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UNIVERSIDADE DE SO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS
WAGNER QUEIROZ SILVA
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
So Carlos
Fevereiro de 2010
WAGNER QUEIROZ SILVA
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
Dissertao apresentada ao Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Estruturas. rea de Concentrao: Engenharia de Estruturas
Orientador: Prof. Dr. Humberto Breves Coda
So Carlos
Fevereiro de 2010
AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalogrfica preparada pela Seo de Tratamento da Informao do Servio de Biblioteca EESC/USP
Silva, Wagner Queiroz S586a Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-
estrutura atravs da combinao MEC-MEF / Wagner Queiroz Silva ; orientador Humberto Breves Coda. - So Carlos, 2010.
Dissertao (Mestrado-Programa de Ps-Graduao e rea de Concentrao em Engenharia de Estruturas) - Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo, 2010.
1. Mtodo dos elementos de contorno. 2. Mtodos dos elementos finitos. 3. Acoplamento MEC/MEF. 4. No linearidade geomtrica. 5. Interao solo-estrutura. I. Ttulo.
DEDICATRIA
Ao meu pai Eucides Batista da Silva, meu maior mestre.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeo a minha famlia pelo apoio e incentivo durante toda a minha
formao profissional. Em especial minha me Vera Mrcia F. de Queiroz Silva e ao meu
pai Eucides Batista da Silva que souberam me orientar para toda vida.
Ao prof. Humberto Breves Coda pela brilhante orientao, pela amizade e por todos os
conhecimentos que me foram passados durante a elaborao deste trabalho.
Ao Departamento de Engenharia de Estruturas da USP So Carlos, incluindo
professores e funcionrios, que disponibilizaram toda a infra-estrutura necessria a elaborao
deste trabalho. E ainda a todos os funcionrios da Escola de Engenharia de So Carlos que
com presteza me auxiliaram na concluso do mesmo.
Ao CNPq pela bolsa de estudos concedida durante os dois anos de mestrado.
A todos os amigos e colegas do programa de ps-graduao do SET, no s pelas
valorosas idias, contribuies e sugestes dadas ao trabalho, mas principalmente pela
amizade e companheirismo durante minha estadia na cidade de So Carlos.
Por ltimo e no menos importante, a minha amada namorada Ana Carla Cruz Pedrosa
pelo apoio, compreenso, amizade, pacincia e pelo carinho.
RESUMO
SILVA, W. Q. (2010). Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura
atravs da combinao MEC-MEF. Dissertao (Mestrado) - Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, 2010.
Neste trabalho foi desenvolvida uma formulao alternativa para o acoplamento entre
o mtodo dos elementos de contorno (MEC) e o mtodo dos elementos finitos (MEF) para
anlise no linear geomtrica de estruturas reticuladas ligadas a meios contnuos
bidimensionais heterogneos, aplicado a problemas de interao solo-estrutura. O solo foi
considerado com comportamento elstico linear e modelado via MEC por meio de uma
formulao alternativa clssica tcnica de sub-regio permitindo a considerao de mltiplas
incluses mais ou menos rgidas do que o material padro e de linhas de carga internas aos
domnios. Este cdigo foi ento acoplado ao programa AcadFrame, baseado no MEF
posicional para anlise no linear geomtrica de prticos com considerao de cinemtica
exata. O acoplamento numrico foi realizado por meio de uma formulao algbrica onde a
matriz de rigidez do solo e a fora de contato so condensadas e somadas matriz e ao vetor
de foras internas da estrutura a cada iterao no processo de Newton-Raphson. Em ambos os
programas foi utilizada uma generalizao do grau de aproximao dos elementos atravs dos
polinmios de Lagrange, o que permite a utilizao de elementos curvos de alta ordem. Foi
utilizada ainda a tcnica dos mnimos quadrados para reduzir as oscilaes de foras de
superfcie no contato. Os resultados obtidos de forma geral so bastante satisfatrios e
comprovam a eficincia da formulao. O trabalho permite a anlise de problemas de
edificaes apoiadas sobre solos estratificados com mltiplas incluses e linhas de carga.
Permite tanto a anlise de elementos apoiados diretamente sobre o solo (sapatas, radies)
quanto de elementos internos e em qualquer direo, como no caso de estacas verticais ou
inclinadas. Pode-se inclusive considerar as estacas passando por diferentes camadas de solo.
A aplicao pode ser estendida ainda a outros problemas elsticos, acoplamento entre peas
mecnicas e anlise de materiais compostos.
Palavras chave: MEC, MEF, Acoplamento MEC/MEF, no linearidade geomtrica,
interao solo-estrutura.
ABSTRACT
SILVA, W. Q. (2010). Non linear geometric analysis of soil-structure interaction via
BEM/FEM coupling. M.Sc. Dissertation - Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2010.
This work presents an alternative coupling of the boundary element method (BEM)
and the finite element method (FEM) to create a computer program for non linear geometric
analysis of frames coupled to continuous domains, applied to soil-structure interaction. A
linear elastic behavior is considered for the soil, modeled by BEM. An alternative formulation
is adopted for the classic sub-region technique, allowing the consideration of multiple
inclusions and load lines inside the soil domain. The BEM computational code is coupled to
the AcadFrame software, based on positional FEM for non linear geometric analysis of
frames, considering exact kinematics. The numerical coupling is made by an algebraic
formulation where the soil stiffness matrix and contact forces are condensed and added to the
structure matrix and internal forces for each iteration on Newton-Raphson process. On both
programs it is adopted a generalization of the element degree assuming the Lagrange
polynomials, which allows the use of curved high order elements. It was also implemented the
least square method in order to obtains better and smoother results of surface forces in the
contact interface. The obtained results are satisfactory and prove the formulation efficiency.
The program allows the analysis of buildings supported by layered soils with multiples
inclusions and load lines. It considers directly supported elements over the soil (footing
foundations, radies) and internal elements in any direction, like vertical and diagonal piles. It
can also consider piles going through different layers of the soil. This formulation can be
applied to other elastic problems like coupling between mechanic pieces and composite
material analysis.
Key-words: BEM, FEM, BEM/FEM coupling, non linear geometric, soil-structure
interaction.
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
Sumrio
Captulo 1 ...................................................................................................................... 7Introduo ................................................................................................................... 7Objetivos do trabalho .................................................................................................. 9
Objetivos Especficos ............................................................................................. 9Justificativa ................................................................................................................. 9Comentrio sobre os captulos .................................................................................. 11
Captulo 2 .................................................................................................................... 132. Reviso Bibliogrfica ........................................................................................... 132.1. Sobre interao solo-estrutura ........................................................................... 132.2. Sobre os mtodos numricos ............................................................................. 172.3. Sobre anlise no linear geomtrica .................................................................. 212.4. Trabalhos desenvolvidos no SET ...................................................................... 23
Captulo 3 .................................................................................................................... 273.1. Interao Solo-estrutura ..................................................................................... 273.2. Anlise no linear geomtrica em edificaes ................................................... 31
Captulo 4 .................................................................................................................... 334. O Mtodo dos Elementos de Contorno ................................................................. 33
4.1. Apresentao .................................................................................................. 334.2. Problemas Elsticos ....................................................................................... 344.2.1. Teoria da Elasticidade e outros Conceitos fundamentais ........................... 344.2.2. Soluo fundamental .................................................................................. 374.2.3. Obteno da equao integral ..................................................................... 404.2.4. Montagem do sistema algbrico ................................................................. 434.2.5. Singularidades do Mtodo dos elementos de contorno .............................. 44
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
4.2.6. Clculo de deslocamentos e tenses em pontos internos ........................... 454.3. Elemento curvo ................................................................................................. 46
4.3.1. Apresentao .............................................................................................. 464.3.2. Polinmios de Lagrange ............................................................................. 48
4.4. Exemplos ........................................................................................................... 504.4.1. Viga em balano ......................................................................................... 504.4.2. Cavidade em meio infinito ......................................................................... 53
Captulo 5 .................................................................................................................... 555. Problemas heterogneos ....................................................................................... 55
5.1. Apresentao ................................................................................................. 555.2. Anlise de Domnios no-homogneos via MEC ......................................... 565.2.1. Tcnica clssica de sub-regio ................................................................... 575.2.2. Tcnica alternativa de sub-regio ............................................................... 585.2.3. Procedimento algbrico .............................................................................. 625.2.5. Tratamento para pontos internos ................................................................ 655.3. Linhas de carga ............................................................................................. 665.5. Exemplos de aplicao e validao ............................................................... 675.5.1. Viga com momento .................................................................................... 685.5.2. Chapa tracionada com ncleo enrijecido ................................................... 70
Captulo 6 .................................................................................................................... 756. O Mtodo dos Elementos Finitos para anlise no linear geomtrica ................. 75
6.1. Apresentao ................................................................................................. 756.2. Anlise no linear geomtrica ....................................................................... 766.2.1. O conceito da no linearidade geomtrica ................................................. 766.2.2. Princpio da mnima energia potencial ....................................................... 776.3. Formulao do MEF posicional para anlise NLG de prticos .................... 796.3.1. Conceito de mudana de forma e medidas de tenso-deformao............. 79
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
6.3.2. Elementos curvos e Polinmios de Lagrange ............................................. 836.3.3. Mapeamento das configuraes inicial e corrente ...................................... 846.3.4. Mudana de configurao ........................................................................... 876.3.5. Soluo do sistema atravs do processo de Newton-Raphson ................... 89
6.5. Exemplos de aplicao ...................................................................................... 916.5.1. Viga em balano com momento aplicado ................................................... 92
Captulo 7 .................................................................................................................... 957. Acoplamento MEC/MEF ...................................................................................... 95
7.1. Apresentao .................................................................................................. 957.2. A tcnica algbrica de acoplamento .............................................................. 96
7.3. Tcnica de suavizao por mnimos quadrados ............................................... 1017.4. Exemplos de Validao e Aplicao ............................................................... 103
7.4.1. Barra tracionada ........................................................................................ 1037.4.2. Estaca cravada no solo .............................................................................. 1067.4.3. Estaca inclinada ........................................................................................ 1127.4.4. Edifcio acoplado ao solo com heterogeneidade ...................................... 1167.4.5. Mastro esbelto engastado em solo heterogneo ........................................ 123
Captulo 8 .................................................................................................................. 1278.1. Concluses ....................................................................................................... 1278.2. Sugestes para trabalhos futuros ..................................................................... 130
Referncias Bibliogrficas ........................................................................................ 131
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
7
Captulo 1
IntroduoNeste trabalho ser apresentado um estudo de sistemas estruturais formados por
elementos reticulados acoplados a meios contnuos bidimensionais com nfase na aplicao
em anlise de problemas de interao solo-estrutura. Ser feita uma anlise esttica deste tipo
de problema considerando-se a no linearidade geomtrica com cinemtica exata da estrutura
reticulada e considerando ainda o meio contnuo (solo) como sendo formado por mais de um
material com diferentes mdulos de elasticidade.
