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Revoluções, súde, América hispânica: Um estudo de caso, ou um caso para estudo.
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“América Latina Enferma”: racismo, positivismo e hispanidad no pensamento político
latino-americano de fins do século XIX e início do XX
REGIANE GOUVEIA∗
Em fins do século XIX e início do XX1 as teorias racistas se intensificaram com o
desenvolvimento científico. Tais teorias vinham envoltas em um novo discurso, com a
autoridade que a ciência lhe conferia. A literatura médica ganhou espaço nesse período e sua
linguagem foi amplamente empregada por intelectuais preocupados com o futuro da América
Latina. A instabilidade política;2 a dependência do capital estrangeiro, em decorrência das
novas relações econômicas – importação de manufaturas e máquinas, e exportação de
matérias-primas –; e os problemas sociais, comuns à maioria dos países latino-americanos na
época, faziam com que proliferassem conjeturas acerca da incapacidade do continente de
incorporar a modernização e alcançar o progresso.
Nesse contexto, surgiu uma ensaística que procurou analisar a realidade latino-
americana. Para tanto, esta recorreu ao paradigma das ciências naturais tendo em vista que o
seu desenvolvimento, desde meados do Oitocentos, permitiu que determinados critérios das
ciências fossem empregados para explicar o homem e a sociedade. Surgiram proposições
utilizando o vocabulário médico que comparavam a América a um corpo enfermo, com
diagnósticos mórbidos e prognósticos condenatórios. Tal modo de interpretar a realidade
latino-americana estava relacionado à autoridade que a ciência adquirira na época, uma vez
que passou a ser percebida como uma forma de conhecimento neutro, empírico e confiável
(STEPAN, 2005:75).
Tendo isso em vista, é nosso objetivo fazer uma análise comparada entre as
proposições do venezuelano César Zumeta (1863-1955), do boliviano Alcides Arguedas
(1879-1946) e do peruano Francisco García Calderón (1883-1953) a partir de algumas
∗
Doutoranda do programa de Pós-graduação em História da Ciência e da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/COC). Bolsita da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). 1 Essa comunicação é parte de um estudo mais amplo que desenvolvemos no doutorado. 2 Embora desde a primeira metade do século XIX, os estados nacionais latino-americanos vinham consolidando seu território, nas últimas décadas do Oitocentos essa questão ainda não estava definida. Vários conflitos assolavam alguns países do continente, guerras civis e revoltas armadas se faziam presentes no contexto americano, como a Guerra Grande (1843-1851) no Uruguai, e a rivalidade caudilhista entre federalistas e unitários na Argentina durante as primeiras décadas de emancipação política. O Brasil, desde a independência também enfrentou uma série de revoltas, principalmente durante o período das regências. Além de grandes conflitos, em disputas por fronteiras, como a Guerra do Paraguai (1860-1865), envolvendo Brasil, Uruguai e Argentina em uma aliança contra o Paraguai; e a Guerra do Pacífico (1879- 1884), que resultou na perda para o Chile de parte do território peruano e a saída do mar da Bolívia. (GOLDMAN e SALVATORE, 2005) e (PAMPLONA e DOYLE, 2008: 25).
2
concepções presentes em determinadas obras. Estes autores influenciaram o pensamento
político latino-americano no início do século XX, participaram ativamente da vida política de
seus países e empregaram a retórica do diagnóstico para analisar a realidade latino-americana.
Ao adotarem o paradigma científico das ciências naturais (a concepção racista-científica),
fortaleceram a ideia de que a América Latina era um “continente enfermo”. Acreditamos que
tais interpretações guardam estreita relação com o contexto político, social e econômico de
seus países na virada do século.
Em meados do século XIX, o desenvolvimento das novas ciências – principalmente
ligadas à biologia e à medicina – tornou-se sedutor, principalmente para a intelligentsia
latino-americana, em função de representarem oportunas formas racionais de tratar o mundo
social e natural, sem os inconvenientes das considerações religiosas tradicionais (STEPAN,
2005:50). Os intelectuais latino-americanos estudaram entusiasmados os trabalhos de
importantes teóricos científicos europeus, como Auguste Comte, Hippolyte Taine, Herbert
Spencer, Cesare Lombroso e Gustave Le Bon, entre outros. E adotaram a ciência como uma
forma de conhecimento progressista.
Em 1883, a partir da publicação da obra La Lucha de Razas, do austríaco Luis
Gumplowicz, a “raça” passou a ser tomada como categoria explicativa primordial de todos os
processos humanos. Dessa forma, o destino da humanidade foi percebido como sendo
conduzido por um constante combate entre as raças, e o seu resultado era sempre imutável: o
elemento étnico mais poderoso preponderava e a partir disso impunha o seu domínio sobre as
demais (QUIJADA, 1997:599).
