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NOÇÕES DE DIREITOCONSTITUCIONAL

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Didatismo e Conhecimento1

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1 A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL (1988).

1.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.

A seguir, há se estudar os quatro primeiros artigos da Cons-tituição Federal, que trazem os princípios fundamentais da Repú- blica Federativa do Brasil. Para tanto, convém a análise de cadadispositivo separadamente, para sua melhor compreensão.

1 Art. 1º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar oentendimento do leitor:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela uniãoindissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons-titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamen-tos:

I - a soberania;II - a cidadania;III - a dignidade da pessoa humana;IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;V - o pluralismo político.Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce

 por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos des-ta Constituição.

Os “princípios fundamentais” da República Federativa doBrasil estão posicionados logo no início da Constituição pátria,após o preâmbulo constitucional, e antes dos direitos e garantiasfundamentais. Representam as premissas especiais e majoritáriasque norteiam todo o ordenamento pátrio, como a dignidade da pessoa humana, o pluralismo político, a prevalência dos direitoshumanos, a harmonia entre os três Poderes etc.

Há se tomar cuidado, contudo, para eventuais “pegadinhas”de concurso. Se a questão perguntar “quais são os fundamentos daRepública Federativa do Brasil”, há se responder aqueles previstosno art. 1º, caput , CF. Agora, se a questão perguntar “quais são osobjetivos fundamentais da República Federativa do Brasil”, há seresponder aqueles previstos no art. 3º. Por m, se a questão per -guntar “quais são os princípios seguidos pelo Brasil nas relaçõesinternacionais”, há se responder aqueles previstos no art. 4º, da LeiFundamental.

1.1 Signicado de “República Federativa do Brasil” (art.1º, caput , CF). Com efeito, a expressão “República Federativa doBrasil”, usada no art. 1º, caput , CF, revela, dentre outras coisas:

A) A forma de Estado: o Brasil é uma federação, isto é, o re-sultado da união indissolúvel de Estados-membros, dos Municí- pios e do Distrito Federal. Inclusive, por força do art. 60, §4º, I,CF, a forma federativa de Estado é cláusula pétrea constitucional-mente explícita.

B) A forma de governo: O Brasil é uma república.

1.2 Signicado de “Estado Democrático de Direito” (art.1º, caput , CF). Ato contínuo, o mesmo art. 1º, caput, prevê queesta união indissolúvel dos membros da federação constitui-seum “Estado Democrático de Direito”, Estado este que representao resultado de uma revolução histórica, por ser o sucessor, nestaordem, dos Estados Liberal e Social.

1.3 Signicado de “soberania” (art. 1º, I, CF). Signica po-der político, supremo e independente. Soberania, aqui, tem signi-cado de “soberania nacional”. É totalmente diferente da “soberania popular”, de que trata o parágrafo único, do art. 1º, CF, segundo aqual todo poder emana do povo, que o exerce por meio de repre-sentantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição.

1.4 Signicado de “cidadania” (art. 1º, II, CF). É o direitode ter direitos. O cidadão, por meio da cidadania, pode contrair direitos e obrigações.

1.5 Signicado de “dignidade da pessoa humana” (art. 1º,III, CF). A dignidade humana é o elemento mais forte que a Cons-tituição Federal consagra a um ser humano, apesar de independer desta consagração constitucional para que o ser humano tenha odireito à existência digna.

Consiste a dignidade numa série de fatores que, necessaria-mente devem ser observados para que o homem tenha condiçõesde sobrevivência. Não é à toa que a dignidade da pessoa humana

tem “status” de sobreprincípio constitucional, isto é, está acima atémesmo dos princípios (é o entendimento que prevalece na doutri-na).

1.6 Signicado de “valores sociais do trabalho e da livreiniciativa” (art. 1º, IV, CF). É o reconhecimento de que adotamoso capitalismo (iniciativa privada), mas um “capitalismo humanis-ta”, isto é, fortemente inuenciado pelos valores sociais do traba-lho. É exatamente por isso, p. ex., que os arts. 7º e 8º, da Consti-tuição Federal, consagram uma série de direitos aos trabalhadorese rurais. É exatamente por isso também, p. ex., que não se podeimpor pena de trabalhos forçados, que se considera o trabalho es-cravo crime, e que se exige que o trabalho deve ser justamenteremunerado de acordo com sua complexidade.

1.7 Signicado de “pluralismo político” (art. 1º, V, CF). Por ser o Brasil um país cuja identidade é resultante da miscige-nação étnica, religiosa, racial, ideal, o pluralismo político asseguraque todas estas nuanças sejam devidamente respeitadas, constitu-am elas ou não uma maioria. É dizer, desta forma, que o pluralismo político representa o respeito às minorias, também.

2 Art. 2º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar oentendimento do leitor:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicosentre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

São três os Poderes da República, a saber, o Executivo (ouAdministrativo), o Legislativo e o Judiciário, todos independentese harmônicos entre si.

Por independência, signica que cada Poder pode realizar seus próprios concursos, pode destinar o orçamento da maneiraque lhe convier, pode estruturar seu quadro de cargos e funcioná-rios livremente, pode criar ou suprimir funções, pode gastar ou su- primir despesas de acordo com suas necessidades, dentre inúmerasoutras atribuições.

Por harmonia, signica que cada Poder deve respeitar a esferade atribuição dos outros Poderes. Assim, dentro de suas atribui-ções típicas, ao Judiciário não compete legislar (caso em que esta-ria invadindo a esfera de atuação típica do Poder Legislativo), aoExecutivo não compete julgar, e ao Executivo não compete editar leis (repete-se: em sua esfera de atribuições típica).

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Didatismo e Conhecimento2

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Essa harmonia, também, pode ser vista no controle que umPoder exerce sobre o outro, na conhecida “Teoria dos Freios eContrapesos”.

É óbvio que cada Poder tem suas funções atípicas (ex.: emalguns casos o Judiciário legisla) (ex. 2: em alguns casos o Le-gislativo julga). Isso não representa óbice, todavia, que a atuaçãofuncional de cada Poder corra de maneira independente, desdeque respeitada a harmonia de cada um para com seus “Poderes--irmãos”, obviamente.

3 Art. 3º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar oentendimento do leitor:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fe-derativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;II - garantir o desenvolvimento nacional;III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-

gualdades sociais e regionais;IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,

raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Logo no início do estudo dos “princípios fundamentais”, lo-calizados entre os arts. 1º e 4º, da Constituição, foi dito que os“fundamentos da República Federativa do Brasil” não são a mes-ma coisa que os “objetivos fundamentais da República Federativado Brasil”.

Melhor explica-se: por “fundamentos” entende-se aquelas si-tuações que já são inerentes ao sistema constitucional pátrio. Adignidade da pessoa humana, p. ex., não é um objetivo a ser al-cançado num futuro próximo, mas uma exigência prevista para o presente. Já os “objetivos fundamentais” são as premissas a que oBrasil se compromete a alcançar o quanto antes em prol da conso-lidação da sua democracia.

Graças a este art. 3º, pode-se falar que o Brasil vive à égide deuma Constituição compromissária, dirigente. O art. 3º nos revelaque temos um caminho a ser percorrido. O art. 3º é a busca pelaconcretização dos princípios fundamentais do art. 1º.

E, como objetivos fundamentais, se elenca a construção deuma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I), a garantia do de-senvolvimento nacional (art. 3º, II), a erradicação da pobreza e damarginalidade, e a redução das desigualdades sociais e regionais(art. 3º, III), e a promoção do bem de todos, sem preconceitos deorigem, raça, sexo, idade, cor, e quaisquer outras formas de discri-minação (art. 3º, IV).

3.1 Signicado da expressão “construir uma sociedade li-vre, justa e solidária” (art. 3º, I, CF). A “fraternidade” não é con-sagrada explicitamente na Constituição, tal como o são a “liberda-de” e a “igualdade”, somente se lhe fazendo menção no preâmbuloconstitucional, quando se utiliza a expressão “sociedade fraterna”.

Por “sociedade livre”, se entende a não submissão deste paísa qualquer força estrangeira (tal como já foi este país colônia dePortugal) bem como por qualquer movimento totalitário nacional(tal como já foi este país vítima do regime militar).

Por “sociedade justa” há se entender aquela que respeita e quefaz ser respeitada, não permitindo atrocidades políticas, abusoseconômicos, ou violações à dignidade humana.

Por m, por “sociedade solidária” há se entender a observân-cia ao terceiro vetor da Revolução Francesa, a saber, a “fraternida-de”, representativa da cooperação interna e internacional.

3.2 Signicado da expressão “garantir o desenvolvimentonacional” (art. 3º, II, CF). Mais à frente se estudará a chamada“terceira geração/dimensão” de direitos fundamentais, ligada aovalor “fraternidade”, dentro da qual estariam, dentre outros, o di-reito ao progresso, ao meio ambiente, e o direito de propriedadesobre o patrimônio comum da humanidade.

Este “desenvolvimento nacional” deve ser entendido em sen-tido amplo, isto é, para mais que um simples progresso econômi-co. Engloba, também, o desenvolvimento político, social, cultural,ideal, dentre tantos outros.

3.3 Signicado da expressão “erradicar a pobreza e a mar-ginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (art.3º, III, CF). Trata-se de desdobramento da garantia do desenvol-vimento nacional do art. 3º, II, CF.

O Brasil é uma nação de diferenças socioeconômicas gritan-tes no que atine à sua população, com a majoritária concentraçãode riqueza nas mãos de poucos. Sendo assim, como um processoosmótico, do meio mais para o menos concentrado, é preciso que parte dessa riqueza seja transferida aos grupos populacionais maiscarentes.

Veja-se que, neste aspecto, o texto constitucional foi feliz emseu texto: é preciso “erradicar” a pobreza e a marginalização, mas“reduzir” as desigualdades sociais e regionais. Ora, bem sabem to-dos que sempre haverá discrepâncias sociais e regionais (a concen-tração da produção industrial, p. ex., obviamente se concentra emsua maior parte na região sudeste e em menor parte na região nortedo país). O que se deve é, apenas, atenuar estas desigualdades.

Já a pobreza “é pobreza em qualquer lugar” (com o perdão dalicença poética), e, portanto, deve ser extirpada deste país.

3.4 Signicado da expressão “promover o bem de todos,sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisqueroutras formas de discriminação” (art. 3º, IV, CF). Eis o reco-nhecimento do “pluralismo” como elemento norteador da nação(o “pluralismo”, como já dito outrora, é muito mais que o simplesconceito de “democracia”).

A promoção do bem de todos deve ser feita sem qualquer di-ferenciação quanto às posições políticas, religiosas, étnicas, ideais,e sociais.

4 Art. 4º, CF. Reproduzamos o dispositivo, para facilitar oentendimento do leitor:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-ções internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;II - prevalência dos direitos humanos;III - autodeterminação dos povos;IV - não intervenção;V - igualdade entre os Estados;VI - defesa da paz;VII - solução pacíca dos conitos;VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani-

dade;X - concessão de asilo político.Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará

a integração econômica, política, social e cultural dos povos daAmérica Latina, visando à formação de uma comunidade latino--americana de nações.

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Didatismo e Conhecimento3

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O art. 4º é a revelação de que vivemos em um “Estado Cons-titucional Cooperativo”, expressão esta utilizada por Peter Häber-le, defensor de uma concepção culturalista de Constituição. Por “Estado Constitucional Cooperativo” se entende um Estado que se

disponibiliza para outros Estados, que se abre para outros Estados,mas que exige algum grau de reciprocidade em troca, a bem do de-senvolvimento de um constitucionalismo mundial, ou, ao menos,ocidental.

4.1 Signicado de “independência nacional” (art. 4º, I,CF). É a consequência da “soberania nacional”, constante do art.1º, I, CF. Anal, é graças à independência deste país que se autori-za a chamá-lo de nação soberana.

4.2 Signicado de “prevalência dos direitos humanos”(art. 4º, II, CF). Os direitos humanos são proteções jurídicas ne-cessárias à concretização da dignidade da pessoa humana.

Em verdade, os direitos fundamentais nada mais são que os

direitos humanos internalizados em Constituições.Desta forma, tal como os direitos fundamentais devem pre-

valecer no plano interno, também os direitos humanos devem ser a tônica no plano internacional. Disso infere-se que tanto faria aoconstituinte ter consagrado, neste art. 4º, II, CF, a “prevalência dosdireitos humanos” (como o fez) ou a “prevalência dos direitos fun-damentais”. O resultado pretendido é o mesmo.

4.3 Signicado de “autodeterminação dos povos” (art. 4º,III, CF). Esse princípio é um “recado” às demais nações. Por tal,o Brasil arma que não aceita nem adota a prática de que um povoseja submetido/subordinado a outro. Todos têm direito a um Es-tado, para que possam geri-lo, autonomamente, da maneira que

melhor lhes convier.4.4 Signicado de “não intervenção” e “defesa da paz”

(art. 4º, IV e VI, CF). A República Federativa do Brasil é um Es-tado não beligerante. Não é uma tendência deste país as “guerrasde conquistas” nem as “guerras preventivas”, tal como é praxe nacultura norte-americana, mas só as “guerras defensivas”, isto é, asguerras de proteção ao território e ao povo brasileiro, ainda que, para isso, precise lutar fora do espaço territorial pátrio. Em outras palavras, “guerra defensiva” não signica esperar ser invadido,como erroneamente se possa pensar.

Para a solução dos conitos, busca-se a arbitragem internacio-nal, os acordos internacionais, a mediação, o auxílio das NaçõesUnidas etc. O belicismo só deve ser utilizado em último caso.

4.5 Signicado de “igualdade entre os Estados” (art. 4º, V,CF). Trata-se de princípio autoexplicativo. O Brasil não reconhecea existência de Estados “maiores” ou “melhores” que os outrostão-somente por seu poderio bélico, econômico, cultural etc. Sen-do iguais todas as nações, todas podem proteger-se e ser protegidascontra ameaças estrangeiras, tal como o Brasil se autoriza a fazer.

4.6 Signicado de “solução pacíca dos conitos” (art. 4º,VII, CF). Trata-se de desdobramento dos princípios da “não in-tervenção” e da “defesa da paz” já estudados. Para a solução dosconitos, busca-se a arbitragem internacional, os acordos interna-cionais, a mediação, o auxílio das Nações Unidas etc. O belicismosó deve ser utilizado em último caso.

4.7 Signicado de “repúdio ao terrorismo e ao racismo”(art. 4º, VIII, CF). “Repúdio” tem signicado de repulsa, contra-riedade. “Racismo” é um termo amplo para designar qualquer tipode discriminação, seja ela de raça ou não.

O Brasil não tem uma tipicação especíca para crimes deterrorismo, como o tem para os crimes de racismo. A “Lei de Se-gurança Nacional” (Lei nº 7.170/83) apenas fala em “atos de terro-rismo” em seu art. 20, sem especicar, contudo, o que seriam estesatos e como puni-los. Por tratar-se de conceito indeterminado, háse defender que, hoje, o Brasil não pune de forma autônoma ocrime de terrorismo.

4.8 Signicado de “cooperação entre os povos para o pro-gresso da humanidade” (art. 4º, IX, CF). Um bom exemplo daaplicação deste princípio está no parágrafo único, do art. 4º, daConstituição Federal, segundo o qual a República Federativa doBrasil buscará a integração econômica, política, social e culturaldos povos da América Latina, visando à formação de uma comu-nidade latino-americana de nações. Tal objetivo acabou sendo em parte alcançado com a criação do MERCOSUL, ainda não total-mente implementado.

Essa ideia de cooperação entre os povos remonta a uma pro- posta defendida pelo globalismo, de formação de blocos econô-mico-políticos de desenvolvimento recíproco. Some-se a isso ofato de que, o art. 4º, IX, CF, em sua parte nal, faz menção ao“progresso da humanidade”, o qual é considerado um direito fun-damental de terceira dimensão/geração, aliado ao valor “fraterni-dade”, na abrasileirada classicação de Paulo Bonavides.

Assim, unindo a ideia de fraternidade à de criação de gruposde países (como o MERCOSUL, como a União Europeia etc.),forma-se o princípio de cooperação entre os povos para o progres-so de cada país e da humanidade.

4.9 Signicado de “concessão de asilo político” (art. 4º, X,CF). “Asilo político” é a proteção que um Estado dá a nacionaisde outros Estados que estiverem sofrendo perseguições políticasem razão de sua ideologia, crença, etnia etc. O Estatuto do Estran-geiro (Lei nº 6.815/80) regula a condição do asilado. Em seu art.28, se arma que o estrangeiro admitido no território nacional nacondição de asilado político cará sujeito, além dos deveres quelhe forem impostos pelo direito internacional, a cumprir as dispo-sições da legislação vigente e as que o Governo brasileiro lhe xar.

1.2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DIREITOS E DEVERES 

 INDIVIDUAIS E COLETIVOS, DIREITOS  SOCIAIS.

1 Direitos e deveres individuais e coletivos. Reproduzamoso art. 5º, CF, para facilitar o estudo:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, àigualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nostermos desta Constituição;

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Didatismo e Conhecimento4

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algumacoisa senão em virtude de lei;

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu-mano ou degradante;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado oanonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendoassegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, naforma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistên-cia religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crençareligiosa ou de convicção losóca ou política, salvo se as invocar  para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se acumprir prestação alternativa, xada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien-tíca e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e aimagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo danomaterial ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po-dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso deagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante odia, por determinação judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-ções telegrácas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma quea lei estabelecer para ns de investigação criminal ou instrução processual penal;

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pros-são, atendidas as qualicações prossionais que a lei estabelecer;

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar-dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício prossional;XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de

 paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per-manecer ou dele sair com seus bens;

XVI - todos podem reunir-se pacicamente, sem armas, emlocais abertos ao público, independentemente de autorização, des-de que não frustrem outra reunião anteriormente convocada parao mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridadecompetente;

XVII - é plena a liberdade de associação para ns lícitos, ve -dada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coo- perativas independem de autorização, sendo vedada a interferênciaestatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissol-vidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigin-do-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per-manecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-rizadas, têm legitimidade para representar seus liados judicial ouextrajudicialmente;

XXII - é garantido o direito de propriedade;XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação

 por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com- petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- prietário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI - a pequena propriedade rural, assim denida em lei,desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para

 pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- pondo a lei sobre os meios de nanciar o seu desenvolvimento;

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-ros pelo tempo que a lei xar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e

à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividadesdesportivas;

 b) o direito de scalização do aproveitamento econômico dasobras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos in-térpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção àscriações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de em- presas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse so-cial e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

XXX - é garantido o direito de herança;XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País

será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou doslhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa doconsumidor;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos in-formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ougeral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon-sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível àsegurança da sociedade e do Estado;

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa-gamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de di-reitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

 b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defe-sa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciáriolesão ou ameaça a direito;

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurí-dico perfeito e a coisa julgada;

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organi-

zação que lhe der a lei, assegurados:a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contraa vida;

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o dena, nem penasem prévia cominação legal;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneciar o réu;XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos di-

reitos e liberdades fundamentais;XLII - a prática do racismo constitui crime inaançável e im-

 prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;XLIII - a lei considerará crimes inaançáveis e insuscetíveis

de graça ou anistia a prática da tortura, o tráco ilícito de entor - pecentes e drogas ans, o terrorismo e os denidos como crimeshediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e osque, podendo evitá-los, se omitirem;

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Didatismo e Conhecimento5

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XLIV - constitui crime inaançável e imprescritível a ação degrupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucionale o Estado Democrático;

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra elesexecutadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens;c) multa;d) prestação social alternativa;e) suspensão ou interdição de direitos;XLVII - não haverá penas:a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do

art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis;XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,

de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física

e moral;L - às presidiárias serão asseguradas condições para que pos-

sam permanecer com seus lhos durante o período de amamenta-ção;

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou decomprovado envolvimento em tráco ilícito de entorpecentes edrogas ans, na forma da lei;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pelaautoridade competente;

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens semo devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampladefesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

LVIII - o civilmente identicado não será submetido à identi-cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública,se esta não for intentada no prazo legal;

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processu-ais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

LXI - ninguém será preso senão em agrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competen-te, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamentemilitar, denidos em lei;

LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontreserão comunicados imediatamente ao juiz competente e à famíliado preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quaiso de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da fa-mília e de advogado;

LXIV - o  preso tem direito à identicação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela auto-ridade judiciária;

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando

a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem ança;LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon-

sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigaçãoalimentícia e a do depositário inel;

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém so-frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sualiberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeasdata, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício deatribuições do Poder Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação le-galmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que afalta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos di-reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes ànacionalidade, à soberania e à cidadania;

LXXII - conceder-se-á habeas data:a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à

 pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dadosde entidades governamentais ou de caráter público;

 b) para a reticação de dados, quando não se prera fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação

 popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou deentidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, cando oautor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônusda sucumbência;

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gra-tuita aos que comprovarem insuciência de recursos;

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário,assim como o que car preso além do tempo xado na sentença;

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, naforma da lei:

a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito;LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas

data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cida-dania;LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são

assegurados a razoável duração do processo e os meios que garan-tam a celeridade de sua tramitação.

§1º. As normas denidoras dos direitos e garantias fundamen-tais têm aplicação imediata.

§2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição nãoexcluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati-va do Brasil seja parte.

§3º. Os tratados e convenções internacionais sobre direitoshumanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Na-cional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivosmembros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§4º. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter-nacional a cuja criação tenha manifestado adesão.

1.1 Direito à vida. O art. 5º, caput , da Constituição Federal,dispõe que o direito à vida é inviolável. Dividamos em subtópicos:

 A) Acepções do direito à vida. São duas as acepções destedireito à vida, a saber, o direito de permanecer vivo (ex.: o Brasilveda a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada pelo Pre-sidente da República em resposta à agressão estrangeira, conformeo art. 5º, XLVII, “a” c.c. art. 84, XIX, CF), e o direito de viver comdignidade (ex.: conforme o art. 5º, III, CF, ninguém será subme-tido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante) (ex. 2:consoante o art. 5º, XLV, CF, nenhuma pena passará da pessoa docondenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretaçãodo perdimento de bens ser, nos termos de lei, estendidas aos suces-sores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimôniotransferido) (ex. 3: são absolutamente vedadas neste ordenamentoconstitucional penas de caráter perpétuo, de banimento, cruéis, ede trabalhos forçados) (ex. 4: a pena será cumprida em estabeleci-mentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e osexo do apenado, conforme o inciso XLVIII, do art. 5º, CF) (ex. 5: pelo art. 5º, XLIX, é assegurado aos presos o respeito à integridadefísica e moral);

 B) Algumas questões práticas sobre o direito à vida. Comoca o caso das Testemunhas de Jeová, que não admitem receber transfusão de sangue? Como ca a questão do conito entre o di-reito à vida e a liberdade religiosa? O entendimento prevalente é ode que o direito à vida deve prevalecer sobre a liberdade religiosa.

E o caso da eutanásia/ortotanásia? São escassas as decisões judiciais admitindo o “direito de morrer”, condicionando isso aoelevado grau de sofrimento de quem pede, bem como a impossibi-lidade de recuperação deste. Há se lembrar que, tal como o direitode permanecer vivo, o direito à vida também engloba o direito deviver com dignidade, e conviver com o sofrimento físico é um profundo golpe a esta dignidade do agente.

E a legalização do aborto? Também há grande celeuma emtorno da questão. Quem se põe favoravelmente ao aborto o fazcom base no direito à privacidade e à intimidade, de modo que nãocaberia ao Estado obrigar uma pessoa a ter seu lho. Quem se põede maneira contrária ao aborto, contudo, o faz com base na vida dofeto que se está dando m com o procedimento abortivo.

E a hipótese de fetos anencéfalos? O Supremo Tribunal Fe-deral decidiu pela possibilidade de extirpação do feto anencefá-lico do ventre materno, sem que isso congure o crime de aborto previsto no Código Penal. Isto posto, em entendendo que o fetoanencefálico tem vida, agora são três as hipóteses de aborto: emcaso de estupro, em caso de risco à vida da gestante, e em caso defeto anencefálico. Por outro lado, em entendendo que o feto anen-cefálico não tem vida, não haverá crime de aborto por se tratar de

crime impossível, anal, para que haja o delito é necessário que ofeto esteja vivo. De toda maneira, qualquer que seja o entendimen-to adotado, agora é possível tal hipótese, independentemente deautorização judicial.

1.2 Direito à liberdade. O direito à liberdade, consagrado nocaput do art. 5º, CF, é genericamente previsto no segundo incisodo mesmo artigo, quando se arma que ninguém será obrigado afazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Taldispositivo representa a consagração da autonomia privada.

Trata-se a liberdade, contudo, de direito amplíssimo, por compreender, dentre outros, a liberdade de opinião, a liberdade de pensamento, a liberdade de locomoção, a liberdade de consciênciae crença, a liberdade de reunião, a liberdade de associação, e aliberdade de expressão.

Dividamos em subtópicos: A) Liberdade de consciência, de crença e de culto. O art. 5º,

VI, da Constituição Federal, prevê que é inviolável a liberdade deconsciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício doscultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locaisde culto e a suas liturgias. Ademais, o inciso VIII, do art. 5º, dispõeque é assegurada, nos termos de lei, a prestação de assistência reli-giosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.

Há se ressaltar, preliminarmente, que a “consciência” é maisalgo amplo que “crença”. A “crença” tem aspecto essencialmentereligioso, enquanto a “consciência” abrange até mesmo a ausênciade uma crença.

Isto posto, o “culto” é a forma de exteriorização da crença.O culto se realiza em templos ou em locais públicos (desde queatenda à ordem pública e não desrespeite terceiros).

O Brasil não adota qualquer religião ocial, como a RepúblicaIslâmica do Irã, p. ex. Em outros tempos, o Brasil já foi uma naçãoocialmente católica. Com a Lei Fundamental de 1988, o seu art.19 vedou o estabelecimento de religiões ociais pelo Estado.

O que é a “escusa de consciência”? Está prevista no art. 5º,VIII, da Constituição, segundo o qual ninguém será privado dedireitos por motivo de crença religiosa ou de convicção losócaou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal atodos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa xadaem lei.

Enm, a escusa de consciência representa a possibilidade quea pessoa tem de alegar algum imperativo losóco/religioso/polí-tico para se eximir de alguma obrigação, cumprindo, em contra- partida, uma prestação alternativa xada em lei.

A prestação alternativa não tem qualquer cunho sancionatório.É apenas uma forma de se respeitar a convicção de alguém.

E se não houver prestação alternativa xada em lei, ca in-

viabilizada a escusa de consciência? Não, a possibilidade é ampla.Mesmo se a lei não existir, a pessoa poderá alegar o imperativode consciência, independentemente de qualquer contraprestação.

E se a pessoa se recusa a cumprir, também, a prestação alter-nativa? Ficará com seus direitos políticos suspensos (há quem digaque seja hipótese de perda dos direitos políticos, na verdade), por força do que prevê o art. 15, IV, da Constituição Federal.

 B) Liberdade de locomoção. Consoante o inciso XV, do art.5º, da Lei Fundamental, é livre a locomoção no território nacionalem tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos de lei(essa lei é a de nº 6.815 - Estatuto do Estrangeiro), nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.

Isso nada mais representa que a “liberdade de ir e vir”;C) Liberdade da manifestação do pensamento. Conforme o

art. 5º, IV, da Constituição pátria, é livre a manifestação do pensa-mento, sendo vedado o anonimato. Por outro lado, o inciso subse-quente a este assegura o direito de resposta, proporcional ao agra-vo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem.

Veja-se, pois, que a Constituição protege a “manifestação” do pensamento, isto é, sua exteriorização, já que o “pensamento emsi” já é livre por sua própria natureza de atributo inerente ao ho-mem.

Ademais, a vedação ao anonimato existe justamente para per-mitir a responsabilização quando houver uma manifestação abusi-va do pensamento;

 D) Liberdade de prossão. É livre o exercício de qualquer tra- balho, ofício ou prossão, atendidas as qualicações prossionaisque a lei estabelecer (art. 5º, XIII, CF).

