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2016©ITPAC Porto Nacional É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. COLETÂNEA CIENTÍFICA PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS: Informação Cientifica Baseada em Evidências

Publicação FAPAC – Faculdade Presidente Antônio Carlos

Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Porto Ltda Coordenação de Trabalho de Conclusão de Curso

Diretoria Geral Diretoria Acadêmica Cleber Decarli de Assis Maria Rosa Arantes Pavel [email protected] [email protected] Medicina Enfermagem Dr. Cristiano da Silva Granadier Karine Kummer Gemelli [email protected] [email protected] Odontologia Coordenação de Laboratórios da Saúde Ana Paula Mundim Carina Scolari Gosch [email protected] [email protected] CoPPEX Clínica Odontológica Talita Caroline Miranda Bruna Mirelly Simões Vieira [email protected] [email protected]

Biblioteca Raquel Modesto

Ludmila Parreiras Pacheco Leite [email protected] /

[email protected]

Rua 02, Quadra07, S/N, Jardim dos Ipês

CEP: 77500-Porto Nacional - TO Tel.: (63) 3363-9600 E-mail: www.itpacporto.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca FAPAC – Itpac Porto Nacional

C694

Coletânea Cientifica Presidente Antônio Carlos: informação cientifica baseada em evidências. / Josefa Moreira do Nascimento – Rocha et al. Porto Nacional - TO: FAPAC – Itpac Porto Nacional, 2016.

In ISBN 978-85-69629-05-4 03 - 146 p. (v.1) 1. Trabalhos científicos 2. Coletânea I. Título

CDD (22ª) 610

Responsável: Processamento Técnico Biblioteca FAPAC – Itpac Porto Nacional

TERESA RAQUEL FRANCO DA CONCEIÇÃO CRB 2 – 1291

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SUMÁRIO

ANÁLISE DE ENFERMIDADES CRÔNICAS EM IDOSOS INTERNADOS NO ABRIGO JOÃO XXIII, EM

PORTO NACIONAL-TO. ................................................................................................................................... 5

Dieilane Rodrigues Martins1,;Giselle Ayres Antunes1; Elson Santos Silva Carvalho2; Arthur Alves Borges de

Carvalho²; Carlline Barroso Vicentine²; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves

Rocha Martins². ............................................................................................................................................. 5

ARCADA DENTÁRIA COMO MEIO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA .......................................................... 11

Ruana Pabline Camargo Cantiere Calado¹; Cláudia Renata Malvezzi Taque²; Renata Malvezzi Taques²;

Antônio César Dourado Souza²; José Lopes Soares Neto²; Joelcy Pereira Tavares²; Cristiano da Silva

Granadier²; Danilo Felix Daud². ................................................................................................................... 11

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE FISSURADO: Relato De Caso Clínico............... 15

Aline Portilho Pinto¹; Schantyúska Katryne dos Santos Guimarães¹; Laura Souza de Castro²; Cristiano

da Silva Granadier²; Danilo Felix Daud²; Raimundo Célio Pedreira². ......................................................... 15

AVALIAÇÃO DA DOR OSTEOMUSCULAR EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DO RAMO DE

AGRONEGÓCIOS DO TOCANTINS .............................................................................................................. 24

Denize Khirlley Macedo1, Rossane Cerqueira Carvalho1, Karine Kummer Gemelli2; Talita Rocha Cardoso2;

Joelcy Pereira Tavares²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral Silva2. ......................................................... 24

AVALIAÇÃO DA FLUORETAÇAO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICIPIO DE

GURUPI – TO. ................................................................................................................................................. 34

Ildenise Nunes Borges¹; Jéssica Flores de Oliveira¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Raquel da Silva

Aires²; Thompson de Oliveira Turibio²; Vanessa Regina Maciel Uzan². ..................................................... 34

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS DE ODONTOLOGIA FAPAC ITPAC-PORTO

ACERCA DA IDENTIFICAÇÃO DE CÂNCER BUCAL .................................................................................. 42

Charles Franklin Aires Pimenta¹; Thainara da Silva Santos¹; Carllini Vicentini²; Elyne Regiane²; Laura Souza

de Castro²; Obede Rodrigues Ferreira²; Jonas Eraldo de Lima Júnior² ...................................................... 42

CEFALÉIA TENSIONAL E TOXINA BOTULÍNICA: Relado De Caso Clínico ............................................. 48

Gleyton Malonny Galvão De Freitas¹; Rafael Vinícius da Rocha²; Eduardo Marques²; Ronyere Olegário de

Araujo²; Talita Rocha Cardoso²; Tania Maria Aires Gomes Rocha²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral

Silva². ........................................................................................................................................................... 48

CONDIÇÃO PERIODONTAL DE UM USUÁRIO DE MACONHA E CRACK - Relato de Caso Clínico ...... 54

Gabriela Soares dos Reis1; Verônica Lustosa de Souza1; Elyne Regiane dos Santos Gomes2; Ana Paula

Faria Moraes2; Carllini Barroso Vicentini2; Arthur Alves Borges de Carvalho2; Ozenilde Alves Rocha

Martins². ....................................................................................................................................................... 54

CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS EM ODONTOLOGIA DA FAPAC ITPAC-PORTO SOBRE

NORMAS DE PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA ........................................................................................ 62

Genilda Oliveira da Silva¹; Hugo Fernandes Passos¹; Carllini Barroso Vicentini²; Obede Rodrigues Pereira²;

Wagner Souza Lima da Luz²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Raimundo Célio Pedreira²; Carlos Eduardo

Bezerra do Amaral Silva; ............................................................................................................................. 62

DEFICIÊNCIA DA FLUORETAÇÃO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICÍPIO DE

MIRACEMA-TO ............................................................................................................................................... 72

Markiany de Araújo Basto¹; Francijane da Silva Rabelo¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Andriele

Gasparetto²; Flávio Dias Silva²; Raquel da Silva Aires². ............................................................................. 72

DISSECAÇÃO E PREPARAÇÃO DE PEÇAS ANATÔMICAS COM FINALIDADE DIDÁTICA A PARTIR DE

CADÁVER HUMANO ...................................................................................................................................... 78

Marco Aurélio Leão Beltrami¹, Mayara Armeliato¹, Manoel Vicente de Souza Andrade Júnior¹, Eduardo

Santos Cruz¹, Natália Beltrami¹, André Moreira Rocha², Josefa Moreira do Nascimento-Rocha²; Jonas

Eraldo de Lima Júnior²................................................................................................................................. 78

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EPIDEMIOLOGIA DAS HEPATITES VIRAIS NA POPULAÇÃO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS ... 84

Paula Silva Aragão¹; Rarifela do Carmo Cutrim¹; Larissa Brito Pereira¹; Ray Almeida da Silva Rocha¹;Tálita

Silva Aragão²; Thompson de Oliveira Turíbio³; Ronyere Olegário de Araujo³; Tania Maria Aires Gomes

Rocha³. ........................................................................................................................................................ 84

HETEROCONTROLE DA FLUORETAÇÃO ÁGUA DE FORNECIMENTO PÚBLICO DE PALMAS-TO .... 89

Janaina Fernanda Isidoro Sandim¹; Kamilla Oliveira de Sousa¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²;

Ronyere Olegário de Araujo²; Thompson de Oliveira Turibio²; Carina Scolari Gosch². .............................. 89

O DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM NA VISÃO DOS ENFERMEIROS DO

HOSPITAL REGIONAL DE PORTO NACIONAL........................................................................................... 99

Dilliane Farias Alencar1, Dyolla Dynarth Santos Nogueira1, Grazielly Mendes de Sousa2, Karine Kummer

Gemelli2; Viviane Tiemi Kenmoti2. ............................................................................................................... 99

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES VÍTIMAS DE ACIDENTES POR RAIAS ATENDIDOS NO

HOSPITAL PÚBLICO DE PORTO NACIONAL/TO, 2012 A 2015 .............................................................. 105

Alderina Patrício Dos Passos1, Mozaniel Aires Pimenta1, Gabriela Ortega Coelho Thomazi2; Raquel da Silva

Aires²; Thompson de Oliveira Turibio². ...................................................................................................... 105

TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTEMICO EM

AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE CASO ....................................................................................... 114

Cinthia June Ribeiro Santos¹; Simone Alves Parente¹; Cintia Ferreira Gonçalves²; Ana Paula Mundim²;

Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Raimundo Célio Pedreira²; Jonas Eraldo de Lima Júnior². ...... 114

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS DOADORES DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E

TRANSFUSÃO DE PORTO NACIONAL-TO ................................................................................................ 121

SOCIODEMOGRAPHIC PROFILE OF BLOOD DONORS IN COLLECTION AND TRANSFUSION UNIT IN

PORTO NACIONAL CITY, TOCANTINS STATE, BRAZIL ....................................................................... 121

PROPOSTA DE UM PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO (POP) PARA O USO DO LASER DE

ALTA POTÊNCIA NA CLÍNICA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DO ITPAC - PORTO NACIONAL

....................................................................................................................................................................... 129

Layana Wilza Rocha da Silva¹; André Machado de Senna²; Antônio César Dourado Souza²;

Carina Scolari Gosch²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Jonas Eraldo de Lima Júnior². 129

RELAÇÃO ENTRE DOR E SOBREPESO EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE

AGRONEGÓCIOS DO TOCANTINS. ........................................................................................................... 138

Michelle Cristinne Evangelista Paiva, Thaís de Andrade Lino¹, Karine Kummer Gemelli; Cristiano da Silva

Granadier²; Danilo Felix Daud²; Joelcy Pereira Tavares²; Tiago Farret Gemelli²; Carlos Eduardo Bezerra do

Amaral Silva² ............................................................................................................................................. 138

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ANÁLISE DE ENFERMIDADES CRÔNICAS EM IDOSOS INTERNADOS NO ABRIGO JOÃO XXIII, EM PORTO NACIONAL-TO.

CHRONIC DISEASES ANALYSUS OF HOSPITALIZED ELDERLY IN SHELTER JOÃO XXIII, IN

PORTO NACIONAL-TO.

Dieilane Rodrigues Martins1,;Giselle Ayres Antunes1; Elson Santos Silva Carvalho2; Arthur Alves Borges de Carvalho²; Carlline Barroso Vicentine²; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves

Rocha Martins². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - Com o passar dos anos, o aumento da expectativa de vida e baixo índice de natalidade e fecundidade, ou seja, a transição demográfica brasileira tem elevado o índice de idosos no Brasil. Como há uma maior prevalência de doenças crônicas associadas a esse perfil etário, as discussões sobre as estratégias de promoção da saúde e os cuidados associados tem tido crescente importância. Esta pesquisa ocorreu em uma instituição filantrópica sem fins lucrativos, caritativa, que oferta assistência a pessoas com idade superior a 60 anos, com vulnerabilidade socioeconômica, e que, em maioria, sofrem pelo abandono dos seus familiares ou não ter família conhecida. Objetivo: Tem como principal objetivo investigar a relação entre as enfermidades crônicas nos idosos internados em Fevereiro de 2015 no Abrigo João XXIII de Porto Nacional - TO e os tratamentos disponibilizados pelas políticas públicas de saúde. Métodos: Foram analisadas e filtradas informações sociodemográficas e o diagnóstico de doenças crônicas e fármacos administrados, conforme os Termos de Internação da população de ingressantes em Fevereiro no ano de 2015, considerando a estimativa referencial de 35 leitos disponíveis no Abrigo João XXIII, em Porto Nacional - TO. Resultados: Constatou-se que a patologia com maior prevalência é a HAS, diagnosticada em 21 internos, em um total de 28 (72,4%). Destacam-se igualmente a prescrição dos medicamentos, alguns combinados, como a HCTZ 34,5%, Captopril® 37,9%, e o Ácido Acetilsalicílico (AAS) 37,9% e Sinvastatina®, 34,5%. Conclusão: O Abrigo João XXIII tem uma grande necessidade e é dependente da qualidade dos serviços públicos de saúde pública. As fragilidades do Sistema Único de Saúde impactam diretamente na assistência adequada e digna que os internos deveriam ter, em termos de tratamentos e acompanhamentos. Palavras-chave: Doenças Crônicas. Envelhecimento. Idoso. ABSTRACT: Introduction - Over the years, with the increase in life expectancy added to a low birth rate and fertility, Brazilian demographic transition has elevated the index in elderly population in the country. As there is a higher prevalence of chronic diseases associated with this age profile, discussions of health promotion strategies and the cautions associated with this scenario are increasing, therefore, getting more important. This research will take place in a philanthropic nonprofit and charitable institution which offers assistance to people over the age of 60 years with socioeconomic vulnerability, that most often are abandoned by their families or don’t have known family. Objective: The main objective of this essay is to investigate the interaction among chronic diseases in the elderly hospitalized in February 2015 in Abrigo João XXIII, Porto Nacional - TO and the treatments offered by public health policies. Methods: We analyzed and filtered sociodemographic information and the diagnosis of chronic diseases and drugs administered, according to the Internment Terms of the incoming population of February in the year 2015, considering the estimated benchmark of 35 beds available in the Abrigo João XXIII, in Porto Nacional – TO. Results: It was found that the most prevalent disease is the hypertension, diagnosed in 21 elderly, for a total of 28 (72.4 %). Noteworthy are also the prescription of drugs, some combinated, such as HCTZ 34.5 %, 37.9% of Captopril®, Aspirin (ASA) 37.9% and Sinvastatina® to 34.5 % of population. Conclusion: The Shelter João XXIII has a great need and is dependent of public health services quality, and his weakness directly impacts the proper and dignified care they should have the treatment and monitoring of the Brazilian Unified Health System. Key-words: Chronic Diseases. Aging. Aged.

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1 INTRODUÇÃO

A sociedade brasileira tende ao envelhecimento e esse fenômeno tem provocado nos

profissionais da área da saúde esforços para acompanhar e compreendê-lo. Para a Organização

Mundial de Saúde (OMS) é considerado idoso o indivíduo acima de 65 anos. A partir desta faixa

etária, há uma prevalência de doenças crônicas e sua gravidade varia de acordo com os hábitos de

vida e predisposição genética (BRASIL, 2005).

Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa (com mais

de 60 anos) aproxima-se de 10,7 milhões de habitantes. No ritmo, poderá chegar a 34 milhões de

habitantes com esse perfil etário. Com o decorrer da vida, o organismo vai passando por diversas

mudanças fisiológicas e o envelhecimento é uma etapa cronológica, inevitável e inerentemente

subjetiva (CAMARANO e KANSO. 2010).

O aumento da população idosa tende a tencionar diversas mudanças na sociedade,

aumentando proporcionalmente os indicadores de patologias crônicas e, a demanda à necessidade

do acompanhamento especializado. Por determinação legal, o papel de cuidador é uma

incumbência dos próprios entes familiares ou pessoas próximas. Infelizmente, muitos não assumem

essa obrigação (MOTTA, 2004).

A constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu art. 230, determina que

seja dever da família, da sociedade e do estado amparar os idosos. Para regular essa premissa, foi

criado o Estatuto do Idoso, para assegurar e ampliar os direitos dos idosos com idade igual ou

superior a 60 anos (Lei 10.741). Surgiram no Brasil à ação de entidades, grupos organizados,

predominantemente filantrópicos, que dirigem se à população carente que necessita de cuidados e

não os recebem da família e Estado (BRASIL, 2003).

Devido ao grande número de idosos ainda desamparados, a Sociedade Brasileira de

Geriatria e Gerontologia sugeriu a formalização e regulamentação dos preceitos para Instituição de

Longa Permanência para Idosos (ILPI). Nessas instituições são exigidos padrões para assistência

adequada e digna, além de moradia, alimentação e vestuários e também serviços médicos e

medicamentos (CAMARANO et al. 2010).

A pesquisa foi realizada no Abrigo João XXIII, localizado na cidade de Porto Nacional - TO.

É uma obra unida da sociedade São Vicente de Paulo, fundada em 18 de março de 1979. Trata-se

associação civil de direito privado, filantrópica, beneficente, para fins não econômicos, caritativa e

de assistência social de duração por tempo indeterminado. Possui capacidade para 35 idosos e

sendo de total responsabilidade da mesma.

A importância deste estudo é conhecer mais sobre doenças crônicas para indicar os

caminhos a uma assistência mais adequada e digna aos internos do Abrigo João XXIII,

considerando todo o esforço e possibilidades de atuação de entidades com essa natureza e perfil.

Ainda, como profissionais da enfermagem, para potencializar o rol de conhecimentos sobre a

velhice, que é uma etapa da vida com características próprias, dinâmicas, nas estruturas orgânicas

e funcionais, metabolismo, nutrição, imunidade, intelectual e emocional.

O problema de pesquisa esteve associado à maior recorrência ou menor prevalência de

doenças crônicas, dentre as associadas aos internados no Abrigo João XXIII. Em consequência,

averiguar se o tratamento para pacientes diagnosticados com doenças crônicas é coerente com os

consensos legais e biomédicos, preconizados como ideais pelo Ministério da saúde (MS).

Partiu-se do pressuposto que as necessidades e direitos legais ao tratamento de doenças

crônicas são prejudicados pelas fragilidades de atendimento do Sistema Único de Saúde. O objetivo

deste artigo foi investigar a relação entre as enfermidades crônicas nos idosos internados em

Fevereiro de 2015 no Abrigo João XXIII em Porto Nacional - TO e os tratamentos disponibilizados

pelas políticas públicas de saúde.

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2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo exploratório, descritiva e documental, com uma abordagem

quantitativa por possibilitar uma melhor investigação sobre a problemática da pesquisa para orientar

estratégias locais e mais amplas de saúde do idoso, especialmente os institucionalizados. A

pesquisa foi realizada na Instituição de Longa Permanência “Abrigo João XXIII”, localizado na

cidade de Porto Nacional – TO.

Considerando que o limite de população internada não poderia ultrapassar 35 leitos, optou-

se em pesquisar a população total dos idosos. Foram utilizados como critérios de inclusão homens

e mulheres, acima de 60 anos, que estava regularmente internado no mês da coleta de dados. Os

critérios de exclusão, por conseguinte, foram com idade inferior a 60 anos, idosos, que não tinham

cadastro formal e dados fora do período citado. O corte amostral foi temporal, portanto, a

investigação sobre os Termos de Internados foi limitada aos ingressos no período.

Os dados foram coletados através de uma observação e análise de prontuários, através de

instrumento elaborado pelos pesquisadores. Selecionou-se e filtrou todas as fichas de internação

do período, registrando numericamente, em um Survey de linguagem aberta e gratuita, com

funcionamento colaborativo online e auxílio de tablet e notebook. Os pacientes foram identificados

por um código numérico sequencial, de acordo com a ordem de internação. A validação ocorreu

pela reconferência de cada pesquisadora, comparada com as estatísticas globais do Abrigo.

As variáveis que foram encontradas são características sociodemográficas (gênero, idade),

comportamentos relacionados à saúde (uso de medicamentos, presença e identificação de doenças

crônicas não transmissíveis e fatores de risco declarados – tabagismo), a data de entrada e

tratamento.

Predomina a estatística descritiva na sistematização de dados secundários individuais, que

possibilitarão avaliações diagnósticas e estratégias coletivas no âmbito da gestão do Abrigo e

colaborações externas.

O trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFT (CEP),

processo n° 124_2014.

3 RESULTADOS

O Abrigo João XXIII tem a capacidade para 35 internos, por leitos disponíveis. A amostra,

pelo corte etário de 60 anos, indica 28 idosos internados no mês de fevereiro de 2015. Foram

incluídos cinco internos, que estão abaixo da definição da OMS (Organização Mundial de Saúde)

sobre inclusão nessa faixa, pela vulnerabilidade comum e necessidade comum de assistência

adequada. Médias de idade encontrada na instituição foram: 74 anos.

As patologias

prevalentes na análise

dos dados, de acordo

com a Tabela 2, são por

ordem: HAS

(Hipertensão Arterial

Sistêmica), DM

(Diabetes Mellitus),

Cardiopatia, transtorno

mental, AVC (Acidente

Vascular Cerebral) e

Alzheimer.

Essas patologias são classificadas em capítulos e categorias de acordo com o CID 10 de

2008: HAS, Cardiopatia e AVC são classificadas no capitulo IX na categoria de Doenças do

Aparelho Circulatório, Transtorno Mental capitulo V categoria Transtorno Mental e Comportamental.

TABELA 1 – Prevalência de Doenças na população do Abrigo João XXIII, fev. 2015 (pela ocorrência de patologias).

PATOLOGIAS N (Categorias CID 10)

%

Outros (alzheimer) 1 3.4%

Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas

3 10.3%

Transtornos mentais e comportamentais

8 27.6%

Doenças do aparelho circulatório 21 72.4%

Fonte: Ref. Capítulo - CID 10, 2008

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As patologias encontradas foram cruzadas com o registro de receituários de administração

contínua, de cada paciente da instituição pesquisada.

A tabela 1 indica que os internos residentes no

município de Porto Nacional, no Abrigo Joao XXIII, que

a patologia com maior prevalência é a HAS

diagnosticada em 21 idosos em um total de 28 (72,4%).

A categoria de patologias com relevância estatística

nesse corte amostral (27,6%, ou 8 internos) são os

transtornos mentais, DM: 3%.

A figura 1 apresenta uma discreta

predominância do sexo masculino na população

internada, com um total de 54% e o feminino 46%. Na

tabela 2, são indicadas as correlações com os

medicamentos mais utilizados pelos idosos internados

na instituição. Destacam-se a HCTZ (Hidroclorotiazida)

administrada a 34,5% da população,

predominantemente associado com Captopril® 37,9%,

e o Ácido Acetilsalicílico (AAS) 37,9% e Sinvastatina® 34,5% no tratamento de hipertensos.

TABELA 2 – Relação entre a população em fevereiro de 2015 os medicamentos prescritos (por

fármaco), no Abrigo João XXIII.

4 DISCUSSÃO

As ILP (Instituição de Longa Permanência) tem a atribuição constitutiva de lugar onde os

idosos podem ter acesso aos cuidados de saúde, apoio social e a segurança que deveriam

encontrar no ambiente familiar. Não houvesse esses espaços de acompanhamento e cuidado,

FIGURA 1 - Perfil da população – por sexo autodeclarado.

Fonte: Os autores.

46%

54%

Feminino

Masculino

Fonte: www.medicinanet.com.br/bula; www.bulas.med.br

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poderiam padecer indigentes, vítimas de abandono, com uma gradual perda da identidade e de

autonomia. Apesar desse papel, as ILP são criticadas e por outro ângulo, são reconhecidas como

uma alternativa para os familiares que não tem condições para acompanhar os idosos na medida

de suas exigências, já que tem comprometida sua capacidade de cuidarem-se sozinhos (BESSA e

SILVA, 2008; MICHEL, 2010).

Os cuidados das ILP estão associados à mediação do processo de envelhecimento

saudável, promovendo algumas atividades possibilitem mais motivação e estimulem uma satisfação

pessoal, imprescindíveis como resposta associada aos tratamentos biomédicos. Diminuir os

prejuízos que ao longo desse processo que ocorrem de forma natural, como o isolamento social

(como um dos produtos das dificuldades psicossociais) e alteração das funções fisiológicas

priorizarem a qualidade de vida adequada para os institucionalizados (CAMARANO e KANSO,

2010; MICHEL, 2010).

A maioria dos homens e mulheres que são internos em ILP são abandonados, em condições

de dependência, e devido às disfunções físicas, auditivas e visuais, culmina a necessidade de ser

assistidos por profissionais. A legislação que estabelece o funcionamento da instituição consta na

resolução da diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária nº 283, de 26 de

setembro de 2005, onde a denominação “instituição de longa permanência” foi determinada, bem

como seus limites de atuação, responsabilidades e direitos (MICHEL, 2010; SECOLI, 1984).

Para compreensão do alcance dessas atribuições, é de total responsabilidade da ILP com

idosos, desde compras de sapatos, roupas até medicamentos prescritos, matérias de higienização

e alimentação. No caso dos fármacos, é de responsabilidade compartilhada à ILP e os profissionais

de saúde que trabalham na instituição, buscar em unidades de saúde de suas respectivas regiões

de acordo com cada quadro clínico, incluindo todo o controle para evitar interações medicamentosas

contraindicadas ou reações adversas observadas. Devido à grande quantidade de medicamentos,

com prescrição distinta de horários e por profissionais de diferentes especialidades. O grau de

complexidade, riscos de eventos que ocorram com os idosos potencializam a responsabilidade dos

profissionais da instituição de longa permanência (MICHEL, 2010).

O aumento da população idosa nos últimos anos, relacionado com a melhoria da qualidade

de vida e aumento das perspectivas e expectativas de vida, tanto em homens quanto mulheres,

mesmo em tratamentos que não levem a cura, mas à atenuação e controle dos sintomas e

patologias. A população idosa é a maior consumidora de medicamentos do mundo logo, e se tornam

mais vulneráveis aos riscos de interações medicamentosas. Em determinados grupos, são mais

susceptíveis devido ao excesso de medicamentos e tempo prologando de tratamento, necessários

pela percepção frequente de múltiplas patologias e sintomas, que tornam necessárias estratégias

de administração que diminuam os riscos colaterais ou adversos e de interações medicamentosas

(SECOLI, 1984).

Pela prevalência na população, medicamentos dessa natureza são os mais relevantes e

notadamente, interativos com outras classes, tais como transtornos mentais que também foram

identificados na pesquisa.

A interação medicamentosa ocorre quando o medicamento influencia a ação do outro,

causando sérias consequências nas condições clínicas de cada paciente e agravado pela perda de

autonomia, não intencional, decorrentes de problemas visuais, auditivos e de memória. A

vulnerabilidade dos idosos é comprovada com riscos acentuados em 13%, no caso dos que fazem

uso de dois tipos de medicamentos, e de 58%, naqueles que recebem 5 medicamentos diários;

Acima de 5, os casos elevam-se para 82% (SECOLI, 2010).

A poli farmácia é caracterizada pelo uso de cinco ou mais medicamentos. Casos de

complicações oriundos de poli farmácia têm sido mais comuns, como consequência desse

complexo cronograma e quantidade de medicamentos determinados a indivíduos com diversas

patologias. A hipertensão arterial, depressão, diabetes e ansiedade são os mais comuns casos de

complicações poli farmacológicas. Exige-se um acompanhamento de profissional da área da saúde,

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em que cada um tenha uma prescrição médica e um prontuário da equipe de enfermagem, para

que este consumo não interfira no tratamento adequado da patologia (SECOLI, 1984; 2010).

De acordo com os resultados, é notável que mais de 50% da população tem necessidade

de uma assistência especializada de profissionais da enfermagem, especialmente com a alta

prevalência de diagnosticados com HAS e transtorno mental. Essa demanda por cuidado está

associada à detecção de interações medicamentosas previstas nas informações dos testes de cada

medicamento, mas, principalmente, pelas variações individuais clínicas e psicossociais dos

pacientes. A responsabilidade da instituição, profissionais da área da saúde que lá trabalham

depende, inquestionavelmente, da eficácia da políticas públicas de promoção da saúde.

A interação medicamentosa pode também ter influência nos efeitos, além de um fármaco

em ação, da administração concomitante de alimentos ou outros compostos químicos. Apesar do

cuidado e necessidade de acompanhamento nutricional e comportamental, a maioria dos efeitos é

proveniente de interações entre os próprios medicamentos.

Com a finalidade de diminuir essas interações farmacoterapêuticas, ligados aos consensos

de promoção da saúde e da qualidade de vida dos pacientes submetidos tratamentos

farmacológicos, fez surgir à atenção farmacêutica. Trata-se de um conceito de prática profissional

em que paciente é o principal beneficiário, assegurando acesso a informações para utilização

adequada do medicamento, contribuindo para um uso racional (SECOLI, 1984).

O grande desafio dos enfermeiros no Brasil, que gradualmente está envelhecendo, é

contribuir na promoção do uso racional dos medicamentos, acompanhando os usuários e orientando

especialmente no uso adequado do medicamento, riscos da interrupção, troca, substituição ou

inclusão de outros sem a orientação de um profissional habilitado da área da saúde, bem como do

aprazamento criterioso dos horários da prescrição e receita médica, evitando que os medicamentos

interajam entre si ou com alimentos que possam provocar eventos adversos (SECOLI, 2010).

O Abrigo João XXIII tem uma grande necessidade e é dependente da qualidade dos serviços

públicos de saúde, pública e sua fragilidade impactam diretamente na assistência adequada e digna

que deveriam ter os assistidos pelo Sistema Único de Saúde. Por ser uma instituição filantrópica

caritativa, que recebe contribuições da comunidade para os consumos diários, tem tido condições

satisfatórias para o seu funcionamento. De fato, a instituição compromete suas atribuições por não

dispor de uma adequada rede de acompanhamento e atendimento na rede pública.

Assim, compromete a dignidade e a vida dos internos, potencializando complicações

evitáveis e indesejáveis oriundas de interações medicamentosas e precariedade no tratamento. Os

internos, abandonados pela família e à própria sorte, e recebem o amparo pela ILP desde 1979.

Consideramos, por seus esforços e dificuldades, que poderia haver uma maior aproximação entre

o poder público e as ILPs, porque seu trabalho ultrapassa a filantropia e assume um papel vital na

vida dessas mulheres e homens.

CONCLUSÃO

O Abrigo João XXIII tem uma grande necessidade e é dependente da qualidade dos serviços

públicos de saúde pública. As fragilidades do Sistema Único de Saúde impactam diretamente na

assistência adequada e digna que os internos deveriam ter, em termos de tratamentos e

acompanhamentos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Organização Pan-Americana da Saúde.

Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília-DF, 2005 OMS (1998) Growing Older. Staying well. Ageing and Physical Activity in Everyday Life. Prepared port Heikkinen RL. Genebra: Organização Mundial da Saúde CAMARANO, A.A; KANSO, S. As instituições de longa permanência para idosos no Brasil. Revista Brasileira

MICHEL, Tatiane. A vivência em uma instituição de longa permanência: significados atribuídos pelos idosos. Curitiba, 2010; 149 f.:il.; 30 cm. SECOLI SR. Estudo das interações medicamentosas em 3 idosos residentes em um asilo de Curitiba –Pr.

Caderno da Escola de Saúde. Curitiba-PR 6: 172-186, vol.2 ISSN 1984 - 704

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de Estudos de População. São Paulo, 2010 jan./jun; v.7. N.1. MOTTA, L.B. Processo de envelhecimento. In: A.L.

Saldanha e C.P. Caldas (Ed.), Saúde do Idoso: a arte de cuidar. 2° edição. Rio de janeiro: Interciência. 2004; p.115-124. BRASIL. Lei n. 10.741, de 1o de outubro de 2003. Dispõe sobre o estatuto do Idoso e da outras providências.

Diário Oficial da União. Brasília. 2003; Seção 1, p.1-3, out.

BESSA MEP, Silva MJ. Motivações para o ingresso dos idosos em instituições de longa permanência e processos adaptativos: um estudo de caso. Texto

Contexto Enferm. 2008 Jun; 17(2): 258-65 SECOLI, S.R. Poli farmácias: Interações e reações adversas no uso de medicamentos por idosos. Revista

Brasileira de Enfermagem, Brasília 2010 jan-fev; 63(1): 136-40

ARCADA DENTÁRIA COMO MEIO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA

DENTAL ARCH AS MEANS OF HUMAN IDENTIFICATION

Ruana Pabline Camargo Cantiere Calado¹; Cláudia Renata Malvezzi Taque²; Renata Malvezzi Taques²;

Antônio César Dourado Souza²; José Lopes Soares Neto²; Joelcy Pereira Tavares²; Cristiano da Silva

Granadier²; Danilo Felix Daud². ______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: A arcada dentária apresenta características ímpares, fornecendo informações essenciais em razão das peculiaridades dos elementos dentários. Demonstrar por meio de radiografias e fotografias, pontos comparativos em arcada dentária como excelente meio de identificação humana. Foram realizadas radiografias e fotografias das arcadas dentárias de um crânio humano não identificado com o intuito de realizar análise comparativa dos elementos dentários presentes, a fim de simular uma identificação humana com resultados positivos. A alta semelhança dos pontos coincidentes encontrados indica que o crânio humano não identificado, na medida em que é improvável que outro indivíduo possua todas essas características coincidentes, resultaria na identificação humana positiva deste indivíduo. As particularidades dentárias físicas e anatômicas são características únicas em cada indivíduo e com isso pode-se afirmar que não existem duas pessoas com as mesmas características na dentição. Palavras-chave: Antropologia Forense; Arcada Dentária; Identificação Humana; Odontologia Legal. ABSTRACT: The dental features unique features, providing essential information on the grounds of the peculiarities of the teeth. To Demonstrate by means of x-rays and photographs, points of comparison in the dental arch as an excellent means of human identification. We carried out x-rays and photographs of the dental arches of a human skull not identified with the aim of performing a comparative analysis of the teeth present, in order to simulate a human identification with positive results. The high similarity of the points matching found indicates that the human skull is not identified, to the extent that it is unlikely that another individual has all of these characteristics coincide, would in human identification positive this individual. The particularities of the dental physical and anatomical are unique characteristics in every individual and with this it can be said that there are no two people with the same characteristics in the dentition. Keywords: Forensic Anthropology; Dental Arch; Human Identification; Forensic Dentistry.

1 INTRODUÇÃO

A Odontologia Legal, segundo o Conselho Federal de Odontologia (2005), é a

especialidade que tem como objetivo a pesquisa de fenômenos homem vivo, morto ou ossada,

e mesmo fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis.

A participação da Odontologia Legal nos processos de identificação humana post-

mortem está presente desde os procedimentos iniciais (identificação geral): estimativas de sexo

e idade, nas determinações de grupo étnico, cor da pele e outras características, como estatura,

no diagnóstico de manchas ou líquidos provenientes da cavidade bucal, ou nela contidos, ou

mesmo na definição da causa e do tempo de morte, até a irrefutável possibilidade de identificação

individual (CARVALHO et al., 2009).

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Na maioria dos casos em que os corpos se encontram decompostos, esqueletizados,

fragmentados, queimados ou mutilados por qualquer outra razão, é extremamente comum a

dentição estar intacta e fornecer informações preciosas para o processo de identificação, pois, o

tecido mais duro do ser humano é o esmalte dentário, e é neste ponto importante que

entram os conhecimentos da Odontologia Legal e do próprio Odontolegista (GRUBER;

KAMEYAMA, 2011).

Em situações nas quais os vestígios humanos tornam-se escassos, a identificação por

meio dos elementos dentários justifica-se, dentre outros fatores, por estes apresentarem

inúmeras características peculiares, que tornam impossível a existência de duas pessoas

com as mesmas características (COUTINHO et al., 2013).

Os dentes são elementos singulares que possuem extraordinária resistência. São

órgãos capazes de resistir a temperaturas de aproximadamente 1600°C e permanecerem

intactos por muito tempo depois da decomposição ou carbonização dos tecidos moles ou

esqueléticos. Servem como base na identificação pela análise de particularidades

odontológicas, podendo-se comparar os dados coletados durante a documentação odontológica

fornecida pelo Cirurgião-Dentista que atendia o paciente em vida, com os dados coletados na

necropsia do indivíduo (NADAL; POLETTO; FOSQUIERA, 2015).

A identificação pela arcada dentária apresenta características ímpares, fornecendo

informações algumas vezes essenciais em razão das peculiaridades dos elementos dentários

presentes, como também as ausências encontradas, dada a verdadeira impossibilidade de

coexistirem dois indivíduos com a totalidade de características dentárias idênticas (FIGUEIRA

JÚNIOR; MOURA, 2014).

A principal vantagem da evidência dentária é que, como qualquer outro tecido duro,

geralmente é preservado indefinidamente após a morte. Apesar das características dos dentes

de uma pessoa mudarem, por causa dos tratamentos realizados ao longo da vida, a combinação

dos dentes hígidos, cariados, ausentes e restaurados é reproduzível e pode ser comparada em

qualquer tempo. A presença e a posição individual dos dentes e suas respectivas características

anatômicas, restaurações e componentes patológicos proporcionam dados para comparação

ante-mortem e post-mortem (CARVALHO et al., 2008).

Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo demonstrar por meio de radiografias

e fotografias de maxila e mandíbula orgânicas com dentes, pontos comparativos na arcada

dentária como excelente meio de identificação humana.

2 METODOLOGIA

Foram realizadas radiografias e fotografias das arcadas dentárias de um crânio

humano não identificado pertencente ao Laboratório de Anatomia Humana da FAPAC/ITPAC

PORTO, com o intuito de realizar análise comparativa dos elementos dentários presentes, a fim

de simular uma identificação humana com resultados positivos.

De posse das radiografias e fotografias, foram observados os pontos comparativos em

ambas e posteriormente deu-se início à análise das imagens (Figuras 1, 2, 3 e 4), onde foi possível

visualizar a fratura coronária extensa no elemento dentário 11; a restauração em amálgama na

face oclusal dos elementos dentários 13, 14 e 46; a restauração em resina composta na face

vestibular, palatina e mesial do elemento dentário 21; a restauração em resina composta na

face oclusal do elemento 26; a restauração em resina composta na face oclusal, vestibular e

lingual do elemento dentário 45; a restauração em resina composta na face oclusal, mesial, distal,

vestibular e lingual do elemento dentário 37; a cárie radicular extensa na região distal do elemento

dentário 46; a cárie radicular na região mesial do elemento dentário 47; a cárie radicular na região

distal do elemento dentário 34; as raízes residuais dos elementos dentários 35, 36 e 38; a

ausência dos elementos dentários 16, 17, 18, 27, 28 e 48.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A comparação entre as incidências observadas nas fotografias juntamente com as

radiografias do crânio humano não identificado evidenciou

20 pontos coincidentes, dos quais 07 estavam relacionados a restaurações, 06 relacionados a

ausências de

elementos dentários,

03 relacionados a

raízes residuais

dentárias, 03

relacionados a cárie

radicular e 01

relacionado a fratura

coronária.

A alta

semelhança dos

pontos coincidentes

encontrados indica

que o crânio humano

não identificado, na

medida em que é

improvável que outro

indivíduo possua

todas essas

características

coincidentes, resultou

na identificação

humana positiva deste

indivíduo.

Os elementos dentários são os órgãos mais resistentes do corpo humano, resistindo a

altas temperaturas. De acordo com Silva et al. (2008), a literatura pericial relata como

plenamente viável a

identificação de

indivíduos carbonizados,

esqueletizados ou em

decomposição pela

análise das

particularidades

odontológicas, podendo

esta técnica estar

associada a outros

métodos de identificação

humana. Os bons

resultados obtidos pela

técnica odontolegal advém da considerável resistência dos dentes e dos materiais

odontológicos à ação do calor e do fogo, associada às informações presentes na documentação

produzida em função do atendimento odontológico, que normalmente é composta pelo

prontuário odontológico, radiografias, fotografias, dentre outras.

FIGURA 1. Radiografias periapicais obtidas através da técnica do paralelismo. (A) radiografia periapical dos elementos dentários 13 e 14; (B) radiografia periapical dos elementos dentários 11 e 21; (C) radiografia periapical do elemento dentário 26; (D) radiografia periapical dos elementos dentários 45, 46 e 47; (E) radiografia periapical dos elementos dentários 34 e 35; (F) radiografia periapical dos elementos dentários 36, 37 e 38.

Fonte: (CALADO, 2016)

FIGURA 2. Fotografias de maxila e mandíbula orgânicas com dentes. (A) arcada dentária superior por vista oclusal; (B) arcada dentária inferior por vista oclusal

Fonte: (CALADO, 2016)

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Os elementos dentários possuem particularidades físicas e anatômicas únicas em cada

indivíduo e com isso pode-se afirmar que não existem duas pessoas com as mesmas

características na dentição.

De acordo com Scoralick et

al. (2013), nas ocorrências

de identificação humana

com envolvimento de corpos

carbonizados, as

características dentárias

dos indivíduos são de

extrema importância. As

incidências radiográficas,

por exemplo, largamente

utilizadas pelo cirurgião-

dentista, mostram imagens

das particularidades

dentárias de cada pessoa, o

que torna a comparação

entre radiografias

anteriormente obtidas da

suposta vítima com as

incidências feitas no cadáver

a ser identificado uma

importante ferramenta para o

estabelecimento da

identidade.

A arcada

dentária é um

importante e

excelente meio de

identificação humana

devido a sua

unicidade. De acordo

com Nadal; Poletto;

Fosquiera (2015), a

identificação dentária

comparativa pode

alcançar um alto grau

de simplicidade e

confiabilidade. São

analisados os arcos

dentários do cadáver,

sendo realizadas

fotografias e

radiografias. Alguns dos detalhes anatômicos que podem seguir como base de comparação,

são as formas dos dentes, dentes perdidos e presentes, raízes residuais, dentes

supranumerários, fraturas coronárias, cárie, restaurações, tratamento endodôntico, pinos

intrarradiculares e intracoronários, aparelhos ortodônticos e próteses dentárias.

Os elementos dentários desenvolvem um papel importantíssimo no processo de

identificação humana. De acordo com Musse et al. (2011), a técnica de identificação consiste

FIGURA 3. Fotografias de maxila e mandíbula orgânicas com dentes. (A) maxila e mandíbula por vista frontal; (B) maxila e mandíbula por vista lateral direita; (C) maxila mandíbula por vista lateral esquerda.

Fonte: (CALADO, 2016)

Figura 4. Radiografia panorâmica demostrando em visão geral os pontos

coincidentes encontrados anteriormente à partir das radiografias periapicais e fotografias realizadas..

Fonte: (CALADO, 2016)

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essencialmente numa comparação entre radiografias tiradas em vida com as obtidas após a

morte. Entretanto, a viabilização deste tipo de exame está diretamente relacionada com a

qualidade e o tipo de material apresentado para confronto, ou seja, com o conteúdo e a

qualidade da documentação odontológica, incluindo as radiografias.

A Odontologia Legal juntamente com a Antropologia Forense possui um valor

inquestionável quando se diz respeito ao sucesso de uma pesquisa forense. De acordo com

Almeida et al. (2010), a boa qualidade dos registros odontológicos associada à resistência dos

dentes remanescentes à ação de agentes físicos e químicos podem permitir que diversas

particularidades odontológicas sejam verificadas, conduzindo a uma identificação positiva.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que dos 20 pontos analisados na comparação das radiografias e fotografias

todos foram considerados coincidentes, mostrando que os mesmos foram fundamentais para

que se obtivesse um resultado positivo de identificação humana.

6 REFERÊNCIAS ALMEIDA, C.A.; PARANHOS, L.R.; SILVA, R.H.A. A importância da odontologia na identificação post-mortem. Odontologia e Sociedade, v. 12, n. 2, p. 07-13,

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CARVALHO, Suzana Papile Maciel; SILVA, Ricardo Henrique Alves da; LOPES JÚNIOR, César; PERES, Arsenio Sales. A utilização de imagens naidentificação humana em odontologia legal. Revista Radiologia Brasileira, v. 42, n. 2, p. 125–130, 2009.

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COUTINHO, Carine Gomes Valois; FERREIRA, Caroline Araújo; QUEIROZ, Laís Ramos; GOMES, Luanda Oliveira; SILVA, Ulisses Anselmo da. O papel do odontolegista nas perícias criminais. Revista da Faculdade de Odontologia, Passo Fundo, v. 18, n. 2, p. 217-223,

maio/ago. 2013. FIGUEIRA JÚNIOR, Enio; MOURA, Luíz Cláudio Luna de.

A importância dos arcos dentários na identificação humana. Revista Brasileira de Odontologia, v. 71, n. 1, p. 22-7,

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GRUBER, Jonas; KAMEYAMA, Marta Maria. O papel da Radiologia em Odontologia Legal. Pesquisa Odontológica Brasileira, v. 15, n. 3, p. 263-268,

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2011. NADAL, Letícia; POLETTO, Ana Cláudia; FOSQUIERA, Eliana Cristina. Identificação humana pela arcada dentária através do prontuário odontológico. Revista Uningá Review, v. 24, n. 1, pp.

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ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE FISSURADO: Relato De Caso Clínico.

DENTAL CARE PATIENT CRACKED: Reporting Of Clinical Case.

Aline Portilho Pinto¹; Schantyúska Katryne dos Santos Guimarães¹; Laura Souza de Castro²; Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix Daud²; Raimundo Célio Pedreira².

___________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: A fissura labiopalatal é uma malformação congênita crânio facial que se caracteriza por falha na fusão dos seguimentos do lábio e do palato, que pode trazer

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consequências ao portador, ao longo de sua vida. Essas alterações comprometem a estética, fonação, alimentação, sucção, audição, mastigação e o posicionamento dentário dos indivíduos acometidos. Em razão das diferentes alterações, a resolução do problema é oferecida pelo trabalho conjunto de uma equipe multidisciplinar que age no processo de reabilitação e reinserção social do paciente. O presente trabalho tem como propósito apresentar um caso clínico de atendimento odontológico de um paciente com fissura unilateral completa de lábio e palato, servindo de orientação clínica aos profissionais ligados à área da saúde, em especial, ao cirurgião- dentista para que o mesmo possa diagnosticar precocemente as alterações presentes no portador de fissura e assim, traçar uma linha de tratamento que melhor se enquadre dentro das necessidades emocionais e funcionais. Palavras-chave: Fissura labiopalatal. Assistência Odontológica. Odontopediatria. ABSTRACT: A cleft lip and palate is a congenital craniofacial which is characterized by failure of fusion of the segments lip and palate, which can bring consequences to the carrier, throughout his life. These changes compromise the aesthetics, phonation, feeding, sucking, hearing, chewing and tooth positioning of affected individuals. Because of the various amendments, the resolution of the problem is provided by the joint work of a multidisciplinary team that works in the rehabilitation and social reintegration of the patient process. This study aims to present a case of dental care a patient with complete unilateral cleft lip and palate, serving clinical guidance to professionals involved in health care, in particular to the dentist so that you can diagnose early changes present in the cleft carrier and thus draw a line of treatment that best fits in with the emotional needs and functional. Keywords: Fissure labiopalatal, Dental Care, and Pediatric Dentistry.

1 INTRODUÇÃO

A Fissura labiopalatal é uma malformação congênita de maior incidência. Caracteriza-

se por falha na fusão entre os processos faciais embrionários e os processos palatinos,

apresentando abertura/ruptura na região do lábio e/ou palato. A etiologia é descrita como

multifatorial onde fatores genéticos e ambientais determinam sua causa. Sua prevalência

varia de acordo com a região geográfica, gênero, hábitos maternos até o 3° mês de gestação,

histórico familiar, idade dos pais e condições socioeconômico. Apresenta maior prevalência

transforame, maior incidência no gênero masculino e em baixa classe econômica (Kuhn,

Miranda, Dalpian, Brangaça, Backes, Martins, ZIimermann, 2012).

Segundo Cerqueira (2005), entre a quarta e oitava semana de vida intrauterina ocorre

a formação de estruturas do organismo como cérebro, olhos, órgãos digestivos, língua e

vasos sanguíneos. Já na sexta semana do desenvolvimento embrionário, as estruturas

faciais externas completam sua fusão, as internas se completarão até o final da oitava

semana, com isso, a malformação, que é a falha na fusão entre os processos faciais

embrionários e os processos palatinos, ocorre neste período.

Os portadores desta anomalia apresentam uma série de sequelas, que os

acompanham ao longo de sua vida, que vai desde distúrbios funcionais, emocionais e

alterações estéticas. Para a reabilitação das malformações labiopalatais baseia-se em um

tratamento global que exige tratamentos longos, complexos necessitando de uma equipe

multidisciplinar. (Gardenal, 2009).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde no Brasil existe cerca de uma criança

com fissura para cada 650 nascidos, indicando aproximadamente 5.800 novos casos todos

os anos no Brasil (Lisbôa, Rocha, Pini, 2010).

O presente trabalho tem como propósito apresentar um caso clínico de

acompanhamento odontopediátrico de um paciente com fissura unilateral completa de lábio

e palato, servindo assim como orientação para profissionais ligados à área da saúde, em

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especial, ao cirurgião-dentista, permitindo um melhor diagnóstico e um tratamento que se

enquadre às necessidades do paciente fissurado.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A fissura labiopalatal é uma malformação congênita crânio facial de maior ocorrência,

caracteriza-se por falha na fusão entre os processos faciais embrionários e os processos

palatinos, apresentando alterações na região de nariz, lábio, palato e dentes. Apresenta-se

isolada ou associada a outras anomalias. Pode apresentar como uma interrupção total

(envolvendo os dois segmentos do lábio e palato) ou parcial (envolvimento de um dos

segmentos) unilateral ou bilateral; sendo que, unilateral compromete somente um lado e

bilateral apresenta comprometimento de ambos os lados (Gasparino, 2000).

Existem classificações que podem ser baseadas nos aspectos clínicos, anatômicos

ou etiológicos. Justo (2012) descreve a classificação de Spina (1979), sendo a mais utilizada

pelos fonoaudiólogos e tem como ponto de referência principal o forame incisivo (junção do

palato primário com o secundário) separando as fissuras em três tipos: fissura pré-forame

incisivo (labial e arcada alveolar, até o forame incisivo), podendo ser uni ou bilateral, completo

ou incompleto; fissura pós-forame incisivo (palato duro e mole), podendo ser completa ou

incompleta; fissura trans-forame incisivo (lábio, arcada alveolar, palato duro e mole),

podendo ser uni ou bilateral.

Os portadores desta anomalia apresentam uma série de sequelas, que os

acompanham ao longo de sua vida, que vai desde distúrbios funcionais e emocionais até

alterações estéticas que é o aspecto de mais fácil reconhecimento por a lesão apresentar-

se na região da face (Gardenal, 2009). O fissurado apresenta dificuldade na fonação, audição,

respiração, sucção, alimentação, deglutição e alterações estéticas (Justo, 2012). Segundo

Franco de Carvalho (2008), o portador de fissura labiopalatal está sujeito a apresentar

anomalias dentais como; anomalias de forma, número, desenvolvimento, tamanho,

erupção, máloclusão, podendo ocorrer tanto na dentição decídua como na permanente,

com maior incidência na maxila.

A etiologia é descrita como multifatorial, onde fatores genéticos e ambientais

determinam a causa desta anomalia (Loffredo, Freitas, Grigolli, 1994). Os fatores ambientais

mais frequentes são nutricionais, tóxicos, estresse materno, uso de medicamentos,

exposição a raios X e uso de drogas durante período de formação do bebê (Tannure,

Moliterno, 2007). Dentre os fatores ambientais estão também o gênero e a localização

geográfica (Justo, 2012). Nos fatores genéticos, Kuhn (2012) descreve a hereditariedade como

predisponente, se um dos pais tem fissura a chance do seu filho nascer com fissura é alta, se

possuem um filho fissurado a probabilidade do outro nascer com a mesma alteração é

ainda maior.

O tratamento do paciente fissurado é realizado de forma multidisciplinar, visando a

reabilitação morfológica, funcional e psicossocial. Essa equipe deve ser composta por

profissionais de várias áreas da saúde que auxiliam no tratamento reabilitador desses

pacientes. Compondo essa equipe, está o assistente social, o geneticista, o nutricionista, o

cirurgião-dentista dentro de suas especialidades, o cirurgião- plástico, o psicólogo, e o

fonoaudiólogo. O assistente social auxilia na avaliação psicossocial do paciente, facilitando

a comunicação da família com os demais profissionais. O geneticista atua no

aconselhamento genético, orientando a família e o paciente sobre aspectos médicos da

doença e risco de recorrência realizando diagnóstico no pré- natal, possíveis complicações,

terapia e prognóstico. O nutricionista tem importância no aleitamento materno, propondo

uma alimentação adequada no pré, trans e pós-operatória, e nos primeiros anos de vida. Os

odontopediatras atuam na prevenção, educação e intervêm para prevenir a cárie, doença

periodontal e orientar sobre possíveis alterações como agenesias e anomalias dentais. O

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especialista bucomaxilofacial avalia a função facial, posição que se encontra a maxila, e

colocação de enxertos ósseos. O protesista atua na restauração ou reabilitação das

estruturas orofaciais ausentes ou malformadas, com confecção de próteses. A atuação dos

cirurgiões-plásticos visa determinar a melhor época e método a ser usado para fechamento

do lábio. Já o ortodontista tem importância no diagnóstico e tratamento da fissura, com

confecção das fichas necessárias para dar um diagnóstico e traçar um plano de tratamento.

O fonoaudiólogo auxilia no desenvolvimento da fala (Tuji, Bragança, Rodrigues, Pinto, 2009).

O psicólogo é de suma importância para os pais diante do nascimento de uma criança

fissurada, que apresentam incompreensão, reações de lamentação da sorte, depressão,

tristeza, negação da deficiência, rejeição da criança e sentimento de culpa pela alteração que

seu filho apresenta. O retorno do equilíbrio emocional dos pais vem gradativamente, a

ajuda dos familiares é de fundamental importância para a busca do sentimento de aceitação.

A criança com o avançar da idade, começa a sentir-se diferente por apresentar

anormalidade na região da face necessitando do acompanhamento psicológico e auxílio dos

pais na compreensão e aceitação, melhorando seu convívio social (Augusto, Bordon, Duarte,

2002).

O tratamento deverá preferencialmente, iniciar logo após o nascimento para evitar que

esses pacientes tenham mais agravos nas alterações que possam vir a apresentar. A

reabilitação inicia com a cirurgia plástica reparadora denominada, queiloplastia (cirurgia de

correção do lábio), a rinoplastia (cirurgia de correção do nariz), e a palatoplastia (cirurgia

de correção do palato). Esses pacientes devem ser acompanhados durante todo o seu

crescimento, recebendo assistência interdisciplinar. As demais cirurgias como a

faringoplastia, (cirurgia de correções na faringe) são realizadas com a avançar da idade.

Em relação ao protocolo cirúrgico, destacou-se que aos três meses de idade é feita a

queilosplastia, aos 6-9 meses a palatoplastia, aos 5 anos o refinamento da cirurgia do nariz,

aos 7-9 anos o enxerto ósseo e aos 12-18 anos a rinoplastia. A cirurgia ortognática é realizada

somente depois do crescimento do paciente (Tuji, Bragança, Rodrigues, Pinto, 2009).

O Centro Estadual de Reabilitação de Araguaína, um anexo do Hospital Regional

Público de Araguaína, é referência na região norte no atendimento voltado à reabilitação de

pacientes que tenham algum trauma físico ou para pessoas portadoras de deficiências

físicas, motoras e sensoriais. Atualmente, cerca de 4 mil pacientes estão cadastrados na

unidade (Ascon/Sesau,

2014).

Hoje, um dos hospitais considerados referência para o tratamento de anomalias

crânio facial é o Hospital de Reabilitação de Anomalias Crânio-Encefálicas da USP,

conhecido como “Centrinho”, que conta com uma equipe multidisciplinar altamente

qualificada, que se diferencia de muitos outros hospitais em razão de sua filosofia de

atendimento humanizado integral, tudo via SUS (Sistema Único de Saúde). Possuindo

reconhecimento como centro de excelência em todo o mundo por atender pacientes do Brasil

e do exterior e atualmente são cadastrados mais de 56 mil pacientes para receber

atendimento (Lisbôa, Rocha, Pini, 2010).

3 RELATO DO CASO CLÍNICO

Paciente gênero masculino, melanoderma, 3 anos de idade, portador de fissura

unilateral total do lado direito, compareceu à clínica de odontopediatria do FAPAC-Porto

Nacional -TO, para tratamento odontológico. Onde se enquadrou dentro das necessidades

da pesquisa, e assim, foi convidado a participar do presente trabalho com seu responsável

assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foi realizado anamnese onde a queixa principal foi “ Ele caiu bateu a boca é roxeou

o dente. A mãe relatou que o traumatismo aconteceu há cinco meses atrás, sem presença de

sangramento no dia, e que até o momento, não tinha observado nenhuma outra alteração

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que chamasse a atenção a não ser a alteração de coloração do dente. Ainda na história da

doença, sobre a malformação que seu filho nasceu, relatou que, com quatro meses o mesmo

realizou a cirurgia de correção do lábio a queiloplastia. Com um ano de idade realizou a

correção da alteração do palato, a palatoplastia, e que após a realização dessas cirurgias,

a criança faz acompanhamento anualmente no Hospital de Reabilitação de Anomalias

Crânio-Encefálicas da USP, “Centrinho” onde é avaliado por uma equipe multidisciplinar.

