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PT8 © Porto Editora 178 Guia do Professor 7.1. Rui argumenta que Guanes não só não dividiria o tesouro caso o encon- trasse sozinho, como também que é um dissipador e que está doente, pelo que gastará rapidamente e em vão a sua parte do tesouro; por outro lado, acres- centa ainda que o dinheiro é necessário para reconstruir os Paços de Medranhos e para que Rostabal viva condignamente a sua situação de irmão mais velho. 7.2. A argumentação de Rui é bem-suce- dida, pois Rostabal fica determinado a matar Guanes, para não ter de repartir o tesouro com ele. 7.3.1. Rostabal lava “ruidosamente a face e as barbas” pois sente necessidade de se purificar pelo fratricídio cometido (em termos simbólicos, a água tem uma função purificadora). 7.4.1. Ao contrário de Rui, que se revela inumano e cruel ao matar o irmão, o ani- mal demonstra lealdade e piedade para com o dono. 8.1. Rui morre envenenado. 8.1.1. A analepse que o confirma é “Porque Guanes […] dono de todo o tesouro.” (ll. 188-191). 9.1. A tranquilidade da Natureza e o cenário idílico que serve de fundo ao conto contrastam com o comportamento e com o carácter rude, cruel e horrendo dos irmãos. Este espaço, caracterizado pelo renascimento primaveril da Natureza (“relva nova de abril”), seria propício a um crescimento interior por parte dos pro- tagonistas. Todavia, o decurso da ação revela-nos que a beleza e harmonia natu- ral contrastam com a decadência moral de Rui, Guanes e Rostabal. Nota: O professor poderá salientar que a ação decorre num domingo, dia marcado pela noção de sagrado, família e valores cristãos como o perdão, a bondade e a solidariedade. 10.1. Constituem indícios trágicos a can- tiga popular entoada por Guanes, o repi- que dos sinos, o bando de corvos a gras- nar, as referências à cor vermelha (a pluma que “vermelhejou”)… 11. Todos os irmãos são ambiciosos, cal- culistas, materialistas e sanguinários – a prová-lo está o facto de cada um ser dire- tamente responsável pela morte de um dos irmãos. No entanto, Rui, “o mais avi- sado”, parece ter pior carácter que os irmãos, na medida em que instiga Rosta- bal, mais ingénuo, a matar Guanes. Gua- nes é também bastante traiçoeiro – pois planeia matar os irmãos com veneno; Ros- tabal, por seu turno, parece arrepender-se de matar Guanes (cf. forma como se lava na fonte após o fratricídio, como se procu- rasse purificar-se pelo ato cometido).

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    Guia do Professor

    7.1. Rui argumenta que Guanes no s no dividiria o tesouro caso o encon-trasse sozinho, como tambm que um dissipador e que est doente, pelo que gastar rapidamente e em vo a sua parte do tesouro; por outro lado, acres-centa ainda que o dinheiro necessrio para reconstruir os Paos de Medranhos e para que Rostabal viva condignamente a sua situao de irmo mais velho.

    7.2. A argumentao de Rui bem-suce-dida, pois Rostabal fica determinado a matar Guanes, para no ter de repartir o tesouro com ele.

    7.3.1. Rostabal lava ruidosamente a face e as barbas pois sente necessidade de se purificar pelo fratricdio cometido (em termos simblicos, a gua tem uma funo purificadora).

    7.4.1. Ao contrrio de Rui, que se revela inumano e cruel ao matar o irmo, o ani-mal demonstra lealdade e piedade para com o dono.

    8.1. Rui morre envenenado.

    8.1.1. A analepse que o confirma Porque Guanes [] dono de todo o tesouro. (ll. 188-191).

    9.1. A tranquilidade da Natureza e o cenrio idlico que serve de fundo ao conto contrastam com o comportamento e com o carcter rude, cruel e horrendo dos irmos. Este espao, caracterizado pelo renascimento primaveril da Natureza (relva nova de abril), seria propcio a um crescimento interior por parte dos pro-tagonistas. Todavia, o decurso da ao revela-nos que a beleza e harmonia natu-ral contrastam com a decadncia moral de Rui, Guanes e Rostabal.

    Nota: O professor poder salientar que a ao decorre num domingo, dia marcado pela noo de sagrado, famlia e valores cristos como o perdo, a bondade e a solidariedade.

    10.1. Constituem indcios trgicos a can-tiga popular entoada por Guanes, o repi-que dos sinos, o bando de corvos a gras-nar, as referncias cor vermelha (a pluma que vermelhejou)

    11. Todos os irmos so ambiciosos, cal-culistas, materialistas e sanguinrios a prov-lo est o facto de cada um ser dire-tamente responsvel pela morte de um dos irmos. No entanto, Rui, o mais avi-sado, parece ter pior carcter que os irmos, na medida em que instiga Rosta-bal, mais ingnuo, a matar Guanes. Gua-nes tambm bastante traioeiro pois planeia matar os irmos com veneno; Ros-tabal, por seu turno, parece arrepender-se de matar Guanes (cf. forma como se lava na fonte aps o fratricdio, como se procu-rasse purificar-se pelo ato cometido).

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