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Ação social: a ação social segundo Weber ocorre quando o ator “orienta seus atos” para outras pessoas e, assim, é influenciado por elas. O ator leva essas pessoas em consideração ou atua para, em direção a, contra ou apesar delas. O ator molda seus atos com o objetivo de influenciar os outros ou de comunicar-se com eles, elogiá-los, criticá-los, fazê-los rir ou chorar, enfim todas as diversas formas de interação social. Sempre que outras pessoas têm importância para o que fazemos, sempre que pensamos em outros quando atuamos, temos um exemplo de ação social. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA SOCIOLOGIA

2014 conceitos básicos sociologia

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Ação social: a ação social segundo Weber ocorre

quando o ator “orienta seus atos” para outras pessoas e, assim, é influenciado por elas.

O ator leva essas pessoas em consideração ou atua para, em direção a, contra ou apesar delas.

O ator molda seus atos com o objetivo de influenciar os outros ou de comunicar-se com eles, elogiá-los, criticá-los, fazê-los rir ou chorar, enfim todas as diversas formas de interação social.

Sempre que outras pessoas têm importância para o que fazemos, sempre que pensamos em outros quando atuamos, temos um exemplo de ação social.

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Por exemplo, se está chovendo e você abre o guarda-chuva,

obviamente não está atuando em benefício de ninguém além de si mesmo. Mesmo que alguém abra o guarda-chuva e você faça o mesmo, isso também não é ação social – é imitação (mimetismo). Só quando você abre o guarda-chuva por causa de outras pessoas, por causa de um público, isso se torna social. Se está chovendo forte e os outros olham enquanto você segura o guarda-chuva fechado e, em resposta à esses olhares, decide que é melhor abri-lo para que as pessoas não pensem que é um bobo, então seu ato torna-se social ou se decide oferecer abrigo à alguém ao seu lado que está ficando ensopado, isso torna seu ato social. A chave para a ação social é atuar tendo os outros em mente.

Ação social é ação intencional. Pensar nos outros enquanto você atua; o objetivo de seus atos são os outros ou, no mínimo, eles são levados em consideração. 

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A interação social conduz ao estabelecimento de padrões

sociais, que são a base de toda organização social. Quanto mais interagimos e aprofundamos os relacionamentos, mais conhecemos a respeito do que esperar uns dos outros, desenvolvendo rotinas de ações e sendo cada vez menos surpreendidos pelas ações dos outros. Desenvolvemos padrões sociais e estes criam uma organização social da qual fazemos parte.

Padrão social: é um conjunto de regras, normas e procedimentos sobre o qual estabelecemos uma concordância. Padrões sociais introduzem organização, previsibilidade, estabilidade e rotina na existência cotidiana. Sem padrões sociais seria impossível a cooperação em uma base contínua.

Organização social: trata-se de uma interação social padronizada, uma interação com regras. 

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As formas de organização social: a organização

social é definida pelas formas pelas quais se manifesta. Estas são: díades, grupos sociais, organizações formais, comunidades e sociedades.

Em cada forma de organização social, os elementos básicos são os mesmos: a interação social que desenvolve padrões sociais.

A organização torna-se possível porque os indivíduos aceitam os padrões como referencias para o seu pensamento e ação. Essa aceitação facilita o controle social sobre o ator individual e a cooperação entre os atores na organização social.

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Díade: são pares: formam-se díades quando há interação social

padronizada entre duas pessoas – médico-paciente, mãe-filho, marido-mulher, namorado-namorada, professor-aluno – ao longo do tempo. Os padrões vigoram sempre que as duas pessoas interagem, seja face a face ou recorrendo a outros meios de interação (carta, telefone, e-mail, SMS, redes sociais).

Grupos sociais: em sociologia grupo significa mais de dois indivíduos que interagem e formam padrões. Quando os indivíduos se reúnem, atuam segundo determinados padrões.