Durante a anamnese a mãe relatou ter engravidado aos 22 anos, descobrindo a

alteração do seu filho no sétimo mês de gestação, tendo uma gravidez normal, parto normal

induzido e sem intercorrências, não tendo rejeição por parte dos pais. No histórico familiar

não consta caso de fendas orofaciais. No exame físico foi observada uma criança tímida e

cooperativa, sem presença de outras alterações, no exame intraoral apresenta palato

atresico, e anomalia de cor no incisivo central superio.

No odontograma observou-se agenesia do incisivo lateral superior direito decíduo,

coincidindo com a localização da fissura, cárie na distal e vestibular do incisivo central superior

direito (51). Nos exames complementares foi realizada radiografia oclusal modificada

superior e inferior, para avaliação periapical do dente traumatizado, e solicitação de

panorâmica para melhor avaliação.

Na primeira sessão do tratamento, foi realizado anamnese, inventário de saúde,

exame físico geral e especifico, preenchimento do odontograma, exames complementares

(radiografia periapical) e solicitação de radiografia panorâmica.

Na avaliação da radiografia oclusal modificada devido ao traumatismo ocorrido

chegou ou seguinte diagnostico; não sendo necessário do tratamento endodôntico e o

germe permanente não ter sofrido alteração. Presumi-se que a alteração da coloração no

dente foi devido ao sangramento interno.

Figura 1 - Materiais e instrumentais utilizados na profilaxia.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 2- Inicial.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

O plano de tratamento consistiu em evidenciação de placa bacteriana, profilaxia,

instrução de higiene oral, aplicação tópica de flúor, restauração classe IV no elemento 51 e

fotos intraorais. Na segunda sessão foi realizado evidenciação de placa bacteriana,

profilaxia, instrução de higiene oral, aplicação tópica de flúor e restauração de resina

composta, classe IV no elemento dental 51, avaliação da panorâmica, fotos demonstrando

os procedimentos realizados e alta.

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Evidenciação e profilaxia: Figura 3- Inicial.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 4- Evidenciação de placa bacteriana.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015. Figura 5- Instrumento rotatório com taça de borracha na face vestibular

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 6- Instrumento rotatório com escova de robson na face oclusal

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 7- Após a evidenciação e profilaxia.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 8 – Materiais utilizados na restauração com resina composta para a restauração do elemento dental 51:

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

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Figura 10 - Isolamento absoluto

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 11 - Instrumento rotatório de baixa para remoção de tecido cariado

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 12 – Instrumento rotatório de alta para confecção do bisel

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 13 – Condicionamento ácido.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 14 – Lavagem após o condicionamento ácido.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 15 – Condicionamento adesivo

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

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Figura 16 – Fotopolimerização após o

sistema adesivo. Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 17 – Inserção do material restaurador na cavidade (Resina Composta).

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 18 – Após a inserção de resina ainda com isolamento.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 19 – Final após acabamento e polimento da restauração classe IV de resina composta cor A1.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 20 – Exame radiográfico panorâmico.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

Figura 21 – Exame radiográfico oclusal modificado inferior.

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

4 DISCUSSÃO

A etiologia da fissura labiopalatal é descrita como multifatorial, onde fatores genéticos

e ambientais determinam sua causa (Kuhn, Miranda, Dalpino, Bragaça, Backes, Martins,

Zilmermann 2012). O surgimento da fissura no caso citado, ainda está sem esclarecimento,

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pois no histórico familiar tanto paterno quanto materno não consta caso de fissura, a mãe

relatou não ter ingerido nenhum tipo de droga e os demais fatores, não soube relatar. Nos

fatores genéticos, Kuhn (2012) descreve a hereditariedade como predisponente, se um dos

pais tem fissura a chance do seu filho nascer com fissura é alta, se possuem um filho fissurado

a probabilidade do outro nascer com a mesma alteração é ainda maior. Os pais da criança do

presente caso relataram ter tido outro filho, um ano após o nascimento da criança fissurada,

onde a criança não apresenta fissura.

O portador de fissura pode apresentar alterações dentais como: anomalias de

forma, número, desenvolvimento, tamanho, erupção e maloclusão, podendo comprometer

tanto a dentição decídua como a permanente (Franco de Carvalho, Cavano, 2008). O referido

caso apresenta agenesia dentária do incisivo lateral superior do lado direito região que se

encontra a fissura. Segundo Pedro (2010), o incisivo lateral superior é o elemento com maior

incidência de agenesia, o que coincide com o local da fissura do paciente.

Crianças fissuradas apresentam maior prevalência de cárie na dentição decídua

comparada as crianças normais, sendo consideradas de alto risco ao desenvolvimento de

lesões cariosas (Tannure, Miolitemo,

2007). O paciente não apresenta grande

índice de cárie somente um elemento

dental comprometido pela lesão cariosa,

onde foi realizado restauração de resina

composta. Com isso observou-se que

sendo realizado os cuidados de higiene

oral corretos a criança diminui a chance de

apresentar cárie.

O paciente fissurado necessita

de tratamento e reabilitação complexa,

que deve ser realizado uma por equipe

multidisciplinar. Na literatura vista é

recomendado que o tratamento inicie nos

primeiros meses de vida, com a realização

da queiloplastia em torno do terceiro mês de vida, a palatoplastia 12-18 meses de idade. No

presente caso foi realizado as cirurgias nos primeiros meses de vida como se recomenda,

aos quatro meses foi realizado a cirurgia de correção do lábio a queiloplastia, juntamente

com a cirurgia de correção da alteração no nariz, a rinoplastia. E um ano após a cirurgia de

correção do palato, a palatoplastia, prevenindo agravamentos que possam vir a ocorrer

devido alterações já presentes como: má nutrição, alteração da fala, dificuldade de

deglutição, alterações estéticas e psicológicas (Khalil, Castro, Silva, Volpato, 2009).

5 CONCLUSÕES

Sabe-se que as fissuras labiopalatais apresentam alterações orofaciais que

acompanham seu portador ao longo de sua vida, que vão desde distúrbios funcionais,

emocionais, e alterações estéticas. Isto ressalta a importância do acompanhamento

multidisciplinar e odontopediátrico agindo positivamente na estética, na função e no bem-

estar do paciente, melhorando seu convívio social.

6 REFERÊNCIAS

ASCON/SESAU: Centro de reabilitação do Hospital regional de Araguaína atende mais de mil pacientes. Agência Tocantinense de noticia do Governo do Tocantins, Fev/2014. Disponível em:

JUSTO RLH. Cuidados de Enfermagem para pacientes com fissura lábio palatal. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Rio Grande do Sul - Porto Alegre, 2012.

Figura 22 – Exame radiográfico oclusal

modificado inferior

Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.

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AVALIAÇÃO DA DOR OSTEOMUSCULAR EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DO RAMO DE AGRONEGÓCIOS DO TOCANTINS

MUSCULOSKELETAL PAIN ASSESSMENT ON WORKERS OF AN AGRIBUSINESS

COMPANY IN TOCANTINS STATE

Denize Khirlley Macedo1, Rossane Cerqueira Carvalho1, Karine Kummer Gemelli2; Talita Rocha Cardoso2; Joelcy Pereira Tavares2; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral Silva²

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução- A dor é um sintoma subjetivo de percepção individual, está associada a danos tecidual real ou potencial, podendo ser temporal ou prolongada. Em muitos casos, problemas de saúde são descobertos a partir do surgimento da mesma. Desse modo a avaliação da dor tem se mostrado relevante devido ao aumento do índice de casos de dor no ambiente de trabalho, o que acarreta em danos ao trabalhador e ao empregador e sua empresa. Objetivo - Determinar os locais no corpo humano que são acometidos pela dor e determinar associações para as queixas de dor. Métodos - Pesquisa descritiva, quantitativa, realizada em outubro de 2015, em uma empresa do ramo de agronegócios. Foi utilizado dois instrumentos, o primeiro era uma anamnese, com questionário para coletar de dados de identificação pessoais e pertinentes ao ambiente de trabalho; e o segundo o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares, para avaliar a dor e os sintomas osteomusculares no ambiente de trabalho. Os dados foram analisados com estatística descritiva, Qui Quadrado e Fischer com significância de 95%. Esta pesquisa foi aprovada junto ao Comitê de Ética em Pesquisa nº 1.244.379. Resultados - A idade média dos trabalhadores foi de 30,3 anos, sendo 71,5% dos trabalhadores do sexo masculino e 82,6% dos avaliados com presença de dor. Dos funcionários do setor administrativo, produção e serviços gerais 90,7%, 71,4% e 100% respectivamente, queixaram de dor. O local do corpo humano que mais apresentou queixas de sintomas osteomusculares foi a região da parte inferior das costas com 51,2%, seguida das regiões da parte superior das costas, pescoço, punho/mãos e ombro. As mulheres são mais susceptíveis à dor (p=0,003), e o índice de dor nos trabalhadores do setor administrativo e serviços gerais (p=0,006) é maior; o tempo de serviço na empresa apresenta tendência crescente ao surgimento

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de dor. Conclusão - Presença de dor no ambiente de trabalho, em pessoas de todos os setores da empresa e em diferentes regiões corporais. Sugere-se estudo com foco na avaliação ergonômica e nas causas da dor. Palavras-chave: Dor. Saúde do trabalhador. Trabalho. ABSTRACT: Introduction - Pain is a subjective symptom of individual perception, it is associated with actual or potential tissue damage, and may be temporary or prolonged. In many cases, health problems are discovered from its appearance. Thus pain assessment has proven relevant due to the increased rate of pain cases in the workplace, resulting in physical, emotional and psychosocial damage to the employee; and also to the employer such as absenteeism, financial and productivity losses for the company. Objective - to determine the locations in the human body that are affected by pain and determine associations for pain complaints. Methods - descriptive, quantitative survey, conducted in October 2015, in a large company in the agribusiness sector. It was used two instruments, the first, an interview (anamnesis), a questionnaire to collect personal identification data and relevant information to the workplace environment; and the second instrument was the Nordic Musculoskeletal Questionnaire to assess pain and musculoskeletal disorders in the workplace. Data were analyzed with descriptive statistics, chi-square and Fisher with 95% of significance level. This study was approved by the Research Ethics Committee under the nº 1.244.379. Results - The average age of employees was 30.3 years, being 71.5% male workers and 82.6% assessed with a presence of pain. The staff of the administrative sector, production and general services complained of pain at 90.7%, 71.4% and 100% respectively. The location of the human body that most showed complaints of musculoskeletal symptoms was the region of the lower back with 51.2%, followed by the regions of the upper back, neck, wrist / hand and shoulder. Women are more susceptible to pain (p = 0.003), and the pain index on workers of the administrative sector and general services (p = 0.006) is higher; the length of time working in the company has shown a trend on the emergence of pain. Conclusion - presence of pain in the workplace, in people of all sectors of company and in different body regions. It is suggested a study focused on ergonomic assessment and the causes of pain. Key-words: Pain. Worker's health. Workplace.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, o índice de pessoas que sofrem por algum motivo de dor denota um problema

relevante conforme a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Ao restringir somente os casos

de dores crônicas, o número corresponde a aproximadamente 50 milhões de pessoas, acometendo

1 a cada 5 brasileiros, numa prevalência de 30 a 50%. A dor quando associada ao trabalho atinge

100 mil trabalhadores por ano, causando afastamentos devidos à sintomas incapacitantes ou

associados às Doenças Crônicas, Doenças Osteomusculares, Distúrbio Osteomuscular

Relacionado ao Trabalho (DORT), Lesão por Trauma Cumulativo (LTC), Lesões por Esforço

Repetitivo (LER) e acidentes de trabalho (BRASIL, 2014; GARBI et al. 2014).

A dor é um sintoma subjetivo de percepção individual, está associada a um dano tecidual

real ou potencial, podendo ser de origem física ou possuírem relação com fatores psíquicos, sociais

e econômicos (NASCIMENTO e KRELING, 2011). Pode-se citar alguns fatores que influenciam ou

levam ao aparecimento da dor, como sedentarismo, sobrepeso, movimentos repetitivos, jornada de

trabalho prolongada, cansaço, trabalhos que exigem maior esforço físico-mental; e fatores

psicológicos como pressão e insatisfação (GARBI et al. 2014).

Os trabalhadores estão expostos diariamente à riscos de acidentes, ergonômicos, físicos,

químicos e biológicos que conforme sua singularidade e especialidade, influenciam na saúde do

trabalhador (BERNADO et al. 2010; SERVILHA et al. 2010). Entretanto, com os avanços nas

políticas públicas de saúde, a mudança no conceito de saúde, trouxe uma visão ampliada para o

setor saúde, o ser humano como um todo, numa visão holística, passando assim a observar tudo o

que influencia no processo de saúde-doença, identificando outros fatores estressores que trazem

malefícios ao bem estar e/ou a saúde do trabalhador (FERREIRA, 2012).

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Os estudos apontam que os distúrbios musculoesqueléticos e osteomusculares estão em

sua grande maioria associados ao trabalho e à função que o trabalhador realiza. Muitas vezes,

atividades repetitivas, realizadas com a postura inadequada, em espaço reduzido e sem o tempo

para descanso, são fatores que vão se acumulando e ocasionando os distúrbios

musculoesqueléticos responsáveis por dor crônica e incapacidade física7. Os distúrbios

musculoesquelético e osteomusculares são ocasionados a partir de prejuízo ósseos, musculares,

de tendões, ligamentos, nervos, vasos sanguíneos, articulações e tegumento (PICOLOTO e

SILVEIRA, 2008; TRINDADE et al. 2012; MASCARENHAS e FERNANDES, 2014). São

denominados de LER, DORT ou LTC a síndrome incapacitante temporal ou permanente,

caracterizada por uma inflamação por sobrecarga do sistema musculoesquelético (BRASIL, 2014).

Avaliar a dor no ambiente de trabalho tem se mostrado relevante devido ao aumento do

índice de casos, o que acarreta em danos físicos, emocionais, psicossociais ao trabalhador; e em

danos ao empregador, como absenteísmo, danos financeiros e na produtividade de uma empresa

(SERVILHA et al. 2010; FERREIRA, 2012). Portanto se faz necessário a avaliação da dor no

ambiente de trabalho para que se tenha subsídios para nortear as medidas de prevenção e as ações

de intervenção, proporcionando assim melhor qualidade de vida no trabalho. Acredita-se que os

funcionários do setor administrativo apresentam maior frequência de casos de dor, e nesse sentido,

este estudo teve como objetivo determinar os locais no corpo humano que são acometidos pela dor

e determinar associações para as queixas de dor.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter quantitativo. A pesquisa foi realizada no

período de setembro de 2015, na sede de uma empresa do ramo de agronegócios do município de

Porto Nacional (TO). Foram avaliados todos os funcionários efetivos, com idade igual ou superior a

18 anos, exclusivos da empresa, que executavam suas atividades no período da pesquisa mediante

assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), excluindo-se os menores

aprendizes, aqueles indisponíveis para participar da pesquisa em duas abordagens ou ausentes da

empresa por licença, afastamento ou atestado médico durante a execução da avaliação.

Foi realizado aplicação de dois instrumentos de pesquisa, em uma sala reservada com a

presença dos pesquisadores e dos funcionários que aceitaram participar do estudo, mediante

assinatura do TCLE, com um tempo de 30 minutos para responder os instrumentos propostos. Antes

da aplicação dos instrumentos, abordou-se sobre o motivo da entrevista e foram prestados

esclarecimentos perante dúvidas em relação ao processo de preenchimento dos mesmos.

No primeiro momento foi aplicada uma entrevista semiestruturada com perguntas abertas e

fechas onde o entrevistado responde perguntas conforme sua concepção e interpretação. Foram

verificados dados sociodemográficos (idade, sexo, raça e escolaridade), e dados relacionados ao

trabalho (tempo, tipo de atividade, horas de trabalho, dias da semana trabalhados).

No segundo momento o entrevistado respondeu individualmente o Questionário Nórdico de

Sintomas Osteomusculares (QNSO), instrumento autoaplicável, que identifica por região anatômica,

nos últimos dose meses a presença de dor, realização de atividades, consultas com profissional e

nos últimos sete dias a ocorrência de dor.

Os dados quantitativos foram analisados a partir de estatísticas descritivas, teste Qui

Quadrado e Exato de Fischer através do programa Bioestat versão 5.4, considerando significância

de 95%.

Este projeto de pesquisa foi aprovado junto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) nº

1.244.379, acatando todas as normas de pesquisa envolvendo seres humanos estabelecidos pela

resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

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3 RESULTADOS

A empresa de estudo possui 174 funcionários efetivos, desses 109 (62,6%) participaram da

pesquisa e 65 (37,3%) foram excluídos. Dos excluídos 42 estavam indisponíveis para participar da

pesquisa em duas abordagens, 19 funcionários estavam ausentes no momento da pesquisa, 3 eram

menores aprendizes, e 1

funcionário estava de

licença.

Os funcionários

estão distribuídos em três

grandes setores em que

realizam atividades

distintas. O setor

administrativo com 54

(49,5%) funcionários é

subdividido em diversos

departamentos (diretoria,

financeiro, contabilidade,

controladoria, tecnologia

da informação, logística,

recursos humanos,

departamento pessoal,

jurídico e comercial). O

setor da produção

industrial contendo 49

(45%) funcionários atuam

como auxiliar de produção

(carregamento e

descarregamento de

caminhão), operador de

máquina, dosador e

analista de fertilizantes,

técnico de segurança no

trabalho, mecânico,

técnico em manutenção

de equipamentos e motorista. E nos serviços gerais contém 6 (5,5%) funcionários que atuam nas

funções de limpeza, auxiliar de cozinha, cozinheira e gestão de estoques.

A idade mínima dos entrevistados foi 18 anos e a máxima 60 anos, com idade média de 30,3

anos. A faixa etária prevalente foi de 18 a 29 anos com 51,3%. A tabela 1 apresenta o perfil

sociodemográfico (idade, gênero, raça ou cor, escolaridade) e dados relacionados ao trabalho

(carga horária de trabalho e tempo de trabalho na empresa) dos avaliados.

Considerando o quantitativo de 109 trabalhadores avaliados, 90 (82,6%) apresentaram

queixas de dor. Estratificando os relatos de dor por setor, obteve-se 49 (90,7%) do setor

administrativo, 35 (71,4%) da produção e 6 (100%) dos serviços gerais. A tabela 2 apresenta a

estratificação de presença ou ausência de dor por setor da empresa. O teste de independência do

Qui Quadrado, para os dados da tabela 2, sendo que o χ2= 10.9514 (p=0.004), houve uma diferença

significativa entre os setores de Serviço Geral e Administrativo (p=0.006).

Quanto ao Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) os resultados são

apresentados na tabela 3, onde mostra-se a prevalência de sintomas osteomusculares segundo a

parte do corpo mencionada e o setor de trabalho. Na avaliação global dos locais do corpo humano

com queixas de dor, a maior prevalência de queixas de sintomas dolorosos foi na região da parte

Tabela 1: Perfil sociodemográfico e relacionado ao trabalho dos funcionários de uma empresa do ramo de agronegócio de Porto Nacional (TO), 2015.

Variável (n=109) Categoria N %

Faixa etária (anos)

≥ 18 a 29 ≥ 30 a 39 ≥ 40 a 49 ≥ 50

56 41 10 2

51,3 37,6 9,1 1,8

Sexo

Feminino Masculino

31 78

28,4 71,5

Raça ou cor

Amarela Branca Indígena Não sabe declarar Parda Preta

7 27 2 3 52 18

6,42 24,7 1,8 2,7 47,7 16,5

Escolaridade

Ensino Fundamental completo Ensino Fundamental incompleto Ensino médio completo Ensino médio incompleto Ensino superior completo Ensino superior incompleto

5 13 35 9 29 18

4,6 11,9 32,1 8,2 26,6 16,5

Carga horária de trabalho semanais

≥ 30 a 40 ≥ 41 a 50 ≥ 51 a 60

23 81 5

21,1 74,3 4,5

Tempo de trabalho na empresa (meses)

< 12 meses 12| - 24 24| - 60 ≥ 60 meses

47 28 29 5

43,1 25,6 26,6 4,5

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inferior das costas com 46 (51,2%), seguido das regiões da parte superior das costas, pescoço,

punho/mãos e ombros.

TABELA 2: Relação dos funcionários que apresentaram queixa de dor com o setor de trabalho, Porto

Nacional (TO), 2015 - (N=90).

SETOR PRESENÇA DE DOR AUSENCIA DE DOR

n (%) n (%)

Administrativo 49 (54,4) 5 (26,3) Produção 35 (38,9) 14 (73,7) Serviços Gerais 6 (6,7) - Total 90 (100) 19 (100)

TABELA 3: Prevalência de sintomas osteomusculares segundo a parte do corpo mencionada e o setor de trabalho, Porto Nacional (TO), 2015.

*Alguns trabalhadores referiram mais de um local de dor, motivo pelo qual a análise se deu por regiões

individuais

TABELA 4: Prevalência de homens e mulheres que apresentaram queixas de dor, Porto Nacional (TO), 2015.

SEXO PRESENÇA DE DOR (N=90) AUSÊNCIA DE DOR (N=19)

n (%) n (%) Feminino 31 (100) - Masculino 59 (75,6) 19 (24,4)

Na tabela 4 apresenta-se a relação entre dor e gênero, pois observa-se que 100% das

mulheres avaliadas apresentaram queixa de dor, enquanto o valor para os homens foi de 75,6%.

E ainda sobre o uso do QNSO mostrou que nos últimos 12 meses, considerando os

trabalhadores com dor, 100% dos avaliados apresentaram algum problema (como dor,

formigamento e/ou dormência), 18,8% tiveram atividades de vida diárias e do trabalho prejudicadas

e 26,6% consultou algum profissional da área da saúde; e nos últimos 7 dias 45,5% teve algum

problema de dor em alguma região anatômica investigada.

4 DISCUSSÃO

O presente estudo exibe o perfil sociodemográfico dos funcionários desta empresa, com

uma amostra de 109 trabalhadores distribuídos em três setores, dos quais os resultados entre o

setor administrativo (49,5%) e da produção (45%) se mostram homogêneos. A faixa etária

prevalente deu-se 18 a 39 anos (88,9%), sendo a maior prevalência trabalhadores do sexo

masculino (71,5%). Quanto ao nível de instrução 32,11% tem o ensino médio e 43,1% tem o ensino

superior completo ou incompleto. E na avaliação do tempo de trabalho na empresa 43,1% executam

as atividades à menos de 12 meses.

Parte do corpo mencionada*

ADMINISTRATIVO (N= 54)

PRODUÇÃO (N= 49)

SERVIÇOS GERAIS (N= 6)

TOTAL (N=90)

n (%) n (%) n (%) N (%)

Pescoço Ombros Parte superior das costas Cotovelos Punho/mãos Parte inferior das costas Quadril/cochas Joelhos Tornozelos/pés

34 (63) 23 (42,5) 24 (44,4) 5 (9,2)

28 (51,8) 26 (48,1) 11(20)

15 (27,8) 17 (31,4)

7 (14,2) 10 (20,4) 14 (28,5)

2 (4) 7 (14,2) 17 (34,6) 5 (10,2) 8 (16,3) 5 (10,2)

- -

4 (66,7) - -

3 (50) -

1 (16,7) -

41 (45,6) 33 (36,7) 42 (46,7) 7 (7,7)

35 (38,8) 46 (51,2) 16 (17,8) 24 (26,6) 22 (24,4)

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As atividades executadas nas indústrias exigem maior força física/muscular, com maior

destreza e aptidão manual e tecnológica, o que pode justificar a predominância do sexo masculino

no ramo industrial7,9. Outros estudos mostram que os jovens adultos compõem a maior parte dos

trabalhadores das empresas do ramo industrial, estes possuem escolaridade em seguimento ou

mesmo interrompida (TRINDADE et al. 2012; TRINDADE et al. 2012; MASCARENHAS e

FERNANDES, 2014). A empresa de estudo apresenta 63,3% dos funcionários com escolaridade

completa e somente 36,7% possuem escolaridade incompleta, denotando um bom nível de

conhecimento dos trabalhadores, com predomínio de funcionários com o ensino médio e superior

completos.

Na pesquisa 64,2% dos trabalhadores declaram-se afrodescendentes (pardos e pretos).

Esta frequência é esperada por se tratar de uma região onde há predominância de população

afrodescendente. A região do Tocantins possui uma população autodeclarada preta e parda de

72,2% conforme o Censo 2010 (IBGE, 2010).

Os resultados do estudo apontam que dos 109 trabalhadores avaliados, 90 apresentaram

queixas de dor, o que equivale a 82,5%, em todos os setores da empresa. O número expressivo de

funcionários que apresentaram queixas de dor é preocupante, pois a dor é um sinal e sintoma que

está associada a um dano tecidual real ou potencial que causa grandes desconfortos físicos e

emocionais (NASCIMENTO e KRELING, 2011). É importante a intervenção precoce, antes do

acometimento de lesões, como as LER, DORT e LTC, que são lesões comuns do ambiente de

trabalho e possíveis causas da dor. Ao intervir contra a dor deve-se avaliar as causas de forma

integrada, os aspectos biopsicossociais, mecânicos, cognitivos, sensoriais, afetivos e de

organização do trabalho (NASCIMENTO e KRELING, 2011; BRASIL, 2014).

Destes 90 trabalhadores, 100% nos últimos 12 meses apresentaram algum problema (como

dor, formigamento e/ou dormência), 18,8% tiveram atividades de vida diárias e do trabalho

prejudicadas sendo que 26,6% consultou algum profissional da área da saúde por dor. Em outros

dois estudos que utilizaram o QNSO para avaliação da dor, apresentaram resultados em que mais

da metade da amostra relataram queixas de dor. O primeiro estudo os relatos de dor osteomuscular

ocorreu em 60% dos entrevistados com pelo menos um episódio de dor no último ano e 43% nos

últimos sete dias. O segundo atingiu 75,2% dos trabalhadores que relataram algum tipo de sintoma

osteomuscular (dor, desconforto ou dormência) nos últimos doze meses e 53,3% nos últimos sete

dias, sendo que 38,5% já tiveram afastamento devido ao problema (BRANDÃO et al. 2005;

PICOLOTO e SILVEIRA, 2012).

Os sintomas osteomusculares são cada vez mais frequentes na vida do trabalhador, o que

pode dificultar a realização de atividades de vidas diárias e do trabalho ou mesmo levar ao

afastamento de suas funções, seja para realização de tratamento ou por incapacidade física

adquirida (TRINDADE et al. 2012). Os motivos do relato de dor nos últimos 12 meses anteriores a

pesquisa pode estar associado à vários fatores como a sobrecarga, realização de atividade

repetitivas, posturas inadequadas, altas demandas de trabalho, mobiliário inadequado e falta de

descanso entre as atividades, que apresentam relação com queixas de dor (HUGUE e PEREIRA,

2011). E em relação às queixas de dor nos últimos 7 dias anteriores à pesquisa, 45,5% dos 90

funcionários que queixaram dor, relataram algum problema em alguma região anatômica

investigada. Isso mostra que alguns trabalhadores continuam apresentando queixas de dor. É

necessário considerar e investigar esta população, pois sabe-se que os sintomas osteomusculares

agudos, se não tratados tendem à cronificar, aumentando as queixas álgicas, além de poder

acarretar prejuízos à saúde do trabalhador (BRASIL, 2014).

E sendo assim, um estudo descritivo, observacional e quantitativo realizado em profissionais

de enfermagem para avaliação da dor crônica, mostrou relatos de prejuízo na realização das

atividades práticas (51,5%), na capacidade de concentração (39,2%) e na capacidade de realização

das atividades diárias (37,1%). O prejuízo do humor foi citado por 29,9% dos trabalhadores, 29,3%

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referiu prejuízo na capacidade de realizar atividades físicas, 25,8% prejuízo no desenvolvimento de

habilidades psicomotoras e 19,6% mostrou prejuízo no sono (ROCHA et al. 2012).

Na pesquisa, os trabalhadores que tiveram atividades de vida diárias e do trabalho

prejudicadas ou que consultaram algum profissional da área da saúde apresentaram um número

pouco expressivo. No entanto, é necessário atenção com os funcionários que queixam dor,

buscando a resolução da dor aguda relacionada aos sintomas osteomusculares, pois estes podem

levar a prejuízos funcionais e incapacitantes e em consequência, no ambiente de trabalho, pode

gerar custos devido ao absenteísmo (auxílio-doença), queda da produtividade e eficiência (SILVA

et al. 2005; MACIEL et al. 2011). Em relação ao número de consultas e o número de pessoas que

queixaram de dor, observa-se que muitos não procuraram o serviço de saúde. É interessante

enfatizar a necessidade da avaliação da dor por um profissional da saúde, uma vez que, a consulta

é uma ferramenta importante na investigação, no diagnóstico e nas tomadas de medidas diante das

queixas de dor (LIMA e TRAD, 2007; NASCIMENTO e KRELING, 2011; BRASIL, 2011; BRASIL,

2014). Por isso, frisa-se a relevância da investigação e avaliação dos casos de dor no ambiente de

trabalho e é sugerível que se considere a necessidade de estudos voltados para a avaliação de

LER e DORT (LIMA e TRAD, 2007; BRASIL, 2014).

O resultado geral dos locais em que os trabalhadores tiveram maior prevalência de sintomas

osteomusculares foram as regiões da parte inferior das costas, pescoço e punho/mão seguidos da

parte superior das costa e ombro. Os funcionários que queixaram-se de dor nessas regiões a maior

parte trabalham no setor administrativo executando atividade de digitação, e as regiões mais

prevalentes neste setor foram o pescoço, punho/mão e parte inferior e superior das costa (Tabela

3). E após realizar o teste de Exato de Fisher, com os dados da tabela 2, verificou-se que há uma

diferença entre os setores de trabalho Administrativo e Produção (p<0,01); e o teste Qui Quadrado

mostrou significância em maior frequência de dor no setor administrativo e de serviços gerais.

No setor administrativo as atividades realizadas são sedentárias, estudos apontam que

quando os trabalhadores mantem por longas horas a mesma postura e realizam frequentemente as

mesmas atividades leva a sobrecarga do sistema musculoesquelético e em consequência a dor

(HUGUE e PEREIRA, 2011; VITTA et al. 2012). Esse tipo de atividade pode levar a fadiga muscular,

prejudicar as articulações causando desconforto e perda da flexibilidade articular, limitações das

atividades físicas e na mobilidade (VITTA et al. 2012; BRASIL, 2015). Em relação a postura usada

no ambiente de trabalho, esta pode determinar o aparecimento de dor em determinadas regiões,

como na região lombar e pescoço. A dor nas regiões lombar e pescoço são mais comuns em

trabalhadores que realizam o trabalho na postura sentado. Manter-se em postura sentada pode

aumentar em três vezes as chances de vir a ter dor em mais de uma região (BRANDÃO et al. 2005;

GARBI et al. 2014). Uma medida de intervenção adotada no ambiente de trabalho que pode

apresentar resultado satisfatório é a ergonomia, que atua diagnosticando, intervindo, promovendo,

e resolvendo os problemas (FERREIRA, 2012).

Em um estudo observacional, de corte transversal e analítico, apresenta a correlação de

dores musculoesqueléticas e alterações posturais. O local mais prevalente de dor foi a coluna

lombar (39,7%), seguida da cervical (12,2%) e da torácica (12,2%), pois encontram-se envolvidas

nos fenômenos posturais. Como resultado, todo o grupo estudado apresentou alguma alteração

postural. Separado em dois grupos, o primeiro com dor torácica, onde se encontrou um percentual

maior de pessoas com desvios posturais nas regiões lombar e torácica, e no segundo grupo com

dor cervical a maior porcentagem foi de pessoas com desvios na região torácica e na inclinação da

cabeça (FALCÃO et al. 2005).

No setor da produção, os trabalhadores apresentaram queixas de dor com predominância

na região da parte inferior das costas, seguido da parte superior das costas e ombros. Um estudo

de revisão literária, mostra associação de distúrbios e dor nos ombros com o tipo de atividade

executada, como atividades monótonas, posturas estáticas, flexão ou abdução dos ombros por

longo tempo e sobrecarga dos membros superiores, além de fatores psicossociais. Enfatizando que

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a técnica empregada pelo trabalhador ao executar as tarefas influencia para o aparecimento da

sintomatologia musculoesquelética (MENDONÇA e ASSUNÇÃO, 2005). E para alguns estudos o

local/região anatômica acometido pela dor pode ser determinado pelo nível de escolaridade, como

por exemplo, a dor no ombro para quem possui nível de escolaridade baixo. Umas das causas da

dor no ombro é uma inflamação que atinge músculos, nervos, tendões dos membros superiores

associados à sobrecarga muscular. E as pessoas com baixo nível escolar executam tarefas que

exercem maior sobrecarga do sistema musculoesquelético (MENDONÇA e ASSUNÇÃO, 2005;

BRASIL, 2014).

A sobrecarga muscular relacionado à coluna vertebral, e aos membros superiores é comum,

visto que a maioria das atividades são executadas com os membros superiores, que são

frequentemente afetados pelo desenvolvimento de sintomas dolorosos em trabalhadores de

diferentes ramos (MELO et al. 2013; MASCARENHAS e FERNANDES, 2014). Como pode-se

observar nos resultados do estudo em que os trabalhadores apresentaram queixas de dor na parte

superior e inferior das costas, trabalhando em setores onde executam atividades diferentes e com

nível de desgaste muscular equivalente. Na produção atuam em carga e descarga de caminhões,

no administrativo realizam trabalhos sedentários e atividades repetitivas como a digitação, e nos

serviços gerais realizam atividades repetitivas com movimentos de levantamento e agachamento,

flexão e abdução dos membros em suas tarefas. Os sintomas como a dor, paralisia, sensação de

peso e fadiga, normalmente se manifestam de forma insidiosa. Estudos realizados, demonstram o

acometimento dos sintomas dolorosos em mais de uma região anatômica, sempre associando a

região da coluna vertebral, com outras duas ou mais regiões (TRINDADE et al. 2012;

MASCARENHAS e FERNANDES, 2014).

Outro dado que se deve salientar é o valor significativo das mulheres que apresentaram

queixas de dor, apresentando a maior prevalência (Tabela 4). Na avaliação 100% mulheres tiveram

dor, sendo que 77,4% trabalham no setor administrativo. E percebe-se ainda que, o Risco Relativo

(RR) foi de 1.32, muito significativo (p=0,003), determinando um Aumento Relativo do Risco (ARR)

de 32%, ou seja, as mulheres são mais susceptíveis a dor. Esse resultado pode ser justificado pelo

fato das mulheres serem mais comumente acometidas por sintomas osteomusculares. Além de

ocuparem as funções mais habitualmente prevalentes, outros fatores como a jornada dupla

estressante de trabalho, como possuírem 33% menos força muscular e menos fibras musculares,

menor capacidade de armazenar e converter o glicogênio em energia e por questões hormonais,

componentes psicológicos relacionados ao estresse, a mulher torna-se mais acometida por estas

patologias (TORRES et al. 2011; BRASIL, 2014). Outro estudo realizado em uma empresa do ramo

tecnológico, apresentou maior prevalência de queixas de dor nas mulheres, com 72,7% no setor

administrativo (MELO et al. 2013). É possível prevenir o surgimento de sintomas dolorosos no

ambiente de trabalho nas mulheres, com implantação de programas que usam da atividade física,

que atuam no fortalecimento do sistema muscular e na liberação de hormônios com efeitos

antidepressivos, que melhoram o humor, a autoestima e os sintomas dolorosos (CARDOSO et al.

2011; HOMANN et al. 2011).

Pesquisas recentes mostram que a dor e fadiga muscular aguda ou crônica nas mulheres

interferem no desempenho físico, apresentando-se abaixo da média devido a redução da força

muscular (CARDOSO et al. 2011). Pois são fatores que podem ter um impacto negativo na

qualidade de vida em idade produtiva, como no desempenho de suas atividades tanto no ambiente

de trabalho quanto na vida diária (HOMANN et al. 2011).

Os trabalhadores com 12 meses ou mais que relataram queixas de sintomas dolorosos,

exprimiu dominância com 58,8% dos trabalhadores (Tabela 5). Para verificar se o tempo de serviço,

influencia no aparecimento de queixas de dor, foi realizado o teste de Qui Quadrado (χ2= 0.3363,

com um p=0.5620) o que remete dizer que o tempo não influencia no aparecimento de queixas de

dor, neste trabalho, embora haja uma tendência crescente (A=1.92).

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Um estudo exploratório, descritivo, realizado com objetivo de investigar os fatores da

organização do trabalho bem como da sintomatologia dolorosa, além do significado de ser portador

de LER/DORT, mostrou que o tempo médio de trabalho na organização que ocasionou a doença

somou seis anos, sendo que dois entrevistados tinham oito anos de trabalho e o mais jovem

trabalhava há sete meses na organização (SANCHES et al. 2010). E estudos mostram que à longo

prazo, a jornada prolongada de trabalho e/ou pouco tempo de descanso, podem levar a malefícios

a saúde do trabalhador, devido à vários fatores compreendidos no seu dia a dia, tais como o

aparecimento de sintomas osteomusculares e da dor. Estes sintomas dolorosos adquiridos no

ambiente de trabalho, possuem impactos tanto econômico, social como pessoal para o trabalhador,

pois o trabalho tem um papel muito importante na vida das pessoas, ocasionando não só o desgaste

físico, mas também psíquico do trabalhador (TRINDADE et al. 2012; MASCARENHAS e

FERNANDES, 2014).

Ao analisar a carga horária semanal de trabalho, nota-se o predomínio de quem trabalha de

41 à 50 horas semanais, o equivalente à 74,3% dos trabalhadores, ultrapassando a jornada máxima

de trabalho permitida no Brasil. Com a crescente globalização, competitividade e os avanços

tecnológicos, as empresas tem investido em inovações buscando crescimento e desenvolvimento

empresarial, o que tem refletido na saúde do trabalhador e de suas famílias. Muitas vezes o

funcionário é submetido a grandes jornadas de trabalho, esforços físicos além da capacidade,

expondo-os a riscos de acidentes, fragilizando a relação saúde e trabalho, levando ao cansaço

físico e mental e ocasionando agravos na saúde e absenteísmo por doenças (TORRES et al. 2011).

Os fatores psicológicos adjuntos à dor no ambiente de trabalho se devem em muitos dos

casos à pressão e insatisfação pessoal, a jornada prolongada de trabalho, aos trabalhos que exigem

maior esforço físico e/ou mental e ao cansaço. Pessoas que sofrem de dor sofrem a perda da

autoestima e convivem com o sofrimento decorrente da dor e das limitações funcionais. São

atingidas fisicamente e emocionalmente pela pressão psicoemocional, provocando mudanças

significativas na vida. Alterações na identidade profissional, na vida cotidiana e econômica,

sentimentos de inutilidade e invalidez, isolamento social, insegurança, medo de perder o emprego,

mudanças no contexto familiar e nas responsabilidades familiares, no papel que cada membro da

família exerce, são sensações percebidas por estes indivíduos (TORRES et al. 2011; GARBI et al.

2014). Em função deste trabalho avaliar apenas os casos de dor, as regiões mais acometidas e

alguns fatores associados, faz-se necessário o aprofundamento nessa linha de pesquisa, com

estudos investigativos que avaliem outras questões referentes à dor, como a qualidade de vida no

trabalho, a presença ou ausência de LER/DORTs e a avaliação ergonômica das atividades.

Um estudo realizado em sujeitos que trabalhavam no setor administrativo, avaliou o efeito

do programa “Escola de Postura” em relação à qualidade de vida, capacidade funcional, intensidade

de dor e flexibilidade em trabalhadores com dor lombar inespecífica, há pelo menos 12 meses. O

programa possibilitou uma melhora significativa na qualidade de vida, capacidade funcional,

flexibilidade e intensidade de dor de adultos dos trabalhadores. E a dor teve redução da intensidade

em 52,78% (p<0,005) após a realização do programa (NOGUEIRA e NAVEGA, 2011).

Para reduzir o número de queixas de dor podem-se programar ações incorporadas no

expediente de trabalho, a fim de atuar sobre os comportamentos individuais e fatores que causam

sintomas dolorosos no ambiente de trabalho. Usa-se da ginástica laboral e reestruturação do ritmo

de trabalho, com pausas entre as atividades. Situações de maior complexidade podem exigir

suporte emocional, medicação, cirurgias e psicoterapia individual e/ou de grupo, além da fisioterapia

com foco na queixa principal e/ou sintoma de dor (BRASIL, 2014). Através destas ações é possível

gerar benefícios ao trabalhador, como o bem estar e o relaxamento, alivio de tensões e dores,

fortalecendo os grupamentos musculares mais afetados.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que a dor nos trabalhadores está presente no ambiente de trabalho e essas

queixas estão compreendidas em diferentes regiões. As queixas de sintomas musculoesqueléticos

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mais frequentes deram-se nas regiões da parte inferior das costas, parte superior das costas,

pescoço, punho/mão e ombro. As mulheres são mais susceptíveis à dor; existe uma tendência

crescente de aparecimento de dor quanto maior for o tempo de trabalho na empresa; e para os

trabalhadores do setor administrativo é maior o aumento no risco relativo de dor. Sugerem-se

estudos com foco na avaliação ergonômica e das causas da dor e recomenda-se implantação de

melhorias no ambiente de trabalho a fim de melhorar a qualidade de vida no trabalho.

6 AGRADECIMENTOS

Agradecemos a empresa em estudo, pela disponibilidade e contribuição para realização da

pesquisa.

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AVALIAÇÃO DA FLUORETAÇAO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICIPIO DE GURUPI – TO.

EVALUATION OF PUBLIC WATER SUPPLY FLUORIDATION IN THE MUNICIPALITY GURUPI

– TO

Ildenise Nunes Borges¹; Jéssica Flores de Oliveira¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Raquel da Silva Aires²; Thompson de Oliveira Turibio²; Vanessa Regina Maciel Uzan².

______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: O flúor é um dos elementos mais eficientes na prevenção da cárie dentária, sendo o método da fluoretação da água de abastecimento público o mais recomendado para a prevenção da cárie, tratando-se de um importante avanço para a saúde pública no século XX. A ingestão de flúor deve acontecer em dosagens recomendadas pela legislação, pois sua eficácia fica comprometida quando ingerido em baixas ou altas dosagens. O município de Gurupi iniciou a fluoretação das águas de abastecimento público em 1995, de acordo com a média das temperaturas máximas diárias do ar, para alcançar a melhor combinação risco-benefício deve manter o teor de fluoreto entre 0,60 a 0,80 mgF/L. A análise e o controle da quantidade de fluoreto é de competência da companhia de abastecimento de água, devendo ser monitorada por órgãos responsáveis pela fiscalização da qualidade da água para consumo humano, pois as dificuldades de se manter uma concentração ótima de flúor só poderão ser corrigidas se forem detectadas, por esse motivo a importância de se realizar o heterecontrole, preconizado pela Portaria nº 2.914, de 12 de Dezembro de 2011. Este artigo tem por finalidade conhecer a quantidade e a qualidade da fluoretação da água de abastecimento público na cidade de Gurupi e verificar a rotina dos órgãos responsáveis pela fiscalização deste fluoreto. Foram analisados dados fornecidos pela companhia de abastecimento público local e realizado uma coleta mensal nos meses de Março, Abril e Maio, e posterior análise da quantidade de fluoretos, assim como levantamento de dados nos órgãos e sistemas de controle da água de abastecimento público. Concluiu-se que nestas cidades é feita a fluoretação da água de abastecimento público, as amostras analisadas estavam dentro dos níveis aceitáveis pela Portaria n° 635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975, e que não é realizado o monitoramento adicional ou heterocontrole contínuo dos níveis de fluoretos por parte dos órgãos competentes ou responsáveis pelo controle e vigilância da qualidade de água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Palavras-chave: Flúor. Heterocontrole. Prevenção à cárie. ABSTRACT: Fluoride is one of the most efficient tool for preventing tooth decay, and the method of the public water supply fluoridation the most recommended for the prevention of cáries, in the case of a major breakthrough for public health in this century. The fluoride intake should happen in dosages recommended by law because their effectiveness is compromised when ingested at low

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or high doses. The municipality of Gurupi began fluoridation of public water supplies in 1995, according to the average of maximum daily air temperatures, to achieve the best combination risk-benefit should keep the fluoride content between 0.60 to 0.80 mgF/L. The analysis and control of the amount of fluoride is incumbent upon the water supply company and should be monitored by bodies responsible for monitoring the quality of the drinking water. This article aims to know the quantity and the quality of the fluoridation of the public water supply in the city of Gurupi and check the routine of bodies responsible for the surveillance of fluoride. Data provided by the local public water supply company and held a monthly gathering were analyzed in the months of March, April and May, and subsequent analysis of the amount of fluoride, as well as data collection in the organs and control systems of the public water supply. Keywords: Fluoride. Heterocontrole. Caries prevention. 1 INTRODUÇÃO

A Cárie dentária é uma doença infecto contagiosa que acomete milhares de pessoas em

todo o mundo. Causada especialmente pelo micro-rganismo Streptococcus Mutans, que é

estimulado pela ingestão de alimentos cariogênicos e uma deficiente higienização oral (NARVAI,

2000).

É necessário investir na prevenção da cárie dental que pode ser realizada por meio da

aplicação do flúor, uma vez que este elemento age por meio de vários processos, aumentando a

resistência dos dentes pelo efeito bacteriostático. O flúor possui eficácia clinicamente comprovada

na prevenção da cárie dentária, sendo utilizado mundialmente. As propriedades de prevenção do

flúor foram descobertas a partir de análises sobre o seu efeito tóxico no esmalte dentário em

desenvolvimento, resultante da sua ingestão. Porém, se a quantidade de flúor exceder os níveis

preconizados pode se tornar maléfico, resultando em fluorose, assim como sua baixa

concentração comprometerá sua eficácia na prevenção a cárie (RAMIRIS et al., 2007).

A fluoretação da água é um dos métodos mais importantes na prevenção e no controle da

cárie dentária e outras doenças bucais, já que o flúor age por contato no meio bucal. A fluoretação

de água de abastecimento público desde 1974, com a Lei 6.050/74 é medida obrigatória nos

locais em que exista as estações de tratamento de água. Em 2004 a fluoretação foi implantada

como parte da política nacional de saúde, para que a medida se expandisse em todo o território

com a finalidade de garantir melhor qualidade de vida para a população brasileira. Entretanto,

ainda que sejam conhecidos os benefícios do uso do flúor como medida preventiva da cárie

dentária através da fluoretação da água, muitas, são as cidades brasileiras que não dispõem deste

processo ou não possui uma política de vigilância sanitária que controle de forma correta e

satisfatória a aplicação de fluoretos a água de abastecimento público (BRASIL, 2012).

Heterocontrole é um princípio de saúde pública aplicado ao campo da vigilância sanitária.

Foi proposto por Narvai, em 1982, como “o princípio segundo o qual se um bem ou serviço

qualquer implica risco ou representa fator de proteção para a saúde pública então além do

controle do produtor sobre o processo de produção, distribuição e consumo deve haver

controle por parte das instituições do Estado” (NARVAI, 2000).

O Estado do Tocantins tem várias cidades com o benefício da fluoretação da água de

abastecimento público, sendo esta a forma mais racional, eficiente, abrangente e segura do uso

de fluoretos, foi escolhida para a pesquisa a cidade de Gurupi, que se localiza no Sul do estado,

às margens da BR/153 (Rodovia Belém- Brasília), a 223 km de Palmas, Capital do Estado. Sua

população estimada segundo o último senso realizado em 2013 era de 81.792 habitantes.

Gurupi é a terceira maior cidade do estado do Tocantins, sendo polo regional de toda região Sul

do Estado.

Considerando que a fluoretação da água de abastecimento público foi implantada na

cidade de Gurupi em 1995, e que os níveis de flúor precisam ser acompanhados, tornando-se

necessário a avaliação dos teores de flúor na água, através de um heterocontrole, realizado não

apenas pela companhia de abastecimento público, mas também pelos órgãos responsáveis pela

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qualidade da água de consumo humano. A fluoretação tem seus níveis ideais informados pela

Portaria n° 635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975, onde relata que a quantidade aceitável de

fluoretos para o município de Gurupi é 0,6 mg/L à 0,8 mg/L, considerando que se a quantidade

estiver dentro deste parâmetro, a população está protegida da cárie dentária, se estiver acima

destes valores a mesma população está sujeita a fluorose dentária ou óssea, ou sujeita a cárie

dentária.

No que diz respeito ao Estado do Tocantins, pouco se sabe sobre o processo de

fluoretação nas estações de tratamento de abastecimento público, porém, algumas cidades no

estado já fazem uso da fluoretação da água de abastecimento público, meio este, que é uma

medida preventiva de comprovada eficácia no combate da cárie. Partindo dessa premissa, o

presente estudo é pioneiro na cidade e tem como principal objetivo avaliar a concentração de

fluoretos utilizados no processo de fluoretação das águas de abastecimento público, na cidade de

Gurupi- Tocantins.

2 MÉTODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa de campo, uma análise quantitativa e qualitativa, através do

uso de dados primários (qualidade da água e concentração de fluoretos), dados provenientes da

busca ativa de literatura científica e de relatórios técnicos sobre cobertura e vigilância da

fluoretação de águas de abastecimento público no município de Gurupi, onde o foco é o

mapeamento situacional da fluoretação da água de abastecimento público e a existência e

eficácia do heterocontrole realizado pelas autoridades competentes em relação a qualidade e

quantidade de fluoretos utilizados nesta cidade.

A população que consome a água de abastecimento público de Gurupi.

Inicialmente foi realizada uma pesquisa e levantamento de dados na rede mundial de

computadores, em sites de busca específicos, secretarias de estado e município, vigilância

sanitária municipal, bibliotecas e instituições de ensino superior, buscando material bibliográfico

sobre a fluoretação e qualidade da água nesta cidade, sobre o início da fluoretação, fotos ou

qualquer acervo relacionado ao assunto. Infelizmente constatou-se que, a quantidade de material

bibliográfico sobre a qualidade da água de abastecimento público, de uma forma geral, é muito

restrita e que não foi encontrado nenhum trabalho que tenha como alvo principal apenas a

fluoretação da água de abastecimento público da cidade de Gurupi, sendo esse trabalho pioneiro

no assunto.

Posteriormente, foi realizado contato com a Companhia de Abastecimento público do

Tocantins, responsável pelo tratamento da água da cidade de Gurupi, para se obter as

informações necessárias do trabalho, como, a data de início da fluoretação, o tipo de fluoreto

utilizado, permissão para visitar as ETAS e acompanhar a rotina da equipe responsável pela

inserção dos fluoretos, coleta da água e monitoramento da quantidade destes, e descrição dos

bairros de acordo com as Estações de Tratamento de Água (ETA).

A cidade de Gurupi é abastecida por uma estação de tratamento, sendo ela: ETA 001

(Rodovia BR 153, Km 654 s/n – Setor Paulo de Tarso), de acordo com informações coletadas junto

à companhia de abastecimento público de água, não existe flúor de forma natural nas águas dos

rios que abastecem a ETA de Gurupi. É utilizado o composto Fluossilicato de sódio (Na2 Si

F6). O mesmo é aplicado e controlado por um técnico-químico na ETA, treinado pela própria

empresa.

Ao se analisar as tabelas da ETA da cidade de Gurupi, verificou-se que a quantidade de

fluoretos estava dentro do limite aceitável de fluoretação regulamentado pela Portaria n° 635/Bsb,

de 26 de dezembro de 1975 (de 0,6 a 0,8 p.p.m. ou mg/L).

Considerando a relação entre a média da temperatura anual e os teores de íons fluoretos

recomendada pela Portaria nº 635/BSB de 26/12/1975 e sabendo que o município de Gurupi tem

temperatura máxima de 35 ºC e mínima de 20 °C (CPTEC – Previsão de Tempo para Cidades),

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tem-se 0,6 ppm ou 0,6 mgF/L como o limite mínimo recomendado para a concentração do íon

fluoreto, 0,7 ppm ou 0,7 mgF/L como nível considerado ótimo e 0,8 ppm ou 0,8 mgF/L como limite

máximo recomendado.

Inicialmente no dia 28/03/2015 no período matutino o acompanhamento no processo de

coleta e análise da qualidade da água de abastecimento público de Gurupi, realizado pelos fiscais

de vigilância sanitária, com o objetivo de avaliar a qualidade da água para determinação da

concentração de cloro, e posteriormente envio das mesmas para análise químico e biológico para

avaliar a quantidade de coliformes e outros microorganismos.

Essa prática é realizada mensalmente, especificamente na primeira terça feira de cada

mês, depois do dia 10, são coletadas 13 amostras de água, sendo uma na ETA 001 e as outras

nos 12 pontos de distribuição de abastecimento de água, denominados PCQ’s, localizados em

diversos pontos da cidade. Durante a coleta na ETA 001, todo o processo foi realizado no

Laboratório Químico da Odebrecht – Ambiental Saneatins.

Com o objetivo de avaliar os níveis de fluoretos presentes nas águas de

abastecimento público em Gurupi, escolhemos os meses de março, abril e maio de 2015 para

realizar coletas e análise da água. As coletas foram realizadas pelas acadêmicas Ildenise Nunes

Borges e Jéssica Flôres de Oliveira, sendo que foi escolhido para a primeira coleta o dia 28

de março, a segunda coleta o dia 14 de abril e a terceira e última coleta o dia 13 de maio de

2015, foram colhidas duas amostras em cada ponto, sendo um ponto mais próximo da estação

de tratamento de água, ao qual foi escolhido a Escola Mun. Agripino de Sousa Galvão, que

fica localizada na Rua 124 Esq. Vp-2, 58, Setor Bela Vista, e outro um ponto mais distante,

sendo escolhida a Unidade de Saúde da Família Bela Vista, que fica localizada na Rua 10, 38 –

Parque Nova Fronteira, para isso, foram utilizados frascos de 60 ml descartáveis de polietileno,

conforme Portaria nº 635 de 26 de dezembro de1975, etiquetados com a identificação do

Imagem 01: Laboratório Bioquímico Odebrecht – Ambiental Saneatins

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

Imagem 02: Ponto de distribuição de abastecimento de água (PCQ’s), localizado no Setor Bela Vista

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

Imagem 03: Ponto de coleta mais próximo a ETA 001 – Escola Mun. Agripino de Souza Galvão

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

Imagem 04: Ponto de coleta mais próximo a ETA 001 – Escola Mun. Agripino de Souza Galvão

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

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respectivo ponto, o nome do bairro e a data da coleta. A água coletada, obrigatoriamente, vinha

direto do sistema de abastecimento, ou seja, sem passagem por caixa d’água, cisterna ou similar

Imagem 05: Ponto de coleta mais distante a ETA 001 – Unidade de Saúde da Família Bela Vista

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

Imagem 06: Ponto de coleta mais próximo a ETA 001 – Escola Mun. Agripino de Souza Galvão

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

Imagem 07: Ponto de coleta mais distante a ETA 001 – Unidade de Saúde da Família Bela Vista.

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

Imagem 08: Coletas encaminhadas para o laboratório de Bioquímica Oral da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

Os gráficos 01 e 02 mostram a média das leituras mensais de fluoretos no período de

tempo citado, na cidade de Gurupi, na ETA mencionada anteriormente. O resultado das coletas

realizadas pelas acadêmicas do curso de Odontologia demonstrou que a quantidade de fluoretos

está dentro do nível aceitável pela portaria específica, demonstrando que na cidade de Gurupi os

valores foram compatíveis, uma vez que os resultados entre a análise do laboratório central da

Odebrecht – Saneatins, e o resultado obtido pelo Laboratório de Bioquímica Oral da Faculdade de

Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Não foi encontrada

diferença significativa entre as análises de flúor.

Porém, verificou-se que não existe um heterocontrole adequado e uma vigilância da

quantidade do íon fluoreto, é necessária uma fiscalização mais criteriosa e rotineira da qualidade

da água de abastecimento público no Tocantins por parte das autoridades, secretarias e

órgãos responsáveis pela qualidade da água, para que seja assegurada a prevenção à cárie e

a fluorose dental.

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É utilizado um eletrodo que possui um cristal sensível a íon flúor na extremidade de um

tubo. Dentro de um tudo há uma solução de fluoreto e durante a análise o eletrodo é conectado a

um potenciômetro. Quando o eletrodo é imerso numa solução contendo íon flúor, se estabelece

uma diferença de potencial entre a concentração de fluoreto de fora e dentro do eletrodo, a qual é

detectada pelo potenciômetro. Como há uma relação linear entre a diferença de potencial e

o inverso do logaritmo da concentração de fluoreto na solução, é possível ser determinada a

relação matemática entre essas variáveis, utilizando soluções de concentração conhecida como

fluoreto (padrões). Assim, a partir de curvas de calibragem previamente feitas, a concentração de

fluoreto nas amostras de água é determinada.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante dos dados obtidos a partir dos resultados da análise das seis coletas realizadas

na cidade de Gurupi, concluiu-se que a Fluoretação da Água de Abastecimento Público de Gurupi

está dentro dos níveis preconizados pela Portaria n° 635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975,

entretanto, verificou-se que não é feito nenhum tipo de heterocontrole por parte das autoridades

responsáveis, sendo a principal, a vigilância epidemiológica.