Uma década depois, Gustave Le Bon publicou a obra Leis psychologicas da evolução
dos povos (1894), que exerceu uma grande influência no pensamento europeu e latino-
americano. Neste livro o escritor francês defendia que os caracteres psicológicos seriam
determinantes nas raças e, portanto, a história de um povo e sua civilização derivaria desses
critérios (LE BON, 1910:8).
Desde meados do século XIX, o pensamento racial apropriara-se de um
desenvolvimento técnico que trouxe novas consequências ideológicas: a medição do índice
cefálico, para examinar as diferenças entre as populações europeias, vistas até então como um
conjunto unitário. Esta técnica foi desenvolvida pelo antropólogo suíço André Ratzius, que a
partir da craniologia, estimulou estudos quantitativos sobre a variedade do cérebro humano.
Com isso, aliado à frenologia e à antropometria, passou-se a avaliar a capacidade humana
levando em consideração o tamanho e a proporção do cérebro dos diferentes povos. Outro
modelo determinista desenvolvido na mesma época foi a antropologia criminal de Lombroso,
3
que considerava a criminalidade como um fenômeno físico e hereditário (SCHWARCZ,
1993:48-49).
Essas concepções acabaram contribuindo para que tanto a história da Europa como as
suas tensões políticas fossem aos poucos sendo identificadas como decorrentes das lutas entre
diferentes raças europeias (QUIJADA, 1997:597). Essa situação se refletia de forma geral no
pensamento europeu ocidental e encontrou terreno fértil nos países que passavam por crises
decorrentes de políticas desastrosas.
Diversas obras publicadas nesse período, dialogando com essas ideias, procuraram
assinalar a superioridade anglo-saxônica frente aos latinos. Em À quoi tient la supériorité des
Anglo-Saxons? (1897), por exemplo, o francês Edmond Demolins afirmou a inferioridade e
decadência da “raça latina” e mestiça, em contraposição ao desenvolvimento material dos
anglo-saxões. Para Demolins, os anglo-saxões eram superiores aos latinos porque eram mais
individualistas e se dedicavam menos aos cargos do Estado. Seguindo uma abordagem
próxima a de Demolins, o francês León Bazalgette (1873-1928) publicou em 1903 Le
problème de l’avenir latin, no qual fazia reflexões por um viés organicista e procurava
demonstrar a necessidade de se regenerar a essência latina. Esta teria sido, segundo ele,
corrompida pela mistura de “raças” e impedida de alcançar a modernização. Para o autor, a
situação na qual os povos latinos se encontravam só poderia ser resolvida a partir de um
drástico processo de deslatinização (BIAGINI, 2001:15).
Também na América foram recorrentes as análises que utilizaram categorias raciais
para explicar os fracassos de seus países frente aos países europeus e aos Estados Unidos, e
fazer previsões sobre o futuro. Desde a segunda metade do século XIX, este último havia se
tornado uma grande potência, o que entusiasmou intelectuais argentinos como Juan Bautista
Alberdi e Domingo Faustino Sarmiento, levando-os a estimular em seu país a adoção do
modelo estadunidense de desenvolvimento.
Compete lembrar que na época o cenário interno dos países latino-americanos não era
muito animador. Disputas caudilhistas promoviam um estado de guerras civis em vários
países da América do Sul – principalmente na região rio-platense – criando instabilidade
política, além de problemas econômicos e sociais e dificultando a educação. Tal situação
muitas vezes foi associada por uma parte da intelectualidade do continente à influência moral
e cultural recebida durante séculos das nações ibéricas, vistas como atrasadas e decadentes.
Sarmiento foi um dos intelectuais mais exaltados na defesa do modelo de
desenvolvimento estadunidense. Quando presidente da Argentina (1868-1874) procurou
implementá-lo incentivando o desenvolvimento da educação primária laica, aceitando a
4
“conquista do deserto” e o extermínio da população indígena. Para Sarmiento os países da
América do Sul seriam oriundos de uma “raça” que se encontraria “na última linha entre os
povos civilizados” (VIANNA, 1991:153). As ex-metrópoles ibéricas e os seus descendentes
apareceriam no cenário do mundo moderno privados de todos os benefícios dos novos
tempos. De acordo com o autor, eles não possuíam os mesmos meios de ação, por
desconhecerem as ciências naturais ou físicas, que nos países europeus foram capazes de criar
uma poderosa indústria que fornecia ocupação aos indivíduos da sociedade.
