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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: 2016.0000039537 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação 1035864- 91.2014.8.26.0002, da Comarca de São Paulo, em que é apelante CELSO GONCALVES, é apelada EDNA MANOEL (JUSTIÇA GRATUITA). ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ARALDO TELLES (Presidente), ELCIO TRUJILLO E CESAR CIAMPOLINI. São Paulo, 3 de fevereiro de 2016. Araldo Telles Relator Assinatura Eletrônica

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2016.0000039537

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1035864-91.2014.8.26.0002, da Comarca de São Paulo, em que é apelante CELSO GONCALVES, é apelada EDNA MANOEL (JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores ARALDO TELLES (Presidente), ELCIO TRUJILLO E CESAR CIAMPOLINI.

São Paulo, 3 de fevereiro de 2016.

Araldo TellesRelator

Assinatura Eletrônica

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Apelação nº 1035864-91.2014.8.26.0002 -Voto nº 34904 2

COMARCA DE SÃO PAULO

JUIZ DE DIREITO: ALEXANDRE DAVID MALFATTI

APELANTE: CELSO GONÇALVES

APELADA: EDNA MANOEL

VOTO N.º 34.904

EMENTA: Prestação de contas. Primeira fase. Sociedade de advogados não personificada, firmada entre cônjuges, cuja carteira de clientes foi objeto de partilha no divórcio. Incontroversa administração exclusiva do varão. Dever de prestar contas existente. Procedência da demanda mantida.

Recurso desprovido.

Trata-se de ação de prestação de contas intentada pela

apelada em face do apelante, seu ex-marido, julgada procedente em sua

primeira fase.

Inconformado, apela o vencido a insistir na improcedência

da ação sob o argumento de que é impossível a prestação de contas, tal como

requerida, vez que possui informações apenas dos processos de natureza

trabalhista.

Ausente contrariedade e recolhido o preparo, vieram-me

os autos.

É o relatório, adotado o de fls. 153/156.

O recurso não merece prosperar.

Restou incontroversa a existência de sociedade em

comum, de natureza simples, dedicada à prestação de serviços advocatícios e

integrada pela autora e réu, enquanto casados.

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Com o divórcio e a respectiva partilha, resolveram que a

carteira de clientes seria dividida em partes iguais, nos termos da proposta de

acordo de fls. 17, devidamente homologada em audiência de conciliação (fls.

18/19).

A autora ajuizou, então, a presente demanda, com o fito de

obter a prestação de contas do ex-marido, dizendo que este, enquanto

administrador da sociedade, não teria rateado os valores obtidos com os

processos judiciais, a título de honorários advocatícios.

Inúmeras são as hipóteses previstas no Código Civil de

obrigação de prestar contas ou do direito de exigi-las. A propósito, Cassio

Scarpinella Bueno expõe algumas delas: o sucessor provisório do ausente

que não seja descendente, ascendente ou cônjuge (art. 33, caput); o

mandatário (art. 668); os administradores nas sociedades em geral (art.

1.020); o síndico do condomínio (art. 1.348, VIII); os tutores (art. 1.755) e

os curadores (art. 1.781).1

O caso dos autos enquadra-se na obrigação do

administrador, que pode ou não ser sócio, prestar contas de sua gerência aos

demais sócios, expressamente prevista no art. 1.020 do Código Civil.

Prestação de contas. Primeira fase. Sociedade de

advogados não personificada e dissolvida parcialmente com a retirada

do autor. Extinção da ação com o reconhecimento da prescrição do art.

206, §5º, I, do CC Apelo para reforma. Dano oriundo da inobservância

de dever contratual - Aplicação do prazo prescricional previsto no art.

205 do CC - Dever legal de os réus prestarem as contas almejadas pelo

autor, já que incontroverso o recebimento de créditos advindos de

honorários de sucumbência contratados durante a vigência da

sociedade desfeita, situação prevista no parágrafo único da cláusula 13ª

do instrumento particular de dissolução parcial de sociedade -

Provimento para determinar que as contas sejam prestadas no prazo de

1 Curso sistematizado de direito processual civil : procedimentos especiais do Código de Processo Civil ;

Juizados Especiais, vol. 2, tomo II São Paulo : Saraiva, 2011. Pg. 62.

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48 horas, nos termos do art. 915, § 2º, 2ª parte, do CPC. Aplicação do

art. 515, § 3º, do CPC. Prejudicado o recurso adesivo dos réus.2

Na hipótese, não há dúvida de que, após a separação de

corpos, o varão assumiu, exclusivamente, o comando do escritório de

advocacia, tanto que, na mencionada audiência, estabeleceu-se que

permaneceria instalado no escritório, que já ocupava, por mais seis meses

(fls. 19). O inquérito policial de fls. 90/91, igualmente, dá conta de que

administrava a sociedade isoladamente. Não fosse isso, vê-se que juntou às

fls. 128/148 lista completa dos processos sob a responsabilidade daquela

banca, a sedimentar a conclusão.

Assim, inequívoca a obrigação do recorrente, não há como

afastar a procedência da ação.

Por esses fundamentos, nego provimento ao recurso.

É como voto.

JOSÉ ARALDO DA COSTA TELLES

RELATOR

2 Apel. nº 0003408-07.2011.8.26.0004, sob a rel. do Des. Ênio Zuliani, da C. 4ª Câmara de Direito Privado

desta Corte.