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Trata-se de norma constitucional de ecácia contida, seguindoa tradicional classicação de José Afonso da Silva, pois o exer -cício de qualquer trabalho é livre embora a lei possa estabelecer restrições. É o caso do exercício da advocacia, p. ex., condicionadoà prévia composição dos quadros da Ordem dos Advogados doBrasil por meio de exame de admissão.

Tal liberdade representa tanto o exercício de qualquer pros-são como a escolha de qualquer prossão;

 E) Liberdade de expressão. Trata-se de liberdade amplíssima.Conforme o nono inciso, do art. 5º, da Lei Fundamental, é livre aexpressão da atividade intelectual, artística, cientíca e de comu-nicação, independentemente de censura ou licença.

Tal dispositivo é a consagração do direito à manifestação do pensamento, ao estabelecer meios que deem efetividade a tal direi-to, anal, o rol exemplicativo de meios de expressão previstos nomencionado inciso trata das atividades intelectuais, melhor com- preendidas como o direito à elaboração de raciocínios independen-tes de modelos preexistentes, impostos ou negativamente dogma-tizados; das atividades artísticas, que representam o incentivo àcena cultural, sem que músicas, livros, obras de arte e espetáculosteatrais, por exemplo, sejam objeto de censura prévia, como houveno passado recente do país; das atividades cientícas, aqui enten-didas como o direito à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico;e da comunicação, termo abrangente, se considerada a imprensa, atelevisão, o rádio, a telefonia, a internet, a transferência de dadosetc.;

 F) Liberdade de informação. É assegurado a todos o acesso àinformação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário aoexercício prossional (art. 5º, XIV, CF).

Tal liberdade engloba tanto o direito de informar (prerrogativade transmitir informações pelos meios de comunicação), como odireito de ser informado.

Vale lembrar, inclusive, que conforme o art. 5º, XXXIII, daConstituição, todos têm direito a receber dos órgãos públicos in-formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ougeral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon-sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível àsegurança da sociedade e do Estado;

G) Liberdade de reunião e de associação. Pelo art. 5º, XVI,CF, todos podem reunir-se pacicamente, sem armas, em locaisabertos ao público, independentemente de autorização, desde quenão frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mes-mo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade compe-tente. Eis a liberdade de reunião.

Já pelo art. 5º, XVII, CF, é plena a liberdade de associação para ns lícitos, sendo vedado que associações tenham caráter pa-ramilitar. Eis a liberdade de associação.

O que diferencia a “reunião” da “associação”, basicamente, éo espaço temporal em que existem. As reuniões são temporárias, para ns especícos (ex.: protesto contra a legalização das drogas).Já as associações são permanentes, ou, ao menos, duram por maistempo que as reuniões (ex.: associação dos plantadores de tomate).

Ademais, a criação de associações independe de lei, sendo ve-dada a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5º, XVIII,CF). As associações poderão ter suas atividades suspensas (paraisso não se exige decisão judicial transitada em julgado), ou pode-rão ser dissolvidas (para isso se exige decisão judicial transitadaem julgado) (art. 5º, XIX, CF). Ninguém poderá ser compelidoa associar-se ou manter-se associado, contudo (art. 5º, XX, CF).

Também, o art. 5º, XXI, da CF, estabelece a possibilidade derepresentação processual dos associados pelas entidades associati-

vas. Trata-se de verdadeira representação processual (não é substi-tuição), que depende de autorização expressão dos associados nes-se sentido, que pode ser dada em assembleia ou mediante previsãogenérica no Estatuto.

1.3 Direito à igualdade. Um dos mais importantes direitosfundamentais, convém dividi-lo em subtópicos para melhor aná-lise:

 A) Igualdade formal e material . A igualdade deve ser anali-sada tanto em seu prisma formal , como em seu enfoque material .

Sob enfoque  formal , a igualdade consiste em tratar a todosigualmente (ex.: para os maiores de dezesseis anos e menores dedezoito anos, o voto é facultativo. Todos que se situam nesta faixaetária têm o direito ao voto, embora ele seja facultativo).

Ademais, neste enfoque formal, a igualdade pode ser na lei (normas jurídicas não podem fazer distinções que não sejam auto-rizadas pela Constituição), bem como perante a lei (a lei deve ser aplicada igualmente a todos, mesmo que isso crie desigualdade).

Já sob enfoque material , a igualdade consiste em tratar de for-ma desigual os desiguais (ex: o voto é facultativo para os analfabe-tos. Todavia, os analfabetos não podem ser votados. A alfabetiza-ção é uma condição de elegibilidade. Signica que, se o indivíduosouber ler e escrever, poderá ser votado. Se não, há óbice constitu-cional a que ocupe cargo eletivo);

 B) Igualdade e ações armativas. Como ca a questão dasações armativas? Elas ferem o princípio da igualdade, ou consa-gram, justamente, a ideia de igualdade material? Preliminarmente,as ações armativas são políticas públicas ou programas privadoscriados temporariamente e desenvolvidos com a nalidade de re-duzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou de umahipossuciência econômica ou física, por meio da concessão dealgum tipo de vantagem compensatória de tais condições.

Quem é contra as ações armativas argumenta que, em umasociedade pluralista, a condição de membro de um grupo especí-co não pode ser usada como critério de inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, arma-se que elas desprivilegiam o critériorepublicano do mérito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer a determinada categoria); são medida inapropriada,imediatista, e podem ser utilizadas como meio de “politicagem ba-rata” (ou seja, por tal argumento, há outros meios mais adequados para obter esse resultado); fomentariam o racismo e o ódio; favo-receriam negros de classe média alta; bem como ferem o princípioda isonomia por causar uma discriminação reversa.

Por outro lado, quem é favorável às ações armativas defendeque elas representam o ideal de justiça compensatória (o objeti-vo é compensar injustiças passadas, dívidas históricas, como umacompensação aos negros por tê-los feito escravos,  p. ex.); repre-sentam o ideal de justiça distributiva (a preocupação, aqui, é como presente. Busca-se uma concretização do princípio da igualdadematerial); bem como promovem a diversidade.

 Nada obstante o posicionamento que se tome, há se lembrar que o Supremo Tribunal Federal, também mui recentemente, re-conheceu a constitucionalidade das políticas de ações armativas por unanimidade, seja para o caso de afrodescendentes, seja parao caso de estudantes advindos do ensino público, o que indica, a partir das decisões prolatadas, um período de prevalência da tese por bastante tempo no Guardião da Constituição;

C) Igualdade de gênero. A CF é expressa, em seu art. 5º, I:homens e mulheres são iguais nos termos da Constituição Federal.Isso signica que a CF pode xar distinções, como o faz quan-

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

to aos requisitos para aposentadoria, quanto à licença-gestante, equanto ao serviço militar obrigatório apenas para os indivíduos dosexo masculino,  p. ex. Quanto à legislação infraconstitucional, é possível xar distinções, desde que isso seja feito em consonân-cia com a Constituição Federal, isto é, sem excedê-la ou for-lheinsuciente.

1.4 Direito à segurança. A segurança é tratada tanto no caput  do art. 5º, como no caput do art. 6º, ambos da Constituição Federal.

 No caput do art. 6º, se refere à  segurança pública, que seráestudada quando da análise dos direitos sociais. A segurança a quese refere o caput do art. 5º é a segurança jurídica, que impõe aosPoderes públicos o respeito à estabilidade das relações jurídicas jáconstituídas.

Engloba-se, pois, o direito adquirido (o direito já se incorpo-rou a seu titular), o ato jurídico perfeito (há se preservar a mani-festação de vontade de quem editou algum ato, desde que ele nãoatente contra a lei, a moral e os bons costumes), e a coisa julgada 

(é a imutabilidade de uma decisão que impede que a mesma ques-tão seja debatida pela via processual novamente), consagrados to-dos no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal.

1.5 Direito de propriedade. Conforme o art. 5º, caput  einciso XXII, da Constituição Federal, é assegurado o direito de propriedade. Há limitações, contudo, a tal direito, como a funçãosocial da propriedade. Para melhor compreender tal instituto fun-damental, pois, há se dividi-lo em temas especícos:

 A) Função social da propriedade. A função social, consa-grada no art. 5º, XXIII, CF, não é apenas um limite ao direito de propriedade, mas, sim, faz parte da própria estrutura deste direito.“Trocando em miúdos”, só há direito de propriedade se atendidasua função social (há, minoritariamente, quem pense o contrário).

Aliás, é esta função social da propriedade que assegura que a pequena propriedade rural, assim denida em lei, desde que tra- balhada pela família, não será objeto de penhora para pagamentode débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a leisobre os meios de nanciar o seu desenvolvimento (art. 5º, XXVI,CF);

 B) Inviolabilidade do domicílio. A Constituição Federal asse-gura, em seu art. 5º, XI, que a casa é asilo inviolável do indivíduo,ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,salvo em caso de agrante delito ou desastre, ou para prestar so-corro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

Veja-se que, em caso de agrante delito, para prestar socorro,ou evitar desastre, na casa se pode entrar a qualquer hora do dia.Se houver necessidade de determinação judicial, a entrada na re-

sidência, salvo consentimento do morador, somente pode ser feitadurante o dia;

C) Requisição da propriedade. A Constituição Federal prevêduas hipóteses de requisição: no caso de iminente perigo público, aautoridade competente poderá usar de propriedade particular, asse-gurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano (art. 5º,XXV, CF); e no caso de vigência de estado de sítio, decretado emcaso de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência defatos que comprovem a inecácia da medida tomada durante o es-tado de defesa, é possível a requisição de bens (art. 139, VII, CF).

 Na requisição civil não há transferência de propriedade. Háapenas uso ou ocupação temporários da propriedade particular.Trata-se de ocupação emergencial, de modo que só caberá indeni-zação posterior, e, ainda, se houver dano.

A requisição militar também é emergencial. Também só have-rá indenização posterior, diante de dano;

 D) Desapropriação da propriedade. Prevista no art. 5º, XXIV,da CF, é cabível em três casos: necessidade pública; utilidade pú- blica; e interesse social.

 Na desapropriação, dá-se retirada compulsória da propriedadedo particular.

Se em razão de interesse social, exige-se indenização em di-nheiro justa e prévia, como regra geral.

E, nos casos de necessidade e utilidade pública, o particular não tem culpa alguma. Trata-se, meramente, de situação de pre-valência do interesse público sobre o interesse privado. A inde-nização, como regra geral, também deve ser prévia, justa, e emdinheiro.

Ainda, no caso de desapropriação por interesse social, podeocorrer a chamada “desapropriação sanção”, pelo desatendimentoda função social da propriedade. Nesse caso, diante da “culpa”do proprietário, a indenização será prévia, justa, porém não seráem dinheiro, mas sim em títulos públicos. Com efeito, são duasas hipóteses de desapropriação-sanção: desapropriação-sanção deimóvel urbano, prevista no art. 182, §4º, III, CF (o pagamento éfeito em títulos da dívida pública, com prazo de resgate de até dezanos); desapropriação-sanção de imóvel rural, prevista no art. 184,CF (ela é feita para ns de reforma agrária, e o pagamento é feitoem títulos da dívida agrária, com prazo de resgate de até vinteanos, contados a partir do segundo ano de sua emissão);

 E) Consco da propriedade. O consco está previsto no art.243 da CF. Também é hipótese de transferência compulsória da propriedade, como a desapropriação. Mas, dela se distingue por-que no consco não há pagamento de qualquer indenização.

Isto posto, são duas as hipóteses de consco: as glebas dequalquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especi-camente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indeniza-ção ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas emlei (art. 243, caput , CF); bem como todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráco ilícito de entor - pecentes e drogas ans será conscado e reverterá em benefício deinstituições e pessoal especializado no tratamento e recuperaçãode viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de scali-zação, controle, prevenção e repressão do crime de tráco dessassubstâncias (art. 243, parágrafo único, CF);

 F) Usucapião da propriedade (aquelas previstas na Constitui-ção). Há duas previsões constitucionais acerca de usucapião, emque o prazo para aquisição da propriedade é reduzido: usucapiãourbano (aquele que possuir como sua área urbana de até duzentose cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamentee sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família,adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outroimóvel urbano ou rural, conforme o art. 183, caput , da CF); e usu-capião rural (aquele que, não sendo proprietário de imóvel ruralou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, semoposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquentahectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade, consoante oart. 191, caput , da CF).

 Não custa chamar a atenção, veja-se, que as hipóteses consti-tucionais também exigem os requisitos tradicionais da usucapião,a saber, a posse mansa e pacíca, a posse ininterrupta, e a possenão-precária.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

 Não custa lembrar, por m, que imóveis públicos não podemser adquiridos por usucapião;

G) Propriedade intelectual . A Constituição protege a proprie-dade intelectual como direito fundamental.

Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publi-cação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei xar (art. 5º, XXVII, CF).

São assegurados, nos termos de lei, a proteção às participa-ções individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem evoz humanas, inclusive nas atividades esportivas (art. 5º, XXVIII,“a”, CF), bem como direito de scalização do aproveitamentoeconômico das obras que criarem ou de que participarem (art. 5º,XXVIII, “b”, CF).

A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégiotemporário para sua utilização, bem como proteção às criações in-dustriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a ou-tros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-volvimento tecnológico e econômico do país (art. 5º, XXIX, CF);

 H) Direito de herança. Tal direito está previsto, de maneira pioneira, no trigésimo inciso, do art. 5º, CF. Nas outras Constitui-ções, ele era apenas deduzido do direito de propriedade.

Ademais, a sucessão de bens de estrangeiros situados no paísserá regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou doslhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus” (art. 5º, XXXI, CF).

1.6 Direito à privacidade. Para o estudo do Direito Constitu-cional, a privacidade é o gênero, do qual são espécies a intimidade,a honra, a vida privada e a imagem. Neste sentido, o inciso X, doart. 5º, da Constituição, prevê que são invioláveis a intimidade, avida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direi-to à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação: A) Intimidade, vida privada e publicidade (imagem). Pela

“Teoria das Esferas”, importada do direito alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser conferida à esfera(as esferas são representadas pela intimidade, pela vida privada, e pela publicidade).

Desta maneira, a intimidade merece maior proteção. Sãoquestões de foro personalíssimo de seu detentor, não competindo aterceiros invadir este universo íntimo.

Já a vida privada merece proteção intermediária. São questõesque apenas dizem respeito a seu detentor, desde que realizadas emambiente íntimo. Se momentos da vida privada são expostos ao público, pouco pode fazer a proteção legal que não resguardar ahonra e a imagem do indivíduo.

Por m, na publicidade a proteção é mínima. Compete à pro-teção legal apenas resguardar a honra do indivíduo, já que o ato é público;

 B) Honra. O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atri- butos pertinentes à reputação do cidadão sujeito de direitos. Exata-mente por isso o Código Penal prevê os chamados “crimes contraa honra”.

1.7 Direitos de acesso à justiça. São vários os desdobramen-tos desta garantia:

 A) Defesa do consumidor . Conforme o inciso XXXII, do art.5º, da Constituição, o Estado promoverá, na forma da lei, a defesado consumidor. Tal lei existe, e foi editada em 1990. É a Lei nº8.078 - Código de Defesa do Consumidor;

 B) Inafastabilidade do Poder Judiciário. A lei não excluirá daapreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito (art. 5º,XXXV, CF). Junte-se a isso o fato de que os juízes não podem sefurtar de decidir (proibição do “non liquet ”). Isso tanto é verdadeque, na ausência de lei, ou quando esta for omissa, o juiz decidiráo caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios ge-rais de direito (art. 4º, da Lei de Introdução às Normas do DireitoBrasileiro);

C) Direito de petição e direito de certidão . São a todos asse-gurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes públicos em defesa de direitos ou contra ile-galidade ou abuso de poder (art. 5º, XXXIV, “a”, CF), bem comoa obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa dedireitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5º,XXXIV, “b”, CF);

 D) Direito ao juiz natural . A Constituição veda, em seu art.5º, XXXVII, a criação de juízos ou tribunais de exceção. Destamaneira, todos devem ser processados e julgados por autoridade judicial previamente estabelecida e constitucionalmente investidaem seu ofício. Não é possível a criação de um tribunal de julga-mento após a prática do fato tão somente para apreciá-lo.

Em mesmo sentido, o art. 5º, LIII, CF prevê que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

 E) Direito ao tribunal do júri. Ao tribunal do júri competeo julgamento dos crimes dolosos contra a vida, salvo se tiver oagente prerrogativa de foro assegurada na Constituição Federal,caso em que esta prerrogativa prevalecerá sobre o júri (é o casodo Prefeito Municipal,  p. ex., que será julgado pelo Tribunal deJustiça, pelo Tribunal Regional Federal ou pelo Tribunal RegionalEleitoral a depender da natureza do delito perpetrado).

Ademais, além da competência para crimes dolosos contra avida, norteiam o júri a plenitude de defesa (que é mais que a ampladefesa), o sigilo das votações, e a soberania dos veredictos;

 F) Direito ao devido processo legal . Ninguém será privadoda liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º,LIV). Em verdade, o termo correto é “devido procedimento legal”, pois todo processo, para ser processo, deve ser legal. O que podeser legal ou ilegal é o “procedimento”.

Ademais, há se lembrar que também na esfera administrativa(e não só na judicial) o direito ao procedimento é devido.

Por m, insere-se na cláusula do devido processo legal o direi-to ao duplo grau de jurisdição, consistente na possibilidade de queas decisões emanadas sejam revistas por outra autoridade tambémconstitucionalmente investida;

G) Direito ao contraditório e à ampla defesa. “Contraditório”e “ampla defesa” não são a mesma coisa, se entendendo pelo pri-meiro o direito vigente a ambas as partes de serem informadas dosatos processuais praticados, e pelo segundo o direito do acusadode se defender das imputações que lhe são feitas. Assim, enquantoo contraditório vale para ambas as partes, a ampla defesa só vale para o acusado.

O contraditório e a ampla defesa vigem tanto para o procedi-mento judicial como para o administrativo. Neste sentido, o art. 5º,LV, CF prevê que aos litigantes, em processo judicial ou adminis-trativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório ea ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

 H) Inadmissibilidade de provas ilícitas. São inadmissíveis no processo tanto as provas obtidas ilicitamente (quanto contrárias àConstituição) como as obtidas ilegitimamente (quando contráriosaos procedimentos estabelecidos pela lei processual). Prova “ilíci-ta” e “ilegítima” são espécies do gênero “prova ilegal”.

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Didatismo e Conhecimento10

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O art. 5º, LVI, CF diz “menos do que queria dizer”, por sereferir apenas às provas ilícitas;

 I) Direito à ação penal privada subsidiária da pública. O titu-lar da ação penal pública é o Ministério Público, e a ele compete, pois, manejar esta espécie de ação penal. Se isto não for feito por  pura desídia do órgão ministerial, é possível o manejo de ação pe-nal privada subsidiária da pública pela vítima (art. 5º, LIX, CF);

 J) Direito à publicidade dos atos processuais. Todos os atos processuais serão públicos (art. 5º, LX, CF) e as decisões deverãoser devidamente fundamentadas (art. 93, IX, CF). É possível impor o sigilo processual se o interesse público ou motivo de força maior assim indicar;

 K) Direito à assistência judiciária. O Estado prestará assistên-cia jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuciênciade recursos (art. 5º, LXXIV, CF). À Defensoria Pública competirátal função, nos moldes do art. 134, caput , da Constituição Federal.

Ademais, são gratuitos para os reconhecidamente pobres, naforma da lei, o registro civil de nascimento (art. 5º, LXXVI, “a”,CF) e a certidão de óbito (art. 5º, LXXVI, “b”, CF);

 L) Direito à duração razoável do processo. Trata-se de incisoacrescido à Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº45/2004.

Objetiva-se fazer cessar as pelejas judiciais inndáveis. Parase aferir a duração razoável do processo, é preciso analisar o graude complexidade da causa, a disposição das partes no resultado dademanda, e a atividade jurisdicional que caminhe no sentido de prezar ou não por um m célere (mas com qualidade).

1.8 Habeas corpus. Vejamos o primeiro dos chamados “remé-dios constitucionais”:

 A) Surgimento. A Magna Carta inglesa, de 1215, foi o primei-ro documento a prevê-lo, enquanto o “ Habeas Corpus Act ”, de1679, procedimentalizou-o pela primeira vez. No Brasil, o Códigode Processo Penal do Império, de 1832, trouxe-o para este orde-namento, enquanto a primeira Constituição Republicana, de 1891,foi a primeira Lei Fundamental pátria a consagrar o instituto (é daépoca da Lei Fundamental a chamada “ Doutrina Brasileira do Ha-beas Corpus”, que maximizava o instituto a habilitava-o a proteger qualquer direito, inclusive aqueles que hoje são buscados pela viado Mandado de Segurança). Hoje, a previsão constitucional do ha-beas corpus está no art. 5º, LXVIII, da Constituição da República;

 B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional (e nãode “recurso processual penal”, veja-se) de natureza tipicamente penal que almeja a proteção das liberdades individuais de loco-moção quando esta se encontra indevidamente violada ou em viasde violação.

Vale lembrar que, apesar de ser uma ação tipicamente penal,não há qualquer óbice a que se utilize o habeas corpus em outrassearas como a cível, num caso de indevida privação de liberdade por dívida de alimentos, p. ex., ou na trabalhista, caso alguém sejaindevidamente impedido de exercer seu labor, noutro exemplo;

C) Espécies. O habeas corpus pode ser  preventivo (quandohouver mera ameaça de violação ao direito de ir e vir, caso em quese obterá um “salvo-conduto”), ou repressivo (quando ameaça játiver se materializado);

 D) Legitimidade ativa. É amplíssima. Qualquer pessoa podemanejá-lo, em próprio nome ou de terceiro, assim como o Minis-tério Público. A pessoa que o maneja é chamada “impetrante”, en-quanto que a pessoa que dele se benecia é chamada “paciente”(desta maneira, é perfeitamente possível que impetrante e pacientesejam a mesma pessoa).

A importância deste “writ ” é tão grande que, nos termos dosegundo parágrafo, do art. 654, do Código de Processo Penal, os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício o re-médio quando, no curso do processo, vericarem que alguém sofreou está na iminência de sofrer coação ilegal;

 E) Legitimidade passiva. Pode ser tanto um agente público(autoridade policial ou autoridade judicial, p. ex.) como um agente particular (diretor de uma clínica de psiquiatria, p. ex.).

 F) Hipóteses de coação ilegal . A coação será considerada ile-gal, nos moldes do art. 648, CPP, quando não houver justa causa para tal; quando alguém estiver preso por mais tempo do que de-termina a lei; quando quem tiver ordenado a coação não tiver com- petência para fazê-lo; quando houver cessado o motivo que autori-zou a coação; quando não for alguém admitido a prestar ança noscasos em que a lei autoriza; quando o processo for manifestamentenulo; ou quando extinta a punibilidade.

Vale lembrar, por outro lado, que o segundo parágrafo, do art.142, da Constituição, veda tal remédio constitucional em relação a punições disciplinares militares;

G) Competência para apreciação. A competência é determi-nada de acordo com a autoridade coatora. Assim, se esta for umDelegado de Polícia, o “writ ” será endereçado ao juiz de primeirograu; se for o juiz de primeira instância, endereça-se ao tribunala que é vinculado; se for o promotor de justiça, para um primeiroentendimento endereça-se ao juiz de primeira instância e para umsegundo entendimento endereça-se ao tribunal respectivo equipa-rando, pois, a autoridade ministerial ao magistrado de primeirograu; se a autoridade coatora for o juiz do JECRIM, competente para apreciar o remédio será a turma recursal.

Vale lembrar, ainda, que o STF (arts. 102, I, “d”, “i” e 102, II,“a”, CF) e o STJ (arts. 105, I, “c” e 105, II, “a”, CF) também têmcompetência para apreciar habeas corpus.

 H) Procedimento. O procedimento está previsto no Código deProcesso Penal, entre seus arts. 647 e 667;

 I) Algumas considerações nais. Pela Súmula nº 695, do Su- premo Tribunal Federal, não cabe HC quando já extinta a pena privativa de liberdade.

Pela Súmula nº 693, STF, não cabe habeas corpus contra deci-são condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

Pela Súmula nº 690, STF, compete ao Supremo o julgamentode habeas corpus contra decisão de turma recursal dos juizadosespeciais criminais.

Por m, pela Súmula nº 694, do Supremo, não cabe tal “writ ”contra a imposição de pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública.

1.9 Mandado de segurança. Vejamos: A) Surgimento. Trata-se de remédio trazido ao Brasil (há

quem defenda, prevalentemente, que o instituto seja criação ge-nuinamente brasileira) pela Lei Fundamental de 1934, e, desdeentão, a única Constituição que não o previu foi a de 1937. Hoje,o mandado de segurança individual está constitucionalmente dis-ciplinado no art. 5º, LXIX, e o mandado de segurança coletivo noart. 5º, LXX, todos da Lei Maior pátria;

 B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional , de rito sumário e especial , destinada à proteção de direito líquido e cer-to de pessoa física ou jurídica não amparado por habeas corpusou habeas data (com isso já se denota a natureza subsidiária do“writ ”: ele somente é cabível caso não seja hipótese de habeascorpus ou habeas data).

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Didatismo e Conhecimento11

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Ademais, apesar de ser mais comum sua utilização no âmbitocível, óbice não deve haver a sua utilização nas searas das justiçascriminal e especializada;

C) Espécies. O “writ ” pode ser  preventivo (quando se estiver na iminência de violação a direito líquido e certo), ou repressivo (quando já consumado o abuso/ilegalidade);

 D) Legitimidade ativa. Deve ser a mais ampla possível,abrangendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ouestrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos públicosdespersonalizados e universalidades reconhecidas por lei (espólio,condomínio, massa falida etc.). Vale lembrar que esta legitimidade pode ser ordinária (se postula-se direito próprio em nome próprio)ou extraordinária (postula-se em nome próprio direito alheio);

 E) Legitimidade passiva. A autoridade coatora deve ser auto-ridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-ções do Poder Público;

 F) Mandado de segurança coletivo. O mandado de segurançacoletivo poderá ser impetrado por partido político com representa-ção no Congresso Nacional ou por organização sindical, entidadede classe ou associação legalmente constituída e em funcionamen-to há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus mem- bros ou associados;

G) Competência. A competência se xa de acordo com a au-toridade coatora. Assim, pode apreciar mandado de segurança um juiz de primeiro grau, estadual ou federal; os Tribunais estaduaisou federais; o STF (arts. 102, I, “d” e 102, II, “a”, CF); e o STJ(arts. 105, I, “b” e 105, II, “b”, CF);

 H) Procedimento. É regulado pela Lei nº 12.016/09, que revo-gou a Lei anterior, de nº 1.533, que vigia desde 1951.

1.10 Mandado de injunção. Vejamos: A) Surgimento. Prevalece que é uma criação genuinamente

 brasileira, tendo sido previsto por primeira vez na Carta Funda-mental pátria de 1988. Institutos com nomes semelhantes podemser encontrados no direito anglo-saxão, embora, neste, sua na-lidade é distinta daquela para a qual a Constituição brasileira ocriou. Atualmente, o mandado de injunção está disciplinado no art.5º, LXXI, da Constituição Federal;

 B) Natureza jurídica. Cuida-se de ação constitucional  queobjetiva a regulamentação de normas constitucionais de ecácialimitada (omissas, portanto), assegurando, deste modo, o intentode aplicabilidade imediata previsto no parágrafo primeiro, do art.5º, da Constituição Federal;

C) Legitimidade ativa. Toda e qualquer pessoa, nacional ouestrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize di-reito fundamental não materializável por omissão legislativa doPoder público;

 D) Legitimidade passiva. Pertence à autoridade ou órgão res- ponsável pela expedição da norma regulamentadora;

 E) Competência. No tocante ao órgão competente para jul-gamento, o tal “writ ” apresenta competência “móvel”, de acordocom a condição e vinculação do impetrado. Assim, tal incumbên-cia caberá ao Supremo Tribunal Federal, quando a elaboração denorma regulamentadora for atribuição do Presidente da República,do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Fe-deral, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal deContas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprioSupremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tri- bunal de Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadorafor atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da admi-nistração direta ou indireta, excetuados os casos da competência

do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, daJustiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (art.105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando as deci-sões dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem habeas corpus,mandado de segurança , habeas data ou mandado de injunção (art.121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aosentes a ele vinculados;

 F) Procedimento. Não há lei regulamentando o mandado deinjunção, se lhe aplicando, por analogia, a Lei nº 12.016/09, inclu-sive no que atine ao mandado de injunção coletivo;

G) Diferença do mandado de injunção para a ação direta deinconstitucionalidade por omissão. O mandado de injunção é re-médio habilitado a socorrer o particular numa situação concreta,isto é, busca-se um pronunciamento apto a atender uma especi-cidade. Já a ADO é instrumento adequado a atender o particular numa situação abstrata, sendo dotado, por conseguinte, de conte-údo e nalidade mais abrangente que seu antecessor em razão deseu raio de alcance. Em outras palavras, seria dizer que o mandadode injunção se baseia em um comando da emergência, e a ADI por 

omissão se baseia em um dispositivo de urgência. H) Efeitos da decisão concedida em sede de mandado de in-

 junção. Aqui há divergência na doutrina e na jurisprudência.Para uma primeira corrente (“corrente não concretista”), deve

o Judiciário apenas cienticar o omisso em prol da edição norma -tiva necessária, dando à injunção concedida natureza declaratória apenas. Este posicionamento imperou por muito tempo no Supre-mo Tribunal Federal.

