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2 a Conferência de Weilburg 27 a 29 de Novembro de 2018, Weilburg, Alemanha Inclusão Social em processos de REDD+: Situação e Resultados de 10 anos de Preparação e Implementação REDD+ Relatório da Conferência Elaborado por Kimaren Ole Riamit — Maio de 2019

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1RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

2a Conferência de Weilburg 27 a 29 de Novembro de 2018, Weilburg, Alemanha

Inclusão Social em processos de REDD+: Situação e Resultados de 10 anos de Preparação e Implementação REDD+

Relatório da Conferência Elaborado por Kimaren Ole Riamit — Maio de 2019

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2RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

O presente relatório foi encomendado pelos organizadores da Conferência de Weilburg – o BMZ e o FPCF – e foi elaborado por Kimaren Riamit (Consultor). Quaisquer comentários ou observações sobre o relatório devem ser dirigidos à Sra. Ute Sonntag, GIZ (ute. [email protected], GIZ) e à Sra. Haddy Sey, FCPF ([email protected]).

O autor gostaria de agradecer o apoio prestado na preparação deste relatório às seguintes pessoas: Sra. Ute Sonntag (GIZ) e Sra. Haddy Sey (FCPF) por seu valioso feedback, orientação técnica e supervisão geral durante o processo de elaboração do relatório; aos participantes do evento que contribuíram com suas reflexões sobre estudos de caso específicos e que compartilharam suas experiências através dos grupos de trabalho regionais.

O autor agradece também a contribuição da equipe “Vozes para a Ação” da Conferência de Weilburg, que redigiu as mensagens-chave de Weilburg II: Sra. Cécile Ndjebet (Réseau des Femmes Africaines pour la Gestion Communautaire des Forêts, REFACOF); Joseph Ole Simel (Mainyoito Pastoralist Integrated Development Organization - MPIDO); Sr. Josh Liechtenstein (Bank Information Center); Sra. Grace Balawang (Indigenous Peoples International Centre for Policy Research and Education, Tebtebba); Sr. Saah David (Forestry Development Authority, Liberia FDA-RIU) e Sra. Harlem Marino Saavedra (Derecho, Ambiente y Recursos Naturales, DAR).

Gostaríamos também de agradecer a contribuição da equipe de relatores dos grupos de trabalho regionais da Conferência, entre os quais a Sra. Tamara Bah, o Sr. Tchani Wachiou e o Sr. Guillermo Mayorga, respectivamente pelas regiões Ásia, África e América Latina.

AGRADECIMENTOS

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3RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS 4

SUMÁRIO EXECUTIVO 5

1. INTRODUÇÃO 8 Reflexões dos Participantes – Os 10 anos do percurso REDD+ 10

2. SALVAGUARDAS: A GESTÃO DE RISCOS E A MAXIMIZAÇÃO DE DIVIDENDOS DO DESENVOLVIMENTO INCLUSIVO PARA AS COMUNIDADES DAS FLORESTAS 11 2.1 Lições aprendidas sobre as salvaguardas de REDD+ 13 2.2 Ações urgentes em matéria de salvaguardas 15

3. MELHORAR OS MODELOS DE REPARTIÇÃO EQUITATIVA DE BENEFÍCIOS DE CARBONO E NÃO CARBONO 17 3.1 Lições aprendidas sobre a repartição de benefícios 19 3.2 Ações urgentes em matéria de repartição de benefícios 20

4. DIREITOS E POSSE DE RECURSOS NATURAIS: DAS POLÍTICAS À AÇÃO 21 4.1 Lições aprendidas sobre direitos e posse de recursos naturais 22 4.2 Ações urgentes em matéria de direitos e posse de recursos naturais 26

5. IMPACTOS DA INCLUSÃO SOCIAL PARA O REDD+ E PARA ALÉM 27 5.1 O que os esforços de inclusão social trouxeram para REDD+? 28 5.2 O que REDD+ e a inclusão social em REDD+ trouxeram aos países? 29 5.3 Responsabilidade das iniciativas REDD+ de manter as mudanças no futuro 30

6. CONCLUSÕES E PRÓXIMOS PASSOS 31 Mensagens da Agenda de Ação de Weilburg 32

7. LISTA DE ANEXOS Anexo I: Documentação Gráfica 35 Anexo II: Notas sobre Salvaguardas dos Grupos de Trabalho Regionais 36 Anexo III: Notas sobre Repartição de Benefícios dos Grupos de Trabalho Regionais 44 Anexo IV: Notas sobre Direitos e Posse de Recursos dos Grupos de Trabalho Regionais 51 Anexo V: Merry-go-round: Que contribuiu a Inclusão Social para o REDD+ e para além? 60 Anexo VI: Lista de Participantes 70 Anexo VII: Agenda da Conferência 75 Anexo VIII: Nota Conceitual da Conferência 77

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4RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

LISTA DE SIGLAS

BMZ Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (na sigla em alemão)

ERPACL Comunidades Locais

CLPI Consentimento livre, prévio e informado

ERPAs Contratos de Compra de Redução de Emissões (na sigla em inglês)

ERP(D) (Documento de) Programa de Redução de Emissões (na sigla em inglês)

FCPF Fundo de Parceria de Carbono Florestal (do Banco Mundial) (na sigla em inglês)

GCF Fundo Verde para o Clima (na sigla em Inglês)

GIZ Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH

OSC Organização da Sociedade Civil

PLs Povos Indígenas

PICLs Povos Indígenas e Comunidades Locais

QGAS Quadro de Gestão Ambiental e Social (ESMF, na sigla em inglês)

REDD+ Redução das emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal em países em desenvolvimento, incluindo o papel da conservação florestal, o manejo sustentável de florestas e o aumento dos estoques de carbono florestal

SESA Avaliação Ambiental e Social Estratégica SESA (na sigla em inglês)

SIS Sistemas de Informações de Salvaguardas

UNDRIP Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (na sigla em inglês)

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5RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

SUMÁRIO EXECUTIVO

A 2a Conferência de Weilburg, realizada em novembro de 2018, foi promovida pelo Banco Mundial e pelo Ministério Federal Alemão da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) e levada a cabo conjuntamente pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e pelo Fundo de Parceria de Carbono Florestal (FCPF).

A Conferência, que contou com uma participação regional equilibrada e um grande número de represen-tantes de povos indígenas, comunidades locais e mulheres, reuniu um conjunto transversal de atores de REDD+, criando um ambiente inspirador. De acordo com seu título “Inclusão Social em processos de REDD+: Situação e Resultados de 10 anos de Preparação e Implementação de REDD+”, a Conferência criou oportunidade e espaço para ligação com a base, para reflexão e simplesmente para tomar o pulso sobre alguns elementos cruciais da inclusão social em REDD+.

Em primeiro plano estiveram três temas que são essenciais para a inclusão social: as salvaguardas, a repartição de benefícios e a posse da terra e dos recursos naturais, que foram abordados no contexto dos últimos 10 anos de preparação e pilotagem de REDD+, incluindo um olhar sobre os impactos da inclusão social em REDD+ para além dos meros processos de REDD+.

Em conjunto, a adesão às salvaguardas, o acesso aos benefícios e a segurança da posse da terra, incluindo os necessários quadros institucionais e jurídicos propícios para REDD+ e a inclusão de gênero, têm potencial para fornecerem uma base sólida para iniciativas REDD+ sustentáveis e em favor dos pobres nos países REDD+.

As preocupações com a sustentabilidade e a inclusão social sempre estiveram no topo da agenda de REDD+. Baseando-se em seus 10 anos de trabalho colaborativo sobre inclusão social em países anfitriões de REDD+, a hipótese do FCPF e do BMZ para a Conferência foi que a inclusão social e a sustentabilidade são os pilares dos quais depende o sucesso ou o fracasso de REDD+. Assim, a Conferência pretendia tirar lições das experiências valiosas e crescentes dos países REDD+, dos PICLs, das mulheres em suas comu-nidades, das OSCs, dos parceiros doadores e de outros atores na abordagem e promoção da inclusão social nos programas de REDD+ .

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6RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Os participantes lamentaram os atrasos ocorridos na implementação de REDD+, formularam suges-tões para melhorias e identificaram necessidades de apoio pelos doadores internacionais. Em relação às Salvaguardas, os participantes pediram esforços contínuos para garantir sua aplicação durante a implementação de REDD+ e para ancorar os mecanismos das salvaguardas na legislação nacional, a fim de garantir sua sustentabilidade e uso em outros setores. Quanto à Repartição de Benefícios, os participantes sublinharam a necessidade de abordar de forma significativa as questões relacionadas com a transparência, equidade e modalidades de acesso, a fim de evitar conflitos, garantir a eficácia dos planos de repartição de benefícios e, portanto, a sustentabilidade dos esforços de redução de emissões. Sobre a Posse da Terra e dos Recursos Naturais, foi salientada a necessidade de considerar os direitos consuetudinários e das mulheres e a posse como um conjunto de direitos em contextos complexos e específicos de países/regiões, de maneira a não (re)produzir novas exclusões através da formalização. Os participantes pediram apoio para a resolução de conflitos fundiários e das questões de direitos sobre a terra, bem como na proteção dos direitos humanos indígenas e locais e os ativistas ambientais.

Os participantes constataram que REDD+ impulsionou diálogos progressistas em torno das salvaguardas, de planos de repartição de benefícios, de direitos de posse de terra e carbono e das correspondentes reformas legais e institucionais e contribuiu para clarificar o lugar e o papel dos PICLs e das mulheres no manejo de florestas e dos recursos naturais. Os diálogos abriram espaço para o empenhamento, a representação e consultas de múltiplos atores, possibilitando que os PICLs e mulheres contribuam para uma compreensão mais aprofundada e diferenciada de REDD+ em seus países.

Da mesma maneira, os esforços de capacitação em REDD+ facilitaram uma articulação mais informada e clara das preocupações por parte dos PICLs, das mulheres, das OSCs e dos governos no contexto de REDD+, ­levando­cada­vez­mais­à­tomada­de­decisões­de­forma­cooperativa­e­a­uma­confiança­mútua crescente entre os atores de REDD+. Através de uma maior conscientização, os PICLs e as mulheres cada vez mais se erguem e defendem os seus direitos, contribuindo para um maior reconhecimento dos direitos consuetudinários à terra, a sensibilidade de gênero no planejamento do desenvolvimento e uma tendência crescente da participação e representação das mulheres na gover-nança e no manejo dos recursos naturais.

Para efeitos de expansão, >> clique aqui para ir ao Anexo I

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7RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Em geral, através da ativação de espaços de diálogo inclusivo e de plataformas de múltiplos atores, facilitando assim negociações significativas, os esforços de inclusão social de REDD+ conduziram, em última instância, ao estabelecimento de arranjos programáticos, políticos, legislativos e de tomada de decisão mais inclusivos, adequados e sustentáveis.

Embora os impactos transformacionais positivos da inclusão social em REDD+ sejam lentos, eles estão se-guramente sendo notados e replicados também em outros âmbitos, processos e espaços políticos que vão para além da mudança climática e de REDD+: por exemplo, no setor da Saúde na Costa Rica ou no setor dos transportes no Quénia e ainda em muitos outros lugares quando se trata de consultas aos PICLs. Apesar disso, o apoio e a implementação de reformas políticas e progressos rumo à governança inclusiva continua sendo um desafio para os países anfitriões de REDD+.

Os parceiros doadores e os governos nacionais foram chamados a manter e aumentar o financiamento para reforçar a capacitação e tornar a participação dos PICLs e das mulheres numa prática comum no âmbito de arranjos institucionais pertinentes e em vários níveis. A implementação da fase do ERP do Fundo de Carbono, que irá promover a operacionalização efetiva das salvaguardas e dos planos de repartição de benefícios, foi considerada uma arena essencial para aplicar e ampliar arranjos de governança e direcionar mais esforços de capacitação.

Os participantes enfatizaram que é essencial manter e alavancar os resultados da inclusão social em REDD+ – incluindo a confiança mútua entre os governos e os PICLs – a fim de garantir o desenvolvimento e a concretização de uma agenda de desenvolvimento em favor dos pobres, sustentável e colaborativa e apropriada aos objetivos REDD+ e para além deles.

Como conclusão da Conferência com a duração de três dias, os participantes dos países anfitriões de REDD+ e as organizações da sociedade civil elaboraram conjuntamente e aprovaram o documento “Mensagens da Agenda de Ação de Weilburg”.

Para efeitos de expansão, >> clique aqui para ir ao Anexo I

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8RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

1. INTRODUÇÃO A 2a Conferência de Weilburg, com o tema “Inclusão Social nos processos REDD+: Situação e Resultados de 10 anos de Preparação e Implementação REDD+” teve lugar de 27 a 29 de Novembro de 2018, no Castelo de Weilburg, na Alemanha. A Conferência foi promovida pelo Banco Mundial e pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) e implementada conjuntamente pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e pelo Fundo de Parceria de Carbono Florestal (FCPF) do Banco Mundial.

A Conferência reuniu um grupo representativo de cerca de 100 atores de REDD+ provenientes de todo o globo, incluindo povos indígenas que dependem da floresta e outros habitantes da floresta (PICLs), mulheres, representantes de organizações da sociedade civil (OSCs), países que participam em REDD+, agências doadoras de REDD+, organizações internacionais e académicos (ver Anexo V, Lista de Participantes).

O tema da Conferência foi a inclusão social nos processos de REDD+, com ênfase na questão até que ponto as salvaguardas, a repartição de benefícios e a posse da terra e dos recursos naturais foram abordados nos últimos 10 anos de preparação e pilotagem de REDD+, incluindo um olhar sobre os impactos da inclusão social em REDD+ e para além de REDD+. Os objetivos específicos da Conferência foram: i) analisar os avanços realizados e os desafios que persistem (lições aprendidas) na abordagem da inclusão social e da sustentabilidade ambiental em REDD+; e, ii) destacar todos os efeitos transformacionais perceptíveis que os processos REDD+ tenham impulsionado (impactos para além de REDD+) (ver a Nota Conceitual da Conferência, Anexo VIII).

A hipótese dos organizadores da Conferência foi que a inclusão social e a sustentabilidade são os pilares decisivos para o sucesso ou o fracasso de REDD+. A escolha dos três temas centrais (salva-guardas, repartição de benefícios e posse da terra) foi baseada em diferentes fatores. Em primeiro lugar, a visão global de longo prazo de REDD+ visa promover cobenefícios sustentáveis e social-mente inclusivos para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas, com base na garantia da integridade dos ecossistemas florestais e na salvaguarda dos meios de subsistência local. Em segundo lugar, o(s) objetivo(s) do FCPF e do BMZ no âmbito de seu envolvimento na agenda REDD+ tem sido atingir o duplo objetivo da gestão sustentável das paisagens e o desenvolvimento econô-mico e social das regiões rurais em prol dos mais pobres. Em terceiro lugar, as salvaguardas, o acesso aos benefícios e a segurança da posse da terra (incluindo os correspondentes arranjos de governança, marcos legais e regulatórios para REDD+), considerados em conjunto, têm potencial para fornecerem uma base sólida para iniciativas de REDD+ sustentáveis e em favor dos pobres, nos países anfitriões de REDD+. Em quarto lugar, os povos indígenas que dependem da floresta e os habitantes das florestas, incluindo as mulheres dessas comunidades, são alguns dos atores de REDD+ que têm sido vítimas de exclusão histórica no contexto do desenvolvimento e manejo dos recursos naturais. Em quinto lugar, o foco da Conferência também se fundamentou em algumas das mensagens da primeira Conferência de Weilburg (em setembro de 2013), que referiam REDD+ como catalisador para promover e melhorar uma parceria significativa entre os PICLs e os governos nacionais.

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9RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

A questão da inclusão de gênero e o papel das mulheres nos processos relacionados com REDD+ foram percebidos como questões transversais, que receberam uma atenção particular nas delibe-rações da Conferência. A representação, participação e consideração da voz das mulheres na preparação de REDD+ e no desenho dos ERPDs e ERPAs, incluindo sua participação efetiva nos novos mecanismos de tomada de decisão, no acesso efetivo e equitativo à terra, aos recursos naturais e aos benefícios associados a REDD+, e o modo como foram atenuadas as preocupações e os riscos específicos para as mulheres relacionados com REDD+, continuaram sendo uma preocupação constante durante a Conferência.

O desenho da Conferência e as metodologias de facilitação foram diversificado1, com uma abordagem fortemente participativa e o objetivo de proporcionar um espaço e um ambiente de participação aberto, a fim de enriquecer e diferenciar as reflexões e o intercâmbio de perspectivas, experiências e aspirações dos atores presentes, vindos de diferentes regiões, países e contextos.

A Conferência de três dias foi composta por dois dias de contribuições e reflexões sobre as expe-riências dos países e dos atores quanto à inclusão social de REDD+ e um último dia em que foram analisados os impactos de REDD+ para além do setor e identificados os possíveis próximos passos. Por fim, cada grupo de atores teve oportunidade de compartilhar suas experiências coletivas e individuais e refletir sobre ações concretas futuras relativas à inclusão social em REDD+ (ver Anexo VII, Agenda da Conferência).

Os pontos de debate que constam nos capítulos seguintes deste relatório foram extraídos de um valioso conjunto de dados e reflexões geradas a partir de uma série de sessões de participação interativa ao longo dos três dias da Conferência. Concretamente, cada uma das três áreas temáticas (salvaguardas, repartição de benefícios e posse da terra) foi estruturada em sessões de apresen-tação de casos REDD+ focados em países, com respostas em plenário, seguidas de sessões de debate aprofundado nos três grupos de trabalho regionais (Ásia e Pacífico, América Latina e África) com múltiplos atores, centradas nas experiências, lições e propostas de ações prioritárias.

Embora os capítulos seguintes apresentem uma síntese bastante condensada dos resultados da Conferência, todos os resultados dos trabalhos estão anexados (no idioma dos respectivos grupos de trabalho) ao relatório, a fim de providenciar uma referência mais detalhada das deliberações da Conferência.

(1) Abordagens/metodologias de facilitação: Grupos de retroalimentação para reflexão, Apresentação de casos /apresentações

introdutórias, método Aquário, Bastão da Fala, Merry-go-around, Grupos de Trabalho regionais, Visualização e Espaços de

Café…)

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10RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Reflexões dos Participantes – Os 10 anos do percurso REDD+

As reflexões introdutórias sobre a agenda da Conferência foram iniciadas com as palavras de boas-vindas da Sra. Lena Bretas, do BMZ e do Sr. Simon Whitehouse, do FCPF, seguidas de uma breve análise das perspectivas e experiências dos atores e de uma reflexão sobre os 10 anos do percurso de REDD+. Seguem-se alguns dos destaques captados nessas sessões de reflexão:

» “Celebramos a transformação das OSC, que de atores secundários passaram a líderes na linha de frente, de serem consideradas traidoras, passaram a visionárias em conjunto com seus governos - e a mudança geral da estigmatização para parcerias mutuamente benéficas e positivas no contexto da programação REDD+” (representante das OSC, Libéria).

» “Estamos orgulhosos de que a cosmovisão dos povos indígenas sobre a relação entre as pessoas e a natureza (conservação florestal) e as abordagens de baixo para cima, por oposição aos arranjos de tomada de decisão de cima para baixo, tenham sido adotados nos processos de concepção de REDD+” (Representante dos Povos Indígenas, México)

» “Estamos satisfeitas por as mulheres estarem cada vez mais integradas nos novos mecanismos de liderança e de tomada de decisões de REDD+” (representante das mulheres indígenas, Camarões).

» “Inicialmente, as consultas aos atores não-estatais nos processos de preparação para REDD+ foram difíceis para os governos, mas, de forma lenta e segura, estamos agora aceitando e apreciando a inestimável contribuição dos atores não-estatais no desenho e na implementação de REDD+ e esperamos manter o empenhamento na colaboração” (Representantes do Governo, Nepal).

» “50% do financiamento do governo alemão para o setor florestal é destinado a iniciativas de REDD+. Estamos ansiosos por ouvir e aprender com as vozes diretas vindas do terreno, para além dos relatórios oficiais de projeto, e por receber ideias sobre a situação da comunidade REDD+, 5 anos após Weilburg I, incluindo sobre a forma de responder à redução dos espaços para os PICLs que lutam pela inclusão social” (Representante do BMZ, Alemanha).

» “A inclusão social nos processos de REDD+ é vital, essencial e significativa; sem ela, REDD+ fracassaria! Esse compromisso está refletido na Carta do FCPF, o Quadro Metodológico do Fundo de Carbono, e está materializado na composição e no funcionamento do Comitê de Participantes do Fundo de Carbono” (BM, Representante do FCPF)”.

