2009 07 28 - Petição Inicial

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    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO TRABALHO DA ____ VARA

    DO TRABALHO DE ITAPECERICA DA SERRA - SP

    AGNALDO ROGRIO DE CAMPOS, brasileiro, casado,

    ajudante geral, portador da CTPS/MTE n 71.240 Srie n 00264,

    Cdula de Identidade (RG) n 25.647.152-6 SSP/SP, inscrito no CPF/MF

    sob n 266.277.978-01 e no PIS/PASEP sob n 125.01151.15.3, nascido

    em 26/11/1975, residente e domiciliado Rua Euclides Alves deOliveira, n 07, Flrida, municpio de Embu-Guau/SP, filho de Maria

    Raimunda de Campos, por seu advogado e bastante procurador infra-

    assinado, mandato anexo (doc.1), com escritrio profissional situado

    na Rua Arlindo Luz, n 01, Centro, municpio de Embu Guau/SP, CEP.

    06900-000, para onde desde j requer sejam remetidas as intimaes

    correspondente presente demanda, vem, respeitosamente, presena

    de Vossa Excelncia, com fundamento nos artigos. 840, 1, da

    Consolidao das Leis do Trabalho combinado com 282 do Cdigo deProcesso Civil, propor:

    R E C L A M A O T R A B A L H I S T A C / CR E C L A M A O T R A B A L H I S T A C / C

    A O D E I N D E N I Z A O P O R D A N O SA O D E I N D E N I Z A O P O R D A N O S

    M A T E R I A I S E M O R A I S D E C O R R E N T E SM A T E R I A I S E M O R A I S D E C O R R E N T E S

    D E A C I D E N T E D E T R A B A L H OD E A C I D E N T E D E T R A B A L H O

    CPIA

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    pelo rito ordinrio, em face de SERIPAV CONSTRUES E COMRCIO LTDA,

    pessoa jurdica de direito privado, com sede na Rua Orqudea, n

    129, bairro Jardim Stella, municpio de Campinas/SP, inscrita no

    Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica do Ministrio da Fazenda

    (CNPJ/MF) sob o n 05.287.163/0001-10, de ora em diante simplesmente

    denominada 1 RECLAMADA; CWA CONSTRUES E MANUTENO DE FERROVIAS,

    pessoa jurdica de direito privado, com sede na Avenida Doutor

    ngelo Simes, n 707, bairro Jardim Leonor, municpio de

    Campinas/SP, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica do

    Ministrio da Fazenda (CNPJ/MF) sob o n IGNORADO, de ora em diante

    simplesmente denominada 2 RECLAMADA e ALL - AMERICA LATINA

    LOGSTICA DO BRASIL S/A., pessoa jurdica de direito privado, com

    sede na Rua Ptio da Estao, 11-A, Centro, municpio de Embu-

    Guau/SP, CEP. 06900-000, de ora em diante simplesmente denominada

    3 RECLAMADA; pelas razes de fato e de direito a seguir

    articuladas.

    PRELIMINARMENTE: DA JUSTIA GRATUITA

    1. O(A) RECLAMANTE requer o deferimento dos

    benefcios da Justia Gratuita, por no possuir meios para o custeio

    da presente reclamao sem que lhe falte sustento para si e para sua

    famlia, com fundamento no art. 4 da Lei n 1060/1950, requerendo

    ainda que seja deferida a indicao do profissional constante da

    presente procurao, que desde logo declara que aceita o encargo,

    consoante o disposto no art. 5, 4 da noticiada Lei (doc. 02).

    CONSIDERAES INICIAIS:

    Da Responsabilidade Subsidiria

    2. A presente Reclamao movida contra as

    empresas acima declinadas, uma vez que o(a) RECLAMANTE foi

    admitido(a) pela 1 RECLAMADA, porm prestava seu labor de AJUDANTE

    GERAL para a 3 RECLAMADA, na manuteno de trecho da malha

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    ferroviria, pelo que deva ser esta compelida subsidiariamente s

    obrigaes trabalhistas resultantes da relao laboral.

