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 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA REGISTRADO A) SOB N° C Ó R D Ã O  i iiiiii  U M  u n i  IIIII  u m m u u m u m m i n u Vistos,  relatados e discutidos estes autos de Apelação n° 990.08.172155-4, da Comarca de Guarulhos, em que é apelante MARIA DO SOCORRO NUNES LEÃO BALDI sendo apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM em 16 Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:  DERAM PROVIMENTO AO RECURSO PARA ABSOLVER A RÉ NA FORMA DO ARTIGO 386, INCISO VII, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. V.U. , de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores NEWTON NEVES (Presidente)  ALMEIDA TOLEDO E PEDRO MENIN. São Paulo, 01 de dezembro de  2009. NEWTON NEVES PRESIDENTE E RELATOR

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICAREGISTRADO(A) SOB N°

A C Ó R D Ã O i i i i i i i U M u n i I I I I I u m m u u m u m m i n u

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

Apelação n° 990.08.172155-4, da Comarca de Guarulhos,

em que é apelante MARIA DO SOCORRO NUNES LEÃO BALDI

sendo apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO

PAULO.

ACORDAM, em 16" Câmara de Direito Criminal do

Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte

decisão: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO PARA ABSOLVER A

RÉ NA FORMA DO ARTIGO 386, INCISO VII, DO CÓDIGO DE

PROCESSO PENAL. V.U.", de conformidade com o voto do

Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores NEWTON NEVES (Presidente) , ALMEIDA

TOLEDO E PEDRO MENIN.

São Paulo, 01 de dezembro de 2009.

NEWTON NEVES

PRESIDENTE E RELATOR

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7935990.08.172155-4GUARULHOSMARIA DO SOCORRO NUNES LEÃO BALDIMINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO

*CASA DEPROSTITUIÇÃ O - Ar t . 229 , do CP - Cr im eq u e e x i g e , n o m í n i m o , a c o m p r o v a ç ã o d ap r o s t i t u i ç ã o e a h a b i t u a l i d a d e - Q u a d r o

p r o ba t ó r i o fr ág il e i n s u f i c i e n t e pa r as u s t e n t a r u m a c o n d e n a ç ã o - N o r m a p e n a lque s e p r e oc upa c om o f a t o t í p i c o p r e v i s t o en ã o c o m a c o n d u t a so c ia l - J u l g a m e n t om o r a l i n c a b í v e l e m p r o c e s s o p e n a l -A b s o l v i ç ã o d e c r e t a d a - R e c u r s o p r o v i d opara es se f im - - (vo to n . 7935)*

A r. Sentença de fls. 174/179, com

relatório adotado, julgou procedente a ação

penal para condenar MARIA DO SOCORRO NUNES LEÃO

BALDI ao cumprimento da pena corporal de 02

(dois) anos de reclusão, e ao pagamento de 10

(dez) dias-multa, cada um deles no piso mínimo,

por incursa no artigo 229, "caput", do CódigoPenal, fixado o regime inicial aberto para

iniciar o cumprimento da pena que foi, ao

final, substituída por duas penas restritivas

de direitos, consistentes em limitação de fim

de semana e prestação de serviços à comunidade.

VOTO N°:APELAÇÃO:COMARCA :APTE....:APDO....:

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Apela a ré sustentando, em resumo,

a fragilidade da prova para pleitear a inversãodo julgado.

Recurso processado e respondido,

manifestando-se o Ministério Público, em ambas

as instâncias, pelo seu não provimento.

É o relatório.

O recurso comporta provimento.

Foi a ré denunciada e processada

por manter, nos termos da denúncia, casa de

prostituição.Nos termos da lei, casa de

prostituição é o local destinado a encontros

para fins libidinosos. Há que se ter, por

certo, um lugar para esse fim destinado e

explorado com a finalidade de lucro. É um

estabelecimento no sentido comercial, redação

essa mais adequada e apropriada agora utilizada

pela nova legislação sobre o tema (art. 229,

redação dada pela Lei 12.015/2009).

O que apurado nestes autos não

permite concluir, por isso, pela existência de

uma casa de prostituição. ///r

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A ré é locatária de um imóvel e

subloca parte dele, como perfeitamente possívelpor sua divisão cômoda, como se vê do laudo

anexado (fls. 71/77).

A ré reside no local e, em ambas

as vezes que ouvida, negou manter qualquer

atividade ilícita no local. Não se trata, como

visto, de um estabelecimento comercial.

As diligências efetuadas pelos

policiais apenas constataram o que relatado

pela própria ré. Ou seja, a casa possui quartos

isolados que são sublocados, sendo fixos os

seus moradores. Nada foi apurado sobre

prostituição mantida no local.

Sem juízo de valor anota-se aqui

que prostituição, nos termos da lei, não é

crime. Assim, se eventual locatária declara-se

prostituta, como narrado pelo agente policial,

mostra-se irrelevante para a tipificação do

crime aqui apurado se não há, nos autos, provamínima da utilização de sua residência com

habitualidade, conhecimento e mediação do

locador.

Note-se, ainda, que a apuração dos

fatos observou denúncia formulada por uma

vizinha, de nome Ivone Casemiro. Mesmo es

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testemunha, em juízo, nada informa sobre casa

de prostituição mantida no local, fazendoreferência apenas à conduta da antiga locadora

ali residente, mãe da ré. E mesmo essa

conduta, como se vê claro em seu extenso

depoimento (fls. 96/103), não imputa fato

concreto com relação a casa de prostituição,

mas sim pelo comércio irregular que ali era

mantido antigamente. E a denúncia, como claro

ficou nos autos, decorre de animosidade dessa

depoente, que se sentia prejudicada pela

concorrência ali estabelecida, fato esse que

sequer foi objeto de análise pela r. sentença.

Portanto não se verifica, nos

autos, demonstração objetiva quanto a

ocorrência de prostituição ou de manutenção de

casa para esse fim. É o quanto basta para a

inversão do julgado.

Logo, e ressalvado o zelo e a

dedicação do d. magistrado, aos olhos deste

relator a prova aqui produzida é frágil e

insuficiente para embasar o decreto

condenatório observando, por fim, que a análise

da norma penal deve se ater ao fato típico

previsto, não comportando juízo de valor o

moral comprometendo o ideal de Justiça.

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Por todo o exposto, dá-se

provimento ao recurso para absolver a ré naforma do artigo 386, inciso VII, do Código de

Processo Penal.