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2Simpósio Internacional de História das Religiões XV Simpósio Nacional de História das Religiões ABHR 2016 Entre o Sagrado e a Dança: Bernhard Wosien revisita as Danças Sagradas Moya, Leisi Fernanda 1 Bonetti, Maria Cristina 2 RESUMO: Os estudos sobre a dança e o sagrado guardam longa tradição no âmbito das Ciências da Religião. Existe por parte de muitos estudiosos da dança o consenso quanto à compreensão das danças sagradas como uma das manifestações artísticas mais antigas da nossa história, assim como há indícios que comprovam esta estreita relação. Por sua vez, esta proposta de comunicação objetiva destacar a dança tradicional dos povos, a sua história e importância no contexto sócio-cultural e religioso das sociedades antigas, bem como a sua relação entre o sagrado e a dança. Atualmente, a partir de pesquisas de Bernhard Wosien, Maria Gabriele Wosien e Maria Cristina Bonetti as investigações ganham novo sopro, abordando as mudanças de cenários e contextos nas manifestações das Danças Circulares Sagradas. Interessam- nos discutir sobre as aproximações dessa pedagogia com as danças ancestrais e, consequentemente, com o sagrado. A proposta aponta para uma reflexão sobre performances ritualísticas e a dança sagrada. Palavras-chaves: Danças tradicionais, dança sagrada, sagrado. 1. Introdução: Existe por parte de muitos autores e estudiosos um consenso no que tange a compreensão da dança como uma das manifestações artísticas mais antigas da nossa história. Nas palavras de Miriam Mendes (1987, p.10): Esteticamente a dança pode ser considerada como a mais antiga das artes, a 1 Docente efetiva de Educação Física do Instituto Federal Catarinense (IFC), Campus Camboriú SC. Doutoranda do curso de Ciências da Linguagem da Unisul, Campus Palhoça. Orientada de Antônio Carlos Santos e co-orientada por Maria Cristina Bonetti. Endereço eletrônico: [email protected]. 2 Professora da Universidade Estadual de Goiás, Mestre e Doutora em Ciências da Religião (PUC-Goiás). Pós-doutoranda em História (PPGH-UFG) e Membro pesquisador do Grupo de Pesquisa CNPQ UFG “Interartes Processos e Sistemas Interartísticos e Estudos de Performance”.Focalizadora de Danças Circulares Sagradas. [email protected]

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2⁰ Simpósio Internacional de História das Religiões

XV Simpósio Nacional de História das Religiões ABHR 2016

Entre o Sagrado e a Dança: Bernhard Wosien revisita as Danças Sagradas

Moya, Leisi Fernanda1 Bonetti, Maria Cristina2

RESUMO:

Os estudos sobre a dança e o sagrado guardam longa tradição no âmbito das Ciências da Religião. Existe por parte de muitos estudiosos da dança o consenso quanto à compreensão das danças sagradas como uma das manifestações artísticas mais antigas da nossa história, assim como há indícios que comprovam esta estreita relação. Por sua vez, esta proposta de comunicação objetiva destacar a dança tradicional dos povos, a sua história e importância no contexto sócio-cultural e religioso das sociedades antigas, bem como a sua relação entre o sagrado e a dança. Atualmente, a partir de pesquisas de Bernhard Wosien, Maria Gabriele Wosien e Maria Cristina Bonetti as investigações ganham novo sopro, abordando as mudanças de cenários e contextos nas manifestações das Danças Circulares Sagradas. Interessam-nos discutir sobre as aproximações dessa pedagogia com as danças ancestrais e, consequentemente, com o sagrado. A proposta aponta para uma reflexão sobre performances ritualísticas e a dança sagrada.

Palavras-chaves: Danças tradicionais, dança sagrada, sagrado. 1. Introdução:

Existe por parte de muitos autores e estudiosos um consenso no que

tange a compreensão da dança como uma das manifestações artísticas mais

antigas da nossa história. Nas palavras de Miriam Mendes (1987, p.10):

“Esteticamente a dança pode ser considerada como a mais antiga das artes, a

1 Docente efetiva de Educação Física do Instituto Federal Catarinense (IFC), Campus Camboriú –SC.

Doutoranda do curso de Ciências da Linguagem da Unisul, Campus Palhoça. Orientada de Antônio

Carlos Santos e co-orientada por Maria Cristina Bonetti. Endereço eletrônico: [email protected]. 2 Professora da Universidade Estadual de Goiás, Mestre e Doutora em Ciências da Religião (PUC-Goiás).

