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2 O conhecimento na gestão financeira · Nerildo Ferreira Bezerra..... II = CORPO IDEALIZADO NA SOCIEDADE DE CONSUMO Camilla Baio Charlanne Kelly Piovezan..... III = SISTEMA DE REGISTRO

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O CONHECIMENTO NA GESTÃO FINANCEIRA

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Amaury Meller Filho José Francisco de Assis Dias

Rosângela Danielides (Organizadores)

AUTORES: Amaury Meller Filho

Camilla Baio Charlanne Kelly Piovezan

Fernando Sérgio de Campos Schiavone Nerildo Ferreira Bezerra Rosângela Danielides

Simone Junko Skiyama Oti

O CONHECIMENTO NA GESTÃO FINANCEIRA

Volume I

Primeira Edição E-book

Editora Vivens O conhecimento a serviço da Vida!

Toledo – PR

2016

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6 O conhecimento na gestão financeira

Copyright 2016 by

Amaury Meller Filho / José Francisco de Assis Dias Rosângela Danielides

EDITORA:

Daniela Valentini CONSELHO EDITORIAL:

Dr. José Beluci Caporalini – UEM Dr. Ricardo Daher Oliveira – CEUMA

Dra. Lorella Congiunti – PUU – Roma - Itália REVISÃO ORTOGRÁFICA:

Prof. Antonio Eduardo Gabriel CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN:

Editora Vivens Ltda

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecária CRB/9-1610

Todos os direitos reservados com exclusividade para o território nacional. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou

transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem

permissão escrita da Editora. Editora Vivens, O conhecimento a serviço da Vida!

Rua Pedro Lodi, nº 566 – Jardim Coopagro Toledo – PR – CEP: 85903-510; Fone: (45) 3056-5596

http://www.vivens.com.br; e-mail: [email protected]

O conhecimento na gestão financeira, volume I /

C749 organizadores Amaury Meller Filho, José

Francisco de Assis Dias, Rosângela

Danielides; autores, Amaury Meller Filho ...

[et al]. – 1. ed. e-book – Toledo, PR:

Vivens, 2016.

102 p.: il.; color.

Modo de Acesso: World Wide Web:

<http://www.vivens.com.br>

ISBN: 978-85-92670-08-5

1. Administração financeira. 2. Administração

de pública - licitação. 3. Consumismo. 4.

Conhecimento. 5. Capital humano - liderança. I.

Título.

CDD 22. ed. 658.15

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.............................................................. I = O FLUXO DE CAIXA NA EMPRESA BRASILEIRA Amaury Meller Filho Nerildo Ferreira Bezerra..................................................... II = CORPO IDEALIZADO NA SOCIEDADE DE CONSUMO Camilla Baio Charlanne Kelly Piovezan................................................... III = SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS Charllane Kelly Piovezan Fernando Sérgio de Campos Schiavone............................ IV = O IMPACTO DA LIDERANÇA NO CLIMA ORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO NO SETOR DE FISCALIZAÇÃO ECONÔMICA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÁ Rosângela Danielides Simone Junko Skiyama Oti..................................................

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APRESENTAÇÃO As organizações para se manterem eficientes e

atenderem as necessidades de mercado, além de profissionais capacitados necessitam de uma eficaz gestão do conhecimento no âmbito financeiro: gestão financeira. Segundo Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”.

Para que estas mudanças ocorram é necessário um pensamento crítico, autônomo, para que no final de um processo de gestão do conhecimento dentro do âmbito financeiro, seja possível mudar a técnica desenvolvida no dia a dia para que se obtenha uma gestão mais eficaz.

A proposta desta Obra é abranger vários temas relacionados ao conhecimento na gestão financeira, possibilitando, assim, ao leitor conhecer a diversidade temática envolvida no processo financeiro, dentro das organizações.

Os trabalhos reunidos, neste primeiro volume, refletem o empenho e dedicação dos Autores que, com competência, apresentam conhecimentos que podem ser transformadores da gestão.

No primeiro capítulo, os autores trabalharam “o fluxo de caixa na empresa brasileira.

No segundo capítulo, os autores trabalharam o “corpo idealizado na sociedade de consumo”.

No terceiro capítulo, os autores trabalharam o “sistema de registro de preços”.

No quarto capítulo, os autores trabalharam “o impacto da liderança no clima organizacional: estudo de caso no setor de fiscalização econômica da prefeitura municipal de Maringá.

Boa leitura!

Organizadores

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= I =

O FLUXO DE CAIXA NA EMPRESA BRASILEIRA

Amaury Meller Filho Nerildo Ferreira Bezerra

1.1 INTRODUÇÃO

A ausência de uma ferramenta eficaz de

planejamento e controle financeiro é o drama fundamental de grande parte das pequenas empresas brasileiras, e, entender a importância do controle e da gestão financeira de uma empresa, passa a ser primordial para o sucesso dessa organização.

O departamento financeiro, na figura do administrador e controlador do dinheiro, é aquele que cuida para que não falte e nem exceda recursos financeiros para a atividade operacional e comercial da empresa.

Pode-se entender a atividade financeira, e consequentemente suas responsabilidades, como sendo o conjunto de operações e decisões mais importantes de uma organização com ou sem fins lucrativos.

A administração financeira diz respeito às responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Os administradores financeiros administram ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles desempenham uma variedade tarefas, tais como orçamentos, previsões financeiras, administração do caixa, administração do crédito, análise de investimentos e captação de fundos (GITMANN, 2007, p. 04).

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O fluxo de caixa é movimentação financeira, que

representa a entrada e saída de recursos de uma organização, assim, o administrador financeiro sabendo com antecedência que poderá faltar recursos, deverá tomar as medidas necessárias para impedir ou para minimizar essa falta de recursos. Portanto, o controle de fluxo de caixa serve justamente para que não haja o déficit de recursos financeiros. Consoante O’BREIN (2000), temos,

As empresas funcionam conforme o fluxo de caixa. Levantam capital para adquirir recursos para poderem executar operações que produzam e ofereçam produtos e serviços para os clientes, que, por sua vez, proporcionam lucro à empresa. No processo de funcionamento, a empresa precisa de caixa para comprar materiais e pagar os funcionários por seu trabalho. O caixa é convertido em produtos, que se tornam o estoque da empresa. Quando é vendido, o estoque é convertido em caixa, seja no pronto de venda, seja quando a quantia vendida é cobrada como título ou conta a receber. Dessa forma, o gestor financeiro deve equilibrar a

distribuição dos recursos para não faltar e nem sobrar, lembrando que o objetivo de seu departamento e consequentemente de atuação é cuidar da capacidade de liquidez financeira.

1.2 FLUXO DE CAIXA – PLANEJAMENTO E CONTROLE

O fluxo de caixa é o transito do dinheiro dentro da

empresa e uma das principais ferramentas de planejamento e controle financeiro de uma organização. Conforme Silva (2010, p. 442)

fluxo de caixa é considerado por muitos analistas um dos principais instrumentos de análise, proporcionando-lhes

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identificar o processo de circulação do dinheiro, através da variação de caixa (e equivalentes).

O fluxo de caixa é a junção em um controle

específico dos valores em caixa e bancos, somados aos valores a receber em suas datas de vencimento, subtraídos dos valores a pagar em suas datas de vencimento, gerando informações para que o gestor financeiro possa saber com antecedência se vai ter falta de caixa (déficit), ou sobra de caixa (superávit) para quitar suas obrigações em determinado período de tempo futuro.

Seu controle e acompanhamento constante se torna essencial para garantir a liquidez, que é a capacidade de honrar os compromissos assumidos pela empresa em dia, e consequentemente seu sucesso financeiro e econômico.

O administrador financeiro deve ter em mente que as atividades do departamento financeiro, que é a movimentação de recursos na empresa é um dos itens mais importantes para a sobrevivência e o crescimento da organização. Gitmman (2007), diz que

o papel do administrador financeiro é assegurar que o capital esteja disponível nos montantes certos, no momento certo e ao menor custo. Se isso não ocorrer, a empresa não sobreviverá.

O planejamento do fluxo de caixa é uma tarefa

trabalhosa e para que se possa implantar um planejamento financeiro e uma gestão eficaz do fluxo de caixa, é necessário que se faça um diagnóstico, para conhecer de forma satisfatória a situação econômica e financeira da empresa.

O Planejamento é constante e exaustivo do ponto de vista de atenção aos detalhes. Primeiro deve-se buscar informações históricas de recebimentos e pagamentos, históricos de vendas, históricos de pagamentos de custos e despesas, evolução de custos de mercadorias e

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matérias-primas. Após esse primeiro passo, faz-se um planejamento orçamentário que é o orçamento de receitas custos e despesas para os meses seguintes, com uma previsão de valores para aquisição de matérias-primas ou mercadorias para revenda, e outros insumos necessários para a atividade operacional da empresa, assim a empresa começa a montar uma ferramenta de planejamento e gestão financeira que vai servir de bússola para nortear todas as decisões e ações da empresa no futuro. Para Caggiano e Figueiredo (2008), temos que “planejamento pode ser definido como o processo de reflexão que precede a ação e é dirigido para tomada de decisão agora com vistas para o futuro”.

O primeiro passo, para que se possa iniciar a montagem do relatório de fluxo de caixa, é o processo de apuração de saldos dos valores que a empresa tem a sua disposição, ou o disponível, que é o saldo de caixa somado ao saldo de bancos conciliado, ou seja, confrontar o que a empresa tem registrado com o que está registrado no extrato do banco para verificar alguns lançamentos que foram emitidos, mas ainda não foram compensados no banco), esse conjunto de valores é denominado de saldo inicial, para fins de planejamento.

Daí em diante, inicia-se o planejamento através da previsão de recebimentos e para isso, a empresa precisa de um controle bastante rígido e seguro das contas a receber, de tudo que tem para receber dos clientes com datas de vencimento e valores corretos. Também é utilizado um controle (relatório) de contas a pagar e, para isso, é preciso um controle (atividade) eficaz de todas as contas que se têm a pagar, fazendo uma previsão de valores para as contas que ainda não têm o valor exato.

Conforme CAGGIANO e FIGUEIREDO. 2008 Pag. 31, temos, que,

A função de controle está intimamente ligada a função de planejamento por um sistema de feedback que informa o resultado de decisões passadas. Este sistema

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O fluxo de caixa na empresa brasileira 15

é necessário para avaliação da qualidade do processo decisório e para seu aperfeiçoamento.

O Controle do fluxo de caixa deve ser realizado

diariamente. Vale destacar aqui que existem situações em que, determinadas empresas, ao se realizar o processo de planejamento financeiro, primeiro será controlado e planejado somente contas a pagar e receber (valores futuros) para depois então, com o passar do tempo, começar o processo de planejar dinheiro (disponível), pois irá se identificar que a empresa possui somente contas a pagar, não possuindo saldo suficiente de caixa, e contas a receber. Essas situações são representadas por empresas que operam com prejuízo já há algum tempo, e a cada período que passa, aumenta o déficit no caixa.

1.3 LUCRO E FLUXO DE CAIXA

É importante salientar que lucro e fluxo de caixa

são informações diferentes no planejamento e controle financeiro de uma organização.

Os números no papel podem parecer bons à primeira vista, mas se houver grandes quantias sento devidas à empresa ou se o caixa estiver preso em estoques e equipamentos e não estiver disponível para o uso para o crescimento, a empresa pode estar com pouco capital de giro. A lucratividade não garante a solvência. As demonstrações de fluxo de caixa fornecem esclarecimentos necessários para compreender mais claramente como a empresa protege a flexibilidade de suas operações e quanto capital de giro encontra-se disponível. (O’BREIN 2000 pag. 121)

Não é difícil encontrar no universo empresarial,

empresas que apesar de possuir saldo disponível em caixa e bancos, estejam operando no prejuízo, assim como também é possível encontrar empresas em situações

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inversas, onde se apura o lucro contábil, porém a empresa enfrenta sérias dificuldades financeiras. Tanto num caso como no outro, pode-se identificar falhas no processo de gestão financeira dessas organizações.

1.4 CONTROLES FINANCEIROS PARA O FLUXO DE CAIXA

O Instituto Brasileiro da Qualidade e da

Produtividade (IBQP online, 2013) ensina que “Não se pode gerenciar aquilo que não se pode medir”. Daí encontramos a importância para termos controle sobre tudo o que acontece na empresa, principalmente em termos financeiros. GITMANN 2007 diz “não adianta aumentar as vendas se os custos e as despesas não estiverem sob controle dos administradores”. Assim, se a empresa não controla seus custos e despesas não pode incentivar as vendas, pois pode estar vendendo com prejuízo e não sabe. Se não controla o caixa (disponível) não tem como assumir compromissos, nem fazer planejamento do crescimento da empresa.

Quando o administrador financeiro inicia o processo de controle de fluxo de caixa, ele irá se apoiar em informações financeiras extraídas de vários controles paralelos, eles são chamados de Controles Financeiros Básicos, são eles: o controle de movimento de caixa; controle de bancos; controle de contas a receber; controles de estoques e controles de contas a pagar.

Destaca-se aqui que são controles simples, porém de grande importância para a saúde financeira da empresa, pois, não há como planejar o futuro do fluxo de entrada e saída de recursos de uma organização sem ter um controle eficaz dessas áreas: Disponível (caixa e bancos), Bens (estoques), Direitos (contas a receber) e Obrigações (contas a pagar).

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O fluxo de caixa na empresa brasileira 17 1.4.1 CONTROLE DE MOVIMENTO DE CAIXA

Não é de hoje que se prega a importância do

controle do movimento de dinheiro na empresa. O saldo em caixa e o saldo bancário funcionam igual ao coração do corpo humano bombeando o sangue (dinheiro) para todas as partes do corpo (departamentos), numa empresa. É o dinheiro em Caixa e Bancos que vão disponibilizar todo o recurso a ser investido em cada área importante da empresa. Se faltar recursos para determinada área, a empresa poderá sofrer as consequências.

Esse controle serve para registrar e apurar a movimentação do dinheiro na empresa. A cada transação que é feita, seja de recebimento ou de pagamento, registra-se no livro denominado de “movimento de caixa”, apurando o saldo a cada transação e ao final do período, pois essa apuração pode ser realizada várias vezes em um único dia, confrontando o que consta registrado no livro (controle) com os recursos em caixa (físico). Esse saldo será igual ao valor em dinheiro se todas as entradas e saídas foram registradas corretamente. Esse controle informa parte de os valores disponíveis para a empresa saldar suas obrigações no dia a dia.

1.4.2 CONTROLE DE BANCOS

Esse controle, conjuntamente ao controle anterior,

compõe o saldo disponível da empresa e também deve registrar todas as transações que a empresa faz em contas bancárias, fazendo diariamente - dependendo do fluxo de movimentação - a conciliação bancária, que nada mais é do que confrontar os registros da empresa com os registros do extrato bancário. Conforme Portal da Contabilidade temos que:

A conciliação consiste na comparação do saldo de uma conta bancária de movimento com uma informação

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externa à contabilidade (extrato bancário) de maneira que se possa ter certeza quanto à exatidão do saldo em análise, em determinada data. Realiza-se a composição do saldo, analisando-se os lançamentos não realizados (tanto pelo banco, no extrato quanto pela contabilidade interna, na razão) ou divergentes (valores diferentes) e cheques não compensados. Com base nesta primeira conciliação bancária realiza-se (caso for) os lançamentos complementares. Os cheques não compensados são transferidos à uma conta de passivo circulante. (Portal da Contabilidade, online, 2013).

