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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES – Trabalhos Técnicos 1 VIII-010 – TCO “IMPLANTAÇÃO DE UM TREINAMENTO CONTÍNUO PARA OPERADORES NO BRASIL” Christoph Platzer (1) Engenheiro Civil e Mestre em Engenharia Sanitária pela Universidade Técnica de Munique, Doutorado em Engenharia Sanitária e Ambiental na Universidade Técnica de Berlim, Alemanha, Coordenador responsável pelo programa de TCO no Nordeste da Alemanha (até maio 2000), Coordenador responsável pelo Programa Piloto TCO no Brasil (SC) pela COBAS - Consultoria Brasil Alemanha de Saneamento Ltda. Uwe Arras Mestrando da Eng. Sanitária e Ambiental da Universidade Técnica de Berlim, Alemanha. Pesquisador Estudante do PROSAB (Programa de Pesquisas em Saneamento Básico) do DESA/UFMG (Belo Horizonte) em 1998/1999. Desde Janeiro 2000 estagiário na AKUT, Berlim, e desde Setembro 2000 na COBAS, Florianópolis. Endereço (1) : Rua Padre Roma, 303, Sala 101 – Centro – Florianópolis – Santa Catarina - CEP: 88010-090 – Brasil – Tel: +55 (48) 225-6076 – Fax: +55 (48) 225-6076 – e-mail: [email protected] RESUMO Serão apresentadas as experiências da implantação de um Programa Piloto de Treinamento Contínuo para Operadores (TCO) de estações de tratamento de Água e Esgoto. A finalidade do programa é a melhoria do desempenho na operação de sistemas de água e esgoto a partir da qualificação contínua de operadores através de um dia de treinamento a cada três ou quatro meses. O projeto teve início em Junho 2000 com a adesão de participantes ao TCO. No total foram formados 7 núcleos, dos quais 4 já iniciaram o trabalho. Dos 7 núcleos, 5 foram formados na área de tratamento de água e 2 no tratamento de esgoto. Até abril, 59 instalações participaram dos dias de treinamento, com um total de 147 participantes. Mostraremos os assuntos dos treinamentos e exemplos do trabalho. Finalmente será feita uma avaliação da possibilidade de ampliar o programa para outras regiões do Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Treinamento, Operação, Operador, Estação de Tratamento de Água, Estação de Tratamento de Esgoto. INTRODUÇÃO Em meio a uma economia instável, melhorar o desempenho de estações de tratamento, sem a necessidade de grandes investimentos, tornou-se o sonho de toda empresa que opera estações de tratamento. Contribuir para esta melhoria é o objetivo do projeto de Treinamento Contínuo para Operadores de Estações de Tratamento de Água e Esgoto (TCO) Através desta apresentação queremos ampliar os conhecimentos referentes a esta forma extremamente econômica de treinamento de operadores, bem como iniciar uma troca de experiências nesta área. Apresentamos nossas experiências e convidamos todos a trocar idéias. Seria interessante a ampliação deste programa realizado inicialmente em Sta. Catarina para todo o Brasil. DESCRIÇÃO DA IDÉIA GERAL O Projeto visa a implantação de um Programa Piloto de Treinamento Contínuo para Operadores (TCO) de ETEs e ETAs num período de 2 anos, com início em junho de 2000, objetivando um melhor desempenho na operação de sistemas de água e esgoto.

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental · Mestrando da Eng. Sanitária e Ambiental da Universidade Técnica de Berlim, Alemanha. Pesquisador Estudante do PROSAB

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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos 1

VIII-010 – TCO “IMPLANTAÇÃO DE UM TREINAMENTO CONTÍNUO PARAOPERADORES NO BRASIL”

Christoph Platzer(1)

Engenheiro Civil e Mestre em Engenharia Sanitária pela Universidade Técnica deMunique, Doutorado em Engenharia Sanitária e Ambiental na Universidade Técnica deBerlim, Alemanha, Coordenador responsável pelo programa de TCO no Nordeste daAlemanha (até maio 2000), Coordenador responsável pelo Programa Piloto TCO no Brasil(SC) pela COBAS - Consultoria Brasil Alemanha de Saneamento Ltda.Uwe ArrasMestrando da Eng. Sanitária e Ambiental da Universidade Técnica de Berlim, Alemanha.Pesquisador Estudante do PROSAB (Programa de Pesquisas em Saneamento Básico) do DESA/UFMG (BeloHorizonte) em 1998/1999. Desde Janeiro 2000 estagiário na AKUT, Berlim, e desde Setembro 2000 naCOBAS, Florianópolis.