Pós-doutoranda em História (PPGH-UFG) e Membro pesquisador do Grupo de Pesquisa CNPQ UFG

“Interartes Processos e Sistemas Interartísticos e Estudos de Performance”.Focalizadora de Danças

Circulares Sagradas. [email protected]

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mais capaz de exprimir tanto as fortes quanto as simples emoções sem o

auxílio da palavra, porque esta, podendo tudo expressar, revela-se insuficiente

nesses momentos”. A dança não precisa de palavras para expressar algo, é

uma maneira instintiva de expressão, isso porque ela é uma metalinguagem,

que já se explica por si só, nosso corpo quando dança permite que nos

expressemos e dialoguemos com outros corpos, indiferente da língua, da

cultura, é um diálogo que dispensa qualquer outra linguagem além da corporal,

o que a torna uma linguagem tão representativa e importante em nossa cultura.

Uma estreita relação entre a dança e o sagrado é registrada em

nossa cultura e história desde a antiguidade, existem indícios e registros de

que as danças eram utilizadas em diversos tipos de rituais. Como descreve M-

Cristina Bonetti (2013, p.230), a dança é uma arte ancestral que,

possivelmente, teve inicio na Ilha de Creta, posteriormente teria chego a

Atenas, por meio dos sacerdotes cretenses, que utilizam danças tanto em seus

rituais, durante as liturgias oficiais, como em atividades cotidianas. De acordo

com a autora, nesse período histórico “a dança é sagrada porque a relação

com o outro e com a natureza era considerada sagrada”, a relação entre o

homem e a natureza, assim como a compreensão de mundo eram outras.

Atualmente existem diversos modos ou estilos de dança, assim

como variados motivos e os objetivos que levam as pessoas a dançarem ou a

assistirem os espetáculos de dança. Destacaremos entre esses estilos de

dança a de roda, mais especificamente, a dança circular sagrada, estilo ou

metodologia de dança idealizada por Berhard Wosien, com a colaboração de

M-Gabriele Wosien, que faz parte do nosso contexto contemporâneo, mas que

muito nos remete às danças ancestrais.

Para compreendermos mais sobre as danças ritualísticas ancestrais,

retomemos a tese de Bonetti (2013, p. 231). Em sua compreensão, a “principal

característica dessas danças são os gestos simbólicos que ora estão com a

postura orante, ora com os braços em forma de adoração; ou então os braços

ficam em oposição, um para o alto com a palma da mão voltada para o céu e o

outro para baixo com a palma da mão voltada para a terra”, entre outros gestos

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simbólicos ritualísticos que podemos presenciar também nas danças circulares

sagradas (DCS’s). Essa aproximação da dança com o sagrado e a relação do

sagrado com o significado atribuído aos gestos têm raízes ancestrais, não

surgem no contemporâneo e nem por meio das D.C.S’s., o que indica que

Wosien (1908-1986) ao idealizar essa pedagogia de dança não criou um

método inovador, mas sim, “revisitou” esse modo de dançar e esse vínculo do

sagrado com a dança.

Como problematização para nosso debate, temos as seguintes

propostas de reflexão: Quais aproximações podemos estabelecer entre as

danças circulares sagradas e as danças de roda ancestrais? De que modo

essas danças em roda podem nos reaproximar do Sagrado? Nossos objetivos

são: destacar a história da dança, em especial, a dança de roda, sua

importância no contexto social e histórico das sociedades ancestrais, sua

relação com o sagrado; em que contexto surgiram as danças circulares

sagradas e de que modo essas danças têm favorecido uma reaproximação

entre o ato de dançar e uma “reconexão” com o sagrado. Buscaremos atingir

nosso objetivo por meio de uma investigação teórica, utilizando como

metodologia e instrumento de análise a revisão de literatura.

A dança circular sagrada é um estilo de dança que em suas

formações possibilita várias organizações do/no espaço, no entanto,

prevalecem as formações em círculo e espiral. Essa relação da dança com o

círculo também já vem marcada de longa data, do mesmo modo que nossa

relação e concepção de mundo giram em torno de círculos. As palavras de M-

G. Wosien (2002, p.16) exprimem a grandeza do círculo: “No círculo, como

imagem espelhada do universo, as contradições estão suprimidas e toda

potência está contida. Início e fim coincidem nele, seu centro é o colo do

mundo”. Como exemplo dessa presença marcante do círculo poderíamos citar

os formatos da terra, da lua, do sol, das estrelas, os ciclos dos meses e da

vida, o símbolo que demarca as horas, os ninhos dos pássaros, as células,

entre tantas outras coisas que nos rodeiam.