A cárie dental representa um grave problema na saúde bucal coletiva afetando grande

parte da população. É uma afecção causada pela ação de enzimas liberadas por certas bactérias,

presentes na cavidade bucal, que agem sobre resíduos açucarados, fermentando-os, formando

ácidos que desmineralizam o esmalte, tornando o dente vulnerável a cavitação (BRASIL, 2012). O

problema da cárie dental no Brasil assume dimensões que são determinadas pelas precárias

condições sócio-econômicas da maioria da população, as quais dificultam ou impedem o acesso

à alimentação adequada, às informações sobre saúde, e até mesmo, a produtos básicos de

higiene bucal. Contudo, a maioria da população tem acesso a serviços de assistência odontológica

e consultas eventuais para resolução de problemas de urgências, estando à margem de cuidados

sistemáticos que enfatizam medidas preventivas e a educação em saúde (BRASIL, 2012).

As propriedades preventivas do flúor foram descobertas a partir de investigações sobre

seu efeito tóxico no esmalte dentário em desenvolvimento, resultante da sua ingestão. A

constatação da fluorose dentária procedeu a adoção da fluoretação da água de abastecimento

público como medida benéfica à saúde bucal. Mediante a observação de tais efeitos e o desejo de

investigá-los, desencadeou-se uma série de estudos, que resultaram na descoberta da fluoretação

da água de abastecimento público como medida de controle de cárie dentária (BRASIL, 2012).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu um programa para promoção da

fluoretação da água de abastecimento de comunidades, apresentado na 25ª Assembléia

Mundial de Saúde, em 1975, ressaltando que o problema de cárie dentária, não seria resolvido

por métodos curativos, a Assembléia aprovou o programa e enfatizou a importância de se utilizar

concentrações de flúor adequadas nas águas de abastecimento; este programa teve aprovação

unânime dos 148 países membros. A Federação Dentária Internacional (FDI), Organização

Gráfico 01: Média das leituras mensais – 28.03.2015 a 04.05.2015

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

Gráfico 02: Média das leituras mensais – 28.03.2015 a 04.05.2015

Fonte: Borges e Oliveira (2015)

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Mundial de Saúde (OMS) e a Fundação Kellogg (FK) realizaram em 1982, a Conferência sobre

Fluoretos, na qual seus participantes concluíram que a fluoretação da água de abastecimento

público é uma ação de saúde pública para o controle da cárie dentária em países onde existem

tratamento de água, considerando que a fluoretação é cientificamente comprovada como uma

medida de controle efetiva e segura, portanto, deve ser implantada e mantida (RAMIRES;

BUZALAF, 2007).

O acesso à água fluoretada é fundamental para condições de saúde da população. A

quantidade ideal de flúor depende da média da temperatura local, sendo que o valor médio da

temperatura registradas no Estado do Tocantins varia entre 26,4ºC a 32,5ºC sendo considerado

um índice ótimo de fluoretos o valor de 0,7 mg F/L (BRASIL, 2012).

Por outro lado, o flúor ingerido em altas dosagens pode provocar efeitos colaterais

principalmente a fluorose, que resulta da ingestão acima do limite adequado por período

prolongado (FREITAS et al., 2013).

A fluorose dentária é definida como uma mudança na mineralização dos tecidos

dentários duros, causados por ingestão prolongada de flúor durante o período de amelogênese

dos elementos dentais (FREITAS et al., 2013). É originada da exposição do germe dentário durante

o seu processo de formação a altas concentrações do íon flúor, ocasionando a princípio, manchas

esbranquiçadas no esmalte dental, podendo agravar-se a um grau deformante do elemento

dentário (BRASIL, 2012).

A fluoretação em sistemas públicos de abastecimento de água no Brasil tornou-se uma

obrigatoriedade através da Lei nº 6.050 de 24 de maio de 1974, regulamentada pelo Decreto

Federal nº 76.872 de 22 de dezembro de 1975 e através da Portaria nº 635/BSB de 26 de

dezembro de 1975 do Ministério da Saúde. A Portaria de nº 635 estabeleceu padrões para a

fluoretação, incluindo as análises diárias, os limites recomendados para as concentrações de

fluoretos, inclusive em função das temperaturas médias diárias. A Portaria nº 2.914, de 12 de

Dezembro de 2011, dispões sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água

para consumo humano e seu padrão de potabilidade (FRAZÃO et al., 2011).

A fluoretação das águas integra hoje as diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal

(BRASIL, 2004), e segundo o Ministério da Saúde mais de 100 milhões de pessoas em todo o

país são beneficiadas pela medida (ANTUNES & NARVAI, 2010).

Nos últimos anos tem-se observado um aumento significativo da exposição da população

às diversas fontes de flúor, tais como dentifrícios e água de abastecimento público, este flúor

ingerido pode ter um papel fundamental na prevenção e controle das cáries dentárias em crianças

e adultos. Essa exposição dependendo da dose e do tempo de exposição pode ocasionar

intoxicação crônica, sendo a fluorose dentária o efeito tóxico mais comum de intoxicação crônica

causada pelo flúor (SANTIAGO et al., 2004).

O ano de 2014 marca o primeiro decênio de implementação da Política Nacional de Saúde

Bucal (PNSB – Brasil Sorridente) e um dos pressupostos desta Política diz respeito à atuação e

consolidação da vigilância em saúde, a qual tem como preceito principal incorporar práticas

contínuas de monitoramento e avaliação dos agravos, riscos e determinantes do processo saúde-

doença (BRASIL, 2004).

Não obstante, a clara indicação da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), e, embora

o país disponha “do segundo maior sistema de fluoretação de águas de abastecimento público de

todo o mundo” (BRASIL, 2012), há indícios de importante desequilíbrio macrorregional na oferta

desse benefício. A cobertura da fluoretação das águas seria de aproximadamente 60% da

população, com as referidas desigualdades entre as regiões. No Sul e Sudeste do país mais de

70% da população urbana são beneficiadas pela fluoretação, enquanto essa porcentagem é

inferior a 30% na região Norte (ANTUNES & NARVAI, 2010), portanto, embora seja uma política

pública obrigatória e extremamente eficiente, a fluoretação das águas de abastecimento público

ainda não é uma realidade tocantinense, e não se dispõe de informações fidedignas para avaliar

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a extensão da cobertura dessa medida no estado do Tocantins, pois os dados disponíveis resultam

de processos de coleta relativamente imprecisos e não validados com o emprego de técnicas

adequadas.

A Vigilância em Saúde tem como pressuposto a articulação para prevenção, controle nas

ações de promoção e proteção da saúde. O Vigiagua – (A Vigilância em Saúde Ambiental voltada

para à Qualidade da Água para o Consumo Humano) existe desde o ano 2000. Apoiando este

sistema, foi criado o Sisagua – A Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo

Humano que inclui âmbitos para o registro especifica das análises do flúor. As normas de

potabilidade da água de consumo humano são atualmente determinadas pela Portaria MS n°

2.914 de 12 de dezembro de 2011 estabelecendo o (VMP)- valor máximo permitido que é de 1,5

partes por milhão (ppm) ou mgF/L (1 ppm = 1 mgF/L) para o fluoreto (CESA; ABEGG; AERTS,

2011).

Segundo Frazão (2011), dos 139 municípios tocantinenses, apenas 05 informam e

alimentam regularmente os sistemas do SISAGUA, sendo que 127 municípios não estão

cadastrados e outros 07 estão cadastrados mas não informam dados regularmente, demonstrando

que os dados disponíveis são insuficientes e parciais. Observando as médias de temperaturas

máximas anuais na maior parte do país, a concentração empregada para a prevenção de cárie

dental e a menor ação de fluorose dentaria situa-se em uma taxa entre 0,6 e 0,8 ppm. A análise

rigorosa dessa norma é devido ao fato do fluoreto ser encontrado nas águas de abastecimento

público e em outros vários produtos, como nas águas minerais, em alguns medicamentos, nos

cremes dentais. Entretanto, deve-se alertar para as variações dos níveis de flúor nas águas de

abastecimento público e observar a necessidade de sistemas de vigilância eficaz (CESA; ABEGG;

AERTS, 2011).

O heterocontrole vem sendo amplamente utilizado no Brasil, sobretudo na área de

vigilância sanitária das águas de abastecimento público, uma vez que a efetividade dessa medida

preventiva da cárie dentária depende da adequação do teor de flúor e da continuidade do

processo. A interrupção, temporária ou definitiva, faz cessar o efeito preventivo da medida. Essa

característica faz com que seja indispensável o seu controle, seja em termos operacionais nas

estações de tratamento de água, seja em termos de vigilância sanitária. No primeiro caso, deve

haver procedimentos rotineiros de controle operacional (NARVAI, 2000).

É necessário que seja feito o controle do fluoreto nas águas públicas de abastecimento

público, paralelo ao registrado pelos órgãos responsáveis pelo abastecimento de agua. Há

necessidade do heterocontrole pelos órgãos responsáveis pela fiscalização e aplicação das

portarias próprias sobre qualidade da água para consumo humano e potabilidade (NARVAI, 2000).

4 CONCLUSÃO

Diante do exposto, pode-se concluir que a fluoretação da água de abastecimento público

na cidade Gurupi está dentro dos padrões de normalidade regulamentados pela Portaria n°

635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975, e que, a população está recebendo o flúor nos limites

recomendados do íon fluoreto, resultando assim que o objetivo maior, a prevenção da cárie, possa

ser adequadamente alcançado e assim, a população receba o que lhe é de direito.

Porém, verificou-se que não existe um heterocontrole adequado e uma vigilância da

quantidade do íon fluoreto, dos protocolos de coleta e de análise, por parte das autoridades de

saúde pública, Estados e Município em relação ao município, e que deveriam ser adotadas as

medidas necessárias a fiscalização e controle, sanando assim dúvidas e possíveis divergências.

REFERÊNCIAS ANTUNES, JLF, NARVAI PC. Políticas de saúde bucal no Brasil e seu impacto sobre as desigualdades em saúde. Revista de Saúde Pública. 2010; 44(2): 360-5.

CESA K, ABEGG C, AERTS D. A vigilância da Fluoretação de Águas nas Capitais Brasileiras. Epidemiologia e serviços de Saúde. v. 20, n.4, Brasília, dez, 2011.

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AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS DE ODONTOLOGIA FAPAC ITPAC-

PORTO ACERCA DA IDENTIFICAÇÃO DE CÂNCER BUCAL

DENTISTRY OF UNDERGRADUATE OF KNOWLEDGE ASSESSMENT FAPAC ITPAC-PORT ON THE IDENTIFICATION OF ORAL CANCER

Charles Franklin Aires Pimenta¹; Thainara da Silva Santos¹; Carllini Vicentini²; Elyne Regiane²;

Laura Souza de Castro²; Obede Rodrigues Ferreira²; Jonas Eraldo de Lima Júnior² _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO – Introdução: O grau de conhecimento sobre a causa e prevenção do câncer é bastante importante. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o agravamento da doença. Na maioria dos casos o câncer de boca é detectado tardiamente, entretanto uma boa anamnese e exame clínico são de suma importância para o sucesso do tratamento da doença. Objetivo: Para avaliar o conhecimento dos acadêmicos do curso de odontologia do 6º, 7º e 8º período do FAPAC ITPAC-PORTO sobre câncer bucal. Metodologia: Foi realizado uma pesquisa através de questionário para avaliar o conhecimento dos alunos acerca da identificação do câncer bucal. Resultado e Discussão: Responderam ao questionário 116 acadêmicos voluntários de ambos os sexos. Conclusão: Esse trabalho demonstrou que a maioria dos acadêmicos que participaram da pesquisa se acham preparados para diagnosticar o câncer bucal. Lembrando que o diagnóstico precoce é de suma importância para a cura da doença. Palavras chave: Neoplasias bucais. Conhecimento. Diagnóstico Precoce. ABSTRACT – Introduction: The degree of knowledge about the cause and prevention of cancer is very important. Early diagnosis is crucial to prevent the disease from worsening. In most cases oral cancer is detected late, but a good history and physical examination are of great importance for the successful treatment of the disease. Objective: To assess the knowledge of the students of the dentistry course of the National ITPAC-Porto. Methodology: it was carried out a survey by questionnaire with academics 6th from 7th and 8th period to assess students' knowledge about oral cancer. Results and discussion: 116 volunteers answered the questionnaire academics

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of both sexes. Conclusion: This study showed that most academics surveyed are prepared to diagnose oral cancer. Recalling that early diagnosis is very important for the cure of the disease. Key words: Oral cancer. Knowledge. Early diagnosis 1. INTRODUÇÃO

A incidência mundial estimada é de aproximadamente 275 mil casos por ano para o câncer

da boca e 130 mil de câncer de faringe, sendo dois terços destes em países em desenvolvimento.

No Brasil, o câncer da boca apresentou estimativas de, aproximadamente, 15 mil novos casos em

2010 e, dependendo da unidade da federação analisada, a doença chega a ser a quinta colocada

dentre as neoplasias malignas de maior incidência em homens (CAMARGO-CANCELA, 2010).

O câncer de boca representa um problema de saúde pública em consequência das taxas

elevadas de morbimortalidade, bem como devido aos altos custos clínico-assistenciais, além

disso ocupa o quinto lugar de incidência entre todos os tipos de câncer nos homens e o sétimo

entre as mulheres (CAMARGO- CANCELA, 2010).

Segundo os estudos, o carcinoma epidermóide (CEC) ou carcinoma de células

escamosas é a neoplasia maligna que ocorre em 90% dos casos entre os vários tipos de câncer

que afetam a boca (AUGUSTO, 2007).

Os principais sinais que podem indicar um câncer de boca são feridas que não cicatrizam,

ulcerações superficiais de 2 cm de diâmetro e indolores que podem sangrar ou não, manchas

brancas ou avermelhadas, dor ou desconforto à mastigação e deglutição, dificuldade na fala,

emagrecimento acentuado e dor ou presença de linfadenomegalia cervical (BRASIL, 2003).

Torna-se fundamental a articulação de mecanismos por meio dos quais se possa

promover o encontro de indivíduos motivados a cuidar da saúde bucal. Logo é necessário que

seja adotada uma política que contemple, entre outras estratégias, a capacitação de recursos

humanos para o seu diagnóstico precoce. O câncer de boca define-se como uma doença genética

crônica multifatorial, tem uma incidência global elevada, sendo potencialmente fatal, sendo este

processo aliado a alterações celulares e o meio ambiente. Seus principais causadores são o álcool,

fumo, dietas, radiação solar, deficiência imunológica e microrganismos. São estes os principais

fatores apontados para o desenvolvimento do câncer bucal.

Vários estudos apoiam o conceito de que o desenvolvimento de vários tipos de câncer,

nos seres humanos, está associado à exposição a fatores cancerígenos, principalmente os

ambientais. Os agentes físicos, químicos e biológicos lesam o ácido desoxirribonucleico

(ADN) nuclear, produzindo mutações, fraturas cromossômicas e outras alterações do material

genético (BRASIL, 2002).

Na maioria dos estudos, os indivíduos que desenvolvem câncer de boca têm uma história

de vida marcada por baixas condições socioeconômicas e baixa escolaridade, tendência à

exposição a fatores de risco como o hábito de fumar e de ingerir bebida alcoólica, bem como

precário estado de saúde bucal e carências nutricionais (BORGES et al., 2009).

A despeito dos avanços no diagnóstico e tratamento de várias formas de neoplasia

maligna que resultaram em prevenção, diagnóstico precoce e aumento de sobrevida, o câncer da

boca permanece como um problema de Saúde Pública em que não se nota melhora dos

indicadores epidemiológicos ao longo do tempo (SHIBOSKI, 2012).

Deficiências na formação profissional ou na educação continuada têm sido apontadas

como fatores que podem contribuir para o diagnóstico tardio do câncer oral. Percebe-se uma

deficiência em reconhecer o câncer de boca por parte da população como também pelos

profissionais, portanto é imprescindível saber como está a situação dos acadêmicos, tendo em

vista a existência de poucos estudos envolvendo esse grupo que constitui a base do

conhecimento. É essencial analisar a formação universitária acerca dessa patologia e, assim, evitar

a permanência de dificuldades no seu reconhecimento (SHIBOSKI, 2012).

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No entanto, nas últimas décadas, tem se tornado menos discrepante a exposição aos

fatores de risco entre homens e mulheres, uma vez que estas têm sido frequentemente expostas

aos principais agentes carcinógenos como tabaco e álcool, tornando-as mais passíveis de

desenvolvimento da doença no futuro (SHIBOSKI, 2012).

O câncer bucal é uma doença que pode ser diagnosticada precocemente, sendo favorável

o tratamento e cura das neoplasias malignas que podem se desenvolver em um estado mais

avançado. Sendo assim, a atuação do cirurgião- dentista é cada vez mais importante no

atendimento a esses pacientes, minimizando as complicações no tratamento.

A fim de avaliar o conhecimento sobre o câncer bucal dos acadêmicos do ITPAC-Porto

Nacional, foi realizada uma pesquisa com 116 discentes do Curso de Odontologia matriculados no

6º, 7º e 8º período, através de questionários de múltipla escolha. Tais questionários foram

respondidos voluntariamente na saída clínica e nas salas de aula. Esta pesquisa objetivou

proporcionar aos participantes a autoavaliação quanto ao conhecimento do câncer bucal, visando

saber se eles estão preparados para diagnosticar o câncer bucal.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Com o objetivo de conhecer a veracidade acerca do conhecimento dos graduandos em

odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO, sobre o diagnóstico de câncer bucal amparando e

assistindo a instituição com práticas informativas e educativas desenvolvidas por futuros

profissionais ainda acadêmicos.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa expositiva, transversal com dados de característica quantitativa.

A pesquisa foi realizada Clínica odontológica da FAPAC ITPACPORTO- PORTO NACIONAL, após

o encerramento de atendimento da clínica, bem como nas salas de aulas, em momento de

finalização da aula teórica, com a licença do professor.

O universo desta pesquisa foi constituída por graduandos da mesma faixa etária, de ambos

os gêneros e que cursam o sexto, sétimo e cursam ainda 2015.2 o oitavo período, e também

alunos que cursaram a disciplina de Estomatologia e Diagnóstico bucal do curso de odontologia

da FAPAC ITPAC-PORTO. Foram incluídos acadêmicos regularmente matriculados no sexto,

sétimo e oitavo período no curso de odontologia do semestre letivo 2015.2, da FAPAC

ITPAC-PORTO; acadêmicos que cursaram a disciplina de Estomatologia Diagnóstico bucal no

curso de odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO; acadêmicos que responderam ao questionário

voluntariamente; Acadêmicos que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foram dispensados da pesquisa os acadêmicos que optaram em não assinar o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido; Acadêmicos que por algum motivo não aceitaram

responder o questionário.

Os riscos ou benefícios aos sujeitos da pesquisa ou ao serviço oferecido foram descritos

como as contribuições bem como as participações dos graduandos no presente estudo apresentam

um risco inferior, visto que os dados pessoais dos participantes dificilmente serão expostos, pois

todas as informações coletadas são confidenciais, e somente foram divulgadas na sociedade

acadêmica, sem indicação de quem as forneceu. O trabalho não obteve benefício imediato, mas as

suas respostas são importantes para auxiliar o corpo acadêmico e autoridades de saúde na

elaboração de ações que possam orientar os CDs e futuros profissionais sobre os riscos e

benefícios do correto diagnóstico de câncer bucal. Portanto os benefícios do trabalho prevalecem

diante dos riscos.

Após aplicação de termo de liberação da IES, o pré-projeto foi submetido ao Comitê de

Ética. Sendo aprovado, ocorreu entrega aos acadêmicos de um termo de consentimento livre e

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esclarecido, o qual foi assinado pelo mesmo, em concordância com a utilização dos dados que

foram obtidos, sem a publicação de seus dados pessoais.

O voluntário respondeu o questionário contendo questões objetivas e diretas, que foi

elaborado tendo como objetivo de verificar o conhecimento dos alunos em relação ao

diagnóstico de câncer bucal. Foram desenvolvidas 09 perguntas sobre o diagnóstico de câncer

bucal, onde os alunos tinham três opções de resposta na primeira pergunta: excelente ou bom,

razoável e insuficiente ou ausente. Nas outras questões tinham duas opções de respostas: sim

ou não.

A análise ocorreu logo após se obter a quantidade de questionários respondidos, perante

a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. E em seguida, foi executada a tabulação

dos dados.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este texto trata de uma pesquisa realizada junto aos acadêmicos do 6º, 7º e 8º período,

do Curso de Odontologia do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Porto – Ltda.,

matriculados na disciplina de clínica multidisciplinar que intencionam a atuação na prática de

Odontologia. Participaram da pesquisa trinta e sete acadêmicos do 6º período, trinta e quatro do

7º período e quarenta e cinco acadêmicos do 8º período, resultando 116 acadêmicos. Segue em

gráfico 1 a porcentagem dos acadêmicos que participaram da pesquisa respondendo ao

questionário.

Numa totalidade de 152 acadêmicos matriculados na disciplina, desses, 36 não

quiseram participar da pesquisa ou não estavam presentes no dia. Dos 116 acadêmicos que

fizeram parte da pesquisa, 78 do gênero feminino e 38 do gênero masculino. Essa amostra

permitiu chegar aos resultados que serão expostos a seguir.

Dos cento e dezesseis alunos que f izeram parte da pesquisa, 51 alunos responderam

ter um conhecimento sobre o câncer bucal excelente ou bom, 44 alunos responderam ter

um conhecimento razoável e 21 alunos responderam ter um conhecimento insuficiente ou

ausente. Segue em gráfico 2 a porcentagem sobre o conhecimento dos acadêmicos acerca do

câncer bucal.

A segunda pergunta questionava se os acadêmicos tinham conhecimento sobre as causas

do câncer bucal. 67 alunos responderam que sim e 49 alunos responderam que não sabem. Segue

em gráfico 3 a porcentagem dos alunos que responderam ter ou não conhecimento sobre as

causas.

FIGURA 1 – Alunos que responderam ao questionário.

Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.

FIGURA 2 – Auto avaliação quanto ao conhecimento.

Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.

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A terceira pergunta do questionário queria saber dos acadêmicos se eles sabiam como o

câncer bucal se manifestava. Os resultados revelaram que 62 afirmaram ter conhecimento e 54

não. Segue em gráfico 4, a porcentagem obtida.

A pesquisa queria saber também se os alunos já tinham se deparado com algum caso.

Os 116 alunos que participaram da pesquisa afirmaram nunca terem se deparado com nenhum

caso de câncer bucal. A porcentagem obtida se encontra a seguir no gráfico 5.

Sabendo-se da importância de um diagnóstico o mais precoce possível do câncer bucal,

a pesquisa queria saber se os acadêmicos conheciam algum método de diagnóstico precoce. 83

FIGURA 3 – Conhecimento sobre as causas.

Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.

FIGURA 4- Conhecimento sobre a manifestação.

Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.

FIGURA 5. Já se deparou com algum caso.

Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.

FIGURA 6. Conhecimento sobre diagnóstico precoce

Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015

FIGURA 8. Diagnóstico precoce do câncer bucal.

Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.

FIGURA 7. Câncer Bucal mais frequente.

Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.

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alunos que participaram da pesquisa afirmaram conhecer algum método e 33 alunos afirmaram

não conhecer. O gráfico 6 a seguir irá mostrar a porcentagem obtida.

O papel do cirurgião do dentista é de suma importância no diagnóstico do câncer bucal.

Sabendo disso, a pesquisa queria saber dos acadêmicos se eles se achavam preparados para

identificar o câncer bucal. 59 (51%) afirmaram que estão preparados e 57(49%) afirmaram que não

estão preparados. A maioria dos casos de câncer bucal é detectada em fase avançada. O

diagnóstico precoce é de grande importância, pois favorece a possibilidade de cura da doença. 92

alunos disseram que é possível diagnosticar precocemente o câncer bucal e 24 alunos disseram

que não é possível. O gráfico 7 mostra a porcentagem dos alunos que disseram sim e não.

A pesquisa queria saber também se os acadêmicos tinham conhecimento sobre qual era

o câncer bucal mais frequente. 35 alunos responderam saber e 81 alunos responderam não saber.

O gráfico 8 mostra a porcentagem obtida.

A última pergunta do questionário queria saber dos alunos, se eles achavam que existia

cura para o câncer. 100 alunos responderam que sim e 16 alunos responderam que não. O

gráfico 9 mostra a porcentagem dos alunos que responderam sim e não.

5 CONCLUSÃO

O grau de conhecimento sobre a causa

e prevenção do câncer é bastante importante e

o diagnóstico precoce é fundamental para

evitar o agravamento doença, com isso o

cirurgião dentista tem papel de suma

importância no diagnóstico precoce.

Conclui-se com esse trabalho que a

maioria dos acadêmicos que participaram da

pesquisa respondendo ao questionário, acham-

se preparados para diagnosticar o câncer bucal.

Em contra partida, uma grande porcentagem

dos acadêmicos responderam não saber qual o

câncer bucal mais frequente. E dos 116 alunos

que participaram da pesquisa, todos

afirmaram nunca terem se deparado com

algum caso.

É importante que se possa

programar ações que visem acrescentar

conhecimento aos futuros cirurgiões- dentistas, para que, o diagnóstico precoce seja cada vez mais

rápido e aumente as chances de vida de pacientes com câncer bucal.

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FIGURA 9. Existe cura para o câncer.

Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015

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CEFALÉIA TENSIONAL E TOXINA BOTULÍNICA: Relado De Caso Clínico

TENSION HEADACHE AND BOTULINUM TOXIN: Report Of Case

Gleyton Malonny Galvão De Freitas¹; Rafael Vinícius da Rocha²; Eduardo Marques²; Ronyere Olegário de Araujo²; Talita Rocha Cardoso²; Tania Maria Aires Gomes Rocha²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral

Silva². ______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - Introdução: O uso da toxina botulínica tipo A é efetivo nas desordens clínicas que apresentam atividade muscular involuntária ou aumento dos tônus musculares, este medicamento tem sido um recurso terapêutico que a odontologia pode utilizar. O objetivo deste estudo foi ilustrar, por meio de relato de caso, o resultado obtido em dois pacientes com cefaleia do tipo tensional submetidos a tratamento com toxina botulínica. Metodologia: Foi realizado o acompanhamento de dois pacientes que apresentavam cefaleia do tipo tensional. Os pacientes foram submetidos a escala visual analógica de dor previamente e 15 dias após o tratamento com toxina botulínica. Resultados: Antes do tratamento os dois casos acompanhados relataram dores frequentes e enxaqueca semanal, ou diária. No caso 1 sua dor na escala estava representada como 8 de intensidade e no caso 2 a intensidade se apresentava em 9, após a aplicação da toxina botulínica ouve diminuição significativa, no caso 1 regrediu para 2 e 3 e no caso 2 regrediu para 1. Os pacientes relataram melhora na qualidade de vida após o tratamento. Discussão: o uso da toxina botulínica está sendo testado como um controlador temporário, na tentativa de se obter a diminuição do uso de analgésicos e controle da dor por estes pacientes. Conclusão: A toxina botulínica é segura e bem tolerada contribuindo com a redução do uso de analgésicos e controla por tempo determinado a cefaleia tensional. Palavras-chave: Dor. Cefaleia Tensional. Toxina botulínica.

ABSTRACT - Introduction: The use of botulinum toxin type A is effective in clinical disorders that have involuntary muscle activity or increased muscle tone, es you medicine has been a therapeutic resource that dentistry can use. The aim of this study was to illustrate, through case report, the result obtained in two patients with tension-type headache undergoing treatment with botulinum toxin. Methodology: This was monitoring two patients with tension-type headache. The patients underwent visual analog pain scale previously and 15 days after treatment with botulinum toxin. Results: Before treatment accompanied the two cases reported frequent migraine-res and weekly, or daily. In case 1, a pain scale was represented as 8 in intensity and in case 2 the intensity was presented on 9 after application of botulinum toxin hears significant decrease in case 1 regressed to 2 and 3 and the case 2 has regressed to 1. patients reported improved quality of life after treatment. Discussion: the use of botulinum toxin is being tested as a temporary driver in an attempt to obtain the decrease tion of analgesics and pain control for these patients. Conclusion:

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Botulinum toxin is safe and well tolerated contributing to reducing the use of painkillers and controls for time given the tension headache. Keywords: Dentistry. Headache. Botulinum toxin. 1 INTRODUÇÃO

A cefaleia tensional é uma doença que causa dores de cabeça, etiologicamente ainda mal

compreendida. Pode aparecer em alguns pacientes em forma de dor de cabeça causadas por

contrações involuntárias e crônicas. É um dos transtornos mais comuns estando relacionada com

fatores emocionais, logo conhecidas como de cefaleia de estresse. Geralmente aparece com o uma

dor difusa que vai de leve a moderada intensidade na cabeça (FLORES E COSTA, 2004).

Geralmente pacientes que apresentam cefaleia tensional tem seu início em decorrência de

um estresse emocional ou mental, ansiedade, cansaço, fome, excesso de exercícios, ansiedade

entre problemas em casa e no seu cotidiano. Não tendo uma única causa para tais dores de cabeça,

e não há ligação com fatores hereditários (FLORES E COSTA, 2004).

Para Schwartz et al., (1993) a cefaleia é uma desordem comum na infância e adolescência.

Esta patologia existe na maioria das pessoas em uma determinada época, porém tem sua

incidência maior na meia-idade.

Segundo Moreira (2009), estudos de literatura sobre variáveis psíquicas apontam a raiva,

hostilidade, ansiedade e depressão presentes em indivíduos sofredores da cefaleia.

A TxB é uma neurotoxina que possui alta afinidade pelas sinapses colinérgicas,

ocasionando um bloqueio na ldsiberação de acetilcolina desses terminais nervosos sem, contudo,

alterar a condução neural de sinais elétricos e/ou a síntese e armazenamento de acetilcolina

(UNNO, 2005).

Comprovadamente, a TxB pode enfraquecer seletivamente a musculatura dolorosa e

interromper o ciclo espasmo-dor, permitindo o alívio sustentado da dor, possibilitando ao paciente

a realização de exercícios físicos, os quais são vitais para a recuperação em longo prazo

(GRABOSKI, 2005).

O uso da toxina botulínica é efetivo nas desordens clinicas que apresentam atividade

muscular involuntária ou aumento dos tônus musculares; promove bloqueio da liberação de

secreções quando aplicada em tecidos glandulares, e há estudos recentes que sugerem que ela

desempenhe funções no tratamento para alivio da dor. Esta toxina é um recurso terapêutico que

a odontologia dispõe para solucionar problemas e que dá certo (ANDRADE, 1997).

Segundo Musse (1995), o uso da toxina botulínica deve ser cauteloso em doentes com

anormalidades da junção neuromuscular, tal como ocorre em casos de miastenia gravis, síndrome

de Eaton-Lambert ou esclerose lateral amiotrófica. Não deve ser aplicada em doentes durante a

gravidez ou lactação ou naqueles que usam aminoglicosídeos ou outras drogas que interferem na

atividade da junção neuromuscular.

Sankhla et al., (1998) relataram em seus trabalhos que alguns, doentes desenvolvem

anticorpos contra a toxina botulínica, fenômeno que reduz a efetividade de injeções subsequentes.

Estes parecem estar ligados à dose, frequência das aplicações em doentes com distonia

cervical e a resistência ocorrendo em menos de

5% dos casos. A dose letal de toxina botulínica é de aproximadamente 3.000U no adulto de 70 kg,

a dose recomendada é de até 360 a 600U e é válida para 12 semanas entre as aplicações. As doses

habituais para grupos musculares volumosos variam de

60 a 400U.

Wheeleret et al., (1998) observaram redução significativa da intensidade e frequência da

dor após o tratamento com toxina botulínica tipo A em quatro doentes com cefaleia crônica

associada à tensão dos músculos pericranianos que não haviam melhorado com tratamentos

convencionais.

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Stoks et al., (2000), observaram melhora da cefaleia em doentes submetidos a tratamento

de rugas na região frontal. Desde então, alguns estudos confirmaram a eficácia da toxina botulínica

no tratamento das cefaleias. Entretanto, como foram utilizadas diversas técnicas de injeção, houve

dificuldade para analisar os dados, alguns utilizaram pontos padronizados nos músculos frontal e

temporal e outros mais pontos em toda a região craniana.

Segundo Royal (2002) a injeção de toxina botulínica pode resultar em fraqueza muscular

excessiva tanto do músculo tratado como dos adjacentes, por exemplo, após a injeção do músculo

esternocleidomastoideo que pode ocorrer disfagia, podendo prejudicar a função motora. Este é o

principal efeito colateral do tratamento da Síndrome Dolorosa Miofascial com toxina botulínica. A

infiltração dos músculos cervicais pode gerar sensação de peso na cabeça e no membro superior

ipsolateral que geralmente regridem após a primeira semana. Os músculos injetados repetidamente

podem sofrer atrofia. Outras complicações mais raras são plexopatia braquial, poliradiculoneurite,

neurite e dermatite localizada, dentre outras.

Para Amantéa et al., (2003), a toxina botulínica tipo A deve ser armazenada a temperatura

abaixo de 5 graus até o momento da sua utilização e o material necessário para sua aplicação

consiste de cloreto de sódio 0,9%, agulha e seringa de aspiração e de insulina, a droga deverá ser

diluída em aproximadamente 1 ml de cloreto de sódio e então aplicada no paciente semi-sentado

nas previamente marcadas dos músculo masseteres e temporais, o raio de ação da droga é de

aproximadamente 0,5 cm a 1cm, devendo ser injetado cerca de 5,0U por ponto. Após a aplicação

são, necessários curativos com micropore e o paciente orientado a evitar a acionar a musculatura

pelo menos 15 minutos, devendo permanecer em repouso absoluto por 2 h.

O tratamento da cefaleia deve ter como objetivo a profilaxia, com a finalidade de reduzir a

frequência dos episódios e melhorar a qualidade de vida. Ele deve ser considerado em pacientes

nos quais os episódios de dor causam impacto importante na qualidade de vida apesar do uso

apropriado de

medicação antiálgica,

ou naqueles com

episódios tão

frequentes que

correm risco de

overdose

(ROBERTSON,

2012).

O tratamento profilático inclui evitar fatores desencadeantes, minimizar o uso de

medicamentos para dor e realizar intervenções que incluem tratamento medicamentoso, alteração

de estilo de vida, atividade física e outras estratégias. Os medicamentos orais disponíveis muitas

vezes são ineficazes e provocam sérios efeitos colaterais. Não existe ainda um tratamento

preventivo eficaz e tolerável para a doença, porém o uso da Toxina Botulínica tem se mostrado

eficaz neste tratamento (ROBERTSON, 2012).

O objetivo deste estudo foi ilustrar, por meio de relato de caso, o resultado obtido em dois

pacientes com cefaleia do tipo tensional submetidos a tratamento com toxina botulínica.

2 METODOLOGIA

Foi realizado o acompanhamento de dois pacientes que apresentavam cefaleia tensional e

submetidos ao tratamento com toxina botulínica. Os pacientes foram submetidos a palpação dos

músculos frontal, corrugador, procero e orbicular do olho em ambos os lados e após responderam

um questionário sobre a intensidade da dor e classificaram sua dor com referência a ESCALA

VISUAL ANALÓGICA – EVA (fig 1) previamente ao tratamento com a toxina botulínica e 15 após o

tratamento. Esta escala varia seu valor de 0 a 10. Para fazer a reconstituição a toxina foi utilizada

uma ampola de Prosigne® 50 U (CRISTÁLIA PRODUTOS QUÍMICOS FARMACÊUTICOS LTDA,

Figura 1 – Escala Visual Analógica

Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfgHUAA/dor-quinto-sinal-

vital

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ITAPIRA, BRA) diluído em 0,5 ml de soro fisiológico 0,9% estéril (EQUILEX, APARECIDA DE

GOIÃNIA, BRA), com uma seringa de 3 ml com agulha 25 x 0,70 mm calibre 22 G (BD, CURITIBA,

BRA). A limpeza da pele foi realizada com algodão (CREMER S.A., BLUMENAU, BRA) e

adstringente para pele (JOHNSON & JOHNSON LTDA, SÃO JOSE DOS CAMPOS, BRA), após foi

demarcado um ponto de anestésico tópico EMLA® (ASTRAZENECA, COTIA, BRA) no local da

injeção.

Caso 1

No primeiro caso foi selecionado um paciente, do gênero masculino, 35 anos, classe I de

Angle, higiene oral satisfatória, relatando “fortes dores”, com ocorrências semanalmente de dores

de cabeça e de 3 em 3 meses apresentava enxaqueca, com grau 8 na escala EVA (fig. 1). O

paciente não relatou dor à palpação, em nenhum músculo. O paciente foi submetido a realização

de fotos para comparação do antes e depois do tratamento. Na figura 2 mostra o paciente antes do

tratamento com a toxina já tendo preenchido o questionário.

• Após o tratamento sua dor diminuiu para qual na escala EVA? Para 2 a 3, quinze

dias após o tratamento.

Após 15 dias do tratamento com toxina botulínica, aplicada nos músculos frontal, corrugador,

procero e orbicular do olho o paciente foi novamente submetido a ESCALA VISUAL ANALÓGICA-

EVA (fig. 1) e a realização de novas fotos. Quando realizado, a palpação nos músculos o paciente

não relatou nenhum desconforto.

Caso 2

Foi selecionado uma paciente, do gênero feminino, 27 anos, classe I de Angle, higiene oral

satisfatória, relatando ter cefaleia tensional forte, dores de cabeça semanalmente e enxaqueca com

ocorrências de 3 em 3 meses, com grau 9 na escala EVA (fig. 1). Não apresentava dores à palpação

nos músculos da região nem antes nem depois do tratamento. O paciente foi submetido a realização

de fotos para comparação do antes e depois do tratamento. Na figura 4 mostra o paciente antes do

tratamento com a toxina já tendo

preenchido o questionário.

Após 15 dias do tratamento

com toxina botulínica aplicada nos

músculos frontal, corrugador,

procero e orbicular do olho, o

paciente foi novamente submetido

à ESCALA VISUAL ANALÓGICA-

EVA (fig. 1) e a nova sessão de fotos

(fig. 5). Quando realizado, a

palpação nos músculos o paciente

não relatou nenhum desconforto.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi realizado o acompanhamento de dois pacientes que tinham sido submetidos ao

tratamento de cefaleia tensional com toxina botulínica. Os pacientes apresentavam dores de cabeça

constantes e de 3 em 3 meses apresentavam uma enxaqueca. Foi realizado com os pacientes

antes e depois do tratamento um questionário embasado na escava EVA e outro em que eles iriam

relatar como estava sua dor e a frequência com que aparecia. O caso 1 classificou sua dor em 8 na

escava EVA, relatando ter dores frequentemente de cabeça e enxaqueca a cada trimestre. O caso

2 classificou na escala sua dor em 9, relatando as mesmas frequências do caso 1. Após 15 dias da

aplicação desta toxina o paciente foi abordado no mesmo questionário e a tomada de fotos para se

fazer a comparação. As respostas dadas foram que sua dor e a frequência diminui, na escala o

Figura 2: Paciente antes do tratamento com toxina

botulínica tipo A

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caso 1 relatou que sua dor foi para 2 ou 3 e em comparação com as fotos houve grande diferença

(fig. 4) e no caso

2 a paciente relatou que sua dor regrediu para 1 na escala EVA (fig. 1), assim como no caso 1, a

fisionomia mudou relativamente (fig. 5).

Os pacientes submetidos ao tratamento com toxina botulínica do tipo A apresentaram

melhora em seu quadro clínico, tendo em vista a diminuição da intensidade e frequência da dor em

cada um. Em contrapartida esse tratamento precisa ser realizado a cada período de tempo, pois

sua duração de benefícios tem tempo de validade. A redução da paciente do sexo feminino foi maior

que no paciente do sexo masculino, mas ambos demonstraram satisfação ao tratamento e

relataram que a qualidade de vida melhorou após o tratamento com a toxina botulínica tipo A. Ainda

relataram que a quantidade de medicamentos utilizados por eles diminui de forma significativa.

A cefaleia do tipo tensional provoca no paciente dores de cabeça com graus variados com

sua etiologia ainda mal compreendida. O mesmo sente dor decorrentes de contrações involuntárias,

podendo estar ligada a fatores emocionais. Esta cefaleia aparece subdivida em duas fases sendo

a primaria que não apresenta etiologia demonstráves em exames clínicos e laboratoriais usuais e

a secundária apresenta etiologia

demonstráves nos exames, muitas vezes

relacionadas (SPECIALI, 1997; FLORES

E COSTA, 2004).

Segundo Schwartz et al., (1993) e

Moreira (2009) relatam que, a cefaleia é

uma desordem comum em crianças e

adolescentes, mas a maior incidência

estar na meia idade, em decorrência da

raiva, hostilidade, ansiedade e

depressão.

Collado (2009), relata que, o uso da toxina botulínica está sendo testado como um

controlador temporário, na tentativa de se obter a diminuição do uso de analgésicos e controle da

dor por estes pacientes. Existem sete tipos de neurotoxinas, dentre elas a soro tipo A é a mais

utilizada para a realização

deste proposito terapêutico. Os

primeiros testes com a toxina

botulínica injetada em seres

humanos, sendo utilizada no

tratamento de estrabismo.

A toxina botulínica

ocasiona uma inibição de

acetilcolina, em primeiro

momento, está toxina se liga aos

receptores de membrana pré-

sináptica do terminal nervoso

motor. Esses receptores estão

sendo responsáveis pelo

processo de endocitose da

neurotoxina até o terminal

nervoso. O passo decisivo para sua atuação é a clivagem desta toxina que ocorre após a

interiorização da molécula, por fim, este processo deverá resultar no bloqueio da fusão das

vesículas, o que ocasiona um bloqueio que impedirá a liberação de acetilcolina, favorecendo a

paralisia flácida nas fibras musculares atingidas (GRABOSKI, 2005; UNNO, 2005).

Figura 3: Paciente antes do tratamento com toxina

botulínica tipo A.

Figura 4: Paciente 15 dias depois do tratamento com

toxina botulínica tipo A.

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Até o século XX, poucas publicações haviam sido realizadas a respeito da toxina botulínica

para o tratamento de migrânea, cefaleia tipo tensão e outros tipos de cefaleia, no entanto todos os

artigos que foram publicados

evidenciavam boa e consistente

eficácia desta toxina (BRIAN et al.,

2000; SIBERSTEIN, 2000).

Segundo Sankhla et al.,

(1998), foi realizado um trabalho com

o uso da toxina botulínica

constatando que em alguns doentes,

foi desenvolvido anticorpos que reduz

a efetividade de injeções

subsequentes. Os efeitos mais

frequentes, que são possíveis de

ocorrer nos pacientes após o tratamento com a toxina botulínica é fraqueza muscular, rigidez

cervical, dor cervical (SIBERSTEIN et al., 2006).

Segundo Musse (1995) e Collado (2009), existe critérios de inclusão e exclusão para a

realização do tratamento de cefaleia tensional com toxina botulínica. Os fatores de inclusão incluem

pacientes com cefaleia estável por 6 meses em frequência e severidade desde o início até o dia de

avaliação; pacientes que por 6 meses experimentaram cefaleia com frequência de 15 dias ou mais

por mês. Os fatores de exclusão incluem condição clinica ou o uso de algum agente que pode

colocar o paciente em situação de risco com a exposição a toxina; mulher em gestação ou que

esteja com planos de engravidar no período de tratamento, ou que seja incapaz ou não tome de

forma correta o anticoncepcional durante o tratamento.

Segundo Wheeleret et al., (1998) e Stoks et al., (2000), relataram que a utilização da toxina

botulínica houve uma redução significativa na frequência e intensidade da dor, desde então foi

confirmado que essa toxina é eficaz no tratamento de cefaleias.

Robertson (2012), relata que o tratamento da cefaleia deve ser profilático, com o intuito de

diminuir a frequência de episódios e oferecer ao paciente uma melhor qualidade de vida. Devendo

levar em consideração os pacientes os episódios de dor dificultando sua vida no dia a dia apesar

do uso apropriado de medicação antálgica, ou em caos em que o uso de medicação é tão grande

que pode levar a um risco de overdose do paciente. O tratamento profilático inclui minimizar o uso

de medicamentos, remover a etiologia, induzir a uma qualidade de vida com atividade física e outras

estratégicas.

4 CONCLUSÕES

Os pacientes tratados relatam melhoria na qualidade de vida pela redução das dores

provenientes da cefaleia tensional; A toxina botulínica é segura e bem tolerada como o tratamento

coadjuvante, onde regimes de farmacoterapia podem sabidamente provocar efeitos colaterais;

Redução do uso de analgésicos e o tempo de ação de 3 a 4 meses por dose; Não constituiu um

medicamento que efetivamente trate cefaleia, apenas controla por tempo determinado.

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Figura 5: Paciente 15 dias depois do tratamento com toxina

botulínica tipo A

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CONDIÇÃO PERIODONTAL DE UM USUÁRIO DE MACONHA E CRACK - Relato de Caso

Clínico

PERIODONTAL CONDITION OF A MARIJUANA USER AND CRACK - Report of Case

Gabriela Soares dos Reis1; Verônica Lustosa de Souza1; Elyne Regiane dos Santos Gomes2; Ana Paula Faria Moraes2; Carllini Barroso Vicentini2; Arthur Alves Borges de Carvalho2; Ozenilde Alves Rocha Martins². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - Condições que vivem os indivíduos usuários de drogas, bem como, as consequências desse uso e as repercussões que isso tem na cavidade bucal. Objetivo - Avaliar a condição periodontal de um paciente usuário de maconha e crack, por meio da análise da profundidade de sondagem, perda de inserção, retração gengival, sangramento à sondagem e índice de placa. Métodos - Realizou-se exames clínicos periodontais e radiográficos para avaliação e diagnóstico das alterações periodontais resultantes do uso crônico de drogas ilícitas. Resultados -Observou-se a presença de PS maior que 5 mm em 3 elementos dentais; a retração gengival foi encontrada em vários pontos da cavidade bucal, assim como a perda de inserção, que estava presente de forma leve, moderada ou severa. Não foi observado sangramento à sondagem, porém, o índice de placa foi de 100%. Notou-se pigmentação exógena generalizada. Conclusão– Conclui-se que o usuário de maconha e crack apresentou alterações periodontais que podem estar relacionadas ao uso crônico de maconha e crack. Palavras-chave: Cannabis. Usuários de drogas. Cocaína Crack. Doença Periodontal. Periodontia. ABSTRACT: Introduction - Conditions living drug users individuals as well as the consequences of such use and the impact it has in the oral cavity. Objective - To evaluate the periodontal condition of a marijuana and crack user patient, through the analysis of probing depth, attachment loss, receding gums, bleeding on probing and plaque index. Methods - to periodontal clinical and radiographic evaluation and diagnosis of periodontal changes resulting from chronic use of illicit drugs. Results - Remarked the presence of PS greater than 5 mm 3 in dental elements; gingival retraction found in various parts of the oral cavity as well as the insertion loss, which was present mild, moderate or severe form. There was no bleeding on probing, however, the plaque index was 100%. It was noted widespread exogenous pigmentation. Conclusion - We conclude that the marijuana and crack user had periodontal changes that may be related to chronic use of marijuana and crack. Key-words: Cannabis. Drug users. Crack Cocaine. Periodontal disease. Periodontics.

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1 INTRODUÇÃO

O número de usuários de drogas ilícitas cresce a cada dia, causando grande problema para

a Saúde Pública (ALVES et al., 2013).Os usuários de drogas adquirem um estilo de vida

caracterizado por hábitos alimentares ruins, diminuição ou perda da autoestima e alterações

comportamentais, que influenciam de alguma forma na higiene geral e bucal, aumentando o risco

para a instalação e desenvolvimento de doenças na cavidade oral (ALBINI, 2013).

O periodonto pode ser definido como os tecidos de proteção e sustentação dos dentes e

compreende gengiva, ligamento periodontal, cemento e osso alveolar. A inflamação desses tecidos

leva a quadros clínicos denominados de gengivite, quando atinge somente a gengiva, e periodontite,

quando atinge o ligamento periodontal, cemento e osso alvelar (INVERNICI, 2012).

A doença periodontal atinge aproximadamente 54% da população do Brasil e é a segunda

doença mais frequente na população mundial (INVERNICI, 2012). Estudos demonstram que com

12 anos apenas 63% das crianças possuem periodonto saudável, enquanto que nos idosos de 65

a 74 anos esse número foi reduzido para 2%. É uma doença crônica e progressiva que pode causar

danos irreversíveis. São vários os fatores etiológicos dessa patologia, incluindo os microrganismos,

resposta do hospedeiro, fatores ambientais e genéticos (ALBINI, 2013).

A maconha e o crack são drogas utilizadas na forma de cigarro e, por esta razão, entram em

contato direto com o periodonto, permitindo que se faça uma relação direta entre o uso dessas

drogas ilícitas e a doença periodontal (ALBINI, 2013). A fumaça da maconha provoca diminuição

do fluxo salivar, que é um fator agravante para a gengivite e periodontite(COLODEL et al., 2009).

Os usuários de crack, com o intuito de acelerar a absorção da droga, friccionam a mesma na

gengiva, causando trauma mecânico que resultará em recessões gengivais e lesões na mucosa

bucal. Além disso, o crack causa intensa vasoconstrição que pode provocar necrose dos tecidos de

suporte do periodonto (ALBINI, 2013).

Sabe-se que há uma carência de estudos a respeito das alterações periodontais em

dependentes químicos e que, na maioria das vezes o cirurgião-dentista não consegue diagnosticar

corretamente esses pacientes. O objetivo deste estudo foi realizar um relato de caso clínico com o

intuito de avaliar a condição periodontal de um usuário de maconha e crack através da avaliação

clínica periodontal e de exames complementares.

2 METODOLOGIA

Após o paciente assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi efetuado a

anamnese de acordo com a ficha clínica da Clínica Odontológica ITPAC- Porto Nacional. Nessa

anamnese foram coletadas informações como: identificação do paciente,queixa principal, história

da doença atual, história familiar, história social, história médica, uso de drogas lícitas e ilícitas e,

por fim, história odontológica. Nesse último item, o paciente respondeu perguntas quanto ao uso de

escova e fio dental. Observou-se o aspecto geral do paciente e seus sinais vitais foram aferidos e

anotados. Em seguida realizou-se a palpação dos linfonodos e análise de alterações faciais.

No exame intrabucal, foram avaliados os tecidos moles, palato duro e palato mole. Na

avaliação dentária utilizou-se sonda exploradora e espelho clínico para identificar dentes com cárie,

obturados, ausentes, com indicação de exodontia ou endodontia, com presença de abrasão,

abfração, atrição e/ou erosão. Concluída essa etapa, com o auxílio da sonda milimetrada de

Willians, sonda de Nabers (2N Millennium-Golgran,), sonda exploradora e espelho clínico, foi

executado o exame gengival para verificar a presença de inflamação, mudanças na coloração da

gengiva, profundidade de sondagem e retração gengival. Estes dois últimos itens (PS e RG)

forneceram a perda de inserção de cada dente por meio do cálculo abaixo:

Onde: PI significa perda de inserção, PS profundidade de sondagem e RG

retração gengival.

PI= PS+RG -3 mm

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O paciente foi examinado por dois acadêmicos sob supervisão de um professor da instituição

(ITPAC- Porto Nacional), utilizando os materiais citados acima, previamente esterilizados.

Em seguida, foi realizado o exame radiográfico periapical dos dentes necessários,

radiografia oclusal superior e panorâmica. Também realizou-se fotografias intraorais frontal, lateral

direita, lateral esquerda, oclusal superior e oclusal inferior

utilizando a câmera Canon Macro Ring Lite MR 14 EX.

Posteriormente foi utilizada fucsina básica a 0,5%

para determinar o índice de placa de O’Leary (1972). O

cálculo para determinação desse índice foi feitocorando-se os dentes e calculando o percentual de

faces coradas conforme a regra abaixo:

3 RESULTADOS

De todas as drogas ilícitas existentes, a maconha é a mais utilizada, sendo que 11% da

população brasileira já experimentou alguma vez e 3% faz o uso frequente dessa substância. A

planta que dá origem à maconha é a Cannabis sativa. Suas folhas e flores são secas e trituradas

para depois serem utilizadas. A maconha possui em sua composição mais de 535 substâncias

químicas, porém, a substância psicoativa mais potente e abundante é o Delta 9-tetrahidrocanabinol,

chamado também de THC. Nas várias formas de apresentação da maconha, a concentração de

THC pode variar entre 1% e 15%, o equivalente a 2,5 a 150mg dessa substância. Acredita-se que

seja necessário uma concentração de 1% para que ocorram os efeitos de euforia. Os efeitos

sistêmicos dessa droga são: secura da boca e garganta, vermelhidão dos olhos, sensação de

cabeça leve, alterações na coordenação e nos movimentos, aumento do apetite, distorções do

espaço e tempo, dentre outros (ALBINI, 2013).

A hipotensão arterial é outra manifestação comum em dependentes de maconha, o que

contraindica a utilização de anestésico local que contenha vasoconstritor do tipo amina

simpatomimética. O vasoconstritor indicado é a felipressina (COLODEL et al., 2009).

Na cavidade oral, a maconha pode provocar estomatite nicotínica, uvulite, aumento gengival

(semelhante ao provocado pela fenitoína), aumento na incidência de cárie e perda óssea (ALVES

et al., 2013).

O uso da maconha pode causar dependência química, prova disso é que, no Brasil, mais de

um terço dos usuários adultos são dependentes. A maconha constitui-se em um fator de risco para

a doença periodontal, mesmo que seu uso não seja concomitante ao do tabaco. Isso se deve à

presença de substâncias semelhantes às encontradas no tabaco, que alteram a função imunológica

e inflamatória, repercutindo negativamente sobre o periodonto. Dessa forma, o uso da maconha por

um longo período de tempo está fortemente relacionado à ocorrência da doença periodontal,

independente da associação ou não do tabaco (ALBINI, 2013).

A diminuição do fluxo salivar também foi observado em usuários de maconha, devido à ação

parassimpatolítica dessa substância, o que explica a alta prevalência de cárie e doença periodontal

nos usuários contínuos desse produto (RIBEIRO et al., 2002).

O crack chegou ao Brasil no final dos anos 80 e se disseminou inicialmente em São Paulo

(DUNN et al., 1996) e seu consumo se alastrou no país por ser uma droga de baixo custo e efeitos

mais intensos (NAPPO et al., 2001). O crack é um derivado da cocaína, obtido por maio da mistura

da pasta de coca com bicarbonato de sódio, formando pequenas pedras. É usado na forma fumada

e recebe esse nome devido aos sons provocados quando da sua queima (INVERNICI, 2012;

ALBINI,2013).

O crack, em virtude de sua via de administração, possui efeitos mais intensos, que se iniciam

de 10 a 15 segundos após a fumaça produzida pela queima de pedra de crack chegar ao sistema

nervoso central, porém, com menor duração do que as outras formas da cocaína, fazendo com que

seus usuários cheguem mais rapidamente à dependência. Os efeitos do crack duram em média 5

minutos, enquanto as outras formas da cocaína podem durar de 20 a 45 minutos. O baixo custo do

Nº total de faces 100%

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Número de faces coradas X

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crack associado ao efeito mais intenso e rápido contribui para o aumento de usuários. Em 2005, o

Brasil era o principal mercado de cocaína/crack do mundo, respondendo por 20% do consumo

mundial (INVERNICI, 2012; ANTONIAZZI et al., 2013).