O escritor argentino ainda ressaltou a absorção dos indígenas, ou seja, a miscigenação
como tendo sido a pior herança recebida pela Espanha e por Portugal. Tal herança, de acordo
com Sarmiento, teria feito prevalecer na América Ibérica aquelas “raças” incapazes de serem
civilizadas. Já na América do Norte, conforme sustentou na obra Conflito y Armonía de las
Razas (1883), a colonização inglesa não admitira a incorporação indígena. Desse modo,
quando aquelas colônias se tornaram independentes, as “raças europeias puras” que
preservaram suas tradições de civilização cristã, teriam permanecido intocadas (PRADO,
2004:176).
As discussões envolvendo as “raças” ainda permaneceram no cenário político e
intelectual latino-americano e europeu na virada do século XIX para o XX. Outras questões,
impostas ao contexto latino-americano, contribuíram para reforçar tais posições, como por
exemplo, a guerra hispano-americana, em 1898, que foi capaz de promover ao mesmo tempo
duas atitudes paradoxais. Se por um lado encorajavam as proposições de que os Estados
Unidos eram os representantes da raça anglo-saxônica na América e modelo a ser seguido, por
outro, abriam espaço para o fortalecimento de uma corrente que partia em defesa da
latinidade/hispanidad, e convertia a Espanha em herdeira direta da cultura latina.
Assim, os efeitos da guerra hispano-americana no continente foram ambivalentes. Não
apenas transformaram, com a derrota espanhola, Cuba e Porto Rico em possessões norte-
americanas, mas também fortaleceram os laços entre a intelectualidade latino-americana e a
espanhola. Conforme Eduardo Devés assinalou, tal circunstância levou à constituição de uma
“rede de solidariedade” que permitiu um fecundo diálogo entre os dois lados do Atlântico,
logo depois da guerra, e que também abriria espaço para a construção da hispanidad (DEVÉS,
2001:33), isto é, de uma comunidade espiritual imaginada entre a Espanha e a América
Hispânica.
A guerra hispano-americana acentuou ainda mais a polaridade entre latinos e anglo-
saxões, o que revelou uma grande capacidade convocatória. Diversos atos públicos e
5
levantamentos populares foram realizados em “defesa da latinidade”.3 O centro das discussões
na época não era a independência cubana, mas a oposição Espanha/Estados Unidos,
latinos/anglo-saxões (QUIJADA, 1997:596).
No âmbito desses debates, as teorias sobre a inferioridade e a decadência da raça latina
não ficaram sem respostas. Diversos intelectuais, adeptos do latinismo, se empenharam em
demonstrar o contrário do que era afirmado a respeito da raça latina, destacando suas virtudes.
O uruguaio Victor Arreguine, por exemplo, publicou, em 1900, a obra En qué consiste la
superioridad de los latinos sobre los anglosajones, na qual fazia um juízo depreciativo dos
ingleses e exaltava a raça latina. Dentro do ramo latino abriu-se espaço para a exaltação da
raça ibérica, associada à nobreza, honradez e generosidade. No intuito de valorizar a tradição
ibérica, surgiram obras como o Ariel (1900), de José Enrique Rodó, enfatizando a importância
desta na formação da identidade da América Latina e fortalecendo a rede de contatos entre os
intelectuais hispano-americanos e espanhóis. Conforme afirmou Mónica Quijada, se na
Europa, a guerra hispano-americana fortaleceu a imagem de superioridade anglo-saxônica, na
América do Sul, esse conflito inverteu o signo da polêmica, colocando o latino/ibérico no
ponto positivo (QUIJADA, 1997:602).
Assim, a polaridade entre as raças permitiu acirrados debates no cenário político e
intelectual, tanto na América quanto na Europa Ocidental. Em ambos os continentes,
intelectuais influenciados por esses debates, defenderam ou rechaçaram ora a raça latina, ora a
anglo-saxônica, contribuindo, dessa forma, para a criação e consolidação de estereótipos
relativos aos povos originados de uma ou outra “raça”.
Na América Latina, esses debates inspiraram intelectuais que, fundamentados nas
ideias raciais, procuraram diagnosticar a realidade latino-americana. Nota-se, contudo, entre
esses intelectuais, uma apropriação, em grande parte, original das teses raciais, visando
adequá-las ao contexto do Novo Mundo, uma vez que elas não poderiam ser aplicadas nos
mesmos termos na América Latina. Isso significaria a exclusão da maior parte de sua
população, tendo em vista que esta era biologicamente heterogênea.