A anlise ser realizada numericamente atravs do desenvolvimento de programas
computacionais em ambiente FORTRAN, utilizando-se de mtodos numricos aproximados
para modelagem tanto do meio solo quanto da estrutura edificada. O solo ser modelado via
mtodo dos elementos de contorno (MEC), enquanto que a estrutura atravs de elementos de
prtico via mtodo dos elementos finitos (MEF), acoplando-os por meio de uma formulao
algbrica que considera os deslocamentos e esforos produzidos na interao.
A modelagem do meio contnuo via MEC baseada na soluo fundamental de Kelvin
considerando o comportamento do solo elstico linear. Consideram-se tambm mltiplas
incluses, podendo estas ser mais ou menos rgidas que o material predominante, alm de
linhas de carga internas ao domnio. As incluses sero tratadas por processo alternativo de
sub-regies proposto por VENTURINI (1992) e RIBEIRO & PAIVA (2009) e generalizadas
por estratgia matricial que permita facilitar tambm o acoplamento s matrizes do MEF.
Atravs dos polinmios de Lagrange ser implementado o elemento de contorno curvo de
ordem de aproximao qualquer. As singularidades matemticas presentes nas solues
fundamentais adotadas sero tratadas por tcnica de subtrao de singularidade.
A estrutura reticulada, por sua vez, ser modelada com o uso do programa AcadFrame,
desenvolvido no Departamento de Engenharia de Estruturas pelo prof. Dr. Humberto Breves
Coda e pelo Dr. Rodrigo Ribeiro Paccola. O programa baseado no MEF com formulao
posicional considerando comportamento no linear geomtrico (NLG) com cinemtica exata,
como apresentado em CODA (2003). A no linearidade baseada em formulao lagrangeana
e a cinemtica de Reissner adotada para considerar a influncia dos esforos cortantes na
deformao do prtico. Tambm se adotam os polinmios de Lagrange como funo
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
8
aproximadora o que permite a adoo de elementos finitos curvos com qualquer ordem,
semelhante ao MEC.
Para o acoplamento, uma matriz semelhante a de rigidez ser montada via MEC para o
solo e ento condensada de maneira a incluir na rigidez do sistema do MEF todas as
condies de contorno ocorridas no meio contnuo. A matriz de rigidez da estrutura
(Hessiana) ser ento alterada a cada iterao no processo de Newton-Raphson da anlise no
linear, somando nesta matriz os termos correspondentes ao solo e ao vetor de foras as foras
de contato apropriadas.
Diversos trabalhos encontrados na literatura tm mostrado que em interfaces de sub-
regies com grandes diferenas de mdulo de elasticidade e em acoplamento MEC/MEF
podem ocorrer oscilaes nos resultados de fora de superfcie devido diferente natureza de
comportamento entre os meios acoplados. No intuito de evitar esse problema ser
implementada tambm a tcnica de suavizao por mnimos quadrados aos elementos de
contorno, de acordo com WUTZOW (2003).
Todo esse processo de anlise pode ser aplicado, como j mencionado, ao estudo da
interao entre o solo de fundao e uma edificao convencional constituda por prticos, ou
ainda em anlise de tneis e dutos no campo da engenharia civil. A formulao, no entanto
bastante abrangente podendo tambm servir anlise de outros problemas elsticos, como no
caso de acoplamento entre peas mecnicas e em anlise de materiais compsitos. Tem,
portanto aplicaes na engenharia civil, mecnica e aeronutica.
A caracterstica comum a estes problemas est no fato de estarem presentes dois ou
mais meios de naturezas distintas, neste caso um meio contnuo e um sistema reticulado. A
complexidade em simular o comportamento de sistemas estruturais acoplados leva ao estudo
do acoplamento de mtodos numricos aproximados, pois somente dessa maneira se torna
possvel a generalizao de uma formulao adequada para o processo de anlise. O
acoplamento entre os diferentes mtodos numricos se apresenta assim como uma soluo
adequada para a anlise de sistemas complexos, fazendo uso dos recursos de cada mtodo
onde o mesmo apresenta maior eficincia. Maiores detalhes sobre cada mtodo e sobre o
acoplamento entre os mesmos sero vistos nos captulos que seguem.
A considerao da no linearidade geomtrica com cinemtica exata e a adoo da
formulao posicional do MEF, por sua vez, enriquecem o trabalho frente ao que j vem
sendo desenvolvido nesta linha de pesquisa no Departamento de Engenharia de Estruturas da
EESC USP e mesmo frente a trabalhos consultados na literatura especializada.
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
9
ObjetivosdotrabalhoO presente trabalho tem por objetivo principal o desenvolvimento de um programa
computacional para anlise do acoplamento no linear geomtrico solo-estrutura atravs da
combinao entre o MEC e o MEF com uso de formulaes atuais e eficientes.
Objetivos Especficos
Estudar tcnica alternativa para o tratamento de incluses, sub-regies e enrijecedores
imersos em meio contnuo por meio de acoplamento MEC/MEC e MEC/MEF;
Desenvolver um programa de anlise linear de slidos bidimensionais baseado no
mtodo dos elementos de contorno utilizando elementos de ordem de aproximao qualquer
(elementos curvos) e considerando mltiplas incluses e linhas de carga;
Estudar estratgia algbrica de acoplamento do MEC com sistema no linear
geomtrico do MEF de maneira que a matriz do solo condensada atue como condio de
contorno para a estrutura reticulada e contendo, por sua vez, as condies de contorno do
prprio solo;
Avaliar os efeitos do fenmeno da interao solo-estrutura em conjunto com o
comportamento no linear geomtrico de uma edificao, fazendo-se as devidas
consideraes com relao a outras metodologias de anlise desse tipo de problema;
Disponibilizar ao Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC USP um
programa computacional com formulaes atuais para anlise no linear geomtrica da
interao solo-estrutura, buscando contribuir para o desenvolvimento de pesquisas neste
campo de estudos.
JustificativaO estudo do fenmeno de interao ocorrido entre o solo e a estrutura de um edifcio
no recente. Observa-se, no entanto, cada vez mais a necessidade de se aplicar conceitos
mais modernos da anlise estrutural a esse tipo de problema para acompanhar no s o
desenvolvimento tecnolgico da engenharia, mas tambm os avanos alcanados nas
pesquisas acadmicas, proporcionando assim aos engenheiros e calculistas ferramentas cada
vez mais poderosas e com melhores resultados que possam ser aplicadas anlise estrutural.
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
10
Por ser um sistema complexo e que envolve uma srie muito grande de fatores,
diferentes tcnicas de anlise tem sido propostas para o estudo da interao solo-estrutura,
buscando sempre aplicar o conhecimento para os diversos casos, gerais ou mais especficos
em problemas de engenharia. Diferentes tipos de solo em camadas sobrepostas, por exemplo,
constituem um problema especfico. Muitos trabalhos tratam o solo como sendo constitudo
por camadas de diferentes propriedades. Mas o solo pode apresentar uma heterogeneidade
tambm na forma de incluses. o caso da presena de material rochoso, detritos ou
mataces imersos em uma camada de solo, ou mesmo concentrao de determinado material,
sem necessariamente formar camadas.
Neste trabalho se aplica ento uma formulao geral que permite a adoo de diversas
camadas de solo com qualquer configurao. Alm disso, a formulao permite a
generalizao quanto ao nmero de incluses mais ou menos rgidas no meio contnuo,
baseado em uma formulao alternativa para a considerao de meios heterogneos no
mtodo dos elementos de contorno.
Inclui ainda o estudo de elementos de ordem qualquer, aplicados no MEC e no MEF
para a utilizao de elementos curvos, melhorando assim a qualidade da aproximao em
problemas que envolvam superfcies ou elementos curvilneos e funes de alta ordem.
A anlise no linear geomtrica aplica-se a diversos casos de engenharia,
especialmente no caso da engenharia civil, em anlise de edifcios altos onde esse
comportamento deve ser verificado. Por serem baseadas em formulaes complexas e por
exigir um longo tempo de processamento dos computadores, o uso de tcnicas mais
elaboradas para anlise no linear foi evitado pelos engenheiros durante dcadas, sendo
prefervel a adoo de mtodos de anlise simplificados. Porm, isso no mais se justifica
frente s atuais configuraes dos computadores. A velocidade de processamento das
mquinas atuais permite que problemas envolvendo grandes nmeros de graus de liberdade e
onde a convergncia de processos iterativos onerosa possam ser mais rapidamente avaliados
do que em dcadas anteriores. Dessa forma, a adoo de uma formulao com cinemtica
exata se torna possvel, fazendo com que a anlise seja mais rica e verossmil. Podem ser
obtidos resultados mais seguros e precisos, contribuindo assim para o desenvolvimento
tecnolgico.