Os efeitos sistêmicos do crack são euforia, excitação, sensação de prazer, insônia,

agitação, sensação de confiança, ansiedade, fadiga, depressão e falta de apetite (ALBINI,2013). Já

foi relatado que o crack pode causar diversas alterações bucais em razão do calor gerado, trauma

mecânico pela fricção da droga na gengiva, vasoconstrição, xerostomia e deficiências ocasionadas

na resposta imunológica do usuário. Dentre essas alterações, pode-se citar: úlceras na boca e

orofaringe, erosão dental, bruxismo, dor na articulação temporomandibular, perda óssea avançada,

inflamação e recessão gengival. Algumas dessas manifestações foram associadas à fricção da

cocaína/crack na gengiva (ALBINI, 2013; ANTONIAZZI et al., 2013). Drogas como o crack, álcool,

maconha, dentre outras, destroem a família e o próprio indivíduo, modificando seu caráter e senso

de responsabilidade e provocando alterações emocionais, químicas e físicas. O consumo excessivo

de entorpecentes pode causar mudanças negativas na cavidade oral, tais como alterações

periodontais, xerostomia, cáries, desgastes dentais, hipoestesia, dor e perda óssea. Usuários de

cocaína e crack podem manifestar escaras linguais e lesões na mucosa oral, uma vez que muitos

usuários esfregam a droga na superfície gengival com o intuito de obter um efeito mais rápido. A

absorção da cocaína e do crack pela mucosa bucal provoca vasoconstrição no local, predispondo

o usuário a ocorrência de lesões e necrose tecidual por falta de irrigação sanguínea. Sendo que a

cocaína e seus derivados podem levar o indivíduo à morte súbita, os procedimentos odontológicos

eletivos não devem ser realizados enquanto o paciente utilizar essas substâncias (COLODEL et al,

2009).

Colodel et al. (2009) realizaram um estudo que buscou avaliar as alterações orais, presentes

em 22 usuários de drogas lícitas e/ou ilícitas em fase de recuperação sendo 16 do sexo masculino

e 6 do sexo feminino. Entre essas pessoas o consumo maior era de maconha, crack e cocaína.

Observou-se alto índice de doença periodontal, cárie dentária e alterações de tecido mole.

Alves et al. (2013) apontaram que o uso de drogas resulta em elevado índice CPOD,

halitose, gengivite, bruxismo, estomatite, desgastes dentais, queilite angular, problemas

periodontais de evolução rápida e cárie excessiva. Essas manifestações podem estar relacionadas

à deficiência na nutrição e falta de compromisso com a higiene pessoal. Dessa forma, foi realizado

um estudo para avaliação das condições bucais de 60 dependentes de drogas que se encontravam

em tratamento em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS II AD).Cerca de 85% dos entrevistados

eram do sexo masculino, solteiro e se encaixavam na faixa etária entre 41 e 50 anos. Quanto ao

tipo de droga utilizada, 48% consumiam maconha e 40% cocaína/crack/merla. Foi descrito também

o uso de outras drogas, tais como calmantes, álcool, cigarro, cafeína, ópio, dentre outras.A via oral

(52%) e oral/inalatória (40%) foram as principais vias de administração relatadas. A maioria dos

entrevistados usava drogas por um período de 16-20 anos e não realizavam consulta odontológica

entre 2 a 3 anos. As principais alterações bucais observadas foram hipossalivação, pH bucal ácido,

pigmentação exógena, retração gengival, placa e cálculo.

Segundo Ribeiro et al. (2002), os fatores etiológicos das manifestações bucais ocasionadas

pelo consumo de drogas são: aumento no consumo de carboidratos, diminução do pH salivar,

xerostomia, pequena concentração de fosfato inorgânico e má higiene bucal resultante da baixa-

estima dos dependentes. A diminuição do fluxo salivar leva ao alto índice de cárie e doença

periodontal nesse grupo de pessoas. Foram selecionados 102 indivíduos droga-dependentes, do

sexo masculino e que se encontravam em recuperação na instituição Esquadrão da Vida, em Bauru

– SP. O objetivo foi avaliar as condições bucais encontradas nessas pessoas. A pesquisa foi

longitudinal, compreendendo o tempo de 12 meses de visitas mensais à população estudada

(agosto de 2000 a julho de 2001). A idade média encontrada foi de 29,17 anos. Grande parte dos

pesquisados possuíam baixa escolaridade e se alimentavam entre as refeições, muitos dando

preferência a balas, chocolates e chicletes. Apesar de 41,17% afirmarem que escovavam os dentes

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aproximadamente três vezes ao dia, 69,60% não faziam uso de fio dental. Apesar de 38, 23 % dos

entrevistados terem realizado consulta odontológica há menos de 6 meses, 31,37% tiveram sua

última consulta há mais de dois anos. O índice CPOD encontrado foi de 14,88 e o fluxo salivar foi

normal em 63,72%. O estudo demonstrou relação negativa entre a necessidade de tratamento

odontológico e a valorização dada à saúde bucal por parte dos droga-dependentes.

Invernici (2012) executou um estudo caso-controle, em que foi comparado as condições

clínicas de 156 indivíduos sendo 52 dependentes de crack e tabaco (CT), 52 fumantes de tabaco

(T) e 52 não fumantes (C). A idade variou entre 18 e 52 anos e teve uma média de 32,1 anos.

Obteve-se uma média de 6,9 anos de consumo do crack, com o uso de 14,3 pedras por dia. Para a

maconha, a média de tempo de uso foi de 12,7 anos, com o uso de 5,6 cigarros por dia. Os grupos

CT e T apresentaram maior média de profundidade de sondagem comparados ao grupo C. No nível

de inserção clínica e sangramento à sondagem, os grupos CT e T não se distinguiram, obtendo

média maior, comparado ao grupo C. O índice de placa 0 e 1 tiveram maior percentual nos três

grupos pesquisados. Com relação ao índice gengival, o grupo C teve menor índice de grau 0 e 2

em relação ao grupo CT e T, porém houve distinção entre os três grupos.

Albini (2013) realizou uma pesquisa transversal para avaliar as condições periodontais de

137 dependentes químicos, do sexo masculino, com idade média de 30,1 anos que estavam sob

tratamento no Instituto de Pesquisa e Tratamento de Alcoolismo (IPTA) de Campo Largo - PR.

Aproximadamente 64,% consumiam crack, maconha e tabaco; 23,40% consumiam crack e tabaco

e 12,40% usavam maconha e tabaco. O tempo de uso do tabaco foi em média 14 anos e de 140

cigarros/semana; para o crack o tempo foi de 5,5 anos e 14 gramas/semana; para a maconha o

tempo de consumo foi 9,5 anos e uma média de 15 gramas semanais. Para o grupo que consumia

maconha e tabaco observou-se a presença de 42,5% dos elementos dentários com PS≥4mm. Já

para os grupos de dependentes de crack/tabaco e maconha/tabaco observou-se que 41,1% dos

dentes presentes possuíam 4mm ≤ NIC ≤ 6 mm. Em 71,5% dos pesquisados foi diagnosticada a

doença periodontal, sendo a periodontite leve a que mais prevaleceu. Em 83,1% dos dentes

examinados houve sangramento à sondagem, no entanto, não houve diferença significativa entre

os três grupos; em mais de 80% foi observado índice de placa 1 (detectada com sonda exploradora).

Na maior parte da amostra foi constatado inflamação gengival moderada.

Vieira et al. (2014) selecionaram uma amostra constituída de 100 pacientes internados em

centros de desintoxicação, com o intuito de avaliar quais os microrganismos que afetam o

periodonto estão presentes na cavidade bucal de dependentes químicos. Foram escolhidos 100

indivíduos sem dependência para constituir o grupo controle. A amostra tinha idade entre 18 e 35

anos e possuía integrantes de ambos os gêneros. Com relação à droga utilizada, a maior parte

consumia várias drogas em associação; 80% consumiam tabaco, 50% cocaína, 61% crack, 70%

bebidas alcoólicas, 41% maconha, 23% LSD e 16% “ecstasy”. Entre os pacientes da amostra, 23

eram periodontalmente sadios, 26 possuíam periodontite crônica e 51 possuíam gengivite. No grupo

Figura 01- Fotografia frontal

Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)

Figura 02- Fotografia lateral direita

Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)

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controle 34 estavam periodontalmente sadios, 22 apresentavam periodontite crônica e em 44 foi

detectada gengivite. Os resultados das amostras de biofilme coletadas concluíram que os

patógenos Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia e Treponema denticola se relacionaram

com sangramento gengival e perda óssea tanto nos dependentes quanto no grupo controle. No

entanto, nos dependentes havia maior presença desses patógenos.

Ciesielski (2013) avaliou as alterações bucais resultantes do uso de drogas. A amostra foi

constituída por 108 pacientes do sexo masculino e feminino com idade entre 21 e 60 anos que se

encontravam internados em processo de recuperação no Hospital Benedita Fernandes, Araçatuba-

SP. Para admissão na pesquisa, o paciente deveria ser dependente há pelo menos 1 ano e não ter

realizado tratamento médico ou odontológico nos seis meses anteriores à pesquisa. Também não

deveriam ter sido submetidos a tratamentos com antimicrobianos. A anamnese e exame clínico

foram executados sete dias após os pacientes terem iniciado o tratamento de recuperação. Os

pacientes avaliados por docentes, médicos, psicólogos e assistentes sociais do Hospital Benedita

Fernandes. Dos 108 pacientes estudados, a maioria era do sexo masculino, solteiros ou

desquitados, com nível de escolaridade baixo, desempregados ou trabalhadores autônomos. Cerca

de 14,6% dos pacientes consumiam somente um tipo de droga; 85,4% faziam uso de drogas

associadas sendo que as mais utilizadas eram cocaína, crack, tabaco, maconha e bebidas

alcoólicas. Os pacientes afirmaram que consumiram drogas pela primeira vez por diversão,

curiosidade ou para serem aceitos no meio em que conviviam. Dentre as alterações encontradas,

observou-se gengivite em 47 pacientes, periodontite em 25, edentulismo em 4 e 32se mostraram

periodontalmente sadios. O índice CPOD foi de 14,4, sendo que a média de dentes perdidos foi de

8,1 por paciente. A atrição foi observada, principalmente nos indivíduos que consumiam cocaína;

outras alterações como xerostomia, leucoplasias, ceratose labial, aumentos teciduais e

osteomielites também foram diagnosticadas.

Figura 03- Fotografia lateral esquerda Figura 04- Fotografia oclusal superior

Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015) Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)

Figura 05- Fotografia oclusal inferior Figura 06- Radiografia panorâmica

Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015) Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)

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Paciente A. E. C., sexo masculino, solteiro, 54 anos, 56 kg, compareceu na clínica

odontológica Itpac-Porto Nacional para tratamento periodontal. Ao exame clínico foi constatado que

o mesmo necessitava também de tratamento em dentística, endodontia e cirurgia. Na anamnese, o

paciente relatou que não possui doenças sistêmicas e que faz uso diário de crack e maconha há

mais de 15 anos. A pressão arterial foi de 110/70 mmHg e o pulso radial de 60 batimentos/minuto.

No exame clínico intrabucal observou-se lesão no palato e alterações de forma da gengiva

superior e inferior do lado direito. Os dentes 15, 14,22, 23, 24, 27, 36, 46 e 47 estavam ausentes.

Ao exame radiográfico os dentes 16 e 13 foram condenados periodontalmente para exodontia. O

elemento 34 apresentava lesão periapical extensa e necessitava de tratamento endodôntico. Os

dentes 17,13,37,35 e 34 necessitavam de tratamento restaurador. Havia em todos os dentes

mudanças na coloração e cálculo supragengival. Nos elementos 43, 42, 41, 31, 32, 33 e 34 foi

constatado presença de atrição.

Na tabela 1 pode ser observado a profundidade de sondagem e na tabela 2 são exibidas

as retrações gengivais. A tabela 3 se refere aos valores de perda de inserção encontrados.

Não foi observado sangramento à sondagem em nenhum dente.Na primeira sessão foi

realizada a evidenciação de placa com fucsina básica, obtendo-se um percentual de 100% de

faces coradas. Na segunda sessão observou-se que a placa continuou com o percentual de

100%.

4 DISCUSSÃO

Neste estudo, o paciente de 54 anos fazia uso

de substâncias ilícitas (maconha e crack) há mais de

15 anos. Em um estudo realizado por Alves et

al.(2013), a maioria dos usuários avaliados faziam

uso diário de drogas por um período de 15 a 20 anos.

O paciente desse estudo se enquadra nessa faixa

etária.

O paciente estudado apresentou pressão arterial de 110/70 mm/Hg e pulso radial de 60

batimentos/minuto, demonstrando leve hipotensão. De acordo com Colodel et al. (2009), a

hipotensão arterial é uma manifestação comum em dependentes de maconha. Por essa razão, o

vasoconstritor indicado para esses indivíduos é a felipressina, uma vez que o uso de anestésico

que contenha vasoconstritor do tipo amina simpatomimética é contraindicado.

Fotografia 08 – Radiografia dente 13

Fotografia 07- Radiografia dente 16

Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)

Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)

TABELA 1- Profundidade de sondagem

Dente Face OS

13 Lingual 6 mm

16 Mesiovestibular 5 mm

17 Lingual 6 mm

Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)

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No exame dos tecidos moles observou-se lesão no palato e alterações de forma da gengiva

superior e inferior do lado direito. Colodel et al. (2009), também constatou a presença de alterações

de tecido mole em uma pesquisa com usuários de drogas lícitas e/ ou ilícitas.

Estudos revelam que a cocaína e seus derivados provocam intensa vasoconstrição, o que

pode levar os tecidos de suporte do periodonto à

necrose tecidual. No paciente pesquisado o

sangramento à sondagem não foi observado em

nenhum sítio da cavidade bucal. Contrariamente,

Albini (2013) ao realizar uma pesquisa transversal

para avaliar as condições periodontais de 137

dependentes químicos de crack, maconha e tabaco

encontrou sangramento à sondagem em 83,1% dos

dentes examinados.

A perda óssea é outra característica bucal de

dependentes químicos .Albini(2013), Ivernici (2012) e

Antonizazzi et al. (2013) descreveram a perda óssea

e a recessão gengival como manifestação frequente

nesse grupo de indivíduos. Nesse estudo, o paciente

apresentou perda de inserção e perda óssea

avançada, como pode ser observado nas figuras 2 e

3 e nas imagens radiográficas 06, 07 e 08. Também

verificou-se retração gengival em 12 dos 18 dentes

presentes na cavidade oral, o que pode ser

visualizado nas figuras 1 a 4. Resultado semelhante

foi encontrado por Alves et al. (2013), em um estudo

para avaliação das condições bucais de 60

dependentes de drogas em que a retração gengival foi uma das principais alterações periodontais

encontradas.

A doença periodontal é uma alteração frequentemente encontrada em usuários de maconha

e crack. Colodel et al. (2009), observaram a prevalência dessa alteração no grupo de usuários

pesquisados. Albini (2013) constatou que 71% dos dependentes químicos de maconha e crack

estudados apresentavam periodontite nos diversos graus de severidade. Neste estudo, houve a

presença de periodontite severa em alguns dentes de

forma isolada e de forma leve e moderada nos demais

elementos com perda de inserção diagnosticada.

Os desgastes dentais também estavam

presentes, principalmente nos dentes anteriores, o

que pode ser claramente observado na figura 1 e 5.

Colodel et al. (2009) e Alves et al. (2013) afirmaram

que, usuários de drogas podem apresentar desgastes

dentais do tipo atrição e erosão. Antoniazzi et al.

(2013) afirmaram que, a erosão dental em usuários

de cocaína/crack está associada à fricção da droga

na gengiva.

A presença de pigmentação exógena

generalizada está de acordo com a literatura. Alves et

al. (2013)realizaram um estudo para avaliação das

condições bucais de 60 dependentes de drogas. A

pigmentação exógena estava entre as alterações mais frequentes. A cárie dentária estava presente

TABELA 2 - Retração gengival

Dente Face RG

17 Vestibular 5 mm

16 Vestibular Mesial

10 mm 6 mm

12

Mesial Distal

Vestibular Lingual

2 mm 3 mm 3 mm 5 mm

21 Distal Vestibular

4 mm 1 mm

26 Distal Vestibular

1 mm 5 mm

35 Distal Lingual

3 mm 2 mm

34 Distal Vestibular

Lingual

1 mm 1 mm 1 mm

33 Lingual 1 mm

32 Lingual 1 mm

42 Lingual 1 mm

44 Lingual 1 mm

45 Distal Vestibular

Lingual

3 mm 3 mm 2 mm

Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)

TABELA 3 – Perda de inserção

Dente Face PI

17 Mesial 4 mm

16 Mesial

Vestibular

8 mm

12 mm

13

Mesial

Distal

Vestibular

Lingual

1 mm

2 mm

2 mm

8 mm

21 Distal 3 mm

26 Vestibular 4 mm

35 Distal

Lingual

1 mm

45

Mesial

Distal

Vestibular

2 mm

1 mm

2 mm

Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)

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em 41% dos dentes presentes na cavidade bucal, concordando com o estudo de Colodel et al.

(2009), em que 62,5% dos pacientes avaliados possuíam essa doença.

O dado de 50% de ausências dentais não foge de resultados encontrados na literatura, na

qual essa alteração é frequentemente descrita. Em um estudo realizado por Ciesielski (2013), para

avaliar as alterações bucais resultantes do uso de drogas, o edentulismo estava presente em 4 dos

108 pacientes, sendo que o índice CPOD para dentes perdidos foi de 8,1 por indivíduo.

Para o caso apresentado, a média de PS foi de 5,6 mm. Albini (2013) encontrou resultado

semelhante ao realizar uma pesquisa transversal para avaliar as condições periodontais de 137

dependentes químicos e observou que no grupo que consumia maconha e tabaco, 42,5% dos

elementos dentários apresentaram PS≥4 mm.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que o usuário de maconha e crack apresentou alterações periodontais

relevantes, tais como a média de profundidade de sondagem de 5,6 mm, pigmentação exógena

generalizada, extensas perdas de inserção e retração gengival. Os distúrbios periodontais

encontrados podem estar relacionados ao uso diário e crônico de maconha e crack. No entanto,

somente este estudo não é suficiente para comprovar a relação entre o uso das drogas e a doença

periodontal. Outras pesquisas ainda precisam ser realizadas para esclarecer melhor as condições

bucais de dependentes dessas drogas.

REFERÊNCIAS ALBINI NB. Condição periodontal de usuários de drogas. Dissertação (Mestrado em Odontologia) –Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013. ANTONIAZZI RP, BORTOLATTO FC, BACKES DS, ZANATTA FB, FELDENS CA. Efeito do crack nas condições bucais: revisão da literatura. Braz J Periodontol - March 2013

- volume 23 - issue 01 - 23(1):13-18,2013. ALVES DM, NAI GA, PARIZI, JLS et al. Avaliação da ação do uso de drogas na saúde bucal de dependentes químicos. Colloquium Vitae, jan-jun 2013 5(1): 40-58. DOI: 10.5747/cv.2013.v. 005.n1.v. 074, 2013. CIESIELSKI, FIN. Aspectos Psicossociais e condições bucais em dependentes químicos internados para desintoxicação. [tese]. Araçatuba: Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista; 2013. COLODEL EV, SILVA ELFM, ZIELAK JC, ZAITTER W. MICHEL-CROSATO E, PIZZATTO E. Alterações bucais presentes em dependentes químicos. Revista Sul Brasileira de Odontologia v. 6, n. 1, Curitiba/PR, 2009.

DUNN J, LARANJEIRA R, SILVEIRA DX, FORMIGONI MLOS, FERRI CP. Crack cocaine: an increase in use among patients attending clinics in São Paulo: 1990-1993. Subst Use Misuse 1996; 31 (4): 519-27. INVERNICI MM. Avaliação periodontal em usuários de crack. Dissertação (Mestrado em Odontologia) –Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012. Ribeiro EDP, Oliveira JA, Zambolin AP, Lauris JRP, Tomita NE et al. Abordagem integrada da saúde bucal de droga-dependentes em processo de recuperação. Pesqui Odontol Bras 2002;16(3):239-245, 2002. VIEIRA, APN, CIESIELSKI FIN, RANIERI RV, COCLETE GA, SCHWEITZER CM, GAETTI-JARDIM JÚNIOR E. Ocorrência de microrganismos periodontopatogênicos em pacientes com dependência química. Arch Health Invest (2014) 3(4): 49-58.

CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS EM ODONTOLOGIA DA FAPAC ITPAC-PORTO SOBRE NORMAS DE PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA

KNOWLEDGE OF UNDERGRADUATE IN DENTISTRY FAPAC ITPAC-PORT ON

PRESCRIPTION DRUG RULES

Genilda Oliveira da Silva¹; Hugo Fernandes Passos¹; Carllini Barroso Vicentini²; Obede Rodrigues Pereira²; Wagner Souza Lima da Luz²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Raimundo Célio Pedreira²; Carlos Eduardo

Bezerra do Amaral Silva². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - A prescrição medicamentosa não requer somente conhecimento da farmacologia, mas também entendimento das normas legais de prescrição de fármacos. É sabido que os medicamentos são vistos como instrumentos auxiliares no tratamento, capazes de preservar ou

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restituir a saúde do indivíduo, desde que condições básicas sejam garantidas. O fundamental para a terapêutica farmacológica em odontologia é o correto diagnóstico da patologia, e o conhecimentos dos medicamentos disponíveis para o tratamento do paciente. A indicação medicamentosa para qualquer finalidade deve ser feita na forma de receita em talonário próprio, e a principal justificativa para esta prática, é que a receita orienta a dosagem e a posologia adequada da medicação, garantindo ao paciente os benefícios de sua administração. No Brasil, existem regulamentações sobre a prescrição de medicamentos e sobre aspectos éticos a serem seguidos pelos profissionais. Dentro deste contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento sobre normas de prescrição medicamentosa dos acadêmicos graduandos do curso de odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO 2015.2 Foi aplicado um questionário com questões objetivas e subjetivas sobre o assunto exposto, aos acadêmicos do sexto, sétimo e oitavo período e que cursaram a disciplina de Terapêutica, de ambos os gêneros, faixa etária e etnia, do curso de odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO, matriculados no semestre letivo 2015.2. Dentre os alunos 62,9% relatam conhecer parcialmente as normas de prescrição, 30,7% apontam conhecer todas e o restante desconhece. Uma prescrição escrita em receituário ou notificação incorreta acarretará a não dispensação do medicamento ao paciente e o profissional do estabelecimento de saúde ficará inviabilizado de comercializar o medicamento com o portador da prescrição, de acordo com a Portaria 344/98 e Resolução-RDC nº 44/2010. Diante dos resultados obtidos, foi possível verificar que os graduandos apresentam um conhecimento limitado, revelando que, algumas particularidades da elaboração da prescrição medicamentosa não estão claras aos conhecimentos dos graduandos da FAPAC ITPAC-PORTO 2015.2, deixando assim as prescrições vulneráveis aos erros de medicação. Palavras-chave: Receita. Cirúrgião-Dentísta. Regulamentação. Aspectos Éticos e Legais. ABSTRACT - The medical prescription practice requires not only expertise in farmacology, but also the understanding of the law that regulates this activity. It is well known that medicines are effective in preserving or restoring na individual’s health only when some basic conditions are guaranteed. When it comes to odontological care, it is fundamental for the therapeutic pharmocology the correct diagnosis of the patology, based on which the prescription of the available medicaments can be made. The recommendation of a medicament for any purposes has to be made as a prescription, containing information on the prescriber. The main reason to justify this practice is that the prescription informs the adequate posology of the product, in order to guarantee its benefits to the patient. Moreover, the prescription avoids self-medication, which can lead to the user’s addiction. Also, this document can include precautions or additional orientation, and can be used as legal instrument when the medicine is misused by the pacient. In Brazil, there is regulation on medical prescriptions and ethical issues to be followed by the prescribers. In this contexto, this work aims to evaluate how well the odontology students in FAPAC ITPAC-PORTO 2015 (faculty in Porto Nacional, Tocantins, Brazil) know the rules that regulate medical prescription. A questionnaire containning subjective and objective questions was applied to the odonotology undregraduates in their the sixth, seventh or eighth semester, who coursed the Therapeutics discipline, regardless of their age, sex or ethnicity.Among the students, 62,9% affirm to parcially know the rules on prescription, while 30,7% claim to be familiarized with all of them. For the remaning people, the regulation is unfamiliar. The results obtained led to the conclusion that students have a limited knowlodge about the medical prescription. Although they have answered some questions correctly, they made mistakes in questions that contemplate basic and common information. Key-words: dentistry. Knowledge. Recipe. Norms. Regulation. 1 INTRODUÇÃO

A receita médica e odontológica é um documento com valor legal pelo qual se

responsabilizam criminalmente aqueles que prescrevem, dispensam e administram os

medicamentos prescritos. É normalizado pela Lei 5991/73, de forma a deixar claras as instruções

aos pacientes e demais profissionais de saúde, garantindo a fidelidade da interpretação e a

objetividade da informação. No Brasil, existem normas sobre a prescrição de medicamentos e sobre

aspectos éticos a serem seguidos pelos profissionais envolvidos no processo (YAGIELA et al.,

2011).

O surgimento anual de novos fármacos propicia o aumento da expectativa dos usuários

em busca do melhor controle ou tratamento das doenças. Toda e qualquer indicação do uso de

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medicamentos a um paciente, seja qual for a finalidade, deve ser feita na forma de receita, em

talonário próprio. No que se refere ao profissional de saúde apto à prescrição medicamentosa, o

domínio sobre a indicação, posologia, riscos e efeitos colaterais devem ser atualizados e

conhecidos em profundidade (COSTA et al., 2013).

É de fundamental importância que o cirurgião-dentista domine a terapia medicamentosa

que venha a utilizar durante o cuidado e manejo de seus pacientes, principalmente no que concerne

ao uso de anestésicos locais, analgésicos, antibióticos, anti-inflamatórios esteroidais e não

esteroidais, enfatizando, inclusive, as possíveis contra-indicações em pacientes alérgicos, grávidas

e lactantes, e daqueles cujo comprometimento neurológico ou sistêmico requeira atenção especial.

A sedimentação do conhecimento em farmacologia deve ocorrer nos diversos períodos do curso de

Odontologia, contribuindo para uma postura segura do estudante durante a prescrição, ainda que o

mesmo esteja sob um processo supervisionado (GARBIN et al.,2007).

Logo a complexidade da elaboração da prescrição torna se necessário o levantamento

de dados sobre o conhecimento dos graduandos em odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO sobre

normas de prescrição medicamentosa, no intuito de identificar possivéis fatores que levam a

incorreta elaboração das receitas, pois tais fatores representam um impasse entre os prescritores,

dispensadores e administradores de medicamentos, podendo influenciar negativamente o

tratamento do paciente.

2 OBJETIVOS

Conhecer a realidade sobre o conhecimento dos graduandos em odontologia da FAPAC

ITPAC-PORTO NACIONAL, sobre as normas de prescrição medicamentosa para subsidiar ações

de informação e educação a serem desenvolvidas junto aos futuros profissionais dessa instituição;

Analisar se os alunos que já cursaram a disciplina de terapêutica e/ou que cursam o último ano de

Odontologia estão aptos a prescrever medicamentos; Observar se estes acadêmicos têm o

conhecimento legal de como fazer uma prescrição medicamentosa.

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal com dados de natureza quantitativa. A

pesquisa foi realizada na Clinica odontológica da FAPAC ITPACPORTO-PORTO NACIONAL e nas

salas de aulas após o consentimento do professor responsável. O universo desta pesquisa foi

composto por graduandos de odontologia que já cursaram a disciplina de Terapêutica de ambos os

gêneros, faixa etária e etnia, do Curso de Odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO, matriculados no

semestre letivo 2015.2. Formam incluídos alunos regularmente matriculados no sexto, sétimo e

oitavo período do curso de odontologia do semestre letivo 2015.2, da FAPAC ITPAC-PORTO; que

cursaram ou já cursaram a disciplina de Terapêutica, no curso de odontologia do semestre letivo

2015.2, da FAPAC ITPAC-PORTO; que aceitaram voluntariamente em participar da pesquisa; que

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

As participações dos sujeitos neste estudo conferem um risco mínimo, visto que os

dados pessoais dos participantes não serão expostos, pois todas as informações coletadas são

confidenciais, e somente foram divulgadas na sociedade acadêmica, sem indicação de quem as

forneceu. O trabalho não obteve benefício imediato, mas as suas respostas são importantes para

auxiliar o corpo acadêmico e autoridades de saúde na elaboração de ações que possam orientar

os CDs e futuros profissionais sobre os riscos e benefícios da elaboração de uma prescrição

responsável, dentro das normas beneficiando o uso racional dos medicamentos. Portanto os

benefícios do trabalho prevalecem diante dos riscos.

Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário auto aplicado, estruturado,

contendo umas questões subjetivas e dezesseis objetivas específicas. Questões sobre a

caracterização da amostra estão presentes no questionário, a exemplo do gênero, idade e período

letivo atual. Os alunos foram esclarecidos sobre a pesquisa, e após consentimento livre e

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esclarecido, aqueles que aceitaram responder o questionário sobre normas de prescrição

medicamentosa; este foi aplicado por um pesquisador calibrado. Os dados obtidos foram tabulados

e arquivados em banco de dados construído em planilha eletrônica (Microsoft Excel®).

Questionário formulado em folhas A4, caneta azul, mais Termo de consentimento livre

e esclarecido.

As análises dos dados foram realizadas mediante a estatística descritiva, bem como

elaboração de gráficos contendo valores percentuais e absolutos referentes à amostra com auxilio

do Microsoft Excel®.

O projeto da pesquisa respeitou as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de

Saúde através Resolução nº 466, de 12 de Dezembro de 2012, que trata das Diretrizes e Normas

Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos, respeitando os princípios que

norteiam este tipo de pesquisa.

Todos os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecimento

(ANEXO B). Este projeto faz parte de um estudo multicêntrico que foi submetido e aprovado pelo

CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) com o número 811.667, conforme anexo-D.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram aplicados 127 questionários entre os acadêmicos do sexto, sétimo e oitavo

períodos de odontologia da FAPAC ITPAC PORTO NACIONAL 2015. Destes, 100% foram

considerados devidamente preenchidos, de acordo com os critérios de inclusão da pesquisa, e

então avaliados.

Na primeira questão do trabalho verificou-se que os acadêmicos conheciam as normas

de prescrição medicamentosa, onde 30,7% dizem conhecer todas as normas, 62,9% conhecem

parcialmente e 6,4% relataram

que não conhecem.

Barreira et al.(2011)

relatam que, cabe ao prescritor

a responsabilidade de elaborar

uma prescrição que transmita de

forma clara as informações para

todos os profissionais que

utilizem esse documento,

exercendo um importante papel

na promoção do uso racional de

medicamentos. A análise dos

hábitos de prescrição

proporciona o conhecimento de aspectos da qualidade da terapia, consequentemente, permitindo

identificar problemas, implantar medidas educativas e monitorar o impacto da intervenção, e é nesse

contexto que o trabalho presente, demonstra a necessidade de formar profissionais habilitados a

elaborar receitas medicamentosas.

O gráfico 1 ilustra o conhecimento dos acadêmicos A respeito da Notificação de Receita

da qual o CD não utiliza. Diante desta questão, observou-se um índice de 28,3%, compatíveis à

prescrição de medicamentos que são essencialmente prescritas por médicos, como é o caso dos

retinóides sistêmicos usados para o tratamento de acne. No entanto, 59,8% citaram a Receita de

Controle Especial, uma das mais usadas ao prescrever analgésicos hipnóticos, como tramadol e

codeína, 0,78% Notificação de Receita B e Notificação de Receita A 11,12%.

Costa et al.(2013), no que diz respeito à notificação de receita que o cirurgião-dentista

habitualmente não utiliza setenta e nove por cento (79%) dos graduandos de Odontologia do Centro

Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, matriculados no semestre letivo 2012.1, assinalaram a

GRÁFICO 1-Notificação de Receita da qual o CD não utiliza.

Fonte: Os próprios autores.

28,3%

59,8%

11,12% 0,78%

Notificação de receita especial tipo C

Receita de controle especial

Notificação de Receita tipo B

Notificação de Receita tipo A

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notificação de receita especial tipo C referente à assertiva apropriada de acordo com a literatura,

contradizendo com o resultado subracitado.

Matta et al. (2011) dizem que, o controle sobre a prescrição e a dispensação dos

medicamentos psicoativos é necessário, principalmente porque sua má utilização é fonte de riscos

à saúde. No entanto, há aspectos dessas exigências legais que podem ter impacto sobre o uso

racional destes medicamentos.

De acordo com Garbin et al. (2007), juridicamente, as formalidades são disciplinadas

pela Lei nº 5.991, de 17/12/79, que dispõe sobre o controle sanitário, do comércio de drogas,

medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos e dá outras providências. Esta Lei é

regulamentada pelo Decreto nº 793/939 que define as normas para uma prescrição, seja ela médica

ou odontológica.Com relação aos dados obrigatórios que devem conter em um receituário, a maioria

dos estudantes escolheram como resposta a categoria correta (64,5%), a qual pressupõe que a

maioria dos acadêmicos, objeto de estudo, sabe que, em um receituário profissional deve conter o

nome do cirurgião-dentista, especialidade, inscrição no CRO, endereço do consultório, nome do

paciente, uso interno ou externo, nome do medicamento, concentração e quantidade desejada,

orientação de como utilizar a medicação, data e

assinatura do profissional (Gráfico 2).

No entanto, ainda consta-se que, 35,5%

dos alunos, escolheram respostas que não estavam

corretas, deixando de fora o nome do medicamento,

concentração, especialidade do CD e orientações de

uso. Tais informações tornam o receituário inviável de

ser dispensado, além de não possuir informações

consistentes sobre qual medicamento deve ser usado e

posologia.

Costa et al. (2013) obtiveram um assertivo

de 89% em uma questão semelhante a qual pressupõe

que num receituário profissional deve conter o nome do

cirurgião-dentista, especialidade, inscrição no CRO,

endereço do consultório, nome do paciente, uso interno

ou externo, nome do medicamento, concentração e

quantidade desejada, orientação de como utilizar a

medicação, data e assinatura do profissional

Araújo et al.(2012), relata em seu trabalho

que, diversas características de uma prescrição

medicamentosa, foram citadas pelo sujeito da

pesquisa, incluindo nome genérico do medicamento,

posologia, dosagem, tempo de utilização do

medicamento, bem como a assinatura do profissional.

Na questão quatro obteve-se uma assertiva

de 81,1% onde os acadêmicos escolheram a alternativa

receita comum e de controle especial demonstrando

saber que a receita verbal não tem nenhum amparo

legal.

Souza et al. (2011) constaram que, cerca de

38% dos dentistas entrevistados, fazem em algum

momento, a recomendação de uso de medicamento

verbalmente, sem nenhuma orientação escrita e que

essa prática está relacionada ao tempo de formado,

GRÁFICO 2 - Partes constituintes para a

prescrição medicamentosa em talonário

próprio de receituário profissional.

Fonte: Os próprios autores.

17,2%

2,2%

16,1%64,5%

Nome do CD, endereçodo consultório, nome dopaciente, uso interno eexterno, nome domedicamento,quantidade desejada,data e assinatura do CD.

Nome do CD,especialidade,endereçodo consultório, nome dopaciente, orientaçaõ decomo usar a medicação,data e assinatura doprofissional.

Nome do CD,endereço,inscrição doCRO, especialidadedoopaciente,uso interno eexterno, nome domedicamento,quantidade desejada,data e assinatura do CD.

Nome do CD,especialidade, CRO,endereço do consultório,nome do paciente, usointerno e externo, nomedo medicamento,concentração,quantidade desejada,orientação de comoutilizar, data e assinaturado CD.

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pois quanto mais tempo de formado maior o cuidado na elaboração escrita da receita.

De acordo com as Portaria SVS/MS 344/98 e da Resolução 357/01 CFF, a prescrição é

uma ordem escrita de aquisição e

uso de medicamento, e o hábito de

fazer as chamadas prescrições

verbais contraria a legislação

vigente.

Segundo Barreira et al.

(2011), a prescrição é elaborada de

forma escrita e verbalizada, no

entanto, se essa última for realizada

de forma isolada há o risco do

esquecimento, em pelo menos

metade das informações, nos

próximos 5minutos após a consulta.

As respostas referentes

às questões cinco, seis e sete,

estão expressas na tabela1, e

apontam uma diversidade de

opiniões entre os graduandos em odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO NACIONAL com relação

às perguntas e alternativas propostas, com valores correspondentes bem próximos e inconclusivos

ou mesmo com declarações de acadêmicos deixando claro que não sabiam a resposta correta,

refletindo a carência de conhecimento em torno dos seguintes questionamentos como: qual

medicamento deve ser prescrito em notificação de receita A e B; quantos dias valem uma

notificação, de acordo com a legislação vigente, e como devem ser prescritos os antibióticos.

A carência expressa

acima pode está relacionada com

a falta de prática na clinica

odontológica, da FAPAC ITPAC-

PORTO NACIONAL, pois os

alunos não estão habituados as

condutas sobre prescrições de

psicotrópicos. Porém os

antibióticos já são medicamentos

incluídos na rotina dos

graduandos. Logo os

acadêmicos deveriam estar

conscientes sobre a forma

correta de prescrever

antimicrobianos, fato que não é

observado na tabela 1.

Segundo Silva et al.

(2008), atualmente em nosso país são elaboradas milhões de receitas por ano, provenientes tanto

do setor público quanto do setor privado de saúde. Todavia, tem-se verificado que várias receitas

não vêm cumprindo alguns dos requisitos técnicos legalmente estabelecidos.

Os medicamentos de controle especial e antibióticos fazem parte da rotina do CD, e

dentro desse contexto é sabido que o profissional tem que saber quais medicamentos devem ser

prescritos em Notificação de receita tipo A ou B, qual o tempo de validade dessa Notificação ou

mesmo de uma receita de antibiótico. Uma prescrição escrita em notificação incorreta acarretará a

não dispensação do medicamento ao paciente e o profissional do estabelecimento de saúde

GRÁFICO 3-Receitas que existem e tem valor Legal

Fonte: Os próprios autores.

11%

7,8%

81,1%

0,1 Receita comum,especial e Verbal

Receita comum,notificação de receita eVerbal

Receita comum e decontrole especial

Não responderam/ nãosabem

GRÁFICO 4-Como devem ser prescritos os

Benzodiazepínicos

Fonte: Os próprios autores.

11%

21,3%

18,8%

3,9%

29,4%

13,3%

2,3% Receita simples mais notif. Tipo A

Receita simples mais notif. Tipo B

Notif. De receita tipo B

Notif. De receita tipo A

Receita de controle especial

Notif. Espe. Tipo C

Não respoderam

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(drogaria/ farmácia) ficará inviabilizado de comercializar o medicamento com o portador da

prescrição, de acordo com a Portaria 344/98 e Resolução-RDC nº 44/2010.

Matta et al. (2011) destacam que estas práticas inadequadas envolvem tanto

prescritores quanto dispensadores, uma vez que os primeiros devem atentar para a prescrição

enquanto que os farmacêuticos só devem permitir a dispensação quando todos os critérios

estabelecidos são atendidos, devendo, quando necessário, haver uma interação, preservando a

qualidade do serviço prestado ao usuário do medicamento.

Os acadêmicos da FAPAC ITPAC-PORTO NACIONAL, ao serem questionados sobre

como se deve prescrever um Benzodiazepínicos (BZ), em uma questão com alternativas de A a F,

apenas 21,3% dos alunos, escolheram a questão correta (notificação de receita tipo B). Os demais,

cerca de 78,7%, em geral escolheram alternativas incorretas para esse questionamento. Os BZ são

medicamentos que fazem parte da rotina do CD e pertencem aportaria 344/98, lista B, portanto sua

dispensação necessita de notificação de receita tipo B.

Teixeira, Quesada. (2004) concordam que benzodiazepínicos (BZ) são controlados pelo

Ministério da Saúde, isto é, o farmacéutico só pode vendê- los mediante receita especial, notificação

de receita B, que fica retida para posterior controle. Este é um documento confeccionado pelo

profissional. Deve ser de cor azul e semelhante a um talão de cheques. Esta receita tem validade

de trinta dias a partir da data de sua emissão.

Quanto aos medicamentos mais prescritos na clínica odontologia da FAPACITPAC-

PORTO NACIONAL 2015.2, foram citados analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, ansiolíticos

e antivirais de acordo com tabela 2.

Em trabalho semelhante, foram citados os antibióticos e os antiinflamatórios como as

drogas mais prescritas pelos cirurgiões-dentistas. Por tanto existe um grande arsenal a disposição

do CD, salvo os descritos pela Portaria 344, “o bom senso” do profissional deve prevalecer. O

cirurgião-dentista está liberado legalmente a receitar o medicamento que julgar mais adequado para

curar, diminuir ou estabilizar o mal constatado. Entretanto, pode configurar excesso de limites se

este prescrever, por exemplo, anabolizantes ou contraceptivos. (GARBIN et al., 2007).

De acordo com Araújo et al. (2012) quanto aos tipos de medicamentos que podem ser

prescritos pelo cirurgião-dentista, na concepção dos sujeitos da pesquisa, foram apontados,

principalmente, antiinflamatórios,antibióticos e ansiolíticos concordando o trabalho em questão.

TABELA 1 - Conhecimento dos Graduandos em odontologia FAPAC ITPAC-PORTO NACIONAL 2015.2, sobre normas de prescrição medicamentosa.

A B C D E Não responderam/

não sabem

Codeina, tramadol,

midazolam

Morfina, midazolam diazepam

Codeína, Tegretol, tramadol

Nimesulida, Ibuprofeno,

morfina

Amoxicilina Diclofenaco

tramadol

Medicamentos de notificação

A/B

12,5%

27,4%

13,3%

12,4%

32,2%

2,2%

7 dias

10 dias

30 dias

60 dias

Validade da notificação

A/B

40,2%

13,2%

45,2%

1,3

0,1%

Receita de controle

especial duas vias

Simples mais notif. Três vias

Receita simples três vias

Receita de controle

especial três vias

Receita de antibiótico

44,4%

15,3%

31,2%

9,1%

Fonte: Autoria Própria.

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A responsabilidade dos possíveis erros de medicação ao se estabelecer uma relação

entre consumidor e prestador de serviço é previstas obrigações para ambas as partes. Entretanto,

o gráfico4 verifica-se que 78,7% dos acadêmicos pesquisados acreditam que a responsabilidade

recai unicamente sobre o cirurgião-dentista e 3,9% opinam que a responsabilidade é divida entre o

profissional e o paciente. Observa-se um número relativamente baixo (8,6%) de alunos que têm

consciência de que todos os envolvidos assumem o risco perante a terapêutica medicamentosa.

Assim, compete ao profissional a

responsabilidade legal da

prescrição correta e segura, e aos

farmacêuticos pela dispensa correta

do medicamento na farmácia.

Dessa forma, quando

ocorrem erros na prescrição

medicamentosa, com

consequências danosas à saúde do

indivíduo, tanto o cirurgião-dentista

como o farmacêutico poderão ser

responsabilizados pelo fato, caso

seja verificado o dano, a culpa e o

nexo de causalidade entre a

conduta dos profissionais e a

suposta lesão. O paciente também pode ter responsabilidade durante o tratamento quando deixa

de tomar o medicamento prescrito ao sentir alívio dos sintomas; quando não respeita os horários

estabelecidos; quando se automedica ou toma medicações indicadas por terceiros; quando ingere

medicações similares, porque passou por diversos profissionais, não relatando, corretamente, os

medicamentos em uso; ou quando abandona o tratamento.

O enfermeiro/cuidador, também é responsabilizado, quando administra a medicação no

horário incorreto ou na via que não foi indicada, como outros erros relacionados aos cuidados da

enfermagem/cuidador.

Araújo et al. (2012) constatam que, as obrigações são previstas para ambas as partes.

Entretanto, verificou-se que 24,27% dos

acadêmicos pesquisados acreditam que a

responsabilidade recai unicamente sobre o

cirurgião-dentista e 31,06% opinam que a

responsabilidade é divida entre o profissional

e o paciente. Observa-se um número

relativamente baixo (29,12%) de alunos que

têm consciência de que todos os envolvidos

assumem o risco perante a terapêutica

medicamentosa estando de acordo com o

presente trabalho.

Com relação ao que não deve conter

em uma receita, verificou-se que 66,2%, dos

graduandos, objeto da pesquisa,

responderam, dizeres religiosos, abreviações

do tipo cp,caps, vo, im e iv, referente à

alternativa correta. Sobre a frequência da qual

os alunos costumam orientar verbalmente o

uso dos medicamentos prescritos, a

alternativa sempre, obteve 50,4% das

GRÁFICO 5-Responsabilidade dos possíveis erros de medicação

Fonte: Os próprios autores.

2,1% 8,6%

5,2%

3,9%

78,7%

1,5% CD, paciente eenfermeiro.CD, farmacêutica,paciente e enfermeiroCD, farmacêutica epacienteCD e paciente

CD

Não responderam

GRÁFICO 6-Quantidade de dias que vale uma receita

de antibiótico.

Fonte: Os próprios autores.

1,5

58,3

11,8

28,4

0

10

20

30

40

50

60

70

1 dia 7 dias 10 dias 30 dias

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escolhas dos acadêmicos. Os graduandos em odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO 2015, em sua

maioria, estão cientes sobre a regulamentação que proibi alguns dizeres no receituário bem como

da responsabilidade de

informar verbalmente sobre a

medicação prescrita.

Barreira et al.

(2011) examinaram

prospectivamente 300

prescrições, onde

apresentavam abreviações

em 64% delas. A utilização de

abreviatura é um fator que

contribui para a incorreta

interpretação da mesma.

Assim, não é correto

dispensar receitas com

códigos e/ou abreviaturas

capazes de induzir a erro de

dispensação.

Sano et al.(2002)

lembram que o cansaço, a

vontade de concluir a

consulta e a pressão criada

por outros pacientes na sala de espera podem levar o profissional a apenas entregar a receita, sem

dar a devida atenção ao paciente ou ao seu acompanhante. Deve-se instruir claramente o paciente,

ou em situações especiais, o seu acompanhante ou responsável, quanto à maneira de usar a

prescrição feita.

Quanto à quantidade de dias que uma prescrição de antibiótico vale para ser dispensada

em uma drogaria/farmácia, obteve-se uma assertiva de 11,8%, enquanto a maioria dos alunos

(58,3%) responderam sete dias, 28,4 % trinta dias e 1,5% apenas um dia (Gráfico 6).

A ANVISA aprovou nova norma para regulamentar a venda de antibióticos no Brasil. A

RDC nº 20 / 2011 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 9/5/2011, revogando todas as

resoluções anteriores sobre o tema. Portanto a receita de medicamentos antimicrobianos é válida

em todo o território nacional por 10 (dez) dias a contar da data de sua emissão.

No que se refere aos aspectos éticos e legais, verificou-se uma assertiva de 81,9% a

respeito do que diz a lei nº 5.081, de 24 de agosto de 1966; no que se refere à habilitação do

cirurgião-dentista na prescrição medicamentosa (Gráfico 7).

De modo geral, os dados indicam um conhecimento satisfatório dos graduandos da

FAPAC ITPAC-PORTO 2015, sobre o que normaliza a Lei supra citada.

A questão quinze visa verificar o nível de segurança dos participantes ao prescreverem

um receituário. Estes apresentaram certa limitação a respeito dos conhecimentos das normas de

prescrição medicamentosa, pois apenas 17,3% dos alunos, objeto da pesquisa, caracterizaram-se

como totalmente seguro ao prescrever medicamentos (Gráfico 8).

Costa et al. (2013) relatam em seu trabalho que, o maior percentual dos acadêmicos

participantes da amostra (45%) escolheu a categoria frequentemente tenho dúvidas ao fazer uma

receita, ou dúvidas esporádicas (36%), Nenhum estudante caracterizou-se como totalmente seguro,

porém apenas 1% da amostra classificou-se como totalmente inseguro, enquanto 15% relatou uma

insegurança parcial. Apenas 3% da amostra afirmou não possuir dúvidas apresentando certa

limitação ao prescreverem os medicamentos.

GRÁFICO 5-Do que fala a Lei 5.081/66

Fonte: Os próprios autores.

8,60%

81,90%

7,80%1,70%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Substânciassujeitas acontroleespecial

Competêncialegal do CD

paraprescrever

medicamentos

Direito doconsumidor

Nãoresponderam

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Quanto a fonte mais usada para adquirir conhecimento sobre prescrição

medicamentosa, 59% dos graduandos escolheram a questão que indicava livros, manuais de

orientações para prescrição medicamentosa, 7,0% revista científica, compartilhamento de

informações com outros profissionais e sites sobre o assunto, 8,6% apostilas, slides, anotações no

caderno e orientações dos profesores, 4,6% livros, revistas científicas e DEF, 13,3% livros, Revistas

científicas, formulário terapéutico nacional e informações de pessoas com conhecimento básico e

8,6% somente livros.

Araújo et al. (2012), em outra pesquisa semelhante, tendo como público-alvo estudantes

de Odontologia, as principais fontes de informação para a prática das prescrições medicamentosas

foram os conhecimentos adquiridos na graduação, os livros didáticos e os catálogos farmacêuticos

como DEF. Muitas são as fontes de

informações entre as quais revistas

científicas nacionais e internacionais,

conhecimentos adquiridos na

graduação, livros, textos, informações

passadas entre os profissionais

durante a prática diária ou em

reuniões científicas, anúncios da

indústria farmacêutica, entre outros.

Os resultados evidenciam

a necessidade de aprimoramento dos

conteúdos acadêmicos e formas de

abordagem, com mudanças na

didática de ensino, relacionando teoria

e prática, procurando desenvolver

medidas educativas que visam

diminuir os problemas ocasionados pela má elaboração das prescrições medicamentosa. Nesse

sentido é fundamental que haja melhoria na qualidade das prescrições odontológicas, visando

sempre à segurança do paciente e do cirurgião-dentista.

5 CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos, foi possível verificar que os graduandos apresentam um

conhecimento limitado a respeito da prescrição medicamentosa, apesar de responderem algumas

questões corretamente, incluindo aspectos éticos e legais. Assim, os mesmos deixaram de acertar

questionamentos básicos e rotineiros. A pesquisa revelou que algumas particularidades da

elaboração da prescrição medicamentosa não estão claras aos conhecimentos dos graduandos da

FAPAC ITPAC-PORTO NACIONAL 2015.2, deixando assim as prescrições vulneráveis aos erros

de medicação.

REFERÊNCIAS ANDRADE, E.D. et al.Terapêutica medicamentosa na odontologia.3.ed.São Paulo:Arte Médicas, 2014. p.92-93-

94-95-96-97. ARAUJO, L.G. et al.Conhecimento de acadêmicos de odontologia sobre os aspectos clínicos, éticos e legais da prescrição medicamentosa. Revista da Faculdade de Odontologia-UPF, v. 17, n.1, Passo Fundo: jan/abr. 2012.

p.50-54. BARREIRA, Polyanna Ferreira et al.Prescrições Medicamentosas: luz ou sombra para o usuário e farmacêutico. v. 92, n. 4. Rev. Bras. Farm.Out/dez.2011.

p.340-345. BRASIL.Ministério da Saúde.Resolução-RDC nº 44, DE 26 de outubro de 2010. Dispõe sobre o controle de

GARBIN, C.A.S. et al.Conhecimento sobre prescrição

medicamentosa entre alunos de odontologia: O que sabem os futuros profissionais? . v. 36, Rev Odontologia da UNESP: São Paulo, 2007.p. 324-326. KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica.

10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. LÚCIO, P.S.C. Avaliação da formação do estudante de Odontologia para a prática das prescrições de medicamentos. [Trabalho de Conclusão de Curso].

João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba; 2009. MADRUGA, C.M.D et al.Manual de orientações Básicas para prescrição médica. João Pessoa: Idéia,

2009. p.11-17.

GRÁFICO 6-Nível de segurança dos participantes ao

prescreverem um receituário.

Fonte: Os próprios autores.

63,7%

17,3%

17,3%

1,7%

Parcialmente

Frequentemente

Totalmente seguro

Totalmente inseguro

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medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição médica, isoladas ou em associação e dá outras providências.Brasília - DF: 2010. BRASIL. Ministério da Saúde.Decreto n.º 3.181, de 23 de setembro de 1999. Regulamenta a Lei n.o 9.787, de 10 de

fevereiro de 1999, que dispõe sobre a Vigilância Sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Brasília - DF: 1999. BRASIL.Ministério da Saúde.Lei n.º 5991, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o controle sanitário do

comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências.Brasília - DF: 1973. BRASIL. Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998. Aprova o

regulamento técnico sobre substancias e medicamentos sujeitos a controle especial. CASTRO, M.L. et al. Normas para prescrição de medicamentos em odontologia. v. 19, n. 3. Rev. Periodontia.

Setembro, 2009. p.7-10. COSTA, Sabrina Ângela N.L. et al. Prescrição medicamentosa: análise sobre o conhecimento dos futuros cirurgiões-dentistas.v. 70, n. 2, Rev. Bras. Odontol, Rio de

Janeiro, jul/dez. 2013. p.172-176. FARIA, Caroline Araújo; EVANGELISTA, Renata Alessandra. A Prescrição de Medicamentos : Fator de risco ou segurança para o paciente. Disponível em:

http://perquirere.unipam.edu.br/documents/23456/33987/documento3.pdf.Data: 30/11/2015.

MASTROIANNI, P.C. Análisedos aspectos legais das prescrições de medicamentos. Rev.Ciênc.Farm Básica, Abril, 2009. p. 30-45. MATTA, Samara Ramalho et al.Prescrição e dispensação de medicamentos psicoativos nos instrumentos normativos da regulação sanitária brasileira:implicações para o uso racional de medicamentos. v.92. Rev. Bras. Farm. Rio de Janeiro,

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2013. p.40-41. YAGIELA, J.A. et al.Farmacologia e Terapêutica para Dentistas.6.ed.Rio de Janeiro:Elsevier, 2011. p. 839

DEFICIÊNCIA DA FLUORETAÇÃO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICÍPIO

DE MIRACEMA-TO

FLUORIDATION DEFICIENCY OF PUBLIC WATER SUPPLY THE MUNICIPALITY OF MIRACEMA-TO

Markiany de Araújo Basto¹; Francijane da Silva Rabelo¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Andriele

Gasparetto²; Flávio Dias Silva²; Raquel da Silva Aires². _________________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - A fluoretação das águas de abastecimento é considerada a medida coletiva de aplicação de flúor mais eficaz em Saúde Pública, por ser um método adequado, prático, econômico e perene de prevenção da cárie dentária. A ingestão de flúor deve acontecer em dosagens recomendadas pela legislação, pois sua eficácia fica comprometida quando ingerido em dosagens inadequadas. Esta pesquisa tem como o principal objetivo avaliar a presença de flúor natural no lençol freático da cidade de Miracema a quantidade de flúor no abastecimento público de água está de acordo com os padrões determinados por lei. Foram realizadas 10 coletas mensais de água, sendo 5 coletas no abastecimento público e 5 coletas em poços artesianos e córregos, durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2015 e posterior análise da quantidade de fluoretos. Das 30 amostras analisadas, não foi encontrado flúor natural em quantidades significantes em nenhuma delas e também constatou-se que todas as amostras de água de abastecimento público estão com valores abaixo do preconizado pela portaria n° 635/Bsb de 26 de Dezembro de 1975. Baseado nisso, podemos concluir que a população da cidade não esta exposta a grandes quantidades de flúor natural e que a fluoretação da água de abastecimento público não está dentro dos padrões. Portanto, a população não está usufruindo do benefício de prevenção à cárie dentária. Palavras-chave: Fluoretação da água. Flúor. Heterocontrole. Qualidade da água.

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ABSTRACT - Fluoridation of drinking water is considered a collective measure implementing more effective fluoride in public health, to be an appropriate, practical, economical and lasting prevention of dental caries. Fluoride intake should happen in dosages recommended by the law, because their effectiveness is compromised when taken in inappropriate dosages. This research has as main objective to evaluate the presence of natural fluoride in the water table of the city of Miracema the amount of fluoride in public water supply conforms to the standards set by law. 10 were carried out monthly samplings of water, 5 collections in public supply and 5 collected in wells and streams during the months of August, September and October 2015 and subsequent analysis of the amount of fluorides. Of the 30 samples analyzed, it was not found natural fluoride in amounts significant in any of them and also found that all public drinking water samples are with values lower than that advocated by the Order No. 635 / Bsb of December 26, 1975. based on this, we can conclude that the population of the city is not exposed to large amounts of natural fluoride and fluoridation of the public water supply is not within the standards. Therefore, the population is not enjoying the benefit of prevention of tooth decay. Keywords: Fluoridation. Fluorine. Heterocontrol. Water quality. 1 INTRODUÇÃO

A cárie é uma doença infectocontagiosa, de caráter crônico, causada pelas bactérias

durante o processo de desmineralização da superfície dental por ácidos orgânicos provenientes da

fermentação dos carboidratos da dieta

(LEITES et al., 2006).