Ainda assim, apesar do reconhecimento geral crescente da contribuição dos PICLs para a conservação florestal e de seu correspondente engajamento positivo no contexto REDD+:

» o enfrentamento eficaz da marginalização histórica dos PIs (com a alta incidência de pobreza que lhe está associada) e as preocupações relacionadas com a segurança da posse da terra juntamente com o acesso mínimo aos recursos REDD+ continuam sendo uma preocupação cons-tante para os PIs e um desafio para vários países REDD+.

» o governo e as comunidades dos países REDD+ posicionam-se em diferentes espaços concep-tuais de REDD+ e estão vivenciando realidades locais diversas que precisam ser reconciliadas de forma proativa na futura programação de REDD+.

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11RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

2. SALVAGUARDAS: A GESTÃO DE RISCOS E A MAXIMIZAÇÃO DOS DIVIDENDOS DO DESENVOLVIMENTO INCLUSIVO PARA AS COMUNIDADES DAS FLORESTAS REDD+ aspira a conseguir uma redução sustentável das emissões num enquadramento jurídico, social e ambiental com múltiplos atores, que muitas vezes têm visões, necessidades e interesses que se sobrepõem entre si (quando não competem entre si). A implementação de REDD+ pode, pois, gerar riscos e impactos potenciais, tanto para a biodiversidade quanto para os diversos atores, em particular para os povos indígenas, as comunidades locais e as mulheres.

Alguns dos elementos críticos das salvaguardas relacionados com REDD+ referem-se à governança2, e a preocupações sociais3 e ambientais4. O tema das salvaguardas suscitou reflexões profundas e importantes sobre as lições aprendidas, os desafios e as ações concretas, resultantes dos diversos fluxos das contribuições da Conferência. As contribuições iniciais para a discussão das salvaguardas provieram do estudo de caso do Gana (ver caixa I, pagina 12).5

Considerou-se que o processo de desenvolvimento de salvaguardas foi bastante lento na maioria dos países REDD+. Na perspectiva das OSCs, nas primeiras fases dos debates sobre REDD+, muitos governos não reconheceram a necessidade de desenvolver um conjunto de princípios e instrumentos

(2) Aplicação da legislação sobre florestas, corrupção, transparência, gestão de riscos, políticas contraditórias e vontade

política, planejamento e coordenação & necessidade de capacitação (3) Metas de desenvolvimento contraditórias; Participação, direitos, CLPI, gênero; Custos de oportunidade e repartição de

benefícios; capacidade, esgotamento & identidade cultural (4) Conservação da Biodiversidade; Conversão, permanência, vazamento (leakage), valores económicos e não económicos (5) “Safeguards: Management of Risks and Maximizing Inclusive Development Dividends for Forest Communities”, uma

apresentação de Roselyn Fosuah Adjei, Coordenadora Nacional de REDD+, Gana. 2ª Conferência de Weilburg 27 a 29

de novembro de 2018

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12RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

de proteção contra possíveis riscos de REDD+. Em vez disso, muitas vezes os debates iniciais sobre salvaguardas de REDD+ foram direcionados para o cumprimento dos requisitos dos parceiros de desenvolvimento de REDD+.

Os processos de revisão normativa e jurídica para a incorporação das salvaguardas nos quadros das políticas nacionais de REDD+ foram considerados ou apressados, com consultas e análises apenas mínimas, ou excessivamente longos e, em alguns casos, estagnados. Muitos foram vistos como abordagens fragmentadas, com uma ligação mínima a outros setores relevantes e com tendência a abrandar na fase de implementação.

CAIXA I // Estudo de caso sobre Salvaguardas: Gana

O processo de salvaguardas no país baseia-se nos requisitos das salvaguardas de Cancun, nos instrumentos de salvaguarda do Banco Mundial e nas políticas, leis e regulamentos relevantes do Gana. O processo de desenvol-vimento das salvaguardas foi muito inclusivo, participativo e consultivo, envolvendo múltiplos atores procedentes de zonas ecológicas baseadas nos distintos tipos de floresta.

Os princípios, critérios e indicadores para o Sistema de informação sobre Salvaguardas (SIS) foram definidos e estão prontos para reporte. O “quadro jurídico e institucional de salvaguardas” necessário à realização dos objetivos das salvaguardas está em vigor – tendo estes sido desenvolvidos mediante abordagens de base-topo e de quotas de representação baseadas no gênero.

Apesar dos importantes e positivos avanços conseguidos no Gana no que respeita ao estabelecimento de seu quadro nacional de salvaguardas, ainda há vários desafios a enfrentar. Entre esses desafios está a necessidade de harmonizar os requisitos distintos dos doadores em relação às salvaguardas, custos elevados não orçamentados relacionados à implementação das salvaguardas e a necessidade de obter um equilíbrio entre a contabilidade do carbono e as salvaguardas.

Finalmente foi salientada a necessidade de reforçar a sensibilização em matéria de direitos, participação e respeito, em particular entre os decisores políticos ao nível nacional, no contexto das salvaguardas.

Por outro lado, foram constatados progressos e a valiosa influência dos processos de salvaguardas de REDD+ em termos do fortalecimento da participação e dos instrumentos de gestão de risco existentes, bem como de terem proporcionado um novo ponto de entrada para a agenda dos PICLs relativamente à posse:

A maioria dos países REDD+ empreenderam processos de envolvimento num diálogo participativo com os atores de REDD+ ao nível nacional. Os ulteriores processos de diálogo e consulta abriram portas à participação dos PICLs, das OSCs e das mulheres e proporcionaram espaço e uma oportu-nidade sem precedentes de aprendizagem e articulação com os processos de tomada de decisão.

No contexto do processo de preparação, todos os países realizaram avaliações ambientais e sociais estratégicas, a fim de decompor e aumentar a compreensão profunda das complexidades relacionadas às salvaguardas de REDD+. Em numerosos casos, estudos temáticos de linha de base6 forneceram os elementos necessários para o desenho e a implementação das salvaguardas, e, em alguns países, instrumentos já existentes, como as Avaliações de Impacto Ambiental, foram fortalecidos através dos requisitos das salvaguardas REDD+.

(6) Gana - Salvaguardas: Management of Risks and Maximizing Inclusive Development Dividends for Forest Communities” – 2018,

Roselyn Fosuah Adjei, Coordenadora Nacional de REDD+ no Gana. 2ª Conferência de Weilburg, 27 a 29 de novembro de 2018

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13RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Em alguns países como a Etiópia, Gana, Libéria e Fiji, os diálogos sobre salvaguardas e os espaços de governança participativa estabelecidos contribuíram para o reconhecimento dos direitos tradicionais dos usuários. No Peru e na Guatemala, o processo permitiu avançar no tratamento de questões como a titulação de terras indígenas e comunidades locais e, em outros países ainda, foram reforçados os acordos de manejo colaborativo de florestas e recursos naturais. No México e na Costa Rica, as salvaguardas foram inclusivamente convertidas em disposições juridicamente vinculativas, mediante sua incorporação na legislação nacional.

Os resultados detalhados dos debates podem ser resumidos conforme se segue (ver mais detalhes no anexo II: Notas sobre as Salvaguardas, grupos de trabalho regionais).

2.1 Lições aprendidas sobre Salvaguardas de REDD+

Destacam-se seguidamente algumas das lições aprendidas que resultaram dos debates nos grupos de trabalho regionais:

Construção de confiança: Embora tenha havido um avanço significativo no sentido de aumentar a confiança entre os diversos atores de REDD+ que operam em todos os níveis, ainda há muito mais a ser feito nessa frente. Aumentar o entendimento comum sobre a visão e os diversos elementos de REDD+ entre os atores, garantir o engajamento pleno e efetivo sustentado, incluindo os meios para salvaguardar a confiança adquirida no contexto de mudança dos regimes dos governos, foram alguns dos pontos críticos discutidos.

Fortalecimento de capacidades: Reconheceu-se que os processos de preparação de REDD+ contri-buíram de modo significativo para melhorar as capacidades nas áreas da valorização do papel e da contribuição dos diferentes atores, das complexidades relacionadas à natureza multissetorial da programação de REDD+ e do papel central da segurança da posse da terra para o sucesso de REDD+. No entanto, ainda foram identificadas algumas lacunas em matéria de capacidades, tais como a fraca capacidade de negociação dos PICLs e das mulheres para articular e pressionar em favor de salvaguardas mais fortes e práticas que respondam eficazmente a suas preocupações, incluindo a garantia de seus direitos de posse da terra. O fortalecimento de capacidades de uma ampla gama de atores REDD+ que operam em todos os níveis no contexto de recursos limitados foi destacado como uma área para a qual o apoio sustentado é essencial.

Participação efetiva: Considerou-se que os processos de diálogo e consulta que a maioria dos países realizou com atores REDD+ abriram portas para a participação dos PICLs, das OSCs e das mulheres nos processos de desenvolvimento de salvaguardas e tornaram possível levar à mesa das negociações vários temas importantes de preocupação para os respectivos atores, tais como a posse da terra e a representação dos PIs. Posteriormente, os participantes da Conferência sublinharam que os esforços de participação em REDD+ facilitaram o melhoramento das capacidades e a tomada de consciência dos direitos entre os atores REDD+. Embora tenham sido reconhecidos progressos notáveis, especialmente no que respeita à participação dos PI nos processos de plane-jamento de REDD+, foi destacada a necessidade de continuar os esforços para facilitar a contribuição efetiva e contínua dos PICLs no nível de tomada de decisões e durante toda a implementação e monitoramento. Isto incluiu a demanda de capacidades e recursos que permitam uma melhor coordenação no seio dos próprios PICL.

Aumentar a sustentabilidade: Em geral, a questão de como consolidar os progressos já obtidos no quadro da preparação e pilotagem de REDD+, tais como as estruturas/plataformas estabelecidas para a participação das partes interessadas, as práticas inclusivas de tomada de decisão e os diálogos multissetoriais e de como traduzi-los em uma norma institucionalizada nos países REDD+, até mesmo em setores fora de REDD+, foi considerada uma preocupação fundamental.

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14RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Tendo em conta que a implementação sustentável de REDD+ necessita de esforços no terreno, os participantes enfatizaram que REDD+ ainda precisa ser levado ao nível local. Considerou-se que, entre as OSCs e os jovens, a disseminação de informação sobre o mecanismo REDD+ em geral, e sobre as salvaguardas em particular, ainda é fraca, assim como a coordenação entre os organismos estatais competentes (departamentos do território, meio ambiente e silvicultura) e os PICLs no nível local. A tônica foi colocada na necessidade de desenvolver entre os atores locais uma compreensão compartilhada e sustentada do conceito de riscos associados a REDD+ e das salva-guardas correspondentes.

Em geral, o quadro institucional para permitir a implementação efetiva e sustentável de salvaguardas nos países REDD+ ainda é fraco e o financiamento nacional dificilmente está disponível, continuando a existir uma grande dependência dos parceiros de cooperação para o desenvolvimento e dos doadores.

Em alguns países REDD+ os processos de desenvolvimento das salvaguardas foram muitas vezes lentos, com processos inicialmente voltados para uma programação fragmentada, centrada em torno dos requisitos dos parceiros de desenvolvimento e caracterizados por uma fraca visão intersetorial, o que, em última instância, reduziu REDD+ a uma iniciativa isolada, desprovida de dinâmicas mais amplas no contexto nacional.

Observou-se porém que as salvaguardas nacionais devem refletir as necessidades específicas de desenvolvimento, tais como a segurança alimentar, o desenvolvimento rural e o reconhecimento dos direitos à terra, os valores culturais e a cosmovisão. Os sistemas nacionais de salvaguardas estabelecidos devem ser inclusivos e flexíveis, para permitir apresentar relatórios e responder às circunstâncias existentes no país, bem como às exigências de diferentes mecanismos de financia-mento de REDD+, isto é, mercados voluntários de REDD+, acordos bilaterais, o FCPF ou Fundo Verde para o Clima (GCF, sigla em inglês), devendo também ser sustentáveis para além dos limites tempo-rais dos projetos apoiados pelos doadores.

Neste contexto, foi identificado como fraquezas gerais que as políticas de REDD+ muitas vezes tiveram uma influência relativamente fraca em outros setores relevantes, ou a falta de um quadro institucional claro, que permitisse a concretização dos mecanismos de participação previstos nas salvaguardas de REDD+. Os participantes concluíram que as salvaguardas dificilmente podem funcionar de forma isolada, necessitando ser integradas nos sistemas jurídicos mais amplos do país. Só então poderão ser efetivamente ancoradas nos Documentos de Programa de Redução de Emissões (ERPD) do respectivo país, com acordos de monitoramento claros, incluindo mecanismos de reclamação.

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15RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

2.2 Ações urgentes em matéria de Salvaguardas

Capacitação e conscientização: Os conceitos e processos relacionados com as salvaguardas de REDD+ são complexos, especialmente à medida que os processos de REDD+ passam da fase de preparação e pilotagem para a implementação plena e os pagamentos baseados em resultados. Por isso, é fundamental que estratégias de conscientização e capacitação sobre as salvaguardas, incluindo os direitos indígenas, dirigidas aos diferentes atores de REDD+, sejam integradas não apenas nos planos de salvaguardas e repartição de benefícios, mas também nos Contratos de Compra de Redução de Emissões (ERPA), a fim de facilitar o seu uso e cumprimento. Existe uma necessidade urgente de transferir conhecimentos e capacidades referentes às salvaguardas dos espaços nacionais para os níveis subnacionais e locais entre as organizações da sociedade civil (incluindo as lideradas e direcionadas aos povos indígenas, mulheres e jovens), os organismos estatais e os atores do setor privado que operam ao nível da comunidade. Os grupos regionais da Ásia e da América Latina apelaram a que especialistas dos povos indígenas e pessoas localmente respeitadas sejam envolvidos como pessoas-recurso neste esforço de fortalecimento de capacidades.

“Walk the Talk” (Praticar o discurso): A maioria das lições e experiências compartilhadas durante a 2a Conferência de Weilburg a respeito do alinhamento entre o discurso e a ação efetiva estão relacionadas com processos de desenvolvimento de salvaguardas que têm uma experiência de implementação efetiva extremamente pequena. A fase de implementação de REDD+ coloca o maior desafio para a implementação de salvaguardas, pois esse é realmente o momento da verdade, quando se trata de saber se as salvaguardas realmente servem o seu propósito: elas precisam de ser aplicadas nos programas, projetos e atividades que visam reduzir o desmatamento e compartilhar benefícios mediante sistemas de pagamento baseados em resultados. Os participantes apelaram à realização

de estudos de escopo sobre as abordagens existentes de aplicação das salvaguardas, a fim de ser feito um balanço das melhores práticas emergentes (a nível nacional e transregional) e a que as lições aprendidas sejam convertidas num guia ou manual prático sobre a aplicação das salvaguardas. É essencial a realização de intercâmbios de aprendizagem Sul-Sul sobre as salvaguardas de REDD+ com base nesses estudos de escopo. Os grupos de trabalho apelaram também a que se mantenha uma dinâmica contínua dos diálogos entre múltiplos atores e o seu engajamento ao longo da imple-mentação e monitoramento dos programas de REDD+. Além disso, é necessário que seja assegurado o fortalecimento institucional e político para melhorar a coordenação intersetorial do governo e a representação e participação dos PICL e das mulheres nos mecanismos de tomada de decisão em todos os níveis.

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16RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Salvaguardar as salvaguardas: Os participantes de todos os grupos de trabalho consideraram essencial que os conceitos das salvaguardas sejam incorporados nos quadros jurídicos nacionais dos países REDD+, a fim de estabelecer ligações estratégicas com outros setores relevantes, tais como a mineração e a agricultura e para tornar as salvaguardas obrigatórias e vinculativas para além do setor florestal. As salvaguardas de REDD+ não devem ser vistas como uma lista de verifi-cação da conformidade para cumprir os requisitos específicos dos doadores. Assim, é importante que a contextualização das salvaguardas seja feita de maneira a refletir as realidades no terreno das circunstâncias específicas dos países REDD+ e a tornar os instrumentos de implementação de salvaguardas flexíveis e adaptáveis a outras oportunidades potenciais de financiamento de REDD+. É necessário que os países REDD+ ancorem os acordos de salvaguardas em suas estruturas nacio-nais de governança, a fim de que os possíveis impactos negativos, em caso de uma mudança de regime, possam ser atenuados.

Alocação sustentada de recursos: A disponibilidade sustentada e o acesso aos recursos por parte dos países REDD+ para a implementação das salvaguardas através de medidas concretas é da maior importância. Os participantes apelam aos parceiros internacionais que apoiam o desenvolvi-mento de REDD+, incluindo o FCPF, BMZ, GCF e outros, para que melhorem, apoiem e mantenham a alocação de fundos para a implementação efetiva e sustentável das salvaguardas. No entanto, os países REDD+ também deveriam fazer provisões em seus orçamentos nacionais para disponibilizarem recursos a fim de assegurar a implementação das salvaguardas para além do apoio externo.

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17RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

3. MELHORAR OS MODELOS DE REPARTIÇÃO EQUITATIVA DE BENEFÍCIOS DE CARBONO E NÃO CARBONO REDD+ apresenta oportunidades potenciais para que os países com florestas tropicais gerem benefícios de carbono e não carbono (monetários e não-monetários). A forma como as receitas de carbono e não-carbono provenientes de REDD+ devem ser repartidas de maneira eficaz e equitativa entre os diferentes atores é uma questão-chave, à qual cada país REDD+ deve responder no contexto de suas atividades de preparação e desenho do Programa de Redução de Emissões.

Nesta sessão foram analisadas as experiências dos atores quanto às formas de estabelecer mecanismos de repartição de benefícios socialmente inclusivos e sobre como são identificados e implementados os beneficiários e os meios de distribuição dos benefícios de REDD+. Isso incluiu uma análise do ambiente político, legislativo e institucional necessário nos países REDD+. A experiência na Costa Rica em matéria de regimes de repartição de benefícios constituiu uma contribuição inestimável para esta sessão (ver Caixa II).

CAIXA II // Estudo de caso sobre Repartição de Benefícios: Costa Rica

O processo de desenho da repartição de benefícios no país seguiu uma abordagem muito participativa, envolvendo os PICLs, as OSCs, os organismos governamentais pertinentes, o setor privado, pequenos produtores agroflores-tais e a academia.

A repartição de benefícios baseia-se em contratos feitos com os proprietários de terras, incluindo as comunidades indígenas, seguindo a abordagem de um sistema estabelecido de Pagamentos por Serviços Ambientais. As receitas provenientes de áreas de florestas públicas são redirecionadas para o reforço da conservação florestal, o monitoramento e o combate às causas de desmatamento, como a exploração madeireira ilegal e os incêndios florestais, entre outras. Os pagamentos de REDD+, bem como um imposto sobre combustíveis fósseis e uma taxa sobre o uso da água são geridos e redistribuídos pelo Fundo Nacional de Financiamento Florestal.

O programa esclareceu e estabeleceu acordos para a provisão de benefícios não relacionados com o carbono, como a proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade, incluindo a proteção da beleza cênica e o ecoturismo, competências técnicas e tecnologias apropriadas (por exemplo, sistemas de alerta precoce para incêndios florestais) e uma melhor governança.

O plano de repartição de benefícios está vinculado ao Plano nacional de Ação para a Igualdade de Gênero, o que implica uma avaliação de riscos desagregada por gênero e critérios de acesso diferenciado aos benefícios para enfrentar a desigualdade pré-existente em relação às mulheres rurais, que atualmente possuem menos de 16% das fazendas tituladas.

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18RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Os acordos de repartição de benefícios oferecem aos governos REDD+ uma oportunidade para alcançar uma maior inclusão social, mantendo um equilíbrio sensível entre os interesses e as preo-cupações sociais, econômicas e ambientais. A experiência da Indonésia, por exemplo, demonstrou a importância de se chegar a um acordo sobre o papel do governo e de outros intervenientes não estatais para facilitar uma distribuição eficaz e equitativa dos riscos e dos benefícios; mostrou-se ainda que a partilha dos benefícios deve ser alinhada com as estratégias de redução da pobreza, a fim de não deixar ninguém para trás.

Os planos de repartição de benefícios oferecem também às comunidades afetadas uma oportuni-dade para participarem na tomada de decisões como parceiros iguais e aos governos a vantagem de serem reduzidos os riscos associados ao REDD+, como a não-permanência e o vazamento. Final-mente, os acordos equitativos e colaborativos de repartição de benefícios no quadro de REDD+ poderiam contribuir para melhorar a sustentabilidade, ao transformar os conflitos sobre recursos naturais em soluções consensuais e de longo prazo.