    3. Ocorre que segundo informaes da prpria

    1 RECLAMADA, o contrato de trabalho do RECLAMANTE seria assumido pela

    2 RECLAMADA (Doc. ___).

    4. No por outro motivo, foi o entendimento da

    3 Turma do Tribunal do Trabalho da 4 Regio registrado no Acrdo

    01080-2003-122-04-00-5 RO:

    EMENTA: RECURSO DA SEGUNDA RECLAMADA.RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA. Adoo do Enunciadon. 331, do TST. Nega-se provimento.(...) VISTOS erelatados estes autos de RECURSO ORDINRIOinterposto de sentena proferida pelo MM. Juzo da 2Vara do Trabalho de Rio Grande, sendo recorrentesMOSAIKO ENGENHARIA LTDA. E ALL AMRICA LATINALOGSTICA DO BRASIL S/A (grifei) e recorridos OSMESMOS E CRISTIANO ALMEIDA OLIVEIRA.(...) ISTOPOSTO: RECURSO DA SEGUNDA RECLAMADA.RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA. Sem razo, asegunda reclamada, ao buscar a reforma da sentena,

    na parte em que reconhecida sua responsabilidadesubsidiria pelo crdito deferido. No h controvrsiaem que contratou a primeira reclamada, bem entendidacomo a efetiva empregadora do reclamante, pararealizao dos servios de recuperao dasuperestrutura ferroviria do trecho T13, de So LuizGonzaga a Dilermando Aguiar e de Santa Maria a Santongelo e Carazinho, pertencente unidade deproduo do Rio Grande do Sul (fl. 77). Oinadimplemento da primeira reclamada, relativamenteao fiel cumprimento de suas obrigaes trabalhistas,revela conduta culposa da segunda reclamada - ineligendo e in vigilando -, quanto execuo dorespectivo processo de terceirizao. A hiptese,portanto, repele a incidncia do art. 267, VI, do CPC,atraindo o entendimento veiculado no enunciado n.331, IV, do TST, consoante bem frisado na decisoobjetada, verbis: O inadimplemento das obrigaestrabalhistas, por parte do empregador, implica aresponsabilidade subsidiria do tomador dos servios,quanto quelas obrigaes, inclusive quanto aos rgosda administrao direta, das autarquias, das fundaespblicas, das empresas pblicas e das sociedades de

    economia mista, desde que hajam participado darelao processual e constem tambm do ttuloexecutivo judicial. Nega-se provimento.

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    5. No mesmo sentido so outros inmeros

    acrdos que, para constar, o RECLAMANTE traz colao os proferidos

    nos processos n 00138-2003-006-15-00-6 pela 4 Turma da 7 Cmara do

    Egrgio TRT da 15 Regio; e n 00124-2003-30202-00-2 pela 1 Turma

    do Egrgio TRT da 2 Regio; correlatos ao caso sub judice.

    Da competncia ratione loci

    6. Doutra sorte, apesar de o(a) RECLAMANTE

    ter sido contratado(a) pela 1 RECLAMADA e esta possuir endereo

    distinto da demais, sempre exerceu seu labor no trecho da malha

    ferroviria pertencente Unidade Embu-Guau da 3 RECLAMADA e, paraimpedir qualquer ataque prosperidade da presente demanda com base

    nas regras de competncia da justia do trabalho, asseveramos que no

    processo do trabalho, o melhor critrio de fixao de competncia em

    razo do lugar para o ajuizamento da ao aquele que facilita ao

    litigante economicamente mais fraco - o trabalhador - o ingresso em

    juzo em condies mais favorveis a sua defesa.

    7. o entendimento do Colendo TribunalSuperior do Trabalho:

    "Impor-se que a reclamao tenha seu curso em juzodistante do domiclio do empregado implica emdenegao de justia pela simples impossibilidade de oobreiro deslocar-se de uma regio para outra, em queos custos da viagem podem at no compensar oajuizamento da reclamatria." (TST, Ccomp.113.931/94.6, Min. Vantuil Abdala, Ac. SDI n 4.782/94).

    8. Portanto, em face da fragilizada situaoeconmica financeira do(a) RECLAMANTE que se impe a propositura

    da presente lide nesta Douta Vara Especializada da Justia do

    Trabalho, como exaltao do princpio da proteo, para tratar

    desigualmente os desiguais, na mesma proporo em que se desigualam,

    e, outrossim, para a melhor aplicao das regras do artigo 651 da

    CLT.