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2. Metodologia

Nossa pesquisa encontra-se em fase de elaboração e faz parte da

tese para conclusão de doutorado em Ciências da Linguagem. Caracteriza-se

como de cunho qualitativo, definida por Fábio Rauen (2015) como estilo de

pesquisa que objetiva compreender de modo mais intenso um fenômeno. M-

Cecília Minayo e Odécio Sanches (1993) complementam ao afirmarem que a

investigação qualitativa nos possibilita trabalhar com valores, crenças, hábitos,

atitudes, representações e opiniões. É um método que nos permite adequar e

aprofundar a complexidade dos fatos ou de processos particulares e

específicos a indivíduos e grupos. Iniciamos com o levantamento, leitura,

análise crítica e reflexões a partir do material teórico referente à temática.

Posteriormente será realizada uma análise interpretativa, que nos possibilitará

um posicionamento mais crítico, em que buscaremos compreender e

interpretar melhor as ideias dos autores. Essa fase é de suma importância,

tendo em vista que compreender o que os autores dizem em seus textos é

fundamental para possamos tomar consciência e posicionamentos críticos

quanto aos pressupostos teóricos de cada texto. Como estratégia de analise

dos dados nos apropriaremos dos pressupostos da teoria da história da arte,

antropologia, história, ciências da religião e teoria da imagem.

3. Resultados:

2.1 - A Dança de roda e o Sagrado:

O sagrado, ou a busca pelo sagrado sempre esteve entre as

maiores aspirações humanas, no entanto, conceituar o que é sagrado não é

algo simples, tendo em vista sua abrangência. Limitaremos-nos, inicialmente, a

definição de Mircea Eliade (1995, p.17): “(...) a primeira definição que se pode

dar ao sagrado é que ele se opõe ao profano”. O sagrado pode se manifestar

de diferentes maneiras e em diversas situações, temporalidades e espaços.

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Para Zeny Rosendahl (2014) precisamos reconhecer que as manifestações

sagradas fundam ontologicamente o mundo e que a religião é uma das

possibilidades para se vivenciar experiências sagradas. Segundo a autora, a

experiência religiosa é uma das práticas culturais mais antigas do homem e

que essas experiências fazem parte das necessidades humanas. Em suas

palavras: “(...) As pesquisas empíricas vêm demonstrando que os homens

possuem necessidades religiosas e têm suas experiências de existir

relacionando-se com o mundo à sua volta” (id., p.12-13).

Ainda segundo essa autora, os rituais sagrados seriam

influenciados pelas temporalidades e mudanças sociais, que ocasionam

também alterações nos espaços considerados sagrados. Atualmente podemos

considerar a existência de múltiplos espaços sagrados, que vão desde os

grandes santuários, como basílicas, templos, entre outros, como espaços

abertos e até hoje misteriosos, como o caso das ruínas de Stonehenge, na

Inglaterra. Em suas palavras o espaço sagrado pode ser considerado “(...) a

área onde ocorrem as práticas familiares e religiosas. São espaços constituídos

por rituais simbólicos religiosos”. Essa concepção nos permite compreender

que o sagrado não está em um local específico, fechado, mas que ele é fruto

de uma experiência individual, que independe do espaço (ROSENDAHL, 2014,

p.17).

Para Eliade (1985) o território do sagrado é um espaço construído

pelo homem, onde o profano não coabita, seriam espaços criados com a

intenção de barrar o profano e desse modo, garantir maior segurança aos

homens. Ou seja, pontos fixos que o homem necessita ter, por acreditar que

nesses lugares concretos, “reais”, o sagrado impera sobre o profano. Para o

autor nenhum homem consegue viver uma vida totalmente profana ou abolir

por completo “o comportamento religioso” (p.27). Em suas palavras: “(...) até a

existência mais dessacralizada conserva ainda traços de uma valorização

religiosa do mundo” (id.). Seguindo os pressupostos do autor, “toda festa

religiosa, todo tempo litúrgico, representa a reatualização de um evento

sagrado que teve lugar num passado místico, nos primórdios” (id., p.63). Para

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ele, o afastamento do homem com relação ao divino ou a religião é fruto de

uma necessidade de novas descobertas religiosas, culturais e econômicas que

permitam experiências religiosas mais “concretas”, mais carnais, que estejam

“mais intimamente misturadas à vida” (id., p.106). Nesse ponto, nos

questionamos: poderíamos considerar as danças circulares sagradas exemplos

dessas buscas por vivências concretas do sagrado fora dos espaços e moldes

fixos destinados a ele?