As experiências dos países REDD+ e as lições aprendidas sobre o desenho da repartição de benefícios de REDD+ são diversas. A maioria dos países iniciou o diálogo e o desenho de acordos de repartição de benefícios com estudos temáticos de linha de base para determinar a gama de partes interessadas e titulares de direitos, a natureza dos custos e benefícios, as possíveis modalidades de distribuição de benefícios e a relação entre a posse da terra e os direitos de carbono, incluindo o ambiente legislativo e de governança necessário.

Os resultados dos debates encontram-se sintetizados no ponto seguinte (para mais detalhes, ver as notas dos grupos de trabalho regionais no Anexo III sobre Repartição de Benefícios).

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19RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

3.1 Lições aprendidas sobre a Repartição de Benefícios

Destacamos a seguir algumas das lições extraídas dos debates dos grupos de trabalho regionais:

Escala: Concluiu-se nos debates que uma parte considerável dos acordos de repartição de benefícios dos países REDD+ contém esforços para responder às preocupações relacionadas com a distribuição de benefícios ao longo do eixo vertical (nacional e sub-nacional), mas dispondo de muito pouca informação sobre a maneira como os custos deveriam ser contabi-lizados e os benefícios seriam distribuídos no plano horizontal, ou seja, dentro dos grupos de atores (no nível intra-comunitário ou familiar). Esse ênfase mínimo na distribuição horizontal dos benefícios está associado à tendência de os planos de repartição de benefícios existentes se concentrarem nos benefícios dos projetos coletivos/comunitários, por oposição aos benefícios individualizados ou dirigidos aos agregados.

Embora esta abordagem tenha em conta a necessidade de gerar um efeito multiplicador dos benefícios, os participantes assinalaram o risco de, por exemplo, mascarar as dinâmicas relacionadas com o gênero no acesso aos benefícios no nível comunitário. Ao mesmo tempo, casos como o da Costa Rica mostram a problemática de que os pagamentos ao nível comunitário ou familiar, por si só, não garantem o desenvolvimento econômico dos beneficiários.

Justiça e equidade: A proporção de benefícios alocados aos atores de REDD+ nas diversas escalas (nacional, subnacional, comunitária) varia significativamente entre e dentro dos países REDD+. De acordo com os participantes, na Etiópia, as comunidades recebem cerca de 80% dos benefícios de car-bono e não carbono associados aos projetos REDD+ que são implementados dentro de seus territórios, sendo os restantes 20% alocados ao nível nacional. No caso de Madagáscar, foi relatado que apenas 2,5% são atribuídos às comunidades locais e na República Democrática do Congo menos de 1%.7

Modalidades de acesso: Os canais e as estruturas para facilitar o acesso das comunidades aos benefícios de REDD+ ou ainda não estão implementados, ou são fracos e ou disfuncionais. Além disso, a maioria das propostas de desenho de repartição de benefícios foram criticadas porque não contemplam a concessão de acesso direto aos recursos aos povos indígenas e às comunidades lo-cais. Atualmente, os recursos de REDD+ que chegam aos PICLs não apenas são mínimos, como esse pouco é visto como estando envolto em falta de transparência. Os PICLs desejam uma visão mais ampla da repartição de benefícios, como, por exemplo, através do conceito REDD+ Indígena Ama-zôni,8 que coloca mais ênfase na cosmovisão e nos planos de vida das comunidades envolvidas. Foi muito pedido que sejam promulgadas leis e sejam estabelecidas estruturas para a repartição de benefícios, a fim de que os benefícios dos PIs não dependam de suas boas ou más relações com o governo. O Pilar Indígena do programa REDD para Pioneiros (REM) na Colômbia serviu como um bom exemplo do modo como os benefícios podem ser acessados e amplamente autogeridos de acordo com critérios e preferências previamente submetidos a consulta, com uma participação garantida acordada contratualmente.

Sustentabilidad: Também foi feito um alerta para o fato de que REDD+ não deve ser percebido pelos atores de REDD+ como uma panaceia para todas as paisagens e desafios ligados aos recursos naturais, mas sim como uma intervenção complementar que pode desencadear cobenefícios diver-sificados, tais como o apoio direto aos meios de subsistência e mudanças positivas nos domínios das políticas e da governança no setor de gestão de recursos naturais dos países. A fim de evitar e/ou cimentar conflitos sobre o uso e os direitos da terra, os participantes sublinharam que os acordos

(7) Ver as notas dos debates do grupo de trabalho de África sobre a Repartição de Benefícios (Anexo III) (8) Pilotagem de abordagens de projetos REDD+ Indígena Amazônico (RIA)

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de repartição de benefícios devem ser baseados e, idealmente, articulados com regimes de direitos sobre a terra, as árvores o carbono, claros e que correspondam às necessidades dos PICLs. Daí resultou a demanda de clareza necessária sobre a forma de lidar com os custos de demarcação de terras, titulação e de outros custos relacionados com conflitos dos recursos naturais, conforme se demonstrou no caso da Costa Rica e das ilhas Fiji (ver também capítulo 4).

Transparência: Decorrendo do fato de que, até agora, praticamente nenhum pagamento baseado em resultados foi efetuado, é evidente que, na maioria dos países REDD+, a experiência de reparti-ção de benefícios está relacionada com os fundos de preparação, enquanto a implementação efe-tiva dos planos de repartição de benefícios ainda não foi sentida no terreno. Assim, as ações pro-postas sobre a repartição de benefícios centram-se em como dar sentido, fortalecer e consolidar os planos de repartição de benefícios propostos na fase de ERP.

3.2 Ações urgentes em matéria de Repartição de Benefícios

Decorrendo do fato de que, até agora, praticamente nenhum pagamento baseado em resultados foi efetuado, é evidente que, na maioria dos países REDD+, a experiência de repartição de benefícios está relacionada com os fundos de preparação, enquanto a implementação efetiva dos planos de repartição de benefícios ainda não foi sentida no terreno. Assim, as ações propostas sobre a repar-tição de benefícios centram-se em como dar sentido, fortalecer e consolidar os planos de reparti-ção de benefícios propostos na fase de ERP.

Apoio financeiro específico para os PICLs: Os grupos de trabalho apelaram a que sejam estabele-cidos mecanismos específicos para o financiamento de capacitação e investimentos9 direcionados aos PICL, às mulheres e OSCs, para além das iniciativas atuais de preparação para REDD+. Nesse sentido, é necessário fortalecer as capacidades institucionais das organizações lideradas por mu-lheres e dos povos indígenas (OPIs), incluindo os níveis regional e de base, para estarem capazes de administrar fundos e facilitar o acesso direto das comunidades aos benefícios de REDD+. Devem ainda ser explorados outros instrumentos e abordagens de financiamento inovadores, tais como as parcerias público-privadas e os pagamentos antecipados, a fim de garantir a sustentabilidade dos programas REDD+.

Facilitar a coordenação inter-institucional: Embora os arranjos institucionais e de tomada de decisão necessários para a repartição de benefícios estejam, de modo geral, estabelecidos na maioria dos países REDD+, maior atenção é necessária para uma coordenação eficaz e a criação de capacidades que viabilizem o funcionamento desses arranjos na fase de implementação do ERP. O fortalecimento da coordenação interinstitucional e multinível entre as instituições governamentais é fundamental para garantir que mecanismos de participação eficazes sejam ancorados de forma sustentável (menos dependentes do financiamento internacional) e eficiente (menos burocráticos). Tais arranjos interinstitucionais ajudariam a facilitar a comunicação e a divulgação de informações de modo coerente e eficaz, a operacionalização do Consentimento Livre, Prévio e Informado (PICLs) e o monitoramento, a fim de garantir o cumprimento dos protocolos de repartição de benefícios estabelecidos.

Políticas viabilizadoras: Promover a adoção e aplicação de legislação para regular as questões relativas aos direitos à terra e ao carbono no quadro jurídico de cada país, a fim de viabilizar mecanismos equitativos e sustentáveis de repartição de benefícios. É importante que os direitos das comunidades que cuidam e conservam as florestas sejam respeitados e tomados em conta na repartição de benefícios de REDD+, mesmo quando seus direitos não estão legalmente reconhecidos.

(9) Na Amazônia brasileira, o Plano Nacional para Territórios Indígenas está em estágio avançado com um fundo específico

para os povos indígenas, apoiado pelo governo norueguês. A criação de um fundo indígena para a Amazônia foi discutida

n o grupo da América Latina, na terça-feira, dia 27 de novembro de 2018.

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21RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

4. DIREITOS E POSSE DE RECURSOS NATURAIS: DAS POLÍTICAS À AÇÃO

Tratando-se de um mecanismo direcionado ao setor florestal, a programação, implementação e os resultados de REDD+ irão, em última instância, influenciar os re-gimes existentes de posse da terra e recursos naturais (e serão também afetados por eles). Os direitos sobre-postos sobre o carbono, as árvores e a posse da terra, incluindo os direitos consuetudinários, serão afetados e terão impacto no desenho e no sucesso final das iniciativas de REDD+. Os debates sobre os direitos e a posse de recursos no contexto de REDD+ foram iniciados com a apresentação sobre Fiji10 (ver Caixa III) e o debate sobre a mesma.

CAIXA III // Estudo de Caso: Experiências de Fiji em matéria de direitos e posse de recursos

A apresentação de Fiji sobre direitos e posse de recursos no contexto de REDD+ proporcionou informações úteis sobre as experiências de países REDD+ em matéria de posse da terra.

Em Fiji, a terra é tradicionalmente propriedade dos iTaukei, os principais povos indígenas das Ilhas Fiji. Essa propriedade está consagrada na constituição, na lei de terras e no projeto de lei sobre as florestas. As terras iTaukei estão legalmente registradas através do iTaukei Land Trust Board (TLTB). O sistema iTaukei de posse da terra é regulado pelo sistema matriarcal do clã Mataqali, no qual os membros do clã estão registrados.

No contexto das Fiji, os direitos sobre o carbono estão relativamente bem definidos. Os direitos sobre a terra e as florestas e os direitos ao carbono estão harmonizados. Os benefícios financeiros resultantes da redução de emissões estão ligados à propriedade legal e exclusiva dos direitos de carbono, incluindo a posse legal das árvores. Os interesses dos titulares de direitos são salvaguardados através da certificação da propriedade legal e de uma sólida consulta direta às partes interessadas.

O sistema dos direitos de carbono esforça-se por não desestabilizar ou, pelo menos, conciliar os direitos pré-existentes à terra e à floresta, incluindo a busca de caminhos para ancorar REDD+ na legislação nacional existente.

(10) Fiji, FIJI, Rights and Resource Tenure uma apresentação de Laitia Leitabu, (Emalu REDD+), Sr. Semi Dranibaka (Ministério

da Pesca & Florestas, Fiji) e Sra. Christine Cakau Fung (GIZ, Fiji)

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22RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

No geral, o panorama de direitos e posse de recursos nos países REDD+ apresenta contextos históricos distintos e variados ambientes legislativos e políticos, regimes de posse e de governança. A gama de arranjos de direitos e posse de recursos vai desde arranjos de posse totalmente detidos e controlados pelo estado11, predominantemente controlados pelo governo e com uma quota mínima concedida às comunidades, até ao caso excepcional em que a propriedade e o controlo são detidos principalmente pela comunidade local. Esta diversidade reflete-se, por exemplo, nos casos do México, onde 10% da terra pertence aos PIs e as Ilhas Fiji, onde mais de 80% da terra pertence aos PIs através do seu sistema de parentesco.

As práticas históricas e em evolução e as realidades políticas dão origem a uma complexa e fluida multiplicidade de direitos e posse de recursos que deve ser tomada em conta nos esforços de REDD+ para a inclusão social. Os regimes de posse podem conter dinâmicas como: proprietário vs. usuário da terra; propriedade formal/legal vs. informal; consuetudinário/ de parentesco vs. acor-dos informais locais e propriedade coletiva/comunitária vs. propriedade privada/individual. Essas realidades complexas relacionadas com os direitos e a posse de recursos implicam que os contextos nacionais e locais dos países REDD+ são fundamentais para a compreensão e o desenho de regimes de direitos de carbono e não carbono pragmáticos e sustentáveis para REDD+.

Os resultados dos debates são sintetizados seguidamente (para mais detalhes, ver Anexo IV, Notas sobre Direitos e Posse de Terra e Recursos).

4.1 Lições Aprendidas sobre Direitos e Posse de Recursos Naturais

REDD+ abriu uma janela para a agenda da posse: No geral, os participantes realçaram que REDD+ desencadeou diálogos progressivos sobre os direitos de posse da terra, abrangendo reformas legais e institucionais e explorando o lugar e o papel dos PICL e das mulheres no manejo de florestas e recursos naturais. O debate foi ainda mais longe, considerando os direitos sobre árvores que surgem naturalmente (concessão de direitos sobre árvores a indivíduos ou às comunidades, direito a vender a árvore) e os direitos sobre o carbono (subterrâneos, sobre o solo), tendo efetivamente aberto espaços para a silvicultura comunitária.12 No entanto, o potencial de REDD+ para fazer avançar a agenda de posse não foi totalmente aproveitado, por exemplo, a segurança da posse da terra no âmbito dos ERPA do FCPF é classificada na categoria de benefícios não-carbono, que são de natureza aspiracional.13 Embora os ERPA sejam instrumentos juridicamente vinculativos e executórios no âmbito de REDD+, a natureza aspiracional dos benefícios não ligados ao carbono,

(11) Exemplos de países REDD+ onde o governo detém e controla os direitos de posse da terra: Nepal, Região da África

francófona, Madagáscar, Etiópia, Libéria (com reconhecimento crescente de propriedade comunitária) (12) Casos do Gana e das Ilhas Fiji (13) Banco Mundial, comentários da equipe de Gestão do FCPF durante a sessão do grupo de trabalho regional África sobre

salvaguardas

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23RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

incluindo a segurança da posse da terra, é uma limitação à eficácia dos ERPAs como instrumentos que visam assegurar os direitos de posse da terra. Assim, a legislação nacional continua sendo o espaço mais plausível e importante para o reconhecimento e a proteção dos direitos de posse da terra.

A situação de posse prevalecente em um país pode representar um risco para os PICLs e os ERPs caso REDD+ aumente a complexidade e dificuldade da situação:

» Em casos de conflitos de terras não resolvidos, como acontece na República Democrática do Congo (RDC), a vinculação dos direitos de carbono à propriedade “legal” pré-existente da terra com base em títulos de propriedade é problemática, especialmente para as comunidades que estão lutando para reivindicar ou ter reconhecidos seus direitos à terra. Neste caso, a atribuição de direitos de carbono aumenta a complexidade em torno das reivindicações de recuperação ou restituição. Em tais contextos, REDD+ é visto menos como facilitador da proteção de direitos e mais como um motor ou consolidador da desapropriação.

» Em muitos países da África Ocidental, como no Gana, a propriedade das árvores pertence ao Estado, enquanto a terra pertence às comunidades. O fato de a comunidade não deter a propriedade das árvores que crescem em suas terras contribui para agravar o problema da exploração madeireira ilegal no setor florestal. É, portanto, essencial para os objetivos dos ERPs que sejam incorporadas estratégias que permitam de uma só vez fazer frente a este vetor da exploração madeireira ilegal e resolver um problema de longa data relativo à posse.

» Em países como Madagáscar, nos quais o estado tem a propriedade legal e o controlo dos direitos sobre a terra, o estado continua a deter o monopólio dos direitos ao carbono e as comunidades têm pouco a dizer, existindo um sentimento de vulnerabilidade e exploração. Nesses contextos, e especialmente considerando que – segundo os participantes – Madagáscar concedeu apenas 2,5% dos benefícios de carbono aos PICLs, a construção de confiança, o equi-líbrio de interesses e, portanto, a aceitabilidade de REDD+ a longo prazo depende ainda mais de como são distribuídos e garantidos aos PICLs os direitos dos usuários e os benefícios não relacionados com o carbono.

» No caso das Fiji, as mulheres casadas continuam sendo proprietárias tradicionais da terra através de seu sistema de parentesco; existe um risco potencial de que as mulheres não bene-ficiem dos acordos e planos de repartição de benefícios se ocorrer uma “captura de elite” por parte dos homens ou do chefe das unidades do clã Matagali.

Tomar em consideração os direitos consuetudinários de posse é fundamental para os PICLs: Na maioria dos países REDD+, com a exceção positiva das Ilhas Fiji, existiam com frequência divergências entre os direitos à terra tal como estabelecidos no direito escrito e os estabelecidos pelo direito consuetudinário. Quando isso acontece, os direitos consuetudinários e os direitos das mulheres à posse da terra, bem como as respectivas reivindicações de direitos, tendem a ser menos reconhecidos e protegidos uma vez que interesses concorrentes para conservar as áreas ou diminuir o desmatamento entrem em cena. Os participantes da Conferência expressaram seu receio de que, se os regimes de REDD+ não tiverem em conta as reivindicações de direitos consuetudinários de posse existentes, acima dos reconhecidos anteriormente na lei escrita, as iniciativas de REDD+ possam involuntariamente vir a ser associadas à condição “sem-terra”. Por isso, as iniciativas de REDD+

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24RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

devem considerar devidamente o direito consuetudinário sobre o uso da terra (não necessariamente apenas as reivindicações de terras) e incluir esses direitos em todos e quaisquer arranjos legais que regulem a implementação de REDD+ nos países. Também foi sublinhado que o mapeamento de limites e a definição de direitos sobre a terra são essenciais para aumentar a clareza na atribuição de direitos e benefícios do carbono e, portanto, para um ERP sustentável. A experiência da Costa Rica e do México em matéria de demarcação, titulação e definição de direitos de posse no contexto de REDD+ são exemplos úteis para lidar com as preocupações de posse de terra dos povos indígenas.

Visão e abordagem das questões de direitos e posse de recursos naturais como um conjunto de direitos: Os participantes apelaram a uma visão mais ampla e profunda dos direitos e da posse de recursos como um conjunto de direitos abrangendo 1.) os direitos coletivos sobre a terra, territórios e recursos, as funções sociais, a identidade e os direitos consuetudinários; 2.) a herança, propriedade, titularidade, o acesso e o controlo; 3) os direitos dos usuários/ usufruto, arrendamento, venda e transferência de títulos, garantias e exclusão, duração dos direitos dos usuários e segurança dos meios de subsistência, administração e gestão, entre outros elementos.14 Esses elementos - cada um deles vital para certas estratégias e condições de subsistência - devem ser tomados em conta a fim de evitar cimentar ou desencadear conflitos e dinâmicas evasivas, garantindo assim que as iniciativas de REDD+ sejam mais eficazes e sustentáveis.

Tomar em consideração os direitos dos usuários de recursos secundários e temporais: O ERP também deveria ter em conta os possíveis efeitos das iniciativas de REDD+ nos direitos dos usuários de recursos secundários e de recursos temporais, como é o caso dos pastores nómadas em muitas regiões africanas. Numa circunstância muito diferente, os usuários de recursos primários conside-rados nas iniciativas de REDD+ podem ver-se a si mesmos e ao seu controlo territorial fortemente impactados pela migração ou por outras dinâmicas como o tráfico de drogas15, colocando-se a questão de como isso afeta os regimes de direitos de emissão de carbono.

(14) Consultar notas do grupo de trabalho regional da Ásia sobre direitos e posse de recursos. (15) Casos da Guatemala e Honduras

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25RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

O prosseguimento das reformas políticas e sua implementação é o principal desafio no binômio REDD+ e posse da terra, devendo ser consideradas várias dimensões: Embora em muitos casos a política e a legislação existentes a nível nacional abordem as questões relativas à posse da terra, muitas vezes a implementação destas políticas e legislações não está em conformidade com os padrões, convenções e mecanismos regionais e internacionais pertinentes relativos à posse da terra.16 Em parte, isso deve-se à escassa capacidade das instâncias legislativas em matéria de leis e instrumentos internacionais pertinentes relativos à posse da terra.

Apesar de haver um reconhecimento cada vez maior dos direitos consuetudinários dos PICLs e dos direitos das mulheres à terra nas leis nacionais, os efeitos aspiracionais das reformas agrárias, como a devida implementação, cumprimento e monitoramento legal, continuam sendo difusos: em muitos casos, as reformas políticas e jurídicas relacionadas com a posse da terra são processos longos e prolongados, que podem até mesmo acabar ficando bloqueados.17 Isto poderá em parte dever-se ao fato de a delimitação e implementação das reformas fundiárias no terreno ser um em-preendimento dispendioso, que os governos nacionais podem ter dificuldade em financiar. A falta de acesso a recursos suficientes que permitam às comunidades mapear, demarcar e titular as terras comunitárias de forma eficaz é um impedimento sério para garantir os direitos de posse da terra e assim o sucesso de REDD+.