    9.A questo do acesso a justia j est

    consolidado jurisprudencialmente, como se pode facilmente asseverar

    na deciso abaixo:

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    Competncia trabalhista Ex Ratione Loci Tendo emvista que toda a estrutura normativa do DireitoIndividual do Trabalho busca reequilibrar adesigualdade social, econmica e poltica vivenciada,no geral, entre os sujeitos da relao do emprego estclaro que o critrio adotado pela norma celetizada,para determinar a competncia trabalhista ex rationeloci, visa facilitar o acesso do empregado ao rgojurisdicional, evitando-lhe despesas com locomoo,em face de sua presumvel insuficincia econmica.(TRT 3R.-RO 17.148/96 - 1 T. Rel. Juiz FernandoAntnio de Menezes Lopes- DJMG 111.04.1997)

    Da competncia ratione materiae

    10. Compete Justia do Trabalho as questes

    no apenas patrimoniais mas tambm as morais decorrentes da relao

    de trabalho, com fundamentao expressa no inciso VI do artigo 114

    da Constituio Federal.

    11. Destarte, no h que se arguir a

    ilegitimidade dessa Douta Vara Especializada para apreciao de

    eventuais danos morais decorrentes da relao laboral.

    DOS FATOS E DO DIREITO QUE MOTIVAM O PEDIDO

    Do acidente automobilstico

    12. O(A) RECLAMANTE foi admitido(a) pela 1

    RECLAMADA em 14/10/2008, para trabalhar na funo de AJUDANTE GERAL,

    conforme faz prova cpia da CTPS anexa (doc. ___).

    13. Conforme faz prova atravs do Boletim de

    Ocorrncia n 206/09, registrado na Delegacia de Polcia de

    Itapecerica da Serra (doc. ___), no dia 16/01/2009, por volta das

    9h00, o(a) RECLAMANTE, acompanhado de vrios outros funcionrios,estava sendo transportado por nibus da 1 RECLAMADA para o local de

    trabalho onde desenvolveriam suas atividades naquela data.

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    14. Ocorre que, na altura do poste n 186

    existente na Estrada Djalma Pinto Ribeiro, no bairro Engenho,

    municpio de Itapecerica da Serra, o nibus utilizado para o

    transporte dos funcionrios no conseguiu subir um aclive e,

    desgovernado, desceu em r, vindo a cair num despenhadeiro,

    resultando leses em vrios funcionrios, inclusive o RECLAMANTE.

    15. O(A) RECLAMANTE, em conseqncia do

    acidente, sofreu vrias leses, sendo a mais grave um fratura da

    extremidade distal do radio CID:S52.5 (doc. ___).

    16. Submetido 02 (duas) cirurgias (docs.___), provavelmente ter graves seqelas, alm de limitaes na

    movimentao de sua mo esquerda.

    17. A natureza GRAVE da leso sofrida resta

    comprovada pelos laudos do Instituto Mdico Legal anexos (docs.

    ___).

    18. Excelncia, a empregadora ao permitir que

    seus empregados utilizassem um veculo sem qualquer condio de uso

    (docs. ___), omitiu-se, foi negligente e imprudente, resultando tal

    comportamento em culpa gravssima, que se assemelha ao dolo,

    obrigando-a devida responsabilidade para com aqueles que sofreram

    as conseqncias do infortnio.

    19. O(A) RECLAMANTE casado com a Sra. Maria

    Aparecida Ftima Guedes da Silva e possui 03 (trs) filhos, conforme

    se prova das certides de casamento e nascimento acostadas (docs.

    ____). At a data do acidente mantinha sua famlia de maneira digna,

    ainda que vivesse num cotidiano de srias dificuldades financeiras.

    20. Atualmente, est submetido a uma srie de

    dificuldades, pois o salrio do RECLAMENTE era completado com o

    valor correspondente realizao de inmeras horas extras, que

    trazia um pouco mais de conforto e dignidade.

    21. O(A) RECLAMANTE teve reconhecido o pedido

    de auxlio-doena acidentrio apresentado em 05/02/2009 (doc. ___),

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    no valor de R$ 699,00 (seiscentos e noventa e nove reais), mas,

    infelizmente, tal valor no suficiente para manter o padro de

    vida anterior ao acidente, e sua famlia obrigada a viver em

    constante estado de constrangimento, por depender de favores de

    terceiros.