É muito comum nesse momento de conciliação,

encontrar diferenças entre os dois saldos, e então se faz os lançamentos em controle apropriado. Por exemplo, a empresa emite um cheque no valor de R$ 200,00, à vista, e esse cheque não é compensado, pois quem o recebeu pode pagar alguma conta com ele, e quem recebeu também vai passando à frente, mas no controle da empresa, o valor referente a esse cheque não pode ser considerado mais no saldo, pois para todos os efeitos, esse valor já foi contabilizado e o cheque pode ser compensado a qualquer momento, por esse motivo é importante fazer a conciliação bancária diariamente. Vale destacar que, se a empresa tiver mais de uma conta no mesmo banco, esse controle de ser feito por conta corrente e não por banco, pois, corre-se o risco de ter uma conta com saldo positivo e outra com saldo negativo, pagando, sem necessidade, juros sobre o uso do limite da conta bancária.

1.4.3 CONTROLE DE CONTAS A RECEBER

Nesse controle, a empresa registra todos os seus

direitos a receber de clientes. Todas as vendas a prazo, através dos títulos de crédito gerados seja por duplicata mercantil, cobrança bancária ou por cartão de crédito, ou

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O fluxo de caixa na empresa brasileira 19 outra modalidade de crédito que vai gerar para a empresa um direito a receber e não uma entrada no caixa. Conforme O`BRIEN 2000, “contas a receber são as quantias devidas à empresa em virtude de vendas. Devem ser gerenciadas de forma a serem recebidas oportunamente, proporcionando um fluxo de caixa adequado”. Para esse crédito se transformar em dinheiro, o administrador financeiro deve esperar o vencimento de cada título e receber – caso não haja atraso na quitação por parte do cliente. Outra opção seria fazer a antecipação desses títulos de crédito, o que não é salutar às finanças da empresa, pois para isso, ela pagará juros pelo desconto antecipado desses títulos no sistema bancário. Desse controle se sabe como andam os critérios para dar crédito aos clientes. Uma empresa com alto valor de contas a receber, significa que o dinheiro da mesma está em grande volume, nas mãos de terceiros, o que vai demandar um alto valor de capital de giro para a empresa.

O controle de contas a receber também pode informar a posição das contas por cliente, quais clientes estão em atraso, e assim deve ser feito o processo de cobrança, seja por telefone, carta ou pessoalmente, conforme a política estabelecida pela empresa.

Outra informação importante que o controle de contas a receber gera é sobre o volume de compras de cada cliente. Por exemplo, um cliente sempre teve um volume de compra com parcelas no valor de aproximadamente R$ 1.000,00, e, de repente, surge uma solicitação de compra, dez vezes maior que o de costume, nesse momento deve ascender um sinal de alerta, deve se conhecer muito bem esse cliente, quais os motivos que o levaram comprar 10 vezes o normal? A empresa está correndo o risco de levar um “calote” do cliente pelo simples fato de não controlar suas contas a receber e gerenciar as informações dos clientes.

Há determinados dias do mês que a empresa tem que pagar um volume considerável de contas, como

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20 O conhecimento na gestão financeira

encargos e impostos, e são contas que têm um impacto importante no fluxo de caixa, nesses casos, o administrador deve procurar não concentrar o vencimento de outras contas, como fornecedores, próximo a essas datas, e deve trazer os vencimentos das contas a receber para esse período para que a empresa não dependa do dinheiro de terceiros. Isso faz parte do planejamento de fluxo de caixa.

1.4.4 CONTROLE DE ESTOQUE

Um volume considerável do capital de giro das

empresas fica aplicado justamente no estoque. Portanto, uma boa gestão nesse conjunto de valores pode ajudar e muito a empresa a “fugir” de empréstimos desnecessários, bastando simplesmente cuidar melhor dos valores investidos em estoque através de um controle eficaz.

Muitas empresas não têm consciência de que o estoque é um componente muito importante na gestão financeira. Muitas organizações, atentas ao impacto dos estoques no planejamento do fluxo de caixa utilizam-se de um modelo de administração de estoque tendente a zero. O modelo japonês Just in time. O´BRIEN (2000) nos diz que:

As novas teorias como a da fabricação just-in-time (JIT) baseiam-se em uma drástica redução dos estoques. Essa teoria contrapõe o custo do estoque aos benefícios decorrentes de seu acúmulo. [...] As peças passam por cada etapa de fabricação conforme uma programação diária baseada na demanda. Esse processo reduz os estoques e tempo de ciclo, e pode ser aplicado entre vários setores.

Nesse modelo o estoque fica disponível somente

para o tempo que a empresa precisar, não é preciso ficar administrando estoque, pois o estoque parado gera custo de armazenamento, de manutenção, de logística, risco de

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O fluxo de caixa na empresa brasileira 21 obsolescência ou de se perder num incêndio ou enchente. Então, quanto menor a quantidade e, consequentemente, o valor investido em estoque, melhor para gestão financeira de fluxo de caixa.

O desafio dos gerentes é encontrar o equilíbrio certo do estoque, determinar quanto deve ficar à mão e disponível a qualquer momento dado, de modo que a capacidade não seja negativamente afetada. A falta de material suficiente ou dos materiais adequados pode impedir a produção, interrompê-la ou resultar na produção de itens defeituosos. Possuir material demais [...], também pode ser um obstáculo à produtividade – excesso de estoque, um ativo que afeta a liquidez, pode ser dispendioso e exercer um impacto negativo sobre o fluxo de caixa. (O´BRIEN 2000 p. 206)

Deve-se atentar que para alguns produtos não há

como mantê-los em estoque, seja por questão da sazonalidade, obsolescência ou por ser perecível, por esse motivo que é chamado de Gestão do estoque, não é “em qualquer circunstância” trabalhar com estoque tendente a zero.

A gestão do estoque é uma questão de atitude, levando em conta os recursos que estão investidos no estoque, poderiam ser melhor aplicados para fomentar a comercialização, financiando as vendas junto aos clientes, assim, pode-se afirmar que a gestão dos estoques é muito mais uma questão de planejamento eficaz, buscando eliminar riscos, conforme já foram citados anteriormente e que são completamente desnecessários.

1.4.5 CONTROLE DE CONTAS A PAGAR

Ninguém gosta de dívidas, por isso as obrigações

ou contas a pagar de uma empresa devem ser muito bem controladas por meio de ferramentas que possam ajudar o

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empresário a decidir se pode ou não assumir novos compromissos financeiros.

Esse controle vai informar todas as obrigações financeiras que a empresa possui, para quem ela deve, qual o valor e quando esses valores vencem. Esse controle deve ser rigoroso e ajuda a manter uma boa reputação da empresa no mercado, pois sem controle isso fica difícil.

O´BRIEN 2000 menciona que

Contas a pagar são quantias devidas pela empresa a outras. Devem ser gerenciadas de forma a não crescerem demais, criando um desequilíbrio que ponha em risco a saúde da empresa.

Quanto aos pagamentos em carteira (quando o

cliente vai receber na empresa), o que a empresa pode e deve fazer é estabelecer uma política de pagamentos e concentrar esses pagamentos em carteira, num dia específico da semana, por exemplo, toda sexta-feira, após às 14 horas. Se o empresário prestar atenção, ele vai perceber que acontecem muitas interrupções no dia a dia, para ficar fazendo esses pagamentos a fornecedores. Essas interrupções geram perda de tempo, pois a pessoa que faz os pagamentos tem que parar a todo instante para atender os cobradores. Essa dica não é nova, muitas empresas já fazem isso e há muito tempo. 1.5 IMPORTÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA DE PEQUENAS EMPRESAS NA REGIÃO DE MARINGÁ

Ao realizar uma “viagem” nos exemplos e casos de

empresas de pequeno porte que cometem erros grassos pela simples falta de controles financeiros e planejamento, não se utilizando da ferramenta Fluxo de Caixa, tem-se neste trabalho de pesquisa três casos que valem ser mencionados.

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O fluxo de caixa na empresa brasileira 23

A primeira situação relata o caso de uma empresa de supermercados da região de Maringá que realizou o pagamento do título de um supermercado concorrente. O erro aconteceu por dois motivos, o primeiro foi que o fornecedor, um atacadista de produtos alimentícios enviou a cobrança bancária para o endereço do cliente errado, até esse ponto, são erros que podem acontecer, o segundo motivo, aí sim mais grave do ponto de vista da gestão financeira, foi que o cliente que recebeu a fatura errada, efetuou o pagamento. Falha que seria facilmente identificado caso o departamento financeiro, valendo-se de ferramentas de planejamento e controle de fluxo de caixa teria identificado o erro e não realizado o pagamento.

O segundo caso relata a falta de controles financeiros e consequentemente a impossibilidade de qualquer tipo de planejamento pelo gerente financeiro de indústria de móveis, que, ao ser indagado sobre como fazia o planejamento dos pagamentos diários da empresa, o gerente respondeu que no final da tarde verificava através da internet seu saldo bancário, se houvesse, ele efetuava o pagamento, caso contrário, deixava os pagamentos para outro dia, assim constata-se que não havia nenhum tipo de planejamento financeiro na referida empresa.

O terceiro caso vem de um exemplo positivo na gestão financeira de uma pequena empresa, onde seu proprietário, realizava os planejamentos de pagamentos através de um sistema de informação, onde era lançado todos os valores a receber e a pagar, e na tarde do último dia da semana, era informado pelo departamento financeiro através de relatórios impressos e atualizados, quais eram os pagamentos e recebimentos previsto para a semana seguinte, incluindo no conjunto de informações os saldos disponíveis em caixa e bancos. Dessa forma, relatou o empresário, ele possui um temo hábil para, numa eventual necessidade, procurar a captação de recursos na rede bancária que lhe servia.

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24 O conhecimento na gestão financeira

Esses três casos relatados confirmam a

importância e a necessidade do uso de uma ferramenta de gestão de fluxo de caixa para que as pequenas empresas possam planejar não somente suas atividades operacionais, mas também, sua capacidade de investimento, sem a necessidade de assumir compromissos financeiros com a rede bancária.

2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ante ao exposto, temos que as empresas precisam

de disciplina financeira através de planejamento e controle, para manter e/ou melhorar sua capacidade de liquidez, e isso é reflexo de um controle financeiro eficaz, para qualquer situação de mercado. Capacidade de liquidez e fluxo de caixa não melhoram por mágica, mas através de ações diárias e planejadas. Elas precisam ainda se replanejar e se reinventar constantemente frente aos desafios existentes no mercado. Elas precisam ter uma preocupação quase neurótica com capacidade de liquidez e custos, questionando sempre o que pode ser cortado ou melhorado. Para ser capaz de pensar em novas possibilidades toda a organização deve ser capacitada e conscientizada a todo instante para esse fim, e então, fortalecidas financeiramente poderão partir para planos mais ambiciosos. REFERÊNCIAS

FIGUEIREDO, Sandra. CAGGIANO, Paulo Cesar –

Controladoria, Teoria e Prática - 4ª edição – São Paulo – Editora Atlas, 2008

GITMANN, Lawrence – Princípios de Administração Financeira, 7ª edição; São Paulo; Harbra, 1997.

IBQP – Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, matéria disponível no link www.ibqp.com.br/ , acessado em 22 de outubro de 2013

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O fluxo de caixa na empresa brasileira 25 O´BRIEN, Virginia – NEGÓCIOS, Soluções

Econômicas, Ideias Inovadoras, Tradução Cristina de Assis Serra; Rio de Janeiro; Campus, 2000.

PORTAL DE CONTABILIDADE – matéria disponível no link

http://www.portaldecontabilidade.com.br/modelos/conciliacao/.htm acessado em 21 de outubro de 2013.

SILVA José Pereira da. Análise Financeira das Empresas, 10ª edição – São Paulo: Editora Atlas, 2010.

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= II =

CORPO IDEALIZADO NA SOCIEDADE DE CONSUMO

Camilla Baio Charlanne Kelly Piovezan

2.1 INTRODUÇÃO

Ao trabalhar corpo idealizado, a preocupação com a imagem corporal pensa-se no homem enquanto ser perfeito. Esta figura que o ser humano tem de seu próprio corpo, está intimamente relacionada à sua formação psíquica, ou ainda em sua mente. Há que se vincular nesta pesquisa a utilização do corpo no contexto da sociedade de consumo e relacionar com a mídia e propagandas.

As concepções do corpo são formadas ao longo da história desde os primórdios, passando pela Grécia antiga, sua civilização, seus povos, crenças atribuídas ao corpo, como o cuidar de si, o como que era belo e admirável, entre os homens daquela época. Na Idade Média, uma visão totalmente diferente da Grécia, marcado pela proibição do corpo, e alvo do pecado. No período que corresponde ao Renascimento, tomaremos a visão de um corpo belo e admirável, marcado pela valorização do homem, o humanismo, colocou a pessoa no centro das reflexões. Ao que corresponde ao período de modernidade, este corpo, por influência da revolução industrial, e pela sociedade capitalismo, nos mostra um corpo feito para o trabalho, um corpo “maquina”, que este é impulsionado e valorizado apenas sua força e resistência, assim a práticas aos esportes se tornam cada vez mais frequentes, não apenas para as classes de elite, mas também aos trabalhadores. Com o grande avanço das tecnológicas, tanto cultural, assim como o marketing

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de produtos, o aumento do consumo, o corpo se torna objeto de consumo, e a busca pela perfeição que a mídia estabelece como padrão de beleza nessa sociedade de consumo pós-moderna.

Diante de tantas imposições da sociedade de consumo sobre o corpo, imagens, conceitos e valores apresentados pela mídia, torna-se necessário discutir sobre as possíveis implicações na vida dos sujeitos que tem preocupação excessiva pela sua imagem corporal.

O objetivo deste artigo “Corpo idealizado na sociedade de consumo” é verificar a busca do corpo perfeito ou idealizado na sociedade de consumo, entendendo essa manifestação no mundo contemporâneo como sendo influenciado pela mídia. Para isso, observou-se as possíveis implicações das imagens e valores apresentados pela mídia na sociedade de consumo e suas consequências na vida do sujeito. O objetivo geral buscará identificar quais são as interferências da mídia atual na sociedade de consumo onde o corpo se torna objeto de consumo. Por sua vez os objetivos específicos procuram compreender como se constituem conceitos e valores relativos ao ideal de corpo saudável e estética ao longo da história, apreender as condições pelas quais a busca por um corpo perfeito se configura na sociedade do consumo, averiguar possíveis implicações das imagens, conceitos e valores apresentados pela mídia na vida e formação psíquica do sujeito.

Deste modo, a pesquisa em questão compreende estudo teórico de caráter bibliográfico. Para Lakatos e Marconi (1999), abrange toda bibliografia que é de uso público, envolvem tanto boletins, livros, revistas, publicações avulsas, jornais, pesquisas, monografias, teses, anais, etc. O método de estudo está vinculado à pesquisa exploratória, que para Bertucci (2008) favorece a um maior entrosamento com o problema, objetivando elaborar hipóteses. Este tipo de pesquisa deixa a pesquisa com mais flexibilidade, assim favorecendo maior

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mobilidade na fase de preparação do trabalho. O ponto da flexibilidade da pesquisa exploratória é assimilado quando se trata de uma pesquisa inovadora e criativa; proporcionando problemas e indagações que servirão a novas pesquisas do tema. 2.2 CORPO: UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-CONCEITUAL 2.2.1 A concepção de corpo na Grécia Antiga

Nas sociedades primitivas, a presença física foi fundamental e requerida como atributo necessário à sobrevivência da raça. O corpo do homem primitivo lhe proporcionava interação com a natureza, essencialmente pelo predomínio gestual como principal meio de expressão. “Os fenômenos naturais determinaram as relações sociais do homem primitivo. Nesse contexto o domínio da natureza se inseriu como base da organização” (PELEGRINI, 2013, p. 225).

