20120000511513

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 20120000511513

    1/5

    TRIBUNAL DE JUSTIAPODER JUDICIRIO

    So Paulo

    Registro: 2012.0000511513

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelao n 0110669-

    73.2007.8.26.0100, da Comarca de So Paulo, em que apelante/apelado OSWALDO

    BIGHETTI NETO, apelado/apelante NILO CARIM SULEIMAN (JUSTIA GRATUITA).

    ACORDAM, em 4 Cmara de Direito Privado do Tribunal de Justia de So

    Paulo, proferir a seguinte deciso: "por votao unnime, negaram provimento aos recursos", de

    conformidade com o voto do Relator, que integra este acrdo.

    O julgamento teve a participao dos Exmos. Desembargadores NATAN

    ZELINSCHI DE ARRUDA (Presidente) e TEIXEIRA LEITE.

    So Paulo, 27 de setembro de 2012.

    Maia da Cunha

    RELATOR

    Assinatura Eletrnica

  • 7/25/2019 20120000511513

    2/5

    P O D E R J U D I C I R I O

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    4 Cmara de Direito Privado

    2

    Apelao n 0110669-73.2007.8.26.0100 - So Paulo - Voto n 26.578 - N/FAMCVincenzo Bruno Formica Filho

    APELAO : 0110669-73.2007.8.26.0100APELANTE/APELADO: Oswaldo Bighetti NetoAPELANTE/APELADO: Nilo Carim Suleiman

    COMARCA : So PauloJUIZ : Vincenzo Bruno Formica FilhoVOTO N : 26.578

    Cobrana de honorrios advocatcios aps adissoluo da sociedade de advogados. Ausncia deacordo escrito quanto aos valores recebidos depoisda separao, presumindo-se, por se tratar deadvogados, que cada qual receberia dos clientesque ficaram na diviso havida entre os scios.Indcios que no se compatibilizam com aobrigatoriedade de acordo expresso, do que nocogitaram ao dividir os clientes. Dano moral porcomunicao de crime polcia que somente se dquando h ilicitude decorrente de dolo ou abuso dedireito. Aes de cobrana e de indenizao pordanos morais julgadas improcedentes. Correo.Recursos improvidos.

    A r. sentena julgou simultaneamente trs aes,

    duas de cobrana movidas por Nilo Carim Suleiman contra Oswaldo Bighetti

    Neto, por honorrios no pagos aps a dissoluo da sociedade de advogados

    que participavam, e uma terceira de indenizao por danos morais movida por

    Oswaldo Bighetti Neto contra Nilo Carim Suleiman, por comunicao do crime deapropriao indbita autoridade policial. E julgou as trs improcedentes (fls.

    589/595).

    Apela Oswaldo Bighetti Neto, autor da indenizatria,

    insistindo na condenao de Nilo Carim Suleiman ao fundamento de que a notcia

    de crime de apropriao indbita, especialmente a quem advogado,

    compromete a confiana que os clientes precisam ter e ocasiona inegvel dano

    moral. Assenta que o inqurito policial foi arquivado e que a acusao foi

    maliciosa por quem, sendo advogado, tinha condio de entender a sua natureza

    delituosa (fls. 605/608).

    Apela Nilo Carim Suleiman, autor das duas aes de

  • 7/25/2019 20120000511513

    3/5

    P O D E R J U D I C I R I O

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    4 Cmara de Direito Privado

    3

    Apelao n 0110669-73.2007.8.26.0100 - So Paulo - Voto n 26.578 - N/FAMCVincenzo Bruno Formica Filho

    cobrana de honorrios advocatcios contra Oswaldo Bighetti Neto, visando a

    procedncia das aes porque quando separaram o escritrio ficou combinado

    que repartiriam as verbas honorrias que fossem recebidas de aes ento emandamento, circunstncia que, nos dois processos, esto demonstrados por prova

    documental existente no processo (fls. 612/625).

    Este o relatrio.

    O digno Magistrado sentenciante julgou

    improcedentes as trs aes, duas de cobrana de Nilo contra Oswaldo e uma de

    indenizao por danos morais de Oswaldo contra Nilo, primordialmente pela falta

    de prova da existncia de pacto escrito que justificasse a cobrana dos

    honorrios advocatcios posteriormente dissoluo da sociedade, e igualmenteo fez na indenizatria por considerar que a comunicao de crime autoridade

    policial no constitui causa de dano moral.

    E agiu acertadamente.

    E por simples razes.

    As cobranas de honorrios advocatcios aps a

    dissoluo da sociedade no encontram ressonncia na prova da alegao de que

    seriam repartidos aps a separao dos causdicos, e no se justifica que, entre

    advogados, no se tenha formulado acordo escrito estipulando como e se seriam

    os honorrios advocatcios a ser recebidos das aes que ainda se encontravam

    em andamento ou sem pagamento.

