62
Portugal global Pense global pense Portugal Maio 2010 // www.portugalglobal.pt António Saraiva Presidente da CIP Prioridade ao diálogo para combater desemprego 26 Arquitectura Global 6 Catalunha Parceiro económico de peso 40 Empresas Hyfas, Bidinâmica e Listral 36

2010.05 Portugalglobal 23

Embed Size (px)

DESCRIPTION

2010.05 Portugalglobal 23

Citation preview

Page 1: 2010.05 Portugalglobal 23

PortugalglobalPense global pense Portugal

Mai

o 2

010

// w

ww

.po

rtu

gal

glo

bal

.pt

António SaraivaPresidente da CIPPrioridade ao diálogo para combater desemprego 26 Arquitectura Global 6

CatalunhaParceiro económico de peso 40

EmpresasHyfas, Bidinâmica e Listral 36

Page 2: 2010.05 Portugalglobal 23
Page 3: 2010.05 Portugalglobal 23

sumárioMaio 2010 // www.portugalglobal.pt

Destaque // 6A arquitectura e os arquitectos portugueses são hoje reconhecidos tanto no plano nacional como internacional, o que confere maior visibilidade à sua criatividade, largamente premiada em Portugal e no estrangeiro. O movimento de internacionalização dos ateliers e dos arquitectos portugueses leva a arquitectura portuguesa aos quatros cantos do mundo e implica, no seu processo, não só os arquitectos de renome, mas toda uma nova geração que soube impor o seu talento.

Entrevista // 26Firme defensor do diálogo, António Saraiva, presidente da CIP, elegeu a justiça, o combate ao desemprego e o reequilíbrio das contas públicas como áreas prioritárias de intervenção desta Confederação. Em entrevista, afirma ainda que o modelo de crescimento económico do país tem de ser revisto à luz da globalização dos mercados e que as empresas portuguesas devem apostar em bens transaccionáveis com valor acrescentado para serem competitivas.

Notícias // 34

Empresas // 36Hyfas ilude a crise.Bidinâmica: lixo dá moda reciclada.Listral: formação supera exigências de qualificação.

Mercado // 40Importante parceiro económico de Portugal, a Catalunha lidera a produção industrial em Espanha em vários sectores, do químico e farmacêutico às biotecnologias; do agro-alimentar, ao têxtil e ao design, entre outros, emergentes e de potencial crescimento. É um mercado aberto, com lugar para as empresas e para os produtos portugueses.

Opinião // 48O primado da política na Estratégia da Europa para 2020 é o tema do artigo de José Meira da Cunha, assessor da AICEP.

Análise de risco por país – COSEC // 50

Estatísticas // 54Investimento directo e exportações.

Feiras e eventos// 56

AICEP Rede Externa // 58

Bookmarks // 60

Page 4: 2010.05 Portugalglobal 23

São três os temas em foco nesta re-vista. Partilham em comum o facto de representarem realidades que potenciam claramente um Portugal melhor em termos de atitude, ima-gem e sucesso.

Atitude: A tónica no diálogo alar-gado, o apelo ao reequilíbrio das contas públicas, o empenho no combate ao desemprego e a imple-mentação de uma melhor justiça, são as linhas de actuação defendi-das por António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Por-tuguesa, numa entrevista em que enfatiza a dinâmica da globalização dos mercados e a importância de as empresas portuguesas acrescenta-rem valor aos bens transaccionáveis, para deste modo afirmarem a com-ponente inovação e serem na reali-dade mais competitivas. É ainda na linha do diálogo alargado e esclare-cido com os parceiros sociais, numa óptica de integração apoiada no conhecimento, que o novo dirigen-te da CIP convida 35 personalidade dos mais variados sectores da socie-dade, dos universitários aos empre-sários, para pensarem em conjunto temas incontornáveis como a ener-gia, o ambiente, a formação, o em-prego e a educação.

Imagem: A arquitectura e os ar-quitectos portugueses conquis-tam visibilidade e prestígio globais, afirmando-se por esse mundo fora. Ganham prémios e os seus serviços e soluções são cada vez mais soli-

EDITORIAL

// Maio 2010 // Portugalglobal4

Revista PortugalglobalAv. 5 de Outubro, 101

1050-051 LisboaTel.: +351 217 909 500Fax: +351 217 909 578

Propriedadeaicep Portugal Global

O’Porto Bessa Leite ComplexR. António Bessa Leite, 1430 – 2º

4150-074 Porto Tel.: +351 226 055 300Fax: +351 226 055 399NIFiscal 506 320 120

Comissão ExecutivaBasílio Horta (Presidente), Eurico Dias,

José Vital Morgado, Luis Florindo, Teresa Ribeiro

DirectoraAna de Carvalho

[email protected]

RedacçãoCristina Cardoso

[email protected]

José Escobar

[email protected]

Vitor Quelhas

[email protected]

Colaboram neste número António Saraiva, Basílio Horta,

Centro de Negócios da AICEP em Espanha, Direcção de Informação da AICEP,

Direcção Internacional da COSEC, João Belo Rodeia, José Meira da Cunha, Josep Lluís Bonet,

Manuel Martinez.

Fotografia e ilustração Revista Arquitectura 21, ©Fotolia,

Marina Santos Almeida, Messe Frankfurt Exhibition GmbH (Jean-Luc Valentin / Pietro Sutera),

Ordem dos Arquitectos, Rodrigo Marques.

Publicidade [email protected]

SecretariadoHelena Sampaio

[email protected]

AssinaturasREGISTE-SE AQUI

Projecto gráficoaicep Portugal Global

Paginação e programaçãoRodrigo Marques

[email protected]

ERC: Registo nº 125362

As opiniões expressas nos artigos publicados são da res-

ponsabilidade dos seus autores e não necessariamente

da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global.

A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal

não implica qualquer compromisso por parte desta

com os produtos/serviços visados.

Mudança positivacitados, tanto no plano nacional como internacional, distinguindo-se pelo seu saber, talento e criativida-de. Tanto os consagrados, como a geração mais recente, inovam em matéria de projecto, urbanismo e design, demonstrando a solidez do seu know-how, as suas boas práti-cas e a sua notável capacidade de interagir com diferentes exigências e realidades à escala mundial.

Sucesso: A Catalunha não é ape-nas o principal parceiro comercial de Portugal entre as Comunidades Autónomas de Espanha, é também um mercado acolhedor e aberto, bom para viver e fazer negócios, com espaço para as empresas e para os produtos portugueses, que ali encontram uma intensa activida-de económica, comercial e indus-trial, tecnologicamente sofisticada e que se pauta pela inovação e com-petitividade, um solo fértil em que prosperam cinco dezenas de em-presas lusas, com destaque para os grandes grupos.

Estes são os grandes temas em aná-lise, a que a nossa publicação não poderia ficar indiferente, sabido o interesse que possuem como facto-res de mudança positiva, indispen-sáveis num país que se quer confor-tavelmente inserido na comunidade internacional, onde já conquistou relevância em termos de coopera-ção, cultura e negócio.

BASÍLIO HORTAPresidente da Comissão Executiva da AICEP

Page 6: 2010.05 Portugalglobal 23

Com uma evolução adaptável e ágil a partir da segunda metade do séc. XX, a arquitectura portuguesa mostra agora interna e externamente o seu talento e relevância no panorama das estéticas e linguagens arquitecturais contemporâneas, afirmando cada vez mais o seu potencial cultural, social e económico.

ARQUITECTURA PORTUGUESA NOTORIEDADE NACIONAL E INTERNACIONAL

© S

iza

Vie

ira

Page 7: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

Portugalglobal // Maio 10 // 7

“Os ateliers e empresas de arquitectura portugueses, não apenas os de consagrados como Siza Vieira, Gonçalo Byrne, Souto de Moura ou Carrilho da Graça, mas também os emergentes da nova geração, são cada vez mais intervenientes em termos de projecto, urbanismo e design.”

A arquitectura e os arquitectos por-tugueses estão em foco, sendo actu-almente reconhecidos tanto no plano nacional como internacional. Com uma herança milenar, em termos de presen-ça edificada no território, a arquitectu-ra portuguesa foi procurando ao longo da história os seus próprios percursos, interagindo com outras arquitecturas e culturas, é certo, mas reforçando sem-pre o seu contributo na óptica de uma criatividade e de um imaginário arqui-tectónicos de cunho nacional. Os prémios que os arquitectos portu-gueses das várias gerações arrecadam actualmente, não só no país mas so-bretudo nas mais diversas partes do mundo, mostram a vitalidade da sua herança, saber, adaptabilidade e talen-to arquitectónicos, assim como da sua cada vez maior experiência e notorie-dade internacionais. Nesta medida, en-fatiza do presidente da Ordem dos Ar-quitectos, João Belo Rodeia: “Dinâmica e potencial que são inseparáveis de um saber e fazer profissionais que conti-nuam a ser reconhecíveis em grande parte da nossa Arquitectura, desde há muito ancorada numa dimensão crítica que envolve a adequação à paisagem, uma certa relutância ao excesso e forte empenho social e ético”.

Na realidade os ateliers e empresas de arquitectura portugueses, não apenas os de consagrados como Siza Vieira, Gonçalo Byrne, Souto de Moura ou Carrilho da Graça, mas também os emergentes da nova geração, são cada vez mais intervenientes em termos de projecto, urbanismo e design, seja no país seja no estrangeiro, onde deixam cada vez mais a sua marca global, como sinónimo inequívoco de fiabili-dade, qualidade, originalidade e inova-ção. Exemplo dessa marca universal é a recente exposição de arquitectura por-tuguesa em Berlim ou a afirmação de arquitectos portugueses em Macau, o que constitui um caso particular dessa criatividade e intervenção no terreno, com uma arquitectura que se destaca num território nem sempre pautado pelo crescimento ordenado do espaço urbano e pelo respeito, em termos ar-quitectónicos, por uma sã convivência entre tradição e modernidade.

A legislação sobre a certificação ener-gética dos edifícios veio, por outro lado,

permitir aos arquitectos portugueses a incorporação de dispositivos e soluções construtivas que abrangem novas tecno-logias de sustentabilidade energética e ambiental dos edifícios, sem dúvida um importante contributo para a qualidade de vida dos seus utilizadores e também da cidade em geral, e com impacto muito positivo sobre a prestação nacional e in-ternacional dos arquitectos portugueses.

Feito o balanço, podemos dizer que a arquitectura portuguesa se encontra de boa saúde e que tanto em Portugal, como na Europa ou no Mundo, cada vez mais conquista e assume cultural, social e economicamente maior rele-vância como sector.

Page 8: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

// Maio 10 // Portugalglobal8

A Arquitectura tem hoje amplo reco-nhecimento em Portugal. De norte a sul, no continente ou nas regiões autó-nomas, no sector privado ou no públi-co, implica cerca de 18.000 arquitectos em diversas áreas e actos profissionais, desde a edificação ao património cul-tural, do urbanismo ao planeamento territorial, da avaliação de projectos à direcção e fiscalização de obras. Como nunca antes, ao melhorar as condi-ções do habitar comum, a Arquitectura ganhou particular relevância na vida quotidiana dos cidadãos, criando mais identidade cívica e colectiva.

Neste quadro, entre transformação, criatividade e inovação, a Arquitectura é um importante recurso de coesão social e económica para Portugal, ainda mais relevante em face dos desafios colo-cados pela crise económica e pela glo-balidade do mundo. Não apenas pelo importante impacto nas indústrias da construção e no imobiliário, mas sobre-tudo pelo papel potencial na melhoria do ambiente construído e da qualidade de vida, na regeneração urbana e na reabilitação patrimonial, na sustentabi-lidade energética e no combate às alte-rações climáticas, ou ainda na educação e participação dos cidadãos.

Porém, a Arquitectura assume-se, tam-bém, como um dos mais destacados recursos de afirmação internacional de Portugal, pois a sua notoriedade cres-ceu para além da contingência perifé-rica portuguesa, sobretudo através de projectos e edifícios de muitos dos seus melhores autores. Serve como exemplo a recente exposição de arquitectura portuguesa em Berlim, por iniciativa do Senhor Presidente da República na visita de Estado à Alemanha, com algu-mas dezenas de projectos de arquitec-

PORTUGAL, UM PAÍS DE ARQUITECTURA

tos portugueses para os quatro cantos do mundo, do Brasil à Mongólia, de Timor-Leste a Angola, demonstrando, para além da dinâmica cultural própria, o respectivo potencial socioeconómico.

Dinâmica e potencial que são insepa-ráveis de um saber e fazer profissionais que continuam a ser reconhecíveis em grande parte da nossa Arquitectura, des-de há muito ancorada numa dimensão crítica que envolve a adequação à pai-sagem, uma certa relutância ao exces-so e forte empenho social e ético. Esta dimensão traduz-se numa arquitectura habituada e ajustável a quaisquer con-dições e circunstâncias, da abundância à escassez, reinventando-se em cada uma delas. Neste sentido, ainda que tantas

Se o papel interventor dos arquitectos portugueses é cada vez mais percepcionado pelo mais comum dos cidadãos, no plano externo, a nossa arquitectura já contribui também para a melhoria da imagem de Portugal no mundo. Um texto de João Belo Rodeia, presidente da Ordem dos Arquitectos.

vezes reconhecível, a nossa Arquitectu-ra permite imprimir nela própria cada realidade encontrada, potenciando-se com conhecimento global nas condições específicas de cada local em que opera, em qualquer parte do mundo.

Compreende-se, assim, o potencial profissional dos nossos arquitectos, bem como a respectiva responsabilida-de profissional e cívica. Responsabilida-de inseparável de melhor responder a cada problema e de fazer melhor em cada acção, em cada projecto e em cada obra. Responsabilidade insepará-vel de uma Arquitectura para as pesso-as, na convicção humanista e optimista de poder melhorar o mundo, entregar felicidade e realizar o bem comum.

Page 9: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

Portugalglobal // Maio 10 // 9

Seguindo o exemplo de Álvaro Siza Vieira, os arquitectos portugueses pro-jectam cada vez mais fora do país. Se-não vejamos. No mês de Março deste ano, o arquitecto Eduardo Souto de Moura apresentou, como convidado, os seus mais recentes projectos na “Fashion Week” da arquitectura e da construção no mercado brasileiro – a Expo Revestir 2010 – que decorreu em São Paulo, Brasil, e que é uma porta aberta para o sector na América Latina.

Há pouco mais de um ano, em Abril de 2009, teve lugar em Berlim a expo-sição “Arquitectura: Portugal Fora de Portugal” organizada pela Ordem dos Arquitectos, que mostrou o trabalho de arquitectos portugueses em países estrangeiros, com escritório em Portu-gal, numa panorâmica de projectos e obras que se inscrevem em várias cul-turas e continentes. Reuniu trabalhos de vinte e dois nomes internacionais da arquitectura portuguesa, desta-

cando-se Álvaro Siza, Gonçalo Byr-ne, João Mendes Ribeiro, Carrilho da Graça, Manuel Graça Dias, Egas José Vieira – com um projecto em Pilsen, na República Checa –, Souto de Moura, entre outros, configurando a primeira grande mostra de arquitectura nacio-nal neste país europeu.

A mostra, que reuniu exclusivamen-te projectos de autores portugueses construídos em 15 países do mundo,

ESTRATÉGIA GLOBAL

A arquitectura e os arquitectos portugueses marcam pontos no plano internacional, conferindo cada vez mais visibilidade à sua criatividade e talento. Exemplos não faltam por esse mundo fora. Projectos portugueses edificados em Berlim, Díli, Roma, Brasília, ou mesmo na Mongólia, mostram que a arquitectura portuguesa está de boa saúde e recomenda-se. Um breve balanço.

Page 10: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

// Maio 10 // Portugalglobal10

incluiu arquitecturas que trabalham programas, culturas e situações de encomenda bastante diferenciadas, em que predominam a criatividade e o rigor no trabalho. Denominador comum: a invulgar capacidade dos arquitectos portugueses de expres-sarem um entendimento adaptado a situações e contextos geográfica e culturalmente muito diversos. A Es-cada Mecânica no Castelo de Rivoli, em Itália, de João Mendes Ribeiro, e o aparthotel que o Atelier do Corvo projectou e está a ser construído em Angola, são dois dos 21 projectos que estiveram em exposição.

Na ocasião, o presidente da Ordem dos Arquitectos, João Rodeia, sublinhou que a arquitectura portuguesa “deve ser projectada para o exterior, não só pela dimensão cultural mas também pela socio-económica, porque traz consigo técnicos, construção civil, indústrias. É um recurso estratégico para a afirma-ção de Portugal”. São duas, pelo me-nos, as portas para projectar e edificar fora de Portugal: através de concursos, uma possibilidade que começou a surgir com a adesão do país à CEE, e através das operações imobiliárias portuguesas no estrangeiro. Tanto num caso como noutro, as parcerias e consórcios podem constituir uma boa aposta.

Pragmatismo e novos olhares são duas das mais recentes aquisições conceptu-ais da arquitectura portuguesa, que se traduz no elevado número de jovens arquitectos com incursões profissionais bem sucedidas no estrangeiro, para o que contribui o cada vez maior acesso e partilha (multidisciplinar) de informação, não apenas genérica, mas específica da arquitectura e do design. A facilidade de trocar informação tecnológica entre continentes permite cada vez mais su-perar as distâncias geográficas e cultu-rais, deixando em aberto, na produção arquitectónica, inúmeras possibilidades de inovação, experimentação e de apro-ximação a expressões mais avançadas.

Este movimento da arquitectura para fora tem que ver também com o cresci-mento do número dos arquitectos por-tugueses nas três últimas décadas, que passou de cerca de mil arquitectos, em 1980, para mais de 17.500 (dados da Ordem dos Arquitectos), o que demons-tra a atracção que exerce a arquitectura, como profissão, entre os mais jovens.

Por outro lado, a arquitectura portu-guesa, que está alicerçada nas carrei-ras pessoais de excelentes arquitectos portugueses, tem sido um dos bens que Portugal tem repetidamente pro-curado exportar ao longo da última

década. Estes arquitectos, que cons-tituem a imagem de marca desta ar-quitectura exportada, têm o mérito de, com poucos apoios dentro do país, terem construído sólidas carreiras profissionais, tanto no plano nacional como internacional. Mas as novas ge-rações de arquitectos, abrem também caminho para fora, criando para isso as suas próprias empresas e estratégias de internacionalização.

“Pragmatismo e novos olhares são duas das mais recentes aquisições conceptuais da arquitectura portuguesa, que se traduz no elevado número de jovens arquitectos com incursões profissionais bem sucedidas no estrangeiro.”

Entre os muitos exemplos de interna-cionalização está o da sociedade de arquitectos Saraiva & Associados, que está a apostar na internacionalização da prestação de serviços na Argélia e em Marrocos, numa estratégia para conquistar e se adaptar a novos mer-cados, em que os países do Magrebe constituem uma boa oportunidade pelo seu potencial de negócio na área da exportação de serviços com valor acrescentado. Os países da região es-tão a fazer uma forte aposta na cons-trução, infra-estruturas públicas, saúde e transportes, bem como nas áreas dos equipamentos habitacionais, turismo, hotelaria e escolas.

Ainda recentemente os arquitectos João Prates Ruivo e Raquel Maria Oli-veira ficaram entre os cinco finalistas do International Architecture Competi-tion – Upto35/Student Housing – um concurso destinado a arquitectos com menos de 35 anos. A proposta destes dois portugueses foi seleccionada entre 245 trabalhos chegados de 45 países, por um júri composto por nomes como Bjarke Ingels, Marcel Meili, Yoshiaru Tsukamoto, Andreas Korkoulas, Iasson Tsakounas e Elia Zhengelis. O concurso foi promovido por uma empresa grega

Page 11: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

Portugalglobal // Maio 10 // 11

que procurava ideias para a construção de uma residência para estudantes no centro histórico de Atenas, na Grécia.

São vários os percursos internacionais da arquitectura portuguesa: de Berlim (chancelaria e residência da Embai-xada de Portugal, de Inês Lobo e Pe-dro Domingos) a Brasília (residência da Embaixada de Portugal, de Ricar-do Bak Gordon); de Roma (conjunto habitacional de Romanina, do atelier Risco) a Cabo Verde, onde José Adrião está a projectar um edifício na Ilha da Boavista; da Bélgica (sede do governo da província do Barbante Flamengo, de Gonçalo Byrne), ao aparthotel que o Atelier do Corvo está a construir em Luanda; de Budapeste (edifícios do Promontório) a Como (em Itália, dos ARX) e a Madrid (dos Aires Mateus); de Barcelona (Souto de Moura) ao conjunto urbano dos Barbini Arquitec-tos numa praia em Cabo Lombo, An-gola; de França (Teatro Auditório que João Luís Carrilho da Graça já cons-truiu em Poitiers); de Málaga (Museu do Conto, dos Aires Mateus) a Antu-érpia (crematório que Souto de Moura projectou); da República Checa (Teatro de Pilsen, de Graça Dias e Egas José Vieira); e do Brasil (Fundação Iberé Camargo, a mais recente obra de Siza neste país) à Coreia (Pavilhão de Siza no verde de Anyang).