    22. Doutra esteira, as RECLAMADAS ignoraram

    completamente o ocorrido. Como se no tivessem qualquer

    responsabilidade.

    23. Prestaram-se a uma nica visita ao()

    RECLAMANTE, ocasio em que prometeram ajud-lo na aquisio dosmedicamento e com a continuidade da entrega da cesta bsica.

    Contudo, nunca contriburam com qualquer quantia, e, em relao

    cesta bsica, ainda disseram que o RECLAMANTE no possua esse

    direito.

    24. O narrado acidente, resultante da

    negligncia e imprudncia das RECLAMADAS, permitindo o transporte de

    funcionrios sem as devidas condies de segurana, est impedindo oRECLAMANTE de melhorar e aprimorar o conforto que sempre quis dar

    famlia, encargo que deve ser transferido integralmente s

    RECLAMADAS, pela culpa grave com que se fez presente no sinistro.

    25. As RECLAMADAS agindo com negligncia

    grave, omisso consciente, nada se importando com a segurana de

    seus empregados, submetidos a perigo constante no transporte

    fornecido, exps-lhes ao acidente ocorrido no dia 16/01/2009, com

    conduta dolosa, ou culpa grave, que "nesses casos se equipara ao

    dolo", diante ausncia de vigilncia sobre as condies dos

    veculos utilizados para tanto.

    26. Neste sentido a lio de Slvio

    Rodrigues ao elencar os requisitos para a responsabilidade civil por

    ato ilcito: "que haja uma ao ou omisso por parte do agente; que

    a mesma seja a causa do prejuzo experimentado pela vtima; que haja

    um prejuzo; e que o agente tenha agido com dolo ou culpa.

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    27. No presente caso inconteste a presena

    de todos os elementos caracterizadores da responsabilidade civil, em

    desfavor das RECLAMADAS, quer sejam: conduta omissiva ou comissiva,

    a culpa, o dano e o nexo de causalidade.

    28. No mesmo sentido o ensinamento do Prof.

    Silvio Rodrigues:

    "O dever de reparao, segundo diz Irineu AntnioPedrotti, em sua obra Responsabilidade Civil, temfundamento na culpa o no risco da culpa decorrente doato ilcito do agente, o fundamento est na razo da

    obrigao de recompor o patrimnio diminudo com aleso a direito subjetivo (....). Adiante, ao tratar damodalidade de culpa, afirma que a negligncia consistena omisso ou no observncia de um dever a cargo doagente, compreendidos nas preocupaes necessriaspara que fossem evitados danos no desejados e, porconseguinte, evitveis."

    Da responsabilidade OBJETIVA do empregador

    29. Ocorrido o acidente, a responsabilidade

    da(s) RECLAMADA(S) quanto ao pagamento de justa indenizao ao autor

    OBJETIVA, independendo, pois, de prova, apesar de todas as

    evidncias corroborarem com a tese do RECLAMANTE.

    30. Ainda que pudesse em ultrapassada

    hiptese se alegar a responsabilidade de terceiro no evento

    acidente, estabelece a lei alguns casos em que algum deve suportar

    as conseqncias decorrentes do fato ou ato de terceiro (CC, art.

    932 - III), verbis:

    Artigo 932 So tambm responsveis pela reparaocivil: (...) III - o empregador ou comitente, por seusempregados , serviais e prepostos , no exerccio dotrabalho que lhes competir, ou em razo dele;(grifamos)

    31. Prescreve o art. 933 do mesmo Cdigo que

    as pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda

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    que no haja culpa de sua parte, respondero pelos atos praticados

    pelos terceiros ali referidos.

    32. Finalmente, consta do nico do art. 942

    do CC que so solidariamente responsveis com os autores os co-

    autores e as pessoas designadas no artigo 932.

    33. Deflui dos dispositivos legais aqui

    mencionados que algum, mesmo no tendo praticado diretamente ato

    danoso para outrem, pode responder pelas conseqncias desse ato,

    praticado por um terceiro com quem mantenha alguma relao jurdica

    estabelecida por lei ou contratualmente, sendo esta responsabilidadede natureza objetiva (art. 933 e nico do art. 942).