Já um segundo entendimento, subdividindo-se, confere cará-ter condenatório ou mandamental à ciência da mora, nos moldesde uma “obrigação de fazer” referida no art. 461 ou de uma “exe-cução contra a Fazenda Pública” referida nos arts. 730 e seguintes,todos do Código de Processo Civil, ensejando a necessidade deexecução de sentença, própria no caso condenatório, ou imprópria

no caso mandamental. Há julgados esparsos no STF perlhando-seaos posicionamentos condenatório e mandamental.Um terceiro entendimento (“corrente concretista individual 

intermediária”) entende que, constatada a mora legislativa, é ocaso de assinalar um prazo razoável para a elaboração da normaregulamentadora. Findo tal prazo e persistindo a omissão, é casode indenização por perdas e danos a ser buscada perante o Estado.

Por sua vez, uma quarta corrente (“corrente concretista indi-vidual pura”) acena pelo caráter constitutivo da injunção conce-dida via pronunciamento judicial, mas que a criação normativa selimita apenas aos litigantes. Assim, admite-se atividade legislativado Judiciário, mas com alcance restrito às partes. Esse é o posi-cionamento atualmente prevalente no Guardião da ConstituiçãoFederal.

Por m, uma quinta corrente (“corrente concretista geral ”)entende, sim, ser constitutiva a natureza da injunção concedida,tomando de um caso especíco a inspiração necessária para a edi-ção de uma norma geral e abstrata. Seria o exercício atípico de“atividade legislativa” do Judiciário. Consoante tal entendimento,o STF sanaria ele próprio a ausência de regulamentação a normasconstitucionais de ecácia e aplicabilidade limitada.

1.11 Habeas data. Vejamos: A) Surgimento. A origem do habeas data está no direito norte-

-americano, através do “ Freedom of Information Act ”, de 1974,com a nalidade de possibilitar o acesso do particular aos dadosou às informações constantes de registros públicos ou particulares permitidos ao público. No Brasil, a Constituição Federal de 1988foi a primeira a trazê-lo, em seu art. 5º, LXXII;

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Didatismo e Conhecimento12

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

 B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional , que ob- jetiva assegurar o conhecimento de informações relativas à pes- soa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados deentidades governamentais de caráter público, bem como a reti-cação de dados, quando não se prera fazê-lo por procedimento sigiloso, judicial ou administrativo;

C) Legitimidade ativa. Tal “writ ” pode ser impetrado por pes-soa física, brasileira ou estrangeira, ou por pessoa jurídica. Ain-da, há quem defenda sua impetração por entes despersonalizados,como a massa falida e o espólio;

 D) Legitimidade passiva. Figurarão no polo ativo entidadesgovernamentais da Administração Pública Direta e Indireta nastrês esferas, bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas prestadores de serviços de interesse público que possuam dados relativos à pessoa do impetrante;

 E) Competência. A Constituição Federal prevê a competênciado Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Tribu-nal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Federais(art. 108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, VIII);

 F) Procedimento. A disciplina do habeas data está prevista naLei nº 9.507/97.

1.12 Ação popular. Vejamos: A) Surgimento. Sua origem vem da época do Império Roma-

no, quando os cidadãos romanos dirigiam-se ao magistrado para buscar a tutela de um bem, valor ou interesse que pertencesse àcoletividade. O primeiro texto legal sobre a ação popular surgiu naBélgica, em 1836.

 No Brasil, a primeira Lei Fundamental pátria a disciplinar aação popular foi a de 1934. Suprimida na de 1937, mas restabe-lecida na de 1946, tem estado presente em todas as Cartas desdeentão. Na Constituição Federal de 1988, sua previsão se encontrano art. 5º, LXXIII;

 B) Natureza jurídica. Trata-se de ação constitucional , quevisa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade deque o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio am-biente e ao patrimônio histórico e cultural ;

C) Requisitos para a propositura da ação popular . Há umrequisito objetivo (o legitimado ativo deve ser cidadão) e outro subjetivo (a proteção do patrimônio público, da moralidade admi-nistrativa, do meio ambiente, do patrimônio histórico, e do patri-mônio cultural);

 D) Legitimidade ativa. Deve ser “cidadão”, isto é, aquele queesteja no pleno gozo dos direitos políticos. Se está falando, pois,do cidadão-eleitor. Inclusive, o parágrafo terceiro, do art. 1º, daLei nº 4.717/65, que regula a ação popular, dispõe que a prova dacidadania para ingresso em juízo será feita com o título eleitoral ou

com o documento a que ele corresponda; E) Legitimidade passiva. Nos moldes do art. 6º, da Lei nº4.717/65, sempre haverá um ente da Administração Pública, diretaou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide comdinheiro público;

 F) Competência. Será xada de acordo com a origem do atoou omissão a serem impugnados. Vale lembrar que, quanto ao pro-cedimento, a Lei nº 4.717/65, que disciplina tal ação, arma quesegue-se o rito ordinário previsto no Código de Processo Civil,com algumas modicações.

1.13 Ação civil pública. Vejamos: A) Cabimento. Conforme o art. 1º, da Lei nº 7.347/85, é ca-

 bível ação civil pública em caso de danos patrimoniais e moraiscausados ao meio ambiente (inciso I); ao consumidor (inciso II);

a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (inciso III); a qualquer outro interesse difuso ou cole-tivo (inciso IV); por infração da ordem econômica e da economia popular (inciso V); e à ordem urbanística (inciso VI);

 B) Não cabimento. Segundo o art. 1º, parágrafo único, daLACP - Lei da Ação Civil Pública, não será cabível ação civil pú- blica para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, FGTS ou outros fundos de natureza institucionalcujos beneciários podem ser individualmente determinados;

C) Objeto. De acordo com o art. 3º, LACP, a ação civil pode-rá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento deobrigação de fazer ou não fazer;

 D) Legitimidade ativa. Consoante o art. 5º, da LACP, tem le-gitimidade ativa tanto para a ação principal como para a cautelar o Ministério Público (inciso I); a Defensoria Pública (inciso II); aUnião, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (inciso III);a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economiamista (inciso IV); e a associação que, concomitantemente, estejaconstituída há pelo menos um ano nos termos da lei civil (incisoV, alínea “a”) e inclua, entre suas nalidades institucionais, a pro-teção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, àlivre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,turístico e paisagístico (inciso V, alínea “b”);

 E) Legitimidade passiva. Não há, em regra, limitação quanto aquem deva gurar no polo passivo da ação civil pública.

1.14 Tratados Internacionais de que o Brasil seja signa-tário. Quando a Constituição Federal de 1988 entrou em vigor, oSupremo Tribunal Federal entendia que todo e qualquer TratadoInternacional, fosse ou não sobre direitos humanos, tinha “ status”de lei ordinária.

Tal entendimento vigorou até o advento da Emenda Consti-tucional nº 45/2004, que acresceu ao art. 5º da Constituição um parágrafo terceiro, segundo o qual os tratados e convenções inter-nacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cadaCasa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dosvotos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendasconstitucionais.

Mas como ca a situação dos Tratados Internacionais que nãoforem (ou não foram) aprovados pelo quórum de Emenda Cons-titucional? Com isso, o STF revisou seu posicionamento, e, atu-almente, os Tratados Internacionais possuem tripla hierarquia emnosso ordenamento:

A) Se versar sobre direitos humanos, e for aprovado pelo quó-rum de Emenda Constitucional, o “ status” do Tratado Internacio-nal será de Emenda Constitucional;

B) Se versar sobre direitos humanos, mas não for aprovado pelo quórum de Emenda Constitucional, o “ status” do Tratado In-ternacional será de norma supralegal, isto é, abaixo da Constitui-ção, mas acima do ordenamento infraconstitucional;

C) Se não versar sobre direitos humanos, o Tratado Interna-cional terá o “ status” de lei ordinária, conforme o entendimento primeiro do Supremo Tribunal Federal.

2 Direitos sociais. Convém reproduzir os dispositivos consti-tucionais pertinentes ao tema:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desampara-dos, na forma desta Constituição.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alémde outros que visem à melhoria de sua condição social:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitráriaou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preveráindenização compensatória, dentre outros direitos;

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;III - fundo de garantia do tempo de serviço;IV - salário mínimo, xado em lei, nacionalmente unicado,

capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicosque lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-ção para qualquer m;

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade dotrabalho;

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em conven-ção ou acordo coletivo;

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para osque percebem remuneração variável;

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração inte-gral ou no valor da aposentadoria;

IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua

retenção dolosa;XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da

remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da em- presa, conforme denido em lei;

XII - salário-família pago em razão do dependente do traba-lhador de baixa renda nos termos da lei;

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horasdiárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação dehorários e a redução da jornada, mediante acordo ou convençãocoletiva de trabalho;

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em tur-nos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-mingos;

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mí-nimo, em cinquenta por cento à do normal;

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,um terço a mais do que o salário normal;

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do sa-lário, com a duração de cento e vinte dias;

XIX - licença-paternidade, nos termos xados em lei;XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante

incentivos especícos, nos termos da lei;XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo

no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de

normas de saúde, higiene e segurança;XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,

insalubres ou perigosas, na forma da lei;XXIV - aposentadoria;XXV - assistência gratuita aos lhos e dependentes desde o

nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos

de trabalho;XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do

empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,quando incorrer em dolo ou culpa;

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações detrabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção docontrato de trabalho;

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de fun-ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ouestado civil;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salá-rio e critérios de admissão do trabalhador portador de deciência;

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnicoe intelectual ou entre os prossionais respectivos;

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubrea menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezes-seis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com víncu-lo empregatício permanente e o trabalhador avulso.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado-res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII,

X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas emlei e observada a simplicação do cumprimento das obrigações tri- butárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalhoe suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.

Art. 8º. É livre a associação prossional ou sindical, observa-do o seguinte:

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fun-dação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente,vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na orga-nização sindical;

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical,

em qualquer grau, representativa de categoria prossional ou eco-nômica, na mesma base territorial, que será denida pelos traba-lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior àárea de um Município;

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses cole-tivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciaisou administrativas;

IV - a assembleia geral xará a contribuição que, em se tratan-do de categoria prossional, será descontada em folha, para cus-teio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,independentemente da contribuição prevista em lei;

V - ninguém será obrigado a liar-se ou a manter-se liado asindicato;

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negocia-

ções coletivas de trabalho;VII - o aposentado liado tem direito a votar e ser votado nas

organizações sindicais;VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-

tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representaçãosindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o nal domandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à or-ganização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendi-das as condições que a lei estabelecer.

Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos tra- balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre osinteresses que devam por meio dele defender.

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§1º. A lei denirá os serviços ou atividades essenciais e dis- porá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comuni-dade.

§2º. Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penasda lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte-resses prossionais ou previdenciários sejam objeto de discussãoe deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as-segurada a eleição de um representante destes com a nalidadeexclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre-gadores.

2.1 Finalidade dos direitos sociais. Os direitos sociais per-tencem à segunda geração/dimensão de direitos fundamentais,ligando-se ao valor “igualdade”.

Com efeito, o grande objetivo dos direitos sociais é concreti-zar a igualdade material , através do reconhecimento da existênciade diferenças na condição econômico-nanceira da população, oque faz necessário uma atuação do Estado na busca deste substratoda igualdade. Disso infere-se, pois, que a principal (mas não única)nalidade dos direitos sociais é proteger os marginalizados e/ou oshipossucientes.

2.2 Reserva do possível. Esta expressão surgiu numa decisãodo Tribunal Constitucional Federal alemão, em 1972, em respostaà demanda promovida por estudantes de medicina solicitando seuingresso em uma universidade alemã, nada obstante a carência devagas para isso.

 No julgado em que surgiu a reserva do possível, se disse que,caso o órgão público pratique atos para sanar as carências funda-mentais da população, e, ainda assim, o efeito não atinja a totali-dade das pessoas, não é dado aos excluídos acionar judicialmenteo Estado solicitando o suprimento destas carências uma vez que oEstado agiu na medida do que permitia seu orçamento.

 No caso dos estudantes de medicina alemães, ainda que aConstituição germânica não consagre direitos sociais, cou de-monstrado que o Estado aumentou o número de vagas nas uni-versidades destinadas aos postulantes ao curso de medicina, mas,mesmo assim, isso não acompanhou a demanda de candidatos àsvagas. Tivesse o Estado cado inerte, não lhe competiria alegar areserva do possível. Como não cou, a tese foi considerada perfei-tamente válida.

Grande parte da doutrina sustenta que a reserva do possívelnão poderia ser aplicada na realidade brasileira, em que há uma pobreza imensa, faltando direitos básicos à população.

Já outra parte, minoritária, sustenta exatamente o contrário,isto é, arma que a reserva do possível se aplicaria com muito maisrazão no direito brasileiro em virtude da limitação de recursos or-çamentários aqui existentes.

Isto posto, são três as dimensões da reserva do possível (con-forme Ingo Sarlet):

 A) Possibilidade fática. Consiste na disponibilidade de recur-sos necessários à satisfação do direito prestacional. Ou seja, ana-lisa-se a disponibilidade nanceira para atendimento da prestaçãode forma generalizada;

 B) Possibilidade jurídica. Consiste na análise da existência deautorização orçamentária para cobrir as despesas, e do respeito àscompetências federativas;

C) Razoabilidade da exigência e proporcionalidade da pres-tação. A prestação solicitada deve ser proporcional, razoável (é preciso saber, p. ex., se mais vale destinar os recursos para a com- pra de um medicamento de alto custo para atender uma única pes-soa, ou destinar os mesmos recursos para comprar medicamentosde baixo custo para um sem-número de pessoas).

2.3 Mínimo existencial. Essa expressão também surgiu nodireito alemão, em decisões do Tribunal Administrativo Federal prolatadas a partir da década de 1950.

 No Brasil, a expressão foi utilizada, pela primeira vez, por Ricardo Lobo Torres, em 1989.

Qual o fundamento do mínimo existencial? O mínimo exis-tencial é resultado da conjugação de 3 normas constitucionais:

A) A dignidade da pessoa humana;B) A liberdade material;C) O princípio do Estado social.E qual o conteúdo do mínimo existencial? Existem, ao menos,

duas posições doutrinárias acerca do conteúdo do mínimo exis-tencial:

A) Para Ricardo Lobo Torres, o mínimo existencial não temum conteúdo denido. Seu conteúdo varia de acordo com a épocae com a sociedade;

B) Já Ana Paula de Barcellos procura delimitar o conteúdodo mínimo existencial na realidade brasileira. Para ela, o mínimoexistencial engloba o direito à educação básica, o direito à saúde, aassistência aos desamparados, bem como o acesso à justiça (instru-mento para garantia do conteúdo do mínimo existencial).

Qual a natureza jurídica do mínimo existencial? O entendi-mento, aqui, é bem equilibrado. Vejamos:

A) Para considerável parcela da doutrina, o mínimo existen-cial tem natureza de regra, de forma que não se pode alegar ao“mínimo” a reserva do possível. Isto porque, o mínimo existencialteria caráter absoluto;

B) Para outra considerável parcela doutrinária, o mínimo exis-tencial exige um ônus argumentativo maior do Estado no que serefere à reserva do possível. Assim, o mínimo existencial, por ter natureza de princípio, seria relativizável.

2.4 Vedação ao retrocesso social. A vedação de retrocessosocial se refere à concretização infraconstitucional dos direitos so-ciais. Portanto, não se dirige ao Poder Constituinte, mas sim aosPoderes Públicos.

Com efeito, a concretização de um direito social deve ser con-siderada materialmente constitucional. Isto porque, ao efetivar umdireito social por meio de legislação infraconstitucional, o conteú-do dessa lei é constitucional e passa a ter esse “ status”, o que im- pede sua redução/extinção pelo Poder Público. Veja-se, pois, quea partir do momento que se confere “ status” constitucional a certalei, veda-se a retirada dessa concretização.

2.5 Direitos sociais em espécie. São os previstos no art. 6º, daConstituição Federal, em rol não exauriente:

 A) Direito social à educação. Possui o direito social à educa-ção grande assunção de conteúdo auto obrigacional pelo Estado,nos arts. 205 a 214 da Constituição.

Destes, o art. 205 arma que a educação é “dever do Estado”,o art. 206, I, preceitua que a “igualdade de condições para o acessoe permanência na escola” é um dos princípios norteadores do tema,o art. 208, I, normatiza que o dever do Estado com a educação seráefetivado mediante a garantia de “educação básica obrigatória e

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gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, assegurada suaoferta gratuita para todos os que a ela não tiverem acesso na idade própria”, e o inciso IV do mesmo dispositivo fala em “educaçãoinfantil em creche e pré-escola para crianças de até cinco anos deidade”. Ademais, os parágrafos primeiro e segundo do art. 208cravam, respectivamente, que o “acesso ao ensino obrigatório egratuito é direito público subjetivo”, e que o “não oferecimentodo ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular,importa responsabilidade da autoridade competente”. Por m, oart. 212 e seus parágrafos tratam da porcentagem de distribuiçãode tributos pelas pessoas da Administração Pública Direta entre sie na educação propriamente.

Interessante notar, em primeira análise, que o Estado se eximeda obrigatoriedade no fornecimento de educação superior, no art.208, V, quando assegura, apenas, o “acesso” aos níveis mais eleva-dos de ensino, pesquisa e criação artística. Fica denotada ausênciade comprometimento orçamentário e infraestrutural estatal comum número suciente de universidades/faculdades públicas aptas

a recepcionar o maciço contingente de alunos que saem da camada básica de ensino, sendo, pois, clarividente exemplo de aplicaçãoda reserva do possível dentro da Constituição. Aliás, vale lembrar,foi esse o motivo - o direito à matrícula numa universidade pública- que ensejou o desenvolvimento da “reserva” no direito alemão,com a diferença de que lá se trabalha com extensão territorial, po- pulacional e nanceira muito diferente daqui. Enm, “trocandoem miúdos”, tem-se que o Estado apenas assume compromissono acesso ao ensino superior, via meios de preparo e inclusão paraisso, mas não garante, em momento algum, a presença de todosque tiverem este almejo neste nível de capacitação.

 Noutra consideração ainda sobre o inciso V, é preciso obser-var que se utiliza a expressão “segundo a capacidade de cada um”,de forma que o critério para admissão em universidades/faculda-des públicas é, somente, pelo preparo intelectual do cidadão, a ser testado em avaliações com tal to, como o vestibular e o examenacional do ensino médio. Trata-se de método no qual, através deltragem darwinista social, se dene aqueles que prosseguirão emseu aprendizado, formando massa rara de portadores de diplomauniversitário.

Assim, o que se observa é que o Estado assume compromissoeducacional com os brasileiros de até dezessete anos de idade, viaeducação infantil em creche e pré-escola até os cinco anos (art.208, IV, CF), e via educação básica e obrigatória dos quatro atédezessete anos (art. 208, I). Afora esta faixa etária, somente terãoacesso à educação básica aqueles que não a tiveram em seu devidotempo;

 B) Direito social à saúde. De maneira indúbia, é no direitoà saúde que se concentram as principais discussões recentes doDireito Constitucional.

Esse acirramento de ânimos no que diz respeito à saúde se dátanto porque, de todos os direitos sociais, este é o que mais pertoestá do direito fundamental individual à vida, do art. 5º, caput ,da Constituição pátria, como porque são visíveis os avanços damedicina/indústria farmacêutica nos últimos tempos - embora nãosejam menos cristalinos os preços praticados no setor. É dizer: odireito fundamental à saúde tem custo de individualização exacer- bado, se comparado com o anterior direito social à educação.

Como se não bastasse, é ululante o caráter híbrido da saúde,em considerando seus enfoques positivo - o direito individual dereceber saúde -, e negativo - o dever do Estado de fornecer saúde.

Tal direito está disciplinado na Lei Fundamental nos arts. 196a 200, e, dentre estes, o art. 196 arma ser a saúde “direito de todose dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômi-cas que visem à redução do risco de doença e outros agravos e aoacesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promo-ção, proteção e recuperação”, e o art. 198, parágrafos primeiro aterceiro, tratam da distribuição de recursos para manutenção destagarantia fundamental.

Some-se a isso o fato do direito à saúde ser amplíssimo, bas-tando para essa conclusão a análise supercial do rol de funções doSistema Único de Saúde contido no art. 200 da Constituição, peloqual, dentre outras, são atribuições do SUS a execução de açõesde vigilância sanitária e epidemiológica (inciso II), a ordenação daformação de recursos humanos na área (inciso III), a participaçãoda formulação da política e da execução das ações de saneamento básico (inciso IV), a colaboração na proteção do meio ambiente,nele comprometido o do trabalho (inciso VIII) etc. Outrossim, háainda outra extensa gama de questões circundantes, como a deter-minação de internação de pacientes em unidades de terapia inten-siva, a insuciência de leitos hospitalares comuns, o fornecimentode medicamentos importados e de alto custo, o envio de pacientes para tratamento no exterior etc.;

C) Direito social à alimentação. Há ausência de regulamenta-ção deste direito no Texto Constitucional, tendo em vista sua inclu-são apenas em 2010, pela Emenda Constitucional nº 64.

Com efeito, o conceito de “alimentação” é amplíssimo, nãose restringindo apenas ao estritamente necessário à sobrevivência,abrangendo, também, aquilo que seja fundamental para uma exis-tência digna. Ou seja, não basta sobreviver, é preciso que se vivacom dignidade e respeito;

 D) Direito social ao trabalho. O trabalho é o direito funda-mental social que maior guarida encontra na Constituição, hajavista a grande quantidade de mecanismos assecuratórios dos arts.7º a 11 - que só perdem para o art. 5º -, dentre os quais se podemdestacar, no art. 7º, o “seguro-desemprego, em caso de desempre-go involuntário” (inciso II), o “salário mínimo, xado em lei, na-cionalmente unicado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,sendo vedada sua vinculação para qualquer m” (inciso IV), a “re-muneração do trabalho noturno superior à do diurno” (inciso IV),o “salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei” (inciso XII), o “gozo de férias anu-ais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salá-rio normal” (inciso XVII), a “proteção do mercado de trabalho damulher, mediante incentivos especícos, nos termos da lei” (incisoXX), a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-mas de saúde, higiene e segurança” (inciso XXII), a “proteção emface da automação, na forma da lei” (inciso XXVII), dentre outros.

Em análise à gama de direitos atrelados ao trabalho, percebe--se que se pode distribuí-los em blocos, de forma que a Constitui-ção enfatiza o direito de trabalhar - isto é, o direito de não car desempregado, como quando assegura o mercado de trabalho damulher (art. 7º, XX), ou quando protege os trabalhadores contra aautomação (art. 7º, XXVII) -, o direito de trabalhar com dignida-de - isto é, a preconização da necessidade de condições humanasde trabalho, como quando prevê adicional de remuneração paraatividades penosas, insalubres ou perigosas (art. 7º, XXIII) ou tratada duração do trabalho normal não superior a oito horas diáriase quarenta e quatro horas semanais (art. 7º, XIII) -, bem como o

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direito de perceber rendimentos pelo trabalho - isto é, a remune-ração devida pelo labor, como quando trata do salário mínimo (art.7º, IV) ou do décimo terceiro salário (art. 7º, VIII);

 E) Direito social à moradia. Tal direito não encontra regula-mentação no texto constitucional, tal como o direito social à ali-mentação, já que a moradia só foi acrescida à Constituição Federalno ano 2000, pela Emenda Constitucional nº 26.

A moradia é mais uma promessa feita pelo Estado de conceder um lar a quem não o tenha, bem como de oferecer saneamento básico àqueles que já tenham um lar, embora vivam em condiçõesinsalubres.

A “tese do patrimônio mínimo”, ou a proteção do bem de fa-mília são materializações do direito social à moradia;

 F) Direito social ao lazer . A Constituição não tem tópico es- pecíco destinado a explicar “o quê” é o direito social ao lazer, podendo-se extraí-lo, sem pretensões exaurientes ao tema, da cul-tura (arts. 215 e 216) e do desporto (art. 217). Ademais, o lazer aparece como componente teleológico do salário mínimo, no art.

7º, IV, da Lei Fundamental;G) Direito social à segurança. O art. 196 da Constituição Fe-deral preceitua que a saúde é “direito de todos e dever do Estado”.Em mesma frequência, o art. 205 diz que a educação é “direito detodos e dever do Estado e da família”. Já o art. 144 prevê que asegurança pública é “dever do Estado, direito e responsabilidadede todos”.

 Nos casos dos direitos fundamentais sociais à saúde e à edu-cação, toma-se o sentido direito-dever, isto é, primeiro se asseguraao cidadão o direito, depois se cobra do agente estatal o dever. Jána segurança pública essa ordem é invertida, somente se reconhe-cendo o direito depois de atribuído ao Estado o dever.

Essa factualidade, mais que um mero desapercebimento doconstituinte, se dá por três motivos: o  primeiro é a vedação da

 justiça por mãos próprias, que impede, como regra, a autotutela,inclusive havendo previsão penal para o exercício arbitrário das próprias razões, tudo em prol da jurisdicionalização dos conitos particulares; o  segundo, pela própria impossibilidade do cidadãose defender procuamente da violência fruto da marginalizaçãosocial à sua volta, o que faz com que a segurança pública seja,sim, imprescindível à manutenção de um estado almejado de tran-quilidade; e o terceiro, pela natural exigibilidade pelo cidadão emface do Estado, de ordem, caso se sinta ameaçado em seus direitosindividuais.

É ululante, pois, o conteúdo prestacional da segurança públicacomo direito social, neste terceiro enfoque. Não menos notória,contudo, é a exígua carga principiológica do art. 144 e parágrafosda Constituição, cujo caput se limita a falar na segurança pública

“exercida para a preservação da ordem pública e da incolumida-de das pessoas e do patrimônio”. Afora isso, o que se tem é uma básica previsão funcional de cada uma das polícias elencadas noscinco incisos do artigo em evidência;

 H) Direito social à previdência social . O direito fundamentalsocial à previdência social está mais bem regulamentado nos arts.201 e 202 da Constituição - sem prejuízo do contido em legislaçãoinfraconstitucional, instância na qual abunda a matéria -, sendodestinado à cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte eidade avançada (inciso I), proteção à maternidade, especialmente àgestante (inciso II), proteção ao trabalhador em situação de desem- prego involuntário (inciso III), salário-família e auxílio-reclusão(inciso IV), e pensão por morte (inciso VI), todos do art. 201 daLei Fundamental.