Quanto à equidade de género, há também uma forte dimensão sociocultural a considerar, pois embora o reconhecimento dos direitos das mulheres à terra tenda a aumentar, a propriedade, o acesso e o controle efetivos da terra pelas mulheres continua ainda distante. Os sistemas de valores e as práticas tradicionais e culturais sobre os papéis de gênero têm dificultado uma transferência robusta e eficaz da propriedade da terra para as mulheres entre os PICLs.

(16) Convenção no. 169 da OIT, Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (UNDRIP, sigla em

inglês). (17) Por exemplo, a Lei de Manejo de Recursos Naturais (NRM) das florestas comunitárias nos Camarões.

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26RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

4.2 Ações urgentes em matéria de Direitos e Posse de Recursos Naturais

Embora em alguns países REDD+ os processos de diálogo e de desenho de REDD+ tenham contribuído para a reforma das políticas relacionadas com a posse da terra, incluindo o reconhecimento dos direitos consuetudinários de propriedade da terra, os participantes constataram que muito ainda precisa de ser feito.

Assegurar o reconhecimento e o respeito pelos direitos de posse dos PICLs e das mulheres: Foram feitos apelos urgentes aos governos dos países REDD+ para que redobrem os esforços destinados a facilitar o claro reconhecimento e o contínuo respeito pelos direitos dos PICLs e das mulheres à posse da terra e recursos naturais através de consultas completas e eficazes, incluindo os processos de Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI), o mapeamento dos territórios ancestrais, a concessão de títulos de propriedade e os planos de uso da terra. Esse reconhecimento deverá ser consolidado mediante o estabelecimento e a aplicação do necessário ambiente político e jurídico, tendo em conta os sistemas de conhecimento indígenas/tradicionais, a soberania e a

autonomia de todos os recursos para os PIs e direitos de propriedade que incluam os recursos naturais e os serviços ecossistêmicos.

Formalizar as práticas consuetudinárias comprovadas: Na linha da experiência de Fiji, os países REDD+ foram encorajados a formalizar práticas consuetudinárias de posse testadas e comprovadas, entre as quais, tendo em conta e viabilizando a propriedade e o controlo efetivo dos direitos sobre os recursos por parte das mulheres.

Aprofundar a compreensão da posse através de estudos: Os participantes reiteraram a necessi-dade urgente de aprofundar a compreensão pelos atores da complexidade das questões relativas à posse da terra e da interligação entre a alocação de terras e florestas, REDD+ e outras opções de uso da terra que competem entre si, tais como a mineração e as políticas de desenvolvimento da infraestrutura. Nesse sentido, foi feito um forte apelo aos parceiros de desenvolvimento para que reforcem seu apoio aos esforços para a realização, nos países REDD+, de estudos abrangentes sobre a situação da posse da terra e recursos naturais, seu monitoramento e conflitos que lhe estejam associados, visando assim tornar mais clara a situação da posse da terra e permitir a resolução de conflitos, por forma a contribuir para uma maior sustentabilidade dos ERPs.

Proteger os defensores: Com grande sentido de urgência, os participantes sublinharam a situação difícil e muitas vezes perigosa em que se encontram os líderes dos PICLs, especialmente em seus esforços para defender os direitos de suas comunidades à terra, à floresta e a outros recursos naturais. Os processos REDD+ fortaleceram a agenda dos PICLs e permitiram o protagonismo dos representantes dos PICLs em termos de capacidade e influência política e que eles capitalizaram em outras áreas políticas. Devido ao aumento do número e da intensidade dos conflitos sobre o uso da terra e às tendências de criminalização dos PIs em muitos países REDD+, os participantes apelaram a que os parceiros de desenvolvimento evitem expor os defensores dos direitos à terra e ambientais que são decisivos para REDD+, redobrando os esforços que visem a sua proteção.

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27RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

5. IMPACTOS DA INCLUSÃO SOCIAL EM REDD+ E PARA ALÉM Como questão transversal, ao longo da Conferência centrou-se a atenção nos “impactos de REDD+ para além de REDD+”, partindo da hipótese de que a agenda de inclusão social tem avançado atra-vés dos esforços feitos nesse sentido no âmbito dos processos de REDD+. Desde o primeiro dia e em cada uma das três sessões temáticas da Conferência, os participantes compartilharam suas refle-xões sobre os possíveis impactos para além dos meros processos de REDD+. A síntese dessa fértil partilha foi apresentada no terceiro dia da Conferência, em uma sessão que visou explorar e foca-lizar a questão de saber que mudança transformacional ao nível das interações dos atores, das instituições dos países e dos arranjos de governança foi impulsionada por REDD+, através de todos seus esforços de processos inclusivos. Os comentários e as reflexões dos participantes sobre este tema estão sintetizados e resumidos a seguir (para mais detalhes, ver Anexo IV: Merry-go-round: Que contribuiu a Inclusão Social para o REDD+ e para além?).

Se não tivesse havido a participação dos PICLs nas negociações internacionais de REDD+ …?*

…teriam faltado as realidades do terreno para implementar REDD+

…a apropriação de REDD+ estaria ameaçada

…teríamos excluído os atores mais vulneráveis de REDD+

…REDD+ teria permanecido oco - desprovido da cosmovisão dos guardiões indígenas

dos ecossistemas florestais do mundo.

* Trecho dos resultados das discussões das discussões merry go round

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28RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

5.1 O que os esforços de inclusão social trouxeram para REDD+?

Os principais impactos consideráveis foram reportados nas áreas da governança e participação, nas reformas políticas e legislativas, em particular no setor florestal, e no fortalecimento de capacidades dos PICLs e das mulheres.

Os participantes assinalaram que os processos de diálogo de REDD+, guiados pelas salvaguardas de Cancun e pelos requisitos dos parceiros de desenvol-vimento, abriram vários espaços de participação e representação, consubstanciados no estabelecimento de plataformas e redes nacionais de múltiplos atores nos países REDD+.18 Em poucas palavras, do ponto de vista dos participantes, os processos de REDD+ “fortaleceram os espaços de participação”, “criaram oportunidades para elevar a voz dos PIs”, “estabele-ceram um diálogo direto dos PIs com os governos”, “criaram oportunidades para influenciar os processos políticos” e, em geral, “aumentaram a conscientização dos PICLs para expressarem seus problemas e defen-derem seus direitos”.

Com efeito, a visibilidade dada por REDD+ aos IPLCs como atores e titulares de direitos cruciais, introduziu suas vozes e perspectivas no desenho e implementação de políticas e programas de REDD+.

A participação direta e as atividades associadas de conscientização e capacitação REDD+ contribuíram para aumentar as capacidades dos atores de REDD+, em particular entre os atores historicamente marginalizados e socialmente excluídos. Houve uma melhoria da mobilização, auto-organização e representação dos PICLs, OSCs e das mulheres, bem como das competências de negociação no contexto de REDD+.

Assim, os IPLCs e as mulheres puderam contribuir fortemente para uma compreensão mais profunda e diferenciada de REDD+, dando origem a uma visão de REDD+ mais ampla, enriquecida por uma visão alternativa do manejo de recursos naturais visão alternativa do manejo de recursos naturais baseado nos valores, sistemas de conhecimento e práticas dos povos indígenas, que transcendem a mera contabilidade do carbono. Essa visão levou ao surgimento de um discurso e prática de REDD+ que ajuda agora a minimizar e abordar a vulnerabilidade, a exclusão, a desarmonia e os conflitos sociais entre os atores de REDD+. Como resultado, os valores dos sistemas de conhecimento tradicionais e indígenas no manejo sustentável dos recursos naturais, incluindo REDD+, estão sendo cada vez mais valorizados e promovidos.

Em relação à inclusão de gênero, REDD+ desencadeou um debate importante sobre a sensibilidade de gênero, equidade e igualdade. Em vários países REDD+ foram realizados esforços em todos os níveis para o desenvolvimento de capacidades, estratégias, políticas e planejamento de ações relacionados com o gênero. Cada vez mais, a participação das mulheres e a integração das questões de género na governança e no manejo dos recursos naturais está deixando de ser uma exceção, para se tornar uma norma.

(18) Exemplos dessas plataformas são a Mesa Redonda Indígena Amazônica sobre Meio Ambiente e Mudança Climática

(MIAACC) no Peru e a Mesa Redonda Nacional de REDD+ no Equador.

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29RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

5.2 O que REDD+ e a inclusão social em REDD+ trouxeram aos países?

De forma lenta mas segura, os impactos transformadores positivos da inclusão social em REDD+ estão fazendo-se sentir e sendo replicados em outras áreas, processos e espaços políticos que vão para além da mudança climática e de REDD+. O valor da sabedoria coletiva gerada a partir das experiências e da utilização ativa de abordagens multi-atores desenvolvidas pelas iniciativas de REDD+ é uma lição inestimável para outros setores. .

Os participantes consideraram que outros setores poderiam seguir o exemplo do mecanismo REDD+, em particular quanto à “criação e coordenação de plataformas de diálogo de múltiplos atores”, ao “reconhecimento da contribuição das CLs, PIs e mulheres para os processos de desenvolvimento” e na “salvaguarda dos interesses dos historicamente excluídos”.

Em muitos países, os processos de REDD+ criaram pela primeira vez a oportunidade de os represen-tantes de PICLs se sentarem a uma mesa com os governos de seus respectivos países, deliberando em conjunto, participando ao mesmo nível, e em última instância, reforçando a inclusão social nos processos de REDD+. O diálogo aberto e direto entre os PICLs, as mulheres e os governos conduziu também ao respeito mútuo e à cooperação.

Os participantes saudaram os esforços de capacitação intencionais e direcionados aos grupos historicamente marginalizados, com mecanismos de financiamento específicos (subsídios)19 como melhores práticas que deveriam ser seguidas por outros setores.

(19) Por exemplo, o Programa de Fortalecimento de Capacidades em REDD+ do FCPF para os povos indígenas, OSCs dos países do

Sul e comunidades locais

A Redução da Pobreza e REDD+ são como … (encontre uma metáfora)*

Mãe e Filho/a Flores e Abelhas

A galinha e os ovos

Arroz e Água Cerveja gelada num Dia de Calor!

Duas Faces de uma moeda

Quênia, já estão aproveitando a energia positiva das plataformas nacionais REDD+ estabelecidas para a coordenação e a partilha de informações. Além disso, muitos outros países estão retirando ensinamentos de seus processos de consulta com os PICLs. Outras abordagens pioneiras de REDD+ em matéria de inclusão social, tais como os instrumentos de salvaguardas, o reconhecimento dos direitos­de­posse,­o­estabelecimento­de­mecanismos­de­financiamento­específicos­e­a­represen-tação direta dos PIs e das mulheres nos mecanismos de tomada de decisão são contribuições inestimáveis para processos mais amplos de planejamento e implementação do desenvolvimento. O exemplo da participação e representação direta dos PICLs e das mulheres e as experiências realizadas com os respetivos instrumentos viabilizadores, como o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI), atuam como um motor para que esses instrumentos sejam cada vez mais desen-volvidos e experimentados e adquiram vida própria fora dos processos de REDD+.

* Trecho dos resultados das discussões das discussões merry go round

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30RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Conforme destacado no capítulo 4, as estratégias de inclusão social de REDD+, como a participação e representação efetivas, conduziram a um maior reconhecimento e respeito pelos direitos consuetudinários à terra. Um maior reconhecimento dos direitos dos PI e das mulheres à terra, em conjunto com sólidas salvaguardas e regimes de repartição de benefícios, terá, a longo prazo, um efeito multiplicador positivo para abordar as preocupações relacionadas com a pobreza entre os PICLs. As iniciativas de REDD+ ajudaram os países a estabelecer processos responsáveis e transparentes que facilitam a participação da comunidade nas questões de governança florestal para além da aplicação da lei20, abordando os conflitos potenciais associados aos mecanismos de tomada de decisão de REDD+ e o reconhecimento e proteção dos direitos fundiários e territoriais dos PIs.

5.3 Responsabilidade das iniciativas REDD+ de manter as mudanças no futuro

Para manter e alavancar as conquistas de REDD+ em matéria de inclusão social e combater de forma eficaz a “redução dos espaços” para as OSCs e os defensores de direitos, os participantes identificaram a necessidade de os atores de REDD+ explorarem uma série de ações.

Os espaços de boa fé, diálogo e participação estabelecidos no quadro da preparação para REDD+ devem ser garantidos a longo prazo através de arranjos institucionais e estruturas de governança inclusivos durante a fase de implementação REDD+, mas também no âmbito político em geral.

Os países REDD+ devem fortalecer e ampliar os esforços inclusivos de colaboração dos atores e institucionalizar as abordagens multissetoriais para além do setor florestal, mediante uma melhor coordenação intersetorial e a harmonização das políticas.

É necessário fortalecer o intercâmbio de conhecimentos e experiências ao nível nacional, regional e internacional, bem como entre setores que têm impacto nos PICLs - através do fortalecimento do desenvolvimento de capacidades, o alargamento de plataformas e redes de múltiplos atores e de intercâmbios de aprendizagem entre países do Sul.

Esses esforços devem ser viabilizados por meio de um financiamento­ sustentado­e­melhorado, incluindo a consideração de acordos de financiamento específicos para os PIs, as CLs e as mulheres, a fim de promover o respeito pelos direitos humanos consagrados nos instrumentos internacionais de direitos humanos que promovem os espaços cívicos inclusivos.

(20) Por exemplo o Gana, com a abordagem da Área de Manejo de Recursos Comunitários (CREMA), na qual as comunidades estão

no centro do manejo dos recursos naturais.

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31RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

6. CONCLUSÃO E PRÓXIMOS PASSOS Os processos REDD+ foram lentos, técnicos e por vezes erráticos. No entanto, após 10 anos de esforços de inclusão social em REDD+, foram claramente articuladas as preocupações dos PICLs, das mulheres, das OSCs e dos governos e foram abertos espaços de representação e engajamento, que levaram a uma melhor tomada de decisão cooperativa e a uma crescente confiança mútua entre os atores de REDD+.

Tornou-se claro para todos os participantes de Weilburg que esta dinâmica de confiança mútua deve ser alavancada e mantida nos esforços de colaboração no quadro de REDD+. Os espaços de participação e diálogo estabelecidos necessitam de uma trajetória de longo prazo alicerçada numa forte institucionalização, boa-fé e no fortalecimento das plataformas e redes guarda-chuva dos grupos de apoio, a fim de garantir o desenvolvimento e a realização de uma agenda REDD+ colabo-rativa e responsiva.

Os contextos nacionais de REDD+ são distintos, pelo que é necessário refletir e ter em conta essas variações nos esforços destinados a lidar com as demandas de direitos de posse da terra, para não (re)produzir novas exclusões através da formalização, particularmente no que diz respeito às mulheres e aos jovens. É por isso imperativo destilar tipologias das abordagens sobre a segurança da posse da terra que respondam aos contextos específicos. Robin Mearns, Gerente de Prática de Inclusão Social, Banco Mundial

Os esforços de REDD+ devem manter e ampliar o financiamento visando tornar a participação dos PICLs e das mulheres uma prática comum no quadro de arranjos institucionais pertinentes, em todos os níveis e setores, e ao longo do ciclo dos projetos (concepção, implementação, monitoramento), incluindo o fortalecimento da aplicação efetiva de instrumentos de participação e consulta como o CLPI. Também deve ser prestada mais atenção e devem ser aplicados recursos adicionais para au-mentar o reconhecimento, apoio e ampliação das iniciativas inovadoras dos PICLs, das mulheres e das OSCs para compartilhar conhecimentos e experiências indígenas, explorar as visões dos povos indígenas sobre REDD+ e melhorar o reconhecimento e a proteção dos direitos de posse da terra, como um fator viabilizador de resultados sustentáveis de REDD+.

Enquanto a representação e a participação de atores não estatais nos processos de REDD+ abriram espaços de diálogo e aumentaram a contribuição dos PICLs, das mulheres e das OSCs para o desenho e os resultados de REDD+, constata-se que em outros setores e/ou na arena política geral, o espaço para o engajamento das OSCs está diminuindo, o que muitas vezes se reflete na criminalização crescente dos defensores dos direitos humanos e ambientais. Nesse sentido, é necessária mais atenção, apoio e ação para atenuar os prováveis elevados riscos a que estão expostos os agentes de mudança ativamente engajados no avanço da realização das metas relevantes de REDD+.

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32RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

O relatório da Conferência também beneficiou das reflexões de uma equipe de participantes, repre-sentando uma seção transversal de atores REDD+, que se voluntariaram para captar e sintetizar o que, em sua opinião, foram as principais mensagens para ações futuras que emergiram das delibe-rações da Conferência. Estas mensagens-chave são apresentadas a seguir.

Mensagens da Agenda de Ação de Weilburg21

Desenvolvidas e aprovadas pelos delegados dos Povos Indígenas, Comunidades Locais, Organizações da Sociedade Civil e Países de REDD+ na 2ª Conferência de Weilburg sobre Inclusão Social nos Processos de REDD+. Weilburg, Alemanha, 27 a 29 de novembro de 2018

PreâmbuloReconhecendo de onde viemos e onde estamos agora, constatamos que os Povos Indígenas e as Comunidades Locais (PICL) têm o seu lugar à mesa, espaços foram abertos, os governos não são monolíticos e estão, de modo geral, mais dispostos a dialogar; ao mesmo tempo, problemas persis-tentes relacionados à posse da terra, ao respeito pelos direitos e à governança florestal ineficaz e intransparente permanecem como desafios importantes para a implementação de REDD+. Posse da TerraReconhecendo a ampla variedade de situações de posse de terras e florestas em todos os países de REDD+, é urgente ter em conta que:

Os direitos consuetudinários de posse da terra e da floresta devem ser legalmente reconhecidos e demarcados no terreno como essenciais para a repartição equitativa dos benefícios, os direitos sobre o carbono e a contenção do desmatamento e da degradação florestal.

Nesse reconhecimento devem ser incluídos os direitos das mulheres e de jovens rurais e indígenas, incluindo pastores, à terra e à floresta, e o planejamento do uso da terra deve ser apoiado, para resolver reivindicações sobrepostas e conflitos sobre os direitos à terra e à floresta.

Salvaguardas Reconhecendo que os padrões internacionais para REDD+ avançaram, mas que as capacidades e orçamentos nacionais para uma implementação efetiva estão frequentemente atrasados:

As salvaguardas sociais e ambientais devem estar alinhadas com os padrões internacionais e ser tornadas juridicamente vinculativas em estruturas nacionais; isto requer que os processos nacionais de reforma legislativa sejam finalizados e que a capacidade de implementação seja reforçada, incluindo mecanismos eficazes de feedback, reclamação e reparação.

“É fundamental que sejam feitos esforços para fortalecer as ligações intersetoriais de REDD+ (à saúde, à educação e à nutrição) como forma de alavancar os progressos e as boas práticas no envolvimento dos atores, nas salvaguardas, na segurança da posse da terra e na partilha de benefícios”.

Heiko Warnken, BMZ, Chefe da Divisão de Desenvolvimento Rural, Posse da Terra, Florestas, Pecuária

(21) A equipe “Vozes para a Ação” da Conferência de Weilburg composta por representantes de povos indígenas, comunidades

locais, organizações da sociedade civil e dos países REDD+ reuniu-se para refletir sobre os debates durante a Conferência

e elaborou mensagens-chave (ver Anexo VIII, Lista de membros). As mensagens foram apresentadas para consideração,

deliberação e aprovação no plenário da Conferência.

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33RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Povos indígenas e comunidades locais, mulheres, jovens e outras partes interessadas importantes devem ser efetivamente incluídos nos processos de implementação de salvaguardas para progra-mas de REDD+, incluindo os financiados pelo Fundo de Parceria de Carbono Florestal (FCPF, sigla em Inglês) e no desenvolvimento e validação de relatórios nacionais para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês) de sistemas de informação de salvaguardas, incluindo a apresentação de relatórios sombra.

Orientações práticas sobre a implementação de salvaguardas devem ser desenvolvidas para uso pelos países.

Repartição de benefíciosA repartição de benefícios deve basear-se em direitos legais claros sobre o carbono, numa negociação justa e no consentimento livre e prévio informado das comunidades participantes; deve também priorizar benefícios coletivos, respeitando as normas e preferências da comunidade.