Entre as principais estratégias traçadas na época com o intuito de promover uma
“limpeza racial” no continente, a médio e longo prazo, estava a importação de imigrantes
3 No dia 2 de maio de 1898, ocorreu um ato no Teatro Victoria de Buenos Aires, que tinha em vista tanto repudiar a intervenção estadunidense na guerra, quanto levantar fundos de ajuda à Espanha. Esse ato iniciou com o hino nacional argentino, foi seguido pela Marselhesa, as Marchas Reais da Itália e da Espanha, o prelúdio de “La Dolores” e a Marcha de Cádiz. Roque Sáenz Peña e Paul Groussac se pronunciaram e escreveram versos que foram lidos pelo Cônsul italiano, intitulado “Per la Spagna, canzone di guerra” proclamando a Espanha como herdeira da grandeza de Roma (QUIJADA, 1997:596).
6
europeus4 e o retorno dos descendentes de africanos à África, também procurou-se impedir a
vinda de imigrantes oriundos de lugares associados à barbárie e ao atraso, lista na qual os
chineses ocuparam lugar destacado (SKIDMORE, 1976). Tais propostas guardavam relação
com o fato de que o racismo, cada vez mais ratificado pela ciência, havia contaminado tão
fortemente os discursos nacionalistas no início do século XX, que era difícil resistir à sua
influência (GERSTLE, 2008:440).
Patricia Funes e Waldo Ansaldi nos lembram que o cerne das proposições racistas
mais recorrentes foi organizado a partir do pensamento positivista do início do Novecentos
(FUNES e ANSALDI, 1991). Com a definição do Estado em fins do século anterior, os
intelectuais positivistas assumiram a função de determinar o “contingente” nacional, o que
significava estabelecer os que estariam presentes e os que ficariam de fora do projeto político.
Índios, negros e mestiços, estavam associados à ideia de crise e fracasso frente ao progresso.
Diante disso, muitos intelectuais culparam o povo pelo atraso do continente, uma vez que os
percebiam como incapazes de assimilar a ciência e a técnica.
Dessa forma, o positivismo, depois de amadurecer por várias décadas do XIX, no
início do XX, se apresentaria como um conjunto de ideias sociais em pleno florescimento na
América Latina. Segundo Charles Hale as elites estavam convictas de que a sociedade era um
organismo comparável à natureza, e que, portanto, estava sujeito a mudanças no tempo
(HALE, 2001:365).
Leopoldo Zea assinalou que a adoção da filosofia positivista na América Latina estava
ligada ao anseio dos escritores de mudar a realidade do continente. Sendo assim, tais
intelectuais teriam adotado a filosofia que era considerada a que tinha dado origem ao mundo,
que percebiam como civilizado, e do qual se tentava fazer parte. Eles teriam tomado o
positivismo como instrumento para enfrentar uma realidade que deveria ser transformada, e
partindo de uma profunda análise do continente procuraram meios de regenerá-lo (ZEA,
1979:62).
A esse respeito, Oscar Terán explicou que o positivismo desempenhou um importante
papel hegemônico na América Latina. Não só por sua capacidade de estabelecer uma
interpretação verossímil das realidades nacionais, como também por articular-se com
instituições que formaram um sólido tecido de práticas sociais no momento da consolidação
do Estado e da nação na virada do século (TERÁN, apud FUNES e ANSALDI, 1991).
4 Nessa época foi incentivada a “imigração eugênica” que defendia o “valor étnico” como condição para a entrada no país. O médico e eugenista Renato Kehl foi enfático em relação a tal imigração, para ele era necessário leis severas que estabelecessem as condições para a entrada de imigrantes no Brasil (MARQUES, 1994:91).
7
Assim, a ensaística latino-americana surgiu com uma preocupação sociológica que
procurou dar conta dessas “sociedades enfermas”. Vários trabalhos, nessa mesma linha,
buscaram, através de uma análise histórica, política e sociológica do continente, explicar a
situação em que se encontravam os países latino-americanos. Proliferaram obras neste viés,5
que partindo de matrizes de pensamento comum, sobretudo, ligadas às ideias racistas e à
filosofia positivista, procuraram compreender a origem dos males do continente e as
possibilidades de alcançar a civilização e o progresso.
