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Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho PROCESSO Nº TST-AIRR-3439-65.2012.5.06.0241 Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira. A C Ó R D Ã O 4ª Turma GDCCAS/VESS/iap/cg AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GESTANTE. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. O processamento do recurso de revista está adstrito à demonstração de divergência jurisprudencial (art. 896, alíneas a e b, da CLT) ou violação direta e literal de dispositivo da Constituição da República ou de lei federal (art. 896, c, da CLT). Não comprovada nenhuma das hipóteses do art. 896 da CLT, não há como acolher a pretensão da Recorrente. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-3439-65.2012.5.06.0241, em que é Agravante USIVALE INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. e Agravada MARIA ALEXANDRE DE OLIVEIRA. O Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região denegou seguimento ao recurso de revista interposto pela Reclamada, o que ensejou a interposição do presente agravo de instrumento. A Agravada não apresentou contraminuta ao agravo de instrumento nem contrarrazões ao recurso de revista. Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho. É o relatório. V O T O Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123ADB7830B205B.

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PROCESSO Nº TST-AIRR-3439-65.2012.5.06.0241

Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

A C Ó R D Ã O

4ª Turma

GDCCAS/VESS/iap/cg

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE

REVISTA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA.

GESTANTE. PRINCÍPIO DA

IRRETROATIVIDADE. O processamento do

recurso de revista está adstrito à

demonstração de divergência

jurisprudencial (art. 896, alíneas a e

b, da CLT) ou violação direta e literal

de dispositivo da Constituição da

República ou de lei federal (art. 896,

c, da CLT). Não comprovada nenhuma das

hipóteses do art. 896 da CLT, não há como

acolher a pretensão da Recorrente.

Agravo de instrumento de que se conhece

e a que se nega provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo

de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-3439-65.2012.5.06.0241,

em que é Agravante USIVALE INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. e Agravada MARIA

ALEXANDRE DE OLIVEIRA.

O Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da

6ª Região denegou seguimento ao recurso de revista interposto pela

Reclamada, o que ensejou a interposição do presente agravo de

instrumento.

A Agravada não apresentou contraminuta ao agravo de

instrumento nem contrarrazões ao recurso de revista.

Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do

Trabalho.

É o relatório.

V O T O

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

1. CONHECIMENTO

Atendidos os pressupostos legais de admissibilidade

do agravo de instrumento, dele conheço.

2. MÉRITO

A decisão denegatória está assim fundamentada:

“PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Trata-se de Recurso de Revista interposto em face de acórdão

proferido em sede de recurso ordinário.

O apelo é tempestivo (decisão publicada em 24/04/2014 - fl. 72 - e

apresentação das razões em 01/05/2014 - fl. 80).

A representação advocatícia está regularmente demonstrada (fl. 46).

O preparo foi corretamente efetivado (fls. 47-48).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos

Processuais / Nulidade / Negativa de prestação jurisdicional.

Contrato Individual de Trabalho / Contrato por Prazo Determinado /

Contrato de Safra.

Rescisão do Contrato de Trabalho / Reintegração/Readmissão ou

Indenização / Gestante.

Alegação(ões):

- violação dos artigos 5º, XXXVI, e 93, inciso IX, da Constituição da

República;

- violação dos artigos 832 da CLT; 458 do código Civil e

- divergência jurisprudencial.

A parte recorrente argúi nulidade processual por negativa de prestação

jurisdicional, argumentando que, mesmo instada mediante embargos

declaratórios, esta Corte não sanou a contradição havida no acórdão no

tocante ao reconhecimento de contrato de trabalho por prazo determinado e

dispensa imotivada, quando, em verdade, não houve a dispensa da autora,

mas a extinção do contrato de trabalho em decorrência do término da safra.

Em sucessivo, sustenta que a autora não faz jus ao direito à estabilidade

provisória em face do seu estado de gravidez porquanto na contratação a

termo inexiste a figura da demissão sem justa causa mas a extinção do pacto

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laboral. Defende a inaplicabilidade, ao caso vertente, da nova redação do

item III, da Súmula 244, do TST eis que sua alteração se deu em momento

posterior.