Enfim, uma arquitectura que atravessa fronteiras e que reúne todas as condi-ções para ser progressivamente mais solicitada, dada a sua universalidade. Os projectos com assinatura portugue-sa não são apenas edificados em países europeus, mas encontram-se em locais tão distantes como o Brasil, na outra margem do atlântico, ou na Mongólia, com dois jovens arquitectos, Inês Vieira da Silva e Miguel Vieira, a serem de-safiados a construir, no meio do nada, uma casa de mil metros quadrados para um cliente que ainda não existe no terreno. A história: um dia recebe-ram um e-mail do atelier suíço Her-zog & de Meuron, com o qual nunca tinham contactado, perguntando-lhes se estariam disponíveis para participar num projecto em que 100 jovens arqui-tectos de todo o mundo construiriam 100 habitações de luxo na Mongólia.

Outro espaço em que a internacionali-zação da arquitectura nacional esteve patente foi a exposição, na Ordem dos Arquitectos, em Lisboa, de projectos de cinco escolas criados por arquitec-tos portugueses para países africanos lusófonos. A exposição, comissariada pelo arquitecto Manuel Graça Dias, mostrou os projectos de cinco equi-pas de arquitectos portugueses – Inês Lobo, Pedro Maurício Borges, Pedro Reis, Jorge Figueira e a dupla Pedro Ravara/Nuno Vidigal – que criaram es-colas para lugares específicos de Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Prín-cipe, Angola e Moçambique.

Os projectos em exposição em Lisboa representaram Portugal na 8ª Bienal Internacional de Arquitectura de São Paulo, que decorreu de 31 de Outubro a 6 de Dezembro de 2009. Segundo Manuel Graça Dias, estes projectos “não deverão ficar apenas no papel”,

pois o objectivo é que sejam concre-tizados no terreno. Para esse efeito, os projectos encomendados deverão depois seguir para os respectivos desti-nos, procurando ser viabilizados, numa óptica de financiamento estratégico, pelo Governo português, para passa-rem à fase de construção.

Fazendo um balanço actualizado: os arquitectos conceituados, foram sem-pre chamados a intervir noutros países e Portugal é, seguramente, mais ex-portador de arquitectura de qualidade do que importador, sendo já muitos os arquitectos portugueses que projectam e edificam fora do território nacional. Actualmente mais de duas dezenas de arquitectos portugueses trabalham regularmente para o exterior, encon-trando-se por todo o planeta obras as-sinadas por arquitectos nacionais, uma presença global que, é preciso não es-quecer, tem mais séculos de História.

Casa em Macinhata da Seixa - NUNO BRANDÃO COSTA

© A

rmen

io T

eixe

ira

Page 12: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

// Maio 10 // Portugalglobal12

Consagrados como Siza Vieira, que foi recentemente nomeado membro hono-rário da Academia Americana de Artes e Letras e que recebeu no ano passado o prémio Medalha de Ouro Real, atribuído pela Rainha Isabel II, pela sua contribui-ção para a arquitectura internacional, ou como João Carrilho da Graça, que foi vencedor do prémio Pessoa, também em 2009 – por criar uma linguagem própria que se adequa a cada situação específica –, ganham frequentemente prémios pe-los seus projectos edificados no país ou no estrangeiro. Siza Vieira junta a Meda-lha britânica a importantes prémios inter-nacionais como o prémio Pritzker (1992), considerado o Nobel da Arquitectura, e os três prémios Secil que lhe foram atri-buídos em 1996, 2000 e 2006.

Na frente interna, o mérito dos jovens arquitectos (e engenheiros) tem sido especialmente reconhecido e galardoa-do pelo Prémio Secil, o mais importan-

ARQUITECTOS PREMIADOS LÁ FORAPRESTIGIAM ARQUITECTURA CÁ DENTRO

Os prémios que a arquitectura portuguesa ganha nas mais diversas partes do mundo traduzem não só a sua relevância como o prestígio externo de que goza. São cada vez mais os arquitectos nacionais cujo trabalho se vê premiado a nível internacional. Alguns exemplos, entre muitos, de inovações e sensibilidades premiadas.

te prémio da arquitectura nacional, que muito tem contribuído para a promo-ção de novos talentos no início das suas carreiras, uma geração interessada, competitiva e com experiência interna-cional que tem vindo a demonstrar que sabe pensar e fazer arquitectura.

estagiou com Herzog & de Meuron, na Suiça, e com José Fernando Gonçalves e Paulo Providência, no Porto. A sua obra tem sido reconhecida em Portugal (e no estrangeiro), tendo recebido o Prémio Secil Arquitectura 2008 pelo seu pro-jecto do Edifício Administrativo e Show-room Móveis Viriato, em Paredes. Para o autor, esta é uma obra diferente na sequência dos seus trabalhos, destacan-do que a “expressão do edifício explora muito a componente estrutural.” Alter-nando a escala pública e doméstica, a sua obra evidencia a clarificação estru-tural associada a uma eficaz exploração de opostos, que manipula com uma economia de meios notável.

Na frente externa, o arquitecto de in-teriores Miguel Câncio Martins é outro dos arquitectos portugueses que en-canta lá fora, sendo muito mais conhe-cido no estrangeiro, em países como a França, EUA ou Singapura, do que em

“O mérito dos jovens arquitectos (e engenheiros) tem sido especialmente reconhecido e galardoado pelo Prémio Secil, o mais importante prémio da arquitectura nacional.”

Siza Vieira João Carrilho da Graça Miguel Câncio Martins

É o caso de Nuno Brandão Costa – ar-quitecto e professor da FAUP (Faculda-de de Arquitectura da Universidade do Porto). Formou-se pela FAUP em 1994 e

Page 13: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

Portugalglobal // Maio 10 // 13

Portugal. A sua dimensão é claramen-te europeia: nasceu em Lisboa, estudou em Bruxelas e mora em Paris. “Sou por-tuguês cem por cento, mas sou sem dúvida europeu. A nossa força é sermos europeus e não ser português, espanhol ou francês”, disse numa entrevista Re-vista Única (Expresso), no início do ano.

Mas os novos arquitectos também não param de arrecadar prémios. Ga-lardoado na Holanda, em 2010, com o prémio NET – Prémio Nacional Ener-gia do Futuro, foi o arquitecto portu-guês Jorge Moura, pelo projecto do edifício em que funciona a Escola de Engenharia, em Delft, que pertence à Universidade de Haia. O edifício foi pensado para usar ao máximo recur-sos naturais e minimizar as perdas de energia através de materiais adequa-dos, indo ao encontro da sustentabili-dade ambiental estando previsto que o edifício seja totalmente auto-sufi-ciente em termos energéticos.

Ainda em 2010, o arquitecto paisagista Nelson Soares, aluno de mestrado em Arquitectura Paisagística da UTAD, ga-nhou o prémio Ibero-Americano Jovem Arquitecto Paisagista, no âmbito do 7º Concurso Internacional realizado pelo jornal Arquitecturas, pela Vibeiras e pela Urbaverde. O talento e a qualidade do projecto foram reconhecidos no seu projecto do Parque Equestre de Abam-bres (Vila Real). A proposta visa devolver à cidade a ruralidade esquecida através de um prolongamento do parque da ci-dade para a zona de expansão urbana, o que inclui além do centro equestre, pomares, vinhas e hortas.

Da autoria do arquitecto João Maria Trin-dade, o projecto da Estação Biológica do Garducho (Mourão) foi galardoado com o prémio FAD 2009 de Arquitectura, o mais importante galardão da arqui-tectura ibérica, atribuído em Barcelona (Espanha). Os prémios FAD são concedi-dos pela Arquinfad, uma instituição que promove a arquitectura e o desenho no espaço ibérico. Para o presidente do júri, Arcadi Pla y Masmiquel, esta obra arqui-tectónica “é uma peça que quase levita sobre a paisagem, uma nova forma de arquitectura sustentável, que vê a natu-reza não como um lugar apenas para

únicas, integra aço, madeira e cortiça, uma material impermeabilizante com grande isolamento térmico e acústico, que faculta a protecção contra varia-ções microclimáticas entre o calor seco e o frio húmido. O trabalho de David Mares foi um dos dez finalistas esco-lhidos entre cerca de 600 participantes oriundos de 68 países.

Também no ano passado, os arquitectos portugueses Telmo Cruz e Maximina Al-meida foram os vencedores do Concurso Internacional de Ideias para a Nova Ponte Ciclável sobre a 2ª Circular, em Lisboa. O concurso, que reuniu 62 candidaturas de 14 países, foi uma iniciativa da Experi-mentaDesign Lisboa 2009 e da Fundação Galp Energia que pretendem premiar a mobilidade sustentável. Entre as candi-daturas encontravam-se 39 portugueses e 23 internacionais, com forte represen-tação do Reino Unido.

colonizar, mas para valorizar”. Este ano, entre os finalistas do prémio FAD, com mais de 520 obras a concur-so nesta edição, encontram-se as obras de Nuno Graça Moura (habitação uni-familiar em Marco de Canaveses), de Nuno Valentim (Centro Comunitário São Cirilo, no Porto) e de José Mateus e Nuno Mateus (Escola Superior de Tecnologia, no Barreiro). Pla y Masmi-quel sublinha a crescente participação portuguesa e realça “a força e qualida-de dos arquitectos portugueses”, que cada vez mais se destacam em todas as categorias do certame.

Em 2009, o arquitecto português Da-vid Mares, de 26 anos, vence o prémio People’s Prize, num concurso interna-cional de design de abrigos – o “Design it: Shelter Competition” – promovido pelo Museu Guggenheim, de Nova Ior-que. O seu modelo, de características

Museu Iberê Camargo - ÁLVARO SIZA VIEIRA

30 moradias unifamiliares em banda, Bom Sucesso, Óbidos - NUNO GRAÇA MOURA

© s

iza

viei

ra©

Nun

o G

raça

Mou

ra, A

rq. l

da.

Page 14: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

// Maio 10 // Portugalglobal14

A presença de construções e edifícios que remontam à Pré-história e à Anti-guidade romana, assim como ao perío-do muçulmano e à Idade Média (Româ-nico e Gótico), e desta ao Renascimen-to, é uma característica da evolução das formas arquitecturais em Portugal. Durante a Reconquista foi construído um número elevado de igrejas români-cas, que, no entanto, fogem ao estilo original (de inspiração francesa), em que predomina a arquitectura religiosa. A Sé Velha de Coimbra e a Sé de Lisboa são desse período.

No Renascimento, ao contrário do que acontecia na Idade Média, a cultura mostra-se multidisciplinar e interdisci-plinar e a arquitectura incorpora co-nhecimentos arquitecturais medievais e elementos da linguagem clássica. O

HISTÓRIA (MUITO) BREVEHistoricamente os percursos da arquitectura portuguesa são múltiplos e embora tenha sempre partilhado a diversidade das linguagens de época, procurou ser sempre coerente com um modelo de arquitectura nacional.

estilo Manuelino, um desenvolvimen-to do Gótico Tardio, torna-se uma variante regional, bem portuguesa, da transição medievo-renascentista,

Durante o domínio filipino (1580-1640) desenvolveu-se um novo esti-lo, a arquitectura chã ou Estilo Chão: maneirista, robusto, superfícies lisas, pouca decoração, rompe com o Ma-nuelino. Expressão da cultura medie-vo-moderna são também as nossas primeiras cidades ultramarinas, sobre-tudo insulares e costeiras.

Os séculos XVII e XVIII debater-se-ão com reacções ao classicismo, represen-tadas pelo estilo Barroco, com predo-minância na arquitectura religiosa, que atinge no contexto do Brasil, um mo-mento alto: o Barroco Mineiro. O Con-vento de Mafra é um dos edifícios mais representativos deste estilo. O Barroco evolui para o Rococó, de que é modelo a Torre dos Clérigos, no Porto.

“No início do séc. XX os arquitectos tornam-se inicialmente vanguardistas, adoptam um discurso social e estético de renovação do ambiente em que vive o homem contemporâneo.“

expandindo-se de modo transatlân-tico e universalizado. O Mosteiro dos Jerónimos é exemplo da transição do Gótico para o Renascimento.

Page 15: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

Portugalglobal // Maio 10 // 15

1755 foi o ano do terramoto e do ma-remoto que destruíram grande parte de Lisboa, que o Marquês de Pombal decide reconstruir. Surge na baixa lis-boeta a arquitectura de Estilo Pombali-no, uma arquitectura inteligente e bem concebida, que inova construindo pelo método pré-fabricado e sobre um sis-tema anti-sísmico. Os novos espaços são luminosos e amplos. As ruas, de traçado medieval, dão lugar a ruas rec-tilíneas ortogonais. O Rossio e a Praça do Comércio tornam-se emblemas des-ta arquitectura. Arquitectos da época: Manuel da Maia e Carlos Mardel.

como disciplina. A arquitectura do séc. XIX, não tendo ainda uma linguagem própria, envereda pelas várias expressões do revivalismo: neogótica, art noveau, entre outras. A arquitectura moderna co-meça a despontar no horizonte.

No início do século XIX, a Europa, e Portugal, recebem o primeiro choque da evolução tecnológica potenciada pela Revolução Industrial. A arquitectu-ra reflecte essas mudanças: os antigos materiais, como a pedra e a madeira, começam a ser substituídos pelo betão e depois pelo betão armado. Como reac-ção à religiosidade da estética anterior e aos exageros do Barroco, os arquitectos buscam linhas e traçados que reflictam, espacial e formalmente, a nova raciona-lidade, objectividade e funcionalidade, sob a forma do neoclassicismo. Exem-plos: Teatro Nacional de São Carlos, Pa-lácio Nacional da Ajuda ou o Hospital de Santo António (Porto).

Nos séculos XVIII/XIX surgem novas for-mas de ocupação do espaço urbano, o Estado torna-se interveniente nesta mu-dança de paradigma, o urbanismo surge

cos alemão e italiano. Mas os arquitec-tos portuguesas da época, embora se lhes peça que abandonem os vanguar-dismos e colaborem na restauração cul-

tural, sob a forma de uma arquitectura nacionalista e monumental, que o Esta-do Novo quer empreender, não imitam, inovam e criam uma arquitectura públi-ca e privada com qualidades próprias. O Plano do Areeiro data dessa época. Nas décadas de 40 e 50, o produto arqui-tectónico, até ali influenciado pela arqui-tectura modernista internacional, procura também inspirar-se na expressão popular e tradicionalista da arquitectura portu-guesa. Nos difíceis anos 40 foram atri-buídos oito Prémios Valmor, o primeiro dos quais coube ao edifício do Diário de Noticias, situado na Avenida da Liberda-

de, um projecto assinado pelo arquitec-to Porfírio Pardal Monteiro. Foi também nesta década que se instituíram os Pré-mios Municipais de Arquitectura, a partir de 1943, que perdurariam até à década seguinte, tendo-se fundido com o Valmor em 1982. O Prémio Valmor, que é sinóni-mo de qualidade arquitectónica e reflecte o bom gosto de cada época, foi atribuído pela primeira vez em 1902, ano em que foi inaugurado o elevador de Santa Justa.

A partir dos anos 60-70, a arquitectura e os arquitectos portugueses ganham destaque na crítica internacional pela sua originalidade e autenticidade – com nomes como Siza Vieira, Gonçalo Byrne e Carrilho da Graça – voltando-se para uma reflexão sobre a cidade e a socio-logia urbana, e também para uma per-cepção pós-moderna, tanto mais que se começam a fazer investimentos na recém-chegada indústria do turismo, nascendo aqui o início das preocupa-ções ambientais e de sustentabilidade que a caracterizam hoje em dia.

“A década de 30 corresponde à consolidação do Estado Novo, que adopta os modelos nacionalistas europeus, sobretudo característicos dos regimes políticos alemão e italiano.”

No início do séc. XX os arquitectos tor-nam-se inicialmente vanguardistas, adop-tam um discurso social e estético de reno-vação do ambiente em que vive o homem contemporâneo. Este discurso implica ou uma releitura dos valores modernos ou propõem projectos radicalmente novos, confrontando os dogmas do modernis-mo. O arquitecto Raul Lino foi um dos que propunha espaços dinamicamente articulados e inseridos no contexto paisa-gístico, enfim, humanizados.

A década de 30 corresponde à consoli-dação do Estado Novo, que adopta os modelos nacionalistas europeus, sobre-tudo característicos dos regimes políti-

Mosteiro dos Jerónimos

Convento de Cristo - Tomar

Palácio de Queluz

©A

nton

io S

acch

etti

Page 16: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

// Maio 10 // Portugalglobal16

Embora desenvolva a sua actividade de arquitectura em áreas tão diversas como a justiça, a educação, a habita-ção ou o planeamento urbano, a Ilídio Pelicano Arquitectos (Aripa) desenvol-ve o fundamental da sua actividade em projectos da área da saúde. Neste domínio, os 30 anos de experiência acumulados permitem-lhe conciliar a rejeição de quaisquer compromissos funcionais com a procura de soluções arquitectónicas interessantes, sempre com um objectivo principal: criar espa-ços que são, antes de mais, locais de vivência de pessoas e só depois locais de prestação de cuidados de saúde.

A sua actividade é orientada para em-preendimentos de natureza pública

Trinta arquitectos, de gerações e percursos académicos distintos, dão corpo às intervenções da Aripa nos espaços públicos. Uma empresa cujas obras procuram reflectir sempre o encontro da criatividade conceptual com a construção e o controlo orçamental.

que, segundo o arquitecto Ilídio Pe-licano, “são edifícios vocacionados para o encontro de pessoas, simul-taneamente casa de todos e de nin-guém, onde a necessidade do arqui-tecto é muito premente como criador de espaços de convivência e em que, face à sociedade actual, a sua acção seja pedagógica ao valorizar formas de relacionamento mais solidárias, integradoras e sustentáveis”. Ainda segundo a sua opinião, “as obras da Aripa são sempre o resultado do encontro da imaginação conceptual com a construção e o controlo orça-mental porque, sem abdicarmos da nossa liberdade, o dono da obra tem os seus próprios limites e há um equi-líbrio que tem de ser respeitado”.

Para a Aripa, o Hospital de Ponta Del-gada, o Hospital Central da Madeira, as unidades hospitalares da Guarda e de Lamego e o Centro de Cultura e Con-gressos das Caldas da Rainha, em ter-ritório nacional e, além fronteiras, um hospital na Costa Rica, o aeroporto de Maputo ou o Banco Internacional da Guiné-Bissau marcam a actividade da empresa e demonstram a sua vocação para intervir no espaço público.

Uma das “regras de ouro” da Aripa no mercado é o respeito pela arquitectura como parte integrante de uma activi-dade económica, limitada em custos, “que tem de ser rentável para quem a promove”. Para Ilídio Pelicano, “a exi-gência de rigor e aferição de um projec-

SUCESSÃO DE PRÉMIOS DISTINGUE ARIPA

Page 17: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

Portugalglobal // Maio 10 // 17

Prémios e distinções relevantes – Primeiros Prémios

Saúde

2009 – Hospital da Ilha Terceira; Edifício da Nova Radioterapia Externa IPO, Porto.

2007 – Hospital Central da Madeira; Hospital de Proximidade de Lamego; Hospital de Cascais.

2005 – Radioterapia e Internamento IPO, Coimbra.

2002 – Recuperação do Hospital Dr. João de Almada, Funchal.

2001 – Hospital da Póvoa de Varzim; Hospital das Caldas da Rainha; Hospital da Guarda.

1997 – Instituto Português de Oncologia, Coimbra.

1996 – Instituto Português de Oncologia, Lisboa.

1993 – Hospital do Vale de Sousa, Penafiel.

1992 – Hospital de Santa Maria da Feira.

1989 – Hospital de Ponta Delgada, Açores

Habitação

1999 – Epul Jovem – 384 fogos, Lisboa; Programa PER – 350 fogos, Lisboa.

Serviços, Cultura e Ensino

2006 – Centro de Cultura e Congressos de Caldas da Rainha; Edifício Polivalente e Unidade Residencial, Loures.

2005 – Sede de Serviços Médico-Sociais da C. M. de Lisboa.

1989 – Escola de Medicina Dentária.

ARIPAIlídio Pelicano Arquitectos, Lda.

Rua Julieta Ferrão, 12 – 11º1600-131 LisboaTel.: +351 217 826 270

[email protected]

www.aripa.pt

to, obriga o arquitecto a transformar-se num técnico e num gestor integrado num processo de produção, sendo no equilíbrio e no entendimento dos argu-mentos dos vários intervenientes, que se podem encontrar soluções capazes de servir a todos; quando algo for in-conciliável os pressupostos de base têm de ser reequacionados”. No momento

que passa, uma preocupação assola a generalidade dos arquitectos e é par-tilhada por Ilídio Pelicano: a prática de abaixamento brutal de honorários que, a médio prazo, podem inviabilizar os gabinetes e fazer com que a arquitec-tura e a qualidade venham a sofrer se o caminho seguido for o da competitivi-dade pouco saudável.