Esta organização nos mostra como o corpo tem um papel essencial na vida do homem antigo, pois ele tinha que caçar e lutar para manter sua sobrevivência. Já na Grécia antiga a concepção de corpo muda, agora o culto ao corpo forte e viril entra em cena, a busca pela perfeição corpórea é almejada, e o corpo tem a conotação simbolizada de superioridade.

O corpo era trabalhado e treinado especialmente para aquela visão da época de sociedade militar; a cultura de culto ao corpo e da utilização do corpo como arma de guerra era expandida por toda Grécia, onde o corpo forte era sinônimo de poder. Segundo Gonçalves, (1994, p. 18):

Nessas sociedades eram valorizadas as qualidades corporais como força, destreza e agilidade, não somente em torneios e competições, também eram importantes para a vida militar e política. Vencer uma competição significava não somente a compreensão de uma

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superioridade física, mas muito mais; o reconhecimento do vencedor como um elemento superior daquela sociedade.

A Grécia era constituída por diversas polis ou

cidades-estados, o poder era exercido diretamente pelos cidadãos por meio de assembleias realizadas na ágora (na praça central local que se realizavam as reuniões). No entanto, poucos habitantes das polis eram considerados cidadãos, entre eles estavam os nobres, proprietários de terra, artesãos e comerciantes, eram excluídos dos direitos políticos as mulheres e os escravos. Os autores Barbosa; Matos e Costa (2011, p. 25) ressaltam que as mulheres“[...] a estas cabia cumprir funções como obediência e fidelidade aos seus pais e maridos e a reprodução. Os prazeres eram do domínio masculino, não do feminino”.

Assim, no contexto da Grécia antiga, o corpo masculino tinha concepção de perfeição, ao contrário do feminino, as leis e normas eram diferenciadas para homens e mulheres, por exemplo, aos homens era permitido a bigamia e a homossexualidade como práticas naturais, o andar na cidade com vestes soltas, por serem capazes de absorver e manter o equilíbrio térmico, dispensando o uso de proteção das roupas, e as mulheres deveriam sair para a rua com seu corpo bem coberto (BARBOSA; MATOS e COSTA, 2011).

Barbosa; Matos e Costa (2011, p. 25) ao falar de corpo, dizem que este, quando nu, “[...] é objeto de admiração, a expressão e a exibição de um corpo nu representavam a sua saúde e os Gregos apreciavam a beleza de um corpo saudável e bem proporcionado”. A busca pela perfeição era um fator importante para os Gregos, pois além da beleza física também necessitavam ter uma mente sabia, não bastava apenas ter qualidades físicas, eram necessários vários atributos para ser considerado um homem admirado pela sociedade. As mulheres têm características totalmente distintas a do

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homem, nesta época elas eram inferiorizadas e submissas aos seus respectivos maridos.

A mulher grega era condicionada pelo meio cultural e econômico no qual estava inserida. Em relação à concepção de inferioridade da mulher grega, temos como grande pensador daquela época o filósofo Aristóteles, segundo ele:

No que diz respeito à sexualidade dos indivíduos a diferença é indelével, pois, independente da idade da mulher, o homem sempre deverá conservar a sua superioridade. Tal percepção do filósofo se embasou na noção de “ordem natural”, quer dizer, ele hierarquizou a natureza da alma, colocando o homem livre num plano superior ao da mulher que sofreria de uma carência e maturidade de espírito, sendo ela, portanto, incapaz de exercer qualquer outra função que não fosse a de obedecer ao seu marido, este o qual seria responsável por governar a família. (ARISTÓTELES,1998, apud FRIAS, 2012, p. 33)

O filósofo Aristóteles critica a autonomia que as

mulheres espartanas tinham em relação às atenienses. De um lado as mulheres espartanas desfrutavam se maiores regalias que as mulheres atenienses, Aristóteles não aceitava que as mulheres espartanas fossem educadas semelhantes aos homens, mesmo que fosse para ter aptidões físicas melhores para gerar filhos (FRIAS, 2012).

A civilização grega viveu um alto grau de criação artística, intelectual, e nos Jogos Olímpicos. Os corpos eram trabalhados e construídos, para tal admiração, que acabavam por ser mostrados em Jogos Olímpicos. “A saúde, a expressão e exibição de um corpo nu estavam associados, os Gregos apreciavam a beleza de um corpo saudável e bem proporcionado” (BARBOSA; MATOS e COSTA, 2011, p. 25). O corpo, para os gregos deveria ser admirado, treinado, cuidado, perfumado para tal admiração, não lhe era atribuído o pudor físico, surgiu a ideia de corpo perfeito por meio da atividade física, assim

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desejar um corpo forte, rápido e belo era um meio de se aproximar dos deuses e com isso da perfeição, os gregos consideravam os deuses semelhantes aos homens. Tais provas como corridas, lançamento de dardo, saltos, os halteres, discos, além de manter um belo corpo, mostrava se estar preparado e resistente para combater inimigos de sua polis.

A visão de corpo e mente encontrada na Grécia Antiga sofreu grandes influências dos pensamentos filosóficos como Sócrates, Platão e Aristóteles, estes filósofos gregos se preocupavam com questões como a origem e a razão da vida, a natureza do homem e a justiça social, as relações entre o público e o privado, e contribuíram para a visão de corpo que se faz neste período. Sócrates, além de se preocupar com o comportamento moral dos cidadãos, possuía uma visão integral de homem, era importante tanto o corpo quanto a alma no processo de interação do homem com o mundo, ao contrário de Platão, dedicou sua vida ao ensino de filosofia, em relação ao corpo este servia de prisão para a alma, uma visão dicotômica. Aristóteles acreditava no conhecimento e à verdade por meio de pesquisas e experimentos científicos, partindo do princípio que as ações humanas eram executadas em conjunto, corpo e alma, todas num processo contínuo de realização.

Segundo Foucault, “os filósofos enfatizavam a necessidade de os indivíduos terem cuidado consigo mesmos, pois seria desta forma que alcançaria uma vida plena”. (FOUCAULT, 1994, apud BARBOSA; MATOS e COSTA, 2012, p. 26).

No que se refere ao cuidar de si, Foucault nos mostra a cultura helenista, neste período da Grécia, é acentuado o privilégio do cuidado de si, é válido para todos, em todo o tempo e em todos os lugares. Neste sentido, (FOUCAULT, 1985, apud Belsoni, 2012, p. 4), “O cuidar de si durante toda a vida caracteriza-se como um

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princípio de formação do sujeito, durante a juventude para preparar-se para a vida e na velhice para rejuvenescer”.

A Grécia antiga foi marcada por um período de questões políticas e éticas, onde o corpo foi muito valorizado e treinado, como era observado em diversas esculturas que valorizavam a beleza e harmonia dos corpos humanos saudáveis e bem cuidados, nos Jogos Olímpicos estes corpos eram exibidos como belos e admiráveis, além da competição, estavam sendo treinados para defender sua polis. Os filósofos da época contribuíram na formação de visão de corpo, e no diz o cuidado de si no período helenista da Grécia antiga. 2.2.2 O corpo na Idade Média: Glorificado e sacrificado

O corpo, na Idade Média, exercia grande efeito sobre a vida das pessoas. Cabe considerar que, segundo Barbosa, Matos e Costa (2011, p. 26), neste período, o corpo serviu,

Mais uma vez, como instrumento de consolidação das relações sociais. A característica essencialmente agrária da sociedade feudal justificava o poder da presença corporal sobre a vida quotidiana; características físicas como a altura, a cor da pele e peso corporal, associadas ao vínculo que o indivíduo mantinha com a terra, eram determinantes na distribuição das funções sociais.

Verifica-se a presença da Igreja Medieval, que

além de influenciar nas questões religiosas daquela época, teve grande poder político e econômico sobre a população. Os homens medievais eram submetidos a ordens rígidas, a moral cristã não aceitava qualquer tipo de prática corporal, que visasse o culto ao corpo e nem manifestações criativas. Ressaltamos:

A Igreja, durante toda a Idade Média e até o século XVII, era algo de muito diferente daquilo a que chamamos

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hoje de Igreja. Guiava todos os movimentos do homem, do batismo ao serviço fúnebre, e era o caminho de acesso a essa vida futura em que todos os homens acreditavam fervorosamente. (PETTA; OJEDA, 1999, p. 43)

Durante a Idade Média, o cristianismo é a

representação da Igreja Católica, sendo grande influência nas noções e vivências de corpo da época, neste contexto, o corpo é glorificado e sacrificado, conforme Vigarello et al. (2010, p. 23) “ O cristianismo foi instituído sobre a perda de um corpo, a perda do corpo de Jesus [...]” O cristocentrismo que apareceu na Idade Média foi acentuado pelos padres conciliares reunidos em Trento, quando colocam Cristo no centro da pastoral da salvação conferindo a cada etapa de sua vida na Terra, principalmente a sua paixão, uma dimensão cultural essencial.

O cristianismo, além de mostrar o corpo como característica de fé e sendo crucificado, glorificado, se utilizou de técnicas coercitivas sobre o corpo, marcado por castigos e execuções públicas, executadas pelas condenações do Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição – oficializada pelo papa Gregório IX), e o autoflagelo, assim a Inquisição,

[...] inicialmente com o intuito de salvar a alma dos hereges, passou a empregar, mais tarde, a tortura e a fogueira como forma de punição, com autorização do Papa Inocêncio IV, em 1254. Estes eram acontecimentos e cerimônias públicas, cujo objetivo era o de expor à população a sentença recebida pelo réu, era um verdadeiro ato festivo assistido não só pela população, mas pelas autoridades religiosas (BARBOSA; MATOS; COSTA, 2011, p. 3).

É notório que quem estivesse contra os dogmas da

Igreja Católica, estava pecando, e “Se a pessoa não hesita em torturar seu corpo, castigá-lo, é precisamente porque

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ele não merece nenhum respeito” (VIGARELLO et al., 2010, p.55). Esta preocupação com o corpo proibido, mostra a concepção de separação de corpo e alma, prevalecendo sobre força maior a alma, assim o corpo era a prisão da alma, este corpo culpado precisava ser dominado e purificado através da punição.

Por outro lado, corpo masculino era “endeusado”, e o feminino era “diabolizado”, cabia, então, a Igreja controlar a sexualidade feminina, seus gestos suas práticas, uma vez que estas mulheres eram acusadas de bruxarias (BARBOSA; MATOS; COSTA, 2011, p. 27), citam:

Como as mulheres estão ligadas essencialmente à sexualidade, e “porque nasceram de uma costela de Adão”, nenhuma mulher poderia ser correta, elas tornavam-se ‘agentes do demónio’ (feiticeiras). De facto, os processos inquisicionais sobre acusações de bruxaria enfocavam, principalmente, os corpos das bruxas: elas eram despidas, os cabelos e pêlos eram rapados e todo o corpo era examinado à procura de um sinal que as pudesse comprometer.

O corpo na Idade Média foi marcado por questões

religiosas, no qual o corpo feminino era diferente do masculino. Assim, a Igreja Católica influenciou os pensamentos daquela época, com sua imposição diante do corpo como originário do pecado e sendo preciso sacrificá-lo em favor da salvação, ofertando o modelo de Cristo “A fé e a devoção ao corpo de Cristo contribuíram para elevar o corpo a uma alta dignidade, fazendo dele um sujeito da História. “Corpo de Cristo que comemos [...], Corpo glorioso [...] Corpo torturado do Cristo da Paixão, sujo símbolo é em toda parte a cruz, lembra o sacrifício pela redenção da humanidade”. (VIGARELLO, et al., 2010, p. 19).

O período da Inquisição na Idade Média, o culto ao corpo era desvalorizado e considerado pecado, e era

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preciso punição, ao contrário da Grécia que exaltava o culto ao corpo, a valorização do mesmo, a exibição dos corpos sem pudor, e o cuidar de si.

2.2.3 O corpo: do renascimento às Luzes (Iluminismo)

De acordo com Petta e Ojeda (1999), na transição do Feudalismo para o Capitalismo houve um período de muitas mudanças, tanto nas artes, no pensamento e bem como no conhecimento científico. O Renascimento refere-se ao renascer dos estudos de textos da cultura clássica Greco-latina. “O Renascimento representou a redescoberta do conhecimento e do estudo fora do âmbito daquelas matérias permitidas pela Igreja. Os renascentistas preocupavam-se principalmente com as questões ligadas à vida humana” (PETTA; OJEDA, 1999, p. 54).

Observa-se que houve uma grande valorização do ser humano, pois o homem passa a ser o centro das reflexões. Quanto a Deus, este continuou sendo soberano diante do ser humano, porém estamos falando do verdadeiro valor e qualidade que foram negadas pelo pensamento católico medieval, ressaltando que:

O mundo não era mais pensado como lugar de sofrimento e sim um lugar de delícias, onde o ser humano, a mais perfeita das criações divinas, foi colocado para ser feliz, para usufruir dos benefícios e das belezas de tudo o que rodeia, inclusive do próprio corpo (PETTA; OJEDA, 1999, p. 54)

Para Petta e Ojeda (1999), essas preocupações

relacionadas à vida humana foram identificadas pelo movimento Humanista no Renascimento, buscando valorizar as pessoas, seus aspectos positivos e sua beleza. Em contrapartida ao pensamento medieval que, por sua vez, afirmara que os seres humanos eram frutos do pecado. Pois:

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Na Idade Média, a Igreja não admitia a exploração cientifica do corpo humano. Durante o Renascimento, ao contrário, a prática de dissecação de cadáveres ganhou impulso, permitindo melhor conhecimento da anatomia humana e do funcionamento dos órgãos. Isso provocou grandes avanços, tanto na área cirúrgica quanto no diagnóstico de doenças. (AZEVEDO; SERIACOPI, 2005, p. 136-137)

Segundo Azevedo e Seriacopi (2005), a

preocupação com o corpo humano e seu funcionamento teve efeito imediato nas artes Plásticas, redescobrindo a beleza da nudez feminina e masculina pelos pintores e escultores renascentistas, resultando na criação de muitas telas e esculturas valorizando as formas humanas. Assim como grande influência de artistas e suas obras plásticas, como Botticelli, Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Raffaello Sanzio.

Como modelo de homem renascentista, Leonardo da Vinci, conhecia Astronomia, Mecânica, Anatomia, fazia vários experimentos, projetou máquinas, sem falar nos variados números de obras-primas pintadas e esculpidas. Acreditava-se que o homem poderia aprender e saber de tudo o que se conhece, conhecer todas as artes e ciências (AZEVEDO; SERIACOPI, 2005).

Conforme Vigarello et al. (2010 p. 451), “A partir do começo do século XIV, as dissecações tornaram-se mais comuns, particularmente na Itália, centro de desenvolvimento científico quando a Idade Média estava chegando ao fim”. Com o fim da Idade Média, a Renascença buscou descobrir verdades novas sobre o corpo, fazendo o uso da medicina estruturada a partir de alicerces mais sólidos e científicos. A exemplo Leonardo da Vinci fez cerca de 750 desenhos anatômicos do corpo humano.

Segundo Vigarello et. al. (2010), dos estudos realizados por André Vesálio, através da observação do corpo, favoreceu-se uma mudança de estratégia

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intelectual, pois os seus sucessores foram obrigados a valorizar a observação pessoal e precisão do corpo. Vesálio deixou uma obra cheia de explorações do corpo, ilustrações de esqueletos, músculos, vísceras, vasos sanguíneos e o sistema nervoso, levando a melhor compreensão das estruturas e suas funções:

Durante o século XVIII, o Século das Luzes, a pesquisa em anatomia geral – ossos, articulações, músculos, fibras, etc. – prosseguiu nas pistas desenvolvidas por Vesálio e seus sucessores. Exibindo uma habilidade artística superior e tirando proveito das melhorias da imprensa, muitos atlas anatômicos esplêndidos foram publicados, combinando beleza e utilidade. (VIGARELLO et al., 2010, p. 463)

A obra de Vesálio é baseada na exploração do

corpo. Além da visão anatômica e fisiológica, observamos a preocupação, embora pouca, com a higiene e a saúde da mulher.

