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21 de janeiro “Dia Nacional de Combate a Intolerância Liberdade... · exemplo das brutalidades cometidas contra adeptos de religiões como umbanda e do candomblé. ... O mesmo

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21 de janeiro “Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa”

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” (Nelson Mandela) Apresentação O Estado Brasileiro é laico. Isso significa que ele não deve ter, e não tem religião. Tem, sim, o dever de garantir a liberdade religiosa. Diz o artigo 5. º, inciso VI, da Constituição: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.” A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da humanidade, como afirma a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual somos signatários: “Art. XVIII Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.” “A pluralidade, construída por várias raças, culturas, religiões, permite que todos sejam iguais, cada um com suas diferenças. É o que faz do Brasil, Brasil. Certamente, deveríamos, pela diversidade de nossa origem, pela convivência entre os diferentes, servir de exemplo para o mundo. No Brasil de hoje, a intolerância religiosa não produz guerras, nem matanças. Entretanto, muitas vezes, o preconceito existe e se manifesta pela humilhação imposta àquele que é “diferente”. Outras vezes o preconceito se manifesta pela violência. No momento em que alguém é humilhado, discriminado, agredido devido à sua cor ou à sua crença, ele tem seus direitos constitucionais, seus direitos humanos violados; este alguém é vítima de um crime – e o Código Penal Brasileiro prevê punição para os criminosos. Invadir terreiros de umbanda e candomblé, que, além de locais sagrados de culto, são também guardiães da memória de povos arrancados da África e escravizados no Brasil; desrespeitar a espiritualidade dos povos indígenas, ou tentar impor a eles a visão de que sua religião é falsa; agredir os ciganos devido à sua etnia ou crença, mesmo motivo que os levou ao quase extermínio na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial: tudo isto é intolerância, é discriminação contra religiões. (Ministro Nilmário Miranda – Secretaria Especial dos direitos Humanos).” É o contrário do que pretende as pessoas que respeitam e defendem a liberdade religiosa e os direitos humanos. A presente cartilha tem o objetivo de incentivar o diálogo entre os movimentos religiosos, para a construção de uma sociedade verdadeiramente pluralista, com base no reconhecimento e no respeito às diferenças.

A presente cartilha, 21 de Janeiro “Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa”, é o resultado de demandas da sociedade, da cidadania, e que não se esgota aqui. Esta cartilha é a continuidade das muitas ações de homens e mulheres de boa vontade e diferentes crenças, que, com suas palavras e seus atos, pretendem construir um país, um mundo melhor. Um país e um mundo em que ninguém sofra ou pratique injustiça contra seu semelhante. Um mundo e um país de todos. A convivência pacífica das mais diversas religiões, respeitando inclusive quem não tem religião, enriquece a vida de todos, já que aprende-se com as diferenças. Dr. Edson Robson Alves dos Santos Coordenadoria da Igualdade Racial da Prefeitura Municipal de Carapicuíba

Por que o dia 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa Em 2007 foi sancionada, pelo ex-presidente Lula, a Lei nº 11.635 que faz do 21 de janeiro o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data presta homenagem à Iyalorixá baiana Gildásia dos Santos e Santos, popularmente conhecida como Mãe Gilda, que faleceu na mesma data, em 2000, vítima de enfarto.

Mãe Gilda de Ogum fundou em 1988 o Ilê Axé Abassá de Ogum, Terreiro de Candomblé localizado nas imediações da Lagoa do Abaeté, bairro de Itapuã em Salvador.

Foi iniciada no Candomblé em 1976 no Terreiro de Oya, ao completar sete anos de iniciada na religião recebe o cargo de yalorixá e em 06 de outubro de 1988 registrou seu Terreiro de Candomblé, o Axé Abassá de Ogum, de nação Ketu na Federação do Culto Afro. Mãe Gilda foi uma ativista social e se destacou pela sua personalidade forte e grande participação em ações para a melhoria do bairro de Nova Brasília de Itapuã.

Ela era hipertensa e teve um infarte fulminante após ver sua imagem utilizada sem autorização, em uma matéria do jornal evangélico Folha Universal, edição 39, sob o título “Macumbeiros

Charlatães lesam o bolso e a vida dos clientes”. O texto não era menos ofensivo e agredia as tradições de matriz africana, das quais Gildásia era representante. A igreja foi condenada pela justiça brasileira a indenizar os herdeiros da sacerdotisa. A morte de Gildásia dos Santos e Santos não foi uma fatalidade nem tampouco é uma tragédia isolada; é um exemplo das brutalidades cometidas contra adeptos de religiões como umbanda e do candomblé.

Mãe Jaciara de Oxum segurando uma foto de Mãe Gilda de Ogum. O ideal de respeito igualitário precisa seguir em frente, Mãe Jaciara de Oxum, dá prosseguimento aos trabalhos, da mãe, tanto na religião quanto na defesa dela e do terreiro Axé Abassá de Ogum na luta contra o preconceito.

