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25/11/2011 217 XIX 2ª Edição * Redução em troca de obras - p.01 * MPF recebe novos relatos de bullying - p.05

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25/11/2011217XIX

2ª Edição

* Redução em troca de obras - p.01

* MPF recebe novos relatos de bullying - p.05

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Por Marília ScriboniDentre os diversos comentários tecidos sobre o remédio

constitucional, uma coisa é mais que certa: o número de Ha-beas Corpus cresceu vertiginosamente desde o início do século XXI. Como revelou levantamento do Anuário da Justiça 2011, nos últimos dez anos houve um aumento de 700% nesse tipo de pedido no Superior Tribunal de Justiça — e o Supremo Tribunal Federal não ficou atrás, registrando um aumento de 500%. Sen-síveis à tendência, dois Ministérios Públicos estaduais resolve-ram criar procuradorias especialmente voltadas para a garantia. A ideia é concentrar esforços em um setor específico do Minis-tério Público para cuidar somente de Habeas Corpus.

Nascida em São Paulo em 1993, a Procuradoria de Justiça de Habeas Corpus chega agora às terras mineiras. Acolhendo proposta do promotor de Justiça André Melo, o Ministério Pú-blico de Minas Gerais resolveu copiar a experiência paulista. A criação do órgão foi aprovada, na última sexta-feira (18/11). De acordo com Geraldo Flávio Vasques, procurador-geral de Justiça adjunto jurídico, a Procuradoria começa a funcionar em 5 de dezembro, quando será de fato instalada. Ele conta que um dos objetivos é criar um banco de dados em conjunto entre as duas procuradorias. Em São Paulo, a Procuradoria atua com entendimentos uniformes, que podem ser acessados aqui. Um deles, por exemplo, recomenda que “a sentença homologatória da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099, de 1995, tem natureza condenatória, fazendo coisa julgada material e for-mal, com as únicas restrições expressamente previstas em lei, sendo, portanto, vedada a futura instauração de ação penal pelo mesmo fato”. O dispositivo em questão determina que “haven-do representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta”.

André Melo, autor da proposta, conta que buscou inspira-ção na ideia pioneira, dado o número de crescimento da popu-lação do estado e os investimentos no sistema carcerário — os dois fatores, conta, impulsionaram os pedidos de Habeas Cor-pus. Inicialmente, membros da Procuradoria Criminal do MP de Minas serão realocados para a nova área. Hoje, eles são em nú-mero de seis. Ou seja, a recém-criada começa a funcionar com metade da sua capacidade, já que a proposta fala em 12 procura-dores atuando.De acordo com o parágrafo segundo da resolução que institui a Procuradoria, é atribuição dela “oficiar em todos os Habeas Corpus que tramitarem pela Procuradoria-Geral de Justiça”. E ainda: “oficiar em pedidos de suspensão de limina-res; participar das sessões dos tribunais, sustentando oralmente, se necessário, a posição do Ministério Público, no julgamento dos processos em que oficiou, tomando ciência, pessoalmente e mediante vista dos autos respectivos, das decisões proferidas e interpor, quando for o caso, recursos aos Tribunais locais ou Superiores e acompanhar a respectiva tramitação”.

O HC e o espirro“Hoje, a cada espirro do juiz se entra com um Habeas Cor-

pus”, chegou a declarar o ministro Ari Pargendler, do Superior Tribunal de Justiça. “O Habeas Corpus deveria se limitar à fun-ção original, que é socorrer o réu preso. Incidentes processuais deveriam ser resolvidos por meio de recurso”, disse.

Professora de Direito Penal da Direito GV, Heloisa Estelli-

ta lembra que quem responde a processo penal tem urgência em duas coisas: que, um, ele seja justo e que, dois, seja célere. “Não há recursos intermediários no processo penal”. Na prática, significa dizer que o réu só tem um instrumento à mão se quiser questionar ilegalidades: o Habeas Corpus. “Há pressa”, conta.

Por isso, a professora não recrimina a profusão de pedi-dos. Pelo contrário. “A defesa ainda é mal tratada no Brasil e os acusados, por meio da Defensoria Pública, estão tendo seus direitos mais bem atendidos”, explica. Heloisa lembra também que a incidência de ilegalidades, tidas como básicas, no curso do processo ainda é grande, como presos que não deveriam estar presos e erros relacionados à dosimetria da pena. Daí, a necessi-dade de recorrer ao remédio constitucional.