Com efeito, a previdência decorre de situações justicadasnas quais o labor não se faz possível, de maneira que o indivíduosó não está trabalhando porque já adquiriu este direito ou porqueacontecimento superveniente impediu isso. Só que o fato da pes-soa não trabalhar não enseja autorizativo para que possa, simples-mente, deixar de receber rendimentos, mesmo porque há quem,além do próprio incapacitado, necessite da renda para subsistência;

 I) Direito social à proteção à maternidade e à infância. O di-reito fundamental social à proteção à maternidade e à infância nãose encontra concentrado em parte especíca da Constituição, numaseção autônoma, como a previdência social e a educação,  p. ex.,mas espalhado por toda a Lei Fundamental. É o que se pode inferir se analisado o art. 5º, L, que assegura às presidiárias “condições para que possam permanecer com seus lhos durante o período deamamentação”, o art. 7º, XVIII, que prevê a licença à gestante, oart. 7º, XXI, que constitucionaliza a “assistência gratuita aos lhose dependentes desde o nascimento até cinco anos em creches e pré--escolas”, o art. 201, II, que protege a maternidade, especialmente

a gestante, o art. 203, I, que prevê como objetivo da assistência so-cial à proteção “à família, à maternidade, à infância, à adolescênciae à velhice”, o art. 203, II, que normatiza “o amparo às crianças eadolescentes carentes”, dentre outros;

 J) Direito social à assistência aos desamparados. O direitofundamental à assistência aos desamparados encerra com maestriao longo rol de direitos sociais constitucionalmente assegurados noart. 6º. Primeiro, por seu cristalino conteúdo prestacional, típicodos direitos sociais de segunda dimensão, e, segundo, por tentar,tal como um revisor de direitos, suprir eventuais lacunas que te-nham sido deixadas pelo constituinte ao regulamentar outros di-reitos sociais. É dizer: a assistência aos desamparados é um típico“direito tampão”.

 Neste prumo, prevê o art. 203 da Constituição que a assistên-

cia social será prestada a quem dela necessitar, independentementede contribuição à seguridade social, tendo por objetivos a proteçãoà família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice (in-ciso I), o amparo às crianças e adolescentes carentes (inciso II),a promoção da integração ao mercado de trabalho (inciso III), ahabilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deciênciae a promoção de sua integração à vida comunitária (inciso IV),e a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deciência e ao idoso que comprovarem não possuir meios de provimento da própria manutenção ou de tê-las providas por familiares (inciso V).

2.6 Direitos dos trabalhadores urbanos e rurais. Eles estão previstos no art. 7º, da Constituição Federal:

A) Relação de emprego protegida contra despedida arbitráriaou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preveráindenização compensatória, dentre outros direitos (inciso I);

B) Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário(inciso II);

C) Fundo de garantia do tempo de serviço (inciso III);D) Salário mínimo, xado em lei, nacionalmente unicado,

capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicosque lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-ção para qualquer m (inciso IV);

E) Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade dotrabalho (inciso V);

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F) Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convençãoou acordo coletivo (inciso VI);

G) Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável (inciso VII), bem como décimoterceiro salário com base na remuneração integral ou no valor daaposentadoria (inciso VIII);

H) Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno(inciso IX);

I) Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime suaretenção dolosa (inciso X);

J) Participação nos lucros ou resultados, desvinculada da re-muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-sa, conforme denido em lei (inciso XI);

K) Salário-família pago em razão do dependente do traba-lhador de baixa renda nos termos da lei (inciso XII), bem comoduração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e qua-renta e quatro semanais, facultada a compensação de horários ea redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de

trabalho (inciso XIII);L) Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnosininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva (incisoXIV);

M) Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-mingos (inciso XV);

 N) Remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-mo, em cinquenta por cento à do normal (inciso XVI);

O) Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, umterço a mais do que o salário normal (inciso XVII), bem comolicença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com aduração de cento e vinte dias (inciso XVIII);

P) Licença-paternidade, nos termos xados em lei (incisoXIX);

Q) Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-centivos especícos, nos termos da lei (inciso XX);R) Aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no

mínimo de trinta dias, nos termos da lei (inciso XXI). Vale cha-mar a atenção para este inciso, tendo em vista a edição da Leinº 12.506/11, que regulamentou tal norma de ecácia até entãolimitada. Segundo tal comando legislativo, o aviso-prévio respei-tará um mínimo de trinta dias para os empregados que contêm atéum ano de serviço na mesma empresa, e que serão acrescidos trêsdias por ano de serviço prestado na mesma empresa até o máximode sessenta dias, perfazendo, portanto, noventa dias;

S) Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-mas de saúde, higiene e segurança (inciso XXII), bem como adi-cional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou

 perigosas, na forma da lei (inciso XXIII);T) Aposentadoria (inciso XXIV), bem como assistência gra-

tuita aos lhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos deidade em creches e pré-escolas (inciso XXV);

U) Reconhecimento das convenções e acordos coletivos detrabalho (inciso XXVI), bem como proteção em face da automa-ção, na forma da lei (inciso XXVII);

V) Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quan-do incorrer em dolo ou culpa (inciso XXVIII), bem como ação,quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho(inciso XXIX);

X) Proibição de diferença de salários, de exercício de funçõese de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estadocivil (inciso XXX), bem como proibição de qualquer discrimina-ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador por-tador de deciência (inciso XXXI);

Z) Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico eintelectual ou entre os prossionais respectivos (inciso XXXII), bem como proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre amenores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseisanos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos (in-ciso XXXIII);

W) Igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo em- pregatício permanente e o trabalhador avulso (inciso XXXIV).

Y) À categoria dos trabalhadores domésticos, após a alteração promovida pela Emenda Constitucional nº 72/2013, são assegu-rados os direitos previstos nos incisos IV (salário mínimo xadoem lei e nacionalmente unicado, capaz de atender a necessidadesvitais básicas), VI (irredutibilidade do salário, salvo o disposto emconvenção ou acordo coletivo), VII (garantia de salário, nunca in-ferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável),VIII (décimo terceiro salário com base na remuneração integralou no valor da aposentadoria), X (proteção do salário na formada lei, constituindo crime sua retenção dolosa), XIII (duração dotrabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e qua-tro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho), XV(repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos),XVI (remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo,em cinquenta por cento à do normal), XVII (gozo de férias anu-ais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais que o salárionormal), XVIII (licença à gestante, sem prejuízo do emprego edo salário, com a duração de cento e vinte dias), XIX (licença--paternidade, nos termos xados em lei), XXI (aviso prévio pro- porcional ao tempo de serviço), XXII (redução dos riscos inerentesao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança),XXIV (aposentadoria), XXVI (reconhecimento das convenções eacordos coletivos de trabalho), XXX (proibição de diferença desalários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, cor, idade ou estado civil), XXXI (proibição dequalquer discriminação no tocante a salário e critérios de admis-são do trabalhador portador de deciência) e XXXIII (proibiçãode trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoitoanos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo a partir de catorze anos na condição de aprendiz), todos do art. 7º,e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim- plicação do cumprimento das obrigações tributárias, principaise acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari-dades, os previstos nos incisos I (relação de emprego protegidacontra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de leicomplementar, que preverá indenização compensatória, dentreoutros direitos), II (seguro-desemprego, em caso de desempregoinvoluntário), III (FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Ser-viço), IX (remuneração do trabalho noturno superior à do diurno),XII (salário-família, pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei), XXV (assistência gratuita aoslhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos de idadeem creches e pré-escolas) e XXVIII (seguro contra acidentes detrabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a queeste está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa), bem comosua integração à previdência social. Com efeito, a Emenda Consti-tucional nº 72 ampliou os direitos assegurados aos trabalhadores

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Didatismo e Conhecimento18

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domésticos, já que o antigo parágrafo único, do art. 7º, da Cons-tituição pátria já previa aos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX e XXIV, bemcomo a sua integração à previdência social.

1.3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: DISPOSIÇÕES GERAIS, SERVIDORES 

 PÚBLICOS CIVIS.

Dispositivos constitucionais pertinentes ao tema:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,moralidade, publicidade e eciência e, também, ao seguinte:

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, as-sim como aos estrangeiros, na forma da lei;

II - a investidura em cargo ou emprego público depende deaprovação prévia em concurso público de provas ou de provas etítulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ouemprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações paracargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-ração;

III - o prazo de validade do concurso público será de até doisanos, prorrogável uma vez, por igual período;

IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de con-vocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos con-cursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

V - as funções de conança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, aserem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condiçõese percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- buições de direção, chea e assessoramento;

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre as-sociação sindical;

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limitesdenidos em lei especíca;

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públi-cos para as pessoas portadoras de deciência e denirá os critériosde sua admissão;

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-terminado para atender a necessidade temporária de excepcionalinteresse público;

X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de quetrata o §4º do art. 39 somente poderão ser xados ou alterados por lei especíca, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinçãode índices;

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,funções e empregos públicos da administração direta, autárquicae fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentoresde mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa-mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou-

tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie,dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se comolimite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e noDistrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito doPoder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritaisno âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadoresdo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cincocentésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Minis-tros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Pro-curadores e aos Defensores Públicos;

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e doPoder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal doserviço público;

XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor pú-

 blico não serão computados nem acumulados para ns de conces-são de acréscimos ulteriores;

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargose empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nosincisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, §4º, 150, II, 153, III,e 153, §2º, I;

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado emqualquer caso o disposto no inciso XI.

a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou cientíco;c) a de dois cargos ou empregos privativos de prossionais de

saúde, com prossões regulamentadas;XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e fun-

ções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, socieda-des de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controla-das, direta ou indiretamente, pelo poder público;

XVIII - a administração fazendária e seus servidores scaisterão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedên-cia sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;

XIX - somente por lei especíca poderá ser criada autarquia eautorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de eco-nomia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste úl-timo caso, denir as áreas de sua atuação;

XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

XXI - ressalvados os casos especicados na legislação, asobras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condiçõesa todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga-ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de quali-cação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-mento das obrigações;

XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcio-namento do Estado, exercidas por servidores de carreiras especí-cas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividadese atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamentode cadastros e de informações scais, na forma da lei ou convênio.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços ecampanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, in-formativo ou de orientação social, dela não podendo constar no-mes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal deautoridades ou servidores públicos.

§2º. A não observância do disposto nos incisos II e III impli-cará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nostermos da lei.

§3º. A lei disciplinará as formas de participação do usuário naadministração pública direta e indireta, regulando especialmente:

I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicosem geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimentoao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidadedos serviços;

II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, Xe XXXIII;

III - a disciplina da representação contra o exercício negli-gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.

§4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo-nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada-ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

§5º. A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem pre- juízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

§6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danosque seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegu-rado o direito de regresso contra o responsável nos casos de doloou culpa.

§7º. A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu- pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.

§8º. A autonomia gerencial, orçamentária e nanceira dosórgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser rmado entre seus administra-dores e o poder público, que tenha por objeto a xação de metas dedesempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:

I - o prazo de duração do contrato;II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-

tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;III - a remuneração do pessoal.§9º. O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas

e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que rece- berem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dosMunicípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeioem geral.

§10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados oscargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eleti-vos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeaçãoe exoneração.

§11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas decaráter indenizatório previstas em lei.

§12. Para os ns do disposto no inciso XI do caput deste ar -tigo, ca facultado aos Estados e ao Distrito Federal xar, em seuâmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgâ-

nica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadoresdo respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros evinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Mi-nistros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o dispostoneste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritaise dos Vereadores.

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárqui-ca e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se asseguintes disposições:

I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri-tal, cará afastado de seu cargo, emprego ou função;

II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-ração;

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibi-lidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, empregoou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, nãohavendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exer-cício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado paratodos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;

V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas-tamento, os valores serão determinados como se no exercício es-tivesse.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-cípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídicoúnico e planos de carreira para os servidores da administração pú- blica direta, das autarquias e das fundações públicas.

§1º. A xação dos padrões de vencimento e dos demais com - ponentes do sistema remuneratório observará:

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidadedos cargos componentes de cada carreira;

II - os requisitos para a investidura;III - as peculiaridades dos cargos.§2º. A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas

de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requi-sitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebraçãode convênios ou contratos entre os entes federados.

§3º. Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público odisposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII,XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisi-tos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.

§4º. O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, osMinistros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serãoremunerados exclusivamente por subsídio xado em parcela úni-ca, vedado o acréscimo de qualquer graticação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.

§5º. Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re-muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso,o disposto no art. 37, XI.

§6º. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publica-rão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos car-gos e empregos públicos.

§7º. Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-nicípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários prove-nientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autar-

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Didatismo e Conhecimento20

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

quia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programasde qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.

§8º. A remuneração dos servidores públicos organizados emcarreira poderá ser xada nos termos do §4º.

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suasautarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de ca-ráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivoente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,observados critérios que preservem o equilíbrio nanceiro e atua-rial e o disposto neste artigo.

§1º. Os servidores abrangidos pelo regime de previdência deque trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proven-tos a partir dos valores xados na forma dos §§ 3º e 17:

I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio-

nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidenteem serviço, moléstia prossional ou doença grave, contagiosa ouincurável, na forma da lei;

II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-tos proporcionais ao tempo de contribuição;

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo dedez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos nocargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as se-guintes condições:

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, sehomem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição,se mulher;

 b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anosde idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de

contribuição.§2º. Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasiãode sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respecti-vo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou queserviu de referência para a concessão da pensão.

§3º. Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca-sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utili-zadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.

§4º. É vedada a adoção de requisitos e critérios diferencia-dos para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regimede que trata este artigo, ressalvados, nos termos denidos em leiscomplementares, os casos de servidores:

I - portadores de deciência;

II - que exerçam atividades de risco;III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais

que prejudiquem a saúde ou a integridade física.§5º. Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão

reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no §1º, III, “a”, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivoexercício das funções de magistério na educação infantil e no ensi-no fundamental e médio.

§6º. Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargosacumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepçãode mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.

§7º. Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual:

I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido,até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime ge-ral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de seten-ta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado àdata do óbito; ou

II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no car-go efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo esta- belecido para os benefícios do regime geral de previdência socialde que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcelaexcedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.

§8º. É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser-var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critériosestabelecidos em lei.

§9º. O tempo de contribuição federal, estadual ou municipalserá contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviçocorrespondente para efeito de disponibilidade.

§10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagemde tempo de contribuição ctício.

§11. Aplica-se o limite xado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu-lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi-dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdênciasocial, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi-dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons-tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação eexoneração, e de cargo eletivo.

§12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdênciados servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, noque couber, os requisitos e critérios xados para o regime geral de previdência social.

§13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo emcomissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bemcomo de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-seo regime geral de previdência social.

§14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,desde que instituam regime de previdência complementar para osseus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão -xar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de quetrata o art. 201.

§15. O regime de previdência complementar de que trata o§14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe-cutivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, noque couber, por intermédio de entidades fechadas de previdênciacomplementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de con-tribuição denida.

§16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dispos-to nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingres-sado no serviço público até a data da publicação do ato de institui-ção do correspondente regime de previdência complementar.

§17. Todos os valores de remuneração considerados para ocálculo do benefício previsto no §3º serão devidamente atualiza-dos, na forma da lei.

§18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposenta-dorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigoque superem o limite máximo estabelecido para os benefícios doregime geral de previdência social de que trata o art. 201, com per-centual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargosefetivos.

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§19. O servidor de que trata este artigo que tenha completa-do as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no§1º, III, “a”, e que opte por permanecer em atividade fará jus aum abono de permanência equivalente ao valor da sua contribui-ção previdenciária até completar as exigências para aposentadoriacompulsória contidas no §1º, II.

§20. Fica vedada a existência de mais de um regime própriode previdência social para os servidores titulares de cargos efeti-vos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime emcada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, §3º, X.

§21. A contribuição prevista no §18 deste artigo incidirá ape-nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensãoque superem o dobro do limite máximo estabelecido para os be-nefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.201 desta Constituição, quando o beneciário, na forma da lei, for  portador de doença incapacitante.

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os

servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtudede concurso público.

§1º. O servidor público estável só perderá o cargo:I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-

rada ampla defesa;III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-

 penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.§2º. Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor 

estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, seestável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeniza-ção, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade comremuneração proporcional ao tempo de serviço.

§3º. Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-vidor estável cará em disponibilidade, com remuneração propor -cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento emoutro cargo.

§4º. Como condição para a aquisição da estabilidade, é obri-gatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituí-da para essa nalidade.

1 Disposições gerais. Vejamos:

1.1 Atividade administrativa. A atividade administrativa poderá ser prestada de maneira centralizada, pelos entes políticoscomponentes da Administração Direta (União, Estados, Municí- pios e Distrito Federal), ou de maneira descentralizada, pelos entes

componentes da Administração Indireta (Autarquias, FundaçõesPúblicas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) bem como por particulares (através de concessionárias e permis-sionárias de serviços públicos, p. ex.).

1.2 Administração direta e indireta. Os órgãos da Admi-nistração Pública direta são aqueles componentes dos Poderes daRepública propriamente ditos. Tais órgãos são despersonalizados.

Já os órgãos da Administração Pública indireta são as autar-quias, fundações, empresas públicas, e sociedades de economiamista. Tais órgãos têm personalidade jurídica própria, ou de direito público (autarquias e fundações públicas de direito público) ou dedireito privado (fundações públicas de direito privado, empresas públicas, e sociedades de economia mista).

1.3 Alguns princípios aplicáveis à Administração Pública. São eles:

 A) Princípio da legalidade. Para o direito privado, legalidadesignica poder fazer tudo o que a lei não proíbe (autonomia priva-da). Já para a Administração Pública, legalidade signica somente poder fazer aquilo previsto em lei;

 B) Princípio da impessoalidade. Impessoalidade denota au-sência de subjetividade. O administrador não pode se utilizar dacoisa pública para satisfazer interesses pessoais;

C) Princípio da moralidade. Traduz a ideia de honestidade,de ética, de correção de atitudes, de boa-fé. A moralidade adminis-trativa representa mais que a moralidade comum, porque enquantonesta as relações são interpessoais, na moralidade administrativaenvolve-se o trato da coisa pública;

 D) Princípio da publicidade. Tal princípio signica conhe-cimento, ciência, divulgação ao titular dos interesses em jogo, asaber, o povo. Disso infere-se que a publicidade acaba sendo con-dição de ecácia, em regra, do ato administrativo (como ocorrenos procedimentos licitatórios, p. ex.). Neste diapasão, o primeiro

 parágrafo, do art. 37, da Constituição, preceitua que a publicidadedos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos pú- blicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientaçãosocial, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens quecaracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores pú- blicos;

 E) Princípio da eciência. Tal princípio não estava previstono texto originário da Constituição Federal em 1988. Foi ele acres-cido pela Emenda Constitucional nº 19/1998, e signica presteza,qualidade no serviço, agilidade, economia, ausência de desperdí-cio;

 F) Princípio da supremacia do interesse público. Em umeventual conito entre um interesse particular e outro da coletivi-dade, este último deverá prevalecer, como regra geral. Tal princípiodecorre de outro axioma, a saber, o “da Indisponibilidade do Inte-

resse Público”, segundo o qual, sendo a coisa pública pertencentea todos, não pode o agente administrador dela utilizar livremente;

G) Princípio da presunção de legitimidade dos atos adminis-trativos. Há uma presunção relativa (isto é, que admite prova emcontrário) em torno dos atos administrativos, de que são legítimos,válidos e ecazes.

É óbvio que, além destes, há outros princípios vigentes para aAdministração Pública, como o da isonomia, o da razoabilidade/ proporcionalidade, o da autotutela etc. Mas, tais matérias não se-rão aqui explicadas, por serem da alçada do Direito Administrativo propriamente dito.

1.4 Ocupantes de cargos, empregos e funções públicas.  Tanto brasileiros (que preencham os requisitos estabelecidos em

lei) como os estrangeiros (na forma da lei) podem ocupar cargos,empregos e funções públicas.

1.5 Investidura em cargo ou emprego público. Em regra, ainvestidura em cargo ou emprego público se dá mediante aprova-ção prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou emprego.As exceções são os cargos em comissão, de livre nomeação e exo-neração.

Em situações excepcionais, como urgência ou interesse públi-co de duração temporária, se pode dispensar o concurso público,ou, ao menos, realizar processo seletivo simplicado. Neste diapa-são, a Lei nº 8.745/93 disciplina os casos de contratação por tempodeterminado para atender a necessidade temporária de excepcionalinteresse público, p. ex.

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Didatismo e Conhecimento22

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1.6 Prazo de validade do concurso público. O prazo devalidade do concurso público será de até dois anos, prorrogáveluma vez por igual período. Convém lembrar que, durante o prazoimprorrogável previsto no edital, aquele aprovado em concurso público será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego.

1.7 Contratação pela Administração Publica de obras, ser-viços, compras e alienações. Ressalvadas as hipóteses de dispen-sa ou inexigibilidade, a contratação, pela Administração Pública,de obras, serviços, compras ou alienações se dá mediante procedi-mento licitatório. A lei que dispõe sobre normas gerais de licitaçãoé a de nº 8.666/93.

Consoante o art. 37, XXI, da Lei Fundamental pátria, os pro-cedimentos licitatórios devem ser públicos, e devem assegurar igualdade de condições a todos os concorrentes (com cláusulasque estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condiçõesefetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitiráas exigências de qualicação técnica e econômica indispensáveisà garantia do cumprimento das obrigações).

2 Servidores públicos. Utilizando a expressão “servidor pú- blico” em sentido genérico, por tais se pode entender os agentesque trabalham em prol do funcionamento e das obrigações assu-midas pelo Estado.

2.1 Direito à livre associação sindical do servidor público. O servidor público, tal como na iniciativa privada, tem direito àlivre associação sindical, independentemente da existência de leiregulamentadora neste sentido.

2.2 Direito de greve do servidor público. Ao servidor públi-co é assegurado o direito de greve, a ser exercido nos termos e noslimites denidos em lei especíca (art. 37, VII, CF). O problemaé que essa lei não foi regulamentada até hoje, razão pela qual oSupremo Tribunal Federal vem mandando aplicar, no que couber,a lei de greve da iniciativa privada (Lei nº 7.783/89) aos servidores públicos. Tais decisões vêm ocorrendo em sede de mandados deinjunção.

2.3 Algumas nuanças atinentes à remuneração de pessoalde serviço público. Vejamos:

A) É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoa doserviço público;

B) É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,exceto, quando houver disponibilidade de horários, na hipótese dedois cargos de professor, ou de um cargo de professor com outrotécnico ou químico, ou de dois cargos ou empregos privativos de prossionais de saúde com prossões regulamentadas;

C) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Po-der Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;

D) A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,funções e empregos públicos da administração direta, autárquicae fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentoresde mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões de outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa-mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outranatureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos

Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distri-to Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais no âmbito do Po-der Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal deJustiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do SupremoTribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este li-mite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aosDefensores Públicos.

2.4 Fixação dos padrões de vencimento do sistema remu-neratório do servidor público. A xação dos padrões de venci-mento e dos demais componentes do sistema remuneratório ob-servará:

A) A natureza, o grau de responsabilidade e a complexidadedos cargos componentes de cada carreira;

B) Os requisitos para a investidura;C) As peculiaridades dos cargos.

2.5 Nuanças em relação aos padrões de vencimento do sis-tema remuneratório do servidor público. Vejamos:

A) O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, osMinistros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serãoremunerados exclusivamente por subsídio xado em parcela úni-ca, vedado o acréscimo de qualquer graticação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI, daConstituição Federal;

B) Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-cípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu-neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, odisposto no art. 37, XI, da Constituição;

C) Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarãoanualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos eempregos públicos;

D) A remuneração dos servidores públicos organizados emcarreira poderá ser xada nos termos do art. 39, §4º, CF.

2.6 Aposentadoria dos servidores públicos. Os servidoresabrangidos pelo regime de previdência de que trata o art. 40, CF,serão aposentados:

A) Por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio-nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidenteem serviço, moléstia prossional ou doença grave, contagiosa ouincurável, na forma da lei;

B) Compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-tos proporcionais ao tempo de contribuição;

C) Voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo dedez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos nocargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as se-guintes condições: 1) Sessenta anos de idade e trinta e cinco decontribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trintade contribuição, se mulher; 2) Sessenta e cinco anos de idade, sehomem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos pro- porcionais ao tempo de contribuição.

Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão redu-zidos em cinco anos, em relação ao disposto na primeira condiçãoda hipótese “C” acima vista, para o professor que comprove exclu-sivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério naeducação infantil e no ensino fundamental e médio.

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Didatismo e Conhecimento23

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Ainda, há se lembrar que os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a re-muneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deua aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.

Há se lembrar, por m, que para o cálculo dos proventos deaposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradasas remunerações utilizadas como base para as contribuições doservidor aos regimes de previdência de que tratam os arts. 40 e201, da Constituição Federal, na forma da lei.

2.7 Possibilidade de adoção de critérios diferenciados paraa concessão de aposentadoria, na forma do art. 40, da Consti -tuição Federal. Não é possível a adoção de critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria, ressalvados, nos termos deni-dos em leis complementares, os casos de servidores:

A) Portadores de deciência;B) Que exerçam atividades de risco;C) Cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais

que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

2.8 Possibilidade de cumulação de aposentadorias, na for-ma do art. 40, da Constituição. Ressalvadas as aposentadoriasdecorrentes dos cargos acumuláveis na forma da Constituição, évedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi-me de previdência previsto no art. 40, CF.

2.9 Estabilidade dos servidores públicos. São estáveis apóstrês anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargode provimento efetivo em virtude de concurso público.

O servidor público estável só perderá o cargo:A) Em virtude de sentença judicial transitada em julgado;B) Mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-

rada ampla defesa;C) Mediante procedimento de avaliação periódica de desem-

 penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.Há se lembrar que, invalidada por sentença judicial a demis-

são do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupanteda vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito aindenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibili-dade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.

Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável cará em disponibilidade, com remuneração proporcionalao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outrocargo.

Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatóriaa avaliação especial de desempenho por comissão instituída paraessa nalidade.

1.4 PODERES DA UNIÃO.

Dispositivos constitucionais pertinentes ao tema:

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Na-cional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Fe-deral.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatroanos.

Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representan-tes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado,em cada Território e no Distrito Federal.

§1º. O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei com- plementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aosajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhumadaquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais desetenta Deputados.

§2º. Cada Território elegerá quatro Deputados.

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dosEstados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majo-ritário.

§1º. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores,com mandato de oito anos.

§2º. A representação de cada Estado e do Distrito Federal serárenovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e doisterços.

§3º. Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as de-liberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Pre-sidente da República, não exigida esta para o especicado nosarts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência daUnião, especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento

anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de cursoforçado;

III - xação e modicação do efetivo das Forças Armadas;IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de

desenvolvimento;V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e

 bens do domínio da União;VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas

de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Le-gislativas;

VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;VIII - concessão de anistia;IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Pú-

 blico e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organi-zação judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal;

X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos efunções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;

XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra-ção pública;

XII - telecomunicações e radiodifusão;XIII - matéria nanceira, cambial e monetária, instituições -

nanceiras e suas operações;XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida

mobiliária federal;XV - xação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal

Federal, observado o que dispõem os arts. 39, §4º; 150, II; 153, III;e 153, §2º, I.

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Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:I - resolver denitivamente sobre tratados, acordos ou atos in-

ternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravososao patrimônio nacional;

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, acelebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem peloterritório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressal-vados os casos previstos em lei complementar;

III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Repúblicaa se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, auto-rizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

VI - mudar temporariamente sua sede;VII - xar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os

Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150,II, 153, III, e 153, §2º, I;

VIII - xar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da

República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem osarts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I;IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da

República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos degoverno;

X - scalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suasCasas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administraçãoindireta;

XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa emface da atribuição normativa dos outros Poderes;

XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessãode emissoras de rádio e televisão;

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Con-tas da União;

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ati-

vidades nucleares;XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o apro-

veitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezasminerais;

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de ter-ras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ouqualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Es-tado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados àPresidência da República para prestarem, pessoalmente, informa-ções sobre assunto previamente determinado, importando crime deresponsabilidade a ausência sem justicação adequada.

§1º. Os Ministros de Estado poderão comparecer ao SenadoFederal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comis-sões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa res- pectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.

§2º. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministrosde Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste arti-go, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o nãoatendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação deinformações falsas.