Endereço(1): Rua Padre Roma, 303, Sala 101 – Centro – Florianópolis – Santa Catarina - CEP:88010-090 – Brasil – Tel: +55 (48) 225-6076 – Fax: +55 (48) 225-6076 – e-mail:[email protected]

RESUMO

Serão apresentadas as experiências da implantação de um Programa Piloto de Treinamento Contínuo paraOperadores (TCO) de estações de tratamento de Água e Esgoto. A finalidade do programa é a melhoria dodesempenho na operação de sistemas de água e esgoto a partir da qualificação contínua de operadores atravésde um dia de treinamento a cada três ou quatro meses.O projeto teve início em Junho 2000 com a adesão de participantes ao TCO. No total foram formados 7núcleos, dos quais 4 já iniciaram o trabalho. Dos 7 núcleos, 5 foram formados na área de tratamento de águae 2 no tratamento de esgoto. Até abril, 59 instalações participaram dos dias de treinamento, com um total de147 participantes.Mostraremos os assuntos dos treinamentos e exemplos do trabalho. Finalmente será feita uma avaliação dapossibilidade de ampliar o programa para outras regiões do Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Treinamento, Operação, Operador, Estação de Tratamento de Água, Estação deTratamento de Esgoto.

INTRODUÇÃO

Em meio a uma economia instável, melhorar o desempenho de estações de tratamento, sem a necessidade degrandes investimentos, tornou-se o sonho de toda empresa que opera estações de tratamento. Contribuir paraesta melhoria é o objetivo do projeto de Treinamento Contínuo para Operadores de Estações de Tratamentode Água e Esgoto (TCO)

Através desta apresentação queremos ampliar os conhecimentos referentes a esta forma extremamenteeconômica de treinamento de operadores, bem como iniciar uma troca de experiências nesta área.Apresentamos nossas experiências e convidamos todos a trocar idéias. Seria interessante a ampliação desteprograma realizado inicialmente em Sta. Catarina para todo o Brasil.

DESCRIÇÃO DA IDÉIA GERAL

O Projeto visa a implantação de um Programa Piloto de Treinamento Contínuo para Operadores (TCO) deETEs e ETAs num período de 2 anos, com início em junho de 2000, objetivando um melhor desempenho naoperação de sistemas de água e esgoto.

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A idéia central do TCO é garantir uma qualificação contínua para operadores através de um dia detreinamento a cada três ou quatro meses.

Para este fim serão reunidos operadores em núcleos de 15 a 20 estações. Cada núcleo terá um instrutorauxiliando o grupo. O dia de treinamento começa sempre com a visita a uma das estações, onde o operadorresponsável faz a apresentação do local para os outros operadores, objetivando uma troca de experiências naprática, o que proporciona uma valorização do trabalho dos operadores e desperta o grupo para oconhecimento da importância e o resultado positivo de um Trabalho Otimizado. Este tipo de trabalho fazsucesso há 25 anos na Alemanha e aqui serão feitas divulgações a fim de eliminar os preconceitosrelacionados à organização de um TCO.

A instrução e motivação dos treinadores na fase de implantação do TCO, bem como a preparação do materialdidático necessário e o desenvolvimento de um Programa de Controle para uma operação otimizada é tarefada COBAS.

Através de um efeito multiplicativo serão atingidos de 80 a 120 estações durante o programa. O programaestá aberto para qualquer estação de tratamento de esgoto ou água, podendo esta ser da iniciativa privada,industrial, dos municípios (SAMAE) ou do estado (CASAN).

PROGRAMA DE TCO NA ALEMANHA

Há 25 anos foi implantado o primeiro TCO no estado de Baden-Württemberg, no sul da Alemanha. Desdeentão o programa desenvolveu-se em toda Alemanha, abrangendo hoje, mais de 6.000 estações de tratamentode esgoto divididas em aproximadamente 370 núcleos, em 7 grupos regionais. Cada região tem umresponsável pela coordenação.

A idéia foi desenvolvida pela necessidade de desenvolvimento de uma forma simples e viável de treinamentoe motivação de operadores. Normalmente os operadores ficam isolados nas estações. Por este motivo, com opassar dos anos, eles podem desenvolver uma forma errada de trabalhar e, em muitos casos, sentirem-sedesmotivados. Uma troca de experiência com outros operadores poderia evitar este perigo. Com a finalidadede melhorar esta situação foram formados os primeiros núcleos.