Ao pesquisar sobre o sagrado e sua relação com a modernidade,

Franz Josef Brüseke (2001) nos alerta que a dúvida e a racionalização

exagerada sobre a existência do sagrado, como experimentá-lo, sua relação

com o divino, são obstáculos para que possamos o encontrar e compreendê-lo.

Para ele, o sagrado apresenta duas faces, uma que assusta e aterroriza,

porque “o homem sente-se atraído e repelido por algo enigmático e muito mais

poderoso do que ele mesmo” (p.191). Isso porque nem sempre o homem

consegue explicar racionalmente as experiências vividas e/ou presenciadas

com relação ao sagrado, o que o assusta, devido à necessidade que nosso

contexto contemporâneo nos impõe de ter que explicar tudo racionalmente. A

outra face no qual o autor menciona é que “o sagrado dá notícia de algo

conciliante e harmonioso que mergulha o real no brilho do ideal”, desse modo,

mesmo que amedronte o homem, o sagrado é necessário para que possamos

manter o equilíbrio entre nosso contexto e as nossas raízes ancestrais.

O autor busca argumentos na antropologia, no qual o sagrado pode

ser compreendido como “fenômenos naturais, sociais ou humanos

sobrevalorizados, que simbolizam conhecimentos e poderes que fogem do

controle humano” (BRÜSEKE, 2001, p.191). Tais fenômenos causam

sensações adversas, que vão desde a inquietação ao desejo de se

saber/conhecer mais. De acordo com o autor, o homem primitivo mantinha uma

vida permeada pelo sagrado e o conhecimento mítico, tal fato se justifica pela

ausência do conhecimento científico e demais conhecimentos que hoje nos

possibilitam conhecer mais do universo no qual estamos inseridos.

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Na medida em que nos modernizamos aumentamos também o

espaço entre o sagrado e o profano, a ciência e a técnica moderna seriam

protagonistas na deserção dos deuses e diminuição da presença do sagrado.

Para Brüseke, a sociedade moderna passa super valorizar a racionalidade e a

viver de modo que fatores relacionados à irracionalidade, de qualquer espécie,

não possam existir. Existem indícios de movimentos de retorno ao sagrado,

desvinculando este da religião, seriam tentativas de racionalizar o algo

irracional, como afirma Brüseke (2001, p.204, apud Otto, 1991): “As camadas

mais racionalizadas (Otto também diria esquematizadas) do sagrado estão

sendo apropriadas pela sociedade moderna e desvinculadas do seu contexto

religioso”. Um dos exemplos desse rompimento do sagrado com a religião pode

ser atrelado à arte moderna, que deixa de vincular sua produção artística às

obras estritamente religiosas.

Quanto ao retorno do sagrado, M-G. Wosien (1996, p.11), também

sinaliza um desejo ou uma necessidade desse retorno ao afirmar que

“Mediante a observação, mediante a faculdade imaginativa e mediante o

pensamento especulativo, o homem estabelece estruturas para se proteger do

caos da experiência, numa tentativa de localizar o sagrado”. Ao referir-se ao

sagrado ela, não vincula o mesmo a questões religiosas, mas sim a questões

que ainda são um mistério e a uma necessidade do homem em manter-se

conectado com algo que transcende e que poderíamos nomear de sagrado. A

autora afirma que tradições com prática das danças sagradas mostram

abundâncias de “formas imaginadas, através das quais os homens tentaram

relacionar-se com o prodígio da existência. Sua herança reflete o interminável

drama da Vida com suas próprias formas criadas” (id., p.12). Para a autora, a

dança de roda era um meio utilizado por uma comunidade cristã antiga para

celebrar o mistério do divino nascimento e do caminho de Deus ao calvário, a

dança era vivenciada como um caminho a ser percorrido entre o renascimento

e o espírito. A autora destaca vários trechos bíblicos em que são relatados

momentos festivos ou de celebração no qual os apóstolos e Jesus dançam. Um

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desses trechos é: “A Dança de Roda de Jesus”, que se encontra nos Atos de

João, Apócrifos do Novo Testamento:

Ele então nos disse para formar um círculo, dando-nos as mãos. Ele mesmo foi para o meio e falou: “Respondam-me com Amém”. Ele começou a cantar um hino e dizer “Louvado sejas, Pai!” E nós, circundando-o, respondíamos:”Amém”” (M-G. Wosien, 2002, p.29).