Os indivíduos ajustam suas ações de acordo com os padrões pré-estabelecidos socialmente. A frequência e a estabilidade dos grupos sociais criam padrões que passam a existir como naturais e inquestionáveis, e nos tornamos mais conscientes deles quando alguém decide violá-los.

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Organizações sociais (formais): quando os grupos se

tornam mais numerosos, geralmente ficam mais formais e impessoais; os padrões, então, são mais explicitados e formalmente declarados, para que os membros entendam com clareza o que se espera deles.

Quando um grupo explicita padrões com regras escritas, torna-se uma organização formal.

As organizações formais caracterizam a sociedade moderna – tudo é registrado (contrato); dependemos das regras escritas. As organizações são grandes e a maioria dos relacionamentos de caráter impessoal.

Somos reconhecidos pelo papel (status social) que ocupamos nessas organizações.

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Comunidades: Uma comunidade é relativamente

auto-suficiente ou independente de outras organizações sociais. Uma família pode ser uma comunidade, se seus membros interagirem nas atividades básicas da vida – por exemplo, a família proporciona as atividades de lazer, bem como a educação e a saúde de seus membros.

A comunidade se distingue da sociedade pelo caráter afetivo e empático entre seus membros, que se reconhecem como pertencentes a um grupo específico, étnico, religioso, excluído, de minorias. Por exemplo: a comunidade judaica, a islâmica, uma prisão, um mosteiro, o Harlem em New York.

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Sempre que houver uma interação social

padronizada entre indivíduos que adquiriram certa auto-suficiência, na qual a interação com as de fora é menor do que com os próprios membros e a própria organização social podemos dizer que há uma comunidade.

Sociedades: sociedade é a maior organização social cujos padrões têm uma importância significativa para as ações dos indivíduos. Suas características principais são: o anonimato e a impessoalidade. É é a organização social dentro da qual existem todas as demais. No mundo contemporâneo, quase sempre, sociedade é o mesmo que Estado-nação (entidade política).

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A sociedade é como todas as demais formas de

organização social, compõe-se de indivíduos que interagem e desenvolvem padrões sociais.

Instituição social: são dispositivos de controle aplicáveis a todos os membros de um grupo organizado e inclusivo.

Instituições sociais são órgãos de controle social, compostos de normas aplicáveis num sistema social, responsável por difundi-la, possibilitando a ordem social, contando com uma autoridade exercida por uma pessoa ou por um conjunto de pessoas.

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Os objetivos da instituição social dependem de sua

natureza, sendo que o principal é sempre manter o equilíbrio social (estrutura, organização, integração dos membros). Os objetivos das instituições sintetizam-se na satisfação das necessidades sociais.

A autoridade é responsável pelo exercício do poder para assegurar o cumprimento das normas – usos, costumes, leis -, garantindo a manutenção do sistema e a consecução dos objetivos.

O sistema social compreende o conjunto determinado, em que há integração intercomplementar dos elementos constitutivos, configurado por tempo, espaço, cultura, valores, padrões.

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Tipologia das instituições sociais: família, escola (educação),

instituições econômicas (empresas, bancos), instituições religiosas, instituições políticas (partidos, burocracias e o Estado).

Diferença entre GRUPOS SOCIAIS E INSTITUIÇÕES SOCIAIS: Apesar desses conceitos serem interdependentes, grupos e

instituições sociais são interdependentes, sua natureza é distinta. Os grupos sociais se referem a indivíduos com objetivos comuns, envolvidos num processo de interação mais ou menos contínuo. Por outro lado, as instituições sociais se referem as regras, normas e procedimentos dos diversos grupos sociais.

Por exemplo: o pai, a mãe e os filhos formam um grupo social elementar; as normas, regras e procedimentos (padrões sociais) que regulam essa relação a tornam uma instituição (familiar).

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Status e papel social Status e papel adquirem sentido como fenômenos relativos a um

grupo, ou seja, define-se nas relações entre os indivíduos (interação social). Tanto que o indivíduo social (socius) é o indivíduo que ocupa uma posição social e do qual se espera o comportamento correspondente a essa posição.

