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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-AIRR-1093-39.2014.5.08.0105
Firmado por assinatura digital em 06/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
A C Ó R D Ã O
Ac. (3ª Turma)
GMALB/dbm/AB/lds
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE
REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
13.015/2014 - DESCABIMENTO.
ESTABILIDADE. DIRIGENTE SINDICAL. O
substrato fático que dá alento à decisão
regional, pela qual restaram
evidenciadas a constituição regular do
sindicato e a estabilidade provisória
dos reclamantes como dirigentes, impede
o acolhimento das ofensas alegadas
(Súmula 126/TST). Agravo de instrumento
conhecido e desprovido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo
de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-1093-39.2014.5.08.0105,
em que é Agravante MEJER AGROFLORESTAL LTDA. e Agravados MARCOS ANTÔNIO
LOPES OLIVEIRA SOUSA E OUTROS.
Pelo despacho recorrido, originário do Eg. Tribunal
Regional do Trabalho da 8ª Região, denegou-se seguimento ao recurso de
revista interposto (fls. 367/368-v).
Inconformada, a ré interpõe agravo de instrumento,
sustentando, em resumo, que o recurso merece regular processamento (fls.
371/377).
Contrarrazões a fls. 383/386-v.
Os autos não foram encaminhados ao d. Ministério
Público do Trabalho (RI/TST, art. 83).
É o relatório.
V O T O
ADMISSIBILIDADE.
Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de
admissibilidade, conheço do agravo de instrumento.
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100123A1FBEC96DB16.
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MÉRITO.
ESTABILIDADE. DIRIGENTE SINDICAL.
O Regional negou provimento ao recurso ordinário da
reclamada, sob os seguintes fundamentos, transcritos nas razões de
recurso de revista, nos termos do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (fls.
324/326):
“[...]
A estabilidade provisória dos dirigentes sindicais tem amparo
constitucional e legal, respectivamente, no art. 8°, VIII da CF/1988 e no art.
543, §3° da CLT, que ora se transcrevem:
[...]
No presente caso, os recorrentes foram eleitos, por meio de Assembleia
Geral, aos cargos de Presidente, Vice-presidente e Secretário de Finanças e
Administração, todos integrantes da diretoria do Sindicato, conforme
comprova o documento fls. 35/38.
Portanto, comprovado que todos os recorrentes ocupavam cargos de
direção sindical, resta verificar se procede a alegação de serem detentores de
estabilidade provisória.
O MM. Juízo sentenciante, às fls. 304/305-v, aduziu, em síntese, que a
estabilidade dos autores restou prejudicada em face da ausência do registro
sindical, cassando, desta feita, a tutela antecipada de fls. 152 e julgando
improcedente os pedidos elencados na peça exordial.
Com a devida vênia, esta Relatora entende que a matéria merece
análise diversa, pelos seguintes fundamentos.
Sabe-se que a constituição de entidade sindical é ato complexo, uma
vez que, além das formalidades previstas para a criação nos termos da lei
civil, exige-se ainda o registro da nova pessoa jurídica no Ministério do
Trabalho e Emprego.
No entanto, ainda que exigido o registro no MTE para que o sindicato
goze de personalidade sindical, é fato que, após o registro da Assembleia
Constitutiva no cartório competente da região para o registro de pessoas
jurídicas, já se pode reconhecer a existência jurídica da entidade sindical.
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Com efeito, o registro no MTE, por força de disposição constitucional
(art. 8°, I da CF/1988) tem caráter meramente declaratório (e não
constitutivo), já que se constitui em providência administrativa que se limita,
basicamente, a averiguar o atendimento ao princípio da unicidade sindical.
Assim, não se mostra razoável limitar o aperfeiçoamento da
estabilidade provisória ao cumprimento deste registro administrativo perante
o MTE, já que a criação do sindicato propriamente dita já ocorreu com o
registro da ata da Assembleia Constitutiva, na qual houve a eleição da
diretoria, no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Com efeito, considero que a estabilidade provisória dos dirigentes
sindicais inicia-se a partir do momento em que se procede à criação do
sindicato nos termos da lei civil, com o registro da Assembleia Constituinte
no cartório competente, até porque é justamente nesse momento inicial que
os empregados ocupantes de cargos de direção mais precisam de proteção
contra eventuais represálias por parte dos empregadores.
[...]
Assim, face ao exposto e em vista dos precedentes supra, reformo a r.
Sentença para reconhecer o direito à estabilidade provisória no emprego
inerente aos dirigentes sindicais e restabelecer os termos da tutela de fls. 152,
determinando a manutenção da reintegração dos recorrentes, com o
pagamento dos salários e demais vantagens do período de afastamento”.
Em sede de embargos declaratórios, o TRT rejeitou o
apelo, conforme o trecho a seguir, reproduzido pela parte (fl.
341-v/342):
“Em síntese, assevera o embargante que o V. Acórdão embargado, foi
omisso quanto à análise ao princípio da Unicidade Sindical, art. 8°, II, da
Carta Magna e art. 516, da CLT, ressaltando que a regularização do Sindicato
do qual os reclamantes são dirigentes, jamais ocorrerá, considerando referido
princípio.
[...]
Pois bem, nessa decisão, a E. Corte ao reconhecer a legitimidade e, por
conseguinte, a estabilidade provisória dos reclamantes, deixou clara a
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existência legítima do SINDTER, do que se deflui estar o mesmo, legitimado
para representar os trabalhadores abrangidos na jurisdição que lhe compete.
Tal entendimento, deixou cristalino o posicionamento adotado no V.
Acórdão embargado, pelo que descabe a alegação de que houve omissão na
decisão, ora embargada.
[...]”.
Insurge-se a reclamada, alegando que a criação do
SINDTER não possui registro homologado pelo Ministério do Trabalho, além
de afrontar a unicidade sindical, porque pretende representar a mesma
categoria de sindicato pré-existente na mesma base territorial. Assim,
entende que os reclamantes não possuem estabilidade sindical como
dirigentes. Indica violação dos arts. 8º, II, da Constituição Federal
e 516 da CLT.
Depreende-se da leitura do acórdão que o Regional, com
esteio no conjunto probatório dos autos, concluiu pela constituição
legítima do SINDTER, reconhecendo a estabilidade provisória dos
reclamantes como dirigentes sindicais.
Nesse contexto, para que se pudesse chegar a conclusão
diversa, como pretende a reclamada, seria necessário o reexame de fatos
e provas, procedimento vedado nesta instância extraordinária, nos termos
da Súmula 126 do TST.
A valoração dos meios de prova ofertados pela parte
constitui prerrogativa do julgador, pelo princípio da persuasão
racional, que tem previsão no ordenamento processual, na aplicação
subsidiária do art. 131 do CPC.
Em tal constatação, não se divisa ofensa aos preceitos
apontados.
Mantenho o r. despacho agravado.
Em síntese e pelo exposto, conheço do agravo de
instrumento e, no mérito, nego-lhe provimento.
ISTO POSTO
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ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de instrumento
e, no mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 6 de Abril de 2016.
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)
ALBERTO LUIZ BRESCIANI DE FONTAN PEREIRA Ministro Relator
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