São destacados também outros trechos, em que a menção às

danças em roda são feitas em outras ocasiões, como festas, por exemplo.

Essa relação entre a dança, religião, divindade, ou sagrado existe há muito

tempo e mesmo que em alguns períodos de nossa história a Igreja tenha

interferido nessa cultura da dança em celebrações religiosas, a força da dança

e da roda prevaleceu, mantendo-se firme de geração a geração. Com relação

ao sagrado e a ligação deste com a dança circular sagrada, destacamos os

seguintes trechos da obra de Wosien (2000, p.25-28):

Na dança sagrada, como oração e conversa sem palavras com Deus, o bailarino encontra o recolhimento. No quadro da irreligiosidade geral de nosso tempo, não é mais fácil exprimir este bater de asas da alma primeiramente “sem palavras”? (...) No caminho da maestria da dança cheguei à conclusão básica de que a dança, como a manifestação artística mais antiga do homem, é um caminho esotérico. O trabalho do bailarino acontece no seu instrumento, ou seja, no seu próprio corpo. Trata-se do trabalho a partir da base, a partir do interior da imagem perfeita de Deus. Segundo a frase esotérica: “Assim em baixo como em cima”, o trabalho está nos fundamentos de nossa autocompreesão, no ser humano como imagem de Deus (...). O homem vivencia na dança a transfiguração de sua existência, uma metamorfose transcendente de seu interior, relativa ao ser e também à elevação ao seu divino. A dança como forma de uma imagem característica e móvel, é o próprio sagrado. (grifo nosso).

Por tanto, as danças circulares sagradas têm como um de seus

propósitos, o retorno às características de um tempo em que a dança era

compreendida como um momento de comunhão e transcendência, em que o

homem experimentava, por meio do movimento corporal, da música, “a

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essência, o indizível, o espiritual e o sagrado”, como afirma Luciana Ostetto

(2014, p. 58). Esse tempo, ao que parece, nunca foi apagado da memória,

permanece vivo, pois ainda existe a cultura de manter viva a ligação entre a

dança e o sagrado e o espiritual, mesmo que ressignificada.

Um exemplo dessa ligação da dança de roda e a busca por uma

transcendência ou união com Deus por meio da dança é a dança dos sufis.

Não se tem registro de quando exatamente os sufis, ou dervixes surgem,

estima-se que por volta do séc.VII, no deserto do Oriente, em decorrência da

crescente politização e secularização do Islã. A dança dervixe, denominada

como semâ surge por volta de 1250, sendo considerada uma forma do “vir-a-

ser do mundo a partir da origem unitária de Deus”, seria uma dança ritualística

com princípio espiritual (M-Wosien, 2002b, p.54). Os participantes passam por

um período de preparação, ou iniciação, antes de executar a dança. A dança é

realizada em roda, os participantes executam giros sobre o próprio eixo, no

sentido anti-horário, repetindo ritmicamente o nome de Deus. De acordo com

Rumi, responsável por desenvolver o ritual da dança, por meio da música,

poesia e ritmo, é possível vivenciar diretamente o mundo espiritual, nesse

caso, o corpo seria o instrumento para que essa alquimia ocorra. (M-Wosien,

2002, p.45-46). Essa dança pode ser considerada uma oração em movimento.

Em uma vasta pesquisa sobre a dança e os rituais de êxtase, Bárbara

Ehrenreich (2010) afirma que desde os tempos mais remotos o homem cultua

essa possibilidade de transcendência ou de experiência sagrada e extática por

meio da dança. Segundo ela “(...) só o que podemos presumir hoje é que a

religião dos antigos gregos era uma “religião dançada”, assim como a dos

“selvagens” que os viajantes europeus mais tarde encontrariam ao redor do

mundo” (p.47). Ancorando-se nos estudos de Aldous Huxley, que afirmou que

“danças rituais oferecem uma experiência religiosa que parece mais satisfatória

e convincente do que qualquer outra (...). É com os músculos que obtemos

mais facilmente o conhecimento do divino” (EHRENREICH, 2010, p.47, apud

Conrad, 2002) a autora vem reafirmar essa relação estreita entre a dança e o

sagrado.

