24
A comunidade é quem faz

3. Cartilha Acordos de Pesca

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 3. Cartilha Acordos de Pesca

A comunidade é quem faz

Page 2: 3. Cartilha Acordos de Pesca

Realização: WWF Brasil e Provárzea/IbamaCoordenação: Antônio Oviedo - Coordenador do

Programa Várzea da Amazônia/WWF-BrasilRegina Vasquez - Assessora deComunicação/WWF-BrasilMauro Rufino - Coordenador-Geraldo Provárzea/Ibama

Equipe: Antonio Oviedo, Regina Vasquez e Mauro Ruffino(PróVárzea)Redação: Geralda MagelaProjeto Gráfico: André RamosIlustrações: Tati Rivoire

Agradecimentos: técnicos do IBAMA (... vou levantar osnomes corretos...)

Brasília, julho de 2003

Page 3: 3. Cartilha Acordos de Pesca

Apresentação

pesca desregrada na Amazônia vem causando muitos problemas para a região. Oprincipal deles é a diminuição da quantidade de peixes nos rios e lagos, com resultadosmuito negativos para as comunidades ribeirinhas, que têm no peixe a sua principal fontede sobrevivência. Além disso, com a diminuição dos recursos pesqueiros, aumentaram

os conflitos sociais entre pescadores, fenômeno conhecido como a “guerra do peixe”.

Nos últimos anos, várias comunidades ao longo dos rios Amazonas e Solimões - com apoiode organizações não governamentais, universidades e governos - têm criado estruturas degestão mais formais, com o objetivo de formular regras para a pesca em diversos lagos ereduzir os conflitos na região.

Em decorrência destas iniciativas e visando promover a administração participativa dosrecursos pesqueiros, em 1º de janeiro de 2003, o Ibama publicou a Instrução Normativanº29/03, que define as condições para regulamentar os Acordos de Pesca elaborados apartir de discussões com as comunidades ribeirinhas. O acordo de pesca define as regras deacesso e de uso dos recursos pesqueiros numa determinada região.

Fruto de um trabalho de parceria entre o WWF-Brasil e o PróVárzea/Ibama, esta publicaçãonasceu com o objetivo de divulgar a importância do manejo comunitário e dos acordos depesca como estratégias para a manutenção dos estoques pesqueiros na Amazônia e,portanto, a pesca extrativista.

Concebida como um instrumento de trabalho, esta cartilha poderá ser utilizada porpescadores, agricultores, estudantes, técnicos agrícolas, professores e moradores decomunidades ribeirinhas. Contém informações que vão facilitar as discussões e auxiliar noplanejamento e na execução do manejo da pesca - a partir da elaboração dos acordos depesca, garantindo a continuidade das pescarias e um futuro melhor para suas comunidades.

Antonio OviedoCoordenador do Programa Várzea

da Amazônia/WWF Brasil

Mauro RuffinoCoordenador doPróVárzea/IBAMA

A

Page 4: 3. Cartilha Acordos de Pesca
Page 5: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

5

Os rios, lagos e igarapés são muito importantespara quem mora nas suas margens. Afinal, édali que sai o peixe, a maior fonte de alimentoe também de renda para os ribeirinhos. Por isso,é preciso cuidar bem desse recurso que anatureza nos oferece de graça.

Manejar a pesca significa controlar acaptura para que os peixes continuem sereproduzindo e se mantenham estáveis emquantidade e em tamanho. Assim, ascomunidades de pescadores vão ter peixe pormais tempo e não só em períodos curtos.

MANEJO DA PESCA – O QUE ISSO TEM A VER COM VOCÊ

POR QUE A PESCA DEVE SER CONTROLADA?

Porque se o pessoal continuar pescandosem preservar as áreas de várzea esem deixar uma população depeixes suficiente para areprodução, os estoques vãodiminuindo e podem atéacabar. E aí, todo mundoperde: principalmente ascomunidades de pescadores,que não terão mais o peixepara alimentar suas famíliasnem para vender e garantira sua sobrevivência.