Embora nossa Constituição Federal garanta “ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”, não é raro que alguns segmentos religiosos ataquem frontalmente adeptos da umbanda e candomblé promovendo perseguições e destruição a lugares de cultos. Pouco noticiados na grande mídia, esses crimes acabam se tornando invisíveis para a maioria da população brasileira. “O Supremo Senhor do universo, que tem diferentes nomes em diferentes culturas, ama a todos. Dele emana toda a liberdade de pensamento, religião ou de consciência.” Igreja Metodista

O QUE É RELIGIÃO? É um tema complexo e sua conceituação é tarefa difícil.

Para Karl Marx seria: “o ópio do povo”

Para Sigmund Freud: “a superação de frustrações de desejos não atingidos (Rubem Alves, O que é religião?,p. 81 e 92.)

A religião pode ser resumida em: divindade, regras de conduta e culto. Ela faz parte da cultura de um povo e o Estado não deve dizer o que é ou não religião, mas proteger todas as manifestações culturais que se autodenominem RELIGIÃO. OS DICIONARISTAS DEFINEM:

“Crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, considerada (s) como criadora do Universo e que como tal deve (m) ser adorada (s) e obedecida (s)”, ou então, “qualquer filiação a um sistema específico de pensamento ou crença que envolve uma posição filosófica, ética, metafísica, etc.” (Segundo o dicionário Aurélio, dentre outras definições).

Desconhecendo-se qualquer religião que não possua um Deus ou vários Deuses, de se entender o termo, como toda crença (totalmente ou algo afastada da realidade) em Ente (s) superior (es) como formadores e criadores do universo, o qual acaba dividido entre o sagrado e o profano. O QUE É LIBERDADE RELIGIOSA? A liberdade religiosa é o direito que todas as pessoas têm de exercer sua religião ou até não ter qualquer crença. Qualquer ofensa a esse direito pode ser coibida por medidas jurídicas.

Garantir a liberdade religiosa é diferente de simplesmente tolerar uma religião. Não é um favor que as pessoas fazem, mas obrigação de todos e do Estado. Discriminação religiosa é crime Ninguém pode ser discriminado em razão de credo religioso.

No acesso ao trabalho, à escola, à moradia, à órgãos públicos ou privados, não se admite tratamento diferente em função da crença ou religião.

O mesmo se aplica ao uso de transporte público, prédios residenciais ou comerciais, bancos, hospitais, presídios, comércio, restaurantes, etc.

A mais alta Corte brasileira, o Supremo Tribunal Federal, já decidiu que a discriminação religiosa é uma espécie de prática de racismo.

Isto significa que o crime de discriminação religiosa é inafiançável (o acusado não pode pagar fiança para responder em liberdade) e imprescritível (o acusado pode ser punido a qualquer tempo).

A pena para o crime de discriminação religiosa pode chegar a 5 anos de reclusão.

“Em cada indivíduo, em cada povo, em cada cultura, em cada credo, existe algo que é relevante para os demais, por mais diferentes que sejam entre si. Enquanto cada grupo pretender ser o dono exclusivo da verdade, o ideal da fraternidade universal permanecerá inatingível. ” Judaísmo

O ESTADO DEVE GARANTIR A TODAS AS PESSOAS: Liberdade de crença (o que se acredita) e culto (exteriorização da crença).

O culto é um dos principais atos religiosos. Pode ser feito na residência, em templos, em locais públicos ou ao ar livre, depende do rito religioso. Ao Estado cabe garantir todas essas formas de culto e impedir também que, eventualmente, outras pessoas a perturbem. Respeitando-se a lei, todos podem reunir-se pacificamente para manifestar sua crença, sem qualquer tipo de obstáculo do Poder Público ou de particulares. Segundo a Constituição Federal existem apenas três casos em que o culto pode ser proibido: quando não tiver caráter pacífico; se houver uso de arma de fogo ou se estiver sendo praticado um ato criminoso. Fora disso, é permitido tudo aquilo que a lei não proíbe. Não podemos esquecer, no entanto, que as leis sobre vizinhança, direito ao silêncio, normas ambientais, etc. devem ser sempre respeitadas.

Cabem no campo de sua irradiação semântica, todas as formas racionalmente possíveis de manifestação organizada de religiosidade, por mais estrambóticas, extravagantes ou exóticas que sejam. E as edificações onde se realizarem esses rituais haverão de ser consideradas templos”. (Paulo de BARROS CARVALHO, Curso de Direito Tributário, p. 183.). “A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos toda a família humana como uma só família. Quem faz distinção entre os fiéis da própria religião e os de outra, deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o abandono, a irreligião.” Mahatma Gandhi O TEMPLO RELIGIOSO O templo religioso é o espaço físico, a edificação, a casa destinada ao culto religioso, na qual são realizadas as cerimônias, práticas, ritos e deveres religiosos.