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2.2 - O revistar de Wosien as danças de roda:

As danças circulares sagradas são danças que têm encontrado

adeptos mundo a fora. Qual seria o motivo da adesão cada vez maior a esse

estilo de dança? O que há nessa dança que atrai púbicos tão diversos e com

finalidades tão distintas? Como hipótese há o pressuposto de que, entre outros

motivos, essa dança atraia porque apresenta qualidades que permitem que um

público variado, com idades, interesses, vivência familiares, com capacidades e

habilidades físicas diferentes, consigam entrar na roda e dançarem juntos. É

um estilo de dança que não exige um corpo e uma qualidade física específica,

tão pouco uma técnica muito aprofundada, como seria o caso de algumas

danças, que exigem uma flexibilidade corporal maior, uma amplitude de

movimentos, uma postura mais rígida e uma familiaridade maior com a técnica

corporal da dança. Além disso, são danças que permitem um encontro com as

tradições e culturas de outros povos, por meio dos gestos característicos,

cheios de significados e pelas músicas tradicionais de cada etnia. Por fim, são

danças que propiciam uma abertura ao sagrado e a vida em comunidade.

Ao utilizarmos o termo revisitar, nos apropriamos do conceito de

Nadja Lamas (2005, p.11), que em sua tese utiliza o termo. A autora, mesmo

admitindo não ser este um termo novo, visto que já aparecia em matérias e

publicações sobre a arte, elabora um conceito para ele, definindo-o como:

Revisitamento é o ato de o artista buscar referência em alguma obra de arte existente, com a intenção de construir a sua própria. É parte constituinte de sua poiética e se materializa na poética da obra, sendo parte integrante do processo de instauração da mesma. O artista vai ao encontro daquela obra de arte que é objeto de sua atenção e estabelece com ela um diálogo. Desse diálogo desencadeia os procedimentos inerentes à criação artística, singular a cada realização.

Segundo a autora, o termo revisitar “constitui a tentativa de

encontrar possibilidades de reflexão um pouco mais autônomas no campo da

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arte” (id., p.11). Seria uma proposta de pensar a apropriação de conhecimento

mantendo um distanciamento do campo verbal, voltando-se mais para as obras

do campo da visualidade, embora não dispense a necessidade da utilização da

literatura também.

Ao elaborar sua pedagogia, ou método de dança, Wosien nos

propõe revisitar as danças de roda, ou, danças dos povos, ou, danças

ancestrais, que ao longo dos tempos foram constituindo o acervo de danças

folclóricas da Europa. O dançarino nos faz a proposta de revisitar essas

danças, esses tempos, esses outros sentidos e significados atribuídos à dança

ao incorporar na sua metodologia de dança gestos, significados, músicas,

sentidos de danças que já existiram e haviam caído no esquecimento, além de

ressaltar algumas que ainda estão presentes na nossa cultura contemporânea.

Havia nele uma intenção de retomar características das danças de roda

tradicionais. Suas danças surgem sem uma finalidade de espetacularização, ou

seja, sem o intuito de apresentações públicas, isso porque objetivam valorizar o

ato de dançar em si, o encontro, o ritual, a sustentação das tradições, o retorno

ao sagrado, entre outras características. Bonetti (2013, p.232) reforça essa

hipótese ao afirmar que:

Com a evolução da linguagem da dança para outras esferas, nas concepções primitivas todos os presentes são incluídos na dança, não havendo espectador. Vale ressaltar ainda que as danças com raízes na pré-história, que estão sendo recuperadas e utilizadas na pedagogia das Danças Circulares Sagradas na contemporaneidade, trazem para a consciência mítica uma realidade simbólica que evoca a sua ancestralidade, e não a simples construção de danças espetacularizadas”.

Essa aproximação de Wosien com o sagrado ou com a religião,

assim como, sua ligação com a dança, foi impulsionada desde muito cedo pela

figura do pai, pastor evangélico e adepto da dança. Conta ele, que aos 15 anos

já definira o espaço da dança em sua vida e aos 18 anos já estava envolvido

com o movimento jovem alemão, ou seja, já pisava com um pé em cada um

dos alicerces que serviriam como sustentação para o estilo de dança que mais

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adiante iria criar. Segundo Wosien (2000, p.20), sua musa inspiradora,

Terpsícore3despertou nele uma “base religiosa mais nova e profunda. A arte,

enquanto anunciação e profética indicação de um caminho, não mais me

deixou”. Após seis semestres de estudos de Teologia, ele decide por deixar o

curso e tornar-se um bailarino profissional, chegando a se tornar o primeiro

bailarino solista e coreógrafo do Teatro Estadual de Berlim. Dedicou-se aos

palcos até o ano de 1960, quando passou a se dedicar totalmente ao ensino da

dança.