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração

de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da Repúblicae os Ministros de Estado;

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen-ta dias após a abertura da sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,

criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun-ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para xação da respecti-va remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei dediretrizes orçamentárias;

V - eleger membros do Conselho da República, nos termosdo art. 89, VII.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-

 pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros deEstado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáuti-ca nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Fe-

deral, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da Repúblicae o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú- blica, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo

Presidente da República;c) Governador de Território;d) Presidente e diretores do banco central;e) Procurador-Geral da República;f) titulares de outros cargos que a lei determinar;IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em

sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca-

ráter permanente;V - autorizar operações externas de natureza nanceira, de in-teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territóriose dos Municípios;

VI - xar, por proposta do Presidente da República, limitesglobais para o montante da dívida consolidada da União, dos Esta-dos, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as opera-ções de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distri-to Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidadescontroladas pelo Poder Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão degarantia da União em operações de crédito externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante

da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-cípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla-rada inconstitucional por decisão denitiva do Supremo TribunalFederal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exo-neração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do tér-mino de seu mandato;

XII - elaborar seu regimento interno;XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,

criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun-ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para xação da respecti-va remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei dediretrizes orçamentárias;

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XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termosdo art. 89, VII.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tri- butário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desem- penho das administrações tributárias da União, dos Estados e doDistrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcio-nará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando--se a condenação, que somente será proferida por dois terços dosvotos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo dasdemais sanções judiciais cabíveis.

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e pe-nalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

§1º. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diplo-ma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo TribunalFederal.

§2º. Desde a expedição do diploma, os membros do Congres-so Nacional não poderão ser presos, salvo em agrante de crimeinaançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vintee quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria deseus membros, resolva sobre a prisão.

§3º. Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federaldará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido po-lítico nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão nal, sustar o andamento da ação.

§4º. O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectivano prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimen-to pela Mesa Diretora.

§5º. A sustação do processo suspende a prescrição, enquantodurar o mandato.

§6º. Os Deputados e Senadores não serão obrigados a teste-munhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão doexercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes conaram oudeles receberam informações.

§7º. A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Sena-dores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, depende-rá de prévia licença da Casa respectiva.

§8º. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirãodurante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante ovoto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos deatos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejamincompatíveis com a execução da medida.

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:I - desde a expedição do diploma:a) rmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito

 público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mis-ta ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando ocontrato obedecer a cláusulas uniformes;

 b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado,inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidadesconstantes da alínea anterior;

II - desde a posse:a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que

goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;

 b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad nu-tum”, nas entidades referidas no inciso I, “a”;

c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das enti-dades a que se refere o inciso I, “a”;

d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público ele-tivo.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no ar-

tigo anterior;II - cujo procedimento for declarado incompatível com o de-

coro parlamentar;III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à

terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvolicença ou missão por esta autorizada;

IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos

nesta Constituição;VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada

em julgado.

§1º. É incompatível com o decoro parlamentar, além dos ca-sos denidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas as-seguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção devantagens indevidas.

§2º. Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato serádecidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respecti-va Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacio-nal, assegurada ampla defesa.

§3º. Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será decla-rada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provoca-ção de qualquer de seus membros, ou de partido político represen-tado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

§4º. A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise

ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, teráseus efeitos suspensos até as deliberações nais de que tratam os§§ 2º e 3º.

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de

Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território,de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporá-ria;

II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que,neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.

§1º. O suplente será convocado nos casos de vaga, de inves-

tidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior acento e vinte dias.

§2º. Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o términodo mandato.

§3º. Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderáoptar pela remuneração do mandato.

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, naCapital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agostoa 22 de dezembro.

§1º. As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados,domingos ou feriados.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§2º. A sessão legislativa não será interrompida sem a aprova-ção do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.

§3º. Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câ-mara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessãoconjunta para:

I - inaugurar a sessão legislativa;II - elaborar o regimento comum e regular a criação de servi-

ços comuns às duas Casas;III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presiden-

te da República;IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.§4º. Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias,

a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para man-dato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo naeleição imediatamente subsequente.

§5º. A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Pre-sidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, al-ternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmarados Deputados e no Senado Federal.

§6º. A convocação extraordinária do Congresso Nacional far--se-á:

I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretaçãode estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de auto-rização para a decretação de estado de sítio e para o compromissoe a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da Re- pública;

II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câ-mara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento damaioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgênciaou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste incisocom a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas doCongresso Nacional.

§7º. Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacio-nal somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado,ressalvada a hipótese do §8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação.

§8º. Havendo medidas provisórias em vigor na data de convo-cação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automati-camente incluídas na pauta da convocação.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribui-ções previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.

§1º. Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é asse-gurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectivaCasa.

§2º. Às comissões, em razão da matéria de sua competência,cabe:

I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma doregimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso deum décimo dos membros da Casa;

II - realizar audiências públicas com entidades da sociedadecivil;

III - convocar Ministros de Estado para prestar informaçõessobre assuntos inerentes a suas atribuições;

IV - receber petições, reclamações, representações ou queixasde qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ouentidades públicas;

V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais

e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.§3º. As comissões parlamentares de inquérito, que terão pode-

res de investigação próprios das autoridades judiciais, além de ou-tros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjuntoou separadamente, mediante requerimento de um terço de seusmembros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo,sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao MinistérioPúblico, para que promova a responsabilidade civil ou criminaldos infratores.

§4º. Durante o recesso, haverá uma Comissão representativado Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão or-dinária do período legislativo, com atribuições denidas no regi-mento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:I - emendas à Constituição;II - leis complementares;III - leis ordinárias;IV - leis delegadas;V - medidas provisórias;VI - decretos legislativos;VII - resoluções.Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elabora-

ção, redação, alteração e consolidação das leis.

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante pro- posta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos De- putados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República;III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das uni-

dades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maio-ria relativa de seus membros.

§1º. A Constituição não poderá ser emendada na vigência deintervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

§2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Con-gresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se ob-tiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

§3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesasda Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivonúmero de ordem.

§4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda ten-dente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;II - o voto direto, secreto, universal e periódico;III - a separação dos Poderes;IV - os direitos e garantias individuais.§5º. A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou

havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta namesma sessão legislativa.

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabea qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, doSenado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re- pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores,ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e noscasos previstos nesta Constituição.

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Didatismo e Conhecimento27

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§1º. São de iniciativa privativa do Presidente da República asleis que:

I - xem ou modiquem os efetivos das Forças Armadas;II - disponham sobre:a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na admi-

nistração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária

e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dosTerritórios;

c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurí-dico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;

d) organização do Ministério Público e da Defensoria Públicada União, bem como normas gerais para a organização do Minis-tério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Fe-deral e dos Territórios;

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI;

f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provi-mento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reformae transferência para a reserva.

§2º. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentaçãoà Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no míni-mo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento doseleitores de cada um deles.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente daRepública poderá adotar medidas provisórias, com força de lei,devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§1º. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:I - relativa a:a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti-

cos e direito eleitoral; b) direito penal, processual penal e processual civil;c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a

carreira e a garantia de seus membros;d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e

créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.167, §3º;

II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo nanceiro;

III - reservada a lei complementar;IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso

 Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.§2º. Medida provisória que implique instituição ou majoração

de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154,II, só produzirá efeitos no exercício nanceiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

§3º. As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e12 perderão ecácia, desde a edição, se não forem convertidas emlei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do §7º, umavez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.

§4º. O prazo a que se refere o §3º contar-se-á da publicação damedida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recessodo Congresso Nacional.

§5º. A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Na-cional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.

§6º. Se a medida provisória não for apreciada em até quarentae cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de ur-

gência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, cando sobrestadas, até que se ultime a votação, todasas demais deliberações legislativas da Casa em que estiver trami-tando.

§7º. Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência

de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado desua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casasdo Congresso Nacional.

§8º. As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câ-mara dos Deputados.

§9º. Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores exa-minar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes deserem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada umadas Casas do Congresso Nacional.

§10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de me-dida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido suaecácia por decurso de prazo.

§11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o §3ºaté sessenta dias após a rejeição ou perda de ecácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.

§12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o textooriginal da medida provisória, esta manter-se-á integralmente emvigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da Repú-

 blica, ressalvado o disposto no art. 166, §3º e §4º;II - nos projetos sobre organização dos serviços administrati-

vos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos TribunaisFederais e do Ministério Público.

Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativado Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dosTribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.

§1º. O Presidente da República poderá solicitar urgência paraapreciação de projetos de sua iniciativa.

§2º. Se, no caso do §1º, a Câmara dos Deputados e o SenadoFederal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual suces-sivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas asdemais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceçãodas que tenham prazo constitucional determinado, até que se ulti-me a votação.

§3º. A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câma-ra dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quantoao mais o disposto no parágrafo anterior.

§4º. Os prazos do §2º não correm nos períodos de recesso doCongresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.

Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado àsanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquiva-do, se o rejeitar.

Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casainiciadora.

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviaráo projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, osancionará.

§1º. Se o Presidente da República considerar o projeto, notodo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse públi-co, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis,contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarentae oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.

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Didatismo e Conhecimento28

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§2º. O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo,de parágrafo, de inciso ou de alínea.

§3º. Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidenteda República importará sanção.

§4º. O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trintadias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelovoto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutí-nio secreto.

§5º. Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.

§6º. Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no §4º, oveto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobresta-das as demais proposições, até sua votação nal.

§7º. Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oitohoras pelo Presidente da República, nos casos dos §3º e §5º, oPresidente do Senado a promulgará, e, se este não o zer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado so-mente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessãolegislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membrosde qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidenteda República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Na-cional.

§1º. Não serão objeto de delegação os atos de competênciaexclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa daCâmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservadaà lei complementar, nem a legislação sobre:

I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, acarreira e a garantia de seus membros;

II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos eeleitorais;

III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamen-tos.

§2º. A delegação ao Presidente da República terá a forma deresolução do Congresso Nacional, que especicará seu conteúdo eos termos de seu exercício.

§3º. Se a resolução determinar a apreciação do projeto peloCongresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qual-quer emenda.

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioriaabsoluta.

Art. 70. A scalização contábil, nanceira, orçamentária, ope-racional e patrimonial da União e das entidades da administraçãodireta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicida-de, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo siste-ma de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou ju-rídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencieou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais aUnião responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações denatureza pecuniária.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, aoqual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente daRepública, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado emsessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsá-veis por dinheiros, bens e valores públicos da administração diretae indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e man-tidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que deremcausa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte pre- juízo ao erário público;

III - apreciar, para ns de registro, a legalidade dos atos deadmissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta eindireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento emcomissão, bem como a das concessões de aposentadorias, refor-mas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alte-rem o fundamento legal do ato concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados,do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeçõese auditorias de natureza contábil, nanceira, orçamentária, ope-

racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos PoderesLegislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidasno inciso II;

V - scalizar as contas nacionais das empresas supranacionaisde cujo capital social a União participe, de forma direta ou indire-ta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - scalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instru-mentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Na-cional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivasComissões, sobre a scalização contábil, nanceira, orçamentária,operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe-ções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des- pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, queestabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao danocausado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se vericadailegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Fe-deral;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ouabusos apurados.

§1º. No caso de contrato, o ato de sustação será adotado dire-tamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao

Poder Executivo as medidas cabíveis.§2º. Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazode noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafoanterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§3º. As decisões do Tribunal de que resulte imputação de dé- bito ou multa terão ecácia de título executivo.

§4º. O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimes-tral e anualmente, relatório de suas atividades.

Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art.166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda quesob a forma de investimentos não programados ou de subsídiosnão aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental res- ponsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentosnecessários.

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Didatismo e Conhecimento29

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§1º. Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estesinsucientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamentoconclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.

§2º. Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão,se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesãoà economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por noveMinistros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoale jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que cou- ber, as atribuições previstas no art. 96.

§1º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão no-meados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos deidade;

II - idoneidade moral e reputação ilibada;III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos

e nanceiros ou de administração pública;IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva

atividade prossional que exija os conhecimentos mencionados noinciso anterior.

§2º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão es-colhidos:

I - um terço pelo Presidente da República, com aprovaçãodo Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores emembros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados emlista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade emerecimento;

II - dois terços pelo Congresso Nacional.§3º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as

mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos evantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplican-do-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantesdo art. 40.

§4º. O auditor, quando em substituição a Ministro, terá asmesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exer-cício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de TribunalRegional Federal.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário man-terão, de forma integrada, sistema de controle interno com a na-lidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plu-rianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentosda União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto àecácia e eciência, da gestão orçamentária, nanceira e patrimo-nial nos órgãos e entidades da administração federal, bem comoda aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan-tias, bem como dos direitos e haveres da União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão ins-titucional.

§1º. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem co-nhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darãociência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabi-lidade solidária.

§2º. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindi-cato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularida-des ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, noque couber, à organização, composição e scalização dos Tribu-nais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dosTribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobreos Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por seteConselheiros.

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Re- pública, auxiliado pelos Ministros de Estado.

Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da Re- pública realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo deoutubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, emsegundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do man-dato presidencial vigente.

§1º. A eleição do Presidente da República importará a do Vi-ce-Presidente com ele registrado.

§2º. Será considerado eleito Presidente o candidato que, regis-trado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, nãocomputados os em branco e os nulos.

§3º. Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na pri-meira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a pro-clamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais vo-tados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dosvotos válidos.

§4º. Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte,desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á,dentre os remanescentes, o de maior votação.

§5º. Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer,em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação,qualicar-se-á o mais idoso.

Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República toma-rão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compro-misso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar asleis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, aintegridade e a independência do Brasil.

Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data xada paraa posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de forçamaior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, esuceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.

Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de ou-tras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar,auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missõesespeciais.

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Pre-sidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamentechamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dosDeputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente daRepública, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a últimavaga.

§1º. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta diasdepois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

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Didatismo e Conhecimento30

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§2º. Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatroanos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao dasua eleição.

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção

superior da administração federal;III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos pre-

vistos nesta Constituição;IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como

expedir decretos e regulamentos para sua el execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;VI - dispor, mediante decreto, sobre:a) organização e funcionamento da administração federal,

quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinçãode órgãos públicos;

 b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar 

seus representantes diplomáticos;VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, su-

 jeitos a referendo do Congresso Nacional;IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;X - decretar e executar a intervenção federal;XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na-

cional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si-tuação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, senecessário, dos órgãos instituídos em lei;

XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, no-mear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus ociais-generais e nomeá-los para os cargos quelhes são privativos;

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Mi-nistros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República,o presidente e os diretores do banco central e outros servidores,quando determinado em lei;

XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros doTribunal de Contas da União;

XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Cons-

tituição, e o Advogado-Geral da União;XVII - nomear membros do Conselho da República, nos ter-mos do art. 89, VII;

XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Con-selho de Defesa Nacional;

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, au-torizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quan-do ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmascondições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;

XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Con-gresso Nacional;

XXI - conferir condecorações e distinções honorícas;XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que

forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-maneçam temporariamente;

XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orça-mento previstos nesta Constituição;

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentrode sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contasreferentes ao exercício anterior;

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na for-ma da lei;

XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos ter-mos do art. 62;

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constitui-ção.

Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar asatribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira par-te, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ouao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçadosnas respectivas delegações.

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidenteda República que atentem contra a Constituição Federal e, espe-cialmente, contra:

I - a existência da União;II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário,

do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidadesda Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;IV - a segurança interna do País;V - a probidade na administração;VI - a lei orçamentária;VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.Parágrafo único. Esses crimes serão denidos em lei especial,

que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da Repúbli-ca, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetidoa julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de res- ponsabilidade.

§1º. O Presidente cará suspenso de suas funções:I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou

queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do pro-

cesso pelo Senado Federal.§2º. Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamen-

to não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

§3º. Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infra-ções comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão.

§4º. O Presidente da República, na vigência de seu mandato,não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício desuas funções.

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre bra-sileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.

Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de ou-tras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:

I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãose entidades da administração federal na área de sua competênciae referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Re- pública;

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Didatismo e Conhecimento31

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - expedir instruções para a execução das leis, decretos eregulamentos;

III - apresentar ao Presidente da República relatório anual desua gestão no Ministério;

IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe foremoutorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.

Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministériose órgãos da administração pública.

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consultado Presidente da República, e dele participam:

I - o Vice-Presidente da República;II - o Presidente da Câmara dos Deputados;III - o Presidente do Senado Federal;IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Depu-

tados;V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;VI - o Ministro da Justiça;

VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cincoanos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República,dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dosDeputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-sesobre:

I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições

democráticas.§1º. O Presidente da República poderá convocar Ministro de

Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.

§2º. A lei regulará a organização e o funcionamento do Con-selho da República.

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consultado Presidente da República nos assuntos relacionados com a sobe-rania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participamcomo membros natos:

I - o Vice-Presidente da República;II - o Presidente da Câmara dos Deputados;III - o Presidente do Senado Federal;IV - o Ministro da Justiça;V - o Ministro de Estado da Defesa;VI - o Ministro das Relações Exteriores;VII - o Ministro do Planejamento.VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-

náutica.

§1º. Compete ao Conselho de Defesa Nacional:I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebra-ção da paz, nos termos desta Constituição;

II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estadode sítio e da intervenção federal;

III - propor os critérios e condições de utilização de áreas in-dispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seuefetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadascom a preservação e a exploração dos recursos naturais de qual-quer tipo;

IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de ini-ciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesado Estado democrático.

§2º. A lei regulará a organização e o funcionamento do Conse-lho de Defesa Nacional.

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:I - o Supremo Tribunal Federal;I-A o Conselho Nacional de Justiça;II - o Superior Tribunal de Justiça;III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;VI - os Tribunais e Juízes Militares;VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal

e Territórios.§1º. O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de

Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.§2º. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores

têm jurisdição em todo o território nacional.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo TribunalFederal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados osseguintes princípios:

I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz subs-tituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a par-ticipação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases,exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de ativi-dade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de clas-sicação;

II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:

a) é obrigatória a promoção do juiz que gure por três vezesconsecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;

 b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exer-cício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com taisrequisitos quem aceite o lugar vago;

c) aferição do merecimento conforme o desempenho e peloscritérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da ju-risdição e pela frequência e aproveitamento em cursos ociais oureconhecidos de aperfeiçoamento;

d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá re-cusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terçosde seus membros, conforme procedimento próprio, e asseguradaampla defesa, repetindo-se a votação até xar-se a indicação;

e) não será promovido o juiz que, injusticadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-losao cartório sem o devido despacho ou decisão;

III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por an-tiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ouúnica entrância;

IV - previsão de cursos ociais de preparação, aperfeiçoa-mento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatóriado processo de vitaliciamento a participação em curso ocial oureconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamentode magistrados;

V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores cor-responderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal xado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dosdemais magistrados serão xados em lei e escalonados, em nívelfederal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dosTribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nosarts. 37, XI, e 39, §4º;

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Didatismo e Conhecimento32

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus de- pendentes observarão o disposto no art. 40;

VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo auto-rização do tribunal;

VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria domagistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por votoda maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacio-nal de Justiça, assegurada ampla defesa;

VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de magistrados decomarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao dispostonas alíneas “a”, “b”, “c” e “e” do inciso II;

IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nuli-dade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casosnos quais a preservação do direito à intimidade do interessado nosigilo não prejudique o interesse público à informação;

X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadase em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da

maioria absoluta de seus membros;XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco jul-

gadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo deonze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício dasatribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da compe-tência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por anti-guidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;

XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedadoférias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionan-do, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízesem plantão permanente;

XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional será propor-cional à efetiva demanda judicial e à respectiva população;

XIV - os servidores receberão delegação para a prática de atos

de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório;XV - a distribuição de processos será imediata, em todos osgraus de jurisdição.

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fede-rais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territóriosserá composto de membros, do Ministério Público, com mais dedez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico ede reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade prossional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de represen-tação das respectivas classes.

Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formarálista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte diassubsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após

dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse perío-do, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nosdemais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, naforma do art. 93, VIII;

III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nosarts. 37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I.

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun-

ção, salvo uma de magistério;II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participa-

ção em processo;

III - dedicar-se à atividade político-partidária.IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contri-

 buições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressal-vadas as exceções previstas em lei;

V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afas-tou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por apo-sentadoria ou exoneração.

Art. 96. Compete privativamente:I - aos tribunais:a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos in-

ternos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcio-namento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;

 b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juí-zos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividadecorreicional respectiva;

c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;

d) propor a criação de novas varas judiciárias;e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e tí-

tulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargosnecessários à administração da Justiça, exceto os de conança as-sim denidos em lei;

f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus mem- bros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vin-culados;

II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores eaos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo,observado o disposto no art. 169:

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus

serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bemcomo a xação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusi -ve dos tribunais inferiores, onde houver;

c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do

Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministé-rio Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvadaa competência da Justiça Eleitoral.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus mem- bros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tri- bunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo doPoder Público.

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e osEstados criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togadose leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execu-ção de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais demenor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e su-mariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transaçãoe o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;

II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anose competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, veri-car, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processode habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter ju-risdicional, além de outras previstas na legislação.

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Didatismo e Conhecimento33

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§1º. Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiaisno âmbito da Justiça Federal.

§2º. As custas e emolumentos serão destinados exclusivamenteao custeio dos serviços afetos às atividades especícas da Justiça.

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia adminis-trativa e nanceira.

§1º. Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentáriasdentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Po-deres na lei de diretrizes orçamentárias.

§2º. O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribu-nais interessados, compete:

I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo TribunalFederal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respec-tivos tribunais;

II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territó-rios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dosrespectivos tribunais.

§3º. Se os órgãos referidos no §2º não encaminharem as res- pectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido nalei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para ns de consolidação da proposta orçamentária anual, os va-lores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordocom os limites estipulados na forma do §1º deste artigo.

§4º. Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo fo-rem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados naforma do §1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para ns de consolidação da proposta orçamentária anual.

§5º. Durante a execução orçamentária do exercício, não pode-rá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações queextrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen-tárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura decréditos suplementares ou especiais.

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Fe-deral, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apre-sentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibi-da a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentáriase nos créditos adicionais abertos para este m.

§1º. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aquelesdecorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suascomplementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, emvirtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagoscom preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aque-les referidos no §2º deste artigo.

§2º. Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do pre-catório, ou sejam portadores de doença grave, denidos na formada lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos,até o valor equivalente ao triplo do xado em lei para os ns dodisposto no §3º deste artigo, admitido o fracionamento para essanalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica deapresentação do precatório.

§3º. O disposto no caput deste artigo relativamente à expe-dição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigaçõesdenidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidasdevam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

§4º. Para os ns do disposto no §3º, poderão ser xados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público,

segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimoigual ao valor do maior benefício do regime geral de previdênciasocial.

§5º. É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades dedireito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos,oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de preca-tórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o paga-mento até o nal do exercício seguinte, quando terão seus valoresatualizados monetariamente.

§6º. As dotações orçamentárias e os créditos abertos serãoconsignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presi-dente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusi-vamente para os casos de preterimento de seu direito de precedên-cia ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfa-ção do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.

§7º. O Presidente do Tribunal competente que, por ato comis-sivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá,também, perante o Conselho Nacional de Justiça.

§8º. É vedada a expedição de precatórios complementares ousuplementares de valor pago, bem como o fracionamento, reparti-ção ou quebra do valor da execução para ns de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o §3º deste artigo.

§9º. No momento da expedição dos precatórios, independen-temente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título decompensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos,inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor ori-ginal pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendasde parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja sus- pensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.

§10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitaráà Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias,sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre osdébitos que preencham as condições estabelecidas no §9º, para osns nele previstos.

§11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei daentidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado.

§12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, aatualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até oefetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice ocial de remuneração básica da caderneta de poupan-ça, e, para ns de compensação da mora, incidirão juros simplesno mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de pou- pança, cando excluída a incidência de juros compensatórios.

§13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus crédi-tos em precatórios a terceiros, independentemente da concordân-cia do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§2º e 3º.

§14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos apóscomunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal deorigem e à entidade devedora.

§15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complemen-tar a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Fe-deral e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita correntelíquida e forma e prazo de liquidação.

§16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderáassumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Fe-deral e Municípios, renanciando-os diretamente.

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Didatismo e Conhecimento34

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Mi-nistros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco emenos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídicoe reputação ilibada.

Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federalserão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovadaa escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipua-mente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normati-

vo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidadede lei ou ato normativo federal;

 b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República,o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus pró- prios Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabi-lidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do

Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, osmembros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas daUnião e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;

d) o “habeas-corpus”, sendo paciente qualquer das pesso-as referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o“habeas-data” contra atos do Presidente da República, das Mesasda Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal deContas da União, do Procurador-Geral da República e do próprioSupremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacio-nal e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;

f) as causas e os conitos entre a União e os Estados, a Uniãoe o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivasentidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ouquando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujosatos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribu-nal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição emuma única instância;

 j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;l) a reclamação para a preservação de sua competência e ga-

rantia da autoridade de suas decisões;m) a execução de sentença nas causas de sua competência ori-

ginária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejamdireta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da me-tade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ousejam direta ou indiretamente interessados;

o) os conitos de competência entre o Superior Tribunal deJustiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entreestes e qualquer outro tribunal;

 p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconsti-tucionalidade;

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da normaregulamentadora for atribuição do Presidente da República, doCongresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Fede-ral, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal deContas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprioSupremo Tribunal Federal;

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra oConselho Nacional do Ministério Público;

II - julgar, em recurso ordinário:a) o “habeas-corpus”, o mandado de segurança, o “habeas-

-data” e o mandado de injunção decididos em única instância pelosTribunais Superiores, se denegatória a decisão;

 b) o crime político;III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas deci-

didas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face

desta Constituição.d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.§1º. A arguição de descumprimento de preceito fundamental,

decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribu-nal Federal, na forma da lei.

§2º. As decisões denitivas de mérito, proferidas pelo Supre-mo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade enas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão ecáciacontra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãosdo Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nasesferas federal, estadual e municipal.

§3º. No recurso extraordinário o recorrente deverá demons-trar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas nocaso, nos termos da lei, a m de que o Tribunal examine a admis -são do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação dedois terços de seus membros.

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidadee a ação declaratória de constitucionalidade:

I - o Presidente da República;II - a Mesa do Senado Federal;III - a Mesa da Câmara dos Deputados;IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legisla-

tiva do Distrito Federal;V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;VI - o Procurador-Geral da República;VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;VIII - partido político com representação no Congresso Na-

cional;IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito

nacional.§1º. O Procurador-Geral da República deverá ser previamente

ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processosde competência do Supremo Tribunal Federal.

§2º. Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Po-der competente para a adoção das providências necessárias e, emse tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

§3º. Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a incons-titucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato outexto impugnado.

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus mem- bros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, apro-var súmula que, a partir de sua publicação na imprensa ocial, teráefeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciá-rio e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cance-lamento, na forma estabelecida em lei.

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Didatismo e Conhecimento35

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§1º. A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e aecácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvér -sia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multi- plicação de processos sobre questão idêntica.

§2º. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a apro-vação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionali-dade.

§3º. Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá recla-mação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente,anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclama-da, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicaçãoda súmula, conforme o caso.

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1(uma) recondução, sendo:

I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado

 pelo respectivo tribunal;III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado

 pelo respectivo tribunal;IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo

Supremo Tribunal Federal;V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Su-

 perior Tribunal de Justiça;VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Jus-

tiça;VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado

 pelo Tribunal Superior do Trabalho;IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do

Trabalho;X - um membro do Ministério Público da União, indicado

 pelo Procurador-Geral da República;XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido

 pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;

XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Or-dem dos Advogados do Brasil;

XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ili- bada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Se-nado Federal.

§1º. O Conselho será presidido pelo Presidente do SupremoTribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice--Presidente do Supremo Tribunal Federal.

§2º. Os demais membros do Conselho serão nomeados peloPresidente da República, depois de aprovada a escolha pela maio-ria absoluta do Senado Federal.

§3º. Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstasneste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.