Esse avanço na medicina proporcionou também “[...] uma defesa dos grupos humanos [...]” (VIGARELLO et al., 2010, p. 484). Eram feitos estudos em lugares responsáveis por manifestações febris severas, como campos de prisões, para descobrir as causas de putrefação, sendo possível um controle maior dos elementos que causavam as febres sépticas. Neste momento histórico, a medicina conquistava uma visão de um corpo transformado, agora não mais se acreditava em simpatias e crenças como na Idade Média, temos uma medicina apoiada de recursos científicos mecânicos, físicos e químicos.

No século XVIII, o Iluminismo trouxe uma nova forma de entender a natureza e a sociedade, grandes contribuições à investigação do corpo, através das dissecações, porém as ideias iluministas acabaram por acentuar a depreciação do corpo, dissociando-o da alma,

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retomando a dicotomia do corpo - alma, como vimos na Grécia antiga. 2.2.4 O corpo “(re)valorizado” na modernidade

Com o crescimento das cidades e o surgimento de novas ocupações, o físico passou a ser mais exigido. Por motivos de saúde, de higiene e de necessidade para o trabalho cada vez mais repetitivo e especializado nos mostram os primeiros sinais da Revolução Industrial. Ao se falar em Revolução Industrial, temos as grandes mudanças que influenciaram na vida dos trabalhadores:

Com o início da Revolução Industrial a divisão técnica do trabalho acabou por reduzir o trabalho a uma simples ação fisiológica, desprovida de criatividade (o trabalho em série). (BARBOSA; MATOS e COSTA, 2011, p. 28)

A partir da Revolução Industrial e a expansão do

capitalismo no século XIX temos uma nova forma de produção industrial, agora o corpo do trabalhador assalariado modificou-se para acompanhar o ritmo da máquina e garantir produção de seu trabalho.

As novas tecnologias de produção em massa desencadearam um processo de homogeneização de gestos e hábitos que se estenderam a outras esferas sociais, entre elas, a educação do corpo, que passou a identificar-se não só com as técnicas, mas também com os interesses da produção (HOBSBAWM, 1996 in PELEGRINI, 2006).

Portanto, com o crescimento das cidades, indústrias, e fábricas, a sociedade passou a ser organizada de acordo com a burguesia, a qual o corpo do trabalhador era visto como uma máquina que deveria estar forte e saudável para o trabalho, a fim de gerar lucros para o sistema capitalista.

Com os grandes avanços da sociedade industrial, começaram a surgiu novas tecnologias, novos meios de

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transportes, proporcionando maiores expectativas de vida aos trabalhadores. Assim, no século XIX os esportes começam a ser mais apoiados pela elite social, conforme Corbin et al. (2010):

[...] se tornou defensora dos esportes modernos, exaltava um corpo novo, um corpo que se qualificaria de atlético segundo normas neoclássicas, feitas de uma relação entre o tamanho, os pesos, o desenvolvimento muscular e a mobilidade. O conceito central era agora o do equilíbrio entre os diferentes elementos da anatomia e do eu interior, entre o corpo e o espírito, uma mente sadia num corpo sadio.

O exercício físico deixa de ser um exercício para o

prazer, o esporte corresponde a objetivos morais, sociais e ideológicos. O esporte permitia a classe de trabalhadores sedentários uma prevenção a doenças. Não apenas a classe da elite precisava fazer esportes, mas os operários também, observam os jogos de bola, como futebol, precisava de um esforço coletivo, passando por qualidades de velocidade e de resistência, assim como também o ciclismo, a natação, incluía o individual e o coletivo (CORBIN et. al. 2010).

A prática de exercícios deveria ser estendida para a maioria da população e não se restringir ao esporte de elite. Cada vez mais o corpo humano era percebido como uma máquina sendo preciso fazer funcionar regularmente a fim de poder atingir seu potencial máximo.

As atividades esportivas, no século XIX, eram quase exclusivamente masculinas, era questionado as mulheres eram fracas e hipersensíveis, e como os esportes exigiam força física e agressividade, assim as mulheres deveriam ser donas de casas, se ocuparem com os filhos e a casa. No final do século XIX as mulheres de classe média, como professoras, rejeitaram a noção de corpo feminino fraco, passaram a criar esportes escolares, adaptando certas atividades masculinas às mulheres,

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como jogos em equipe: o hóquei, parecido com o futebol. (CORBIN et. al. 2010).

Por meio dos esportes, tantos os competitivos, os ensinados nas escolas, os destinados a elite, os operários, tudo impulsionou um novo olhar:

O esporte não encarna somente a renovação das representações do corpo, encara uma renovação mais ampla da cultura, uma visão sempre mais tecnizada do espaço, uma visão sempre mais calculada do tempo, uma visão sempre mais democratizada das trocas e da sociabilidade. Ele faz este corpo participar, até nos seus investimentos mais íntimos, daquilo que parece, já no começo do século XX, uma visão do futuro. (CORBIN et al. 2010, p. 478)

Ao iniciar o século XX é que serão vistas as

grandes transformações atribuídas ao corpo, assim ao falar de corpo idealizado, temos a sociedade de consumo cada vez mais exige deste corpo, um corpo que ao longo do século XX, ganhou evidências por meio das novas tecnologias, através do marketing de produtos, e o desejo de obter a perfeição física exigida pelos padrões de beleza.

2.3 SOCIEDADE DE CONSUMO

A sociedade de consumo, bem como quais os valores que estão relacionados nesse aspecto atrelado à busca de um corpo perfeito. Objetiva-se, demonstrar as imposições da sociedade de consumo assume sobre o corpo, tornando deste o palco de seu espetáculo.

Baudrillard (2008), nos mostra como surge o consumo:

O consumo surge como sistema que será a ordenação dos signos e a integração do grupo que constitui simultaneamente uma moral (sistema de valores

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ideológicos) e um sistema de comunicação ou estrutura de permuta (BAUDRILLARD, 2008, p. 91)

Isso significa dizer que o consumismo existente até

mesmo nos dias de hoje submete-se à integração e à sociedade, e, por isso, comunica-se por meio dos significados (signos) manifestados pelos bens perpetuados por ela. O consumo pode-se dizer que é realizado por meio da manipulação dos signos, ou seja, o mundo simbólico humano é mercantilizado. De tal forma que:

Todas as sociedades desperdiçaram, dilapidaram, gastaram e consumiram sempre além do estrito necessário, pela simples razão de que é no consumo do excedente e do supérfluo que, tanto o indivíduo como a sociedade, se sentem não só existir, mas viver (BAUDRILLARD, 2008, p 40).

Evidencia-se, então, a característica do

consumismo, na qual a sociedade prega pelo consumo de bens que muitas vezes são desnecessários, supérfluos. Cabe ressaltar, ainda, o pensamento de Baudrillard (2008) sobre a sociedade de consumo, que intensifica a publicidade como fator de acentuação do consumo, até os dias atuais:

A publicidade constitui um dos pontos estratégicos de semelhante processo. Surge como reino preferido do pseudo-acontecimento. Transforma o objeto em acontecimento, construindo-o como tal por meio da eliminação das suas características objetivas. Edifica-o como modelo e como fait-divers espetacular (BAUDRILLARD, 2008, p. 165).

Segundo o Glossaire des termes de Press, o termo

fait-divers significa “acidente, delito ou envenenamento da via social que não entra dentro de alguma das categorias

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de informação política ou especializada” (GLOSSAIRE, 1987, p. 57).

Este termo tem o significado etimológico de notícia ou fato do dia. Segundo Rabaça e Barbosa (1987), é um jargão utilizado pela imprensa francesa que tange toda notícia que rompa com o cotidiano. Para os autores, brigas, atropelamentos são alguns exemplos de fait-divers, ou seja, tudo se vende: objetos, acontecimentos, imóveis, etc.

Há que se falar, também, acerca das necessidades que a sociedade de consumo traz à tona, assim como na satisfação que tais necessidades englobam, e como isso entra e manipula a mente dos consumidores. Baudrillard (2008), ressalta:

As necessidades visam mais os valores que os objetos e a sua satisfação possui em primeiro lugar o sentido de uma adesão a tais valores. A escolha fundamental, inconsciente automática do consumidor é aceitar o estilo de vida de determinada sociedade particular (portanto, deixa de ser escolha – acabando igualmente por ser desmentida a teoria da autonomia e soberania do consumidor) (BAUDRILLARD, 2008, p. 79-80).

Assim, verifica-se que, mesmo de uma maneira

inconsciente, aquilo que a sociedade prega, principalmente por meio da publicidade, tem grande influência sobre a escolha do consumidor, o que diminui a autonomia, soberania, e, de certa forma, o poder de escolha. Por isso, ao classificar como uma sociedade de consumo verifica-se que:

A nossa sociedade pensa-se e fala-se como sociedade de consumo. Pelo menos, na medida em que consome, consome-se enquanto sociedade de consumo em ideia. A publicidade é o hino triunfal dessa ideia. (BAUDRILLARD, 2008, p. 264)

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44 O conhecimento na gestão financeira

A publicidade, no entanto, é uma estratégia

utilizada para transformar o objeto em acontecimento. Contudo, na publicidade de hoje se prolifera os fatos não tão sinceros, ou seja, as montagens, ficções, daí o termo “pseudo-acontecimento”.

Dentro desses pseudo-acontecimentos entra a busca pelo corpo perfeito, que é acentuada pela publicidade exacerbada acerca do culto ao corpo perfeito. Evidencia-se que a propaganda é responsável pela manipulação de algumas pessoas que acabam cultuando o próprio corpo, ou seja, o “ser” se torna a “ter”: ter um corpo perfeito, este corpo torna-se uma mercadoria.

Nessa perspectiva, Dias (2006) como referencial teórico recorre ao filosofo Roberto Duford, para explicar o sujeito dos pós modernidade, onde a sociedade estabelece o mundo e todas as relações como mercadorias. Assim o capitalismo consome tudo, os recursos, a natureza e os indivíduos que lhe servem. Deste modo, Duford (2005), em seu livro “a arte de reduzir cabeças”, mostra esta nova concepção da sociedade, onde gera-se uma configuração social “reduz as cabeças”, significa reduzir as mentes e criando uma nova subjetividade ao sujeito.

Dias (2006), aponta que o sujeito se insere no laço social como sujeito consumidor, percebendo que com a destruição do sujeito crítico, neurótico e ideológico, temos na atualidade a troca mercadológica que tende a dessimbolizar o mundo, ou seja:

Toda figura transcendente que vinha fundar o valor é doravante recusada, há apenas mercadorias que são trocadas em seu estrito valor de mercadorias. Hoje, os homens são solicitados a se livrar de todas as sobrecargas simbólicas que garantiriam suas trocas. O valor simbólico é desmantelado em proveito do simples e neutro valor monetário da mercadoria, de modo que nenhuma outra coisa, nenhuma consideração (moral, tradicional, transcendente, transcendental...) possa

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constituir um obstáculo à sua livre circulação. Disso resulta uma dessimbolização do mundo. Os homens não devem mais se conciliar com os valores simbólicos transcendentes, eles devem, simplesmente, se submeter ao jogo da circulação infinita e ampliada da mercadoria. (DUFORD 2005, pg.13 apud DIAS 2006, pg. 251)

Assim, o homem no mundo não é mais o mesmo,

ele precisa se adaptar aos fluxos instáveis da circulação de mercadorias. Onde, tudo se torna vendável, tudo tem um preço, até o sujeito, ou seja, é reduzido a mercadoria. Desta forma, o capitalismo, aposta cada vez mais em atividades que agreguem valor como: pesquisas, internet, mídia, informação, sendo que Dias (2006), ressalta:

O capitalismo atual não se interessa só pelos bens e por sua capitalização, não se contenta mais com um controle social dos corpos, mas visa também, sob a aparência de liberdade, a uma profunda reestruturação das mentes. Tudo deve entrar no mundo da mercadoria, todas as regiões e todas as atividades do mundo, inclusive os mecanismos de subjetivação, e para isso ele aposta cada vez mais na desinstitucionalização. Ele busca destruir a dependência simbólica indispensável à formação humana e à vida em sociedade, restando, apenas as relações de força e o excesso de violência. (DIAS, 2006, pg. 252).

Além disso, o sujeito vive sobre duas formas de

domínio, por um lado o domínio político ou social, onde um grupo exerce domínio sobre o outro impondo seus interesses à fim de manter a dominação, e o outro é de ordem simbólica ou semiótica, Dias (2006, pg.253) ressalta: “da primeira o homem pode escapar, no entanto ele não pode escapar da segunda, sob pena de se perder totalmente”. Assim, a revolta contra instituições fortaleceu o capitalismo, e enfraqueceu as relações do sujeito com o Outro social.

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46 O conhecimento na gestão financeira

Dias (2006), ressalta que a sociedade cria a falta

(pseudofalta), e cria o objeto de consumo para esta falta, como se este fosse a solução para todo o mal. Neste contexto enfatiza que:

O objeto é sempre descartado quando não está mais na moda, é uma demanda desenganchada da dialética do desejo porque é o objeto (segundo a metonímia do desejo). O sujeito contemporâneo não vai ao shopping center para buscar o que lhe falta, mas vai ao shopping center para saber o que lhe falta. (DIAS, 2006, pg. 253)

Como efeito a isso, temos sujeitos cada vez mais

consumidores, onde o consumir é ser feliz, e poder ter tudo que sua vontade anseia. Dias (2006), nos lembra que este sujeito na sociedade de consumo, o discurso do capitalista, apresenta sujeitos que rejeitam a castração e a eleição forçada do sujeito inconsciente, tendo sua subjetividade absoluta, onde não tem limites.

Como reflexo deste excesso de poder do objeto de consumo, temos sujeitos impedidos de realização simbólica de toda e qualquer falta, ou seja, implica na redução do laço social, e torna-se um sujeito narcísico a um estatuto isolado e fechado a si próprio.

2.3.1 A busca do corpo perfeito

A sociedade de hoje tem a cultura de que o corpo humano deve ser perfeito para que haja aceitação nos mais diversos âmbitos sociais, ou seja, o corpo torna-se a grande vitrine. Evidencia-se, nesse contexto, o corpo como o mais belo objeto de consumo, de tal forma deve-se enquadrar nos ideais de beleza, apresentados pela publicidade, a moda e a cultura de massa.

Segundo Baudrillard (2008), este corpo não caminha para o cuidado, e sim para a submissão do sistema capitalista, como forma de prestígio social. “o corpo limita-se a ser o mais belo dos objetos que possuem,

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manipulam e consomem psiquicamente” (BAUDRILLARD, 2008, p. 171).

Este corpo manipulado, regulado, é reapropriado e torna-se função de objetivos capitalistas onde o investimento é de frutificar, ou seja:

O corpo não se reapropria segundo finalidades autónomas do sujeito, mas de acordo com o princípio normativo do prazer e da rentabilidade hedonista, segundo a coacção de instrumentalidade diretamente indexada pelo código e pelas normas da sociedade de produção e de consumo dirigido. (BAUDRILLARD, 2008, p. 172).

Diante desse cenário, os meios de propagandas

vão crescendo e tomando grande espaço na sociedade. A indústria da beleza propaga o culto ao corpo perfeito, “idealizado do consumo”, onde evidencia “corpos sarados e definidos”, como se fossem um referencial para a inclusão na sociedade.

