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1 Aspectos Históricos da Lógica 2013/1 Lógica Matemática e Computacional

3 - Aspectos Históricos Da Lógica

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Lógica

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    Aspectos Histricos da Lgica

    2013/1

    Lgica Matemtica e Computacional

  • 2

    O aparecimento da lgica:

    Herclito, Parmnides e Plato

    A busca por estudos que dessem condies

    de afirmar que um dado raciocnio

    correto.

  • 3

    HERCLITO

    Herclito afirmava que somente o devir

    ou a mudana real. O dia se torna

    noite, o inverno se torna primavera,

    esta se torna vero, o mido seca, o

    seco umedece, o frio esquenta, o

    quente esfria, o grande diminui, o

    pequeno cresce, o doente ganha sade,

    a treva se faz luz, esta se transforma

    naquela, a vida cede lugar morte, esta

    d origem quela.

  • 4

    O mundo, dizia Herclito, um fluxo perptuo onde nada

    permanece idntico a si mesmo, mas tudo se transforma no seu

    contrrio. A luta a harmonia dos contrrios, responsvel pela

    ordem racional do universo. Nossa experincia sensorial

    percebe o mundo como se tudo fosse estvel e permanente,

    mas o pensamento sabe que nada permanece, tudo se torna

    contrrio de si mesmo. O logos a mudana e a contradio.

  • 5

    PARMNIDES

    Parmnides, porm, afirmava que o devir, o

    fluxo dos contrrios, uma aparncia, mera

    opinio que formamos porque confundimos a

    realidade com as nossas sensaes, percepes

    e lembranas. O devir dos contrrios uma

    linguagem ilusria, no existe, irreal, no .

    o No-Ser, o nada, impensvel e indizvel. O

    que existe real e verdadeiramente o que no

    muda nunca, o que no se torna oposto a si

    mesmo, mas permanece sempre idntico a si

    mesmo, sem contrariedades internas. o Ser.

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    Pensar e dizer s so possveis se as coisas que pensamos e

    dizemos guardarem a identidade, forem permanentes. S

    podemos dizer e pensar aquilo que sempre idntico a si

    mesmo. Por isso somente o Ser pode ser pensado e dito.

    Nossos sentidos nos do a aparncia mutvel e contraditria, o

    No-Ser; somente o pensamento puro pode alcanar e

    conhecer aquilo que ou existe realmente, o Ser, e diz-lo em

    sua verdade. O logos o ser como pensamento e linguagem

    verdadeiros e, portanto, a verdade a afirmao da

    permanncia contra a mudana, da identidade contra a

    contradio dos opostos.

  • 7

    Assim, Parmnides partiu em uma busca por um

    pensamento fundamental, algo que fosse evidente em

    si. Em Parmnides, esse pensamento se manifestou

    como o Princpio da Identidade- "o que , ",

    ou seja, "n" igual a "n", e somente igual a "n. Isso

    parecia ser to bvio e to evidente que parecia ilgico

    que no fosse verdade.

  • 8

    A histria da Filosofia grega ser a histria de um gigantesco esforo

    para encontrar uma soluo para o problema posto por Herclito e

    Parmnides, pois, se o primeiro tiver razo, o pensamento dever ser

    um fluxo perptuo e a verdade ser a perptua contradio dos seres em

    mudana contnua; mas se Parmnides tiver razo, o mundo em que

    vivemos no ter sentido, no poder ser conhecido, ser uma aparncia

    impensvel e viveremos na iluso.

    Ser preciso, portanto, uma soluo que prove que a mudana e

    os contrrios existem e podem ser pensados, mas, ao mesmo

    tempo, que prove que a identidade ou permanncia dos seres

    tambm existe, verdadeira e pode ser pensada.

  • 9

    Plato prope-se a resolver a tenso entre

    Herclito e Parmnides:

    PLATO

    Plato considerou que Herclito tinha razo no

    que se refere ao mundo material ou fsico, isto

    , ao mundo dos seres corporais, pois a

    matria o que est sujeito a mudanas

    contnuas e a oposies internas. Herclito

    est certo no que diz respeito ao mundo de

    nossas sensaes, percepes e opinies: o

    mundo natural ou material (que Plato chama

    de mundo sensvel) ou o devir permanente.

  • 10

    No entanto, dizia Plato, esse mundo uma aparncia

    ( o mundo dos prisioneiros da caverna), uma cpia ou

    sombra do mundo verdadeiro e real e, nesse, Parmnides

    quem tem razo.

    O mundo verdadeiro o das essncias imutveis, sem

    contradies nem oposies, sem transformao, onde

    nenhum ser passa para o seu contraditrio.

    Mas como conhecer as essncias e abandonar as

    aparncias? Como sair da caverna?

  • 11

    Aspectos histricos da Lgica

    Atravs de um mtodo do pensamento e da linguagem chamando DIALTICA.

  • 12

    A Dialtica um dilogo ou uma conversa em que os

    interlocutores possuem opinies opostas sobre

    alguma coisa e devem discutir e argumentar de modo

    a passar das opinies contrrias a mesma idia ou ao

    mesmo pensamento sobre aquilo que conversam.

    Devem passar de imagens contraditrias a conceitos

    para todos os pensantes.

  • 13

    Aristteles por sua vez, segue uma linha diferente de Plato:

    desnecessrio separar realidade e aparncia em

    dois mundos diferentes h um nico mundo onde

    existem essncias e aparncias e no aceita que a

    mudana seja mera aparncia ilusria.

    H seres cuja essncia mudar e h seres cuja

    essncia imutvel.

    Mudar no contradio.