Page 6: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

6

Espécies ameaçadas

Por causa da pesca sem controle, muitasespécies estão correndo o risco dedesaparecer. É o caso do pirarucu, umdos peixes de maior importância na

região amazônica, que hoje é umaespécie sobrexplorada. E se as coisas

continuarem do jeito que estão, o pirarucupode sumir dos nossos lagos. Para não deixar isso

acontecer, o Ibama passou a proibir a pesca do pirarucu de 1º de dezembro a 31 de maio,período em que ele se reproduz.

TODOS GANHAM COM O MANEJO

•Ganham os pescadores porque, seguindo asnormas, garantem o peixe por mais tempo;

•Ganha o meio ambiente, porque o bom manejorespeita a capacidade de recuperação do estoquepesqueiro e mantém a vida de muitos animaisque se alimentam e se reproduzem nessesambientes;

•Ganham as pessoas que vendem opescado manejado, porque conquistam aconfiança dos consumidores edemonstram interesse em defender anatureza;

•Ganham os consumidores porque, ao comprar

Page 7: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

7

o peixe que vem de área manejada, estão ajudando a conservar o meio ambiente e amelhorar a vida das comunidades ribeirinhas.

Pesquisadores fizeram alguns estudos e descobriram que a pesca em lago manejado rende 60%a mais do que em lago onde a pesca é feita sem controle.

Veja a diferença:

Com manejo - - - - - cada hectare de lago produz 41 quilos de peixeSem manejo – – – – – cada hectare de lago produz 26 quilos de peixe.

Então vale a pena fazer esse controle. Você não acha? Pense nisso!

ACORDOS DE PESCA – A COMUNIDADE SE ORGANIZA

Com medo de ficar sem o seu principalmeio de sobrevivência, algumascomunidades começaram ase organizar para garantirque não falte o peixe decada dia. E já que nãopodem proibir os barcoscomerciais de entraremnos rios e lagos, estãodescobrindo que omelhor caminho échamar o Ibama, discutiro assunto e chegar a umacordo, criando regras quevalem pra todo mundo.É aí que entram os acordos de pesca.

Page 8: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

8

O que são acordos de pesca?

São normas criadas pelascomunidades, com a ajuda dosórgãos de fiscalização, para ocontrole da pesca numa regiãoconhecida. Os comunitários queusam os mesmos lagos e trechosde rios se reúnem e definem asnormas que vão fazer parte doacordo, regulando a pesca deacordo com os interesses da

comunidade local e com aconservação dos estoques pesqueiros.

O que dizem os acordos?

•proíbem ou limitam o uso de aparelhos de pesca, como malhadeiras, lanterna de carbureto,tamanho das malhas, jeito de pescar que possa prejudicar o meio ambiente etc.;

•proíbem a pesca durante operíodo do “defeso”, de 01 dejaneiro a 28 de fevereiro, épocaem que algumas espécies maisprocuradas se reproduzem, comoo tambaqui, matrinxã, pacu,marapá, curimatá, branquinha,aracu e pirapitinga;

•Limitam a quantidade de pescadoque se pode capturar por viagem;

Page 9: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

9

•Podem ainda, proibir a pesca em lagos onde os peixes se reproduzem para povoar outroslagos na cheia, reservando estas áreas para servir de criadouro natural.

Os acordos também podem estabelecer zonas de pesca, que podem ser:

•áreas de preservação total, onde é proibido pescar;

•áreas de preservação temporária - nesse caso, a pesca é permitida apenas durante uma partedo ano);

•e também áreas de conservação. Aqui é muito importante a participação da comunidade.Porque, nessas áreas, só se pode pescar com regras definidas antes. E quem define essasregras são os comunitários, com os acordos de pesca.

ACORDOS VIRAM LEI

Conflitos entre pescadores artesanais e comerciais já vêm de longa data na Amazônia. Parasolucionar esse problema, algumas comunidades já

desenvolveram experiências de manejo por contaprópria. Agora o Ibama reconheceu o esforço dascomunidades e publicou a Instrução Normativaque regulamenta os acordos de pesca.