Indivíduo social = indivíduo + status Status social é o conjunto de direitos e deveres que caracterizam

uma posição social, de acordo com os usos, costumes e até leis. Conforme o grupo social (família, escola, grupos religiosos,

profissionais, partido político, nação) o status pode ser mais elevado ou não; num grupo podemos ocupar uma posição superior à dos demais, noutro pode ser inferior, ocorrendo também de ocuparmos posições iguais às de outros.

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O status social pode ser de dois tipos: atribuído e adquirido. O status social atribuído é aquele que independe do

individuo, já que é imposto, independendo inclusive de aptidão pessoal. Por exemplo: gênero, faixa etária, etnia.

O status social adquirido depende das aptidões pessoais, implicando também o esforço e dedicação por mantê-lo. Está associado aos grupos de atividades profissionais e econômicas. Por exemplo: médico, gerente, cientista.

 O papel social é a conduta correspondente ao status social. Como status e papel estão atrelados ao controle social (usos, costumes e leis), a conduta que não corresponde ao status é objeto de sanção social, estabelecida de acordo com a natureza do tipo de controle correspondente.

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TIPOLOGIA DE ESTRATIFICAÇAO SOCIAL Estratificação social: É a diferenciação entre indivíduos e

grupos em posições (status), estratos, frações ou camadas, relativamente estáveis, hierarquicamente sobrepostos.

Características: tem caráter social; manifesta-se segundo diferentes critérios, que variam historicamente; tem influência, isto é, as coisas mais importantes e desejadas são normalmente mais escassas, constituindo objeto de competição e gerando disputas, o que gera a distribuição desigual dos mesmos entre os componentes das diversas camadas, frações, grupos e sub grupos sociais.

A estratificação social obedece a critérios que são impostos aos grupos e por ele difundidos.

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Na história encontramos três tipos principais de

estratificação social: castas, estamentos e classes. Castas: trata-se de um tipo de estratificação de

base étnico-racial que compreende também os laços de parentesco e as atividades ocupacionais hereditárias.

As sociedades de castas são caracterizadas por uma estrutura rígida, o que impossibilita a mobilidade social. O parentesco está associado a um sentido mágico-religioso, uma vez que as origens da linhagem encontram-se numa divindade ou numa parte dela.

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Na Índia esse sistema vigorou até 26 de novembro de 1949,

quando foi promulgada a Constituição da República (proclamada em 1946).

Após o período védico, a organização social foi efetivada pelos Brâmanes. Com a doutrina consolidada em quatro livros (código de Manu (600 aC – 250 aC), Maabárata, Romanina e Purunas), estabeleceram leis que deviam ser obedecidas de maneira incontestável pelas camadas inferiores.

As três ideias básicas desse sistema são: dharma, karma e impureza. Dharma é o conjunto de normas relativas à casta. Karma corresponde ao que denominados destino (cada um nasce na casta que merece). Impureza é a ideia que norteia o princípio da hierarquia.

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Por exemplo, o membro de uma casta é aviltado se mantiver

contato com membro da casta inferior. No caso de um intocável (sem casta) , a simples sombra deste torna impuro o integrante de qualquer casta.

As castas eram quatro: Brahmana (Brâmanes), Rajanya ou Kshatriya (Xátrias), Vaishya (Vaicias) e Sudra (Sudras). Os Brâmanes eram os sábios e sacerdotes, os Xátrias eram os dirigentes e os soldados, os Vaicias eram comerciantes e os Sudras eram os camponeses, trabalhadores e servos. Nessa estrutura ainda temos os `intocáveis` - os párias – que não possuíam casta, sendo marginalizados pela sociedade. O sistema de castas estabelecia regras minuciosas, se estendendo até a regulamentação de bebidas e alimentação.