Do "decisum" impugnado exsurgem os seguintes fundamentos (fl.

59-v e 60-v):

"Incontroverso nos presentes autos que a demandante foi contratada

pela demanda em 05/09/2011, através de contrato por prazo determinado

(Contrato de safra), sendo dispensada em 15/03/2012.

Necessária a transcrição da sentença de 1º grau que de forma cristalina

resolveu a questão posta, momento em que, filio-me aos seus judiciosos

fundamentos e passo a adotá-los como razões de decisão..."

(...)

"Diante da nova redação dada ao item II sumula nº. 244 do C. TST,

acima transcrito, agiu com acerto o magistrado de 1º grau ao deferir a

estabilidade provisória à gestante, nada havendo a ser modificado neste

sentido."

Ao examinar a fundamentação constante do acórdão recorrido (fls.

986/994), observa-se que não há ofensa aos dispositivos indicados nas razões

do presente recurso (artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, 832 da

CLT e 458 do Código Civil), vez que houve pronunciamento acerca do ponto

tido por contraditório, não padecendo o entendimento Regional de qualquer

vício que autorize a sua nulidade. Ademais, sob a ótica da restrição imposta

pela OJ nº 115 da SDI-I do TST, constato que a prestação jurisdicional se

encontra completa, cumprindo acrescentar - a título de argumentação - que a

Justiça não tem que emitir pronunciamento sobre o que não é necessário ou

essencial ou com relação àquilo que já está compreendido no próprio

conteúdo da decisão que profere.

No mais, este Regional decidiu o caso de acordo com as diretrizes

previstas na Súmula nº Súmula nº 244, III, do TST, fato que inviabiliza a

admissibilidade do recurso inclusive por dissensão jurisprudencial (Súmula

nº 333 desse mesmo Órgão Superior).

Por fim, quanto à tese relativa à irretroatividade dos efeitos da nova

redação dada à Súmula citada, conforme se observa no acórdão, à fl. 60 e

verso, a Turma julgadora reporta-se aos fundamentos expendidos na

sentença, nada sendo dito - de forma explícita pelo Regional - sobre tal

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aspecto. Assim, o juízo de valor firmado pela Turma julgadora não dá

margem ao processamento do recurso de revista, à falta de

prequestionamento da matéria, convindo referir, por oportuno, que a adoção

da fundamentação constante da sentença como razões de decidir - caso dos

autos - não preenche esse requisito de admissibilidade, à luz das disposições

contidas na Súmula nº 297 e OJ nº 151 do TST, ao dispor expressamente essa

última, que a "decisão regional que simplesmente adota os fundamentos da

decisão de primeiro grau não preenche a exigência do prequestionamento, tal

como previsto na Súmula nº 297".

CONCLUSÃO

Diante do exposto, INDEFIRO o processamento do recurso de revista”

(fls. 162/164 do documento sequencial eletrônico).

A decisão denegatória está correta, não merecendo

nenhum reparo.

2.1. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

A Agravante alega que a decisão da Corte Regional

ofendeu os arts. 93, IX, da Constituição Federal, 458, II, do CPC/1973

e 832 da CLT.

Aduz o seguinte:

“Demonstrou á saciedade a Agravante, com as razões do Recurso de

Revista que foi trancado pelo respeitável despacho hostilizado, que o

acórdão do Regional a quo não completou, em sua inteireza, a entrega da

prestação jurisdicional, a despeito da interposição dos Embargos de

Declaração, violando, via de consequência, as disposições contidas no inciso

IX, do art. 93, da Carta da República, no inciso II, do art. 458, da Lei

Instrumental Civil e no art. 832, da Consolidação das Leis do Trabalho, a

despeito da interposição dos Embargos de Declaração.