Veja o que diz a lei sobre os acordosde pesca:

“Entende-se por Acordo de Pesca um conjunto demedidas específicas decorrentes de tratados

consensuais entre os diversos usuários e o órgãogestor dos recursos pesqueiros em uma determinada

área, definida geograficamente” (Instrução Normativa 29)

Page 10: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

10

Os acordos precisam:

•representar os interesses coletivos das pessoas quepescam na área em que o acordo foi feito, comopescadores comerciais, de subsistência eribeirinhos;

•manter a exploração sustentável dos recursospesqueiros e, assim, valorizar a atividade de pesca eo pescador. Isso significa que os acordos devemcriar regras de manejo da pesca que garantam,também para o futuro, a produção de peixes noslagos, rios e igarapés;

• ter condições operacionais, principalmente em termos de fiscalização. Ou seja, não adiantacriar regras que não podem ser cumpridas nem fiscalizadas;

•ser regulamentados por meio de Portarias Normativas do Ibama, que são complementares àsportarias de normas gerais que disciplinam o exercício da atividade pesqueira em cada baciahidrográfica . Essas normas têm que ser encaminhadas ao Ibama para serem aprovadas epublicadas.

Os acordos não podem:

•estabelecer privilégios de um grupo sobre outros.Isso quer dizer que as restrições de apetrechos,tamanhos de embarcação, áreas protegidas eoutras normas criadas pelos comunitáriosdevem ter condições de serem aplicadas a todosos interessados no uso dos recursos pesqueiros;

•beneficiar somente algumas pessoas

Page 11: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

11

•prejudicar o meio ambiente;

• incluir a aplicação de multas, penalidades e taxas. Só quem pode fazer isso são os órgãosoficiais de fiscalização, como o Ibama, por exemplo;

•autorizar medidas que estejam proibidas por lei.

PAPEL DA COMUNIDADE LOCAL

A organização da comunidade é muito importante na luta por uma vida melhor. Veja por que:

•Quando a gente se organiza junta forças e, quando vê, as coisas começam a acontecer;

•Quando estamos juntos, a gente podemuito mais;

•Além disso, ninguém conhecemelhor as dificuldades e sabeonde é que o sapato apertado quea própria comunidade ;

Por isso a comunidade precisaparticipar. Esse é o sucesso dosacordos de pesca: a participação comunitária.

VANTAGENS DOS ACORDOS DE PESCA

•Pescadores, que tiram o peixe para vender ou para comer, agricultores e todos os interessadosna pesca participam das decisões e decidem o que é melhor para todo mundo, desde quenão prejudique o meio ambiente.

Page 12: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

12

•Eles definem juntos as regras do jogo ecolocam no papel o que pode e o quenão pode fazer.

•A comunidade aprende a resolver osproblemas e apresenta soluções.

•Depois que são registrados, osacordos viram lei.

•As regras valem para todo mundo etodos têm que respeitar. Isso evitabrigas e desgastes sem necessidade.

•Os acordos valorizam o conhecimento dos moradoreslocais.

•Fica mais fácil controlar quem não está seguindo as regras do acordo.

•E a cada dia que passa, todo mundo aprende mais...

PASSO-A-PASSO PARA FAZER UM ACORDO DE PESCA

Em muitas comunidades, o pessoal já começou esse trabalho e está tendo o maior sucesso. E jáque os resultados estão sendo tão bons, a gente pode aprender com esses comunitários e usarcomo base o caminho que eles já andaram. Então, vamos pegar essa estrada e conhecer,passo-a-passo, o que é importante fazer para ter um bom acordo de pesca.

Importante! Antes de começar as discussões sobre o acordo, convide alguém que possa

Page 13: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

13

explicar sobre a legislação de pesca da sua região. É importante que a comunidade e todas aspessoas que estão interessadas em discutir o acordo conheçam o que já é proibido pela lei. Assimnão vão correr o risco de aprovar propostas que vão contra a lei. Um bom caminho é chamar oIbama local para participar.

1. MOBILIZAR A COMUNIDADE

O primeiro passo é mobilizar a comunidade. Mobilizar quer dizer chamar todo mundo paraparticipar explicando porque é importante a colaboração de todos. Devem ser convidadaspessoas que estão envolvidas com a atividade depesca, entre elas:

• lideranças comunitárias;

• representantes decolônias de pescadorese de associações;

•agricultores, criadores degado, donos de frigoríficos e degeleiras;

•professores, representantes da Prefeitura;

•É importante que as mulheres também participem!