Percebe-se que no contexto da sociedade de consumo, discutido por Baudrillard (2008), “o mais belo objeto de consumo: o corpo”, nos mostra o valor atribuído ao corpo como status. Este investimento é considerado narcísico, enfatizando:

Semelhante relação narcisista, de um narcisismo dirigido, da maneira que se aplica ao corpo como em território virgem e colonizado, da maneira como se explora ternamente o corpo como jazigo a pesquisar com o fim de dele extrair os signos visíveis da felicidade, da saúde, da beleza, da animalidade triunfante no mercado da moda, tal reação encontra a sua expressão mística nas seguintes confissões de leitores: “Eu descobria meu corpo. A sensação invadia-me em toda a pureza”. Ou ainda melhor: “entre mim e meu corpo, houve como que um abraço. Comecei a amá-lo. E aí amá-lo, quis ocupar-me dele com a mesma ternura que tinha pelos filhos. (BAUDRILLARD, 2008, p. 171).

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Nesta concepção, para Baudrillard (2008), se faz

necessário entender que o atual investimento narcísico no corpo requer uma "evolução regressiva da afetividade para o corpo/criança e para o corpo/objeto de adorno" (p.171). De tal modo, o sujeito é dissociado de seu corpo, o qual é objeto, passando a significar apenas "reflexos dos signos do sistema capitalista".

Costa (2005), aponta que o indivíduo inserido na sociedade do consumo, precisa ter ou adquirir o corpo da moda, ou seja “[...] as imagens corporais ideais, difundidas pela vulgata cientifica da mídia ou pelos mentores do marketing e da publicidade, têm como premissa a obsolescência programada do corpo” (COSTA, 2005, p.83-84). Deste modo, o indivíduo se torna refém do imprevisível, a qual passa ter hábitos físicos para ganhar reconhecimento do outro.

Em “declínio do comprador, ascensão do consumidor”, Costa (2005) identifica a avidez por objetos supérfluos e o culto ao corpo perfeito, ambos estimulados pela publicidade, onde a hipertrofia da economia capitalista, se dilui nos aspectos da vida social como: política, religião, tradição familiar, sendo um consumismo hedonista e narcisista com base do culto ao corpo. Costa (2005, p. 132) ressalta: “Algo similar pode ser dito do hedonismo das massas. É verdade que a maioria dos indivíduos urbanos elegeu o bem-estar e os prazeres físicos como a bússola moral da vida”.

Assim a busca por um corpo perfeito, Costa (2005), discute a “Cultura do corpo” em seu livro O vestígio e a aura: corpo e o consumismo na moral do espetáculo, sendo assim, ao mencionar “Cultura do corpo”, refere-se à preocupação moderna com a boa forma física e com a saúde, porém chama-se atenção para este corpo que além de ser referência para a construção das identidades pessoais, visa mostrar questões que estão ligadas à

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beleza e felicidade. O corpo torna-se a maratona da expressão da alienação do ser.

Codo e Senne (1985), em seu livro O que é corpo (latria), salientam o culto ao corpo de modo exagerado, sendo preciso cada vez mais manter o corpo em forma: “a preocupação com o corpo que vem marcando nosso cotidiano [...] o corpo e as práticas que visam reconhecê-lo se transformam em panaceia para todos os males, novo elixir capaz de inventar a felicidade” (CODO E SENNE, 1985, p. 11-12).

Nesse, sentido ao falar de corpo, Codo e Senne (1985), apresentam o fenômeno chamado de “Corpolatria” designada ao culto ao corpo exagerado, presente em manifestações como cirurgias plásticas, abusos em exercícios físicos, tratamentos estéticos. Este fenômeno está ligado a mudanças ocorridas na final do século XX ao trabalho “a transformação do meu trabalho em mercadoria se realiza pela ruptura entre eu e o meu próprio corpo” (CODO E SENNE (1985, p. 10).

A prática exagerada de exercícios físicos, a cirurgia plástica, e tratamentos corporais, aludem à aquisição de um corpo ideal para ser aceito na sociedade, não medindo forças para alcançar a felicidade. Codo e Senne (1985) cita os dogmas da Corpolatria:

I. “Amar a si mesmo sobre todas as coisas” II. “Ninguém vai ao Homem senão pelo Corpo” III. “O Prazer é o caminho, a verdade e a (única)

vida” IV. “Bem-aventurados os que amam a si próprios,

porque os que amam a si próprios, porque deles será o Reino dos Céus”

V. “O corpo é Onipresente e Onisciente” VI. “Expulsar os Vendilhões...” (CODO E SENNE, 1985, p. 13-14)

A corpolatria tem como característica principal

ressaltar um corpo, “o meu”, conforme os autores Codo e

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Senne (1985) destacam na corpolatria o narcisismo. Referem-se ao narcisismo do tempo de Freud em que o culto ao corpo excessivo à própria imagem considerado como uma doença, porém na sociedade atual, perde o caráter patológico, passando a representar sinônimo de bem-estar consigo mesmo.

Além das propagandas em busca do corpo perfeito, Codo e Senne ao dizer “proliferem casas de cultura física” citam a busca por musculação, ginastica aeróbica, halterofilismo, para alcançar este objetivo. O corpo se torna objeto, fazem referência a Freud “O indivíduo toma como objeto sexual seu próprio corpo e o completa com agrado, o acaricia e o beija até chegar à satisfação” (CODO E SENNE, 1985, p. 20). 2.4 IMPLICAÇÕES DAS IMAGENS, CONCEITOS E VALORES DO CORPO NA SOCIEDADE DE CONSUMO

As possíveis implicações das imagens, conceitos e valores do corpo apresentados pela mídia. Bem como qual o papel que a mídia exerce sobre eles, e desenvolve para a sociedade de consumo, reflete na própria imagem corporal.

Assim, Baudrillard (2008), nos apresenta a relação entre o indivíduo e o consumo, e quais são as consequências disso na percepção de sua própria imagem:

O homem do consumo nunca se encontra perante as próprias necessidades, como também jamais se vê diante do produtor do seu trabalho; também nunca se defronta com a própria imagem: é imagem aos signos que ordena. Acabou-se a transcendência, a finalidade, o objetivo: a característica de tal sociedade é a ausência de reflexão e de perspectiva sobre si própria. (BAUDRILLARD, 2008, p. 262)

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Isso significa dizer que a ausência de reflexão e de perspectiva sobre si próprio, para Baudrillard (2008), “na ordem moderna, deixou de haver espelho onde o homem se defronte com a própria imagem para melhor ou para pior, existe apenas vitrina lugar geométrico do consumo em que o indivíduo não se reflete a si mesmo” (p.262). Deste modo, implica no sujeito que absorve os objetos/signos como significantes de estatuto social. O mundo da vitrina é o corpo que encena e precisa dar a ver.

A publicidade, para Baudrillard (2008), é triunfal na sociedade de consumo, por meio das propagandas e noticiários, tende de forma indireta relacionar ao sujeito o consumo, felicidade e prazer, assim ao consumir há uma satisfação e felicidade.

Sobre o olhar de Guy Debord (2003), em A Sociedade do Espetáculo, discute o “espetáculo”, presente em vários aspectos: por via de imagens, política, consumo e o capitalismo. Entre as várias concepções de espetáculo descritos por Debord (2003, p.14) temos como exemplo o espetáculo das imagens: “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação do social entre as pessoas, mediatizada por imagens”. Assim, as pessoas se relacionam por aparências. Não podendo ser só compreendido pelas técnicas de difusão de imagens, ressalta:

O espetáculo, compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o resultado e o projeto do modo de produção existente. Ele não é um complemento ao mundo real, um adereço decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto do entretenimento, o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante. Ela é afirmação onipresente da escolha já feita na produção, e no corolário – o consumo. A forma e o conteúdo do espetáculo são a justificação total das condições e dos fins do sistema existente. O espetáculo é também a presença permanente desta justificação,

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enquanto ocupação principal do tempo vivido fora da produção moderna. (DEBORD, 2003, p. 7)

Tal ideia do espetáculo presente, mostra a

sociedade onde o modelo de produção é existente e dominante, onde o espetáculo age de forma capitalista, em consequência gera o consumo.

Debord (2003) diz que “a sociedade que repousa sobre a indústria moderna” (p.18), o espetáculo inicia-se e encera-se nele mesmo, e sendo a principal produção da sociedade atual. Ou seja, as pessoas são alienadas, a consumir as imagens e produtos oferecidos.

O ser é substituído pelo ter, isto caracteriza a fase da dominação da economia sobre a vida social. Debord (2003) fala a respeito da busca generalizada do ter e do parecer, “de forma que o “ter” efetivo perde seu prestigio imediato e sua função última. Assim toda a realidade individual se tornou social e diretamente dependendo do poderio social obtido” (DEBORD, 2003, p.19). Ao falar sobre a alienação, Debord (2003, p.25):

A alienação do espectador em favor do objeto contemplado (o que resulta da sua própria atividade inconsciente) se exprime assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que lhes apresenta. (DEBORD, 2003, p. 26)

O homem está alienado ao que produz, na medida

que o indivíduo é alienado pelo espetáculo, a economia cresce e o homem alienado, segundo Debord (2003), cada vez mais se separa do mundo criado e produzido por ele mesmo, ou seja, quanto mais sua vida se transforma em mercadoria, mais se separa dela.

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Na concepção de Debord (2003), o homem fica deslumbrado pelas imagens e seduzidos por ela. O consumo e a imagem tornam-se o palco da sociedade do espetáculo, produzem o isolamento e separação, por meio dos objetos de consumo. Assim, a mercadoria ocupa a vida social, ou seja, as relações entre as pessoas se tornam mercantilizadas ou intercedidas pelo consumo das mercadorias.

Costa (1984), nos mostra o papel da publicidade, onde as propagandas e o consumo são expressão e produção de subjetividade narcísica, deste modo explica:

O problema fundamental do capitalismo contemporâneo não é mais a contradição entre maximização do lucro e racionalização da produção (em nível do empresário), mas entre uma produtividade virtualmente ilimitada (em nível da tecnoestrutura) e a necessidade de escoamento de produtos. Torna-se vital para o sistema, nesta fase, controlar não apenas o aparelho de produção, mas a demanda de consumo. Não apenas os preços, mas o que será “demandado” este preço. O efeito geral é o de, seja por meios anteriores ao ato da produção (pesquisas, estudos de mercado), seja por meios posteriores (publicidade, marketing, condicionamento), retirar do comprador o poder de decisão sobre a compra, para transferi-lo à empresa, onde pode ser manipulado. (COSTA, 1984, p. 150)

Percebe-se a abundância de mercadorias que

anunciam a felicidade daquilo que nos falta, e assim temos os indivíduos controlados por uma sociedade que manipulam as ideias do sujeito.

Ao analisar o consumo e o narcisismo, o que implicam na formação da subjetividade do sujeito, observa-se segundo a análise de Baudrillard os indivíduos buscam suas identidades por meio do que usam e consomem. Deste modo a sociedade busca a construção de subjetividades singulares. Costa (1984) ressalta o narcisismo analisado por Baudrillard em relação ao corpo

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como objeto de consumo na sociedade capitalista de hoje, onde o indivíduo é induzido a investir no seu corpo, para Baudrillard seria um narcisismo dirigido, não ao cuidado e erotização, seria um corpo privilegiado e submisso ao sistema da moda. Este corpo seria na busca do ideal imposto pela sociedade de consumo. 2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do momento que se estuda o corpo,

descobre-se um leque de significados, aspectos e símbolos que o envolvem. Este corpo é marcado de formas diferentes ao longo da história humana, percebe-se então que o corpo não é algo simplesmente objetivo, como um dado pronto, mas modifica-se conforme o momento histórico. Se lembrarmos da Grécia e comparar com nossa sociedade de hoje, encontraremos imagens de homens belos, definidos e fortes esculpidos em esculturas na Grécia, representando o modelo ideal de uma sociedade da polis e dos deuses. Hoje está imagem parece ter sofrido importantes modificações, principalmente por intermédio da sociedade de consumo que segundo Baudrillard (2008) mercantilizou os signos e fez do corpo a última fronteira da exploração capitalista. Dentre os difusores desta lógica consumista podemos encontramos nos meios de propaganda da mídia, entre elas a televisão, revistas, internet, outdoor, etc. Porém a imagem que a mídia nos oferece, é quase que inatingível o ideal de beleza, fazendo com que as pessoas percam a noção de seus verdadeiros significados e valores de ideais.

Assim para entender o corpo na sociedade de consumo, precisamos lembrar do corpo como objeto. A partir do capitalismo o homem passa a vender sua força de trabalho, num sistema capitalista cujo maior objetivo é o lucro. Percebemos então que o corpo se torna a objetivação da força de trabalho representado pela

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mercadoria, e depois, do próprio consumo. Nesta vende-se a ideia de um determinado tipo de corpo dando a ilusão de que com este corpo será valorizado socialmente, deste modo é preciso ter o corpo que a mídia propaga como aceitação social, onde a sociedade valoriza mais o “ter” do que “ser”.

Além desta questão é importante entender que com a sociedade de consumo, atinge grandes proporções, fragilizando o sujeito, atingindo sua subjetividade, tornando-o cúmplice de sua lógica e outdoor de modelos identificatórios. Assim, nos depararmos com os ideais que a sociedade nos influencia e sem perceber quais são os nossos verdadeiros ideais de corpo, ter a aparência que a sociedade prega ou cultuar o corpo de forma saudável igual os gregos investiam em envelhecer naturalmente o corpo e mente. REFERÊNCIAS BARBOSA, M. R., MATOS, P. M. & COSTA, M. E. Um

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58 O conhecimento na gestão financeira

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= III =

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS

Charllane Kelly Piovezan Fernando Sérgio de Campos Schiavone

3.1 INTRODUÇÃO

É comum percebermos em situações de crise que a população busca economizar nas compras, e independente de nos referirmos ao setor público ou ao privado, todo mundo busca os melhores produtos com o menor custo possível.

Isso leva a população a cobrar de seus governantes um menor gasto e melhor aplicação do dinheiro público, o que levou a criação de um sistema de registro de preço que é realizado por meio de licitações públicas.

Tem se percebido, que nos últimos anos, a população brasileira mostrou maior interesse no processo de redemocratização do país e tem participado mais ativamente na cobrança dos deveres dos seus governantes.

Tal fato pode ser notado pela busca da reforma ao Estado e pela vontade de construir um modelo de gestão pública que equilibre às necessidades dos cidadãos, o interesse público e a coordenação da economia assegurando a democracia (PAULA, 2005).

A Reforma do Estado aconteceu após a promulgação da Constituição Federal de 1998, a qual reestruturou ações e atividades estatais constantes no Plano Diretor que foi classificado em atividades exclusivas do Estado, por exemplo: legislação, regulação, fiscalização e formulação de políticas públicas; e

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60 O conhecimento na gestão financeira

atividades não exclusivas do Estado, conhecidas por serviços de caráter competitivo e atividades auxiliares ou de apoio podendo ser oferecidos tanto pela iniciativa privada ou setor público não estatal que devem ser submetidas à licitação pública para, se aprovadas, serem contratadas com terceiros (PAULA, 2005).

Para organizar tais ações, em 1988, a Constituição Federal, criou bases que exigiam a obrigatoriedade de licitação, citadas no artigo 37, de modo a assegurar a todos os concorrentes a igualdade de condições.

A Licitação pública foi criada com a finalidade de não permitir que a Administração Pública contrate livremente, partindo de interesses governamentais sobre um único departamento (VASCONCELOS, 2005).

De acordo com Nohara (2014), enquanto as empresas particulares possuem liberdade na contratação de obras e compra de produtos e serviços, a Administração Pública, deve obrigatoriamente seguir o processo licitatório, objetivando a impessoalidade, a igualdade de oportunidades com foco na proposta mais vantajosa que preze pela maior qualidade com o menor custo econômico.

