107
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO EM PROJETOS DE CRM: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA TÊXTIL FLÁVIA MARGONARI ATTIE Orientador: Ph.D.Valter Moreno Jr. Rio de Janeiro, Dezembro de 2005 F F A A C C U U L L D D A A D D E E S S I I B B M M E E C C P P R R O O G G R R A A M M A A D D E E P P Ó Ó S S - - G G R R A A D D U U A A Ç Ç Ã Ã O O E E P P E E S S Q Q U U I I S S A A E E M M A A D D M M I I N N I I S S T T R R A A Ç Ç Ã Ã O O E E E E C C O O N N O O M M I I A A

3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE

EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

FFAATTOORREESS CCRRÍÍTTIICCOOSS DDEE SSUUCCEESSSSOO EEMM

PPRROOJJEETTOOSS DDEE CCRRMM:: UUMM EESSTTUUDDOO DDEE

CCAASSOO EEMM UUMMAA IINNDDÚÚSSTTRRIIAA TTÊÊXXTTIILL

FLÁVIA MARGONARI ATTIE

Orientador: Ph.D.Valter Moreno Jr.

Rio de Janeiro, Dezembro de 2005

FFFAAACCCUUULLLDDDAAADDDEEESSS IIIBBBMMMEEECCC PPPRRROOOGGGRRRAAAMMMAAA DDDEEE PPPÓÓÓSSS---GGGRRRAAADDDUUUAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEE PPPEEESSSQQQUUUIIISSSAAA EEEMMM

AAADDDMMMIIINNNIIISSSTTTRRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEE EEECCCOOONNNOOOMMMIIIAAA

Page 2: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 2 -

FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO EM PROJETOS DE CRM: UM ESTUDO DE

CASO EM UMA INDÚSTRIA TÊXTIL

Flávia Margonari Attie

Dissertação submetida à Banca de Avaliação, composta por membros do corpo docente do

IBMEC e um membro externo, do IAG-PUC/Rio, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do grau de Mestre em Administração (M. Sc.), com concentração em Marketing.

Aprovada em 06/12/ 2005, por:

Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior– IBMEC/RJ - Orientador

Prof. Dr.Luiz Alberto Nascimento Campos Filho – IBMEC/RJ

Prof. Dra. Marie Agnes Chauvel – IAG-PUC/RJ

Rio de Janeiro, Dezembro de 2005

Page 3: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 3 -

Ficha Catalográfica

Page 4: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 4 -

A meus pais, pelo apoio e patrocínio de meus estudos.

Page 5: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 5 -

AGRADECIMENTOS

A meu orientador Professor Ph.D.Valter Moreno Jr., pela dedicação, compreensão e pelas

contribuições ao trabalho.

A todos da Alpha Indústria Têxtil e da Vtex CRM, por terem participado e colaborado

sobremaneira com esta pesquisa.

Aos membros da banca, Dr. Luiz Alberto Nascimento Campos Filho e Dra. Marie Agnes

Chauvel, pelas críticas e sugestões ao estudo.

A toda minha família, amigos e a meu marido, pelos incentivos e paciência.

Ao amigo e colega de Mestrado João Paulo Mallet, por ter compartilhado dos longos

momentos de tensão e dificuldades no decorrer do curso, sendo sempre animador e às

amigas Camila Augusta de Mello Pinto e Daniela Naves, pela amizade e colaboração.

Page 6: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 6 -

RESUMO DA DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO IBMEC COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

ADMINISTRAÇÃO (M. Sc.).

FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO EM PROJETOS DE CRM: UM ESTUDO DE

CASO EM UMA INDÚSTRIA TÊXTIL

Flávia Margonari Attie

Dezembro de 2005

Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior

A implementação de estratégias de CRM (Customer Relationship Management) tem

sido considerada por diversos autores e empresas como um fiasco. O número de fracassos

destas inicativas é bastante superior ao casos de sucesso, algumas pesquisas apontam para

70% de casos de fracassos em relação à 30% de casos bem sucedidos. Sendo assim, este

estudo procura responder à seguinte questão: Quais são os Fatores Críticos de Sucesso de

um projeto de CRM? Buscando contribuir para elucidar o que poderia ser feito para

aumentar as chances de uma iniciativa dar certo, através da comparação entre os Fatores

Críticos de Sucesso descritos na literatura ao contexto de uma indústria têxtil cujo projeto

de CRM foi bem sucedido.

Page 7: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 7 -

ABSTRACT OF THESIS PRESENTED TO IBMEC AS PARTIAL REQUIREMENT

FOR THE DEGREE OF MASTER IN ADMINISTRATION (M.Sc.).

CRITICAL SUCCESS FACTORS ON CRM PROJECTS: A CASE STUDY OF A

TEXTILE INDUSTRY

Flávia Margonari Attie

December/2005

Supervisor: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior

The implementation of CRM (Customer Relationship Management) strategies has

been considered a truly fiasco by many authors and companies. The number of failure in

this type of initiative is usually bigger when compared with cases of success – some

researches show a relation of 70% of failure opposed to 30% of cases that have been

successful. This being the situation found, this study is an attempt to answer the following

question - “What are the critical success factors on a CRM project?” – in order to elucidate

what can be done to enhance the chances of success for such initiative by comparing the

Critical Success Factors described in the appropriated literature with the context of a textile

company that had a successful CRM project implemented.

Page 8: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 8 -

SUMÁRIO

1. Introdução ..................................................................................................................... 11

1.1. Contextualização do Problema ............................................................................. 11

1.2. Objetivos ............................................................................................................... 15

1.2.1. Objetivo Principal ......................................................................................... 15

1.2.2. Objetivos Secundários .................................................................................. 15

1.3. Relevância do Estudo ........................................................................................... 16

1.4. Delimitação do Estudo ......................................................................................... 17

1.5. Organização da Dissertação.................................................................................. 18

2. Revisão da Literatura .................................................................................................... 20

2.1. Definições de CRM .............................................................................................. 20

2.2. Tipos de CRM ...................................................................................................... 24

2.3. Etapas para a Implementação do CRM ................................................................ 26

2.3.1. Definição da Estratégia de Relacionamento ................................................. 27

2.3.2. Redesenho dos Processos de Relacionamento com o cliente ....................... 29

2.3.3. Escolha da Solução de CRM ........................................................................ 30

2.3.4. Implementação do CRM ............................................................................... 30

2.3.5. Avaliação dos resultados obtidos com o projeto de CRM............................ 32

2.4. Objetivos do CRM ................................................................................................ 33

2.5. Fatores Críticos de Sucesso em CRM .................................................................. 34

2.5.1. Alinhamento Organizacional ....................................................................... 36

2.5.1.1. Mudança Cultural ................................................................................. 36

2.5.1.2. Planejamento da Estratégia de Relacionamento ................................... 36

2.5.1.3. Apoio da Alta Administração ............................................................... 37

2.5.1.4. Integração entre as áreas da organização .............................................. 38

2.5.2. Processos ...................................................................................................... 39

2.5.3. Pessoas .......................................................................................................... 41

2.5.4. Tecnologia .................................................................................................... 43

3. Metodologia de Pesquisa .............................................................................................. 47

3.1. Tipo de Pesquisa ................................................................................................... 47

3.2. Método de Pesquisa .............................................................................................. 48

3.3. O Caso e os Sujeitos da Pesquisa ......................................................................... 51

3.4. Coleta de Dados .................................................................................................... 53

3.5. Análise dos Dados ................................................................................................ 54

3.6. Limitações do Método de Pesquisa Utilizado ...................................................... 55

4. Descrição do Caso ........................................................................................................ 57

4.1. Histórico da Empresa Alpha Têxtil ...................................................................... 57

4.2. Motivações para a implementação do CRM na Alpha ......................................... 58

4.3. Objetivos pretendidos pela Alpha com o CRM .................................................... 60

4.4. Implementação do CRM na Alpha ....................................................................... 62

4.5. Principais Dificuldades encontradas pela Alpha durante o projeto de

implementação do CRM e as soluções adotadas para resolvê-las .................................... 68

4.6. Transformações na Alpha e Resultados obtidos com o CRM .............................. 72

Page 9: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 9 -

4.6.1. Cultura e Estrutura Organizacionais ............................................................. 72

4.6.2. Processos de negócio .................................................................................... 75

4.6.3. Infra-estrutura Tecnológica .......................................................................... 79

4.7. Percepções dos Clientes da Alpha sobre o CRM ................................................. 79

5. Análise e Discussão do Caso ........................................................................................ 83

6. Considerações Finais .................................................................................................... 97

6.1. Sugestões para Pesquisas Futuras ......................................................................... 98

7. Referências Bibliográficas ............................................................................................ 99

8. Anexos ........................................................................................................................ 104

8.1. Anexo I: Roteiro das Entrevistas realizadas na Alpha ....................................... 104

8.2. Anexo II: Roteiro das Entrevistas realizadas com Clientes da Alpha ................ 107

Page 10: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 10 -

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1: Tipos de CRM ...........................................................................................26

Figura 2: Etapas de implementação do CRM ...........................................................27

Tabela 1: Fatores Críticos de Sucesso em Projetos de CRM ....................................45

Tabela 2: Confirmação dos Fatores Críticos de Sucesso da literatura no contexto

da Alpha Têxtil..........................................................................................................93

Tabela 3: Fatores Críticos de Sucesso do CRM específicos ao contexto da Alpha

Têxtil.........................................................................................................................96

Page 11: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 11 -

1. Introdução

Neste capítulo são apresentados o problema e os objetivos da pesquisa, sua relevância

e delimitações e como o restante do estudo está organizado.

1.1. Contextualização do Problema

A implementação de projetos de CRM1 (Customer Relationship Management) em

empresas de grande e médio porte tem sido alvo de diversas publicações nos últimos quatro

anos (Machado, Chauvel & Ferreira, 2004), devido ao alto nível de investimentos

demandados e ao alto índice de insucessos ocorridos. Embora existam muitas dúvidas sobre

os resultados proporcionados pelas implementações de CRM, percebe-se que as

organizações em geral reconhecem vantagens e benefícios que a adoção do CRM poderá

lhes trazer, motivo pelo qual estão investindo bilhões de dólares em iniciativas desse tipo,

como pode ser observado pelos dados de alguns institutos de pesquisa, mencionados

abaixo.

O instituto de pesquisas IDC, analisando o segmento de aplicativos para CRM, previu

um crescimento de 30% ao ano no período de 2000 a 2004 e apontou que as vendas de

software de CRM atingirão US$ 12,1 bilhões em 2004 (IDC, 2002). Já o instituto Forrester

1 Na literatura foram encontradas traduções desse termo como: gestão do relacionamento com clientes,

gerência de relacionamento com os clientes e gerenciamento de relacionamento com clientes. No entanto é

mais comum encontrar o termo não traduzido, portanto, ao longo do trabalho será usado somente CRM.

Page 12: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 12 -

Research, divulgou que as vendas de software de CRM aumentarão de US$ 11,7 bilhões

em 2002 para US$ 20,6 bilhões em 2007, e que o volume de negócios do mercado de CRM

chegará a US$ 73,8 bilhões em 2007, sendo o segmento de serviços responsável por 56,8%

desse total (Forrester Research, 2004). O Meta Group indica que o mercado mundial deve

movimentar em 2004 cerca de US$ 15 bilhões em produtos e US$ 52 bilhões em serviços.

No Brasil, a estimativa é de que a comercialização de soluções de CRM chegue a US$ 800

milhões (Meta Group, 2004).

Esses números ilustram a crescente importância que o CRM vem adquirindo nas

empresas, preocupadas em melhorar a qualidade de seus produtos e serviços e em aumentar

o valor que entregam aos clientes, com o objetivo de evoluir de um patamar de satisfação

de clientes para o de fidelização dos mesmos. A busca pela fidelidade de clientes tem se

tornado o novo desafio do Marketing.

Estudos confirmam que a conquista de um novo cliente pode custar até cinco vezes

mais caro do que preservar um cliente já existente. Além disso, bons clientes antigos, ou

fiéis, tendem a não interromper seus contratos e são mais receptivos a novos produtos e

serviços, além de recomendar a empresa para outros clientes (Swift, 2001).

A criação e a manutenção de relacionamentos individuais e duradouros entre

empresas e clientes parece ser uma alternativa interessante para a obtenção de vantagem

competitiva sustentável, em um mercado extremamente competitivo, globalizado e volátil,

onde a velocidade das mudanças no ambiente tecnológico e no comportamento dos

consumidores demanda maior capacidade de adaptação e resposta das empresas.

Peppers & Rogers (2004) afirmam que para obterem o estreitamento das relações com

clientes, as empresas precisam estar preparadas para competir em “tempo real”, ou seja,

Page 13: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 13 -

aumentando sua velocidade de resposta às mudanças do mercado e às crescentes exigências

dos clientes. Para tanto, devem transferir o foco nos produtos e serviços para o foco nos

clientes, revendo e redirecionando seus processos internos e externos, quando necessário.

Neste contexto, surgem as estratégias de CRM – Customer Relationship Management,

como diferenciais relevantes, que prometem tornar as empresas mais próximas e

identificadas com seus melhores clientes e conseqüentemente, mais competitivas, através

da definição e implementação de um conjunto de estratégias, mudanças culturais, processos

e recursos tecnológicos, na busca de melhores resultados (Brown, 2001).

O alcance de melhores resultados e o aumento da competitividade através do CRM

requerem a integração dos processos de marketing, vendas, produção e distribuição. Com

isso, busca-se, de um lado, conquistar clientes, aumentar a satisfação dos já conquistados e

estimular neles a fidelidade, e, do outro, a redução e otimização dos custos operacionais,

custos com canais de divulgação e com comunicação. (Bose, 2002).

Os sistemas de CRM devem proporcionar à empresa, em escala corporativa, maior

flexibilidade e capacidade de resposta rápida às mudanças. A tecnologia de CRM oferece às

empresas a oportunidade de conhecer individualmente seus clientes, mas sem que a

empresa desenvolva outras capacidades, como uma cultura voltada a clientes, a tecnologia

por si só não será capaz de render às empresas os resultados esperados em termos de

conquista da fidelização de clientes e maior rentabilidade (Tronchin, 2001).

De acordo com Nelson & Berg (2001), muitos executivos acham que o CRM está

vinculado somente à tecnologia, quando na verdade, trata-se de um complexo intercurso de

cinco áreas: estratégias, processos, táticas, conjunto de competências e tecnologia. Os

mesmos autores ressaltam que a compreensão dessa interdependência entre as cinco áreas é

Page 14: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 14 -

necessária para o sucesso de qualquer projeto de CRM. Segundo Gaset (2001, p.4), “no

Brasil, o CRM está sendo entendido equivocadamente como um pacote de software e não

como uma nova maneira de se fazer negócios (...) Faltam preocupações de como montar a

estratégia e como envolver o cliente.”

Possívelmente a falta de compreensão sobre a amplitude do escopo de um projeto de

CRM é uma das causas do grande número de fracassos de projetos que vêm sendo

noticiados. Davids (1999), relata que 65% das aplicações de CRM falham, enquanto

Tronchin (2001), alerta que pela maneira como vêm sendo conduzidas as implementações

de CRM, o índice de fracassos pode superar 70% das iniciativas. Segundo pesquisa

realizada pelo Meta Group, 25% das iniciativas não tiveram sucesso. A principal causa, em

59% delas, foram problemas relativos ao negócio, e, em 37%, à questões técnicas. Entre as

corporações que admitiram falhas em seus projetos, 41% não foram bem sucedidas em

automação da força de vendas, 25% em serviços ao cliente e 18% em call center (Meta

Group, 2004).

Portanto, pode-se concluir que os benefícios do CRM ainda estão sendo bastante

questionados. Se, por um lado, o mercado está extremamente aquecido e receptivo às

implementações de CRM, por outro, existem muitas frustrações com as mesmas. Dado o

elevado número de fracassos e o alto risco envolvido em um projeto de CRM, o que

poderia ser feito para aumentar as chances de uma iniciativa dar certo? Para responder essa

questão é necessário identificar os fatores críticos de sucesso de um projeto de CRM.

Page 15: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 15 -

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo Principal

Se muitos projetos de CRM falham e somente alguns têm sucesso, é importante

investigar quais são os fatores críticos de sucesso de iniciativas bem sucedidas. Como a

maior parte da literatura sobre os fatores críticos de sucesso do CRM é internacional, o

objetivo primário desta pesquisa é verificar se fatores já identificados são válidos no

contexto de uma empresa nacional e de médio porte, e averiguar a possível existência de

outros fatores críticos, específicos ao contexto investigado, que não tenham sido descritos

na literatura.

Para isso, foi realizado um estudo de caso de uma média indústria têxtil brasileira,

atuante nos segmentos de fiação, tecelagem e acabamento.

1.2.2. Objetivos Secundários

Para atingir o objetivo principal mencionado acima, será necessário ter uma visão das

várias dimensões organizacionais envolvidas ou afetadas pelo CRM, já que uma

organização é composta por partes inter-relacionadas (Ryals & Knox, 2001), e que a

implementação de um CRM é um projeto que deve envolver todas as áreas da empresa

(Peppers & Rogers, 2004). Ademais, os processos orientados a clientes devem permear e

ser compartilhados por todas as áreas de uma organização (Bretzke, 2000). Portanto, o

desenvolvimento do entendimento holístico necessário à consecução do objetivo maior da

Page 16: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 16 -

pesquisa, requer que se organize o projeto em certas etapas, que se traduzem nos objetivos

intermediários definidos a seguir:

- Identificar o que motivou a empresa estudada a adotar uma iniciativa de CRM e

também quais eram os objetivos esperados com esta solução;

- Identificar quais foram as etapas de implementação do projeto de CRM na empresa,

bem como as ações realizadas e as áreas de negócio envolvidas em cada etapa;

- Identificar as principais dificuldades enfrentadas pela empresa durante o projeto de

implementação do CRM, bem como as soluções adotadas para resolvê-las;

- Identificar as influências mútuas e resultados, a curto e médio prazo, da adoção do

CRM nos seguintes aspectos: cultura e estrutura organizacionais, processos de

negócios e infra-estrutura tecnológica;

- Identificar as percepções dos clientes em relação às mudanças de atendimento e

serviços da empresa, após a implementação e estabilização do CRM.

1.3. Relevância do Estudo

O gerenciamento efetivo dos relacionamentos com clientes tem sido um importante

tópico tanto para acadêmicos, quanto para empresários (Reinartz, Krafft & Hoyer, 2004).

São recentes as publicações acadêmicas sobre CRM, e são poucos os estudos que abordam

os Fatores Críticos de Sucesso em empresas que estão obtendo sucesso em suas iniciativas

de CRM. Além disso, quando da revisão da literatura preparada para o presente estudo,

constatou-se a quase ausência de dados sobre casos de sucesso em empresas brasileiras,

principalmente em médias empresas, e mais especificamente na indústria têxtil. O Brasil é

Page 17: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 17 -

o 5º maior produtor têxtil do mundo. A indústria têxtil nacional é composta por 30 mil

empresas, obteve um faturamento total de US$ 25,1 bilhões em 2004 e gera cerca de 1,5

milhão de empregos atualmente, a previsão de investimentos no setor para o periodo de

2004 a 2010 é de US$ 8 bilhões (ABIT, 2005).

Assim, como primeiro aspecto a justificar esta pesquisa, tem-se a carência de

trabalhos acadêmicos sobre o assunto no contexto da indústria têxtil nacional, além da

contemporaneidade do mesmo.

Outro aspecto sobre a relevância desta pesquisa trata da contribuição que esse trabalho

pode trazer para as empresas, no que tange a análise de aspectos críticos na implementação

do CRM. O que se observou num primeiro momento do CRM, como constatado na

contextualização do problema da pesquisa (item 1.1), foi o fracasso de muitas iniciativas.