2. PLANEJAR A REUNIÃO COMUNITÁRIA

•Enviar convite por escrito a todos os envolvidos com a atividade pesqueira, com a lista dosassuntos que serão discutidos, além do lugar, dia e horário da reunião. É preciso que todos

Page 14: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

14

assinem um papelconfirmando que receberamo convite. Assim, ninguémvai poder dizer que não foiconvidado;

•Convidar liderançascomunitárias,representantes de colôniasde pescadores,agricultores, criadores degado, estudantes,professores, donos degeleiras e frigoríficos,órgão estadual de meioambiente, Ibama e ONGs parceiras.

Organização é importante!

Para conduzir bem a reunião, é importante organizar os trabalhos.

Para isso, convide representantes do Ibama e de outras instituições parceiras para ajudar naparte técnica.

É importante eleger o presidente da reunião e um secretário para fazer a ata. O presidente deveorganizar o tempo que cada um terá para falar, anotar cada proposta e encaminhá-la à votação.

3. LEVANTAR AS REGRAS DE MANEJO

O levantamento das regras que vão fazer parte do acordo começa na reunião comunitária.Veja o que deve ser feito nessa reunião:

Page 15: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

15

•apresentar o problema. Exemplo: “a quantidade de peixes vem diminuindo a cada ano; estádifícil encontrar as espécies mais procuradas e que têm melhor preço etc”...;

•discutir as diferentes idéias e propostas de solução, levando em conta o que diz a lei, paraque se possa chegar a um acordo;

•eleger representantes das comunidades para encaminhar, discutir e defender suas propostas naassembléia intercomunitária. Essa assembléia vai juntar um representante de cada comunidadeque utiliza o mesmo lago ou trecho do rio.

Na Assembléia Intercomunitária

Para essa assembléia, devem ser convidados os representantes de todas as comunidadesenvolvidas no Acordo de Pesca e também as outras pessoas ou grupos que usam os recursosnaturais dessas áreas. Recurso natural é tudo que se encontra na natureza: água, peixe,madeira, sementes etc. Devem ser convidados, entre outros:

•professores da rede escolar;

•colônias de pescadores dolocal e de outros municípios;

•associações;

•organizações de proteção aomeio ambiente;

•sindicatos;

• fazendeiros;

• representantes do Ibama e de outras instituições para dar apoio técnico.

Page 16: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

16

4. APROVAR AS PROPOSTAS E FECHAR O ACORDO

•Na Assembléia Intercomunitária, os representantes das comunidades e de outras instituiçõesinteressadas no assunto apresentam as suas propostas

•As sugestões são discutidas, melhoradas e colocadas juntas em um só documento. Cadarepresentante volta para a sua comunidade, apresenta e esclarece as propostas que já foramaprovadas pela Assembléia. Se acharem que é necessário, as comunidades podemencaminhar novas sugestões.

•Deve-se fazer a quantidade de assembléias que forem necessárias até que se chegue a umconsenso (acordo) das propostas entre os diferentes usuários da área a ser manejada;

•É preciso fazer a Ata da Assembléia e pedir para todos os participantes assinarem. A ata deveregistrar o que foi discutido e o que foi aprovado na reunião.

Importante!!!

•Cuidado com o uso errado de palavras. Procure saber se o sentido daquela palavra usada notexto é o mesmo entendido por todos;

•No documento deve haverinformações sobre o acordo depesca, dizendo onde começa eonde termina. É importantetambém fazer umacaracterização geográfica daárea, detalhando os tipos deambientes de pesca (lagos,igarapés, enseadas, canais);localização (região, município);nome das comunidades, número

Page 17: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

17

de habitantes etc. Essas informações ajudam os técnicos que vão analisar o documento doacordo de pesca. Muitas vezes eles não conhecem com detalhes a região.....

5. LEGALIZAR OS ACORDOS

Como submeter os acordos de pesca ao Ibama para serem legalizados?

