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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Registro: 2015.0000965623 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 2224957-28.2015.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante TV ÔMEGA LTDA, é agravado ALMEIDA ROTENBERG E BOSCOLI SOCIEDADE DE ADVOGADOS. ACORDAM, em 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores CAMPOS PETRONI (Presidente) e SERGIO ALFIERI. São Paulo, 15 de dezembro de 2015 MOURÃO NETO RELATOR Assinatura Eletrônica

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TRIBUNAL DE JUSTIÇAPODER JUDICIÁRIO

São Paulo

Registro: 2015.0000965623

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº2224957-28.2015.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante TVÔMEGA LTDA, é agravado ALMEIDA ROTENBERG E BOSCOLI SOCIEDADEDE ADVOGADOS.

ACORDAM, em 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiçade São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V.

U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. DesembargadoresCAMPOS PETRONI (Presidente) e SERGIO ALFIERI.

São Paulo, 15 de dezembro de 2015

MOURÃO NETO

RELATOR 

Assinatura Eletrônica

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Agravo de Instrumento nº 2224957-28.2015.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 9896 2/7

 Agravo de Instrumento n. 2224957-28.2015.8.26.0000

 Voto n. 9.896Comarca:  São Paulo (Foro Central - 14ª Vara Cível) Agravante: TV Ômega Ltda. Agravada:  Almeida Rotenberg e Boscoli Sociedade de

 Advogados

MMª. Juíza:   Letícia Antunes Tavares

Processual. Ação de cobrança de honoráriosadvocatícios. Cumprimento de sentença. Decisãoagravada que determinou a exibição de contratos depublicidade firmados pela agravante com seusparceiros comerciais para análise do pedido depenhora de créditos formulado pela agravadaexequente. Pretensão à reforma. Cabimento em parte.

Inteligência do art. 620 do CPC. Elementos dos autosque autorizam o acolhimento do segundo pedidodeduzido em caráter subsidiário nas razões recursais,para que venham aos autos apenas informações sobreo valor dos créditos devidos à executada por seusparceiros comerciais. Desnecessidade, portanto, da juntada aos autos dos instrumentos contratuais,providência que não foi requerida pelos exequentes.

RECURSO PROVIDO EM PARTE.

I Relatório.

Trata-se de agravo de instrumento interposto por TV

Ômega Ltda. contra a decisão de fls. 100, proferida em ação de cobrança de

honorários advocatícios que lhe foi proposta por Almeida Rotenberg e

Boscoli Sociedade de Advogados, em fase de cumprimento de sentença, que

determinou a exibição dos contratos de publicidade, firmados pela agravante

com seus parceiros comerciais, para análise do pedido de penhora de créditosformulado pela agravada exequente (cf. fls. 90/92).

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 A agravante postula a reforma do decisum, aduzindo que são

confidenciais e sigilosos os termos dos contratos de publicidade que celebroucom seus parceiros comerciais. Subsidiariamente, postula que a“a determinação

deexibição dos contratos depublicidaderestrinja-sea umúnico parceiro comercial” ou

“queao invés derequisitar-secópia dos contratos seja solicitada tão somenteinformação

sobreos valores a serempagos à agravante” (sic) (fls. 9). Considera suficiente para a

análise do pedido da agravada de “penhora de crédito”, “a mera requisição de

informações acerca devalores eventualmenteexistentes” (fls. 1/ 9).O pedido de efeito suspensivo foi deferido (fls. 105).

Contraminuta a fls. 110/132. 

II Fundamentação.

O recurso merece provimento em parte.

Como se depreende do exame dos documentos que

compõem este instrumento, a agravada ajuizou em face da agravante ação de

cobrança de honorários advocatícios (fls. 19/ 26).

 A sentença, que julgou parcialmente procedente o pedido

para condenar a agravante ao pagamento de honorários no valor de R$

341.844,04 (trezentos e quarenta e um mil oitocentos e quarenta e quatro

reais e quatro centavos), foi confirmada por este E. Tribunal por acórdão

que, na sequência, foi objeto de recurso aos Tribunais Superiores (cf. fls.

33/89).

Iniciada a fase de cumprimento provisório de sentença, e

porque requerida a penhora de créditos titulados pela executada, houve por

bem o MM. Juízo a quodeterminar a exibição dos contratos de publicidade

celebrados pela agravante com Banco do Brasil S/A, Casas Bahia Comercial

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Ltda., Ultrafarma Saúde Ltda. e Ragi Refrigerantes S/ A, nos seguintes termos

(fls. 100 grifo não original):

“Tratando-se de suposto crédito em favor doexecutado, nos termos do artigo 671 e 676 do CPC, se afigurapossível a penhora sobre a receita auferida pela requeridaoriunda de contrato publicidade firmado com terceiros, pois,por óbvio, tal receita possui expressão monetária que poderáser aproveitada para satisfação do débito.

 Todavia, sem a ciência do conteúdo dos supostos

contratos de publicidade, não se pode aferir exatamente aextensão de tal medida, que, a depender do valor daquelescontratos, poderá obstacularizar ainda mais a satisfaçãodesta execução ou, ainda, onerar em demasia o executado(artigo 659, caput, e parágrafo 2º, CPC).