A governança da repartição de benefícios deve ser inclusiva, participativa, transparente, responsável e contabilizada, priorizando os povos indígenas e comunidades locais e deve incluir mecanismos eficazes de reclamação e reparação.

A repartição de benefícios deve ser concebida de forma ampla, incluindo benefícios de carbono e não-carbono na forma de benefícios monetários e não monetários, deve estar presente em todos os estágios de REDD+, e os planos de compartilhamento de benefícios devem ser desenvolvidos usando processos participativos eficazes.

GêneroReconhecendo a natureza transversal do gênero e o importante papel das mulheres no manejo florestal:

Deve ser priorizado apoio e financiamento específico para as mulheres rurais e indígenas, incluindo pastores, para garantir seus direitos legais, incluindo treinamento e capacitação e plataformas para o diálogo com o estado.

Próximos passos práticosOs doadores internacionais devem implementar um mecanismo de resposta rápida para defensores do meio ambiente e dos direitos humanos que estejam sob ameaça ou em risco; usar a rede de contatos com governos, agências doadoras, sociedade civil e organizações de povos indígenas para garantir apoio jurídico e financeiro, mecanismos de proteção e segurança pessoal e evacuação em situações de risco persistente, conforme necessário.

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34RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Os governos devem respeitar, assinar e ratificar convenções relevantes que aumentem a proteção aos defensores dos direitos humanos e do meio ambiente.

O FCPF deve garantir o financiamento contínuo para capacitação de povos indígenas e organizações comunitárias locais, ampliando o Programa de Fortalecimento de Capacidades para os povos indígenas e a sociedade civil até 2025 e aumentando a alocação anual para que PICLs possam efetivamente se envolver no desenho e implementação de programas de redução de emissões apoiados pelo Fundo de Parceria de Carbono Florestal (FCPF). A capacitação em Mensuração, Relato e Verificação (MRV)22 deve ser incluída.

O financiamento para processos de titulação e de restituição de terras e territórios deve ser priorizado com urgência pelos doadores internacionais e deve ser incluído financiamento para a titulação da terra em todos os programas de emissões reduzidas nos quais essas questões são relevantes.

Os governos, agências de financiamento nacionais e internacionais devem priorizar o desenvolvi-mento de mecanismos de acesso direto por povos indígenas e organizações comunitárias locais a uma ampla gama de necessidades e temas, incluindo financiamento específico através de projetos e programas existentes.

O FCPF deve realizar um levantamento global das situações de posse da terra nos países de REDD+ para captar a situação atual, desafios e oportunidades.

O FCPF deve organizar uma próxima rodada de povos indígenas e comunidades locais, incluindo pastores, diálogos regionais e globais para avaliar os últimos 10 anos de REDD+ e renovar a agenda global conjunta sobre o caminho a seguir.

(22) Isso também inclui o monitoramento das florestas baseado na comunidade ou dirigido pela comunidade com ou sem

contabilização de carbono dentro dos territórios dos povos indígenas.

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35RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

ANEXO I: Documentação gráfica

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36RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

ANEXO II: NOTAS DOS GRUPOS DE TRABALHO

SOBRE SALVAGUARDAS I. América Latina22

Resumo

O que funcionou e o que não funcionou1. A construção de salvaguardas foi muito lenta, pois muitos governos não entendiam que era

necessário criar um conjunto de defesas face aos riscos de REDD+ e pensavam que se tratava de um requisito que tinham de entregar ao FCPF e que podiam encomendá-lo a um consultor.

2. O entendimento de que se tratava de um processo participativo permitiu estabelecer um diálogo direto entre organizações indígenas, comunitárias e da sociedade civil com os governos, dando lugar a plataformas de diálogo.

3. processo de discussão permitiu que, no México e na Guatemala, as salvaguardas tenham sido incluídas na legislação, possibilitando torná-las obrigatórias. Noutros países, o processo permitiu impulsionar e fortalecer temas como a titulação das terras indígenas e de comunidades locais, faltando ainda incluir o tema da repartição de benefícios.

Ações urgentes1. É fundamental que o conceito de salvaguardas em cada país seja incluído na legislação, para

que estas passem a ser obrigatórias ou vinculativas. É importante que este conceito se desenvolva de maneira culturalmente adequada e com um enfoque multissetorial, para não ficar restringido unicamente à agenda REDD+.

Além disso, é importante desenvolver regulamentos e normas para facilitar sua aplicação. A aplicação de salvaguardas requer no mínimo: um mecanismo de informação; um mecanismo de queixas e um mecanismo de seguimento e aplicação de salvaguardas.

2. A construção de salvaguardas foi muito difícil para nós, os atores que participámos nos processos REDD+, mas fora deste âmbito o tema é desconhecido. É indispensável, portanto, uma campanha de difusão e de construção de capacidades sobre o tema das salvaguardas entre governos dos países REDD+, povos indígenas e comunidades locais e entre governos e instituições doadoras, para facilitar seu uso e o respeito pelas mesmas.

3. A aplicação das salvaguardas deve ser útil para prevenir ou remediar violações de direitos em temas como participação, consulta, distribuição de benefícios e titulação da terra.

(22) Notas de Iris Oliveira Gomez, Harlem Marino Saavedra e Guillermo Mayorga, 27 de novembro 2018, traduzidas pela GIZ

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37RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Quais foram as 5 Lições Aprendidas mais importantes no desenvolvimento de abordagens e de planos de salvaguardas e de estruturas/processos inclusivos de governança nos países REDD?

Brasil

» Espaço de diálogo das OI com o governo no Acre, Cuibá, Amazonas e Pará. » Ano de eleições – os avanços conseguidos com o governo, no 1º de janeiro podem ser todos

perdidos, não só com o governo nacional, mas também com os estados; Acre, Mato Grosso por exemplo, pode retroceder nos esforços feitos para reduzir o desmatamento. Bolsonaro é contra REDD+ e não acredita na mudança climática, já enviou comunicações para a Alemanha e a Noruega (procurar).

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38RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Colômbia » Mesa Regional Amazónica (MRA, criada por decreto 312-2005) sobre a mudança climática com

PI, governo, cooperantes e SC. Isto funciona. A partir de 2008 cria-se uma comissão especial MIAAMC (Mesa Indígena Amazónica Ambiental e de Mudança Climática) para trabalhar temas de REDD+ e mudança climática. O governo e as OI estão trabalhando Visão Amazónia, com apoio da Noruega, Alemanha e do Reino Unido:

╸ou Infraestrutura distinta para a zona amazónica. ╸ou Agroambiental em Putumayo e Caqueta. ╸ou Visão Amazônia – só até ao território de 500msnm. ╸ou Ordenamento territorial específico para a Amazônia. ╸ou Decreto sobre imposto sobre o carbono às empresas, para o qual foi feito um registro de empresas que querem trabalhar o tema do carbono. Isso está ocasionando que as CN assinem acordos com estas empresas sobre seu território com bosque.

» Dificuldade econômica de parte do Estado para difundir as salvaguardas no território.

Equador » Mesa Nacional REDD+ criada através de um acordo ministerial, todos os atores estão neste

espaço. A COICA considera-o negativo, porque acabam liderando/monopolizando as OSC e a academia, deixando as OI sem voz. Além disso, estas mesas não se descentralizaram. Foi feita uma sessão uma vez, na Amazônia.

» O que se conversa sobre REDD+ não incide muito nas políticas públicas. » A participação de PI não ocorreu em todos os níveis do processo participativo, não se participou

na planificação nem na tomada de decisões, por exemplo. » Dos fundos internacionais, apenas se financiam os programas estabelecidos pelo governo, não

pelas OI. » Não há sustentabilidade nem institucionalidade com financiamento nacional, pelo que há

dependência dos cooperantes. » Desde a COICA, está se construindo uma proposta de programa Amazônico para ser implemen-

tado em seus territórios. A ideia é que o Estado reconheça estas iniciativas para que estejam incluídas no marco normativo nacional.

Chile » O FCPF incluiu orçamento para a participação de PI – importante, porque o Governo não tem

“costume” de investir nisto. » Espaços diferenciados de participação para PI. » O governo não foi capaz de instalar uma mesa nacional REDD+ que dê permanência e continuidade

à participação em geral, nem de forma específica para PI.

Peru » Há vários processos pendentes, como a implementação das salvaguardas. » Falta de institucionalidade clara, além de sustentabilidade dos espaços de participação criados.

Além disso, existe uma visão segmentada de REDD+. » Sucesso: Piloto RIA. » Sucesso: Revalorização da Amazônia – visão anterior: terra não aproveitada para a agricultura.

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39RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Na Costa Rica o SESA abriu a possibilidade de os povos indígenas (PIs) participarem em vários temas. Mas o que falhou, foi que demorou muito tempo.

Na maioria dos países, o SESA foi um processo muito prolongado, principalmente quando se construiu o Marco de Gestão Ambiental e Social (MGAS).

Em El Salvador and Honduras, foi necessário enviar uma nota ao Banco Mundial para que os PIs fossem incluídos.

Regional » Comentou-se que passaram 10 anos de REDD para completar a primeira fase. Será que a segunda

fase precisará de outros 10 anos? Será que REDD se transformou numa meta e não num meio de fortalecimento?

» REDD permitiu trazer temas para discussão: posse da terra, problemas rurais, situação legal.

Os governos viram REDD como uma checklist para cumprimento: as salvaguardas são discutidas apenas de maneira “superficial”, sem serem seguidas de mudanças nas leis. A motivação dos países para trabalharem nas salvaguardas são as expectativas de fundos, não preveem uma transfor-mação. Porém, são necessárias visões e planos integrais (incluindo uma estratégia florestal integrada) e não estratégias isoladas; muitas vezes, as leis foram criadas prematuramente, sem grandes análises, nem consultas.

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40RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Quais são as 3-5 Ações Concretas mais urgentes que devem ser levadas a cabo pelo Governo, Sociedade­Civil­(Organizações­de­Povos­Indígenas­e­de­Comunidades­Locais)­e­Doadores,­a­fim­de­assegurar­a­promoção­de­salvaguardas­e­sistemas­de­governança­robustos,­eficazes/adequados,­eficientes­e­sustentáveis?

Colômbia » Gov → Política REDD+ para a Amazónia com normas e fundos. » OI → Agenda própria para REDD+.

Equador » Problemas com os ministérios de economia e de minas, deve haver melhor coordenação. » PI devem poder chegar à tomada de decisões. » Espaços de diálogo devem ter um orçamento estatal para assegurar sua sustentabilidade.

Brasil » Apenas têm um representante no espaço de diálogo do governo sobre REDD+. Devem ter mais,

considerando que há centenas de PI. » Como podem os doadores estar seguros de que se estão cumprindo os compromissos assumidos

pelos governos? Que mecanismos há para conseguir que o apoio financeiro seja eficiente/eficaz?

Chile » Espaço independente/mesa central para os PI, que possa manejar seu próprio orçamento da

cooperação.

Peru » Os doadores devem assegurar que seu financiamento responda a uma visão de país que assegure

o benefício e a participação dos atores locais e PI. Devem assegurar ainda que o financiamento não se duplique entre diferentes projetos.

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41RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Regional » PI devem criar suas capacidades institucionais e criar plano de ação em torno da mudança

climática em seus países. » Espaços de diálogo nacionais e regionais. » Construir um mecanismo/fluxo de benefícios financeiros e não-financeiros diretos às OI. » Os doadores devem gerar políticas financeiras para que seu dinheiro chegue a nível territorial. » Se deve criar um fundo indígena regional. » Assegurar a responsabilidade compartilhada. » Todos os atores devem participar em todo o processo de planificação, tomada de decisão e

implementação dos projetos relacionados com REDD+. » O processo de avaliação, antes de chegar aos 10 anos, deve ter um espaço para as OI. » Impulsionamento de RIA com financiamento. » As salvaguardas devem ser vinculativas e ser inseridas no marco legal. Devem servir para regular

outros setores, como o setor mineiro e agrícola e devem ser respeitadas por todas as organizações indígenas.

» Demanda-se o desenvolvimento de capacidades para entender e aplicar as salvaguardas. É necessário divulgar o tema dos direitos indígenas e que a informação chegue a todos os níveis das organizações indígenas.

» Os processos são encomendados a consultores, mas também existem técnicos indígenas com suficiente capacidade e que podem levar a cabo os processos.

» Deve haver protocolos comunitários. » Por fim, coloca-se a questão sobre o que motivará os países a continuarem com REDD, após o

término do financiamento - há fontes alternativas, por exemplo, o mercado voluntário; REDD deixou alguns mecanismos que podem ser continuados, como a lei Probosque, na Guatemala.

Ações principais » Criação de um fundo indígena amazónico. Para isso, é necessário o fortalecimento de capacidades

institucionais das OI para administrar financiamento climático sobre seus bosques. Isto, ademais, através de um estabelecimento de mais mecanismos dedicados a PI por parte dos doadores.

» Os espaços de participação devem ser sustentáveis e não depender apenas do financiamento internacional.

» Fortalecer a coordenação interinstitucional e multinível entre as instituições do Governo. » Como podem os doadores assegurar-se de que os governos cumprirão seus compromissos?

Tendo em mente as mudanças de governos com posições extremas, como no Brasil.

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42RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

II. África23

Experiências dos países africanos sobre Salvaguardas: » Na Etiópia não há legislação jurídica para proteger os interesses das CLs » A participação e a voz das mulheres foi reforçada em vários setores » Nível de conscientização e participação de PIs » Aumentou a participação das OSCs, especialmente ao nível nacional » Elaboração e experimentação sobre diretrizes CLIP (Consentimento Livre, Prévio e Informado),

Camarões, Quénia » Foram impulsionadas importantes linhas de base, fundamentadas em estudos temáticos úteis

para a concepção e a implementação de salvaguardas

Gana: » Manejo colaborativo florestal/de Recursos Naturais já existente » O processo nacional de Avaliação Ambiental e Social Estratégica (AASE) nacional usa a

abordagem da matriz de sustentabilidade, a qual possibilitou a participação de todos os atores - FLEGT existe

» Desafio: controlar novas usurpações de fazendas ilegais apesar do período de tolerância

Moçambique: » Muita participação de CLs e OSCs tendo em conta aspetos históricos e culturais » Boa consulta ao nível nacional – conceitos relacionados com as salvaguardas REDD+ são complexos

Libéria: » A legislação e os regulamentos políticos devem viabilizar as salvaguardas » Como lidar com inseguranças intracomunitárias (pastores e agricultores locais) » O que acontece com as salvaguardas estabelecidas por países através da AASE (avaliação

ambiental e social estratégica), que possam não ser transferidas para a Fase do Fundo de Carbono, e como lidar com expectativas geradas pela AASE?

O­que­correu­bem­e­quais­foram­os­maiores­desafios?

» Em alguns países, todos os atores – incluindo, excepcionalmente, mulheres, comunidades locais e pastoris, organizações da sociedade civil e outros grupos vulneráveis – foram envolvidos. A abordagem foi inclusiva e multisetorial.

» REDD+ possibilitou o reforço dos aspetos jurídicos e estatutários. » O processo REDD+ criou uma plataforma interativa para troca de experiências entre as comunidades. » O processo é muito robusto, mas não foi bem entendido pelos povos indígenas e pelas comuni-

dades locais e pastoris. » A inclusão dos povos indígenas e das comunidades pastoris e locais ainda não foi efetivamente

alcançada em alguns países africanos. » Falta de capacidade de negociação por parte das comunidades locais e pastoris e dos povos

indígenas. » Dificuldade em manter a motivação durante um período de dez anos (mantendo a participação

contínua). » Ter uma definição compartilhada das salvaguardas e garantir que essa definição seja a mesma

que é utilizada em todos os países.

(23) Notas gentilmente tomadas por Tchani Wachiou e Kimaren

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43RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Quais são as principais lições aprendidas?

» Ter uma definição compartilhada das salvaguardas e garantir que essa definição seja a mesma que é utilizada em todos os países.

» As salvaguardas não podem funcionar isoladamente, devendo ser integradas no sistema jurídico do país como uma abordagem holística.

» Todos os atores devem ser envolvidos desde o início do processo. Em alguns países, as mulheres só numa fase tardia foram envolvidas no processo de REDD+ .

» Os sistemas de salvaguardas estabelecidos devem ser inclusivos e flexíveis, por forma a permitir reportar/responder às circunstâncias existentes no país e aos requisitos dos múltiplos mecanismos de financiamento REDD+ ou seja, mercados voluntários REDD+, acordos bilaterais, FPCF (Fundo de Parceria do Carbono Florestal, FVC (Fundo Verde para o Clima) e devem ser sustentáveis para além do formato de projetos apoiados por doadores e com prazos limitados.

» As discussões sobre as salvaguardas abriram portas à participação da comunidade no processo de desenvolvimento de salvaguardas, impulsionaram o reconhecimento dos direitos dos usuários tradicionais (Etiópia e Gana, Fidji) e reforçaram o Manejo Participativo de Florestas.

Quais são as medidas urgentes que devem ser tomadas no futuro para ultrapassar as lacunas?

» Capacitação e conscientização para as salvaguardas: emissões e redução, diferentes fases de medição, relato e verificação (MRV), género, etc.

» Partilha de experiências Sul-Sul sobre salvaguardas na África e América Latina » Elaboração de um plano operacional para a implementação das salvaguardas. » Criação de mecanismos de salvaguarda que sejam adequados aos países e não apenas desenhados

para satisfazer os critérios do Banco Mundial. » Garantir que as salvaguardas sejam flexíveis e inclusivas para que possam ser facilmente

adaptadas a diferentes mecanismos de financiamento. » Para alguns países, particularmente na América Latina, é importante definir o que é um “território

indígena”. » Elaborar um manual de procedimentos sobre boas práticas que possa ser reproduzido, tendo

simultaneamente em conta as especificidades. » As salvaguardas são instrumentos operacionais de mecanismos já existentes, como os AEI

(avaliações ambientais integrais) » Capacitação e conscientização sobre as salvaguardas ... …fazer ERPs não estrangeiros » Necessidade de estruturas locais para promover salvaguardas, incluindo a divulgação de informações » Salvaguardas/ inclusão social não são eventos, mas devem ser integradas e ancoradas no CCRE

com mecanismos de monitoramento claros » Os processos de construção das salvaguardas são lentos, mas impulsionaram novas oportunidades

para abordar a posse da terra » Passagem das salvaguardas dos espaços nacionais para os níveis subnacionais e locais e

ancoragem na legislação para além de REDD+ …. Legislação e diretrizes operacionais para possibilitar uma aplicação adequada e mecanismos de ouvidoria para o cumprimento das salvaguardas

» Participação continuada para além de atividades isoladas de projeto, a fim de se tornar uma prática e menos oportunista… conceptualização das salvaguardas por diferentes atores

» Considerar e responder por mudanças institucionais/de regime nos países anfitriões de REDD+ e seu impacto sobre as salvaguardas

» REDD+ deve ser visto como uma necessidade pré-existente de manejo natural nacional, fora e para além de REDD+ e do financiamento relacionado com o carbono.

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44RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

ANEXO III: NOTAS DOS GRUPOS DE TRABALHO

SOBRE REPARTIÇÃO DE BENEFÍCIOS I. América Latina24

Quais foram as 5 Lições Aprendidas mais importantes no desenvolvimento de modelos socialmente inclusivos de distribuição de benefícios nos países REDD?

1. Uma das chaves para um bom desenho de repartição de benefícios é a clareza quanto à posse da terra e à propriedade do carbono (como no caso da Costa Rica). Na maioria dos países, a discussão sobre a repartição de benefícios ainda não foi vinculada a estes dois temas.

2. A maioria das propostas de desenho de repartição de benefícios não dá às populações indígenas e às comunidades locais o acesso direto aos recursos, o que deve ser abordado de imediato por todos os países, independentemente da etapa de preparação em que se encontrem.

3. A aspiração dos Povos Indígenas e Comunidades Locais é que a repartição de benefícios tenha uma visão mais ampla, incluindo o conceito de REDD+ Indígena, e que se baseie mais na cosmo-visão e nos planos de vida das comunidades.

Quais são as 3-5 Ações Concretas mais urgentes que devem ser levadas a cabo pelo Governo, Sociedade Civil (Organizações de Povos Indígenas e de Comunidades Locais) e Doadores, para assegurar­a­promoção­de­sistemas­de­repartição­de­benefícios­eficazes,­eficientes,­equitativos,­culturalmente apropriados e sustentáveis?

Participação plena e efetiva em espaços de diálogo sobre mecanismos de repartição de benefícios. Apoio para intercâmbios entre organizações indígenas e de comunidades locais, governos, doadores e organismos multilaterais.