•Junto com a proposta aprovada na Assembléia, é preciso encaminhar um ofício à GerênciaExecutiva do Ibama no Estado, pedindo a regulamentação do acordo, através de PortariaNormativa Complementar;

•Além desse documento, tem que ser encaminhada também a Ata da Assembléia que aprovouo acordo, com as assinaturas de todos os representantes das comunidades e dos outrosparticipantes da Assembléia;

•Assim que receber os documentos, a Gerência Executiva do Ibama no Estado vai elaborar umparecer técnico e preparar uma minuta de Portaria (documento inicial), regulamentando oacordo. Por isso é importante o envolvimento da gerência executiva do Ibama desde o iníciodo processo.

•A minuta será encaminhada à sede do Ibama em Brasília para a avaliação técnica e jurídicae outras providências que forem necessárias. Depois, o presidente do Ibama deve assinar aPortaria, e só então o documento é publicado no Diário Oficial da União.

•É importante que os representantes das comunidades acompanhem o andamento da propostano Ibama.

6. DIVULGAR A LEI

Depois que a Portaria regulamentando o Acordo for publicada no Diário Oficial da União, é

Page 18: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

18

importante distribuir cópias do documento a todas as comunidades e instituições queparticiparam das discussões para a elaboração do acordo;

Se for possível, é bom divulgar a portaria nos meios de comunicação disponíveis: rádio,televisão, jornal, jornais comunitários, murais das associações e escolas, etc ...

7. FAZER O MONITORAMENTO

O monitoramento do Acordo de Pesca deve ser feito com base em medidas possíveis de seremcumpridas pelos próprios pescadores e que possam contar com o apoio do IBAMA. Monitorarsignifica fazer o acompanhamento do acordo para verificar quais são os seus resultados.

Veja alguns exemplos de medidas (indicadores) que podem ser utilizadas no monitoramento doacordo de pesca:

•quantidade, tamanho e peso das espécies capturadas;

•número de comunidades presentes nas assembléias;

•aumento de espécies comocapivaras, patos,quelônios etc.;

•número de panelas depirarucu;

•produção anual porfamília;

•número de infraçõesregistradas;

Page 19: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

19

•número de infratores reincidentes;

• tempo/esforço de captura;

• total de captura (consumo internoe comercializado);

•número de pessoasparticipando dosmutirões de fiscalização.

É importante que o planode monitoramento estabelecidoseja acompanhado por um técnico do órgão ambiental, de preferência peloIbama, de organizações estaduais de meio ambiente, ONGs.

8. AVALIAR O ACORDO

AVALIAÇÃO

A avaliação deve ser feita uma vez por ano, com base nas informações que foram conseguidascom o monitoramento. Essa avaliação servirá para ver os resultados conseguidos com o acordoe também para fazer as modificações que forem necessárias.

FIQUE DE OLHO

Quem fiscaliza os acordos?

A fiscalização do cumprimento dos Acordos de Pesca é feita pelo Ibama e por agentesambientais voluntários. Esses agentes são pessoas da comunidade que vão ser treinadas peloIbama para ajudar nesse trabalho.

Page 20: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

20

Como você pode ajudar nesse trabalho?

•Busque mais informações e envolva mais gente nesse bate-papo;

•Procure esclarecer as principais dúvidas e os problemas mais importantes que surgirem nessasdiscussões. Lideranças comunitárias, professores e técnicos do governo, organizações não-governamentais e universidades podem ajudar nessa empreitada;

•Se você perceber que há pessoas desrespeitando a lei, comunique isso ao Ibama;

•Divulgue o que está acontecendo nos meios de comunicação: rádio, jornal, televisão;

•Torne-se um agente ambiental voluntário. Os técnicos do Ibama que estão ajudando a fazeros acordos podem lhe orientar sobre o que é necessário fazer para se tornar um agenteambiental voluntário.

CONVERSANDO A GENTE DECIDE

Elaborar e acompanhar a implantação dos acordos de pesca egarantir o bom manejo exige organização, custa tempo edinheiro. Por isso, verifique com seus companheiros ecompanheiras:

•Todos sabem por que é importante o acordo depesca para a comunidade?

•Quais as vantagens e desvantagens?

•A Colônia ou Associação tem condições de facilitar estetrabalho?

•Existem pessoas ou organizações na vizinhança que são contra o acordo de pesca?

Page 21: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

21

•Existem órgãos do governo e ONGs que possam ajudar?

•Qual é a situação dos lagos e várzeas da região?

•As regras do acordo estão sendo seguidas?