Page 18: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

// Maio 10 // Portugalglobal18

Provavelmente o nome do arquitecto in-glês Terry Farrell, Sir, dono de um atelier com mais de 200 arquitectos, não lhe diz nada. Porém, para a Ideias do Futuro foi a partir da cooperação com este nome grande da arquitectura europeia que o caminho para o mercado internacional ficou desanuviado. Neste momento, quase um quarto de século após a sua fundação, a Ideias do Futuro tem 80 por cento da sua actividade garantida pelos mercados externos e a capacidade para participar, em simultâneo, em dezenas de projectos de grande dimensão as-segurada. Miguel Correia, o mentor da Ideias do Futuro, ao referir-se à impor-tância desta cooperação, sublinha: “a

A Ideias do Futuro aposta na diversidade para conseguir responder a um vastíssimo leque de solicitações, embora a execução de projectos de arquitectura na área do desenho de cidades seja um dos pontos fortes das intervenções deste atelier.

partir desta colaboração com o nosso colega inglês foi possível uma experiên-cia e uma evolução, face à dimensão, quantidade e qualidade dos projectos em que nos envolvemos, que de outro modo não seria possível”.

Aliás, a Ideias do Futuro, continua a apostar na colaboração a nível inter-nacional com grandes gabinetes de arquitectura, como a Foster & Partners, porque acredita que este tipo de coo-peração é o caminho certo para o seu crescimento e consolidação.

Embora a complexidade e a responsabi-lidade que o desenho das cidades encer-

ra seja um dos seus maiores desafios, o atelier também acredita que é na diver-sidade da arquitectura que pratica que assenta a sua grande força enquanto empresa. Miguel Correia, diz a este pro-pósito que “quando se tem um atelier com cerca de meia centena de arquitec-tos, urbanistas e paisagistas, consegue-se abranger todas as áreas do projecto”.

Ao longo da sua vida, a empresa reali-zou mais de 500 projectos e concretizou cerca de 200 obras. Merecem destaque o Pozor, que deu origem ao que são hoje as Docas de Lisboa e à reabilitação da zona ribeirinha daí até à Torre de Be-lém; a realização das primeiras pontes

IDEIAS DO FUTURO TRIUNFA NOS MERCADOS

Page 19: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

Portugalglobal // Maio 10 // 19

do mundo em compósito; a reabilita-ção da estação do Rossio, em Lisboa, a primeira obra sustentável que realizou; o terminal rodo-ferro-fluvial do Barrei-ro; a reconversão da Gare Marítima de Alcântara em espaço museológico; a organização das comemorações da en-trega de Macau à China; a revisão do PDM de Lisboa; a Casa da Moagem do Fundão e a renovação do centro urbano de Constantine, na Argélia.

Pela sua complexidade, a futura porta de entrada em Tripoli, na Líbia, e a futura ca-pital da Guiné Equatorial, por serem reali-zadas em áreas muito grandes, envolven-do um nível de criatividade e de respon-sabilidade muito superiores a outros tipos de intervenção, merecem uma referência especial e são marcos no historial de in-tervenções da Ideias do Futuro.

Ideias do FuturoProjectos e Empreendimentos, SA

Rua Bartolomeu Dias, 172d – 1º tardoz1400-031 LisboaTel.: +351 213 012 296/7

[email protected]

www.ideiasdofuturo.pt

Principais prémios recebidos

Para além dos prémios dos edifícios de escritórios Mar Mediterrâneo e Mar Vermelho, no Parque das Na-ções, distinguidos como melhor edi-fício de escritórios e de melhor em-preendimento de 2008, há a salien-tar, entre outros:

1987 – Primeiro prémio no concurso público para a Praça da república da Moita.

1991 – Primeiro prémio no concurso internacional para o Plano Geral de Ordenamento do Parque Industrial da Quimiparque no Barreiro.

1993 – Equipa vencedora do Concur-so Público de Ideias para o recinto da EXPO 98.

2002 – Primeiro prémio no Concurso Público para uma escola do primeiro ciclo em Albufeira.

2009 – Primeiros prémios nos Concur-so Públicos para um jardim-de-infância em Pinhal General, Centro Escolar no Zambujal e Centro Escolar em Sines.

IDEIAS DO FUTURO TRIUNFA NOS MERCADOS

Page 20: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

// Maio 10 // Portugalglobal20

Venham as encomendas de onde vierem, sejam do sector público ou do sector privado, a proposta da Saraiva&Associados nunca abando-na o registo comum para todos os clientes. Salvaguardados os objec-tivos de quem contrata e a resolu-ção das questões funcionais, quem procure uma arquitectura contem-porânea, inovadora e muita aten-

PARCERIAS COM CLIENTES PROJECTAM SARAIVA&ASSOCIADOS

Boas prestações em projectos de arquitectura, urbanismo e design e um correcto posicionamento no mercado, já valeram à Saraiva&Associados o reconhecimento no âmbito da arquitectura e também no plano empresarial. Um atelier que tem nas parcerias com os clientes um dos factores de sucesso.

ta à exequibilidade, tanto técnica como económica de cada projecto, encontrou o sítio certo.

Miguel Saraiva, fundador e director geral do atelier, referindo-se à procura no mercado: “somos muito solicitados porque a Saraiva&Associados nunca perde a capacidade de controlo nos vários níveis do processo e também

pelas parcerias muito flexíveis que esta-belecemos com os clientes, nas quais, apesar de não sermos egoístas nas so-luções que propomos, somos intransi-gentes na qualidade da arquitectura”.

A obra feita fala por si. Dois exemplos no mercado português: o Campus da Justi-ça de Lisboa ou o Cais da Folgosa no Douro. Três exemplos nos mercados ex-

Page 21: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

Portugalglobal // Maio 10 // 21

ternos e que são referências no historial de intervenções da Saraiva&Associados: El Ryad, na Argélia, Lótus Lux, em S. Pe-tersburgo, e o Instituto de Hidrocarbo-netos, na Guiné Equatorial.

Os bons resultados estendem-se a áre-as tão diversas como a habitacional, a turística, os serviços e os equipamen-tos, onde a construção hospitalar ocu-pa um lugar de relevo. As respostas às solicitações são garantidas por equipas, diz Miguel Saraiva, “especializadas em várias vertentes, que comunicam entre si e que procuram, quando é necessá-rio, fundir as respectivas actividades, o que nos dá uma capacidade técnica e conceptual muito apreciável”.

Ao nível de prémios e distinções, o mercado reconhece a actividade da Saraiva&Associados, tanto no plano da arquitectura como no campo empresa-rial. No primeiro caso avultam o Prémio

Saraiva+AssociadosArquitectura e Urbanismo, SA

Avenida Infante Santo, 69 A-C1350-177 LisboaTel.: +351 213 939 340/9

[email protected]

www.saraivaeassociados.com

Municipal de Arquitectura e Espaço Público, atribuído pela Câmara Muni-cipal de Odivelas ao Plano Especial de Alojamento (PER), em Julho de 2009; o Prémio “Homes Overseas Awards”, na categoria de Off-Plan Top 20, atribuído ao projecto Quintas de Óbidos Country Club, em Fevereiro de 2009; o Prémio Arquitectura Eugénio dos Santos, atri-buído pelo Município de Alcobaça em Agosto de 2007; e a menção honrosa na 19ª edição dos Prémios INH/HRU ao Contrato de Desenvolvimento para Habitação (CDH) da Relva, em Julho de 2007. No campo empresarial, o atelier viu ser-lhe atribuído o estatuto de PME Líder, em 2008, pelo IAPMEI e Turismo de Portugal, em parceria com um grupo de instituições bancárias e a distinção como PME Excelência, em 2009, pelo IAPMEI e Turismo de Portugal, também em parceria com um grupo de institui-ções bancárias.

Depois de entrar nos mercados ex-

ternos há quatro anos, “por opção e não por necessidade”, nas palavras de

Miguel Saraiva, o atelier vai continuar

a privilegiar o mercado português e a

ter como objectivo a consolidação das

posições já alcançadas nos mercados

onde trabalha (Guiné Equatorial, Rús-

sia e Argélia) e a expansão para outros,

“sempre de forma estruturada e equili-brada e muitas vezes baseada em asso-ciações pontuais com empresas locais credenciadas”.

Page 22: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

// Maio 10 // Portugalglobal22

Depois da transferência da soberania, o gigantismo da altura (vinte metros e meio nos anos 70, e agora cerca de 160 metros) e da volumetria dos edi-fícios, assim como do investimento na construção civil aumentaram como nunca. Já não são apenas os locais, Hong-Kong ou a China que investem, mas as grandes operadoras de Las Vegas, Singapura e Malásia. O inves-timento cresce e internacionaliza-se, fazendo de Macau um dos territórios mais prósperos do mundo, que nos últimos três anos teve um crescimento médio do PIB de cerca de 10 por cento.

Tudo no território, nomeadamente o urbanismo e a arquitectura, está prati-camente orientado para a actividade dos

O CASO MACAUNa sequência da transferência de soberania acordada entre a China e Portugal concretizada em Dezembro de 1999, a partir de 2001, o 1º governo promoveu as mais substanciais alterações económicas que Macau já viveu, geradoras de um forte surto na construção, em que convivem, nem sempre de forma pacífica, a arquitectura de autor, que se destaca, e os mega-empreendimentos que se generalizam.

seus 34 casinos, que representam 70 por cento da riqueza criada. Com a alteração da lei do jogo, em 2001, que pôs termo ao monopólio da concessão, chegaram

É certo que neste novo contexto de mega-investimentos e de mega-es-truturas os jovens arquitectos e pro-jectistas de Macau não dispõem de grandes oportunidades para fazer projectos, que as multinacionais da construção já trazem consigo. Mas, por outro lado, como houve e há um grande número de projectistas envol-vidos em operações de coordenação, gestão ou fiscalização de obras, na realidade está a ser acumulado um importante know-how em termos de experiência internacional e de apren-dizagem interdisciplinar, o que consti-tui um importante valor acrescentado para o desenvolvimento do sector em Macau e para a actividade dos arqui-tectos e projectistas residentes.

“O investimento cresce e internacionaliza-se, fazendo de Macau um dos territórios mais prósperos do mundo.”

novos operadores, sobretudo de Las Ve-gas, que ajudaram a criar escala. Mas hoje a cidade é cada vez mais um misto de séculos de história com oportunismo urbanístico desprovido de qualquer sus-tentabilidade e relevância arquitectónica.

Museu das Prendas Auspiciosas

©A

rqui

tect

ura

21

Page 23: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

Portugalglobal // Maio 10 // 23

Nesta medida, existe actualmente no território uma classe de profissionais por-tugueses da área da arquitectura com excelentes competências e visibilidade in-ternacional, assim como bons escritórios (ateliers), quer em termos de execução quer de qualidade de projecto. Falta-lhes, contudo, dimensão e massa crítica para aspirarem a grandes projectos, o que implicaria uma profícua política de par-cerias e de troca de saber e experiência. Na realidade, para um pequeno atelier de Macau, ou mesmo para projectos em parceria envolvendo vários ateliers, não se pode dizer que é propriamente fácil competir com escritórios que envolvem centenas ou mesmo milhares de colabo-radores, uma situação que, segundo os arquitectos que exercem no território, o governo de Macau, como principal clien-te e regulador das práticas profissionais, deverá entretanto ponderar.

Este crescimento urbano exponencial, frequentemente desordenado e maio-ritariamente anónimo, beneficiou, no entanto, a arquitectura de autor, que se destaca pela sua maior qualidade arquitectónica e, em particular, os ar-quitectos portugueses de uma outra geração que se encontram no territó-rio, entre eles, nomes como o de Carlos Marreiros, o mais prestigiado arquitec-to natural de Macau (para onde regres-sou no início da década de 80, depois de se licenciar em Portugal e de fazer o mestrado na Alemanha), assim como o de Vicente Bravo Ferreira (foi para Ma-cau há muitos anos para o escritório de Manuel Vicente e projectou o pavilhão de acolheu a cerimónia de transferên-cia de soberania e é autor dos projectos da PSP-UTIP e do Museu das Prendas Auspiciosas, entre outros), ou de Rui Leão e Carlotta Bruni, também arqui-tectos que estiveram ligados ao históri-co escritório Manuel Vicente.

Embora actualmente as grandes obras e infra-estruturas de Macau sejam feitas por empresas chinesas que têm know-how e logística, estas recorrem à contra-tação no território de equipas de projec-tistas, criando deste modo um mercado específico. Nesta medida, Carlotta Bruni e Rui Leão, que também herdaram a experiência do escritório de Manuel Vicente, projectam não só em Macau,

mas também na China, em projectos de parceria, tendo sido dos pouco arquitec-tos portugueses a integrarem as equipas dos grandes projectos dos casinos.

Um caso de afirmação da arquitectura de Macau é o da empresa portuguesa PAL AsiaConsult, sedeada no território, que foi a responsável pela construção do pavilhão de Portugal na EXPO Xangai de 2010, um projecto chave-na-mão, no valor de três milhões de euros cuja arqui-tectura esteve a cargo de Carlos Couto, um arquitecto também radicado no terri-tório. O pavilhão, com a fachada revesti-da de aglomerado de cortiça negra com uma volumetria variada construída em superfícies triangulares, representa o país na maior exposição universal alguma vez realizada. O pavilhão foi “vestido” com uma fachada nova e os conteúdos foram concebidos por uma equipa liderada pela Parque EXPO e as engenharias projecta-das pela PAL AsiaConsult.

Carlos Couto é um arquitecto português que vive em Macau desde o início dos anos 80, e que ali tem atelier, tendo pro-jectado, entre outros edifícios locais, o “LandMark” e o volume de escritórios do Palácio do Governo, dedicando-se igualmente à assessoria técnica de gran-des empreendimentos enquanto arqui-tecto local que conhece bem a lei e as regras do jogo no território. Por outro lado, Carlos Couto é um dos arquitec-tos portugueses, que ao trabalhar com os norte-americanos de Las Vegas, tem perspectiva e melhor compreendeu a nova realidade de actuação do arquitec-to do século XXI: “Só a criatividade da arquitectura se mantém como dantes, imutável no tempo, e esta ou se tem ou não se tem. Para mim é o que faz a diferença entre uma empresa, ou firma, de arquitectura e um atelier de arquitec-tura. É preciso fazer-se arquitectura com alma”, declarou recentemente à revista “Arquitectura” (Abril 2010).

Resort Venetian - Cotai

Academia de Ténis do Cotai II

©A

rqui

tect

ura

21©

Arq

uite

ctur

a 21

Page 24: 2010.05 Portugalglobal 23

DESTAQUE

// Maio 10 // Portugalglobal24

CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA DOS EDIFÍCIOS GARANTE QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE

Um melhor desempenho energético é o que se pretende com o SCE (Sis-tema Nacional de Certificação Ener-gética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios), um dos pilares sobre o qual assenta a nova legislação relativa à qualidade térmica dos edifícios em Portugal, cujo objectivo é proporcionar uma economia significativa de energia. Não só para o país como também para os utilizadores dos edifícios. Segundo os especialistas, as emissões de dióxido de carbono teriam sido diferentes se no boom da construção na década de 90 já existisse legislação aplicável relati-vamente à certificação energética e da qualidade do ar interior dos edifícios.

É nesta medida que o desempenho energético deverá ser cada vez mais um factor de escolha do edifício ou da ha-bitação, por parte do utilizador, que por razões ambientais e/ou económicas po-derá contabilizar a economia em gastos de energia ao longo do tempo. O mer-cado imobiliário, que exige cada vez mais projectos de futuro, ambientalmente sustentáveis, poderá deste modo privi-legiar a construção que procura garantir melhores condições de habitabilidade com mais qualidade e menor gasto ener-gético. É certo que numa primeira fase o consumidor paga mais pela valorização introduzida pela certificação da eficiência energética, mas na realidade o investi-

Permitir ao utilizador um maior conhecimento do desempenho energético do edifício e do espaço que habita, ou que pretende habitar, na óptica da eficiência energética, é o principal objectivo da certificação energética. Em Portugal, os edifícios são responsáveis por cerca de 22 por cento do consumo final de energia do país.

mento será recuperado porque um me-nor consumo de energia implica que se gaste menos dinheiro.

Este é um dos desafios para os arqui-tectos, no âmbito da sustentabilidade energética e ambiental dos edifícios, que passam a garantir, em termos de projecto e construção, um melhor de-sempenho energético, recorrendo a soluções construtivas que contemplem, entre outras medidas, a transformação de energias renováveis em energia útil (com edifícios desenhados já a prever a incorporação dessas tecnologias), assim como a utilização de novos materiais, a optimização de sistemas de climatização e dispositivos de iluminação. À seme-lhança de outros produtos de mercado, a maior ou menor qualidade relativa à incorporação de meios de eficiência energética nos edifícios, corresponderá a várias categorias e, portanto, a dife-rentes preços finais das habitações.

Está previsto que a certificação energé-tica seja feita por entidades acreditadas pelo IPQ (Instituto Português da Qua-lidade), competindo a estas garantir a emissão de certificados para edifícios em todo o país e devendo os técnicos ser reconhecidos por entidades como a Ordem dos Arquitectos, Ordem dos En-genheiros ou a Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos, de acordo com a dimensão e complexidade dos projec-tos. Também neste sentido, a APCER disponibiliza no seu site a plataforma “Bairro Verde” que reúne soluções e tecnologias sustentáveis relativas à ar-quitectura, construção e urbanismo.

Page 25: 2010.05 Portugalglobal 23

PortugalGlobal_210x297 4/17/08 4:44 PM Page 1

Page 26: 2010.05 Portugalglobal 23

ENTREVISTA

// Maio 10 // Portugalglobal26

Elegeu a justiça, o combate ao desemprego e o reequilíbrio das contas públicas como áreas prioritárias de intervenção durante o mandato de três anos que iniciou há alguns meses como presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP). Em entrevista, António Saraiva defende que o modelo de crescimento económico do país tem de ser revisto à luz da globalização dos mercados e que as empresas portuguesas devem apostar em bens transaccionáveis com valor acrescentado para serem competitivas. Enquanto parceiro social, acredita no diálogo como ferramenta para construir soluções e modelos que beneficiem todas as partes – empresários, sindicatos e a actividade económica em geral.

António SaraivaPresidente da CIP

Prioridade ao diálogo com parceiros sociais

Page 27: 2010.05 Portugalglobal 23

ENTREVISTA

Portugalglobal // Maio 10 // 27

Que balanço faz dos primeiros meses como presidente da CIP – Confederação da Indústria Portuguesa?Há uma continuidade no trabalho efectuado, uma vez que eu tinha o cargo de vice-presidente na direcção anterior, mas houve pequenas alterações no modelo de governance da CIP, uma necessidade que já se fazia sentir.

Eu sou o quinto presidente da CIP e os quatros dirigentes que me antecederam personalizaram muito esta entidade na figura do presidente. Desde logo, uma das alterações que introduzi foi a descentralização do poder, co-respon-sabilizando os colegas de direcção na tomada de decisões, nomeadamente os vice-presidentes. Elegi uma comissão executiva de oito membros (presidente e sete vogais), o que permite, com este modelo, que abracemos um conjunto de áreas e de dossiers que antes estavam na dependência ex-clusiva do presidente. As solicitações no mundo associativo em que nos movemos, quer interno, quer externo, uma vez que mantemos relações com Bruxelas através da Business Europe, são em número elevado, designadamente no que respeita a pareceres que temos de dar enquanto parceiro social. Com este modelo de descentralização, creio que conseguiremos realizar a missão da CIP, durante o mandato de três anos, de uma forma mais ágil e para podermos res-ponder mais eficazmente aos problemas.

Convidei também cerca de 35 personalidades dos mais va-riados sectores da sociedade (universitários, empresários, etc.), para nos ajudarem a pensar um conjunto de temas como a energia, a reabilitação urbana, a formação, a edu-cação, o ambiente, entre outros. São temas que queremos colocar na agenda da actualidade, estando previsto que este conselho consultivo se reúna semestralmente. Este de-bate irá permitir-nos, de uma forma mais abrangente, for-mar ideias e definir um caminho para determinados temas que queremos abraçar.

Quais são os seus principais desafios para este mandato?Uma das bandeiras que abraçamos nesta candidatura é a justi-ça, cuja qualidade e funcionamento são um constrangimento terrível à actividade das empresas, com profundos reflexos na economia nacional. A pouca qualidade que temos hoje na nos-sa justiça não permite o saudável desenvolvimento da activida-de económica, penalizando quer aqueles que vão realizar a sua missão cá dentro, quer em termos de atractividade do investi-mento estrangeiro, e isso tem de ser atalhado. Não somos utó-picos, mas defendemos que deveria existir um pacto entre os partidos de poder, eventualmente para duas legislaturas, para que se consigam criar rumos diferentes para o funcionamento e qualidade da nossa justiça.

Outra área onde julgamos ser necessário intervir é ao ní-vel das contas públicas. Lamentavelmente, há um enorme défice, um desajustamento das nossas contas públicas e um ritmo de endividamento externo que não pode conti-

nuar. Mas não basta dizer isso. É preciso realizar reformas e medidas, daí termos considerado que o PEC tem alguma falta de audácia, de coragem. É evidente que quando se pedem sacrifícios eles têm de ser para todos, mas sen-timos que há aqui algumas desigualdades na repartição desses sacrifícios. E tal como nós fazemos nas nossas em-presas e nas nossas famílias, com o Estado e o Governo não pode ser diferente. Quando se pedem sacrifícios tem de se dar o exemplo.

Estamos com algumas desigualdades sociais que deveriam ser atalhadas, o actual nível de desemprego não pode man-ter-se indefinidamente e uma das principais preocupações dos agentes económicos deve ser o drama social e o des-perdício dos recursos humanos que o desemprego constitui. Não podemos permitir-nos a este luxo. Por um lado, porque o drama social leva à conflitualidade social e, por outro, por-que o país não é tão rico que se possa dispensar no trabalho, a criatividade e a riqueza que essas pessoas podem dar.