Para funcionar legalmente o templo religioso necessita de alvará de funcionamento expedido pela Prefeitura do município onde esteja localizado. Apenas e tão somente a Prefeitura tem poderes para expedir o alvará de funcionamento e nenhum outro documento substitui o alvará. O imóvel pode ser próprio ou alugado. De acordo com a Constituição Federal, o templo religioso é isento do pagamento de qualquer imposto, a exemplo do IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano. No caso de Carapicuíba, uma lei municipal isenta os templos do pagamento de taxas de conservação e de limpeza pública. O Código Penal proíbe a perturbação de qualquer culto religioso e a Lei de Abuso de Autoridade pune o atentado ao livre exercício do culto. “A beleza do nosso país reside justamente na diversidade cultural e religiosa de seu povo. (…) Temos que quebrar as barreiras que nos impedem de dialogar com aqueles e aquelas que pensam e que agem de forma diferente, mas que têm o mesmo objetivo: a valorização da VIDA” Igreja Presbiteriana Independente do Brasil Casamento religioso A Constituição Federal determina que o casamento religioso tenha validade civil. Isto é, obedecidas as regras da lei civil, um casamento celebrado por Ministro Religioso de qualquer religião ou crença deve ser reconhecido legalmente. Existem dois tipos de casamento religioso: 1. o casal registra em cartório toda a documentação necessária, e, posteriormente, celebra-se o casamento perante Ministro Religioso; 2. o casamento é celebrado por um Ministro Religioso e, posteriormente, o casal apresenta a documentação necessária no cartório. Um vez que a documentação esteja regular, o casamento terá validade legal. Em um caso defendido pelo CEERT, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reconheceu pela primeira vez a validade do casamento realizado na Religião Afro-brasileira. Quanto aos nomes de filhos escolhidos de acordo com a religião dos pais, a lei garante aos pais o direito de escolher livremente a denominação dos filhos. O sobrenome deve ser o mesmo da família, mas o primeiro nome é de livre escolha.

Havendo recusa arbitrária ou preconceituosa do oficial de registro, os pais têm o direito de pedir ao Judiciário que mande fazer o registro. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo já determinou que uma criança batizada no Candomblé fosse registrada com nome africano. Diante da recusa do oficial em registrar a criança, o CEERT assumiu o caso, os pais foram ao Judiciário e saíram vitoriosos. Faculdades de teologia e escolas confessionais A lei garante a qualquer confissão religiosa o direito de criar e manter faculdades teológicas, institutos teológicos ou instituição equivalente com o objetivo de preparar seus ministros religiosos. O curso deve ter duração mínima de dois anos e ser eqüivalente a qualquer curso de nível superior. “Se eles se inclinam `A Paz, inclina-te tu também a ela e encomenda-te a Deus...” Maomé Do mesmo modo, uma associação religiosa tem o direito de criar uma creche, escola de ensino fundamental, de ensino médio ou faculdade. São as chamadas escolas confessionais. Tais escolas podem inclusive contar com apoio de recursos públicos. A HISTÓRIA DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E DA LAICIDADE NO BRASIL No período colonial as leis puniam severamente as pessoas que discordassem da religião imposta pelos escravizadores De acordo com as Leis Filipinas, a heresia e a negação ou blasfêmia de Deus eram punidas com penas corporais. A Constituição Imperial de 1824, instituía no artigo 5.º, a Religião Católica Apostólica Romana como a Religião do Estado. As outras Religiões eram permitidas com seu culto doméstico, ou particular, em casas para isso destinadas, que não tivessem forma exterior de templo. O Código Criminal do Império, de 1830, considerava crime: o culto de religião que não fosse a oficial; a zombaria contra a religião oficial; a manifestação de qualquer idéia contrária à existência de Deus. Decreto de 1832 obrigava os escravos a se converterem à religião oficial. Um indivíduo acusado de feitiçaria era castigado com a pena de morte.

“Toda crença é respeitável, Quando sincera e conducente À prática do bem.” Allan Kardec Em 07 de janeiro de 1890, o governo do Marechal Deodoro da Fonseca baixou o Decreto n. º 119-A, redigido por Rui Barbosa, que extinguiu o padroado, proibiu a intervenção da autoridade federal e dos estados federados em matéria religiosa e consagrou a liberdade de culto, mas a situação permaneceu praticamente a mesma. O decreto foi acolhido pela Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de fevereiro de 1891, que estabelecia no art. 11, ser vedado aos Estados, como à União, estabelecer, subvencionar ou embaraçar o exercício de cultos religiosos. O primeiro Código Penal republicano tratava como crimes o espiritismo e o curandeirismo. A lei penal vigente, aprovada em 1940, manteve os crimes de charlatanismo e curandeirismo. Devemos lembrar ainda que até 1976 havia uma lei no estado da Bahia que obrigava os templos das religiões de matriz africana a se cadastrarem na Delegacia de Polícia mais próxima. No estado da Paraíba, uma lei aprovada em 1966 obrigava sacerdotes e sacerdotisas daquelas religiões a se submeterem a exame de sanidade mental, por meio de laudo psiquiátrico. No cotidiano, a perseguição policial, prisões arbitrárias e invasões de templos eram comuns – e acontecem ainda hoje, embora em menor número. Não fosse a bravura, a garra e o heroísmo das (os) sacerdotisas (os), as religiões de matriz africana já teriam sido sepultadas pela intolerância e o racismo. Na ordem constitucional vigente, o princípio da laicidade foi expressamente consagrado pelo art. 19, inciso I, do Texto Magno, segundo o qual é vedado a todas as entidades da federação “estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”. “A meta última da religião é O amor. Todas as religiões e crenças são Consequentemente válidas, e sua Aceitação tem de ser baseada na liberdade e numa opção consciente e espontânea. De outra forma, a religião não teria como meta o amor”. Hinduísmo Imprimiu ao Estado um caráter rigorosamente laico, vedando, em seu art. 19, I, que o mesmo, de um lado, estabeleça alianças ou relação de dependência com qualquer culto; e, de outro, que embarace o funcionamento de culto de qualquer natureza.