Na maioria dos países desenvolvidos, a prevalência da cárie apresentou uma tendência

de declínio nas três últimas décadas do século XX e no início do século XXI. No entanto, observam-

se, no interior desses países, diferenças importantes em termos da prevalência da cárie entre

regiões e cidades e entre diferentes grupos populacionais. Tais diferenças vêm sendo bem descritas

e caracterizam significativas desigualdades em saúde, que requerem a atenção de autoridades e

adequadas intervenções de saúde pública (NARVAI et al., 2006).

A fluoretação da água é um dos métodos mais importantes na prevenção e no controle

da cárie dentária e outras doenças bucais, já que o flúor age por contato no meio bucal. Essa medida

desde 1974, com a Lei 6.050/74, é uma medida obrigatória nos locais em que existam as estações

de tratamento de água. Em 2004 a fluoretação foi implantada como parte da Política Nacional de

Saúde Bucal, para que a medida se expandisse em todo o território com a finalidade de garantir

melhor qualidade de vida humana para a população brasileira. Entretanto, ainda que sejam

conhecidos os benefícios do uso do flúor como medida preventiva, muitas são as cidades brasileiras

que ainda não dispõem deste processo ou não possuem uma política de vigilância que controla de

forma correta e satisfatória a aplicação de fluoretos na água de abastecimento público (BRASIL,

2002).

No Estado do Tocantins, as informações ainda são poucas e não fidedignas sobre o

processo de fluoretação da água de abastecimento público. Apenas 36 cidades dos 139 municípios

do Estado realizam a fluoretação. A cidade escolhida para a realização dessa pesquisa foi

Miracema. Esta pesquisa tem por objetivo verificar a existência de flúor natural no lençol freático e

conhecer o tipo e a quantidade de fluoretos utilizados no processo de fluoretação das águas de

abastecimento público, e avaliar a existência de vigilância desta medida na cidade de Miracema.

2 OBJETIVOS

Verificar a existência de flúor natural e analisar se a quantidade fluoretos agregados

presentes nas águas de abastecimento público do município de Miracema estão dentro dos padrões

ideais preconizados pela Portaria n° 635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975; Identificar o tipo de

fluoretos usados na cidade de Miracema – TO; Identificar se no município desenvolve atividade de

vigilância da fluoretação; Avaliar a quantidade de fluoretos nas águas de abastecimento de

Miracema.

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3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de campo, através de coletas e análise da água de

abastecimento público e de poços artesianos que também fará uso de dados primários (qualidade

da água e concentração de fluoretos), dados provenientes da busca ativa de literatura científica e

de relatórios técnicos sobre cobertura e vigilância da fluoretação de águas de abastecimento

público, onde o foco será o mapeamento situacional da fluoretação da água de abastecimento

público e a existência e eficácia do heterocontrole realizado pelas autoridades competentes em

relação à qualidade e quantidade de fluoretos utilizados nesta cidade. Pesquisa realizada no

município de Miracema – Tocantins, em vários bairros da cidade, contemplando zona

rural e urbana.

FIGURA 1 - Escola Mun. Vilmar G. Feitosa.

Fonte: Basto e Rabelo (2015)

FIGURA 2- Tiro de guerra 11-008 Exército Brasileiro

Fonte: Basto e Rabelo (2015)

FIGURA 3 - Unidade básica de saúde da família Setor Universitária.

Fonte: Basto e Rabelo (2015)

FIGURA 4 - Residência domiciliar

Fonte: Basto e Rabelo (2015)

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Foram coletadas 10 amostras de água mensais, em três meses consecutivos, meses

de Agosto, Setembro e Outubro, sendo cinco coletas na zona rural e cinco coletas na zona urbana,

em pontos distintos na cidade de Miracema, tanto na agua de abastecimento público (zona urbana)

como poços artesianos (zona rural) sendo que na ETA (Estação de tratamento de água) foram

coletadas amostras da seguinte maneira: uma em um ponto mais próximo da estação de tratamento

(ETA), e a outra em um ponto mais distantes da unidade. Os pontos de coletas foram – escolas,

unidades de saúde, órgãos públicos e um domicílio residencial.

Os procedimentos da coleta e armazenamento da amostra de água para análise de

fluoreto são mais simples do que os adotados para as demais análises para certificar a potabilidade

da água, porque o fluoreto presente na amostra de água coletada não sofre alteração química.

Procedimentos para coleta da água:

Identificar o local de coleta pelo plano de amostragem;

Lavar as mãos e secá-las;

Remover a tampa, tendo os seguintes cuidados: não tocar na parte interna da tampa e

do frasco; não colocar a tampa no chão ou sobre outra superfície;

Abrir a torneira, deixando a água escoar por cerca de 2 minutos;

Ajustar a abertura da torneira em fluxo baixo da água;

Encher o frasco de coleta com água e desprezar por 3 vezes (“enxugar o frasco”);

Coletar a água, não sendo necessário encher o frasco até o gargalo;

Fechar o frasco imediatamente após a coleta, secando bem sua parede externa e

conferindo se a tampa está bem encaixada;

Aplicar a etiqueta adesiva, numerar o frasco e o campo correspondente na planilha com

caneta esferográfica, e registrar o número do campo correspondente na planilha;

Anotar na planilha o número do frasco, o endereço do ponto de coleta, a data e o horário

da coleta; o responsável pela coleta. Para efeito de padronização, o número do frasco

corresponderá ao código do município + hífen + dois algarismos relativos ao número da

amostra;

Acondicionar adequadamente o frasco na caixa.

Encaminhar as amostras ao laboratório de referência.

Os teores serão classificados em intervalos, com base na legislação específica:

ausente (teor <0,1 mg F/L);

abaixo (teor <0,6 mg F/L);

adequado (teor entre 0,6 e 0,8 mg F/L);

acima (teor >0,8 mg F/L).

No Tocantins a concentração ótima de flúor, varia de 0,6 e 0,8 mg F/L, em função da

média das temperaturas máximas diárias que são 26,8-32,5 °C (BRASIL, 2012).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletadas e analisadas 30 amostras de água, tanto na zona rural quanto urbana,

e os resultados estão demonstrados a seguir:

TABELA 1 - Resultados Físico-químicos das três coletas realizada no mês de Agosto de 2015, para verificar a quantidade flúor presente na água de Miracema - TO.

Amostra Local da coleta Resultados (LQ1 0,02) mg/L (1ª, 2ª e 3ª coleta

respectivamente)

1 EMEI- Escola Vilmar G. Feitosa, abastecimento público: Rua Tomaz de Março s/n

0,40 0,28 <0,02

2 Unidade Básica de Saúde, abastecimento público: Rua 30 s/n

0,54 0,30 0,49

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3 EMEF-Francisco Martins Nolêto, abastecimento público: Rua 30 s/n

0,30 0,20 0,29

4 Prefeitura Municipal de Miracema, abastecimento público: Rua Osvaldo Vasconcelos n° 263

0,07 <0,02 0,23

5 Tiro de Guerra 11008 - Exercito, abastecimento público: Rua Osvaldo Vasconcelos n°268

0,06 <0,02 0,19

6 Travessia João Alves, córrego: zona rural. <0,02 <0,02 <0,02

7 Chácara Água Viva, córrego: zona rural <0,02 <0,02 0,06

8 Chácara Tropical, córrego: zona rural <0,02 <0,02 <0,02

9 Chácara Correntinha, poço artesiano: zona rural <0,02 <0,02 <0,02

10 Chácara Bom Jesus, poço artesiano: zona rural <0,02 <0,02 <0,02 Fonte: Basto e Rabelo (2015)

Das 30 amostras analisadas todas estão abaixo do ideal, sendo que teve uma variação de

flúor nos pontos (1, 2 e 3), já nos

demais pontos de coletas o flúor

encontrado foi inexpressível, e

não havendo nenhum tipo de

variação de flúor entre as coletas

(4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10).

O flúor adicionado à

água de abastecimento público

vem sendo utilizado como uma

medida eficaz, segura e

econômica na prevenção e no

controle da cárie dentária, sendo

considerado elemento

estratégico nos programas de

promoção de saúde bucal, em

termos de essa ação tão eficaz e

barata não vem sendo executada

de forma adequada na cidade de

Miracema- TO.

O acesso à água fluoretada é fundamental para condições de saúde da população. A

quantidade ideal de flúor depende da média da temperatura local, sendo que o valor médio da

temperatura registrada no Estado do Tocantins varia entre 26,4ºC a 32,5ºC sendo considerado um

índice ótimo de fluoretos o valor de 0,7mg F/L, BRASIL, 2012. Porém, ao se analisar as 30 amostras

coletadas, verificou-se que nenhuma delas está em concordância com essa quantidade, ficando

100% das amostras abaixo deste valor.

Baseado nisso podemos verificar que a população da cidade não está recebendo o

beneficio da prevenção à cárie dentária, pois segundo Narvai (2000), a fluoretação da água de

abastecimento público quando é eficiente e confiável e dentro nos níveis ideais de fluoretos, pode

propiciar um grande benefício, dificultando que agravos em saúde pública acometam a população,

e consequentemente diminuindo de 20% a 40% o índice da cárie dentária. Atualmente, não resta

dúvida de que o flúor tem um papel fundamental na promoção da saúde bucal, sendo considerada

a pedra angular da prevenção da cárie dental, tanto em crianças como em adultos (CLARKSON et

al. , 2000).

A Lei Federal 6.050/74 instituiu de forma imperativa a inclusão de planos de fluoretação

das águas de consumo a todos os projetos destinados à construção ou ampliação de sistemas

públicos de abastecimento de água, desde que possuíssem estação de tratamento. Esta Lei

garantiu também a viabilidade econômico-financeira de projetos futuros ao estabelecer linhas de

GRÁFICO 1 - Comparação de íons de flúor entre as primeiras, segundas e terceiras amostras de água de Miracema- TO.

Fonte: Basto e Rabelo (2015)

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Coleta 1

Coleta 2

Coleta 3

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crédito específicas. Contudo, mesmo com vários incentivos, a fluoretação das águas de

abastecimento público ainda não é uma política pública resolutiva na vida da maioria dos

tocantinenses, inclusive para a população urbana e rural de Miracema- TO.

Nos últimos anos tem-se observado um aumento significativo da exposição da

população às diversas fontes de flúor, tais como dentifrícios e água de abastecimento público. Este

flúor ingerido pode ter um papel fundamental na prevenção e controle das cáries dentárias em

crianças e adultos. Dependendo da dose e do tempo de exposição, pode ocasionar intoxicação

crônica, sendo a fluorose dentária o efeito tóxico mais comum de intoxicação crônica causada pelo

flúor. (SANTIAGO et al., 2004)

Na população de Miracema é observado entre a população adulta uma elevada

prevalência de manchas e linhas escuras no esmalte, característica de fluorose dental, o que sugere

a necessidade de novas pesquisas para

elucidar varias perguntas e definir o verdadeiro

diagnostico destas linhas e mancas, mesmo

não tendo uma quantidade expressiva ou

excessiva de flúor na água, como demostrou

essa pesquisa.

Entretanto, segundo Cury (2001),

deve-se levar em consideração o fator que o

flúor é amplamente encontrado de forma

natural na natureza, sendo a principal fonte o

flúor natural da água, cuja presença é

imprescindível no Brasil, assim como mostra a

tabela abaixo, que demostra que de norte a sul

do país é encontrado flúor na água, e em

concentração capazes de provocar fluorose

dental comprometendo a estética e a função

dos dentes, este estudo comprova que os poços artesianos utilizados pela população e os três

pontos distintos do lençol freático coletados não apresentavam quantidades significativas de flúor

natural.

A fluoretação em sistemas públicos de abastecimento de água no Brasil tornou-se uma

obrigatoriedade através da Lei nº 6.050 de 24 de maio de 1974, regulamentada pelo Decreto Federal

nº 76.872 de 22 de dezembro de 1975 e através da Portaria nº 635/BSB de 26 de dezembro de

1975 do Ministério da Saúde. A portaria de nº 635 estabeleceu padrões para a fluoretação, incluindo

as análises diárias, os limites recomendados para as concentrações de fluoretos, inclusive em

função das temperaturas médias diárias. (FRAZÃO et al. , 2011).

5 CONCLUSÃO

Esta pesquisa demonstrou que a água de abastecimento público coletada do município

de Miracema no estado do Tocantins não possui flúor natural e que, a água de abastecimento

público da cidade está fora do nível ideal de fluoreto, regulamentada pela portaria 635/75, estando

todas as coletas analisadas com hipofluoretação.

Observa-se, portanto que, a água de abastecimento pública e dos poços artesianos da

cidade, encontra-se fora do “Padrão de potabilidade”.

REFERÊNCIAS

BRANCO, Z. C. O cone de saturação para fluoretação da água. XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 1989. Anais. Belém PA, 1989.

LEITES, Antônio Cesar B. et al. Aspectos microbiológicos da cárie dental. Bauru: Saluvita, 25(2):239- 252, 2006. NARVAI, Paulo C. et al. 1982. Odontologia preventiva. In Congresso Universitário Brasileiro de Odontologia -

CUBO, 7o, São Paulo, 10/09/1982.

TABELA 2 - Demonstração da presença de flúor natural em diversos municípios em diferentes regiões brasileiras.

Cidade Estado Região Ano ppm F

Gordinhos SP SE 1980 2,40

Corumbataí SP SE 1984 10,20

Assistência SP SE 1986 2,0

Cocal SC S 1989 4,25

Castro PR S 1990 1,50

Miracema TO N 1991 4,58

Grossos RN NE 1991 0,49

Santa Cruz RN NE 1991 0,90

Atlântida RS S 1991 1,91

Itu (zona rural)

SP SE 1998 7,30

Fonte: Cury, 2001

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DISSECAÇÃO E PREPARAÇÃO DE PEÇAS ANATÔMICAS COM FINALIDADE DIDÁTICA A

PARTIR DE CADÁVER HUMANO

TECHNICAL OF DISSECTION AND PREPARATION ANATOMICAL PARTS OF THE HUMAN CORPSE WITH PURPOSE TEACHING

Marco Aurélio Leão Beltrami¹, Mayara Armeliato¹, Manoel Vicente de Souza Andrade Júnior¹, Eduardo Santos Cruz¹, Natália Beltrami¹, André Moreira Rocha², Josefa Moreira do Nascimento-Rocha²; Jonas

Eraldo de Lima Júnior².

______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: O estudo da anatomia e o conhecimento obtido por meio da dissecação de cadáveres humanos é parte indispensável na formação de profissionais da área de saúde. Objetivo - Realizar a montagem de um esqueleto orgânico a partir de cadáver humano pertencente ao acervo de um Laboratório de Anatomia, com a finalidade de otimizar os recursos didáticos já disponíveis, contribuindo assim com o processo de ensino-aprendizagem. Método - Inicialmente foi realizado o procedimento de dissecação, no qual os membros foram desarticulados e os músculos foram removidos. A maceração que consistiu na fervura e imersão das peças em água, que acelerou o processo de retirada manual dos restos de tecidos firmemente aderidos ao osso. Resultado - Os

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procedimentos foram minuciosamente registrados e utilizados para elaborar um protocolo de osteotécnica. Conclusão - O processo de maceração apresentou resultados distintos daqueles aplicados em outros vertebrados, entretanto a construção do material didático foi satisfatória. Palavras chave: Anatomia Comparada; Esqueleto; Educação Médica. ABSTRACT The study of anatomy is an indispensable part in the training of health professionals. Objective – To make of an organic skeleton from a human corpse belonging to a collection of the Anatomy Laboratory in order to optimize the already available teaching resources, thus contributing to the teaching-learning process. Method - Initially, it was performed the dissection procedure in which the limbs were disarticulated and the muscles were removed. The macerate the parts which consists of boiling and soaking the pieces in water. This process accelerated the manual process of withdrawal of the tissues that remained firmly adhered to the bone. Result - The procedures performed during the development of the work were carefully recorded and used to prepare a protocol of taxidermy. Conclusion - The maceration process showed different results from those applied in other vertebrates, however the construction of teaching materials was satisfactory. Keywords: Anatomy, Comparative; Skeleton; Education, Medical.

1 INTRODUÇÃO

A anatomia e a dissecação traçam uma trajetória sócio-histórica de proximidade com a

profissão médica, constituindo parte da racionalidade profissional, o que justifica sua constância nos

currículos dos cursos das áreas da saúde pela necessidade de conhecer o corpo humano como

pré-requisito fundamental para a plena execução das atividades profissionais (TAVANO, 2011).

Embora as instituições de ensino superior necessitem cada vez mais de cadáveres, ainda

existem alguns fatores que dificultam a aquisição dos mesmos, a exemplo, as questões religiosas,

nas quais os familiares consideram indigno o não sepultamento, e a própria regulamentação dos

procedimentos legais (MELO e PINHEIRO, 2010).

Em vista disso, torna-se necessário o desenvolvimento de métodos alternativos que

possam ser empregados no ensino, de tal forma que se otimize os recursos já disponíveis nas

instituições.

Considerando que os protocolos mais completos relatam a osteotécnica apenas em

vertebrados não humanos (CANSIAN; SEIBT e PEREIRA, 2011), justifica-se através das atividades

executadas neste trabalho, a divulgação dos procedimentos osteotécnicos voltados para a

preparação de esqueletos a partir de cadáveres humanos, cooperando com os processos que visam

a completa utilização de todos os sistemas orgânicos dos cadáveres disponibilizados para a ciência.

Assim, este trabalho tem como objetivo expor os procedimentos da dissecação e

preparação de um esqueleto orgânico humano, testando osteotécnicas utilizadas na anatomia

animal, considerando os aspectos legais e bioéticos.

2 METODOLOGIA

Trata-se dos dados relacionados ao projeto de pesquisa do Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação Científica de uma Instituição de Ensino Superior (IES) da região norte do Estado

do Tocantins, realizado no período de setembro de 2014 a setembro de 2015, no qual foi previsto a

desarticulação e maceração de um cadáver utilizando procedimentos osteotécnicos e preservando

suas características originais, a fim de complementar o material orgânico disponibilizado para as

atividades de aulas práticas em anatomia humana.

Para a realização do trabalho foi utilizado um cadáver do sexo masculino fixado em formol

10%, pertencente ao acervo de uma faculdade de medicina, adquirido em conformidade com a Lei

Federal nº 8501 (BRASIL, 1992), através do Termo de Doação de Cadáver Não Reclamado para

Fins de Estudo e Pesquisa com Identificação Ignorada, registrado sob nº 01.0038.02.12. Conforme

esta Lei Federal, o cadáver não reclamado é considerado objeto de estudo na Instituição de Ensino

Superior que efetuou posse do mesmo, junto aos órgãos competentes, mediante os procedimentos

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legais vigentes na época. Neste contexto e conforme o parecer co comitê de ética consultado

(PROCESSO No. 215/2013 CEP-UFT), a IES é autorizada a efetuar o exercício da ciência com este

artefato orgânico, respeitando os princípios dispostos nos termos da legislação.

Portanto, foram testadas várias técnicas, em um mesmo cadáver, a fim de identificar a mais

adequada para o aproveitamento total do esqueleto de um cadáver desgastado pelo intenso e

prolongado uso em procedimentos dissecativos de aulas práticas. O propósito maior foi assegurar

que a preparação de um esqueleto orgânico seria o melhor método para dar continuidade ao destino

didático do material orgânico mantido no laboratório da IES.

Durante os procedimentos a

equipe paramentou-se com

equipamentos de proteção individual

(EPI), jalecos, luvas nitrílicas,

máscaras, óculos de proteção e gorros.

Inicialmente o cadáver foi submetido à

macrodissecação com instrumental

apropriado (cabo de bisturi nº 4, lâmina

nº 20, tesoura anatômica de 15 cm,

pinça anatômica de 16 cm e

magarefes) que auxiliaram na remoção

do tegumento, das camadas

musculares, fascias e vísceras.

A dissecação foi efetuada

através de incisões longitudinais

medianas nos tecidos moles dos

membros e incisões perpendiculares

junto às articulações. Em seguida o

cadáver foi desarticulado, subdividido

em conjuntos classificados conforme o

tamanho das peças, formando grupos

experimentais onde peças pares

estiveram sempre mantidas em grupos

separados, a fim de se obter

comparação visual entre resultados

diferentes aplicados a peças

semelhantes (Figura 1). Os conjuntos

foram armazenamento em recipientes que facilitassem o manuseio e a maceração.

No processo da maceração foram realizados testes com tres diferentes técnicas, variando

nas condições experimentais, a temperatura, a química aplicada e tempo de exposição aos

reagentes.

O primeiro teste foi realizado submetendo o primeiro grupo de peças antomicas, à fervura

em água potável a 100°C por 4 horas, em tambores de latão parcialmente fechados (ARTONI,

2001). Neste protocolo foram incluídos todos os ossos longos dos membros superior e inferior

esquerdo.

No segundo procedimento, utilizou-se peças do membro superior direito já dissecados,

depositando-as em solução de água potável adicionado a 30% de suco de abacaxi, depositados em

recipientes refratários e aquecido através de chama de um bico de Bunsen por 40 minutos a 98ºC

(Figura 2), pois este foi o protocolo usado no estudo realizado Silveira; Teixeira e Oliveira (2008).

No terceiro procedimento, todas as peças, inclusive aquelas submetidas aos testes

anteriores, foram submersas em água potável, dentro de recipientes lacrados de diversos tamanhos

FIGURA 1 - Aspecto visual das peças fixadas em Formol a 10% pertencente ao acervo do Laboratório de Anatomia, posterior á desarticulação por instrumental técnico, armazenadas em grupos distintos.

Fonte: Os autores (2015).

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e deixadas em repouso em temperatura ambiente por até 90 dias, sendo observadas semanalmente

(SILVA et al., 2011; MARTINS et al., 2013 e FERRASSO,

2013).

Após a maceração obtida no terceiro

procedimento, fez-se necessário ainda a perfuração

lateral nas diáfises dos ossos longos, utilizando-se

furadeira e broca de 3mm e, em seguida, foram

submetidos à fervura em água e detergente por 2 horas,

com o propósito de promover a retirada da medula óssea

amarela, remanescente nas mesmas. Não sendo

suficiente este procedimento, os ossos foram ainda

submetidos a banhos em solução contendendo

detergente enzimático a 19% (BUTURI et al., 2014), por

4 horas seguidas. Esse último processo foi repetido até o

desaparecimento da viscosidade gordurosa pré-existente

na superfície das peças.

Para o clareamento e melhor limpeza das

estruturas ósseas, todos os componentes do esqueleto

foram submetidos a um banho em solução de peróxido

de hidrogênio a 10% por dez minutos e expostos ao sol

(FERRASSO, 2013).

Todos os resíduos orgânicos e inorgânicos que

surgiram inerentes aos procedimentos, foram destinados

ao recolhimento de material biológico sob

responsabilidade da IES, conforme previsto no Termo de

Doação de Cadáver Não Reclamado para Fins de Estudo e Pesquisa com Identificação Ignorada.

Para a montagem final do esqueleto utilizou-se ferramentas e materiais como: furadeira,

brocas, arames, eixo de sustentação metálico e uma base móvel de ferro fundido.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fervura em água potável a 100°C por 4 horas resultou em peças esbranquiçadas,

levemente contorcidas, com residuos carneos fixos ao periósteo e extremamente resistentes à

tração manual. Já o aquecimento em solução de água potável adicionado a 30% de suco de

abacaxi, não permitiu a remoção dos resíduos cárneos mas propiciou ligeira flexibilidade óssea, à

pressão manual (Figura 3).

As peças submersas em água potável apresentaram desprendimento gradativo, dos tecidos

moles, dispensando inclusive, o uso de instrumental de dissecação, para a retirada dos resíduos.

Os tambores foram abertos após a observação do aspecto leitoso da água e presença de resíduos

sobrenadantes em cada recipiente. O material foi depositado em peneiras, onde os fragmentos

digeridos foram escoados e as peças do esqueleto foram coletadas totalmente livres de tecidos

moles.

Após a maceração por hidratação a longo prazo, desengorduramento e desidratação,

obteve-se um peças limpas (Figura 4) de um esqueleto orgânico humano constituído por membros

inferiores e superiores, osso do quadril, vértebras, escápulas, clavículas e crânio. Apenas as

costelas e o esterno apresentaram alterações morfológicas após o processamento.

Diversos trabalhos exploram variadas técnicas de preparação de esqueletos, as quais

normalmente culminam com a maceração, limpeza, desengorduramento, branqueamento e

envernizamento (MARTINS et al., 2013). Entretanto, a maioria dos ensaios ponderam sobre a

demora e a dificuldade em realizar a maceração, considerada a etapa de maior complexidade.

FIGURA 2 - Etapa em que pequenas peças ósseas foram aquecidos a 98°C por 40 minutos em solução de água potável adicionado a 30% de suco de abacaxi.

Fonte: Os autores (2015).

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Ao passarem pela etapa de imersão em solução de abacaxi diluído em água, as partes do

esqueleto aquecidos a 98°C por 40 minutos, se mostraram com grande quantidade de músculos,

ligamentos e gordura, e ainda que não houvesse desgaste ósseo apresetaram-se ligeramente

flexíveis á pressão digital.

De acordo com Segundo Silveira; Teixeira e

Oliveira (2008), o suco de algumas plantas podem ser

extraídos e utilizados para experimentação, como, por

exemplo, o suco de abacaxi obtido da polpa ou da casca,

ou o sumo da folha do mamão trituradas, sempre levando

em consideração as propriedades de digestibilidade dos

componentes presentes nestes sucos.

A Food Ingredients Brasil (FIB, 2015) descreve

que Bromelina presente no suco de abacaxi promove a

hidrólise de proteínas musculares e do tecido conjuntivo.

O potencial proteolítico da bromelina foi determinado em

1974 (ABÍLIO et al, 2009). A partir daí a enzima passou a

ser utilizada em diversos procedimentos, tendo destaque

na produção de fármacos e na indústria alimentícia. Sua

ação consiste no rompimento das ligações peptídicas das

proteínas e dos peptídeos (NOVAES, 2014).

Em contrapartida, é considerado que material

derivado de peças anatômicas fixadas em formol,

apresenta perceptível dificuldade em ceder aos

processos químicos da maceração (KINGSMILL e BOYDE, 1998), pois apesar do baixo custo da

técnica (PRZYBYSZ et al., 2009) e da rápida penetração do formol nos tecidos (OLIVEIRA, 2013)

as peças tendem a adquirir peso e rigidez excessiva, bem como uma coloração escurecida (CURY,

2013).

Embora a solução com abacaxi seja exequível de acordo com as práticas de osteotécnicas

revisadas, de fácil acesso, baixo custo e não nem nociva ao meio ambiente e ou aos seus

manipuladores, o seu emprego em cadáver humano já

fixado à alguns anos em formol a 10% não foi

satisfatória.

Sendo assim, a utilização da água potável para

a maceração de peças ósseas foi o procedimento que

apresentou os melhores resultados tanto na

preservação das peças quanto na viabilidade de seu

uso, entre todas as soluções testadas. Após 30 dias de

submersão em água, já foi possível observar as

alterações em que as mesmas apresentavam seus

tecidos com aspecto sensível a remoção, o que

aperfeiçoou e agilizou o processo de limpeza das

mesmas.

A técnica supracitada, apesar de eficiente e

barata apresentou como inconvenientes o longo

período de espera, o odor fermentativo típico –

relativamente desagradável para alguns dos

pesquisadores, e pequenos danos em algumas

estruturas ósseas mais porosas, como o crânio e

alguns ossos das vértebras, cujo fator pode ter sido em

FIGURA 3 - Aspecto visual das peças ósseas após a maceração em solução de água potável adicionado a 30% de suco de abacaxi (A) e das peças maceradas por hidratação a longo prazo, desengorduradas e desidratadas ao ar livre (B).

Fonte: Os autores (2015).

Figura 4 - Aspecto visual dos ossos metatarsos após 90 dias de imersão em água potável, maceração completa, desengorduramento e desidratação, prontos para montagem.

Fonte: Os autores (2015).

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consequencia da fradilidade adquirida no processo de cozimento aplicado inicialmente.

Durante a maceração em água potável, teve-se a precaução de não utilizar nenhum produto

químico que pudesse interferir na alteração o pH da água durante o processo, como por exemplo,

hidróxido de sódio ou peróxido de hidrogênio pois poderiam resultar em processos de

descalcificação dos ossos. Supõe-se que por se tratar de um

cadáver conservado em formol por muitos anos, houve fragilização

de algumas estruturas, já citadas, que se apresentaram

danificadas após o experimento, sem entretanto comprometer a

qualidade do material preparado (FONSECA, 2007).

5 CONCLUSÃO

O processo de maceração em água potável demonstrou

um excelente desempenho na preparação de esqueletos,

tornando-se indicada para laboratórios que não possuem muitos

recursos financeiros e que não exija rapidez em suas atividades.

Os testes mostraram que a utilização da água é a técnica

mais viável para a preparação de peças ósseas didáticas em

laboratórios, visto que não possui custo elevado, é atóxico e

dispensa manutenção constante.

A aplicação da metodologia resultou em um esqueleto

orgânico humano parcialmente normal, tendo em vista à

deformação de alguns elementos ósseos derivados da ossificação

intramembranosa.

A literatura que discute a osteotecnia voltada para a

preparação de esqueletos humanos é escassa e este relato de

experiencia enquadra-se como um dos primeiros trabalhos

realizados no Brasil, para a preparação de esqueletos organico

humano.

REFERÊNCIAS

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FIGURA 5 - Esqueleto orgânico montado após a maceração em água, desengorduramento e desidratação.

Fonte: Os autores (2015).

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v. 13, n. 2, p. 24 – 41, 2011. TAVANO, Patricia Teixeira. Onde a morte se compraz em auxiliar a vida: a trajetória da disciplina de Anatomia Humana no currículo médico da primeira faculdade oficial de medicina de São Paulo - o período de Renato Locchi (1937-1955). Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 35, n. 4, p. 584-

585, 2011

EPIDEMIOLOGIA DAS HEPATITES VIRAIS NA POPULAÇÃO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS

EPIDEMIOLOGY OF VIRAL HEPATITIS IN POPULATION NATIONAL HARBOR, TOCANTINS

Paula Silva Aragão¹; Rarifela do Carmo Cutrim¹; Larissa Brito Pereira¹; Ray Almeida da Silva Rocha¹;Tálita

Silva Aragão²; Thompson de Oliveira Turíbio³; Ronyere Olegário de Araujo³; Tania Maria Aires Gomes Rocha³.

______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 - Biomedica. Departamento de Biomedicina / UFG 3 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: As hepatites virais são doenças causadas por diferentes agentes etiológicos, de distribuição universal, que têm em comum hepatotropismo. São identificados ao menos sete tipos virais/A, B, C, D, E, G e TT. Com base na vigilância epidemiológica, as hepatites são agrupadas de acordo com a maneira preferencial de transmissão em: fecal-oral/vírus A e E e parenteral/vírus B, C e D. Na população em geral os vírus da hepatite acomete preferencialmente indivíduos na faixa etária de 20 a 40 anos. O presente estudo foi realizado na Secretaria da Saúde do Município de Porto Nacional do estado do Tocantins, com base nos dados oferecidos pelo SINAN/NET nos anos de 2009 e 2010. A maior prevalência foi encontrada em indivíduos pardos, com baixo grau de escolaridade, o diagnóstico clínico e laboratorial foram imprescindíveis na identificação da doença. A forma clínica mais frequente é a hepatite aguda, seguida por hepatite crônica. De acordo com a classificação etiológica, a frequência é grande nos vírus A e B, sendo a maioria Ign/branco. PALAVRAS-CHAVES: Hepatites virais. Epidemiologia. Tocantins. ABSTRACT: Viral hepatitis are diseases caused by different etiological agents the world over have in common hepatotropism. They are measured at least seven virus types / A, B, C, D, E, G and TT. Based on epidemiological surveillance, hepatitis are grouped according to the preferred way of transmission: fecal-oral / virus A and E and parenteral / virus B, C and D. In the general population the hepatitis B virus mainly affects individuals in aged 20 to 40 years. This study was conducted at the Department of Health of the Municipality of Porto Nacional Tocantins state, based on data provided by SINAN / NET in 2009 and 2010. The highest prevalence was found in brown individuals with low educational level, the clinical and laboratory diagnosis were essential in identifying the disease. The most common clinical presentation is acute hepatitis, followed by chronic hepatitis. According to the etiological classification, the frequency is large in A and B viruses, most Ign / white. KEYWORDS: Viral hepatitis. Epidemiology. Tocantins.

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1 INTRODUÇÃO

As hepatites virais são doenças causadas por diferentes agentes etiológicos, de

distribuição universal, que têm em comum o hepatotropismo. Estes patógenos possuem

semelhanças do ponto de vista clínico-laboratorial e importantes diferenças epidemiológicas e

quanto à sua evolução clínica (BRASIL, 2010; FERREIRA e SILVEIRA, 2004). De acordo com a

literatura chinesa, a existência das hepatites virais vem sendo explorada desde milênios

(FONSECA, 2010).

Por meio de estudos etiológicos, são identificados pelo menos sete tipos virais

distintos/A, B, C, D, E, G e TT (FERREIRA e SILVEIRA, 2004). Sendo que, com base na vigilância

epidemiológica, as hepatites são agrupadas de acordo com a maneira preferencial de transmissão

em: fecal-oral/vírus A e E e parenteral/vírus B, C, D (FERREIRA e SILVEIRA, 2004).

Dentre as doenças endêmico-epidêmicas existentes, as Hepatites virais representam

problema de saúde pública no Brasil (ASSIS et al, 2002; FERREIRA e SILVEIRA, 2004; FERREIRA,

2006; GOMES et al, 2012). No entanto, as hepatites virais apresentam variações importantes de

incidência e prevalência, de acordo com a região geográfica (PASSOS, 2003).

A importância das hepatites virais para a Saúde Pública não se limita apenas pela

grande quantidade de casos existentes, também se estende a elevada morbidade que as formas

agudas e crônicas possuem (BARBOSA e BARBOSA, 2013).

A disseminação das hepatites virais, ocorre majoritariamente em virtude da

precariedade ou inexistência de um sistema de esgoto e abastecimento de água. Por meio disto,

surgem endemias que atingem as regiões mais precárias do nosso país (TURA et. al, 2008).

Diante da magnitude e elevado potencial de transmissão, as hepatites virais foram

incluídas na lista de doenças de notificação compulsória, conforme Portaria do Ministério da Saúde

- GM/MS n° 104, de 25 de janeiro de 2011. As doenças de notificação compulsória devem ter os

casos de indivíduos acometidos por elas registrados no sistema de informações em saúde, através

disto é possível gerar dados epidemiológicos que possam subsidiar ações de saúde no país

(BARBOSA e BARBOSA, 2013)

Os vírus da hepatite acometem preferencialmente indivíduos na faixa etária de 20 a 40

anos, tendo como referência a população de modo geral (CHAVES; CAMPANA e HAAS, 2003). O

quadro clínico da doença, em sua grande maioria, comum aos diversos tipos virais, tornando difícil

diferenciá-los apenas com a avaliação clínica (BARBOSA e BARBOSA, 2013). Isto dificulta a

definição do número de pacientes infectados, pois seu diagnostico requer técnicas laboratoriais

complexas para identificar os agentes causadores (FERREIRA e SILVEIRA, 2004).

O avanço nas condições de higiene e de saneamento das populações, a vacinação

contra a Hepatite B e as novas técnicas moleculares para o diagnóstico do vírus da Hepatite C estão

entre esses avanços importantes. Sendo que, contribuíram bastante para as mudanças no

comportamento epidemiológico dessa patologia, no nosso país e no mundo (FERREIRA e

SILVEIRA, 2004).

Nesse contexto, esse trabalho tem o objetivo de descrever os casos epidemiológicos

notificados de hepatites virais pelo SINAN/Net nos anos de 2009 e 2010 no município de Porto

Nacional – TO.

2 METODOLOGIA

O seguinte estudo, descritivo e retrospectivo, será realizado na Secretaria da Saúde do

Município de Porto Nacional com base nos dados oferecidos pelo SINAN/NET. O SINAN/NET foi

implantado no Brasil nos anos 90(noventa), tendo como objetivo a análise do perfil da morbidade e

processamento dos dados a respeito dos agravos de notificação. Tomando decisões na esfera

nacional, que incluem o nível municipal, estadual e federal (IBGE, 2010).

O estudo descritivo observa, registra, correlaciona e descreve os fatos ou fenômenos

de uma determinada realidade social, política, econômica e demais aspectos característicos para

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seleção de uma amostra aleatória. Isto inclui

grandes ou pequenas populações pelo

conhecimento empírico e investigando apenas um

percentual da população alvo desejada, caso não

haja necessidade de pesquisar a população alvo na

sua totalidade (MARCONI e LAKATOS, 2009).

No estudo retrospectivo o pesquisador

já tem conhecimento de que tanto a exposição

quanto à doença já ocorreu. Os dados

selecionados para o estudo estão

disponíveis em arquivos, podendo ser

organizados de acordo com o interesse

do pesquisador. O tempo reduzido e o

fato de não necessitar de

acompanhamento dos indivíduos são

vantagens que este tipo de estudo

apresenta, inobstante nem sempre se

dispõe de arquivos mantidos em boas

condições de utilização (GIL, 2010).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos anos de 2009 e 2010

foram notificados setenta e um (71)

casos de hepatites virais na cidade de

Porto Nacional, estado do Tocantins.

Sendo que, trinta e sete (37) casos no

ano de 2009 e trinta e quatro (34) em 2010

(figura 1).

Os achados do presente estudo

confirmam que o Município de Porto Nacional

apresenta relevante endemicidade para

hepatites virais. Com base nas informações

apresentadas pelo Ministério da Saúde, as

hepatites A B e C no estado do Tocantins

revelam 13%, 6,9% e 0,4% respectivamente

do total de casos da região norte.

Segundo a literatura, as hepatites

virais/tipo C, tem maior predominância em

indivíduos do sexo masculino, com idade

média de 36 anos (SOARES, 2012). De acordo

com informações do SINAN/NET, no município

de Porto Nacional no ano de 2009, foram notificados vinte e três (23) homens e quatorze (14)

mulheres com essa patologia. Já no ano de 2010 a frequência de casos diminuiu, porém

continuaram maiores no sexo masculino, sendo dezenove (19), quando comparado ao sexo

feminino quinze (15) (figura 2).

Em relação a idades dos pacientes, a média foi de 31,05 com desvio-padrão de 18,01

anos. A moda foi vinte e três (23) e o coeficiente de variação foi 0,58 (tabela 1). Estudos revelam

que a hepatite A tem maior prevalência em crianças e adultos jovens e a hepatite B é mais comum

em adultos (TRINDADE, 2005). De acordo com o ministério da saúde, são consideradas populações

Figura 1: Número de casos de hepatites Virais em Porto

Nacional nos anos de 2009 e 2010.

2 2 2 1 2 24 3

74 5

3

37

30

8

3 2 3 42

41 1

3

34

0

5

10

15

20

25

30

35

40

jan

eiro

feve

reir

o

mar

ço

abri

l

mai

o

jun

ho

julh

o

ago

sto

sete

mb

ro

ou

tub

ro

no

vem

bro

dez

em

bro

tota

l

Frequência Segundo Mês

2009

2010

Figura 2: Frequência de hepatites virais em Porto

Nacional, segundo sexo, nos anos de 2009 e

2010.

23

19

14 15

0

5

10

15

20

25

1 2

Frequência por Sexo

Masculino

Feminino

Tabela 1: Dados de hepatites virais, segundo

idade, no biênio, 2009 e 2010

Média 31,05

Moda 23

Desvio-padrão 18,01

Coeficiente de Variação 0,58

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de risco para hepatite C, aqueles que fazem uso da via parenteral, como transfusões, drogas

injetáveis, com o uso de equipamentos

compartilhados.

O censo populacional

realizado pelo IBGE, questionou a

população em relação à cor da pele e

ofereceu três opções de escolha em

“preto”, “branco” e “pardo”. Quando

analisado a cor de pele, um total de

cinquenta e sete (57) dos casos foram

de pardos, quatro (4) pretos, nove (9)

brancos e um (1) Ign/branco, nos dois

anos estudados (figura 3). O que

estaria de acordo com os padrões

estatísticos brasileiros tendo em vista

que a maioria da população brasileira

se declarou parda, 43,1% /82 milhões

de pessoas em 2010 (IBGE, 2010).

Em relação à zona de residência,

foram encontrados sessenta e cinco (65) dos

casos de hepatites residindo em zona urbana,

um (1) Ign/branco e um (1) residindo em zona

rural, nos anos de 2009 e 2010. Um dos

fatores que justifica esses dados é o fato da

maioria da população residir em cidades

(IBGE, 2010) (figura 4).

Quando analisado o grau de

escolaridade (figura 5), tem-se que nos anos

de 2009 e 2010, um (1) é analfabeto, sete (7)

apresentavam ensino fundamental

completo/1ª a 4ª série, cinco (5) 4ª série

completa do ensino fundamental, dez (10) de

5ª a 8ª serie incompleto do ensino

fundamental, quatro (4) ensino fundamental

completo, três (3) ensino médio incompleto,

sete (7) ensino médio completo, sete (7)

educação superior incompleta, seis (6)

educação superior completa e nove (9) não

se aplica. Segundo os estudos de SOARES

(2012), em relação a hepatite C, observa-se

prevalência de indivíduos com baixos níveis

de escolaridade e de estratos sociais menos

favorecidos.

Em relação à forma clínica,

foram diagnosticados em Porto Nacional,

Estado do Tocantins, quinze (15) casos de

hepatite aguda, nove (9) de hepatite

crônica/Portador, um (1) hepatite fulminante

e quarenta e seis (46) Ign/branco (figura 6).

Figura 4: Distribuição dos casos de hepatites

virais segundo zona de residência em Porto

Nacional, em 2009 e 2010.

1

32

4

0

33

1

0

5

10

15

20

25

30

35

Ign/Branco Urbana Rural

Frequência Segundo Zona de Residência

2009

2010

Figura 5: Distribuição de Hepatites virais em Porto

Nacional segundo Grau de Escolaridade, em 2009

e 2010.

5

0

3 3

8

21

4 42

57

1

42 2 2 2

3 34 4

02468

10

Ign

/bra

nco

An

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ª…

séri

e…

a 8

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no

Ensi

no

Ensi

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Edu

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o…

Não

se

ap

lica

Frequência segundo escolaridade

2009

2010

Figura 3: Distribuição de casos de hepatites virais

segundo raça em Porto Nacional em 2009 e 2010.

0

53

29

14

1

28

0

5

10

15

20

25

30

35

Ign/branco Branca Preta Parda

Perfil de Raça

2009

2010

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Segundo a Organização Mundial da Saúde

(OMS), no mundo todo existem cerca de

170 milhões de portadores de hepatites

virais crônicas, assim, a hepatite C é

considerada como uma grande pandemia

do século XXI (PASSOS, 2003). A grande

importância esta relacionado às

complicações das formas agudas e

crônicas (FERREIRA E SILVEIRA, 2004).

A relevância da ação

educativa de prevenção das hepatites são

seus altos índices epidemiológicos, que

segundo a Organização Mundial de Saúde,

estima que, no mundo 325 milhões de

pessoas são portadores crônicos do vírus

da hepatite B e 170 milhões são portadores

crônicos do vírus da hepatite C. No Brasil,

devem existir cerca de dois milhões de

portadores crônicos da hepatite B e três

milhões de portadores da hepatite C. É

importante salientar que a maioria dos

portadores desconhecem seu quadro

infeccioso, constituindo uma cadeia de

transmissão dos vírus da hepatite, o que ajuda

a perpetuar o ciclo de transmissão destas

infecções (DA SILVA CALCAGNO et. al, 2013).

Em relação à classificação fina,

observou-se que treze (13) tiveram

confirmação laboratorial, doze (12)

confirmação clínico-epidemiológica, trinta e

dois (32) descartado, três (3) cicatriz sorológica e onze (11) foram inconclusivos (figura 7). A

identificação dos agentes virais, desenvolveu-se

bastante devido os testes laboratoriais

específicos e o rastreamento dos indivíduos

infectados (FERREIRA e SILVEIRA, 2004).

Observou-se que, sobre classificação

etiológica, dezesseis (16) eram por vírus tipo A,

dez (10) vírus tipo B, um vírus tipo C, um (1) vírus

B+ C e quarenta e três (43) Ign/branco (figura 8).

Com base nos dados coletados no

SINAN/NET tem-se que, em relação a suspeita

do tipo de hepatite, quatorze (14) hepatite A, vinte

e seis (26) hepatite B/C, vinte e oito (28) não

especificada e três (3) Ign/branco.

Em relação ao mecanismo habitual

de transmissão, as hepatites virais são

classificadas em: àquelas com transmissão por

vias fecal e oral, englobando as hepatites A e E e

as que transmitem através de outros mecanismos

– predominando a via parenteral–representadas pelas hepatites B, C e Delta (PASSOS, 2003).

Figura 6: Distribuição de Hepatites virais em Porto

Nacional segundo Formas Clínicas, em 2009 e 2010.

25

10

1

1

21

5

8

0

Ign/ Branco

Hepatite Aguda

Hepatite Crônica/Portador

Hepatite Fulminante

Frequencia segundo formas Clínicas

2010 2009

Figura 7: Distribuição de hepatites virais segundo

formas finas, em 2009 e 2010.

3

9

16

2

7

10

3

16

1

4

Conf. Laboratorial

Conf. Clínico-…

Descartado

Cicatriz Sorológica

Inconclusivo

Frequência Segundo Classificão Fina

2010 2009

Figura 8: Números de casos segundo classificação

etiológica, em 2009 e 2010

23

11

3

0

0

20

5

7

1

1

Ign/Branco

Vírus A

Vírus B

Vírus C

Vírus B+C

Frequência segundo classificação etiologica

2010 2009

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4 CONCLUSÕES

As hepatites virais em Porto Nacional tem maior predominância em homem de idade

média de 31,05. Quando analisado a cor de pele dos casos relatados, verifica-se maior incidência

nos que se declararam pardos, e quanto ao grau de escolaridade, a prevalência está nos que

apresentavam de 5ª a 8ª série incompletas do ensino fundamental. Em relação a frequência

segundo formas clínicas, a maior prevalência é hepatite aguda, sendo muito importantes as

complicações tanto desta forma, quanto da forma crônica.

É necessário aprimorar a completude e, especialmente, a consistência dos dados do

sistema de informações sobre hepatites virais na cidade de Porto Nacional-TO. A informação obtida

por meio dos sistemas de informações é o meio para subsidiar a formulação de políticas públicas

específicas para prevenção e controle das hepatites virais.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao SINAN/NET pelos dados fornecidos referentes às notificações de

hepatites virais em Porto Nacional – TO. Do mesmo modo, agradecemos ao Instituto Tocantinense

Presidente Antônio Carlos Porto por nos conceder a oportunidade de realizar esse estudo, que

contribuiu para nosso aprendizado.

REFERÊNCIAS BARBOSA, Daniely Aleixo; BARBOSA, Andréa Maria Ferreira. Avaliação da completitude e consistência do banco de dados das hepatites virais no estado de Pernambuco, Brasil, no período de 2007 a 2010. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 22, n. 1,

p. 49-58, 2013 BRASIL. Ministério da Saúde - Boletim epidemiológico de hepatites virais. Ano III, n. 1. Brasília, 2012. CHÁVES, JH; CAMPANA, SG; RAAS, P. Panorama da hepatite B no Brasil e no estado de Santa Caratina. Rev. Panam Salud Publica.V.14, n.3. washington, 2003.

DA SILVA CALCAGNO, Neizy G. et al. Enfermagem na redução de danos: prevenção e educação em saúde de hepatites bec para manicures e pedicures. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 7, 2013.

FERREIRA, CT; SILVEIRA, TR. Hepatites virais: aspectos da epidemiologia e da prevenção. Rev. Bras. Epidemiol. V. 7, N. 4, Porto Alegre, 2004. FONSECA, JCF. Histórico das hepatites virais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. V.43,

n. 3, p. 322-30. Manaus, 2010

GIL, AC. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5ª. Ed.

São Paulo: Atlas, p 184, 2010. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 30 maio de 2014. MARCONI, MA.; LAKATOS, EM Técnicas de pesquisa.

7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 260p. p,125-33, 2004. PASSOS, AN. Aspectos epidemiológicos das hepatites virais. Revista de medicina. v. 36, p. 30-36. Ribeirão

Preto, 2003. SOARES, RMM. Estudo da ocorrência da hepatite C no ambulatório de hepatites virais do Hospital das Clínicas da FMRP-USP. Tese de Dissertação. Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, 2012. TRINDADE, CM. Identificação do comportamento das hepatites virais a partir da exploração de bases de dados de saúde pública. Programa de pós-graduação em tecnologia em saúde. Pontifícia Universidade Católica

do Paraná. Paraná, 2005. TURA, LFR et al. Representações sociais de hepatites e profissionais de saúde: contribuições para um (re)pensar da formação. Cienc. Cuid. Saude. V. 7, n. 2, p. 207-215. Rio

de Janeiro, 2008

HETEROCONTROLE DA FLUORETAÇÃO ÁGUA DE FORNECIMENTO PÚBLICO DE PALMAS-TO

HETEROCONTROLE OF PUBLIC WATER SUPPLY FLUORIDATION OF PALMAS-TO

Janaina Fernanda Isidoro Sandim¹; Kamilla Oliveira de Sousa¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Ronyere Olegário de Araujo²; Thompson de Oliveira Turibio²; Carina Scolari Gosch².

______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: A fluoretação das águas de abastecimento público é a forma mais eficiente de se prevenir a doença cárie. Este meio de controle e prevenção desta doença, é o que necessita de

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menos investimento e possui uma maior abrangência populacional. Além disso, é de conhecimento que a fluoretação somente será eficaz no controle da doença cárie caso seja uma aplicação contínua e em teores adequados. Com isso, é importante que o abastecimento aconteça de forma contínua e ininterrupta, dentro das normas e padrão de potabilidade. Como consequência disso, serão diminuídas as possibilidades de agravos como cárie dental e fluoroses dentária e óssea. O objetivo da pesquisa é avaliar se a quantidade de flúor usada na água de abastecimento público de Palmas-TO, encontra-se dentro das normas e padrão para a fluoretação, estabelecidas pela Portaria nº 635/BSB, de 26 de dezembro de 1975, que determina o nível ideal no valor de 0,7 mg F/L., sendo que os limites recomendados para concentração do íon flúor variam em função da média das temperaturas máximas diárias do ar. A pesquisa foi realizada através de coletas feitas em locais próximos às 03 Estação de Tratamento de Água (ETAs) da zona urbana de Palmas, sendo uma coleta próxima à ETA e outra distante, para avaliar se a concentração de flúor vem sendo distribuída adequadamente para toda população. Essa vigilância da água foi feita durante dois meses consecutivos, de Março a Maio de 2015, e as coletas foram laudadas pelo Laboratório de Bioquímica da Unicamp, através da análise do eletrodo específico. Concluiu-se que as concentrações de flúor encontradas nas águas de abastecimento público estão dentro das normas e padrões de potabilidade recomendados, variando entre os valores de 0,6 a 0,8 que são níveis considerados ótimos, porém, verificou-se que não existe um heterocontrole para a avaliação e acompanhamento da concentração de flúor nas águas destinadas ao consumo humano do município de Palmas. Palavras-Chave: Fluoretação da água. Heterocontrole. Controle da qualidade da água. Abastecimento de água. Vigiágua.

ABSTRACT: The fluoridation of the public water supply is the most efficient way to prevent caries. This form of control and prevention of this disease, is which requires less investment and has a greater population coverage. Furthermore, it's common knowledge that fluoridation will only be effective in the control of caries disease if it is a continuous application and in appropriate levels. With that, it is important that the supply happens continuously and uninterrupted, within the rules and potability standards. As a result, the chances of diseases such as dental caries and tooth and bone fluorosis will be diminished. The goal of the research is to evaluate whether the amount of fluoride used in the public water supply of Palmas-TO, lies within the norms and standards for fluoridation, established by Ordinance No. 635/BSB, of December 26, 1975, which determines the optimal level in the amount of 0.7 mg F/L., being that the recommended limits for fluoride ion concentration varies according to the average of the daily maximum temperatures of air. The research was conducted through collections made in places near the three Water treatment plant (ETAs) in the urban area of Palmas, being a collection next to the ETA and the other one distant, to assess whether the concentration of fluoride has been properly distributed to all population. This water monitoring was made for three consecutive months, from March to may of 2015, and the collections were recorded by the laboratory of Biochemistry at Unicamp, by the specific electrode analysis. It was concluded that the fluoride concentrations found in the public water supplies are within the recommended norms and standards of potability, ranging between the amounts of 0.6 to 0.8 which are considered excellent levels, however, it was found that there is no heterocontrol for the verification and monitoring of fluoride concentrations in the water intended for human consumption of the city of Palmas. Keywords: water fluoridation. Heterocontrole. Control of water quality. Water supply. Vigiágua. 1 INTRODUÇÃO

A cárie dental representa um grave problema de saúde bucal coletiva que acomete

grande parte da população. O problema da cárie dental no Brasil assume dimensões que são

agravadas pelas precárias condições sócio econômicas da maioria da população (BRASIL, 2009).

O flúor é o elemento mais eficaz na prevenção da cárie dentária, uma vez que sua ação

se processa durante toda a vida do indivíduo, porém a ingestão de flúor deve ser em dosagens

recomendadas pela legislação. A fluoretação das águas de abastecimento público é imprescindível

para a promoção da saúde, uma tecnologia de intervenção em saúde pública reconhecidamente

eficaz na prevenção da cárie dentária. É uma medida aplicada e recomendada pela Organização

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Mundial de Saúde (OMS), que considera como uma forma indispensável nas estratégias

preventivas em saúde bucal (BRASIL, 2006).

O acesso à água tratada e fluoretada é essencial para o estabelecimento de condições

amplas de saúde da população. Deste modo é de grande importância à concretização de políticas

públicas que garantam a implantação, monitoramento e avaliação da fluoretação das águas de

consumo é um direito fundamental, pois é a forma mais racional, eficiente, abrangente e segura do

uso de fluoretos (FUNASA, 2011).

O estado do Tocantins tem várias cidades com o benefício da fluoretação da água de

abastecimento público, porém não contém dados confiáveis e fidedignos na literatura, e a coleta de

informações sobre a cobertura e vigilância da fluoretação das águas de abastecimento público no

Tocantins ainda é um desafio, uma vez que é pioneiro, sendo assim a meta da pesquisa é verificar

se estão sendo seguidas as normas das Portarias específicas sobre fluoretação da água de

abastecimento público e pesquisar como está sendo realizada a manutenção e fiscalização dos

níveis ideais de fluoretos.

Considerando que a cidade escolhida para a pesquisa é Palmas, capital do Estado e

que a fluoretação da água de abastecimento público foi implantada em 1993 e que os níveis de flúor

precisam ser acompanhados, torna-se necessário a avaliação dos teores de flúor na água através

de um heterocontrole, ou seja, um controle adicional sempre que um bem ou serviço implica risco

ou representa fator de proteção para a saúde pública então além do controle do produtor sobre o

processo de produção, distribuição e consumo deve haver controle por parte de instituições

responsáveis pela qualidade da água ou órgão competente.

2 METODOLOGIA

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP), da Faculdade

de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, sob o protocolo de pesquisa nº

22186513.8.0000.5421.

Heterocontrole é um princípio de Saúde Pública aplicado ao campo da vigilância

sanitária. Foi proposto por Paulo Narvai, em 1982, como "o princípio segundo o qual se um bem ou

serviço qualquer implica risco ou representa fator de proteção para a saúde pública então além do

controle do produtor sobre o processo de produção, distribuição e consumo deve haver controle por

parte das instituições do Estado”.

O heterocontrole vem sendo amplamente utilizado no Brasil, sobretudo na área de

vigilância sanitária das águas de abastecimento público, uma vez que a efetividade dessa medida

preventiva da cárie dentária depende da adequação do teor de flúor e da continuidade do processo.

A interrupção, temporária ou definitiva, faz cessar o efeito preventivo da medida. Essa característica

faz com que seja indispensável o seu controle, seja em termos operacionais nas estações de

tratamento de água, seja em termos de vigilância sanitária. No primeiro caso, deve haver

procedimentos rotineiros de controle operacional.