Nesse segundo momento, as empresas necessitam de análises sobre os fatores mais

importantes para a viabilização de suas iniciativas de CRM, pois os problemas gerados por

um projeto mal sucedido são de resolução difícil e custosa. Isso é ainda mais relevante para

as pequenas e médias empresas, que freqüentemente sofrem com a escassez de recursos

financeiros, materiais e humanos.

1.4. Delimitação do Estudo

Embora o CRM geralmente requeira mudanças nos processos de negócio (Brown,

2001), e envolvam uma variedade de recursos tecnológicos, em termos de hardware e

software (Pound, 2000), nesta pesquisa não são tratados o projeto de mapeamento e o

Page 18: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 18 -

redesenho dos processos da empresa pesquisada, e nem contemplados os aspectos técnicos

ou de funcionamento e integração do pacote de CRM implementado.

Uma solução de CRM é composta por vários módulos que atendem às diversas

atividades de uma empresa, tais como: módulo para Call Center (CSS - Customer Service

& Suport), módulo para Automação de Marketing, módulo para Serviços de Campo (Field

Services), módulo para Automação da Força de Vendas (SFA - Sales Force Automation),

entre outros (Bretzke, 2000). Esta pesquisa só aborda o módulo de Automação da Força de

Vendas, pois foi o único implementado pela empresa objeto do estudo de caso, de acordo

com as necessidades de seu negócio. Segundo a empresa Vtex CRM, fornecedora de

soluções de CRM para pequenas e médias empresas e fornecedora da solução

implementada pela Alpha Têxtil, de cada 10 projetos de CRM conduzidos por empresas

industriais, 8 são implementações do módulo de Automação da Força de Vendas. Isso

ocorre pois nas indústrias o principal canal de relacionamento com clientes é a força de

vendas.

Os métodos quantitativos que compõe um dos tipos de CRM, o CRM Analítico, como

por exemplo, o DataMining, também não são contemplados neste estudo, pois a empresa

ainda não os utiliza.

1.5. Organização da Dissertação

Esta dissertação é composta por seis capítulos: Introdução; Revisão da Literatura;

Metodologia de Pesquisa; Descrição do Caso; Análise e Discussão do Caso e

Considerações Finais.

Page 19: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 19 -

O próximo capítulo apresenta a revisão da literatura pesquisada sobre CRM. No

terceiro capítulo, são apresentados o método de pesquisa utilizado e suas limitações, e as

abordagens para a coleta e análise dos dados. No quarto capítulo, é apresentada a descrição

do caso, contendo o histórico da empresa e o relato das informações coletadas nas

entrevistas, na análise de documentos da empresa e em observações da autora.O capítulo

cinco apresenta a análise e discussão do caso. O sexto capítulo apresenta as considerações

finais sobre o estudo realizado e sugestões para futuras pesquisas.

Page 20: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 20 -

2. Revisão da Literatura

Para a revisão da literatura sobre CRM, foram consultados diversos livros, sites de

empresas de pesquisa ou de conteúdo sobre CRM. Além disso, foram consultados artigos

de revistas acadêmicas e periódicos recomendados pela Capes e também encontrados na

Base Ebsco. Para a fundamentação do estudo, foram levantados: conceitos de CRM, tipos

de CRM, etapas de um projeto de implementação de CRM, seus benefícios, e fatores

críticos de sucesso em projetos de CRM.

2.1. Definições de CRM

O CRM é uma estratégia de negócios orientada a clientes, que envolve um conjunto de

mudanças organizacionais, processos e recursos tecnológicos. Seu objetivo é aumentar a

satisfação, lealdade e lucratividade de clientes, através da criação e gestão de

relacionamentos individualizados e de longo prazo entre empresa e clientes (Butler, 2000;

Brown, 2001; Gordon, 2000).

A estratégia de CRM demanda mudanças culturais, filosóficas e estruturais em toda a

organização, no sentido de transformar sua orientação a produtos em orientação a clientes

(Ryals & Knox, 2001). Outra mudança necessária é a transferência do foco em captação de

novos clientes para a retenção dos clientes atuais (Newell, 2000), pois as taxas de retenção

impactam na lucratividade das empresas, na medida em que o seu aumento possibilita a

obtenção de maiores margens de lucro, uma vez que os preços podem ser mais altos pois os

clientes percebem mais valor nas ofertas da empresa. Altas taxas de retenção também

Page 21: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 21 -

permitem uma redução nos gastos com marketing e aumenta o volume de vendas por

cliente (Palmer, 1996). Payne (2000), utiliza resultados de pesquisas realizadas pela

Cranfield University, para mostrar que um aumento de cinco pontos percentuais (5%) nas

taxas de retenção, pode gerar um lucro liquido trazido a valor presente de 20% até 125%.

O CRM deve permitir que uma organização consiga identificar, atrair e aumentar a

retenção dos clientes mais lucrativos, ou de maior valor para a empresa, além de possibilitar

o entendimento do comportamento dos mesmos (Handen, 2001; Swift, 2001). Para tanto, o

CRM deve possibilitar o rastreamento, captura e análise das atividades dos clientes, que

compreendem as transações e as interações entre eles e a empresa, durante um longo

período de tempo (Fusaro apud Croteau & Li, 2003).

As informações sobre os clientes, devem ser coletadas ao longo de toda a empresa e

posteriormente disponibilizadas em todos os canais de contato entre a empresa e seus

clientes. O objetivo é proporcionar uma interação personalizada e eficiente e uma

comunicação mais significativa e relevante para cada cliente, de forma a aumentar a

percepção de valor e a satisfação contínua dos clientes, aumentando a sua lealdade

(Peppers& Rogers, 2004).

O conhecimento sobre os clientes deve contribuir para a inovação e desenvolvimento

de produtos e serviços mais adequados às suas necessidades individuais, através da

customização e personalização, o que poderá representar novas oportunidades de mercado,

baseadas nas preferências e histórico dos consumidores. (Colgate & Danaher, 2000; Day,

2000; Sodano apud Croteau & Li, 2003). Para a obtenção de informações sobre os clientes

e transformação das mesmas em conhecimento, faz-se necessária a implementação de

processos de captação, tratamento e disseminação de informações sobre clientes por toda a

Page 22: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 22 -

organização, tais processos devem ser suportados pela tecnologia da informação. (Bose,

2002).

A Tecnologia da Informação (TI) é extremamente importante para o CRM, pois é

através dela que a organização poderá interagir com seus clientes, criando diversos canais

de contato, processando informações e transformando as mesmas em conhecimento, para

orientar seus processos de negócio e todo o planejamento de marketing. A TI oferece

subsídios para a operacionalização das estratégias e dos processos de CRM (Greenberg,

2001).

Os sistemas computacionais que suportam o CRM incluem os módulos de Automação

da Força de Vendas (SFA- Sales Force Automation), Call Center (CSS- Customer Service

& Suport), Automação de Marketing, Serviços de Campo (Field Services), Soluções para

Informações Gerenciais, Web e Comércio Eletrônico. Tais módulos podem ser

implementados separadamente ou em conjunto (Brown, 2000; Butler, 2000; Chang apud

Boon, Corbitt & Parker, 2002).

De acordo com Day (2000), o módulo de Automação da Força de Vendas é um pacote

de software concebido para ajudar as equipes de vendas a atraírem e reterem os clientes

mais lucrativos. O mesmo autor aponta algumas vantagens deste módulo: permite encurtar

os ciclos de vendas, aumentar o tempo de contato direto com os clientes e guiar o processo

de vendas como um todo. Além disso, possibilita melhor gerenciamento das previsões de

vendas e dos contatos, do planejamento e da execução das vendas, gestão de informações e

de contratos, criando valor tanto para a organização, que obtém uma melhoria da visão

sobre clientes, passando a tomar parte das relações com os mesmos, quanto para sua força

de vendas e seus clientes.

Page 23: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 23 -

Sawy & Bowles (1997), afirmam que o módulo de Call Center possibilita que a

organização preste diversos tipos de serviços, como: fornecer informações, resolver

problemas, vender produtos e serviços, solicitar assistência técnica, entre outros. Peppers &

Rogers (2004), apontam que os Call Centers devem evoluir para Contact Centers, à medida

que caminham para uma total integração entre os contatos telefônicos e as interações via

web, tais como tratamento de e-mails, Chat on line com clientes, voz sobre IP, entre outras

tecnologias que vão surgindo. Os Contact Centers são um dos canais de contato mais

utilizados pelos clientes, devido à sua conveniência, uma vez que estão disponíveis durante

os 7 dias da semana, 24 horas por dia (Chang apud Boon, Corbitt & Parker, 2002).

Segundo Fusaro (apud Croteau & Li, 2003), o Módulo de Automação de Marketing

possibilita a criação de planos de marketing customizados ou personalizados para cada

cliente, que podem ser executados pela área de marketing, pelas equipes de vendas, pelo

Contact Center, e nos web sites, envolvendo campanhas de marketing, gestão do orçamento

de marketing, gestão das respostas dos clientes, monitoração de tráfego na internet e

diversas análises, tais como: estatísticas, demográficas mais complexas e segmentação de

clientes.

Em síntese, uma iniciativa de CRM implica na implementação de uma estratégia de

negócios centrada nos clientes, cujo pressuposto é usar o conhecimento sobre os mesmos,

para desenvolvimento de um relacionamento sólido e duradouro. Para tanto o CRM

demanda mudanças culturais e estruturais na organização, requer uma revisão dos

processos envolvidos nos vários pontos de interação empresa-cliente e usa intensamente a

tecnologia da informação para operacionalizar as estratégias de relacionamento.

Page 24: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 24 -

2.2. Tipos de CRM

Os sistemas de CRM podem ser divididos em três tipos (Trepper apud Bull, 2003). O

primeiro é o CRM Operacional, que trata dos aspectos operacionais das relações com

clientes e engloba as soluções para Call Centers, Automação da Força de Vendas,

Automação de Marketing, Serviços de Campo e Serviços via Internet (Web). Os sistemas

do CRM Operacional devem estar integrados entre si e com os sistemas de retaguarda

(Back Office). Essa integração é fornecida pelo CRM Colaborativo (Bretzke, 2000; Peppers

& Rogers, 2004).

O segundo tipo de CRM é o Colaborativo, que engloba todos os pontos de contato

com o cliente, onde ocorrem as interações do mesmo com a empresa. Todos os canais de

contato com clientes, também chamados de front office, devem possibilitar o fluxo

adequado de informações entre si e entre as áreas de retaguarda da empresa (back office),

através da integração entre todos os sistemas. Essa integração é vital para o CRM, sem ela

não é possível se obter uma visão holística do cliente e seu histórico de relacionamento com

a empresa. Por exemplo, a integração entre os sistemas de front office e back office permite

que o pessoal da assistência técnica seja informado rapidamente a respeito de problemas

relatados pelos clientes aos vendedores, ou ainda, que os vendedores possam ser

informados sobre os clientes com pendências de pagamentos ou restrições de crédito, antes

de suas visitas a esses clientes (Peppers& Rogers, 2004).

O CRM Analítico, terceiro tipo de CRM, é a fonte de inteligência de todo o processo,

pois engloba as ferramentas que trabalham com as informações colhidas através dos

Page 25: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 25 -

diversos canais de contato e armazenadas em bancos de dados ou outros sistemas (Bretzke,

2000). Através dele é possível realizar análises de clientes, de mercado, de produtos, de

preços, entre outras. Uma das funções mais importantes do CRM Analítico é a realização

das segmentações de comportamento e determinação de perfis de clientes, para o

entendimento de quais ofertas e para quais canais devem ser encaminhadas, utilizando uma

série de dados analíticos, de forma a auxiliar na elaboração e direcionamento das

estratégias, para aumentar o nível de satisfação do cliente e ampliar sua lucratividade e a da

empresa. Conforme Swift (2001), o CRM Analítico deve ser o último a ser implementado

pois depende de um volume considerável de dados para realizar as análises. O mesmo autor

recomenda que o CRM Analítico deve alimentar constantemente o CRM Operacional com

as informações relevantes para a máxima eficácia da gestão do relacionamento com os

clientes. A figura a seguir é um esquema que ilustra os três tipos de CRM integrados.

Figura 1: Tipos de CRM

Page 26: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 26 -

Fonte: Meta Group apud Peppers & Rogers, 2004, p.70

2.3. Etapas para a Implementação do CRM

Conforme relatam diversos autores (Bretzke, 2000; Brown, 2001; Cardoso &

Gonçalves Filho, 2001; Peppers & Rogers, 2004) existe uma sequência de etapas a serem

desenvolvidas para a implementação bem sucedida de uma solução de CRM. O primeiro

passo é a definição da estratégia de relacionamento. O segundo passo consiste no redesenho

Page 27: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 27 -

dos processos de negócios que envolvem os clientes, e é seguido pela escolha da solução de

CRM e a consecutiva implementação da mesma. A última etapa é a fase de avaliação dos

resultados obtidos com o projeto. A figura a seguir mostra a sequência de implantação das

etapas mencionadas acima, proposta por Bretzke (2000).

Figura 2: Etapas de implementação da estratégia de CRM

Fonte: Bretzke, 2000, p.140

2.3.1. Definição da Estratégia de Relacionamento

Esta primeira etapa de um projeto de CRM visa definir a estratégia de

relacionamento entre a empresa e seus clientes, ou seja, como a organização procederá para

gerar o valor que seus clientes procuram, de forma a obter um diferencial competitivo

(Cardoso & Gonçalves Filho, 2001). Isso envolve uma série de decisões que devem estar

Redesenho

dos

processos

Seleção

da

solução

Definição

da estratégia de

relacionamento

Implantação

Estratégia de

comunicação

Treinamento

Empresa

apta para

gerenciar

o

relaciona

mento

com o

cliente

Gestão

de mudanças

Novos

cargos Novas

funções

Software de

CRM CRM

Seleção

da

solução de CRM

Definição

da

tecnologia

Mudanças

estruturais

Page 28: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 28 -

alinhadas com o planejamento estratégico e com o negócio da empresa, tais como: o

volume de investimentos a ser aplicado no projeto de CRM; a segmentação dos clientes,

que significa escolher quais clientes serão contemplados com cada tipo de estratégia de

relacionamento, de acordo com sua lucratividade atual e futura para a empresa; o plano de

comunicação para construção e manutenção do relacionamento com clientes; a definição do

portfólio de produtos e serviços a serem oferecidos de acordo com as necessidades e

preferências dos clientes; e a definição dos canais de relacionamento com os clientes

(Hughes, 2002). Pound (2000) ressalta que dentre as estratégias de relacionamento com

clientes, a organização precisa desenvolver:

Relevância – ser uma fonte de benefícios e soluções para seus clientes;

Reconhecimento – criar razões para que seus clientes comprem seus produtos e não

os dos concorrentes;

Receptividade – gerar aproximação com seus clientes;

Responsividade – gerar respostas dos seus clientes;

Relacionamento – manter relacionamentos duradouros com seus clientes;

Diferenciação de Clientes – atribuir importâncias diferentes a clientes que têm

valores distintos para a organização.

Bretzke (2000) acrescenta que outro produto desta etapa deve ser a definição exata

dos objetivos da organização e das métricas para medição dos resultados do CRM a curto,

médio e longo prazo. Tais objetivos e métricas permitem um melhor direcionamento das

ações e aferição dos resultados obtidos em cada fase, minimizando os riscos de fracassos.

Page 29: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 29 -

De acordo com Colgate & Danaher (2000), a participação e o comprometimento da

alta direção nesta etapa é imprescindível, uma vez que ela envolve decisões estratégicas que

provavelmente implicarão em mudanças culturais e estruturais em toda a organização.

2.3.2. Redesenho dos Processos de Relacionamento com o cliente

Após a definição da estratégia de relacionamento realizada na primeira etapa, pode-

se iniciar a fase seguinte, que conforme Bretzke (2000), envolve o levantamento e a

documentação dos principais processos de interação da empresa com os clientes, desde a

prospecção até o pós-vendas. É nesse momento que a empresa enxergará de forma clara

como funciona seu relacionamento atual com seus clientes e, embasada na nova estratégia

de relacionamento e nos objetivos pretendidos, realizará as mudanças ou alterações

adequadas, através do redesenho de processos e da criação ou melhoria dos canais de

relacionamento com os clientes (Bose, 2002).

É muito importante que essa etapa de levantamento e redesenho de processos seja

realizada por uma equipe multifuncional, composta por membros das diversas áreas ou

departamentos da organização. Isto contribuirá para a obtenção de uma visão mais ampla

dos processos, além dos limites departamentais e das limitações operacionais, e que

contemple também as necessidades, expectativas e valores dos clientes (Peppers & Rogers,

2004; Swift, 2001).

Page 30: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 30 -

2.3.3. Escolha da Solução de CRM

A próxima etapa consiste na escolha dos sistemas computacionais de CRM mais

adequados para viabilizar as etapas anteriores. Cardoso & Gonçalves Filho (2001),

descrevem que esses sistemas são compostos pelo software, hardware e demais

equipamentos e recursos tecnológicos necessários para suportar os processos e canais de

relacionamento definidos na estratégia de relacionamento. Yu (2001), afirma que um fator

de extrema importância é que a solução deve se adaptar aos processos de negócio da

empresa e não o contrário, evitando, assim, “engessar” os processos dentro das

funcionalidades do software. Além disso, deve ser flexível, possibilitando constantes

adaptações e incorporações de novos processos. Para tanto, o mesmo autor aponta que é

preciso pesquisar e analisar diversos fornecedores de soluções de CRM disponíveis no

mercado, avaliando o suporte fornecido aos clientes e os planos, a longo, médio e curto

prazo, para as tecnologias que estão sendo disponibilizadas. A questão de preços das

soluções também é muito relevante, uma vez que exigem investimentos vultosos e de alto

risco (Peppers & Rogers, 2004). Segundo Bretzke (2000), a definição do orçamento

disponível para o projeto de CRM, feita na primeira etapa, é, portanto, crítica para a seleção

da solução de melhor relação custo-benefício para a empresa.

2.3.4. Implementação do CRM

Nessa etapa, operacionalizam-se as estratégias de CRM definidas nas etapas

anteriores. Segundo Bose (2002), é o momento de se implementar processos, técnicas e

Page 31: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 31 -

tecnologias, instalar a solução de CRM e começar as customizações e parametrizações do

software, de forma a incluir as regras de negócio e a realizar os processos e funcionalidades

pré-definidos. Por exemplo, se a empresa definiu uma regra onde um cliente pode agendar

uma visita técnica através do Call Center, o sistema do Call Center deve disponibilizar às

atendentes a agenda dos técnicos. Por sua vez, o sistema dos técnicos deve permitir a

inserção das informações sobre suas visitas, para que o pessoal de vendas e as atendentes

possam ter um feedback sobre a resolução do problema do cliente e em seu próximo

contato com esse cliente, averiguar sua satisfação com o atendimento técnico.

Yu (2001), adverte que essa é uma etapa crítica do projeto, pois eventuais falhas de

planejamento geralmente culminam em problemas consideráveis de implantação. Além

disso, ela envolve a integração de todo o software, hardware, aplicativos e sistemas legados

contemplados no projeto, o que freqüentemente apresenta-se como uma atividade bastante

complexa. Yu (2001), aponta ainda que diversas dificuldades são normalmente observadas,

tais como: programas que não se comunicam, bases de dados com estruturas e modelagens

diferentes e inconsistência de dados. Nessa etapa, também ocorrem os testes e validações

do sistema de CRM e os treinamentos dos usuários (Bretzke, 2000). Durante esse período,

verifica-se, em muitas empresas, que há sistemas antigos convivendo com os novos,

criando dificuldades adicionais de operação e manutenção para as áreas de Tecnologia da

Informação. Após a transição, os sistemas antigos são “desligados” e inicia-se de fato a

operação com a nova solução de CRM.