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Estamentos: a sociedade estamental – ligada ao

período feudal – mantinha um tipo de estratificação baseado na economia fundiária e associado ao princípio honorífico (honra). Ficou também conhecida como sociedade dos Estados. (Nobreza, clero e povo).

Podemos identificar três características desse sistema: Definição legal: cada estamento contava com

dispositivos legais que definiam direitos e deveres; Identificação de funções: cada estamento tinha suas

funções definidas, competindo à nobreza governar, ao clero orar, abençoar e legitimar o poder terreno, ao povo, trabalhar e provisionar os demais estamentos.

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Rara mobilidade social: tratando-se de estratificação

honorífica (digno, honroso), era possível a nobilitação de integrantes do povo em consequência de algum ato ou gesto que fosse reconhecido pela nobreza.

Podemos afirmar que, no estamento, cada estrato deve obedecer leis diferenciadas. Por exemplo, na sociedade feudal os direitos e deveres de um nobre eram diferentes dos direitos e deveres de um servo. E, embora, a lei não prevesse a mudança de status social, ela também não a tornava impossível, como na casta.

Por exemplo, um servo pode se tornar um pequeno comerciante ou um membro do clero, dependendo para isso de um gesto ou ação de caráter honroso.

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Os estamentos eram três: Nobreza (alta e

pequena), clero (alto, pequeno e baixo) e povo. A alta nobreza era o estrato dirigente; a pequena

era composta de cavaleiros e escudeiros; o clero, composto pelo papa, chefe da Igreja, que dispunha de ascendência sobre os reis, poderia ser considerado pertencente à alta hierarquia clerical, juntamente com os bispos de origem nobre, depois viriam o clero da pequena nobreza e o baixo clero. O povo era integrado pelos camponeses e servos, depois também pelos artesãos e pela burguesia.

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Classe social: trata-se de um grupo social que têm status associado

à variável econômica. O conceito de classe social se desenvolve com a consolidação do

sistema capitalista, que de acordo com Marx divide a sociedade em duas grandes classes: os exploradores (detentores da propriedade e do capital) e os explorados. (os destituídos de propriedades e que vendem sua força de trabalho no mercado, recebendo em troca um salário)

Diferencia-se da casta (mobilidade inexiste) e do estamento (mobilidade rara e baseada na honra, caráter honorífico) porque a possibilidade de ascensão social está baseada no sentido da igualdade formal entre os homens (Contrato Social/leis), o que possibilitaria a mobilidade social tendo por base o mérito e competência individual ou o acaso (nascimento/loteria).

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A divisão da sociedade em classes é consequência dos

diferentes papéis que os grupos sociais têm no processo de produção, segundo a teoria marxista.

A classe social pode ser definida como um grupo social que têm status similar segundo critérios econômicos. Somados à esse podem haver outros, como critérios políticos e ideológicos, no entanto, o econômico tem grande importância para a atribuição da classe.

Por fim, a classe social é decorrente de uma situação de, acaso, oportunidades e interesses econômicos. No entanto, defini-se realmente pela consciência de seus membros.

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Mobilidade social: horizontal e vertical A divisão da sociedade em classes (e frações ou

estratos de classe) manifesta a existência de desigualdades sociais.

As Desigualdades sociais constituem uma das razões dos conflitos sociais. A gestão social dos conflitos é administrada por meio da mobilidade social.

Mobilidade social é a possibilidade dos indivíduos terem seu status alterado e, por conseguinte seu papel social.

Podemos identificar dois tipos principais de mobilidade social: a horizontal e a vertical.

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A mobilidade horizontal estabelece a mudança

de status que não implica necessariamente mudança de estrato social. Por exemplo, um indivíduo que ocupa o cargo de diretor de RH de uma empresa e passa para o mesmo cargo em outra empresa. Outro exemplo seria a mudança do local de residência, de uma cidade para outra.

A mobilidade vertical, porém, corresponde à mudança de estrato/fração social. Por exemplo, um indivíduo é promovido de trainee para gerente.

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