Seu primeiro contato com a comunidade de Findhord4, localizada no

norte da Escócia, foi em 1976. Esse encontro é descrito por Wosien (2000,

p.117) da seguinte maneira:

Por uma feliz circunstância, em um encontro no castelo de Schöneck, em Taunus, reencontrei um antigo amigo da dança da minha época de estudante, Sir George Trevelyan. Este encontro foi muito promissor para mim, pois pudemos reacender a nossa velha amizade. Presentes estavam também Eileen e Peter Caddy, os fundadores da comunidade escocesa da Fundação Findhorn. A minha filha Gabriele e eu recebemos deles o convite para implantarmos em Findhorn as danças de roda e as danças circulares europeias.

Nesse período Wosien já havia tido a intuição de unir a dança ao

sagrado, à meditação, à religião e à tradição das danças de roda ancestrais. Já

não concebia a dança da mesma maneira como a via durante sua experiência

com a dança clássica. Ele descreve seu percurso e conta que por meio das

danças circulares encontrou seu caminho para a meditação, “uma oração sem

palavras” e sintonia entre “espírito, corpo e da alma” (id.,p.117). Por sua vez,

ele considerava a arte de dançar como meio de reverenciar, cultivar as

tradições de povos um ato sagrado. Suas danças apresentam como base a

dança tradicional dos povos.

3Seu nome em grego quer dizer “que ama a dança”. Era musa da dança.

(http://greciamitos.blogspot.com.br/2012/08/as-musas-terpsicore.html)

4 Comunidade onde Wosien obteve maior adesão com relação às danças circulares sagradas, local onde

até hoje essa dança é praticada como atividade habitual de quem lá vive ou visita.

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Como nos reintera Bonetti (2013, p.27), sua dança respeita e

acompanha as tradições e a história dos povos, pois, é “composta por uma

multiplicidade de códigos e símbolos que revelam o caminho trilhado pelo ser

humano desde tempos primevos, mostrando como o seu comportamento e a

sua construção cultural estão em constante mutação”. Isso confirma que houve

por parte de Wosien uma preocupação com o acervo cultural das danças, com

as suas tradições, suas origens, assim como, com questões do

contemporâneo, como essa capacidade de recriar e modificar

intermitentemente.

A simbologia do tempo, do ciclo de vida, e, sobretudo do círculo, tão

presente em nossa história, cultura, arte e estética, é representada em várias

danças coreografadas por Wosien. Como exemplo destacamos sua última

coreografia, intitulada “Dança do Agradecimento”, que representa sua

despedida da vida terrena. Os passos se iniciam para a direita, no sentido anti-

horário da roda, representando seu caminho para um futuro, ou para um lugar

de descanso eterno, no entanto, após esse caminhar para frente, ou para a

direita na roda, há uma pausa e o corpo volta-se para o centro da roda, em um

gesto de flexão do tronco à frente, nesse momento, é feito um agradecimento

por tudo o que se viveu nessa terra. Esse caminhar para a direita, em direção

anti-horária, rumo ao futuro, está presente em diversas de suas danças, no

entanto, em determinados momentos da dança, o movimento volta-se para a

esquerda, no sentido horário na roda, indicando que para seguir adiante é

preciso recordar ou retornar ao passado, às raízes. Toda essa simbologia dos

gestos e da direção da dança em relação ao círculo é muito representativa nas

DCS’s, especialmente nas coreografias mais antigas, elaboradas por Wosien

ou por demais coreógrafos de sua geração.

Nesse sentido, nos questionamos: é possível estabelecermos

relações entre as danças circulares sagradas, da pedagogia de Wosien, e as

danças ancestrais? Poderíamos afirmar que ao retomar as danças dos povos e

as danças em roda, Wosien estaria retornando aos princípios primevos da

dança? M–G. Wosien (2002, p.07), nos dá indícios de que sim ao afirmar que

Page 14: 2⁰ Simpósio Internacional de História das Religiões XV ... · consegue explicar racionalmente as experiências vividas e/ou presenciadas com relação ao sagrado, o que o assusta,

“a dança de roda, como é transmitida até hoje no folclore, é uma riqueza

cultural das mais antigas do ocidente”, a autora assegura ainda que este modo

de dançar pode ser observado desde os primeiros séculos da era cristã,

período em que a dança era comum nas práticas religiosas e no cotidiano das

comunidades.