Cita-se tambm como justificativa para a elaborao deste trabalho, a tradio do
Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia de So Carlos em estudos
de acoplamento solo-estrutura via MEC/MEF e em anlise no linear de estruturas. Fica claro
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
11
tambm que este trabalho contribui significativamente com o desenvolvimento relativo ao
acoplamento no linear entre o MEC e o MEF.
ComentriosobreoscaptulosNeste primeiro captulo foi feita uma breve introduo do tema abordado e
apresentao dos objetivos e das justificativas do trabalho. Na seqncia, encontra-se descrita
toda a fundamentao terica e o desenvolvimento do trabalho em si, bem como os resultados
obtidos com exemplos de aplicao para validao da formulao. Pretende-se aqui apenas
comentar de forma resumida o que o leitor deve esperar encontrar em cada um dos prximos
captulos.
No segundo captulo apresentada a reviso bibliogrfica realizada durante a
elaborao deste trabalho. Temas como interao solo-estrutura, no linearidade geomtrica e
mtodos numricos sero abordados apresentando o que se encontra na bibliografia atual e
que servir de base para o desenvolvimento da pesquisa.
O terceiro captulo trata das generalidades do fenmeno de interao solo-estrutura e
da anlise no linear geomtrica em edificaes. Em cada tema so feitos comentrios sobre
as diferentes maneiras de se analisar o problema, comentando ainda sobre as vantagens e
desvantagens de cada uma.
O quarto captulo apresenta o mtodo dos elementos de contorno, que neste trabalho
utilizado como mtodo aproximado para modelagem do meio contnuo. Apresenta-se de
forma resumida a aplicao do MEC para problemas elsticos bidimensionais, bem como a
soluo fundamental utilizada. Destaca-se nesse captulo o desenvolvimento dos elementos
curvos com aproximao qualquer e a tcnica de subtrao de singularidade adotada nas
integrais singulares.
Dando continuidade ao assunto, o quinto captulo trata de problemas heterogneos via
acoplamento MEC/MEC. Apresenta-se o mtodo alternativo de tratamento para sub-regies
que servir de base para a implementao da estratgia algbrica no cdigo desenvolvido. A
estratgia tambm apresentada para ilustrar como o funcionamento bsico do programa.
Destaca-se tambm a descrio das linhas de carga internas aos domnios. Alguns exemplos
de problemas elsticos heterogneos bidimensionais so apresentados para validao do
programa.
O sexto captulo trata do mtodo dos elementos finitos, utilizado na modelagem da
estrutura reticulada. So apresentados os fundamentos da formulao lagrangeana posicional
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
12
aplicada anlise no linear geomtrica de estruturas, bem como o funcionamento do cdigo
AcadFrame desenvolvido no SET. Comenta-se sobre a importncia da anlise no linear
geomtrica e as diferenas com relao aos mtodos simplificados. Destaca-se o uso de
elementos curvos, tal qual feito no MEC.
No stimo captulo enfim apresentado o acoplamento entre o MEC e o MEF.
Demonstra-se como funciona a estratgia algbrica de acoplamento e as implicaes
numricas ocorridas. A tcnica de suavizao dos mnimos quadrados aplicada ao MEC
descrita neste captulo. Em seguida so apresentados resultados de exemplos onde a resposta
conhecida para validao do programa e, por ltimo, apresenta-se duas aplicaes prticas do
trabalho, sendo um exemplo hipottico de um edifcio apoiado sobre solo heterogneo e um
mastro esbelto engastado em solo heterogneo para avaliao do comportamento no linear
geomtrico associado ao fenmeno interao solo-estrutura.
Para finalizar a dissertao, so feitas concluses finais no oitavo captulo,
comentando sobre os resultados obtidos e comparando estes com outras metodologias de
outros autores, alm das sugestes para trabalhos futuros.
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
13
Captulo 2
2.RevisoBibliogrficaNeste trabalho foram reunidos alguns temas importantes no campo da anlise
estrutural para que fosse ento realizado o desenvolvimento de cdigos computacionais para
anlise do comportamento no linear geomtrico de estruturas reticuladas acoplados a meios
contnuos, no caso de problemas bidimensionais de interao solo-estrutura. Por ser um tema
complexo e que envolve uma grande srie de variveis, observa-se o interesse de
pesquisadores das instituies e universidades mais renomadas por esse assunto. Na verdade,
o estudo da interao solo-estrutura no algo recente e, como na engenharia estrutural de
forma geral, observa-se que a sua evoluo acompanha o avano tecnolgico dos
computadores medida que se tornam possveis a utilizao de modelos matemticos mais
refinados e mtodos de anlise mais complexos e dispendiosos. Cada vez mais a tecnologia
permite a adoo de modelos mais representativos dos problemas reais.
Pode-se dividir a reviso bibliogrfica em trs principais temas distintos que sero
aqui abordados: o estudo da interao solo-estrutura em si, os mtodos numricos que foram
utilizados no desenvolvimento dos cdigos, sendo estes o mtodo dos elementos finitos e o
mtodo dos elementos contorno, e ainda o estudo da no linearidade geomtrica de estruturas,
que tambm tem sido objeto de estudo para diversos pesquisadores em outras linhas. O
presente captulo apresenta alguns trabalhos encontrados na literatura dentro destas linhas de
pesquisa, buscando-se identificar o que j foi desenvolvido e o que ainda h por ser estudado
na rea. Seguindo a diviso proposta, fazem-se primeiramente citaes gerais tanto nacionais
quanto internacionais sobre os diversos temas, e por ltimo so apresentados os trabalhos que
foram desenvolvidos no Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC USP.
2.1.SobreinteraosoloestruturaDiversos autores tm demonstrado que as estruturas civis no podem ser analisadas
somente de forma isolada na determinao de esforos e deslocamentos para o seu correto
dimensionamento. importante que sejam tambm corretamente avaliados os apoios,
principalmente com relao ao processo de interao existente entre o solo e o seu sistema de
fundao inserido no mesmo. COLARES (2006) mostra claramente que devido flexibilidade
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
14
do solo podem ocorrer recalques dos apoios, o que por sua vez tem grande influncia na
redistribuio de esforos ao longo de toda uma edificao. No entanto, os processos de
anlise usuais so realizados de maneira que essa interao no levada em considerao da
forma mais adequada.
Uma das maneiras mais simples de se considerar os sistemas de suporte de uma
edificao atravs de apoios rgidos como engastes ou mesmo apoios simples. Modelos de
edifcios considerados apoiados sobre fundaes rgidas podem ser verificados nos trabalhos
de MANCINI (1973), CARVALHO (1980), CARVALHO (1982), OLIVEIRA (1982) e
mesmo para trabalhos mais recentes, como em MARTINS (2001), SOUZA (2001), SILVA
(2005) e FABRIZZI (2007). Em todos estes, o objetivo do trabalho no contempla o processo
de interao do edifcio com o solo, mas somente anlise do edifcio isolado. Dessa forma, os
engenheiros estruturais determinam uma srie de cargas (reao vertical, horizontal e
momentos fletores) que so os esforos ocasionados nos apoios de fundao. Estes valores
so repassados ento aos engenheiros geotcnicos que os utilizam para dimensionar as
fundaes e verificar recalques admissveis segundo os cdigos normativos.
Este modelo simplificado j foi bastante usual em escritrios de clculo estrutural. No
entanto, um modelo que foge totalmente a realidade frente ao comportamento dos solos
quando submetidos aos esforos provenientes das estruturas, principalmente em edificaes
de grande porte onde os esforos solicitantes so maiores. Nesta metodologia no possvel
considerar que a flexibilidade dos solos ter efeito junto aos elementos estruturais. O que
usualmente pode ser feito para corrigir esse problema adotar recalques diferenciais nos
apoios fixos a partir de clculos realizados separadamente no solo, no entanto essa tcnica
ainda no reproduz de forma adequada o fenmeno da interao, se afastando da realidade
fsica do problema, como afirma SOUZA & REIS (2008). Trabalhos como HOLANDA et al.
(2000), FONTE & FONTE (2003) e REIS & AOKI (2005) destacam a importncia de se
considerar o solo como deformvel ao invs de apoios fixos para a correta determinao dos
esforos solicitantes nos elementos estruturais.
Com relao aos efeitos que podem surgir do fenmeno de interao entre solo e
estrutura, citam-se os trabalhos de MEYERHOF (1947), GOSHY (1978), AOKI (1997),
RAMALHO & CORRA (1991), GUSMO & GUSMO FILHO (1994), GUSMO (1995)
e MOURA (1995). Nestes trabalhos, destaca-se o processo de redistribuio de esforos
ocorrido em estruturas de prticos quando sujeitos a recalques diferenciais e totais. Uma das
observaes mais importantes que os pilares mais carregados transferem carga para os
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
15
pilares menos carregados, ocasionando problemas caso essa sobrecarga no tenha sido
considerada no processo de dimensionamento das peas.
Na verdade, a considerao do solo como deformvel j estudada por engenheiros e
geotcnicos h vrias dcadas. WINKLER em 1867 havia proposto que cargas aplicadas na
superfcie do solo geram deslocamentos somente no ponto de aplicao da mesma, ou seja,
desconsidera-se o efeito da continuidade do meio. Assim, o meio contnuo (solo) pode ser
substitudo por um sistema de molas com rigidez equivalente. Esse modelo ficou conhecido
como modelo de WINKLER, e um mtodo bastante simples de ser aplicado em anlise de
interao solo-estrutura. Determinam-se valores de mdulo de reao para cada tipo de solo e
de sistema de fundao, considerando que para cada direo de deslocamento h uma
flexibilidade diferente que podem ser entendidos como molas.