Como a maioria dos projetos de CRM é de longa duração, Peynot (2002), recomenda

a divisão do projeto de implementação em subprojetos, com objetivos e resultados bem

Page 32: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 32 -

definidos. Isso permitiria reduzir as diferenças entre os requerimentos iniciais e os

resultados finais alcançados no projeto, que tende a ser um problema em projetos de

Tecnologia da Informação extensos. O mesmo autor ressalta que outra vantagem da

implementação de subprojetos, é que cada um deles pode gerar resultados positivos visíveis

aos usuários, o que contribui para aumentar a credibilidade do projeto de CRM como um

todo, além de facilitar o aprendizado e a adaptação gradativa aos novos processos de

negócio implementados nesse contexto.

Brown (2001) e Greenberg (2001), afirmam que o papel desempenhado pelos líderes

ou pelo gerente do projeto é de fundamental importância nessa etapa. São eles os

responsáveis por gerenciar a integração dos diversos subprojetos e fornecedores, testando e

coordenando a implantação da solução escolhida. Além disso, cabe a eles gerenciar as

mudanças e mitigar possíveis resistências, seja através de treinamentos operacionais e

comportamentais, de planos de comunicação eficientes, ou de eventos e técnicas de

motivação que envolvam toda a organização.

2.3.5. Avaliação dos resultados obtidos com o projeto de CRM

Em todas as implementações de projetos de CRM, é crucial verificar constantemente

a aderência das ações e dos resultados obtidos à estratégia de relacionamento e aos

objetivos propostos pela organização. Isto permitirá a identificação de oportunidades de

melhoria para o constante aperfeiçoamento do CRM, além de possibilitar a correção dos

Page 33: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 33 -

rumos, caso existam discrepâncias entre resultados alcançados e objetivos (Peppers &

Rogers, 2004; Reinartz, Krafft & Hoyer, 2004).

2.4. Objetivos do CRM

Os objetivos do CRM ressaltados por diversos autores (Bretzke, 2000; Brown, 2001;

Caufield, 1999; Handen, 2001; Petreley, 2002; Swift, 2001; Tronchin, 2001) podem ser

agrupados em:

Desenvolvimento de negócios: melhorar o processo de aquisição de clientes, com

custos menores, e com base nos perfis dos melhores clientes atuais; aumentar a

venda de produtos e serviços por cliente, através de Cross Selling2 e Up Selling

3,

resultando na melhoria da lucratividade do portfólio de clientes; diferenciar

produtos e serviços, entregando os mesmos de acordo com as necessidades ou

especificações dos clientes, através da customização e da personalização; permitir

que as organizações compitam por clientes, valendo-se de seus serviços e não de

preços.

Melhoria das relações com os consumidores: aumentar o conhecimento sobre

clientes; disponibilizar canais certos de comunicação com os mesmos; melhorar o

serviço prestado; aumentar a retenção e a lealdade de clientes, através da

2 A tradução do termo “Cross selling” é vendas cruzadas, mas é mais comum sua utilização em inglês.

3 A tradução do termo “Up selling” é aumento de vendas para o mesmo cliente, mas é mais comum sua

utilização em inglês.

Page 34: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 34 -

experiência positiva de marca; facilitar a abordagem a clientes específicos,

concentrando-se nas suas necessidades; fornecer informações relevantes ao

clientes; Oferecer aos clientes facilidade e conveniência de compra e de

comunicação com a empresa.

Redução de custos de vendas e de prestação de serviços: racionalizar e melhorar o

fluxo de pedidos; realizar vendas através de Telemarketing e Internet;

implementar o atendimento pós-vendas; melhorar o gerenciamento de crédito;

evitar gastos desnecessários com clientes de baixo valor e evitar gastos reduzidos

com clientes de alto valor.

Melhoria de Processos: diminuir o tempo de desenvolvimento e comercialização

de produtos; aperfeiçoar o processo decisório empresarial e mercadológico

através do acesso a informações de melhor qualidade; Eliminar solicitações de

informações redundantes.

2.5. Fatores Críticos de Sucesso em CRM

De acordo com Silva & Pacheco (2002): “Fatores Críticos de Sucesso (FCS) são

definidos como aquilo que a organização tem por obrigação fazer muito bem feito para

alcance dos objetivos pretendidos e do êxito em sua estratégia”. Caralli et al (2004)

definem de forma semelhante, que os Fatores Críticos de Sucesso (FCS) podem ser

Page 35: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 35 -

entendidos como atividades primordiais nas quais as organizações devem sempre atuar com

excelência para que determinados objetivos sejam atingidos.

A partir da revisão da literatura feita neste trabalho, foram identificados os fatores

mais relevantes ou críticos para o sucesso da implementação de projetos de CRM. Esses

fatores foram agrupados em grandes áreas, para facilitar sua apresentação e entendimento.

As categorias definidas foram: Alinhamento organizacional; Processos; Pessoas e

Tecnologia. Elas serão descritas posteriormente, nas próximas seções.

É importante ressaltar que quase todas as publicações consultadas apontam fatores

críticos de sucesso de projetos de CRM em mais de uma das categorias definidas acima.

Por exemplo, de acordo com Gordon (2000), “a estratégia de CRM é sustentada por um

tripé formado pelos processos, pelas pessoas e pela tecnologia” (pg. 72). Essa idéia é

reforçada e detalhada por Bretzke (2000), quando afirma que o sucesso de projetos de CRM

está ancorado no redirecionamento da cultura organizacional para o foco no cliente, no

redesenho dos processos de negócio, no investimento em participação e treinamento dos

colaboradores, e na escolha da tecnologia adequada, que deve estar alinhada aos objetivos

estratégicos da organização.

Page 36: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 36 -

2.5.1. Alinhamento Organizacional

2.5.1.1. Mudança Cultural

Uma implementação bem sucedida de CRM requer mudanças profundas na cultura,

na estrutura organizacional, nos processos e nas políticas de recursos humanos da

organização (Brown, 2001; Crosby & Johnson, 2002; Kale, 2004). Segundo Ryals & Knox

(2001), a estratégia de CRM deverá mobilizar toda a empresa no sentido de melhor servir

aos clientes e, sendo assim, deve representar uma transição cultural de um modelo de

negócio centrado em produtos, para um modelo que alinhe a empresa, seus funcionários e

seus sistemas na direção do atendimento das necessidades dos clientes.

A cultura do foco no cliente, que envolve um profundo conhecimento do cliente e um

enorme desejo de criar uma experiência positiva e surpreendente para os clientes de maior

valor, através de todas as funções, divisões e canais de comunicações da empresa, precisa

estar implantada no contexto organizacional para que um projeto de CRM tenha sucesso

(Gaset, 2001; Schultz & Johnson, 2000).

2.5.1.2. Planejamento da Estratégia de Relacionamento

O planejamento de uma estratégia de relacionamento com clientes deve ser a primeira

atividade a ser realizada em um projeto de implantação do CRM para que o mesmo tenha

sucesso, uma vez que todas as decisões posteriores quanto aos processos e tecnologias

devem estar alinhados com a estratégia da organização (Bretzke, 2000; Cardoso &

Page 37: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 37 -

Gonçalves Filho, 2001; Crosby & Johnson, 2002; Davids, 1999; Hughes, 2002). Pound

(2000) detalha que essa estratégia precisa endereçar algumas questões críticas sobre os

clientes, tais como: que tipo de clientes a organização quer atender; como serão recrutados

e retidos; de que forma o atendimento ao cliente será oferecido; como acontecerá a criação

de valores para os diferentes tipos de clientes; e se serão desenvolvidos processos de

customização e personalização dos produtos e serviços.

Peppers & Rogers (2004) acrescentam que a estratégia de relacionamento com clientes

deve contemplar os eventos e o plano de comunicação para construir relacionamentos de

longo prazo com os clientes de maior valor e os de maior potencial para a organização, uma

vez que nem todos os relacionamentos são igualmente lucrativos ou desejáveis.

A definição dos objetivos pretendidos pela organização com o CRM também é um

fator crítico de sucesso da iniciativa, desde que o sucesso resulta do alcance desses

objetivos (Davids, 1999; Ebner et al, 2002; Kale, 2004). É necessário saber o que a

organização deseja obter, se o objetivo é aumento da lucratividade; da produtividade de

vendas; da satisfação dos clientes; da redução dos custos; de forma a orientar a definição

das regras de negócio, o redesenho dos processos e a escolha da tecnologia (Handen, 2001;

Stone, Woodcock & Machtynger, 2001).

2.5.1.3. Apoio da Alta Administração

Como os projetos de CRM são iniciativas estratégicas, devem receber apoio efetivo

dos altos cargos de chefia (Dyche, 2003; Kale, 2004; Swift, 2001). Rai & Bajwa (apud

Page 38: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 38 -

Croteau & Li, 2003), afirmam que o compromisso da alta administração deixa claro para

todos os colaboradores que a adoção da estratégia de relacionamento é prioritária na

empresa.

Segundo Bull (2003), são os executivos que tem a visão e o poder de decisão para

estipular prioridades e assegurar a disponibilidade dos recursos necessários. A alta

administração deve assumir três papéis: visionária, motivadora e destruidora de obstáculos,

supervisionando a iniciativa, assegurando que o projeto siga a orientação correta, e

eliminando barreiras que impeçam seu sucesso (Schultz & Johnson, 2004).

Conforme Colgate & Danaher (2000), as implementações bem sucedidas tendem a ser

aquelas em que os executivos da empresa enxergam o valor do CRM e conseguem

disseminar sua cultura e esforço de implementação por toda a organização, gerenciando

efetivamente os processos de mudanças. Crosby & Johnson (2002), alertam que sem o

endosso executivo, a iniciativa de CRM pode ser vista como um modismo, e não sobreviver

após o processo de implementação.

2.5.1.4. Integração entre as áreas da organização

Para que uma organização se torne orientada a clientes e consiga realmente entregar

valor aos clientes através de processos administrativos, faz-se mister a integração entre as

áreas-chave da empresa, a saber: marketing, gestão de negócios, tecnologia da informação,

finanças e recursos humanos (Peppers & Rogers, 2004; Ryals & Knox, 2001). Yu (2001)

Page 39: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 39 -

parece concordar com a idéia acima e acrescenta que estas áreas devem trabalhar em

conjunto, o que resulta, na maioria das vezes, na necessidade de uma completa

reorganização funcional das mesmas.

Nelson & Berg (2001), afirmam que o sucesso do CRM também dependerá do

alinhamento de todos os pontos de contato entre a empresa e seus clientes, com a

disponibilização das informações dos consumidores por todos esses pontos de contato,

servindo para suportar todas as interações posteriores dos mesmos com a empresa. Esse é

um dos maiores desafios da empresa voltada para o CRM: a integração das pessoas para

trabalharem as informações, dando-lhes um sentido comum e compartilhando-as entre as

áreas da empresa. Sawy & Bowles (1997), corroboram as idéias expostas acima e

sintetizam que o projeto de implementação do CRM deve ter um escopo corporativo,

envolvendo a participação e integração entre as áreas, e não ser conduzido de forma

estanque por um departamento específico.

2.5.2. Processos

Para assegurar uma implementação bem sucedida de CRM, os relacionamentos com

os clientes precisam ser vistos e gerenciados por todos que interagem com eles na

organização (Bretzke, 2000; Peppers & Rogers, 2004). Isso demanda processos formais,

que precisam ser criados ou redesenhados, para gerar conhecimento sobre os clientes e

disponibilizar este conhecimento durante as interações com os mesmos, em todos os canais

Page 40: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 40 -

de relacionamento disponibilizados pela organização (Day, 2000; Kayle, 2004; Sawy &

Bowles, 1997). Ryals & Knox (2001) acrescentam que os processos de relacionamento

devem ser integrados internamente e alinhados externamente com os processos

correspondentes dos clientes.

Conforme afirmam Stone, Woodcock & Machtynger (2001), a empresa que se

propuser a adotar uma estratégia de CRM provavelmente terá que investir recursos

consideráveis na reestruturação de seus processos, sendo necessário que todas as áreas

entendam a importância do foco no cliente. Os mesmos autores esclarecem que esse foco

no cliente demanda processos que visam satisfazer as necessidades deste com o mínimo de

perturbação e/ou perdas para a empresa. De acordo com Nelson & Berg (2001), “CRM

demanda uma nova abordagem dos processos de negócio, revendo-os sob a ótica dos

clientes e redesenhando-os, quando necessário, para serem centrados nos clientes, a fim de

entregar maior valor”.

Brown (2001) afirma que identificar e redesenhar os processos que precisam ser

envolvidos na implementação do CRM é uma tarefa relativamente fácil. A dificuldade está

no convencimento das pessoas em aderir aos novos processos, o que demanda processos

efetivos de gerenciamento de mudanças e treinamento, e o desenvolvimento de medidas

para a efetividade dos novos processos. Schultz & Johnson (2004) defendem a mesma

idéia, apontando que a organização precisa estabelecer métricas focadas em clientes, como

por exemplo, taxas de retenção de clientes e índice de freqüência de compras e incluí-las

entre os indicadores-chave de performance, que devem ser reportados regularmente à alta

administração, os mesmos autores acrescentam que “só é feito o que é medido”.

Page 41: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 41 -

2.5.3. Pessoas

A implantação efetiva de estratégias de CRM envolve, necessariamente, o

relacionamento da empresa com seus próprios funcionários. Isso porque sua satisfação

tende a afetar a satisfação dos clientes, já que são eles os responsáveis pela execução das

atividades de relacionamento com os clientes (Bretzke, 2000; Dyche, 2003; Kayle, 2004).

Portanto, Bretzke (2000) ressalta que os funcionários precisam ser envolvidos, treinados e

motivados para desenvolver competências que os capacitem a interagir e influenciar os

clientes, de forma adequada, nas atividades de relacionamento.

De acordo com Day (2003), são as pessoas da própria organização que fazem o

sucesso do CRM. Portanto, é importante que a idéia do CRM seja “vendida” primeiramente

para os funcionários, que devem entender seus propósitos e funções e estarem envolvidos

ativamente no projeto. O mesmo autor recomenda ainda, que haja uma perfeita integração e

capacitação do pessoal envolvido para que difundam e atuem com desenvoltura na cultura,

processos e recursos de tecnologia contemplados na iniciativa de CRM. Faz-se necessário

desenvolver em cada colaborador a consciência da importância do papel que ele assume na

organização focada em clientes (Kayle, 2004; Rigby et al, apud Davids, 1999). Isso tende a

contribuir para o aumento de seu comprometimento e de seu empenho na realização de suas

atividades, e, assim, para a melhoria de seu desempenho. Para tanto, é imprescindível que a

organização estabeleça um processo de gestão de mudanças (Dyche, 2003; Kayle, 2004;

Rigby et al, apud Davids, 1999).

Conforme os autores mencionados acima, esse processo de gestão de mudanças deve

ser conduzido lentamente para que todos da organização absorvam naturalmente e

Page 42: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 42 -

entendam a importância e as melhorias das mudanças. Segundo Kale (2004), um dos

componentes para o sucesso do CRM é a pró-atividade na gestão de mudanças, que envolve

uma iniciativa de endomarketing voltada para a venda interna da mudança antes mesmo de

ela acontecer. Além de preparar a mudança cultural na organização para receber o CRM,

Ryals & Knox (2001) ressaltam que o processo deve garantir o sucesso da implementação

das novas tecnologias adotadas. Os mesmos autores apontam a importância de se envolver

os usuários, no sentido de participarem do redesenho dos processos nos quais trabalham e

testarem e opinarem sobre os sistemas que passarão a utilizar. Uma gestão da mudança

eficaz deve diminuir resistências na organização e assegurar a adoção do CRM pelos

usuários.

Outro fator de sucesso do CRM em relação às pessoas é a definição de políticas de

Recursos Humanos alinhadas com a estratégia de CRM, antes mesmo de se iniciar sua

implementação (Dyche, 2003; Peppers & Rogers, 2004; Ryals & Knox, 2001). Os autores

apontam algumas medidas que a organização deve tomar: a descrição dos cargos e

respectiva alocação de pessoas com perfis corretos para cada cargo; novas medidas de

desempenho alinhadas aos objetivos do CRM; sistemas de remuneração e incentivos que

estimulem os comportamentos desejados, de acordo com a estratégia de CRM da empresa;

e programas de treinamento e suporte pós-implantação. Um exemplo da falta de definições

de políticas de RH voltadas para os objetivos do CRM, fornecido por Davids (1999), é o

que ocorre frequentemente nas áreas comerciais. Os profissionais de vendas geralmente

trabalham com metas, recebendo uma remuneração variável. Se a empresa decide investir

na retenção dos seus clientes, mas comissiona o colaborador por captação de novos

clientes, provavelmente não vai ter sucesso, pois de acordo com Peppers & Rogers (2004),

Page 43: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 43 -

não adianta ter na empresa gerentes de clientes se eles forem remunerados apenas com base

no cumprimento das quotas de vendas de produtos. Isso somente os incentivaria a pensar

cada vez mais em produtos e menos nos clientes. É preciso ajustar os sistemas de medição

de desempenho e de recompensa ou punição, buscando estimular e consolidar a mudança.

2.5.4. Tecnologia

Bose (2002) afirma que a tecnologia de CRM proporciona os meios para a construção

de um relacionamento mais interativo e próximo com os clientes, podendo até incorporá-los

no próprio processo de especificação de produtos, através de customização ou de

personalização, e de administração de pedidos. Segundo Cardoso & Gonçalves Filho

(2001), essa tecnologia viabiliza a automação dos processos de relacionamento e a criação

de canais integrados de comunicação entre a empresa e seus clientes.

Do ponto de vista tecnológico, o CRM tem como objetivos possibilitar a captura, o

processamento, a análise e a distribuição de dados com total foco no cliente (Boon, Corbitt

& Parker, 2002; Bose, 2002; Peynot, 2002). Conforme Cardoso & Gonçalves Filho (2001),

esse é seu grande diferencial em relação aos sistemas tradicionais: o cliente é o centro do

modelo de dados e todos os relatórios e consultas são gerados a partir da identificação do

cliente.

Sendo assim, um dos grandes desafios tecnológicos para o sucesso da estratégia de

CRM é a integração das diversas bases de dados, tanto as bases dos módulos de CRM entre

Page 44: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 44 -

si (Front-office) quanto destas com as bases dos sistemas transacionais da empresa (Back-

office) de modo que todas as informações relevantes de todas as transações e interações dos

clientes com a empresa possam ser registradas, armazenadas e acessadas por todas as áreas

e canais de comunicação, em tempo real (on line) (Dyche, 2003; Ebner et al, 2002;

Petreley, 2002). De acordo com Croteau & Li (2003), o sistema de gerenciamento de dados

do CRM permite que se crie uma visão única do cliente, possibilitando uma maior agilidade

no atendimento e resposta a suas demandas.

A escolha do software, do hardware e dos demais equipamentos que irão compor a

solução tecnológica do CRM é, também, um fator crítico de sucesso. Ela deve estar

alinhada ao modelo de relacionamento e aos objetivos definidos pela empresa na etapa de

planejamento da estratégia de CRM. Além disso, deve suportar os processos de

relacionamento da empresa, e não exigir que a empresa se adeque ao sistema (Boon, Corbitt

& Parker, 2002; Croteau & Li, 2003; Dyche, 2003; Ryals & Knox, 2001). Em projetos de

CRM bem sucedidos, as escolhas de tecnologia estão diretamente relacionadas à resolução

de desafios específicos do negócio em questão. Peynot (2002) alerta que para se fazer a

avaliação das soluções de CRM disponíveis, não é recomendável ater-se apenas ao que a

aplicação faz, mas também a como ela o faz. Essa análise deve buscar a compreensão total

da arquitetura do sistema, verificando sua flexibilidade, possibilidade de customização e

facilidade de expansão.