Da mesma maneira, M-G.Wosien (1996, p.9) defende e reforça a

existência da dança desde os primeiros tempos, como parte do cotidiano dos

povos ancestrais, ao afirmar que “(...) antes de que o homem expressasse sua

experiência da vida mediante os materiais, fá-lo com seu corpo”. Segundo ela,

o homem primitivo aprofunda sua experiência com o corpo e dança em

qualquer ocasião: por alegria, por dor, por amor, por medo; ao amanhecer, na

morte, no nascimento. Para esses povos, ou nesse tempo da história, a dança

era compreendida como um ritual, uma maneira que o homem encontrou para

se aproximar de deus. Esse modo de dançar em roda, ou círculo permaneceu

em nossa bagagem cultural, no entanto, com o tempo essa atribuição sagrada

ou ritualística foi cedendo espaço à nova compreensão de mundo e das

relações estabelecidas entre o homem e a natureza. Esse estilo de dança, com

o tempo, deixa de ser “sagrado” e passa a ser considerado “folclórico”.

Ao revisitar essas danças folclóricas, Wosien possibilita um

reencontro com os gestos, músicas, significados gestuais, permitindo não

apenas uma aproximação com a cultura de outros povos, mas a reapropriação

da dança como um ritual, um ato sagrado, que pode permitir ao dançante

momentos de transcendência, de encontro consigo mesmo, com o outro e com

o sagrado. Suas danças são constituídas de gestos que se repetem várias

vezes, na maioria das vezes, gestos simples, que após serem assimilados pelo

corpo, podem possibilitar momentos de imersão, introspecção, meditação

profunda, quem sabe até, estado de êxtase.

As características apontadas, também presentes nas danças

ritualísticas mais antigas, aproximam ainda mais as DCS’s das danças

ancestrais. Ressaltamos novamente os estudos de M-G.Wosien (1996, p.13-

14), em que confirmaria essa hipótese:

Page 15: 2⁰ Simpósio Internacional de História das Religiões XV ... · consegue explicar racionalmente as experiências vividas e/ou presenciadas com relação ao sagrado, o que o assusta,

Através da repetição exata dos movimentos sagrados da dança, evocam-se experiências relacionadas com sua origem, e quem a executa entra voluntariamente no mundo do jogo dos deuses com o objetivo de tornar-se como eles. A dança ritual nunca é dirigida exclusivamente à divindade.

Retomamos outra característica considerada muito importante na

pedagogia das DCS’s e que talvez seja um dos grandes diferenciais delas com

relação às danças folclóricas, o distanciamento com o espetáculo. É claro que

no mundo em que vivemos atualmente esse distanciamento se torna muito

difícil, tendo em vista a velocidade com as mídias e redes sociais transformam

tudo em espetáculos. A própria vida pessoal deixou de ser privada passando a

ser um espetáculo nas redes sociais. Com relação ao rito, ao sagrado, a

espetacularização, M-G.Wosien (1996, p.14), adverte que:

(...) quando o rito se transforma em mero espetáculo que tenta exercer influência sobre o homem, ao invés de comungar com Deus, destrói-se e seu poder universal se desintegra. A religião se separa da dança, a arte do trabalho; o sagrado torna-se entretenimento profano e os antigos rituais, relegados para as margens de uma nova vida, degeneram em costumes sociais, transformando-se em jogos e danças folclóricas.

Ao que pudemos perceber, muitas características das DCS’s nos

remetem às danças ancestrais, o que fortalece nossa hipótese de que Wosien,

ao criar sua metodologia de dança, nos possibilita algo que vai além de um

simples revisitar as danças tradicionais dos povos. Esse modo de dançar,

revigorado por seu método, nos proporciona reviver também a tradição da

dança de roda, do ritual e toda a simbologia que permeia esse modo de

dançar, mas também nos reaproxima do sagrado.

4. Conclusão:

Essas primeiras leituras realizadas nos permitem concluir que a dança é

uma manifestação presente na vida do homem desde os tempos mais remotos

e que ao longo dos anos foi se readequando a mudanças sociais ocorridas, no

entanto, não perdeu totalmente suas raízes ancestrais. Essas raízes

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permanecem presentes em algumas modalidades de dança em nosso

contexto, que carregam com elas resquícios do tempo que dançar em círculo

era atrelado aos rituais, à busca pelo êxtase e a vivências com o sagrado. Tudo

indica que esse retorno às danças como algo que transcende se reflete na

necessidade do homem em manter suas raízes com a religiosidade e com o

sagrado.

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