Através do heterocontrole serão avaliadas quatro etapas fundamentais de um sistema

de vigilância: coleta de amostras, sistematização, análise dos resultados e indispensável divulgação

para quem necessita conhecê-los.

Cabe destacar que as amostras de água coletadas não precisam ficar armazenadas em

ambiente escuro ou refrigerado, porque o fluoreto não se altera com o armazenamento em ambiente

escuro ou refrigerado, mesmo que nela cresçam microrganismos quimiossintéticos ou

fotossintéticos.

Trata-se de uma pesquisa de campo, realizando visitas nas estações de tratamento de

água, coletas e análise da água de abastecimento público e que também fez uso de dados primários

(qualidade da água e concentração de fluoretos), dados provenientes da busca ativa de literatura

científica e de relatórios técnicos sobre cobertura e vigilância da fluoretação de águas de

abastecimento público, onde o foco foi o mapeamento situacional da fluoretação da água de

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abastecimento público e a existência e eficácia do heterocontrole realizado pelas autoridades

competentes em relação à qualidade e quantidade de fluoretos utilizados na cidade de Palmas.

O estudo foi realizado de Março e Maio de 2015, na cidade de Palmas, Estado do

Tocantins Mensalmente, em datas estabelecidas por sorteio, foram coletadas (4) quatro amostras

de água, sendo (2) duas coletas próximas e (2) duas coletas distantes dos pontos escolhido em

cada uma das (3) três ETAS (Estação de Tratamento de Água e Saneamento).

Sistema de Abastecimento de Água: Foz/Saneatins- Palmas UTS 002

Unidade de tratamento: UTS 002;

Avenida LO – Terceira esquina com Avenida Teotônio Segurado, S/N- Setor

Taquari;

Tipo de Fluoreto: Fluossilicato de Sódio;

Início de Fluoretação: 2004.

Unidade de Tratamento: ETA 003

Unidade de tratamento: ETA 003;

TO 010 Km 04- Margem direita ( sentido Palmas/Lajeado);

Tipo de Fluoreto: Fluossilicato de Sódio;

Início de Fluoretação: 1994.

Unidade de Tratamento: ETA 006

TO 050 Km 13, S/N - Gleba Tiúba;

Tipo de Fluoreto: Fluossilicato de Sódio;

Início de Fluoretação: 1999.

Figura 1 – Coleta Próximo ETA 002 Palmas.

Fonte própria: (SOUSA, 2015)

Figura 2 - Coleta Distante ETA 002 Palmas

Fonte própria: (SOUSA, 2015)

Figura 3 – Coleta Próximo ETA 003 Palmas

Fonte própria: (SOUSA, 2015)

Figura 4 - Coleta Distante ETA 002 Palmas

Fonte própria: (SOUSA, 2015)

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A amostra de água visando à determinação da concentração de íon flúor deve ser

representativa da água que está sendo distribuída para a população, definida por um plano de

amostragem que contemple o propósito e as finalidades específicas conforme cada projeto ou

programa de vigilância. Essa amostra deve ser coletada no hidrômetro ou da primeira torneira logo

após o hidrômetro, porque a água proveniente da caixa ou reservatório pode não refletir em tempo

real a concentração de fluoreto da água da rede de distribuição. Imagens de coletas sendo

realizadas (Figuras 1, 2, 3, 4, 5 e 6).

De acordo com informações coletadas junto à companhia de abastecimento público de

água (Odebresch Ambiental – Saneatins) não existe quantidade significativa de flúor de forma

natural nas águas dos rios que abastecem as ETAs de Palmas. É utilizado o composto em pó

denominado Fluossilicato de sódio (Na2 Si F6). O mesmo é aplicado e controlado por um técnico-

químico que responde por cada ETA, sendo este treinado pela própria empresa, e o responsável

pela coleta da água para análise que é feito de forma diária.

Segundo informações da própria companhia de abastecimento público de Palmas

possui (5) cinco ETAs superficiais e nenhuma ETAs subterrâneas, sendo que, duas delas em

localização rural, estando excluídas da pesquisa, a coleta e o monitoramento feito pela empresa

segue a portaria GM/MS N° 635/BSB de, que regulamenta que a coleta em mananciais superficiais

deve ser realizada num intervalo de duas em duas horas (lagos, represas ou mananciais) e

coletados uma vez por dia quando o manancial é subterrâneo (poços).

Foram coletadas e analisadas 36 amostras, durante (3) três meses, sendo feita (12)

doze coletas mensais, quatro em cada uma das (3) ETA que fazem parte da pesquisa. As amostras

coletadas foram avaliadas no Laboratório de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de

Piracicaba, situado na Av. Limeira, 901 – Caixa Postal 52, aos cuidados do Professor Jaime Cury,

que foram laudadas e relatadas para verificar se as concentrações de fluoreto estão dentro dos

padrões ideais ou não, levando em consideração as portarias específicas, e compararemos os

resultados dessa análise com os relatórios fornecidos pela empresa de abastecimento público, uma

vez analisados e comparadas iremos classificar esses resultados como aceitáveis ou inaceitáveis

de acordo com os resultados da concentração de flúor.

Figura 5 – Coleta Próximo ETA 003 Palmas

Fonte própria: (SOUSA, 2015)

Figura 6 - Coleta Distante ETA 002 Palmas

Fonte própria: (SOUSA, 2015)

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Foram realizados questionários aos coordenadores de órgãos fiscalizadores da

potabilidade da água, como Vigiágua, CCZ e Visa para verificar a existência, a rotina e assiduidade

de heterocontrole realizado pelo Estado.

Foi solicitada uma

autorização junto à companhia de

abastecimento público municipal (Foz

Saneatins) para visitar as ETAS, para

verificar a rotina e a forma como é

realizada a colocação do fluoreto na água

de abastecimento, quantidade e a rotina

de coletas e análise da água, mas a

companhia negou o acesso, alegando

que as ETAs estão classificadas como

áreas de segurança onde apenas

integrantes da empresa podem ter

acesso, mesmo se tratando de projetos

científicos específicos, e que a água

produzida no município de Palmas

seguem as normas (ISO 9001, ISO 14001). A empresa disponibilizou relatórios com os níveis de

fluoretos adicionados as águas de consumo humano referentes aos períodos de janeiro a dezembro

de 2013 e de janeiro a julho de 2014, demonstrados nos gráficos.

Os procedimentos das coletas e armazenamento das amostras de água para análise de

fluoreto são mais simples do que

os adotados para as demais

análises para certificar a

potabilidade da água, porque o

fluoreto presente na amostra de

água coletada não sofre

alteração química.

Procedimentos para coleta da

água:

a. Identificar o local de

coleta pelo plano de

amostragem;

b. Lavar as mãos e secá-

las;

c. Remover a tampa, tendo os seguintes cuidados: não tocar na parte interna da tampa e

do frasco; não colocar a tampa no chão ou sobre outra superfície;

d. Abrir a torneira, deixando a água escoar por cerca de 2 minutos;

e. Ajustar a abertura da torneira em fluxo baixo da água;

f. Encher o frasco de coleta com água e desprezar por 3 x (“enxugar o frasco”);

g. Coletar a água, não sendo necessário encher o frasco até o gargalo;

h. Fechar o frasco imediatamente após a coleta, secando bem sua parede externa e

conferindo se a tampa está bem encaixada;

i. Aplicar a etiqueta adesiva, numerar o frasco e o campo correspondente na planilha com

caneta esferográfica, e registrar o número do campo correspondente na planilha;

j. Anotar na planilha o número de frasco, o endereço do ponto de coleta, a data e o horário

da coleta; o responsável pela coleta. Para efeito de padronização, o número do frasco

corresponderá ao código do município + hífen + dois algarismos relativos ao número da

amostra;

GRÁFICO 1- Monitoramento de Água – SAA ETA 002- Janeiro/Dezembro-2013.

Fonte: SANDIM & SOUSA (2015).

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Fluoreto MédiaMensal

Fluoreto MáximaMensal

GRÁFICO 2 - Monitoramento de Água – SAA ETA 003- Janeiro/Dezembro-2013.

Fonte: SANDIM & SOUSA (2015).

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Fluoreto MédiaMensal

Fluoreto MáximaMensal

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k. Acondicionar adequadamente o frasco na caixa.

l. Encaminhar as amostras ao laboratório de referência.

Instrumentos a serem utilizados para a coleta de dados Materiais necessários para a coleta:

a. Frasco plástico de 10 ml com tampa de pressão natural e boa vedação;

b. Etiqueta adesiva opaca;

c. Caixa de paredes duras ou de papelão ou de material isotérmico;

d. Planilha de campo;

e. Caneta esferográfica;

f. Papel toalha.

A determinação da concentração do íon de flúor (fluoreto) na amostra de água pode ser

feita por diferentes métodos analíticos e o mais utilizado, devido a sua praticidade e sensibilidade é

o eletrométrico (RODRIGUES et al., 2002)

O Princípio do método é

utilizado um eletrodo que possui um

cristal sensível a íon flúor na

extremidade de um tubo. Dentro do tubo

há uma solução de fluoreto e durante a

análise o eletrodo é conectado a um

potenciômetro. Quando o eletrodo é

imerso numa solução contendo íon flúor,

se estabelece uma diferença de

potencial entre a concentração do

fluoreto de fora e de dentro do eletrodo,

a qual é detectada pelo potenciômetro.

Como há uma relação linear entre a

diferença de potencial e o inverso do

logarítimo da concentração de fluoreto

na solução, é possível ser determinada

a relação matemática entre essas

variáveis, utilizando soluções de

concentração conhecida de fluoreto

(padrões). Assim, a partir de curvas de

calibração previamente feitas a

concentração de fluoreto nas amostras

de água é determinada.

Como o eletrodo é íon

seletivo, é necessário garantir que todo

íon flúor esteja livre na solução e para tal

é usado um tampão para acertar o pH,

força iônica e complexar cátions,

presentes na água. O tampão mais

usado é o TISAB II (tampão acetato 1M,

pH 5,0, contendo CDTA a 0,4% de NaCl

1M). Para análises é misturado 1 v de água com 1v de TISAB II, por exemplo 1,0 mL de cada.

Os teores serão classificados em intervalos, com base na legislação específica:

Ausente (teor <0,1 mg/L);

Abaixo (teor <0,6 mg/L);

Adequado (teor entre 0,6 e 0,8 mg/L);

Acima (teor >0,8 mg/L).

GRÁFICO 3 - Monitoramento de Água – SAA ETA 006- Janeiro/Dezembro-2013.

GRÁFICO 4 - Monitoramento de Água – SAA ETA 002- Janeiro/Julho-2014.

Fonte: SANDIM & SOUSA (2015)

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No Tocantins a

concentração ótima de flúor, varia de

0,6 e 0,8 mg/L, em função da média

das temperaturas máximas diárias

que são 26,8-32,5 °C. (FUNASA,

2014).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos

através da pesquisa realizada em 03

meses consecutivos, referentes aos

meses de Março, Abril e Maio de

2015, mostrou que as

concentrações de flúor presente nas

águas de abastecimento público

estão dentro dos padrões exigidos

pela portaria 635/BSB de 26 de

dezembro de 1975, o qual

regulamenta que os níveis de

concentração do íon flúor devem

constar entre 0,6 a 0,8 MG F/L.

O acesso à água

fluoretada é fundamental para

condições de saúde da população. A

quantidade ideal de flúor depende

da média da temperatura local,

sendo que o valor médio da

temperatura registradas no Estado

do Tocantins varia entre 26,4ºC a

32,5ºC sendo considerado um índice

ótimo de fluoretos o valor de 0,7 mgF/L (BRASIL, 2012).

A efetividade do flúor sistêmico se deve a comunicação de três fatores: fortalecimento

do esmalte pela redução da sua solubilidade perante o ataque ácido, inibindo a desmineralização;

o favorecimento da remineralização; e a mudança na ecologia bucal pela diminuição do número e

do potencial cariogênico dos micro-organismos (FREITAS et al., 2013).

Sua ação é preventivo-terapêutica, pois o flúor que interessa para fins de proteção a

cárie dental não é aquele incorporado intimamente a estrutura do dente, mas sim o que é

incorporado na estrutura mais superficial sujeito a dinâmica constante de trocas minerais

estabelecidas entre saliva e esmalte dentário (BRASIL, 2012).

Verifica-se então a importância da utilização do flúor de forma correta, teores de até 1,5

mg F/L geram benefícios para a saúde humana por aumentar a resistência da matriz mineral dos

dentes e dos ossos evitando enfraquecimento destes. Se ingerido em quantidades superiores

tornam-se extremamente prejudicial à saúde (GUIMARÃES, 2007).

O acesso à água fluoretada é o método mais recomendado para prevenção de cárie, é

fundamental para as condições de saúde da população, e é recomendada pela Organização

Mundial de Saúde (OMS), que a considera uma medida indispensável nas estratégias preventivas

em saúde bucal, essencial para a promoção de saúde, sendo um direito fundamental que vem

reparar uma grande dívida social de acesso ao flúor (FRAZÃO et al., 2011).

GRÁFICO 5 - Monitoramento de Água – SAA ETA 003- Janeiro/Julho-2014.

Fonte: SANDIM & SOUSA (2015

GRÁFICO 6 - Monitoramento de Água – SAA ETA 006- Janeiro/Julho-2014.

Fonte: SANDIM & SOUSA (2015

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Segundo Narvai (2000), a fluoretação

da água de abastecimento público quando é

eficiente e confiável e dentro nos níveis ideais de

fluoretos, pode propiciar um grande benefício,

dificultando que agravos em saúde pública

acometam a população, e consequentemente

diminuindo de 20% a 40% o índice da cárie

dentária na população.

Por outro lado, o flúor ingerido em

altas dosagens pode provocar efeitos colaterais

principalmente a fluorose, que resulta da

ingestão acima do limite adequado por período

prolongado.

É originada da exposição do germe

dentário durante o seu processo de formação a

altas concentrações do íon flúor, ocasionando a

princípio, manchas esbranquiçadas no esmalte

dental, podendo agravar-se a um grau

deformante do elemento dentário (FREITAS et al., 2013).

A fluoretação das águas integra hoje as diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal,

e segundo o Ministério da Saúde mais de 100 milhões de pessoas em todo o país são beneficiadas

pela medida (ANTUNES & NARVAI, 2010).

Não obstante, a clara indicação da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), e, embora

o país disponha “do segundo maior sistema de fluoretação de águas de abastecimento público de

todo o mundo (BRASIL, 2009), há indícios de importante desequilíbrio macrorregional na oferta

desse benefício”.

A cobertura da fluoretação das águas seria de aproximadamente 60% da população,

com as referidas desigualdades entre as regiões. No Sul e Sudeste do país mais de 70% da

população urbana são beneficiadas pela fluoretação, enquanto essa porcentagem é inferior a 30%

na região Norte (ANTUNES & NARVAI, 2010), portanto, embora seja uma política pública

obrigatória e extremamente eficiente, a fluoretação das águas de abastecimento público ainda não

é uma realidade tocantinense, e não se dispõe de informações fidedignas para avaliar a extensão

da cobertura dessa medida no Estado do Tocantins, pois os dados disponíveis resultam de

processos de coleta relativamente imprecisos e não validados com o emprego de técnicas

adequadas.

Observando as médias de temperaturas máximas anuais na maior parte do país, a

concentração empregada para a prevenção de cárie dental e a menor ação de fluorose dentaria

situa-se em uma taxa entre 0,6 e 0,8 ppm. A análise rigorosa dessa norma é devido ao fato do

fluoreto ser encontrado nas águas de abastecimento público e em outros vários produtos, como nas

águas minerais, em alguns medicamentos, nos cremes dentais. Entretanto deve-se alertar para as

variações dos níveis de flúor nas águas de abastecimento público e observar a necessidade de

sistemas de vigilância eficaz (CESA; ABEGG; AERTS, 2011).

É necessário que seja feito o controle do fluoreto nas águas públicas de abastecimento

público, paralelo ao registrado pelos órgãos responsáveis pelo abastecimento de água. A

necessidade do heterocontrole pelos órgãos responsáveis pela fiscalização e aplicação das

portarias próprias sobre qualidade da água para consumo humano e potabilidade (NARVAI 2000).

4 CONCLUSÃO

Diante do exposto, pode-se concluir que a fluoretação da água de abastecimento público na

cidade de Palmas-TO, está dentro dos padrões de normalidade regulamentados pela Portaria n°

GRÁFICO 7- Resultados da realização do Heterocontrole dos níveis de fluoreto das águas para consumo humano de Palmas- TO de março a maio - 2015

Fonte: SANDIM & SOUSA (2015)

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635/BSB, de 26 de dezembro de 1975, e que, a população está recebendo o flúor nos limites

recomendados do íon fluoreto, resultando assim que o objetivo maior, a prevenção da cárie, possa

ser adequadamente alcançado e assim, a população receba o que lhe é de direito.

Porém, verificou-se que não existe um heterocontrole adequado e uma vigilância da

quantidade do íon fluoreto, dos protocolos de coleta e de análise, por parte das autoridades de

saúde pública, Estados e Município em relação ao município, e que deveriam ser adotadas as

medidas necessárias à fiscalização e controle, sanando assim dúvidas e possíveis divergências.

REFERÊNCIAS Antunes J.L.F.; Narvai, P.C. Políticas de saúde bucal no Brasil e seu impacto sobre as desigualdades em saúde. Revista de Saúde Pública, 44(2): 360-5, 2010. Brasil. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Manual técnico de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar / Agência Nacional de Saúde Suplementar (Brasil). – 3. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: ANS, 2009. 244 p. Brasil. Congresso Nacional. Lei 6.050 Dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas de abastecimento quando existir estação de tratamento. Diário Oficial da União 27 maio 1974. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/Leis/L6050.htm Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília: Ministério da

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O DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM NA VISÃO DOS ENFERMEIROS DO HOSPITAL REGIONAL DE PORTO NACIONAL

THE DIMENSIONING OF NURSING STAFF UNDER THE NURSES’ VIEWING FROM THE

REGIONAL HOSPITAL OF PORTO NACIONAL

Dilliane Farias Alencar1, Dyolla Dynarth Santos Nogueira1, Grazielly Mendes de Sousa2, Karine Kummer Gemelli2; Viviane Tiemi Kenmoti2.

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - O Dimensionamento em Enfermagem tem sido discutido nos vários âmbitos que envolvem a complexidade do atendimento às necessidades de saúde da população. Pode ser definido como um processo de planejamento e avaliação do quantitativo e qualitativo do pessoal de enfermagem, necessário para organizar os cuidados. Objetivos -Verificar o conhecimento e a opinião dos enfermeiros do Hospital Regional de Porto Nacional sobre o dimensionamento de enfermagem. Metodologia - Trata-se de uma pesquisa transversal, descritiva, exploratória, quali-quantitativa realizada com 54 enfermeiros de Hospital Regional de Porto Nacional, no mês de outubro de 2014. Através de questionário estruturado verificou-se o perfil e a visão dos enfermeiros sobre a importância do dimensionamento de enfermagem. Os dados coletados foram analisados com estatística descritiva e simples, sendo o projeto aprovado em comitê de ética e pesquisa. Resultados - Houve prevalência de profissionais do gênero feminino (74%), idade média 34,4 anos, sendo 63% concursados. Dos profissionais avaliados 74,1% possuem nível de especialização lato-sensu. As questões que tratam do conhecimento dos enfermeiros sobre o dimensionamento, mostrou que os mesmos têm conhecimento da importância do dimensionamento nas instituições de saúde. Conclusão - A pesquisa evidenciou que os profissionais enfermeiros sabem das necessidades e da importância de se realizar o dimensionamento de enfermagem. Palavra-chaves: Dimensionamento. Enfermagem. Profissionais. ABSTRACT: Introduction - The Dimensioning of Nursing staff has been discussed under different contexts involving the complexity of care for the population health needs. It can be defined as a process of planning and evaluation of quantitative and qualitative nursing staff needed to organize patients' care. Objectives - This study aims to verify the nurses' knowledge and opinion from the Regional Hospital of Porto Nacional City, State of Tocantins (TO), Brazil, on Dimensioning of Nursing staff. Metodology - This is a cross-sectional, descriptive, exploratory, qualitative, and quantitative research carried out with fifty-four nurses at Regional Hospital of Porto Nacional, on October, 2014. The nurses’ profile and vision on the importance of Dimensioning of Nursing staff were analyzed using structured questionnaire. The collected data were analyzed with descriptive and simple statistics and the project was approved by an ethics and research committee. Results - There was prevalence of female’s professionals (74%) with mean of 34.4 years old and 63% were in contested positions. Among the evaluated professional, 74.1% have degree of lato sensu specialization. Issues about the nurses' knowledge on Dimensioning of Nursing staff showed that they are aware of its importance in healthcare institutions. Conclusion - This study showed that nurses know the needs and importance to perform the Dimensioning of Nursing staff. Key-words: Dimensioning. Nursing. Professionals.

1 INTRODUÇÃO

O enfermeiro ao longo de sua formação desenvolve habilidades que fazem dele um

profissional diferenciado, pois além do seu conhecimento clínico e de saúde coletiva, cabe a ele

administrar os serviços de enfermagem.1 Uma das tarefas gerenciais do enfermeiro é o

dimensionamento de Pessoal de Enfermagem (DPE), que tem sido foco da atenção das instituições

de saúde por estar ligado diretamente na efetividade da qualidade e custo da assistência.2

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Em torno do século XVII, surgiu o primeiro método de dimensionamento de recursos

humanos através da percussora de enfermagem Florence Nightingale. Esse método intuitivo

caracterizava-se na subjetividade e na relação entre profissionais e atividades, em relação à

gravidade dos pacientes.3

Estudos sobre o DPE, no Brasil, tiveram início entre as décadas de 70 e 80. Entretanto,

somente em 1996, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) veio estabelecer parâmetros para

o dimensionamento, por meio da Resolução 189/96. Essa Resolução veio a ser revogada em 2004,

sendo regulamentada em seu lugar a Resolução 293/04, atualmente vigente, o qual garante que a

aplicação do Sistema de Classificação de Pacientes (SCP), as horas mínimas de assistência e a

distribuição dos diferentes níveis de formação profissional para cada tipo de cuidado, irão influenciar

diretamente na qualidade da assistência prestada.4, 1.

O DPE pode ser definido como um processo inicial para o provimento do quantitativo e

qualitativo dos diversos níveis de formação em enfermagem necessários para promover assistência

para cada nível de cuidado. Garante uma assistência segura aos clientes e profissionais de

enfermagem.5

A primeira etapa do dimensionamento de pessoal de enfermagem diz respeito ao

conhecimento e à caracterização da clientela relacionada ao grau de dependência assistencial, em

que a adoção de um SCP contribui, para que se atenda de forma satisfatória às peculiaridades da

clientela.7

A Resolução COFEN nº293/2004, que assegura parâmetros para o dimensionamento do

pessoal de enfermagem mínimo de acordo com os diferentes níveis de formação profissional nas

instituições de saúde, traz como parâmetro um sistema de classificação de pacientes confeccionado

por Fugulin.4 Esta ferramenta de classificação proposta por Fugulin estabelece nove campos de

cuidados como: estado mental, oxigenação, sinais vitais, motilidade, deambulação, alimentação,

cuidado corporal, eliminação e terapêutica, conforme a gravidade dos pacientes internados. Com

base nessa avaliação, os pacientes são distribuídos em uma das categorias: cuidados intensivos

(acima de 31 pontos), cuidados semi-intensivos (27 a 31 pontos), cuidados de alta dependência (21

a 26 pontos), cuidados intermediários (15 a 20 pontos) e cuidados mínimos (9 a 14 pontos).8

Existem outros métodos de dimensionamento utilizado no Brasil, como por exemplo, o

proposto por Gaidzinski, o qual contribui para a previsão, avaliação e adequação do quantitativo e

qualitativo de pessoal de enfermagem nas instituições de saúde, sendo necessária a identificação

das seguintes variáveis: carga de trabalho, índice de segurança técnica e tempo efetivo de

trabalho.12

O dimensionamento de pessoal é uma das ferramentas do planejamento de enfermagem de

papel diferenciado, que possibilita ao enfermeiro o embasamento para a tomada de decisões e

ações que visem a coerência e a eficácia do processo de trabalho.4 Sendo assim, questiona-se se

os profissionais enfermeiros que atuam no Hospital Regional de Porto Nacional consideram o

dimensionamento de enfermagem uma ferramenta importante para a qualidade da assistência

prestada. E acredita-se que estes profissionais enfermeiros consideram importante a realização do

dimensionamento do pessoal de enfermagem, sendo esta, uma ferramenta que pode contribuir na

qualidade da assistência prestada. Logo o objetivo da pesquisa é verificar o conhecimento e a

opinião dos enfermeiros do Hospital Regional de Porto Nacional sobre o dimensionamento de

enfermagem.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa transversal com caráter descritiva e exploratória de abordagem

quali quantitativa realizada no Hospital Regional de Porto Nacional (HRPN) em outubro de 2014.

A amostra constou de 54 profissionais enfermeiros atuantes nas alas de Clínica Médica,

Clínica Cirúrgica, Centro Cirúrgico, Clínica Geriátrica, Quali SUS, Pronto Socorro e UCI (Unidade

de Cuidados Intermediários) do hospital, sendo incluídos aqueles com vínculo empregatício há pelo

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menos 01 ano e que concordaram em participar da pesquisa através do Termo de Consentimento

Livre Esclarecido (TCLE). Exclui-se os que não foram encontrados em até no máximo três visitas

agendadas para responderem o questionário.

O estudo foi realizado através de questionário estruturado, fechado e aberto, elaborado

pelas pesquisadoras, com perguntas que avaliaram o perfil profissional (sexo, idade, tipo de vínculo

profissional, tempo de formação, tempo de exercício profissional, área de especialização, nível de

especialização, tempo de trabalho na instituição) e perguntas referentes à visão dos enfermeiros

sobre a importância do dimensionamento de enfermagem.

Nas primeiras perguntas referentes à visão dos enfermeiros sobre o dimensionamento

questionou-se qual a Lei do COFEN que regulamenta parâmetros para o dimensionamento do

pessoal de enfermagem nas instituições de saúde, sendo opções de resposta a Resolução nº

196/96, a Resolução nº 293/04, a Lei nº 7.498/86, a Resolução nº 358/2006 ou não sei qual a lei. A

segunda pergunta indagou segundo o Sistema de Classificação de Pacientes (SCP) proposto por

FUGULIN, como os pacientes poderiam ser classificados, tendo como opções de resposta Auto

cuidado, Intermediário, Semi-Intensivo e Intensivo; Grave, Intermediário e Estável; Sem risco de

morte, Pouco risco e Grande Risco de Morte ou Não sei Responder. A terceira questão foi se o

profissional achava que a implantação de um Sistema de Classificação de Pacientes (SCP)

melhoraria a qualidade da assistência aos pacientes do hospital onde trabalhava, e sendo a

resposta afirmativa deveria descrever as possíveis melhorias. A última pergunta indagava se o

profissional considerava importante a realização dimensionamento dos profissionais de

enfermagem na instituição em que trabalhava, tendo como opções de resposta “Muito”, “Pouco” ou

“Não considero” e caso a resposta fosse “muito” deveria escrever de que maneira o

dimensionamento contribuiria para o enfermeiro, para equipe técnica de enfermagem e para o

paciente.

A coleta de dados aconteceu na própria instituição pesquisada durante os plantões dos

enfermeiros. Os dados foram analisados através de estatística simples e de forma descritiva, sendo

tabulados e apresentados em gráficos e tabelas. E o projeto de pesquisa foi submetido à avaliação

do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e aprovado com

parecer nº 052/2014.

3 RESULTADOS

A amostra inicial foi constituída por 54 enfermeiros atuantes em todas as alas do Hospital

Regional de Porto Nacional, escalados no mês de outubro de 2014. Destes enfermeiros 27 (50%)

responderam à pesquisa e 27 (50%) foram excluídos. Dos excluídos, 16 (59%) recusaram-se em

participar, 3 (11%) encontravam-se de férias, e 8 (30%) não foram encontrados em três visitas

para responderem ao questionário.

A Tabela 1 apresenta o perfil profissional dos enfermeiros, sendo a idade média de 34,4

anos, com mínimo de 24 e máximo de 53 anos. Quanto ao tempo de exercício profissional em

enfermagem a média é de 7,7 anos, com máximo de 25 e mínimo de 1,6 anos.

Questionou-se ainda sobre o tempo de trabalho dos enfermeiros na instituição.

Apresentaram uma média de 6,4 anos, com máximo de 25 anos e mínimo de 1,6 anos. Ao avaliar

o tempo de formação dos enfermeiros entrevistados, constatou-se uma média de 8,2 anos, com

máximo de 25 anos e mínimo de 2 anos.

Após a avaliação do perfil dos enfermeiros e de formação profissional, questionou-se sobre

o conhecimento e a opinião dos mesmos sobre o dimensionamento de enfermagem.

Sobre o questionamento da lei do COFEN que regulamenta parâmetros para o

dimensionamento do pessoal de enfermagem nas instituições de saúde, 18 (67%) profissionais

acertaram. Questionados ainda sobre como os pacientes são classificados segundo o sistema

proposto por Fugulin, 26 (96%) dos profissionais acertaram. Os achados conforme cada pergunta

encontram-se nos gráficos 1 e 2.

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GRÁFICO 1: Respostas dos enfermeiros sobre qual a lei do COFEN regulamenta

parâmetros para o dimensionamento de enfermagem.

Questionou-se os profissionais se achavam que a implantação de um sistema de

classificação de pacientes melhoraria a qualidade da assistência no hospital onde trabalham, e 24

(89,9%) responderam que melhoraria enquanto 3 (11,1%) discordaram da melhora. Foram então

questionados sobre quais melhorias eles acreditavam que poderiam ocorrer, e no agrupamento das

respostas obteve-se 21 (63,6%) relatos sobre a qualidade na assistência ao paciente, 6 (18,2%)

sobre satisfação do servidor e 6 (18,2%) de agilidade no serviço de enfermagem

GRÁFICO 2: Respostas sobre como os pacientes são classificados segundo

o Sistema de Classificação de Pacientes proposto por Fugulin.

Pode ser observado na resposta do sujeito 1: “...a assistência teria mais qualidade, visando

os cuidados conforme às necessidades de cada paciente, consequentemente diminuiria a

sobrecarga do trabalho do servidor, proporcionando assim, satisfação de ambas as partes.”; do

sujeito 2: “Contribuirá com a otimização do fluxo, direcionando as prioridades das ações de

enfermagem...” e do sujeito 3 “Atendimento direcionado às necessidades dos pacientes, melhor

aproveitamento do tempo e qualidade da execução do plano de cuidado.”.

A última questão, a qual perguntava se consideravam importante a realização do

dimensionamento na instituição onde trabalham, 24 (89,9%) marcaram muito importante enquanto

3 (11,1%) acharam pouco importante. Questionados de que maneira o dimensionamento de

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enfermagem contribui para o profissional enfermeiro, equipe técnica de enfermagem e para o

paciente, agrupou-se a classificação das respostas obtendo-se 12 (48%) que referiram que uma

das contribuições é a diminuição da sobrecarga de trabalho enquanto 13 (52%) relataram uma

assistência de qualidade aos pacientes. O mesmo pode ser observado através da resposta do

sujeito 4: “Pois é uma forma de não estar sobrecarregando o profissional, e muitas vezes deixando

a desejar na assistência de enfermagem, devido excesso de trabalho e reponsabilidades.” E do

sujeito 5: “Melhora na qualidade assistencial, ..., melhora a jornada de trabalho, melhora o

gerenciamento de enfermagem e proporciona um ambiente de trabalho calmo e seguro.”

4 DISCUSSÕES

Na avaliação do perfil profissional dos enfermeiros que trabalham no Hospital Regional de

Porto Nacional (HRPN), observou-se a prevalência do sexo feminino (74%), com predominância de

idade entre 30 e 39 anos (média de 34,4 anos). Em outras pesquisas que envolveram profissionais

enfermeiros, também encontrou-se um maior número de mulheres quando comparado aos homens,

com 78,54% e 87,7%9, 10. Na assimilação desse processo, deve-se considerar a influência de

Florence Nightingale, a precursora da enfermagem, ao construir na Inglaterra Vitoriana (1862), uma

profissão para as mulheres, para a qual elas são “naturalmente preparadas”, a partir de princípios

que acreditavam ser femininos11. Relacionado a faixa etária predominante no estudo, em todo o

Brasil há uma prevalência dessa idade, como pode ser observado num estudo feito em todos os

estados pelo Conselho Federal de Enfermagem em 2011.12

Quanto ao tipo de vínculo profissional na instituição 17 (63%) entrevistados declararam ser

concursados. Sendo uma instituição pública em que a principal porta de entrada é por meio de

concursos, é esperado que o número de profissionais em regime de contrato seja menor. E quanto

ao tempo de exercício profissional dos enfermeiros entrevistados, apresentaram uma média de 7,7

anos, sendo que 44% da amostra tem até 5 anos de exercício profissional. Estes achados podem

apresentar relação com o fato dos profissionais terem ingressado, provavelmente, após os últimos

concursos públicos ocorridos nos anos de 2004 e 2009.

Avaliando-se os profissionais que participaram da pesquisa encontrou-se que a Clínica

Médica, Pronto Socorro e Quali SUS foram os setores com menor número de enfermeiros

participantes. E em uma avaliação relacionando o quantitativo de enfermeiros escalados com os

participantes do estudo somente 21,4% dos profissionais do Pronto Socorro e 16,6% dos do Quali

SUS responderam ao questionário. Esses setores são caracterizados pela entrada frequente de

pacientes que necessitam de atendimento de urgência. Sendo comum o cansaço, estresse e/ou

falta de tempo dos profissionais para participarem da pesquisa13.

A jornada semanal de 30 horas é uma das conquistas da classe de enfermagem no

Tocantins, que entrou em vigor no dia 1º de Agosto de 2010, após ter sido aprovado por

unanimidade, o projeto de lei nº42/2010, que reduz a carga horária de 40 para 30 horas semanais

para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem do Tocantins14. Logo, a amostra estudada

evidenciou em sua totalidade profissionais com escala de 30 horas semanais.

Dos 27 enfermeiros entrevistados, 17 (63%) enfermeiros possuem tempo de trabalho no

hospital de até 5 anos, podendo ser comparado com o tempo de exercício profissional,

evidenciando que enfermeiros recém-formados tendem a buscar concursos públicos, sendo que

44% dos entrevistados estão formados de 6 a 10 anos

A necessidade de melhoria da qualidade dos serviços prestados, exige dos profissionais, a

busca por capacitações e especializações para a aquisição de novas competências e

habilidades15. A grande maioria dos entrevistados (74,1%), possuem nível de especialização lato-

sensu, mostrando que hoje, os enfermeiros assistenciais buscam com maior frequência a

capacitação profissional. As especializações mais encontradas foram: Enfermagem do trabalho

(26,7%), Saúde Pública e Coletiva (23,3%) e Urgência e Emergência (23,3%).

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Partindo para as questões que tratam do conhecimento dos mesmos sobre o

dimensionamento, percebe-se que os profissionais têm conhecimento da importância do

dimensionamento nas instituições de saúde. E acrescenta-se que 18 (67%) acertaram a lei do

COFEN que regulamenta parâmetros para o dimensionamento de enfermagem. É um assunto

bastante atual e que vêm tendo uma proporção enorme em concursos públicos. Os achados da

questão encontram-se no gráfico 1.

A determinação do quanti-qualitativo dos recursos humanos de enfermagem é de atribuição

legal do enfermeiro16. A respeito de como os pacientes são classificados segundo o SCP proposto

por Fugulin, 26 (96%) dos enfermeiros acertaram a forma correta de classificar o paciente (auto

cuidado, intermediário, semi-intensivo e intensivo), mostrando grande conhecimento pelo assunto.

E ressalta-se que este sistema não é aplicado na instituição em questão.

Qualidade na assistência ao paciente, satisfação do servidor e agilidade no serviço de

enfermagem, foram os itens citados pelos enfermeiros como melhorias que a implantação de um

SCP traria para a instituição onde trabalham. Quando se pensa em qualidade na assistência de

enfermagem, logo lembra-se de aquisição de bons materiais e equipamentos, disponibilidade de

recursos humanos preparados e em quantidade suficiente para um processo de cuidar integral e

adequado17. Associado a isso, os enfermeiros entrevistados expressaram saber a importância de

se identificar o que vem a ser qualidade, bem como o porquê de sua utilização e a necessidade

atual de se aplicar um SCP para que os cuidados sejam prestados de forma a garantir benefícios

tanto para os pacientes, quanto para os profissionais de enfermagem.

Diminuição da sobrecarga de trabalho e assistência de qualidade foram citados como

benefícios que a realização do dimensionamento traria para a instituição onde trabalham. Essa

mesma qualidade referida pode ser definida como o uso devido dos recursos físicos e humanos,

com o mínimo de risco ao cliente e alto grau de satisfação dos usuários e funcionários18. Com isso,

89,9% dos entrevistados consideram importante a realização do dimensionamento na instituição

onde trabalham.

Sendo assim, o conhecimento sobre o adequado dimensionamento de pessoal possibilita

ao enfermeiro conhecer a clientela a quem está prestando o cuidado, e permite conduzir a

assistência de acordo com as reais necessidades do paciente19.

O presente estudo evidenciou que os enfermeiros sabem das necessidades e da

importância de se realizar o dimensionamento de enfermagem.

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7. Moraes M; Linch GFC, Souza EN. Classificação de pacientes internados em uma unidade traumatológica. Rev Gaúcha Enferm. Vol.33. nº2 Porto Alegre, 2012. 8. Bordin LC, Fugulin FMTogeiro. Distribuição do tempo das enfermeiras: identificação e análise em Unidade Médico-Cirúrgica. Rev Esc Enferm USP, 2009 9. Dias CB, Silva ALA. O perfil e a ação profissional da(o) enfermeira(o) no Centro de Atenção Psicossocial. Rev Esc Enferm USP 2010; 44(2):469-75 10. Rocha JBB; Zeitoune RCG. Perfil dos enfermeiros do programa saúde da família: uma necessidade para discutir a prática profissional. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2007 jan/mar; 15(1):46-52.

integrativa da literatura. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2013 abr/jun;15(2):551-63. 17. Venturi KK. Qualidade do cuidado em uti: relação entre o dimensionamento de pessoal de enfermagem e eventos adversos. Curitiba, 2009. 18. Nunes BK, Toma E. Dimensionamento de pessoal de enfermagem de uma unidade neonatal: utilização do Nursing Activities Score. Rev. Latino-Am. Enfermagem jan.-fev. 2013. Oliveira DST, Neto JMR, Barros MAA, Bezerra LM, Costa TF, Fernandes MGMelo. Demanda de cuidados e dimensionamento de pessoal de enfermagem em unidade de terapia intensiva. Rev enferm UFPE on line., Recife, jul., 2013

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES VÍTIMAS DE ACIDENTES POR RAIAS

ATENDIDOS NO HOSPITAL PÚBLICO DE PORTO NACIONAL/TO, 2012 A 2015

PROFILE EPIDEMIOLOGICAL OF PATIENTS VICTIMS OF ACCIDENTS BY RAYS IN THE PERIOD 2012-2015 THAT WERE TREATED IN THE PUBLIC HOSPITAL OF PORTO

NACIONAL /TO

Alderina Patrício Dos Passos1, Mozaniel Aires Pimenta1, Gabriela Ortega Coelho Thomazi2; Raquel da Silva Aires²; Thompson de Oliveira Turibio².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - No Brasil, os acidentes por animais peçonhentos representam um relevante problema de saúde pública devido à seriedade desse tipo de agravo, que dependendo da situação pode causar sequelas na vítima por um longo período de tempo ou de forma definitiva. Os acidentes por peixes peçonhentos, como as raias, apresentam elevada morbidade e são frequentemente subnotificados pelos sistemas de informação do país, apesar de serem de notificação compulsória. Objetivo - Descrever o perfil epidemiológico dos pacientes acidentados por raias no período de 2012 a 2015 atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO. Métodos- Foi realizado um estudo epidemiológico descritivo e transversal retrospectivo a partir das informações dos prontuários dos pacientes que sofreram acidentes envolvendo raias, no período de janeiro de 2012 a julho de 2015, ocorridos no município de Porto Nacional e atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO. Resultados - A quantidade de pacientes vítimas de acidentes por raias atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO aumentou entre os anos de 2012 a 2015, sendo a maior ocorrência de acidentes entre indivíduos na faixa etária entre 31 a 40 anos (26,4%), do gênero masculino (75,55%), em pardos (88,8%), residentes na zona urbana (100%) e com ensino fundamental incompleto (44,4%). O intervalo de tempo decorrido entre o acidente e o atendimento médico foi de 0 a 1 hora (51,1%), a região anatômica mais atingida foi o pé (93,3%), todos os indivíduos tiveram manifestações locais (100%) e a maioria sem manifestações sistêmicas (95,5%), os casos foram classificados como leves (73,3%), (93,3%) dos pacientes não ficaram internados, a grande parte dos acidentes não foram ocupacionais (91,1%) e todos evoluíram para cura (100%) As manifestações clínicas mais relatados foram a dor e o edema (53,4%) e todos os procedimentos terapêuticos adotados foram baseados na sintomatologia dos pacientes. Conclusão - A importância da procura por atendimento médico no caso de acidente por raias deve ser destacada, é de grande relevância que sejam oferecidos cursos de capacitação sobre os acidentes com animais peçonhentos para os profissionais da saúde, além da necessidade de ampliação das fichas de notificação para um maior controle das informações a respeito dos acidentes com raias no país. Palavras-chave: Epidemiologia. Prevalência. Raias. ABSTRACT: Introduction - In Brazil, accidents by venomous animals represent a significant public health problem because of the seriousness of this type of injury, which depending on the situation can cause sequela in the victim for a long period of time or permanently. Accidents by venomous

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fish such as rays have high morbidity and are often underreported by the country's information systems, although they are compulsory notification. Objective: To describe the epidemiological profile of patients injured by rays in the period 2012-2015 that were treated in the Public Hospital of Porto Nacional / TO. Methods: A retrospective descriptive cross-sectional epidemiological study was conducted based on information from medical records of patients who have suffered accidents involving rays, from January 2012 to July 2015, occurred in the city of Porto Nacional and treated at the public hospital in Porto Nacional/TO. Results - The number of patients injuried by rays treated at the public hospital in Porto Nacional /TO increased between the years 2012-2015, with the highest occurrence of injuries among individuals aged between 31-40 years (26.4%), male (75.55%) in brown (88.8%) living in urban areas (100%) and incomplete primary education (44.4%). The time elapsed between the accident and medical care was 0-1 hours (51.1%), the most affected anatomical region was the foot (93.3%), all subjects had local manifestations (100%) and most without systemic manifestations (95.5%), the cases were classified as mild (73.3%); (93.3%) of patients were not admitted, the vast majority of accidents were non-occupational (91.1%) and all were cured (100%). The most frequently reported clinical manifestations were pain and edema (53.4%) and all therapeutic procedures were adopted based on the symptomatology of the patients. Conclusion - The importance of demand for medical care in case of an accident by rays should be highlighted, it is of great importance that courses offered training courses on accidents with poisonous animals for health professionals and the need for expansion of reporting forms for greater control of the information about the accident with rays in the country. Key-words: Epidemiology. Prevalence. Rays.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, os acidentes por animais peçonhentos representam um relevante problema de

saúde pública devido à seriedade desse tipo de agravo, que dependendo da situação pode causar

sequelas na vítima por um longo período de tempo, de forma definitiva e até mesmo óbito

(BOCHNER R, STRUCHINER, 2002; RAMALHO , 2014).

Os acidentes por peixes peçonhentos, como as raias, apresentam elevada morbidade e são

frequentemente subnotificados pelos sistemas de informação do país, apesar de serem de

notificação compulsória (NETO e CORDEIRO, 2005; BRASIL, 2011).

No estado do Tocantins, durante o período de estiagem ocorre a redução no volume das

águas dos rios o que leva à formação de praias, que geralmente são utilizadas para o lazer da

maioria da população, e com isso há um maior risco de ocorrência dos acidentes provocados por

raias (SANTOS et al. 2014).

Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN), entre 2010 a

2012 foram notificados 6.313 casos de acidentes por animais peçonhentos no estado do Tocantins,

e as cidades que apresentaram mais casos foram Araguaína (16,3%), Palmas (11,7%) e Porto

Nacional (6,4%), o que representa cerca de 34,4% das notificações nesse período, no entanto, os

acidentes causados por animais aquáticos como as raias, não foram mencionados (GOMES e

LLOMARA, 2014).

As raias apresentam de um a quatro ferrões localizados na cauda, e tanto no ferrão quanto

no muco que recobre o corpo destes animais, são encontradas toxinas (SANTOS et al. 2011). Os

acidentes ocorrem quando os humanos pisam nestes animais que utilizam a cauda para se

defender, introduzindo o ferrão na vítima (SANTOS et al. 2011). As injúrias decorrentes das

ferroadas por raias são: dor intensa, eritema, edema, necrose e sinais sistêmicos, tais como

salivação, dificuldade de respirar, espasmos, vômitos e hipertermia (LAMEIRAS et al. 2013). A

severidade do ferimento é preocupante, pois ao introduzir o ferrão, além da entrada de toxinas no

local do trauma, ocorre também a entrada de microrganismos presentes na raia e na água do rio, o

que aumenta a chance de infecções secundárias (MAGALHÃES et al. 2008).

Em estudo realizado em uma associação de pescadores profissionais e artesanais no

município de Araguacema no estado do Tocantins, a incidência de acidentes por animais do meio

aquático foi de cerca de 85,9% ao ano, o que representa um número alto de acidentes, visto que

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esses agravos trazem consequências graves para a saúde das vítimas expostas, levando o

acidentando a se afastar das suas atividades por longos períodos (NETO et al. 2005).

Tendo em vista a problemática dos acidentes por raias em municípios com disponibilidade

de rios e lagos no estado do Tocantins, o que favorece a possibilidade de acidentes ocasionado por

estes peixes, e pela carência de estudos com esta temática, o presente estudo teve como objetivo

descrever o perfil epidemiológico dos pacientes acidentados por raias no período de 2012 a 2015

no município de Porto Nacional/Tocantins.

2 METODOLOGIA

O presente trabalho consistiu em um estudo epidemiológico descritivo e transversal

retrospectivo, realizado entre os meses de março a novembro de 2015 em quatro etapas: submissão

da proposta de estudo ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) via Plataforma Brasil e à Diretoria

de Gestão e Educação na Saúde (DGES) da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Tocantins;

coleta das informações dos prontuários dos pacientes vítimas de acidentes por raias no Hospital

Público de Porto Nacional/TO; análise das informações obtidas.

Foram avaliados prontuários de pacientes vítimas de acidentes por raias, que deram entrada

no Hospital Público de Porto Nacional/TO, entre janeiro de 2012 a julho de 2015. O ponto de partida

para a busca dos prontuários baseou-se nas informações do SINAN, fornecidas pela Secretaria

Municipal de Saúde de Porto Nacional. Optou-se pelo estudo a partir das informações dos

prontuários, pelo fato destes trazerem informações mais abrangentes dos pacientes.

Neste estudo foram incluídas apenas as informações dos prontuários dos pacientes que

sofreram acidentes envolvendo raias ou arraias, no período de janeiro de 2012 a julho de 2015,

ocorridos no município de Porto Nacional e atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO.

Assim, 74 prontuários foram avaliados, e destes, 45 foram selecionados de acordo com os critérios

de inclusão deste trabalho.

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi elaborado baseado nas informações que

compõem a ficha de investigação de acidentes por animais peçonhentos do SINAN, utilizando as

seguintes variáveis: data da notificação, idade, gênero, etnia, escolaridade, município de ocorrência

do acidente, zona, acidente de trabalho, tempo decorrido ferroada/acidente, local da ferroada, dados

do acidente (tipo de acidente), manifestações locais, manifestações sistêmicas, tratamento,

classificação do caso, complicações locais, complicações sistêmicas, evolução do caso e tempo de

internação.

análise dos dados foi realizada em etapas. Primeiro foi traçado o perfil epidemiológico dos

acidentes por raias no município de Porto Nacional- TO, entre 2012 a 2015, por meio da prevalência

calculada mediante a fórmula abaixo:

Nº de casos de acidentes por raias em Porto Nacional/TO entre 2012 a 2015-

_____________________________________________________________________________ X

10.000

População de Porto Nacional/TO

Posteriormente foi realizada a epidemiologia descritiva, onde foram delineadas as

peculiaridades do acidente em relação às características individuais das vítimas (gênero, faixa

etária, etnia, escolaridade, zona, data da notificação) e às características do acidente (tempo

decorrido ferroada/acidente, local da ferroada, manifestações locais, manifestações sistêmicas,

classificação do caso, complicações locais, complicações sistêmicas, acidente de trabalho,

evolução do caso e tempo de internação) e os procedimentos terapêuticos adotados.

Para a análise dos dados foi realizada uma análise estatística simples, sendo depois

tabulados e apresentados em tabelas.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Estudos acerca dos acidentes por peixes peçonhentos no Brasil apresentam informações

escassas e com poucas conclusões no contexto de epidemiologia, em relação aos sinais e sintomas

e às medidas de assistência terapêutica utilizadas (RAMALHO , 2014). Os acidentes envolvendo

animais aquáticos, como as raias, são de grande importância para a saúde pública por ainda não

haver tratamento específico, trazer muito sofrimento às vítimas, e pelo fato dos profissionais de

saúde não serem instruídos sobre o assunto durante os cursos de graduação ou até mesmo nas

atividades profissionais (NETO e JR, 2010).

Em virtude da problemática acima e com o intuito de obter informações epidemiológicas dos

acidentes por estes peixes no município de Porto Nacional que os objetivos deste estudo foram

traçados.

Porto Nacional conta com uma população de 49.146 habitantes, de acordo com os dados

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), encontra-se à margem direita do rio

Tocantins, hoje reservatório da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, e também entre os rios

Areia, Água Suja e São João (SANTOS et al. 2011). No estado do Tocantins há duas estações

hidrológicas, estiagem e chuva (SANTOS et al. 2011). No período de estiagem, há redução do

volume de água disponível nos rios, os extensos bancos de areia formam praias de água doce, que

atraem banhistas (SANTOS et al. 2011). Além disso, esses bancos de areia, com pouca

profundidade e com lama e/ou areia no fundo, são os lugares que mais atraem esses peixes

peçonhentos, segundo dados da pesquisa de Santos e equipe (SANTOS et al. 2011).

Sobre a prevalência dos acidentes por raias, de pacientes atendidos no Hospital Público de

Porto Nacional/TO, notou-se um aumento de 5 casos em 2012 e 7 em 2013, para 17 acidentes em

2014. Merece destaque o primeiro semestre de 2015, onde foi verificada a ocorrência de 16

acidentes por raias, como é possível verificar na Tabela 1.

Tabela 1 – Prevalência dos acidentes por raias de pacientes atendidos no Hospital Público de Porto

Nacional/TO de janeiro de 2012 a julho de 2015.

Ano Número de acidentes Prevalência

2012 5 101.73

2013 7 142.43

2014 17 345.90

2015 16 305.21

Total 45

O número de pacientes vítimas de acidente por animais peçonhentos tem aumentado nos

últimos anos, como foi verificado nos casos de acidentes provocados por raias atendidos no Hospital

Público de Porto Nacional/TO. As causas prováveis desse fenômeno podem ser em decorrência da

melhoria no sistema de notificação e também pelo acesso dos usuários aos postos de atendimento

(LIMA et al. 2009).

Acidentes por raias no estado do Tocantins e na região Norte já foram relatados

anteriormente na literatura. No ano de 2005, NETO et al. (2005) verificaram que no município de

Araguacema 14,6% dos pescadores sofreram acidente por raias. Em 2014, SANTOS et al. (2011)

entrevistaram 25 acidentados por raias nos municípios de Formoso do Araguaia e Porto Nacional.

SILVA et al. (2015) relatou um acidente grave por raia em Santa Fé do Araguaia. E no estado do

Amapá, OLIVEIRA et al. (2011) investigaram 22 vítimas de acidentes por raias. Apesar dos relatos

na literatura, percebe-se a escassez de informações epidemiológicas nesta área, principalmente

quando comparado com acidentes por outros animais peçonhentos (OLIVEIRA et al. 2011).

As características das vítimas de acidentes por raias atendidas no Hospital Público de Porto

Nacional/TO foram delineadas, conforme os resultados sumarizados na Tabela 2.

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Tabela 2 - Características das vítimas de acidentes por raias atendidas no Hospital Público de Porto Nacional/TO de janeiro de 2012 e julho de 2015.

2012 2013 2014 2015 Total n % n % n % n % n %

Faixa etária 0 - 10 anos 1 20 1 14,3 1 5,9 1 6,25 4 8,88 11 - 20 anos 1 20 2 28,55 4 23,6 3 18,75 10 22,3 21 - 30 anos 1 20 0 0 4 23,6 5 31,25 10 22,3 31 - 40 anos 1 20 2 28,55 6 35,4 3 18,75 12 26,4 41 - 50 anos 1 20 0 0 2 11,8 3 18,75 6 13,32 51 - 60 anos 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,3

> 61 anos 0 0 1 14,3 0 0 1 6,25 2 4,5

Gênero Feminino 0 0 4 57,1 3 17,7 4 25 11 24,4 Masculino 5 100 3 42,8 14 82,3 12 75 34 75,5

Escolaridade

Analfabeto 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,3 Ensino Fundamental

Incompleto 3 60 5 71,4 8 47 4 25 20 44,4 Ensino Fundamental

Completo 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,3 Ensino Médio Incompleto 0 0 0 0 4 23,6 1 6,25 5 11,1 Ensino Médio Completo 1 20 0 0 1 5,9 5 31,25 7 15,5

Ensino Superior Incompleto 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Ensino Superior Completo 0 0 0 0 1 5,9 1 6,25 2 4,5

Ignorado 1 20 1 14,3 3 17,7 4 25 9 20

Etnia Negra 2 40 0 0 1 5,9 0 0 3 6,6 Parda 2 40 7 100 15 88,2 16 100 40 88,8

Ignorado 1 20 0 0 1 5,9 0 0 2 4,5

Zona Urbana 5 100 7 100 17 100 16 100 45 100

Quanto às características da população deste trabalho, é possível verificar que a maior

ocorrência de acidentes ocorreu entre indivíduos na faixa etária entre 31 a 40 anos (26,4%), do

gênero masculino (75,55%), em pardos (88,8%), residentes na zona urbana (100%), e em relação

à escolaridade, a maior parte das vítimas com ensino fundamental incompleto (44,4%). Os

resultados encontrados corroboram com outros achados da literatura de acidentes provocados por

raias, onde a maior parte das vítimas são homens e com pouco grau de formação educacional

formal (NETO e JR 2010).

A maior ocorrência de acidentes com pessoas do sexo masculino provavelmente deve-se à

maior frequência com que os homens realizam atividades de pesca3. Assim, o uso do ambiente

aquático com finalidades profissionais deve ser a causa de acidentes em homens adultos, já

relatados em outros trabalhos (OLIVEIRA et al. 2014; SANTOS et al. 2014).

Em relação às características dos acidentes nos pacientes atendidos no Hospital Público de

Porto Nacional, segundo as variáveis deste estudo, segue na Tabela 3 os resultados encontrados.

Conforme esses dados é possível verificar que o intervalo de tempo decorrido entre o

acidente e o atendimento médico mais frequente foi de 0 a 1 hora (51,1%), a região anatômica mais

atingida foi o pé (93,3%), todos os indivíduos tiveram manifestações locais (100%) e a maioria sem

manifestações sistêmicas (95,5%). Sobre a classificação dos acidentes, (73,3%) foram leves, sem

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casos graves relatados (0%), (93,3%) dos pacientes não ficaram internados, a grande parte dos

acidentes não foram ocupacionais (91,1) e todos evoluíram para cura (100%).

Tabela 3 - Características dos acidentes por raias dos pacientes atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO de janeiro de 2012 e julho de 2015.