Constituição Federal, art. 5º, VI “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida na forma da lei, a proteção aos locais de culto e liturgia”. O art. 5º, VI, consagra o princípio da liberdade de crença, da liberdade de culto e da liberdade de liturgia e de organização religiosa, insertas no catálogo constitucional das liberdades públicas, sendo que o STF há muito fixou o entendimento segundo o qual a decisão sobre organização religiosa insere-se nas prerrogativas privativas da autoridade religiosa. “Nenhum segmento religioso pode coagir alguém pela força ou ameaça a aceitar ou mudar de crença religiosa. (…) Todos os segmentos religiosos devem promover uma cultura de Paz e ordem, trazendo benefícios à população em geral, especialmente aos menos favorecidos.” Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo O BRASIL É UM ESTADO LAICO? Não existe um modelo universal de laicidade válido para todo e qualquer país. O Brasil, Espanha, França, Portugal e Estados Unidos constituem Estados laicos, porque não possuem religião oficial e propugnam por um regime de separação entre a comunidade política e as igrejas. Não significa a adoção pelo Estado de uma perspectiva refratária à religiosidade. Pelo contrário, a laicidade impõe que o Estado se mantenha neutro em relação às diferentes concepções religiosas presentes na sociedade, sendo-lhe vedado tomar partido em questões de fé, bem como buscar o favorecimento ou o embaraço de qualquer crença. O princípio do Estado laico pode ser diretamente relacionado a dois direitos fundamentais que gozam de máxima importância na escala dos valores constitucionais: liberdade de religião e igualdade. Em relação ao primeiro, a laicidade caracteriza-se como uma verdadeira garantia institucional da liberdade religiosa individual. Em uma sociedade pluralista como a brasileira, em que convivem pessoas das mais variadas crenças e afiliações religiosas, bem como indivíduos que não professam nenhum credo, a laicidade converte-se em instrumento indispensável para possibilitar o tratamento de todos com o mesmo respeito e consideração. A atual Constituição Federal do Brasil sufraga um modelo de laicidade que favorece o fenômeno religioso e, no particular, ainda é mais aberto para a incursão da religião no espaço público que o adotado pela primeira Constituição Republicana. O Estado laico é aquele que não privilegia nenhuma religião em particular e cuja política não é determinada por critérios religiosos. Significa dizer, ainda, que os Estados e as comunidades religiosas não sofrem interferências recíprocas no que diz respeito ao atendimento de suas finalidades institucionais. Interferência não se confunde com influência

Eventualmente, marido e mulher podem ouvir alguma sugestão dos seus pais sobre algum assunto em particular (a aquisição de um imóvel, por exemplo) e o jovem casal pode seguir ou não o conselho recebido. Isso pode ser rotulado como influência. “Não terás nenhum pensamento de ódio contra teu irmão.” Moisés Todavia, se a sogra da jovem esposa liga para a residência do casal e determina à cozinheira qual o cardápio diário a ser seguido, mesmo que motivada por preocupações com a saúde do seu filho, estamos diante de uma interferência e não mais de uma mera influência. POLÍTICAS PÚBLICAS Do mesmo modo, as políticas públicas não podem ser ditadas pelo pensamento religioso ou idealizadas para satisfazer este ou aquele grupo religioso, porque o que se busca numa comunidade política é a satisfação dos interesses de todo o grupo social, composto por cidadãos de todas as matizes ideológicas (religiosas ou não). Nada impede, entretanto, que grupos de pressão (religiosos ou não) postulem pela adoção de políticas públicas neste ou naquele sentido, conquanto o critério para a decisão estatal jamais deva ser determinado pelo pensamento religioso. “Cada ser humano possui o direito de escolher a sua própria maneira de servir o sagrado e deve fazê-lo sem perseguições e/ou discriminações, com liberdade.” Encantaria Cigana

Há dois modelos básicos de laicidade estatal. O primeiro modelo de Estado laico é o que promove uma separação tendente a confinar a religião ao foro íntimo das pessoas, procurando afastá-la do espaço público. Este é, aparentemente, o modelo que vem gradativamente sendo adotado nos países mais secularizados.

O QUE PROMOVE UMA SEPARAÇÃO O caso paradigmático é o da França, onde a religião tem sido gradualmente expulsa do espaço público, a ponto de o Parlamento francês ter recentemente aprovado uma lei (Lei n° 2004-228, de 15 de março de 2004) que proíbe aos alunos das instituições públicas de ensino a utilização de símbolos e vestimentas que representem uma manifestação ostensiva de sua identidade religiosa

OS QUE INCENTIVA AS EXPRESSÕES DE RELIGIOSIDADE

O segundo modelo de Estado laico é o que, vendo no fenômeno religioso um importante elemento de integração social, não pretende afastá-lo por completo do espaço político. Ao contrário, até incentiva as expressões de religiosidade no espaço público, chancelando-as de diversos modos, como, por exemplo, favorecendo o estabelecimento de capelanias em corporações militares.