O darwinismo social, a sócio-biologia e a literatura médica foram amplamente
empregados para a definição de diagnósticos do continente. Isso seria utilizado para explicar
que se a América Latina se encontrava alheia aos desenvolvimentos oriundos da
modernização, uma das razões era porque seu povo estava enfermo. Com efeito, a
mestiçagem foi condenada em muitos trabalhos. Como no Novo Mundo, a colonização ibérica
permitira a assimilação dos índios e negros, reunindo, segundo determinadas interpretações,
os defeitos de cada raça, o resultado teria sido, portanto, um povo “degenerado”.
Apesar de essa ser uma das teses mais defendidas dentro da ensaística latino-
americana, surgiram particularidades que encontravam outras razões, que não a mistura de
raças – vistas como inferiores – para a situação da América Latina. Nesse sentido, conforme
defende Nancy Stepan, se por um lado as ideias que circulavam na Europa foram apropriadas
para pensar a realidade latino-americana, por outro, houve vários “processos de seleção e
remontagem de ideias e práticas de suas elaborações e alterações criativas por determinados
grupos de pessoas em contextos institucionais, políticos e culturais específicos” (STEPAN,
2005:11).
É exatamente essa apropriação aliada às ressignificações dessas ideias que procuramos
analisar. Buscaremos compreender como as teorias racistas, aliadas à filosofia positivista e ao
desenvolvimento da hispanidad, influenciaram a produção intelectual latino-americana e
estimularam estudos que na sua maioria atribuíram ao continente uma condição patológica.
Assim, é nosso interesse investigar, a partir de César Zumeta, Alcides Arguedas e Francisco
García Calderón, como tais ideias contribuíram para o surgimento de obras que procuravam
compreender a realidade latino-americana, numa perspectiva sócio-biológica. Cumpre
lembrar que, embora tivesse um ponto de partida comum e em diversos momentos as
5 Destacamos as obras: Manual de Patología Política (1889) do argentino Juan Alvarez; America Latina: males de origem (1903) do brasileiro Manoel Bomfim; Los negros brujos (1906) do cubano Fernando de Ortiz; Enfermedades Sociales (1906) do argentino Manuel Ugarte; Nuestra inferioridad económica (1912) do chileno Francisco Encinas; La enfermedad de Centroamérica (1912) do nicaraguense Salvador Mendieta; e Nuestra América: ensaio de psicologia social (1912) do argentino Carlos Octavio Bunge.
8
considerações dos autores se aproximem, ao final, eles indicaram caminhos distintos para a
América Latina
César Zumeta publicou em 1899, em Nova York, o folheto El Continente Enfermo,6
no qual fazia uma breve análise do continente e propunha alternativas para o seu
desenvolvimento. Embora atribuísse à América Latina uma condição patológica, diferente de
seus contemporâneos, não conferia tal condição à conformação de seu povo. Reconhecia no
passado de exploração colonial e na ingerência das potências externas (tanto a europeia
quanto a estadunidense), as razões para a difícil situação das repúblicas hispano-americanas.
Em sua opinião, se aproximava o momento de um conflito geral “dos impérios contra
a liberdade”. Tal declaração estava relacionada aos acontecimentos envolvendo a guerra
hispano-americana, em 1898. O escritor venezuelano foi um entusiasta da independência
cubana, inclusive mantivera estreita amizade com José Martí e outros revolucionários. Com o
resultado da guerra de 1898, se tornaram evidentes os temores de Martí7 e foram, a partir
disso, denunciados por Zumeta. Diante da ameaça que os Estados Unidos passaram a
representar com sua política imperialista no continente, conforme sublinha Beltrán Guerrero,
o escritor venezuelano defendeu veementemente que as repúblicas latino-americanas
deveriam se armar para combater a “catástrofe” (ZUMETA, 1963:10).
Zumeta chamou a atenção para o perigo que a opinião desfavorável na imprensa,
europeia e estadunidense, a respeito da América Latina representava para a soberania do
continente. Nesses lugares era corrente a ideia de que os povos latino-americanos eram
“incapaces de los altos requerimientos del progreso”, e também eram “semi-
civilizado[s]”(ZUMETA, 1961:26). Esse escritor advertiu que tais argumentos poderiam ser
usados como pretexto para a intervenção na América Latina, visto que os interessados em sua
submissão frequentemente anunciavam a sua desorganização política e a falta de habilidade
para explorar os próprios recursos. Pois, poderiam servir para legitimar as propostas de
subordinação do continente aos interesses externos. Apontava ainda que o próprio
comportamento dos latino-americanos contribuía para isso.