Desta feita, para análise do pedido dosexequentes, determino que o Banco do Brasil S.A., as CasasBahia Comercial Ltda., a Ultrafarma Saúde Ltda., e a RagiRefrigerantes S.A., exibam os contratos de publicidadefirmados com a executada TV Ômega Ltda., no prazo detrinta dias, encaminhando cópias a este feito. (...)”.

Importante salientar, nesse passo, que a exibição não foi

requerida pelos exequentes, mas, sim, determinada pelo MM. Juízoa quocom

fulcro em justificada preocupação em previamente conhecer os valores dos

créditos.

Ocorre que, para tal desiderato, não se faz necessária, emprincípio, a exibição, devendo ser observado, no particular, o disposto no

artigo 620, do Código de Processo Civil, muito embora não se possa deixar

de considerar: (i) o porte econômico da agravante; (ii) que o valor exequendo

soma o montante de R$ 1.527.496,60 (fls. 90/94); (iii) que a penhoraon linede

seus ativos financeiros foi efetivada no valor ínfimo de R$ 3.285,00 (três mil

duzentos e oitenta e cinco reais) (fls. 135); e (iv) que frustrada foi a tentativade localização de bens de titularidade da agravante.

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Portanto, merece acolhimento somente o segundo pedido

subsidiário formulado neste recurso.De fato, nas razões recursais, a agravante ressalta que “a

única informação que possa interessar ao processo éa dos valores a

serem pagos, sendo absolutamenteinútil a violação do sigilo quanto aos demais aspectos

da relação comercial, queemnada contribuiriampara o desfecho do cumprimento de

sentença p. ex. horários das exibições dos anúncios, regras deprodução do material

audiovisual a ser exibido, descontos praticados, valores já pagos antes da determinação judicial, etc embora sobreeles recaia justo interessedeconfidencialidade, por parteda

agravanteeseus clientes” (sic) (fls. 5).

Por tal razão, pondera que “a mera requisição de

informações acerca de valores eventualmente existentes já seri a

suficiente para a análise do D . Julgador Singular com relação ao pleito

de penhora de crédi to formulado pelo agravado ” (sic) (fls. 6 grifo não

original).

Em decorrência pediu em caráter subsidiário que “a

determinação deexibição dos contratos depublicidaderestrinja-sea umúnico parceiro

comercial” ou “que ao invés de requisitar-se “cópia de contratos” seja

solici tada tão somente informação sobre os valores a serem pagos à 

agravante”  (sic) (fls. 9).

E como se viu do pedido formulado pela agravada, sua

pretensão corresponde a penhora dos créditos a serem recebidos pela

agravante em decorrência da prestação de serviços de publicidade, conforme

reiterou a fls. 129/131 na contraminuta.

Desse modo, respeitado o entendimento do MM. Juízo a

quo, não parece razoável que para análise deste pedido sejam expostas nestes

autos as demais informações constantes dos instrumentos contratuais, sendo,

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portanto, desnecessária a exibição dos contratos.

Nesse sentido, cumpre mencionar decisão desta C. Corte

proferida em caso análogo:

EXECUÇÃO Adota-se a orientação deque é admissível o deferimento do pedido do credor deexpedição de ofício para empresas por ele indicadas para

informar acerca da existência de créditos a serem recebidospelo devedor, por ser medida de interesse da justiça, quandonecessitar de intervenção judicial e depois de esgotadas astentativas de localização de bens passíveis de penhora para asatisfação integral do débito (...) A penhora sobre créditosou outros direitos patrimoniais, dentre os quais se incluem osreferentes a valores a serem recebidos a título decontraprestação Recurso desprovido. (Agravo deInstrumento n. 2085903-47.2015.8.26.0000, 20ª Câmara deDireito Privado, Des. Rel. Rebello Pinho, j. 27/7/2015)

Por fim, observo que em consulta encetada no Portal deste

Tribunal de Justiça na Internet, constatou-se a existência de decisão proferida

na origem no sentido de preservar, em pasta própria (com proteção a

eventual confidencialidade), instrumentos contratuais já exibidos e que

 venham a ser exibidos. Em assim sendo, as informações necessárias à

constrição dos créditos poderão ser colhidas diretamente pelo MM. Juízo aquo, sem maiores delongas.

III Conclusão.

Diante do exposto, dá-se provimento em parte ao

recurso para afastar a determinação de exibição dos instrumentos

contratuais, bastando que venham aos autos informações acerca dos créditos

decorrentes dos contratos que foram celebrados, pela agravante, com Banco

do Brasil S/ A, Casas Bahia Comercial Ltda., Ultrafarma Saúde Ltda. e Ragi

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Refrigerantes S/ A, informações que poderão ser colhidas pelo juízo

diretamente nos instrumentos contratuais que já foram ou venham a serexibidos e que, por força da liminar concedida neste agravo, estão arquivados

em pasta própria.

MOURÃO N ETO 

Relator