“Quem reclama do aumento de Habeas está reclamando do aumento de trabalho”, opina a criminalista. “Claro que vai ter quem age de má-fé e quem usa o recurso só para atrasar o trâmi-te, mas não é sempre assim. Aqui no Brasil, um único juiz pode condenar o acusado a uma pena muito alta. O ideal seria que eles atuassem em três juízes”, diz.

Thiago Gomes Anastácio, criminalista associado ao Ins-tituto de Defesa do Direito de Defesa, tece seu raciocínio no mesmo sentido. Ele lembra que “o processo penal é a garantia de que não há ilegalidades” e que “o Habeas Corpus é um ele-mento central da democracia”. Para ele, o Ministério Público e a magistratura deveriam se atentar às decisões do Supremo. “O erro não é de quem pede o HC, mas de quem erra ao descuprir os entendimentos”.Sobre a criação da Procuradoria de Habeas Corpus, Anastácio diz que “toda especialização tem uma coisa boa e outra ruim”. A ruim, aponta, é que “são raros os casos em que a Procuradoria é favorável ao pedido”.

Mais julgadoresO criminalista toca em outro ponto: a necessidade de se

aumentar o número de ministros, tanto no Supremo quanto no STJ. Em voto recente, inclusive, o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, criticou a demora no julgamento de um Habeas Corpus, como noticiou a revista Consultor Jurídico.

Com base em tabelas e estatísticas, o ministro demonstrou a necessidade de se aumentar o número de juízes que hoje com-põem o STJ. “É injustificável encontrar-se sem julgamento pelo colegiado Habeas Corpus cujo processo está aparelhado, para tanto, há mais de dois anos”.

Apesar de considerar a demora no julgamento do Habeas Corpus como injustificável, ao prestar informações, o STJ escla-receu que, por causa da “aposentadoria do ministro Paulo Ga-lotti, o processo foi distribuído ao ministro Haroldo Rodrigues e encontra-se concluso com parecer do Ministério Público Fede-ral”.O paciente do Habeas Corpus em questão foi o ex-prefeito de Bauru (interior de São Paulo), Antonio Izzo Filho, defendido pelo criminalista Alberto Zacharias Toron. De acordo com a de-fesa, a 2ª Vara Criminal da cidade condenou o político à pena de cinco de reclusão pelo crime de extorsão contra a ECCB, antiga empresa de ônibus circular da cidade. “Ao estabelecer a pena base superior ao mínimo legal de dois anos para o tipo”, alegou o advogado, “o magistrado levou em consideração o fato de o crime ter sido praticado quando o agente exercia o cargo de prefeito”. Marília Scriboni é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 24 de novembro de 2011

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MP de Minas cria Procuradoria do Habeas Corpus

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Paulo Sarapu

Quatro projetos de lei em tramitação na Câmara Munici-pal de Belo Horizonte tratam de bebida alcoólica e menores. O Projeto de Lei 1966, de 2011, trata da proibição da perma-nência de menores de 18 anos nas ruas da cidade depois das 23h se estiverem desacompanhados do responsável legal. A proposta tramita em primeiro turno. O ‘toque de recolher’ proposto pelo vereador Paulinho Motorista lembra que BH é a capital dos botecos e diz que a medida poderia evitar o consumo de bebida alcoólica e drogas entre os adolescentes e diminuir a violência e o número de acidentes envolvendo jovens nesta faixa etária.

Já o PL 455, de 2009, determina que a concessão de alvará para funcionamento de bares e similares que vendam bebidas alcoólicas respeite a distância mínima de um raio de 500 metros de instituições de ensino. A proposta, que tramita em segundo turno, é do vereador Elias Murad, que também apresentou o projeto 480, de 2009, proibindo a venda de be-bidas alcoólicas e o consumo em lojas de conveniência de postos de gasolina ou restaurantes self-service instalados em postos. As penas, neste caso, seriam autuação, pagamento de multa e cassação do alvará, na terceira de reincidência. O projeto já está pronto para apreciação em plenário.

Também em segundo turno, o Projeto de Lei 1754, de

2011, trata da obrigatoriedade de se instalar em rótulos de bebidas alcoólicas comercializadas em BH um alerta sobre os perigos da ingestão de álcool por gestantes. Se aprovada, a iniciativa do vereador Joel Moreira Filho determina que as garrafas também deverão ressaltar a proibição da ven-da para menores de 18 anos e que também é proibido diri-gir sob efeitos do álcool. Na Assembleia Legislativa, o PL 1364/2011, da deputada Ana Maria Resende, também proíbe que estabelecimentos vendam, sirvam ou forneçam bebida para menores. A iniciativa tramita em primeiro turno.Jovens apreendidos