2012 2013 2014 2015 Total n % N % n % n % N %

Tempo decorrido ferroada/acidente

0 - 1h 4 80 4 57 10 59 5 31,2 23 51,1 1 - 3h 0 0 2 29 7 41 4 25 13 28,8 3 - 6h 1 20 0 0 0 0 2 12,5 3 6,6 >24h 0 0 0 0 0 0 1 6,2 1 2,2

Ignorado 0 0 1 14 0 0 4 25 5 11,1

Local da ferroada

Braço 0 0 1 14 0 0 0 0 1 2,2 Perna 0 0 0 0 0 0 1 6,2 1 2,2

Pé 5 100 6 86 16 94 15 93,7 42 93,3 Ignorado 0 0 0 0 1 5,8 0 0 1 2,2

Manifestações locais

Sim 5 100 7 100 17 100 16 100 45 100

Manifestações sistêmicas Sim 0 0 0 0 0 0 2 12,5 2 4,5 Não 5 100 7 100 17 100 14 87,5 43 95,5

Classificação do caso

Leve 4 80 4 57 9 52.9 16 100 33 73,3 Moderado 0 0 3 43 8 47 0 0 11 24,4 Ignorado 1 20 0 0 0 0 0 0 1 2,2

Complicações locais

Dor 0 0 2 28,5 5 29,4 7 43,75 14 31,2 Dor/Necrose 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,2 Dor/Edema 5 100 3 42,9 12 70,6 4 25 24 53,4

Dor/Edema/Sinais flogísticos 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,2 Dor/Edema/Hiperemia/

Parestesia leve 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1

2,2

Dor/Câimbra 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,2 Hiperemia 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,2 Dor/Febre 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,2

Dor de grande intensidade com irradiação para região inguinal

0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,2

Complicações sistêmicas Não 5 100 7 100 17 100 16 100 45 100

Acidente de trabalho

Sim 1 20 0 0 0 0 0 0 1 2,2 Não 4 80 6 86 15 88 16 100 41 91,1

Ignorado 0 0 1 14 2 12 0 0 3 6,6

Tempo de internação Sem internação 5 100 6 86 16 94 15 93,7 42 93,3

1 dia 0 0 0 0 1 5,8 0 0 1 2,2 2 dias 0 0 1 14 0 0 1 6,25 2 4,4

Evolução do caso

Cura 5 100 7 100 16 100 16 100 45 100

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Segundo a literatura, a região anatômica mais atingida nos acidentes são os membros

inferiores (NETO e JR 2010). Isso se deve aos hábitos das raias de se localizarem no fundo dos

rios e pela capacidade destes animais de agir defensivamente quando atingida pelos pés descalços

dos pescadores ou banhistas, ou seja, são as partes do corpo mais atingidas, por serem as

primeiras partes a manter o contato com o animal (NETO e JR 2010; OLIVEIRA et al. 2011;

SANTOS et al. 2014).

Sobre as complicações locais, merece destaque o edema (53,4%) e a dor (31,2%). Outras

complicações foram verificadas nos prontuários com menor frequência (2,2% cada), como necrose,

sinais de inflamação, hiperemia, câimbra e irradiação da dor. As principais manifestações clínicas

que as vítimas relatam, conforme a literatura pesquisada são: dor intensa, edema, febre, necrose,

lesão, sequelas de cicatrizes e até mesmo amputações (NETO et al. 2005; NETO e JR 2010;

OLIVEIRA et al. 2011; JR 2014; SANTOS et al. 2014). Esses sintomas estão relacionados à ação

de toxinas produzidas por células especializadas, localizadas no epitélio que reveste o ferrão e que

recobre toda a extensão da raia, que quando em contato com o tecido lesionado, desencadeia ação

inflamatória típica (BARBARO et al. 2007; SANTOS et al. 2011).

No tratamento dos casos de envenenamento, a solução mais eficaz é a que utiliza a

soroterapia, ou seja, o emprego de um soro específico contra as toxinas responsáveis pelo quadro

clínico do envenenamento, como o que existe para os acidentes ofídicos, onde são empregados

soros específicos para o tipo de veneno do animal envolvido no acidente (BRASIL, 2001).

No entanto, especificamente no caso dos acidentes por raias, não há soroterapia, ou seja, o

tratamento é sintomático, onde são empregados analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e

procedimentos locais que visem o tratamento da lesão oriunda do acidente (TORREZ et al. 2015).

Dessa forma, apenas os sintomas são tratados, o que traz sofrimento às vítimas, uma vez que os

ferimentos são de difícil cicatrização e estão associados a infecções secundárias (SILVA et al.

2015). Além disso, não há um protocolo de atendimento padronizado para esses casos, ficando a

critério da equipe de saúde os procedimentos que serão adotados (ATKINSON et al. 2006). A partir

da investigação dos prontuários dos pacientes vítimas de acidentes por raias, foi elaborada a Tabela

4 com a relação dos procedimentos terapêuticos adotados no Hospital Público de Porto Nacional/TO

no período estudado.

Os procedimentos terapêuticos adotados foram divididos em prescrição medicamentosa,

prescrição de vacina, procedimentos e recomendações aos pacientes.

A Dipirona (22,3%) e o Tramadol (11,5%) foram os medicamentos mais prescritos, seguidos

da Cefalexina (9,2%) e Tilatil (9,2%). A prescrição destes fármacos vai de encontro com as

complicações locais mais encontradas, como dor e edema, uma vez que a Dipirona é um analgésico

convencional, o Tramadol é um analgésico opioide e o Tilatil é um anti-inflamatório não-esteroide

(GOLAN et al. 2009).

Já a prescrição de Cefalexina pode estar relacionada com a profilaxia de infecções

secundárias, já que é um antibiótico indicado para infecções de pele e tecidos moles (GOLAN et al.

2009). Em um estudo realizado sobre a biologia e o veneno de raias foi identificado que por ainda

não ter uma medida terapêutica específica para tratamento dos acidentes por ferroada de raias, os

analgésicos são usados para alívio da dor que é um dos sintomas mais relatados pelas vítimas

(LAMEIRAS et al. 2013).

Em relação aos outros medicamentos, o Paracetamol apresentou frequência de (6,7%),

enquanto a Ceftriaxona, antibiótico sem especificação e a utilização de Soro fisiológico a (0,9%)

aparece com uma frequência de (4,6%) de prescrição. O restante das medicações prescritas

representaram (2,3%)cada uma. A vacina antitetânica foi prescrita em (9,2%) dos casos. Esta

questão da profilaxia antitetânica é importante, já que depende do tipo de ferimento para baixo ou

alto risco de tétano e história de vacinação prévia contra tétano (TORREZ et al. 2015).

As condutas são vacinação em caso de vacinação incompleta, uso de soro antitetânico,

limpeza e desinfecção, lavagem com soro fisiológico e substâncias oxidantes ou antissépticas e

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debridamento do ferimento (BRASIL, 2005). Além disso, há relatos na literatura de dois casos de

tétano em pacientes vítimas de acidentes por raias de água doce no estado do Pará, sendo que um

dos casos evoluiu para óbito, ressaltando a importância da profilaxia contra o tétano na vítima desse

tipo de agravo, já que a infecção acontece de forma rápida (TORREZ et al. 2015). Cabe destacar

que o uso dos antibióticos e da vacina antitetânica se deve ao fato de que os mesmos atuam

prevenindo a infecção secundária e o risco de tétano, que podem ocorrer após o acidente, uma vez

que além das toxinas presentes no ferrão, também há a entrada de bactérias da água e do próprio

animal, o que aumenta a chance de infecção (JR 2014).

Quantos aos procedimentos realizados no local do ferimento, a assepsia do ferimento foi a

que representou a maior porcentagem (33,3%) dos cuidados prestados, logo após o outro

procedimento que obteve porcentagem aumentada nos anos descritos foram os curativos (15,5%),

debridamento (11,5%) e o bloqueio anestésico chegou a um total de (9,2%). Os outros

procedimentos com menor frequência foram a antissepsia da ferida e exploração da ferida que

resultaram em (6,7%) cada um, a drenagem do ferimento com (4,6%), e a retirada de fragmentos

de ferrão e a solicitação de avaliação de cirurgião foram as que apresentaram menor frequência

com (2,3%) cada.

Tabela 4 - Relação dos procedimentos terapêuticos nos pacientes vítimas de acidentes por raias atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO de janeiro de 2012 e julho de 2015.

2012 2013 2014 2015 Total Prescrição Medicamentosa N % N % N % n % n %

Dipirona sódica 4 80 1 14,3 4 23,6 1 6,25 10 22,3 Tramal® (Tramadol) 0 0 0 0 3 17,7 2 12,5 5 11,5 Cefalexina 1 20 0 0 1 5,9 2 12,5 4 9,2 Tilatil® (Tenoxicam) 1 20 0 0 2 11,8 1 6,25 4 9,2 Paracetamol 1 20 0 0 2 11,8 0 0 3 6,7 Rocefin ®(Ceftriaxona) 1 20 0 0 1 5,9 0 0 2 4,6 Antibiótico sem especificação 0 0 2 28,6 0 0 0 0 2 4,6 Soro fisiológico EV 0,9% 0 0 0 0 2 11,8 0 0 2 4,6 Bactrim®(Sulfametoxazol + Trimetoprima) 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Cetaprofeno 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,3 Ciprofloxacino 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Clindamicina 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Keflin® (Cefalotina) 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Plasil® (Metoclopramida) 1 20 0 0 0 0 0 0 1 2,3 Voltaren® (Diclofenaco) 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,3 Prescrição de Vacinas Vacina antitetânica 2 40 1 14,3 1 5,9 0 0 4 9,2 Procedimentos Assepsia da ferida 0 0 2 28,6 4 23,6 9 56,25 15 33,4 Curativo 1 20 0 0 3 17,7 3 18,75 7 15,5 Debridamento 0 0 0 0 2 11,8 3 18,75 5 11,5 Bloqueio anestésico 0 0 0 0 1 5,9 3 18,75 4 9,2 Antissepsia da ferida 1 20 0 0 0 0 2 12,5 3 6,7 Exploração da ferida 0 0 1 14,3 2 11,8 0 0 3 6,7 Drenagem da ferida 0 0 0 0 0 0 2 12,5 2 4,6 Retirada de fragmentos do ferrão 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,3 Solicitação de avaliação do cirurgião 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,3 Recomendações ao paciente Imersão em água morna 1 20 0 0 2 11,8 2 12,5 5 11,5 Manter o membro afetado elevado 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 6,7 Compressa quente 0 0 1 14,3 1 5,9 1 6,25 3 6,7 Retorno após 7 dias 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Realização de Curativo por 7 dias na Unidade Básica de Saúde

1 20 0 0 0 0 0 0 1 2,3

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Conforme os dados apresentados na Tabela 4 sobre as recomendações aos pacientes

acidentados por raia, a imersão do membro afetado em água morna foi a mais recomendada

(11,5%). Em relação às outras recomendações, o uso de compressas quente e manter o membro

afetado elevado representaram (6,7%) cada, já o retorno da vítima para a avaliação e a realização

de curativo na unidade Básica de Saúde representaram (2,3%) cada. Em um estudo realizado por

Lameiras e colaboradores (2013), consta que os procedimentos descritos acima são importantes,

pois a limpeza do ferimento e o uso de solução salina ajudam a remover as toxinas que são

introduzidas pelo ferrão no ferimento (LAMEIRAS et al. 2013).

Além disso, também é importante que o acidentado procure por ajuda médica para fazer a

limpeza e a retirada de restos do ferrão, e pelo fato do veneno ser termolábil (sensível ao calor) é

recomendada a imersão do membro afetado em água morna e o uso de compressas quentes

(FOSTER, 2009; ATKINSON et al. 2006).

Inicialmente cabe salientar que a proporção da prevalência apresentada nos períodos do

presente estudo aumentou merecendo destaque o primeiro semestre de 2015, que foram

notificados entres os meses de janeiro a julho 16 acidentes. As causas prováveis desse fenômeno

podem ser em decorrência da melhoria no sistema de notificação e também pelo aumento da

procura por atendimento médico por parte das vítimas (LIMA et al. 2009). Quanto às manifestações

locais e clínicas observadas neste estudo, apresentou-se em conformidade com outros estudos já

realizados (NETO et al. 2005; SANTOS et al. 2014).

Já sobre as medidas terapêuticas empregadas no tratamento das vítimas de acidentes por

raias é importante destacar que ainda não existe terapia específica para tratar os casos de

envenenamento, dessa forma, apenas os sintomas são tratados, o que traz sofrimento às vítimas,

e que na maioria das vezes ficam afastadas das suas atividades por longos períodos (NETO et al.

2005; SILVA et al. 2015). São necessárias políticas públicas de saúde com medidas de

conscientização da população desprotegida desse tipo de animal, fornecendo informações que

apontam riscos para a população de acordo com a particularidade de cada região (RAMALHO,

2014). Outro ponto relevante, é que devem ser ofertados cursos de capacitação sobre os acidentes

com animais peçonhentos para os profissionais da saúde e nos cursos de graduação, para que seja

prestada uma melhor assistência aos acidentados, evitando maior comprometimento da saúde dos

pacientes e da população exposta (LAMEIRAS et al. 2013; RAMALHO, 2014).

4 CONCLUSÃO

A quantidade de pacientes vítimas de acidentes por raias atendidos no Hospital Público de

Porto Nacional/TO aumentou consideravelmente entre os anos de 2012 a 2015. Fatores como a

melhora nos processos de notificação e aumento da procura por atendimento médico podem estar

relacionados com este aumento. A importância da procura por atendimento médico no caso de

acidente por raias deve ser destacada, pois este tipo de agravo apresenta elevada morbidade, são

descritos sintomas relacionados ao trauma e ao envenenamento, havendo a possibilidade de

complicações locais e/ou sistêmicas e até mesmo óbito, mesmo quando ocorre atendimento

médico. Não há terapia específica para os acidentes por raias, sendo a abordagem terapêutica

apenas sintomática, e a profilaxia antibiótica e antitetânica são recomendadas, além de não haver

protocolos de atendimento a este tipo de agravo, o que leva a uma falta de padrão nos

procedimentos adotados nesses casos.

5 REFERÊNCIAS

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TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTEMICO EM AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE CASO

PATIENT DENTAL TREATMENT SLE IN HOSPITAL ENVIRONMENT: CASE REPORT.

Cinthia June Ribeiro Santos¹; Simone Alves Parente¹; Cintia Ferreira Gonçalves²; Ana Paula Mundim²;

Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Raimundo Célio Pedreira²; Jonas Eraldo de Lima Júnior². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune de etiologia desconhecida e incurável. Na maioria dos casos ele requer cuidados médicos constantes e atendimento por equipe multidisciplinar. Dessa forma pode-se conviver com a doença sem grandes intercorrências. Ele pode estar associado a várias patologias como: hipertensão, diabetes, distúrbios neuropsiquiátricos, infecções renais, insuficiência renal crônica, infecções nas membranas que recobrem o coração e pulmão, lesões cutâneas entre outras. No âmbito odontológico, um paciente portador de LES deve ser criteriosamente avaliado, e seu tratamento indicado de acordo com sua condição sistêmica, com o objetivo de resguardar sua vida. Este trabalho teve como objetivo relatar caso clínico de paciente portadora de LES, hipertensão, insuficiência renal crônica, diabetes e depressão, com necessidade de realização de três exodontias. De acordo com a avaliação da equipe médica e odontológica, os procedimentos foram realizados em ambiente hospitalar, sob sedação consciente. No pós- operatório imediato a paciente apresentou uma intercorrência; uma descompensação severa dos níveis de glicemia, sendo prontamente medicada ainda no centro cirúrgico. Este trabalho nos permitiu afirmar que a anamnese, com ênfase na patologia de base e nas comorbidades associadas, juntamente com o planejamento realizado entre a equipe médica

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e odontológica, possibilitou um atendimento odontológico seguro, resguardando a vida da paciente. Palavras-Chave: Assistência odontológica. Comorbidades. Lúpus Eritematoso Sistêmico. ABSTRACT - Systemic lupus erythematosus (SLE) is an autoimmune disease of unknown etiology and incurable; in most cases with medical care and an interdisciplinary team can live with the disease without major complications. Lupus can be associated with other conditions such as hypertension, diabetes, neuropsychiatric disorders, kidney infections, chronic renal failure, infections in the membranes that cover the heart and lung, skin lesions among others. The patient with an underlying pathology and comorbidities, is considered a particular patient therefore needs constant medical care. In dentistry, a patient with such a disease should be treated at the hospital for necessary support if there are complications or decompensation at the dental procedure. This study had as objective report the clinical case of SLE patient, hypertension, chronic renal failure, diabetes and depression, requiring holding three extractions. According to the assessment of medical and dental staff, the procedures were performed in the hospital setting, under conscious sedation. In the immediate postoperative period the patient presented a complication which was promptly answered still in the operating room. This work has allowed us to say that history, with emphasis on the underlying pathology and associated comorbidities, along with the planning done between the medical and dental staff, enabled a dental care insurance, protecting the life of the patient. Keywords: Dental care. Comorbidities. Systemic Lupus Erythematosus. 1. INTRODUÇÃO

Dentre as diversas patologias autoimunes que limitam a vida do paciente o

Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) merece especial atenção. Segundo Saldanha (2015)

esta é a doença autoimune mais prevalente no gênero feminino, caracterizada pela

produção de anticorpos que podem atacar órgãos e sistemas, trazendo diversas

complicações que requerem acompanhamento médico constante. Suas manifestações

clínicas mais comuns são: lesões cutâneas, dores nas articulações, infecções renais que

podem evoluir para insuficiência renal, febre sem causa aparente, fotosensibilidade,

alterações neuropsiquiátricas, infecções nas membranas que recobrem o coração e

pulmão, alterações no sangue dentre outras.

A etiopatogenia do LES ainda não está bem estabelecida, porém admite-se que

diferentes fatores, quando somados, favoreçam o desencadeamento do LES, dentre os

quais se destacam: fatores genéticos, demonstrando uma maior prevalência desta

patologia em familiares de primeiro e segundo graus; fatores ambientais,

especialmente raios ultravioletas, infecções causadas por vírus, hormônios sexuais,

fatores hormonais e fatores emocionais. A interação entre esses fatores causa a perda

do controle imunorregulatório, ocorrendo assim a perda tolerância imunológica,

levando o corpo a desenvolver um conjunto de infecções e lesões que deprimem a

saúde do indivíduo (FREIRE et al., 2011). As manifestações clínicas do LES são variadas,

podendo envolver qualquer órgão ou sistema, isolada ou simultaneamente, em

qualquer período da doença. O LES acomete principalmente as articulações, a pele, as

células sanguíneas, os vasos sanguíneos, as membranas serosas, os rins e o cérebro

(HOCHBERG et al., 1997).

Além destas alterações, existe a possibilidade do paciente portador de (LES)

apresentar diversas outras comorbidades associadas, tais como hipertensão, diabetes,

insuficiência renal crônica, dentre outras. Diante disso, a somatória de todas estas

doenças crônicas ao LES podem levar o paciente a limitações em suas atividades de

vida diária, incluindo a manutenção da saúde bucal. Outro aspecto importante desta

patologia são suas manifestações bucais entre elas estão: ardência bucal, xerostomia,

doenças das glândulas salivares, problemas nas articulações têmporomandibulares,

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doença periodontal e gengivite descamativa. (UMBELINO et al., 2010). A xerostomia

pode levar ao aumento da ocorrência de cáries e à predisposição à candidíase,

principalmente se estiverem sendo administrados agentes imunossupressores.

Portanto, diante da condição sistêmica em que vive o paciente portador de LES, ele

pode apresentar contraindicação para tratamento odontológico em nível ambulatorial,

tendo em vista todas as possibilidades de intercorrências e a falta de estrutura deste

ambiente para atendê-las, caso elas aconteçam. (SATO, 2008).

Outro aspecto relevante no atendimento odontológico diz respeito ao seu

planejamento. Para isso, se faz imprescindível uma anamnese detalhada seja o

paciente normo-reativo ou com algum comprometimento sistêmico, especialmente,

quando o paciente apresenta qualquer situação que o classifique como Paciente com

Necessidade Especial (PNE). De acordo com a Associação Americana de

Odontopediatria (2012), PNE é aquele paciente que apresenta qualquer restrição física,

de desenvolvimento mental, sensorial, comportamental, cognitivo ou emocional que

requer controle farmacológico, programas e serviços especializados.

Consequentemente, o paciente com LES está inserido neste público. Dessa forma, um

criterioso registro dos dados, a correta abordagem e o planejamento exato do

tratamento odontológico do paciente portador de LES são condições determinantes

para o seu sucesso. (ALMEIDA et al., 2004).

Diante de tudo que foi exposto acima, este trabalho tem como objetivo relatar caso

clínico de um tratamento odontológico de paciente portadora de LES em ambiente

hospitalar, enfatizando a importância da anamnese para um planejamento adequado

do tratamento, com o objetivo maior de resguardar a vida do paciente.

2. RELATO DE CASO

Paciente melanoderma, gênero feminino, 55 anos de idade, natural da cidade

de Paraíso do Tocantins - TO, portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico,

diagnosticado há 2 anos, Hipertensão Arterial, Insuficiência Renal Crônica, Depressão,

Diabetes tipo I, fazendo uso das seguintes medicações: Azatioprina (50 mg 2 comp/dia),

Omeprazol (3 mg 1 comp/dia), Metformina (Glifage 500 mg 4 comp/dia), Sinvastatina (

20 mg 1 comp/dia), Citalopran (20 mg q comp/dia), Insulina (2X ao dia), Furozemida (40

mg 2 comp/dia), Usarcol (50 mg 2 comp/dia), Reuquinol (400 mg 1 comp/dia), Ácido

Fólico (2 comp/dia) e Clonazepam (0,5 mg 1 comp/dia).

A paciente apresentou-se ao serviço de odontologia de sua cidade para

remoção de três raízes residuais. Devido à sua condição sistêmica e a quantidade de

medicamentos os quais fazia uso, ela foi encaminhada ao serviço de atendimento

odontológico sob anestesia geral do Hospital Geral Público de Palmas (HGPP). Diante

da história clínica da paciente, obtida com base através de sua anamnese e da

necessidade de realização de apenas três procedimentos odontológicos, os quais se

encontravam radiograficamente sem complicações, a anestesiologista juntamente com

nossa equipe, indicou a realização dos procedimentos sob sedação consciente com a

administração intravenosa de Midazolan.

Foto 1 – Visão intrabucal antes do

procedimento odontológico

Foto 2 – Visão intrabucal evidenciando a

presença das raízes residuais

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Fonte: Acervo HGPP, 2016

O trans-operatório aconteceu sem nenhuma intercorrência, porém no pós-

operatório imediato a paciente apresentou glicemia de 522 mg/dl. Com este resultado,

foi administrada insulina ainda na sala de recuperação pós-anestésica por três vezes,

sem, contudo, a paciente apresentar parâmetros de normalidade da glicemia. Como

não houve a melhora esperada da glicemia, solicitamos parecer da endocrinologia. A

paciente permaneceu hospitalizada, tendo sido avaliada pela especialidade solicitada;

foi devidamente medicada. No dia seguinte ela recebeu alta hospitalar e foi agendada

para o ambulatório da Endocrinologia, para investigação aprofundada da

intercorrência. Uma semana depois da cirurgia, apresentou glicemia de 280 mg/dl.

Atualmente a paciente encontra-se com a glicemia ainda em valores relativamente

acima do esperado 220 mg/dl, porém com acompanhamento médico e mudanças em

sua rotina, como a inserção de atividade física diária e dieta indicada por nutricionista.

Além disso, ela foi encaminhada para o serviço de reabilitação protética no

Centro de Especialidades Odontológicas de Palmas e encontra-se aguardando ser

chamada para a confecção das mesmas. De acordo com o relato da paciente, ela tem

se sentido bem fisicamente, o que contribuiu para a diminuição dos efeitos da depressão.

Neste momento ela está realizando procedimentos pré-operatórios para Facectomia

(cirurgia de catarata) em ambos os olhos, por consequência da diabetes e o uso do

medicamento Reuquinol, este medicamento promove alterações visuais como efeito

colateral.

Foto 3 – Visão intrabucal do final da cirurgia

odontológica

Fonte: Acervo HGPP, 2016

Foto 4 – Visão intrabucal do final da cirurgia

odontológica

Fonte: Acervo HGPP, 2016

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3. RESULTADO E DISCUSSÃO

A importância da anamnese odontológica já é algo consagrado na literatura.

Ela deve estar fundamentada em uma coleta sistemática de dados, associada a um

exame físico cuidadoso, englobando todos os recursos disponíveis (inspeção,

palpação, percussão e ausculta), e exames complementares quando necessários.

Esta anamnese deve ser composta por perguntas que levem o profissional a um

diagnóstico ou pelo menos, hipóteses diagnósticas. Tudo isso com o objetivo de

promover o mais adequado e seguro tratamento ao paciente (BARROS, 2004). Dentre

os pacientes que requerem cuidados especiais, tendo em vista as patologias crônicas

que surgem como consequências da doença está o LES.

O LES é uma doença inflamatória crônica do tecido conjuntivo, de etiologia

multifatorial, que se caracteriza por acometer diversos órgãos e sistemas e apresentar

importantes distúrbios imunológicos. Embora possa ocorrer em ambos os sexos e em

qualquer faixa etária, tem maior incidência em mulheres (FREIRE et al., 2011).

De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, estima-se uma incidência de

LES por volta de 8,7 casos para cada 100.000 pessoas por ano. A mortalidade dos

pacientes com LES é cerca de 3 a 5 vezes maior do que a da população geral e está

relacionada à atividade inflamatória da doença, especialmente quando há

acometimento renal e do sistema nervoso central, sendo a doença cardiovascular

um dos mais importantes fatores de morbidade e mortalidade dos pacientes (BRASIL,

2013).

O LES não tem cura, porem pode ser controlado através do uso de corticoides e

imunossupressores, fármacos que possuem vários efeitos colaterais como hipertensão

arterial, diabetes, osteoporose e neoplasias, entre outros. Provas sorológicas podem

ser utilizadas para a avaliação da atividade da doença, sendo as mais importantes a

dosagem de anticorpos anti-dsDNA, níveis de complemento e de seus produtos e os

níveis séricos de interleucinas, especialmente IL-6, IL-10 e IL-16. Não há um único

marcador sorológico que se correlacione com a atividade da doença em todos os

pacientes (FREIRE et al., 2011). As taxas de sobrevivência para pacientes após 10 anos

do diagnóstico do LES são de, aproximadamente, 80,8% para o gênero masculino e

62,3%, para o gênero feminino. Dentre os fatores de risco para morte do paciente

portador de LES, estão o gênero masculino, a idade avançada na época do diagnóstico,

a hipertensão, a alta atividade da doença e o declínio da função renal, verificado

através do aumento dos níveis de creatinina no sangue. (WU et al., 2014).

O objetivo do tratamento do LES baseia-se na supressão da atividade da

doença, que é reversível, bem como também na prevenção de danos orgânicos

causados pela doença e de efeitos colaterais secundários aos fármacos utilizados, além

do controle de comorbidades associadas (SOUTO et al., 2011).

O LES e a diabetes apresentam em comum a presença de auto-anticorpos

circulantes que se ligam a diferentes estruturas do nosso corpo. Esses auto-anticorpos

agridem o próprio corpo do indivíduo gerando um processo inflamatório local, que com

um período prolongado pode prejudicar o seu funcionamento (BRASIL, 2013). No

tratamento do LES uma das medicações utilizadas constantes é o corticoide que ele

pode aumentar a chance do aparecimento do diabetes induzido por medicação

(BRASIL, 2013; VARELLIS, 2005). A paciente aqui descrita apresentava diabetes mellitus,

de difícil controle, e chegou a fazer uma hiperglicemia severa no pós-operatório

imediato, a qual não foi controlada na recuperação pós-anestésica, sendo necessária,

portanto, sua avaliação pelo endocrinologista.

Segundo Call (2006) o LES pode apresentar manifestações neuropsiquiátricas

como distúrbios de humor, ansiedade, psicose, cefaleia persistente e depressão. É

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importante ressaltar que a associação entre depressão e doença crônica piora o estado

clínico do paciente dificultando seu prognóstico. Outro dado relevante é que 60% dos

pacientes com LES apresentam manifestações neuropsicológicas, como transtornos

cognitivos, depressão e ansiedade. Os transtornos cognitivos se apresentaram três

vezes maiores em pacientes com LES que em pacientes sem patologias sistêmicas. Os

domínios mais prejudicados incluíram orientação, idioma, função executiva e

velocidade psicomotora (MAHDAVI ADELI et al., 2016). Este fato pode ser confirmado no

caso descrito uma vez que a paciente relatou dificuldades com sua memória, sendo

necessário, portanto, trazer todas as suas informações de relevância diária anotadas.

Além disso, a depressão e ansiedade é significativamente mais frequente em pacientes

do gênero feminino, portadoras de LES, que no gênero masculino (MACÊDO et al.,

2016), o que foi confirmado pelo relato descrito neste trabalho, por tratar-se de paciente

do gênero feminino.

No LES, a depressão pode não ser reconhecida de imediato, às vezes os

sintomas se manifestam como queixas somáticas que se confundem com o do próprio

LES, como cansaço e dor acentuada. Outra razão que dificulta o reconhecimento da

depressão é o status social que muitas vezes impede o paciente de falar de seus sintomas

psiquiátricos. O quadro depressivo pode estar ligado diretamente ás limitações

impostas pela doença. (CALL et al., 2006). Este fato pode ser confirmado no estudo de

(Mok et al., 2016), uma vez que eles encontraram em seus resultados que os sintomas

depressivos e ansiedade foram bastante comuns em pacientes com LES. Estes

pacientes com sintomas depressivos foram mais propensos às limitações no trabalho,

como a redução da carga-horária. Neste momento a paciente descrita nesse relato, se

encontra de licença do trabalho e com auxílio-doença da Previdência Social.

O Colégio Americano de Reumatologia (ACR) definiu critérios de diagnósticos

para o acometimento da mucosa oral em pacientes portadores de LES. As

manifestações bucais acometem principalmente a língua, mucosa jugal, lábios e palato,

representadas por ulceras crônicas ou eritema, com tamanhos variados e com períodos

de exacerbação e remissão. Essas lesões apresentam sua manifestação com variações

do índice de 6,5% a 21%. Segundo Wallace (1997), tais lesões podem se iniciar

visivelmente como petéquias que depois evoluem para lesões ulceradas, apresentando

coberturas de pseudomembrana e com um halo eritematoso em volta, com ou sem

sintomatologia dolorosa. A paciente desde relato de caso não apresenta nenhuma

manifestação bucal das mais prevalentes no Lúpus.

A associação do LES com a insuficiência renal crônica é uma das alterações que

mais preocupam a equipe que acompanha este paciente e sua ocorrência se dá em,

aproximadamente, 50% deles. O paciente muitas vezes se mostra assintomático no

início, com discretas alterações nos exames de sangue e/ou urina. Nas formas mais

avançadas, surge hipertensão, edema nas pernas, a urina fica espumosa, podendo

haver redução em seu volume. Quando não tratado adequadamente o LES, o rim deixa

de funcionar e o paciente pode precisar fazer diálise ou transplante renal (HOOKER,

1988; SONTHEIMER, 2003). Dentre os critérios renais que contribuem para o diagnóstico

do LES, estão as evidências de lesão nos rins, onde a proteinúria está acima de 0,5g/

24 horas e presença de cilindros celulares. É frequente também os sinais de hematúria

(acima de 5 hemácias por campo), sendo elevadas a creatinina sérica e a pressão

arterial (OLIVEIRA, 2001). Para o tratamento da nefrite lúpica, há estudos que

comprovam a efetividade do Tacrolimus (TAC), um agente imunossupressor que inibe a

ativação dos linfócitos T, uma vez que ele apresenta eficácia especialmente na

diminuição da proteinúria (Yap et al., 2014). Por outro lado, uma revisão sistemática

da literatura com metanálise concluiu que nos casos mais graves de nefrite lúpica O TAC

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ou sua associação com o Micofenolato de Mofetil (MMF), o qual exerce um efeito inibitório

na proliferação das células linfocitárias e mesangiais, podem trazer melhores

resultados que a Ciclosporina, porém não houve evidência de apoio do TAC sobre o

MMF (HANNAH et al., 2016). No caso aqui descrito, a paciente já havia passado por

tratamento de hemodiálise durante 5 meses e meio, porém no momento do

atendimento, já havia recebido alta deste tipo de intervenção.

A doença cardiovascular (DCV) é a causa de morte mais comum entre

pacientes com LES após cinco anos de seu diagnóstico. Dentre os fatores de risco mais

prevalentes para acontecer a DCV em paciente com LES estão a hipertensão,

dislipidemia e hipercolesterolemia. Todas estas condições estão intimamente

relacionadas ao sedentarismo, a estilo de vida do paciente, a hábitos de fumar,

obesidade (SINICATO et al., 2013).

A paciente deste caso clínico foi fumante durante 20 anos de sua vida, porém já

não fazia uso do cigarro há 15 anos. Diante deste contexto, é importante destacar que

os pacientes portadores de LES apresentam uma maior prevalência de aterosclerose

clínica e subclínica, quando comparados com um grupo controle. Dentre os fatores de

risco para as DCV estão a hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemia. Estas condições

são muito prevalentes no paciente com LES. Portanto, estratégias preventivas para

DCV são obrigatórios em pacientes com LES e devem incluir deixar de fumar; realização

de atividade física regular; gestão de alterações metabólicas, tais como dislipidemia,

resistência à insulina e diabetes; tratamento de atividade da doença persistente; e

minimizando a exposição crônica aos corticosteroides, inibidores de doses baixas de

aspirina, enzima conversora de angiotensina (ACE), a suplementação de vitamina D,

e, quando indicado, alguns imunossupressores como micofenolato de mofetil (MMF)

também deve ser considerado (LACCARINO et al., 2013). Alguns destes fatores

predisponentes à DCV estavam presentes na vida da paciente aqui descrita, embora

ela ainda não tivesse recebido diagnóstico de complicações cardiológicas, porém a

mesma está em um estágio avançado da diabetes melittus, e por consequência disso

está desenvolvendo um quadro de cegueira.

Outro aspecto importante diz respeito ao atendimento odontológico em

ambiente hospitalar. Este, com o passar do tempo, veio ganhando espaço, superando

barreiras e preconceitos vindos da cultura hospitalar. Inicialmente a carência de

higienização bucal dos pacientes abriu espaço à introdução do cirurgião dentista

dentro dos hospitais. Porém mais recentemente, o paciente tem sido visto na sua

integralidade, quando hospitalizado por diferentes situações que podem ser

influenciadas pela sua condição bucal. Além disso, o ambiente hospitalar,

especialmente o centro cirúrgico, oferece uma maior segurança para a vida do

paciente que necessita de tratamento odontológico, quando comparado com o

ambiente ambulatorial (DORO, et al., 2006; RAYA, 1997). Esta realidade vem de encontro

ao caso aqui descrito, uma vez que as comorbidades da paciente relatada associadas

à sua necessidade odontológica, indicaram o ambiente hospitalar para a realização dos

procedimentos.

4. CONCLUSÕES

Este relato de caso apresenta a importância do cirurgião-dentista ao avaliar o

paciente sistemicamente e discernir sobre a melhor forma de abordagem para o

tratamento odontológico, enfatizando a importância da anamnese para um adequado

planejamento do tratamento, como objetivo de resguardar e amparar sua vida.

5. REFERÊNCIAS

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PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS DOADORES DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO DE PORTO NACIONAL-TO

SOCIODEMOGRAPHIC PROFILE OF BLOOD DONORS IN COLLECTION AND TRANSFUSION

UNIT IN PORTO NACIONAL CITY, TOCANTINS STATE, BRAZIL

Ana Carolina C. S. Gomesi Juliana Parente Freire¹, Grazielly Mendes², Karine Kummer Gemelli²; Talita Rocha Cardoso²; Anne Caroline Dias Neves²; Ozenilde Alves Rocha Martins².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - O sangue é um tecido líquido que está presente em todo o corpo, tem como principal função levar nutrientes e oxigênio para as células. Doar sangue é um ato de caridade, espontâneo, ligado ou não a um paciente. O hemocentro é uma unidade de domínio central, regional e local, de natureza pública, que presta serviço de hemoterapia. Objetivo - Avaliar o perfil sociodemográfico dos doadores de sangue, realizados na Unidade de Coleta e Transfusão do Município de Porto Nacional no segundo semestre de 2013. METODOLOGIA - Trata-se de um estudo de campo, retrospectivo e exploratório com abordagem quali-quantitativa. Resultados - Dos 266 doadores, 78,2% foram do gênero masculino, com média de idade de 34,2 anos. Quanto ao estado civil eram solteiros 152 (57,1%), com maior frequência de estudantes 43 (16,2%), e com ensino médio completo 110 (41,4%). Na avaliação da naturalidade dos doadores, 77% eram do estado do Tocantins, sendo 82% residentes no município de Porto Nacional, com predomínio no bairro Centro 32 (14,7%). O tipo sanguíneo mais frequente nas doações foi o tipo “O” 133 (50%),

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seguido do fator RH positivo 232 (87,2%). E no intervalo da última doação encontra-se maiores frequências no período de 6 meses 93 (35%). Conclusão - O perfil do doador de sangue da Unidade de Coleta e Transfusão estudada vai de encontro com o perfil dos demais doadores, no que tange o sexo masculino, faixa etária de 20-29 anos, solteiros, estudantes e com ensino médio completo. Sua maioria natural do estado do Tocantins e residentes no mesmo município e bairro da unidadede coleta. Quanto ao tipo sanguíneo “O” e fator RH positivo foram os mais frequentes, apresentando intervalo da última doação no período de 6 meses. É necessário que se faça campanhas para buscar novos doadores. PALAVRAS CHAVES: Doação. Perfil Sociodemográfico. Sangue.

ABSTRACT: Blood is a liquid tissue present throughout the body. Its main function is to carry nutrients and oxygen to cells. Donating blood is a spontaneous act of charity connected or not to a patient. The blood center is a unit of central, regional, and local domain of public nature that provide hemotherapy service. OBJECTIVE: This study aims to evaluate the sociodemographic profile of blood donations carried out in Collection and Transfusion Unit of the Municipality of Porto Nacional, Tocantins State, Brazil, in the second half of 2013. METHODOLOGY: This is a retrospective and exploratory field study with qualitative and quantitative approach. RESULTS: Among 266 donors, 78.2% were male of 34.2 years old in average. Regarding civil status, 152 candidates were single (57.1%) of which 43 were students, the highest frequency (16.2%), and 110 candidates had completed high school (41.4%). In assessing the donors' birthplace, 77% were from the state of Tocantins and 82% residing in the city of Porto Nacional, predominantly in the central neighborhood (32, 14.7%). The most common type of blood donations was "O" (133, 50%) followed by Rhesus (Rh) positive factor (232, 87.2%) type. Higher frequencies occurred in the last donation interval of 6 months (93, 35%). CONCLUSION: The blood donor profile of this Collection and Transfusion Unit is similar to other donors’ profile regarding to males' age group of 20 to 29 years old, singles, students, and had completed high school. Most of them were born and are resident in the state of Tocantins in the same neighborhood of the collection unit. Regarding the blood types, "O" and Rh positive factor were the most frequent, presenting interval of 6 months since the latest donation. Campaigns are needed to seek new donors. Key-words: Donation. Sociodemographic Profile. Blood.

1 INTRODUÇÃO

A doação de sangue é um ato de destaque mundial, sendo utilizada no tratamento de várias

doenças, pois a cada dia vem aumentando os processos transfusionais, com isso devem crescer a

quantidade de doadores. Grande parte da população não doa sangue por não saber da importância

dessa ação e isso gera um problema1.

Atualmente já possui um elemento que possa substituir o sangue, o chamado sangue

artificial ou carregadores de oxigênio livres de células (CAOLC), são chamados assim por possuir

função de transporte de oxigênio aos tecidos. Fundamentalmente os CAOLC são fluidos que

quando inseridos na circulação sanguínea ajudam na condução e disponibilização do oxigênio aos

tecidos. Existem três motivos básicos pela busca frequente dos CAOLC que são a fragilidade do

sangue, valores de produção e a deficiência e combinação entre doador e receptor. Nos dias de

hoje estes produtos estão sendo utilizados em pesquisas e também em tratamento de reposição de

sangue, em situações de emergências ou para pacientes que rejeitam a transfusão de sangue por

motivos religiosos2.

O sangue é um tecido líquido que está presente em todo o corpo, tem início na medula

óssea, e a criação das células sanguíneas está em permanente renovação3. É composto por células

(glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas), e um líquido chamado plasma (água, vitaminas,

proteínas, lipídios, sais minerais e glicídios). Os glóbulos brancos são compostos pelos leucócitos

e os glóbulos vermelhos por hemácias ou eritrócitos4. O plasma possui funções como o transporte

de oxigênio e dióxido de carbono, nutrientes, hormônios, calor e resíduos para todo o corpo e

veículos dos elementos figurados do sangue as imunoglobulinas e o fator de coagulação. Também

serve para tratamentos de queimaduras extensas e participa da regulação do potencial

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hidrogeniônico através dos tampões e a temperatura corporal por meio de absorção de calor e

resfriamento da água no plasma sanguíneo5.

Os leucócitos agem em defesa do organismo, combatendo o causador infeccioso ou

substâncias que são estranhas para o organismo. Os eritrócitos possuem a função de transporte

de oxigênio e mantém o fluxo normal dentro dos vasos sanguíneos por intermédio das suas

propriedades elásticas. É na membrana destas células que se localizam elementos que agem como

marcadores e possuem funções fundamentais nas transfusões. As plaquetas são as menores

células existentes na circulação sanguínea, elas possuem uma importante função na coagulação

sanguínea, onde formam trombos plaquetários interrompendo a hemorragia3.

No Brasil, não existe dados acessíveis sobre quantas pessoas morrem ou manifestam algum

tipo de agravo devido à falta de sangue ou hemoderivados. Dados do Ministério da Saúde indicam

que 1,8% da população brasileira são doadoras voluntárias de sangue a cada ano. Entretanto, a

Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que 3% a 5% da população deveriam doar

sangue a cada ano, sendo essa a porcentagem adequada para a conservação dos estoques de

sangue e hemoderivados6. No Estado do Tocantins a taxa de doação de sangue foi de 1,89% em

2010, 1,67% em 2011 e 1,67% em 20127.

Conforme o Ministério da Saúde a doação de sangue deve ser humanitária e sem fins

lucrativos. A doação de sangue é um ato voluntário sem nenhuma gratificação em que o doador

precisa estar em boas condições de saúde, perante isso o indivíduo estará apto a doar seu sangue

para salvar vidas8.

O serviço de hemoterapia no Brasil só veio se caracterizar como especialidade médica na

década de 1940, quando nasce o primeiro banco de sangue no país. A Lei Federal nº 1.075 de

março de 1950 é a única lei que rege o sangue, mais somente até o ano de 1964, com essa lei

foram trabalhadas as questões de que as doações de sangue deverão ser um ato voluntário. Já em

28 de junho de 1965 foi criada a Lei nº 4.701 que abordava sobre o exercício da atividade

hemoterápica, dando funções como organização e distribuição do sangue, a doação humanitária, a

proteção ao doador e receptor9.

Entre os anos de 1964 a 1979 foi criada a estrutura hemoterápica do país, que era precária,

desorganizada e sem leis reguladoras, onde era comum a doação remunerada. Em 30 de dezembro

de 1979 foi formado o Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados (Pró - Sangue), que criou

os hemocentros e traçou que a doação não seria mais remunerada e sim voluntária10.

Os hemocentros são institutos públicos ou particulares, de domínio central, regional e local

que executam ações de hemoterapia com o propósito de ofertar sangue, seus componentes e

hemoderivados aos hospitais de rede pública ou de rede privada11, 12. Constituem a forma de

Hemorrede Nacional com as seguintes classificações: Hemocentro Coordenador; Hemocentro

Regional; Núcleo de Hemoterapia; Unidade de Coleta e Transfusão; Posto de Coleta e Agência

Transfusional12.

O Hemocentro Coordenador é o responsável pela direção e andamento da Política Estadual

do sangue em todo o mundo, em acordo com a Política Nacional do Sangue proposto pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Age como uma direção para as demais instituições

integrantes da hemorrede. O Hemocentro Regional é uma unidade de diversidade intermediária,

diretamente dominada pelo hemocentro coordenador, com função de planejar, executar, controlar

e avaliar as ações de hemoterapia e hematologia, intervindo como referência para as unidades

compostas na hemorrede. Já o Núcleo de Hemoterapia é exatamente subordinado a uma unidade

de hemoterapia de maior abrangência, sendo modelo para as demais unidades de menor

complexidade13.

A Unidade de Coleta e Transfusão é uma unidade de espaço local, de origem pública ou

particular, que executa coleta de sangue total e também disponibiliza as bolsas para transfusão aos

hospitais. Está localizada em municípios de pequeno porte. O Posto de Coleta realiza coleta de

sangue total, podendo ser um ambiente fixo ou móvel. A Agência Transfusional tem função de

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conservar, efetuar testes de compatibilidade entre doadores e receptores e infundir os

hemocomponentes14.

O Ministério da Saúde estabelece a obrigatoriedade dos registros dos serviços de

hemoterapia, destinando estabelecer a atividade e colher dados sobre o setor, pelo Decreto nº 211,

de 27 de fevereiro de 1967. Na Lei nº 8.080/1990 é encontrado referências que estão relacionadas

à área do sangue e hemoderivados. Em 21 de março de 2001 foi lançada a Lei nº 10.205 que ficou

conhecida como “Lei Betinho” ou “Lei do Sangue”, em homenagem ao sociólogo Herbert de Souza

(Betinho). Betinho lutava pela causa da regimentação do sangue no Brasil, pois havia sido

contaminado com o vírus HIV por meio de uma transfusão sanguínea9.

A transfusão deve ser realizada de forma criteriosa, voluntária e anônima, contendo sigilo

das informações. E o candidato deve assinar um termo de livre esclarecimento, que os

componentes do sangue devem ser processados, tendo um controle de qualidade15. Para ser

realizada a doação de sangue o candidato deve estar dentro dos parâmetros básicos: estar em bom

estado de saúde, ter idade de 18 a 65 anos, pesar 50 quilogramas (kg) ou mais, ter uma boa noite

de sono, ter se alimentado bem, evitando alimentos gordurosos nas quatro horas antes da doação

e portar consigo um documento original com foto em mãos 16, entre outras exigências constantes

da tabela de inaptidão da Hemovida.

É importante levar em consideração a frequência de intervalos entre as doações. Para os

homens são 04 doações por ano, e para as mulheres são 03 doações. São aceitos também

candidatos que tenham 16 e 17 anos, porém é importante que apresente uma autorização do seu

responsável legal 17.

São considerados inaptos os candidatos à doação de sangue, que realizaram cirurgias nos

últimos meses, que tenham ingerido bebida alcoólica horas antes da doação, apresentarem gripe

ou febre dias antes da doação, os que tiveram hepatite viral depois dos 10 anos de idade, que

possuírem doenças de Chagas, gestantes, os candidatos que estão fazendo uso de medicamentos,

os que tiveram relações sexuais com pessoas do mesmo sexo ou vários parceiros nos últimos 12

meses, e os que fizeram uso de drogas, tatuagens, ou colocaram piercing nos últimos 12 meses 18.

Analisar o perfil dos candidatos inaptos é considerável para o bom andamento da

hemoterapia, pois concede apoio para o crescimento de métodos para melhorar o recurso de

doadores e a qualidade de sangue a ser transfundido nos serviços de hemoterapia19.

Diante desta problemática questiona-se qual o perfil sociodemográfico dos doadores que

participaram de doação de sangue na Unidade de Coleta e Transfusão no Município de Porto

Nacional no segundo semestre de 2013. Acredita-se que os participantes à doação de sangue na

Unidade de Coleta e Transfusão de Porto Nacional são em maioria do sexo masculino com idades

entre 20 e 30 anos.

Neste contexto, este artigo visa à importância de caracterizar o perfil sociodemográfico dos

doadores de sangue, a fim de levantar, traçar e identificar os doadores deste município. Atualmente

é desconhecido o perfil sociodemográfico dos doadores de sangue da Unidade de Coleta e

Transfusão do município de Porto Nacional – Tocantins (TO).

Diante disso, justifica-se em levantar o perfil sociodemográfico dos doadores de sangue

desta Unidade buscando contribuir para a busca de novos doadores. Logo, objetiva-se avaliar o

perfil sociodemográfico e socioeconômico dos doadores de sangue, realizados na Unidade de

Coleta e Transfusão do Município de Porto Nacional no segundo semestre de 2013.

2 METODOLOGIA

O presente artigo trata-se de um estudo de campo, retrospectivo e exploratório com

abordagem quali-quantitativa, realizado na Unidade de Coleta e Transfusão do Município de Porto

Nacional – TO.

Os dados foram obtidos por meio de consulta aos prontuários dos doadores de sangue da

Unidade de Coleta e Transfusão de Porto Nacional que doaram sangue no período de julho a

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dezembro de 2013. A amostra inicial constou de

858 doadores de sangue, que foram

selecionados através de amostra sistemática

aleatória, calculada por um nível de confiança

de 95%, totalizando em 266 prontuários.

Os dados foram coletados através de um

checklist elaborado pelas pesquisadoras, com

tópicos contendo as seguintes variáveis: idade,

gênero, estado civil, escolaridade,

nacionalidade, naturalidade, município em que

reside, bairro em que reside, profissão, tempo

de doação e tipagem sanguínea. Estes foram

analisados através de estatística simples e

descritiva.

A pesquisa em questão foi submetida

à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Federal do Tocantins (UFT),

sendo aprovado com nº 060/2014.

3 RESULTADOS

Dentre os 858 doadores cadastrados

selecionou-se de forma sistemática aleatória

Tabela 1 – Perfil dos doadores de sangue da Unidade de Coleta e Transfusão de Porto Nacional – TO.

VARIÁVEL N %

GÊNERO Masculino 208 78,2 Feminino 57 21,4 NI* 1 0,4 FAIXA ETÁRIA 18-19 8 3 20-29 101 38 30-39 80 30,1 40-49 46 17,3 50-59 24 9 ≥ 60 5 1,9 NI* 2 0,7 ESTADO CIVIL Casado 83 31,2 Divorciado 1 0,4 Viúvo 1 0,4 Solteiro 152 57,1 Outros 25 9,4 NI* 4 1,5 ESCOLARIDADE Analfabeto 3 1,1 Ensino Fundamental Incompleto 44 16,5 Ensino Fundamental Completo 22 8,3 Ensino Médio Incompleto 25 9,4 Ensino Médio Completo 110 41,4 Ensino Superior Incompleto 38 14,3 Ensino Superior Completo 21 7,9 NI* 3 1,1 NATURALIDADE POR REGIÕES Norte 206 77,5 Nordeste 26 9,8 Centro Oeste 19 7,1 Sul 3 1,1 Sudeste 7 2,6 NI* 5 1,9 MUNICÍPIO DE RESIDENCIA Porto Nacional 218 82 Outros municípios do Tocantins 47 17,6 Outros Estados 1 0,4

*NI: não informado

Tabela 2 – Qualificação profissional dos doadores do município de Porto Nacional - Unidade de Coleta e Transfusão do município de Porto Nacional – TO.

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

N %

SUPERIOR Enfermeiro 2 0,8 Professor 8 3,0 TÉCNICO Técnico de Enfermagem 6 2,3 Eletro Técnico 1 0,4 Técnico de Informática 1 0,4 Técnico em Agropecuária 1 0,4 QUALIFICADO NÃO MANUAL Militar 4 1,5 Músico 2 0,8 Outros 12 4,5 QUALIFICADO MANUAL Cabelereiro 2 0,8 Carpinteiro 2 0,8 Eletricista 5 1,9 Manicure 2 0,8 Mecânico 5 1,9 Motorista 8 3,0 Outros 11 4,1 SEMI QUALIFICADO Agente de Saúde 5 1,9 Agricultor 3 1,1 Ajudante 4 1,5 Assistente Administrativo 6 2,3 Auxiliar Administrativo 4 1,5 Auxiliar de Serviços Gerais 9 3,4 Comerciante 5 1,9 Doméstica 3 1,1 Empacotador 3 1,1 Frentista 5 1,9 Garçom 3 1,1 Lavrador 19 7,1 Pedreiro 6 2,3 Pintor 3 1,1 Soldador 3 1,1 Vendedor 14 5,3 Vigilante 8 3,0 Outros 30 11,3 NÃO QUALIFICADO Do lar 11 4,1 Entregador 1 0,4 NÃO INFORMADO Não informado 5 1,9 OUTROS Autônomo 1 0,4 Estudante 43 16,2

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266, sendo que destes 265 (99,6%) são de origem

brasileira, enquanto somente 1 (0,4%) foi

estrangeiro. Quanto à idade, os doadores

apresentaram média de 34,2 anos, com máximo de

60 e mínimo de 18 anos e na avaliação da

naturalidade dos doadores 206 (77,5%) eram da

região norte do país, sendo destes 204 (77%) do

estado do Tocantins. Os demais dados do perfil

destes doadores de sangue encontram-se na tabela

1.

Quanto à profissão, classificaram-se os

doadores conforme o perfil do doador de sangue

brasileiro definido pela ANVISA, e este é

apresentado na tabela 2.

A pesquisa evidenciou que 218 (81,9%) dos

avaliados residem no município de Porto Nacional.

Logo, foram avaliados quanto aos bairros de

residência, e a tabela 3 apresenta esta

distribuição dos doadores por moradia no

município da Unidade de Coleta e Transfusão.

Avaliou-se também o tipo sanguíneo e

fator RH dos doadores bem como o período de

doação sanguínea, e ambos os resultados são

apresentados nas tabelas 4 e 5

respectivamente.

4 DISCUSSÃO

O estudo realizado mostra que desses

858 doadores, 208 (78,2%) foram do gênero

masculino com média de 34,2 anos, sendo 38%

nas faixas etárias de 20-29 anos e 30,1% na

faixa de 30-39 anos, perfazendo 68,1% dos

doadores. De acordo com o perfil do doador de

sangue brasileiro mostrou que na região norte

brasileira 152 (75,25%) era do sexo masculino,

com 50 (34,65%) na faixa etária de 30-39 anos 20. Na pesquisa realizada no Hemonúcleo de

Campo Mourão– PR, com 5700 candidatos à

doação de sangue, 39% eram candidatos do

sexo feminino e 61% do sexo masculino 21.

Já a pesquisa realiza no município de

Pelotas – RS, a faixa etária dominante ficou

Tabela 3 – Distribuição dos doadores de sangue por bairro de residência do município de Porto Nacional - Unidade de Coleta e Transfusão do município de Porto Nacional – TO.

BAIRROS DE PORTO NACIONAL N %

Aeroporto 9 4,1 Alto da Colina 11 5 Beira Rio 6 2,7 Bela Vista 1 0,5 Brigadeiro Eduardo Gomes 1 0,5 Centro 32 14,7 Chácaras 1 0,5 Consorcio 2 0,9 Estação da Luz 3 1,4 Fama 4 1,8 Fazendas 2 0,9 Garcia 1 0,5 Imperial 11 5 Januário Dias 1 0,5 Jardim América 2 0,9 Jardim Brasília 18 8,2 Jardins dos Ipês 2 0,9 Jardim Municipal 11 5 Jardim Querido 10 4,6 Nacional 1 0,5 Nova Capital 20 9,2 Nova Pinheiropolis 2 0,9 Novo Horizonte 1 0,5 Novo Planalto 19 8,7 Parque Eldorado 2 0,9 Porto Real 4 1,8 Santa Helena 3 1,4 Santa Rita 1 0,5 São Francisco 2 0,9 São Vicente 1 0,5 Tropical Palmas 3 1,4 Umuarama 8 3,7 Vila Nova 17 7,8 Vila Operária 6 2,7

Tabela 4 – Tipo sanguíneo e Fator RH dos

doadores de sangue da Unidade de

Coleta e Transfusão do município

de Porto Nacional – TO.

TIPAGEM SANGUÍNEA N %

TIPO SANGUÍNEO

O 133 50

A 84 31,6

B 43 16,2

AB 6 2,2

FATOR Rh

Positivo 232 87,2

Negativo 34 12,8

Tabela 5 – Período de doação sanguínea dos

doadores de sangue da Unidade de

Coleta e Transfusão do município

de Porto Nacional – TO.

DOAÇÃO SANGUÍNEA N %

Primeira Doação 83 31,2

0 I- 6 meses 93 35

6 meses I- 12 meses 27 10,1

≥ 12 meses 63 23,7

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entre 20 a 49 anos, apresentando diminuição na quantidade de doações à medida que ocorria o

aumento da idade 6. Já o estudo realizado em um município do Sul do Brasil, a doação é maior

entre 20 a 40 anos 22. Estes estudos mostram a diferença entre as faixas etárias predominando

jovens adultos, que colabora com o mesmo resultado obtido nesta pesquisa. Logo, o fato dos jovens

adultos doarem mais pode estar relacionado com melhores condições clínicas e menos patologias

crônicas degenerativas que os indivíduos maiores de 50 anos. E por serem jovens eles podem ser

um meio de busca de novos doadores tornando-se doadores fidelizados. É importante fidelizar

doadores para aumentar a segurança transfusional e melhor qualificar as bolsas de sangue, visto a

atual magnitude de doenças infectocontagiosas, além de sempre manter um estoque mínimo de

sangue para utilização23.

