201282010512

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/23/2019 201282010512

    1/1

    O Patrimnio perto de siAORIANO ORIENTALDOMINGO, 19 DE AGOSTO DE 2012

    ENTIDADE PROMOTORA:DIREO REGIONAL DA CULTURA ENTIDADE GESTORA: CRESAORENTIDADES PARCEIRAS:MUSEU CARLOS MACHADO | INSTITUTO CULTURAL DE PONTA DELGADACONSELHO EDITORIAL:DRaC DIRETOR REGIONAL DA CULTURA CONSELHO DE REDAO:PEDRO PASCOAL (COORDENAO), DUARTE MELO, CLIA PEREIRA, ARTUR MARTINS, FILIPA GRELO

    Francisco Afonso Chaves,

    o fotgrafo errante

    Francisco AfonsoChaves(1857-1926) re-conhecidocomo um dosmaisimportantesnaturalistas portugueses daviragem do s-culo XIX parao XX, comum amplotraba-lho nosAores e umaintervenocientficainternacionalcomo poucosportuguesesdasuapoca tiveram. Porm, a suavastaobrafotogrficatemsidodesvalorizada,conside-radameraextenso dosseus mltiplos in-teressescientficosou, simplesmente, igno-

    rada. Nasuaquase totalidade,permanecedesconhecidatantodograndepblicocomodosestudiosose dosartistas.

    A fotografia de Afonso Chaves, datvelemgrande parte doperodo entre 1901 e oanoda suamorte, apresenta trscaracte-rsticas fundamentais:a grande extenso,a notriaqualidade plstica e a constantenaturezaestereoscpica. A estaspodemosacrescentaroutra: criadapor um viajanteincansvele fotgrafo compulsivo, a pr-

    priaobraexpressodestaerrncia-aqualnoapenasumfactogeogrficomasumaobjectivae subjectivaqualidade plstica.Hoje conhecemosmais de 5000 fotogra-fias, realizadasem vidro,entre positivosenegativos,dasquaisamaiorparteintegraacoleco do Museu Carlos Machado, emPonta Delgada, permanecendo um outroconjuntoimportantena posseda famlia.Todas, quase sem excepo, foram iden-

    tificadas e catalogadas por si, numa de-monstraodoespritosistemticoprpriodeumcientista.Maisimportante,asuaqua-lidade ultrapassaem muito a de um ama-dordotadoeatingeonveldocriadorvisual,cujadimensoartsticaemodernidadees-ttica passvel de seravaliadaem termosnacionais e internacionais. Nessesentido, possvel afirmar com total propriedadequeAfonsoChavesnonemummerocu-riosodafotografianemumdotadoilustra-

    dordassuasactividadescientficas,masumverdadeirofotgrafo:conscientee criativo,de mquina em punho, dedica-se a in-

    ventar imagens que, na sua ampla maio-ria, nadatm que vercom cincia - antescom arte e cultura visual. Nesse sentido,asuaobra,numraroecriativodilogocoma cincia, uma das mais originais con-tribuiesparaa histria da imagem foto-grficaemPortugal.Oquenosconduzter-

    ceiracaracterstica apontada: o facto de,pelomenosaolongode25anos,oCoronelChavesterfotografadoestereoscopicamenteo mundo usandouma mquinadotadadeduas lentes que, distncia certa entre si,disparavamsimultaneamentee assim re-gistavamduplamenteomundo.Asimagensresultantesprocuravamreplicaravisobi-nocularhumanae,quandocolocadasnum

    visorprprio, eramfundidaspelo crebrodoobservadornumaimagemnicaveridi-

    camentetridimensional. Por outraspalvras,a mquinaem causa foi precursodossistemas3Dquehojeinundamasnosas salas de cinema, preenchem a nosimaginaoealimentamanossasededee

    volvimento visual e emocional.Finalmente,emFranciscoAfonsoCha

    comoemmaisnenhumfotgrafoportugantesdesi,observamosaemergnciadeuqualidade intrinsecamentemoderna:aimagemerranteque, criadaem sucessiv

    viagens, porterrae pormar,pelos arquiplagos dosAores e daMadeira,pelo con

    nente portugus, por grandeparte daEropa,pelosulelestedefrica,pelapennsuarbica, se tornou expressovisualdaprpriaideia de movimento, jornada e itinrncia - caractersticaindissocivel do oservador apaixonado e da cultura visumodernaconstruda nestes quase doissculos de existnciada fotografia.

    VTOR DOS REISFACULDADE DE BELAS-ARTES | [email protected]

    Afotografianos AoresNosltimos tempos,tem sidonotrio umnovocomportamentodoscidadosperan-teafotografia,tomandoconscinciadequeelafazpartedonossopatrimniocultural.Odesleixoqueoslevavaadeitarparaolixoaquelespapis velhos sem qualquer in-teresse, vaisendo substitudo pelo cuida-dodeaspreservaremcasaouentregarnasinstituiesque delas podemzelar.

    Cadafotografiacontaumahistria,des-te modo transforma-se em valioso docu-mentointerpretativo do um passado his-tricoquemerecetodoonossodesvelo.Este

    vastopatrimniofoi obradeumlequealar-gado de homens e mulheres quefixaramparaaposteridade,comassuasmquinas,

    momentos nicos da nossa existncia.

    PoucodepoisdeDaguerreterinventadoumprocessofundamentalparaaevoluoda fotografia, conhecidopor daguerreoti-pia, em 1837, chegaram a Portugal fot-

    grafos estrangeiros, acabando algunspor

    SantaCruz das Flores, deSetembrode,(F.A. Chaves,col.MuseuCarlosMachado).

    AntnioJosRaposo(n.),um dosprimeirosfotgrafosmicaelenses. (col.particular).

    sefixarnoContinente.OprocessonosAo-restersidoidntico,osdadosdisponveisapontamparaque a fotografia tenha che-gadoporintermdiodeestrangeiros,aPon-

    taDelgadaeaAngradoHerosmo,em1845e 1846, respetivamente.Nadcada seguinte, jencontramos es-

    tabelecimentos abertosao pblico,geri-dospor aorianos.A expanso para asvi-lasfoitmidaatIIGuerraMundial,masconsolidou-se depoisdos anos 40com aaberturadecasasespecializadasecompro-fissionais a tempo inteiro. Paralelamenteassiste-seaocrescimentodonmerodefo-tgrafos ambulantesque percorremasfre-guesias rurais.

    A fotografia a preto e branco dominouomercadoataosanos70.Snofinaldes-tadcada, quea fotografiaa cores come-oua conquistar a adeso do pblico. Deumaformageral,estadcadacorrespondea umaoutraetapa da fotografia aoriana,

    comaentradadeumanovageraoqueen-

    veredou por tecnologiasmais avanadA evoluo da prpria sociedade, comtransformaes operadas aps o 25

    Abril e a instaurao do regime auton

    mico,alterarammodosdevida,queasprpriasfotografias testemunham.O munpassa a ser visto a cores e paramuitosformacolorida,comademocratizaoalgada da fotografia.

    Para um conhecimento maisaprofunddo destatemtica,consultaro livroA fo

    grafia nos Aores,editado pela DRAC

    CARLOS [email protected]

    FranciscoAfonso Chaves(-),(col.Museu CarlosMachado).