Uma operação conjunta de agentes da Divisão de Orien-tação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad) e co-missários do Juizado da Infância e Adolescência apreendeu cerca de 60 jovens numa festa no Bairro Maria Helena, Re-gião Venda Nova, em agosto. A maioria dos adolescentes foi encaminhada ao juizado. Alguns foram entregues aos seus pais no local, mediante assinatura de termo de compromisso. O dono do imóvel e o promotor da festa foram identificados e intimados durante as apurações policiais. Um mês antes, 109 adolescentes foram detidos numa casa no Bairro Santa Lúcia, durante festa inspirada no filme American Pie, em que jovens perdem a virgindade e fazem uso abusivo de ál-cool. Agentes flagraram adolescentes com bebidas e uma garota fazendo striptease.

rePOrtaGeM de CaPa

Projetos restringem bebida a menores

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Pedro FerreiraNovos relatos de bullying in-

dicam que as denúncias de agres-sões sofridas por alunos do Centro Pedagógico da Universidade Fede-ral de Minas Gerais (UFMG), na quarta-feira, não foram as primei-ras. No dia 11, pais de outras crian-ças e adolescentes protocolaram representação pedindo providên-cias ao Ministério Público Federal (MPF) em relação a abusos promo-vidos por estudantes.

A última denúncia de agres-são foi registrada por pais em bo-letim de ocorrência no 3º Distrito Policial do Bairro Ouro Preto, na Pampulha, relatando que 10 meni-nas do 5º ano foram agredidas por um grupo de meninos do 6º ano, na quarta-feira. Segundo a Polícia Civil, o caso será comunicado ao Conselho Tutelar e a investigação será transferida para a Delega-cia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).

Pais de estudantes sustentam que a direção do Centro Pedagó-gico evita informar os problemas à Reitoria da UFMG. “Eles têm esses situações como uma coisa normal entre os alunos. Só que meu filho, que tem 12 anos, é agredido verbal e fisicamente”, disse um pai, que pediu para não ser identificado, com medo de que o adolescente sofra represálias.

“Eu deveria ter feito boletim de ocorrência antes, quando ele chegou em casa com hematoma no rosto. Em várias outras vezes, ele chegou com hematomas nas pernas”, acrescenta. Em 5 de se-tembro, o pai conta que protocolou documento pedindo providências à Reitoria da UFMG, com cópias para dirigentes do Centro Peda-gógico e da própria universidade. “Até hoje, não tive resposta.”, dis-se, ressaltando que também pediu ajuda ao Ministério da Educação e ao Conselho Tutelar.

Na quarta-feira, uma das ví-

tima de agressão foi a filha de 10 anos do bancário Paulo Sérgio de Souza, de 43. “Ela ficou com he-matomas devido à violência”, de-nunciou o bancário. Segundo ele, as agressões foram no horário do recreio, no turno da manhã. “As meninas levaram tapas no rosto, chutes e arranhões. Os pais ficaram sabendo somente à tarde, pois as vítimas foram impedidas de avisá-los. Minha filha telefonou do celu-lar, escondida”, disse o bancário.

A dona de casa Cláudia de Fá-tima Lima, de 40, conta que foi a primeira vez que a filha de 10 anos foi agredida. Ela também diz que a estudante foi impedida de ligar para casa. “Conseguiu falar comi-go mais tarde, na hora do almoço. Estava nervosa e chorava muito. Contou que foi jogada no chão, que bateu com a cabeça e foi chu-tada. Está com o joelho todo roxo. Chamei a polícia na hora, quando fiquei sabendo”, disse.

A dona de casa conta que foi hostilizada pelos funcionários da escola. “Disseram que eu não esta-va deixando que eles tomassem as providências”, disse, reclamando que as vítimas não receberam aten-dimento psicológico. “Uma colega da minha filha não quer mais vol-tar ao Centro Pedagógico e será transferida. Minha filha também”, afirmou. “Meninos maiores não deixam os pequenos usar o banhei-ro. Minha filha está traumatizada e se recusa a voltar. Ela sempre foi muito tranquila, nunca se envolveu em confusão, mas quem apanhou não tinha nada a ver com nada”, acrescentou.

No boletim de ocorrência re-lativo ao episódio, registrado por policiais do 34º Batalhão da PM, consta que a filha da denunciante permaneceu no interior da escola, sob a responsabilidade da vice-di-retora, que não quis receber os po-liciais, alegando estar em reunião com outros professores.

estadO de MInas - MG - COnaMP - 25.11.2011

MPF recebe novos relatos de bullying

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