Assim, a Administração Pública somente poderá contratar serviços ou adquirir produtos por meio de um processo que respeite os princípios constitucionais e administrativos, pois ela deve atender a interesses de todos. Assim, diversos instrumentos surgiram para intermediar essa realidade, mas será que de fato estão sendo bem aplicados visando o bem comum ou apenas interesses individuais?

3.2 LICITAÇÃO PÚBLICA

A principal função de qualquer órgão público é

garantir o pleno andamento da administração por meio de compras e contratações de serviços que atendam as necessidades gerenciais. Para garantir esse direito, a

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Sistema de registro de preços 61

administração pública procura sempre o melhor preço para aquilo que deseja adquirir por meio de licitações.

Segundo Meirelles (2004), a licitação é um procedimento administrativo que conduz a Administração Pública a escolher a proposta que ofereça mais vantagem e que irá atender seus interesses e, assim, poder firmar um contrato com o particular.

Trata-se de um procedimento administrativo formal, de natureza jurídica, por meio de atos lógicos e ordenados que receba convites e propostas vidando a homologação da prática do ato final ou adjudicação, pois não se trata da celebração efetiva do contrato, e sim a participação da empresa no processo de licitação que é a celebração do contrato administrativo entre as partes envolvidas no procedimento formal (NOHARA, 2014).

A licitação busca equilibrar interesses governamentais e administrativos; de um lado está o governo buscando a contratação que apresente mais vantagem, e de outro os comerciantes que buscam participar dos negócios. E é justamente nessa mediação que a Administração Pública desempenha um importante papel, de atender interesses da sociedade e as pretensões de toda a coletividade (VASCONCELOS, 2005).

Para que se haja uma licitação é preciso descrever o que se pretende adquirir, de forma detalhada o que se pretende comprar para que então o licitante entregue aquilo que foi descrito no acordo (CARVALHO; SILVA, 2011).

A licitação pública tem a Lei de Licitações para regulamentar suas atividades, ela é caracterizada como um meio eficaz para contratações de obras, compras de materiais e suprimentos e serviços públicos, pois ela possui parâmetros que exigem que os contratos sejam cumpridos assim como estimula a competição de empresas, que devem ser guiadas pela igualdade, para que todas tenham o direito de participar, sendo que o fator determinante do processo de escolha é o menor preço (VASCONCELOS, 2005).

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62 O conhecimento na gestão financeira

De acordo com o artigo 37 da Constituição Federal,

a administração pública de qualquer esfera, seja ela da União, dos Estados, do Distrito Federal ou Municípios deve seguir os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Estes princípios possuem a finalidade de limitar a atuação da administração pública para que ela não atue de forma absoluta, garantindo uma igualdade entre ela e o particular.

Desse modo, as administrações tributárias devem desempenhar atividades essenciais que priorizem o funcionamento do Estado, por meio de recursos advindos de licitações que permitirão a realização de tais atividades.

A Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993, estabelece os padrões que devem ser cumpridos nas licitações e nos contratos administrativos, no que diz respeito a obras, serviços, bens, compras, locações e publicidades.

Pois a licitação tem o objetivo de garantir os direitos democráticos dos cidadãos por meio da seleção da proposta que apresente maior vantagem para a administração, sendo processada e julgada de acordo com os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e transparência.

Portanto, a Lei nº 8.666/93 prossegue relatando que os agentes públicos não podem incluir ou aceitar nos atos de convocação, condições que comprometam, abreviem ou fracassem seu caráter de competição livre, garantindo assim que a licitação não tenha sigilo e possa ser assistida, acompanhada e acessada por qualquer cidadão que queira se inteirar da administração do órgão público.

A licitação possui várias modalidades, dentre elas a concorrência, o convite, a tomada de preços, o concurso, o leilão e o pregão, sendo que todas possuem características individuais que possuem determinados tipos de contratação (VASCONCELOS, 2005).

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Sistema de registro de preços 63

3.3 MODALIDADES DE LICITAÇÃO De acordo com o artigo 22 da Lei nº 8.866/93 serão

descritos a seguir as modalidades de licitação bem como suas definições.

3.3.1 Concorrência

É uma modalidade de licitação mais utilizada

quando se precisa firmar contratos em que os valores são mais elevados, desse modo, ela permite que vários interessados participem, os quais devem comprovar que possuem requisitos de qualificação (financeiro, acervo técnico, idoneidade...) para executar o que for solicitado.

3.3.2 Tomada de Preços

É um meio o qual os interessados em participar do

certame deverão se cadastrar e atender as exigências do edital, assim, impõe maior credibilidade ao edital sem impedir a participação de todos os interessados que atendam aos requisitos impostos.

3.3.3 Convite

É uma forma simples de licitação, geralmente

utilizada para contratos de menor valor, no qual, os interessados que atuam no ramo especificado, são convidados pela administração pública a participarem, sendo observadas as regulamentações de menor preço.

3.3.4 Concurso

Modalidade realizada para preencher

necessidades sejam elas técnicas, científicas ou artísticas, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos aprovados ou vencedores.

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64 O conhecimento na gestão financeira

3.3.5 Leilão

Utilizado para a venda de bens móveis inservíveis

ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, não existe necessidade de habilitação prévia, sendo que o bem vai ser arrematado pelo interessado que oferecer o maior valor no lance.

3.3.6 Pregão

É uma modalidade de licitação a qual se objetiva a

aquisição de bens e serviços pelos quais a disputa pelo fornecimento se dá por meio de sessão pública, com propostas e lances, na qual vencerá o licitante com o menor preço (VASCONCELOS, 2005).

Portanto, Maurano (2004), afirma que para que a contratação de um serviço especializado seja efetivada, o agente público deve cumprir as modalidades previstas na Lei 8.866/93. Considerando que algumas propostas se atentem nas modalidades de concorrência ou tomada de preços a critérios de menor valor, da melhor técnica ou de técnica e preço; o pregão se baseará sempre no menor preço.

É necessário se ter um controle dos procedimentos, para isso Nohara (2014) define que é importante que arquivos e registros estejam sempre disponíveis para supostas auditorias sejam elas internas ou externas, para acesso livre de quem tiver interesse.

3.4 SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS

A Lei nº 8.666/93 no Art. 15 II estipula que a

administração pública sempre que possível deverá fazer suas compras com base no sistema de registro de preços regulamentado por meio de licitação.

De acordo com o Decreto Federal nº 7.892 de janeiro de 2013, entende-se por Sistema de Registro de

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Sistema de registro de preços 65

Preços o conjunto de procedimentos realizados com a finalidade de registrar formalmente os preços relativos à prestação de serviços e obtenção de bens, com foco nas futuras contratações.

Entende-se como um conjunto de procedimentos que registram preços de serviços ou de bens para futuras contratações, é um sistema que possui validade de um ano, realizado na modalidade de concorrência ou pregão, não obrigando a administração a contratar os fornecedores registrados, desde que assegure a transparência na igualdade de condições (NOHARA, 2014).

Para isso, deve ser escrita uma Ata de Registro de Preço, a qual diz respeito a um documento de caráter vinculativo e obrigatório, que vise o compromisso para com a futura contratação no qual, os preços são registrados pelos fornecedores e os órgãos participantes cobram as condições descritas, conforme disponibilizadas no instrumento.

Vale ressaltar que o sistema de registro de preço não gera a obrigação da contratação com o licitante vencedor, diferente do que ocorre no pregão ou nas concorrências tradicionais, pois a diferença vai estar no objeto procurado (CARVALHO,2008).

A Administração Pública tem no sistema de registro de preços um meio de economizar nas suas compras, sem ter de armazenar grandes quantidades de produtos ou prever estoques, já que é quase impossível prever a quantidade de produtos a serem licitados.

O Sistema de Registro de Preços geralmente vai ser usado nas seguintes circunstâncias (SEBRAE, 2014):

A- Necessidade de contratações frequentes, de acordo

com o bem e serviço a ser adquirido. B- Compra de bens ou serviços para atender as

necessidades de um ou mais órgãos ou entidades. C- Quando não for possível prever a quantidade dos

bens ou serviços a serem adquiridos.

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66 O conhecimento na gestão financeira

D- Quando houver necessidade de parcelamento de

bens ou serviços a serem pagos conforme medição com base em tarefa executadas.

Por isso, a Administração Pública prevê e lança no

edital um número de itens superior ao que geralmente utiliza, o qual, na assinatura da Ata de Registro de Preço, o licitante vencedor deverá se comprometer a fornecer o item determinando pelo preço acordado quando solicitado (CARVALHO; SILVA, 2011).

Vale destacar que a adoção do Sistema de Registro de Preços estabeleceu a possibilidade de diferentes órgãos e entidades terem acesso a proposta mais vantajosa em uma licitação (CARVALHO, 2008).

Por esse meio, a Administração Pública, consegue controlar a qualidade daquilo que será comprado, não podendo determinar em edital a preferência por determinada marca, mas caso o produto não tenha a qualidade esperada, o município não necessita continuar comprando algo que não vai servir pra nada (CARVALHO; SILVA, 2011).

Carvalho (2008) relata que dentre as vantagens de se realizar um sistema de registro de preços, estão à possibilidade de se fazer um levantamento orçamentário prévio, a não necessidade de armazenar grandes estoques, a incerteza da quantidade necessária para uso, à redução dos números de licitações, participação de pequenas e médias empresas, preços atualizados e vantagens para os licitantes. Dentre as desvantagens, está a possibilidade de não cumprimento, o aumento dos preços e a mudança organizacional.

Para se entender melhor a respeito das atribuições do Sistema Registro de Preço, o SEBRAE (2014), descreveu os órgãos envolvidos, sendo o órgão gerenciador aquele órgão da administração pública que vai ser responsável por conduzir o processo de registro de preço e gerenciar a ata; o órgão participante, seria aquele que participa dos processos iniciais e se integra a ata; o

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Sistema de registro de preços 67

órgão não participante, é aquele que não se envolveu nos processos iniciais da licitação mas pega carona e se registra a ata; o órgão participante de compra nacional é aquele que por participar de programa ou projeto federal se beneficia e é contemplado com o registro de preço; e por fim o beneficiário da ata, que é a empresa vencedora do processo que assumira os compromissos e condições previstas na Ata.

Entretanto, para participar de um Sistema de Registro de Preço o participante deve previamente fazer um levantamento da perspectiva de consumo; deve mostrar interesse de cumprir com prazos; cabe ter conhecimento prévio da Ata de Registro de Preço, mesmo depois de encerrada e deve prevalecer a garantia de defesa, pensando nas penalidades possíveis, em decorrência do descumprimento do acordado na ata de registro de preços ou em relação ao descumprimento das obrigações contratuais (SEBRAE, 2014).

Entretanto, cabe ao órgão gerenciador examinar se as informações contidas na ata condizem com a realidade apresentada pela empresa, ou seja, deve se verificar se existe em estoque a quantidade necessária, assim como se não ultrapassou o limite permitido. Caso isso não tenha acontecido, ele deverá entrar em contato com a empresa que têm o melhor preço registrado e verificará se ela tem interesse de fornecer o material também para outro órgão (SEBRAE, 2014).

Lembrando que de acordo com o Decreto Federal nº 7.892 (2013), é dever do instrumento convocatório, no caso a administração pública, prever a quantidade necessária de adesões à ata de registro de preços, sabendo que ele não poderá exceder ao quíntuplo do quantitativo de cada item registrado na ata de registro de preços.

Pois, após a efetivação da homologação da licitação, cabe ao órgão competente observar se o registro de preços vai ser constado na ata de registro de preços, se os preços e quantidades do licitante de fato são os

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melhores em relação às demais empresas que disputaram em concorrências. Para assim, incluir na ata em forma de anexo, o registro de todos os licitantes que aceitarem que os bens ou serviços tenham preços iguais aos do licitante vencedor, prevalecendo à ordem de classificação dos licitantes registrados na ata (SEBRAE, 2014).

Vale ressaltar que todo cidadão são legítimos para impugnar um preço, constante da ata de Registro de Preços, quando este estiver incompatível com mercado. Levando-se em consideração que uma Ata de Registro de Preço – ARP deverá valer até que se tenha comprado toda a quantidade solicitada no registro, ou até acabar o prazo de validade do processo (SEBRAE, 2014).

O Registro de Preço pode ser cancelado caso não haja cumprimento do contrato por razão de interesse público ou pedido do fornecedor, por esse motivo os preços geralmente são revistos regularmente e cabe ao órgão gerenciador conduzir a negociação com fornecedores (NOHARA, 2014).

3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que é fator imprescindível para o pleno

funcionamento da Administração Pública que ela adquira seus produtos e serviços por meio da licitação, instrumento criado para garantir a igualdade de oportunidades, por meio da livre concorrência para todas as empresas, desde que os gestores garantam a transparência.

Por meio dela, ocorre verdadeira disputa administrativa, com objetivo de assegurar o melhor uso do dinheiro público, seja em quantidade e qualidade do produto ou serviço a ser oferecido.

Dentre as várias modalidades de licitações, geralmente se utiliza o Sistema de Registro de Preço por meio do pregão, no qual o menor preço sai vencedor perante o cumprimento das exigências descritas em edital de forma simples, rápida e econômica.

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Sistema de registro de preços 69

Todavia, nem sempre um processo licitatório tem sua eficácia comprovada, resultado de processos mal gerenciados (má descrição ou qualificação do produto ou material a ser adquirido), editais mal elaborados que privilegiam determinadas classes, não assegurando assim o direito da igualdade e transparência de todos.

Por isso, é fundamental que o legislador deva sempre buscar atender as demandas da administração considerando a realidade econômica na qual ele está inserida e as necessidades dos cidadãos.

Portanto o registro de preços é uma excelente ferramenta para a administração pública, proporcionando maior agilidade, eficiência e controle nas aquisições de bens e serviços. REFERÊNCIAS:

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da

República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Antônio Luiz de Toledo Pinto; Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt; Livia Céspedes. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

BRASIL. Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

BRASIL. Decreto Federal nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013.

CARVALHO, Carlos Henrique Soares. Os efeitos de sistema de registro de preço nas compras públicas: estudo de caso da Secretaria Municipal de Obras, Serviços Básicos e Habitação da cidade de Manaus. 2008.

CARVALHO, Marco Vinicius Pereira de; SILVA, Jeferson Valdir da. Registro de preços, uma alternativa inteligente para economizar. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 92, set 2011.

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70 O conhecimento na gestão financeira

DE PAULA, Ana Paula Paes. Administração pública

brasileira entre o gerencialismo e a gestão social. RAE-revista de administração de empresas, v. 45, n. 1, p. 36-49, 2005.

MAURANO, Adriana. A instituição do pregão para aquisição de bens e contratação de serviços comuns. Interesse público, p. 164-165, 2004.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004.

NOHARA, Irene Patrícia. Direito administrativo. 4 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE. Sistema de Registro de Preços – SRP. Brasília: Sebrae, 2014. Disponível em: http://www.comprasgovernamentais.gov.br/arquivos/micro-e-pequenas-empresas/registro-de-preços-29out2014.pdf

VASCONCELOS, Fernanda. Licitação pública: análise dos aspectos relevantes do Pregão. Prima Facie-Direito, História e Política, v. 4, n. 7, p. 151-163, 2005.

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= IV =

O IMPACTO DA LIDERANÇA NO CLIMA ORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO NO SETOR DE FISCALIZAÇÃO ECONÔMICA DA PREFEITURA

MUNICIPAL DE MARINGÁ

Rosângela Danielides Simone Junko Skiyama Oti

4.1 INTRODUÇÃO

Atualmente para se ter um diferencial, as empresas

estão em busca de melhores resultados, produtos com melhor qualidade, inovação entre outros fatores. Em virtude disso, o capital humano tem um papel fundamental nas organizações, pois é somente por meio de pessoas, com o comprometimento e a motivação que efetivamente ocorrerá um processo de mudança organizacional.