“A pouca qualidade que temos hoje na nossa justiça não permite o saudável desenvolvimento da actividade económica, penalizando quer aqueles que vão realizar a sua missão cá dentro, quer em termos de atractividade do investimento estrangeiro (...).”

Mas perante a actual conjuntura, o que podem fazer as empresas para combater essa situação?Só há uma maneira de conter este ritmo de perda de empre-go e de inverter esta tendência. Numa primeira fase, há que travar o crescimento do desemprego; e numa segunda fase, ao inverter esse crescimento, devemos começar a reduzi-lo e, idealmente, a criar emprego. Devemos criar emprego para os jovens, como uma prioridade, dando-lhes oportunidades e evitando que se origine um choque geracional complicado. Na CIP estamos a fazer um inquérito nesta área para medir a necessidade das empresas e tentar casar a oferta com a pro-cura, mas este é um trabalho que não se pode esgotar nesta ou naquela entidade e que deveria ser feito a nível nacional, para que os nossos jovens pudessem aplicar os seus conheci-mentos no país rentabilizando o investimento feito.

Este é um edifício de preocupações em que a CIP gostaria de ser parceiro nas soluções. Os diagnósticos estão feitos, mas, mais do que isso, é tempo de começar a fazer.

Tendo a CIP assento no Conselho de Concertação Social não estará numa posição privilegiada para o fazer?Somos parceiros sociais e, quer em sede de Concertação So-cial quer nos vários contactos que mantemos com o Governo, temos insistido no sentido de se começar a executar medidas e reformas que, por várias razões, têm sido adiadas.

Page 28: 2010.05 Portugalglobal 23

ENTREVISTA

// Maio 10 // Portugalglobal28

Dou-lhe o exemplo da construção, que tem dois subsec-tores: o da habitação e o das obras públicas. O subsector da habitação tão cedo não vai conseguir inverter o ciclo de quebra de produção e de desemprego em que se encon-tra. Durante muitos anos Portugal construiu demais, por um lado, e, por outro, a crise veio dificultar a aquisição de habitação nova por parte das famílias. Ainda temos um paradoxo que é o facto de haver casas novas a mais no mercado, mas simultaneamente temos uma reabilitação urbana por fazer, dada a existência de casas muito velhas, que não dignificam nem quem lá vive nem a cidade. Falan-do concretamente de Lisboa, uma das soluções passaria por uma reabilitação como a que foi efectuada na zona em que se realizou a EXPO’98, actual Parque das Nações, que é uma das mais bonitas e bem tratadas da cidade. Se à riqueza natural de Lisboa juntarmos qualidade nos equipa-mentos urbanos para tornar a cidade mais atractiva, com

prática sindical que me orgulho. Fui líder da Comissão de Trabalhadores da Lisnave, quando tinha 30 anos, e essa experiência deu-me uma visão do lado dos trabalhadores e dos “adamastores” que nós víamos nos patrões, nos em-presários. Eu hoje tenho a visão dos “adamastores” que encontramos nos sindicatos. Se ambas as partes soube-rem ultrapassar essa crispação que vem do passado, em diálogo social, conseguiremos construir relações e práti-cas saudáveis. Pela minha parte, tudo farei nesse sentido, porque sinto que hoje, mais do que nunca, é necessário que estejamos unidos neste flagelo, neste drama que é a manutenção do emprego.

Sente, de alguma forma, que esse seu passado lhe traz vantagens no relacionamento com os outros parceiros sociais, designadamente com as centrais sindicais?A única vantagem que me dará é eu ter uma visão global de ambas as partes, porque quando estamos só de um lado de uma barricada, não conseguimos perceber o que se passa na outra. Quando temos, como eu tive, por experiência de vida, a oportunidade de conhecer os dois lados, verificamos que ainda há muitos fantasmas e muitas utopias que não passam disso.

A sociedade portuguesa ainda tem resquícios e terminolo-gias de há 30 ou 40 anos atrás, e embora ainda haja desi-gualdades sociais, o mundo mudou muito. Uma empresa é uma célula de equipamento e de recursos humanos, sendo que nestes uns são dirigentes e outros trabalhadores. Mas esta célula é um centro criador de riqueza, sendo na distri-buição de riqueza que devemos e podemos fazer algumas novas práticas, não ficando agarrados a greves e reivindica-ções num momento em que o país está carente de recursos e de crescimentos económicos.

“Devemos criar emprego para os jovens, como uma prioridade, dando-lhes oportuni-dades e evitando que se origine um choque geracional complicado.”

mais turismo, mais eventos e congressos, todos ficarão a ganhar. Uma política de reabilitação urbana poderia ser um balão de oxigénio para o subsector da construção para habitação, atenuando o drama social do desemprego nos próximos anos.

Há, por outro lado, uma crispação instalada que também é tempo de alterarmos. Eu tenho do meu passado uma

Page 29: 2010.05 Portugalglobal 23

ENTREVISTA

Portugalglobal // Maio 10 // 29

para sectores onde eles não existam e ajudar os nossos empresários a ser um pouco mais audazes nos processos.

O mundo mudou muito rapidamente, hoje somos uma sociedade de conhecimento e de saber e que os que têm mais conhecimento têm mais possibilidades de sobrevivên-cia. É este o desafio que temos pela frente: alterarmos um modelo de desenvolvimento económico assente em mão-de-obra barata e em baixa tecnologia, para a produção de bens e serviços transaccionáveis. Neste aspecto terá de existir uma co-responsabilização do Estado para descriminar positivamente empresas que produzam bens transaccioná-veis. Temos que perceber qual é o papel de Portugal hoje no mundo e o que o país, enquanto player internacional, tem de produzir para ser competitivo, nomeadamente face a mercados externos que se encontram no mesmo patamar.

Quando falamos da internacionalização da economia portuguesa – refira-se que a AICEP tem feito um esforço notável neste domínio – temos de atender às condições que têm de ser dadas às empresas para que o possam fazer, na medida em que a dimensão da maior parte de-las não permite que se internacionalizem. A CIP tem de-fendido, nomeadamente no âmbito do Conselho para a Promoção da Internacionalização (CPI), que se optimizem os recursos, agreguem competências e melhorem alguns dos programas destinados às empresas. As empresas por-tuguesas têm que agregar competências para terem mús-culo e dimensão para poderem exportar, seja através de Agrupamentos Complementares de Empresas (ACE) ou de outras formas de associação, com uma oferta integral de produtos associados para optimização da oferta comercial.

“É este o desafio que temos pela frente: alte-rarmos um modelo de desenvolvimento eco-nómico assente em mão-de-obra barata e em baixa tecnologia, para a produção de bens e serviços transaccionáveis.”

sociações sectoriais que têm excelentes centros de forma-

ção profissional, alguns com índices de empregabilidade

notáveis. Devemos saber decalcar estes bons exemplos

É evidente que é um drama muito complicado que, em Portugal, o salário mínimo seja de 475 euros. Mas a verda-de é que o país, na sua evolução, foi permitindo que o seu modelo de desenvolvimento económico assentasse na ven-da da mão-de-obra. Ora se os meus factores de produção forem assentes em mão-de-obra, se eu tiver mão-de-obra intensiva e não capital intensivo, eu estou a vender minutos e horas. E se esses minutos forem mais baratos noutros países, Portugal não tem possibilidade de competir porque só vende minutos com estas novas realidades e com estes novos players. E então o que fazer? Esse é o nosso desafio: alterar o paradigma do nosso desenvolvimento económico, deixando de ter empresas que até agora se especializaram a vender minutos, sem terem produtos com valor acrescen-tado, com inovação e com I&D.

O que pode a CIP fazer para alterar esse paradigma?O que a CIP tem vindo a fazer e vai continuar a fazer é promover a formação dos recursos humanos. Existem as-

Page 30: 2010.05 Portugalglobal 23

ENTREVISTA

// Maio 10 // Portugalglobal30

Por seu lado, as próprias empresas têm que ter condições

e um ambiente amigável para se internacionalizarem de

forma capaz.

Qual a sua visão dos apoios e incentivos às empresas?

O QREN está com uma taxa de execução baixíssima por-

quê? Serão as empresas que não estão interessadas ou será

porque a burocracia é excessiva? O facto é que os formulá-

rios e os processos de candidatura são extremamente com-

plexos e empresas de pequena dimensão têm dificuldades

em compreendê-los. A CIP tem transmitido esta preocupa-

ção aos vários membros do Governo com quem tem falado.

músculo. As empresas aí teriam uma capacidade diferente, nomadamente para pagar aos seus fornecedores.

As linhas PME Investe deveriam ter em conta esta situação, mas a burocracia e o crivo da banca que analisa os processos fazem com que estes demorem excessivamente na respos-ta, mesmo depois de aprovados os projectos. Apesar de ter sido a banca a provocar a crise em que nos encontramos, os bancos ficaram com uma excessiva preocupação em relação ao crédito, mesmo no que respeita a empresas saudáveis, só porque estas se encontram em sectores de risco.

O debate sobre o apoio da banca à economia está por fa-zer, mas eu gostava que a radiografia fosse feita. Apesar de os bancos, nos indicadores que apresentam, dizerem que o apoio às empresas cresceu, o que posso garantir é que a maior parte das empresas está num desespero terrível por falta de apoio financeiro.

Ainda assim, considera que o Governo tomou as medidas adequadas no apoio às empresas? Considero muito positivo que o Governo tenha tido a ini-ciativa de desenhar estas linhas, nomeadamente esta última PME Investe V, que vem dar a possibilidade de parte dos apoios poder ser destinada à regularização da situação das empresas com incumprimentos fiscais ou de segurança so-cial. Nas linhas anteriores as empresas nessa situação nem se podiam candidatar.

Mas mantém-se o problema central. As medidas são boas quando têm efeito. Os apoios que o Estado abriu para as empresas foi uma boa prática, mas a sua aplicação à reali-dade foi diminuta, uma vez que muitas empresas não têm recursos humanos capazes que lhes permitam perceber os

“Se queremos sobreviver neste mundo altamente competitivo em que nos encontramos, temos que dotar as nossas empresas de custos muito rigorosos, reduzindo-os e sem fazer desperdícios, temos que inovar, criar produtos com valor acrescentado e requalificar os recursos humanos.”

“A CIP defende que o QREN e os outros incentivos de Estado à economia devem ser atribuídos como ‘estabilizadores’, pelos ajustamentos que têm de ser feitos, e não como ‘flutuadores’ porque não devemos dar incentivos a empresas que não têm viabilidade.”

processos e assim candidatarem-se. Há uma metodologia que tem de ser encontrada para que os destinatários das medidas as tenham de facto.

O que é que aconselharia os empresários a fazer na actual conjuntura para tornar a sua empresa mais competitiva?Aconselho que façam uma rigorosa análise ao seu modelo de negócio, que percebam que o mundo hoje é global, que o mercado não é Portugal mas o mundo onde as empre-

A CIP defende que o QREN e os outros incentivos de Es-tado à economia devem ser atribuídos como “estabiliza-dores”, pelos ajustamentos que têm de ser feitos, e não como “flutuadores” porque não devemos dar incentivos a empresas que não têm viabilidade. Mas se concedermos apoios estabilizadores para as empresas terem tempo de se reestruturar, de se reformularem para este novo mundo, aí sim valerá a pena.

Veja, por exemplo, a questão das linhas de crédito PME In-veste – vamos na V – e a sua aplicabilidade, receptividade e acesso por parte das empresas. O grande problema das empresas, actualmente, é de liquidez, de tesouraria, uma situação gerada, em grande parte, pelos atrasos com que o Estado paga às empresas, o que leva ao incumprimento das empresas nos pagamentos aos fornecedores, colocando-as numa situação financeira muito difícil.

É preciso ser empresário e ter de pagar ordenados ao fim do mês, para se perceber o drama actual que é continuar a ser empresário num clima adverso como o que nós temos, sendo que algumas dessas más praticas são de culpa exclu-siva do Estado. Como consequência, as empresas não têm dinheiro ao fim do mês para honrar os seus compromissos.

As linhas de apoio deveriam destinar-se fundamentalmente àquelas que têm capacidade de sobrevivência para terem um balão de oxigénio. Bastaria que o Estado honrasse os seus compromissos a tempo e horas, que pagasse a 60 dias, para que a economia desse logo um salto em termos de

Page 31: 2010.05 Portugalglobal 23

ENTREVISTA

Portugalglobal // Maio 10 // 31

não são empregadores no sentido que a legislação define.

Uma confederação é uma reunião de várias associações ou

federações. E já temos as confederações da indústria, da

agricultura, do comércio, do turismo e, mais recentemen-

te, da construção.

“(...) no âmbito da actividade económica, é desejável que tenhamos uma voz coesa na defesa dos princípios que são comuns e transversais às diversas confederações, constituindo, para o efeito, uma plataforma comum.”

sas devem ser capazes de competir. Mas para tal, têm de ter factores de excelência: produtos com valor, certificados, inovadores, modelos de gestão correctos, excelência de serviço (entregas, serviço pós-venda) e rigor. Eu diria aos empresários que, feita a análise do seu modelo de negócio e percebendo que o seu mercado deixou de ser Portugal, dotem as suas empresas de recursos humanos qualificados, ou que os qualifiquem, e que produzam bens transaccio-náveis que sejam competitivos no exterior, alterando, para tal, métodos de gestão e lay-outs fabris que lhes permitam adaptarem-se a esta nova realidade.

Se queremos sobreviver neste mundo altamente competi-tivo em que nos encontramos, temos que dotar as nossas empresas de custos muito rigorosos, reduzindo-os e sem fazer desperdícios, temos que inovar, criar produtos com valor acrescentado e requalificar os recursos humanos. Se assim não for dificilmente a empresa sobreviverá.

Como definiria a importância da CIP no contexto empresarial nacional? O que pensa da criação da CEP?A CIP, como confederação da indústria portuguesa que agrega cerca de 70 associações empresariais, é uma mar-ca incontornável. É uma Confederação com um passado e uma história de que nos orgulhamos e é na CIP que a indús-tria portuguesa se deve rever e fortalecer.

A CEP é a anunciada fusão da AEP com a AIP, que são associações empresariais, são câmaras de comércio, mas

Eu sou defensor, mais do que uma voz única, de uma voz coesa. Conseguir uma voz única é quase impossível. Mas, no âmbito da actividade económica, é desejável que tenha-mos uma voz coesa na defesa dos princípios que são co-muns e transversais às diversas confederações, constituin-do, para o efeito, uma plataforma comum.

Portugal tem excesso de associações, e sendo um país pequeno, uma região única em termos europeus, deveria rentabilizar o movimento associativo, reestruturando-o. Compreendo que a AEP e a AIP se unam, já que não faz sentido dividir o país em norte e sul, e a confederação que vai nascer, deve vir a esta plataforma e em pé de igualdade. Em diálogo franco e aberto entre todos os representantes

Page 32: 2010.05 Portugalglobal 23

ENTREVISTA

// Maio 10 // Portugalglobal32

das actividades económicas e para encontrarmos um mode-lo de representação coeso que defenda os nossos direitos e princípios. Se do exercício desta plataforma resultar a pos-sibilidade de termos uma voz única, se se criar uma confe-deração das actividades económicas única em que todas as antigas confederações têm assento e se transformem em conselhos, provavelmente seremos bem sucedidos. O cami-nho faz-se caminhando e não podemos negar o passado, a intervenção e a individualidade de cada uma das actu-ais estruturas, mas em diálogo franco e aberto poderemos construir um novo modelo.

Tem defendido uma maior flexibilidade laboral. Considera que a actual legislação é um entrave ao desenvolvimento da nossa economia?Considero que há um excesso de rigidez a nível laboral e que os nossos sindicatos, lamentavelmente, estão agarra-dos à questão dos salários, sem atender a outros aspectos

como a adaptabilidade de horários e do posto de trabalho,

a polivalência, a mobilidade, etc. Estou a desafiar as estrutu-

ras sindicais para o objectivo de fazermos um pacto para o

emprego e, em diálogo, construirmos novas soluções.

Hoje trabalhamos para um mercado global e as empresas

têm de se adaptar a esta nova realidade. Por isso, temos

de olhar em conjunto, com lealdade e sinceridade, para o

mundo de hoje e ver como é que melhor nos podemos en-

contrar no terreno para vencer este desafio.

Façamos benchmarking com outros países europeus neste do-

mínio e façamos como eles! Eu estou firmemente consciente

de que esta é uma necessidade nacional, e da parte patronal,

enquanto for eu o dirigente da Confederação da Indústria Por-

tuguesa, é este diálogo que se promoverá e é com esta dispo-

nibilidade que queremos construir esse modelo.

O patrão dos patrões

Aos 56 anos, António Saraiva, assumiu a liderança da Confederação da indús-tria Portuguesa, em Janeiro de 2010, imprimindo-lhe uma nova dinâmica, definindo causas para o mandato, afir-mando uma nova missão, descentrali-zando o poder e co-responsabilizando os outros elementos da direcção na to-mada de decisões.Empresário com larga experiência as-sociativa, António Saraiva é presidente do conselho de administração da Me-talúrgica Luso-Italiana, fabricante das torneiras Zenite, e foi Presidente da AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, além de pertencer à direc-ção da CIP desde 2004. Começou a sua carreira na Lisnave, aos 17 anos, onde trabalhou durante 26 anos. Abraçou a causa da concer-tação e do diálogo social na empresa, tendo assumido a liderança da Comis-são de Trabalhadores e subscrito com a Administração o primeiro pacto social da Lisnave. Um passado que lhe per-mite ter hoje, em sede de Concertação Social, uma visão dos “dois lados da barricada” e que, certamente, terá sido fundamental para a posição dialogante que assume enquanto presidente da Confederação patronal.

Page 33: 2010.05 Portugalglobal 23

Conheça as vantagens da Linha PME Investe V. O Banco Popular dispo-nibiliza esta importante linha de crédito e pode adicionar outras soluções que também acrescentam valor ao seu negócio.Crédito com juros bonificados, com prazos e montantes adequados às necessidades, suportados por soluções especializadas e sectoriais muito competitivas, para o dia-a-dia e para o desenvolvimento do seu negócio, são vantagens que pode alcançar. Venha conhecer as nossas propostas e descubra tudo o que podemos fazer pela sua empresa.

Linha Micro e Pequenas Empresas: TAE de 1,564%. Exemplo de um crédito sob a for-ma de mútuo de €50.000, prazo de 4 anos com pagamento de prestações trimestrais e período de carência de 6 meses. Neste exemplo, utilizou-se a Euribor média a 3 meses de 01.04.2010 de 0,645% e arredondada à milésima, acrescida de um spread de 0,75%, já incluindo a bonificação atribuída pelo FINOVA. A TAN que corresponde é de 1,5% (taxa de juro mínima). A comissão de cobrança de prestações é de €4,13.

Linha Geral: TAE de 2,429%. Exemplo de um crédito sob a forma de mútuo de €250.000, prazo de 6 anos com pagamento de prestações trimestrais e sem período de carência. Neste exemplo, utilizou-se a Euribor média a 3 meses de 01.04.2010 de 0,645% e arredondada à milésima, acrescida de um spread de 1,75%, já incluindo a bonificação atribuída pelo FINOVA. A TAN que corresponde é de 2,395%. A comissão de cobrança de prestações é de €4,13.

www.bancopopular.pt

PME Investe V A sua Linha de Crédito Bonificado é mais completa do que imagina.

Montante Global: €750 milhões

Linha Geral: €500 milhõesLinha Micro e Pequenas Empresas: €250 milhões

CUSTO PARA A EMPRESA

Linha Geral: Euribor 3 meses + 1,75%

Linha Micro e Pequenas Empresas:Euribor 3 meses + 0,75% (com min. 1,5%)

Linhas de Crédito PME Investe, o apoio do FINOVAàs empresas. Fundo gerido pela PME Investimentos.