Definir, nos marcos jurídicos de cada país, os direitos sobre a terra e o território, bem como os direitos sobre o carbono para garantir uma correta repartição de benefícios. Há que considerar que, mesmo no caso de as comunidades não terem os direitos sobre a terra, as comunidades que cuidam e conservam os bosques devem ter reconhecidos seus direitos à repartição de benefícios REDD+.

Criação de mecanismos financeiros públicos com governança mista (governo e povos e comunidades) que, de forma eficiente e transparente, realizem os pagamentos ou transferências diretamente para as comunidades. Propõe-se a criação de Fundos Indígenas que possam distribuir os pagamentos nos casos de comunidades sem personalidade jurídica.

(24) Notas de Iris Oliveira e Guillermo Mayorga, 28 de novembro 2018

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45RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

O QUE FUNCIONOU O QUE NÃO FUNCIONOU AÇÕES URGENTES

Peru: houve um avanço, com o ECA Amarakaeri lançado por RIA e REDD Nacional convencional e houve uma simbiose com o projeto piloto de Madre Dios sob o sistema de reservas comunitárias, nesse senti-do havia um piloto de RIA, aí estariam os princípios de RIA amazônico absorvidos como uma política nacional e agora estão desenhando RIA 2 a normativa legal, analisando como vão funcionar os benefícios, fundos públicos e privados para FENAMAD. Em Amarakaeri há exemplos que se podem aprender no caso do Peru.

Peru: não avançou no quadro REDD+ foram discutidos em alguns momentos no ano passado, uma estratégia?, preparação?, há apenas uma lei para pagamento de serviços ecossistêmicos como a Costa Rica, segundo parece, está sendo discutido agora no CCRE, no interior.

Harlem: distribuição de benefícios à red como política nacional, mas como iniciativa inicial como movimento de REDD há RIA em Amarakaeri. Assim, as iniciativas iniciais têm suas próprias formas no caso da RED indígena, mas no caso de ANPs há uma figura nos contratos de administração,

Diferenciar REM e políticas de REDD+ nacional

A distribuição de benefícios não tem que esperar pelo pagamento por resultados, mas é necessário fazê-lo a partir da discussão, planejar uma distribuição de benefícios específica para além de competir por fundos. O exemplo no caso de DCI Peru com a Noruega é que, com desembolsos na ordem dos 3% vão a atores não gover-namentais para a preparação de REDD. Este foi um valor acordado. Ações: começar a falar de distribuição de benefícios em todas as etapas de REDD+.

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46RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Chile: Desenhar um sistema de distribuição de benefícios estudan-do o sistema existente da figura florestal com o que funcionou em outros países, têm um Plano em construção do mesmo.

Porém esse sistema ainda não foi consultado com os PIs

Consulta aos PIs sobre estes mecanismos

Colômbia:

A proposta dos PIs para a questão ambiental é constante, apesar dos movimentos que ocorrem. Experiência em Chorrera frente a RIA, através do plano de vida integral.

Já têm um exemplo de escola pela Noruega o pagamento por carbono reduzido é um exemplo de benefício não económico, a formação é um espaço para empoderar os PIs através de formação. Governança territorial, têm um sistema de informação dos jovens, este sistema foi financiado pela Noruega.

Visão Amazônia: Parcerias funcio-naram

Como está falando de carbono são dois temas REM e Visão Amazônia.

Na Visão Amazônia não funcionou o processo de administração, os acordos, o acompanhamento no terreno, no caso dos acordos, uma opção é que as comunidades executem suas atividades direta-mente, nas comunidades tiveram uma parceria com GAIA para administrar seus recursos. Em outros casos, devido à complexidade da Amazônia, as energias renováveis ainda estão pendentes e como podemos começar a converter as lanchas a gasolina e na segunda convocatória para a visão Amazônia seria abordar temas em conjunto, além de haver uma convocatória para as mulheres.

No caso do carbono, o boom de comercialização de territórios como uma loja aberta ao comércio. Por exemplo na Colômbia foi aberto o comércio de pagamento por serviços ambientais (tem legislação, mas falta regulamen-tar) mas parece que haveria ação mas com danos, com divisão de comunidades, embora já haja projetos em Chorrera que estão acontecendo com COICA, não foi socializado em termos de contabi-lidade e estatística e questões monetárias, não nos sentamos para ver os benefícios, se os há, temos na Colômbia departamentos com bastante população mas com pouco território.

Além disso, apesar dos avanços não há políticas articuladas porque há atividades mineiras e hidrocarbonetos.

A proposta dos PIs a ser tomada em conta para a implementação

Os doadores podem pedir políticas articuladas.

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47RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Equador: A proposta de sociobosque funcionou, ajustaram-se a sociobosque e conseguiram mais fundos do governo.

Mas quando existe uma política nacional de investimento sobre atividades extrativas na mesma área em que é conduzida

Quando os fundos vão para o estado torna-se muito burocrático e quase ninguém acessa agora no caso do PNUD que administra os fundos é complexo, pois eles lançam um concurso o qual dizem que devemos ir buscar lá, mas não deveria ser assim, mas antes deviam chegar ao campo.

Visão do Ministério do Ambiente do Equador: Não há uma proposta de distribuição de benefícios, só se está limitando como uma prioriza-ção de benefícios. O que se faz é com enfoque nacional e prioriza créditos econômicos que diminuem o desmatamento do país; 70% vai para ações dos territórios e 30% habilitante, em esses 70% está sociobosque, para a política habilitante prioriza-se para o controle florestal os não- madeireiros, também se pensa em um guichê específico com fundos concursáveis para a RED que ainda não foi desenhado se espera que seja desenhado para PIs e sociedade civil, pensando que seja fácil e menos burocrático.

Os fundos têm que chegar ao nível territorial.

Mudar o mecanismo burocrático, torná-lo mais flexível para que as comunidades possam ter acesso.

O Estado deve ter um mecanismo eficiente e flexível, um mecanismo diferenciado e específico para as comunidades, as OI devem criar suas capacidades para aceder a esses benefícios, para os terem.

Os doadores devem ter uma política clara sobre comunidades e PIs. Por vezes, é dado dinheiro a governos ou não governos, mas não existem diretrizes claras e não há uma componente forte para chegar.

Desenhar uma política financeira para garantir que ela chegue às comunidades.

A exigência é que as OI criem seu próprio mecanismo de captação financeira.

A COICA tem o fundo para a Amazônia VIVA, a proposta é que os doadores financiem este mecanismo financeiro, um fundo para a sustentabilidade amazônica.

As comunidades, através de seu plano de vida, podem aceder a este fundo.

Criação de capacidades para aceder a fundos.

De fato há confusão nas três etapas de REDD+, caso de Equador primeiro foi a fase de preparação, primeira fase de apoio de vários PNUD PNUMA. Mas é importante que os esforços sejam retirados para a próxima fase de implementação em si e se pense no pagamento por resultados que resultam da redução do desmatamento.

Deveria ter-se como política uma estratégia de participação de profissio-nais indígenas na elaboração de propostas; é para o território, mas os do território não estão lá e não beneficiam.

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48RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Brasil: REM realizou um diálogo com os PIs, começou primeiro com o Acre e depois em Mato Grosso.

Existe um Plano Nacional de Territórios Indígenas

Estão construindo um Fundo Indígena com a Noruega e Ford diretamente para os indígenas, mecanismo próprio direto para os PIs.

Não existe uma política de REDD+ em cada país da bacia amazônica.

Nesta discussão não está a sociedade civil nem o governo;

No Brasil não têm interesse em se coordenar com os PIs, mas promovem avanços com agro- negócios em terras de PIs. Não há articulação das instituições;

No fundo Amazônia dos PIs, os PIs não têm acesso diretamente, as ONGs ambientalistas são outros espaços que acedem;

Só têm um representante de PI no conselho nacional apesar de haver 365 PIs;

REDD tem uma câmara com 5 regiões sobre Mudança Climática;

REM realizou um diálogo com os PIs que começou primero com Acre e depois em Mato Grosso

Respeitar o Plano de vida dos PIs e respeitar os protocolos de consulta e a diversidade cultural de cada PI.

É necessário demarcar o território dos PI.

Todos: Há 10 anos atrás foi bom o banco ter apoiado os diálogos regionais; passados estes 10 anos é necessário continuar e compartir estas lições aprendidas entre os PIs.

Quanto aos direitos do carbono ligados à terra. Esta discussão ainda não teve lugar em todos os países. O que foi colocado, foi a questão da titulação como condição habilitante.

Os governos criaram um artifício legal para aceder a um benefício restrito.

Criar oficinas de discussão e que o tema seja tratado institucionalmente a nível nacional e internacional, o intercâmbio na América Latina é útil.

América Central » O tema não foi suficientemente abordado: O tema

requer a definição do direito ao carbono, mas ainda não foi definido – com exceção da Costa Rica, que outorga o direito ao carbono a quem possui a terra; e não há mecanismos claros de distribuição de benefícios.

» Há que ter em conta que a distribuição de benefícios não é apenas uma questão monetária. Deve haver uma distribuição justa e equitativa que abranja o seguinte:

╸Segurança da terra ╸Direitos sobre os serviços ambientais ╸Mecanismos equitativos

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49RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Grupo de Trabalho África25

Lições Aprendidas: » É necessário um acordo sobre o papel dos Estados e dos governos, o que exige uma análise dos

riscos e benefícios. » Os benefícios do carbono devem ir para os pobres e para a natureza (florestas). » A governança deve ser melhorada. » Deve ser assegurada a transparência na gestão dos fundos. » Deve ser criado um bom sistema de repartição de benefícios, tanto a nível nacional como local. » É necessário um sistema adequado para a repartição de benefícios. » Enquanto a maioria dos acordos de distribuição de benefícios lidam com o eixo vertical da

repartição de benefícios, com muito pouca atenção pela extensão, dinâmicas horizontais e locais mínimas, há também uma tendência para a concentração nos benefícios de projetos sociais coletivos por oposição aos aspetos individuais.

» REDD+ não é uma panaceia para todos os desafios da paisagem …é apenas uma intervenção complementar.

» Diversificados/co-benefícios para REDD+ - isto é, agro-florestação, agregação de valor, atividades diretas de subsistência

» Os acordos de distribuição de benefícios não são uniformes na região, são essenciais estudos para a concepção, incluindo a polinização cruzada

» Embora a maioria dos países tenha reconhecido o desafio associado ao estabelecimento de linhas de base e critérios sobre os quais se deve basear a quota dos atores nos benefícios REDD+ - tamanho da área florestal sob REDD+, tamanho do carbono sequestrado, nível de participação dos atores na conservação florestal/REDD+, direitos perdidos pelas comunidades locais e papel das mulheres - alguns parâmetros comuns considerados foram: tamanho da área florestal, nível de participação dos atores na conservação florestal/REDD+, participação das mulheres, transparência e estruturas de responsabilização no nível comunitário, julgamento de disputas sobre taxas e ganhos de benefícios entre atores REDD+.

(25) Notas gentilmente tomadas por Sr. Tchani Wachiou

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50RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

» Etiópia: necessidade de considerar a dimensão vertical e horizontal na repartição de benefícios, com 80% atribuídos às comunidades e 20% nacionalizados

» Congo: A quota dos PIs nos benefícios é inferior a 1%, enquanto o setor privado recebe 30% ...apesar de ter emissões históricas mínimas/negligenciáveis

» Gana: Estudo sobre quem tem direitos REDD+, incluindo aqueles que vivem fora das áreas flo-restais, cujos meios de subsistência são afetados pela programação REDD+, tais como produto-res de cacau que recebem insumos agrícolas no contexto de REDD+. Ouvidoria está em vigor e tudo ainda tem que ser testado.

» Libéria: canal e estruturas para facilitar o acesso das comunidades aos benefícios não estão criados, são fracos e disfuncionais... como é que o dinheiro vai chegar até elas?

Ações Urgentes: » Criar um fundo de investimento para comunidades locais/populações indígenas. » Reforçar a capacidade de todos os atores envolvidos. » Envolver todos os atores no desenvolvimento do processo de repartição de benefícios. » Definir o papel dos atores na repartição de benefícios » Criar um mecanismo de tratamento de queixas acessível a todos.

Recomendações: » É necessário reforçar as capacidades de negociação dos PICLs no contexto da distribuição de

benefícios, uma vez que o estado, setor privado e OSCs dominam o processo » Que o plano de distribuição de benefícios seja desenvolvido com as comunidades e comunicado

em línguas locais compreendidas pelas comunidades ... participação significativa baseada no respeito mútuo possibilitado através do CLPI

» A vontade política do estado e suas capacidades para implementar o acordo BS são cruciais, tal como a transparência.

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51RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

ANEXO IV: NOTAS DOS GRUPOS DE TRABALHO

SOBRE POSSE DA TERRA I. América Latina26

(26) Notas de Iris Oliveira Gomez y Guillermo Mayorga, 28 de novembro de 2018

Quais foram as 5 Lições Aprendidas mais importantes no âmbito dos esforços visando abordar questões relacionadas com os direitos de posse da terra/de propriedade nos países REDD?

Quais são as 3-5 Ações Concretas mais urgentes que devem ser levadas a cabo pelo Governo, Sociedade Civil (Organizações de Povos Indígenas e de Comunidades Locais) e Doadores, para tratar de maneira apropriada e sustentável os receios e os interesses das partes interessadas e dos titulares de direitos em relação aos direitos de posse da terra?

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52RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

SUCESSOS DESAFIOS AÇÕES URGENTES

Colômbia: Desde a implementação do projeto REM na Amazônia colombiana, o problema não é a posse da terra, mas sim como governar esses territórios

Procurar um novo quadro regulamentar pois a figura do resguardo é antiga, mas é insufi-ciente porque não defende o direito do carbono, o resguardo protege apenas a terra, mas a questão agora é de abordar o território.

A terra tem três condições inalienáveis, impenhoráveis, coletivas, mas o que tem a ver com o carbono e os recursos hídricos são uma parte essencial da terra. Esta deve ser uma condição necessária.

Como encontrar mecanismos de governança;

Não se tem os direitos sobre o carbono.

Onde se colocam políticas ambientais tem que ficar claro que os doadores apoiam as propostas dos PIs e que nós somos os menos ouvidos, que tenham em conta que vivemos lá.

Condição habilitante a titulação, demarcação e governança entendida como um direito de propriedade de tudo isso, como parte da agenda do movimento indígena.

Uma das condições que os doadores devem colocar é a segurança jurídica territorial.

O mesmo REDD+, por sua vez deve passar salvaguardas, por exemplo, as contradições conservação vs. mineração ou hidrocarbonetos, no mesmo território.

Território: jurisdição há muitas formas de posse, o resguardo não está completo, os espaços eletromagnéti-cos, é necessário refletir esses novos termos, novas formas que estão chegando aos PIs, mas que no local não são conhecidas. A liderança indígena tem de estar ao mesmo nível, pois trata-se de um tema de negocia-ção. Se nós somos os donos da casa, quais são essas condições equitativas para falar que querem negociação.

Na Colômbia, nem sequer os próprios funcionários sabem isso, mas isso pode ser feito de fora, a partir dos doadores.

Portanto, os recursos têm que chegar onde devem chegar e os governos têm que se articular e ter políticas claras.

A reflexão é até onde esta a bacia amazónica, é identificar quem está (lá), é importante a continuidade territorial, chama-nos a fazer um esforço coletivo.

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53RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Peru: O mecanismo dedicado aos povos indígenas com o qual foi promovida a experiência do Peru para titulação de terras com as OIs Aidesep e a CONAP. Eles criaram novos modelos de financiamento mais direto e com uma organização parceira que eles escolheram.

Isso faz parte do FIP no quadro de apoio à implementação de REDD+

Prevenir conflitos entre titulação de PIs e propriedades rurais individuais (PRIS)

A COICA salienta que esta iniciativa foi desenvolvida pela mesma OI.

Ainda está pendente o enfoque de titulação ao abrigo da Convenção.

Os Estados devem estabelecer seus regulamentos relacionados com o saneamento físico para que sejam eficazes e eficientes na proteção do território dos PIs.

A COICA: NÃO está satisfeita com esta experiência do MDE, foi imposta sem base.

Afirma que a titulação, o sanea-mento é uma condição habilitante para REDD+

A mensagem é que sem titulação não há REDD+.

É necessário reforçar a institucio-nalidade orgânica das próprias OIs.

O princípio de consulta ao movimento indígena coloca a reforma, a lingua-gem constitucional, mas na linguagem jurídica está para o outro lado, entre os princípios,

Referendo, Consulta do Estado para esse tipo de ações que tem que ver com o território. Respeitando os princípios de cada país, tal como os protocolos de consulta.

Uma coisa é segurança e outra é propriedade (solo, subsolo), a tarefa é olhar para os outros países como

A autonomia que tem certa circunscri-ção territorial, autonomias de províncias ou estados, aí está ligada à autonomia da província, a partir daí pode-se começar a atuar e criar suas próprias leis a partir do local, de baixo, do local para o doador.

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54RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Chile: focalização dos programas do estado que estavam funcionando de forma independe sob a abordagem REDD+, ou seja, os interessados em acessar atividades de REDD+ têm prioridade para programas de saneamento.

Brasil: princípio fundamental a garantia da demarcação do território.

No Brasil, essa condição habilitante não se aplica, pelo contrário, há um projeto de lei que limita a demarcação.

No Brasil, foram criadas sobreposi-ções de territórios, como parques nacionais, concessões madeireiras, dentro do território dos PIs.

O Brasil está promovendo embar-cações que apoiam agronegócios, estão nos dividindo.

Para os doadores, tem um mecanismo para monitorar que realmente estão cumprindo os compromissos, o Brasil está impondo e não há diálogo, é por isso que temos nossas próprias consultas e por exigirmos nossos direitos eles nos chamam terroristas.

Mecanismo de proteção para defensores indígenas.

Equador: não há avanços, come-çando pelo fato de que se trata de um mecanismo voluntário, mas o interessante do processo REDD é que tem um guia de rede nacional, ou seja, todas as iniciativas privadas que operam em rede nos territórios de PIs têm que fazer um protocolo e procedimento com consulta à população, isso está pensado para o Fundo Verde para o Clima.

Equador artigo 74 A da constituição: carbono e direitos das florestas não é privado. O estado é que regula esse serviço ambiental mas estes serviços ambientais não pertencem a uma pessoa a título pessoal.

Em um desafio para abordar a titulação como condição habilitante.

O reconhecimento de uma política pública para a titulação.

As mulheres claramente não têm direitos sobre a terra, isso fará parte de um processo interno, por exemplo, 10 anos se passaram para fazer parte da estrutura da organização. Espera-se.

Na proposta de circunscrição territorial indígena dos PIs amazônicos há oposição aos PIs andinos.

É necessário harmonizar as políticas públicas do Estado, por um lado, o respeito pelos direitos dos PIs, que segundo a constituição diz que é inalienável e indivisível, mas depois decide realizar atividades extrativis-tas no mesmo território.

Alavancar os instrumentos existentes, ancorar nos instrumentos territoriais é importante, o trabalho dos PIs é fundamental e os planos de vida que contribua com o tema da titulação dos PIs.

Como garantir a participação das mulheres na terra.

Em relação ao acesso à terra, a linguagem tem de ser intergeracional.

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55RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

América Central: » REDD trouxe a questão da posse da terra para a discussão. Há conflitos entre aqueles que

detêm o título de propriedade e aqueles que fazem uso dela. Em alguns países, os PIs têm apenas uma pequena percentagem das terras, pelo que o problema é que não existe uma distribuição justa da terra. É necessário falar de território e não de terra, já que o primeiro está alinhado com a identidade.

» Costa Rica e Mexico resolveram a questão da posse da terra. Noutros países, deve ser promovido um processo de saneamento, demarcação e titulação.

» O tema da migração às vezes deixa insegurança sobre a posse: Nas Honduras houve um processo de titulação, mas houve terras com problemas, por exemplo, influenciadas pelo tráfico de drogas; em Petén, na Guatemala, foram deslocadas famílias devido ao tráfico de drogas; em geral, um problema sensível é a invasão de colonos.