    34. o caso das terceirizaes de servios,

    muito comuns no Direito do Trabalho, onde existe um contrato entre o

    tomador e a empresa prestadora, pelo qual esta recebe ordens da

    contratante para a realizao dos servios objeto do contrato, na

    direo do interesse objetivado pela tomadora, que determina

    contratada o modo como devem os servios ser realizados, variando afiscalizao pela tomadora conforme cada caso.

    35. Ressalte-se por oportuno, que no pode

    a(s) RECLAMADA(S) insurgir(em) contra sua responsabilidade objetiva

    arguindo o teor da Smula 341 do Colendo STF, eis que tal

    entendimento resta superado com o advento do novo Cdigo Civil.

    36. Conclui-se, assim, com base no novo CC,

    que a responsabilidade do empregador ou comitente (tomador de

    servios) pelos atos, respectivamente, dos seus empregados e

    prepostos (empresas terceirizadas) que causem acidentes de trabalho

    e conseqentes danos sade dos trabalhadores, objetiva e

    solidria.

    Da Responsabilidade subjetiva do empregador

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    37. Se entendimento de Douto Magistrado no

    convergir para a responsabilidade objetiva do empregador, melhor

    sorte no merece s RECLAMADAS haja vista a comprovada culpa pela

    evento danoso e, consequentemente, a responsabilidade subjetiva que

    lhes deve ser atribuda.

    38. No caso de acidente do trabalho, haver

    culpa do empregador quando no forem observadas as normas legais,

    convencionais, contratuais ou tcnicas de segurana, higiene e sade

    do trabalho. obrigao legal da empresa cumprir e fazer cumprir

    tais normas, instruindo os empregados e prepostos quanto s

    precaues a tomar, no sentido de evitar acidentes do trabalho ou

    doenas ocupacionais, prestando informaes pormenorizadas sobre os

    riscos da operao a executar e do produto a manipular.

    39. No por outro motivo dispe a

    Consolidao das Leis do Trabalho, com as alteraes introduzidas

    pela Lei n 6.514/77:

    Art. 157 - Cabe s empresas: (Redao dada pelaLei n 6.514, de 22.12.1977)I - cumprir e fazer cumprir as normas de seguranae medicina do trabalho; (Includo pela Lei n 6.514,de 22.12.1977)

    DO DANO MATERIAL

    40. O RECLAMANTE percebia como salrio base o

    valor de R$ 617,00 (seiscentos e dezessete reais) mais adicional de

    insalubridade no nvel mdio de 20% (vinte por cento). Com o horrio

    extraordinrio regular, o obreiro percebia remunerao aproximada de

    R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), conforme facilmente se pode

    concluir dos holerites acostados (docs. ___).

    http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L6514.htm#art157http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L6514.htm#art157http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L6514.htm#art157http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L6514.htm#art157http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L6514.htm#art157http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L6514.htm#art157http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L6514.htm#art157http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L6514.htm#art157
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    41. Acontece que o RECLAMANTE vem recebendo

    benefcio acidentrio na ordem de R$ 699,00 (seiscentos e noventa e

    nove reais)(doc. ___).

    42. Evidente que no fosse o acidente de

    trabalho o RECLAMANTE, certamente estaria exercendo suas atividades

    normais e percebendo remunerao anteriormente mencionada.

    43. Desta forma, est suportando o RECLAMANTE

    um prejuzo em seu poder aquisitivo na ordem de 1,08 (um inteiro e

    oito centsimos) de salrios mnimos, mensalmente e desde o evento

    danoso, fazendo jus ao devido ressarcimento.

    44. Doutra sorte, tendo em vista as graves

    seqelas deixadas pelo acidente no RECLAMANTE o mesmo faz jus a teor

    do art. 950 do Cdigo Civil a uma penso no valor de R$ 740,40

    (setecentos e quarenta reais e quarenta centavos), valor este

    correspondente a 1,59 (um inteiro e cinqenta e nove centsimos) de

    salrios mnimos.

    Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual oofendido no possa exercer o seu ofcio ou profisso, ouse lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenizao,alm das despesas do tratamento e lucros cessantesat ao fim da convalescena, incluir pensocorrespondente importncia do trabalho para que seinabilitou, ou da depreciao que ele sofreu.