Há de se considerar uma mudança na mentalidade das empresas, nenhuma empresa atinge o sucesso se não tiver pessoas engajadas e satisfeitas no ambiente de trabalho. É necessário que a organização invista em atividades que visem a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores e busquem o aperfeiçoamento do ambiente de trabalho.

O bem-estar dos colaboradores e a rentabilidade das empresas andam juntas. Uma gestão de pessoas eficiente deve formar e consolidar equipes internas produtivas e comprometidas com a estratégia e as metas da empresa, utilizando adequadamente processos seletivos, atividades de treinamento, aperfeiçoamento e desenvolvimento de habilidades individuais, feedback, otimizando recursos e investimentos com o objetivo de maximizar os lucros.

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72 O conhecimento na gestão financeira

Neste sentido, é fundamental que as organizações

busquem manter níveis de satisfação entre seus colaboradores, analisando o clima organizacional a fim de obter uma melhor percepção na qualidade do ambiente de trabalho. Pode-se citar que um dos principais fatores que influência o clima organizacional é a liderança. A figura representada pelo líder possui papel fundamental no processo de desenvolvimento na equipe e nos resultados por ela apresentados.

Diante do exposto, este trabalho busca analisar o impacto da liderança no clima organizacional do setor de Fiscalização Econômica da Prefeitura Municipal de Maringá.

4.2 REFERENCIAL TEÓRICO

4.2.1 Clima Organizacional

O clima organizacional demonstra como está a

satisfação do colaborador no ambiente de trabalho. Cada vez mais, compreender o clima organizacional e os fatores que determinam e o influenciam são de grande importância para as organizações pois são fatores que interferem na satisfação ou descontentamento do colaborador no trabalho.

O clima organizacional está ligado diretamente à maneira como o colaborador percebe a organização com a sua cultura, suas normas, seus usos e costumes, como ele interpreta tudo isso, como ele reage, positiva ou negativamente a essa interpretação (GASPARETTO, 2011, p. 16).

Quando há um bom clima organizacional, a

tendência é que a satisfação das necessidades profissionais e pessoais sejam concretizadas, mas por outro lado, quando o clima é considerando tenso, ocorre

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O impacto da liderança... 73

frustração dessas necessidades provocando insegurança e descontentamento entre os colaboradores.

Diante do exposto, observa-se que houve mudanças significativas no que diz respeito aos paradigmas tradicionais e do terceiro milênio, Segundo Luz (2012) pode-se citar dois tipos de clima organizacional: o clima pode ser bom quando prevalecem as atitudes positivas que dão ao ambiente de trabalho uma conotação favorável como alegria, confiança, entusiasmo, satisfação, motivação e comprometimento por parte dos colaboradores. O clima pode ser ruim ou prejudicado quando algumas variáveis como o alto turnover, rivalidade, competições exacerbadas se manifestam com maior intensidade dentro da organização.

Luz (2012) acredita que “a pesquisa de clima organizacional deve ser considerada como uma estratégia para identificar oportunidades de melhorias contínuas no ambiente de trabalho”

A pesquisa de clima organizacional é uma ferramenta importante, pois se verifica se as necessidades dos colaboradores estão sendo atendidas pela empresa mensurando a eficácia da mesma.

4.2.2 Pesquisa de clima organizacional

A pesquisa de clima organizacional é importante

para que a organização tenha parâmetros em busca de melhorias no ambiente interno atenuando problemas que possam estar causando insatisfação dos colaboradores, prejudicando a produtividade e os resultados da organização.

Gasparetto (2011) aponta que a Pesquisa de Clima Organizacional é um instrumento de diagnóstico utilizado nas empresas para obter informações, analisar e interpretar a opinião dos colaboradores a respeito dos fatores que influenciam no clima organizacional como política interna da empresa, normas e procedimentos utilizados e os que poderão ser implantados.

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Atrelado a isso, Luz (2012, p. 42) retrata “que a

pesquisa de clima é um método formal de se avaliar o clima de uma empresa sendo um instrumento importante para fornecer subsídios capazes de aprimorar continuamente o ambiente de trabalho”.

Segundo Gil (1994, p. 160) é de suma importância que as empresas desenvolvam periodicamente pesquisas sobre o clima organizacional com o intuito de:

Identificar e mensurar as atitudes dos empregados

para com os programas, políticas e possibilidades práticas da empresa. De posse dessas informações, a empresa poderá avaliar os efeitos das decisões anteriores e promover mudanças onde for conveniente,

Desenvolver a compreensão das gerencias acerca dos pontos de vista dos empregados para melhorar as relações de trabalho com seus subordinados,

Identificar as tendências das opiniões e atitudes dos empregados. Comparando-se os resultados de levantamentos sucessivos, torna-se possível antecipar tendências que poderão influir no comportamento dos empregados. Desta forma, a pesquisa de clima organizacional poderá constituir um verdadeiro “sistema de alerta preventivo”,

Subsidiar estudos acerca da eficiência organizacional. Os dados contidos poderão ser utilizados para obter uma melhor compreensão acerca dos fatores que intervém na satisfação e na moral do empregado.

A pesquisa deverá ser realizada através do

preenchimento de questionário abrangendo todos os colaboradores do setor de Fiscalização Econômica da Prefeitura Municipal de Maringá. Importante lembrar que a empresa deve estar disposta a executar ações efetivas que levem a um aumento dos níveis de satisfação dos colaboradores. Caso isso não aconteça, cria-se uma falsa expectativa que quando não atendida pode-se piorar o clima interno entre os colaboradores.

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O impacto da liderança... 75

4.2.3 Liderança O conceito de liderança sempre aponta como o

líder deve agir e como ele deve ser; contudo, à medida em que se conhece sobre os estilos de liderança, entende-se que não há um conceito definido e nem um perfil específico de líder a ser aplicado nas situações diárias das organizações. Assim, a liderança deve ser desempenhada conforme as vivências dentro da empresa.

Visto o que foi apresentado até agora, é importante que a organização tenha conhecimento que a relação líder x liderado gera impacto decisivo no clima organizacional. O líder possui a capacidade de despertar a motivação do colaborador, de exercer influência sendo capaz de fornecer um ambiente positivo baseado em sua relação com o liderado.

Com o objetivo de atingir o resultado esperado da pesquisa, faz-se necessário a explanação do conceito de liderança. Fiorelli (2004, p. 200) ressalta que “liderança é a capacidade que algumas pessoas possuem de conseguir que outras, de modo espontâneo, ultrapassem o estabelecido formalmente”.

Nos dias de hoje, quando se fala em administração participativa e de qualidade, é importante que os colaboradores da empresa estejam comprometidos com a missão e visão da mesma. Mas para se conseguir este apoio é necessário que haja gestores que possuem capacidade e habilidade de liderança, que mostre ao liderado que a empresa se preocupa com o bem-estar e a garantia de um futuro melhor dentro da organização.

Segundo Robbins (2005, p. 45) “Liderança é um processo de influência pela qual os indivíduos, com suas ações, facilitam o movimento de um grupo de pessoas rumo a metas comuns ou compartilhadas”.

Há de se considerar outro fator no que diz respeito a liderança. De acordo com Fiorelli (2004, p 203) “líderes são pessoas significativas para os liderados. Elas possuem capacidade, por exemplo, de orientar em

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76 O conhecimento na gestão financeira

decisões cruciais, mostram-se presentes em momentos de fragilidade, proporcionando o amparo imprescindível em situações angustiantes”.

Para que um líder se torne eficaz, é necessário que o mesmo saiba quais os elementos que motivam seus colaboradores criando ações gerenciais para a realização destas.

4.3 METODOLOGIA

Para que o objetivo do trabalho seja alcançado,

foram estabelecidos alguns passos importantes, para que o andamento da pesquisa fosse bem-sucedido e demonstrasse em todas as partes como deveria ser tratado o objeto de estudo.

Toda pesquisa tem a função de elaborar conhecimentos que possibilitem o desenvolvimento humano, sendo uma atividade de investigação da realidade, da resolução de problemas específicos. Metodologia segundo Cervo, Bervian e Da Silva (2007), é o caminho a ser percorrido para chegar a um determinado local ou objetivo proposto.

De acordo com Andrade (2007, p. 63) “a metodologia da pesquisa refere-se ao conjunto de métodos e técnicas empregados no desenvolvimento de cada etapa da pesquisa”.

Para Severino (2008) “a ciência se faz quando o pesquisador analisa os fatos aplicando recursos técnicos, seguindo um método e apoiando-se em fundamentos que justifica a própria metodologia aplicada”.A respeito de tipo de estudo, o presente trabalho utilizou de pesquisa bibliográfica, pesquisa descritiva, exploratória e estudo de caso.

Foi realizada pesquisa bibliográfica focada em gestão de pessoas, clima organizacional e liderança. Isso, porque é necessário conhecer tais assuntos, para que se possa estabelecer um comparativo claro para análise.

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O impacto da liderança... 77

Segundo Gil (2002, p. 44), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

Visto o que foi mencionado acima, a presente pesquisa foi feita através de livros, artigos e monografias.

4.3.1 Estudo de caso

O estudo de caso reúne o maior número de

informações detalhadas, valendo-se de diferentes técnicas de pesquisa, visando apreender uma determinada situação e descrever a complexidade de um fato.

Foi realizado um estudo de caso da empresa objeto deste estudo, sobre o qual o impacto da liderança no clima organizacional. Para Gil (2002, p.54), “estudo de caso é uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos [...]”.

Tal estudo é fundamental para averiguar se como anda o clima dentro da empresa, quais os fatores que interferem na satisfação ou descontentamento no trabalho.

Foi realizada uma visita à empresa para conhecimento de todo o processo envolvido. A visita se encaixa na pesquisa de campo, que é o processo pelo qual as informações são reunidas, sendo coletadas de pequenos grupos de pessoas a respeito da problemática estudada.

Após esta visita foi elaborado um questionário básico, com situações simples a respeito do clima organizacional, e os dados coletados seguirão para uma análise de todos os pontos levantados do processo utilizado na empresa, verificando a existência ou não de falhas que acarretam dano a empresa.

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78 O conhecimento na gestão financeira

4.4 DISCUSSÃO E ANALISE DOS DADOS

O processo de análise de dados envolve alguns

métodos: codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos proposta por Severino (2008).

Para análise de dados obtidos foi utilizado confecção e discussão de gráficos, elaborados a partir da tabulação das questões do questionário.

Na visão de Barros e Lehfeld (2000, p. 85) o objetivo desta fase é sumariar, classificar e codificar as observações feitas e os dados obtidos. O pesquisador deve, em seu planejamento, explicar as principais operações a serem desenvolvidas para confrontar seus dados com objetivos e questões propostas para o estudo.

Essa análise permite-se conhecer e identificar pontos negativos e positivos, para assim propor melhorias quando necessárias.

4.4.1 Resultados e discussão

O objetivo geral da pesquisa foi analisar o impacto

da liderança no clima organizacional no setor de Fiscalização Econômica da Prefeitura Municipal de Maringá. Para tal intento, realizou-se pesquisa bibliográfica, descritiva, exploratória e o instrumento de coleta de dados foi a aplicação de um questionário realizado no setor de Fiscalização Econômica que conta com 25 servidores públicos (foram respondidos 24 questionários pois 1 colaborador estava de licença médica) sendo 16 do sexo masculino e 8 do sexo feminino.

De acordo com Luz (2012), a parametrização deve ser definida assim:

Respostas com sempre, quase sempre, sim e mais ou

menos: devem ser tabulados como manifestação de satisfação por parte do respondente.

Respostas com nunca, não e raramente: devem ser tabulados como manifestação de insatisfação.

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O impacto da liderança... 79

Inicialmente será analisado o elemento clima e gestão que estão contidas nas questões 5, 6, 8, 14 e 24 de acordo com Anexo 1. Em relação à pergunta cinco, onde foi questionado se o clima da equipe é bom, 72% considera quase sempre, 20% sempre, 4% raramente e nunca.

Observa-se no gráfico 1 que os respondentes, consideram de forma geral o clima da equipe bom.

Conforme Luz (2012) explica, o clima organizacional considera-se bom quando prevalecem atitudes positivas que dão ao ambiente de trabalho uma conotação favorável de entusiasmo e alegria.

Gráfico 1: O clima de trabalho da equipe é bom. Fonte: Autora (2013)

Na pergunta seis, é questionado “você é informado

pelo seu superior imediato (gerente) sobre o que ele acha do seu trabalho?”, 54% responderam raramente, 17% sempre e nunca e 12% quase sempre, conforme mostra

20%

72%

4% 4% 0%

O clima de trabalho da equipe é bom?

Sempre Quase sempre

Raramente Nunca

Não tenho opinião

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80 O conhecimento na gestão financeira

gráfico 2 .

Gráfico 2: Você é informado pelo seu superior imediato (gerente) sobre

o que ele acha do seu trabalho. Fonte: Autora (2013)

Na questão 8, “você recebe do seu superior as

informações necessárias para a realização do seu trabalho?”, 38% responderam raramente, 33% quase sempre e 29% sempre.

17%

12%

54%

17%

0%

Você é informado pelo seu superior imediato (gerente) sobre o que ele acha do seu

trabalho?

Sempre Quase sempre

Raramente Nunca

Não tenho opinião

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O impacto da liderança... 81

Gráfico 3: Você recebe do seu superior as informações necessárias

para a realização do seu trabalho. Fonte: Autora (2013)

Observa-se nos gráficos 2 e 3, que não há um

feedback quanto ao trabalho desenvolvido.O feedback é uma outra ferramenta que pode ser usada como motivação por parte do colaborador, pois permite que o mesmo conheça seus pontos positivos e negativos bem como oferece suporte para desenvolver seu plano de desenvolvimento pessoal e gestão de carreira. (ROSSI apud GATTI, 2010).

Na pergunta de número quatorze, onde o respondente é questionado se os gestores da empresa dão bons exemplos aos seus funcionários, 37% responderam que sempre, 29% raramente, 17% quase

29%

33%

38%

0% 0%

Você recebe do seu superior as informações necessárias

para a realização do seu trabalho?

Sempre Quase sempre

Raramente Nunca

Não tenho opinião

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82 O conhecimento na gestão financeira

sempre e não possuem opinião conforme aponta o gráfico 4.

Gráfico 4: Os gestores da empresa dão bons exemplos aos seus

funcionários Fonte: Autora (2013)

De acordo com Gasparetto (2011, p 16), o clima organizacional está ligado diretamente à maneira como o colaborador percebe a organização com a sua cultura, suas normas, seus usos e costumes, como ele interpreta tudo isso, como ele reage, positiva ou negativamente a essa interpretação.

37%

17%

29%

0% 17%

Os gestores da empresa dão os bons exemplos aos seus

funcionários?

Sempre Quase Sempre

Raramente Nunca

Não tenho opinião

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O impacto da liderança... 83

Percebe-se assim que a maioria dos respondentes consideram seus gestores como bons exemplos.

No gráfico 5, quando questionado se o superior imediato é bom tecnicamente, e como se pode observar, 54% dos respondentes responderam sim. Assim, pode-se dizer que para a maioria, o gestor conhece bem o trabalho, passa isso para seus subordinados, resultando nesse percentual de satisfação.

Gráfico 5: Seu superior imediato (gerente) é bom tecnicamente,

conhece bem o trabalho que faz. Fonte: Autora (2013)

Segundo Luz (2012) na pesquisa organizacional,

as empresas buscam saber a avaliação dos colaboradores quanto às variáveis como salário, benefícios, supervisão/ liderança/gestão, comunicação, treinamento, motivação

54%

0%

46%

Seu superior imediato (gerente) é bom

tecnicamente, conhece bem o trabalho que faz?

Sim Não Mais ou Menos

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84 O conhecimento na gestão financeira

entre outras.