§4º. Compete ao Conselho o controle da atuação administrati-va e nanceira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveresfuncionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições quelhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumpri-mento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regula-mentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar provi-dências;

II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício oumediante provocação, a legalidade dos atos administrativos prati-cados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo des-constituí-los, revê-los ou xar prazo para que se adotem as provi-dências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo dacompetência do Tribunal de Contas da União;

III - receber e conhecer das reclamações contra membros ouórgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxilia-res, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de re-gistro que atuem por delegação do poder público ou ocializados,sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribu-nais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determi-nar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídiosou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outrassanções administrativas, assegurada ampla defesa;

IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime con-tra a administração pública ou de abuso de autoridade;

V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos dis-ciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos deum ano;

VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre pro-cessos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos dife-rentes órgãos do Poder Judiciário;

VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País eas atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Pre-sidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.

§5º. O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá afunção de Ministro-Corregedor e cará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições quelhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:

I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessa-do, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários;

II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e decorreição geral;

III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribui-ções, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nosEstados, Distrito Federal e Territórios.

§6º. Junto ao Conselho ociarão o Procurador-Geral da Repú- blica e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advoga-dos do Brasil.

§7º. A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios,criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamaçõese denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos doPoder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representandodiretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, nomínimo, trinta e três Ministros.

Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiçaserão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiroscom mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, denotável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada aescolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais eum terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indica-dos em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;

II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membrosdo Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Ter-ritórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

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Didatismo e Conhecimento36

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:I - processar e julgar, originariamente:a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Dis-

trito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembarga-dores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, osmembros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Fede-ral, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais RegionaisEleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunaisde Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União queociem perante tribunais;

 b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato deMinistro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército eda Aeronáutica ou do próprio Tribunal;

c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea “a”, ou quando o coator for tri- bunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandanteda Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a compe-tência da Justiça Eleitoral;

d) os conitos de competência entre quaisquer tribunais, res-salvado o disposto no art. 102, I, “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunaisdiversos;

e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;f) a reclamação para a preservação de sua competência e ga-

rantia da autoridade de suas decisões;g) os conitos de atribuições entre autoridades administrati-

vas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de umEstado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entreas deste e da União;

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da normaregulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridadefederal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos decompetência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da JustiçaMilitar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da JustiçaFederal;

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão deexequatur às cartas rogatórias;

II - julgar, em recurso ordinário:a) os “habeas-corpus” decididos em única ou última instância

 pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;

 b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou orga-nismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoaresidente ou domiciliada no País;

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em únicaou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelostribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando adecisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de

lei federal;c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja

atribuído outro tribunal.Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de

Justiça:I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de

Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar oscursos ociais para o ingresso e promoção na carreira;

II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, naforma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Jus-tiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central dosistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:I - os Tribunais Regionais Federais;II - os Juízes Federais.

Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de,no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectivaregião e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiroscom mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efeti-va atividade prossional e membros do Ministério Público Federalcom mais de dez anos de carreira;

II - os demais, mediante promoção de juízes federais commais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento,

alternadamente.§1º. A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dosTribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede.

§2º. Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça iti-nerante, com a realização de audiências e demais funções da ativi-dade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

§3º. Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar des-centralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a m de asse-gurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fasesdo processo.

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:I - processar e julgar, originariamente:a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da

Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e deresponsabilidade, e os membros do Ministério Público da União,ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

 b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seusou dos juízes federais da região;

c) os mandados de segurança e os “habeas-data” contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;

d) os “habeas-corpus”, quando a autoridade coatora for juizfederal;

e) os conitos de competência entre juízes federais vinculadosao Tribunal;

II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízesfederais e pelos juízes estaduais no exercício da competência fede-ral da área de sua jurisdição.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empre-

sa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes detrabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo interna-cional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União comEstado estrangeiro ou organismo internacional;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas emdetrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas en-tidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contraven-ções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da JustiçaEleitoral;

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Didatismo e Conhecimento37

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacio-nal, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou de-vesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o§5º deste artigo;

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos ca-sos determinados por lei, contra o sistema nanceiro e a ordemeconômico-nanceira;

VII - os “habeas-corpus”, em matéria criminal de sua compe-tência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujosatos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os “habeas-data” contraato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dostribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves,ressalvada a competência da Justiça Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de es-trangeiro, a execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e desentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes ànacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.§1º. As causas em que a União for autora serão aforadas na

seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.§2º. As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas

na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela ondehouver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou ondeesteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

§3º. Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no forodo domicílio dos segurados ou beneciários, as causas em que fo-rem parte instituição de previdência social e segurado, sempre quea comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se vericadaessa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam tam- bém processadas e julgadas pela justiça estadual.

§4º. Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível serásempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

§5º. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, oProcurador-Geral da República, com a nalidade de assegurar ocumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionaisde direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inqué-rito ou processo, incidente de deslocamento de competência paraa Justiça Federal.

Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, consti-tuirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva Capital, evaras localizadas segundo o estabelecido em lei.

Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e asatribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da jus-tiça local, na forma da lei.

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:I - o Tribunal Superior do Trabalho;II - os Tribunais Regionais do Trabalho;III - Juízes do Trabalho.

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á devinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais detrinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados peloPresidente da República após aprovação pela maioria absoluta doSenado Federal, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efe-tiva atividade prossional e membros do Ministério Público doTrabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado odisposto no art. 94;

II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Tra- balho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprioTribunal Superior.

§1º. A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.

§2º. Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Ma-

gistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regula-mentar os cursos ociais para o ingresso e promoção na carreira;

II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lheexercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentá-ria, nanceira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiroe segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisõesterão efeito vinculante.

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo,nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos ju-ízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regionaldo Trabalho.

Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, juris-dição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãosda Justiça do Trabalho.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os

entes de direito público externo e da administração pública diretae indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-cípios;

II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data,quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V - os conitos de competência entre órgãos com jurisdiçãotrabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”;

VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,decorrentes da relação de trabalho;

VII - as ações relativas às penalidades administrativas impos-tas aos empregadores pelos órgãos de scalização das relações detrabalho;

VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previs-tas no art. 195, I, “a”, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes

das sentenças que proferir;IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,na forma da lei.

§1º. Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§2º. Recusando-se qualquer das partes à negociação coletivaou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajui-zar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça doTrabalho decidir o conito, respeitadas as disposições mínimaslegais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas an-teriormente.

§3º. Em caso de greve em atividade essencial, com possibi-lidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Tra- balho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça doTrabalho decidir o conito.

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Didatismo e Conhecimento38

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-sede, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respec-tiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasi-leiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efe-tiva atividade prossional e membros do Ministério Público doTrabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado odisposto no art. 94;

II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.

§1º. Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiçaitinerante, com a realização de audiências e demais funções de ati-vidade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdi-ção, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

§2º. Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a m deassegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas asfases do processo.

Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.

Art. 117. Revogado pela Emenda Constitucional nº 24/99.

Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:I - o Tribunal Superior Eleitoral;II - os Tribunais Regionais Eleitorais;III - os Juízes Eleitorais;IV - as Juntas Eleitorais.

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no míni-mo, de sete membros, escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Fede-ral; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Jus-

tiça;II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes den-

tre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral,indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seuPresidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do SupremoTribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros doSuperior Tribunal de Justiça.

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital decada Estado e no Distrito Federal.

§1º. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:I - mediante eleição, pelo voto secreto:a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de

Justiça; b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tri-

 bunal de Justiça;II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Ca-

 pital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juizfederal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Fe-deral respectivo;

III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois ju-ízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidademoral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

§2º. O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e oVice-Presidente- dentre os desembargadores.

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização ecompetência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas elei-torais.

§1º. Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os inte-grantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no quelhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.

§2º. Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justica-do, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesmaocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada ca-tegoria.

§3º. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleito-ral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatóriasde “habeas-corpus” ou mandado de segurança.

§4º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somentecaberá recurso quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa desta Consti-tuição ou de lei;

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois oumais tribunais eleitorais;

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomasnas eleições federais ou estaduais;

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatoseletivos federais ou estaduais;

V - denegarem “habeas-corpus”, mandado de segurança, “ha- beas-data” ou mandado de injunção.

Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:I - o Superior Tribunal Militar;II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quin-ze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República,depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo trêsdentre ociais-generais da Marinha, quatro dentre ociais-gene-rais do Exército, três dentre ociais-generais da Aeronáutica, todosda ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.

Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Pre-sidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cincoanos, sendo:

I - três dentre advogados de notório saber jurídico e condutailibada, com mais de dez anos de efetiva atividade prossional;

II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e mem- bros do Ministério Público da Justiça Militar.

Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os cri-mes militares denidos em lei.

Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcio-namento e a competência da Justiça Militar.

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§1º. A competência dos tribunais será denida na Constituiçãodo Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa doTribunal de Justiça.

§2º. Cabe aos Estados a instituição de representação de in-constitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou mu-nicipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição dalegitimação para agir a um único órgão.

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Didatismo e Conhecimento39

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§3º. A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribu-nal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeirograu, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, emsegundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal deJustiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

§4º. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar osmilitares dos Estados, nos crimes militares denidos em lei e asações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada acompetência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunalcompetente decidir sobre a perda do posto e da patente dos ociaise da graduação das praças.

§5º. Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civise as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo aoConselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.

§6º. O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizada-mente, constituindo Câmaras regionais, a m de assegurar o plenoacesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

§7º. O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com arealização de audiências e demais funções da atividade jurisdicio-nal, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se deequipamentos públicos e comunitários.

Art. 126. Para dirimir conitos fundiários, o Tribunal de Jus-tiça proporá a criação de varas especializadas, com competênciaexclusiva para questões agrárias.

Parágrafo único. Sempre que necessário à eciente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.

1 Noções introdutórias. São três os Poderes da República, asaber, o Poder Executivo (ou Administrativo), o Poder Legislativo,e o Poder Judiciário.

Há se lembrar, contudo, que Montesquieu, em sua obra inti-tulada “O Espírito das Leis”, defendia que o juiz seria meramente“a boca da lei”, isto é, a voz que apenas falaria, sem quaisquer questionamentos, o que está escrito na lei.

Essa ausência de autonomia ao Judiciário se devia pelo fatode, na época de sua obra (1748), ser o juiz um elemento pertencen-te ao chamado “Segundo Estado” (no “Primeiro Estado” estava oclero, no “Segundo” os nobres e juízes, e no “Terceiro Estado” o povo). Não há dúvida, veja-se, de quão numeroso era o contingen-te de abrigados pelo “Terceiro Estado”, em detrimento de uma eli-te aristocrática que compunha o “Primeiro” e “Segundo” Estados. Não há dúvida, também, que o “Primeiro” e o “Segundo” Estadosusufruíam de regalias inúmeras, enquanto o povo cava renegadoà marginalização.

É óbvio que o posicionamento de Montesquieu não prevale-ceu. Talvez, seu maior êxito foi ter tornado o juiz imparcial. O ma-gistrado precisa da imparcialidade para poder julgar. Se ele tiver interesse em qualquer dos lados da causa, é ululante a invalidadedesta pessoa como agente julgador. Por outro lado, o equívoco deMonstesquieu foi defender que o juiz deveria ser neutro. O ma-gistrado não pode ser considerado neutro, isto é, um sujeito inertee desprovido de sensibilidade. “Imparcialidade” e “neutralidade”, portanto, são conceitos absolutamente distintos, e há se reservar especial atenção (e reexão) a isso.

Ademais, não se pode esquecer o posicionamento que rechaçao termo “ Poderes da República”, alegando que, em verdade, a ex- pressão correta seria “ funções da República”. Quem assim pensa,

defende que o Poder é uno, representado pelo maciço estatal quenorteia a vida em sociedade. Não se poderia, pois, falar em “tripar-tição de Poderes”, mas tão somente em “tripartição de funções”,de modo que as funções executiva (administrativa), legislativa e judiciária apenas comporiam este “Poder” uno.

2 Poder Legislativo. O Poder Legislativo, no âmbito daUnião, é exercido pelo Congresso Nacional , que é formado peloSenado Federal e pela Câmara dos Deputados. O Brasil adota, portanto, o sistema de bicameralismo (duas Casas Legislativas).

A Câmara dos Deputados é formada por representantes do povo (hoje são 513 Deputados), de maneira que o número total deDeputados, bem como a representação por Estado e pelo DistritoFederal, será estabelecido por lei complementar, proporcional-mente à população, de maneira que nenhuma unidade da federa-ção terá menos de oito e mais que setenta Deputados. Vale lembrar que, conforme já dito outrora, apesar de inexistirem, no Brasil,Territórios federais, caso estes existissem, cada um elegeria quatro

Deputados.Os Deputados são eleitos pelo sistema eleitoral proporcional, para mandato de quatro anos, permitidas ilimitadas reconduçõesao poder.

Já o Senado Federal compõem-se de representantes dos Esta-dos e do Distrito Federal, eleitos no sistema eleitoral majoritáriosimples. Cada Estado/Distrito Federal elege três Senadores (totali-zando, assim, oitenta e um Senadores), para mandato de oito anos,renovando-se o Senado a proporções de um terço e dois terços(isto é, se na eleição atual se elege um Senador, signica que naeleição seguinte se elegerá dois Senadores. Jamais se elege três Se-nadores ao mesmo tempo). Por m, vale lembrar que cada Senador será eleito com dois suplentes (os quais não são votados).

Disso infere-se que o número de Deputados Federais varia de

Estado para Estado, enquanto o número de Senadores é sempre omesmo por Estado, a saber, três. Tal fato se dá porque, enquantosão os Deputados os representantes do povo, são os Senadores osrepresentantes dos Estados/Distrito Federal.

Já no âmbito dos Estados e do Distrito Federal , o Poder Le-gislativo é representado pelas  Assembleias Legislativas (no Dis-trito Federal, esta é chamada “Câmara Legislativa”), que é órgãounicameral (ou seja, não há nos Estados duas Casas Legislativascomo há na esfera da União). O número de Deputados à Assem- bleia Legislativa, por força da cabeça do art. 27, da Constituição daRepública, corresponderá ao triplo da representação do Estado naCâmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, seráacrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acimade doze.

Por m, no âmbito dos Municípios, o Poder Legislativo serádesempenhado pela Câmara de Vereadores, que é órgão unicame-ral (ou seja, não há nos Municípios duas Casas Legislativas, comohá em nível da União). Os limites máximos de composição da Câ-mara de Vereadores seguem o art. 29, IV, da Constituição.

2.1 Reunião do Congresso Nacional. Ordinariamente, oCongresso Nacional se reunirá de dois de fevereiro a dezessetede julho (primeira parte), e de primeiro de agosto a vinte e dois dedezembro (segunda parte). Quando estas datas caírem em sábado,domingo e feriado, as reuniões serão marcados para o primeiro diaútil subsequente. A tal período se dá o nome de “ sessão legislati-va”. Uma “legislatura” (quatro anos), pois, é o resultado de quatrosessões legislativas.

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Didatismo e Conhecimento40

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Por sua vez, extraordinariamente, o Congresso pode se reunir durante o recesso parlamentar. Nestes casos, a convocação se fará pelo Presidente do Senado Federal (em caso de decretação de es-tado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a pos-se do Presidente e do Vice-Presidente-Presidente da República),conforme dispõe o primeiro inciso, do sexto parágrafo, do art. 57,CF; ou pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmarados Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioriados membros de ambas as Casas (em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro-vação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional), conforme dispõe o segundo inciso, do sexto parágrafo,do art. 57, CF.

 Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacionalsomente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ve-dado o pagamento de parcela indenizatória em razão da convoca-ção. Havendo medidas provisórias em vigor na data de convoca-ção extraordinária do Congresso Nacional, serão elas incluídas na pauta de convocação.

2.2 Atribuições do Congresso Nacional. Com supedâneo noart. 48, da Constituição, cabe ao Congresso Nacional, com a san-ção do Presidente da República (salvo nos casos dos arts. 49, 51e 52), dispor sobre todas as matérias de competência da União,especialmente sobre:

A) Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas(inciso I);

B) Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anu-al, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso força-do (inciso II);

C) Fixação e modicação do efetivo das Forças Armadas (in-ciso III);

D) Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de de-senvolvimento (inciso IV);

E) Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União (inciso V);

F) Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas deTerritórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legis-lativas (inciso VI);

G) Transferência temporária da sede do Governo Federal (in-ciso VII);

H) Concessão de anistia (inciso VIII);I) Organização administrativa, judiciária, do Ministério Públi-

co e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organiza-ção judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal (incisoIX);

J) Criação, transformação e extinção de cargos, empregos efunções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b (in-ciso X);

K) Criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra-ção pública (inciso XI);

L) Telecomunicações e radiodifusão (inciso XII);M) Matéria nanceira, cambial e monetária, instituições -

nanceiras e suas operações (inciso XIII); N) Moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mo-

 biliária federal (inciso XIV).O) Fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal

Federal, observado o que dispõem os arts. 39, §4º; 150, II; 153, III;e 153, §2º, I, todos da Constituição (inciso XV).

2.3 Competência exclusiva do Congresso Nacional. Veja-mos o que prevê o art. 49, da Constituição da República:

A) Resolver denitivamente sobre tratados, acordos ou atosinternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravososao patrimônio nacional (inciso I);

B) Autorizar o Presidente da República a declarar guerra, acelebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem peloterritório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressal-vados os casos previstos em lei complementar (inciso II);

C) Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Repúblicaa se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias(inciso III);

D) Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, auto-rizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas(inciso IV);

E) Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa(inciso V);

F) Mudar temporariamente sua sede (inciso VI);

G) Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e osSenadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150,II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da Lei Fundamental (inciso VII);

H) Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente daRepública e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem osarts. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da Cons-tituição (inciso VIII);

I) Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente daRepública e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos degoverno (inciso IX);

J) Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suasCasas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administraçãoindireta (inciso X);

K) Zelar pela preservação de sua competência legislativa em

face da atribuição normativa dos outros Poderes (inciso XI);L) Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão deemissoras de rádio e televisão (inciso XII);

M) Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contasda União (inciso XIII);

 N) Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativi-dades nucleares (inciso XIV);

O) Autorizar referendo e convocar plebiscito (inciso XV);P) Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveita-

mento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas mine-rais (inciso XVI);

Q) Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares (incisoXVII).

2.4 Competência privativa da Câmara dos Deputados. Sãoelas, nos moldes do art. 51, CF:

A) Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauraçãode processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da Repúblicae os Ministros de Estado (inciso I);

B) Proceder à tomada de contas do Presidente da República,quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen-ta dias após a abertura da sessão legislativa (inciso II);

C) Elaborar seu regimento interno (inciso III);D) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,

criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun-ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para xação da respecti-va remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei dediretrizes orçamentárias (inciso IV);

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Didatismo e Conhecimento41

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

E) Eleger membros do Conselho da República, nos termos doart. 89, VII, da Constituição (inciso V).

2.5 Competência privativa do Senado Federal. Vejamos oque preceitua o art. 52, da Constituição da República:

A) Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re- pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros deEstado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáuti-ca nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (inciso I);

B) Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Fe-deral, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da Repúblicae o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade (in-ciso II);

C) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú- blica, a escolha de (inciso III): magistrados, nos casos estabeleci-dos na Constituição (alínea “a”); Ministros do Tribunal de Contasda União indicados pelo Presidente da República (alínea “b”); Go-vernador de Território (alínea “c”); Presidente e diretores do bancocentral (alínea “d”); Procurador-Geral da República (alínea “e”);titulares de outros cargos que a lei determinar (alínea “f”);

D) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição emsessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca-ráter permanente (inciso IV);

E) Autorizar operações externas de natureza nanceira, de in-teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territóriose dos Municípios (inciso V);

F) Fixar, por proposta do Presidente da República, limites glo- bais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios (inciso VI);

G) Dispor sobre limites globais e condições para as operaçõesde crédito externo e interno da União, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidadescontroladas pelo Poder Público federal (inciso VII);

H) Dispor sobre limites e condições para a concessão de ga-rantia da União em operações de crédito externo e interno (incisoVIII);

I) Estabelecer limites globais e condições para o montante dadívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- pios (inciso IX);

J) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla-rada inconstitucional por decisão denitiva do Supremo TribunalFederal (inciso X);

K) Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exone-ração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do térmi-no de seu mandato (inciso XI);

L) Elaborar seu regimento interno (inciso XII);M) Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,

criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun-ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para xação da respecti-va remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei dediretrizes orçamentárias (inciso XIII);

 N) Eleger membros do Conselho da República, nos termos doart. 89, VII, da Constituição (inciso XIV);

O) Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tribu-tário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desem- penho das administrações tributárias da União, dos Estados e doDistrito Federal e dos Municípios (inciso XV).

2.6 Garantias e privilégios dos Deputados e Senadores.Tratam-se de atribuições institucionais (pertencem ao cargo que

ocupam os parlamentares), razão pela qual um parlamentar a elasnão pode renunciar. Iniciam-se com a diplomação, e duram até otérmino do mandato. Vejamos:

 A) Imunidade material . Os Deputados e Senadores são invio-láveis, civil e penalmente, por suas opiniões, palavras e votos. Eiso teor do caput , do art. 53, da Constituição Federal. Esta imuni-dade material também é chamada “inviolabilidade”, e somentealcança as manifestações dos parlamentares que guardarem nexocom o desempenho das funções;

 B) Imunidade formal . Desde a expedição do diploma, osmembros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em agrante de crime inaançável . Nesse caso, os autos serão remeti-dos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelovoto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado  por cri-me ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal daráciência à Casa respectiva (signica que, se o crime for praticadoantes da diplomação, não é preciso essa ciência), que, por iniciati-va de partido político nela representado e pelo voto da maioria deseus membros, poderá, até a decisão nal, sustar o andamento daação. Tal pedido de sustação será apreciado pela Casa respectivano prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimen-to pela Mesa diretora. Ademais, a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o mandato;

C) Privilégio de foro por prerrogativa de função. Os Deputa-dos e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidosa julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. Esta prerrogati-va somente alcança os parlamentares diplomados, não seus suplen-tes (salvo se estes assumirem chegarem a assumir o cargo, interinaou denitivamente).

Vale lembrar que, por força da Súmula nº 704, do SupremoTribunal Federal, não viola as garantias do juiz natural, da ampladefesa, e do devido processo legal, a atração por conexão ou por continência do processo do corréu ao foro por prerrogativa de fun-ção de um dos denunciados.

Vale lembrar, por m, que conforme entendimento mais re-cente do STF, se o parlamentar renuncia ao cargo deliberadamente para não ser julgado no foro privilegiado, congurando abuso dedireito, a renúncia não tem o condão de mudar a competência. Este parlamentar, mesmo tendo renunciado, continuará a ser julgadoonde se dá seu foro privilegiado;

 D) Inviolabilidade prossional . Os Deputados e Senadoresnão serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoasque lhes conaram ou deles receberam informações. Eis o teor dosexto parágrafo, do art. 53, da Constituição Federal;

 E) Serviço militar obrigatório. A incorporação às Forças Ar-madas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda queem tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respec-tiva (art. 53, §7º, CF);

 F) Subsistência das imunidades. As imunidades de Deputadosou Senadores subsistirão durante o estado de sítio (bem como du-rante o Estado de Defesa, menos gravoso), só podendo ser suspen-sas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respecti-va, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Na-cional , que sejam incompatíveis com a execução da medida. Veja--se, pois, que para atos praticados dentro do recinto do Congresso Nacional , não é possível qualquer suspensão das imunidades.

2.7 Restrições a Deputados e Senadores. Com fulcro no art.54, da Constituição, os Deputados e Senadores não poderão:

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Didatismo e Conhecimento42

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

 A) Desde a expedição do diploma. Firmar ou manter con-trato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionáriade serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulasuniformes (inciso I, alínea “a”); aceitar ou exercer cargo, funçãoou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis“ad nutum”, nas entidades constantes da alínea anterior (inciso I,alínea “b”);

 B) Desde a posse. Ser proprietários, controladores ou dire-tores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remune-rada (inciso II, alínea “a”); ocupar cargo ou função de que sejamdemissíveis “ad nutum”, nas entidades referidas no inciso I, “a”(inciso II, alínea “b”); patrocinar causa em que seja interessadaqualquer das entidades a que se refere o inciso I, “a” (inciso III,alínea “c”); ser titulares de mais de um cargo ou mandato públicoeletivo (inciso II, alínea “d”).

 Nada obstante, de acordo com o art. 55, da Lei Fundamental, perderá o mandato o Deputado ou Senador:

A) Que infringir qualquer das proibições estabelecidas no art.54, que se acabou de ver (inciso I);

B) Cujo procedimento for declarado incompatível com o de-coro parlamentar (inciso II);

C) Que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, àterça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvolicença ou missão por esta autorizada (inciso III);

D) Que perder ou tiver suspensos os direitos políticos (incisoIV);

E) Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstosnesta Constituição (inciso V);

F) Que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado (inciso VI).

Por outro lado, com supedâneo no art. 56, da Lei Fundamen-tal, não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

A) Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador deTerritório, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território,de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática tempo-rária (inciso I). Neste caso, o Deputado ou Senador poderá optar  pela remuneração do mandato;

B) Licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que,neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa (inciso II).

2.8 Fiscalização contábil, nanceira e orçamentária (con-trole externo). A scalização contábil, nanceira, orçamentária,operacional e patrimonial da União e das entidades da adminis-tração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, econo-micidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas,  seráexercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo,com auxílio do Tribunal de Contas da União, e pelo sistema decontrole interno de cada Poder .

2.8.1 Atribuições do Tribunal de Contas da União. Sãoelas, previstas no art. 71, da Constituição da República:

A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidenteda República, mediante parecer prévio que deverá ser elaboradoem sessenta dias a contar de seu recebimento (inciso I);

B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta eindireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas

 pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causaa perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo aoerário público (inciso II);

C) Apreciar,  para ns de registro, a legalidade dos atos deadmissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta eindireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento emcomissão, bem como a das concessões de aposentadorias, refor-mas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alte-rem o fundamento legal do ato concessório (inciso III);

D) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados,do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeçõese auditorias de natureza contábil, nanceira, orçamentária, ope-racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos PoderesLegislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidasna hipótese “B” (inciso IV);

E) Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionaisde cujo capital social a União participe, de forma direta ou indire-ta, nos termos do tratado constitutivo (inciso V);

F) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instru-mentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município(inciso VI);

G) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacio-nal, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivasComissões, sobre a scalização contábil, nanceira, orçamentária,operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe-ções realizadas (inciso VII);

H) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des- pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, queestabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao danocausado ao erário (inciso VIII);

I) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se vericada

ilegalidade (inciso IX);J) Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, co-

municando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Fede-ral (inciso X);

K) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ouabusos apurados (inciso XI).

Como se não bastasse, o Tribunal de Contas da União (“TCU”)encaminhará ao Congresso Nacional, trimestralmente e anualmen-te, relatório de suas atividades.

2.8.2 Composição do Tribunal de Contas da União. O TCUtem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoa e jurisdiçãoem todo o território nacional, sendo formado por nove Ministros.

Ademais, para ser Ministro do TCU é preciso, consoante o

 primeiro parágrafo, do art. 73, CF:A) Ter mais de trinta e cinco e menos de sessenta anos deidade (inciso I);

B) Ter idoneidade moral e reputação ilibada (inciso II);C) Ter notórios conhecimentos jurídicos, contáveis, econômi-

cos e nanceiros ou de administração pública (inciso III);D) Ter mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva

atividade prossional que exija os conhecimentos mencionados nahipótese anterior (inciso IV).

2.8.3 Modo de escolha dos Ministros do TCU. Um terço éescolhido pelo Presidente da República, com aprovação pelo Sena-do Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membrosdo Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento.

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Didatismo e Conhecimento43

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Os outros dois terços são escolhidos pelo Congresso Nacional.Vale lembrar que os Ministros do TCU terão as mesmas prer-

rogativas, garantias, impedimentos, vantagens e vencimentos dosMinistros do Superior Tribunal de Justiça (já o auditor, quando emsubstituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentosdo titular e, quando no exercício das demais atribuições da judica-tura, as de juiz do Tribunal Regional Federal).

2.9 Controle interno. Se o controle externo será desempe-nhado pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Con-tas da União, o controle interno é exercido por cada Poder, por meio de seus próprios órgãos.