Petreley (2002) ressalta a importância de o sistema selecionado permitir que se façam

melhorias nos processos de CRM de forma gradual e contínua, e ser de fácil utilização, com

uma interface amigável para os usuários.

Page 45: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 45 -

Os Fatores Críticos de Sucesso em projetos de CRM discutidos nesse capítulo são

sintetizados na Tabela 1, a seguir:

Tabela 1. Fatores Críticos de Sucesso em projetos de CRM

Tipo

Fatores Críticos de Sucesso

Fonte

Alinhamento

Organizacional Mudança Cultural

Brown, 2001; Crosby & Johnson,

2002; Gaset, 2001; Kale, 2004;

Ryals & Knox, 2001; Schultz &

Johnson, 2000.

Alinhamento

Organizacional

Planejamento da Estratégia de

Relacionamento com Clientes

Bretzke, 2000; Cardoso &

Gonçalves Filho, 2001; Crosby &

Johnson, 2002; Davids, 1999;

Hughes, 2002; Peppers & Rogers,

2004; Pound, 2000.

Alinhamento

Organizacional

Definição dos Objetivos

quanto ao CRM

Davids, 1999; Ebner et al, 2002;

Handen, 2001; Kale, 2004; Stone,

Woodcock e Machtynger, 2001.

Alinhamento

Organizacional Apoio da Alta Administração

Bull, 2003; Colgate & Danaher,

2000; Crosby & Johnson, 2002;

Dyche, 2003; Kale, 2004; Rai &

Bajwa (apud Croteau & Li, 2003),

Schultz & Johnson, 2004; Swift,

2001.

Alinhamento

Organizacional

Integração entre as Áreas da

Organização

Nelson & Berg, 2001; Peppers &

Rogers, 2004; Ryals & Knox,

2001; Sawy & Bowles, 1997; Yu,

2001.

Processos

Criação e/ou Redesenho de

Processos de Relacionamento com

Clientes

Bretzke, 2000; Day, 2000; Dyche,

2003; Kayle, 2004; Peppers &

Rogers, 2004; Ryals & Knox,

2001; Sawy & Bowles, 1997;

Stone, Woodcock & Machtynger,

2001.

Processos

Estabelecimento de Medidas de

Desempenho para os Processos de

Relacionamento com Clientes

Brown, 2001; Schultz & Johnson,

2004.

Page 46: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 46 -

Pessoas Envolvimento, Treinamento e

Motivação dos Funcionários

Bretzke, 2000; Day, 2003; Dyche,

2003; Kayle, 2004; Rigby et al,

apud Davids, 1999;

Pessoas Processo de Gestão das Mudanças

Dyche, 2003; Kayle, 2004; Ryals

& Knox, 2001; Rigby et al, apud

Davids, 1999

Pessoas

Definição de Políticas de Recursos

Humanos alinhadas à

Estratégia de CRM

Davids, 1999; Dyche, 2003;

Peppers & Rogers, 2004; Ryals &

Knox, 2001; Peppers & Rogers,

2004.

Tecnologia

Integração entre as Bases de Dados

dos Sistemas de CRM e

dos Sistemas Legados

Bose, 2002; Cardoso & Gonçalves

Filho, 2001; Croteau & Li, 2003;

Dyche, 2003; Ebner et al, 2002;

Petreley, 2002.

Tecnologia

Definição do Ferramental

Tecnológico (hardware, software

e demais equipamentos)

Boon, Corbitt & Parker, 2002;

Croteau & Li, 2003; Dyche, 2003;

Petreley, 2002; Peynot, 2002;

Ryals & Knox, 2001.

Esse capítulo de revisão da literatura procurou apresentar os conceitos, tipos e

objetivos do CRM, as etapas de implementação de um projeto de CRM e, principalmente,

identificar os Fatores Críticos de Sucesso de projetos de CRM, que posteriormente, serão

verificados no contexto da empresa objeto do estudo de caso, de forma a alcançar o

objetivo primário desta pesquisa.

Page 47: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 47 -

3. Metodologia de Pesquisa

Este capítulo apresenta a metodologia utilizada para a realização deste estudo. São

descritos o tipo e método da pesquisa, o caso e os sujeitos entrevistados, o método de coleta

e análise dos dados, e, por fim, as limitações do método escolhido.

3.1. Tipo de Pesquisa

O objetivo principal desta pesquisa foi verificar a adequação dos Fatores Críticos de

Sucesso de projetos de CRM descritos na literatura ao contexto de um projeto executado

por uma média indústria têxtil brasileira, bem como se houve outros fatores que foram

determinantes para o sucesso daquela iniciativa. Para alcançar tais objetivos, foi

desenvolvida uma pesquisa exploratória, pois, embora o tema CRM já possua uma base

razoavelmente extensa de conhecimentos sistematizados, poucos estudos enfocaram o

contexto das pequenas e médias empresas, principalmente no Brasil.

A pesquisa é um estudo de caso. De acordo com Yin (2001), este é o método

preferencial para investigar um fenômeno contemporâneo, num contexto de vida real. O

mesmo autor aponta que uma grande vantagem da utilização do estudo de caso é a

capacidade dessa estratégia de pesquisa de lidar com uma grande variedade de evidências,

tais como documentos, entrevistas, observações, entre outros.

Segundo Vergara (2000, p.49) um “estudo de caso é circunscrito a uma ou poucas

unidades (...) [e] tem caráter de profundidade e detalhamento”. É portanto, apropriado à

consecução dos objetivos propostos por esta pesquisa, na medida em que permite uma

Page 48: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 48 -

descrição detalhada do processo de implantação de CRM, e, assim, a identificação de

fatores críticos para o seu sucesso, nas várias etapas do projeto.

3.2. Método de Pesquisa

Para a elaboração do estudo de caso, foram utilizadas apenas técnicas de pesquisa

qualitativa. A abordagem foi direta e não simulada, com coleta de dados através de

entrevistas em profundidade e pesquisa documental. Devido à sua flexibilidade, os métodos

qualitativos ajudam a aprofundar o entendimento dos dados coletados e a descobrir mais

sobre situações subjetivas, que não podem ser medidas facilmente, tais como

comportamentos, pensamentos e sentimentos das pessoas envolvidas com o CRM numa

empresa. De fato, os fatores críticos de sucesso do CRM são em grande parte subjetivos e

intangíveis, estando associados à cultura organizacional, ao comprometimento das

lideranças, à motivação e capacitação dos funcionários, etc. Além disso, muitos resultados

obtidos através do CRM são também subjetivos, como: o aumento do conhecimento sobre

os clientes; a percepção de valor por parte dos clientes; e o aumento da confiança e da

lealdade dos mesmos em relação à empresa.

Os Fatores Críticos de Sucesso definem aquelas atividades primordiais nas quais as

organizações devem sempre atuar com excelência a fim de atingir seus objetivos (Caralli et

al, 2004). Rockhart (1979) fornece um sumário de definições dos Fatores Críticos de

Sucesso:

Page 49: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 49 -

Atividades chave onde resultados favoráveis são absolutamente necessários para o

alcance dos objetivos, as quais devem receber atenção constante e cuidadosa dos

gerentes;

Áreas chave onde as coisas precisam dar certo para o negócio prosperar;

Fatores que são críticos para o sucesso da organização;

Um pequeno número de questões realmente importantes onde os gerentes devem se

concentrar.

Para encontrar as atividades cruciais desempenhadas pela empresa objeto do estudo

de caso que foram responsáveis pelo sucesso do seu projeto de CRM, foi utilizado o

método dos Fatores Críticos de Sucesso. De acordo com Wasmund (1993), o método dos

Fatores Críticos de Sucesso permite, basicamente, a criação de um projeto através da

definição de um problema. Isso é feito decompondo-se um objetivo bem definido em uma

lista de sub-objetivos chamados “fatores”. A partir de então, é feita uma lista de atividades

que tem o propósito de obter os fatores e eventualmente atingir os objetivos específicos. As

atividades são executadas durante o projeto, levando à solução do problema original. O

mesmo autor acrescenta que o método dos Fatores Críticos de Sucesso comparado a outros

métodos, mais intuitivos, proporciona meios mais fáceis de manter uma visão geral sobre

todas as atividades necessárias que devem ser executadas para a resolução do problema.

Isso garante que nenhuma atividade essencial seja omitida. Além disso, proporciona meios

pra reconhecer e eliminar atividades redundantes buscando focar os recursos disponíveis

em atividades cruciais.

Page 50: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 50 -

Wasmund (1993) resume o método dos Fatores Críticos de Sucesso nas seguintes

etapas:

Definição exata e específica dos objetivos, uma vez que as etapas seguintes

dependem totalmente dessa definição;

Decomposição dos objetivos em um conjunto de fatores;

Definição das atividades para o alcance dos objetivos;

Construção e validação das relações entre os objetivos, fatores e atividades;

Execução das atividades.

Caralli et al (2004) propõem cinco atividades básicas que descrevem o método dos

Fatores Críticos de Sucesso:

Definição do escopo;

Busca de dados;

Analise de dados;

Derivação dos Fatores Críticos de Sucesso;

Análise dos Fatores Críticos de Sucesso.

Caralli et al (2004) acrescentam ainda que os métodos de Fatores Críticos de Sucesso

e suas analises têm sido utilizadas de várias maneiras:

Identificar as principais preocupações dos executivos em uma empresa;

Auxiliar no desenvolvimento do planejamento estratégico;

Page 51: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 51 -

Identificar atividades chave em cada etapa de um projeto e as maiores causas de

fracassos de projetos;

Avaliar a confiabilidade dos sistemas de informações gerenciais;

Identificar oportunidades e ameaças ao negócio;

Medir a produtividade dos funcionários.

Os Fatores Críticos de Sucesso são mais que simples guias, eles são considerados

importantes componentes de um plano estratégico que devem ser alcançados, assim como

as metas e objetivos da organização. A boa execução desses fatores críticos de sucesso deve

levar a empresa à conquista de sua missão. Eles também são importantes pois tornam

explicito aquilo que a gerência intuitivamente, repetitivamente e as vezes até

acidentalmente sabem e fazem para garantir a competitividade da organização (Rockhart

apud Caralli et al, 2004; Wasmund, 1993).

3.3. O Caso e os Sujeitos da Pesquisa

A empresa escolhida para a realização deste estudo foi uma indústria têxtil brasileira

de médio porte, atuando nos segmentos de fiação, tecelagem, e acabamento, que

implementou um projeto de CRM. A iniciativa foi considerada pela autora como bem

sucedida, pois todos os objetivos almejados pela empresa no início do projeto foram

alcançados. Para manter a privacidade da empresa e dos participantes da pesquisa, a mesma

Page 52: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 52 -

foi denominada de Alpha, e as menções aos participantes utilizaram os cargos que

ocupavam naquela organização.

A Alpha é uma indústria têxtil nacional de médio porte, única produtora de veludo

cotelê do mercado brasileiro. Ela também produz sarja, tecidos planos e índigo, com foco

em camisaria.

A Alpha possui duas fábricas em São Paulo e uma em Pernambuco, conta com 20

representantes distribuídos por todas as regiões do Brasil, e também exporta para os países

do Mercosul. Sua carteira de clientes ativos no país é composta por mais de 2.000

empresas.

A empresa Alpha foi selecionada por atender aos seguintes critérios:

Possuir um sistema de CRM funcionando com sucesso, de forma estável, ou seja,

após a implementação de ações corretivas nos processos e sistemas da empresa, a

sedimentação do treinamento provido aos funcionários, e a realização dos ajustes

necessários na estrutura, procedimentos e políticas da empresa.

Demonstrar interesse em contribuir com a pesquisa, para ter em mãos um

conhecimento acadêmico e sistematizado sobre os resultados obtidos, até o

momento, com a utilização de seu sistema de CRM;

Permitir total acesso às informações requisitadas pela pesquisadora;

Disponibilizar tempo das principais pessoas envolvidas com o CRM para serem

entrevistadas.

Como sujeitos da pesquisa, foram entrevistados profissionais do nível executivo da

empresa: o Diretor Superintendente, o Gerente Comercial e o Gerente de Tecnologia, e

Page 53: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 53 -

profissionais do nível tático e operacional: o Supervisor de Vendas, um Analista de

Tecnologia e um Representante Comercial. Também foram entrevistados alguns dos

principais clientes da Alpha, de modo a garantir que uma variedade de perspectivas e

experiências associadas ao CRM fossem contempladas no estudo.

3.4. Coleta de Dados

Mattar (1996), recomenda como métodos mais adequados para a operacionalização de

pesquisas exploratórias aqueles que possibilitem levantamentos em fontes primárias e

secundárias. As fontes primárias deste estudo foram pesquisa documental e entrevistas em

profundidade com os principais envolvidos no CRM da empresa. A fonte secundária deste

estudo foi a observação, feita pela autora, das atividades dos usuários do sistema de CRM

da empresa (Yin, 2001).

A pesquisa documental consistiu na análise de documentos relativos ao projeto de

CRM da Alpha, fornecidos pela mesma, tais como: organograma da empresa; documento

contendo objetivos e metas para o projeto; proposta elaborada em conjunto com a empresa

que desenvolveu e implementou o software de CRM; e o manual de treinamento do

sistema.

As entrevistas em profundidade foram estruturadas de acordo com o roteiro com

perguntas abertas (Anexo I), de forma a obter as informações necessárias ao alcance dos

objetivos da pesquisa. O roteiro também levou em conta o referencial teórico pesquisado,

descrito no capítulo 2. O meio utilizado para a realização das entrevistas foi o contato

Page 54: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 54 -

pessoal. As entrevistas foram gravadas, com a permissão dos entrevistados, e transcritas

posteriormente, o que permitiu um maior aproveitamento do tempo investido na coleta de

dados e facilitou a análise das informações. Foram realizadas também, entrevistas com

cinco das principais empresas clientes da Alpha, onde os proprietários ou compradores

foram entrevistados. Essas entrevistas seguiram um roteiro mais simples, com perguntas

abertas (Anexo II) e foram conduzidas por telefone.

A autora também utilizou o método de observação das atividades dos usuários do

sistema de CRM da Alpha. Durante uma semana, período em que visitou a sede da Alpha,

ela pode verificar como os usuários interagiam com o sistema, e as facilidades e

dificuldades de uso, bem como vivenciar os processos desenvolvidos através do CRM.

Em resumo, a coleta de dados compreendeu as seguintes etapas:

Análise dos documentos sobre o CRM, fornecidos pela Alpha;

Condução de entrevistas em profundidade com os executivos e funcionários da

Alpha, envolvidos em seu CRM;

Observação in loco, das atividades dos usuários do sistema de CRM da Alpha;

Condução de entrevistas por telefone, com cinco dos principais clientes da Alpha.

3.5. Análise dos Dados

Os dados coletados na pesquisa foram analisados qualitativamente. De acordo com

Campomar (1991, p.96), este método “não utiliza medidas, as possíveis inferências não são

Page 55: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 55 -

estatísticas e procura-se fazer análises em profundidade, obtendo-se até as percepções dos

entrevistados sobre os eventos de interesse”.

Yin (2001), sugere que as análises em estudos de casos devem ser feitas usando-se

analogias e comparações com teorias. Assim, a análise dos dados desta pesquisa confronta

os conceitos e teorias descritos na literatura pesquisada com as informações coletadas nas

entrevistas, documentos e observações da pesquisadora. O objetivo principal foi verificar as

semelhanças e diferenças entre o que é descrito na literatura e a prática da empresa Alpha.

Quando a descrição do caso foi concluída, a autora a enviou para a empresa Alpha, de

forma que os entrevistados puderam verificar a abrangência e consistência de seu conteúdo,

e aprová-lo para posterior divulgação.

3.6. Limitações do Método de Pesquisa Utilizado

Há várias críticas acerca da utilização do estudo de caso como método de pesquisa,

conforme afirma Campomar (1991). Entretanto, é importante ressaltar que qualquer método

de pesquisa possui tanto limitações, quanto vantagens específicas. Por exemplo, Yin (2001)

afirma que uma limitação do método do estudo de caso é a impossibilidade de realizar

generalizações acerca das conclusões encontradas, enquanto Campomar (1991) aponta

como vantagem o fato de envolver uma análise intensiva de uma situação, possibilitando a

descoberta de relações que não seriam percebidas de outra forma.

Esta pesquisa pretendeu entender a realidade da empresa estudada, não da indústria

como um todo, pois o assunto CRM possui peculiaridades distintas dentro de cada setor, e

Page 56: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 56 -

características muito específicas dentro de cada empresa. Mesmo assim, espera-se que as

conclusões geradas possam ser úteis para decisões em casos semelhantes de adoção de

CRM.

Os dados colhidos através das entrevistas, poderiam ser influenciados pelas

percepções de cada entrevistado. O método de Triangulação, definido por Yin (2001), foi

então empregado como fundamento lógico para se consolidar várias fontes de evidências.

As observações in loco da pesquisadora, somadas à análise de documentos do projeto de

CRM da Alpha, contribuíram para aumentar a confiabilidade da pesquisa. Além disso,

vários participantes, de áreas e cargos diversos, foram entrevistados, assim como clientes

da Alpha, de forma a considerar diferentes perspectivas do processo de adoção do CRM na

Alpha.

É importante ainda considerar que o estudo de processos de transformação

organizacional, como o de implantação do CRM, deve ser idealmente, longitudinal. Em

função do horizonte de tempo considerado nessa pesquisa, onde se desejava investigar o

CRM até este ter alcançado a estabilidade numa empresa, e também da disponibilidade de

recursos e de tempo da pesquisadora, foi necessário realizar uma coleta de dados

eminentemente retrospectiva. Assim, embora também tenham sido obtidas informações

sobre o momento atual do CRM na empresa selecionada, a impossibilidade de coletar dados

longitudinalmente é considerada uma outra limitação desta pesquisa.

Page 57: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 57 -

4. Descrição do Caso

Este capítulo apresenta a descrição do estudo de caso realizado, contendo um breve

histórico da empresa Alpha e tópicos sobre seu projeto de CRM. Ele está organizado de

acordo com os objetivos secundários do estudo, descritos no item 1.2.2.

4.1. Histórico da Empresa Alpha Têxtil

A Alpha é uma indústria têxtil nacional de médio porte, atuando nos segmentos de

fiação, tecelagem, e acabamento. É a 5º maior empresa brasileira neste setor, e única

produtora de veludo cotelê do mercado brasileiro, e a maior na América Latina. A empresa

também produz sarja, tecidos planos e índigo, com foco em camisaria.

A Alpha possui um escritório na cidade de São Paulo, duas unidades industriais no

estado de São Paulo, e uma unidade industrial em Pernambuco. Seu parque fabril tem

capacidade de produção anual de 30 milhões de metros de tecido. Sua força de vendas é

composta por 20 representantes comerciais distribuídos por todas as regiões do Brasil. A

empresa também exporta para os países da América do Sul, para o México, Estados

Unidos, Canadá, alguns países da Europa, África do Sul, Turquia e Israel. Sua carteira de

clientes ativos no Brasil é composta por mais de 2.000 empresas, incluindo confecções de

grifes renomadas (ex. TNG, Fórum, Richard’s, Ellus, Iódice) e estilistas reconhecidos no

mundo da moda (ex. André Lima, Alexandre Hercovitch, Fause Haten e Lorenzo Merlino).