Em uma grande quantidade de trabalhos encontrados na literatura, as edificaes so
estudadas como sendo apoiadas em sistemas de suportes flexveis baseados no modelo de
WINKLER, adotando valores tabelados geralmente encontrados de forma emprica. Essa
considerao torna a anlise muito mais simplificada e fcil de ser implementada para um
programa computacional. Os trabalhos de CHEUNG & ZIENKIEWICZ (1965), RANDOLPH
& WROTH (1979), LEE (1993), MYLONAKIS & GAZETAS (1998) e WANG et al. (2001)
podem ser citados como exemplos que adotaram essa tcnica.
Porm, a representatividade do modelo bastante fraca e tem sido alvo de crticas por
parte de estudiosos tanto da engenharia como da geotecnia. Alm disso, a determinao dos
valores para os mdulos de reao das molas no algo to simples de ser realizado. Torna-se
complexa sua definio medida que podem existir inmeras possibilidades de combinaes
entre diferentes tipos de solo e sistemas de fundaes. Tambm importante notar que o fato
de no contemplar a continuidade do solo faz com que o modelo seja fracamente
representativo para determinados problemas onde este efeito pode ser determinante, como no
estudo de grupos de estacas ou interao entre prdios vizinhos.
Uma forma mais elaborada de se estudar a interao solo-estrutura atravs da prpria
teoria da elasticidade buscando solues analticas para os problemas. BURMISTER em 1945
desenvolveu uma soluo para solos formados por duas e trs camadas. Alguns trabalhos
como CHAN et al. (1974), GIBSON (1974) e DAVIS & BANERJEE (1978) fazem uso das
solues apresentadas por BURMISTER.
A aplicao de solues analticas, no entanto, estar limitada a um nmero de
problemas especficos, pois as diversas consideraes a serem feitas para o manuseio das
equaes matemticas so muitas vezes nicas, particulares daquele problema. A busca pela
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
16
soluo analtica tambm uma tcnica que, a depender do problema a ser estudado, pode ser
dispendiosa do ponto de vista do clculo. Para problemas mais complexos, a obteno de uma
soluo dita exata pode ser at mesmo invivel. Torna-se difcil a busca de um processo
generalizado.
Em outros trabalhos, a anlise da interao solo-estrutura realizada considerando-se
o meio contnuo como um macio semi-infinito, onde so consideradas superfcies ditas
indeslocveis. Na verdade, considera-se que a certa distncia dos pontos de aplicao da
carga, seus efeitos no mais sero significativos para o macio e no mais ocorrem
deslocamentos, o que de fato ocorre. Esses trabalhos so geralmente fundamentados na teoria
de MINDLIN (1936), onde apresentada uma soluo fundamental em deslocamento e em
fora para uma carga unitria aplicada no interior de um meio semi-infinito homogneo,
elstico, linear e isotrpico.
Trabalhos como POULOS (1967), POULOS (1968) e POULOS & DAVIS (1968)
utilizam a teoria de MINDLIN assumindo o solo como um meio elstico apoiado sobre uma
base de deslocamento nulo, conforme a figura 2.1.
Figura 2.1 Meio semi-infinito apoiado sobre camada indeslocvel
MATTES & POULOS (1969) partem dos trabalhos de POULOS e se destacam ao
aprimorar a formulao considerando a compressibilidade da estaca no clculo dos
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
17
deslocamentos verticais. Em seguida, BUTTERFIELD & BANERJEE (1971) realizam estudo
semelhante considerando dessa vez grupos de estacas.
HOLANDA (1998) fez uso do trabalho de POULOS (1967) para analisar um edifcio
com sistema de fundaes diretas apoiado sobre uma camada de solo homogneo, apoiada por
sua vez sobre uma camada indeslocvel.
Os trabalhos de AOKI & LOPES (1975) e REIS (2000), baseados nessa teoria,
apresentam uma metodologia segundo a qual as cargas transmitidas por um grupo de estacas a
determinado terreno so discretizadas em um sistema estaticamente equivalente de cargas
concentradas, cujos efeitos so superpostos no ponto em estudo.
GUSMO (1990) realizou a anlise bidimensional de um edifcio apoiado sobre solo
estratificado j utilizando a metodologia proposta por AOKY & LOPES (1975). Seguem-se a
partir de ento diversos outros trabalhos de interao solo-estrutura que utilizam essa
metodologia na anlise de edificaes em conjunto com o solo. Citam-se os trabalhos de
MOURA (1995) e ANTUNES & IWAMOTO (2000).
Tal como se observa, a adoo de mtodos aproximados se faz necessria para que se
busquem solues para casos mais complexos, resolvendo assim problemas mais gerais com
maiores consideraes. A simulao computacional hoje alvo de avanadas pesquisas em
engenharia, e isso se deve ao desenvolvimento alcanado no estudo dos mtodos numricos,
conforme ser mencionado no item seguinte. Trabalhos de interao solo-estrutura que
utilizam desses processos sero comentados tambm no prximo item.
2.2.SobreosmtodosnumricosMuito embora a utilizao da teoria da elasticidade tenha resolvido um grande nmero
de problemas elsticos de engenharia, sua aplicao somente vlida para casos mais simples
e muito particulares. Outros problemas maiores e casos mais gerais apresentam dificuldades
excessivas para serem estudados de forma analtica devido complexidade do comportamento
mecnico dos mesmos e o grande nmero de incgnitas envolvidas nos processos. Surgem
ento os mtodos numricos aproximados para serem aplicados na soluo de problemas de
engenharia. Na verdade, as bases para os mtodos numricos j haviam sido estudadas por
matemticos, porm, foram os engenheiros que passaram a aplicar os conceitos anlise de
corpos, dentro do campo da mecnica dos slidos e em problemas de engenharia de forma
geral (ASSAN, 2003). A idia bsica estudar os meios contnuos como sendo formados por
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
18
diversas partes ligadas entre si atravs de ns discretos onde h transmisso de esforos e
compatibilizao de deslocamentos.
O primeiro mtodo numrico de grande difuso foi o Mtodo das Diferenas Finitas
(MDF). Este mtodo consiste em substituir as equaes diferenciais do problema por
equaes de diferenas finitas. Estas so por sua vez obtidas por meio de expresses
aproximadas utilizando-se convenientes polinmios de interpolao. O mtodo bastante
simples e apresenta adequada convergncia de resultados para alguns problemas de
engenharia.
O MDF tambm pode ser utilizado em anlise de interao solo-estrutura, porm
poucos registros foram encontrados sobre essa aplicao. Cita-se apenas o recente trabalho de
ROSA & PAIVA (2009) em que apresentada uma formulao semelhante de POULOS &
DAVIS (1968) sendo o carregamento de uma estaca representado por uma linha de carga,
discretizada via MDF.
Numa seqncia histrica, surge em seguida o mtodo dos elementos finitos (MEF).
Utilizando o conceito de que os meios contnuos podem ser estudados como sendo
constitudos por diversos elementos de dimenses finitas, o MEF at os dias de hoje muito
utilizado em diversos ramos da engenharia. Enormes contribuies foram sendo
desenvolvidas por pesquisadores ao longo dos anos e inmeros programas computacionais
oferecem recursos de anlise baseados no MEF.
Atualmente o MEF uma poderosa ferramenta numrica que tem sido utilizada com
sucesso em anlise de problemas diversos da mecnica dos slidos, mecnica dos fluidos e
eletromagnetismo. Pela sua generalidade o mtodo est presente nos principais pacotes
comerciais (softwares) de anlise estrutural que esto atualmente disponveis no mercado.
Maiores detalhes sobre a origem e a histria do mtodo podem ser encontrados em SORIANO
(2003).
O uso do MEF em anlise de estruturas , portanto, bastante comum e h uma
infinidade de trabalhos na literatura internacional que poderiam ser citados, como por
exemplo, BATHE (1982), RIOS (1991), OATE (1995) e BEZERRA (1995) onde o MEF
desenvolvido para anlise de edifcios altos.
A aplicao do MEF em problemas de interao solo-estrutura tambm comum. Em
anlise de tneis e escavaes citam-se os trabalhos de YIN & YANG (2000), ZHU et al.
(2003), BAE et al. (2005) e KARAKUS et al. (2007). Na anlise de estruturas de fundao em
conjunto com o solo cita-se OTTAVIANI (1975) e CHOW & TEH (1991).
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
19
Neste trabalho especificamente, foi adotado o MEF com formulao Lagrangeana
posicional, apresentado por CODA (2003) empregando-se assim a anlise no linear
geomtrica com cinemtica exata. Dessa maneira, o comportamento da edificao ser mais
bem representado e os efeitos da no linearidade podero ser avaliados no processo de
interao solo-estrutura. Citam-se nessa linha os trabalhos de BONET (2000), GRECO &
CODA (2006), CODA & PACCOLA (2007) e CODA & PACCOLA (2008) com relao ao
uso da formulao posicional.
Mais recente e com menor difuso do que o MEF, o mtodo dos elementos de
contorno (MEC) apresenta uma formulao baseada em equaes integrais do problema. O
mtodo prope que os meios contnuos sejam estudados apenas atravs da discretizao de
sua fronteira, diminuindo assim o tamanho do sistema algbrico a ser resolvido em problemas
lineares, se comparado aos mtodos de domnio, onde todo o corpo discretizado. O MEC
oferece outros recursos que apresentam um melhor desempenho para determinadas situaes
de anlise, como no caso da anlise de problemas de concentraes de tenses. Apesar de ser
mais recente e ser menos conhecido do que o MEF observa-se que um assunto que tem
ganhado cada vez mais espao principalmente no meio acadmico.