Nessa perspectiva, Zumeta alertou para o perigo que circundava a independência das
repúblicas da América “Intertropical” (ZUMETA, 1961:19) e criticou o comodismo latino-
americano frente a todas as ameaças. O autor considerava que o desfecho da guerra de
6 Este folheto foi reeditado posteriormente, em 1961, com compilações de vários artigos escritos por Zumeta ao longo do século XX, formando uma obra maior sob o mesmo título. É essa coletânea que utilizaremos nesse trabalho. 7 Desde o final da década de 1880, José Martí já alertava para o perigo que os Estados Unidos poderiam representar à soberania das repúblicas latino-americanas.
9
independência cubana havia superado as conquistas de Bolívar para a “nuestra” América em
Ayacucho, nos anos 1820. E que os Estados Unidos, após a guerra de 1898, ao afirmarem que
as Filipinas lhes pertenciam “por derecho de conquista” (ZUMETA, 1961:20), se converteram
em potências colonizadoras.
O autor temia que a desorganização política e as disputas e hostilidades entre as
repúblicas latino-americanas abrissem espaço para a intervenção (que já se fazia presente) das
potências estrangeiras. Diante disso, procurou meios para que essas nações se precavessem de
tais perigos, e estimulou, principalmente, o desenvolvimento de um exército forte e a unidade
entre os países da América Latina. Para ele, era fundamental que se armassem, pois somente
assim conseguiriam afastar as ameaças externas e garantir a soberania.
Alcides Arguedas publicou, em Barcelona, a obra Pueblo Enfermo (1909), que lhe deu
notoriedade entre os intelectuais hispano-americanos e espanhóis. Após sua viagem à Europa,
quando entrou em contato mais estreito com as teorias raciais, iniciou a sua reflexão a respeito
da Bolívia. E procurou, através de uma profunda análise sociológica, os elementos essenciais
da identidade boliviana. Na Espanha, estabeleceu relação com os intelectuais ligados à
“geração de 1898”.8
No prólogo que o escritor espanhol Ramiro de Maeztu escreveu para a primeira edição
de Pueblo Enfermo comparou o esforço de Arguedas ao da geração de 1898, no final do
século XIX. Segundo ele os intelectuais dessa geração: “aparta[ran se] espiritualmente de él
[España] para verlo mejor desde fuera, no ya con lentes españoles, sino a través de vidrios
europeos” (MAEZTU apud ARGUEDAS, 1937:10). Deste modo, de acordo com Maeztu, o
escritor boliviano, da mesma forma que os intelectuais espanhóis na década anterior, procurou
analisar a realidade da Bolívia sob vários aspectos: econômico, político, étnico, geográfico,
mental, religioso, moral, e assim chegar à raiz do “mal” que se abatera sobre o país andino.
Diante disso, Arguedas tomou para si a missão de identificar: “los males que
gangrenan el organismo de [su] país, y los cuales (…) no son exclusivos de él y sí muy
generalizados no sólo en nuestros países hispano-indígenas” (SOLDÁN apud ARGUEDAS,
2006:14). Para ele, a geografia se constituía em um elemento importante para o
desenvolvimento de um povo, pois uma nação desprovida do litoral, como o seu país cercado 8 A “geração do 1898” surgiu na Espanha e foi marcada pelo pessimismo, sua origem remete à derrota na guerra hispano-americana em 1898. Essa geração procurou num primeiro momento modernizar a Espanha por meio da razão, democracia e progresso econômico. Logo depois, afirmar a identidade espanhola, através do resgate da hispanidad. Diante da crise na qual a Espanha se encontrava, após a derrubada dos últimos rincões coloniais na América e Ásia, os intelectuais se uniram no anseio de regenerar seu país por meio de sua entrada na modernidade sem, contudo, perder sua identidade. A preocupação dos “regeneracionistas”, além das condições materiais, era principalmente com a regeneração espiritual da raça hispânica, entendida num viés cultural (CAPELATO, 2003).
10
pela Cordilheira dos Andes, impossibilitava o contato com outras “raças” (europeias), e
impedia que o “elemento étnico se renovasse”. O autor citava como exemplo o Chile, a
Argentina e o Uruguai que, na sua concepção, já demonstravam no tocante à sua população,
uma “homogeneidad envidiable” (ARGUEDAS, 1937:62).
Arguedas considerava que os mestiços – indígenas e negros – trariam os defeitos das
raças que os compunham. No capítulo “De la sangre y el lodo en nuestra historia”, o autor
sublinhou que a preponderância do sangue mestiço em seu país teria feito com que
predominassem os defeitos na ética social, o que impediria o aperfeiçoamento moral do
homem boliviano.