 Neste diapasão, com fulcro no art. 74, CF, são nalidades dosistema de controle interno, o qual deve ser mantido de forma in-tegrada:

A) Avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plu-rianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentosda União (inciso I);

B) Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto àecácia e eciência, da gestão orçamentária, nanceira e patrimo-nial nos órgãos e entidades da administração federal, bem comoda aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado(inciso II);

C) Exercer o controle das operações de crédito, avais e garan-tias, bem como dos direitos e haveres da União (inciso III);

D) Apoiar o controle externo no exercício de sua missão ins-titucional (inciso IV).

Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conheci-mento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciên-cia ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidadesolidária.

Vale lembrar, por m, que qualquer cidadão, partido políti-co, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal deContas da União.

3 Poder Executivo. Ao Poder Executivo são atribuídas asfunções de chea, tanto de Estado como de Governo, decorrentesdo sistema presidencialista adotado no Brasil. Sua função precípuaé a administrativa, razão pela qual há quem também o chame de“ Poder Administrativo” (ou “ função administrativa”).

 Em âmbito nacional , o Poder Executivo é exercido pelo Presi-dente da República, com auxílio dos Ministros de Estado; em âm-bito estadual e distrital , o é pelo Governador de Estado (no casodo Distrito Federal, se utiliza a expressão “Governador Distrital ”),com auxílio dos Secretários de Estado; em âmbito municipal , o é pelo Prefeito Municipal , com auxílio dos Secretários Municipais.

3.1 Eleições para Presidente e Vice-Presidente da Repúbli-ca. As eleições para Presidente e Vice-Presidente da República serealizarão no primeiro domingo de outubro (em primeiro turno), eno último domingo de outubro (em segundo turno), se houver, doano anterior ao término do mandato presidencial vigente. A eleiçãodo Presidente da República importará a do Vice-Presidente comele registrado, e, será considerado eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e osnulos.

Mas, se antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, de-sistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, den-tre os remanescentes, o de maior votação (isto é, aquele que couem terceiro lugar no primeiro turno).

O mandato do Presidente da República é de quatro anos (per-mitida a reeleição uma única vez), e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.

Ademais, o Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do país por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

3.2 Posse do Presidente da República e do Vice-Presidenteda República. O Presidente da República e seu Vice tomarão pos-se em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromissode:

A) Manter, defender e cumprir a Constituição;B) Observar as leis;C) Promover o bem geral do povo brasileiro;D) Sustentar a união, a integridade e a independência do Bra-

sil.Se, decorridos dez dias da data xada para a posse, o Presi-

dente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. O Vice-Presidentesubstitui o Presidente no caso de impedimento, ou sucede-o nocaso de vacância.

3.3 Impedimento/vacância dos cargos de Presidente e Vi-ce-Presidente da República. Neste caso, com supedâneo nos arts.80 e 81, da Constituição Federal, observar-se-á a linha sucessóriada Presidência da República, isto é, o Presidente da Câmara dosDeputados, o Presidente do Senado Federal, e o Ministro Presiden-te do Supremo Tribunal Federal, nesta ordem.

 Nestes casos, os agentes acima mencionados assumem apenasinterinamente. Isto porque, se a vacância/impedimento do Presi-dente/Vice-Presidente da República se der nos dois primeiros anosde mandato, deve ser feita eleição no prazo de noventa dias depoisde aberta a última vaga. Agora, se a vacância ocorrer nos dois úl-timos anos de mandato, a eleição para ambos os cargos deve ser feita no prazo de trinta dias depois de aberta a última vaga, peloCongresso Nacional, na forma de lei (esta é uma exceção de elei-ções indiretas no Brasil).

Em qualquer dos casos, os eleitos apenas completarão o perí-odo de seus antecessores.

3.4 Atribuições do Presidente da República. Elas estão, es-sencialmente, previstas no art. 84, da Lei Fundamental, segundo oqual compete privativamente ao Presidente da República:

A) Nomear e exonerar os Ministros de Estado (inciso I);B) Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção

superior da administração federal (inciso II);C) Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previs-

tos na Constituição (inciso III);D) Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como

expedir decretos e regulamentos para sua el execução (inciso IV);E) Vetar projetos de lei, total ou parcialmente (inciso V);F) Dispor mediante decreto sobre (inciso VI): organização e

funcionamento da administração federal, quando não implicar au-mento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (alí-nea “a”), bem como sobre extinção de funções ou cargos públicos,quando vagos (alínea “b”);

G) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seusrepresentantes diplomáticos (inciso VII);

H) Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujei-tos a referendo do Congresso Nacional (inciso VIII);

I) Decretar o Estado de Defesa e o Estado de Sítio (inciso IX);

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Didatismo e Conhecimento44

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

J) Decretar e executar a intervenção federal (inciso X);K) Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na-

cional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si-tuação do país e solicitando as providências que julgar necessárias(inciso XI);

L) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-cessário, dos órgãos instituídos em lei (inciso XII);

M) Exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, pro-mover seus ociais-generais e nomeá-los para os cargos que lhessão privativos (inciso XIII);

 N) Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis-tros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, osGovernadores de Territórios, o Procurador-Geral da República,o presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores,quando determinado em lei (inciso XIV);

O) Nomear, observado o disposto no art. 73, CF, os Ministrosdo Tribunal de Contas da União (inciso XV);

P) Nomear os magistrados, nos casos previstos na Constitui-ção, e o Advogado-Geral da União (inciso XVI);

Q) Nomear membros do Conselho da República, nos termosdo art. 89, VII, CF (inciso XVII);

R) Convocar e presidir o Conselho da República e o Conselhode Defesa Nacional (inciso XVIII);

S) Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorridano intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, de-cretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional (inciso XIX);

T) Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congres-so Nacional (inciso XX);

U) Conferir condecorações e distinções honorícas (incisoXXI);

V) Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for-çar estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-neçam temporariamente (inciso XXII);

X) Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o proje-to de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos na Constituição (inciso XXIII);

Z) Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de ses-senta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentesao exercício anterior (inciso XXIV);

W) Prover e extinguir os cargos públicos federais, na formade lei (inciso XXV);

Y) Editar medidas provisórias com força de lei, nos termos doart. 62, CF (inciso XXVI).

Vale frisar que tal rol é exemplicativo, anal, o inciso XXVII,do art. 84, da Constituição, dispõe que, além destas, o Presidenteda República pode exercer outras atribuições desde que previstasna Lei Fundamental.

Por m, as atribuições mencionadas nas letras “F”, “L”, e “W” primeira parte, poderão ser delegadas pelo Presidente da Repúbli-ca aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República, ouao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçadosnas respectivas delegações.

3.5 Responsabilidades do Presidente da República. Deacordo com o art. 85, da Constituição Federal, são crimes de res- ponsabilidade os atos do Presidente da República que atentemcontra a Constituição Federal e, especialmente, contra (a Lei nº1.079/50 também trabalha com os crimes de responsabilidade pra-ticados pelo Presidente da República):

A) A existência da União (inciso I);B) O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciá-

rio, do Ministério Público, e dos Poderes constitucionais das uni-dades da Federação (inciso II);

C) O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais (in-ciso III);

D) A segurança interna do país (inciso IV);E) A probidade na administração (inciso V);F) A lei orçamentária (inciso VI);G) O cumprimento das leis e das decisões judiciais (inciso

VII).Se está trabalhando, aqui, com o “impeachment ” do Presiden-

te da República, medida de cunho político destinada a destituir determinadas autoridades de seus cargos.

Admitida a acusação contra o Presidente da República (por dois terços da Câmara dos Deputados), será ele submetido a julga-mento perante o Supremo Tribunal Federal (nas infrações penaiscomuns), ou perante o Senado Federal (nos crimes de responsabi-

lidade). Neste caso, o Presidente cará suspenso de suas funções?Sim. Veja-se:

A) Nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ouqueixa-crime pelo STF, o Presidente da República cara suspenso;

B) Nos crimes de responsabilidade, após a instauração do pro-cesso pelo Senado Federal também.

Mas, se decorrido o prazo de cento e oitenta dias o julgamentonão estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo de “impeach-ment ”.

Posto isto, para nalizar este tópico sobre a responsabilidadedo Presidente da República, alguns detalhes fundamentais mere-cem ser lembrados:

A) Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infra-ções comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão;B) O Presidente da República, na vigência de seu mandato,

não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício desuas funções;

C) No processo e julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade, o Senado Federal será presidido peloPresidente do Supremo Tribunal Federal, limitando-se à condena-ção (que será proferida se houver o voto de dois terços dos mem- bros do Senado Federal) à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo dasdemais sanções cabíveis;

D) Tanto no julgamento por crimes de responsabilidade, como por crimes comuns, deve ser assegurado ao Presidente da Repú-

 blica as garantias do devido processo legal, do contraditório, e daampla defesa.

3.6 Ministros de Estado. Os Ministros de Estado serão esco-lhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos, para auxiliar o Presidente da República no comando do Poder Executivo.

São algumas atribuições dos Ministros de Estado, consoante prevê o parágrafo único, do art. 87, da Lei Fundamental:

A) Exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãose entidades da administração federal na área de sua competência ereferendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Repú- blica (inciso I);

B) Expedir instruções para a execução das leis, decretos e re-gulamentos (inciso II);

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Didatismo e Conhecimento45

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

C) Apresentar ao Presidente da República relatório anual desua gestão no Ministério (inciso III);

D) Praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe foremoutorgadas ou delegadas pelo Presidente da República (inciso IV).

4 Poder Judiciário. Hoje, seguindo o entendimento consa-grado do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar FerreiraMendes, são atribuições do Poder Judiciário:

A) O Poder Judiciário faz a defesa de direitos fundamentais. Não há se falar em Poder Judiciário sem a defesa dos direitos fun-damentais;

B) O Poder Judiciário defende a força normativa da Constitui-ção. Há muito as Constituições deixaram de ter conteúdo político,não vinculador dos Poderes e dos entes da Administração Pública.Hoje, as Constituições têm conteúdo jurídico, normativo. Isso de-monstra que a Constituição não é um recado, não é um aviso, nãoé uma declaração de intenções, não é um pedido. A Constituição éuma norma jurídica, com imperatividade reforçada simplesmente pelo fato de “ser Constituição”;

C) O Poder Judiciário faz o seu autogoverno. É o chamado“autogoverno dos tribunais”: o Poder Judiciário elege os seus ór-gãos diretivos, cria seus regimentos internos, organiza seus pró- prios concursos, tudo com base nesse autogoverno;

D) O Poder Judiciário resolve o conito entre os demais Po-deres;

E) O Poder Judiciário edita a chamada “legislação judicial”,que é aquela decorrente da atividade criativa do juiz, sobretu-do oriunda das Cortes Constitucionais. Esse é um tema bastante“complexo”, e passível de amplas discussões. É aqui que se encon-tram as discussões em torno do chamado “ativismo judicial”, da jurisdição constitucional, das sentenças aditivas, da constituciona-lidade da Súmula Vinculante, os recentes entendimentos tomados pelo STF em sede de mandado de injunção etc. Alega-se que issorepresenta a invasão, pelo Poder Judiciário, da atribuição típica de

legislar do Poder Legislativo. É óbvio que o Judiciário tem atri- buições atípicas para legislar, mas tais atribuições, por serem atí- picas, precisam estar consagradas constitucionalmente, como defato estão. Contudo, dentre estas atribuições, não está prevista aatividade legislativa do Poder Judiciário de forma constante comovem acontecendo.

4.1 Órgãos do Poder Judiciário. São eles, consoante o art.92, da Constituição Federal:

A) O Supremo Tribunal Federal;B) O Conselho Nacional de Justiça;C) O Superior Tribunal de Justiça;D) Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais;E) Os Tribunais e Juízes do Trabalho

F) Os Tribunais e Juízes Eleitorais;G) Os Tribunais e Juízes Militares;H) Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e

Territórios.O STF, o CNJ, e os Tribunais Superiores, têm sede em Brasí-

lia, capital do país.Ademais, a jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-

 bunais Superiores se estende por todo o território nacional.

4.2 Garantias gozadas pelos juízes. São elas, conforme o art.95, da Constituição:

A) Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida apósdois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse perío-do, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nosdemais casos, de sentença judicial transitada em julgado (inciso I);

B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, naforma do art. 93, VIII, da Constituição Federal (inciso II);

C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts.37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da CF(inciso IV).

4.3 Vedações impostas aos juízes. Aos juízes é vedado (pará-grafo único, do art. 95, da Constituição):

A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun-ção, salvo uma de magistério (inciso I);

B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participa-ção em processo (inciso II);

C) Dedicar-se à atividade político-partidária (inciso III);D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contri-

 buições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressal-vadas as exceções previstas em lei (inciso IV);

E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposen-tadoria ou exoneração (inciso V).

4.4 Supremo Tribunal Federal. O Supremo Tribunal Fede-ral (STF) é o guardião da Constituição Federal. Trata-se da cortesuprema de justiça deste país, para onde vão todas as questões decunho constitucional.

4.4.1 Composição do STF. O Supremo Tribunal é formado por onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trintae cinco anos e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notávelsaber jurídico e de reputação ilibada.

Convém obtemperar, desde logo, que o número de Ministros(onze) é uma cláusula pétrea implícita, e, portanto, tal número não pode ser aumentado ou diminuído por Emenda Constitucional.

4.4.2 Requisitos para ser Ministro do Supremo TribunalFederal. São eles:

 A) Ser brasileiro nato (art. 12, §3º, IV, CF). A razão para essaexigência é a linha sucessória da Presidência da República. Emcaso de impedimento/vacância do cargo por parte do Presidenteda República, assume o Vice-Presidente da República. Se este não puder assumir, é chamado o Presidente da Câmara dos Deputados.Se este não puder assumir, assume o Presidente do Senado. Se estenão puder assumir, é a vez do o Ministro-Presidente do SupremoTribunal Federal (art. 80, CF);

 B) Idade mínima de trinta e cinco anos. Aos trinta e cincoanos, o cidadão adquire a chamada “capacidade política absolu-ta” (ou “ plenitude dos direitos políticos”), isto é, a capacidade devotar, e, o que aqui importa, de ser votado para todos os cargos.Trinta e cinco anos é a idade exigida para ser Presidente da Repú- blica, Vice-Presidente da República, e Senador da República. E, seo Ministro do Supremo Tribunal Federal pode vir a ser Presidenteda República, deve ter este trinta e cinco anos;

C) A idade máxima para posse é sessenta e cinco anos . Istose dá em razão da aposentadoria compulsória aos setenta anos (achamada “expulsória”). O cidadão precisa ter desenvolvido suasatividades por, no mínimo, cinco anos, e, depois, se aposentar compulsoriamente aos setenta anos;

 D) Notável conhecimento jurídico. Trata-se de conceito abso-lutamente indeterminado o que vem a ser “notável conhecimento jurídico”. Em linhas gerais, a expressão traduz o conhecimentoque dispensa provas, ou seja, é sabido de todos que o cidadão é umgrande conhecedor das ciências jurídicas;

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Didatismo e Conhecimento46

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Para ter “notável conhecimento jurídico”, exige-se que o in-divíduo seja formado em Direito? Já houve, na história longínquado STF, um Ministro que não fosse formado em Direito (BarataRibeiro, um médico). Hoje, entende-se que, no mínimo, é precisoser bacharel em Direito. Não é mais possível, com o avanço daciência jurídica, ter “notável conhecimento jurídico” sem que seja bacharel em Direito. Não é preciso ser “especialista”, “mestre”,ou “doutor em direito”, nem mesmo ter uma carreira acadêmicaconsolidada. Se o notável conhecimento puder ser vericado por outra forma, esta valerá sem maiores problemas;

 E) Reputação ilibada, idônea. Trata-se de uma vida passadasem qualquer nódoa, sem quaisquer percalços que ponham em xe-que a honestidade do cidadão.

4.4.3 Forma de escolha dos Ministros do STF. Para esco-lher um Ministro para o Supremo Tribunal Federal, o Presidenteda República indica brasileiros que preencham os requisitos vistosno item anterior.

Assim, o Presidente vai indicar um nome para o Senado, que,após sabatiná-lo, deve aprová-lo por maioria de votos.

Mas o que é essa “ sabatina”? “Sabatina” não é concurso, nãoé prova. Na sabatina, o Senado vai apenas querer saber a posiçãodo indicado a respeito de temas nevrálgicos do país, como a po-sição sobre o aborto de feto anencefálico, sobre a legalização dasdrogas etc.

O problema é que, no Brasil, esta sabatina não é “levada asério”. Muitas vezes, o ato se torna apenas um referendamento daescolha prévia feita pelo Presidente da República, graças a concha-vos políticos pré-estabelecidos.

4.4.4 Competência de julgamento do STF. O principal ni-cho de competências previstas está no art. 102, da ConstituiçãoFederal.

Isto posto, compete ao Supremo processar e julgar:A) Originariamente: 1) A ação direta de inconstitucionalidade

de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória deconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal; 2) Nas infra-ções penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente,os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e oProcurador-Geral da República; 3) Nas infrações penais comuns enos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Co-mandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvadoo disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, osdo Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomáticade caráter permanente; 4) O habeas corpus, sendo paciente qual-quer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado desegurança e o “habeas-data” contra atos do Presidente da Repúbli-ca, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, doTribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República edo próprio Supremo Tribunal Federal; 5) O litígio entre Estado es-trangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distri-to Federal ou o Território; 6) As causas e os conitos entre a Uniãoe os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros,inclusive as respectivas entidades da administração indireta; 7) Aextradição solicitada por Estado estrangeiro; 8) O habeas corpus,quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitosdiretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se tratede crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; 9) Arevisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; 10) A recla-mação para a preservação de sua competência e garantia da auto-

ridade de suas decisões; 11) A execução de sentença nas causas desua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; 12) A ação em que todos osmembros da magistratura sejam direta ou indiretamente interes-sados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunalde origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente in-teressados; 13) Os conitos de competência entre o Superior Tri- bunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores,ou entre estes e qualquer outro tribunal; 14) O pedido de medidacautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; 15) O manda-do de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadorafor atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional,da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de umadessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de umdos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Fede-ral; 16) As ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra oConselho Nacional do Ministério Público;

B) Em sede de recurso ordinário: 1) O habeas corpus, o man-dado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decidi-

dos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatóriaa decisão; 2) O crime político;

C) Em sede de recurso extraordinário, as causas decididas emúnica ou última instância, quando a decisão recorrida: 1) Contra-riar dispositivo desta Constituição; 2) Declarar a inconstitucionali-dade de tratado ou lei federal; 3) Julgar válida lei ou ato de gover-no local contestado em face desta Constituição; 4) julgar válida leilocal contestada em face de lei federal.

Some-se a isso a competência exclusiva para o julgamentoda arguição por descumprimento de preceito fundamental, previstano primeiro parágrafo, do art. 103, da Constituição Federal, bemcomo a competência para receber reclamação constitucional por violação a preceito de Súmula Vinculante (art. 103-A, §3º, CF).

4.4.5 Súmula Vinculante. O Supremo Tribunal Federal (eapenas ele) poderá, de ocio ou por provocação, mediante decisãode dois terços de seus membros, após reiteradas decisões sobrematéria constitucional, aprovar súmula, a qual terá, a partir de sua publicação da imprensa ocial, efeito vinculante em relação aosdemais órgãos do Poder Judiciário e em relação à AdministraçãoPública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

É possível revisar/cancelar Súmula Vinculante? Sim, pelomesmo procedimento de sua edição. Os legitimados a provocar arevisão ou o cancelamento de súmula são os mesmos para propor a ação direta de inconstitucionalidade/ação declaratória de consti-tucionalidade.

 Neste diapasão, do ato administrativo ou decisão judicial quecontrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, ca- berá reclamação constitucional ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará adecisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferidacom ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

4.5 Conselho Nacional de Justiça. O Conselho Nacionalde Justiça foi introduzido no ordenamento pátrio como órgãointegrante do Poder Judiciário pela Emenda Constitucional nº45/2004. Trata-se de instituição absoluta nova no país, embora nãono mundo. Experiências semelhantes foram promovidas, num rolnão-exauriente, em Portugal (Conselho Superior da Magistratu-ra, no art. 218, da Constituição Lusitana), na França (ConselhoSuperior da Magistratura, no art. 65 da Constituição Gália), e naItália (Conselho Superior da Magistratura, no art. 104 de sua LeiFundamental).

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Didatismo e Conhecimento47

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

4.5.1 Composição. O CNJ é composto por quinze membroscom mandato de dois anos, sendo admitida uma recondução. Sãoseus integrantes, conforme o art. 103-B, da Lei Fundamental:

A) O Presidente do Supremo Tribunal Federal (inciso I);B) Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado

 pelo respectivo tribunal (inciso II);C) Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado

 pelo respectivo tribunal (inciso III);D) Um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo

Supremo Tribunal Federal (inciso IV);E) Um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal

(inciso V);F) Um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Supe-

rior Tribunal de Justiça (inciso VI);G) Um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça

(inciso VII);H) Um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo

Tribunal Superior do Trabalho (inciso VIII);I) Um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do

Trabalho (inciso IX);J) Um membro do Ministério Público da União, indicado pelo

Procurador-Geral da República (inciso X);K) Um membro do Ministério Público estadual, escolhido

 pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual (inciso XI);

L) Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Or-dem dos Advogados do Brasil (inciso XII);

M) Dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação iliba-da, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo SenadoFederal (inciso XIII).

O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tri- bunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice--Presidente do Supremo Tribunal Federal.

Ademais, junto ao CNJ ociarão o Procurador-Geral da Re- pública e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advo-gados do Brasil.

4.5.2 Competência do CNJ. Compete ao Conselho o controleda atuação administrativa e nanceira do Poder Judiciário e documprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, alémde outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto daMagistratura (quarto parágrafo, do art. 103-B, CF):

A) Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumpri-mento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regula-mentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar provi-dências (inciso I);

B) Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício oumediante provocação, a legalidade dos atos administrativos prati-cados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo des-constituí-los, revê-los ou xar prazo para que se adotem as provi-dências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo dacompetência do Tribunal de Contas da União (inciso II);

C) Receber e conhecer das reclamações contra membros ouórgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxilia-res, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de re-gistro que atuem por delegação do poder público ou ocializados,sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribu-nais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determi-nar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídiosou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outrassanções administrativas, assegurada ampla defesa (inciso III);

D) Representar ao Ministério Público, no caso de crime contraa administração pública ou de abuso de autoridade (inciso IV);

E) Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos dis-ciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos deum ano (inciso V);

F) Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre proces-sos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferen-tes órgãos do Poder Judiciário (inciso VI);

G) Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no Paíse as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem doPresidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Con-gresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa (in-ciso VII).

4.5.3 Função de corregedoria do CNJ. O Ministro do Supe-rior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor,e cará excluído da distribuição de processos no Tribunal, com- petindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo

Estatuto da magistratura, as seguintes (quinto parágrafo, do art.103-B, CF):

A) Receber as reclamações e denúncias, de qualquer interes-sado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários (inciso I);

B) Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e decorreição geral (inciso II);

C) Requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribui-ções, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nosEstados, Distrito Federal e Territórios (inciso III).

4.6 Superior Tribunal de Justiça. O Superior Tribunal deJustiça foi criado em 1988, com a Constituição Federal do mesmoano (até 1988, havia o hoje extinto “Tribunal Federal de Recur -sos”).

O “Tribunal da Cidadania”, como é usualmente conhecido,foi criado para ser um uniformizador da jurisprudência da JustiçaComum Estadual e da Justiça Comum Federal. Assim, questõesconstitucionais passaram a ser enviadas exclusivamente para oSupremo Tribunal Federal, enquanto questões infraconstitucionais passaram a ser enviadas para o Superior Tribunal de Justiça. STFe STJ, portanto, formam as chamadas “Cortes de Superposição”do país.

4.6.1 Composição. Com efeito, o STJ se compõe de, no míni-mo, trinta e três juízes. Isso signica que, diferentemente do STF,onde o número de onze Ministros não pode ser alterado, é possívelque haja mais Ministros no STJ, desde que respeitado um númeromínimo de trinta e três julgadores.

4.6.2 Requisitos para ser Ministro do “Tribunal da Cida-

dania”. Vejamos: A) Ser brasileiro. Pode ser nato ou naturalizado. Mesmo por-

que, o Ministro do STJ não está na linha sucessória da Presidênciada República;

 B) Idade mínima de trinta e cinco anos, e máxima de sessentae cinco anos. Tal como foi visto para o STF. A idade foi mantida, por questão de paridade com o Supremo Tribunal Federal;

C) Notável conhecimento jurídico. Tal como foi visto para oSTF;

 D) Reputação idônea, ilibada. Tal como foi visto para o STF.

4.6.3 Forma de escolha do Ministro do STJ. Aqui, existeuma diferença em relação à escolha dos Ministros do SupremoTribunal Federal.

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Didatismo e Conhecimento48

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Quem escolhe os Ministros do STJ é o Presidente da Repúbli-ca, tal como o é para o STF. Entretanto, sua escolha é vinculada acategorias (o que não ocorre no STF), já que a composição do STJdeve ser paritária na seguinte proporção:

 A) 1/3 dentre os desembargadores dos Tribunais de Justiça.Assim, necessariamente onze Ministros do STJ devem ser oriun-dos dos Tribunais de Justiça;

 B) 1/3 dentre os desembargadores dos Tribunais Regionais Federais. Assim, necessariamente onze Ministros do STJ devemser oriundos dos Tribunais Regionais Federais;

C) 1/3 dentre advogados e membros do MP . São cinco ad-vogados, cinco membros do Ministério Público, e a vaga rema-nescente é alternada, ora para a advocacia, ora para o MinistérioPúblico.

Isto posto, o Presidente da República escolhe brasileiros des-sas categorias, indica ao Senado, que aprova por maioria absolutade votos, após a sabatina já explicada quando se falou do SupremoTribunal Federal.

4.6.4 Competência de julgamento do STJ. A competênciade julgamento está essencialmente prevista no art. 105, CF, segun-do o qual compete ao STJ:

A)  Processar e julgar, originariamente: 1) Nos crimes co-muns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestese nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais deJustiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribu-nais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos TribunaisRegionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Traba-lho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Mu-nicípios e os do Ministério Público da União que ociem perantetribunais; 2) Os mandados de segurança e os habeas data contraato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exér-cito e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; 3) Os habeas corpus,

quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadasna alínea “a”, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdi-ção, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exércitoou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;4) Os conitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalva-do o disposto no art. 102, I, “o”, bem como entre tribunal e juízesa ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;5) As revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;6) A reclamação para a preservação de sua competência e garan-tia da autoridade de suas decisões; 7) Os conitos de atribuiçõesentre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entreautoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outroou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; 8) O manda-do de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadorafor atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da admi-nistração direta ou indireta, excetuados os casos de competênciado Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, daJustiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; 9) Ahomologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequa-tur às cartas rogatórias;

B)  Julgar, em recurso ordinário: 1) Os habeas corpus de-cididos em única ou última instância pelos Tribunais RegionaisFederais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Ter-ritórios, quando a decisão for denegatória; 2) Os mandados de se-gurança decididos em única instância pelos Tribunais RegionaisFederais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Ter-ritórios, quando denegatória a decisão; 3) As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado,e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

C) Julgar, em recurso especial, as causas decididas, em únicaou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelostribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando adecisão recorrida: 1) Contrariar tratado ou lei federal, ou negar--lhes vigência; 2) Julgar válido ato de governo local contestado emface de lei federal; 3) Der a lei federal interpretação divergente daque lhe haja atribuído outro tribunal.

4.6.5 Órgãos que funcionarão junto ao Superior Tribunalde Justiça. São eles, segundo o parágrafo único, do art. 105, CF:

A) A “ Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados”, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos ociais para o ingresso e promoção na carreira (inciso I);

B) O “Conselho da Justiça Federal ”, cabendo-lhe exercer, naforma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Jus-tiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central dosistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante (inciso II).

4.7 Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais. Tra-tam-se dos órgãos da justiça federal.

4.7.1 Composição dos Tribunais Regionais Federais. OsTribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juí-zes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trintae menos de sessenta e cinco anos, sendo:

A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efe-tiva atividade prossional e membros do Ministério Público Fede-ral com mais de dez anos de carreira;

B) Os demais, mediante promoção de juízes federais commais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento,alternadamente.