Sobre o uso de elementos de contorno aplicados a problemas elsticos de engenharia,
podem-se citar os trabalhos pioneiros de CRUSE (1969) e LACHAT (1975) que j realizam
tcnicas de montagem de sistemas lineares de equaes para aproximao de foras e de
deslocamentos utilizando elementos discretos no contorno do problema. Porm, at ento o
processo ainda era conhecido como o mtodo das equaes integrais de contorno.
Foi BREBBIA (1978) quem atribuiu a nomenclatura de Mtodo dos Elementos de
Contorno ao partir da tcnica dos resduos ponderados para chegar s equaes integrais,
dando melhor consistncia e generalidade montagem das equaes. Esta referncia de fato
o primeiro livro publicado sobre o mtodo e comum ser apontado como principal referncia
bibliogrfica em trabalhos relacionados.
Desde ento, o MEC tem sido utilizado com sucesso em diversas aplicaes de
engenharia e no desenvolvimento das mais diferentes linhas de pesquisas. Podemos citar
como exemplos os estudos acerca de no linearidade fsica e geomtrica, plasticidade,
viscoelasticidade, mecnica da fratura e do dano, vibraes, interao solo-estrutura, etc.
No trabalho de BREBBIA & DOMINGUEZ (1992) encontra-se descrita uma
formulao para o estudo de meios heterogneos que ficou conhecida como tcnica de sub-
regies clssica. Atravs das equaes de equilbrio e compatibilidade a tcnica permite o
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
20
estudo de meios contnuos constitudos por mais de um material com diferentes caractersticas
fsicas.
No mesmo ano, VENTURINI (1992) props uma formulao alternativa tcnica de
sub-regio para problemas bidimensionais potenciais e elsticos, motivado por problemas em
anlise no linear. Neste trabalho, Venturini prope que as aproximaes de fora de
superfcie sejam eliminadas do sistema de equaes por meio da prpria condio de
equilbrio. Assim, o nmero de incgnitas reduzido no sistema algbrico e uma nica
equao integral pode ser escrita para representar todo o domnio em questo, o que implica
em uma melhoria na preciso dos resultados. PAIVA & ALIABADI (2000) e PAIVA E
ALIABADI (2004) utilizam essa formulao alternativa para anlise de placas elsticas e
RIBEIRO & PAIVA (2009) para interao solo-estrutura tridimensional elstica.
Observa-se que, sobre a anlise de estruturas em separado, o MEC costuma ser
bastante aplicado na anlise de elementos laminares como placas e cascas. Citam-se o
trabalho de STERN (1979), BEZINE (1981), OLIVEIRA NETO (1991), CHAVES (1997) e
MENDONA (2002).
O MEC tambm bastante aplicado em anlise de interao solo-estrutura, por reduzir
o tamanho do sistema na modelagem do meio contnuo solo. Sua combinao com o MEF
bastante interessante, tendo sido alvo de pesquisa de diversos autores.
Os primeiros trabalhos onde slidos eram estudados por meio do uso da combinao
entre o MEC e o MEF foram ZIENKIEWICZ et al. (1977), SHAW & FALBY (1977) e
OSIAS et al. (1977).
BREBBIA & DOMINGUEZ (1992) fazem destaque para duas diferentes formas de se
realizar o acoplamento MEC/MEF. Em uma primeira alternativa, o sistema formado pelo
MEF resolvido isoladamente e os resultados so aplicados na forma de condio de
contorno para o sistema do MEC.
A outra maneira montar os sistemas de equaes alterando uma das formulaes,
seja do MEC ou do MEF, atravs de condies de compatibilidade e equilbrio para deix-las
semelhantes e assim resolver um nico sistema acoplado. Nos trabalhos de BREBBIA &
GEORGIOU (1979) altera-se a parcela do MEF para que fique semelhante a do MEC. J nos
trabalhos de SWOBODA et al. (1987) e SINGH et al. (1988) a situao inversa, ou seja,
altera-se a parcela MEC para que fique semelhante ao MEF. Esta ltima apresenta um melhor
desempenho computacional em relao anterior.
possvel encontrar na literatura, vrios outros trabalhos em que utilizado o
chamado Mtodo dos Elementos Infinitos (MEI). Em muitos deles, o MEI usado juntamente
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
21
com o MEC para o desenvolvimento de outra formulao chamada de Mtodo dos Elementos
de Contorno Infinitos (MECI). Esse mtodo pode apresentar algumas vantagens quando
aplicado em problemas de interao solo-estrutura, porm suas formulaes exigem
tratamentos matemticos mais refinados devido s altas singularidades presente nas equaes.
Citam-se apenas a ttulo de conhecimento os trabalhos de LIANG & LIEW (2001), MOSER
et al. (2004) e RIBEIRO (2009).
Alguns trabalhos mais recentes que utilizam o acoplamento MEC/MEF para estudo de
meios heterogneos e que foram desenvolvidos no prprio Departamento de Engenharia de
Estruturas sero ainda ou novamente citados no item 2.4.
2.3.SobreanlisenolineargeomtricaA anlise no linear geomtrica se aplica ao estudo do comportamento de estruturas
em que ocorrem grandes mudanas de geometria e, devido a isso, no so vlidas as
aproximaes da teoria linear. Sua aplicao pode ser estendida a problemas da engenharia
civil, mecnica, aeronutica e da bioengenharia.
Diversos trabalhos encontrados na literatura utilizam o conceito de anlise de
segunda ordem que uma forma bastante simplificada de se considerar o comportamento
no linear geomtrico de uma estrutura. De fato, a complexidade das formulaes com
cinemtica exata levou diversos autores a adotar tal conceito, principalmente em anlise de
edificaes civis, em que ocorrem pequenos deslocamentos.
Considera-se que, para o estudo do comportamento no linear de estruturas da
construo civil estes trabalhos tenham trazido valorosas contribuies durante as ltimas
dcadas, no entanto, este tipo de metodologia no pode ser aplicado a problemas maiores em
que ocorrem grandes deslocamentos. Mesmo na construo civil, em determinadas situaes a
adoo de tcnicas aproximadas pode no ser a mais adequada, como em edifcios altos e
torres muito esbeltas. Alm disso, no mais se justifica o uso de mtodos aproximados face
aos enormes avanos alcanados tanto na rea de anlise no linear como nos recursos
computacionais disponveis, que facilitam em muito o trabalho de clculo inerente a estes
processos mais elaborados. Problemas que, em dcadas anteriores oneravam em muito o
tempo de processamento computacional, hoje podem ser resolvidos rapidamente e com menor
consumo de memria do computador.
A forma mais elaborada para anlise no linear atravs de solues analticas ou
exatas. Porm, poucas so as solues analticas que podem ser desenvolvidas em anlise no
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
22
linear geomtrica. Estas solues servem apenas para problemas especficos e que, na maioria
das vezes, so muito simples se comparados s situaes reais da engenharia. No campo da
anlise no linear geomtrica exata de estruturas importante citar os trabalhos de BISSHOP
& DRUCKER (1945), JENKINS et al. (1966), e MATTIASSON (1981) onde solues
analticas para elementos reticulados foram apresentadas, demonstrando assim a
complexidade em se fazer esse tipo de anlise. Parte da ento maior interesse no uso de
mtodos numricos aproximados para anlise no linear geomtrica de estruturas
principalmente em problemas que envolvam grandes deslocamentos.
Formulaes cinematicamente exatas indicam que nenhuma simplificao associada
magnitude dos deslocamentos foi realizada. Este tipo de afirmao pode ser visto nos
trabalhos de REISSNER (1973), SIMO et al. (1984) e WRIGGERS et al. (1990). Estes se
baseiam na teoria no linear de vigas de Reissner em que considerada a influncia do
cisalhamento na deformao dos elementos. Tambm cita-se um algoritmo baseado na tcnica
do comprimento de arco modificada que apresentado no trabalho de CRISFIELD (1991).
O estudo da no linearidade geomtrica pode ser realizado por meio de duas
formulaes distintas, advindas de duas escolas tericas: a Lagrangeana e a Euleriana. Na
primeira, o referencial adotado sempre a configurao inicial do corpo em estudo e todas as
operaes matemticas de integrao e derivao so realizadas sobre esta configurao. A
escola Euleriana por sua vez adota como referencial para anlise a configurao corrente ou
atual do corpo. As diferenas do uso de cada umas dessas formulaes podem ser encontradas
no trabalho de PAULA (1997).
Nos trabalhos de MONDKAR & POWELL (1977) e SURANA (1983) desenvolvida
uma formulao lagrangeana onde uma referncia fixa conhecida utilizada, e por esse
motivo chamada de lagrangeana total. A mesma formulao usada em CODA & GRECO
(2004), MACIEL et al. (2004) e MACIEL & CODA (2005).
No trabalho de GRECO & CODA (2006) foi desenvolvida uma formulao do MEF
posicional para anlise dinmica no linear geomtrica de estruturas unidimensionais
submetidas a pequenas ou grandes deformaes. Utilizam-se as equaes de Newmark para
integrao no tempo da formulao dinmica.
Dois anos depois, CODA & PACCOLA (2008) estudaram a formulao posicional
para anlise no linear geomtrica de cascas, considerando a variao linear da espessura e o
possvel uso de elementos finitos curvos. A mesma formulao do MEF posicional foi ento
aplicada em CODA et al. (2008), desta vez para anlise no linear geomtrica de slidos
hiperelsticos.