Page 58: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 58 -

A Alpha tem como filosofia de negócio oferecer a mais alta qualidade em seus

produtos e serviços. Para isso investe maciçamente em tecnologia de ponta, presente nas

máquinas e equipamentos de suas unidades industriais, no seu sistema de gestão integrada

(ERP), implementado em todas as áreas da empresa há sete anos, e no sistema de

relacionamento com seus clientes, o CRM, implementado há quatro anos. A Alpha foi a

primeira indústria têxtil nacional a implementar um CRM, o que demonstra sua

preocupação em ser uma empresa inovadora dentro do seu setor.

4.2. Motivações para a implementação do CRM na Alpha

O modelo de negócios da Alpha é Business to Business, ou seja, ela atende somente a

clientes empresariais. Na Alpha, o relacionamento entre a empresa e seus clientes é,

geralmente, muito estreito. O contato é primordialmente pessoal, feito por seus

representantes comerciais e em algumas vezes, pela área comercial da empresa.

Há alguns anos, o modelo de venda pessoal através dos representantes começou a ser

repensado pela direção da empresa. As informações sobre os clientes eram obtidas somente

pelos representantes, e não havia um processo de transferência e acompanhamento dessas

informações pela Alpha. Isso que acabava criando certo distanciamento entre a Alpha e

seus clientes. A direção da empresa considerava importante ter disponível dados sobre o

histórico do relacionamento com cada cliente; as oscilações nos volumes de pedidos; a

satisfação dos clientes quanto aos produtos e ao atendimento; e os planos futuros de

coleções e lançamentos de cada cliente. Todo esse conhecimento serviria para aproximar a

Alpha dos clientes e desenvolver um relacionamento de maior valor para ambos, uma vez

Page 59: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 59 -

que permitiria que a empresa entendesse melhor as necessidades dos clientes e, assim,

pudesse entregar soluções mais adequadas.

A intenção da Alpha de desenvolver uma estratégia de negócios focada em clientes

surgiu com a mudança na visão da empresa sobre sua forma de atuação no mercado, o que

ocorreu no final dos anos 90. A Alpha estava buscando um diferencial competitivo, pois o

setor têxtil enfrentava uma concorrência baseada em preços, devido à similaridade dos

produtos, ocasionada pelo acesso igualitário à tecnologia por parte de todos os

concorrentes. A qualidade dos tecidos não era mais um diferencial, mas sim, uma obrigação

para a manutenção da empresa no mercado. O produto tecido havia, portanto, se tornado

uma commodity.

Essa mudança de visão estratégica ocorrida na Alpha, caracterizada pela troca do foco

em produtos pelo foco em clientes, gerou a motivação básica para se implementar uma

estratégia de CRM. A empresa via o CRM como um caminho para a obtenção de um

diferencial competitivo, na medida em que propiciava a coleta e uso intensivo das

informações sobre os clientes. Tal conhecimento poderia permitir que a Alpha identificasse

alternativas de negócio que a distanciasse do mercado de commodities em sua área de

atuação. Essa idéia é bem representada na seguinte declaração do Diretor Superintendente:

“A nova preocupação da empresa agora é o processo de acompanhamento da moda,

ou seja, temos que estar sempre bem atualizados sobre os produtos, sobre as tendências

internacionais e sobre as preferências dos clientes. Na medida em que você se presta a

atuar em um mercado de não commodity, ou seja, de moda, o produto tem que ter

qualidade. E qualidade não se entende somente pelo lado físico, técnico, mas também pelo

Page 60: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 60 -

relacionamento com o seu público. Esta atuação da empresa da porta para fora é

extremamente importante”.

Foi com o intuito de melhorar o atendimento, o relacionamento com os clientes e a

competitividade da empresa, que a Alpha decidiu implementar uma estratégia de CRM,

conforme pode ser observado nos seguintes depoimentos do Gerente Comercial e do

Diretor Superintendente, respectivamente:

"O cliente atualmente exige a excelência no atendimento e em todo o serviço

prestado. Por isso, fomos buscar o que existe de mais moderno para superar esta

expectativa. Contamos agora com os benefícios do CRM para atingir nosso objetivo.

Estamos, através desta solução, direcionando o processo comercial da Alpha Têxtil à

satisfação de nossos clientes - nosso maior ativo”.

“A gente sempre diz que nosso cliente é rei. Hoje o cliente é nosso Deus. Mas não

necessariamente o primeiro, porque a qualidade tem que começar dentro de casa. Então,

aí vem a necessidade de você se capacitar, se qualificar, se voltar para a satisfação final

do cliente. Isto nos levou a uma forma de abordagem comercial de uma maneira diferente.

Passamos de um modelo de transações, para um modelo de relacionamentos, o que foi

possível através do CRM”.

4.3. Objetivos pretendidos pela Alpha com o CRM

Quando a Alpha decidiu implementar uma solução para operacionalizar sua estratégia

de CRM, os objetivos e benefícios esperados já estavam muito claros para a empresa.

Page 61: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 61 -

De acordo com o Diretor Superintendente: “Eu diria que a gente sabia exatamente

onde queria chegar. Isso é uma questão muito importante porque quando você começa um

processo de informatização, se você não sabe perfeitamente o que quer você vai fazer um

modelo se tornar um produto informatizado sem nenhum resultado. E é o que a gente mais

encontra no mercado: a baixíssima capacidade de definição do negócio, você não encontra

ninguém para dizer qual é a meta do negócio. E isso, graças a Deus, nós sabíamos”.

A Alpha pretendia, através do CRM, aumentar sua competitividade. Isso ocorreria na

medida em que os seguintes objetivos secundários fossem alcançados:

Melhoria operacional: reestruturação da força de vendas; redução dos custos da

gestão de clientes e dos custos de processos, através da eliminação de erros, da

diminuição de conflitos internos, e do aumento da produtividade das áreas

beneficiadas com o CRM, principalmente a área de vendas e os representantes.

Melhoria do Fluxo de Informações: organização e compartilhamento das

informações por todos os departamentos da empresa, através do CRM, facilitando

a comunicação e aumentando a integração entre os mesmos; melhoria do processo

decisório, uma vez que os executivos da Alpha poderiam consultar os dados de

vendas de qualquer lugar, aumentando assim sua mobilidade e sua capacidade de

gerenciamento.

Aumento de vendas: aquisição de conhecimento sobre as necessidades dos

clientes, já que o CRM poderia armazenar dados históricos dos mesmos, de suas

operações e relacionamentos como um todo, permitindo a oferta de produtos

customizados, serviços diferenciados e um atendimento mais personalizado e

Page 62: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 62 -

rápido. A Alpha passaria a tratar os clientes de uma forma única, aumentando a

probabilidade de vender mais para clientes que estariam mais satisfeitos, e

aumentando o tempo de permanência dos clientes com a empresa.

4.4. Implementação do CRM na Alpha

A Alpha iniciou seu projeto de CRM com o módulo de Automação da Força de

Vendas, em 2001. A implementação ocorreu através das seguintes etapas:

1. Definição das estratégias do modelo de relacionamento com clientes, e dos

objetivos esperados com o CRM.

2. Revisão e redesenho dos processos de interação com os clientes.

3. Escolha de um fornecedor de software de CRM.

4. Customização do software em parceria com o fornecedor escolhido.

5. Implementação gradual do sistema para realização de testes e melhoria de

funcionalidades.

6. Gerenciamento das mudanças, através de planos de comunicação e

treinamento de todos os envolvidos.

7. Implementação de novas funcionalidades no sistema.

A primeira etapa do processo de implementação do CRM foi a constatação, pelos

executivos da empresa, da necessidade de mudanças em sua estratégia comercial, para se

adequar às novas exigências do mercado e ganhar competitividade. Foi, então, contratada

Page 63: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 63 -

uma consultoria para realizar um diagnóstico da situação e auxiliar os executivos na

elaboração da nova estratégia comercial. A escolha do CRM deveu-se ao entendimento dos

executivos e consultores de que ele seria um meio para viabilizar os objetivos pretendidos

pela Alpha. A estratégia de gestão do relacionamento com os clientes envolveu as seguintes

ações:

coleta de informações sobre os clientes e construção de um banco de dados de

clientes, possibilitando o conhecimento do seu perfil, e um tratamento

diferenciado e individualizado dos melhores clientes;

disponibilização das informações sobre os clientes para todas as áreas envolvidas

com processos de clientes, principalmente para os representantes comerciais;

investimento em pesquisas, feitas pela área de marketing, que envia representantes

para as principais feiras e eventos internacionais de moda e de tecelagem, de

forma a oferecer serviços de orientação e informações sobre as tendências

mundiais em moda e novos tecidos para os estilistas e clientes;

acompanhamento do ciclo de produção e dos lançamentos dos clientes, o que

permite à empresa fornecer produtos e serviços customizados e até

personalizados, tais como a entrega de produtos com o acabamento escolhido pelo

cliente, e o desenvolvimento de novos produtos em parceria com clientes;

participação em eventos, com a finalidade de estreitar o relacionamento com os

clientes, através de iniciativas tais como o patrocínio de estilistas na São Paulo

Fashion Week e Rio Fashion Week, e a criação de estandes para receber seus

clientes;

Page 64: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 64 -

envio de convites para os melhores clientes, para eventos de moda de interesse

dos mesmos;

promoção de um prêmio anual de criação com veludo Spring Cord, com a

presença de estilistas e formadores de opinião, revelando novos talentos e atraindo

a atenção do mercado da moda para a empresa.

Na segunda etapa, a Alpha realizou a revisão e redesenho dos principais processos de

interação com os clientes, tais como: o processo de vendas, o processo de cadastro e o

processo de crédito. Esse trabalho foi desenvolvido por uma equipe formada pela

consultoria, pelos diretores e gerentes das áreas envolvidas e por funcionários-chave que

desempenhavam os processos, uma vez que conheciam detalhadamente as operações e as

necessidades de melhorias. Também houve a participação de alguns representantes

comerciais, em momentos específicos do projeto, para fornecer informações sobre

interesses e necessidades dos clientes.

A terceira etapa do projeto de implementação do CRM, consistiu na escolha dos

fornecedores da solução de CRM, composta pelo software, hardware e demais aparatos

necessários para a automação dos processos já definidos, e a operacionalização da

estratégia de relacionamento. Para a parte de software, foi escolhido um primeiro

fornecedor para o desenvolvimento do sistema, mas não deu certo, porque esse fornecedor

demorou muito para entregar as funcionalidades requisitadas pela Alpha e quando o fez,

não estava dentro dos padrões de qualidade esperados. A Alpha voltou ao mercado e

escolheu outro fornecedor que já tinha uma solução bastante funcional e customizada para

o setor têxtil. Além disso, o novo fornecedor demonstrou ter interesse e flexibilidade para

desenvolver novas funcionalidades em seu produto, que eram necessárias ao negócio da

Page 65: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 65 -

Alpha. Outro fator que pesou muito na segunda escolha foi o fato da solução ser

disponibilizada através da Internet. Isso evitava transtornos geralmente associados à

instalação de software, simplificava o processo de implementação, e melhorava a

viabilidade econômica do sistema. O processo de escolha do fornecedor é bem ilustrado no

seguinte relato do Gerente de Tecnologia:

"O fornecedor escolhido nos mostrou um aplicativo pronto para atender não só

nossas demandas atuais de prover uma melhor comunicação e colaboração entre fábrica,

representantes e clientes, como também se mostrou preparado para suportar todo o projeto

de CRM que traçamos para a companhia. Nosso projeto envolve prestar um melhor serviço

a nossos clientes, desde melhorar a transparência e agilidade do processo de venda, até

disponibilizar remotamente, através da Internet, de celular e Palm, informações relevantes

aos representantes e aos clientes.”

A quarta etapa da implementação do CRM foi a customização do software em

parceria com o fornecedor escolhido, e a definição do banco de dados do CRM e sua

integração às bases de dados existentes. O fornecedor passou dois meses realizando um

levantamento de processos na Alpha, e mais três meses customizando o software,

desenvolvendo novas funcionalidades e incorporando as regras de negócios da empresa. O

resultado foi um sistema bastante flexível e adaptado aos novos processos definidos pela

Alpha. Essa experiência foi bem sucedida, em parte, devido à Alpha ter vivenciado

anteriormente, uma situação de parceria semelhante, na implementação de seu sistema

integrado de gestão (ERP), que também foi customizado em conjunto com o fornecedor.

Page 66: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 66 -

Na quinta etapa do projeto, ocorreu a implementação gradual do sistema. Ele foi

inicialmente instalado na área de administração de vendas, onde foi testado e aprimorado

durante um mês, até sua homologação. Em seguida, passou pela verificação durante mais

um mês por alguns representantes de vendas que haviam participado da etapa de redesenho

de processos, para testar se estava funcional e sugerir melhorias importantes para o início

de sua utilização.

A sexta etapa de implementação foi o lançamento do sistema em uma feira de

tecelagem, onde estavam presentes todos os representantes da Alpha, o diretor

superintendente, o gerente comercial, o gerente de tecnologia e a equipe do fornecedor do

sistema. A partir desse lançamento, iniciaram-se os planos de comunicação para mostrar os

benefícios da nova estratégia comercial da Alpha e a importância da correta utilização do

sistema pelos usuários, principalmente os representantes. Também deu-se início ao

programa de treinamento aos representantes, conduzido em conjunto com o fornecedor,

através de encontros presenciais e suporte remoto. Os representantes e o pessoal da área de

administrativo de vendas que já haviam participado da fase de testes com o sistema foram

usados como multiplicadores, auxiliando no processo de treinamento. Foi criada uma

campanha de incentivos que durou 6 meses, onde a cada mês era eleito o representante que

melhor utilizou o sistema, em termos de qualidade das informações inseridas. Essa

qualidade significava informações completas e atualizadas sobre clientes, propostas,

prospecções, e concorrentes, de forma a subsidiar a tomada de decisão dos executivos da

Alpha.

Os prêmios variaram de bônus em dinheiro a viagens de uma semana dentro do

Brasil. Após os seis meses do lançamento do sistema, todos os representantes já estavam

Page 67: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 67 -

integrados ao CRM, enviando seus pedidos pelo sistema e consultando seu andamento

dentro da empresa, a data do faturamento, e informações sobre histórico de seus clientes e

lançamentos e promoções de produtos.

O CRM da Alpha também previa a participação dos clientes no sistema,

possibilitando que os mesmos acompanhassem as informações pertinentes sobre pedidos,

crédito e faturamento. Isso poderia ser feito através da Internet, e/ou pelo recebimento de

mensagens SMS no celular ou pager. Essa participação dos clientes iniciou-se através dos

representantes, que comunicaram a novidade a seus clientes e os instruíram a contatar o

fornecedor do CRM, para serem cadastrados e treinados. Atualmente, mais de 50% dos

clientes já estão integrados ao sistema.

A sétima e última etapa do projeto foi a implementação de novas funcionalidades e

melhorias no sistema. Ela teve início a partir dos primeiros feedbacks dos usuários e

continua até hoje, pois os processos de negócio sofrem constantes atualizações que o

sistema deve acompanhar. Este fato é ilustrado pelo Gerente de Tecnologia:

“Seis meses após o lançamento do CRM nós tivemos uma convenção e nós

conseguimos medir o nível de satisfação dos representantes com o sistema. Eles estavam

adorando, e deram idéias novas. O fornecedor ajudou muito, eles participavam das

convenções e interagiam com os representantes para melhorar as funcionalidades. E aí foi

tocando. Até hoje os usuários pedem coisas novas”.

Além disso, o próprio sistema evolui continuamente, com a adição de novas

funcionalidades e ajustes pelo seu desenvolvedor. Esta idéia é comprovada pelo Analista de

Page 68: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 68 -

Tecnologia: “O sistema é dinâmico, sempre tem melhorias acontecendo, elas só não

acontecem com maior velocidade por restrições financeiras.”

4.5. Principais Dificuldades encontradas pela Alpha durante o projeto

de implementação do CRM e as soluções adotadas para resolvê-las

Durante as entrevistas foram relatadas algumas dificuldades para a implementação do

CRM, tais como dificuldades de mudança de atitude de alguns funcionários; algumas

resistências iniciais às mudanças na forma de trabalho e algumas dificuldades de ordem

técnica. Essas dificuldades e como a Alpha procedeu para vencê-las, serão detalhadas a

seguir.

As dificuldades de mudança de atitude e de visão do negócio de alguns funcionários,

principalmente de representantes mais idosos, ocorreram ao longo do projeto, conforme

afirmam o gerente de tecnologia e o gerente comercial, respectivamente:

“Quando começou a parte de implantação, que envolveu o aspecto de cultura do

usuário, foi complicado. Nós tínhamos representantes jovens, como também tínhamos

representantes de 65 anos que nunca tinham visto um computador na vida”.

“Nós tivemos problemas normais de toda implantação de sistema e de nova cultura.

Uns estavam mais convencidos da necessidade de mudar, mas não sabiam como trabalhar,

e outros sentiam medo de entrar no sistema e perder seu emprego. Mas na realidade a

Page 69: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 69 -

empresa não pensava por esse lado, a gente precisa de pessoas para administrar o sistema,

e para se relacionar com os clientes”.

A nova cultura a qual o gerente comercial se referiu acima, foi a transformação do

foco em produtos para o foco em clientes ocorrida na Alpha, o que a levou a implementar

uma estratégia de CRM. Essa transformação acarretou em mudanças nos processos de

trabalho, tais como: o atendimento a clientes; os processos de vendas e pós-vendas; e o uso

intenso de informações sobre os clientes para o desenvolvimento de ações de marketing

adequadas às necessidades individuais dos clientes. Para suportar esses novos processos a

Alpha também precisou adotar novas tecnologias.

Quanto às dificuldades de ordem técnica, como havia uma discrepância no nível de

conhecimento de informática dos usuários e uma insegurança por parte daqueles não

habituados à tecnologia, a solução adotada foi o desenvolvimento de um trabalho de

treinamento intensivo, tanto desenvolvendo o aspecto comportamental, quanto o aspecto

técnico, de forma a reduzir as resistências e mostrar os benefícios do CRM. O treinamento

também foi fundamental para possibilitar o uso da informática, da Internet e do sistema.

Este treinamento foi conduzido pela Alpha em conjunto com o fornecedor do sistema, e

reforçado pelos planos de comunicação e incentivos à adoção do CRM. Um dos fatores

atribuídos ao sucesso do treinamento foi de ter começado por treinar os representantes

habituados à tecnologia, que já estavam demandando alguma ferramenta para facilitar seu

trabalho, e depois estes ajudavam a treinar os outros e a replicar o conhecimento. Essa idéia

é bem representada pelos depoimentos do supervisor de vendas e do gerente de tecnologia,

respectivamente:

Page 70: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 70 -

“Quando nós fizemos o lançamento do sistema foi um choque, pode-se dizer um

choque técnico para alguns representantes. Num primeiro momento eles ficaram

apreensivos, com medo. Toda mudança gera uma insegurança. Para outros representantes

já era aquilo que eles queriam, já estavam acostumados a trabalhar com informática, e já

vieram para cima, “é isto que eu quero”! e “quero ser treinado primeiro, ta!”.

“A gente teve um ponto muito bom, que a gente tinha representantes novos, que

trabalhavam na rua com notebooks e já pediam alguma solução para informatizar o

processo, porque já encontravam com outros representantes de concorrentes que já tinham

algumas ferramentas, e nos diziam: “Poxa, a gente não tem nada disso!”. Quando

lançamos o sistema, estes representantes até pediram “pelo amor de Deus me treina

primeiro!”. A gente teve um bom ganho aí, porque as pessoas estavam bem interessadas.