Page 34: 2010.05 Portugalglobal 23

NOTÍCIAS

// Maio 10 // Portugalglobal34

A empresa portuguesa de semicondu-tores NANIUM assinou em Maio, nas instalações da AICEP em Lisboa, um contrato com a multinacional alemã In-fineon Technologies AG para produção e licenciamento de uma tecnologia ino-vadora, num investimento superior a 35 milhões de euros. A empresa de Vila do Conde (que tem na sua génese empresas como a Siemens Semicondutores, a Infineon Technolo-gies e, mais recentemente, a Qimonda Portugal) vai produzir semicondutores com tecnologia eWLB de 300mm, sen-do uma das primeiras companhias da in-dústria de semicondutores, a nível mun-dial, com capacidade de produção nes-ta área. A tecnologia eWLB de 300mm – da Infineon – permite reduzir o custo e o tamanho dos semicondutores, com benefícios óbvios para os fabricantes de tecnologia de consumo e produtos sem fios. Estas vantagens garantem à tecno-logia eWLB 300mm, usada sobretudo em telemóveis, uma elevada procura do mercado a nível mundial, refere um comunicado da empresa.O acordo – que garante à NANIUM a produção e fornecimento de semicon-dutores para a Infineon – baseia-se na tecnologia de ponta da Infineon Tech-nologies e na capacidade de produ-ção da NANIUM em 300mm WLP/RDL (Wafer Level Packaging/ Redistribution Layer). A tecnologia eWLB utiliza uma combinação de processos de manufac-

Investidos 35 milhões na ex-QimondaNANIUM assina contrato de produção com Infineon

tura de semicondutores de Front-End e Back-End, com processamento simul-tâneo de todos os chips de uma wafer (bolacha de silício), reduzindo os custos de produção. O arranque da produção em volume de bolachas de silício de 300mm eWLB para a Infineon Techno-logies terá lugar no terceiro trimestre deste ano. Para garantir o sucesso do projecto e aumentar os actuais recursos, serão investidos na NANIUM, a breve prazo, mais de 35 milhões de euros.Para o presidente da AICEP trata-se de um upgrade para a empresa portu-guesa que emergiu depois da falência da Qimonda. Basílio Horta foi um dos responsáveis presentes na assinatura do contrato, numa sessão em que foi anunciado que 380 trabalhadores da empresa deixaram já o “lay-off”, esti-mando-se que este número chegue aos 500 no final deste ano. Na ocasião, Ar-mando Tavares, presidente da Nanium, disse ainda estar já em contacto com outras empresas com as quais pretende vir a celebrar contratos idênticos a este.A empresa alemã Qimonda AG en-trou em insolvência em Janeiro do ano passado. A Qimonda Portugal, insta-lada em Vila do Conde, seguiu-lhe os passos, tendo entretanto sido a única subsidiária do grupo alemão a salvar-se da falência. Transformada na NANIUM, passou a ser detida pelo Estado portu-guês (17,88 por cento) e pelos bancos BES e BCP (41,06 por cento cada um).

Portugal Constrói na Tektónica 2010

Cerca de 700 empresas do sector da construção marcaram presença na FIL, de 11 a 15 de Maio, durante a Tektó-nica 2010 – Feira Internacional da In-dústria da Construção e do Imobiliário. Integrada neste certame decorreu a ini-ciativa Portugal Constrói, numa orga-nização conjunta da AICEP, da AIP/FIL e da CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, com o objectivo de identificar e divulgar oportunidades de negócio da fileira em mercados considerados estratégicos para Portugal, designadamente Ango-la, Marrocos, Argélia e Líbia. Destinados a empresas da fileira da construção, predominantemente PME, exportadoras ou não, que pretendem diversificar mercados e/ou consolidar e expandir as suas exportações, realiza-ram-se, entre os dias 11 e 13 de Maio, quatro workshops sobre mercados inter-nacionais de elevado potencial (Angola, Marrocos, Argélia, Líbia) e um seminário sobre a Polónia.  De realçar os testemu-nhos de empresas internacionalizadas e com larga experiência nos países em foco, a par das apresentações efectua-das por especialistas da AICEP na identi-ficação e caracterização de oportunida-

Page 35: 2010.05 Portugalglobal 23

NOTÍCIAS

Portugalglobal // Maio 10 // 35

Com o objectivo de dinamizar as rela-ções comerciais entre Portugal e a Co-lômbia e dar a conhecer o ambiente de negócios e as oportunidades de investi-mento naquele mercado, esteve em Lis-boa, no dia 14 de Maio, o Ministro das Relações Exteriores colombiano,   Jaime Bermúdez Merizalde, tendo participado num seminário realizado na AICEP.Na abertura do evento, a administrado-ra da AICEP, Teresa Ribeiro, deixou claras as razões da importância desta iniciativa, afirmando que “as excelentes relações políticas entre Portugal e Colômbia não têm correspondência no plano econó-mico, e que as empresas portuguesas devem encarar a diversificação de merca-dos como uma das soluções para a cri-se”. A mesma responsável referiu que o espaço latino-americano vai crescer 4 por cento ao ano e que a Colômbia espera um crescimento de 2,5 por cento do PIB em 2010, acrescentando que apesar de a Colômbia ser apenas o 66º cliente de Portugal, “tem potencial para melhorar muito a sua posição”.Por seu lado, o ministro colombiano exortou os portugueses em geral e os empresários em particular a visitarem a Colômbia, dando enfoque às caracterís-ticas do capital humano local, que afir-ma ser “a grande riqueza da Colômbia”. Têxteis, confecções, tecnologias de infor-mação e o sector automóvel são alguns dos pontos fortes da sua estrutura pro-dutiva. Deixou ainda uma mensagem de optimismo ao garantir total segurança para nacionais e estrangeiros em todas as zonas do país devido às reformas po-líticas empreendidas na última década.

des de negócio nesse países.A inauguração da Portugal Constrói, no dia 11, contou com a presença de Paulo Campos, Secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas, Transpor-tes e Comunicações, assim como de Basílio Horta, Presidente da AICEP, de Rocha de Matos, Presidente da AIP - CE e de Manuel Agria, Director da CPCI. Na ocasião, Basílio Horta disse que as empresas desta fileira “têm créditos fir-mados em termos de internacionaliza-ção”, obtidos “graças à competência, qualidade e capacidades de adaptação aos mercados que lhes conferem com-petitividade internacional”.Lembrando que a fileira da construção abrange actividades tão diversas como a arquitectura, a consultoria de enge-nharia e de projecto, e a construção e obras públicas, o presidente da Agên-cia referiu que o sector é hoje um dos veículos estratégicos de crescimento para Portugal. Basílio Horta anunciou ainda que a AI-CEP irá, em colaboração com a CPCI, desenvolver um estudo sobre a “Filei-ra da Construção – caracterização e competitividade internacional nos mer-cados de Angola, Marrocos, Argélia e

Oportunidades de negócio na Colômbia

Líbia”, ainda durante este ano, estudo este que poderá ser alargado a outros mercados em 2011.A fileira da construção contribui com 5,6 por cento para o PIB nacional, re-presenta 11 por cento do emprego e o peso do sector na FBCF (Formação Bru-ta de Capital Fixo) é de 50 por cento.

Page 36: 2010.05 Portugalglobal 23

EMPRESAS

// Maio 10 // Portugalglobal36

Um grande desempenho em 2009 e previsões muito optimistas para 2010 confirmam uma linha ascensional cons-tante e marcam a história recente da Hyfas. Esta tecnológica portuguesa, fun-dada em 2001, segundo maior VAR (Va-lue Added Reseller) da SAP em Portugal, atingiu, no ano passado, três milhões de euros de volume de negócios – um au-mento de 13 por cento face a 2008 – e espera aumentar esse registo em meio milhão de euros no corrente ano.

Para tal, a empresa vai continuar a apos-tar nas soluções SAP All-in-One como core business da empresa, na dinamiza-ção da área de outsourcing através do aumento do negócio nas grandes contas e na entrada no sector da administração pública local com uma nova solução SAP. E pretende continuar a dar largas à sua capacidade de I&D para servir o mercado das PME, para o qual disponibiliza servi-ços de consultoria, desenvolve soluções verticais, gere projectos e acompanha soluções SAP.

HYFAS ILUDE CRISE

A Hyfas conta no seu curriculum com mais de 200 implementações SAP em todo o mundo e mais de 40 clientes activos em Portugal. Depois de um excelente ano de 2009, o reforço da equipa e do investimento na estrutura tecnológica deixam antever a continuação de novos resultados em contraciclo.

O ano de 2009 ficou ainda marcado pelo aumento de capital social de 200.000 para 600.000 euros, pela entrada de um novo sócio, pela criação do pólo tecnoló-gico de Torres Novas, que tem em vista o desenvolvimento de aplicações OutSys-tems e software SAP All-in-One e pela mudança da imagem da empresa.

Passa sempre pelo reforço constante da oferta do seu conjunto de serviços, num sector onde a competitividade a nível global é enorme, a explicação para os resultados da empresa. De acordo com Bruno Marques, CEO da Hyfas, “face à conjuntura actual, podemos considerar de muito bom nível e em contraciclo a prestação da Hyfas, já que atingimos todas as metas definidas: novos cola-boradores, novos clientes e novos ne-gócios”. Para o CEO, para que tal se verificasse “foi determinante o sucesso da nossa nova abordagem de Customer-Centered, um ‘upgrade’ à reconhecida estratégia Customer-Oriented da Hyfas,

que nos permite estar sempre em total sintonia com os objectivos, necessidades actuais e futuras, andamento dos pro-jectos e satisfação dos nossos clientes”.

Um exemplo: a aposta na área de Busi-ness Intelligence foi reforçada com a dis-ponibilização das soluções líderes mun-diais da Business Objects, através da ex-tensão da sua parceria com a SAP. Outro exemplo: a empresa disponibilizou novas soluções SAP All-in-One, como o Y.project para o sector dos serviços profissionais, o Y.manage para a imobiliária, o Y.check-in para a hotelaria, os add-ons Y.fleet para a gestão de frotas e o Y.intrastat para a gestão de estatísticas europeias.

Nos mercados internacionais, a Hyfas tem um aliado de peso: o seu grande know-how nas ferramentas actuais da SAP - Business Objects que o faz estar presente no Brasil, Alemanha, Espanha e Angola, fruto da aquisição da Key Knowl-edge Systems – especialista em Enterprise

Page 37: 2010.05 Portugalglobal 23

EMPRESAS

Portugalglobal // Maio 10 // 37

Performance Managment. Dentro e fora do país, os mercados alvo são utilities, retalho, construção, imobiliário, adminis-tração local e central, telecomunicações.

A empresa está sedeada em Oeiras e tem delegações em Gaia e Torres Novas. No futuro imediato prevê a entrada em novos mercados e o lançamento de no-vas soluções. Grupo Bernardino Gomes, Stapples, TAP, Vodafone e Moviflor são alguns dos grandes clientes.

Hyfas ConsultingEdifício Orange – OeirasRua Henrique Callado, 6 – B23Leião2740-303 Porto SalvoTel.: +351 214 231 500

[email protected]

www.hyfas.pt

SAP é uma empresa alemã criadora do software de gestão de negócios do mes-mo nome. Ao longo de três décadas evoluiu de uma empresa pequena e re-gional para uma organização de âmbito mundial. Actualmente, é líder global de mercado em soluções de negócio multi-empresas. O grande produto da empresa, que emprega 51 mil pessoas, é o sistema integrado de gestão empresarial.

SAP

BIDINÂMICALIXO DÁ MODA RECICLADA

Para a mentora da Bidinâmica, Helena Pinto, e tal como Lavoisier dizia, nada se perde tudo se transforma. No seu caso, motivada por questões ambientais, foi o lixo das campanhas de publicidade que fez nascer um negócio lucrativo em várias frentes. Para a sua empresa, para os clientes, para o ambiente e para os consumidores, que vêm o mercado dos acessórios de moda invadido por peças de grande criatividade.

Page 38: 2010.05 Portugalglobal 23

EMPRESAS

// Maio 10 // Portugalglobal38

BidinâmicaRepresentações e Consultoria de Gestão

Rua Cecílio Sousa, 3 – 1º1200-098 LisboaTel.: +351 213 432 040

[email protected]

www.bidinamica.com

Estava-se em 2004, ano do Europeu de Futebol, e as cidades portuguesas rece-biam milhares e milhares de outdoors, em PVC, que acabariam fatalmente no lixo. Em Lisboa, até a primeira edição do Rock’in’Rio ajudava a inundar as ruas e as praças da capital de publicidade exterior.

Aproveitando a maré, antecipando o que seria o desperdício, desde essa data, a proposta da Bidinâmica, qual ovo de Co-lombo, foi muito simples: transformar o lixo das campanhas de comunicação em peças únicas e inovadoras de “eco-mer-chandising”. Com esta ideia, a Bidinâmi-ca evitava as desvantagens da utilização do aterro (o PVC não é reciclável) e dava

cados, sempre com a meta do reforço

da internacionalização no horizonte, a

empresa manteve intacto o modelo de

negócio. Ou seja, segundo as palavras

de Helena Pinto: “os materiais são le-

vantados junto do cliente, enviados para

Lisboa e, depois de lavados, as imagens

são trabalhadas em termos de design e

recorte e são aproveitados o melhor pos-

sível, fazendo deles peças únicas”. Já são

dez os mercados onde a marca Tela Bags

está disponível, sendo os mais importan-

tes o inglês e o francês.

Para manter a criatividade em alta, e

até porque a empresa tem apenas seis

funcionários, a Bidinâmica recorre à

subcontratação de designers gráficos

e industriais que, em conjunto com a

“prata da casa”, garantem que o tra-

tamento adequado e a dose certa de

capacidade inventiva são aplicados a

todos os materiais.

No estrangeiro, com o objectivo de cres-

cer cada vez mais, a Bidinâmica está pre-

sente, duas vezes por ano, na Museum

Expressions, a principal feira europeia da

área dos museus, e na feira Maison &

Object para apresentar as colecções Tela

Bags, de Verão e de Inverno, dirigidas

aos consumidores e, numa aposta du-

pla, para apresentar também os serviços

de reciclagem destinados às empresas.

Na edição deste ano surge um marco

na vida da empresa: foi distinguida com

o prémio de melhor colecção entre to-

dos os expositores. Neste momento, a

empresa prepara-se também para apre-

sentar a sua marca no MoMA de Nova

Iorque e Tóquio, mercados onde espera

entrar a breve prazo.

Embora produza em exclusivo para a OGMA, a Listral projecta o seu futuro no cluster da aeronáutica visando o reconhecimento nos mercados internacionais. Criada em 2001, já fabricou componentes estruturais para mais de 800 aviões de variados tipos.

LISTRALFORMAÇÃO SUPERA EXIGÊNCIAS DEQUALIFICAÇÃO

A Listral é a segunda maior fabricante

portuguesa de aero-estruturas. A pri-

meira é a OGMA, para a qual a Listral

trabalha a 100 por cento desde a sua

fundação, em 2001, tendo consegui-

do, através dessa cooperação, garantir

os atributos indispensáveis – ser com-

petente, competitiva e confiável – que

levaram à sua consolidação enquanto

empresa e ao volume de negócios de

mais de 4 milhões de euros em 2009.

Uma das características diferenciadoras

da Listral é o investimento na formação

para garantir níveis de qualificação ele-

vados. A este propósito, Salvado Henri-

ques, director geral, revela que “devido à grande dificuldade em encontrar pro-fissionais qualificados para esta activida-de, é a própria empresa a proporcionar formação teórica e prática aos jovens que recruta, sendo esta a única maneira de cumprir os requisitos muito exigentes da fabricação aeronáutica”. Um dos re-

flexos desta estratégia e do cumprimen-

to dos procedimentos do Sistema de

“Aproveitando a maré,

antecipando o que seria o

desperdício, desde essa data, a

proposta da Bidinâmica, qual

ovo de Colombo, foi muito

simples: transformar o lixo das

campanhas de comunicação

em peças únicas e inovadoras

de eco-merchandising.”

vida útil a materiais que iam para o lixo.

Mas as vantagens não se ficavam por

aqui e revertiam a favor das próprias em-

presas expositoras que recebiam de volta

materiais reciclados (muitas vezes brindes

para os clientes), não pagavam pela sua

recolha e tratamento – a logística é feita

pela Bidinâmica – e viam a sua política de

responsabilidade ambiental ser posta em

prática de forma útil para todos.

A partir desta ideia e desde 2006, sur-

giu a outra vertente deste projecto: a

Tela Bags, uma marca de acessórios de

moda, que inclui malas, carteiras e por-

ta-chaves e outras peças. Logo no ano

seguinte, a Bidinâmica internacionaliza a

marca, seguindo lá fora a mesma forma

de abordagem utilizada em Portugal,

através de parcerias com entidades cul-

turais, como teatros e museus. Nos mer-

Page 39: 2010.05 Portugalglobal 23

EMPRESAS

Portugalglobal // Maio 10 // 39

Gestão da Qualidade é a certificação de

acordo com as normas ISO 9001-2000

e ISO 9100-2003, que reconhecem à

Listral a capacidade exigida para operar

numa indústria tão sofisticada.

A Listral está inserida no grupo de

empresas potenciais fornecedoras do

cluster aeronáutico português e, sen-

do especialista assumida na fabricação

de peças simples e conjuntos estrutu-

rais para aeronaves, é parte integrante

da indústria aeronáutica portuguesa

que Salvado Henriques considera ser

“embrionária, a necessitar de um pro-jecto aglutinador para se desenvolver, o qual deve ser catalisado e coordena-do por uma das empresas mais impor-tantes do sector aeronáutico que lhe dê uma amplitude tal que comporte a participação de todo o tecido indus-trial disponível”.

Na opinião de Salvado Henriques, este

projecto “terá de ser desenvolvido com acordos de cooperação industrial

feitos com empresas internacionais” e

os benefícios para Portugal irão fazer-

se sentir a vários níveis: “desde logo, através da abertura de novos canais de comercialização por inserção das empresas portuguesas nas cadeias de abastecimento global, o que irá pro-porcionar o contacto com processos, materiais e tecnologias inovadoras, para além dos benefícios das transfe-rências de conhecimento, da aquisição de novas competências e da criação de empregos de elevada especializa-ção tecnológica, evitando o êxodo dos nossos recursos mais capazes para ou-tras partes do mundo”.

Face ao seu peculiar relacionamento

com a OGMA e à grande experiência

que esta apresenta no fabrico e ma-

nutenção de aeronaves, Salvado Hen-

riques entende que “aquela é a única empresa aeronáutica no nosso país com perfil integrador, com capacidade para verticalizar o negócio e capitalizar a imagem das empresas nacionais jun-

LISTRALEstruturas Aeronáuticas, SA

Parque Industrial Olaio, EN 10, km 140, 12695-066 BOBADELATel.: +351 219 947 049

[email protected]

www.listral.pt

to dos grandes clientes internacionais, constituindo um agente dinamizador incontornável na prossecução do ob-jectivo de desenvolver esta indústria”.

Ao longo da sua existência, a Listral produziu para os aviões Pilatus PC-12 da Pilatus Aircraft Limited – cockpit, chão, tecto, painéis laterais, cauda, flaps, aillerons, estabilizador horizon-tal e vertical, portas de emergência de carga e de passageiros – assim como diversos componentes e painéis estruturais para três aviões C-212 e 16 aviões C-295 da EADS-CASA. A empresa conta, actualmente, com 130 colaboradores.

Page 40: 2010.05 Portugalglobal 23

De todas as Comunidades Autónomas de Espanha, a Catalunha continua a ser o principal parceiro comercial de Portugal, sendo o segundo maior cliente do nosso país e o seu primeiro fornecedor no mercado espanhol. Conhecida pela sua intensa actividade económica, a Catalunha lidera a produção industrial em Espanha em vários sectores, do químico e farmacêutico às biotecnologias; do agro-alimentar, ao têxtil e ao design, entre outros, emergentes e de potencial crescimento.Trata-se de um mercado aberto, com lugar para as empresas e para os produtos portugueses.

CATALUNHAPRINCIPAL PARCEIRO COMERCIAL DE PORTUGAL>POR MANUEL MARTINEZ, DIRECTOR DO ESCRITÓRIO DA AICEP EM BARCELONA

Page 41: 2010.05 Portugalglobal 23

MERCADO

Portugalglobal // Maio 10 // 41

A Catalunha é um lugar de primeira classe para viver e fazer negócios. Es-trategicamente localizada no Mediter-râneo, a nordeste da Península Ibérica, beneficia de um clima de tipo mediter-rânico e de boas comunicações. Com uma superfície de mais de 32 mil qui-lómetros quadrados e uma população de 7,4 milhões de habitantes, a Ca-talunha representa 6,3 por cento do território espanhol e 16 por cento da população espanhola.

A sua história, a língua e a tradição cul-tural, política e jurídica diferenciadas, configuraram a personalidade desta re-gião e do seu povo. É uma das Comu-nidades Autónomas de Espanha, tendo governo próprio, que é a Generalitat.

O território catalão apresenta paisa-gens muito variadas e de grande be-leza, desde a costa mediterrânica aos vales interiores e às montanhas (Piri-néus), conservando um rico patrimó-nio monumental.

A Catalunha é líder em vários sectores de actividade, como sejam:

Químico e Farmacêutico: dois secto-res que estão fortemente concentrados na Catalunha, onde se encontram 50 por cento dos laboratórios de Espanha, 60 por cento da sua produção, 66 por cento das empresas que trabalham em química fina, e também onde o peso específico da química básica se situa em cerca de 48 por cento da produção.

Agro-alimentar e de Embalagem: a Catalunha tem um importante know-how na produção e tecnologia alimentar, é líder no fornecimento de ingredientes e em empresas de embalagem e tecno-logias de processamento, o que faz dela um importante cluster neste sector.

Automóvel: a Catalunha é líder na in-dústria automóvel e uma das localiza-ções chave na Europa, onde se situam três grandes fábricas – Seat, Nissan e Irisbus-Iveco –, responsáveis por quase 40 por cento do total das vendas espa-nholas no sector automóvel.

Electrónica: o subsector de electrónica de consumo, no segmento televisores, (onde uma parte importante da produ-ção corresponde a grandes empresas de capital estrangeiro - Sony, Sharp, Hyundai, JVC), é o mais importante e com a mais elevada produtividade da indústria electrónica na Catalunha.

Material eléctrico de pequena di-mensão: onde a Catalunha é o primei-ro mercado e o primeiro produtor.