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
23
Outros trabalhos como GADALA et al. (1984) e GATTASS & ABEL (1987)
desenvolvem a formulao chamada de lagrangeana atualizada. Essa segunda formulao
difere da primeira em razo do referencial conhecido ser atualizado a cada incremento de
carga, ou seja, a posio do corpo referente ao passo anterior se torna a referncia do passo
seguinte, e assim sucessivamente. WONG & TINLOI (1990) apresentam ainda uma terceira
formulao denominada lagrangeana parcialmente atualizada, onde a referncia muda apenas
no incio dos incrementos de carga.
Outra forma de se desenvolver esse tipo de anlise parte da descrio euleriana onde o
referencial sempre a configurao corrente do corpo. Poucos registros de trabalhos da
mecnica dos slidos foram encontrados com uso dessa formulao. Cita-se apenas o trabalho
de IZZUDIN & ELNASHAI (1993) que utilizaram a descrio euleriana para estudar o
comportamento de prticos tridimensionais. A maior aplicao dessa formulao concentra-se
na rea da mecnica dos fluidos.
No que diz respeito a no linearidade geomtrica de estruturas verifica-se que a
tcnica co-rotacional atualmente a mais difundida. Nesta tcnica, coordenadas locais so
tomadas via elementos finitos para considerao dos efeitos de curvatura. Citam-se vrios
trabalhos nessa rea, como BEHDINAN et al. (1998), THE & CLARKE (1998) e ainda de
pesquisadores brasileiros como PIMENTA et al. (2004) e CAMPELLO et al. (2003), dentre
outros.
2.4.TrabalhosdesenvolvidosnoSETNo Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia de So Carlos
da USP j foram publicados diversos trabalhos que englobam os temas aqui abordados. Sero
comentados a seguir os trabalhos utilizados para o desenvolvimento desta pesquisa.
Muitos trabalhos aqui relatados tratam do fenmeno da interao solo-estrutura.
Dentre estes, destaca-se inicialmente o trabalho de BARBIRATO (1991) em que feita uma
comparao entre diferentes solues fundamentais para o problema da interao solo-
estrutura. o primeiro trabalho a sugerir, dentro do departamento, o uso do acoplamento do
MEC com outros mtodos numricos para proveito das vantagens de cada mtodo onde o
mesmo melhor se aplica.
Alguns anos mais tarde, CODA (1993) apresenta uma formulao tridimensional para
anlise dinmica transiente da interao solo-estrutura realizando o acoplamento entre o MEC
e o MEF. O solo tratado como elstico-linear e a compatibilizao dos mtodos realizada
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
24
por meio da tcnica de sub-regio. A anlise dinmica feita com uso dos processos de
integrao de Newmark.
KOMATSU (1995) apresenta um estudo do acoplamento MEC/MEF para domnios
bidimensionais acoplados a estruturas reticuladas com nfase na anlise de escavaes e
tneis. O meio contnuo modelado via MEC e considerado heterogneo por meio da tcnica
de sub-regio clssica. A estrutura reticulada modelada via MEF com uso do elemento de
prtico com dois ns. Considera-se ainda a plasticidade do meio contnuo que analisada
atravs de um procedimento incremental e interativo baseado no processo das tenses iniciais
Com relao ao uso do acoplamento entre diferentes mtodos numricos, destaca-se
tambm o trabalho de MATOS FILHO (1999), onde foi realizado um estudo de combinaes
entre o MDF, MEF e o MEC para anlise da interao estaca-solo. O solo foi modelado pelo
MEC, utilizando as equaes fundamentais de Mindlin. As estacas foram modeladas como
elementos de barra, ora pelo MDF ora pelo MEF.
FERRO (1999) apresentou uma formulao mista do MEC/MEF para a anlise da
interao solo-estrutura. O solo foi considerado um meio semi-infinito, homogneo, continuo,
istropo e elstico linear, utilizando as equaes de Mindlin. Este trabalho se destaca por
demonstrar que, ao realizar o acoplamento MEC/MEF, podem ocorrer oscilaes de foras de
superfcie na interface entre os diferentes meios. A estaca foi modelada elemento finito de
barra. Foi desenvolvida ainda uma formulao para anlise do comportamento no linear do
solo na interface com a estaca.
No trabalho de WUTZOW (2003) so estudados meios elsticos enrijecidos com
comportamento linear via MEC. So apresentadas duas maneiras de se realizar o acoplamento
entre o meio contnuo e o enrijecedor, uma baseada na tcnica de sub-regio e outra por meio
de condensao das variveis. Esta metodologia foi chamada de acoplamento MEC/MEC. O
autor ainda apresenta a tcnica de suavizao por meio do mtodo dos mnimos quadrados
como alternativa para melhorar oscilaes de foras ocorridas na superfcie de contato.
Apresenta para isso duas metodologias distintas. Na primeira realiza os mnimos quadrados
na matriz local de cada elemento onde se deseja aplicar a tcnica. Numa segunda maneira a
tcnica aplicada diretamente na matriz global. A tcnica dos mnimos quadrados tambm foi
adotada no trabalho de BOTTA (2003) na anlise no linear de slidos danificados enrijecidos
por fibras.
Sobre o estudo da interao solo-estrutura empregando-se diferentes mtodos de
anlise citam-se tambm os trabalhos de IWAMOTO (2000), SOUZA (2003), ALMEIDA
(2003), ALMEIDA (2003), OSHIMA (2004), COLARES (2006) e MOTA (2009).
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
25
Mais recentemente e especificamente na rea de mtodos numricos, outros trs
trabalhos defendidos no departamento merecem comentrios pois englobam tcnicas que
sero aqui adotadas:
Primeiramente cita-se RIBEIRO (2009) que apresentou um estudo do acoplamento
solo-estrutura onde o solo considerado como sendo formado por mais de um material sob a
forma de camadas estratificadas generalizando a tcnica alternativa proposta por
VENTURINI (1992). O autor compara esta tcnica ao procedimento clssico de sub-regies
concluindo que a mesma mais vantajosa do ponto de vista computacional e de preciso
numrica. Utilizam-se ainda elementos de contorno infinitos nas extremidades da malha do
meio contnuo para reduzir o custo computacional. A estrutura modelada via MEF por
elementos de placa e barra. O acoplamento realizado aplicando-se as cargas de superfcie do
MEC como carregamentos reativos no MEF.
Em ROCHA (2009) realizado o acoplamento MEC/MEF para o estudo de meios
elsticos bidimensionais enrijecidos considerando modelo de aderncia no contato. O autor
utiliza a tcnica dos mnimos quadrados para tentar melhorar a qualidade das respostas, no
entanto afirma que esta tcnica no suficiente para suavizar as oscilaes de fora de
superfcie nos extremos dos elementos acoplados. Realiza ainda um interessante estudo sobre
erros de integrao numrica.
KZAM (2009) utiliza o MEC para anlise de problemas da mecnica da fratura. O
destaque para este trabalho est no fato de ser o primeiro a utilizar elementos de contorno
curvos com aproximao qualquer, atravs dos polinmios de Lagrange. Destaca-se ainda o
tratamento realizado nas equaes singulares para utilizao de pontos fonte sobre o contorno
do problema, atravs de uma tcnica de subtrao de singularidade.
Com relao aos trabalhos de no linearidade geomtrica aplicados a prticos planos
alguns trabalhos importantes j foram realizados no departamento. LAVALL (1996) realizou
anlise no linear fsica e geomtrica de estruturas de prtico plano constitudas por perfis de
ao. adotada uma formulao lagrangeana co-rotacional e considera-se barras com
imperfeies iniciais e tenses residuais nas suas sees transversais.
PAULA (2001) realiza anlise esttica e dinmica, no linear fsica e geomtrica de
prticos planos por meio de uma formulao lagrangeana total atualizada. Prope ainda um
modelo de dano para estruturas de concreto.
GRECO (2004) realizou anlise do problema de contato e impacto de estruturas
reticuladas e anteparos rgidos. Este trabalho apresenta pela primeira vez a formulao do
MEF posicional aplicado para anlise no linear geomtrica. Foram realizadas tanto anlises
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
26
estticas quanto dinmicas, e foram considerados tambm os efeitos elastoplsticos nos
membros estruturais e ligaes com deslocamentos livres nas conexes.
MACIEL (2008) aplicou a formulao posicional para anlise no linear geomtrica
dinmica de estruturas reticuladas e slidos tridimensionais. utilizado o processo de
Newton-Raphson na soluo iterativa e o integrador temporal de Newmark para considerao
das foras inerciais. Adota-se tambm a cinemtica de Reissner na anlise de prticos, sendo
que a seo pode inclinar em relao ao eixo do elemento.
Citam-se ainda sobre o uso da formulao posicional os trabalhos de PASCON (2008)
e CARRAZEDO (2009). Neste ltimo feita uma anlise de impacto em que se considera a
transferncia de calor e seus efeitos.
O nico trabalho encontrado no SET que pode ser enquadrado ao tema de anlise no
linear geomtrica de edificaes considerando o comportamento do solo o de MATIAS
JUNIOR (1997). Neste trabalho realizada uma anlise tridimensional no linear geomtrica
de estruturas reticuladas considerando a flexibilidade das fundaes. Porm, a anlise no
linear realizada por um mtodo aproximado e a deformabilidade do solo considerada por
meio de vnculos elsticos nas extremidades das fundaes.
Dessa forma, acredita-se que este trabalho contribui significativamente para as
pesquisas realizadas dentro do departamento na considerao da no linearidade geomtrica
com cinemtica exata em conjunto com a interao solo-estrutura. Alm disso, o uso da
formulao posicional pode ser considerado outra novidade, pois sua aplicao
especificamente a este tipo de anlise tambm no foi desenvolvida por nenhum outro autor.