É que, para manter a condenação imposta à Agravante pelo juízo

primário, ou seja, o reconhecimento da estabilidade provisória prevista no

art.10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias, em face do estado de gravidez da Agravada, quando fora ela

contratada através de contrato por prazo determinado, o Egrégio Sexto

Regional a quo o fez ao argumento de que "Razão não assiste a recorrente",

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ainda mais que "Incontroverso nos presentes autos que a demandante foi

contratada pela demanda (sic) em 05/09/2011, através de contrato por prazo

determinado (Contrato de safira), sendo dispensada em 15/03/2012" (sem os

grifos no original).

Ora, se bem que tenha o v. acórdão do Sexto regional reconhecido que

a contratação da Agravada se deu através de contrato a termo certo, fez

referência a uma suposta dispensa imotivada, quando inexistiu nos autos

qualquer evidência de que tenha ela sido dispensada. Pelo contrário, o que

existiu foi a extinção do contrato de trabalho ao final da safra moageira,

como reconhecido pela r. sentença primária.

Reconhecer, como reconheceu a existência de uma dispensa

imotivada, o v. acórdão daquele Sexto Regional fez cair por tenra a tese

sustentada pela Agravante nas razões do recurso ordinário, segundo a qual

não seria cabível a estabilidade provisória á Agravada quando sua

contratação se deu através de contrato por prazo determinado, tendo sido ele

extinto ao finai daquela safra moageira.

Pois bem, com o intuito de ver sanada a contradição em que incorreu o

v. acórdão do Regional a quo, a Agravante opôs embargos de declaração,

buscando a declaração do mesmo de não haver existido a denunciada

dispensa imotivada da Agravada e sim a extinção do contrato de trabalho

com o término da safra moageira.

Entretanto, mesmo provocado a sanar a contradição demonstrada,

aquele Egrégio Regional não só rejeitou os embargos opostos, como

considerou que os mesmos beiravam "a má fé processual, tendo em vista que

busca ver sua tese vitoriosa, utilizando-se de remédio jurídico inadequado,

bem como de argumentos vagos e robustamente explicados no acórdão sob

exame".

E de se ver, contudo, como exaustivamente demonstrado, que não

pretendeu a Agravante, através dos embargos de declaração opostos, com a

utilização de remédio inadequado, ver sua tese vitoriosa, mas tão somente a

eliminação de contradição em que incorreu o v. acórdão, capaz de

descaracterizar o contrato por prazo determinado, tese defendida pela

Agravante desde a defesa inicial.

Ora, não há negar que a prestação jurisdicional é um direito inafastável

do cidadão e um irrecusável dever do Estado. A sua entrega há de ser dada

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sobre os fatos apresentados e mediante a adequada aplicação da lei á espécie,

sob lisa e precisa fundamentação, sem os vícios da obscuridade, da

contradição ou da omissão. A sentença é o ponto culminante da relação

processual, onde o Estado-Juiz declara o Direito, no elevado propósito de

encerrar o conflito de interesses e assegurar a estabilidade e a segurança

jurídica” (fls. 172/174 do documento sequencial

eletrônico).

A nulidade por negativa de prestação jurisdicional

caracteriza-se pela tutela jurisdicional deficiente por ausência de

pronunciamento judicial sobre questões relevantes oportunamente

articuladas pelas partes.

O Tribunal regional consignou que a Reclamante foi

admitida em 05/09/2011 e dispensada em 15/03/2012, não dizendo o motivo

pelo qual ela foi dispensada. Uma vez que não há alegação de justa causa,

a ausência de pronunciamento sobre a questão é irrelevante, pois seja

ela dispensada sem justa causa, seja ela dispensada ao término do

contrato, ela tem direito à estabilidade.

Portanto, não se divisa ofensa aos arts. 93, IX, da

Constituição Federal, 458, II, do CPC/1973 e 832 da CLT.

Nego provimento.

2.2. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GESTANTE

A Agravante insiste no processamento do recurso de

revista. Alega que a decisão da Corte Regional ofende o art. 5º, XXXVI,

da Constituição.

Sustenta o seguinte:

“Não há como convalescer o entendimento sustentado pela r. sentença

primária e adotado como razões de decidir pelo v. acórdão do Egrégio Sexto

Regional, segundo o qual mesmo na contratação por prazo determinado,

quando não há a figura da dispensa imotivada e sim a extinção do contrato

pelo decurso do tempo, é cabível a estabilidade provisória à Agravada, em

face do seu estado de gravidez por ocasião da extinção do pacto laborai.