“Se você critica a fé dos demais, sua devoção é falsa. Se você fosse sincero, apreciaria a sinceridade dos outros. Você vê erros nos outros porque você mesmo os tem, não os outros”. Sathya Sai Baba As conclusões a que chegamos, portanto, são as seguintes:

- Não há um modelo universal de laicidade que se aplique indistintamente a todos os países que adotam o regime de separação entre o Estado e as igrejas;

- Há dois modelos básicos de laicidade estatal: um mais aberto e outro mais fechado à incursão do fenômeno religioso no espaço público; Neste quadro, certas medidas que impliquem em algum tipo de suporte estatal à religião podem ser consideradas constitucionalmente legítimas, se forem justificáveis a partir de razões não-religiosas, relacionadas à proteção de outros bens jurídicos também acolhidos pela Constituição, cujo peso, no caso concreto, sobrepuje a tutela constitucional da laicidade. É o caso da conservação de igrejas barrocas ou de monumentos turísticos com conotação religiosa, em que a ação do Estado decorre da sua missão de proteção do patrimônio histórico, artístico, cultural e paisagístico. E também na hipótese de alguns feriados religiosos, seja concedida a possibilidade de celebração da data, que poderia ficar comprometida caso houvesse a obrigação de trabalhar naquele dia. “Jesus Cristo disse: “Porque faz que o Seu sol Se levante sobre os bons e os maus, e a chuva desça sobre os justos e os injustos”. Jesus deixou claro que todos somos participantes das mesmas oportunidades da vida e da graça da criação de Deus, independente de qualquer convicção.” Ministério Sara Nossa Terra ESTADO E RELIGIÃO Um dos múltiplos desdobramentos do princípio da laicidade é a exigência de diferenciação simbólica entre Estado e religião. Esta exigência se traduz na proibição do uso de símbolos religiosos, como os crucifixos, nos estabelecimentos públicos, dado que dito uso sinaliza a identificação do Estado com as idéias religiosas que os símbolos representam.

Na jurisprudência brasileira, o acórdão proferido pelo Órgão Especial do TJSP, no julgamento da Ação Direta de Constitucionalidade nº 113.349-01, realizado em 11 de maio de 2005, no qual se discutiu a validade de lei do Município de Assis, que determinara a obrigatoriedade de inserção do versículo bíblico “Feliz a Nação cujo Deus é o Senhor” em todos os impressos oficiais da municipalidade. Nas palavras do Tribunal, “como deve o Estado manter-se absolutamente neutro em relação às diversas igrejas, não podendo beneficiá-las nem prejudicá-las, não tem cabimento admitir a inserção de versículo bíblico nos impressos e documentos oficiais do Município, pois isto evidencia simpatia em relação a determinadas orientações religiosas, o que é expressamente vedado pela Lei Maior.” “Existem muitos povos, de muitas raças, falando várias línguas. Mas, para eles, só existe um sol, uma lua e uma mãe terra. Somos parte um do outro, pela vontade do Grande Espírito.” Cosmo visão indígena Esta associação pode comprometer a percepção sobre a imparcialidade do Judiciário, sobretudo quando estiverem em jogo questões em que a religião favorecida tenha posição firme, como tem ocorrido invariavelmente no Brasil nos casos envolvendo os direitos sexuais e reprodutivos.

Enfim, se a Justiça quer ser a casa de todas e de todos, o que é fundamental para que ela possa cumprir o seu elevado papel no Estado Democrático de Direito, então ela tem de evitar ao máximo as confusões simbólicas com confissões religiosas, ainda que majoritárias. É o que impõe a Constituição da República. Neste contexto de pluralismo religioso, o endosso pelo Estado de qualquer posicionamento religioso implica, necessariamente, em injustificado tratamento desfavorecido em relação àqueles que não abraçam o credo privilegiado, que são levados a considerar-se como “cidadãos de segunda classe”. “Prevenir a intolerância é assumir que nenhuma verdade é única. É reconhecer que o outro tem livre arbítrio (...) Esse reconhecimento pressupõe garantir-lhe o direito de pensar, de crer; de amar, de doar, de rezar, de ser gente religiosa. Gente que exercita a missão sagrada de reconhecer no outro a imagem e semelhança de Deus, Olorum ou Javé.” religiões afrobrasileiras

O ESTADO DEVE GARANTIR A TODAS AS PESSOAS:

Liberdade de andar com sinais exteriores que identifiquem a religião de cada um. Pode, por exemplo, ser uma roupa típica, um objeto, um hábito, etc.

Liberdade na divulgação de crenças. O Estado não pode criar obstáculos para a divulgação dos ensinamentos das religiões.

Religião e privacidade. Ninguém deve ser obrigado a declarar sua religião ou ausência dela para quem quer que seja.