Têxtil: o sector têxtil, e nomeada-mente a confecção, tem um peso es-pecífico relevante dentro da estrutura produtiva da indústria catalã, onde se destacam os clusters de Malha em Anoia e no Maresme e o de Moda Têx-til (branding & retail).

Design: relevante na Catalunha, com importantes ligações à tecnologia, à comunicação, à cultura e à economia, onde uma cultura diferente de design se pode encontrar em actividades como o design gráfico ou o design industrial, a gastronomia, o comércio, a arquitectu-ra, a moda, etc. Barcelona é conhecida pelos seus mais de 50 centros formati-vos de design, associações, prémios e eventos de nível internacional.

Biotecnologia e Biomedicina: o I+D na Catalunha concentra-se na investigação clínica no âmbito da saúde humana, da

A Catalunha é, no entanto, mais co-nhecida pela sua intensa actividade económica, onde se destacam em-presas comerciais e industriais, inova-doras, abertas e competitivas. O seu Produto Interno Bruto (PIB), o volume de negócios e as suas exportações são dos mais elevados de Espanha: o PIB catalão equivale a quase 20 por cento do PIB espanhol e a indústria catalã representa uma quarta parte da in-dústria espanhola.

VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL NA CATALUNHA, 2008 (%)

Material de transporte 10,7%

Eléctrico e Electrónico 7,62%

Maquinaria 8,03%

Metais 13,58%

Minérios nãometálicos 5,05%

Plásticos 4,67% Indústria química 15,92%

Papel e materiais gráficos 10,62%

Madeira e cortiça 1,47%

Têxtil 6,89%

Indústria alimentar 11,06%

Diversos 4,37%

Fonte: “Invest in Catalonia” com base em dados do Instituto de Estadistica de Cataluña.

Page 42: 2010.05 Portugalglobal 23

MERCADO

// Maio 10 // Portugalglobal42

partner do Grupo Hospitalário Quiron, e ainda empresas do sector das TIC como a WeDo Consulting, com informática para telecomunicações, ou a YDreams, com software para lazer e cultura.

Além de ser conhecida pelas suas activi-dades de produção de alto valor acres-centado, a Catalunha também ganhou

Escritório da AICEP em Barcelona Calle Bruc, 50 - 4º 3ª 08010 BarcelonaESPAÑATel.: +34 93 301 4416

[email protected]

Director: Manuel Martinez

Centro de Negócios em MadridPaseo de la Castellana, 141 - 17ª D 28046 MadridESPAÑATel.: +34 91 761 7200

[email protected]

Director Coordenador: Pedro Aires de Abreu

assistência sanitária e na actividade far-macêutica, bem como nas actividades TIC, estando os principais parques cien-tíficos e tecnológicos ligados a reconhe-cidas Universidades e Hospitais, como o Parque Científico de Barcelona - PCB (www.pcb.ub.es), o Parque de Investi-gación Biomedica de Barcelona -  PRBB (www.prbb.org), o  Parque Científico y Tecnológico de la UAB - BIOCAMPUS (www.uab.es) e o Instituto de Investiga-ción Biomédica August Pi i Sunyer - IDI-BAPS (www.idibaps.org).

Igualmente, alberga diversos sectores emergentes com um forte potencial de crescimento, como demonstrado pelo facto de muitas empresas estrangeiras terem investido em sectores como a biotecnologia, a aeronáutica (mais de 75 por cento da produção do sector ae-ronáutico catalão concentra-se no fabri-co de componentes para aeronaves), as energias renováveis e a reciclagem.

As empresas portuguesas instaladas nesta Comunidade Autónoma ascen-dem a 50, das quais se destacam gran-des grupos como o Amorim, com reves-timentos de cortiça para a construção (Amorim Revestimientos), o grupo BA com embalagens de vidro (BA Vidrios) e o grupo Logoplaste com embalagens de plástico (Viladeplast, S.L. – Solplast), o grupo CIN com tintas e vernizes (Barni-ces Valentine), o grupo Higifarma, a tra-balhar em artes gráficas/ impressão em alumínio para laboratórios (Blister), o grupo Luís Simões de Transportes e Lo-gística (Luís Simões Logística Integrada), a José de Mello Saúde, do grupo Mello,

De destacar ainda as grandes infra-es-truturas científicas na Catalunha como:

• Sincrotron ALBA (www.cells.es), o primeiro acelerador de partículas do sul da Europa;

• MareNostrum (www.bsc.es), o super computador mais potente de Espa-nha e dos mais poderosos da Europa;

• IDIADA (www.idiada.com), um cen-tro tecnológico, participado em 20 por cento pelo governo Autónomo da Catalunha e em 80 por cento pela APPLUS+, dedicado ao desenvolvi-mento de componentes para a indús-tria automóvel;

• CNM (www.imb-cnm.csic.es), um centro público dedicado à micro-electrónica;

• PAM - Parc Astronòmic Montsec (www.parcastronomic.cat), uma ini-ciativa do governo da Catalunha e do Consorci del Montsec que, apro-veitando as potencialidades da zona de Montsec, opera em investigação, formação e divulgação da ciência, es-pecialmente da Astronomia.

Além destas, deve-se sublinhar que a nova sede do Secretariado da UpM - Uni-ón por el Mediterráneo, um programa de colaboração e desenvolvimento de relações internacionais que agrupam os Estados-membros da UE e os países me-diterrânicos, se situa em Barcelona, o que faz desta cidade a capital e a força moto-ra da unidade mediterrânica.

“O seu [da Catalunha] Produto Interno Bruto (PIB), o volume de negócios e as suas exportações são dos mais elevados de Espanha: o PIB catalão equivale a quase 20 por cento do PIB espanhol e a indústria catalã representa uma quarta parte da indústria espanhola.”

prestígio internacional em actividades como o I+D, o design e a engenharia, a logística e os centros de serviços partilha-dos. Para o desenvolvimento destas in-dústrias, tem sido vital o enorme interes-se que tem demonstrado pela inovação.O governo catalão promoveu um Acor-do Nacional para a Investigação e a Inovação para os próximos 15 anos na Catalunha, no âmbito do qual criou o programa TECNIO, uma rede de mais de 100 centros e agentes de transfe-rência de tecnologia, a fim de favorecer a competitividade e a projecção inter-nacional das empresas catalãs.

Page 43: 2010.05 Portugalglobal 23

MERCADO

Portugalglobal // Maio 10 // 43

“(...) nos últimos anos, a balança comercial da Catalunha com Portugal tem evoluído favoravelmente para o nosso país, reduzindo-se a taxa de cobertura de valores superiores a 350 por cento, em 2000, para 271 por cento, em 2008, e para 275 por cento no ano passado.”

Espanha é o principal parceiro comer-cial de Portugal, sendo a Catalunha, região com índices de riqueza dos mais elevados do país vizinho, uma das três Comunidades Autónomas com maior representatividade ao nível das nossas trocas comerciais com o mercado espanhol. Em 2009, foi a 2ª Comunidade cliente de Portugal e a 1ª enquanto fornecedora.

Verifica-se também que, nos últimos anos, a balança comercial da Catalu-nha com Portugal tem evoluído favora-velmente para o nosso país, reduzindo-se a taxa de cobertura de valores supe-riores a 350 por cento, em 2000, para

CATALUNHARELACIONAMENTO ECONÓMICO COM PORTUGAL

É um mercado atractivo para as empresas portuguesas e um dos nossos principais parceiros comerciais. No ano passado, Portugal exportou produtos para a Catalunha no valor de 1.257 milhões de euros, enquanto as importações ascenderam a 3.460 milhões de euros. Embora deficitário, o saldo da balança comercial bilateral tem registado uma evolução favorável para Portugal.

Portugal ocupou, no ano transacto, o 4º lugar como cliente da Catalunha e a 10ª posição como fornecedor desta Comuni-dade, com quotas de mercado de 8,4 por cento e 2,1 por cento, respectivamente.

Em 2009, os principais produtos por-tugueses exportados para a Catalunha foram vestuário feminino (15,6 por cento do total), produtos químicos (11,4 por cento), máquinas e material eléctrico (5,4 por cento), mobiliário (5,3 por cento), equipamentos, com-ponentes e acessórios para a indústria automóvel (5 por cento), vidros e em-balagens (4,9 por cento) e louças sani-tárias e torneiras (4,7 por cento).

271 por cento, em 2008, e para 275 por cento no ano passado.

Page 44: 2010.05 Portugalglobal 23

MERCADO

// Maio 10 // Portugalglobal44

BALANÇA COMERCIAL DA CATALUNHA COM PORTUGAL

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Exportação 1.598 2.043 2.278 2.601 2.941 3.299 3.410 3.320 3.470 3.653 3.654 3.703 4.003 3.460

Importação 457 456 593 667 800 836 1.042 1.062 1.125 1.128 1.736 1.432 1.478 1.257

Saldo 1.141 1.587 1.685 1.934 2.140 2.463 2.368 2.258 2.345 2.526 1.918 2.271 2.525 2.203

Cobertura 350% 448% 384% 390% 367% 395% 327% 313% 308% 324% 211% 259% 271% 275%

Fonte: ICEX; Unidade: Milhões de euros

No que respeita às importações desta Comunidade espanhola, no mesmo ano, os produtos químicos, com 18,7 por cento do total, surgem no topo da lista, seguindo-se os veículos de trans-porte com 6,9 por cento, o vestuário feminino com 6,3 por cento, os equi-pamentos, componentes e acessórios para a indústria automóvel com 4,6 por cento, e as máquinas e material eléctri-co também com 4,6 por cento.

De salientar que na Catalunha existem 51 empresas com capitais portugueses, segundo a base de dados do Centro de Negócios da AICEP em Espanha. No total, são mais de 360 as empresas espanholas com capitais portugueses no país vizinho, das quais cerca de 75 por cento estão sedeadas em três Co-munidades Autónomas: Madrid (167 empresas), Catalunha (51 empresas) e Galiza (47 empresas).

Quanto ao investimento directo portu-guês no país vizinho, dados do Minis-tério da Industria, Turismo e Comércio espanhol, referem que, em 2009, a Comunidade de Madrid foi a região mais atractiva para as empresas portu-guesas, com cerca de 70 por cento do total. Em segundo lugar surge Castilla La Mancha com cerca de 12 por cento do total, seguindo-se a Comunidade Valenciana (6,4 por cento), a Andalu-zia (5,3 por cento), a Catalunha (3 por cento) e a Galiza (1,3 por cento).

No que se refere ao investimento es-panhol em Portugal, as principais Comunidades Autónomas investido-ras foram a Comunidade de Madrid, com cerca de 57 por cento do total, seguida da Catalunha (20 por cento), da Cantábria (9,1 por cento) e da An-daluzia (7,8 por cento).

O mercado catalão é extrema-mente competitivo e exigente. É muito menos formal que o português, mas também é menos poliglota. Apesar das similitudes entre a Catalunha e Portugal, existem importantes diferenças culturais, comerciais e de estilos de vida. Mas o facto de um pro-duto ser português, não repre-senta qualquer handicap a nível de imagem ou qualidade.

A entrada na Catalunha deve ser

uma acção cuidadosamente planea-

da, fruto de uma estratégica bem de-

finida, já que o produto não é tudo.

Alguns aspectos a ter em conta pelas

empresas portuguesas na aborda-

gem ao mercado catalão:

• Em primeiro lugar, é necessário

apostar na distribuição e na comer-

cialização, na imagem e na mar-

ca. Os canais de distribuição são

complexos, com muitos agentes e

intermediários. A tendência é para

aligeirar o peso de grossistas e in-

termediários que, por si próprios,

não incorporam um claro valor

acrescentado, provocando uma

redução generalizada das margens

comerciais das empresas.

• Deverá fazer um planeamento de

actuação comercial em conjunto

com os distribuidores, agentes ou

partners locais, sendo fundamental

que a empresa invista em pessoal

com um perfil adequado.

• Usar material informativo correcto

(bem apresentado e em castelhano

ou catalão) e dispor de informação

qualitativa sobre o seu sector de

actividade. Apesar da distância, é

fundamental privilegiar o contacto

directo com os clientes. Embora a

legislação seja muito parecida, é re-

comendável utilizar advogados ou

consultores locais.

Se a empresa portuguesa apostar

seriamente neste mercado, plane-

ando e investindo, com uma visão

a médio/longo prazo, o retorno do

investimento e os lucros certamente

aparecerão. Não é em vão que a Ca-

talunha, com 7,4 milhões de habitan-

tes, exporta e importa mais do que

Portugal, com 10 milhões. Igualmen-

te, o PIB per capita da Catalunha é

superior em 30 por cento ao portu-

guês. Os catalães gostam de Portugal

e dos portugueses, mas nos negócios

o planeamento e o profissionalismo

são indispensáveis.

Conselhos úteisSE NÃO QUER PLANIFICAR, ESQUEÇA-SE DA CATALUNHA

Page 45: 2010.05 Portugalglobal 23

MERCADO

Portugalglobal // Maio 10 // 45

Área: 32.106 km²

População: 7,4 milhões de habitantes

Distribuição do PIB: 18,5% do PIB espanhol (2009)

PIB per capita/2009: 18.347 euros / 76,5% da média nacional espanhola

Competitividade: 8ª posição no ranking nacional espanhol (2009)

Relações Económicas com Portugal:

Exportações (da Catalunha) para Portugal/2009: 3.460 milhões de euros

Importações (da Catalunha) de Portugal/2009: 1.257 milhões de euros

Taxa de cobertura/2009: 275%

Em 2009, a Catalunha foi, em Espanha, a 2ª Comunidade cliente de Portugal (16% do total das vendas a Espanha) e 1ª comunidade fornecedora (24,2% do total).

Portugal é o 4º cliente da Catalunha (quota de 8,4%) e o 10º fornecedor (quota de 2,1%).

Investimento (2009):

Investimento de Portugal na Catalunha: 11 milhões de euros (3% do total, 5ª posição)

Investimento da Catalunha em Portugal: 88 milhões de euros (20% do total, 2ª posição)

Empresas catalãs com capital português: 51 (361 em toda a Espanha) / em Abril de 2010

Fontes:

MITC-Ministerio de Industria Turismo y Comercio (Espanha)

IDESCAT (Instituto de Estatística da Catalunha)

Acc1Ó-Invest in Catalonia

Generalitat de Catalunya www.gencat.cat

ACC1Ó – Invest in Cataloniahttp://www.acc10.cat

Cambra de Comerç de Barcelonahttp://www.cambrabcn.org

Consell General de Cambres de Catalunyahttp://www.cambrescat.es

CINLiderança em Espanha a partir da Catalunha

Foi em 1994, a partir da aquisição de 47,36 por cento do capital da Barnices Valentine, uma empresa de Barcelona do segmento das tintas decorativas, que a estratégia de internacionalização da CIN (Corporação Industrial do Norte) deu um salto. Esta primeira aquisição do grupo nortenho em Espanha foi seguida por outras operações no mercado espanhol, num movimento que deu à CIN a liderança no mercado ibérico.A Barnices Valentine foi fundada em 1946 mas foi na década de 70 que ganhou maior implantação, quer no sector da decoração quer no da construção. Actualmente é detida a 100 por cento pela CIN, que está presente em Espanha em várias regiões. A sua mais recente aquisição no país vizinho ocorreu já este ano com a compra da empresa Industrias de La Pintura, S.L. (Palmcolor), sedeada na ilha de Gran Canária (Canárias), o que lhe permitiu reforçar a sua posição de líder ibérico no sector da produção, comercialização e distribuição de tintas e vernizes.O grupo CIN é hoje detentor de várias empresas – Barnices Valentine, CIN Canárias e Proitesa (Espanha), CIN Indústria, Sotinco e NITIN (Portugal), CIN Moçambique, CIN Angola, Artilin e Celliose (França) – estando presente nos mercados angolano, moçambicano, chinês e francês, entre outros, para além de Espanha. Segundo informação da empresa, mais de 50 por cento das suas receitas são provenientes dos mercados externos.

Foment del Treball Nacionalhttp://www.foment.com/

Consell de Col.legis d’Agents Comercials de Catalunyahttp://www.consellcat.org

Fira de Barcelonahttp://www.firabcn.es

CATALUNHA EM FICHA

Barcelona

Espanha

CONTACTOS ÚTEIS

Page 46: 2010.05 Portugalglobal 23

MERCADO

// Maio 10 // Portugalglobal46

FEIRA DE BARCELONAIMPORTANTE CENTRO EXPOSITOR E DE NEGÓCIOS

Com novas instalações na Gran Via, a Feira de Barcelona (Fira de Barcelona) promove e organiza cerca de 80 certames por ano, 15 dos quais são uma referência na Europa. Para as empresas portuguesas, a participação em feiras sectoriais poderá abrir-lhes portas nos mercados externos, para além do mercado ibérico. Josep Lluís Bonet, presidente do Conselho de Administração da Feira de Barcelona, faz um breve retrato deste importante centro de exposições e de negócios da Catalunha.

No âmbito da Feira de Barcelona, quais os certames mais importantes para a internacionalização das empresas portuguesas?A Feira de Barcelona tem uma carteira de 80 certames que abarcam a maioria dos sectores industriais e de serviços, desde os já consolidados até àqueles que respondem às novas necessidades geradas pelo mercado e pela socieda-de, passando também pelos que se ba-seiam especificamente na economia do conhecimento e na inovação tecnológi-ca. Sendo assim, estou seguro de que existe uma ampla margem para que as empresas portuguesas dos diversos sec-tores encontrem nas nossas feiras uma oportunidade para apresentar os seus produtos, ou seja, de se orientarem para o mercado espanhol e europeu. A Fei-ra de Barcelona, com 15 certames que são uma referência na Europa, fez da internacionalização uma das suas priori-dades estratégicas, sendo um activo im-portante para as empresas portuguesas que pretendam ir para o exterior. Estou a pensar em certames como a Constru-mat, Piscina, Automóvil, Hostelco, Gra-phispag, Salón Náutico, The Brandery, Salón del Turismo, entre outros, que

podem ser interessantes para a realidade da economia portuguesa.

Como imagina o futuro das feiras na Feira de Barcelona?Neste momento estamos a desenhar o futuro das feiras, criando certames inovadores que respondam às novas necessidades. Nos últimos anos lançá-mos feiras tais como a Bcn Rail, cen-trada na indústria ferroviária, a Avante, especializada na atenção às pessoas, a The Brandery, de moda urbana con-temporânea, a Hit Barcelona, sobre inovação e conhecimento. Por outro lado, oferecendo novos produtos e no-vos aliciantes nos certames considera-dos “tradicionais”. Em ambos os casos, actuamos sempre de acordo com uma premissa: uma feira é mais do que um lugar onde se compra e vende. Trata-se também de um espaço alargado de comércio, do estabelecimento de contactos que criam uma rede, de co-nhecimento e reflexão que permitem ir para além do momento estrito e, assim, projectar-se no futuro. Devemos basear-nos na qualidade, na marca, na inovação, na internacionalização e no apoio à economia produtiva, começan-

Page 47: 2010.05 Portugalglobal 23

MERCADO

Portugalglobal // Maio 10 // 47

do pelas pequenas e médias empresas e pelos empreendedores.

Que significado tem o novo recinto da Feira relativamente ao futuro dos certames organizados em Barcelona?O recinto da Gran Via, cujo projecto é da autoria do arquitecto japonês Toyo Ito, é um dos mais avançados actual-mente na Europa, tanto em termos ar-quitectónicos, como tecnológicos. Actu-almente conta com 200 mil metros qua-drados de área bruta de exposição que deverão atingir 240 mil m2 em 2011, data prevista para a conclusão das obras de ampliação em curso. O recinto está preparado para celebrar todo o tipo de certames e congressos, entre eles a Itma, a feira mais importante do mun-do sobre tecnologia e maquinaria têxtil e que terá lugar em 2011, já nas novas instalações. Se contarmos também com o emblemático recinto de Montjuïc, a área total de exposição da Feira ascen-derá a 405 mil m2. Regressando à Gran Via posso dizer-lhe que se trata de uma das grandes obras em curso em Barce-lona, um projecto inovador e ambicioso, com uma localização estratégica, a cin-co minutos de metropolitano da cidade e muito perto do aeroporto.

fundamentais para os vários sectores de actividade. Acreditamos que a cele-bração de certames na Feira de Barce-lona se reveste de grande importância para os vários sectores e, por isso, esta-mos a trabalhar no sentido de os con-verter em autênticas “cimeiras”, onde se junta a oferta em exposição, onde se pode escutar a voz dos líderes empre-sariais, e se apresentam propostas ou se dialoga com as administrações.

Em que consiste e como se realiza a promoção internacional da Feira de Barcelona? Como já referi, a internacionalização é uma prioridade para a Feira de Barcelo-na, porque a projecção das empresas es-panholas – e também das portuguesas – é algo que consideramos fundamen-tal para as respectivas economias. As nossas delegações no estrangeiro, com representação em 33 países, incluindo Portugal, realizam um grande esforço, conjuntamente com outras acções, no sentido de conseguir que nos nossos recintos se celebrem grandes certames e eventos internacionais. Sendo assim, um dos nossos objectivos é potenciar a presença de expositores e visitantes es-trangeiros, reforçando o posicionamen-to de Feira, que conta com o aliciante de estar situada numa grande cidade como Barcelona, considerada uma das melho-res plataformas de Europa para grandes encontros sectoriais.