Os núcleos seguem exatamente o roteiro geral, descrito abaixo, para o programa no Brasil. O grande sucessodo programa é a sua constante atualização. As estações têm conhecimento de um novo problema geral, numprazo máximo de um ano. O programa oferece a rápida divulgação de novas leis, padrões, e também oconhecimento de experiências com equipamentos e métodos.

Para viabilizar uma comunicação entre as estações cada região publica-se uma vez por ano os endereços detodos as instalações participantes em um livro. Este apresenta ainda as novas leis, normas para a operação deestações de tratamento e artigos interessantes a respeito de um melhor desempenho da estação ou sobre asegurança do trabalho de operador.

Uma vez por ano todos os instrutores de uma região reúnem-se para uma troca de experiências. Isto éimportante tanto para a renovação do processo, visto que os instrutores desenvolvem novas idéiasinteressantes, como para o aumento da motivação dos próprios instrutores.É interessante observar que geralmente os instrutores gostam muito do trabalho de gerenciamento de umnúcleo. Isto ocorre porque eles adquirem, através deste trabalho, os conhecimentos práticos, que faltamnormalmente para engenheiros, projetistas ou técnicos.Um outro produto do trabalho é um relatório da qualidade do efluente, fazendo uma média anual de quasetodas as estações da Alemanha. Assim, consegue-se observar e documentar o desenvolvimento da proteçãodos corpos receptores através de um melhoramento da operação e também através de investimentos.

Com esta análise consegue-se identificar e provar as áreas que realmente necessitam de investimento , sendodesta forma, mais fácil conseguí-los.

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SITUAÇÃO INICIAL

A idéia de incentivar um programa de capacitação de operadores de estações de tratamento de água e esgotosurgiu através de visitas à estações de tratamento de água e esgoto em diferentes estados, durante a execuçãode projetos de engenharia no âmbito de saneamento.Percebeu-se que assim como na Alemanha, existe no Brasil a necessidade de um treinamento e motivaçãopara operadores.

A empresa de engenharia COBAS - Consultoria Brasil-Alemanha de Saneamento Ltda., com participaçãoalemã e brasileira, decidiu desenvolver um programa de capacitação permanente de operadores de estaçõesde tratamento de água e esgoto através de uma cooperação técnica alemã ao Brasil. O responsável peloprojeto, Eng. Christoph Platzer, foi também o responsável por um programa de capacitação semelhante noNordeste da Alemanha através da ATV (Abwassertechnische Vereinigung e.V.). Esta idéia foi apresentada avárias empresas de Saneamento e alguns órgãos que poderiam ajudar no financiamento do programa, sendoestas aGTZ - Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit mbH (orgão de cooperação técnica do governo Alemão),a ATV - Abwassertechnische Vereinigung e.V. ("ABES" da Alemanha) e a IWA - International WaterAssociation. Como já existia um projeto da GTZ em Santa Catarina e a empresa de Saneamento CASANhavia enviado uma carta de intenção, foi decidido que o projeto piloto seria iniciado em Santa Catarina e oprograma teve início em junho de 2000.

ANDAMENTO DO PROJETO

O projeto foi iniciado em Junho 2000 com a adesão de participantes ao TCO. .Foi firmado um convênio coma CASAN, sendo que esta já havia expressado interesse de participação no programa anteriormente. Foramorganizadas várias apresentações do programa a várias empresas da região. Em alguns casos foi necessárioum esclarecimento a respeito do sigilo dos dados obtidos no treinamento. Porém, a reação da maioria dasempresas foi muito positiva, sendo necessário limitar o número máximo de núcleos.

A Figura 1 apresenta a distribuição dos núcleos em Santa Catarina. No total foram formados 7 núcleos, dosquais 4 já iniciaram o trabalho. O primeiro núcleo já realizou o quarto encontro. Dos 7 núcleos, 5 foramformados na área de tratamento de água e 2 no tratamento de esgoto. Até hoje 59 instalações participaramdos dias de treinamento, com um total de 147 participantes.

Os núcleos de esgoto estão voltados para o lado industrial, devido à falta de sistemas de esgoto doméstico emSanta Catarina.

Figura 1: Núcleos do TCO no Estado de Santa Catarina.

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Em função do interesse dos participantes, houveram casos em que a freqüência dos encontros foi alterada de3-4 meses para 2 meses.