ENSINO RELIGIOSO Corolário da liberdade de crença, a disciplina de ensino religioso, embora prevista no texto constitucional, foi condicionada pela matrícula de caráter facultativo, consoante preconizado no art. 210, § 1º, a matrícula é facultativa, isto é, os pais ou o próprio aluno têm o direito de escolher, de freqüentar ou não a aula de ensino religioso. Nenhuma criança ou adolescente pode ser prejudicado por ter escolhido ou não a disciplina de ensino religioso. Ninguém pode ser submetido a constrangimento em razão do credo religioso. Do mesmo modo, ninguém pode ser obrigado a frequentar ensino religioso. Os pais, os movimentos sociais e a sociedade civil devem ficar atentos para não permitir que a disciplina do ensino religioso seja utilizada para satisfazer interesses menores de grupos religiosos ou políticos. Os fiéis de todas as religiões e também os ateus pagam os impostos que mantém o ensino público. Por essa razão, o governo não tem o direito de usar dinheiro público para favorecer uma religião e discriminar ou prejudicar outra. “Em verdade, jamais se destrói o ódio pelo ódio. O ódio só é destruído pelo Amor. Este é um preceito eterno.” Buda

Destaca-se no plano infraconstitucional, as seguintes regras:

CP, que pune o ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo (art. 208); CPP, que inscreve o ministro religioso no elenco das pessoas às quais é deferido o direito à prisão especial (art. 295); A Lei n. 4.898/65, que pune o abuso de autoridade decorrente de atentado à liberdade de associação, à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício do culto religioso (art. 4º, alíneas d e e);

“Bem aventurados os que têm fome e sede

de justiça, porque serão saciados. Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem aventurados os que promovem a Paz, porque serão chamados filhos de Deus.” Jesus Cristo

A Lei n. 7.716/89, que pune a prática, a incitação e a indução à discriminação ou ao preconceito por motivo de religião, entre outros (art. 20);

Lei n. 8.212/91, que equipara, para fins previdenciários, o ministro religioso aos trabalhadores autônomos (art. 12, v, alínea c).

Retornando as normas de nível constitucional:

Cabe destacar que o casamento religioso tem efeito civil (art. 226, § 2º), a matéria esta disciplinada na Lei n. 6.015/73, a qual prevê duas modalidades de casamento religioso: o casamento precedido de habilitação civil (art. 71); e aquele não precedido de habilitação civil (art. 74).

WALTER CENEVIVA leciona que “qualquer religião pode ser aceita desde que autorizada ou não impedida de funcionar no País”.(Lei dos registros Públicos Comentada, p. 138) CF/88, art. 150, VI, alínea b:

Deferiu imunidade tributária aos templos de qualquer culto, imunidade configura regra constitucional de competência negativa, em razão da qual o Estado não exerce competência tributária, distinguindo-se da isenção, regra de natureza infraconstitucional, pela qual a lei exclui certas situações da incidência tributária.

ENSINA ALIOMAR BALEEIRO:

“Um edifício só é templo se o completam as instalações ou pertenças adequadas àquele fim, ou se utilizam efetivamente no culto ou prática religiosa” (Limitações Constitucionais ao poder de tributar, p. 183.) Adverte ainda: “Mas existe o perigo remoto de intolerância para com o culto das minorias, sobretudo se estas se formam de elementos étnicos diversos”.

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA:

Os adeptos ou seguidores de quaisquer religiões estão sujeitos a sofrer discriminação ou preconceito no Brasil, mas o número de ocorrências de intolerância (Falta de respeito) verificadas permite afirmar que algumas das crenças são mais expostas que outras. Podem-se destacar , principalmente, a judaica e as de matrizes africanas (candomblé e umbanda).

Quanto aos judeus, “(...) praticamente ao ser descoberto, o Brasil começou a ser vítima do anti-semitismo. Em 1536, o visitador do Santo Ofício ensinava aos homens ‘puros de sangue’

como conhecer os judeus, para denunciá-los em seguida”. (Júlio José Chiavenato, O negro no Brasil: da senzala à guerra do Paraguai, p. 179 – onde se apontam hábitos típicos, como preservar o sábado, tomar banhos às sextas feiras, não comer carne suína e ser circunscisado, dentre outros aspectos).

Em Petrópolis, no RJ, um bancário foi condenado, em 13 de agosto de 1999, a dois anos de reclusão (pena substituída por prestação de serviços à comunidade) e multa por ter classificado os judeus como uma das três ervas daninhas do mundo, juntamente com os ratos e as baratas, chamando os membros da religião de câncer do Oriente Médio e atribuindo aos hebreus, indistintamente, os vícios de roubar, torturar, matar, destruir, etc., em matéria jornalística de periódico local. (Processo n. 12.946, da 2. ª Vara Criminal de Petrópolis. Sentença de lavra da magistrada Florentina Ferreira Bruzzi Porto, confirmada posteriormente pelo TJRJ, por sua 6ª Câmara Criminal, tendo como relator do Ac. o Des. Salim José Chalub (Apelação Criminal n. 5.005/99). No Rio Grande do Sul, um editor de livros foi condenado nos termos do art. 20 da Lei n. 7.716/89 (modificada à época apenas pela Lei n. 8.081/90) por fazer apologia de idéias preconceituosas e discriminatórias contra judeus em seus livros, onde rechaçava a existência de campos de concentração e a morte de seis milhões de judeus, defendendo que as vítimas foram os alemães.