Que vantagens podem retirar as empresas portuguesas da sua presença na Feira de Barcelona?A Feira tem uma delegação em Lisboa, pelo que todas as empresas que pre-tendam consolidar a sua posição para além das suas fronteiras podem dialo-gar com um especialista conhecedor das oportunidades que oferecem as diferentes ferias de Barcelona. Posso dizer-lhe que a Feira de Barcelona tra-balha com base num princípio que visa facilitar a presença das empresas nos seus certames, colaborando, no caso das empresas portuguesas, estreita-mente com a AICEP, e tendo sempre em conta as necessidades do cliente. Por conseguinte, as empresas portu-guesas que decidam participar nos di-versos eventos internacionais da Feira de Barcelona sabem que poderão con-

tar com ofertas globais que incluem o conjunto de serviços necessários, des-de questões relacionadas com viagens e alojamento, à construção do stand e à gestão de contactos com potenciais clientes ou parceiros que por ventura visitem o certame. Além disso, à mar-gem de algumas feiras, existe ainda a possibilidade de participar em repre-sentações conjuntas de Portugal.

Na última edição da feira Alimentaria participou um grande número de empresas portuguesas. Qual é o balanço desta participação? Uma vez mais, a Alimentaria foi o encon-tro de referência do sector agro-alimen-tar não só em Espanha, mas também no âmbito internacional, como demonstra o facto de, apesar da crise e das limita-ções impostas pela situação económica, o número de visitantes internacionais ter crescido para 36.000. Como presidente do comité organizador da Alimenta-ria, posso expressar a nossa satisfação por estes resultados. Os números glo-bais – com 4.000 empresas líderes na produção e distribuição de alimentos e bebidas, com a participação de mais 140.000 compradores profissionais pro-venientes de mais de 155 países –, indi-cam, sem dúvida, que estar presente na Alimentaria é uma importante oportuni-dade para as empresas do sector. Estou convencido de que esta é a percepção dos expositores portugueses.

Fira de BarcelonaMontjuïc Avda. Reina Maria Cristina s/n 08004 BarcelonaTel.: +34 93 233 2000www.firabcn.es

Gran Via Av. Joan Carles I, 58 08908 L’Hospitalet de Llobregat Barcelona

Portugal Expotec Joâo ÁguasApartado 322894-909 AlcochetePortugalTel.: 212 348 016 Fax: 212 342 776

[email protected]

“Os certames são, por definição, o ponto de encontro entre a oferta e a procura, mas também são espaços onde se partilham conhecimento, tendências e informação, se geram ideias e se projectam soluções.”

Que papel desempenham as jornadas técnicas, seminários ou acções paralelas aos eventos?Os certames são, por definição, o pon-to de encontro entre a oferta e a pro-cura, mas também são espaços onde se partilham conhecimento, tendên-cias e informação, se geram ideias e se projectam soluções. Por conseguin-te, tanto as jornadas técnicas como os seminários dão valor acrescentado aos certames, convertendo-os em eventos

Page 48: 2010.05 Portugalglobal 23

OPINIÃO

// Maio 10 // Portugalglobal48

“O processo político e social das nossas sociedades e as diferentes arquitecturas do poder e suas regências em face da mudança permanente de que se compõe o mundo tem sido esmiuçado ao longo dos séculos, com propostas diversas e soluções diferentes que o tempo e a história, nuns casos, vão apagando e, noutros, consolidando e aperfeiçoando.”

O “Vinte Vinte”, como é conhecido em “europês” o documento publicado pela Comissão Europeia nos primeiros dias de Março, tem por título oficial “Europa 2020: Estratégia para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo”. Nas suas 36 páginas, este documento resume um diagnóstico da União Europeia na conjuntura de crise que o mundo atravessa e aponta cami-nhos para a saída desta situação e para se obterem resultados através de uma “governação mais forte”.

No texto de apresentação do documen-to, o Presidente da Comissão Europeia começa por exprimir o desejo de que “a Europa saia fortalecida da crise eco-nómica e financeira” e apresenta uma espécie de postulado interpretativo muito significativo: “a realidade econó-mica está a evoluir mais rapidamente do que a realidade política, como ficou patente com o impacto mundial da cri-se financeira. Temos de reconhecer que a crescente interdependência económi-ca exige uma resposta mais determina-da e coerente a nível político”.

O alerta do presidente da Comissão acerca do constatado défice de política, remete-nos para as questões sobre o pri-mado da política como factor regulador e agente de progresso sustentado das so-ciedades humanas. No legado dos gran-des pensadores, desde a Antiguidade até aos nossos dias, podemos encontrar de-duções, conclusões e lições interessantes e por vezes inelutáveis acerca do papel determinante da política. O processo po-lítico e social das nossas sociedades e as diferentes arquitecturas do poder e suas regências em face da mudança perma-nente de que se compõe o mundo tem sido esmiuçado ao longo dos séculos,

VINTE VINTEO PRIMADO DA POLÍTICA NA ESTRATÉGIA EUROPEIA PARA 2020>POR JOSÉ MEIRA DA CUNHA, ASSESSOR DA AICEP

com propostas diversas e soluções dife-rentes que o tempo e a história, nuns casos, vão apagando e, noutros, conso-lidando e aperfeiçoando.

A ciência política é por demais rica e complexa para que se possa aprisio-nar em conceitos sintéticos, simplistas e porventura grosseiros, e ainda por cima por quem não é especialista na matéria. Mas aceitando-a como “arte ou ciência da organização, direcção e administração de nações ou Estados”,

Europa está a atravessar um período de transformação. A crise anulou anos de progresso económico e social e expôs as fragilidades estruturais da economia europeia. Entretanto, o mundo está a evoluir rapidamente e os desafios de longo prazo – globalização, pressão sobre os recursos, envelhecimento da população – tornam-se mais premen-tes. Chegou o momento de a UE tomar o futuro nas suas mãos”.

Este primeiro parágrafo do resumo do documento é bem claro acerca do mo-mento histórico que a Europa está a atravessar. O cenário apresenta cores carregadas e deprimentes e formula um apelo ou um imperativo: “chegou o momento de a UE tomar o futuro nas suas mãos”. O significado deste exórdio e do seu apelo suscita reflexão, principalmente quando o situamos no contexto da globalização, e numa mun-divisão holística, em que o mundo e a humanidade sejam encarados como um conjunto formado por diferentes partes, tal como o organismo de um indivíduo é constituído por diferentes órgãos para formar um todo com funcionamento global e harmónico decorrente da diver-sidade funcional das suas partes.

Neste sentido parece apontar o pará-grafo seguinte do resumo da “Estra-tégia Europa 2020” ao afirmar que “para ter êxito, a Europa deve actuar colectivamente, enquanto União”. E apresenta um modelo de desenvolvi-mento assente “numa estratégia que nos ajude a sair mais fortes da crise e que transforme a UE numa economia inteligente, sustentável e inclusiva, que proporcione níveis elevados de em-prego, de produtividade e de coesão social. A Europa 2020 representa uma

para citar um resumo de consenso en-ciclopédico, a Política tem se afirmar ela própria como uma prática de agen-tes políticos, pois de outra forma, pura e simplesmente, transforma-se numa inexistência, deixando lugar a egoís-mos gananciosos e especuladores e destruidores do interesse colectivo.

O “Vinte Vinte” da União Europeia abre exactamente com a constatação da mutação que estamos a viver: “A

Page 49: 2010.05 Portugalglobal 23

OPINIÃO

Portugalglobal // Maio 10 // 49

visão da economia social de mercado para a Europa do século XXI”.

Esta estratégia “estabelece três priori-dades que se reforçam mutuamente” assim apresentadas:• Crescimento inteligente: desenvolver

uma economia baseada no conheci-mento e na inovação.

• Crescimento sustentável: promover uma economia mais eficiente em ter-mos de utilização dos recursos, mais ecológica e mais competitiva.

• Crescimento inclusivo: fomentar uma economia com níveis elevados de emprego que assegura a coesão so-cial e territorial.

Trata-se sobretudo de um modelo desen-volvimento civilizacional. Provavelmente com uma ambição de âmbito universal semelhante à proposta filosófica que Kant apresentou no opúsculo “A Paz Perpétua” em 1795, para se poder es-tabelecer a paz mundial, fundamentada numa constituição fundada no princípio da liberdade dos membros da sociedade, na dependência a uma única legislação comum, e conforme a igualdade de to-dos como cidadãos.

O projecto Kantiano funda-se na ela-boração de uma constituição universal negociada e acordada entre os diversos estados e num ordenamento interna-cional que assegure a soberania dos Estados e garanta o direito de perma-necer em paz como regra universal. O contexto histórico em que o filósofo alemão apresentou o seu pensamen-to coincide, também, com uma época histórica de grandes mutações econó-micas culturais e políticas, em que rele-vam acontecimentos como Declaração de Independência da América em1776, a Revolução Francesa com a Declara-ção Universal dos Direitos do Homem em 1789, factos lidos pelo filósofo como sinais de aperfeiçoamento da humanidade a caminho da liberdade e da liberdade do saber.

Para rematar dentro dos parâmetros espaciais atribuídos a este texto vol-temos ao documento “Estratégia Eu-ropa 2020” onde se afirma que os seus “objectivos estão interligados e são determinantes para o nosso êxito global”, propondo-se que “sejam tra-duzidos em objectivos e trajectórias

nacionais” deixando clara a nota de que “estes objectivos são representa-tivos das três prioridades constituídas pelo crescimento inteligente, sustentá-vel e inclusivo, mas não são exaustivos na medida em que a sua prossecução implicará um vasto leque de acções a nível nacional, da UE e internacional”.

Pensamos que é neste contexto que deve ser lida a nota introdutória do Presidente da Comissão, quando afirma: “Chegou o momento da verdade para a Europa. Temos de dar provas de audácia e am-bição. As iniciativas emblemáticas apre-sentadas nesta comunicação revelam a contribuição decisiva que pode ser dada pela UE. Dispomos de instrumentos po-derosos para definir a nova governação económica, apoiada pelo mercado inter-no e pelo orçamento, pela nossa política comercial e de relações económicas ex-ternas e pelas regras e o apoio da União Económica e Monetária”.

Para aceder ao documento:

http://ec.europa.eu/eu2020/pdf/

1_PT_ACT_part1_v1.pdf

Page 50: 2010.05 Portugalglobal 23

// Maio 10 // Portugalglobal50

COSECNo âmbito de apólices individuais

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

ANÁLISE DE RISCO - PAÍS

África do Sul* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

AngolaC Caso a caso numa base restritiva.

M/L Garantia soberana. Limite total de responsabilidades.

Antilhas Holandesas C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Arábia Saudita C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Caso a caso.

ArgéliaC Sector público: aberta sem res-

trições. Sector privado: eventual exigência de carta de crédito irrevogável.

M/L Em princípio, exigência de garan-tia bancária ou garantia soberana.

Argentina T Caso a caso.

BareinC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

BenimC Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Caso a caso, numa base muito

restritiva, e com exigência de garantia soberana ou bancária.

Brasil* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Clientes soberanos: Aberta sem condições restritivas. Outros Clien-tes públicos e privados: Aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária.

Bulgária C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Cabo Verde C Aberta sem condições restritivas.

M/L Eventual exigência de garantia bancária ou de garantia soberana (decisão casuística).

Camarões T Caso a caso, numa base muito

restritiva.

Cazaquistão Temporariamente fora de cobertura.

Chile C Aberta sem restrições.

M/L Clientes públicos: aberta sem condições restritivas. Clientes pri-vados: em princípio, aberta sem condições restritivas. Eventual exigência de garantia bancária numa base casuística.

China* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Chipre C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Colômbia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Coreia do Sul C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Costa do Marfim C Caso a caso, com eventual

exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. Extensão de prazo constitutivo de sinistro para 12 meses.

M/L Exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro de 3 para 12 meses.

Costa Rica C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

CroáciaC Carta de crédito irrevogável ou

garantia bancária. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. Redução da percen-tagem de cobertura para 90 por cento. Limite por operação.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. Redução da percentagem de cobertura para 90 por cento. Limite por operação.

Cuba T Fora de cobertura.

Egipto C Carta de crédito irrevogável

M/L Caso a caso.

Emirados Árabes Unidos C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

EslováquiaC Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Eslovénia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Estónia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

EtiópiaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso numa base muito restritiva.

Filipinas C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

GanaC Caso a caso numa base muito

restritiva.

M/L Fora de cobertura.

GeórgiaC Caso a caso numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva e com a exigência de contra garantias.

Guiné-Bissau T Fora de cobertura.

Guiné Equatorial C Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Clientes públicos e soberanos: caso a caso, mediante análise das garantias oferecidas, desig-nadamente contrapartidas do petróleo. Clientes privados: caso a caso, numa base muito restri-tiva, condicionada a eventuais contrapartidas (garantia de banco comercial aceite pela COSEC ou contrapartidas do petróleo).

Hong-Kong C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Hungria C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Iémen C Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva.

Índia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Indonésia C Caso a caso, com eventual

exigência de carta de crédito irre-vogável ou garantia bancária.

M/L Caso a caso, com eventual exi-gência de garantia bancária ou garantia soberana.

Irão C Carta de crédito irrevogável ou

garantia bancária.

M/L Garantia soberana.

Iraque T Fora de cobertura.

Israel C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Jordânia C Caso a caso.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Koweit C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Letónia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária.

Líbano C Clientes públicos: caso a caso

numa base muito restritiva. Clientes privados: carta de crédito irrevogável ou garantia bancária.

M/L Clientes públicos: fora de cober-tura. Clientes privados: caso a caso numa base muito restritiva.

Líbia C Aberta, com eventual exigência

de carta de crédito irrevogável.M/L Aberta, com garantia bancária,

soberana ou outra considerada adequada.

Lituânia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária.

Macau C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Malásia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Malawi C Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Clientes públicos: fora de co-bertura, excepto para operações de interesse nacional. Clientes privados: análise casuística, numa base muito restritiva.

Malta C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Marrocos* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Martinica C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

México* C Aberta sem restrições.

M/L Em princípio aberta sem restrições. A eventual exigência de garantia bancária, para clientes privados, será decidida casuisticamente.

Moçambique C Caso a caso, numa base restritiva

(eventualmente com a exigência de carta de crédito irrevogável, garan-tia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e aumento do prazo constitutivo de sinistro).

Page 51: 2010.05 Portugalglobal 23

Portugalglobal // Maio 10 // 51

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

No âmbito de apólices globaisNa apólice individual está em causa a cobertura de uma única transação para um determinado mercado, enquanto a apólice global cobre todas as transações em todos os países para onde o empresário exporta os seus produtos ou serviços.

As apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens de consumo e intermédio, cujas transações envolvem créditos de curto prazo (média 60-90 dias), não excedendo um ano, e que se repetem com alguma frequência.

Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices, a política de cobertura é casuística e, em geral, mais flexível do que a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais. Encontram-se também fora de cobertura Cuba, Guiné-Bissau, Iraque e S. Tomé e Príncipe.

COSEC Companhia de Seguro de Créditos, S. A.Direcção Internacional

Avenida da República, 581069-057 LisboaTel.: +351 217 913 832 Fax: +351 217 913 839

ANÁLISE DE RISCO - PAÍS

[email protected] www.cosec.pt

M/L Aumento do prazo constitutivo de sinistro. Sector privado: caso a caso numa base muito restritiva. Operações relativas a projectos geradores de divisas e/ou que admitam a afectação prioritária de receitas ao pagamento dos créditos garantidos, terão uma ponderação positiva na análise do risco; sector público: caso a caso numa base muito restritiva.

Montenegro C Caso a caso, numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, com exigência de ga-rantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante.

Nigéria C Caso a caso, numa base restritiva

(designadamente em termos de alargamento do prazo consti-tutivo de sinistro e exigência de garantia bancária).

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva, condicionado a eventuais garantias (bancárias ou contraparti-das do petróleo) e ao alargamento do prazo contitutivo de sinistro.

Oman C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão ca-suística).

Panamá C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Paquistão Temporariamente fora de cobertura.

Paraguai C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Peru C Aberta sem condições restritivas.

M/L Clientes soberanos: aberta sem condições restritivas. Clientes públicos e privados: aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária.

Polónia* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Qatar C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Quénia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

República Checa C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão ca-suística).

República Dominicana C Aberta caso a caso, com eventual

exigência de carta de crédito irrevo-gável ou garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC.

M/L Aberta caso a caso com exigência de garantia soberana (emitida pela Secretaria de Finanzas ou pelo Ban-co Central) ou garantia bancária.

Roménia C Exigência de carta de crédito

irrevogável (decisão casuística).M/L Exigência de garantia bancária

ou garantia soberana (decisão casuística).

Rússia C Sector público: aberta sem restri-

ções. Sector privado: caso a caso.M/L Sector público: aberta sem restri-

ções, com eventual exigência de garantia bancária ou garantia sobe-rana. Sector privado: caso a caso.

S. Tomé e Príncipe T Fora de cobertura.

Senegal C Em princípio, exigência de

garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro.

M/L Eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. Sector público: caso a caso, com exigên-cia de garantia de pagamento e transferência emitida pela Autori-dade Monetária (BCEAO); sector privado: exigência de garantia bancária ou garantia emitida pela Autoridade Monetária (preferência a projectos que permitam a alocação prioritária dos cash-flows ao reembolso do crédito).

Sérvia C Caso a caso, numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, com exigência de garantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante.

Singapura C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Síria T Caso a caso, numa base muito

restritiva.

Suazilândia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Tailândia C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Taiwan C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Tanzânia T Caso a caso, numa base muito

restritiva.

Tunísia* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Turquia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Ucrânia C Clientes públicos: eventual

exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de carta de crédito irrevogável.

M/L Clientes públicos: eventual exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exi-gência de garantia bancária.

Para todas as operações, o prazo constitutivo de sinistro é definido caso a caso.

Uganda C Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

Uruguai C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Venezuela C Clientes públicos: aberta caso

a caso com eventual exigência de garantia de transferência ou soberana. Clientes privados: aberta caso a caso com eventual exigência de carta de crédito irrevogável e/ou garantia de transferência.

M/L Aberta caso a caso com exigência de garantia soberana.

Zâmbia C Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

ZimbabweC Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

Advertência:

A lista e as políticas de cobertura são indicativas e podem ser alteradas sempre que se justifique. Os países que constam da lista são os mais representativos em termos de consultas e responsabilidades assumidas. Todas as operações são objecto de análise e decisão específicas.

Legenda:

C Curto Prazo

M/L Médio / Longo Prazo

T Todos os Prazos

* Mercado prioritário.

Page 52: 2010.05 Portugalglobal 23

// Maio 10 // Portugalglobal52

A Portugalglobal e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Clas-sificativa de Países com a graduação dos mercados em função do seu risco de crédito, ou seja, consoante a probabilidade de cumprimento das suas obrigações externas, a curto, a médio e a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7), corres-

pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento e o grupo 7 à maior.As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do risco país, da definição das condições de cobertura e das taxas de prémio aplicáveis.

Tabela classificativa de paísesPara efeitos de Seguro de Crédito à exportação

Grupo 1* Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7

AlemanhaAndorraAustráliaÁustriaBélgicaCanadáCheca, Rep.ChipreCoreia do SulDinamarcaEslováquiaEslovéniaEspanhaEUAFinlândiaFrançaGréciaHolandaHong-KongIrlandaIslândiaItáliaJapãoLiechtensteinLuxemburgoMaltaMónacoNoruegaNova ZelândiaPortugalReino UnidoSão MarinoSingapuraSuéciaSuiçaTaiwanVaticano

Arábia SauditaBruneiChileChina •GibraltarKoweitMacauMalásiaOmanPolónia •QatarTrind. e Tobago

África do Sul •ArgéliaBahamasBarbadosBareinBotswanaBrasil •Costa RicaDep/ter Austr.b

Dep/ter Din.c

Dep/ter Esp.d

Dep/ter EUAe

Dep/ter Fra.f

Dep/ter N. Z.g

Dep/ter RUh

EAUa

Ilhas MarshallÍndiaIsraelMarrocos •MauríciasMéxico •MicronésiaNamíbiaPalauPanamáPeruTailândiaTunísia •

Aruba •BulgáriaColômbia Egipto El SalvadorEstónia FidjiFilipinasHungria •IndonésiaLituâniaRoméniaRússia TurquiaUruguai

Antilhas Holand. •AzerbeijãoCabo VerdeCazaquistãoCroáciaDominicana, Rep.GuatemalaJordâniaLesotoLetóniaMacedóniaPapua–Nova GuinéParaguaiS. Vic. e Gren.Santa LúciaVietname

AlbâniaAngolaAnt. e BarbudaArméniaBangladeshBelizeBeninButãoCamarõesCambojaComores DjiboutiDominicaGabãoGanaGeórgiaHondurasIrãoJamaicaKiribatiLíbiaMadagáscarMaliMoçambiqueMongóliaMontenegroNauruNigériaQuéniaSamoa Oc.SenegalSérvia SíriaSri LankaSuazilândiaTanzâniaTurquemenistãoTuvaluUgandaUzbequistãoVanuatuZâmbia

AfeganistãoArgentinaBielorussiaBolíviaBósnia e HerzegovinaBurkina FasoBurundiCampucheaCent. Af, Rep.ChadeCongoCongo, Rep. Dem.Coreia do NorteC. do MarfimCuba • EquadorEritreiaEtiópiaGâmbiaGrenadaGuianaGuiné EquatorialGuiné, Rep. daGuiné-Bissau • HaitiIemenIraque •LaosLíbanoLibériaMalawiMaldivasMauritâniaMoldávia MyanmarNepal NicaráguaNíger Paquistão

QuirguistãoRuandaS. Crist. e NevisS. Tomé e Príncipe •Salomão Seicheles Serra Leoa Somália Sudão Suriname TadzequistãoTogo Tonga UcrâniaVenezuelaZimbabué

Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos, S.A.* País pertencente ao grupo 0 da classificação risco-país da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos, à excepção do Chipre, Hong-Kong e Taiwan.