Quando questionados se a remuneração é adequada ao trabalho que se faz, mostra-se no gráfico 6, que 83% responderam que não, 21% mais ou menos e 8% disseram que sim. Percebe-se que a maioria está insatisfeita com a remuneração atual.

Gráfico 6: Sua remuneração é adequada ao trabalho que você faz. Fonte: Autora (2013)

Ainda falando de remuneração, ao serem

questionados como você compara o seu salário ao de outras pessoas que executam tarefas semelhantes a sua, em outra empresa, 83% responderam pior e 17% igual, como mostra gráfico 7.

8%

71%

21%

Sua remuneração é adequada ao trabalho que você faz?

Sim Não Mais ou Menos

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O impacto da liderança... 85

Gráfico 7: Como você compara o seu salário ao de outras pessoas que

exercem tarefas semelhantes a sua em outra empresa. Fonte: Autora (2013)

Segundo Luz (2012, p 42), salário é uma das principais variáveis a serem pesquisadas, em função da sua importância sobre o grau de satisfação dos empregados. Analisa a percepção deles quanto a compatibilização dos salários da empresa com os praticados no mercado; o equilíbrio existente na empresa entre os salários dos cargos de mesma importância; a possibilidade de viver dignamente com o salário, o impacto na atração de talentos e na satisfação e fixação dos funcionários; a justiça na prática

0%

17%

83%

Como você compara o seu salário ao de outras pessoas

que exercem tarefas semelhantes a sua em outra

empresa?

Melhor Igual Pior

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86 O conhecimento na gestão financeira

dos aumentos salariais concedidos; a clareza quanto aos critérios do plano de cargos e salários da empresa.

Percebe-se que a política salarial não está

coerente e nem bem administrada, causando um elevado índice de insatisfação entre os colaboradores, afetando negativamente o clima organizacional da empresa.

O gráfico 8, apresenta o índice que indica se os benefícios oferecidos pela empresa atendem suas necessidades, 46% responderam mais ou menos, 42% não e 12% sim.

Gráfico 8: Os benefícios oferecidos pela empresa atendem suas

necessidades. Fonte: Autora (2013)

Outra variável importante para ser observada

quanto a avaliação dos colaboradores, são os benefícios oferecidos pela empresa. Segundo Luz (2012, p 42),

12%

42%

46%

Os benefícios oferecidos pela empresa atendem suas

necessidades?

Sim Não Mais ou Menos

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O impacto da liderança... 87

benefícios avalia quanto eles atendem às necessidades e expectativas dos funcionários; a qualidade da prestação desses serviços aos funcionários; o impacto na atração, fixação e satisfação dos colaboradores.

De acordo com a parametrização de Luz (2012), 46% dos respondentes se responderam mais ou menos com os benefícios que recebem, isso quer dizer satisfação. Mas vale ressaltar que 42% se dizem insatisfeitos. Seria interessante a empresa reavaliar sobre a questão dos benefícios.

Para Luz (2012, p 43) as variáveis organizacionais supervisão/liderança/gestão:

Revela a satisfação dos funcionários com os seus gestores; a qualidade da supervisão exercida; a capacidade técnica, humana e administrativa dos gestores; o grau de feedback dado por eles à equipe; o tratamento justo dado à equipe. Salário e gestão constituem as duas mais importantes variáveis organizacionais. O gestor assume um papel fundamental sobre o clima de sua equipe de trabalho, pois ele representa a empresa e exerce várias tarefas que podem influenciar positiva ou negativamente o clima organizacional e seu estilo de gestão.

Outro fator importante é a questão do treinamento.

Na questão vinte e três é questionado se o líder oferece treinamento para seu desenvolvimento. O gráfico 9 aponta que 54% responderam raramente, 21% quase sempre, 13% nunca e 12% sempre.

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88 O conhecimento na gestão financeira

Gráfico 9: O líder oferece treinamento para o seu desenvolvimento Fonte: Autora (2013)

Luz (2012, p 44) afirma que para os colaboradores,

o treinamento/ carreira/ progresso são indicadores de oportunidades para se qualificar, atualizar e se desenvolver profissionalmente.

Na presente pesquisa, 54% raramente recebem algum tipo de treinamento. Observa-se que na maioria das vezes o colaborador aprende o trabalho no dia a dia, perguntando para o colega que está mais tempo no setor.

12%

21%

54%

13%

0%

O líder oferece treinamento para o seu

desenvolvimento?

Sempre Quase sempre

Raramente Nunca

Não tenho opinião

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O impacto da liderança... 89

Quando questionados na questão nove, se você recebe o reconhecimento devido quando realiza um bom trabalho, 50% responderam raramente, 27% sempre, 18% quase sempre e 5% nunca como mostra o gráfico 10. Observa-se que a metade dos respondentes estão insatisfeitos quanto ao reconhecimento do trabalho proposto. Isso gera um descontentamento muito grande afetando a produtividade da empresa.

Gasparetto (2011) afirma que o reconhecimento do trabalho ou esforço é de grande valia quando o colaborador se sente reconhecido dentro da organização. O reconhecimento não precisa ser necessariamente em dinheiro, mas pode ser um elogio, uma folga extra.

Gráfico 10: Você recebe o reconhecimento devido quando realiza um

bom trabalho. Fonte: Autora (2013)

27%

18%50%

5% 0%

Você recebe o reconhecimento devido quando realiza um bom

trabalho?

Sempre Quase sempre

Raramente Nunca

Não tenho opinião

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90 O conhecimento na gestão financeira

Com o intuito de enriquecer esta pesquisa, foi feito

uma comparação quanto ao tempo de trabalho do colaborador na organização versus questões pertinentes a liderança e a satisfação por trabalhar na empresa.

Tabela 1- Comparativo tempo de trabalho x liderança x satisfação

Tempo de trabalho na empresa/ pergunta

0 a 5 anos 18 a 23 anos

Você considera seu superior hierárquico um bom líder?

60% mais ou menos

60% sim

Como você avalia seu superior imediato quanto a motivação dos subordinados?

60% muito mal

60% razoável

Você está satisfeito por trabalhar nesta empresa?

80% mais ou menos

60% mais ou menos

Fonte: Autora (2013)

De acordo com a tabela 1 observa-se que tanto os

colaboradores que são mais novos (menos de 5 anos) quanto os que estão a mais de dezoito anos na empresa consideram que o superior hierárquico (gerente) um bom líder. Visto o que foi apresentado no referencial teórico, o líder possui a capacidade de despertar a motivação do colaborador, de exercer influência sendo capaz de fornecer um ambiente positivo baseado em sua relação com o liderado.

Gil (1994) retrata: A medida que os gerentes são capazes de motivar, influenciar ou dirigir o comportamento das pessoas, estão exercendo liderança. A liderança constitui uma das mais importantes influências que se pode exercer

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O impacto da liderança... 91

em relação ao desempenho das pessoas. E pode-se dizer que a capacidade para o exercício da liderança determina em larga escala a eficácia do gerente. (GIL, 1994, p. 124).

Na questão se você avalia seu superior imediato

quanto a motivação dos subordinados, 60% dos colaboradores que estão na empresa a menos de 5 anos afirmaram que é muito ruim em contrapartida, 60% dos colaboradores mais antigos, responderam razoável.

Knapik (2006, p 22) afirma que O clima organizacional é o ambiente psicológico que existe dentro de um departamento ou empresa, é aquela condição interna percebida pelas pessoas e que influencia seus comportamentos. Está ligado à motivação da equipe, aos aspectos internos da organização que conduzem a diferentes níveis ou tipos de motivação e dão origem a comportamentos que podem ser favoráveis e benéficos ou desfavoráveis e prejudiciais ao trabalho.

É importante que o gestor eficaz tenha a

desenvoltura de motivar seus subordinados para a busca de melhores resultados.

Quanto a opinião sobre se você está satisfeito em trabalhar nesta empresa, a grande maioria respondeu mais ou menos, ou seja, observa-se uma certa satisfação, não plenamente pois alguns quesitos como salário, treinamento estão em baixa.

Gasparetto (2011) afirma que a realização pessoal, a satisfação por um trabalho bem realizado são consequências que os colaboradores desejam das tarefas que realizam.

Cabe o gestor a responsabilidade de assegurar essa satisfação estreitando o relacionamento com o colaborador, conhecendo suas buscas e metas pessoais e profissionais.

A partir do contexto encontrado e analisado entre

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os colaboradores da Fiscalização Econômica (setor da Secretaria Municipal de Gestão) da Prefeitura de Maringá, ressaltam-se algumas situações encontradas (consideradas negativas) e possíveis alternativas de ação, apresentadas no quadro 6.

Situação Encontrada Sugestão de Ação

54% dos respondentes não são informados pelo seu superior imediato sobre o que eles acham do trabalho deles

Realizar feedback para nortear os erros e acertos dos colaboradores, permitindo que o mesmo conheça seus pontos fortes e para que possa melhorar os pontos fracos.

71% dos respondentes considera que a remuneração não está adequada com o trabalho que se faz.

Implantação de um plano de cargos e salários, pois o mesmo propicia a valorização, estímulo e reconhecimento profissional.

46% dizem que os benefícios atendem mais ou menos suas necessidades, seguido de 42% de resposta negativa.

Reavaliar os benefícios oferecidos, pois este item é um fator motivacional para o colaborador.

58% responderam razoável a avaliação do superior imediato quanto a motivação dos subordinados. 50% dizem que raramente são reconhecidos pelo trabalho que realizam

Motivação e reconhecimento são fatores importantes no tocante a alcançar os objetivos organizacionais. Os estímulos que podem ser empregados incluem um simples elogio ao colaborador até a ampliação das responsabilidades disponibilizando oportunidades de crescimento.

Quadro 6 - Sugestão de ação Fonte: Autora (2013).

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O impacto da liderança... 93

Com as sugestões apresentadas no quadro 6 acredita-se, a partir dos resultados obtidos nessa pesquisa, que seja possível minimizar os impactos da insatisfação, da falta de reconhecimento e de feedback. 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, o mercado está passando por várias

mudanças e exigindo que as organizações estejam preparadas para lidar com os abalos e oportunidades que essas variações possam causar. O destaque no comportamento humano nas organizações é considerado um desafio no que diz respeito ao alcance da excelência no âmbito organizacional. No mundo globalizado de hoje, é necessário que as empresas tenham colaboradores qualificados e motivados para permanecerem à alta competitividade.

Diante do problema deste trabalho, verificou-se que um clima agradável no trabalho é vantajoso tanto para a parte do colaborador como para a empresa, e o resultado é mais envolvimento com as atividades da empresa melhorando o desempenho e os resultados. Ressalta-se que é fundamental tratar a questão de clima interno como estratégia de gestão para o aumento da qualidade de vida das pessoas e consequentemente o sucesso dos negócios. Ambientes onde existe um clima organizacional ruim, onde predomina a desmotivação, a ausência de integração das pessoas e departamentos, conflitos entre chefias, ausência de objetivos individuais e coletivos, a falta de comprometimento, a ausência de transparência na gestão, são grandes geradores de problemas na empresa.

Para tanto, a partir da análise dos dados e discussão dos resultados constatou-se que a organização precisa investir efetivamente na melhoria do clima organizacional, adotando práticas de gestão aberta e transparente, um contínuo feedback que favoreça as pessoas na busca do comprometimento e envolvimento com o negócio.

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94 O conhecimento na gestão financeira

Por fim, conclui-se que o capital humano dentro das

organizações ocupa posição de destaque, uma vez que máquinas e equipamentos podem facilmente (desde que haja capital financeiro para isso) serem substituídos, já as pessoas trazem consigo uma infinidade de possibilidades/capacidade de realizações, porém, para que haja envolvimento de tais pessoas nos trabalhos da empresa, levando assim a empresa a posições de destaque no mercado, a liderança e o clima organizacional devem ser bem geridos uma vez que impactam e acabam por influenciar na correta utilização deste capital. Capital bem gerido contribui para a possibilidade de sucesso de um negócio ao passo que sua utilização equivocada pode ocasionar problemas e fracasso.

REFERÊNCIAS

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passo a passo. 2. ed. São Paulo: Factash Editora, 2007.

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CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; DA SILVA, Roberto. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativos, quantitativos e misto. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

FICAGNA, Alba Valéria Oliveira; AGOSTINI, João Paulo; BARRETO, Juliana Menna. Manual de orientações para estudos e produções acadêmicas. 2. ed. Passo Fundo:Faplan, 2005.

FIORELLI Jose Osmir. Psicologia para Administradores. 4. ed. São Paulo: Editora Atlas 2004.

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O impacto da liderança... 95

GASPARETTO, Luiz Eduardo. Pesquisa de Clima Organizacional. 2 ed São Paulo: Scor Tecci Editora, 2011.

GATTI, Murilo. Funcionários...eles fazem toda a diferença. Revista ACIM. n.504, ano 47, nov. 2010.

GIL, Antonio Carlos. Administração de Recursos Humanos: um enfoque profissional. São Paulo: Atlas, 1994.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

KNAPICK Janete. Gestão de Pessoas e talentos. 20. ed. Curitiba: IBPEX Editora, 2006.

LUZ, Ricardo. Gestão do Clima Organizacional. 6. Reimpressão. Rio de Janeiro: Editora Qulity Mark, 2012.

MALHOTRA Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Editora Bookman, 2001.

ROBBINS Stephen P. Administração Mudanças e Perspectivas 3ed São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2008.

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O impacto da liderança... 97

OS ORGANIZADORES:

Amaury Meller Filho é engenheiro civil, especialista em

Gestão Educacional e Gestão de Pessoas e do

Conhecimento e Mestrando em Gestão do Conhecimento

nas Organizações. Atuou como intérprete do Prêmio Nobel

da Paz, Henry Kissinger e dos governadores do Estado de

Santa Catarina: Cassildo Maldaner, Espiridião Amin e

Vilson Kleinubing. Exerceu a direção de marketing e

edificações da Faculdade Maringá e diretor geral da

Faculdade América do Sul. Atualmente é coordenador do

núcleo de pós-graduação da Faculdade América do Sul

Rio Grande do Sul e consultor educacional da Maringá

Pós. É autor do livro: Diferenciais Qualitativos em

Instituições de Ensino. Maringá: Editora Caiuas, 2012.

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José Francisco de Assis Dias, é Professor Adjunto da

UNIOESTE, Toledo-PR; professor do Mestrado em Gestão

do Conhecimento nas Organizações, na UNICESUMAR;

pesquisador do Grupo de Pesquisa “Educação e Gestão”

e do Grupo de Pesquisa “Ética e Política”, da UNIOESTE,

CCHS, Toledo-PR. Doutor em Direito Canônico pela

Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano,

Roma, Itália; Doutor em Filosofia também pela mesma

Pontifícia Universidade; Mestre em Direito Canônico

também pela mesma Pontifícia Universidade Urbaniana;

Mestre em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade;

Especialista em Docência no Ensino Superior pela

UNICESUMAR; Licenciado em Filosofia pela Universidade

de Passo Fundo – RS; Bacharel em Teologia pela

UNICESUMAR. Pesquisador do Instituto Cesumar de

Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI). E-mail:

[email protected]

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Rosângela Arrabal Danielides é graduada em educação

física e educação artística, especialista em moda. Atuou

como gerente de turismo de Maringá por 8 anos. Foi

presidente do Fórum Estadual de Turismo do Paraná.

Coordenadora da pós-graduação em Moda e Gestão de

Negócios e Varejo de Moda, no MBA Executivo em Gestão

de Saúde. É conselheira da ACIM Mulher e do CONSEG –

Conselho de Segurança de Maringá. Vice-presidente do

Congresso Internacional de Gestão e Inovação em Saúde.

Docente em diversos cursos de pós-graduação. Diretora

da Maringá Pós.

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