Começaram a ver que o sistema rodava, e um foi passando para o outro. Os representantes

que eram de treinamento mais difícil, o fornecedor fazia o treinamento e depois estes

representantes contatavam os outros que já estavam no sistema, e aí o sistema começou a

andar.” (Gerente de Tecnologia)

Sobre a importância do treinamento conduzido na Alpha como forma de minimizar as

dificuldades de mudança de atitude e de ordem técnica, o Diretor Superintendente foi

categórico:

“O que ocorreu de muito positivo na fase de treinamento foi a troca de experiências

entre os representantes. Havia alguns que estavam indo muito bem no sistema e outros

não, então os primeiros contavam o que estava dando de satisfação e de trabalho para os

Page 71: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 71 -

outros. Nada melhor do que isso para vender a idéia. Alguns representantes começaram a

treinar os outros. Eles são amigos. Isso foi um fator de sucesso do treinamento.”

Em se tratando das resistências inerentes a processos de mudança, um outro ponto

interessante que ocorreu foi a coexistência do sistema novo, baseado em tecnologia, com o

sistema antigo, baseado em papel, o que denota a dificuldade de se vencer as barreiras

comportamentais. Essa coexistência durou cerca de dois meses, até que os usuários

sentiram confiança no novo sistema e passaram a utilizar somente ele. Este fato foi relatado

pelo gerente de tecnologia e pelo supervisor de vendas:

“No começo, além dos representantes usarem o sistema e enviarem os pedidos pela

internet, eles ainda tinham aquela cultura de “melhor no fax também, eu quero ver o

papel”. Ainda tinham medo de perder pedido. Mas isso foi acabando, foi sumindo

lentamente sem eles perceberem”.

“Algumas adaptações foram bem engraçadas, mas funcionaram. Tinha o

representante que tinha pavor de computador e a filha que cuidava do escritório. Então ela

passou a cuidar dessa parte de lidar com o sistema.”

Após a fase de adaptação ao sistema, surgiram algumas dificuldades quanto à sua

correta utilização, no que diz respeito à inserção e troca de informações dos representantes

com a Alpha, e entre as áreas internas da empresa. Essa situação só foi resolvida ao longo

do tempo, quando todos passaram a perceber o quanto as informações ajudavam em seus

processos de trabalho, conforme afirma o gerente comercial:

Page 72: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 72 -

“Existia a cultura de que a informação é do representante e não da empresa, era

dele! Mas depois eles começaram a perceber que passando as informações completas para

a empresa através do CRM, elas voltavam para eles na forma de conhecimento e de ações

de marketing e de relacionamento com os clientes, e que ajudavam a melhorar sua

produtividade e suas vendas, então ficou mais fácil trabalhar, para eles e para a empresa.”

4.6. Transformações na Alpha e Resultados obtidos com o CRM

Algumas transformações foram realizadas na Alpha e resultaram na implementação

do CRM e algumas outras ocorreram em decorrência do CRM. As principais

transformações e resultados encontram-se agrupados por áreas aos quais pertencem: cultura

e estrutura organizacionais, processos do negócio, infra-estrutura tecnológica e resultados

sobre clientes.

4.6.1. Cultura e Estrutura Organizacionais

O processo de mudança cultural na Alpha se iniciou quando a empresa,

originariamente familiar, teve seu controle acionário adquirido por um grupo de

investidores, que criou um conselho de administração e trouxe um executivo que não era da

indústria têxtil, para assumir a direção da empresa. Com este novo executivo, iniciou-se, na

Alpha, um processo de modernização de seu modelo de gestão. A empresa implementou

um sistema integrado de gestão (ERP), atualizou seu parque fabril com novos

Page 73: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 73 -

equipamentos e iniciou mudanças em sua estratégia comercial, visando sua aproximação

com os clientes, como forma de buscar um diferencial competitivo. Essas idéias podem ser

observadas nos depoimentos do diretor superintendente e do gerente comercial:

“A empresa teve que transformar sua cultura para ajustá-la a uma nova realidade

de mercado, o que nos levou a optar por uma estratégia de CRM. Mas a nova cultura

ainda está se consolidando. É uma questão de longo prazo.”

“O grande desafio para a Alpha foi conduzir a mudança do foco no produto para o

foco no cliente, fazer com que todos entendessem e colaborassem com a nova estratégia da

empresa. Isto foi crítico para o sucesso do nosso CRM.”

Outra mudança relatada como muito importante foi a mudança de atitude dos

representantes, que aprenderam a trabalhar com as informações dos clientes, dos produtos e

do mercado e a dividir estas informações com a Alpha, através do CRM, usando estas

informações para gerenciar melhor seu trabalho e seus clientes. Segundo o supervisor de

vendas, esta mudança ocorreu aos poucos, e foi oriunda de um forte trabalho da área

comercial:

“Houve um esforço muito grande da diretoria e do gerente comercial para mostrar a

necessidade de se ter as informações, e não só em termos de quantidade mas,

principalmente, de qualidade, de relevância. Este não foi um processo fácil, exigiu

constante educação. Em todas as convenções, eles estavam lá, sempre batendo nesta

tecla.”

Page 74: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 74 -

Um fato interessante relatado pelo gerente de tecnologia, foi a ocorrência de

mudanças na relação dos usuários com a tecnologia, principalmente por parte dos

representantes.

“Houve uma transformação na maneira de lidar com a tecnologia. As pessoas

passaram a sentir que podem dar opinião sobre tecnologia e que a tecnologia pode mudar

para melhor, a forma como elas trabalham. Diminuiu também o medo com relação à

tecnologia. Os usuários se acostumaram e estão sempre pedindo mais funcionalidades.”

Alterações na estrutura organizacional também foram citadas pelos entrevistados,

como resultado das mudanças nos processos e da operação com o novo sistema. Por

exemplo, houve uma redução de funcionários: um funcionário na área de crédito, duas

funcionárias de atendimento telefônico receptivo e quatro funcionários na área de

Administrativo de Vendas; houve o fechamento do escritório de vendas no Rio de Janeiro,

pois com o sistema através da internet, os representantes podiam trabalhar de casa, e não

havia mais a “parafernália de papéis” para receber e enviar e nem a necessidade de

secretária para atendimento aos clientes. Isso gerou uma economia de R$ 3.000,00 mensais.

Ocorreu também uma maior integração e colaboração entre as áreas, no sentido de

prestarem um serviço cada vez melhor e mais rápido. No entanto, tal fato aconteceu

somente através da intensificação do controle e cobrança por resultados, conforme relatado

pelo diretor superintendente e pelo supervisor de vendas:

“Antes do sistema de CRM, o que existia era fluxo de papéis e desta forma, não era

possível ter um controle do processo, saber onde os pedidos estavam parados, quanto

Page 75: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 75 -

tempo as áreas estavam levando para sua aprovação. Depois do sistema, ficou tudo

transparente. É possível saber o volume de pedidos em cada área, o tempo que a área leva

para processá-lo e a quantidade e qualidade de informações que uma área presta às

outras. Isto permitiu total controle dos processos e de seus responsáveis, e maior exercício

da cobrança. No início todos ficaram apreensivos com esta exposição, achavam que

estávamos pegando no pé, mas depois passaram a enxergar o processo por inteiro e a

importância de cada um para ele não parar. Isso aumentou e melhorou a interdependência

entre as áreas e seus integrantes.”

“O sistema de CRM aumentou muito a integração entre as áreas. A informação flui

via sistema. Inclusive, conversamos muito pouco por telefone: tudo é feito pelo sistema, e

isso é muito bom. A informação fica registrada e não se perde”.

4.6.2. Processos de negócio

Os processos de negócio da Alpha passaram por algumas transformações, pois foram

revistos (e outros até criados) para suportar a estratégia de CRM.

A primeira grande mudança foi feita no processo de pedidos. Antes os representantes

geravam os pedidos em papel e depois enviavam para a Alpha, através de fax ou malote.

Dessa forma, os pedidos podiam demorar um dia inteiro até chegarem à empresa. Estes

pedidos em papel passavam de uma área para outra, até sua aprovação final, sendo depois

inseridos manualmente no sistema ERP. O sistema de CRM, através do módulo de

Page 76: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 76 -

Automação da Força de Vendas, permitiu a automação destes processos manuais. Os

representantes passaram a enviar os pedidos através do sistema, pela Internet. Além disso,

os departamentos têm agora acesso aos pedidos para fins de aprovação ou consulta, através

da função de workflow do sistema. Assim, é possível saber em que área está cada pedido e

há quanto tempo, e, por conseguinte, melhorar o controle da produtividade das áreas. O

sistema também possibilita a inserção de todas as informações necessárias sobre cada

pedido em seu registro, criando um histórico e facilitando o fluxo de informações e as

decisões de cada área. Após a aprovação final, os pedidos são automaticamente enviados

para o sistema ERP, através da interface criada com o CRM. Com a implantação do CRM,

o ciclo do processamento de pedidos, desde seu recebimento, até sua aprovação final, teve

uma redução de prazo de cinco a seis dias, para apenas três horas. Esse ganho de velocidade

na aprovação dos pedidos resultou numa agilidade muito grande nas vendas, melhorando

drasticamente o giro de estoque, e numa maior satisfação dos clientes, que passaram a ser

atendidos mais rapidamente.

Outro processo criado foi o de transferência de informações sobre o faturamento e

emissão de Nota Fiscal. Antes, os clientes tinham que fazer várias ligações para os

representantes ou para a Alpha, para obterem informações sobre faturamento e entrega de

pedidos. Os próprios representantes também tinham que recorrer a telefonemas para

repassarem informações a seus clientes ou para passar ou obter informações sobre suas

comissões de vendas. Após a implementação do sistema de CRM, os clientes e

representantes passaram a dispor de funções de auto-atendimento, onde consultam as

informações registradas no sistema diretamente na Internet, e/ou através de e-mail ou

mensagens SMS, no celular e pager, conforme relato do gerente comercial:

Page 77: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 77 -

“A gente tinha duas pessoas que ficavam praticamente o dia inteiro só recebendo

ligações de representantes e de clientes pra saber como é que andava o seu processo

dentro da empresa. Hoje, com a facilidade do sistema, o próprio representante, como o

próprio cliente se auto-atendem. As ligações caíram em torno de 90%. Acabou esse

problema de ligações aqui dentro.”

Os processos decisórios também melhoraram e ficaram mais rápidos, devido à

qualidade e disponibilidade de informações em tempo real, através de relatórios gerados

pelo sistema, tais como estatísticas de produtos, de vendas, de preços, de visitas por

representante, segmentação de clientes (através do conceito de curva ABC), histórico de

clientes, lucratividade de pedidos, etc. De acordo com o supervisor de vendas, o rápido

acesso a tais informações possibilitou à Alpha um melhor gerenciamento da força de

vendas e dos clientes, e aos representantes, um melhor acompanhamento de seus clientes:

“A implementação da parte de contatos do sistema de CRM facilitou a vida. Hoje

temos um controle dos representantes e das suas visitas, sabemos a história do cliente, os

representantes consultam o sistema para se informarem sobre os clientes antes de visitá-

los. Esse conhecimento todo facilita o processo de vendas e permite o desenvolvimento do

relacionamento entre a Alpha, seus representantes e seus clientes.”

O processo de comunicação de campanhas e promoções para os representantes

também ficou mais eficaz e rápido com o CRM. Antes, a área comercial precisava ligar

para cada representante para avisar sobre promoções, lançamentos e campanhas de

marketing. Como a maioria deles passa grande parte do tempo viajando, em visitas aos

clientes, muitos não ficavam sabendo destas promoções em tempo hábil e perdiam vendas.

Page 78: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 78 -

Segundo o supervisor de vendas, com o sistema de CRM, as comunicações passaram a ser

inseridas no sistema, que então dispara, para todos os representantes, mensagens de e-mail

e SMS:

“Por exemplo, eu como supervisor da empresa, passo informações para o sistema

onde eu estou disponibilizando uma venda de determinado artigo por ter um estoque

maior, com um desconto adicional. É uma ótima oportunidade para o representante. Eu

informo sobre o lançamento, sobre uma amostra que o representante tinha visto e que já

está liberada para a venda. Informação é tudo. Você consegue definir as coisas de forma

muito rápida”.

A comunicação dos clientes com a Alpha também melhorou muito, havendo uma

diminuição de sua dependência dos representantes. Segundo o supervisor de vendas: “O

CRM deixou os clientes muito mais próximos no contato diário com a empresa, sem a

necessidade de ficar ligando, perdendo tempo”. Através do sistema, os clientes podem

acessar seus pedidos, para colocar algum adendo e informar a fábrica sobre a necessidade

de mudança de prazo de entrega, ou alterações de cor ou quantidade. De acordo com um

representante, “isso aumentou a tranqüilidade e confiança dos clientes no processo de

vendas e atendimento da Alpha”.

Page 79: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 79 -

4.6.3. Infra-estrutura Tecnológica

Não foram relatadas grandes mudanças na infra-estrutura tecnológica da Alpha, uma

vez que o sistema de CRM roda em servidores fora da empresa e é acessado via internet,

através da tecnologia ASP (apllication service provider). De acordo com Ferreira Filho

(2000), o ASP fornece acesso através da Internet ou de Redes de Longa Distância

("WANs"), a sistemas ou aplicações e a serviços inter-relacionados, que de outro modo,

deveriam estar localizados nos próprios computadores das empresas usuárias. Tal

arquitetura demandou somente o aumento do link de comunicação entre a empresa e os

servidores. O trabalho da área de TI também não aumentou muito, desde que os

treinamentos e o suporte aos usuários são feitos pelo fornecedor do sistema, e quando

ocorre algum problema na integração entre o CRM e o ERP, os fornecedores também

resolvem.

4.7. Percepções dos Clientes da Alpha sobre o CRM

Todos os clientes entrevistados afirmaram que a Alpha têxtil é um de seus principais

fornecedores e que os canais de relacionamento mais utilizados são o contato pessoal,

através das visitas dos representantes, a Internet, e o telefone. Novamente, todos os clientes

entrevistados demonstraram ciência da implementação do CRM na Alpha, uma vez que

foram orientados pelos representantes a entrarem em contato com o fornecedor do sistema

para se cadastrarem e terem acesso às informações e benefícios do sistema.

Page 80: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 80 -

Sobre a questão da percepção de mudanças no relacionamento entre a Alpha e seus

clientes, advindas do CRM, todos os entrevistados responderam que notaram mudanças

muito positivas. Em suas opiniões, o relacionamento se estreitou e aumentou sua confiança

na Alpha, pois os processos ficaram transparentes e geraram muitos benefícios para suas

empresas, como maior agilidade no atendimento e maior rapidez de entrega de pedidos, etc.

Os clientes entrevistados demonstraram reconhecimento e até sentimentos de gratidão para

com a Alpha, pelo fato de ela estar se preocupando com o sucesso de seus negócios.

Nenhum dos entrevistados observou pontos negativos na estratégia de CRM da Alpha.

A maioria dos clientes entrevistados respondeu que o atendimento da Alpha é muito

bom, e que os representantes são muito solícitos e sempre presentes. Notaram que, depois

da implementação do CRM, o atendimento ficou muito melhor, pois os clientes podem se

auto-atender através das informações disponíveis na Internet (no site da empresa) ou

enviadas por e-mail e mensagens no celular. Por isso, não precisam mais ficar

“pendurados” no telefone para obterem informações. Alguns clientes informaram que

houve uma redução em seus custos de telefonia. Dois clientes responderam que o

atendimento é bom, mas que poderia melhorar, através do aumento das visitas de

representantes e da velocidade de navegação do site, que às vezes fica lento.

Sobre o processo de vendas, os clientes foram unânimes em responder que o processo

sofreu mudanças positivas consideráveis, e apontaram como principais melhorias:

redução do ciclo do pedido: pedidos que demoravam até uma semana para serem

aprovados agora demoram somente algumas horas, e são faturados e entregues

mais rapidamente.

Page 81: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 81 -

todos na empresa estão capacitados para resolver problemas sobre os pedidos, o

que antes era feito somente pelo representante.

o representante tem todas as informações dos clientes em seu sistema. Isso facilita

a abordagem de vendas, devido a um maior conhecimento sobre o perfil e as

necessidades dos clientes. Sempre que há algum lançamento ou promoção que

possa interessar a algum cliente, o representante entra em contato para oferecê-lo.

Na maioria das vezes, são oportunidades muito boas para os clientes.

Os clientes entrevistados ainda apontaram alguns benefícios adicionais de seu

relacionamento com a Alpha: a ampliação de suas opções de cores e lançamentos de novos

tecidos. Os clientes podem até customizar ou personalizar os produtos. Por exemplo,

podem escolher o acabamento que desejam. Alguns estilistas até participam do

desenvolvimento dos próprios tecidos.

Alguns clientes entrevistados mencionaram, com muita satisfação, que recebem

constantemente convites para eventos de moda patrocinados pela Alpha, como o “São

Paulo Fashion Week” e o “Rio Fashion Week”, além de serem informados periodicamente

sobre as tendências das próximas estações.

A última questão colocada aos entrevistados, foi sobre sua satisfação com a Alpha,

todos eles afirmaram que estão bastante satisfeitos com o atendimento, que ficou mais ágil

e personalizado, conforme o relato de alguns clientes: “Achamos que a utilização do CRM

tornou mais ágil, rápida e segura a comunicação de dados entre nossas empresas”

Os clientes entrevistados também relataram que o CRM da Alpha lhes trouxe

benefícios, como melhoria no planejamento de produção e acompanhamento de seus

pedidos e faturas, conforme afirmam alguns clientes:

Page 82: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 82 -

"A utilização do CRM pela Alpha, principalmente o recurso de notificação por e-

mail do faturamento da compra, agilizou bastante o processo de comunicação, o que

possibilitou a melhora do nosso planejamento de produção.”

"O CRM da Alpha é bem completo e muito cômodo para nós que precisamos estar

acompanhando os pedidos/faturas em tempo real e sem a necessidade de entrar em contato

com a empresa”.

Page 83: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 83 -

5. Análise e Discussão do Caso

Este capítulo apresenta a análise e discussão do estudo de caso realizado, procurando

verificar a adequação dos Fatores Críticos de Sucesso de projetos de CRM descritos na

literatura ao contexto da empresa pesquisada.

Para a Alpha, o sucesso de um projeto é medido em termos do grau em que a empresa

consegue atingir seus objetivos. Dessa forma, a Alpha considerou que sua iniciativa de

CRM foi bem sucedida, uma vez que alcançou todos os objetivos esperados com benefícios

para a empresa e para seus clientes. Tal visão está de acordo com Peppers & Rogers (2004),

quando afirmam que uma iniciativa de CRM bem sucedida deve gerar benefícios tanto para

a empresa quanto para os clientes.

Bretzke (2000), afirma que o sucesso de projetos de CRM está ancorado no

redirecionamento da cultura organizacional para o foco no cliente, no redesenho dos

processos de negócio, no investimento em participação e treinamento dos colaboradores e

na escolha da tecnologia adequada, que deve estar alinhada aos objetivos estratégicos da

organização. A combinação dos fatores acima ocorreu na Alpha, permitindo alcançar o

sucesso de sua iniciativa de CRM.

Conforme Schultz & Johnson (2000), a mudança cultural é apontada como o fator

principal para a implementação do CRM. Segundo os entrevistados na Alpha, a mudança

cultural foi a mais marcante e importante mudança causada pelo CRM.

Page 84: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 84 -

“Se não houvesse uma mudança de cultura, a Alpha não conseguiria utilizar o CRM

em sua potencialidade.” (Diretor Superintendente).