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56RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

II. África30

Lições aprendidas » Os direitos consuetudinários dos povos indígenas e das comunidades locais devem ser reconhecidos. » A questão da propriedade do carbono continua por resolver nos países em que o Estado possui

a terra. » As comunidades locais não são efetivamente reconhecidas. » Exigências das mulheres para terem acesso à terra. » Discrepâncias entre os direitos fundiários estabelecidos na legislação escrita e os direitos

fundiários tradicionais (lei consuetudinária), ligando a lei da terra aos pagamentos ambientais. » Importância de realizar um levantamento cartográfico e garantir um acordo unânime sobre os

limites da terra - estabelecimento para fazer reivindicações efetivas de direitos e recursos naturais sobre REDD+

» Impulsionou o diálogo em torno das reformas jurídicas e institucionais em matéria de posse da terra, em especial quanto ao papel das mulheres, mas sua aplicação continua a ser uma grande amálgama - cultura e tradições - prática

» Em alguns casos, o clã, no contexto das comunidades matrilineares, oferece uma janela de opor-tunidade para os direitos das mulheres à terra.

» Arranjos informais baseados em arranjos tradicionais para explorar a formalização. » REDD+ abriu espaços para a silvicultura comunitária e empreendimentos de desenvolvimento

florestal comunitário » Camarões: Como finalizar/ assegurar a reforma e reportar os frutos pretendidos, um processo

muito longo para os Camarões - a lei de gestão de recursos naturais de floresta comunitária está bloqueada. Recursos para capacitar as comunidades a entrar na luta/no processo de titulação.

» Experiência do Gana sobre posse de árvores: a árvore pertence ao estado, o qual incentiva o abate ilegal de árvores

» Como a exploração madeireira ilegal afeta o nexo dos direitos legais dos proprietários de recursos » Diálogo em torno de múltiplos atores em todos os níveis sobre a posse da terra… protegida/

legalizada a propriedade da terra pelas comunidades, titulação e todo o trajeto até à família » Libéria: toda a terra é propriedade do governo ...recentemente foi concedido às comunidades o

direito à propriedade da terra; reformas dos direitos fundiários; direitos consuetudinários, privados e públicos ...

(30) Notas tiradas e partilhadas por Tchani Wachiou

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57RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

Ações Urgentes » Desenvolver todos os esforços para garantir que as mulheres tenham acesso à terra. » Promover o diálogo intercomunitário através do reconhecimento. » Clarificar e formalizar o reconhecimento da lei tradicional de terras. » Aumentar a implementação nas etapas seguintes. » Harmonizar as políticas públicas (diretrizes) para aumentar a compreensão dos sistemas de posse

da terra. » Assegurar que os costumes e as práticas sejam menos discriminatórios para as mulheres. » Formalizar práticas costumeiras testadas e comprovadas. » Mulheres e terra: no caso das Fiji, as mulheres casadas continuam sendo tradicionalmente proprie-

tárias da terra através do sistema de parentesco, o que muitas vezes é aproveitado pelos maridos que não pertencem ao clã, em detrimento do clã das esposas.

» Gerenciando expectativas, REDD+ é uma iniciativa intergeracional, os proprietários de terras (muitas vezes idosos), no momento da preparação, esperam os benefícios de REDD+ durante o período de sua vida.

» Desafios na designação de direitos de carbono sobre os quais planes de distribuição de benefícios se apoia -...ainda lutando para encontrar um ritmo para isso

» A vinculação dos direitos de carbono aos títulos de propriedade da terra é problemática, especial-mente para as comunidades que estão lutando para reivindicar ou ter reconhecidos seus direitos de terra; neste contexto, a atribuição de direitos de carbono aumenta a complexidade em torno da restauração/restituições; neste contexto, REDD+ não é um habilitador, mas um impulsionador da desapropriação, por exemplo, na República Democrática do Congo.

» Os estados africanos pós-coloniais franceses tinham entregado terras ao Estado, uma situação que se manteve durante e após a independência... neste contexto, o mecanismo de REDD+ é uma iniciativa positiva sobre os direitos de posse da terra na África francófona

» A transformação positiva associada a REDD+ quanto à representação e participação é testada na implementação sustentada após a preparação para REDD+

» A segurança da posse da terra para os PIs deve preceder REDD+, pois REDD+ é apenas uma das muitas iniciativas do setor florestal

» Madagáscar: a terra é propriedade do Estado, portanto REDD+ trabalha em florestas naturais com direitos legais, cidadão/comunidades só têm direitos de usufruto (direitos de propriedade vs. direitos do usuário). Portanto, o Estado tem o monopólio dos direitos de carbono.

» Moçambique: é útil distinguir as comunidades locais dos governos locais em material dos direitos à terra... a terra pertence ao povo, portanto as pessoas podem manejar a terra legalmente, sem título de propriedade; direito de posse em assentamentos 10 anos. No entanto, o estado confere e/ou retira direitos à vontade, transformando os cidadãos de ricos proprietários de terras, em pobres. O valor dos planos de longo prazo da terra é ignorado.

» Etiópia: Toda a terra é propriedade do governo da Etiópia ... apenas os direitos de usuário são concedidos às comunidades; a posse da terra não é um problema.

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58RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

AS NOTAS DO TERCEIRO GRUPO DE TRABALHO REGIONAL (ÁSIA-PACÍFICO) SOBRE SALVAGUARDAS, REPARTIÇÃO DE BENEFÍCIOS E POSSE DA TERRA FICAM NA VERSÃO

ORIGINAL DO RELATÓRIO DE WEILBURG II, EM INGLÊS.

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59RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

AS NOTAS DO TERCEIRO GRUPO DE TRABALHO REGIONAL (ÁSIA-PACÍFICO) SOBRE SALVAGUARDAS, REPARTIÇÃO DE BENEFÍCIOS E POSSE DA TERRA FICAM NA VERSÃO

ORIGINAL DO RELATÓRIO DE WEILBURG II, EM INGLÊS.

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60RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

ANEXO V: MERRY GO ROUND: O que os esforços

de inclusão social trouxeram para REDD+ e

além de REDD+? 1. O maior êxito da Inclusão Social em REDD+ que podemos celebrar é …

» Melhoramento da governança florestal » Criação de plataformas » Reconhecimento de CL, PIs e mulheres » Estarmos aqui reunidos para, em conjunto, avaliarmos REDD » A inclusão social » A criação de espaços de diálogo entre PI e governos, visibilidade (tornar visíveis) de direitos, tais

como o território » Alguns governos abriram-se à participação de PICLs no diálogo político nacional » Reformas jurisdicionais de leis e de regimes de governança » Oportunidades/consultas multi-atores » Benefícios adicionais para as comunidades em relação aos benefícios florestais tradicionais » Inclusão do género na gestão dos recursos naturais » Melhorada a capacidade para as mulheres/políticas setoriais /estratégias » Garantia dos direitos dos PIs

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61RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

2. Os esforços da Inclusão Social em REDD+ contribuíram .... para os povos indígenas e comunidades locais:

» PICLs estão na mesma mesa para discutir com outros atores importantes e de alto nível » Criadas oportunidades para erguer a voz dos PIs » Aumentada a conscientização dos PICLs para expressarem seus assuntos e defender seus direitos » Obrigou as OICLs a manter a ligação com os governos nacionais através de estruturas descen-

tralizadas » Engajamento proativo na agenda de desenvolvimento REDD+ --> oportunidades para influenciar

o processo político » Oportunidades para erguer as vozes » Construção de políticas e espaços de participação » Visualização dos direitos dos PICLs » Consideração e promoção de seus direitos consuetudinários » Participam ativamente na conservação de suas florestas » Sim, foram feitos esforços, mas precisam de ser melhorados » Diálogo » Esforços conjuntos » Reconhecimento de direitos » Participação

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62RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

3. As considerações de Gênero em REDD+ levaram a…

» Empoderamento das mulheres em todos os níveis » Integração do género na governança e no manejo dos recursos naturais » Sensibilidade/conscientização em relação ao género » Isso não aconteceu em todos os lugares, continua sendo necessário implementar considerações

de género » Inclusão de todos os gêneros no discurso de REDD+ incluindo LGBTG » Reconhecimento “progressivo” (passo a passo) de direitos » Estratégias, políticas, plano de ação, desenvolvimento de capacidades e aplicação eficaz da

legislação em matéria de gênero » Mudança » Alcançar metas nos SDGs (objectivos do desenvolvimento sustentável) » Equidade e igualdade de gênero » Todos os progressos acima referidos precisam ser postos em prática, uma vez que ainda não são

efetivos a nível nacional e local » Considerar as mulheres pastoras » Aumentar sua participação nos diferentes processos » Reconhecê-las como importantes agentes de conservação » Discussões relevantes sobre inclusão e REDD+ (mapa integrado) » Poderá reforçar estereótipos negativos em relação às mulheres » Demarcar/titular nossos territórios

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63RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

4. Se não tivéssemos tido o envolvimento de Povos Indígenas/ONGs nas negociações internacionais sobre REDD+, iria nos faltar principalmente…

» Plataforma para a inclusão » Se perderia terreno de REDD+ » É de grande importância fazê-lo, em primeiro lugar porque os PICL são os mais vulneráveis » Princípios de Cancun em material de Salvaguardas » Harmonia entre OSCs/PICL e as respectivas agências governamentais em REDD+ » Eles não se apropriarão de REDD+ se o programa eventualmente falhar » Diferenciar entre PI, CL e ONGs » São os verdadeiros atores do processo REDD+ » Os benefícios carbono e não-carbono » Desconexão com a realidade! » Não haveria REDD+!!! » A participação real de PIs e comunidades locais » Perderíamos a importância e valorização dos verdadeiros conservadores e proprietários das

florestas, os povos indígenas

5. Após 10 anos de esforços de Inclusão Social em REDD+, a maior mudança que a Inclusão Social em REDD+ impulsionou foi…

» Foram feitos bons progressos - mas ainda há muitos desafios a enfrentar! ╸Preocupações quanto à participação ativa dos PICLs ╸Ritmo lento do envolvimento dos PICLs ╸Plataforma multi-atores precisa de ser fortalecida em todos os níveis ╸PICLs ficando para trás ╸Valor do conhecimento indígena e tradicional ╸As mulheres devem ser mais ouvidas, ter acesso a certos espaços, fazer ouvir sua voz

» O processo foi recentemente iniciado » Pausa! Olhar para trás, avaliar e avançar » É necessário continuar, agora que os planos de repartição de benefícios estão sendo negociados.

O momento realmente importante é agora!! » Menos complexo, mais simples

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64RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

6. A redução da pobreza e REDD+ são como … (encontre uma metáfora)

» Fonte de subsistência » Mãe e filho/a » Arroz e água » Pedra e tesoura » As duas faces de uma moeda » Yin e yang » O mesmo macaco em diferentes galhos » O paraíso na terra » Complementares entre si » Flores e abelhas » A galinha e os ovos » Cerveja gelada e um dia de calor » Escalope e chucrute » Inclusão social de todos os atores, incluindo os mais marginalizados como mulheres, jovens e

pastores, são necessários recursos e abordagens apropriadas » Sobrevivência

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65RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

7. Quais capacidades os esforços de Inclusão Social REDD+ trouxeram aos governos e aos Povos Indígenas/Comunidades Locais?

» Espaços fortalecidos de participação, diálogo direto PI-Governos » Como atores fortes/titulares de direitos » Plataforma para o diálogo aberto » Diálogo e inclusão » Empoderamento de PICLs através de partilha de informação – mobilização social » Criação de políticas para PI com foco na diversidade » Capacidades de negociação para PICLs » A implementação de CLPI e sua implicação em todo o processo de elaboração de instrumentos

de preparação REDD+ » Diálogos contínuos e respeito pelos direitos dos PIs » Capacitação dos atores » Respeito mútuo e cooperação entre governos e PICLs » Respeito por sua autonomia e formas de organização para trabalharem em prol de seus interesses » Oportunidades de trabalho e espaços de participação » Implementação das salvaguardas » No entendimento de “o que é REDD+ e o que representa para os PICLs!!”

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66RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

8. Quando falamos sobre impactos de REDD+ na governança, o maior conflito é…

» Falta de reconhecimento e de segurança territorial legal e de estruturas próprias dos PIs (Colômbia) » Não há espaços vinculativos de participação (Colômbia) » A coordenação inter-institucional e interdisciplinar » O poder de decisão dado aos PICLs » O sistema de posse da terra! » Participação plena e relevante na tomada de decisões – posse da terra » Reconhecimento dos direitos de posse da terra » Falta de fluxo de informação para as comunidades » Hegemonia governamental vs. nível local/papel dos PICLs e das mulheres » Equilíbrio entre direitos e responsabilidades » A repartição de benefícios » Tentar mudar os costumes tradicionais que refletem circunstâncias nacionais

9. Para neutralizar de forma eficaz os “espaços reduzidos” para as Organizações de Sociedade Civil, os esforços de REDD+ precisam...

» Criar e pôr em funcionamento um fundo especial para PIs » Criar mais espaço e oportunidades para as OSCs facilitarem entre PI e Governos » Manter o financiamento e continuar a partilha de experiências entre países » Garantir que a participação das OSCs seja obrigatória nos processos internacionais, nacionais e

subnacionais » Apoio técnico e financeiro para organizar muitas campanhas de fortalecimento de capacidades

para os PICLs e as mulheres nos processos de REDD » Homens e comunidades específicos que têm um impacto significativo na redução das emissões

de GEE e na melhoria dos meios de subsistência » Abordagem multi-atores e centrada na comunidade » Papel das OSCs » Cartas das Nações Unidas que promovem os espaços cívicos, incluindo OGP/CEPD/UNDRIP

(Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas) » Assegurar um arranjo institucional e uma estrutura de governança inclusivos na fase de imple-

mentação

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67RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

10. A fim de manter e alavancar os resultados alcançados de Inclusão Social REDD+, Governos e Povos Indígenas deveriam…

» Estabelecer espaços de diálogo de boa-fé, com garantia de participação a longo prazo, através da institucionalização

» Estabelecer agendas conjuntas entre o Estado e os PIs » Fortalecer a colaboração com as OSCs coordenadoras nacionais, das quais os PICLs são membros » Identificar as organizações e comunidades - incluindo as mais marginalizadas - que estão fazendo

coisas boas » Ampliar o foco de REDD+ com a titulação como condição habilitante (advocacia) e incluir os temas

da saúde, educação e nutrição/alimentos » Criar um mecanismo nacional e internacional próprio para os PICLs » Apoiar emendas constitucionais e incluir a inclusão social dos Pis » Apoiar iniciativas próprias dos PIs » Fortalecer a colaboração » Partilhar mais as experiências regionais e internacionais » Fortalecer e dar voz às redes de organizações de mulheres e de organizações de pastores que

são marginalizadas em África e no resto do mundo » Criação da plataforma multisetorial

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68RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

11. Que poderiam outros setores, arenas políticas e iniciativas aprender de REDD+ no que toca a inclusão social?

» Acesso à energia para as comunidades: a energia renovável utiliza o processo REDD+ » Sabedoria coletiva e engajamento ativo » Gerar sinergias entre as iniciativas de PI e LC » Fortes salvaguardas sociais e ambientais » Abordagem multi-atores » Coordenação » Capacitação e conscientização de PICLs » Especialmente o reconhecimento dos PIs » Criação de plataformas de diálogo » Abordagem multissectorial na gestão sustentável dos recursos naturais » Conhecer e aprender sobre PICLs » Criação de novas oportunidades a nível das políticas, do diálogo e ? » Necessidade de adotar o princípio da inclusão dos aspectos culturais dos PI » Processo multi-atores » Reconhecimento do papel das CLs, dos PI e das mulheres nos processos de desenvolvimento » As salvaguardas podem ser aplicadas em uma área muito ampla: minas, projetos de energia » Aprender e compreender completa e claramente seu papel na discussão e implementação de

REDD » REDD+ e apropriação, liderança, salvaguardas, direitos, inclusão, aprendizagem, diálogo, empo-

deramento

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69RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

12. As oportunidades oferecidas pelo REDD+ podem ser usadas em outras arenas políticas se…

» Sim! » Salvaguardas de Cancun » Participação de observadores dos PICL nas estruturas de governança » Na agricultura, no pastoreio, na área social, de boa governança » Planejamento territorial vinculativo, com prioridade para a titulação de PIs » Reforma agrária e florestal » Existe uma boa interação com outros setores - harmonização de políticas » Estratégia e fundo para a sustentabilidade de toda a bacia amazônica » Continuado. Maximizado. » Consolidação dos próprios governos indígenas » …houver um forte compromisso político ao nível internacional » Os direitos fundiários são garantidos para PICLs » Manter a eficácia das plataformas » Os governos nacionais reconhecerem sua importância para a boa governança » Mecanismos de financiamento tais como o Mecanismo (de Doação) Dedicado ou a Visão Amazônia » Sim, se existir articulação e harmonia das políticas públicas entre diferentes setores e instituições

governamentais » Garantir a segurança jurídica das terras e territórios indígenas

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70RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

ANEXO VI: Participantes da 2nda Conferência de

Weilburg sobre Inclusão Social em Processos

REDD+

INSTITUIÇÃO / POSIÇÃO

NOME SOBRENOME PAÍS E-MAIL

GOUBI Assoumanou Abou Togo [email protected]

Forestry Commission of Ghana Roselyn Fosuah Adjei Ghana [email protected]

Corporación Nacional Forestal (CONAF)

Guido Aguilera Bascur Chile [email protected]

Coordination Nationale REDD+ Hemou Assi Togo [email protected]

Indigenous Peoples Inter-national Centre for Policy Research and Education

Grace Balawag Philippines [email protected]

Ministry of Land, Environment and Rural Development

Tomás Bastique Mozambique [email protected]

Sotzil Ramiro Batzin Guatemala [email protected]

Bale REDD+ project Girma Ayele Bedane Ethiopia [email protected]

The Rainforest Foundation UK Norah Berk Great Britain

[email protected]

REPALEAC Balkisou Buba Cameroon [email protected]

Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammen-arbeit GmbH (GIZ)

Christine Cakau Fung Fiji [email protected]

Coordinadora de las Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica (COICA)

Milton Serban-tio

Callera Nacaim Ecuador [email protected]

Federación Interprovincial de Comunas y Comunidades Kichwas de la Amazonía Ecuatoriana (FICCKAE)

César Chimbo Grefa Ecuador [email protected]

Ministerio de Ambiente y Recursos Naturales

Obdulio Cordón Alvarado Guatemala [email protected]

Forestry Development Authority (FDA-RIU)

Saah Augustine David, Jr. Liberia [email protected]

Ministry of Forests and Environment

Sindhu Dhungana Nepal [email protected]

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71RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

INSTITUIÇÃO / POSIÇÃO

NOME SOBRENOME PAÍS E-MAIL

Commision de contrôle, Suivie et Évaluation REPALEAC/RENAPAC/ CACO REDD+

Parfait Dihoukamba Congo [email protected]

PSNUA Khanhkham Douangsila Laos [email protected]

Ministry of Fisheries & Forests

Semi Dranibaka Fiji [email protected]

Organización Nacional de los Pueblos Indígenas de la Amazonía Colombiana (OPIAC)

Mateo Estrada Cordoba Colombia [email protected]

Rights and Resource Institute (RRI)

Alain Frechette Canada [email protected]

Bureau National de Coordination REDD+

Joharitantely Haingomampihiratra Madagascar [email protected]

Vanuatu Civil Society Network, Port Vila

Charlie Harrison Vanuatu [email protected]

Organización Nacional de los Pueblos Indígenas de la Amazonía Colombiana (OPIAC)

Maria Clemencia

Herrera Nemerayema

Colombia [email protected]

Dirección Fomento Forestal, Fondo Nacional de Financiamiento Forestal (FONAFIFO)

Maria Elena Herrera Ugalde Costa Rica [email protected]

Centro Kichwa Río Guacamayos

Luzmila Huatatoca Ecuador [email protected]

Institute of Sustainable Development (ISD)

Kanwar Muhammad Javed

Iqbal Pakistan [email protected]

Ministerio de Medio Ambiente y Desarrollo Sostenible

Ayda Lucia Jacanamijoy Muyuy Colombia [email protected]

COICA Juan Carlos Jintiach Arcos Ecuador [email protected]

McGill University Sébastien Jodoin Canada [email protected]

COICA Tuntiak Katan Jua Ecuador [email protected]

FECOFUN Dil Raj Khanal Nepal [email protected]

Emalu REDD+ Laitia Leitabu Fiji [email protected]

Center for Indigenous Peoples Studies

John Ray Librian Philippines [email protected]

Rainforest Foundation (RFP) Joshua Lichtenstein USA [email protected]

Organisation d'Accompagnement et d'Appui aux Pygmées(OSAPY)

REPALEF/GTCR-R Willy Loyombo Esimola DRC [email protected]

WWF Moçambique Rito Mabunda Mozambique [email protected]

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72RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