    45. Como j exposto acima, o RECLAMANTE por

    ocasio do acidente contava com 33 anos de idade, o que perfaz um

    perodo de aproximadamente 32 anos de obrigao das RECLAMADAS de

    prestarem penso ao Obreiro, isso se considerar uma expectativa de

    vida de 65 anos de idade.

    46. Dita penso deve ser arbitrada levando-se

    em considerao a remunerao percebida pelo Obreiro equivalente a

    aproximadamente 1,59 salrios mnimos por ms, durante pelo menos 32

    anos. Nada obstando, contudo, que dito pensionamento seja quitado em

    parcela nica, com a devida atualizao monetria, devendo serincludo neste clculo os salrios trezenos, o que perfaria, hoje, a

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    importncia aproximada de R$ 307.569,60 (trezentos e sete mil,

    quinhentos e sessenta e nove reais e sessenta centavos).

    47. Por outro lado, certo que aps o

    acidente o RECLAMANTE passou a ter seu oramento majorado por gastos

    com conduo e medicamentos que giram em torno de R$ 90,00 (noventa

    reais) ao ms.

    48. Assim, faz jus o RECLAMANTE a indenizao

    por danos materiais equivalente a perda salarial sofrida pelo

    Obreiro, considerando-se a expectativa de vida em atividade laboral

    do RECLAMANTE qual seja 65 anos, bem como ao custeio de todo o seutratamento, que dever ser apurado em uma possvel liquidao por

    artigo.

    49. Destarte, DEVEM as RECLAMADAS serem

    compelidas ao pagamento de PENSO VITALCIA correspondente ao dano

    fsico permanente causado ao RECLAMANTE e sua conseqente

    incapacidade para laborativa, ou outra que restar apurada em regular

    percia mdica, no valor de seu ltimo salrio percebido, atualizada

    permanentemente, bem como constituir capital que lhe assegure, forte

    no art. 475-Q do Cdigo de Processo Civil, utilizado subsdiariamente

    no Direito do Trabalho pelo disposto no art. 769 da CLT.

    DO DANO MORAL

    50. Ex positis, devem as RECLAMADAS arcar com

    JUSTA INDENIZAO pela dor moral sofrida pelo(a) RECLAMANTE e suaprole.

    51. O acidente sofrido pelo RECLAMANTE dentro

    do curso de sua atividade laborativa, alm dos danos supra citados,

    acabou por causar-lhe danos morais, posto que certo que aps o

    acidente o RECLAMANTE se viu impedido de exercer inmeras atividades

    que antes eram rotineiras.

    52. Como brilhantemente explica Antnio JeovSantos, em sua obra Dano Moral Indenizvel, 3 ed.:

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    Existem danos pessoa que, muito embora noretirem a vida, o sopro vital, produzem prejuzosmenores mas que, de alguma forma, importam nadiminuio de potencialidades do homem. Seja umasimples leso que, por ter sido praticada de formainjusta, deve ser passvel de indenizao por danomoral, j que qualquer dando pessoa humilha eenvergonha, at a leso fsica de magnitude comoaquela que produz tetraplegia, por exemplo, devem serobjeto da mais ampla indenizao. Qualquer minoraoque impea o ser de continuar efetuando atividadesque lhe eram comuns antes de padecer a leso, como oexerccio de atividade cultural, artstica, desportiva,etc., coberta pelo direito ensejador do dano moral,alm do patrimonial.

    53. Por fim, notrio que o simples fato de

    algum ter causado leso integridade corporal de outrem,

    suficiente para engendrar o dano moral, uma vez que a incolumidade

    fsica e pessoal uma projeo do direito vida e, o s fato de

    coloc-lo em perigo, seja com leso simples ou grave, torna os

    Reclamados passveis de indenizarem o Reclamante.

    54. Assim, pelo acima exposto requer que as

    RECLAMADAS sejam condenadas a pagarem danos morais ao Reclamante em

    valor a ser arbitrado por Vossa Excelncia, levando-se em conta o

    carter punitivo da aplicabilidade do dano moral e as condies

    financeiras dos Reclamados, de forma que o valor seja suficiente

    para suprir o fim a que se destina, qual seja a punio das

    RECLAMADAS pelo ato danoso e uma compensao ao RECLAMANTE pelos

    sofrimentos e transtornos aos quais est sujeito desde a ocorrncia

    do acidente.