(TJRGS – apelação Criminal n. 695.130.484, 3ª Câmara Criminal, Rel. Des. Fernando Mottola, Revista de jurisprudência do TJRGS, n. 182, p. 163. O caso foi levado ao STF, pelo condenado (Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n. 247.591-3/RS, de 14.3.2000, DOU, de 22.3.2000).

“Todo ser humano tem direito à liberdade de pesquisa da verdade e, dentro dos limite da ordem moral e do bem comum, à liberdade na manifestação e difusão do pensamento… Pertence igualmente aos direitos da pessoa a liberdade de prestar culto a Deus, de acordo com os retos ditames da própria consciência.” Encíclica Pacem in Terris Até 1976, no Estado da Bahia, as entidades religiosas, dentre elas os “centros” de umbanda ou candomblé, submetiam-se a pagamento de taxas, registro e controle público. (Modificou-se tal situação com o Decreto Estadual n. 25.095, de 25.1.1976). Em pesquisa efetuada junto à 2ª Promotoria de Justiça da Cidadania de Salvador, foi apurado que somente no ano de 2001, até 8 de março, três denúncias foram apresentadas pelo MP ao Poder Judiciário por crimes de preconceito de religião, constando como vítimas pais ou filhos de santo de terreiros de candomblé. Em dois dos casos os acusados eram pastores de igrejas evangélicas. Em caso de imensa repercussão, um pastor ligado à seita evangélica denominada “Igreja Universal do Reino de Deus”, em 12.10.1995, em programa de televisão de âmbito nacional transmitido ao vivo, dentre outras palavras e atos, chutou a imagem da Santa Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.

Acabou processado e, ao final, foi condenado a cumprir dois anos de reclusão (com direito a sursis) pelo cometimento do delito previsto no art. 20 da Lei n. 7.716/89, nas modalidades de prática, induzimento e incitação de discriminação e preconceito religioso, em relação a “católicos, a espíritas e a adeptos de religiões de matrizes africanas”, revelando que até mesmo as religiões majoritárias (como a católica) podem ser alvo de discriminação ou preconceito. (TJSP – apelação Criminal n. 238.705.3/0, 2ª Câmara Criminal Extraordinária, Rel. Des. Geraldo Xavier, j. 10.11.1999.) AS ASSOCIAÇÕES RELIGIOSAS E O ESTADO Liberdade de associação. Todos têm o direito de associar para fins religiosos.

Titularidade pelas associações religiosas de direitos, liberdade e garantias. O Estado não pode criar obstáculos para que a associação realize seus objetivos, desde que sejam lícitos. Liberdade de auto-organização das associações religiosas. Não cabe ao Estado dizer como as associações religiosas devem se organizar.

Direito a autodeterminação. As associações que dizem se são religiosas e isto gera uma presunção de veracidade pelo Estado.

“É sagrada a liberdade de pensamento, de consciência e de religião. É sagrado o direito de entrar neste ou naquele templo, neste ou naquele terreiro, nesta ou naquela tenda. É o sagrado direito de adorar e deixar adorar. É o direito humano e divino de pensar e deixar pensar, de dizer e de ouvir.” Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo (Cenacora)

CONSTITUIÇÃO DE UMA ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA

Para que uma comunidade religiosa tenha existência legal ela precisa estar organizada em uma associação, com atas e estatutos registrados em cartório. Esta associação é denominada associação religiosa. Registrados os estatutos, a comunidade religiosa passa a ser reconhecida legalmente e pode exercer os direitos assegurados a todas as religiões. Vale lembrar que nenhuma lei, estatuto ou autoridade civil pode influenciar no funcionamento interno das confissões religiosas. Isto quer dizer que o estatuto deve ser adaptado aos rituais e preceitos de cada religião; e não o contrário. Vejamos alguns dos direitos que as associações religiosas possuem:

preparar, indicar e nomear seus sacerdotes ou sacerdotisas de acordo com os padrões de cada religião ou crença;

manter locais destinados aos cultos e criar instituições humanitárias ou de caridade;

criar e manter faculdades teológicas e escolas confessionais;

ensinar uma religião ou crença em locais apropriados;

escrever e divulgar publicações religiosas;

solicitar e receber doações voluntárias;

criar cemitérios religiosos; construir jazigos (criptas) no próprio templo religioso, para o sepultamento das autoridades religiosas.

“O sol que veio à Terra para todos iluminar / não tem bonito e nem feio/ ele ilumina todos iguais” Santo Daime

Os direitos do Ministro Religioso (sacerdotisa/sacerdote) Cada religião tem o direito de preparar e nomear seus sacerdotes e sacerdotisas de acordo com seus padrões e costumes. A lei não exige nem pode exigir que uma pessoa tenha cursado faculdade para tornar-se um Ministro(a) Religioso(a). Perante a lei, todos os sacerdotes e sacerdotisas são chamados de Ministro Religioso e todos gozam dos mesmos direitos. Para que uma pessoa se torne um Ministro Religioso ela precisa ser indicada por uma autoridade religiosa ou ser nomeada ou eleita por uma associação religiosa, legalmente constituída. A nomeação deve constar em ata e ser registrada em cartório. Os Ministros(as) Religiosos(as) possuem vários direitos, entre eles: • ser inscrito como Ministro Religioso na previdência social (para fins de aposentadoria, benefícios, etc.); • celebrar casamento e emitir o certificado de realização da cerimônia; • ter livre acesso a hospitais, presídios e quaisquer outros locais de internação coletiva, visando dar assistência religiosa; • ser preso em cela especial até o julgamento final do processo; • ser sepultado no próprio templo religioso; • ao Ministro Religioso estrangeiro é assegurado o direito de visto temporário