Greenberg (2001) aponta a cultura corporativa como o aspecto mais complexo da

criação de uma estratégia de CRM, o que vai ao encontro da percepção da Alpha, segundo

o gerente de tecnologia:

“O primeiro fator é entender que o CRM se trata de uma mudança cultural. Só

assim é possível atender e se relacionar melhor com o cliente. Se não tiver uma cultura

preparada para o CRM, a empresa terá mais uma ferramenta que não vai servir para

nada”.

Brown (2001) sugere que, no CRM, todas as operação da empresa devem estar

voltadas para o atendimento e a satisfação das necessidades dos clientes. Os entrevistados

revelaram que uma das mudanças culturais ocorridas na Alpha foi o fato de todas as áreas

estarem trabalhando em conjunto para melhorarem as operações e os serviços prestados aos

clientes

Na Alpha o CRM foi conduzido como uma iniciativa estratégica e não como um

simples projeto de implantação de sistemas, fato que foi revelado em muitas entrevistas e

que está em consonância com as colocações de Greenberg (2001), Gordon (2000) e Brown

(2001), de que o CRM é uma estratégia de negócios. Esta percepção de que o CRM deve

ser encarado como estratégia da empresa e não como uma ferramenta é, de acordo com

Peppers & Rogers (2004), valiosa, pois, caso o CRM seja implementado simplesmente com

uma perspectiva tática, há o risco de não se conseguir obter bons resultados.

Page 85: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 85 -

O entendimento do negócio da empresa e a avaliação da aplicabilidade do CRM a

cada caso específico são ressaltados por Bose (2002), Caufiled (1999) e Swift (2001) como

fatores determinantes do sucesso de uma iniciativa.

Alguns dos objetivos almejados pela Alpha, como o aumento de sua competitividade,

o aumento de vendas através de um melhor relacionamento com os clientes e melhoria

operacional, levaram à procura do CRM, conforme afirma o diretor superintendente:

“Antes de conhecer o CRM nós já haviamos definido os objetivos mas não sabiamos

como alcançá-los. Partindo destes objetivos, começamos a buscar meios para atingi-los,

daí surgiu a idéia do CRM. O CRM então foi analisado para ver se atendia àqueles

objetivos previamente definidos”.

Desta forma, o CRM foi a solução encontrada pela Alpha para auxiliar no alcance de seus

objetivos. Payne (2000) valoriza este aspecto ao relatar que a empresa deve procurar definir

qual a forma de CRM mais adequada não só à sua realidade, mas também aos seus

objetivos. A postura da Alpha também está de acordo com a recomendação de Caulfield

(1999) de que a organização deve ter claramente definidos quais são os seus objetivos a fim

de que a iniciativa tenha sucesso. Os objetivos da Alpha em relação ao CRM, mencionados

no decorrer das entrevistas, foram basicamente os mesmos apontados pelos autores

pesquisados no referencial teórico: criação de vantagem competitiva (Bretzke, 2000;

Gordon, 2000; Stone, Woodcock & Machtynger, 2001); melhoria operacional e redução de

custos (Brown, 2001; Swift, 2001), captação e retenção de clientes (Handen, 2001;

Petreley, 2002), e aumento do conhecimento sobre os clientes (Peppers & Rogers, 2004;

Tronchin, 2001).

Page 86: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 86 -

No decorrer das entrevistas, foi revelado que, além do objetivo de conhecer melhor os

clientes, havia uma preocupação ainda maior de gerar valor para os mesmos, de forma a

atender suas necessidades e expectativas. A importância da criação de valor para os clientes

é citada por Gordon (2000), que defende a concentração da empresa nos atributos mais

valorizados pelos clientes.

A Alpha seguiu um modelo de implementação do CRM semelhante ao apresentado

por alguns autores, como Andersen & Jacobsen, (2001), Bretzke (2000), e Cardoso &

Gonçalves Filho (2001), que propoem uma sequência de etapas a serem desenvolvidas para

a implementação bem sucedida de uma solução de CRM. O primeiro passo proposto pelos

autores é o planejamento estratégico do modelo de relacionamento que a empresa deseja

estabelecer com seus clientes. Esta foi a primeira etapa desenvolvida pela Alpha, que

consistiu na definição da sua nova estratégia comercial e das ações de relacionamento com

seus clientes. Conforme afirmam Colgate & Danaher (2000) e Hughes (2002), a

participação e o comprometimento da alta direção nesta etapa é imprescindível, pois

envolve decisões estratégicas que provavelmente implicarão em mudanças culturais e

estruturais em toda a organização. Isso ocorreu na Alpha, uma vez que esta etapa foi

desenvolvida pelos próprios executivos da empresa, em conjunto com uma consultoria

externa.

A segunda etapa proposta pelos mesmos autores e desenvolvida pela Alpha foi a

revisão e redesenho dos processos de negócio que envolvem os clientes. Os entrevistados

enfatizaram a importância do redesenho dos processos de negócios, também mencionado

por Kayle (2004), que lembra o quão essencial tal atividade é para o sucesso do CRM. O

depoimento do gerente de tecnologia ilustra a ênfase da Alpha no redesenho de processos:

Page 87: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 87 -

“O redesenho dos processos foi uma etapa essencial em nosso projeto, pois evitamos

a informatização de processos burocráticos. Os processos também impactam na escolha da

tecnologia requerida para a implementação e manutenção do CRM”.

Nesta fase, Andersen & Jacobsen (2001) alertam que é necessário envolver os

funcionários habituados com os processos de negócios, para que estes auxiliem os

responsáveis pela modelagem do CRM no estabelecimento dos novos processos de

negócios. Ryals & Knox (2001) corroboram esta idéia, reforçando que durante esta fase

todos os departamentos afetados devem ser envolvidos. Este fator crítico de sucesso foi

também identificado no caso da Alpha, o que pode ser observado na citação do diretor

superintendente:

“O CRM deve permear a empresa inteira e não deve estar restrito a uma

determinada área, logo as barreiras entre departamentos devem ser rompidas”.

A equipe multidisciplinar do projeto de CRM foi composta por uma consultoria

externa, pelos diretores e gerentes das áreas envolvidas e por funcionários-chave que

desempenham os processos, contando ainda com a participação de alguns representantes

comerciais em momentos específicos, para fornecer informações sobre interesses e

necessidades dos clientes. Segundo os entrevistados, isto fez com que os funcionários se

sentissem responsáveis pela implementação do CRM. Este envolvimento dos funcionários é

destacado por Dyche (2003) como uma das maneiras de aumentar a receptividade ao CRM

e garantir sua sobrevivência em longo prazo.

A próxima etapa de implantação do CRM proposta por Bretzke (2000) diz respeito à

escolha da solução tecnológica do CRM. De acordo com Boon, Corbitt & Parker (2002), a

Page 88: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 88 -

escolha da solução tecnológica do CRM é um fator crítico de sucesso, devendo estar

alinhada ao modelo de relacionamento e aos objetivos definidos pela empresa, bem como

suportando os processos de relacionamento da empresa, e não o contrário, fazendo com que

a empresa tenha que se adequar ao sistema. Os autores ainda acrescentam que o sistema

deve ser flexível, possibilitando constantes adaptações e incorporações de novos processos.

Tais recomendações podem ser observadas na Alpha, pois, embora a empresa tenha

escolhido um fornecedor com uma solução pronta, foi possível adequá-la à realidade da

empresa. O fornecedor passou dois meses realizando um levantamento de processos na

Alpha e mais três meses customizando o software, desenvolvendo novas funcionalidades e

incorporando as regras de negócios da empresa, o que resultou em um sistema bastante

flexível e adaptado aos novos processos definidos pela Alpha. Pensando no futuro do

sistema de CRM, a Alpha manterá um contrato de manutenção com o fornecedor da

solução, dessa forma, sempre que houver alguma alteração de processos ou novas

funcionalidades a serem incorporadas ao sistema, isso será feito pelo fornecedor.

Cardoso & Gonçalves Filho (2001) apontam que a fase seguinte à escolha e

desenvolvimento da solução de CRM é a sua implementação propriamente dita, envolvendo

o complexo trabalho de definição de interfaces, conversões e transferência de dados.

Entretanto, na Alpha, este passo não representou um problema, pois o fornecedor do

sistema de CRM desenvolveu as interfaces com o sistema de ERP existente, além de

promover a integração das bases de dados previamente existentes e realizar testes

exaustivos para avaliar a aplicabilidade e a real capacidade do sistema.

Andersen & Jacobsen (2001) propõem que seja feito um plano gradual para a

implantação, citando que “uma progressão lógica de pequenas melhorias levando à

Page 89: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 89 -

completa estratégia de CRM é necessária, cada uma com seu próprio conjunto de sucessos

rápidos” (p.264). Segundo os autores, estas ondas de implementação e o enfoque nos

sucessos rápidos ajudam a “vender” a idéia do CRM dentro da empresa, pois é preciso

convencer as pessoas que o esforço vale a pena, sendo esta uma condição necessária ao

sucesso da iniciativa. Tal idéia está de acordo com o que aconteceu na Alpha, conforme

afirma o gerente comercial:

“Na Alpha as coisas funcionam da seguinte forma: primeiro temos que fazer algo

pequeno e mostrar resultado, depois a gente consegue ampliar nossa atuação”.

A proposta dos autores quanto à implantação gradual do CRM, pode ser observada na

Alpha, onde o sistema foi inicialmente instalado na área de Administração de Vendas. Após

ter sido testado e aprimorado durante um mês, até sua homologação, o sistema passou a ser

usado durante mais um mês por alguns representantes de vendas que haviam participado da

etapa de redesenho de processos, para o teste de funcionalidades e incorporação de

melhorias importantes para o início de sua utilização.

Durante o processo de implementação da solução de CRM, Yu (2001) sugere que seja

feito o gerenciamento das mudanças, não só nos processos e nos sistemas da empresa, mas,

principalmente, na cultura da organização. De acordo com Rigby et al (apud Davids, 1999),

este gerenciamento exige a escolha de um patrocinador do CRM dentro da empresa. Esta

pessoa, segundo os autores, deve ter suas metas pessoais diretamente relacionadas ao

sucesso da iniciativa de CRM. Na Alpha, a pessoa que exerceu o papel de patrocinador do

CRM foi o Diretor Superintendente, o que também está de acordo com um dos fatores

críticos ao sucesso da iniciativa, que é o apoio da alta administração ao CRM. Segundo

Page 90: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 90 -

Crosby & Johnson (2002), a alta administração deve assumir três papéis: visionária,

motivadora e destruidora de obstáculos, supervisionando a iniciativa, assegurando que o

projeto siga a orientação correta, e ultrapassando qualquer barreira que impeça seu sucesso,

uma vez que possui a autoridade necessária para fazer as coisas acontecerem. O Diretor

Superintendente exerceu estes três papéis, na medida em que conduziu os processos de

mudança cultural na Alpha, propôs e divulgou a idéia do CRM na empresa, e participou

ativamente na condução do projeto de implantação do CRM, assegurando seu sucesso,

conforme relatam o gerente de tecnologia e o supervisor de vendas:

“Eu diria que grande parte do sucesso do projeto de CRM aqui na Alpha, pode ser

atribuído à sua condução pelo diretor superintendente, pois além do CRM ter sido uma

idéia dele, ele se empenhou e se envolveu ao máximo em todas as atividades do projeto, até

mesmo na escolha do aparato tecnológico”.

“O envolvimento do diretor superintendente no projeto de CRM foi fundamental, pois

ele tinha o poder para fazer as áreas colaborarem no projeto e entenderem que, algumas

vezes há a necessidade de abrir mão de alguma coisa”.

Brown (2001) corrobora as idéias acima, ao apontar que a administração de mudanças

requeridas pelo CRM, aliada à necessidade de patrocínio dos tomadores de decisões, é

importante para o sucesso, pois garantem que as prioridades certas sejam estipuladas, assim

como asseguram que os recursos necessários estejam disponíveis.

Segundo Kayle (2004), o processo de gestão das mudanças também deve incluir a

realização de treinamentos, o que constitui um pré-requisito para que a iniciativa de CRM

seja bem sucedida, uma vez que contribui para facilitar a aceitação e compreensão do CRM

Page 91: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 91 -

na organização. Tal afirmação está de acordo com o ocorrido na Alpha, onde o treinamento

foi um fator crítico de sucesso do CRM. Como havia uma discrepância no nível de

familiaridade com a informática por parte dos usuários, foi feito um trabalho de

treinamento intensivo para desenvolver tanto o aspecto comportamental, quanto o aspecto

técnico, em consonância com a colocação de Bretzke (2000), de que o treinamento é

fundamental para garantir a perfeita integração entre tecnologia da informação, recursos

humanos e processos. Outro fator atribuído ao sucesso do treinamento foi ter-se começado

o processo com os representantes habituados à tecnologia, que depois ajudaram a treinar os

outros e a replicar o conhecimento. Os programas de treinamento foram conduzidos pela

Alpha em conjunto com o fornecedor do sistema, e reforçados pelos planos de comunicação

e incentivos à adoção do CRM. Conforme Bose (2002), tais planos representam

componentes importantes do processo de gestão de mudanças, devendo ser implantados de

forma contínua e estruturada em toda a empresa. A Alpha iniciou seu processo de

comunicação durante o lançamento do sistema de CRM para toda a empresa em um evento

corporativo, onde também lançou uma campanha de incentivos para os melhores usuários

do sistema. O objetivo era mostrar os benefícios de sua nova estratégia comercial e a

importância da correta utilização do sistema pelos usuários, principalmente pelos

representantes. Isso está de acordo com Rai & Bajwa (apud Croteau & Li, 2003), que

ressaltam o papel decisivo da comunicação interna nos aspectos de buscar o apoio dos

funcionários e fazê-los entender a razão da iniciativa de CRM.

Como se pôde verificar, a maior parte dos fatores críticos de sucesso do CRM

identificados na revisão de literatura foi confirmada no estudo de caso da Alpha. Sua

presença foi decisiva para o alcance dos objetivos esperados e dos seguintes resultados:

Page 92: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 92 -

O aumento da competitividade da empresa, conseguido através da maior

rapidez de processamento de pedidos e entrega de produtos customizados (ex.,

a possibilidade do cliente escolher seu acabamento) e personalizados

(desenvolvidos em conjunto com o cliente, como o veludo Sping Cord), da

prestação de serviços de acompanhamento das tendências da moda aos

clientes, e do fornecimento de informações confiáveis aos clientes sobre seus

pedidos, faturamento e entrega.

A obtenção de melhorias operacionais, através do aumento da produtividade

dos representantes e das áreas comercial, de administração de vendas, crédito

e cadastro; da redução dos custos com telefonia; do fechamento do escritório

no Rio de Janeiro; da redução de pessoal; da eliminação de erros; da

diminuição de conflitos internos entre as áreas; e da melhoria do giro de

estoque.

Melhoria do fluxo de informações, através da organização e compartilhamento

das informações por todos os departamentos da empresa e entre a empresa,

seus representantes e seus clientes, facilitando a comunicação e aumentando a

integração entre os mesmos.

Melhoria do processo decisório, uma vez que os executivos da Alpha

passaram a ter acesso às informações de qualquer lugar, aumentando, assim

sua mobilidade e sua capacidade de gerenciamento.

Favorecimento do desenvolvimento organizacional, pela maturidade que se

alcança na discussão e solução dos problemas organizacionais, em tempo real,

através de informações completas dos clientes.

Page 93: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 93 -

Aumento de vendas e melhor prospecção de clientes, através de melhor

acompanhamento dos clientes, aumento do contato e da gestão do

relacionamento, o que possibilitou vender mais para clientes mais satisfeitos.

Melhoria dos relacionamentos com clientes, através do aumento do

conhecimento sobre os clientes, o que permitiu a interação da Alpha com seus

clientes em um nível individual, acompanhando seus processos produtivos,

lançamentos e necessidades, para entregar soluções de forma rápida e

eficiente, aumentando a confiabilidade da relação.

A seguir são apresentadas duas tabelas sintetizando os Fatores Críticos de Sucesso

mencionados na literatura e sua confirmação na Alpha, bem como alguns novos fatores

críticos específicos ao contexto da Alpha.

Tabela 2: Confirmação dos Fatores Críticos de Sucesso da literatura no

contexto da Alpha Têxtil

Tipo

Fatores

Críticos de

Sucesso

Fonte Exemplos

Alinhamento

Organizacional

Mudança

Cultural

Brown, 2001; Crosby

& Johnson, 2002;

Gaset, 2001; Kale,

2004; Ryals & Knox,

2001; Schultz &

Johnson, 2000.

“A empresa teve que transformar

sua cultura para ajustá-la a uma

nova realidade de mercado, o que

nos levou a optar por uma

estratégia de CRM. Mas a nova

cultura ainda está se

consolidando. É uma questão de

longo prazo.” (Gerente

Comercial).

Page 94: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 94 -

Alinhamento

Organizacional

Planejamento da

Estratégia de

Relacionamento

com Clientes

Bretzke, 2000;

Cardoso & Gonçalves

Filho, 2001; Crosby &

Johnson, 2002; Davids,

1999; Hughes, 2002;

Peppers & Rogers,

2004; Pound, 2000.

“Aqui na Alpha adotamos a

metodologia do PDCA. É

importante investir mais tempo no

planejamento, para o sucesso da

execução.” (Diretor

Superintendente).

Alinhamento

Organizacional

Definição dos

Objetivos

quanto ao CRM

Davids, 1999; Ebner et

al, 2002; Handen,

2001; Kale, 2004;

Stone, Woodcock e

Machtynger, 2001.

“Nossos objetivos estavam muito

claros [...] precisávamos de uma

reestruturação, de uma base de

fatos e dados de clientes. A

solução encontrada foi o CRM.”

(Diretor Superintendente).

Alinhamento

Organizacional

Apoio da Alta

Administração

Bull, 2003; Colgate &

Danaher, 2000; Crosby

& Johnson, 2002;

Dyche, 2003; Kale,

2004; Rai & Bajwa

(apud Croteau & Li,

2003), Schultz &

Johnson, 2004; Swift,

2001.

“[...] o sucesso do projeto de

CRM aqui na Alpha, pode ser

atribuído à sua condução pelo

diretor superintendente, pois além

do CRM ter sido uma idéia dele,

ele se empenhou e se envolveu ao

máximo em todas as atividades

do projeto, [...]”. (Gerente de

Tecnologia)

Alinhamento

Organizacional

Integração entre

as Áreas da

Organização

Nelson & Berg, 2001;

Peppers & Rogers,

2004; Ryals & Knox,

2001; Sawy & Bowles,

1997; Yu, 2001.

“Hoje a gente integra todo

mundo, a gente consegue que um

representante emita um pedido no

escritório dele, nos envie e

minutos depois eu consigo passá-

lo para o crédito, que aprova o

pedido e o envia rapidamente ao

PCP” (Supervisor de Vendas)

Processos

Criação e/ou

Redesenho de

Processos de

Relacionamento

com Clientes

Bretzke, 2000; Day,

2000; Dyche, 2003;

Kayle, 2004; Peppers &

Rogers, 2004; Ryals &

Knox, 2001; Sawy &

Bowles, 1997; Stone,

Woodcock &

Machtynger, 2001.

“O redesenho dos processos foi

uma etapa essencial em nosso

projeto, pois evitamos a

informatização de processos

burocráticos. Os processos

também impactam na escolha da

tecnologia requerida para a

implementação e manutenção do

CRM”. (Gerente de Tecnologia)

Processos

Estabelecimento

de Medidas de

Desempenho para

os Processos de

Relacionamento

com Clientes

Brown, 2001; Schultz

& Johnson, 2004.