Com isso, pretende-se contribuir ao estudo da interao solo-estrutura dentro do departamento
com formulaes atuais do MEF e do MEC.
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
27
Captulo 3
3.1.InteraoSoloestruturaA anlise do comportamento de elementos estruturais isolados para o seu correto
dimensionamento fundamental para que haja estabilidade e segurana nos sistemas
estruturais, porm, no condio suficiente para que tal objetivo seja alcanado.
importante lembrar que os elementos estruturais realizam a transmisso de cargas entre si at
a fundao e desta, a carga transmitida ao solo. O solo por sua vez servir de base de
sustentao para toda a estrutura e ter maior participao no comportamento da mesma
quanto maiores forem as solicitaes nele depositadas. Logo, a estabilidade global e o correto
funcionamento do sistema de interao da fundao com o solo de apoio so tambm
essenciais para garantir adequado comportamento estrutural global.
O solo e os elementos estruturais interagem, portanto, de tal forma que se faz
necessrio a correta avaliao dos esforos e deslocamentos ocorridos nesse fenmeno,
proporcionando assim um melhor dimensionamento estrutural. Caso contrrio, podero
ocorrer problemas como recalques excessivos, recalques diferenciais ou at mesmo rupturas
no solo ou da fundao. Estas situaes tero influncia direta na estabilidade global da
estrutura e podem comprometer elementos estruturais por meio de solicitaes inesperadas
(COLARES, 2006).
Casos de fissuramento de alvenarias, mau funcionamento de portas e janelas e
desconforto visual devido a recalques no esperados so bastante comuns em edifcios no
Brasil e no mundo. Em outras situaes, obras de escavao e perfurao mal planejadas
ocasionam problemas em edificaes vizinhas, o que por sua vez gera enormes prejuzos. Na
literatura possvel encontrar registros de diversos casos em que problemas no processo de
interao entre estrutura e solo ocasionaram tombamentos parciais, perda de estabilidade e at
mesmo a runa de edifcios inteiros.
Diferentes fatores podem influenciar neste comportamento. O adensamento do solo,
por exemplo, tende a ser maior com o passar do tempo pela lenta acomodao de suas
partculas. A rigidez da prpria estrutura influencia diretamente na distribuio dos esforos
nos elementos. Alguns autores atentam ainda para a influncia dos processos construtivos e
impactos de vizinhana.
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
28
Na figura 3.1 so ilustradas duas situaes em que o comportamento da edificao
fortemente influenciado pelo processo de interao com o solo. Casos como esses so comuns
em regies de solo facilmente adensveis, gerando recalques diferencias nas edificaes.
Figura 3.1 Recalques ocasionados por (a) heterogeneidade do solo e (b) interferncia no bulbo de
tenses em edificaes vizinhas. FONTE (THOMAZ, 1989).
Um dos problemas mais comuns na construo civil e que pode ter suas causas
diretamente relacionadas com os recalques diferenciais so as trincas em alvenarias (figura
3.2). Geralmente esse um primeiro sinal de um mau desempenho dos elementos de
fundaes.
Figura 3.2 Trincas ocasionadas por recalque diferencial. FONTE (THOMAZ, 1989).
(b) (a)
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
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Os recalques diferenciais podem acarretar tambm em uma redistribuio de esforos
que pode ser perigosa para a edificao. Sabe-se que os pilares mais carregados tendem a
distribuir os esforos para pilares menos carregados e caso isso no tenha sido levado em
conta no dimensionamento das peas, podero ocorrer problemas estruturais. Tais concluses
podem ser encontradas nos trabalhos de RAMALHO & CORRA (1991) e SOUZA & REIS
(2008).
O uso de diferentes sistemas de fundao, apesar de no ser uma prtica usual,
tambm pode ocasionar problemas na estrutura, caso seja avaliado e/ou dimensionado de
forma inadequada. uma situao que precisa de maior ateno de especialistas quanto ao
comportamento do solo.
Figura 3.3 Trincas ocasionadas por diferente comportamento dos sistemas de fundaes. FONTE
(THOMAZ, 1989).
A busca por um processo de anlise generalizado para problemas de interao solo-
estrutura se torna complexa medida que se verificam diversas possibilidades de
combinaes entre diferentes tipos de solos, sistemas de fundaes, tipos de solicitaes, entre
outros fatores inerentes ao fenmeno. Alm disso, com o crescimento das grandes cidades
surgem novos tipos de problemas que necessitam ser avaliados pelos engenheiros e
geotcnicos. Muitas vezes importante considerar, por exemplo, a influncia que vrios
edifcios vizinhos podem ter uns sobre os outros devido ao comportamento do solo e de suas
fundaes. Outro exemplo ocorre em casos de escavaes de tneis sob edificaes, comuns
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
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na construo de metrs e dutos. Para esses casos os mtodos de anlise simplificados
disponveis atualmente no se aplicam ou no conduzem a resultados satisfatrios.
Em pequenas construes no comum a preocupao de engenheiros com esse tipo
de problema. O que geralmente se observa nesses casos a adoo do solo como uma base
rgida. Essa considerao pode ser suficiente para casos em que as cargas atuantes nos
elementos de fundao so muito pequenas em relao capacidade de carga do solo, porm
necessrio que essa avaliao seja feita de forma coerente por profissional tecnicamente
capacitado.
J para mdias e grandes estruturas essa considerao pode no ser a mais adequada,
pois o comportamento do sistema de fundao e do solo est diretamente relacionado com a
magnitude dos esforos podendo alterar de forma comprometedora o comportamento da
edificao, mesmo para solos com boa capacidade de carga. Nestes casos, comum
considerar o solo como um sistema de molas tipo WINKLER, levantando os coeficientes de
reao por meio de tabelas empricas onde so dados valores de mdulos para cada tipo de
solo (IWAMOTO, 2000). Essa metodologia talvez a mais utilizada em escritrios de projeto
estruturais atualmente, por ser um mtodo de fcil aplicao. Porm sua representatividade
fraca e dependendo do tipo de solo e da configurao de suas camadas, torna-se difcil a
determinao dos valores dos coeficientes de mola.
Outra maneira de se simular o comportamento do solo atravs de mtodos numricos
aproximados. Nesse sentido, o MEF e o MEC so alternativas eficientes e que tem conduzido
a resultados satisfatrios em trabalhos encontrados na literatura tanto internacional quanto
nacional. O uso da combinao entre os mtodos no recente, como foi visto na reviso
bibliogrfica. Diversos autores j utilizaram desse procedimento para analisar casos diversos
de problemas envolvendo elementos de fundao em conjunto com o solo.
Existem vrias maneiras diferentes de se analisar este comportamento. O mais
importante que a representatividade do modelo adotado seja a maior possvel, e que o
comportamento dos elementos estruturais seja corretamente avaliado. Na reviso bibliogrfica
foram feitos maiores comentrios sobre estas vrias maneiras de se realizar o estudo do
fenmeno de interao entre estrutura e solo.
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
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3.2.Anlisenolineargeomtricaemedificaes Em projetos de edificaes so admitidos carregamentos diversos atuando sobre os
prticos de acordo com os cdigos normativos. feito ento o equilbrio de foras da
estrutura, para que sejam determinados os esforos internos a fim de dimensionar os
elementos estruturais. Esse equilbrio usualmente realizado considerando a posio
indeslocada da estrutura, o que configura a anlise linear geomtrica ou, em uma linguagem
antiquada, de primeira ordem.
No entanto, aps a aplicao da carga, a estrutura se desloca e esses deslocamentos
podem ter grande influncia no equilbrio final da estrutura. Essa influncia ser tanto maior
quanto maiores forem os deslocamentos ocorridos. Logo, para estruturas esbeltas, a
considerao da anlise linear anteriormente citada no a mais adequada.
A anlise no linear geomtrica de estruturas se caracteriza, portanto, pelo equilbrio
de foras ser realizado considerando a posio deslocada da estrutura, como na figura 3.4.
Figura 3.4 Diferena entre anlise (a) linear geomtrica e (b) no linear geomtrica
Em anlise de edifcios altos a considerao da no linearidade geomtrica algo
extremamente importante. Quanto mais esbelta for uma estrutura, maior ser a necessidade de
se avaliar o comportamento no linear geomtrico e sua estabilidade global (MATIAS
JUNIOR, 1997). Edifcios altos e torres de transmisso so exemplos comuns da engenharia
civil onde a avaliao dos efeitos causados pelo comportamento no linear geomtrico tem
grande influncia no dimensionamento e devem, portanto, ser avaliados da maneira mais
adequada.
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
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Os cdigos normativos prevem esse tipo de anlise e determinam em que situaes
devem ser consideradas. Porm, na maioria das vezes esta realizada de forma aproximada
atravs de processos simplificados e que podem induzir a erros para determinados casos.
certo que para diversos projetos de edificaes convencionais da construo civil
realizados at os dias de hoje os processos aproximados tem se mostrado suficientes. Isso se
deve somente ao fato de que, nessas estruturas os deslocamentos so muito pequenos em
relao s dimenses das peas estruturais. No entanto, com a tendncia de verticalizao das
grandes cidades e com os avanos tanto no campo da engenharia de materiais quanto das
tcnicas construtivas, edificaes mais esbeltas vm sendo construdas de maneira cada vez
mais intensa. Observa-se tambm a busca pela diminuio no consumo de materiais, o que
acarreta em peas estruturais mais delgadas. Para acompanhar o desenvolvimento tecnolgico
deve-se pensar em processos de anlise que sejam mais bem elaborados a fim de se
proporcionar aos engenheiros e calculistas mtodos de anlise com melhores resultados para
avaliaes mais seguras quanto capacidade portante e aos nveis de deslocabilidade de uma
estrutura.