“Ter liberdade de religião, de pensamento

é um dos pressupostos básicos (…) Como luteranos, entendemos os malefícios Da discriminação, tendo em vista que Martinho Lutero, que iniciou a Reforma da igreja na Alemanha, foi severamente discriminado devido às suas convicções.” Igreja Evangélica Luterana do Brasil O QUE FAZER EM CASO DE DISCRIMINAÇÃO PELA RELIGIÃO OU AUSÊNCIA DELA? Não adianta discutir violentamente com o ofensor. Embora seja difícil, é preciso manter a calma e já pensar no que fazer para efetivar o seu direito.

Tomar nota, mesmo que mentalmente, de todos os detalhes.

Se puder anote o nome, endereço, telefone do ofensor e das pessoas que presenciaram o ocorrido e também, detalhes do local onde aconteceu a discriminação (não tem problemas faltarem alguns dados).

Dependendo da forma da discriminação, deve-se ainda guardar documentos como nota fiscal, anúncio, propaganda, fotos, reportagens, que podem ajudar na hora de denunciar. Com as informações e eventuais documentos, deve-se ir à Delegacia de Polícia, mais próxima do local onde ocorreu a discriminação ou de sua residência, para pedir que se faça um boletim de ocorrência (BO). Antes de sair da Delegacia, não esqueça de pedir uma cópia do BO.

Após é necessário procurar um advogado ou, caso não tenha condições de arcar com os custos, a Defensoria Pública para propositura das medidas jurídicas cabíveis. O QUE É A DEFENSORIA PÚBLICA? A Defensoria Pública do Estado de SP é uma instituição permanente cuja atribuição como expressão e instrumento do regime democrático, é oferecer, de forma integral e gratuita, aos cidadãos necessitados a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos, em todos os graus, judicial e extrajudicial.

QUEM PODE USAR O SERVIÇO DA DEFENSORIA? Pessoas que não tem condições financeira de arcar por serviços jurídicos e assim o declararem. Para comprovar essa situação, o Defensor Público irá perguntar sobre a renda familiar, patrimônio e gastos mensais, e poderão ser pedidos documentos para comprovar as informações. Em geral são atendidas pessoas que ganham menos de três salários mínimos.

QUEM SÃO OS DEFENSORES PÚBLICOS? São formados em Direito e que prestaram um concurso público específico para realizar as atribuições da Defensoria Pública nas áreas cível, família, infância e juventude, criminal e execução criminal.

LOCAIS DE ATENDIMENTO no caso de sofrer discriminação, racismo e preconeito: Além das Delegacias de Polícia, pode-se buscar atendimento nos seguintes locais:

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SP, Avenida Liberdade, 32, 7.º andar, sala 06, centro, SP, Telefone: 3105 5799 ramal 317. DELEGACIA DE CRIMES RACIAIS E DELITOS DE INTOLERÂNCIA – DECRADI: Rua Brigadeiro Tobias, 527, 3. º andar, Luz, Tele 3311 3556/3315 0151 ramal 248. Ou nas unidades de atendimento da Defensoria. Para saber os endereços das unidades de atendimento consulte: www.defensoria.sp.gov.br. No Núcleo de combate a discriminação, racismo e preconceito: núcleo.discriminaçã[email protected]).

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SP, Rua Riachuelo, 115, centro, CEP: 01007-904, Telefone: (11) 3119 9000. OUVIDORIA DA POLÍCIA DE SÃO PAULO, Rua Japurá, 42, Bela Vista, CEP: 01319-030. Telefone: (11) 3291 6006/0800-177070. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, Rua Peixoto Gomide, 768, Cerqueira César, CEP: 01409-000. Telefone: (11) 3269 5000. SECRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA E DEFESA DA CIDADANIA, Pátio do Colégio, 148-184, Centro, CEP: 01016-040. Telefone: (11) 3291 2600.

Fonte Bibliográfica: Cartilha, Diversidade Religiosa e Direitos Humanos – www.presidencia.gov.br/sedh Cartilha de Combate a Discriminação, Racismo ou Preconceito - Defensoria Pública do Estado de São Paulo - http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Default.aspx?idPagina=3510 Campanha em Defesa da Liberdade de Crença e contra a Intolerância Religiosa - CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade, INTECAB e SESC-SP. Aloísio Cristovam dos Santos Junior: Juiz do Trabalho. Mestre em Direito Político e Economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professor da Faculdade 2 de Julho.

O Crucifixo nos Tribunais e a Laicidade do Estado Daniel Sarmento - Professor de Direito Constitucional da UERJ. Mestre e Doutor em Direito Constitucional pela UERJ. Visiting Scholar da Yale Law School.