INSTITUIÇÃO / POSIÇÃO

NOME SOBRENOME PAÍS E-MAIL

Forum Umwelt und Entwicklung

László Maráz Germany [email protected]

Derecho, Ambiente y Recursos Naturales (DAR)

Harlem Marino Saavedra Peru [email protected]

Consejo Indígena Centro Americano (CICA)

Jesús Amadeo Martínez Guzmán El Salvador [email protected]

Fundaciòn para la Promociòn del Conocimiento Indìgena (FPCI)

Onel Masardule Arias Panama [email protected]

Radeza Daniel Maula Mozambique [email protected]

Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammen-arbeit GmbH (GIZ)

Guillermo Mayorga El Salvador [email protected]

Comunidad Quinquen Sergio Meliñir Marihuan Chile [email protected]

Environmental Defense Fund Chris Meyer USA [email protected]

Conservation International Peter Mulbah Liberia [email protected]

Pan African Climate Justice Alliance

Joseph Mithika Mwenda Kenya [email protected]

Réseau des Femmes Africaines pour la Gestion Communautaire des Forêts (REFACOF)

Cécile Ngo Ntamag epouse Ndjebet

Caméroun [email protected]

PanNature Trinh Le Nguyen Vietnam [email protected]

Association Debout Femmes Autochtones du Congo (ADFAC)

Carine Nzimba Zere Congo [email protected]

Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indigenas do Acre

Francisca Oliveira de Lima Costa

Brasil [email protected]

Derecho, Ambiente y Recursos Naturales (DAR)

Iris Olivera Gomez de Serna

Peru [email protected]

Tarayana Foundation Sonam Pem Bhutan [email protected]

Ministry Agriculture and Forestry (MAF)

Kinnalone Phommasack Laos [email protected]

Ministry of Environment and Forestry

Ibu Emma Rachmawaty Indonesia [email protected]

Nepal Federation of Indigenous Nationalities

Tunga Rai Nepal [email protected]

Gasy Youth Up Miarintsoa Nandianina Lalaina

Razafimanantsoa Madagascar [email protected]

Consejo Indígena de Centro America (CICA)

Donald Rojas Maroto Costa Rica [email protected]

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73RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

INSTITUIÇÃO / POSIÇÃO

NOME SOBRENOME PAÍS E-MAIL

Red Mexicana De Organizaciones Campesinas Forestales (Red MOCAF)

Gustavo Sanchez Valle Mexico [email protected]

Indonesia's Indigenous Peoples' Alliance of the Archipelago (AMAN)

Mina Setra Indonesia [email protected]

BEIS Lydia Madeleine

Sheldrake United Kingdom

[email protected]

Mainyoito Pastoralist Integrated Development Organization (MPIDO)

Joseph Simel Kenya [email protected]

Indonesia Operation Samdhana Institute

Martua T. Sirait Indonesia [email protected]

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB

Francinara Soares Martins Brasil [email protected]

Red Indígena Bri Bri – Cabecar (RIBCA)

Levi Sucre Romero Costa Rica [email protected]

Freelance Development Consultant

Shane Tarr Thailand [email protected]

Ministerio de Ambiente y Recursos Naturales

Maria Tayún Poroj Guatemala [email protected]

Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammen-arbeit GmbH (GIZ)

Wachiou Tchani Togo [email protected]

Federación Tribus Pech de Honduras (FETRIPH)

Adalid Tomé Echeverría Honduras [email protected]

Alianza Mesoamericana de Pueblos y Bosques (AMPB)

Fabio Viquez Brenes Costa Rica [email protected]

Center for Sustainable Rural Development (SRD)

Hop Vu Vietnam [email protected]

Ministry of Forests and Environment

Radha Wagle Nepal [email protected]

Tin Hinan Association Saoudata Walet Aboubacrine Burkina Faso

[email protected]

Organizações internacionais

BMZ Lena Siciliano Bretas Germany [email protected]

World Bank Alexandra Bezeredi USA [email protected]

USAID Brian Keane USA [email protected]

UNDP Jennifer Laughlin USA [email protected]

GIZ Raphael Linzatti Germany [email protected]

World Bank Robin Mearns USA [email protected]

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74RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

INSTITUIÇÃO / POSIÇÃO

NOME SOBRENOME PAÍS E-MAIL

World Bank Lan Thi Thu Nguyen USA [email protected]

GIZ Evy von Pfeil Germany [email protected]

World Bank Markus Pohlmann USA [email protected]

BMZ Ekkehard Stein Germany [email protected]

BMZ Heiko Warnken Germany [email protected]

World Bank Simon Whitehouse USA [email protected]

Moderadores

Bern University of Applied Sciences

Jürgen Blaser Switzerland [email protected]

Indigenous Livelihoods Enhancement Partners (ILEPA)

Stanley Kimaren

Riamit Kenya [email protected]

Facilitation Susanne Willner Germany [email protected]

Equipe de Organizadores

World Bank Tamara Bah USA [email protected]

GIZ Mélanie Bassiouris Germany [email protected]

GIZ Nadine Girard Germany [email protected]

World Bank Kadija Jama USA [email protected]

World Bank Kennan Rapp USA [email protected]

GIZ Sylvia Reinhardt Germany [email protected]

World Bank Haddy Sey USA [email protected]

World Bank Nicholas Meitaki

Soikan USA [email protected]

GIZ Ute Sonntag Germany [email protected]

GIZ Andrea Wanninger Germany [email protected]

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75RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II 75

Inclusão Social em processos de REDD+:Situação e resultados de 10 anos de preparação e implementação REDD+

75

Terça-feira, 27 de novembro de 2018 // 09.00

Abertura Conhecendo-nos uns aos outros Conversa de abertura com os anfitriões Explorando nossas Vozes Inclusão Social em REDD+: Explorar e entender nossas múltiplas perspectivas e experiências // 11.00 - 11:30 Pausa para café // Preparando o palco Conversa com representantes de PI/CL, academia e governo

// 12.30 - 14:00 Pausa para Almoço //

Salvaguardas e Governança: Gestão de riscos e maximização de dividendos de desenvolvimento inclusivo para comunidades das florestas País-caso: GanaApresentações, reflexões de outros países e debates conjuntos

// 15.30 - 16:00 Pausa para café //

Grupos de Trabalho Regionais Perspectivas – Lições aprendidas – Ações urgentes

// 17.30 Fim do primeiro dia //

19.00 Recepção & Recreação

ANEXO VII: AGENDA

Quarta-feira, 28 de novembro de 2018 // 09.00 Notícias das 9 horas Relatório dos Grupos de Trabalho Melhorar os modelos de distribuição equitativa de benefícios, tanto de benefícios de carbono como de não carbono País-caso: Costa RicaApresentações, reflexões de outros países e debates conjuntos // 10.30 - 11:00 Pausa para café // Grupos de Trabalho Regionais Perspectivas – Lições aprendidas – Ações urgentes

// 12.30 - 14:00 Pausa para Almoço //

Notícias das 2 horas Relatório dos Grupos de Trabalho

Direito e posse de recursos: da Política à Ação País-Caso: FijiApresentações, reflexões de outros países e debates conjuntos

// 15.30 - 16:00 Pausa para café //

Grupos de Trabalho Regionais Perspectivas – Lições aprendidas – Ações urgentess

// 17.30 Fim do segundo dia //

20.00 Histórias et Espaços Abertos

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76RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II 76

Quinta-feira, 29 de novembro de 2018 // 09.00 Notícias das 9 horas Relatório dos Grupos de Trabalho Impactos REDD+ para a Inclusão Social De que modo REDD+ influenciou nossa interação, nossas instituições e nossa governança – e o que podemos fazer com isso? Discussão com o método “Carrossel” // 10.30 - 11:00 Pausa para café // Conversa sobre a Transformação REDD+ Experiências partilhadas, reflexão conjunta

// 12.00 - 13:30 Pausa para Almoço // O caminho a seguir Painel de doadores REDD+ & Inclusão Social: nossas lições aprendidas, conclusões e próximos passos Discussão com o método “Fish Bowl”

Mensagens de Weilburg Resumo e proposta de mensagens-chave da Conferência

Feedback e Encerramento

// 16:00 Fim da Conferência //

17.00 Facultativo: Visita a um mercado alemão de Natal

Na época do Advento, cerca de quatro semanas antes do Natal, é uma tradição antiga em países de língua alemã realizar mercados natalinos. Estes mercados são caracterizados por barracas de madeira de comerciantes locais, decoração e iluminação de Natal e um ambiente acolhedor, dando ao visitante a oportunidade de comprar comida tradicional, bebidas quentes e itens artesanais. Comprar presentes para o Natal e encontrar-se com amigos para beber um copo de Glüh- wein (vinho quente com especiarias) torna os mercados populares para os moradores e turistas.

pixabay © HoliHo

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77RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

A sustentabilidade e a inclusão social sempre estiveram no topo da agenda REDD+. Através de seus programas REDD+, o Fundo de Parceria para o Carbono Florestal (FCPF por sua sigla em inglês) e o Ministério Federal de Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ), através da GIZ e da KfW, estão empenhados há mais de oito anos, juntamente com os países beneficiários, nos temas da inclusão social e da sustentabilidade. O objetivo desses esforços tem sido atingir o duplo objetivo de um manejo sustentável da paisagem e um desenvolvimento econômico e social rural em favor dos pobres. Com esta finalidade, os países do REDD+ têm trabalhado em abordagens e ferramentas de inclusão social, estabelecendo mecanismos institucionais de gestão eficazes, marcos legais e regulamentares para o REDD+ e mecanismos acessíveis de retroalimentação e ouvidoria; enfrentan-do os complexos problemas relacionados com os regimes de propriedade da terra e dos recursos, assegurando uma distribuição equitativa dos benefícios e, principalmente, estabelecendo mecanismos eficazes para enfrentar riscos sociais e ambientais.

Nos últimos 10 anos, a implementação do REDD+ avançou significativamente. Os governos dos países e a comunidade internacional têm se empenhado na promoção da participação dos povos indígenas dependentes da floresta e dos habitantes das florestas (PI/CL), incluindo as mulheres destas comu-nidades; por seu lado, os PI/CL, como gestores tradicionais das áreas de floresta natural, reforçaram seu compromisso com os processos REDD+: os países estabeleceram mecanismos institucionais que incluem PI/CL e ONGs nos órgãos técnicos nacionais REDD+ que são responsáveis pela tomada de decisão quanto ao REDD+. Reconhece-se que a participação ativa de PI/CL tem sido essencial para muitos países formularem suas estratégias de REDD+ e se prepararem para pagamentos por resulta-dos. Estes processos participativos e as estruturas de governança inclusivas são essenciais para uma boa governança florestal, tornando assim o REDD+ mais eficaz e seus resultados sustentáveis a longo prazo. É até provável que, mesmo para além do setor florestal, os resultados obtidos, as lições aprendidas e as práticas e relações estabelecidas em processos REDD+ tenham um impacto durável na situação política dos PI/CL.

Em setembro de 2013, 90 pessoas reuniram-se durante três dias no Castelo Weilburg, na Alemanha, para discutir o que é preciso para assegurar a participação completa e eficaz dos povos indígenas e das comunidades locais no REDD+. Deste encontro saíram oito mensagens-chave e recomendações. Uma das conclusões foi que o REDD+ pode ser um catalisador para o diálogo e para relações mel-hores e inclusivas entre os PI/CL e os governos nacionais.

Na sequência das conclusões da primeira conferência de Weilburg e da experiência obtida durante 10 anos de engajamento REDD+, é agora essencial examinar, durante a segunda conferência de Weilburg:

i) Como e até que ponto os países conseguiram abordar no âmbito do REDD+ os temas da inclusão social, de género e da sustentabilidade ambiental e o que ainda falta fazer; e

ii) Que efeitos transformativos os processos REDD+ tiveram em termos do empoderamento de IP/CL/mulheres e da melhoria das estruturas e práticas de governança nos países REDD+.

1. Antecedentes e Justificação

ANEXO VIII: Nota conceitual

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78 WEILBURG II RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA

As Lições Aprendidas: Experiências dos Países nos Programas de Preparação e de Redução de Emissões

O empenhamento do FCPF e do BMZ em prol dos temas da inclusão social e da sustentabilidade começou cedo no processo de preparação REDD+ e estende-se ao longo das fases de implementação. Os países têm se envolvido em abordagens que incluem:

» o estabelecimento de estruturas e plataformas para processos participativos inclusivos que reúnam múltiplas partes interessadas e possibilitem que as visões, necessidades e interesses de IP/CL/ mulheres obtenham a atenção das autoridades nacionais de REDD+, desencadeando um diálogo sobre o uso sustentável da terra e as estratégias REDD+, planos de Preparação para o REDD+ (R-PPs em inglês) e Programas de Redução de Emissões;

» fazer frente a potenciais riscos socioambientais e oportunidades associadas à implementação de projetos, atividades e políticas REDD+, mediante Avaliações Socioambientais Estratégicas (AEAS) e Marcos de Gestão Socioambiental (MGSA) ou Ferramentas de Gestão de Riscos, análises e participação das partes interessadas;

» a elaboração de arranjos de partilha de benefícios eficazes e em favor dos pobres; » estabelecimento de mecanismos de ouvidoria que sejam eficazes, transparentes e acessíveis a todas

as partes interessadas; » a inclusão da perspectiva de gênero, considerando e documentando que as mulheres são agentes de

mudança e gestoras ambientais que influenciam a elaboração e aplicação de soluções sustentáveis para a conservação florestal;

» a análise de regimes de propriedade da terra e dos recursos, exame dos sistemas nacionais de propriedade da terra, a identificação dos marcos regulamentares e institucionais para melhorar os direitos das comunidades florestais ao uso e propriedade da terra e dos recursos, especialmente dos povos indígenas e das mulheres.

Muitas lições podem ser tiradas destes esforços; além de boas práticas, também podem ser identi-ficadas as deficiências e necessidades de melhoramento, a fim de melhorar a aprendizagem e o desempenho em matéria de inclusão social nos processos REDD+.

Os Resultados: Perspectivas de PI e CL – o Impacto para além de REDD+

Povos indígenas dependentes das florestas, habitantes da floresta e as mulheres destas comunidades têm sido gestores tradicionais das áreas florestais naturais, atuando como agentes de mudança no uso sustentável da terra em processos de REDD+. Muitas organizações de PI, ONG, associações e cooperativas aproveitaram novas oportunidades criadas através de REDD+ para se envolverem em plataformas de governança florestal, em estruturas e processos que antes eram inexistentes ou inacessíveis para eles.

Estes processos participativos e, em sua maioria, sem precedentes, foram difíceis e estiveram longe de serem perfeitos. Porém, simultaneamente, abriram novos pontos de entrada para a partilha de perspectivas e o entendimento mútuo e criaram oportunidades de aprendizagem contínua, desen-volvimento de capacidades, assunção de responsabilidades e liderança, diálogo e novas formas de cooperação entre PI/CL, mulheres e autoridades governamentais.

As organizações de PI/CL/género podem elucidar sobre quais impactos das abordagens e práticas de inclusão social do REDD+ poderão ser difundidas para além do REDD+, focando-se nos co- benefícios de uma melhor governança e no empoderamento da representação de PI/CL, incluindo:

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79RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

» reconhecimento, audição e compreensão das perspectivas de PI/CL e inclusivas de gênero; » estabelecimento de estruturas e práticas de diálogo que criaram confiança e conduziram ou

poderão conduzir a uma cooperação frutuosa com as entidades governamentais; » empoderamento através de melhores capacidades técnicas, organizacionais e políticas e progressos

em matéria de equidade de género; » entendimento e atuação quanto aos desafios e às necessidades em relação aos regimes

tradicionais de propriedade da terra e às reivindicações. Podem ser identificadas, debatidas e difundidas estórias de sucesso, reflexões críticas e boas práticas para assim celebrar as metas, servindo de inspiração mútua, também para outros setores.

2. Objetivo e Resultados Esperados

O objetivo geral da conferência é reunir um grupo significativo de PI/CL/ONG, de países e de doadores REDD+, para partilhar conhecimento e experiências sobre exemplos específicos dos países na prepa-ração e operacionalização da implementação REDD+ de maneira socialmente inclusiva e ambiental-mente sustentável. Representantes governamentais e de organizações de PI/CL/ mulheres irão apre-sentar e partilhar suas abordagens aos vários temas, incluindo avaliações de propriedade da terra, arranjos de partilha de benefícios, mecanismos de reparação de danos, gestão de riscos sociais e ambientais, bem como temas transversais, tais como a participação das partes interessadas, género e a redução da pobreza. PI/CL/ONG apresentam suas perspectivas sobre o que os instrumentos e as práticas de inclusão social REDD+ lhes trouxeram, para além da mera inclusão nas discussões REDD+, e os governos dos países partilham sua visão sobre os processos transformativos e marcos rele-vantes de políticas e regulamentação, bem como sobre mecanismos institucionais e de gestão.

Os resultados esperados incluem:

» Melhor conhecimento entre os países REDD+ sobre os aspetos de inclusão social na preparação e implementação de programas de redução de emissões, incluindo maior consciência sobre riscos sociais e ambientais;

» Melhor entendimento dos impactos e do poder disseminador da inclusão social em programas de redução de emissões, para além do REDD+;

» Um relatório/resumo sobre diretrizes práticas, boas práticas e abordagens sobre inclusão social e sustentabilidade em programas de redução de emissões e noutros.

3. Metodologia

No evento será usada uma metodologia participativa, com uma combinação de abordagens partici-pativas, como exercícios em grupo, jogos de simulação, painéis de debate, apresentações, etc., destinada a potenciar a aprendizagem e maximizar a participação interativa. Dois facilitadores ex-perientes serão contratados para trabalhar com a equipe na concepção das metodologias a aplicar.

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80 WEILBURG II RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA

Para possibilitar a aprendizagem entre pares e garantir a relevância temática para todas as regiões, serão incluídos no programa subsídios de países REDD+ que se encontram em diferentes etapas de preparação, abrangendo experiências nas seguintes áreas temáticas:

» Gestão de riscos sociais e ambientais; » Direitos sobre a terra e avaliação da propriedade da terra; » Mecanismos de partilha de benefícios; » Mecanismos de reclamação; » Participação das partes interessadas; » Inclusão de género; » Redução da pobreza.

4. Grupo-alvo

O evento contará com, aproximadamente, 70 pessoas como participantes ativos e cerca de 20 participantes de instituições doadoras e parceiros implementadores. A lista incluirá:

» Povos indígenas que dependem da floresta e habitantes da floresta (PI/CL – Povos indígenas e comunidades locais nas florestas, que dependem dos recursos florestais para sua subsistência);

» Organizações e pessoas representando considerações de gênero no REDD+; » Representantes dos governos dos países REDD+ que participam no FCPF; » Organizações da Sociedade Civil, incluindo ONGs (a saber, organizações da sociedade civil ou

ONGs com experiência e conhecimentos de REDD+ ou representando interesses que provavel-mente podem beneficiar ou ser afetados por REDD+);

» Instituições parceiras implementadoras do FCPF e outros parceiros.

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Cronograma e Duração

A conferência terá lugar nos dias 27 a 29 de novembro de 2018 (dois dias e meio), com chegada no dia 26 de novembro e partida no final do dia 29 ou no dia 30 de novembro.

Local

Castelo de Weilburg, Alemanha.

Idioma de Trabalho

O idioma de trabalho será o Inglês; Estarão disponíveis serviços de tradução em Francês, Espanhol e Português.

Facilitação

Uma equipe de dois facilitadores irá acompanhar o evento na fase de prepa-ração e implementação, nomeadamente:

Sra. Susanne Willner

Sr. Jürgen Blaser

Sr. Kimaren Ole Riamit

Organização

O evento é organizado conjuntamente pelo GIZ e pelo FCPF. Ute Sonntag ([email protected], GIZ) e Haddy JK. Sey ([email protected], WB/FCPF) assumam a co-liderança, em estreita coordenação com suas respectivas equipes. Mais informações sobre a logística serão enviadas a devido tempo.

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82RELATÓRIO DA CONFERÊNCIA WEILBURG II

PÉ DE IMPRENSAAutores Ute Sonntag/GIZ Haddy Sey/FCPF

Direitos de imagens Capa: shutterstock p. 20, 21, 25: Sylvia Reinhardt/GIZ todas as outras fotos Jonathan Deis/GIZ

Documentação gráfica Yasmine Cordes/bikablo

Desenho Jeanette Geppert, pixelundpunkt kommunikation, Frankfurt Organização Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammen-arbeit (GIZ) GmbH, Ute Sonntag Fundo de Parceria para o Carbono Florestal (FCPF), Haddy Sey

Maio 2019