Influenciado pela hispanidad, Arguedas percebia o fracasso da sociedade americana
para alcançar o progresso, como consequência do “flagelo” que a raça hispânica teria
encontrado no Novo Mundo. Tal flagelo – indígenas – seria o responsável pelo atraso do
continente. O autor destacou ainda que não haveria nada a fazer de imediato para resolver a
situação de seu país, visto que “es la sangre mestiza la que ha concluido por desalojar a la otra
y ahora se revela en todas esas manifestaciones bajas y egoístas, que son el signo patente de la
triste actualidad boliviana, y de este pueblo enfermo, hoy más enfermo que nunca”
(ARGUEDAS, 1937:220). Nesse sentido, Arguedas defendia que somente a regeneração da
Bolívia, a partir de uma revolução moral em sua população, permitiria o seu desenvolvimento.
Para ele, sem uma mudança nos costumes o país jamais experimentaria a modernização.
Francisco Garcia Calderón, na obra Las Democracias Latinas de América (1912), fez
uma análise sociológica da América Latina, preocupando-se em estudar a formação das
sociedades americanas. De modo similar à Zumeta, considerava que a unidade latino-
americana seria fundamental para a preservação de sua soberania e chegou a determinar as
regiões que em sua opinião deveriam se unir. Para García Calderón foi através da união entre
as regiões norte-americanas que os Estados Unidos alcançaram o poder e o progresso em que
se encontravam, e somente a união entre as repúblicas latino-americanas permitiria que estas
se desenvolvessem e resistissem à intervenção do “colosso do norte”.
O autor também tratou da “raça”, que concebia como essencial na história latino-
americana, visto que o “problema da raça” nesse continente explicaria “el progreso de algunos
pueblos y la decadencia de otros” (CALDERÓN, 1979:193). Para ele a complexidade das
raças e a mestiçagem entre vários sangues eram os responsáveis pelas numerosas dificuldades
que cercavam a América Latina. Refletiu sobre algumas questões que este “problema” teria
suscitado, questionou se seria possível a formação de uma consciência nacional com
elementos tão diversificados; se haveria a possibilidade de democracias tão heterogêneas
11
resistirem à invasão de raças superiores; e ainda se a mestiçagem sul-americana era
absolutamente incapaz de organização e cultura.
De acordo com Calderón as perspectivas para o continente não eram muito
animadoras, posto que os “cruces con la raza negra han sido desastrosos para estas
democracias”, argumentava que ao se aplicar “la ley de las variaciones concomitantes de
Stuart Mill, al desarrollo de América española, se podría fijar una relación necesaria entre la
proporción numérica de los negros y el grado de civilización” (CALDERÓN, 1979:97). Logo,
o escritor peruano atribuía à mestiçagem com os negros a responsabilidade pela
“degeneração” de determinados lugares da América Latina. No entanto, valorizava a
mestiçagem entre branco e índio, que concebia como sendo o verdadeiro americano “el
mestizo, descendiente de español y de índio” (CALDERÓN, 1979:196).
Para Calderón era possível perceber o crescimento da riqueza e a consolidação da
ordem interna em países como Argentina, Chile e Uruguai, onde o número de negros era
menor e em função do intenso fluxo migratório europeu. Já em Cuba, Santo Domingo, e
alguns lugares do Brasil, em que os descendentes de africanos eram os grupos numericamente
mais expressivos, as desordens prevaleceriam. Em sua opinião, a República negra do Haiti
expressava a incapacidade política desta “raça” (CALDERÓN, 1979:196).
Notamos a influência do pensamento leboniano na obra de Calderón, que partindo das
considerações racistas europeias sobre o Novo Mundo, traçava um difícil diagnóstico das
possibilidades de desenvolvimento da América Latina. A mestiçagem com o negro, para ele,
seria o grande mal que “flagelava” o continente, pois: “produce a menudo tipos humanos
desproporcionados física y moralmente” (CALDERÓN, 1979:198). Cabe ressaltar que nessa
época, o Peru recebia grande contingente de população chinesa, mas na obra de Calderón a
sua preocupação maior é a mestiçagem com o negro.9
Esse autor construiu uma tipologia das “raças” formadoras do Novo Mundo e destacou
as diferenças profundas que separavam umas das outras. Calderón, dialogando com Le Bon,
defendeu que a mistura entre as “razas rivales” teria provocado consequências negativas – a
degeneração. Nas palavras de Calderón: “en Sudamérica la civilización depende de la
9 É interessante observar que no período em que García Calderón estava escrevendo, a população negra no Peru não era tão expressiva, quanto fora no século XVII e XVIII. De acordo com Marcel Velázquez Castro, se desde 1620 os afrodescendentes constituíam a maioria da população de Lima até o final do século XVIII, ao longo do seguinte ocorreu uma dramática diminuição quantitativa da população negra na cidade. Baseado no estudo de Susan Stokes, Velázquez assinala que embora seja possível perceber um pequeno aumento dessa população, nas três primeiras décadas do século XX, isso se deve ao fluxo migratório de outras áreas da costa para Lima, pois a taxa vegetativa dos negros, nesse período, era negativa. (VELÁZQUEZ CASTRO, 2010: 66).