•Quais as condições de higiene dos barcos que transportam o pescado?

•Como estão os ganhos da comunidade?

•Como as pessoas estão dividindo as tarefas para o cumprimento dos acordos?

•O acordo está ajudando na comercialização do pescado?

Page 22: 3. Cartilha Acordos de Pesca

ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ

22

Gerências Executivas do Ibama:

Boa Vista/RRAv. Brigadeiro Eduardo Gomes, 1.332Mecejana 69304-060 Boa Vista, RRTel.: (95) 623-9384/623-9513/623-3020Fax: (95) 623-9161

Macapá/APRua Hamilton Silva 1570Santa Rita 68902-010 Macapá, APTel.: (96) 214-1119/214-1101Fax: (96) 214-1101

Manaus/AMRua João Gonçalves de Souza, s/nº BR 319Distrito Industrial 69075-830 Manaus, AMTel.: (92) 613-3277/613-3093/237-3710Fax: (92) 613-3095/ 237-5177

Rio Branco/ACRua Veterano Manuel de Barros, 320Jardim Nazle 69917-150 Rio Branco, ACTel.: (68) 226-3212Fax: (68) 226-3211

Porto Velho/ROAv. Jorge Teixeira 3.477Costa e Silva 78904-320 Porto Velho, ROTel.: (69) 223-3607/223-3598Fax: (69) 229-6511

Belém/PAAv. Conselheiro Furtado, 1303Batista Campos 66035-350 Belém, PATel.: (91) 241-2621/224-5899Fax: (91) 223-1299

PARA SABER MAIS

Palmas/TOAANE 01 Conj. 03 Lote 2077054-970 Palmas, TOTel.: (63) 215-1873/215-2381/215-1872Fax: (63) 215-2645

Organizações não-governamentais

WWF-Brasil - Escritório em Rio Branco/ACRua Franco Ribeiro, 149sala 203 Centro69908-020 Rio Branco, ACTel.: (68) 244-1705

IPAM- Instituto de PesquisaAmbiental da AmazôniaAv Rui Barbosa, 13668100-005 Santarém, PATel.: (93) 522-5538

FASE - Federação dos Órgãos paraAssistência Social e EducacionalTrav. Quintino Bocaiúva, 1273 Nazaré,66053-240 Belém, PATel.: (91) 242-4341

IDSM - Instituto de DesenvolvimentoSustentável MamirauáAv. Brasil, 19569470-000 Tefé, AMTel.: (97) 343-4672

Page 23: 3. Cartilha Acordos de Pesca
Page 24: 3. Cartilha Acordos de Pesca

WWF-BrasilPrograma Amazônia

SHIS EQ QL 06/08 Conj. “E” 2º andar71620-430 Brasília, DF

Tel.: (61) 364-7400 fax: (61) 364-7474

ProVárzeaRua Min. João Gonçalves de Souza s/nº

Distrito Industrial 69.072-970 Manaus, AMTel (92) 613-3083 e 613-6246

esta publicação, o WWF-Brasil e o PróVarzea/Ibama falam sobre a importância do manejocomunitário e dos acordos de pesca como estratégias para a manutenção dos estoques pesquei-ros na Amazônia. Concebida como um instrumento de trabalho, a cartilha poderá ser utilizadapor pescadores, agricultores, estudantes, técnicos agrícolas, professores e moradores de comuni-

dades ribeirinhas. Contém informações destinadas a facilitar as discussões, auxiliar o planejamento ea ação de interessados em realizar o manejo da pesca a partir da elaboração dos acordos de pesca,garantindo a continuidade das pescarias e um futuro melhor para suas comunidades.

WWF-Brasil é uma organização da sociedade civil, autônoma e sem fins lucrativos, dedicada àconservação da natureza, reconhecida pelo governo como instituição de utilidade pública. Atua emnível nacional com o objetivo de harmonizar a atividade humana com a proteção da biodiversidadee com o uso racional dos recursos naturais, em benefício dos brasileiros de hoje e das próximasgerações. O WWF-Brasil realiza cerca de 70 projetos em todo o país e integra a maior rede mundialindependente de conservação da natureza, com atuação em 96 países e 5 milhões de afiliados emtodo o mundo.

N