De fato, assim como no processo de anlise da interao solo-estrutura, a considerao
da no linearidade geomtrica com cinemtica exata no algo simples de ser realizado,
envolvendo muitas vezes longos processos computacionais. Apesar disso, o avano alcanado
nos ltimos anos com computadores modernos mais velozes e mais precisos torna possvel a
aplicao dessas formulaes mais elaboradas diminuindo o tempo de processamento e a
quantidade de memria necessria.
Pretende-se neste ponto apenas conscientizar o leitor de que a simulao
computacional de problemas de interao solo-estrutura considerando a no linearidade
geomtrica no algo simples de ser realizado, mas que, no entanto tem sido cada vez mais
necessrio frente ao crescimento desenfreado das grandes cidades e aos avanos alcanados
no campo da engenharia civil.
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Captulo 4
4.OMtododosElementosdeContorno4.1. Apresentao
Dentre os mtodos numricos de solues aproximadas que podem ser aplicados a
problemas de engenharia, o mtodo dos elementos de contorno (MEC) um dos mtodos
mais recentes e conseqentemente menos difundido entre pesquisadores e engenheiros no
campo da anlise estrutural. Porm, nas ltimas dcadas, o MEC tem ganhado cada vez mais
espao e atrado a ateno de diversos pesquisadores sendo considerado por muitos como uma
alternativa ao MEF na simulao numrica de problemas de engenharia, e oferecendo
vantagens do ponto de vista computacional em alguns casos particulares.
Por este motivo o mtodo tem sido cada vez mais alvo de pesquisas avanadas em
anlise de estruturas e simulaes computacionais em vrias universidades e instituies de
pesquisa ao redor do mundo. No prprio Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola
de Engenharia de So Carlos da USP dezenas de trabalhos j foram publicados a cerca do uso
do MEC em anlise de estruturas. As principais aplicaes do mtodo se encontram em
problemas elsticos, problemas de viscoelasticidade, plasticidade, anlise dinmica de
estruturas, problemas envolvendo no linearidade e ainda problemas da mecnica do dano e
da fratura, dentre outros temas. Em vrios destes trabalhos so avaliadas as vantagens que
podem ser alcanadas com o uso do MEC em relao ao MEF e outros procedimentos de
anlise, geralmente associadas ao nmero de incgnitas que so gerados na montagem dos
sistemas de equaes.
De fato, uma grande vantagem dos mtodos de fronteira, como o caso do MEC, a
reduo do tamanho do sistema algbrico a ser resolvido, pois nestes casos, apenas a regio de
fronteira (o contorno) do problema discretizada quando se trata de problemas lineares. J no
caso do MEF, em se tratando de um mtodo de domnio, o mesmo consiste na discretizao
de todo o corpo em estudo, o que faz com que o nmero de incgnitas seja maior por incluir
elementos no domnio em questo.
Outra vantagem que o MEC apresenta em relao ao MEF est no fato de que o
primeiro oferece um melhor desempenho numrico quando aplicado em anlise de problemas
onde ocorre concentrao de tenses, como em regies de contato e em problemas da
mecnica da fratura (KZAM, 2009).
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
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Porm, diversos autores tm demonstrado que, para algumas aplicaes especficas, o
MEF ainda apresenta melhores resultados e melhor convergncia como, por exemplo, em
anlise de problemas no lineares. Alm disso, apesar de reduzir o tamanho do sistema, no
MEC as matrizes geradas so cheias e no-simtricas o que uma desvantagem do ponto de
vista computacional, pois exige a utilizao de um solver mais elaborado. O MEF por outro
lado trabalha com matrizes simtricas e que geralmente no so cheias, cabendo assim a
utilizao de mtodos de otimizao na soluo do sistema algbrico.
Para este trabalho a simulao do meio contnuo ser feita considerando este com
comportamento elstico linear. Camadas indeslocveis sero admitidas para regies mais
afastadas do ponto de aplicao das cargas. Logo o MEC a melhor alternativa para
modelagem do solo.
Ser apresentada a seguir de forma resumida a formulao do MEC aplicada a
problemas elsticos bidimensionais estticos lineares e constitudos por meios homogneos
isotrpicos. Essa formulao foi adotada na elaborao do cdigo computacional para anlise
de meios contnuos.
O objetivo deste trabalho se limita a aplicaes bidimensionais, e, por esse motivo ser
apresentada somente a teoria da elasticidade plana. Vale destacar tambm que a formulao
original do MEC serve para problemas do Estado Plano de Deformao (EPD). Para anlises
no Estado Plano de Tenso (EPT), deve-se corrigir o valor do coeficiente de Poisson do
material pela relao / 1EPT EPD EPD , conforme consta em ASSAN (2003). 4.2. Problemas Elsticos
A descrio do MEC ser aqui feita de forma bastante resumida, tendo em vista o
grande nmero de timos trabalhos desenvolvidos no SET em que a mesma formulao
apresentada. Com relao a aspectos especficos da formulao aqui adotada, o leitor encontra
maiores detalhes em KZAM (2009).
4.2.1. Teoria da Elasticidade e outros Conceitos fundamentais
Da teoria da elasticidade sabe-se que em um corpo sujeito a aes externas surgiro
esforos internos proporcionais a estas aes de maneira que satisfaam o equilbrio do
sistema. Sabe-se ainda que, para que o mesmo mantenha-se em equilbrio, necessrio
garantir o equilbrio mecnico de cada parte infinitesimal do corpo em estudo. Imaginemos
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
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ento um corpo com dimenses infinitesimais dx1, dx2 e dx3, onde os ndices 1, 2 e 3 indicam
a direo em relao ao sistema cartesiano de referncia.
Sejam os valores de ij as componentes de tenses i referente ao plano na direo j, e sabendo que a fora dada pelo produto entre a componente de tenso e sua respectiva rea
de atuao, podem ser ento escritas equaes de equilbrio de fora e de momento para o
elemento infinitesimal tensionado.
A obteno das equaes de equilbrio facilitada com a observao das figuras 4.1 e
4.2 a seguir. Vale lembrar que a direo x3 admitida como perpendicular ao plano da folha.
Ser utilizada a notao indicial de Einstein.
Figura 4.1 Equilbrio de Foras na direo x1
Figura 4.2 Equilbrio de Foras na direo x2
A partir do equilbrio de foras do elemento infinitesimal para cada direo se chega
equao diferencial de equilbrio esttico que pode ser assim escrita de forma generalizada
para elasticidade plana:
, 0ji j ib (4.01) onde bi representa as foras de volume na direo i.
Do equilbrio de momentos chega-se a seguinte relao:
ij ji (4.02)
Anlise no linear geomtrica do acoplamento solo-estrutura atravs da combinao MEC-MEF
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A equao (4.02) comprova a simetria das tenses cisalhantes. A partir desta relao
observa-se que se pode permutar os ndices i e j da equao (4.01).
A relao constitutiva do material ser considerada como uma funo linear, ou seja,
ser assumido neste trabalho que o comportamento elstico do solo linear. Neste caso, o
tensor constitutivo Cijkl representa a lei constitutiva do material e tem valor constante. Essa
relao entre tenso e deformao chamada Lei de Hooke e pode ser escrita na seguinte
forma:
ij ijkl klC (4.03) Antes de prosseguir para a formulao do MEC aplicada elasticidade, faz-se
necessrio apresentar ao leitor alguns conceitos fundamentais para o entendimento da
obteno da equao integral do problema elstico.
Primeiramente, cita-se o chamado Teorema de Cauchy que diz que o produto da
tenso pelo versor normal n em um determinado ponto igual fora de superfcie p naquele mesmo ponto, ou seja
ij j in p (4.04) O segundo conceito conhecido como o Teorema da Reciprocidade de Betti, em que
se afirma que o trabalho realizado por uma fora num ponto P produzindo deslocamento em
outro ponto Q ser igual ao trabalho da mesma fora agora aplicada no ponto Q e produzindo
deslocamento no ponto P. possvel demonstrar a partir desta idia que a seguinte expresso
verdadeira. * * * *, , , , , ,ij i j ijkl k l i j klij i j k l kl k lu C u u C u u u (4.05)
Expresso til na simplificao da equao integral.
Um terceiro conceito importante de ser comentado o Teorema de Gauss, que mostra
que a integral no domnio do divergente de um tensor qualquer igual integral de superfcie
de sua primitiva multiplicada pelo seu versor normal superfcie. Com isso podemos escrever
que
,ij j ij jd n d
(4.06) Esta ltima expresso demonstra de forma clara e objetiva a idia bsica da aplicao
do MEC, visto que o Teorema de Gauss transforma uma integral de domnio em uma integral
de superfcie.
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4.2.2. Soluo fundamental
Vamos agora introduzir o conceito de soluo fundamental para o problema elstico
bidimensional. Esta nada mais do que uma soluo particular da equao diferencial do
problema fsico e representa o campo de deslocamentos gerado por uma fora unitria
concentrada em um ponto. A soluo dita fundamental ser na verdade a funo ponderadora
da equao integral, segundo o mtodo dos resduos ponderados no qual est baseada a
formulao do MEC aqui apresentada.
Existem vrios autores que propuseram solues fundamentais para diferentes casos,
devendo ser escolhida aquela que melhor se adapta ao tipo de problema que se pretende
analisar. Neste trabalho ser adotada uma soluo fundamental bidimensional apresentada por
KELVIN (1848) que pode ser encontrada em BREBBIA (1978).
Primeiramente dado tratamento equao diferencial (4.01) para se aplicar a tcnica
do Vetor de Galerkin. Utilizando a Lei de Hooke dada pela expre