4.7.2 Competência dos Tribunais Regionais Federais. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

A)  Processar e julgar, originariamente: 1) Os juízes fede-rais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e daJustiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, eos membros do Ministério Público da União, ressalvada a com- petência da Justiça Eleitoral; 2) As revisões criminais e as açõesrescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; 3) Osmandados de segurança e os “habeas data” contra ato do próprioTribunal ou de juiz federal; 4) Os “habeas corpus”, quando a au-toridade coatora for juiz federal; 5) Os conitos de competênciaentre juízes federais vinculados ao Tribunal;

B) Julgar, em grau de recurso: 1) As causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competên-cia federal da área de sua jurisdição.

4.7.3 Nova conguração dos Tribunais Regionais Federais. Antes da Emenda Constitucional nº 73/2013, se falava em cincoTribunais Regionais Federais, com a seguinte composição:

 A) Tribunal Regional Federal da Primeira Região (sede em Brasília). Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goi-ás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia,Roraima, e Tocantins;

 B) Tribunal Regional Federal da Segunda Região (sede nacidade do Rio de Janeiro). Rio de Janeiro e Espírito Santo;

C) Tribunal Regional Federal da Terceira Região (sede nacidade de São Paulo). São Paulo e Mato Grosso do Sul;

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Didatismo e Conhecimento49

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

 D) Tribunal Regional Federal da Quarta Região (sede em Porto Alegre). Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina;

 E) Tribunal Regional Federal da Quinta Região (sede em Re-cife). Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Nortee Sergipe.

Com a Emenda Constitucional nº 73/2013, contudo, queacresceu um décimo primeiro parágrafo ao art. 27, do Ato das Dis- posições Constitucionais Transitórias, são criados quatro novosTribunais Regionais Federais, de modo que, uma vez instalados, acomposição completa dos TRF’s cará a seguinte:

 A) Tribunal Regional Federal da Primeira Região (sede em Brasília). Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Pará, Amapá,Maranhão, Piauí e Tocantins;

 B) Tribunal Regional Federal da Segunda Região (sede nacidade do Rio de Janeiro). Rio de Janeiro e Espírito Santo;

C) Tribunal Regional Federal da Terceira Região (sede nacidade de São Paulo). São Paulo;

 D) Tribunal Regional Federal da Quarta Região (sede em Porto Alegre). Rio Grande do Sul;

 E) Tribunal Regional Federal da Quinta Região (sede em Re-cife). Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,e Sergipe;

 F) Tribunal Regional Federal da Sexta Região (sede na ci-dade de Curitiba). Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul;

G) Tribunal Regional Federal da Sétima Região (sede em Belo Horizonte). Minas Gerais;

 H) Tribunal Regional Federal da Oitava Região (sede em Sal-vador). Bahia e Sergipe;

 I) Tribunal Regional Federal da Nona Região (sede em Ma-naus). Acre, Rondônia, Roraima, e Amazonas.

4.7.4 Nuanças acerca dos Tribunais Regionais Federais. São elas:

A) Os Tribunais Regionais Federais instalarão a  justiça itine-rante, com a realização de audiências e demais funções da ativi-dade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,servindo-se de equipamentos públicos e comunitários;

B) Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar  des-centralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a m de asse-gurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fasesdo processo.

4.7.5 Competência dos Juízes Federais. Aos juízes federaiscompete processar e julgar (art. 109, CF):

A) As causas em que a União, entidade autárquica ou empre-sa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes detrabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho(inciso I);

B) As causas entre Estado estrangeiro ou organismo inter-nacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País(inciso II);

C) As causas fundadas em tratado ou contrato da União comEstado estrangeiro ou organismo internacional (inciso III);

D) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em de-trimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entida-des autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravençõese ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral(inciso IV);

E) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacio-nal, quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou de-vesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente (inciso V);

F) As causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º,do art. 109, da Constituição Federal (inciso V-A);

G) Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casosdeterminados por lei, contra o sistema nanceiro e a ordem econô-mico-nanceira (inciso VI);

H) Os habeas corpus, em matéria criminal de sua competên-cia ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atosnão estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição (inciso VII);

I) Os mandados de segurança e os habeas data contra ato deautoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribu-nais federais (inciso VIII);

J) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, res-salvada a competência da Justiça Militar (inciso IX);

K) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de es-trangeiro, a execução de carta rogatória, após o “exequatur ”, e desentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes ànacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização (in-ciso X);

L) A disputa sobre direitos indígenas (inciso XI).

Serão, todavia, processadas e julgadas na justiça estadual, noforo do domicílio dos segurados ou beneciários, as causas em queforem parte instituição de previdência social e segurado, sempreque a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se veri-cada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejamtambém processadas e julgadas pela justiça estadual. Vale lembrar que, nesta hipótese, os recursos cabíveis serão sempre para o Tri- bunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeirograu.

4.7.6 Incidente de deslocamento de foro. Nas hipóteses degrave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da Re- pública, com a nalidade de assegurar o cumprimento de obriga-ções decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos

dos quais o Brasil faz parte, poderá suscitar,  perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,incidente de deslocamento da competência para a Justiça Federal .

4.8 Tribunais e juízes do trabalho. São órgãos da Justiça doTrabalho:

A) O Tribunal Superior do Trabalho;B) Os Tribunais Regionais do Trabalho;C) Os Juízes do Trabalho.

4.8.1 Composição do Tribunal Superior do Trabalho. OTST compõe-se de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre bra-sileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cincoanos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pelamaioria absoluta do Senado Federal, sendo:

A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efe-tiva atividade prossional e membros do Ministério Público doTrabalho com mais de dez anos de efetivo exercício;

B) Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Traba-lho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprioTribunal Superior.

4.8.2 Órgãos que funcionarão junto ao Tribunal Superiordo Trabalho. Funcionarão junto ao TST, com base no que dispõeo art. 111-A, §2º, da Constituição Federal:

A) A “ Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho”, cabendo-lhe, dentre outras funções,regulamentar os cursos ociais para o ingresso e promoção na car -reira (inciso I);

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Didatismo e Conhecimento50

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

B) O “Conselho Superior da Justiça do Trabalho”, cabendo--lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamen-tária, nanceira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiroe segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisõesterão efeito vinculante (inciso II).

4.8.3 Composição dos Tribunais Regionais do Trabalho. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo,sete juízes recrutados, quando possível na respectiva região, e no-meados pelo Presidente da República dentre brasileiros com maisde trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

A) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efe-tiva atividade prossional e membros do Ministério Público doTrabalho com mais de dez anos de efetivo exercício;

B) Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.

4.8.4 Nuanças acerca dos Tribunais Regionais do Traba-lho. São elas:

A) Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça iti-nerante, com a realização de audiências e demais funções de ativi-dade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,servindo-se de equipamentos públicos e comunitários;

B) Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a m deassegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas asfases do processo.

4.8.5 Composição das Varas do Trabalho. Nas Varas do Tra- balho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.

4.8.6 Competência da Justiça do Trabalho. Compete à Jus-tiça do Trabalho processar e julgar (art. 114, CF):

A) As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos osentes de direito público externo e da administração pública diretae indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-cípios (inciso I);

B) As ações que envolvam exercício do direito de greve (in-ciso II);

C) As ações sobre representação sindical, entre sindicatos, en-tre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores(inciso III);

D) Os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data,quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição(inciso IV);

E) Os conitos de competência entre órgãos com jurisdiçãotrabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”, da Constitui-ção (inciso V);

F) As ações de indenização por dano moral ou patrimonial,decorrentes da relação de trabalho (inciso VI);

G) As ações relativas às penalidades administrativas impostasaos empregadores pelos órgãos de scalização das relações de tra- balho (inciso VII);

H) A execução, de ofício, das contribuições sociais previstasno art. 195, I, “a”, e II, CF, e seus acréscimos legais, decorrentesdas sentenças que proferir (inciso VIII);

I) Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, naforma da lei (inciso IX).

4.9 Tribunais e Juízes Eleitorais. A Justiça Eleitoral é uma“ Justiça Federal especializada”. Não existe, todavia, no Brasil,

um quadro próprio de juízes eleitorais. A Justiça Eleitoral “tomaemprestado” juízes da Justiça Estadual e da Justiça Federal. Por-tanto, não há se falar em “concurso para juiz eleitoral”.

Ademais, todos aqueles que exercem cargos na Justiça Elei-toral, o fazem por mandato de dois anos, permitindo-se uma únicarecondução por mais dois anos.

4.9.1 Órgãos da Justiça Eleitoral. São eles:A) O Tribunal Superior Eleitoral;B) Os Tribunais Regionais Eleitorais;C) Os Juízes Eleitorais;D) As Juntas Eleitorais.

4.9.2 Composição do Tribunal Superior Eleitoral. O TSEé formado por, no mínimo, sete membros, escolhidos da seguinteforma:

A) Por eleição em voto secreto, de três Ministros do Supre-mo Tribunal Federal, e de dois Ministros do Superior Tribunal de

Justiça;B) As outras duas vagas são ocupadas por indicação do Presi-dente da República, de dois dentre seis advogados de notável sa- ber jurídico e idoneidade moral indicados pelo Supremo TribunalFederal. Ou seja, o STF indica seis advogados, e o Presidente daRepública escolhe dois deles.

Em suma, o Tribunal Superior Eleitoral é formado por trêsMinistros do STF, dois Ministros do STJ, e dois advogados indica-dos pelo Presidente da República.

4.9.3 Composição dos Tribunais Regionais Eleitorais. Ha-verá um Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na Capital de cada Es-tado, formado por sete membros, escolhidos da seguinte forma:

A) Mediante eleição, com voto secreto, de dois juízes dentre

os desembargadores do Tribunal de Justiça, bem como de dois ju-ízes dentre juízes de direito escolhidos também pelo Tribunal deJustiça;

B) Por um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Ca- pital do Estado ou no Distrito Federal em que está o TRE, ou, senão houver TRF na Capital do Estado em que está o TRE, o esco-lhido será um juiz federal. Em qualquer caso, a escolha é feita peloTribunal Regional Federal, independentemente de eleição;

C) As outras duas vagas são ocupadas por indicação do Presi-dente da República, de dois dentre seis advogados de notável saber  jurídico e idoneidade moral indicados pelo Tribunal de Justiça. Ouseja, o Tribunal de Justiça do Estado em que está o TRE indica seisadvogados, e o Presidente da República escolhe dois deles.

4.10 Tribunais e Juízes Militares. São órgãos da Justiça Mi-litar:

A) O Superior Tribunal Militar;B) Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

4.10.1 Composição do Superior Tribunal Militar. O STMé composto de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presi-dente da República, depois de aprovada a indicação pelo SenadoFederal, sendo três dentre ociais-generais da Marinha, quatrodentre ociais-generais do Exército, três dentre ociais-generaisda Aeronáutica (todos da ativa e do posto mais elevado da carrei-ra), e cinco dentre civis.

Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da Repú- blica dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:

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Didatismo e Conhecimento51

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A) Três dentre advogados de notório saber jurídico e condutailibada, com mais de dez anos de efetiva atividade prossional;

B) Dois, por escolha paritária, dentre auditores e membros doMinistério Público e da Justiça Militar.

4.10.2 Tribunal de Justiça Militar. A lei estadual poderácriar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tri- bunal de Justiça ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em

que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

4.10.3 Competência da Justiça Militar da União. Compete processar e julgar os crimes militares denidos em lei.

4.10.4 Competência da Justiça Militar dos Estados. Com- pete processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes mili-tares denidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares

militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for ci-vil , cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do postoe da patente dos ociais e da graduação das praças.

 4.11 Tribunais e Juízes dos Estados. A competência da Jus-

tiça Comum Estadual é residual , ou seja, não sendo hipótese decompetência de nenhuma outra justiça, à Justiça Estadual caberádecidir a matéria.

Assim, não há um rol de competências previamente estabe-lecidas para os Tribunais de Justiça, como o há para o SupremoTribunal Federal, para o Superior Tribunal de Justiça, para os Tri- bunais Regionais Federais, e para os juízes federais, p. ex.

Exatamente por isso, o art. 125, §1º, da Constituição Federal,

 preceitua que a competência dos tribunais (no âmbito estadual)será denida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.

Ademais, há se lembrar que o Tribunal de Justiça poderáfuncionar de forma descentralizada, podendo constituir Câmarasregionais, a m de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Também, por força da Emenda Constitucional nº 45/2004, osétimo parágrafo, do art. 125, da Constituição, preceitua que o Tri- bunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização deaudiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limitesterritoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

Por m, de acordo com o art. 126, CF, também acrescido pela

Emenda nº 45, para dirimir conitos fundiários, o Tribunal de Jus-tiça proporá a criação de varas especializadas, com competênciaexclusiva para questões agrárias.

QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1. (TÉCNICO EM CONTABILIDADE - MPE/RO - 2012- FUNCAB) Segundo a Constituição Federal, constitui objetivofundamental da República Federativa do Brasil:

(A) A cidadania.(B) A dignidade da pessoa humana.(C) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.(D) Garantir o desenvolvimento nacional.(E) A soberania.

2. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/PR - 2012 - FCC) ACarta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, assinada por Estados do continente africano em 1981, enuncia, em seu artigo20, que todo povo tem um direito imprescritível e inalienável, peloqual determina livremente seu estatuto político e garante seu de-senvolvimento econômico e social pelo caminho que livrementeescolheu.

 Na Constituição da República Federativa do Brasil, o teor dereferido enunciado encontra equivalência no princípio de regênciadas relações internacionais de:

(A) Repúdio ao terrorismo e ao racismo.(B) Construção de uma sociedade livre, justa e solidária.(C) Erradicação da pobreza e da marginalização.(D) Autodeterminação dos povos.(E) Concessão de asilo político.

3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/CE - 2012 - FCC)Alberto, reconhecidamente pobre na forma da lei, necessita ob-

ter a sua certidão de nascimento e a certidão de óbito do seu pai,Ataulfo, que acabara de falecer. Segundo a Constituição Federal, oCartório de Registro Civil competente deverá fornecer, em regra:

(A) Onerosamente o registro civil de nascimento de Alberto egratuitamente a certidão de óbito de Ataulfo, mediante o pagamen-to de vinte reais para cada certidão.

(B) Gratuitamente o registro civil de nascimento de Alberto eonerosamente a certidão de óbito de Ataulfo.

(C) Gratuitamente as certidões de registro civil de nascimentode Alberto e de óbito de Ataulfo.

(D) As certidões de nascimento e óbito mediante o pagamentode taxa simbólica de cinco reais para cada certidão.

(E) As certidões de nascimento e óbito mediante o pagamentode taxa simbólica de dois reais para cada certidão.

4. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - DPE/SC - 2013 - FE-PESE) Assinale a alternativa incorreta de acordo com a Constitui-ção Federal de 1988:

(A) Os direitos e garantias individuais têm aplicação mediata.(B) Na desapropriação por utilidade pública, a indenização

deverá ser justa, prévia e em dinheiro.(C) A prática do racismo constitui crime inaançável e im-

 prescritível.(D) O partido político com representação no Congresso Na-

cional poderá impetrar mandado de segurança coletivo.(E) A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-

dade judiciária.

5. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - DPE/SC - 2013 - FE-PESE) Assinale a alternativa correta:

(A) Qualquer pessoa é parte legítima para propor ação popu-lar.

(B) A manifestação do pensamento é livre; contudo, é vedadoo anonimato.

(C) Em decorrência do direito real de propriedade, o Poder Público em nenhuma hipótese poderá coibir o proprietário a cedê--lo.

(D) Apenas os brasileiros, natos ou naturalizados, são protegi-dos pelos direitos e garantias fundamentais contidos na Constitui-ção Federal de 1988.

(E) O trabalho externo do preso em regime fechado é equiva-lente à pena de trabalho forçado.

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Didatismo e Conhecimento52

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

6. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT/1ª Região - 2013 -FCC) Suponha que uma empresa tenha requerido ao Poder Exe-cutivo a emissão de certidão em que constem os dados e a situaçãoatual do processo administrativo de que é parte. Indeferido o pe-dido sob o argumento de que o processo seria sigiloso, a empresa pretende obter ordem judicial para que a certidão seja expedida.Deverá deduzir sua pretensão por meio de:

(A) Ação popular.(B) Mandado de injunção.(C) Mandado de segurança.(D) habeas data.(E) Habeas corpus.

7. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRF/2ª REGIÃO - 2012 -FCC) Maria trabalha como costureira em uma fábrica de roupas,devidamente registrada e dá a luz ao seu lho Enzo, no mês de fe -vereiro de 2012. Maria tem assegurada, pela Constituição Federalde 1988, assistência gratuita ao lho e dependente em creches e pré-escolas desde o nascimento até:

(A) 4 (quatro) anos de idade.(B) 6 (seis) anos de idade.(C) 7 (sete) anos de idade.(D) 5 (cinco) anos de idade.(E) 3 (três) anos de idade.

8. (ANALISTA ADMINISTRATIVO - FUNDAÇÃOCASA - 2010 - VUNESP) O salário-mínimo deverá ser xado emlei, sendo:

(A) Regionalizado, por pisos de categorias, havendo diferençade salários, para exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

(B) Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa,nos termos de lei complementar, servindo, outrossim, de indeniza-ção compensatória.

(C) Ademais, a remuneração do serviço extraordinário, no mí-nimo, sessenta por cento superior à do normal para jornadas de seishoras de trabalho.

(D) Que nele se incluirá o repouso semanal remunerado, pre-ferencialmente aos sábados.

(E) Nacionalmente unicado, capaz de atender às necessida-des vitais básicas do trabalhador e às de sua família, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo.

9. (AUXILIAR DE TRÂNSITO - DETRAN/DF - 2009 -CESPE) Julgue o item a seguir acerca dos direitos previstos naCF: “O lazer é um direito social garantido pela CF”.

10. (AGENTE ADMINISTRATIVO - MPE/RN - 2010 -FCC) Na forma da Constituição da República Federativa do Brasilvigente, são considerados direitos sociais, entre outros:

(A) Os bens patrimoniais, a educação e o júri.(B) O lazer, a alimentação e a segurança.(C) A moradia, o acesso à justiça e as reuniões.(D) A propriedade, as associações e as relações de consumo.(E) A maternidade, a livre locomoção e o trabalho em geral.

11. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT/1ª Região - 2013 -FCC) Tendo em vista a disciplina da Constituição Federal a res- peito do direito de greve, considere as seguintes assertivas:

I. É vedado, em qualquer hipótese, o exercício do direito degreve pelo empregado público.

II. A lei denirá os serviços ou atividades essenciais e disporásobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

III. O exercício válido e regular do direito de greve por toda equalquer categoria prossional depende de prévia previsão em leique o autorize.

Está correto o que se arma apenas em:(A) I.(B) I e II.(C) II e III.(D) II.(E) III.

12. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/MS - 2013 - CESPE)Em relação ao Poder Executivo, assinale a opção correta:

(A) Para ocupar o cargo de ministro de Estado, o cidadão deveter, no mínimo, trinta anos de idade e estar no exercício de seusdireitos políticos.

(B) Não cabe aos ministros de Estado referendar os atos e de-cretos assinados pelo presidente da República.

(C) O presidente da República tem autonomia para vetar arti-go de projeto de lei por razões de inconstitucionalidade.

(D) A CF autoriza a criação ou a extinção de órgãos públicos por meio de decreto presidencial.

(E) A nomeação do procurador-geral da República pelo pre-sidente da República independe de prévia aprovação do SenadoFederal.

13. (TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO - TCE/AP -2012 - FCC) O Vice-Presidente da República:

(A) Deve ser brasileiro nato ou naturalizado.(B) Exerce competências taxativamente denidas na Consti-

tuição e em leis ordinárias.(C) Substitui o Presidente, no caso de impedimento, e sucede-

-lhe, no caso de vacância.(D) Poderá ser julgado, por crime de responsabilidade, pelo

Congresso Nacional.(E) Deve ter a idade mínima de trinta anos como condição de

sua elegibilidade.

14. (INSPETOR DE POLÍCIA - PC/CE - 2012 - CESPE) Tendo como referência a CF, julgue o item seguinte: “Ocorrendoa vacância dos cargos de Presidente da República e de Vice-Presi-dente da República, nos dois primeiros anos do mandato, deveráhaver eleição para ambos os cargos pelo Congresso Nacional, no-venta dias depois de aberta a última vaga”.

15. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - DNIT - 2013 -ESAF) Em relação às competências do Congresso Nacional, daCâmara dos Deputados e do Senado Federal, assinale a opção cor-reta:

(A) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra oPresidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Es-tado.

(B) Compete privativamente à Câmara dos Deputados pro-cessar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República noscrimes de responsabilidade.

(C) Compete ao Congresso Nacional, por meio de iniciativado Presidente do Senado Federal, proceder à tomada de contas doPresidente da República, quando não apresentadas dentro de ses-senta dias após a abertura da sessão legislativa.

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Didatismo e Conhecimento53

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(D) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar oPresidente da República e o Vice-Presidente da República a se au-sentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias.

(E) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros doConselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministé-rio Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geralda União nos crimes de responsabilidade.

16. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/MS - 2013 - CESPE) No que concerne ao Poder Legislativo, assinale a opção correta:

(A) O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional,composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, comlegislatura anual.

(B) Compete exclusivamente ao Congresso Nacional sustar  portaria ministerial que exorbite do poder regulamentar.

(C) A suspensão da execução de lei declarada inconstitucio-nal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) compete à Câmara dosDeputados.

(D) As imunidades parlamentares serão automaticamente sus- pensas durante o estado de sítio.

(E) Os integrantes da Câmara dos Deputados são eleitos pelosistema majoritário.

17. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRF/2ª REGIÃO - 2012- FCC) Ibson é advogado regularmente inscrito na OAB-RJ e éeleito Deputado Federal. Ibson não perderá o seu cargo, de acordocom a Constituição Federal de 1988, se:

(A) Patrocinar, desde a sua posse, causa em que já seja interes-sada empresa pública estadual.

(B) Exercer, desde a sua posse, função remunerada em empre-sa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídicade direito público.

(C) Exercer, desde a expedição do seu diploma, cargo remu-nerado, com possibilidade de demissão ad mutum, em sociedadede economia mista.

(D) Deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, semautorização, à quarta parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer.

(E) For titular de mais de um cargo público eletivo, a partir da sua posse.

18. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - PREVIC - 2011 -CESPE) No que concerne ao direito constitucional, julgue o itema seguir: “Na forma da CF, os atos de improbidade administrativaimportam, entre outras consequências, a suspensão dos direitos políticos e a indisponibilidade dos bens”.

19. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/PE - 2011 - FCC) Ti- bério, servidor público estável, foi demitido, cujo cargo de diretor foi ocupado por Pilatos, também servidor público estável, que ocu- pava cargo de auxiliar na mesma repartição pública. A demissão deTibério foi invalidada por sentença judicial e, conforme previstona Constituição Federal, por consequência será:

(A) Reintegrado ao cargo de diretor e Pilatos será recondu-zido ao seu cargo de origem que se encontra vago, sem direito àindenização.

(B) Diretamente conduzido ao cargo de origem de Pilatos, quese encontra vago.

(C) Posto em disponibilidade porque seu cargo está ocupado por Pilatos e não pode ser rebaixado de função.

(D) Promovido de cargo à titulo de compensação por ter sidodemitido.

(E) Avaliado previamente por psicólogo, que emitirá laudo so- bre os efeitos da demissão e se tem condições ou não de voltar aotrabalho público.

20. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRE/SP - 2012 - FCC) Nostermos da Constituição da República, compete ao Superior Tribu-nal de Justiça processar e julgar, originariamente:

(A) A ação em que todos os membros da magistratura sejamdireta ou indiretamente interessados.

(B) Os desembargadores dos Tribunais Regionais Eleitorais,nos crimes comuns e de responsabilidade.

(C) As causas e os conitos entre a União e os Estados, aUnião e o Distrito Federal, ou entre uns e outros.

(D) As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou or-ganismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pes-soa residente ou domiciliada no País.

(E) Os conitos de competência entre Tribunais Superiores,ou entre estes e outro tribunal.

21. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRF/2ª REGIÃO - 2012- FCC) O Prefeito do Município de São Paulo aprova, no mêsde janeiro deste ano de 2012, ato administrativo contrário a umaSúmula Vinculante editada pelo Supremo Tribunal Federal. Paulo,atingido diretamente pelos efeitos do ato administrativo, deveráapresentar:

(A) Mandado de segurança diretamente ao Presidente do Tri- bunal de Justiça de São Paulo.

(B) Mandado de segurança distribuído livremente a uma dasVaras da Fazenda Pública em primeira instância.

(C) Reclamação ao Supremo Tribunal Federal.

(D) Recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal.(E) Correição parcial perante o Supremo Tribunal Federal.

22. (INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL - PC/CE - 2012 -CESPE) Tendo como referência a CF, julgue o item seguinte:“Assim como todos os demais órgãos jurisdicionais, também oSupremo Tribunal Federal (STF) está submetido às deliberaçõesdo Conselho Nacional de Justiça”.

23. (ANALISTA TÉCNICO - DPE/SC - 2013 - FEPESE)  Assinale a alternativa correta em matéria de Direito Constitucio-nal. Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar e processar ori-ginariamente:

(A) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de

exequatur às cartas rogatórias.(B) as causas e os conitos entre a União e os Estados, a União

e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivasentidades da administração indireta.

(C) os conitos de atribuições entre autoridades administrati-vas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de umEstado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entreas deste e da União.

(D) o mandado de injunção, quando a elaboração da normaregulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridadefederal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos decompetência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da JustiçaMilitar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da JustiçaFederal.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(E) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou orga-nismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoaresidente ou domiciliada no País.

24. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TRT/23ª REGIÃO - 2011- FCC) Sobre os Tribunais Regionais do Trabalho:

(A) Compõem-se de, no máximo, seis juízes, recrutados,quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo SenadoFederal dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menosde sessenta anos.

(B) Instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiên-cias e demais funções de atividade jurisdicional, além dos limitesterritoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

(C) Funcionarão apenas centralizadamente, sendo vedada aconstituição de Câmaras regionais, com o m de assegurar o plenoacesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo deforma igualitária para, assim, não haver disparidades entre casosde regiões distintas.

(D) Compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presiden-te da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos desessenta e cinco anos.

(E) Compõem-se de, no máximo, seis juízes, recrutados,quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidentedo Tribunal Superior do Trabalho dentre brasileiros com mais detrinta e cinco anos e menos de sessenta anos.

25. (TÉCNICO JUDICIÁRIO - TJ/PE - 2012 - FCC) Sobreos Tribunais e Juízes dos Estados, é incorreto armar que:

(A) O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com arealização de audiências e demais funções da atividade jurisdicio-nal, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se deequipamentos públicos e comunitários.

(B) A competência dos tribunais será denida na Constituiçãodo Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa doTribunal de Justiça.

(C) A instituição de representação de inconstitucionalidade deleis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Consti-tuição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a umúnico órgão, cabe aos Estados.

(D) O Tribunal de Justiça deverá funcionar de forma centrali-zada, proibida a constituição de Câmaras regionais.

(E) Para dirimir conitos fundiários, o Tribunal de Justiça pro- porá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias.

GABARITO

1. Alternativa “D”2. Alternativa “D”3. Alternativa “C”4. Alternativa “A”5. Alternativa “B”6. Alternativa “C”7. Alternativa “D”8. Alternativa “E”

13. Alternativa “C”14. Armação errada15. Alternativa “E”16. Alternativa “B”17. Alternativa “D”18. Armação correta19. Alternativa “A”20. Alternativa “B”21. Alternativa “C”22. Armação errada23. Alternativa “B”24. Alternativa “D”25. Alternativa “D”

REFERÊNCIAS

CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de direito constitucional .6. ed. Salvador: JusPODIUM, 2012.

FACHIN, Zulmar. Curso de direito constitucional . Rio de Ja-neiro: Forense, 2013.

LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e míni-mo existencial: a pretensão de ecácia da norma constitucional em face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012.

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires;BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional .5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional posi-tivo. 35. ed. São Paulo: Malheiros, 2012.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 17. ed.São Paulo: Saraiva, 2013.

VADE MECUM SARAIVA. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

 ANOTAÇÕES

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