Page 95: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 95 -

Pessoas

Envolvimento,

Treinamento e

Motivação dos

Funcionários

Bretzke, 2000; Day,

2003; Dyche, 2003;

Kayle, 2004; Rigby et

al, apud Davids, 1999;

Na Alpha foi formada uma equipe

multidisciplinar para o projeto de

CRM, composta por uma

consultoria externa, pelos

diretores e gerentes das áreas

envolvidas e por funcionários-

chave, além da participação de

alguns representantes comerciais

[...].Segundo os entrevistados,

isto fez com que os funcionários

se sentissem responsáveis pela

implementação do CRM. O programa de treinamento foi

conduzido em conjunto com o

fornecedor, através de encontros

presenciais e suporte remoto. Os

representantes e o pessoal da área

de administrativo de vendas que

já haviam participado da fase de

testes com o sistema foram

usados como multiplicadores,

auxiliando no processo de

treinamento.

Pessoas Processo de

Gestão das

Mudanças

Dyche, 2003; Kayle,

2004; Ryals & Knox,

2001; Rigby et al, apud

Davids, 1999

Na Alpha o processo de gestão de

mudanças foi conduzido pelo

diretor superintendente, que foi o

patrocinador do CRM dentro da

empresa. Esse processo foi

desenvolvido através de políticas

de recursos humanos alinhadas à

estratégia de CRM.

Pessoas

Definição de

Políticas de

Recursos

Humanos

alinhadas à

Estratégia de

CRM

Davids, 1999; Dyche,

2003; Peppers &

Rogers, 2004; Ryals &

Knox, 2001; Peppers &

Rogers, 2004.

Foram desenvolvidas algumas

políticas de RH para dar suporte

ao projeto de CRM, tais como:

processos de comunicação

interna, campanha de incentivo à

adoção do CRM e programas de

treinamento.

Tecnologia

Integração entre

as Bases de

Dados dos

Sistemas de

CRM e

dos Sistemas

Legados

Bose, 2002; Cardoso &

Gonçalves Filho, 2001;

Croteau & Li, 2003;

Dyche, 2003; Ebner et

al, 2002; Petreley,

2002.

Na Alpha, as bases de dados

existentes foram integradas com o

CRM pelo fornecedor do sistema.

Como já havia um sistema

integrado de gestão (ERP) essa

integração não representou um

problema.

Tecnologia

Definição do

Ferramental

Tecnológico

Boon, Corbitt & Parker,

2002; Croteau & Li,

2003; Dyche, 2003;

Petreley, 2002; Peynot,

2002; Ryals & Knox,

"O sistema escolhido estava

pronto para atender não só nossas

demandas atuais de prover uma

melhor comunicação e

colaboração entre fábrica,

Page 96: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 96 -

(hardware,

software

e demais

equipamentos)

2001. representantes e clientes, como

também se mostrou apto a

suportar todo o projeto de CRM

que traçamos para a companhia”

(Gerente de Tecnologia)

Tabela 3: Fatores Críticos de Sucesso específicos ao contexto da

Alpha Têxtil

Tecnologia Tecnologia ASP

“Outro fator que pesou muito na

segunda escolha foi o fato da

solução ser disponibilizada

através da Internet. Isso evitava

transtornos geralmente associados

à instalação de software,

simplificava o processo de

implementação, e melhorava a

viabilidade econômica do

sistema.” (Gerente de Tecnologia)

Pessoas Mix de usuários

“O que ocorreu de muito positivo

na fase de treinamento foi a troca

de experiências entre os

representantes. Havia alguns que

estavam indo muito bem no

sistema e outros não, então os

primeiros contavam o que estava

dando de satisfação e de trabalho

para os outros. Nada melhor do

que isso para vender a idéia.

Alguns representantes começaram

a treinar os outros. Eles são

amigos. Isso foi um fator de

sucesso do treinamento.” (Diretor

Superintendente)

Pessoas

Relacionamento

da Alpha com o

fornecedor do

sistema de CRM

“O fornecedor ajudou muito, eles

participavam das convenções e

interagiam com os representantes

para melhorar as funcionalidades.

E aí foi tocando. Até hoje os

usuários pedem coisas novas”.

(Gerente de Tecnologia)

Page 97: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 97 -

6. Considerações Finais

Este estudo buscou verificar a adequação dos Fatores Críticos de Sucesso de projetos

de CRM levantados na literatura ao contexto de uma média empresa nacional, atuante na

indústria têxtil. Além disso, foram verificados os resultados obtidos pela empresa com a

adoção do CRM e suas influências na cultura organizacional, nos processos de negócio e na

infra-estrutura tecnológica.

A importância desta pesquisa se dá pelo fato de existirem poucos estudos acadêmicos

sobre os fatores críticos de sucesso de projetos de CRM em médias empresas brasileiras e

particularmente, no setor de indústrias têxteis. Os resultados que uma empresa pode

alcançar através do CRM, após pelo menos um ano de utilização, também é um assunto

pouco explorado pela literatura acadêmica. O que existe são publicações em revistas mais

comerciais, onde as matérias tendem a ser bastante superficiais.

Os resultados desta pesquisa poderão auxiliar a tomada de decisões sobre

implementação de CRM, à medida que expõem os fatores que foram críticos para o sucesso

do CRM numa média empresa brasileira e um exame da efetividade desse tipo de solução.

A pesquisa foi do tipo exploratória, realizada através do método do estudo de caso

para a coleta dos dados, que foram analisados de forma qualitativa e confrontados com a

teoria, para verificar qual a proximidade ou distância entre a prática empresarial na empresa

Alpha, e a literatura sobre os Fatores Críticos de Sucesso e resultados do CRM.

Page 98: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 98 -

6.1. Sugestões para Pesquisas Futuras

Na literatura internacional existem diversos estudos sobre os Fatores Críticos de

Sucesso de CRM em empresas de vários setores. No Brasil existem poucos estudos

semelhantes, o que revela a importância de sua realização em outros tipos de empresas.

Também podem ser feitos estudos sobre cada um dos Fatores Críticos de Sucesso de

projetos de CRM, de forma mais detalhada, tratando específicamente do contexto cultural,

ou da tecnologia, ou somente dos processos.

Outro estudo importante seria analisar a relação entre iniciativas de CRM que

fracassaram e os Fatores Críticos de Sucesso do CRM.

Seria interessante a realização de pesquisas quantitativas, onde fossem apuradas as

causas e conseqüências da implementação do CRM e/ou uma quantificação de benefícios

oriundos dessa implementação.

Avaliar as influências do CRM a longo prazo, abordando os ajustes entre o negócio e

os sistemas, bem como os problemas ocorridos após o projeto de implementação do CRM e

como as empresas estão gerenciando estes problemas, também seria uma pesquisa

relevante.

Page 99: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 99 -

7. Referências Bibliográficas

ABIT-Associação Brasileira da Indústria Têxtil. Panorama Setorial da Indústria Têxtil e

Vestuário, 2005. Disponível em < http://www.abit.com.br> acesso em 19/10/2005.

ANDERSEN, H. JACOBSEN, P. Implementando o CRM: 20 passos para o sucesso. In:

BROWN, S.A. CRM – Customer Relationship Management: uma Ferramenta Estratégica

para o Mundo e-business. São Paulo: Makron Books, 2001. p.253-267.

BOON, O.; CORBITT, B.; PARKER, C. Conceptualizing the requirements of CRM

from an organizational perspective: a review of the literature. Proceedings of the 7th

Australian Workshop on Requirements Engineering – AWRE’2002, December 2002,

Australia. Disponível em< http://www.deakin.edu.au/infosys/research/working_paper.htm

> acesso em 10/05/2004.

BOSE, R. Customer Relationship Management: Key Components for IT Success.

Industrial Management & Data Systems, v.102, n.2, p.89-97, 2002.

BRETZKE, M. Marketing de Relacionamento e Competição em tempo real com CRM.

São Paulo: Atlas, 2000.

BROWN, S.A. CRM – Customer Relationship Management: uma ferramenta estratégica

para o mundo e-business. São Paulo: Makron Books, 2001.

BULL, C. Strategic Issues in Customer Relationship Management (CRM)

Implementation. Business Process Management Journal. Bradford. v.9, n.5, p.592-602,

2003.

BUTLER, S. Changing the Game: CRM in the e- world. The Journal of Business

Strategy, v.21, n.2, p.13-14, 2000.

Page 100: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 100 -

CAMPOMAR, M.C. Do uso de estudo de caso em pesquisas para dissertações e teses

em administração. Revista de Administração da USP - RAUSP, v.26, n.3, p.95-97, 1991.

CARALLI, R. A. et al. The Critical Success Factor Method: Establishing a Foundation

for Enterprise Security Management. CMU/SEI-2004-TR-010 Report, Carnegie Mellon

University, July/2004.

CARDOSO, M.S.; GONÇALVES, C.A.& FILHO, C.G. CRM em ambiente e-business:

como se relacionar com clientes, aplicando novos recursos da web. São Paulo: Atlas,

2001.

CAUFIELD, S. Does CRM Really Pay? A General Management Perspective, 1999.

Disponível em <http://www.insightexec.com>, acesso em 18/08/2004.

COLGATE, M.R.& DANAHER, PJ. Implementing a Customer Relationship Strategy:

The Asymmetric Impact of Poor versus Excellent Execution. Academy of Marketing

Science Journal, v.28, n.3, p.375-387, 2000.

CROSBY, L., JOHNSON, S. CRM and management. Marketing Management, v.11, Iss.

1, p. 10- 14, Jan/Feb 2002.

CROTEAU, A.M.; LI, P. Critical Success Factors of CRM Technological Initiatives.

Canadian Journal of Administrative Sciences. Halifax, v.20, n.1, p.21-34, 2003.

DAVIDS, M. How to avoid the 10 biggest mistakes in CRM. The Journal of Business

Strategy, v.20, n.6, p.22-26, 1999.

DAY, G.S. Managing Market Relationships. Academy of Marketing Science Journal,

v.28, n.1, p.24-30, 2000.

DYCHE, J. The CRM Handbook. A Business Guide to Customer Relationship

Management. Disponível em <http:// www.crmcommunity.com>, acesso em 20/01/2003.

Page 101: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 101 -

EBNER, M. et al. How to rescue CRM. The McKinsey Quarterly, 2002 Special Edition:

Technology.

FERREIRA FILHO. A. O que é um "Application Service Provider" (ASP). 2000.

Disponível em < http://www.serpro.com.br>, acesso em 28/11/2005.

FORRESTER RESEARCH. CRM-Market Research. Disponível em <http://

www.forrester.com>, acesso em 10/06/2004.

GASET, J.C. CRM não é um software, é uma filosofia. HSM Management, n.28, ano 5,

Setembro/Outubro, 2001.

GORDON, I. Marketing de Relacionamento: estratégias, técnicas e tecnologias para

conquistar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo: Futura, 2000.

GREENBERG, P. CRM - Na Velocidade da Luz. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

HANDEN, L. Pondo o CRM para funcionar: o Despertar do Relacionamento. In:

BROWN, S.A. CRM – Customer Relationship Management: uma Ferramenta Estratégica

para o Mundo e-business. São Paulo: Makron Books, 2001. p.7-18.

HUGHES, A.. The mirage of CRM. Journal Of Database Management, v.9, Iss.2,

p. 102-104, Jan. 2002.

IDC – International Data Corporation. CRM in Numbers. Disponível em <http://

www.idc.com>, acesso em 10/05/2002.

KALE, S. CRM Failure and the Seven Deadly Sins. Marketing Management, v. 13, Iss.5,

p. 42-47, Sep/Oct, 2004.

MACHADO, S.; CHAUVEL, M.; FERREIRA, S. Sales Force Automation – The

Reaction in the Sales Department. In: IAMOT, cd, 2004.

MATTAR, FAUZE N. Pesquisa de Marketing. São Paulo: Atlas, 1996.

Page 102: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 102 -

META GROUP. CRM Market Data. Disponível em

<http://www.computerworld.com.br>, acesso em 10/06/2004.

NELSON, S.; BERG, T. Customer Relationship Management: an overview, 2001.

Gartner Group. Disponível em <http://www.gartnergroup.com>, acesso em 10/09/2001.

NEWELL, F. Fidelidade.com. São Paulo: Makron Books, 2000.

PALMER, A.J. A Conceptual Evaluation of the Multiple Dimensions of Relationship

Marketing. Journal of Strategic Marketing, v.4, n.4, p.207-221, 1996.

PAYNE, A. Customer Relationship Management, 2000. Disponível em

http://www.insightexec.com>, acesso em 18/08/2004.

PEPPERS, D.; ROGERS, M. CRM Series: Marketing 1 to 1, 2004. Peppers and Rogers

Group do Brasil. Disponível em: <http:// www.1to1.com.br> , acesso em 18/08/2004.

PETRELEY, N. Lessons in CRM. Computerworld, v. 36, p. 48, Fev. 2002.

PEYNOT, R. Addressing the gap between enterprise CRM needs and actual CRM

solutions. Ideabyte. Giga Information Group Folder, 2002.

POUND, J. Making CRM Work, 2000. Disponível em <http://www.insightexec.com>,

acesso em 18/08/2004.

REINARTZ, W.; KRAFFT, M. and HOYER, W. The Customer Relationship

Management Process: Its Measurement and Impact on Performance. The Journal of

Marketing Research, v.41, n.3, p. 293- 306, 2004.

RYALS, L.; KNOX, S. Cross-Functional Issues in the Implementation of Relationship

Marketing Through Customer Relationship Management. European Management

Journal, v.19, n.5, p.534-542, 2001.

Page 103: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 103 -

ROCKART, J.F. Chief Executives Define Their Own Data Needs. Harvard Business

Review, p. 81-93, March/ April, 1979.

SAWY, O.A.E.; BOWLES, G. Redesigning the Customer Support Process for the

Electronic Economy. MIS Quarterly, v.21, n.4, p.457-483, 1997.

SILVA, A.M.; PACHECO, L. Como modernizar a organização…sem medo. Disponível

em < http:// www.marins.hpg.ig.com.br/mat7.htm>, acesso em 19/05/2004.

SCHULTZ. D.E.; JOHNSON, C. R. A Focus on Customers. Marketing Management,

v.13, Iss. 5, p.20, Sep/Oct2004.

STONE, M.; WOODCOCK, N.; MACHTYNGER, L. Marketing de Relacionamento

com os Clientes. São Paulo: Futura, 2001.

SWIFT, R. CRM Customer Relationship Management: o revolucionário marketing de

relacionamento com o cliente. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

TRONCHIN, V. Especial CRM: Assim caminha o CRM, 2001. Disponível em

<http://www.computerworld.com.br>, acesso em 07/09/2004.

VERGARA, S.C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas,

2000.

WASMUND, M. Implementing Critical Success Factors in Software Reuse. IBM

Systems Journal, v.32, Iss.4, p. 595-611, 1993.

YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução: Daniel Grassi. Porto

Alegre: Bookman, 2001. Título Original: Case Study Research: design and methods.

YU, L. Successful customer relationship management. MIT Sloan Management Review,

v.42, Iss.4, p. 18-19, Summer 2001.

Page 104: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 104 -

8. Anexos

8.1. Anexo I: Roteiro das Entrevistas realizadas na Alpha

Introdução

Explicação sobre o propósito do estudo e objetivos da entrevista.

1. Fale um pouco sobre a Alpha Têxtil.

2. Como o senhor define o negócio da Alpha?

3. Como o senhor vê a Alpha em relação aos seus concorrentes?

4. Tecnologia é importante para a Alpha?

5. Marketing é importante para a Alpha?

1º Parte – Fatores Críticos para o sucesso do CRM na empresa

6. Na sua visão, quais foram as razões que levaram a Alpha a adotar uma solução de

CRM? (objetivos, vantagens esperadas)

7. Como ocorreu a escolha do fornecedor da solução de CRM?

8. Quanto tempo durou a fase de implementação do CRM?

9. Como foi a gerência do projeto? Houve consultores em alguma etapa do projeto? Em

caso afirmativo, quais foram as contribuições dos consultores?

10. Quais foram os principais problemas enfrentados durante a fase de implementação do

CRM?

11. Como estes problemas foram resolvidos?

Page 105: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 105 -

12. Quais foram os requisitos de Infra Estrutura Tecnológica requeridos pelo CRM?

13. Como ocorreu a integração dos sitemas legados com o novo software de CRM?

14. A que públicos o CRM se destina?(explorar cada um)

15. Quais são as ferramentas/sistemas que compõe a solução de CRM da Alpha?

16. Houve alguma reestruturação organizacional na empresa em função do CRM?

(mudança na percepção das pessoas quanto à empresa, ao trabalho, aos clientes)

17. Houve mudança em algum Processo de Negócio? Caso afirmativo, em quais áreas e

qual foi o impacto causado por estas mudanças?

18. Houve algum tipo de resistência ao uso do CRM? Em caso afirmativo, o que foi feito

para vencer essa resistência?

19. Como foram conseguidos o envolvimento e o comprometimento dos funcionários com

o CRM?

20. Quais eram os canais de relacionamento (formas de interação/contato) existentes entre a

empresa e seus revendedores e clientes antes do CRM?

21. Quais novos canais de relacionamento foram criados com o CRM?

22. Em sua opinião quais foram os Fatores Críticos (imprescindíveis) para o Sucesso do

CRM na Alpha?

23. O que o senhor falaria para uma empresa que está iniciando agora o seu CRM?

2º Parte – Resultados alcançados com o uso do CRM pela empresa

1. Há quanto tempo a empresa está utilizando a solução de CRM?

2. Como você usa o CRM em seu dia a dia? Qual a importância desta solução para o seu

trabalho?

Page 106: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 106 -

3. Na sua visão, quais foram os benefícios do CRM? E os pontos negativos?

4. Os resultados obtidos até o momento se apresentam compatíveis com as razões que

levaram a Alpha a implementar o CRM?

5. Já houve retorno sobre o Investimento?

6. Qual o grau de satisfação da empresa com o CRM?

7. Quais foram os resultados mais expressivos obtidos com o uso da solução de CRM?

8. Como a empresa mede os resultados obtidos?

9. Existe alguma pesquisa sobre a satisfação dos representantes com o CRM? Quais são os

resultados?

10. Existe alguma pesquisa sobre a satisfação dos clientes com o CRM? Quais são os

resultados?

11. Houve aumento de integração entre os vários departamentos da empresa com o CRM?

12. Houve aumento de informações sobre os clientes com o CRM?

13. A empresa usa estas informações para melhorar o atendimento, aumentar o pocket share

de clientes e desenvolver novos produtos? Como?

14. Houve aumento da base de clientes atribuído ao CRM?

15. Houve aumento de volume de compras ou de tipos de produtos comprados pelos

clientes?

16. Houve aumento de retenção de clientes?

17. Houve aumento de fidelização de clientes? Como a empresa mede este aumento?

Page 107: 3 – Metodologia de Pesquisas3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/...Dezembro de 2005 Orientador: Prof. Ph.D. Valter de Assis Moreno Júnior A implementação de

- 107 -

8.2. Anexo II: Roteiro das Entrevistas realizadas com Clientes da

Alpha

Explicação sobre o propósito do estudo e objetivos da entrevista.

1. Como é o relacionamento da sua empresa com a Alpha? Qual é o canal de

relacionamento mais usado?

2. O (a) senhor (a) soube que a Alpha implementou uma estratégia de CRM?

a. Se a resposta for afirmativa, perguntar: Essa estratégia causou alguma mudança

no relacionamento de sua empresa com a Alpha? Quais foram os benefícios? E

os pontos negativos?

b. Se a resposta for negativa, perguntar: O senhor notou alguma mudança em seu

relacionamento com a Alpha recentemente? Explique.

3. O que o senhor acha do atendimento da Alpha? E do processo de vendas?

4. O senhor está satisfeito com a Alpha Têxtil?