Nos estudos citados acima, nota-se que se tem uma grande dominância do gênero

masculino sobre o sexo feminino. A menor frequência de doadores do sexo feminino ainda é uma

realidade nas unidades de coleta, mesmo sendo poucas as situações nas quais as mulheres não

podem doar sangue, havendo necessidade de focar os processos educativos para esta parcela

específica da população23.

Quanto ao estado civil, a maioria dos doadores eram solteiros 152 (57,1%), sendo seguidos

por 83 (31,2%) de casados. Outro fator que soma-se à predominância dos solteiros é a frequência

aumentada de estudante, 43 (16,2%). De acordo com os dados da ANVISA, a profissão de

estudante 45 (22,28%) é o que prevalece nos doadores da região norte, bem como indica que

47,52% dos brasileiros que residem na região norte e que mais doam sangue também são

solteiros20. O fato de o solteiro buscar mais os hemonúcleos para doação de sangue é de que

normalmente estão mais disponíveis para o processo, pois muitos, mesmo possuindo

responsabilidades de emprego, encontram mais tempo para irem até a unidade20. Outros fatores

que levam o jovem a buscar a doação de sangue em ordem de frequência é solidariedade,

necessidade da família, responsabilidade coletiva, influência dos amigos externas e vantagens para

a sua saúde, como a realização de exames23.

Ao referenciar a escolaridade, encontra-se maior frequência com ensino médio completo,

110 (41,4%). Cabe ressaltar que somente 22,2% da amostra apresentou ensino superior, seja

completo ou incompleto. Segundo o perfil do doador brasileiro quanto à escolaridade na região norte

do Brasil também possui o ensino médio completo, 100 (49,50%)20. Na pesquisa realizada em um

banco de sangue regional de Santa Cruz do Sul – RS ressaltou-se que o perfil do doador

caracterizado pela ANVISA possui escolaridade de ensino médio completo1, igual aos resultados

obtidos neste estudo. A escolaridade é um fator de extrema importância, pois quanto maior for o

grau de escolaridade, maior deveria ser o nível de conhecimento sobre a importância do ato de

doar. O estudo mostrou que o número de doações diminui à medida que aumenta a faixa etária22.

A pesquisa realizada chama atenção para a baixa frequência de doadores da área da saúde,

pois somente 0,8% da amostra eram Enfermeiros, enquanto 2,3% eram Técnicos em Enfermagem.

Os doadores de sangue nesta UCT caracteriza-se por indivíduos semi qualificados, como o caso

dos lavradores, que atingem 7,1% da amostra. Outro estudo também mostrou índices semelhantes,

com baixa procura dos profissionais da saúde, inclusive quando comparados com agricultores, que

apresentaram o dobro de doações. Questiona-se por que os profissionais da saúde, que detém

conhecimento da necessidade e importância da doação fidelizada de sangue não o fazem23.

Na avaliação da naturalidade dos doadores, 204 (77,0%) eram do estado do Tocantins,

destes 82% residentes no município de Porto Nacional, com predomínio no bairro Centro 32

(14,7%). Em relação a estes resultados é esperado que os doadores residentes no município de

Porto Nacional sejam de maior dominância, pois é onde se localiza a Unidade de Coleta e

Transfusão. Já o fato de os moradores do bairro Centro doarem mais, supõe-se que se deve ao fato

de a unidade de coleta e transfusão estar localizada neste bairro, o que facilita o acesso aos

moradores da região. Com isso, nota-se a necessidade de aumentar a divulgação em bairros

distantes, instituições e empresas localizadas em outros setores do município, bem como divulgar

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e buscar novos doadores nos municípios vizinhos, visto que a unidade em questão atende cidades

próximas.

O tipo sanguíneo mais frequente nas doações foi o tipo “O” 133 (50%), seguido do fator RH

positivo 232 (87,2%). Sabe-se que o tipo “O” bem como o fator RH positivo é os mais comuns e

frequentes encontrados na comunidade geral, o que justifica os achados desta pesquisa. É

interessante aos Hemocentros e Hemonúcleos efetivarem cadastro dos doadores com as tipagens

menos frequentes, bem como os de RH negativo para convocações em necessidades de reposição

de estoque e urgências.

No quesito intervalo de doação, 35% encontraram-se no período de até 6 meses, seguidos

de 31,2% dos primeiros doadores. Uma pesquisa realizada em Florianópolis, no Sul do Brasil,

mostrou que a doação realizada uma vez na vida foi de 30,6% e doação nos últimos 12 meses foi

de 6,2% sendo que a predominância e diferença entre os valores obtidos nas pesquisas indicam a

exigência de encorajar à conservação da ação de doação24. Lembra-se que no estudo em questão

10,2% dos doadores haviam doado nos últimos 12 meses, valores que se assemelham ao estudo

comparativo, enfatizando a necessidade de atividades para a fidelização.

Buscar conhecer o perfil dos doadores de sangue de uma unidade ou hemonúcleos é

importante para orientar o foco das campanhas educativas de captação de novos doadores a fim

de fidelizá-los, principalmente ao que tange os grupos menos frequentes nas doações, como as

mulheres e indivíduos de maior faixa etária. A portaria nº 343/2001, do MS indica que a idade

máxima para doar sangue é de 60 a 65 anos23, mas com o limite máximo para a primeira doação

de 60 anos, 11 meses e 29 dias15.

Foi possível concluir através desta pesquisa que o perfil do doador de sangue da Unidade

de Coleta e Transfusão do Município de Porto Nacional é composto predominantemente pelo sexo

masculino, com faixa etária de 20-29 anos, solteiros, estudantes e com ensino médio completo. A

maioria natural do estado do Tocantins, residentes no mesmo município da UCT e com predomínio

de moradia no bairro Centro, o mesmo da Unidade. Quanto ao tipo sanguíneo “O” e fator RH positivo

foram os mais frequentes. É necessário aperfeiçoar campanhas educativas para captação de novos

doadores, que sejam possíveis de fidelização, principalmente nos bairros e cidades referenciadas

pouco frequentes.

REFERÊNCIAS

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PROPOSTA DE UM PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO (POP) PARA O USO DO LASER DE ALTA POTÊNCIA NA CLÍNICA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DO

ITPAC - PORTO NACIONAL

PROPOSAL OF A STANDARD OPERATING PROCEDURE (SOP) FOR HIGH POWER LASER USE IN THE CLINICAL OF DENTISTRY COLLEGE- ITPAC- PORTO NACIONAL.

Layana Wilza Rocha da Silva¹; André Machado de Senna²; Antônio César Dourado Souza²; Carina Scolari Gosch²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Jonas Eraldo de Lima Júnior².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO – Introdução: O laser surgiu para revolucionar a odontologia atual, trazendo consigo diferentes formas de tratamento e abrangendo diversas áreas dontológicas. Cada vez mais vem crescendo o número de profissionais que são atraídos por esta tecnologia, oferecendo diversas vantagens para o profissional e ainda mais para o paciente. Objetivos: O objetivo deste estudo é propor um protocolo operacional padrão (POP) para o uso do laser de alta potência na clínica da faculdade de odontologia do ITPAC - Porto Nacional. Materiais e Métodos: Foram consultados livros, textos de referência, dissertações, teses na área de laser, pesquisas bibliográficas nas bases Scielo, PubMed, Bireme., para elaboração de um protocolo com base na biossegurança e estudos do laser. Palavras-Chave: Biossegurança. Laser de alta potência. Laser Cirúrgico. ABSTRACT: Introduction: The laser came to revolutionize the current dentistry, bringing different forms of treatment and covering various dental areas. Increasingly it has increased the number of professionals who are attracted to this technology, offering several advantages for professional and even more for the patient. Objective: The aim of this study is to propose a standard operating protocol (POP) for high power laser use in clinical dentistry faculty of ITPAC - Porto Nacional. Methodology: Books will be consulted, reference texts, dissertations, theses in the laser area, library research in Scielo, PubMed, Bireme, to elaborate a protocol based on biosafety and laser studies.

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Keywords: Biosecurity. High laser therapy. Surgery.

1 INTRODUÇÃO

A palavra LASER vem do acrônimo em inglês Light Amplification by Stimulated

Emission of Radiation, o que significa "amplificação da luz por emissão estimulada de

radiação” (JORGE et al., 2010).

Esta tecnologia do laser foi desenvolvida através de várias pesquisas na área e

quem introduziu foi Einstein (1905), em que utilizou a teoria de Planck (1900). Com base

neste conceito foi demonstrado que a energia de um feixe de luz era concentrada em

pequenos conjuntos de energia, chamado de fótons, concluindo o fenômeno da emissão

fotoelétrica. Charles Townes, professor da Universidade de Columbia, em Nova Iorque,

estava realizando estudos em que pretendia produzir micro-ondas mais curtas do que

aquelas utilizadas nos radares da Segunda Guerra Mundial e com isso ele e seus

colaboradores obtiveram sucesso produzindo radiação estimulada de comprimento de

onda de 1 cm, o qual teve o nome de MASER sendo o precursor do laser, este período foi

no final da década de 1940 e no início da década de 1950 (JORGE et al., 2010).

Theodoro Maiman desenvolveu o primeiro aparelho emissor de laser, o cristal de

rubi em 1960. Em 1961 foi realizada a primeira intervenção cirúrgica com o laser, em um

Hospital de Nova York, para a retirada de um pequeno tumor de retina que impedia a

visão. Desde então, uma série de lasers com meios ativos e comprimentos de onda

diferentes foram desenvolvidos e pesquisados. (PROCKT et al.,2008).

A American Dental Laser (ADL) (1990), conseguiu uma autorização do Food

and Drug Administration (FDA), para comercializar o primeiro laser dental de tecido mole

que era o neodímio:ítrio- alumínio-granada (Nd:YAG, λ=1.064 nm). Em 1997 o FDA autorizou

a Premier Laser Systems a comercialização do primeiro laser para tecido duro dental,

sendo esse, érbio dopado por ítrio alumínio e granada (Er:YAG, λ=2.940 nm). Já no

Brasil, a introdução dessa tecnologia foi bastante tardia em comparação com alguns

países da Europa (JORGE et al., 2010).

Desde então, o laser tem sido utilizado em muitos campos da odontologia.

Atualmente o laser pode ser aplicado em tecidos moles, tecidos duros (esmalte, dentina

e osso) e como bioestimulante. Porém, ainda não existe um único laser que suporte todos

os procedimentos (ARAGUES, 2008).

O laser é dividido em dois grupos: laser de baixa potência (não cirúrgicos) e laser de

alta potência (cirúrgicos) e também os que são utilizados para diagnóstico por

fluorescência tecidual. Entre os lasers de alta potência, podem ser citados o Nd:YAG

(λ=1.064 nm) e CO2 (λ=9.300 nm, 9.600 nm, 10.300 nm e 10.600 nm), para tecidos moles e

o CO2, e o Er:YAG (λ=2.940 nm), Er,Cr:YSGG (λ=2.780 nm) para tecidos duros (JORGE et

al., 2010).

O que define a profundidade de penetração do laser no tecido são os comprimentos

de onda. Os diferentes comprimentos de onda apresentam diferentes coeficientes de

absorção para um mesmo tecido. Os requisitos relevantes para interação nos tecidos são

a densidade de potência e a densidade de energia (FENERICH, 2010).

Antes de realizar algum tratamento com o laser de alta potência deve-se levar em

consideração a energia utilizada, pois ela está diretamente relacionada com a

efetividade ou não do tratamento desejado. Os lasers para tecido duro atuam por

ablação, ou seja, o laser é absorvido pela água e pela hidroxila na hidroxiapatita (JORGE

et al., 2010).

Na clínica odontológica do ITPAC- Porto Nacional existem vários tipos de lasers,

sendo um de alta potência, necessitando assim de um Protocolo Operacional Padrão.

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Com base no conhecimento do laser de alta potência, este trabalho propõe um Protocolo

Operacional Padrão (POP) para o manuseio do equipamento com adequada

biossegurança. Desta forma, esse artigo poderá contribuir para o emprego seguro e

racional do laser de alta potência na clínica odontológica do ITPAC Porto Nacional.

Embora o laser de Nd:YAG (1.064 nm) não tenha interação com hidroxiapatita ou

água, ao ser irradiado no esmalte dental é capaz de promover nele alterações morfológicas

e químicas, resultantes do aumento de temperatura (FREITAS et al.,2010).

Esse laser opera de modo pulsado ou contínuo, sendo o pulsado mais utilizado. Ele

emite energia com comprimento de onda de 1.064 nm que passa por um sistema de

fibra óptica com diâmetro variando de 200 a 800 µm que facilita muito sua utilização

intrabucal. (MICHELI et al.,2010).

Suas principais indicações são: pequenas cirurgias de tecido mole, tais como

gengivectomia, gengivoplastia, remoção de pigmentação melânica, frenotomias e

redução bacteriana coadjuvante ao tratamento da superfície radicular (MICHELI et

al.,2010).

Alguns estudos na literatura relatam um efeito semelhante entre os lasers de

diodo de alta potência (808-980 nm) e o laser de Nd:YAG no que diz respeito às alterações

morfológicas da superfície do esmalte irradiado com parâmetros para prevenção de

lesões de cárie, pois não apresenta alta afinidade pela água e hidroxiapatita, para o

uso desse comprimento de onda em tecidos mineralizados (esmalte/dentina), também

se recomenda a utilização de um pigmento capaz de absorver sua energia e limita-la à

superfície do tecido irradiado (esmalte/dentina), sem que haja o comprometimento

dos tecidos subjacentes, com danos irreversíveis à polpa dental (FREITAS et al.,2010).

Devido aos casos da possibilidade de aumento de temperatura e propagação

dela nos tecidos abaixo do ponto irradiado, os lasers de diodo têm sido indicados com

cautela para o uso em tecidos mineralizados, pois seu uso em tecidos moles tem

sido amplamente recomendado, apresentando resultados bastante satisfatórios

(FREITAS et al.,2010).

O sistema de entrega desse laser é através de uma fibra óptica, geralmente

utilizada em contato com os tecidos nos modos contínuo, interrompido e/ou pulsado. Os

comprimentos de onda utilizados variam entre 800 e 980 nm. São indicados para tecido

mole como: gengivectomias, genvivoplastia e frenectomia promovendo corte e

coagulação do tecido gengival, além de debridamento do sulco gengival (curetagem

a laser) (MICHELI et al.,2010).

Os lasers de Er:YAG (2,94 µm) e Er,Cr:YSGG (2,78 µm) apresentam alta interação

com a água, e, de acordo com alguns autores, o segundo apresenta afinidade com o

radical hidroxila da hidroxiapatita. Por isso deve ter cautela no uso dos parâmetros de

energia empregados para não promover a remoção dos tecidos (ablação) (FREITAS et

al.,2010).

Os lasers de érbio operam em regime pulsado, tipicamente com largura temporal

entre 100 µs e 500 µs. É indicada a sua utilização tanto em tecidos moles quanto em

tecidos duros (MICHELI et al.,2010).

Esse laser opera de modo pulsado ou contínuo e emite energia com comprimento

de onda de 10.600 nm, que passa por um sistema de braço articulador ou guia de

onda oca, sendo este último desenvolvido com o objetivo de facilitar o acesso nas áreas

intrabucais (MICHELI et al.,2010). Suas principais indicações são: gengivectomia,

gengivoplastia, frenotomias, remoção de tecido de granulação e/ou lesões mucocutâneas

(anteriormente biopsiadas e diagnosticadas), coagulação de sítios doadores de enxertos,

despigmentação gengival (MICHELI et al.,2010).

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A reflexão acontece quando o feixe é redirecionado para fora da superfície, em

efeito sobre o tecido alvo. A luz refletida pode manter sua colimação em um feixe compacto

ou pode tornar-se mais difusa. O feixe laser geralmente se torna mais divergente à

medida que a distância da peça de mão aumenta (COLUZZI et al.,2011).

Esse efeito também é altamente dependente do comprimento de onda da luz

laser e do tecido alvo. Um exemplo, a água é relativamente transparente (não absorve)

aos comprimentos de onda dos lasers de diodo e de Nd:YAG, enquanto fluidos teciduais

prontamente absorvem a radiação dos lasers Érbio e CO2 na superfície, de modo que

uma quantidade mínima de energia é transmitida para tecidos adjacentes (COLUZZI et

al.,2011).

A dispersão é um evento predominante em lasers próximos ao infravermelho. Em

tecido mole saudável, essa dispersão faz com que haja uma mudança na direção dos

fótons, o que leva a uma absorção aumentada por causa das chances elevadas de

interação com o cromóforo predominante para tais comprimentos de onda. Portanto, a

dispersão do feixe laser poderia causar transferência de calor para o tecido adjacente

ao leito cirúrgico e dano indesejado poderia ocorrer (COLUZZI et al.,2011).

O objetivo principal e benéfico de energia laser é a absorção da luz laser pelo

tecido biológico desejado. A absorção da energia laser pelo tecido alvo planejado é

usualmente o efeito desejado, a quantidade de energia absorvida depende das

características do tecido, tais como pigmentação e conteúdo de água, e do comprimento

de onda do laser (COLUZZI et al.,2011).

Segundo Jorge e colaboradores (2010), os lasers de alta potência atuam com

o aumento da temperatura, trazendo vantagens como a descontaminação da superfície

irradiada, aumentando ainda mais a sua reparação tecidual sem a presença de infecção

na ferida cirúrgica.

O laser de diodo tem dado provas de ter um efeito positivo na neoformação de vasos

sanguíneos, especialmente na formação inicial de tecido de granulação (Walker et al., 2000).

A eficácia e a segurança dos aparelhos de lasers dependem do armazenamento

adequado do equipamento, seleção correta da dose e técnicas apropriadas (LINS et al.,

2010).

Não armazenar o equipamento em local com exposição direta à luz solar, manter

distante de produtos químicos e agente de limpeza, não estocar o equipamento ao abrigo

de poeira. O equipamento não deve ser armazenado, transportado e utilizado superior

à temperatura de 40°C ou inferior a 10°C, deve-se manter o equipamento em local

seguro, evitando submetê-lo a golpes e vibrações (MANUAL DO USUÁRIO

THERALASESURGERY, 2010).

O uso seguro dos lasers deve ser uma preocupação de todos. O nível de

conhecimento do usuário e a sua habilidade no manuseio do equipamento definirão

se o uso seguro está sendo realizado (SMALLEY et al.,2010). As precauções de

segurança e medidas de controle recomendadas pela norma ao usuário têm por finalidade

reduzir os riscos associados com a instalação e uso do equipamento laser, de acordo

com a classificação de risco do equipamento (PANSINI, 2001).

Para avaliar os perigos potenciais e risco de exposição em níveis perigosos de

emissão da luz laser, é necessária, por parte de usuários e operadores, uma

compreensão completa da ciência de laser (PANSINI, 2001).

A segurança só é garantida quando todos têm um treinamento igual,

responsabilidade e a compreensão do que acontece quando um laser é usado em um

paciente. A compreensão de que lasers diferentes possuem riscos distintos, faz com

que os conhecimentos específicos sobre os perigos do dispositivo usado, sejam

extremamente necessários (PANSINI, 2001).

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2 METODOLOGIA

Foram adotados métodos de pesquisas, como a pesquisa exploratória,

assumindo forma de pesquisa bibliográfica e a pesquisa explicativa, visando identificar

os fatores que determinam algumas ocorrências.

As pesquisas bibliográficas foram realizadas nas bases Scielo, PubMed, Bireme

e consultados livros texto de referência, dissertações e teses na área de laser. Realizou-

se a pesquisa na Clínica Odontológica do ITPAC – PORTO NACIONAL. Laser de Alta

Potência da marca DMC THERA LASER SURGERY, emite luz laser infravermelha até 4,5

W em emissão contínua ou pulsada. Câmera fotográfica modelo EOS digital Rebel T2i,

equipada com lente EF autofoco 100 mmf/1 :2. 8 USM e flash circular Macro King Lite MR

14 E, todos da marca Canon.

O Protocolo Operacional Padrão abrange aspectos relativos à: Proteção,

com óculos para: paciente, operadores e assistentes, foi monitorada a retirada do

equipamento, como deve protegê-lo e como devolvê-lo, sobre a descrição do

equipamento, realizou-se a regulagem do equipamento, o local do uso e o protocolo

operacional. O tipo de laser utilizado para o protocolo é o de diodo da marca DMC e sua

potência a ser utilizada será 4,5W, podendo ser em emissão contínua ou pulsada.

Segundo o Manual do usuário thera laser surgery, 2010 o Laser (DMC) possui

a função de emitir luz laser infravermelha de alta potência (até 4,5W), utilizada em cirurgia.

Podendo ser em emissão contínua ou pulsada. Usos mais frequentes são: Biópsia,

Frenectomia, Gengivoplastia, Remoção de Hiperplasia, Incisões, Endodontia e

Descontaminação Intracanal. O laser é constituído pelas seguintes partes, acessórios

e materiais de consumo:

Todo o pessoal na área de irradiação laser deve utilizar proteção ocular

apropriada durante a emissão laser (KRAVITZ e KUSNOTO, 2008). É aconselhável

proteger os olhos dos pacientes com gaze úmida em procedimentos periorais de grandes

λ. Todos os óculos de proteção devem ser marcados com o λ onde é dada uma proteção

específica, juntamente com o valor da densidade óptica (HEALTH AND SOCIAL CARE,

2003). A densidade óptica refere-se à habilidade de um material reduzir a energia laser

de um λ específico, para um nível seguro abaixo do Nível de Exposição Máximo

Permitido (MPE – Maximum Permissible Exposure Levels). O valor de densidade óptica

deve ser de 5.0 ou superior para uma adequada proteção (PARKER, 2007).

O cabo da caneta de fibra óptica (para Cirurgia/Terapia) é extremamente frágil,

se submetido a dobras ou esforços de tração ocorrerá à quebra da fibra. Manipule-

a com cuidado e guarde-a corretamente dentro da maleta, onde a mesma foi enviada.

As canetas de fibra ópticas não podem ser autoclavadas ou colocadas em estufa. O

não cumprimento das recomendações acima citadas pode danificar a fibra e causar

danos ao paciente e/ ou usuário. Não flexione a fibra óptica num raio menor que 100

mm = 10 cm.

Antes de cada utilização a caneta de fibra óptica deverá ser inspecionada pelo

usuário. A mesma não pode apresentar trincas, ranhuras ou qualquer dano mecânico.

Além disso, a superfície da fibra deverá estar limpa (MANUAL DO USUÁRIO THERA LASE

SURGERY, 2010).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da busca através do tema proposto para o artigo, percebeu-se que existe

uma deficiência na literatura, tanto em livros quanto em artigos, na área dos lasers de

alta potência em odontologia. Notou-se que o Protocolo Operacional Padrão (POP)

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direcionado na área da odontologia é praticamente inexistente. Enquanto que em

hospitais, ambulatórios, hemocentros é bastante rotineiro.

Foi devido a essa ausência sistematizada que o POP surgiu, para um manuseio

correto e seguro para os profissionais e acadêmicos da clínica ITPAC – Porto Nacional,

iniciando desde a desinfecção até a forma correta de armazenamento na clínica.

De uma forma geral, os lasers possuem três elementos essenciais: o meio ativo,

cujo conteúdo pode ser um cristal, um gás ou um corante; a fonte de excitação que pode

ser uma lâmpada de flash ou um arco elétrico que levará as moléculas ou átomos do

repouso até a um estado de excitação, cujo retorno ao estado de repouso provoca a

emissão espontânea de um fóton; e, dois espelhos sobre os quais os fótons se refletem

formando o raio (RENISCH, 1996; MAGGIONI, 2010).

Todo o laser possui uma potência própria que se expressa em Watt (W). A

potência combinada com o tempo de aplicação, expresso em segundos, dá como

resultado a quantidade de energia aplicada que se define em Joule (J). Outra unidade

de medida é a densidade de potência (Power Density) que se calcula como a potência

dividida pela área de aplicação expressa em cm² . Contudo, a medida aplicada mais

importante é a fluência ou a densidade de energia. Esta determina a energia aplicada

em W e tempo em relação à área de aplicação. É através desta medida que se

estabelecem os parâmetros de utilização do laser e a sua relação com os tecidos

orgânicos. Outra consideração importante é a forma fundamental em que os lasers

podem trabalhar. Desta destacam-se a forma continua, a forma alternada e a forma

pulsada (MAGGIONI et al., 2010).

De acordo com Moriyama (2006) a expansão térmica pode ocorrer de forma muito

rápida sendo capaz de produzir ondas acústicas e destruição fotomecânica do tecido que

a absorveu. Assim, os lasers cortam tecidos através de um processo chamado ablação

térmica. A ablação térmica depende da quantidade de energia luminosa absorvida

(ROSSMAN e COBB, 1995). O grau de absorção é determinado pelo comprimento

de onda (λ) do laser, potência elétrica da unidade cirúrgica, tempo de exposição e da

composição dos tecidos (MORITZ et al., 2006; KRAVITZ e KUSNOTO, 2008).

FIGURA 2 - Ponteira retirada da esterilização

FIGURA 3- Desinfecção do aparelho laser,

depois colocação do filme PVC e

desinfecção do óculos com álcool

70%.

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O tipo e a intensidade do laser devem ser escolhidos cuidadosamente para

cada procedimento dentário, sempre fundamentado no λ e potência, e optar também pelo

laser de contato direto ou indireto, de aplicação pulsada ou contínua (SULIEMAN, 2005).

O laser de Diodo é também utilizado para deixar o canal radicular livre de

microrganismos. No entanto, este laser não pode substituir o hipoclorito de sódio, mas

sim complementar a ação, de forma a obter melhores resultados (KREISLER et al., 2002).

Eyrich (2004) comparou o laser CO2 com o laser Er:YAG e a broca convencional

e avaliou o respectivo efeito térmico no osso humano. Os resultados do estudo sugeriram

que o laser CO2 oferecem melhor preservação tecidular e segurança no corte. O laser

provocou ainda um menor aumento de temperatura do que os instrumentos de corte

convencional. Os procedimentos que se podem executar com o laser de Diodo são a

curetagem dos tecidos moles, o debridamento das bolsas periodontais e todas as incisões

e excisões gengivais. Também tem grande utilidade na descontaminação das bolsas

periodontais, uma vez que consegue eliminar as bactérias anaeróbias que contêm

(HERBERT, 2000; MORITZ et al., 2006).

Percebe-se que por estar ainda em fase de implantação do uso do laser, a clínica

odontológica do ITPAC – Porto ainda não possui tais avisos. Sugere-se que a entrada

seja sinalizada com avisos, tais como é visualizado na figura 1.

A seguir será sugerida uma proposta de protocolo operacional padrão

para uso com o equipamento de alta potência (DMC THERA LASER).

Passo 1 : O laser de alta potência somente pode ser retirado sob protocolo e com o

aval de um professor presente na clínica odontológica .

Passo 2: Retirar os óculos adequados ao comprimento de onda e potência

do equipamento a ser utilizado. Conferir a especificação;

Passo 3: A ponteira do laser, deve ser retirada separadamente, pois a mesma

permanece na central de esterilização. Figura 2

Passo 4: Realizar a antissepsia entre pacientes, tanto no aparelho estando

desligado (antes do filme PVC) quanto nos óculos de proteção. Montar o

equipamento, conectando o cabo de energia e as fibras ópticas que serão utilizadas.

Figura 3.

Passo 5: Posicione a extremidade da caneta de fibra óptica, no ponto de teste da

fibra (item “PONTO DE TESTE DA FIBRA ( A )“) e pressione o pedal com fio até o

final do teste. Em seguida escolha a potência do laser. Figura 4;

Passo 6: Mantenha sempre a ponteira da caneta laser limpa para que não haja

comprometimento na potência da luz emitida, realizando o corte da fibra utilizada.

Figura 7.

Passo 7: O operador e o paciente devem estar usando óculos especiais para o

uso do laser. Os óculos devem possuir a identificação apropriada. Figura 5.

Passo 8: Realizar a antissepsia intra-oral do paciente com digluconato de

clorexidina 0,12%, antes da paramentação do paciente, para diminuir foco de

contaminação;

Passo 9 : Montagem da fibra óptica com protetor cirúrgico, para não ter contato

direto com o paciente, evitando assim contaminação. Figura 6.

Passo 10: Antes de iniciar a aplicação no paciente, conferir a potência do laser,

deve-se queimar a ponteira. Figura 10

Passo 11: Após a utilização do laser, realizar a desinfecção do aparelho com álcool

70%; como mostra a figura 8.Passo 12: A ponteira do laser depois de ser utilizada

e ter realizado a desinfecção, deve-se devolvê-la para esterilização.

Passo 12: A limpeza dos óculos pode ser realizada lavando com água e sabão

neutro, secando levemente com lenços de papel. Figura 9.

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FIGURA 4- Posicione a extremidade da

Caneta de Fibra Óptica, no ponto de teste da

fibra (item “PONTO DE TESTE DA FIBRA e

pressione o pedal com fio até o final do teste.

Em seguida escolha a potencia do laser.

FIGURA 5- Operador e paciente com óculos de

proteção adequado para o uso do

laser

FIGURA 6- Montagem da ponteira no protetor

cirúrgico

FIGURA 7 - Realização da marcação e do corte

da ponta após a utilização na

cirurgia

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FIGURA 8- Desinfecção após a utilização

do laser com álcool 70%

FIGURA 9- Lavagem do óculos de proteção

com sabão neutro

4 CONCLUSÃO

A elaboração do POP (Protocolo

Operacional Padrão) para a IES

(Instituição de Ensino Superior) irá ajudar

os acadêmicos e professores a um correto

manuseio do aparelho. Desta forma

contriuirá para a segurança tanto de

alunos como de professores.

A instituição ITPAC-Porto sente a

necessidade de criar um manual de

biossegurança visando evitar o uso

inadequado do aparelho.

Nas instruções de biossegurança

preconiza-se a higiene no modo de uso dos aparelhos, evitando a contaminação cruzada.

Principalmente em aparelhos que têm contato direto com a pele e mucosa. Visando a

importância do laser de alta potência para a clínica do ITPAC – Porto Nacional, o laser

deveria ser melhor utilizado pelos acadêmicos e professores, incentivando os alunos

efetivamente a manusear os aparelhos nas clínicas multidisciplinar I, II, III, nas clínicas de

cirurgias I e II.

A Faculdade de Odontologia do ITPAC Porto conta atualmente com um

equipamento de laser de alta potência, sendo da marca DMC, com a potência de 4,5 W em

emissão contínua e pulsada.

REFERÊNCIAS JORGE, A.C.T. et al. APLICAÇÕES DOS LASERS DE ALTA POTÊNCIA EM ODONTOLOGIA. São

Paulo:[s.n.],2010. PROCKT, A. P. et al.Uso de Terapia com Laser de Baixa Intensidade na Cirurgia Bucomaxilofacial;

2008.

SCHUELE, G. et al. (2005). RPE damage thresholds and mechanisms for laser exposure in the microsecond-to-milisecond time regimen. Investigate Ophthalmology & Visual Science, 46, pp. 714-719.

Figura 10 - Antes de iniciar a aplicação no

paciente, conferir a potência do laser,

deve-se queimar a ponteira

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ARAGUÉS,A. (2008). Evidence based laser periodontics. VIEIRA. J. I, Tecnologia laser em medicina dentária-frenectomia em foco.2012. 77f.Monografia-Universidade Fernando Pessoa, Faculdade de ciência da saúde,Porto,2012. FENERICH, C. A. A utilização do laser de baixa intensidade na implantodontia. São Paulo, 2010. FREITAS, P.M. et al,Lasers em odontologia:

Fundamentos de Odontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 159-165. MICHELI, G.et al. Lasers em Odontologia:

Fundamentos na Odontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 178-182. COLUZZI, D.J.et al, Princípios e práticas do laser na odontologia. Rio de Janeiro: Elservier, 2011. p.

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An. Bras. Dermatol. v.85 n. 6 Rio de Janeiro nov./dez. 2010. MANUAL DO USUÁRIO THERALASESURGERY seSurgery, 2010. Disponível em: <http://www.dmcgroup.com.br/arquivos/manual/man_thera_lase_surgery_port.pdf>.Acesso em: 10-12-15 às 10h. SMALLEY, P.J. et al. Aplicação do laser na odontologia. São Paulo: Santos, 2010. p. 93-103.

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Janeiro, 2012

RELAÇÃO ENTRE DOR E SOBREPESO EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE AGRONEGÓCIOS DO TOCANTINS.

RELATIONSHIP BETWEEN PAIN AND OVERWEIGHT IN WORKERS IN A COMPANY OF

TOCANTINS STATE'S AGROBUSINESS.

Michelle Cristinne Evangelista Paivaii, Thaís de Andrade Lino¹, Karine Kummer Gemelliiii; Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix Daud²; Joelcy Pereira Tavares²; Tiago Farret Gemelli²; Carlos Eduardo Bezerra do

Amaral Silva².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - A dor é caracterizada por uma experiência emocional e sensorial desagradável, estando associada a um dano real ou potencial aos tecidos. Os indivíduos entendem a dor como subjetiva, onde cada um utiliza este termo pela sua percepção. A obesidade é caracterizada pelo aumento do peso do indivíduo, sendo um agravo multifatorial à saúde, podendo ser desencadeado por fatores genéticos, metabólicos, sociais e hábitos de vida. O sobrepeso pode ser considerado também um fator importante para o surgimento de dor osteomuscular devido contribuir para fadiga muscular e para a perda de flexibilidade nas articulações. A saúde do trabalhador é vinculada à saúde publica, tendo medidas de intervenções voltadas à área trabalhista visando a promoção, proteção

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e recuperação do trabalhador. É necessário acompanhamento, pois existem fatores que levam ao aparecimento de dor no trabalho. Objetivo - Avaliar a relação entre dor e sobrepeso em trabalhadores. Metodologia - Pesquisa descritiva, quantitativa ocorrida no mês de outubro de 2015 em uma empresa do ramo de agronegócio. Os dados quantitativos foram analisados a partir de estatísticas descritivas, e teste de risco relativo com o programa Bioestat, considerando significância de 95%. Foi utilizado um questionário de anamnese de dados de identificações pessoais e do ambiente de trabalho; e o questionário nórdico de sintomas osteomusculares, para avaliar dores e sintomas osteomusculares. O projeto de pesquisa foi aprovado em Comitê de Ética. Resultados - 71,6% dos trabalhadores são do sexo masculino e a média de idade de 30 anos; 82,5% dos funcionários apresentaram dor e houve prevalência de 48,6% de sobrepeso/obesidade nos trabalhadores. 46,7% dos trabalhadores que apresentaram dor estavam com sobrepeso/obesidade, sendo os locais de maior ocorrência parte inferior das costas (57,14%), parte superior das costas (46,71%), punho (45,23%) e dor no pescoço (42,85%). Conclusão - elevada prevalência de dor e sobrepreso/obesidade quando avaliados individualmente e influência do sobrepeso/obesidade na ocorrência de dor. Palavras chaves: Dor. Obesidade. Saúde do Trabalhador. ABSTRACT: Introduction - The pain is characterized by an unpleasant emotional and sensorial experience, being associated with actual or potential damage to the tissues. Individuals understand the pain as subjective, where everyone uses this term for their perception. Obesity is characterized by the growth of a person's weight, being a harm to the multifactorial health and can be triggered by genetic, metabolic, social and lifestyle habits. Overweight can be also considered an important factor for the emergence of musculoskeletal pain because its contribute to muscle fatigue and loss of flexibility in the joints. Workers' health is linked to public health, and intervention measures focused on labor issues for the promotion, protection and recovery of worker. It needs to follow because there are factors that lead to pain onset during working hours. Objective - To evaluate the relationship between pain and overweight in workers. Methodology - descriptive, quantitative research took place in October, 2015 in a agribusiness sector company. Quantitative data were analyzed using descriptive statistics, and relative risk test with Bioestat program, considering significance level of 95%. A questionnaire data (anamnesis) with history of personal identifications and the work environment was used; and the Nordic questionnaire of musculoskeletal symptoms to assess pain and musculoskeletal symptoms. And the research project was approved by the Ethics Committee. Results - 71.6% of male workers with an average of 30 years; 82.5% of employees with pain and prevalence of 48.6% of overweight / obesity among workers, with 46.7% of those with pain are overweighed / obese, and the most frequent local pain are lower back (57 14%), upper back (46.71%), wrist (45.23%) and neck pain (42.85%). Conclusion - high prevalence of pain and overweight / obesity when assessed individually with influence of overweight / obesity in the occurrence of pain. Key-words: Pain .Obesity. Worker's health.

1 INTRODUÇÃO

A dor é descrita pela Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública

e pela Sociedade Americana de Dor como o 5° sinal vital, devendo ser avaliada como os

outros sinais: pulso, respiração, pressão arterial e temperatura. Caracteriza-se por uma

experiência emocional e sensorial desagradável, estando associada a um dano real ou

potencial aos tecidos1. Os indivíduos entendem a dor como subjetiva, onde cada um utiliza

este termo pela sua percepção. Sendo assim, a dor aguda ou crônica leva à manifestação

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de sintomas e possíveis alterações no apetite e libido, diminuição da concentração, padrão

do sono, e irritabilidade dos profissionais 2.

As lesões musculoesqueléticas são prejudiciais à saúde, inicialmente entendida

como lesão ocasionada pelo esforço repetitivo (LER) levando ao desgaste físico do

trabalhador. Porém, a LER, por não atingir somente profissionais que realizavam um

esforço repetitivo teve sua denominação alterada para Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho (DORT), atingindo assim uma proporção maior de trabalhadores

em diferentes funções3. LER/DORT não estão apenas relacionadas ao esforço repetitivo,

mas também pode ser decorrente a insatisfação com o trabalho, tensão, alta pressão

mental, alta carga horária de trabalho e estresse. Portanto as LER/DORT são lesões

causadas aos tecidos podendo ser irreversíveis, e tendo como consequência o

absenteísmo, improdutividade ou até mesmo implicar na invalidez permanente do

trabalhador4.

Cerca de 30 a 40% da população queixa-se de dor, onde muitas vezes estes

sintomas são prejudiciais levando ao afastamento de trabalho, aposentadoria precoce,

licença médica, indenização trabalhista, além de também ser apontada como um problema

de saúde pública5. As lesões musculoesqueléticas são consideradas o segundo maior

motivo de afastamento das atividades de trabalho. Segundo informações obtidas pelo

Sistema Único de Benefícios (SUB) e pelo Sistema de Comunicação de Acidente do

Trabalho (CAT), foi cadastrado nas Agências da Previdência Social no ano de 2013

aproximadamente 737,4 mil acidentes de trabalho, sendo as doenças de trabalho com

maior incidência as lesões no ombro (21,91%), sinovite e tenossinovite (13,56%) e dorsalgia

(6,36%)6.

A obesidade é caracterizada pelo aumento do peso do individuo, conseqüência de

uma alimentação inadequada7. É um agravo multifatorial à saúde, podendo ser

desencadeado por fatores genéticos, metabólicos, sociais e hábitos de vida. A

modernização da sociedade tem sido um fator determinante para o desenvolvimento da

obesidade, uma vez que os alimentos rápidos e ricos em calorias estão cada vez mais

presentes na alimentação da população8. A obesidade atualmente tem sido considerada

uma epidemia, visto que tem crescido de forma significante na população, no Brasil cerca

de 40% da população está com sobrepeso, e consequentemente tem sido um problema de

saúde publica9. A obesidade segundo o Ministério da Saúde é considerada uma doença

crônica não transmissível (DCNT), sendo um fator importante para o desenvolvimento de

patologias como: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doenças cardíacas10. O

sobrepeso pode ser considerado também como um fator importante para o surgimento de

dor osteomuscular devido contribuir para fadiga muscular e para a perda de flexibilidade

nas articulações21.

A saúde do trabalhador nem sempre foi assunto de preocupação à sociedade. A

relação trabalho e saúde/doença existe desde a antiguidade, tornando-se acentuada com

a Revolução Industrial que ocorreu nos séculos XVIII e XIX. O trabalhador nesse momento

da história tornou-se livre, sendo exposto à risco, à ambientes insalubres e à alta carga

horária de serviço, o que propiciou o desenvolvimento de incapacidade funcionais 11.

A saúde do trabalhador é vinculada à saúde publica, tendo medidas de intervenções

voltadas à área trabalhista visando à promoção, proteção e recuperação do trabalhador.

Acompanhar os trabalhadores é necessário porque existem fatores que levam ao

aparecimento de dor no período de trabalho. E esta dor pode estar relacionada com a

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intensidade, duração do ciclo de trabalho, tempo de exposição e organização das

atividades, distribuição de pausas e estruturas de horários 12. Portanto, avaliar a dor no

ambiente de trabalho é indispensável para que se tenha informações adequadas para o

desenvolvimento de medidas de prevenções e intervenções, visto que a mesma não possui

uma causa especifica. A avaliação da mesma em conjunto com medida de intervenção irá

proporcionar qualidade de vida aos trabalhadores envolvidos. Sendo assim, o objetivo deste

estudo é avaliar a relação entre dor e sobrepeso no ambiente de trabalho.

2 MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo que ocorreu no mês de outubro de

2015 em uma empresa do ramo de agronegócio localizada na cidade de Porto Nacional-

To. Participaram da pesquisa 109 funcionários, divididos em três grandes grupos

(administrativo, produção e serviços gerais). Foram excluídos do estudo menores

aprendizes, aqueles que recusaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE), terceirizados da empresa, funcionários indisponíveis ao estudo em duas visitas

consecutivas e aqueles afastados do emprego por férias, doença ou outro motivo.

Os funcionários foram levados a uma sala restrita para receber instruções sobre a

pesquisa, sendo explicado os instrumentos e esclarecidos as dúvidas. Foi realizada

verificação do peso, altura e cálculo de índice de massa corporal após assinatura do TCLE.

E os trabalhadores dispuseram 30 minutos para responder os instrumentos propostos.

O questionário tratou-se de uma entrevista semiestruturada com perguntas abertas

e fechadas onde os entrevistados responderam conforme sua concepção e interpretação

sobre dados sociodemográficos (idade, sexo, raça e escolaridade) e o tipo de atividade

desenvolvida na empresa. Após estas etapas os entrevistados responderam o Questionário

Nórdico de Sintomas Osteomusculares para avaliação da dor, um instrumento autoaplicável

e validado no Brasil que identifica a presença de dor por região anatômica corporais.

Os dados quantitativos foram analisados a partir de estatísticas descritivas, e teste

de risco relativo com o programa Bioestat, considerando significância de 95%. A pesquisa

foi aprovada em Comitê de Ética e Pesquisa FAHESA/ITPAC com o protocolo de n°

1.244.379, atendendo todas as normas da pesquisa envolvendo seres humanos

estabelecidos pela resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

3 RESULTADOS

Tratava-se de uma

população de 174 funcionários

efetivos, sendo que durante o

período de estudo 109 (62,64%)

aceitaram participar, 20

(11,49%) estavam ausentes

durante o período da pesquisa e

45 (25,86%) foram excluídos por

apresentar idade menor que 18

anos, ou não puderam participar

em duas abordagens

consecutivas.

TABELA 1: Apresentação dos dados sociodemográfico dos trabalhadores de uma empresa de grande porte dos ramos de agronegócio no Tocantins, 2015.

Variáveis (N=109) Categoria N %

Faixa Etária

18|-30 30|-39 39|-50 ≥ 50

56 41 10 2

51,4 37,6 9,2 1,8

Gênero F M

31 78

28,4 71,6

Raça/cor

Branco Pardo Preto

Amarelo Indígena Não sabe

27 52 18 7 2 3

24,8 47,7 16,5 6,4 1,8 2,8

Escolaridade Fundamental

Médio Superior

18 44 47

16,5 40,4 43,1

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Dos 109 trabalhadores que foram avaliados, 78 (71,6%) eram homens, enquanto 31

(28,4%) eram

mulheres, nos

quais a idade

variou de 18 à 60

anos,

apresentando

média de 30,3 anos

para ambos os

sexos. O perfil

sociodemográfico é

apresentado na

tabela 1.

Quanto ao

setor de trabalho,

49 (45%) faziam

parte da produção,

54 (49,5%) do

administrativo e 6

(5,5%) dos serviços

gerais. Os funcionários envolvidos no estudo apresentaram Índice de Massa Corporal (IMC)

variados sendo que 2 (1,8%) estavam abaixo do peso, 54 (49,5%) apresentaram peso ideal

e 53 (48,6%) estavam com sobrepeso ou obesidade. Na avaliação do IMC por sexo

observa-se que 43 (55,1%) dos homens apresentam peso acima do ideal enquanto as

mulheres 10 (32,2%) estão acima do peso. Os dados referentes ao IMC distribuídos por

sexo estão apresentados na tabela 2.

Quanto à presença de dor, dos 109 participantes 90 (82,56%) apresentaram a dor.

Dos funcionários com dor 90 (100%) tiveram dor nos últimos doze meses, sendo que 43

(47,8%) apresentaram dor nos últimos sete dias da pesquisa. Desses funcionários 49

(54,44%) estavam no setor administrativo, 35 (38,88%) estavam no setor de produção e 6

(6,66%) estavam no setor de serviços gerais. A tabela 3 apresenta a relação entre dor e

índice de massa corporal estratificado por grupo de atividades.

TABELA 2: Índice de Massa Corporal dos funcionários de uma empresa de grande porte do ramo de agronegócio no Tocantins estratificado por gênero – 10/2015.

Classificações de IMC Masculino n (%)

Feminino n (%)

Total N (%)

Baixo peso < 18,5 1 (1,3) 1 (3,2) 2 (1,8)

Peso Ideal 18,5 à 24,9 34 (43,6) 20 (64,6) 54 (49,5)

Sobrepeso/Obesidade 25 à 40 43 (55,1) 10 (32,2) 53 (48,6)

TOTAL 78 (100) 31 (100) 109 (100)

Tabela 3: A relação entre Dor e Índice de Massa Corporal dos funcionários de uma empresa de grande porte do ramo de agronegócio no Tocantins, estratificado por setor de trabalho, 10/2015.

Classificações de IMC

Administrativo Produção Serviços Gerais

Total

n (%) n (%) n (%) N (%)

Baixo peso < 18,5 2 (4,1%) - - 2 (2,2%)

Peso Ideal 18,5 a 24,9

25 (51,0%) 17(48,6%) 4 (66,7%) 46 (51,1%)

Sobrepeso /Obesos ≥ 25

22(44,9%) 18 (51,4%)

2 (33,3%) 42 (46,7%)

TOTAL 49(100%) 35 (100%) 6 (100%) 90 (100%)

Tabela 4: Estratificação dos locais de dor por grupo de atividades dos funcionários com sobrepeso em uma indústria de agronegócios do Tocantins, 10/2015.

Locais de queixa de dor* Administrativo n (%)

Produção n (%)

Serv. Gerias n (%)

N (%)

Pescoço 15 (68,2) 3 (16,7) - 18 (42,9)

Ombro 8 (36,4) 3 (16,7) - 11 (26,2)

Parte Superior das costas 12 (54,5%) 6 (33,3) 2 (100) 20 (46,7)

Cotovelo 3 (13,6) 1 (5,6) - 4 (9,5)

Punho 15 (68,2) 4 (22,2) - 19 (45,2)

Parte Inferior das costas 16 (72,7) 7 (38,8) 1 (50) 24 (57,1)

Quadril 3 (13,6) 1 (5,6) - 4 (9,5)

Joelho 8 (36,4) 3 (16,7) - 11 (26,2)

Tornozelos/Pés 9 (40,9) 1 (5,6) - 10 (23,8)

*O funcionário poderia referir mais de um local de dor, motivo pelo qual o somatório ultrapassa o n de funcionários com dor e sobrepeso por setor.

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Ao estudar o risco relativo das variáveis da tabela 3, percebeu-se que para nenhuma

relação Dor/massa corporal houve diferença significativa, para p>0,01. Mas notou-se que

ao analisar o IMC dentro de cada setor, verificou-se que há risco de dor para os indivíduos

com sobrepeso (RRAdm= 1,14; RRPro= 0,89 e RRSG= 2,5).

Ao aplicar o questionário nórdico para avaliação da dor os participantes puderam

especificar o local que apresentavam dor no período de 12 meses e nos últimos 7 dias.

Buscando identificar a relação entre sobrepeso/obesidade e dor estratificou-se os

funcionários com sobrepeso que apresentaram dor segregando por grupo de atividade.

Logo, a tabela 4 mostra esta relação considerando os 42 (46,66%) funcionários que

apresentaram dor e sobrepeso.

4 DISCUSSÃO

O perfil apresentado pelos trabalhadores desta empresa de agronegócios mostra

que são 71,6% homens, 89% dos trabalhadores tem idade de 18 à 39 e idade média de

30,3 anos. É esperado que uma empresa de agronegócios tenha uma proporção maior

entre homens que mulheres, considerando-se o tipo de atividade desenvolvidas. Na

empresa de estudo, o setor de produção é caracterizado por atividades de carga e descarga

de caminhão dentre outras funções que exigem maior força física. Em estudo realizado em

uma empresa metalúrgica foi identificado, em relação ao sexo, número menor de mulheres,

sendo que a maioria das mulheres atuava em setores administrativos e homens em

serviços braçais13. Na avaliação da faixa etária, observa-se prevalência aumentada de

trabalhadores jovens, o que mostra que pessoas em idade produtiva estão trabalhando em

emprego formal. E no estudo citado anteriormente também mostrou que a maior parte dos

funcionários metalúrgicos apresentavam faixa etária de 20 a 39 anos13.

Notou-se que somente 16,5% dos trabalhadores estão cursando ou cursaram o

ensino fundamental. É possível refletir, a partir desta informação que as empresas exigem

nível maior de formação de seus funcionários, o que torna o mercado de trabalho mais

competitivo. E 64,2% dos avaliados eram afrodescendentes, o que relaciona-se à região

brasileira do estado do Tocantins, que apresenta cerca de 72,2% da população de pardos

e pretos, conforme os dados do censo do IBGE 14.

A pesquisa evidenciou 1,8% dos trabalhadores avaliados com baixo peso, 49,5%

com peso ideal e 48,6% com excesso de peso, sendo que 55,1% dos homens

apresentavam peso acima do ideal enquanto somente 32,2% das mulheres estão acima do

ideal. Observa-se na pesquisa número significativo de trabalhadores com

sobrepeso/obesidade que vão ao encontro dos indicadores brasileiros. A obesidade

atualmente tem sido considerada uma epidemia, visto que tem crescido de forma

significante na população, no Brasil cerca de 40% da população está com sobrepeso,

tornando-se um problema de saúde pública9. Este estudo comprova que a prevalência de

sobrepeso nos trabalhadores de uma indústria é no gênero masculino 15. A obesidade é

caracterizada pelo aumento do peso do individuo, conseqüência de uma alimentação

inadequada 7. Sendo um agravo multifatorial à saúde, podendo ser desencadeado por

fatores genéticos, metabólicos, sociais e hábitos de vida. A modernização da sociedade tem

sido um fator determinante para o desenvolvimento da obesidade, uma vez que os

alimentos rápidos e ricos em calorias estão cada vez mais presentes na alimentação da

população8. E a obesidade, segundo o Ministério da Saúde, é considerada uma doença

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crônica não transmissível, sendo um fator importante para o desenvolvimento de patologias

como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doenças cardíacas10.

É abordado em estudo que trabalhadores com escolaridade baixa, com até ensino

fundamental, apresentam maior freqüência de sobrepeso e obesidade, relacionando que o

nível de escolaridade pode influenciar na qualidade do auto cuidado e capacidade para os

indivíduos terem informações e comportamentos preventivos de doenças16. No entanto os

funcionários da empresa estudada apresentam bom nível de instrução, pois somente 16,5%

têm ensino fundamental, levando-nos a refletir que os indivíduos, mesmo com bom nível de

conhecimento, não praticam os conhecimentos adquiridos, vivenciando situações de risco

para a saúde.

Dos trabalhadores avaliados 82,56% referiram sentir algum tipo de dor em uma ou

mais partes do corpo, sendo que 100% destes trabalhadores sentiram dor nos últimos doze

meses, enquanto 47,8% apresentaram dor nos últimos sete dias da pesquisa.

Considerando os trabalhadores com dor e relacionando-os com o IMC identificou-se

2,22% com baixo peso, 51,1% com peso ideal, 46,7% com sobrepeso e/ou obesidade. A

alimentação do trabalhador está vinculada às mudanças significativas do estado nutricional,

contribuído para o sobrepeso e obesidade17. E afim de buscar relação entre a dor e o

sobrepeso/obesidade estratificou-se os locais de dor por setores de atividade, conforme

apresentado na tabela 4, sendo possível identificar maior prevalência, por ordem de

acometimento, parte inferior das costas (57,14%), parte superior das costas (46,71%),

punho (45,23%) e dor no pescoço (42,85%). Outro fator observado que merece destaque

é a prevalência aumentada de dor no setor administrativo quanto comparado ao setor de

produção. E na análise estatística existe risco de dor para indivíduos com

sobrepeso/obesidade, sendo maior nos serviços gerais e menor na produção.

A dor osteomuscular tem acometido uma grande parcela da população trabalhadora,

devido esta população está cada vez mais exposta a condições que causam danos ao

organismo. As lesões músculo esqueléticas implicam não somente no desgaste físico do

trabalhador, mas também no desgaste psicológico, visto que a dor causa sensação

desagradável e traumática18. Uma das opções hoje utilizadas para a minimização dos

impactos no ambiente de trabalho na saúde do trabalhador é a ergonomia. A ergonomia

procura adaptar o ambiente de trabalho ao trabalhador, reduzindo de forma significativa os

riscos e os possíveis danos ao sistema músculo esqueléticos 19.

Na relação de dor com sobrepeso/obesidade considerando o grupo de atividade, o

setor administrativo apresentou maior freqüência de dor em pescoço, parte superior das

costas, punho e parte inferior das costas. A dor no punho é mais freqüente em tais

profissionais devido os mesmo executarem atividades repetitivas que necessitam de um

desempenho continuo, como a digitação. A dor lombar apresentada é comumente

encontrada nessa população, uma vez que possui como característica causadora a

continua posição sentada, má postura e mobília inadequada, o que leva ao aparecimento

de dor nessa região20. O sobrepeso pode ser considerado um fator contribuinte para a dor

apresentada, devido contribuir para fadiga muscular e perda de flexibilidade nas

articulações21. Outro ponto importante a ser considerado é que a dor no administrativo pode

estar relacionada à inatividade física, visto que as tarefas desempenhada por esse setor

possui menor gasto calórico em relação à produção, devido a produção desempenhar

atividades como andar com maior frequência, o que acaba queimando mais calorias para

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a sua execução22. E o excesso de peso pode contribuir para o surgimento de doenças

osteomusculares, limitações das atividades físicas e imobilidade 23.

Um estudo desenvolvido com colaboradores de uma unidade de alimentação e

nutrição em 2006, demonstrou que os funcionários que apresentaram IMC ≥ que 25 tiveram

mais dores no corpo em relação aos demais24. A obesidade pode também levar a sobre

carga das articulações e desgastes das mesmas, desta forma levando ao aparecimento de

dor nas articulações. Indivíduos que apresentaram sobrepeso e dor nas articulações dos

joelhos, tornozelos, pés e quadril, após serem submetidos à procedimento cirúrgico que

induz à redução do peso, apresentaram melhora dos sintomas em 87,5% dos casos 25.

Desta forma, é possível verificar que as pesquisas mostram influência do

sobrepeso/obesidade no desenvolvimento de dor nos indivíduos. E este estudo identificou

elevado índice de trabalhadores com dor e com sobrepeso/obesidade, porém não houve

relação entre dor e sobrepeso/obesidade nesta pesquisa. É necessário intervir implantando

políticas relacionadas à qualidade de vida e hábitos alimentares saudáveis, além de atuar

na redução das queixas de dor. Realizar estudo com âmbito na avaliação de LER/DORT e

ergonomia pode fornecer indicadores mais específicos de avaliação das queixas de dor,

enquanto a implantação de ginástica laboral e pausas programadas proporcionariam

melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho.

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