Há de se observar, inicialmente, a inexistência de controvérsia a

respeito da contratação da Agravada através de contrato a termo certo, para a

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safra moageira de 2011/12, a qual vigeu ao longo do período de 05 de

setembro de 2011 a 14 de maço de 2012, quando ocorreu sua extinção.

Aludido contrato encontra previsão no § 1°, do art. 443, na

Consolidação das Leis do Trabalho e não tem data fixa para o seu término, de

sorte que, sendo de duração determinada, seu término depende de

acontecimento susceptível de previsão aproximada. Vencido o prazo (final

da safra, como na espécie), estará automaticamente extinto.

Se bem que se encontre prevista no Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias (art. 10, II, "b"), a proibição da dispensa

imotivada ou arbitrária da empregada gestante desde a confirmação da

gravidez até cinco meses após o parto, aludida norma constitucional não se

aplica na hipótese dos autos, em face da inexistência, como exaustivamente

demonstrado, de dispensa imotivada ou arbitrária, tendo ocorrido, na

espécie, extinção do contrato por prazo certo.

Aliás, esse sempre foi o entendimento pacífico da jurisprudência

pátria, inclusive nesse Colendo Tribunal Superior do Trabalho, o qual

chegou a estratificar seu entendimento na Súmula n° 244, mutatis mutandis,

a qual tinha a seguinte redação:

[...]

Aliás, esse era o entendimento pacífico da jurisprudência pátria, como

se pode ver dos seguintes julgados, os quais se amoldaram como uma luva à

mão ao caso vertente:

[...]

Correto, contudo, o argumento contido na r. sentença primária e

corroborado pelo v. acórdão do Sexto Regional, segundo o qual o aludido

entendimento jurisprudencial veio a sofrer alteração, quando através da

Resolução TST/TP nº 185, de 14 de setembro de 2012, esse órgão máximo da

Justiça do Trabalho, alterando a redação do inciso III, da Súmula acima

referida, passou a garantir a estabilidade provisória à gestante ainda que a

contratação tenha se dado através de contrato por prazo determinado.

Há de ser ressaltado, contudo, que por ocasião da extinção do contrato

de trabalho da Agravada (14 de março de 2012), em vigor ainda se

encontrava a redação primitiva da aludida Súmula acima transcrita, a qual

somente veio a ser alterada no dia 14 de setembro daquele mesmo ano.

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Ora, como é notório, nenhuma norma pode voltar ao passado atingindo

situações já consolidadas na vigência de lei anterior, sob pena de afronta aos

princípios da segurança e da certeza das relações jurídicas, devidamente

representadas pela integridade do ato jurídico perfeito, do direito adquirido e

da coisa julgada. Inteligência da norma posta á estampa do inciso XXXVI,

do art. 5°, da Carta da República, in verbis: "a lei não prejudicará o direito

adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada".

De fato, pois não poderia ser exigido da Agravante o cumprimento da

redação dada ao item III, da súmula 244, através da Resolução TST/TP nº

185, de 14 de setembro do ano findo, quando dela ainda não tinha

conhecimento, já que a extinção do contrato de trabalho mantido com a

Agravada se deu no dia 14 de março também do ano pretérito, ou seja, seis

meses antes da alteração da aludida Súmula” (fls. 176/180 do

documento sequencial eletrônico).

Não se divisa ofensa ao art. 5º, XXXVI, da Constituição

Federal, pois o princípio da irretroatividade não é aplicável a Súmulas

e Orientações Jurisprudenciais, sendo impróprio pretender limitar os

seus efeitos ao período posterior à alteração do verbete.

Diante do exposto, nego provimento ao agravo de

instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, à unanimidade, conhecer do agravo de instrumento

e, no mérito, negar-lhe provimento.

Brasília, 6 de Abril de 2016.

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CILENE FERREIRA AMARO SANTOS Desembargadora Convocada Relatora

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