    A concluso da r. sentena dotada de lgica

    jurdica ao presumir que, sendo advogados, no havendo acordo expresso e

    existindo diviso de clientes, cada qual receberia os honorrios advocatcios

    daqueles com os ficaram para a continuidade do patrocnio da causa. Presumir

    diferentemente, ou concluir o contrrio baseado em indcios formados por

    documentos frgeis, para o fim de estabelecer diviso de honorrios advocatcios

    dos clientes que ficaram com o outro advogado, alm de injurdico, feriria por

    completo as mximas da experincia comum que se ligam ao fato de que

    advogados, acostumados s lides forenses e seus acordos obrigatoriamente

    escritos, no fariam diferente em se tratando da prpria dissoluo da sociedade

    da qual participavam.

    As longas razes recursais do autor das cobranas,

    discorrendo sobre os dois casos em que pretende a diviso dos honorrios

    advocatcios, constituem prova bastante de que nada havia de acertado em

    relao ao recebimento dos honorrios advocatcios, no se prestando a tanto,

    bom que se afirme, as negociaes extrajudiciais de, sem reconhecimento da

  • 7/25/2019 20120000511513

    4/5

    P O D E R J U D I C I R I O

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    4 Cmara de Direito Privado

    4

    Apelao n 0110669-73.2007.8.26.0100 - So Paulo - Voto n 26.578 - N/FAMCVincenzo Bruno Formica Filho

    obrigao, aceitar a cliente algum pagamento. Igualmente indevido buscar os

    honorrios advocatcios com base na contratao anterior, visto que obviamente

    era feita em nome de ambos ou da sociedade que possuam. A admitir-se esteraciocnio, em tumulto inaceitvel para advogados, que cada um movesse ao

    contra o outro para haver honorrios advocatcios recebidos dos clientes com os

    quais ficaram aps a separao.

    Correta, pois, a improcedncia das duas aes de

    cobrana.

    E idntico caminho se segue na indenizatria.

    Nesta ao o autor das cobranas teria dado causa a

    danos morais ao comunicar autoridade policial crime de apropriao indbitaque teria sido cometida pelo no pagamento de honorrios advocatcios que

    entendia devessem ser partilhados.

    A comunicao de crime autoridade policial s

    constitui ilcito civil ensejador do dever de indenizar quando dotado de m-f

    consistente em denegrir aquele que se noticia como autor do delito. Em outras

    palavras, o exerccio regular de direito, como , em princpio, a comunicao de

    crime em Boletim de Ocorrncia, s gera indenizao quando se verifica abuso na

    conduta do autor da denncia.

    Nessa linha se tem decidido reiteradamente neste

    Egrgio Tribunal de Justia, valendo conferir, exemplificativamente, as ementas

    abaixo:

    DANOS MATERIAL E MORAL - Interposio de recurso

    contra sentena que julgou improcedente ao de indenizao por no vislumbrar a

    ocorrncia de danos e a situao configurar exerccio regular de direito, o qual foi

    utilizado pelo ru ao ingressar com queixa-crime contra o aqui autor sob a alegao da

    prtica de crime de calnia. Exerccio regular de direito que no autoriza a imposio de

    reparao. Ratificao dos fundamentos do "decisum" - Aplicao do art. 252 doRITJSP/2009 - Recurso improvido. (Apelao 9215747-77.2005, 7 Cmara de

    Direito Privado, Relator Des. lvaro Passos, j.04.05.2011).INDENIZAO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS -Ao

    julgada improcedente - Autores que buscam a condenao calcados na instaurao de

    inqurito para apurao de fatos inverdicos descritos como crime - Inexistncia de prova

    da inteno da r em prejudicar os autores Dano moral no caracterizado -

    Comunicao de provvel delito que constituiu exerccio regular de direito -Sentena

    mantida - Recurso improvido.(Apelao 0120265-27.2006, 6 Cmara de Direito

    Privado, Relator Des. Percival Nogueira, j. 24.06.2010)

    verdade que, em se tratando de advogado, cujo

  • 7/25/2019 20120000511513

    5/5

    P O D E R J U D I C I R I O

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    4 Cmara de Direito Privado

    5

    Apelao n 0110669-73.2007.8.26.0100 - So Paulo - Voto n 26.578 - N/FAMCVincenzo Bruno Formica Filho

    conhecimento jurdico possui em toda a sua extenso, a comunicao assume

    maior gravidade. Mas verdade tambm que, no caso em apreciao, o que se

    extrai a convico do autor da denncia do direito ao recebimento doshonorrios advocatcios, tanto que ingressou com as aes visando receb-los do

    denunciado.

    Corolrio da ausncia do dolo e do abuso de direito

    a ausncia do ilcito que geraria o dever de indenizar.

    E mais no necessrio ponderar para a integral

    confirmao da r. sentena apelada, inclusive e especialmente pelos seus

    prprios e acertados fundamentos.

    Pelo exposto que se nega provimento aos

    recursos.

    MAIA DA CUNHA

    RELATOR