    Do trabalho em horrio extraordinrio

    55. O(A) RECLAMANTE, foi contratado(a) para

    trabalhar na funo de AJUDANTE GERAL, como dito alhures, pelo

    salrio mensal de R$ 617,00 (SEISCENTOS E DEZESSETE REAIS) mais

    adicional de insalubridade no nvel mdio de 20% (VINTE POR CENTO), e

    para exercer suas atividades de 2 6 feira, no perodo das 07h00 s

    16h48, com 01 (uma) hora de intervalo para o almoo.

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    56. Ocorre que, na verdade, laborava o(a)

    obreiro(a) em horrio extraordinrio diariamente e todos os sbados

    e domingos anteriores ao acidente acima narrado.

    57. Em mdia, estendia o RECLAMANTE sua

    jornada de trabalho at s 21h00 de segunda sbado e, aos

    domingos, at as 17h00, sendo certo que recebia ttulo de horrio

    extraordinrio um valor muito inferior ao devido conforme demonstram

    os holerites acostados (docs. ___).

    58. Tais irregularidades constituem-se em

    prtica comum das RECLAMADAS, como se pode facilmente asseverar apartir do amontoado de processos movidos contra elas nessa Justia

    Especializada.

    59. Desta forma, as RECLAMADAS deixaram de

    observar a durao normal do trabalho de 08 (oito) horas dirias e 44

    (quarenta e quatro) semanais, consoante o disposto no art. 7, XIII da

    Constituio Federal, bem como o art. 58 da CLT.

    60. Extrapolava o(a) RECLAMANTE, portanto, o

    mximo permitido em 189 (cento e oitenta e nove) horas extras

    mensalmente, devendo as RECLAMADAS responder pelo pagamento do

    correspondente horrio com acrscimo de 50% (cinqenta por cento),

    conforme art. 7, XVI, da Carta Magna combinado com art. 59, 1 da

    CLT.

    61. Como prova sua, requer o RECLAMANTE que se

    digne Vossa Excelncia, determinar que a RECLAMADA traga aos autos osespelhos de carto de ponto que eram anotados diariamente.

    Dos Reflexos

    62. Por serem habituais as horas extras devero

    refletir nos Descansos Semanais Remunerados DSRs (Smula n 172,

    TST), 13 salrio (Smula n 45, TST), frias anuais, proporcionais eacrscimos legais (CLT, art. 142, 5), Fundo de Garantia por Tempo

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    de Servio e multa de 40% (Smula n 63, TST) e no aviso prvio

    (Smula n 376, TST).

    DOS PEDIDOS

    63. Ex positis, pleiteia o RECLAMANTE:

    I. A concesso dos benefcios da JUSTIA GRATUITA por no possuir

    meios para o custeio da presente reclamao sem que lhe falte

    sustento para si e para sua famlia, conforme declarado.

    II. A citao das RECLAMADAS nas pessoas de seus representantes

    legais e nos endereos retromencionados, para comparecer,

    querendo, na audincia previamente designada por esse Douto

    Juzo, nela oferecendo a defesa que tiverem, sob os efeitos da

    revelia e pena de confisso quanto a matrio de fato.

    III. A procedncia da ao para condenar as RECLAMADAS nos pagamentos

    das indenizaes pelos danos materiais e morais causados aoRECLAMANTE conforme segue:

    a. Danos morais (200 salrio mnimos) = R$ 93.000,00

    b. Danos Materiais:

    i. Diminuio do poder aquisitivo e gastos com tratamento

    (1,08SM X 6) = R$ 3.013,20

    ii. Penso vitalcia mensal na ordem de 1,59 salrios

    mnimos por ms, durante pelo menos 32 anos, ou que

    dito pensionamento seja quitado em parcela nica, com

    a devida atualizao monetria, includos 13 salrios

    = R$ 307.569,60

    IV. A constituio de capital suficiente para suportar a execuo

    conforme determina o art. 475-Q do CPC.

    V. A condenao das RECLAMADAS ao pagamento de 396 (trezentos e

    noventa e seis) horas extras com adicional de 50% = R$ 1.999,08

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    ___________________________________JOS ANTONIO PEREIRAOAB/SP n 258.745