• Mercado de diversificação de oportunidades • País com restrições orçamentais ou falta de vontade de pagar por parte do governo

• Fora de cobertura • Fora de cobertura, excepto operações de relevante interesse nacional

a) Abu Dhabi, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah, Um Al Quaiwain e Ajma b) Ilhas Norfolk c) Ilhas Faroe e Gronelândiad) Ceuta e Melilha e) Samoa, Guam, Marianas, Ilhas Virgens e Porto Rico

f) Guiana Francesa, Guadalupe, Martinica, Reunião, S. Pedro e Miquelon, Polinésia Francesa, Mayotte, Nova Caledónia, Wallis e Futuna

g) Ilhas Cook e Tokelau, Ilhas Niveh) Anguilla, Bermudas, Ilhas Virgens, Cayman, Falkland, Pitcairn, Monserrat, Sta.

Helena, Ascensão, Tristão da Cunha, Turks e Caicos

NOTAS

COSECTABELA CLASSIFICATIVA DE PAÍSES

Page 53: 2010.05 Portugalglobal 23
Page 54: 2010.05 Portugalglobal 23

ESTATÍSTICAS

// Maio 10 // Portugalglobal54

INVESTIMENTO DIRECTO DO EXTERIOR EM PORTUGAL 2007 2008 2009 Var.

09/082009

Jan./Mar.2010

Jan./Mar.Var. 10/09Jan./Mar.

IDE bruto 32.634 35.287 31.843 -9,8% 7.540 8.458 12,2%

IDE desinvestimento 30.396 32.103 29.776 -7,2% 6.650 7.395 11,2%

IDE líquido 2.238 3.185 2.067 -35,1% 891 1.063 19,3%

IDE Intra UE 29.672 31.690 28.250 -10,9% 6.638 6.364 -4,1%

IDE Extra UE 2.961 3.597 3.593 -0,1% 902 2.094 132,1%

Unidade: Milhões de euros

IDE Intra UE 90,9% 89,8% 88,7% – 88,0% 75,2% –

IDE Extra UE 9,1% 10,2% 11,3% – 12,0% 24,8% –

% Total IDE bruto

INVESTIMENTO DIRECTO COM O EXTERIOR

IDPE bruto - Destinos 2010 Jan./Mar. % Total Var. 10/09 IDPE bruto - Sector 2010 Jan./Mar. % Total Var. 10/09

Espanha 19,5% -18,7% Activ. Imobiliárias; Out. Serviços 55,1% -38,4%

Brasil 11,7% 45,7% Activ. Financeiras 20,5% 46,7%

PALOP 5,5% -59,5% Comércio 11,3% 60,4%

EUA 3,5% -17,1% Ind. Transformadora 5,6% -43,5%

Reino Unido 2,1% 21,7% Construção 4,1% -69,8%

>PRINCIPAIS DADOS DE INVESTIMENTO (IDE E IDPE) E EXPORTAÇÕES.

INVESTIMENTO e EXPORTAÇÕES

IDE bruto - Origens 2010 Jan. / Mar. % Total Var. 10/09 IDE bruto - Sector 2010 Jan. / Mar. % Total Var. 10/09

Brasil 18,8% 7777,0% Comércio 36,1% 0,6%

Alemanha 18,0% 49,1% Activ. Imobiliárias; Out. Serviços 32,8% 72,6%

França 16,3% 1,6% Ind. Transformadora 18,4% -10,5%

Espanha 14,0% 0,1% Actividades Financeiras 7,8% 73,7%

Reino Unido 12,0% -18,6% Transportes; Comunicações 2,4% -25,9%

2004 2005 2006 2007 2008 2009 Var. 09/08

Stock IDE 49.167 53.691 67.169 78.333 71.833 77.240 7,5%

Stock IDPE 32.260 35.573 40.990 45.944 45.273 46.679 3,1%

Unidade: Milhões de euros Fonte: Banco de Portugal

INVESTIMENTO DIRECTO DE PORTUGAL NO EXTERIOR 2007 2008 2009 Var.

09/082009

Jan./Mar.2010

Jan./Mar.Var. 10/09Jan./Mar.

IDPE bruto 14.835 11.376 7.961 -30,0% 1.785 1.294 -27,5%

IDPE desinvestimento 10.822 9.505 7.030 -26,0% 1.086 999 -8,0%

IDPE líquido 4.013 1.872 931 -50,2% 700 295 -57,8%

IDPE Intra UE 10.203 8.380 4.995 -40,4% 1.197 858 -28,3%

IDPE Extra UE 4.632 2.996 2.966 -1,0% 588 436 -25,9%

Unidade: Milhões de euros

IDPE Intra UE 68,8% 73,7% 62,7% – 67,0% 66,3% –

IDPE Extra UE 31,2% 26,3% 37,3% – 33,0% 33,7% –

% Total IDPE bruto

Page 55: 2010.05 Portugalglobal 23

ESTATÍSTICAS

Portugalglobal // Maio 10 // 55

EXPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS

COMÉRCIO INTERNACIONAL - BENS 2008 2009Var.

09/082009

Jan. / Fev.2010

Jan. / Fev.Var. 10/09Jan. / Fev.

Var. 10/09 Jan. / Mar.E

Exportações bens 37.949 31.085 -18,1% 4.811 5.258 9,3% 14,6%

Exportações bens UE27 28.006 23.272 -16,9% 3.656 4.021 10,0% 13,5%

Exportações bens Extra UE27 9.943 7.814 -21,4% 1.155 1.238 7,1% 18,0%

Unidade: Milhões de euros E - Estimativa

Exportações bens UE27 73,8% 74,9% – 76,0% 76,5% – –

Exportações bens Extra UE27 26,2% 25,1% – 24,0% 23,5% – –

Unidade: % do total

Exp. Bens - Clientes 2010 Jan. / Fev. % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p.

Espanha 27,8% 13,1% Espanha 169 3,5

Alemanha 12,9% 3,1% EUA 62 1,3

França 12,7% 6,3% Reino Unido 51 1,1

Reino Unido 5,6% 20,9% Holanda 44 0,9

Angola 5,3% -22,6% Angola -82 -1,7

EUA 4,0% 42,1% Singapura -37 -0,8

Itália 3,9% 7,0% Argélia -15 -0,3

Exp. Bens - Produtos 2010 Jan. / Fev. % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p.

Máquinas; Aparelhos 15,5% 2,8% Combustíveis Minerais 202 4,2

Veículos, Out. Mat. Transporte 12,7% 14,2% Plásticos, borracha 85 1,8

Metais Comuns 7,8% 8,4% Veículos, Out. Mat. Transporte 83 1,7

Combustíveis Minerais 7,0% 121,4% Calçado -30 -0,6

Plásticos, borracha 6,9% 30,6% Vestuário -51 -1,1

COMÉRCIO INTERNACIONAL - SERVIÇOS 2007 2008 2009 Var. 09/08

2009 Jan./Mar.

2010 Jan./Mar.

Var. 10/09Jan./Mar.

Exportações totais de serviços 16.961 17.865 16.294 -8,8% 3.445 3.493 1,4%

Exportações serviços UE27 12.939 13.324 11.995 -10,0% 2.469 2.460 -0,4%

Exportações serviços extra UE27 4.022 4.541 4.299 -5,3% 975 1.033 5,9%

Unidade: Milhões de euros

Exportações serviços UE27 76,3% 74,6% 73.6% – 71,7% 70,4% –

Exportações serviços extra UE27 23,7% 25,4% 26,4% – 28,3% 29,6% –

Unidade: % do totalFonte: Banco de Portugal

PREVISÕES 2010 : 2011 (tvh real %) 2008 2009 FMI CE OCDE MFAP BdP

INE INE Abr. 10 Mai. 10 Nov. 09 Mar. 10 Mar 10

PIB 0,0 -2,7 0,3 : 0,7 0,5 : 0,7 0,8 : 1,5 0,7 : 0,9 0,4 : 0,8

Exportações Bens e Serviços -0,5 -11,6 1,3 : 3,2 3,8 : 4,4 1,7 : 3,2 3,5 : 4,1 3,6 : 3,7

Exp. Bens- Extra UE 10 (Jan./Mar.) % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p.

Angola 21,3% -21,7% EUA 134 7,5

EUA 16,9% 60,1% Gibraltar 63 3,5

Brasil 4,1% 72,7% Brasil 36 2,0

Suiça 3,7% 2,8% Singapura -43 -2,4

Gibraltar 3,0% 7.597,0% Angola -124 -7,0

Meur - Milhões de euros Cont. - Contributo para o crescimento das exportações p.p. - Pontos percentuaisFonte: INE

Page 56: 2010.05 Portugalglobal 23

// Maio 10 // Portugalglobal56

FEIRAS e EVENTOS

PORTOJÓIA DESFILA EM…BIQUINI

Os bastidores da organização da 21ª Fei-ra Internacional da Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria já estão a trabalhar na Ex-ponor e o lançamento da exposição de 2010 – de 22 a 26 de Setembro – tem, no próximo dia 14 de Junho, um evento de charme, que associará o brilho das jóias de algumas empresas expositoras da Portojóia 2010 às tendências deste Verão em fatos de banho femininos.

(Tra)vestido de “Welcome Drink”, o des-file acontecerá na discoteca Twins, de Lisboa, e chegará de braço dado com a Ekena Bay, conhecida marca de biquinis e afins. Em cima da passerelle, e para além dos novos cortes e cores que vere-mos nas praias nos próximos meses, as manequins exibirão peças de joalharia das empresas Brijóia, CA Jóias, Eugénio Campos, Flamingo, LN Jóias, Marques & Gomes, Ourival, Ouropa e Perídeo.

Nos próximos quatro meses o certame voltará a criar várias oportunidades de contacto e interacção (através de inicia-tivas diversificadas) com os empresários e profissionais do sector, mas o ponto alto é – como sempre – a feira propria-mente dita, o principal pólo anual de concentração do mercado.

A Portojóia contará novamente com os espaços Criadores e Escola, respon-sáveis por duas das vertentes dinami-zadoras. O primeiro tem a seu cargo fazer aparecer os nomes dos novos profissionais do mundo das jóias, dan-do a possibilidade de designers e auto-res de jóias divulgarem o seu trabalho. O Espaço Escola tem por desígnio fa-zer a aproximação entre a escola e as empresas. A iniciativa mostra todo o potencial dos formandos no desenho e fabrico de jóias de adorno pessoal e peças decorativas.

A exposição abre-se também ao Portu-gal Fashion, que mais uma vez de mãos dadas com a Portojóia, alia a beleza da moda com o luxo das jóias. O desfile contará com a presença dos melhores estilistas portugueses e com o que de melhor se faz na moda em Portugal. Para abrilhantar a passerelle, as mais recentes criações do mundo das jóias ornamentarão os manequins.

No Ano Internacional da Biodiversidade, o prémio Portojóiadesign, outra manifes-tação complementar de relevo da mos-tra, alia-se às comemorações e elege pre-cisamente a biodiversidade como tema.

O concurso visa distinguir a originalida-de, a inovação e o design das peças de joalharia e ourivesaria de adorno pessoal e decorativas criadas por estudantes e formandos de design de jóias, de produ-to e de cursos de ourivesaria, que são os destinatários desta actividade.

A Portojóia conta já com mais de 20 anos de presença no mercado a fo-mentar negócios e relações comerciais, apoiando as empresas e dando a conhe-cer as tendências do sector. Recorde-se que, de 2000 a 2009, a feira recebeu um total de 128.356 visitas e mostrou as novidades de 2.389 empresas exposi-toras, uma média de 54 visitas profissio-nais por expositor, portanto.

Produtos em exposição: ourivesaria, jo-alharia, relógios, prata decorativa, em-balagens, maquinaria, software.

Local: ExponorData: 22 a 26 de Setembro de 2010Organização: Exponor – Feira Interna-cional do [email protected]

www.exponor.pt

Page 57: 2010.05 Portugalglobal 23

FEIRAS e EVENTOS

Portugalglobal // Maio 10 // 57

ESCOLARFeira Internacional de Produtos de Escola, Papelaria e Informática

Local: São Paulo, BrasilData: 2 a 6 de Setembro de 2010Organização: Francal – Feiras e [email protected]

STEXPOFeira Internacional do Aço

Local: Xangai, ChinaData: 2 a 4 de Setembro de 2010Organização: Shangai Chaowei Exhibition Service [email protected]

FAIR OF SHOES, LEATHER AND LEATHER GOODSFeia Internacional de Calçado e Marroquinaria

Local: Poznan, Polónia Data: 3 a 5 de Setembro de 2010Organização: Poznan International [email protected]

FEIRAS INTERNACIONAIS

Quando encontrar celebridades e VIP confiantes no seu estilo e que tenham sensibilidade para as últimas tendên-cias, é muito provável que os personal shopper tenham dado um contributo.

Utilizando uma selecção cuidada de moda e acessórios, os personal shop-per asseguram que as roupas reflictam as mais recentes tendências mas tam-bém que o estilo pessoal de cada um seja claramente identificável. A Messe Frankfurt tem vindo a utilizar este con-ceito nas feiras de bens de consumo desde 2006. O Studio Doshi/Levien de Londres e o Studio Polka de Viena foram recrutados como personal sho-ppers para a Tendence 2009.

Antes da feira, as duas equipas de design vão às “compras” entre os ex-positores da Tendence, procurando uma selecção de novos produtos e de artigos, que depois expõem em duas montras nos halls 5 e 6. As duas mos-tras representam dois estilos diferentes de consumidor, com comportamentos

TENDENCE INTERNATIONAL FRANKFURT AUTUMN FAIR

de compra completamente distintos e diferentes preferências de produtos, o que beneficia duplamente os visitantes. Estes eventos não servem apenas para dar uma perspectiva do mundo do per-fil de consumidor em questão, mas são também uma fonte de inspiração, uma mancha de tendências e uma valiosa ferramenta de compra para o comér-cio.

As empresas portuguesas presentes – esperam-se cerca de 15 – podem ti-rar largo proveito do contacto com as equipas de design e poderão, por se-rem empresas da linha da frente das confecções nacionais, ser escolhidas como fornecedoras das duas montras atrás referidas. Se isso acontecer, as portas dos mercados internacionais es-tão abertas de par em par.

Local: FrankfurtData: 27 a 31 de Agosto de 2010Organização: Messe Frankfurtwww.tendence.messefrankfurt.com

Page 58: 2010.05 Portugalglobal 23

// Maio 10 // Portugalglobal58

REDE EXTERNA DA AICEP

Centro de Negócios

Escritórios

Representações

ÁFRICA DO SUL / Joanesburgo

CHINA, REPÚBLICA POPULAR DA / Pequim

COREIA DO SUL / Seul

DINAMARCA / Copenhaga

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS / Dubai

S. Francisco

Toronto

Cidade do México

Nova Iorque

Copenhaga

Berlim

Haia

Bruxelas

Dublin

Londres

Paris

Milão

Vigo

Barcelona

Praia

Rabat

São Paulo

Santiago do ChileBuenos Aires

Argel

58

Madrid

Mérida

BRASIL / São Paulo

BÉLGICA / Bruxelas

ÁUSTRIA / Viena

ARGENTINA / Buenos Aires

ARGÉLIA / Argel

ANGOLA / Luanda

ALEMANHA / Berlim

CABO VERDE / Praia

CANADÁ / Toronto

CHILE / Santiago do Chile

CHINA, REPÚBLICA POPULAR DA / Xangai

Caracas

Page 59: 2010.05 Portugalglobal 23

Portugalglobal // Maio 10 // 59

ESPANHA / Madrid

ESPANHA / Barcelona

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

/ Nova Iorque

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

/ S. Francisco

FINLÂNDIA / Helsínquia

FRANÇA / Paris

HOLANDA / Haia

HUNGRIA / Budapeste

ÍNDIA, REPÚBLICA DA / Nova Deli

IRLANDA / Dublin

ITÁLIA / Milão

JAPÃO / Tóquio

MACAU / Macau

MARROCOS / Rabat

MÉXICO / Cidade do México

MOÇAMBIQUE / Maputo

NORUEGA / Oslo

POLÓNIA / Varsóvia

REINO UNIDO / Londres

REPÚBLICA CHECA / Praga

ROMÉNIA / Bucareste

RÚSSIA / Moscovo

SINGAPURA / Singapura

SUÉCIA / Estocolmo

SUÍÇA / Zurique

TUNÍSIA / Tunes

TURQUIA / Ancara

Luanda

Maputo

Joanesburgo

Tunes

Oslo Helsínquia

Estocolmo

Zurique Moscovo

Varsóvia

Praga

Budapeste

Viena

Bucareste

Ancara

Dubai

Pequim

Nova DeliXangai

SeulTóquio

Macau

Singapura

59

ESPANHA / Mérida

ESPANHA / Vigo

Atenas

GRÉCIA/ Atenas

VENEZUELA / Caracas

Tripoli

LÍBIA / Tripoli

Istambul

TURQUIA / Istambul

Kuala Lumpur

MALÁSIA/ Kuala Lumpur

Page 60: 2010.05 Portugalglobal 23

// Maio 10 // Portugalglobal60

Esta obra, cientificamente bem consubs-tanciada, fala-nos de inovação e estraté-gia na História Moderna, mas no contex-to de um período decisivo da História de Portugal, que vai da conquista de Ceu-ta (1415) a Bruxelas e à adesão à CEE (1986). A tese desta obra e o seu desen-volvimento tem que ver com um conjun-to de perguntas cujas respostas dão cor-po ao livro. Entre elas: “Porque foram os portugueses de quatrocentos e quinhen-tos pioneiros na globalização? Qual era o projecto imperial de D. Manuel I que, em menos de dois anos, transformou Portu-gal numa potência global? Porque é que os espanhóis nos ‘roubaram’ Cristóvão Colombo e Fernão Magalhães? O que matou o ciclo português?”No meio de um afã desmedido pela con-quista de novas rotas comerciais e pelo controle do negócio das commodities, o mais ocidental e periférico país europeu viu emergir um projecto estratégico de expansão que lhe valeu o lugar único de primeira potência global. Nunca os im-

Autores: Robert Greene

Editor: Jorge Nascimento Rodrigues e Tessaleno Devezas

Ano: 2009

BOOKMARKS

David Apostolico não apenas joga poker há mais de duas décadas, sendo uma destacada autoridade na matéria, como é também um licenciado com distinção em Direito (Universidade de North Carolina, 1988) e um experiente quadro de um escritório de advogados de Wall Street, onde se especializou em fusões e aquisições. Também a sua prática como advogado integrado em grandes empresas faz dele uma voz autorizada em matéria de estratégias vencedoras de negócios e negociações. Um dia descobriu que os princípios aprendidos na mesa de poker lhe eram extremamente úteis nas negociações em nome de pequenos e grandes clien-tes, concluindo que o poker, tal como a vida e os negócios, é um jogo com in-finitas possibilidades. E tal como eles, o passo decisivo não está apenas nas car-tas que o jogador tem na mão, mas com

PORTUGAL – O PIONEIRO DA GLOBALIZAÇÃOA HERANÇA DAS DESCOBERTAS

o que faz com elas e com a imagem que conseguimos passar aos outros. Vivendo intensamente o poker e os ne-gócios, David Apostolico tirou ilações da sua experiência prática e bem sucedida em ambos os domínios, criou um livro cheio de pistas úteis para situações de negociação, gestão de equipas, relação com clientes ou novos negócios. A obra é simultaneamente direccionada para decisores, profissionais de gestão e em-preendedores, mas também todos aque-les que querem aprender com alguém que enfrentou o desafiante mundo de Wall Street e os tensos jogos de poker, que movimentam milhões.

Autor: David Apostolico

Editor: Academia do livro

Ano: 2010

O POKER E O EXECUTIVOESTRATÉGIAS DE POKER PARA VENCER NOS NEGÓCIOS

peradores mongóis ou chineses, nem os mercadores e estrategos das Repúblicas Marítimas italianas lá haviam chegado. Os que seguiram apenas “copiaram” muito da experiência portuguesa. Respondidas uma a uma as perguntas iniciais, os autores defendem que os portugueses de Quatrocentos e Qui-nhentos, ao longo de um processo evolutivo de mais de um século, foram os pioneiros na inovação tecnológica e geo-estratégica numa época de transi-ção, abrindo, com empenho e sucesso invulgares, uma janela de oportunida-des da História, facto que não se repeti-ria. Demonstra-se aqui também não só a originalidade portuguesa, mas a sua “genética” empreendedora, que sabe que pode dar “Mundos ao Mundo”.