    Mudana ou transformao a maneira pela qual

    as coisas realizam todas as potencialidades contidas

    em sua essncia, e esta no contraditria, mas

    uma identidade que o pensamento pode conhecer.

    ARISTTELES

  • 14

    Assim, por exemplo, quando a criana se torna adulta ou quando a

    semente se torna rvore, nenhuma delas tornou-se contrria a si

    mesma, mas desenvolveu uma potencialidade definida pela

    identidade prpria de sua essncia. Cabe a Filosofia conhecer

    como e por que as coisas, sem mudarem de essncia, transformam-

    se, assim como cabe a Filosofia conhecer como e por que h seres

    imutveis (como as entidades matemticas e as divinas).

    Parmnides tem razo: o pensamento e a linguagem exigem a

    identidade. Herclito tem razo: as coisas mudam. Ambos se

    enganaram ao supor que identidade e mudana so contraditrias.

    Tal engano levou Plato a desnecessria diviso dos mundos.

  • 15

    Aristteles ainda considera que a dialtica no um

    procedimento seguro para o pensamento e a linguagem da

    Filosofia e da cincia, pois tem como ponto de partida simples

    opinies contrrias dos debatedores, e escolha de uma opinio

    contra outra no garante chegar a essncia da coisa investigada.

    A dialtica boa para disputas oratrias da poltica e do teatro,

    para a retrica, pois essa tem como finalidade persuadir algum,

    oferecendo argumentos fortes que convenam oponente e os

    ouvintes. Porm para a Filosofia e a cincia ela no serve,

    porque, nestas, interessa a demonstrao ou a prova de uma

    verdade.

  • 16

    Substituindo a dialtica por um conjunto de

    procedimentos de demonstrao e prova, Aristteles

    criou a lgica propriamente dita, que ele chamava de

    analtica (a palavra lgica ser empregada, sculos

    mais tarde, pelos esticos).

    Qual a diferena entre a dialtica platnica e a

    lgica (ou analtica) aristotlica?

  • 17

    DIALTICA (Plato)

    LGICA (Aristteles)

    o exerccio direto do pensamento que opera com contedos do pensamento e do discurso.

    um instrumento que antecede o exerccio do pensamento e da

    linguagem, oferecendo-lhes meios para realizar o conhecimento e o

    discurso.

    Dialtica um modo de conhecer.

    A Lgica um instrumento para o conhecer.

  • 18

    Caracterstica da Lgica para Aristteles

    A lgica no era uma cincia terica (Filosofia, Psicologia, Biologia, Matemtica), prtica

    (tica e Poltica) ou produtiva (Arquitetura, Medicina e Economia), mas sim um instrumento para todas as cincias.

  • 19

    Foram mltiplas as contribuies de Aristotles para a criao e

    desenvolvimento da lgica como a conhecemos. Entre outras, devem-se-lhe as

    seguintes contribuies:

    A separao da validade formal do pensamento e do

    discurso da sua verdade material.

    A identificao dos conceitos bsicos da lgica.

    A introduo de letras mudas para denotar os termos.

    A criao de termos fundamentais para analisar a lgica do

    discurso: "Vlido", "No Vlido", "Contraditrio",

    "Universal", "Particular".

  • 20

    A lgica de Aristteles tinha um objetivo eminentemente

    metodolgico. Tratava-se de mostrar o caminho correto para a

    investigao, o conhecimento e a demonstrao cientficas. O

    mtodo cientfico que ele preconizava assentava nos seguintes fases:

    Aristteles estava convencido que se estes princpios gerais fossem

    adequadamente formulados, e as suas conseqncias corretamente

    deduzidas, as explicaes s poderiam ser verdadeiras.

  • 21

    A partir do sculo XVI a lgica aristotlica comea a ser questionada. Os mtodos dedutivos que a mesma preconizava para a investigao cientfica, comeam a ser postos em causa, com o chamado a cincia experimental.. A lgica formal entra num perodo de descrdito, devido s criticas de filsofos como Francis Bacon (1561-1626) e R. Descartes.

    Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) ocupa um lugar especial na histria da lgica. Este filosofo procurou aplicar lgica o modelo de calculo algbrica da sua poca.

    Em meados do sculo XIX, opera-se na lgica uma verdadeira revoluo. Diversos investigadores de formao matemtica, iro conceber, no apenas uma nova linguagem simblica, mas tambm uma forma de transformar a lgica numa algebra. A lgica passou a ser vista como um calculo. atribuido a George Boole (1815-1864) a criao da lgica matemtica.

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    Frege (1848-1925, o primeiro a apresentar o calculo proposicional na sua forma moderna. Introduziu a funo proposicional, o uso de quantificadores e a formao de regras de inferncia primitivas.

    Giuseppe Peano (1858-1932) desenvolve o sistema de notao empregue pelos lgicos e matemticos. Peano demonstrou igualmente que os enunciados matemticos no so obtidos por intuio, mas sim deduzidos a partir de premissas. Bertrand Russel (1872-1970) procura desenvolver o projeto do logicismo, isto , a reduo das matemticas lgica.

    No final do sculo XIX os estudos da lgica matemtica deram passos gigantescos, no

    sentido da formalizao dos conceitos e processos demonstrativos. Entre os matemticos

    e filsofos que mais contriburam para os avanos destacam-se Gottlob Frege, Peano,

    B. Russell, Alfred N. Witehead e David Hilb . nesta fase que so criados o clculo

    proposicional e o clculo de predicados.

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    Referncias:

    CHAUI, Marilena. Convite Filosofia.

    So Paulo: tica, 2000.

    Unidade 5 Captulo 1 Pgina 226