O QUE SERÁ FEITO NO TCO? – O DIA DE TREINAMENTO

O decurso do dia de treinamento é dividido em três partes principais, que são respectivamente a visita àestação, a parte teórica e a parte prática. Todo o TCO ocorre no local de uma estação de tratamento de águaou esgoto.

VISITA À ESTAÇÃO

A formação de grupos de 15-20 estações, localizadas relativamente perto umas das outras, oferece apossibilidade de realização dos dias de treinamento na forma de um rodízio, sendo cada encontro feito emuma das estações participantes do programa. Nesta ocasião o operador responsável apresenta a estação paraos colegas. Este procedimento é um dos principais aspectos para o sucesso do TCO na Alemanha, bem comono Brasil. Uma visita à estação (Figura 2) oferece a oportunidade para o grupo conhecer-se melhor emsituação informal e de conversas, que quase imediatamente são voltadas à uma troca de experiências. Outroponto positivo é que as diferentes instalações da estação oferecem muitos tópicos para discussão e troca deidéias.

Uma das principais tarefas do instrutor é oferecer suporte ao operador na apresentação da estação, através deperguntas positivas, sem caráter de prova, com o objetivo único de incentivar uma discussão. Isto requer nãosomente conhecimento técnico, mas principalmente capacidade didática. É muito importante nunca deixaracontecer situações que possam comprometer alguém, quer seja por falta de conhecimento ou pela operaçãoda estação de maneira errada. Entretanto é de grande importância também o registro de fatores errados e aintrodução destes numa discussão que não comprometa uma pessoa determinada.

Figura 2: TCO no Núcleo Blumenau ETE, visita à estação de tratamento de efluentes da empresaHering em Blumenau (SC) sob a condução do operador Nilton.

Sempre deve-se levar em consideração que o operador não tem a possibilidade de mudar algo no layout daestação. Normalmente, eles têm pouca ou nenhuma influência na escolha dos equipamentos e dessa formanão podem ser responsabilizados por falhas técnicas, subdimensionamentos ou sobrecargas.

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Especialmente estações com problemas operacionais ou sobrecarregadas necessitam de pessoal maisqualificado. Devem ser feitas perguntadas a respeito dos erros encontrados na estação ou em ocasião futuraexpor o erro a todos os colegas.

PARTE TEÓRICA

Para garantir a qualificação contínua dos operadores, deve-se abordar teoricamente um aspecto da estação acada encontro. O tópico para o dia de TCO é definido sempre em conjunto com os operadores no final do diade treinamento anterior. Assuntos de trabalhos cotidianos são os mais importantes e também mais pedidos noTCO.

Geralmente, o instrutor do núcleo apresenta aos operadores o assunto do dia de TCO (Figura 3). Para estefim, são elaborados pela COBAS materiais como apostilas e transparências junto com o instrutor. O objetivodas apostilas é servir como um manual prático para os operadores, e como uma referência que pode ser usadapara atualizar os conhecimentos. A apostila tenta a reduzir a informação ao conhecimento do pessoal deestações de tratamento de água e esgoto considerando estabelecidos padrões e normas brasileiras comotambém diferentes tecnologias aplicadas ou tecnologias novas no Brasil.

Figura 3: TCO no Núcleo Blumenau ETE, parte teórica com o instrutor do núcleo Carlos Schmalz.

A estrutura da parte teórica não é uma palestra “típica” que transmite a informação em apenas uma direção.Ela é um processo interativo entre o instrutor, os operadores e a COBAS num clima de trabalho maisdescontraído e pessoal. A participação de todos os operadores é essencial. O instrutor chama a atenção dosparticipantes através da inclusão de exemplos com dados reais do grupo.

Uma apresentação de trabalhos dos próprios operadores também é muito desejável. Este tipo de participaçãoé a resposta do grupo sobre o andamento do processo de aprendizagem.

PARTE PRÁTICA

A parte prática do TCO é muito importante para este processo de aprendizagem e para a atualização dosconhecimentos dos operadores. É a aplicação do conhecimento teórico na prática. Desta forma, asinformações recebidas na parte teórica tornam-se mais compreensíveis para os operadores. A Figura 4 abaixomostra um exemplo de um TCO, onde foi realizado o ensaio de floculação com o Jar Test.

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Figura 4: TCO no Núcleo Joinville ETE, Jar Test na prática.

