.535/78

e nº 7.511/86. (Código Florestal)

Decreto nº 5.975/06

Regulamenta os artigos 12, parte final, 15, 16, 19, 20 e 21 da Lei

nº 4.771/65, o artigo 4º, inciso III, da Lei nº 6.938/81, o artigo

2º da Lei nº 10.650/03, altera e acrescenta dispositivos aos

Decretos nº 3.179/99, e nº 3.420/00, e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº 302/02

Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de

Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de

uso do entorno.

Resolução CONAMA nº 303/02

Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de

Preservação Permanente.

Resolução CONAMA nº 369/06

Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública,

interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a

intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação

Permanente - APP.

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IC01-RT005 2-55

FEDERAL

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Lei nº 6.902/81 Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas, Áreas de Proteção

Ambiental e dá outras providências.

Lei nº 6.938/81 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Lei n° 9.985/00

Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da

Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza e dá outras providências.

Lei n° 11.132/05

Acrescenta artigo à Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que

regulamenta o art. 225, § 1º , incisos I, II, III e VII da

Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza.

Decreto nº 98.914/90

Dispõe sobre a instituição, no território nacional, de Reservas

Particulares do Patrimônio Natural, por destinação do

proprietário.

Decreto nº 99.274/90

Regulamenta a Lei nº 6.902/81, e a Lei nº 6.938/81, que

dispõem, respectivamente, sobre a criação de Estações

Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política

Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.

Decreto nº 1.922/96 Dispõe sobre o reconhecimento das Reservas Particulares do

Patrimônio Natural, e dá outras providências.

Decreto nº 4.340/02

Regulamenta artigos da Lei nº 9985/00, que dispõe sobre o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza –

SNUC, e dá outras providências.

Decreto nº 5.746/06

Regulamenta o artigo 21 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de

2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza.

Resolução CONAMA nº 010/88

Dispõe sobre a regulamentação das APAs.

Resolução CONAMA nº 013/90

Dispõe sobre a área circundante, num raio de 10 (dez) quilômetros, das Unidades de Conservação.

Resolução CONAMA nº

371/06

Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo,

cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos

advindos de compensação ambiental, conforme a Lei no 9.985,

de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza-SNUC e dá outras

providências.

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IC01-RT005 2-56

FEDERAL

MATA ATLÂNTICA

Lei nº 11.428/06 Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do

Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.

Decreto nº 750/93

Dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação

primária nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata

Atlântica e dá outras providências.

Decreto nº 6.660/08

Regulamenta dispositivos da Lei nº 11.428, de 22 de dezembro

de 2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação

nativa do Bioma Mata Atlântica.

Resolução CONAMA nº 10/93

Estabelece os parâmetros básicos para análise dos estágios de

sucessão de Mata Atlântica.

Resolução CONAMA nº 01/94

Define vegetação primária e secundária nos estágios pioneiro,

inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim

de orientar os procedimentos de licenciamento de exploração da

vegetação nativa em São Paulo.

Resolução CONAMA nº

388/07

Dispõe sobre a convalidação das resoluções que definem a

vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e

avançado de regeneração da Mata Atlântica para fins do disposto

no art. 4o § 1o da Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006.

Resolução Conjunta SMA-IBAMA nº 01/94

Define vegetação primária e secundária nos estágios pioneiro,

inicial, médio e avançado de regeneração de Mata Atlântica em

cumprimento ao disposto no Artigo 6º do Decreto 750/93, na

Resolução CONAMA 10/93 e a fim de orientar os procedimentos

de licenciamento de exploração da vegetação nativa no Estado de

São Paulo.

Resolução Conjunta SMA-IBAMA nº 02/94

Regulamenta o art. 4° do Decreto Federal n° 750/93, que dispõe

sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação

secundária no estágio inicial de regeneração da Mata Atlântica no

Estado de SP.

Resolução Conjunta SMA-IBAMA nº 05/96

Acrescenta dispositivos à Resolução Conjunta 2, de 12-5-94, que

regulamenta o artigo 4° do Decreto Federal 750/93 dispondo

sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação

secundária no estágio inicial de regeneração de Mata Atlântica no

Estado de São Paulo

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IC01-RT005 2-57

FEDERAL

RESTINGA

Resolução CONAMA nº 417/09

Dispõe sobre parâmetros básicos para definição de vegetação

primária e dos estágios sucessionais secundários da vegetação de

Restinga na Mata Atlântica e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº

07/96

Aprova os parâmetros básicos para análise da vegetação de

restinga no Estado de São Paulo.

COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Decreto 6.848, de 14/05/2009

Altera e acrescenta dispositivos ao Decreto 4.340, de

22/08/2002, para regulamentar a compensação ambiental.

FAUNA

Lei nº 5.197/67 Dispõe sobre a proteção a fauna e dá outras providências.

Instrução Normativa

MMA nº 03/03

Publica a lista das espécies da fauna brasileira ameaçadas de

extinção.

LEI DE CRIMES AMBIENTAIS

Lei nº 9.605/98

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de

condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras

providências.

OUTRAS LEIS APLICÁVEIS

Lei nº 9.433/97

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o

inciso XIX do artigo 21 da Constituição Federal, e altera o artigo

1º da Lei nº 8.001/90, que modificou a Lei nº 7.990/89

Lei nº 11.284/06

Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção

sustentável, institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente,

o Serviço Florestal Brasileiro – SFB; Cria o Fundo Nacional de

Desenvolvimento Florestal – FNDF; Altera as Leis nº 10.683/03,

nº 5.868/72, nº 9.605/98, nº 4.771/65, nº 6.938/81, e nº

6.015/73; e dá outras providências.

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IC01-RT005 2-58

ESTADUAL

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Decreto nº 25.341/86 Aprova o Regulamento dos Parques Estaduais Paulistas.

Decreto nº 48.149/03

Dispõe sobre a criação e funcionamento dos Conselhos Gestores

das Áreas de Proteção Ambiental - APAs no Estado de São Paulo

e dá providências correlatas.

Decreto nº 51.150/06

Dispõe sobre o reconhecimento das Reservas Particulares do

Patrimônio Natural, no âmbito do Estado de São Paulo, institui o

Programa Estadual de Apoio às Reservas Particulares do

Patrimônio Natural e dá providências correlatas.

Decreto nº 51.453/06 Cria o Sistema Estadual de Florestas – SIEFLOR e dá

providências correlatas.

Resolução SMA nº

16/07

Dispõe sobre a organização do Sistema Estadual de Florestas -

SIEFLOR no âmbito da Secretaria do Meio Ambiente e dá outras

providências.

Decreto nº 10.251/77 Cria o Parque Estadual da Serra do Mar e dá providências correlatas.

Decreto nº 13.313/79

Dá nova redação ao artigo 2º do Decreto nº 10.251, de 30 de

agosto de 1977, que dispõe sobre a criação do Parque Estadual

da Serra do Mar, com a finalidade de incorporar ao seu

perímetro área situada na região denominada Picinguaba, 1º

perímetro de Ubatuba, conforme Processo AS. nº 89.208-77,

bem como de retificar sua linha perimétrica entre os pontos P25

e P30.

Decreto nº 19.448/82

Dá nova redação e acrescenta parágrafos ao artigo 6º do

Decreto nº 10.251, de 30 de agosto de 1977, que cria o Parque

Estadual da Serra do Mar.

Decreto nº 35.536/93 Cria o Parque Estadual Xixová-Japuí e dá providências correlatas.

MATA ATLÂNTICA

Resolução SMA nº 14/08

Dispõe sobre os procedimentos para supressão de vegetação

nativa para parcelamento do solo ou qualquer edificação em

área urbana

RESTINGA

Resolução SMA nº 09/09

Dispõe sobre as situações de ocorrências de restingas

consideradas de preservação permanente no Estado de São

Paulo.

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IC01-RT005 2-59

ESTADUAL

ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

Resolução SMA nº 48/04

Publica a lista oficial das espécies da flora do Estado de São

Paulo ameaçadas de extinção, seguindo recomendação do

Instituto de Botânica de São Paulo.

COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

Resolução SMA nº 85/08

Dispõe sobre os critérios e parâmetros para compensação

ambiental.

FAUNA

Decreto nº 42.838/98

Declara as espécies da fauna silvestre ameaçadas de extinção e

as provavelmente ameaçadas de extinção no Estado de São

Paulo.

Portaria DEPRN nº 42/00

Estabelece os procedimentos iniciais relativos à fauna silvestre

para instrução de processos de licenciamento no âmbito do

DEPRN.

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IC01-RT005 2-60

MUNICIPAL

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E ZONEAMENTO MUNICIPAL

Lei nº 473/06 Aprova a Revisão do Plano Diretor da Estância Balneária de Praia

Grande para o período de 2007 a 2016.

Lei nº 499/07 Disciplina o ordenamento do uso, da ocupação e do

parcelamento do solo na Estância Balneária de Praia Grande e dá

outras providências.