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dominación numérica de los conquistadores españoles, del triunfo del hombre blanco sobre el
mulato, el negro y el indio” (CALDERÓN, 1979:199).
Calderón apresentava como solução para “o problema das raças” a intensa imigração
europeia. Para ele, sem a contribuição de uma população “nova” (branca) a América cairia em
um irreversível e lamentável estado de barbárie. Ratificava a avaliação do argentino Alberdi,
anunciada décadas antes, de que “En América, gobernar es poblar” (ALBERDI. Apud,
CALDERÓN, 1979:200). Calderón foi defensor da imigração europeia, em sua opinião, em
grande parte compartilhada pela intelectualidade latino-americana, os europeus trariam suas
tradições e costumes civilizados, permitindo assim que, em algumas gerações, as novas
populações estivessem aptas para alcançar o progresso e a modernização.
César Zumeta escrevera El continente Enfermo no período imediato ao desfecho da
guerra de independência cubana e no momento em que a política imperialista estadunidense
se tornava mais evidente. Com efeito, o autor ressaltou a necessidade dos povos hispano-
americanos armarem-se frente às potências. Para ele: “los fuertes conspiran contra nuestra
independencia y el continente está enfermo de debilidad” (ZUMETA, 1961:31). Já Arguedas,
escrevia no momento em que as consecutivas derrotas bolivianas nos conflitos sul-
americanos, desde o século anterior, faziam com que o sentimento nacional se encontrasse
abalado.10 Daí identificar na história, sociedade, política e psicologia da Bolívia os perigos
que a cercavam.
Os intelectuais latino-americanos, por conseguinte, não demoraram a apropriarem-se
do discurso sócio-biológico, uma vez que permitia validar cientificamente preconceitos raciais
que já existiam desde a época colonial (MITRE, 2010:214). Nessa situação, autores como
Gobineau, Lombroso e Le Bon se converteram em moeda corrente na América Latina, em um
momento em que o racismo justificava o predomínio europeu sobre o restante das nações.11
Naquela época, tornara-se comum a ideia de que os conceitos e os termos das ciências
naturais poderiam ser aplicados para a análise social. Isso guarda relação com o fato de que a
sociedade era percebida como um organismo vivo, portanto, propenso à enfermidade. Logo,
10 Não obstante a Guerra do Pacífico tenha ocorrido entre 1879-1883, foi em 1904 que o tratado que oficializava a perda da saída do mar da Bolívia, em benefício do Chile foi assinado. Também foi no início do século XX, que a questão do Acre foi definida, o que levou novamente a mais uma “amputação” de seu território. 11 É válido ressaltar que nessa época, vários escritores latino-americanos tiveram a primeira edição de suas obras publicadas na Europa, e seus prólogos foram escritos por intelectuais europeus de prestígio. Além de Pueblo Enfermo, como já foi mencionado, a obra de Calderón Las Democracias Latinas de America foi publicada primeiro na França, e teve o prólogo escrito por Raymond Poincaré; Fernando Ortiz publicou em Madri Los negros brujos, e o prólogo foi escrito por Cesare Lombroso; e Carlos Octavio Bunge, em Barcelona, cuja obra Nuestra América, foi prologada por Rafael Altamira.
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os problemas sócio-políticos foram associados às enfermidades. Nesse sentido, identificar as
causas e sintomas destas permitiria curar o “organismo” doente e, consequentemente, tirar a
sociedade desse estado operante de enfermidade.
Assim sendo, os intelectuais latino-americanos preocupados “em sanar” as
enfermidades que padecia o continente, se empenharam em buscar na história política, social,
psicológica e moral a raiz dos males e, a partir disso, propor soluções para a transformação.
Embora haja aspectos comuns entre as análises dos autores, dado compartilharem matrizes de
pensamentos comuns, há particularidades entre eles que não podem ser ignoradas. Se para
Arguedas e Calderón a conformação social era o grande empecilho para o desenvolvimento
do continente, para Zumeta a desorganização política era o que colocava em perigo a
soberania das nações.
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