Mais um aspecto positivo da parte prática é que a prática mostra os procedimentos e métodos de cadaoperador, a forma como ele executa os trabalhos cotidianos na própria estação. Com isso pode-se observar asdiferenças entre os operadores, as quais muitas vezes não ocorrem somente porque as estações têmequipamentos diferentes. Como a maioria dos operadores não tem uma formação profissional adequada eaprende a operar uma estação na própria rotina de trabalho, a operação e os trabalhos podem ser executadoscom erros gravesDessa forma, além de ser uma forma de exercitar e refletir o que foi apresentado na teoria daquele dia deTCO, a parte prática do TCO também serve para uma avaliação dos métodos usados pelos participantes, edependendo do caso, pode-se tentar a correção, melhora e otimização desses métodos.

EXEMPLOS DO PROJETO

Até o final de Abril 2001 já foram feitos 8 dias de treinamento em 4 núcleos, os quais foram:• 2 TCOs de tratamento de água no Núcleo Chapecó ETA• 1 TCO de tratamento de água no Núcleo Blumenau ETA• 4 TCOs de tratamento de esgoto com processos biológicos no Núcleo Blumenau ETE• 1 TCO de tratamento de esgoto com processos físico-químicos no Núcleo Joinville ETE

Os primeiros três dias de TCO para estações de tratamento de água trataram os tópicos “Ensaio deFloculação, Jar Test” e “Medição de Vazão”. A Figura 5 apresenta duas das apostilas elaboradas.

Os TCOs dos dois núcleos de ETEs foram iniciados com os assuntos “Parâmetros Gerais do TratamentoBiológico de Esgotos com Sistemas de Lodos Ativados”, “Lodos Ativados e Ciclo do Lodo”, “Medição deVazão”, “Ensaio de Floculação, Jar Test” e “Parâmetro Cor no Tratamento Biológico”.

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Figura 5: Exemplos das apostilas do TCO para ETAs e ETEs.

ASSUNTOS PARA UM DIA DE TREINAMENTO

Como já foi mencionado acima, o assunto para um dia de treinamento é definido pelos operadores. Na práticade mais de 20 anos desse tipo de treinamento na Alemanha foram selecionados alguns assuntos típicos paraum TCO, inclusive os que já foram realizados neste projeto. Eles são por exemplo (aleatoriamente):

• Amostragem de esgoto e lodo ativado• Tratamento de lodo de ETAs ou ETEs• Segurança de trabalho e higiene na estação (TCO em preparação)• Desinfecção de água com cloração (TCO em preparação)• Execução de análises básicas de água ou esgoto• Nitrificação e desnitrificação• Remoção de fósforo (biológico ou com precipitação)• Documentação de resultados operacionais• Microscopia microbiológica• Parâmetro Temperatura no Tratamento Biológico (TCO em preparação)• Lavagem de filtros de ETAs

CONCLUSÃO E PERSPECTIVA

As experiências adquiridas durante a implantação do programa TCO no estado de Santa Catarina mostraramque esta forma de treinamento de operadores tem grande eficiência, também no Brasil, na ampliação dosconhecimentos do quadro humano de operação. As grandes vantagens deste tipo de treinamento são:• Treinamentos feitos em pequenas doses teóricas, para evitar sobrecarga de informações dos operadores

que não estão preparados para acompanhar treinamentos de alguns dias;• Custos extremamente baixos, devido às curtas distâncias entre as estações, dispensando a necessidade de

alojamento; estabelece-se uma comunicação contínua sobre os assuntos operacionais. Desta forma torna-se possível também esclarecer possíveis dúvidas do último treinamento.

• Estabelecimento de uma amizade profissional entre operadores, facilitando a troca de experiências,positivas ou negativas, a partir de treinamentos a cada três ou quatro meses;

• Menor impacto no desempenho de estações, mesmo havendo substituição de operadores, visto que otreinamento é contínuo e os operadores com maior experiência podem repassar seus conhecimentos paraos novos colegas

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Devido a estas vantagens esperamos que o programa possa ser difundido para todo o Brasil. Gostaríamos dediscutir com os interessados os procedimentos para uma implantação e elaborar a idéia de um trabalho emconjunto com vários estados.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à GTZ - Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit mbH (orgão de cooperaçãotécnica do governo Alemão), à ATV - Abwassertechnische Vereinigung e.V. ("ABES" da Alemanha) e àIWA - International Water Association pelo apoio financeiro na implantação deste Projeto Piloto.